Escondidin Podcast poderia nascer.... Será?!
quinta-feira, 5 de dezembro de 2024
sábado, 9 de maio de 2020
O goleiro na cobrança de pênaltis
Fim
de jogo, tudo empatado, vamos para as penalidades máximas. Tensão no ar,
jogadores, torcedores,....Menos para o goleiro. Pois é, parece contraditório,
mas trata-se da figura que, ou passará despercebido, caso o time perca e não
faça nenhuma defesa; ou será alçado a figura de herói, se decidir a partida com
suas defesas. Confortável, não?
Algo
semelhante acontece no mundo hoje com essa pandemia que fechou as portas dos
países. O goleiro, nesse caso, ou melhor, os goleiros são os presidentes
(primeiros-ministros, representantes dos países, enfim).
O
que se passa hoje nunca aconteceu na história moderna, não temos modelos para
saber o caminho a seguir. Tudo novo para todos!
Eles
estão tendo a oportunidade de se aproximar de seus povos, tratando com
humanidade o tema, despolitizando a questão, tomando decisões importantes,
mesmo que duras economicamente. Pois, deixando a questão política de lado, é
preciso unir esforços para fazer a humanidade passar por essa crise.
Alguns
goleiros, no entanto, levam ao pé da letra a ideia de “não ter responsabilidade”
no momento decisivo, parecem fazer força para manchar seu nome na história. A
começar pelo camisa 1 do Brasil (ai essa camisa amarela, hasteada pela
idiotia...) Senão vejamos:
-
O presidente Bolsonaro tem culpa do covid-19 chegar no país?
Óbvio
que não.
-
A crise econômica aconteceria independente do presidente que está no comando do
Brasil hoje?
Claro
que sim. Acredita-se que os efeitos serão muito piores que a crise de 1929 nos
EUA. Recessão a vista!
-
O que o presidente poderia fazer então?
Pergunta
pertinente - ele não costuma gostar muito delas, na verdade, prefere o afago
dos seus.
Fosse
cercado por gente decente, poderia mostrar os efeitos inevitáveis na economia
sem passar por cima do bom senso. Pedir demais, né? Esse governo se faz com ministérios
agindo pelo ódio, desmistros (sic!).
Ele
costuma se dirigir aos seus e, como se ainda estivesse em campanha, prefere
agir como um inconsequente debochando do isolamento social, como se fosse um
adversário político, num embate sem o menor sentido - e com palmas garantidas
por uma plateia ávida por um algo novo na (velha) política.
Falta
sensibilidade, e como dito acima (e sempre repito desde quando ainda era
deputado), um assessor que o aconselhasse, pelo menos, a dizer umas cinco
palavras de conforto para as famílias que estão perdendo seus entes queridos.
Liturgia do cargo, presidente.
Mas
opta pelo deboche ("e daí" se passou o número de mortos da China? Ele
não é coveiro, como disse).
Além
disso, no dia que país passa de 600 mortos pelo covid-19 ele declara à imprensa
que faria um churrasco para 30 convidados.
Que
tipo de ser humano é esse? É inacreditável a falta de sensibilidade, de
habilidade para lidar com o que passamos. Como ainda tem apoio? Como? Por que
esse malabarismo irresponsável de justificar o injustificável?
O
sistema de saúde quase em colapso e uma marcha inconsequente para reabrir tudo,
"enfrentar o vírus", como disse. Como se fosse um oponente colocado
no ringue pelos opositores, numa luta fictícia, irracional.
Minha
incompreensão pela falta de uma assessoria que proibisse essas declarações foi
substituída pela certeza (mais do que nunca!) que ele é assim mesmo; fala nada
mais nada menos o que pensa de verdade - com a certeza de sempre ter uns
cativos apoiadores (como o menino mimado que, quando contrariado, vê no mundo a
culpa pelo seu insucesso).
O
mundo precisa de amor. A gente está numa espiral de reinventar as relações, pressão
psicológica pesada, trabalhar de casa, cuidar dos nossos, nos afastar de quem
gostamos justamente por querer preservá-los.
E,
além de todo esse enfrentamento novo e diário, ainda temos que engolir esse
posicionamento genocida do presidente.
O
presidente da Argentina, Alberto Fernandez, tem hoje a maior aprovação da
história do país (quase 94%). O que ele faz? Age como um líder, firmeza e apoio
de todos. Bolsonaro tinha A chance de ser aprovado, pelo menos, pela postura perante
a pandemia, mesmo por aqueles que fazem oposição a seu governo.
O
goleiro, que sairia despercebido ou herói, foi parar nas capas dos jornais
mesmo perdendo o jogo. Sua postura inconsequente deixou boquiaberto a todos (quase
todos). Ele tinha uma grande oportunidade...
