sexta-feira, 29 de junho de 2012

Necesidades educativas. Discapacidad motórica.

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PARÁ AVANÇA NA EDUCAÇÃO ESPECIAL - Seminário discute educação especial inclusiva


Seminário discute educação especial inclusiva

Advaldo Nobre/Ascom Seduc
A programação do seminário prossegue até a sexta-feira com mesa-redonda, oficinas sobre práticas pedagógicas e conferência sobre Gestão Compartilhada

    Da Redação
    Agência Pará de Notícias
    Atualizado em 28/06/2012 às 14:23

    A educação especial inclusiva para alunos com deficiência é o tema do 1º Seminário voltado para gestores, diretores e técnicos, que reúne cerca de 500 profissionais da Rede Estadual de Educação até a próxima sexta-feira, 29. no auditório do Hotel Gold Mar, em Belém. O evento foi aberto na manhã de hoje, 28. Atualmente, a Rede Estadual conta com aproximadamente 12 mil estudantes portadores das cinco deficiências previstas: auditiva, visual, intelectual, física, e múltipla.
    Desde 1994, a Política Nacional de Educação Especial prevê o acesso de alunos com deficiência ao ensino regular. Até então, crianças e adolescentes com deficiência recebiam escolarização em unidade de ensino específicas. Com as novas diretrizes nacionais e internacionais sobre o assunto, passou a ser exigido que estudantes com deficiência sejam incluídos e matriculados em escolas de ensino regular e, no contra-turno, matriculados em unidades de atendimento especializado ou em salas de recursos multifuncionais de suas escolas.
    Para o atendimento específico nas diversas deficiências, a Rede Estadual conta com oito unidades técnicas especializadas, três núcleos e dois centros de apoio. Além disso, mais de 500 escolas possuem Salas de Recursos Multifuncionais utilizadas no apoio ao estudante com deficiência no ensino regular. Outras 330 estão em fase de implantação e até o final de 2014 a expectativa é de que as cerca 1.100 escolas estaduais tenham o espaço em funcionamento.
    As Salas de Recursos Multifuncionais contam com materiais pedagógicos e de acessibilidade para que os estudantes com deficiência façam atividades no contra-turno. “É justamente a qualificação dos profissionais que atuam nessas salas o foco deste seminário, explicou a coordenadora de Educação Especial da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), professora Heloísa Helena Brito, ao informar que a formaçãoo abre uma sequencia de atividades de para aqueles que atuam na educação especial.
    Na abertura do evento, o psicólogo e técnico da Coees, Edmilson Lima, apresentou a palestra “Políticas Públicas de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva”. Para ele, a presença do aluno na escola e garantia do atendimento no contra-turno são fundamentais. “O Plano Nacional requer mudanças ligadas à concepção de escola para todos. Ainda é preciso derrubar mitos e adquirirmos novas práticas pedagógicas na divisão social do trabalho na escola”, afirmou.
    A programação do seminário segue até as 14h desta sexta-feira com a mesa-redonda sobre o Atendimento Educacional Especializado (AEE); oficinas sobre práticas pedagógicas; organização de grupos de trabalho para discutir a concepção, os princípios e o currículo, entre outros temas; além da conferência sobre Gestão Compartilhada da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, que será apresentada pelo professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Antônio Carlos do Nascimento Osório.

    Texto:
    Mari Chiba - Seduc
    Fone: (91) 3201-5181 / (91) 8135-9009
    Email: [email protected]

    Secretaria de Estado de Educação
    Rod. Augusto Montenegro Km 10, S/N. Icoaraci, Belém-PA. CEP: 66820-000
    Fone: (91) 3201-5205 / 5005 / 5180 / 5008
    Site: www.seduc.pa.gov.br Email: [email protected]

    quarta-feira, 27 de junho de 2012

    sábado, 23 de junho de 2012

    EDUCAÇÃO INCLUSIVA - ARTIGOS BENGALA LEGAL


    Educação Inclusiva


    Mulheres Deficientes e a Comunidade de Devotees


    Mulheres Deficientes e a Comunidade de Devotees.

