terça-feira, dezembro 09, 2008
III
segunda-feira, dezembro 08, 2008
There She Goes
Philippe saiu do seu táxi e dirigiu-se à porta rapidamente. O interior do edifício estava diferente. Em vez de frio e impessoal como sempre, com uma decoração minimalista e com imenso espaço vazio, encontrava-se acolhedor e bastante iluminado. Era das decorações de Natal. Philippe teve dificuldade mas depressa reconheceu aquele edifício como sendo o mesmo onde se instalara a sua empresa à quatro anos atrás e onde este trabalhava à dois anos e meio.
Chamou o elevador e esperou. Olhou para o relógio de pulso e confirmou que estava ligeiramente atrasado mas não se importou.
O elevador chegou.
Entrou e carregou para o nono andar.
Enquanto o elevador subia, Philippe ajeitou a sua gravata e pensou que talvez não tivesse sido má ideia ter-se penteado. Também pensou se a sua colega Bijou se encontraria ali nessa noite. Na verdade, ele não parava de pensar noutra coisa desde que saíra de casa nessa noite. Ansiava profundamente que ela lá estivesse.
Ainda o elevador não tinha parado e já Philippe ouvia a música. Para variar nas festas da empresa, a música raramente era alusiva à época. Neste momento estava a terminar uma música dos New Order.
Saiu do elevador e logo encontrou alguns colegas que o cumprimentaram e iniciaram logo uma conversa sobre, claro está, trabalho.
Mal se viu livre deles, Philippe olhou para a sala pela primeira vez. Estava magnífica. Lembrava uma espécie de palácio feito de gelo.
“Bijou!”- Lembrou-se rapidamente. Onde estaria ela?
Dando uma rápida volta à sala e cumprimentando mais uma série de outros colegas, Philippe tentou descobrir se Bijou estaria na festa, e se sim, onde!?
De repente começam os primeiros acordes da música dos LA’s, a There She Goes, e ao mesmo tempo, Philippe depara-se com uma “visão” do outro lado da sala, junto do bar.
Lá estava Bijou, sempre colorida para quebrar com a monotonia dos fatos escuros que os executivos usam até mesmo para festas.
Percorrendo rapidamente a sala, Philippe deixa-se levar pelo entusiasmo enquanto empurra levemente as pessoas que lhe barram o caminho.
Lá está Bijou a uns escassos 2 metros da sua pessoa. Ela encontra-se de costas, encostada ao bar enquanto brinca com a sua bebida.
“Vou ver se a assusto!”- Pensa Philippe enquanto se aproxima lentamente dela.
Chegando mesmo atrás dela, decide tapar-lhe os olhos sussurrando-lhe aos ouvidos um animado mas suave:
-Adivinha quem é...?
Ela rapidamente larga a sua bebida e, ainda com os olhos tapados pela mão dele, vira-se ligeiramente, sorrindo.
Philippe olha para ela, como se fosse pela primeira vez. Está apaixonado por ela desde que a viu no seu primeiro dia de emprego quando ela o ajudou a levar as suas coisas pelas escadas acima, uma vez que o elevador estava avariado.
Desde aí tornarem grandes amigos, mas porque trabalham em sectores diferentes na mesma empresa, não se encontram tantas vezes como gostariam.
E ali está ela, de olhos tapados, a sorrir como sempre. Sem pensar duas vezes Philippe beija-a, sem nunca retirar a sua mão. Arrepende-se logo de seguida: “Ela vai saber que fui eu, não há como escapar!”
-Philippe?
“Mas como…?”- Philippe está assustado e confuso. Não sabe o que fazer.
Retira então as mãos do rosto dela, envergonhado e pedindo mil desculpa. Nunca a olhando nos olhos e sem a deixar sequer falar.
- Desculpa mesmo Bijou…. Mas já agora, como sabias que era eu?
- Não sabia. Mas esperava que fosses tu. Mas visto que ficaste tão envergonhado…
E sai. Assim sem mais nem menos, pega na sua mala e dirige-se na direcção do elevador.
Philippe não sabe mesmo o que fazer. Está estupefacto a olhar para ela e passam mil e uma questões pela sua mente naquele momento. Decide finalmente segui-la.
Bijou encontra-se em frente ao elevador à espera que este chegue, enquanto Philippe encontra-se, a uns quatro metros dela, completamente paralisado.
“Ela vai-me deixar de falar…Não conseguirei suportar isto!”
De repente, as portas do elevador abrem-se. Bijou entra e segurando a porta diz:
-Vens?