A
derrota para o vírus é inevitável, em todas as áreas. Só que às vezes, a
postura na derrota é muito mais digna do que no momento de glória. Mas uma
parte da arquibancada, entorpecida, não cansa em aplaudir.
Carlinhos Horta
quinta-feira, 24 de maio de 2018
Crise no abastecimento dos combustíveis e o individualismo.
Tem um quê de individualismo essa
mobilização toda causada pela greve dos caminhoneiros.
Calma, não estou dizendo que essa
classe de trabalhadores é individualista, pelo contrário, estão dando uma aula
de movimento coletivo, de unidade em lutar pelos seus direitos.
Aliás, se tem uma coisa positiva de todo
esse caldo atual é a valorização (do dia pra noite, curioso, não?) da
importância do trabalhador dentro de um caminhão para a economia desse país. Em
nossa terra, ainda naquele ranço do status/de/querer/ser/reconhecido/como/elite,
torce-se muito o nariz para funções "menos" valorizadas, as famosas
profissões "sem estudo" - aquela repetição boçal de nossa classe
média que mal consegue perceber que é explorada tanto quanto qualquer trabalhador.
Essa surpresa toda com as
consequências da greve dos rodoviários, me faz lembrar a paralisação dos garis
cariocas em pleno carnaval de 2014. Rapaz, ô classe pra ter força! Parou de
recolher o lixo, Dudu Paes ficou maluco e foi logo aceitando (minimamente) as condições da rapaziada de laranja.
Pois bem, no meio de tanto fumacê que
o atual movimento tem causado, percebo que o apoio a essa greve ganhou uma
força muito grande de boa parte da população - coisa muito rara em tempos de se
indignar com qualquer manifestação que quebre (com trocadilho) a rotina da
cidade.
Fiquei buscando uma resposta para
esse apoio aos caminhoneiros, mesmo com os mercados vazios e os postos idem. Dois
goles de café depois, foi fácil constatar: ninguém está aguentando esse aumento
de preço semanal dos combustíveis – nem o sujeito do busão, nem o do carro
importado; o movimento da classe dos rodoviários é um alento de mudança, uma
esperança.
Aquele famoso: Vish, agora mexeu
comigo. Isso explicaria então por que, quando não é comigo, eu fecho os olhos e
viro a cara?
Professor de escola pública em greve?
"Meu filho estuda em particular. Esses vândalos que não querem
trabalhar..."
Médicos e equipe do hospital parando
rua para protestar contra a falta de condições de trabalho? "Não uso o SUS
mesmo, esses caras não têm direito de parar uma rua ou rodovia, estão atrasando
meu compromisso".
Mas agora pode?
Não tem empatia nenhuma esse apoio pela parada dos caminhoneiros. Zero!
De certa forma, é uma torcida, um
apelo para que eles consigam melhorar algo "para mim".
sábado, 22 de julho de 2017
Enquanto isso no Rio...
Curioso....
Durante boa parte do governo Cabral, a grande imprensa - em especial a Rede Globo e o RJ TV, particularmente - praticamente eram uma espécie de canal oficial do ex-governador. Lembro que lá pelos anos 2010, 2011, seu Cabral estava presente numa frequência avassaladora no programa da hora do almoço, vendendo seu peixe de UPPs, político Midas (aquele que transforma tudo em ouro), grande homem público - futuro presidente!
Já acenavam, nessa época, com a Copa do Mundo e as Olimpíadas... Entusiasmados com esses eventos, Cabral e seus canais oficiais da imprensa bradavam os ganhos que o Rio de Janeiro (participação especial do bobo da corte Dudu Paes) teria com esses eventos: crescimento, desenvolvimento, dinheiro em caixa, mudar a cidade de patamar.... Quanta euforia!
Eu, terminando a graduação de geografia, enxergava (como muitos outros colegas, obviamente) que esse discurso era muito mais numa tentativa de convencimento, aproveitando a grandeza - e porque não, a beleza desses eventos. Inclusive, era acusado de pessimista, de "torcer contra o Rio de Janeiro", simplesmente por achar que não tínhamos condições de assumir compromissos desse tamanho, quando mal se tem o básico.
Pois bem, Eduardo Paes entregou a prefeitura cheia de dívidas; seu Cabral está na cadeia acusado de inúmeros crimes - entre eles: o absurdo de ganhar propina cada vez que as passagens eram reajustadas (pouco se importando com os trabalhadores que dependem desses transportes); a cidade e o Estado do Rio estão em falência e abandono em várias esferas; servidores estaduais fazem filas para conseguir cestas básicas e estender a sobrevivência por mais algumas semanas (não é para indignar?); a UERJ largada; policiais são mortos como nunca (em 2017 já temos mais policiais mortos que TODO ano de 2016).
Ou a miopia era muito forte ou o meu pessimismo que associou tanta desgraça.
Era tão óbvio...
Era tão óbvio...
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