30 setembro 2005

Estava Vazia (1ª parte)


ESTAVA VAZIA


A praia estava vazia. Os ventos corriam por ela como por uma pista, levantando turbilhões de areia que me envolviam como crianças brincando de roda.

Nas areias inscreviam-se, já só, as sombras das pegadas das gaivotas e as dos meus pés. Na rebentação, pequenas linhas, curvas e esbranquiçadas, bordejavam como fina renda o quebrar das ondas. Os ventos e o mar, no seu incessante vai-vem, eram os únicos sinais vivos que o mundo me dava. Nem um grito de gaivota se ouvia. Nenhum animal dava sinal. Qualquer que fosse.

A nascente, seguindo a linha da praia, estendia-se a cidade com a sua imensa marginal. Não passavam carros, nem uma pessoa - pedestre, em velocípede ou patinando - percorria a imensa extensão sempre tão povoada.O silêncio era somente quebrado pelo marulhar do mar, pelo som mais profundo das águas densas em deslocação, como os graves num coro de vozes que se sustentam e, obviamente, pelos silvos do vento.

Perscrutei os céus buscando um voo, um risco de asa - nada se avistava. Só a extensão de azul, pura e ainda aguada do nascer do dia, com laivos amarelos, alaranjados e anisados, com um sol já alto, quente e amigo, a aquecer e iluminar.

A cidade, ou melhor a sua solidão ou desertificação, inquietava-me. Nada mexia nela. Nos prédios não se abriam portas ou janelas, os candeeiros da rua mantinham-se inalteradamente acesos, apesar de já se deverem ter apagado por a manhã ir alta. Os ventos que corriam na praia, com os seus turbilhões de areia, estenderam-se para a cidade e por ela circulavam agora livremente, como bandos em corrida. Buscando...o quê? o que poderiam procurar os ventos e as areias por eles levantadas?Curiosamente observei que, inclusive, corriam por ruas travessas onde não poderiam ter aquele efeito, por ruas onde, pela sua orientação, habitualmente, nos abrigaríamos dos ventos marinhos. Percorriam a cidade como se guiados por um desejo de encontrar pessoas, vida, movimento..., sei lá, pareciam buscar um objectivo definido.

Na praia deslocava-me de costas, mas os ventos e as areias rodeavam-me em rodopios cada vez mais densos nos quais comecei a distinguir sons, diferentes dos provocados pelo silvo do ar e do atrito das areias em movimento. Estranhamente, apesar da força dos bailados de roda, o círculo com que me rodeavam limitava-se a fazer isso, rodear-me, sem nunca me tocar, dançando ao meu redor e emitindo sons que, cada vez mais, se pareciam com palavras ciciadas.

(continua)

Entretanto deixei uma coisinha linda para vocês AQUI

29 setembro 2005

QUADRILHA (Carlos Drummond de Andrade)



João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia.
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história
.

28 setembro 2005

Onde andará o meu amigo só

ONDE ANDARÁ O MEU AMIGO SÓ
(Maria Alberta Meneres)


Onde andará o meu Amigo só
que pedra
em flor pisando
no caminho?
Gótica a agulha do silêncio ao alto
longe quem passa perto não a vê
eu perto a vejo de tão longe
quando

Onde andará o meu Amigo só
trepando às fontes derrubando
cantos?
Como quem tece um vento de memória
e dele se despede ou só da teia
não sobrevivo à minha vida
quando


In: Antologia organizada por Vasco Graça Moura (2003) 366 poems que falam de amor. Lisboa: Quetzal
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27 setembro 2005

«Outras Dimensões» , por António Durval


[email protected]


PERCURSOS INIMAGINÁRIOS
I – Passeando numa Marginal com “Edifício Transparente”


O nosso proverbial atraso patente nos indicadores que definem o grau de progresso de um país, tem merecido honras de primeira página na Comunicação Social. Todos os dias, são apresentadas as mais brilhantes receitas e análises. E o tempo, vai passando…passando… Ouvi, há tempos, um comentário sintético que me ficou gravado:– “os portugueses já não sabem sonhar”. O “sonho comanda a vida” disse o poeta, mas estamos a perder esse sentido interior, tão importante para a alma como o respirar é para o corpo
“Percursos Imaginários” é uma tentativa de redescobrir a importância do Sonho como motor de transformação da realidade que nos cerca. Sendo a Imaginação as pernas do Sonho, será com ela que iremos agora caminhar…


