Como Ler Foucault (Digitalizado)
Como Ler Foucault (Digitalizado)
Como Ler Foucault (Digitalizado)
Tradução:
Maria Luiza X. de A. Borges
Revisão técnica:
Alfredo Veiga-Neto
Professor Titular da Faculdade de Educação
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Karla Saraiva
Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação
da Universidade Luterana do Brasil
^ZAHAR
Para Sid
Título original:
How to read Foucault
Preparação: Geísa Pimentel Duque Estrada | Revisão: Eduardo Monteiro, Sandra Mager
Indexação: Nelly Praça | Capa: Dupla Design
Foto da capa: © Bettmann/CORBIS/Corbis (DC)/Latinstock
Introdução 7
1. A liberdade da filosofia 13
2. Razão e loucura 24
3. A morte do homem 35
4. O anonimato da literatura 48
5. Da arqueologia à genealogia 59
6. A prisão 71
7. Sexualidade reprimida 81
8. Um sexo verdadeiro 91
Notas 125
Cronologia 129
Agradecimentos 138
índice remissivo 139
r
Introdução
7
8 Como ler Foucault
Í
teoria ou doutrina, ela oferece um corpo diversificado de pen
samento que consiste em várias análises específicas das várias
questões em jogo. Usos novos e imaginativos de sua caixa de
E possível,são
ferramentas entanto, encontrar
no objetivos essenciaisfios unificadores
quando nesse
lemos sua cor-
obra.
pus multifacetado sem o reduzir a uma teoria ou metodologia
única. A liberdade foi uma questão norteadora para Foucault
ao longo de toda a sua carreira filosófica. Seu domínio de es
tudo eram as práticas sociais: todo o seu pensamento pode ser
mapeado como estudos de diferentes aspectos dessas práticas.
As características metodológicas de seu pensamento, a saber,
o uso inovador que ele fez da historiografia como método filo
sófico, também conferem à sua obra um caráter uniforme e
extremamente original. Foucault foi um filósofo que usou a
história para compreender a sociedade contemporânea a fim
de transformá-la rumo a uma maior liberdade.
Ao lado de pensadores influentes como Jacques Derrida, Gil-
les Deleuze e Julia Kristeva, ele é em geral classificado como
um pós-estruturalista, embora recusasse o rótulo e afirmasse
sequer entender o que significava. Ainda assim, Foucault per
tence à geração de pensadores franceses proeminentes nos
anos 6o, após o esgotamento do existencialismo. O existencia-
lismo e seus mais famosos representantes —Jean-Paul Sartre,
Maurice Merleau-Ponty e Simone de Beauvoir — promoveram
a ideia da filosofia como sendo fundamentalmente o estudo do
ser humano: sua natureza, o sentido da existência humana e os
limites de suas possibilidades. O pós-estruturalismo, por outro
lado, caracterizou-se pela negação do ser humano como ob
jeto privilegiado da análise filosófica, concentrando-se em vez
Introdução 9
13
14 Como ler Foucault
“Estruturalismo e pós-estruturalismo”
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Razão e loucura 25
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O anonimato da literatura 49
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6o Como ler Foucault
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72 Como ler Foucault
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82 Como ler Foucault
Não acredito que possa haver uma sociedade sem relações de po
der, se as compreendermos como os meios pelos quais indivíduos
tentam guiar, determinar o comportamento de outros. O pro
blema não é tentar dissolvê-las na Utopia de uma comunicação
perfeitamente transparente, mas dar ao próprio eu as regras da
lei, as técnicas de controle, e também a ética, o ethos, a prática
de si, o que permitiría esses jogos de poder serem jogados com o
mínimo de dominação.50
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ioi
102 Como ler Foucault
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Práticas de si 115
i. Ver James Miller, The Passion of Michel Foucault. Nova York, Simon &
Schuster, 1993.
2. Michel Foucault, “PostScript, an interview with Michel Foucault by
Charles Ruas”, trad. Charles Ruas, in Death and theLabyrinth: The World
of Raymond Roussel. Nova York, Doubleday, 1986, p.184.
3. Michel Foucault, Suicides de prison. Paris, Gallimard, 1973, p.51, apud
David Macey, The Lives of Michel Foucault. Nova York, Vintage Books,
1993, p.288.
4. Michel Foucault, “Criticai theory/intellectual history” (1983), trad.
Jeremy Harding, in Lawrence Kritzman (org.), Michel Foucault, Politics,
Philosophy, Culture, Interviews and Other Writings 1977-1984. Londres,
Routledge, 1988, p.36-7.
5. Ver Macey, op.cit., p.288.
6. Michel Foucault, The History of Sexuality, vol.2: The Use of Pleasure
(1984). Harmondsworth, Penguin, 1992, p.9.
7. Ver lan Hacking, Historical Ontology. Cambridge, MA, Harvard
University Press, 2002.
8. Michel Foucault, History of Madness (1961), trad. Jonathan Murphy e
Jean Khalfa. Londres, Routledge, 2005, p.8-11.
9. Michel Foucault, “Interview with Michel Foucault" (1978), trad. Robert
Hurley, in James D. Faubion (org.), Power: Essential Works of Foucault
1954-1984, vol.3. Nova York, New Press, 2000, p.244.
10. Michel Foucault, “The minimalist self” (1983), in Lawrence Kritzman,
op.cit., p.6.
11. Michel Foucault, History of Madness, op.cit., p.35-8.
12. Ibid., p.145.
13. Ibid., p.483.
14. Ibid., p.42.
15. Michel Foucault, "La folie n'existe que dans une société” (1961), in
Daniel Defert e François Ewald (orgs.), Dits et écrits, 1954-1975, vol.i.
Paris, Gallimard, 2001, p.197.
16. Michel Foucault, History of Madness, op.cit., p.xxviii.
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126 Como ler Foucault
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13° Como ler Foucault
Textos primários
Praticamente toda a obra de Foucault encontra-se traduzida para o
português, com destaque para:
Doença mental e psicologia. Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro, [1954] 2000.
História da loucura. São Paulo, Perspectiva, [1961] 2004.
O nascimento da clínica. Rio de Janeiro, Forense Universitária, [1963] 2008.
Raymond Roussel. Rio de Janeiro, Forense Universitária, [1963] 1999.
As palavras e as coisas. São Paulo, Martins Fontes, [1966] 2006.
Arqueologia do saber. Rio de Janeiro, Forense Universitária, [1969] 2008.
A ordem do discurso. São Paulo, Loyola, [1970] 2005.
Isto não é um cachimbo. São Paulo, Paz e Terra, [1973] 1989.
Vigiar e punir. Rio de Janeiro, Vozes, [1975] 2007.
História da sexualidade, 3 volumes. São Paulo, Graal, [1976,1984] 2010.
Microfísica do poder. São Paulo, Graal, [1979] 2008.
volumes. Rio de Janeiro, Forense Universitária, [1994,
Ditos e escritos, 6
2001] 2000-2010.
A verdade e as formas jurídicas. Rio de Janeiro, NAU, [1996] 2002.
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Biografias
Há três biografias completas de Foucault:
Didier Eribon, Michel Foucault (1926-1984). Paris, Flammarion, 1989. [Ed.
bras.: Michel Foucault. São Paulo, Companhia das Letras, 1990.]
David Macey, The Lives ofMichel Foucault. Londres, Vintage, 1993.
James Miller, The Passion of Michel Foucault. Cambridge, Nova York,
Simon & Schuster, 1993.
Referências gerais
Hubert Dreyfus e Paul Rabinow, Michel Foucault: Beyond Structuralism
and Hermeneutics. Chicago, University of Chicago Press, 1982. [Ed.
bras.: Michel Foucault: uma trajetóriafilosófica. Rio de Janeiro, Forense
Universitária, 1995.]
Thornas Flynn, Sartre, Foucault, and Historical Reason, vol.2: A Poststruc-
turalist Mapping ofHistory. Chicago, University of Chicago Press, 2005.
Beatrice Han, Foucault’s Criticai Project. Between the Transcendental and
the Historical. Paio Alto, Stanford University Press, 1998.
Todd May, The Philosophy ofFoucault. Stocksfield, Acumen Publishing, 2006.
Johanna Oksala, Foucault on Freedom. Cambridge, Cambridge University
Press, 2005.
John Rajchman, Michel Foucault: The Freedom of Philosophy. Nova York,
Columbia University Press, 1985. [Ed. bras.: Foucault: A liberdade da
filosofia. Rio de Janeiro, Zahar, 1987.]
Sobre govemamentalidade
Andrew Barry, Thomas Osborne e Nicholas Rose (orgs.), Foucault and
Political Reason. Liberalism, Neo-Liberalism and Rationalities ofGovernment.
Londres, UCL Press, 1996.
Graham Bruchell et al. (orgs.), The Foucault Ejfiect: Studies in Govemmentality.
With Two Lectures by and One Interview with Michel Foucault. Chicago,
University of Chicago Press, 1991.
Mitchell Dean, Govemmentality: Power and Rule in Modem Society. Londres,
Sage, 1999.
Thomas Lemke, Eine Kritik der politischen Vemunft: Foucaults Analyse der
modemen Govemementalitãt. Hamburgo, Argument, 1997.
Recursos na Web
http://www.michel-foucault.com/ O website da Foucault Resources,
uma boa fonte de informação sobre a vida e a obra de Foucault, pu
blicações recentes e eventos em curso sobre ele.
http://www.siu.edu/~foucault/ O website do Foucault Circle, uma
rede mundial de estudiosos e educadores que partilham um interesse
pelo pensamento de Foucault.
http://www.foucaultsociety.org/ O website da Foucault Society, uma
sociedade interdisciplinar para estudiosos, estudantes, ativistas e
artistas interessados em estudar e aplicar as idéias de Foucault num
contexto contemporâneo.
Agradecimentos
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índice remissivo
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