Tinha prometido à Cati, minha neta de 9 anos, que a levaria a passear pela marginal entre o Porto de Leixões e a Foz do Douro. Iria com a esposa, a neta e um filho no moderno comboio que passa por S. Mamede de Infesta e liga Ermesinde a Matosinhos. Um dos objectivos era lancharmos na esplanada do piso superior do “Edifício Transparente”. Antes disso haveria um percurso pedagógico dedicado à minha neta.
Finalmente esse dia chegou. A moderna composição (que tomamos junto à bonita estação de comboios de S. Mamede de Infesta) vinha com muitos passageiros mas conseguimos, lugar para todos. A pequerrucha quis ir à janela comigo. Quando a composição arrancou começou a fazer perguntas acerca do lindo parque público que se desenrolava à frente dos seus olhos do lado Sul da linha. O parque ficou para trás mas tive de lhe prometer que, em breve, iríamos passear para aquele belo sitio. Mesmo de relance ela notou o verde, as pastagens, o horto municipal, o cultivo do linho, e muito mais. O Comboio lá seguiu através da luxuriante paisagem da Linha de Cintura Interna. A minha neta exultou por ver o Rio Leça com muitos pescadores desportivos nas suas margens enquanto miúdos se banhavam ou se entretinham a ver as correrias dos patos. Não saímos no interface do Metro que liga com a Póvoa ou Matosinhos, mas resolvemos seguir directamente até Leixões. Aí sim, com o mesmo bilhete, tomamos o Metro que nos deixou a pouca distância do nosso objectivo. Queria experimentar o Itinerário marginal “Ambiente e Mar” uma iniciativa conjunta das Câmaras Municipais de Matosinhos e do Porto e que está a ser um grande sucesso turístico, recreativo e até cultural. Este “itinerário” abrange cinco centros de interesse existentes ao longo da marginal entre o Porto de Leixões e o Homem do Leme na Foz.
Começamos pelo primeiro: - o “Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental” (junto do paredão Sul do Porto de Leixões). Dirigimo-nos à recepção onde compramos um bilhete familiar para 4 pessoas que deu direito a visitar todos os 5 pólos do Itinerário e a utilizarmos o transporte em autocarro ecológico, movido a hidrogénio, (em circulação contínua entre Leixões e a Foz). Neste primeiro local demoramos cerca de 40 minutos. A Cati não se cansou de fazer perguntas sobre o Ambiente e temas correlativos. O mesmo aconteceu quando visitamos, nas proximidades, o “Centro de Apoio a Actividades Náuticas” enquadrado numa grande simbiose com as actividades do Mar e dotado de meios e documentação à altura dos objectivos propostos. Depois, resolvemos experimentar o “Limpinho” o tal autocarro ecológico. Esperamos só cerca de 6 minutos. Ele chegou bem garrido - trazia pintado de cada lado um grande cartaz anunciando as próximas corridas de carros ecológicos a realizar em Junho do próximo ano. No clássico “Circuito do Porto” iam arrancar as provas mundiais da “Fórmula Zero” (iniciativa conjunta das duas Câmaras associadas ao projecto “Ambiente e Mar”). Um acontecimento histórico a nível mundial já que ficará a marcar a mudança definitiva para a utilização de combustíveis não poluentes. O “Limpinho” deixou-nos, mansamente, à porta do Aquário da Foz onde estivemos cerca de uma hora. A minha neta não queria sair dali tal o seu entusiasmo ao ver tanta natureza junta. A custo lá nos dirigimos, desta vez a pé, até ao Castelo do Queijo onde vimos uma exposição sobre temas marítimos. Depois, apreciamos as exposições de artesanato e artes plásticas que estão patentes no antigo edifício do “Colégio Luso Internacional do Porto”. Aí, reparei numa extensão da Biblioteca Pública do Porto onde se pode requisitar livros para ler na praia ou nas explanadas do “Edifício Transparente”. Olhei para o Sol. Em breve iria acontecer o “esplendor” do seu ocaso. Subimos à esplanada superior do “Edifício Transparente”. Sentamo-nos numa mesa e enquanto lanchávamos apreciamos, na companhia de muita gente, quase em transe, um espectáculo, único e inesquecível. Quando resolvemos regressar, já escurecia, e notei que afluência de gente ao local estava a aumentar. A “Movida” do “Edifício Transparente” explodindo em luz, cor e som era um facto. Os seus numerosos serviços de apoio estavam em pleno funcionamento. O Parque de estacionamento subterrâneo, defronte do castelo, estava já esgotado…
Sentado no comboio que nos trazia de regresso senti uma agradável sensação repousada e indefinível… Quem sabe? Talvez o inconsciente tenha dado conta que o dinheiro dos contribuintes estava a ser bem aplicado… »
P.S- hoje trouxe-vos um texto ficcional, de um Portugal ainda utopia, do amigo António Durval.
Site:

26 setembro 2005

APELO: Constança precisa de nós

Abaixo reproduzo um post colocado no SER HUMANO solicitando a vossa cuidada atenção, divulgação e colaboração se puderem ser dadores.

BEM HAJAM.

«Constança Martins SER HUMANO

Venho apelar para mais uma causa de corpo e alma. No meu local de trabalho surgiu um aviso com a indicação de "Muito Urgente" e que diz o seguinte:

Constança Martins, uma menina de apenas seis anos, precisa de um transplante de medula. Ainda com o caso da pequena Beatriz no nosso coração, temos agora mais uma criança a necessitar da nossa ajuda.

Centro de Histocompatibilidade no Hospital Pulido Valente. Tel: 21 750 41 00.

Tirar sangue e preencher um formulário de 2ª a 6ª feira das 8:00 às 16:00 horas.

Condições básicas 18-45 anos, mais de 50Kg e não sofrer de doenças crónicas, infecto-contagiosas e/ou ter tido transfusão de sangue.

Lisboa, 22 de Setembro de 2005.

Escrito por Espectro »

25 setembro 2005

Crónicas Datadas V

CRÓNICAS DATADAS V


NO CINTILAR DOS DIAS (2001.01.11)

.”

“Para uma alteração da situação das mulheres

Será necessária uma fundamental mudança

no discurso do saber- Ciência, Arte., Literatura

que constitua este num universo realmente humano,

em substituição do actual universo falsamente neutro ““.

In, BARRENO, M. Isabel, 1985, INSTITUTO DE

ESTUDOS PARA O DESENVOLVIMENTO,(contracapa)

Uma elementar conta de subtrair mostra-nos o nº de anos que medeia entre o estudo supracitado e o momento actual. Nada mais, nada menos, do que 15 anos e....

A pesquisa a que recorro, na citação, à laia de introdução, centrou-se num estudo ”...a partir da observação da vida escolar....e da análise de orientações pedagógicas e curriculares....,sobre as práticas e as atitudes mentais que obstam à consideração da diferença na igualdade entre sexos.(...) Fugindo,...,à explicitação das discriminações interiorizadas, quer nos indivíduos quer nos sistemas, ....sustentada pela hierarquização de papeis e funções sociais,...o sistema educativo não deixa de alimentar ...resistências à mudança (...)”.

Hoje vou continuar , por enquanto, a fazer citações. A fonte é agora:o SuplementoTerra do NUNCA, ano 3,Nº 202,ANEDOTAS,(p,9):

1. “Como se pode divertir uma loira* durante horas?Escreve “ vire por favor” nos dois lados de uma folha de papel e dá-lho”.

2. “ Um alentejano foi a um concurso na televisão e o apresentador diz-lhe:

- De certeza que você sabe esta! Como se chamam os habitantes de Évora?

Após alguns momentos de reflexão, o alentejano responde:

- Todos, todos, nã sei....

O conteúdo fala por si. A fortíssima carga de preconceitos e estereótipos é tão primária e clara que não vou debruçar-me a explicitá-la porque seria uma ofensa aos que me lerem.

Tratando-se de duas instâncias diferentes,no caso da pesquisa levada a cabo por BARRENO, a instância educativa escola com todo o peso das “...orientações pedagógicas e curriculares emanadas dos órgãos politicamente responsáveis pela educação(...)” Lembremos tão somente que na nossa sociedade a escola, ( o sistema educativo) é considerada/o a 2ª instância socializadora, logo após a família e, mais, juntamente come esta.

A outra instância, que me levou hoje, com mágoa, a estas reflexões, não faz parte do sistema educativo, é uma instância privada – a comunicação social . Qual será a influência e a importância pedagógica da informação veiculada?

Informa? Forma? Que modelos reproduz? Que mentalidades ajuda a formar? Qual é ou deve ser a sua responsabilidade, no geral, e, mais especificamente, no caso concreto de um suplemento destinado ao público infanto-juvenil?

Apregoamos o respeito pelo outro, quaisquer que sejam as suas diferenças... Lembro-me de ler, no J.N., artigos, e alguns bem interessantes, sobre esta temática.

Mas serão os artigos que vão formar, ou quem os lê já tem, no mínimo, uma sensibilidade, apetência e conhecimento que o/a leva a fazer a ruptura com estes estereótipos e preconceitos que, de tão comuns, se infiltram nas práticas quotidianas, estruturando-se em padrões de leitura ao nível do senso comum, tantas vazes tido como “ bom senso, porque... sempre foi assim” e mantém, na sociedade, discriminações, marginalidades e exclusões que, em nome de uma sociedade democrática ( com tudo o que o conceito de democracia deve implicar), estou segura, a larga maioria de nós gostaria de ver eliminadas ?!

Não teremos que repensar a hierarquia das várias instâncias socializadoras e obviamente exigir-lhes,, com frontalidade e sem cedências, a assumpção pedagógica, à luz do respeito pelos outros e da ética, (sendo que os media estão presentes ao longo de toda a nossa existência), que ultrapassem o imediatismo do “ politicamente correcto” demarcado no tempo e na acção ?

NOTA.: O* E O SUBLINHADO SÃO DE MINHA RESPONSABILIDADE
Se quiserem passem por AQUI


23 setembro 2005


Despertemos a criança que há em nós e reaprendamos....o sentido do amor
[Façam um favor, digam-me qual é a vossa frase preferida.]


O Significado do Amor


Um grupo de profissionais colocou esta questão a um conjunto de crianças entre os 4 e os 8 anos: «Qual é o significado do amor?»
As respostas que obtiveram foram muito mais amplas e profundas do que alguém possa imaginar. Vejam por vocês mesmos:


«Quando a minha avó ficou com artrite, não se podia dobrar para pintar as unhas dos dedos dos pés. Portanto o meu avô faz sempre isso por
ela,
mesmo quando apanhou, também, artrite nas mãos. Isso é amor.»
Rebeca, 8 anos


«Quando alguém te ama, a maneira como pronuncia o teu nome é diferente. Tu sentes que o teu nome está seguro na boca dessa pessoa.»

Billy, 4 anos

«O amor é quando uma rapariga põe perfume e um rapaz põe colónia da barba e vão sair e se cheiram um ao outro.»


Karl, 5 anos


«O amor é quando vais comer fora e dás grande parte das tuas batatas fritas a alguém, sem a obrigares a dar-te das dele.»
Chrissy, 6 anos

«O amor é o que te faz sorrir quando estás cansado.»
Terri, 4 anos


«O amor é quando a minha mamã faz café ao meu papá e bebe um golinho antes de lho dar, para ter a certeza de que o sabor está bom.»
Danny, 7 anos

«O amor é estar sempre a dar beijinhos. E, depois, quando já estás cansado dos beijinhos, ainda queres estar ao pé daquela pessoa e falar com ela. O meu pai e a minha mãe são assim. Eles são um bocado nojentos quando se beijam.»
Emily, 8 anos

«O amor é aquilo que está contigo na sala, no Natal, se parares de abrir os presentes e escutares com atenção.»
Bobby, 7 anos

«Se queres aprender mais sobre o amor, deves começar por um amigo que odeies.»
Nikka, 6 anos (precisamos de mais uns milhões de Nikkitas neste planeta!)

«O amor é quando dizes a um rapaz que gostas da camisa dele e, depois, ele usa-a todos os dias.»
Noelle, 7 anos

«O amor é quando um velhinho e uma velhinha ainda são amigos, mesmo depois de se conhecerem muito bem.»
Tommy, 6 anos

«Durante o meu recital de piano, eu estava no palco e sentia-me apavorada. Olhei para todas as pessoas que estavam a olhar para mim, e reparei no meu pai que estava a acenar-me e a sorrir. Era a única pessoa a fazer aquilo. O medo desapareceu.»
Cindy, 8 anos

«A minha mãe ama-me mais do ninguém. Não vês mais ninguém a dar-me beijinhos para dormir.»
Clare, 6 anos

«Amor é quando a mamã dá ao papa o melhor pedaço da galinha.»
Elaine, 5 anos

«Amor é quando a mamã vê o papá bem cheiroso e arranjadinho e lhe diz que ele ainda é mais bonito do que o Robert Redford.»
Chris, 7 anos

«Amor é quando o teu cãozinho te lambe a cara toda, depois teres deixado sozinho todo o dia.»
Mary Ann, 4 anos

«Eu sei que a minha irmã mais velha me ama, porque me dá todas as roupas usadas e tem de ir comprar outras.»
Lauren, 4 anos

«Quando amas alguém, as tuas pestanas andam paras cima e para baixo e saem estrelinhas de ti.»
Karen, 7 anos

«Amor é quando a mamã vê o papá na casa de banho e não acha isso indecente.»

Mark, 6 anos

«Nunca devemos dizer "Amo-te", a menos que seja mesmo verdade. Mas se é mesmo verdade, devemos dizer muitas vezes. As pessoas esquecem-se.»
Jessica, 8 anos

E a última? O autor e conferencista Leo Buscaglia falou de um concurso em que ele teve de ser júri. O objectivo era encontrar a criança mais
cuidadosa. A vencedora foi um rapazinho de quatro anos, cujo vizinho era um velhote que perdera recentemente a esposa. Depois de ter visto o
senhor a chorar, o menino foi ao quintal do velhote, subiu para o seu colo e sentou-se. Quando a mãe lhe perguntou o que dissera ao vizinho, o rapazinho disse: «Nada, só o ajudei a chorar.»


Esperamos que estas palavras puras nos ajudem a expandir um pouco mais a essência do amor. Com votos de muito amor, alegria e luz. Sempre!

P.S - não esqueçam, diga qual a vossa preferida :-)

19 setembro 2005

Saudando o regresso dos amigos de:

P.S - amigas, amigos, vou estar incapacitada de aceder à Internet até ao fim da semana.

Passem uma boa semana e façam o favor de ser felizes:-)

18 setembro 2005

Brinquemos e derrotemos as forças das trevas:)



Ora aqui vai um desafio (sério, porque forte é o adversário) para este domingo. Eu venci as forças do mal! E tu?
Post Scriptum_ façam uma visita ao Balão D'Ensaio,

17 setembro 2005

"No início era o Verbo"

"No início era o Verbo"
Só que ainda é e tendemos a esquecê-lo!
As palavras têm poder, são extensões do nosso pensamento.

Palavras e expressões que nos limitam.
Excluamo-las do nosso vocabulário!
"Devia" - expressa a nossa íntima vontade de contrôlo. De controlar coisas não controláveis. Ou fazemos mal a nós próprios ou aos outros.
"Tenho que" - auto-colocamos nos ombros uma intensa pressão.
Em alternativa passemos a usar a palavra: escolho.

Transformemos os actos em opções. Escolhas nossa. Senhores das nossas vidas.
Atenção ao simples "MAS", de que abusamos.
Abre, de imediato, duas vias contraditórias. Aponta-nos dois caminhos diferentes.
O "não te esqueças" transforma-se em: esquece!
Retiremos as contruções mentais com o "não" e substituamo-las por afirmativas. Por exemplo, relativamente ao anterior, digamos antes:p.f., lembra-te!

Se podemos flutuar no oceano da vida, porquê, para quê, afogarmo-nos num mar de negatividade?

Adaptado do livro: "O Poder está dentro de ti", de Louise L. Hay. (1998). Cascais: Editora Pergaminho

16 setembro 2005

Do riso e do siso

«Freud disse que o segredo do humor estava naquele que fazia rir e não naquele que ria. Neste sentido o palhaço é o mais verdadeiro e o mais interessante dos homens.(...)

Entre os que riem e os que fazem rir a diferença é de consciência. Os que riem não sabem que também fazem rir, com a sua figura; enquanto que os que fazem rir sabem que estão eles próprios a rir nesse momento. (...)

Os que riem sabem que também fazem rir(...) No humor o homem reconcilia-se não só com os outros e com aquilo que o rodeia, mas com ele próprio porque o grande humorista não é aquele que ri do mundo mas de si mesmo.»


CÂNDIDO FRANCO, António.(1994). Vida de SEBASTIÃO, Rei de Portugal. Lisboa: Public. Europa-América(186)

15 setembro 2005

Crónicas Datadas- IV

CRÓNICAS DATADAS - IV


NO CINTILAR DOS DIAS

Ou, a partir de hoje:

“A ESTRANHEZA DOS DIAS” (2003.04.01)

DA ESTRANHEZA I _Os dias sucedem-se, matematicamente organizados, em semanas, meses e anos.

As estações, com algumas alterações que as fazem parecer mais estranhas do que as de há umas dezenas de anos, continuam a suceder-se trazendo-nos as belezas próprias de cada uma e o maravilhamento do mundo.

No entanto, se olharmos atentamente, descobrimos, ou pensamos fazê-lo, que há uma “estranheza” nesta regularidade que nos dá confiança e segurança anulando espaços de imponderabilidade e levando-nos a pensar que a vida é um rio que flúi, com os seus acontecimentos, uns menos bons do que outros, mas que flúi numa sucessão de vida e de vidas de que a morte é só uma componente, embora dolorosa .

A mudança de nome destas crónicas tem a ver com esta estranheza total que a vida comporta e que tendemos a esquecer, acomodados nos nossos quotidianos, apesar das violências várias que grassam no seio das sociedades em geral e, particularmente em momentos de muita dor e sofrimento para milhões de seres tão humanos e tão iguais a nós, na essência, como se de nós mesmos se tratasse, em zonas localizadas desta “bola” azul que navega, na imponderabilidade do cosmo e do caos criador.

A violência, seja qual for a forma sob que emerge é, para mim, um motivo de grande, absoluta e total estranheza que me leva a, cada dia, repensar a minha visão do mundo e dos seres estranhos que o habitam e que se intitulam a si próprios “humanos” e se crêem reis desse mundo que os gera, acolhe, alimenta e sustêm, em todos os planos e aspectos.

DA ESTRANHEZA II _ O foro privado da vida das pessoas, sob muitos aspectos, tornou-se público. Entramos no quotidiano das pessoas e nos seus conflitos ou afectos, sem a eles sermos chamados e contra vontade. Para tal contribuem: por um lado o uso dos telemóveis nas ruas, transportes públicos, cafés e restaurantes, jardins e praças, enfim, em todos os locais que são considerados “públicos” porque comuns. Por outro lado o limiar do contacto físico e de expressões de afecto elevou-se a uma fasquia alta, dada a abertura verificada. E, no entanto, a estranheza assaltou-me quando vi um gesto simples, mas embebido de um carinho, de uma profundidade incomuns, entre duas pessoas idosas. Mais do que o toque das mãos, mais do que o afagar do rosto foi a densidade dos gestos, o cuidado e uma solenidade quase mágica (ou religiosa) e a qualidade do olhar que os acompanhava.

E no meio de mais uma guerra, tão explicada, mas afinal tão mal justificada, a estranheza dos dias, a estranheza dos nosso quotidianos e a estranheza dos nossos gestos tomou-me de assalto, assim começando a Primavera de 2003. Olhemos então, com olhos de ver, A ESTRANHEZA DOS DIAS como um instrumento de análise para a compreensão de nós no mundo.

13 setembro 2005

A magia nas palavras e no amor


A magia nas palavras e no amor

O David A. C. de 10 anos, fez o seguinte poema sobre a MAGIA:

«A magia

É como uma pomba livre.

Um copo de cristal sempre limpo e reluzente,

que ninguém consegue sujar.»

Entre o poema e a frase de envio de seu pai, o meu amigo Zé, nasceu,de mim para ambos, o que segue:

A VOZ

percorria os espaços,

dos azuis,

dos silêncios

e da quebra da marés.

A VOZ

deslizava por vales,

erguendo-se nos montes

e serranias.

Mergulhava na terra,

fecundando-a.

Emergia, na voz das pedras e dos rochedos,

ecoava nas subterrâneas

grutas

iluminadas por belos e luminosos

cristais,

por translúcidas,

intocadas

e puras nascentes.

A VOZ

vibrava no ciciar

das rasteiras plantas

e no sussurrar das altaneiras

árvores.

Ecoava, forte e mansa,

Nos murmúrios dos ventos.

A VOZ

inundava

todos os espaços

e interstícios,

todos os silêncios,

animava todos os seres,

enchia todas as almas,

ecoava em todas as cabeças

vibrando como puro cristal

em todos os corações.

A VOZ

a todos e a tudo

enchia de sons e tons

de magia e,

depois de fecundar a terra,

num silvo de orgulho e

desvelado amor, dirigiu-se para

as profundidades do

espaço, incansavelmente

fecundando tudo ao seu redor.

A VOZ,

com incondicional amor

cantou, sem parar,

a sua canção de ninar,

certeza milenar

que iluminou os astros, deu luz ao Sol,

iluminou a noite e deu cor ao mar:

«*Meu filho, (...)

outra forma de ser eu,

melhor e mais pura.»

Magia, beleza de cristal!


* - estas foram as palavras do Zé, meu amigo e pai do David, que retirei do corpo da mensagem para encerrar o poema que dediquei aambos.



12 setembro 2005

os meus livros


Aviso aos navegantes

os livros foram hoje enviados po correio. Se alguém que os pediu os não receba pode acontecer não ter eu recebido o pedido pelo que solicito que o renviem.
RECTIFICAÇÃO: Os livros deverão ser enviados à cobrança, ao contrário do inscrito no texto. Verifiquei, ao enviar os 1ºs pedidos, que os custos dos CTT totalizam € 3, 98, o que se torna excessivo.
Assim, de ora em diante, serão ACRESCIDOS DOS PORTES.
LAMENTO, MAS NÃO TENHO OUTRA ALTERNATIVA.

11 setembro 2005

Abriu-se, rubra a flor


A flor
Abriu-se, rubra
e esplendorosa.

Quase do tamanho do pequeno vaso em que comprara a planta mãe e em que ainda se encontra.
Brilhou iluminando meus olhos. Dando cor à casa.

Como ontem uma lua-berço-dourada,
deitada face recostada
no nocturno mar
feito caminho
para os pés
se porem a navegar.

Naveguei e ainda
não sei onde chegarei,
mas o que importa
é partir!
Por os pés
na estrada
e seguir a vida.
E aqui lembro um amigo.

10 setembro 2005

Luta Global contra a Pobreza - 10 de Set.dia da Faixa Branca


White band Day - 10th September

Dia 10 DE Setembro, milhões de pessoas, em todo o mundo, tomarão parte em acontecimentos que marquem o DIA DA FAIXA BRANCA.
A FAIXA BRANCA é o símbolo para a luta global contra a pobreza. Podes confeccioná-la com qualquer tira de tecido ou fita branca e usá-la no vestuário ou no corpo.
Por muito que, cada vez mais, duvidemos da bondade das políticas e dos políticos, bem como da eficácia dos nossos apelos temos que os fazer até que eles os submerjam e não possam mais ser ignorados.
Junta-te a nós. Usa a tua FAIXA BRANCA e subscreve uma petição aqui:

www.whiteband.org/Actions/un/eng/takeaction

08 setembro 2005

"Vemos, ouvimos e lemos...."



O Ciberduvidas da Língua Portuguesa está em risco de encerrar
por falta de apoios.

Um projecto desta natureza e amplitude (com a notoriedade que atingiu (em Portugal, no Brasil e demais países lusófonos), é um verdadeiro serviço público em prol da Língua Portuguesa, como não há outro no espaço da lusofonia[...]

ASSINA

DIVULGA

Diz: NÃO!


«VEMOS, OUVIMOS E LEMOS, NÃO PODEMOS IGNORAR*....»

Muitos de vós (para não dizer todos) terão visto, ouvido e lido ambas as notícias.

O relatório da ONU sobre o combate à pobreza no mundo, e a morte do menino Daniel Carvalho, em Portugal.
E é óbvio que estão ligadas.
Como se ligam, fortemente, com invisíveis mas densos e (por ora, quase) indestrutíveis laços, todas as manifestações das variadas pobrezas, desde a estruturação até à sua manutenção, nas múltiplas formas que assumem no planeta e neste nosso pequeno rectângulo peninsular.

«Conclusões do relatório da ONU são "deprimentes"
Morrem 1200 crianças por hora devido à pobreza
07.09.2005 - 15h19 Lusa, PUBLICO.PT»
Ou seja, se fizermos as contas: 900 mil/mês; 10.800.000 (dez milhões e oitocentos mil ano) -

Por cada dólar gasto em ajuda, os países ricos gastam dez em orçamentos militares, diz a ONU, acrescentando outra comparação: a despesa actual com a sida, uma doença que custa três milhões de vidas por ano, representa o valor de três dias de despesas militares.

"Os sete mil milhões de dólares necessários anualmente, durante a próxima década, para disponibilizar o acesso aágua limpa a 2,6 mil milhões de pessoas, é menos do que os europeus gastam em perfume e menos do que os americanos gastam em cirurgias plásticas". Aquele investimento pouparia cerca de quatro mil vidas por dia.” (O relatório de desenvolvimento humano de 2005 do PNUD)

Mas as diferenças não se reflectem apenas entre países. A ONU acentua que há muitas outras diferenças internas a impedir o desenvolvimento humano.»

E aqui dão o exemplo da escolaridade (ou sua ausência)no México.
Olhemos o nosso país, atentemos nos números nacionais de analfabetismo, real e funcional, insucesso e absentismo (para não ir mais longe).
Atentemos e não esqueçamos os crimes hediondos contra a infãncia que se propagam como os incêndios, de norte a sul.
Estamos ainda no quadro das múltiplas pobrezas, todas englobadas num conceito único de pobreza.
O que havemos de responder aos nossos filhos, netos, sobrinhos, etc, quando nos perguntam sobre tão horríveis acontecimentos?
Como salvaguardar-lhes a pureza e a inocência (inclusivé a nossa, que uma boa dose faz sempre falta para humanos nos mantermos)?

Com que olhos os olhamos, como nos olhamos ao espelho? Individualmente não somos responsáveis DIRECTOS, mas um peso colectivo e nacional abate-se sobre nós, ameaça-nos, se não agirmos, se continuarmos a pensar que só acontece aos outros.

Com que olhos, alma e ânimo, olhamos as crianças com que nos cruzamos na rua, mais desprotegidas do que as nossas (pensamos nós, mas é uma ilusão. Neste mundo que temos vindo a criar, a deixar criar, ninguém está protegido.
Todos podemos, mais tarde ou mais cedo, estar nús, rôtos e famintos - virtual e literalmente.
Todos igualmente desprotegidos como nos dois momentos mais marcantes da vida: nascimento e morte, independentemente do local onde tal ocorre.É assim que todos estamos, somos, nesses momentos.

Portanto, como olhar estas crianças maltratadas (física, moral e psíquicamente) que também são nossas?
Todas as crianças são um compromisso com a vida e com o futuro! Colectivas portanto.

«"Apesar de tudo, nos últimos 15 anos anos registaram-se alguns progressos.

Nos países em desenvolvimento as pessoas estão mais saudáveis, mais instruídas e menos empobrecidas.»

Que pena o estudo não ter incidido largamente sobre a nossa realidade (não sobre os manipulados números dos políticos).
Veríamos se os resultados coincidiam com estes globais.

«" Desde 1990 a esperança de vida nesses países aumentou dois anos, há menos três milhões de óbitos de crianças por ano e há mais 30 milhões de crianças a ir à escola.

No entanto, "no meio de uma economia global cada vez mais próspera, 10,7 milhões de crianças por ano não vivem para celebrar o seu quinto aniversário e mais de mil milhões de pessoas sobrevivem numa pobreza abjecta, com menos de um dólar por dia", lê-se na introdução do relatório.»

Só para ter uma perspectiva mais próxima da dimensão deste problema social lembremos que dez milhões e oitocentas mil crianças correspondem à população TOTAL do país, acrescida de 443.883 pessoas.

N.B - 2º dados definitivos do CENSO de 2001 (INE) a pop. total de portugal é de 10.356.117, e a de crianças [0-14 anos] de 1.656.602.

* Sophia de Melo Breynner-Andresen