    27/05/2012 - Alison Kafer.
    CHICAGO/EUA - Na primavera de 1996, eu tive meu primeiro encontro com a comunidade de amputados e devotees. Eu conectei a Internet, digitei "amputada" em um site de busca, e me vi confrontada com um mundo que eu jamais soube que existisse. Os endereços de vários websites apareceram diante de mim, todos eles prometendo companhia e amizade para pessoas amputadas.
    Estes sites ofereciam sala de bate-papo, anunciavam oportunidades e locais onde os devotees e as pessoas amputadas poderiam se encontrar, continham anúncios pessoais e vendiam fotografias e vídeos de mulheres amputadas. Porém, os websites pareciam ter, principalmente, o objetivo de explicar e defender as ações e motivações dos devotees. "Devotees," eu rapidamente aprendi, eram homens e mulheres que se sentiam atraídos por pessoas com amputações e outras deficiências. Em outras palavras, homens atraídos por mim.
    Eu tive uma estranha sensação de familiaridade, quando visitei esses sites, apesar de nunca ter ouvido falar de devotees antes. A sensação de familiaridade não era tanto por me sentir parte de uma comunidade, mas por um sentimento de resignação. Devido aos olhares fixos e respostas hostis que eu normalmente recebia nas ruas, eu me sentia terrivelmente sem atrativos e estava convencida de que ninguém poderia amar alguém como eu. Ninguém - quer dizer - exceto um devotee.
    Visitando aqueles sites, eu percebi que as pessoas que me encaravam na rua não eram a aberração, os devotees é que eram. O mero fato de eles terem de se agrupar na Internet, para justificar o seu desejo por mulheres amputadas, parecia testemunhar a natureza sem igual de sua atração. A retórica defensiva desses sites confirmou meu temor de que a sociedade vê as mulheres como eu como sem atrativos e indesejáveis. Caso contrário - eu argumentei comigo mesma - por que tais organizações seriam necessárias?
    O descobrimento da comunidade de amputados e devotees na internet me encheu de resignação: parecia oferecer a única oportunidade que eu teria de fazer parte de uma comunidade, de ter apoio e companhia. Eu estava, de repente, incluída numa comunidade da qual eu não queria fazer parte, uma comunidade que me fez sentir calafrios.
    Em meus primeiros encontros com a comunidade de amputados e devotees, as mulheres com deficiência, nestas organizações, eram invisíveis para mim. Apesar de minha intenção original de aprender mais sobre as mulheres amputadas, apesar do espaço na Internet dedicado às fotografias e às histórias dessas mulheres, tudo o que eu podia ver eram as histórias dos devotees. A idéia de um fetichismo pela deficiência era tão nova para mim que eu me esqueci das mulheres ao tentar entender os homens.
    Com o passar do tempo, porém, e como eu me tornei mais interessada nas barreiras específicas que as mulheres com deficiência tinham de enfrentar, eu voltei meu interesse para as mulheres amputadas envolvidas nestes grupos. O que elas achavam nessa comunidade de amputados e devotees que eu não estava entendendo? Embora, num primeiro momento, eu tivesse ignorado estas mulheres, agora, eu me via compelida a conhecer suas histórias. O que motivava o envolvimento delas em organizações que muitas pessoas percebiam como exploradoras e desagradáveis? Que possíveis benefícios poderiam resultar da interação delas com outras pessoas com amputações e com os devotees?
    Eu acho este tipo de pergunta intrigante porque a maioria das pesquisas publicadas sobre a comunidade de amputados e devotees focalizou exclusivamente os devotees. Não foram levantadas perguntas sobre as experiências e motivações das mulheres amputadas envolvidas em tais grupos e elas constituem a inspiração para escrever este artigo.
    No outono de 1999, eu voltei à comunidade de amputados e devotees e perguntei a Jama Bennett, a fundadora da Coalizão Mundial de Apoio aos Amputados (ASCOTWorld), se ela estava disposta a discutir o grupo e a sua participação nessa comunidade. Eu comecei uma exploração preliminar entre as mulheres amputadas para descobrir como elas percebiam a ASCOTWorld e a sua função na vida delas. A própria Bennett sugere que a ASCOTWorld sirva para dar apoio às mulheres amputadas, fazendo com que se sintam fortalecidas para enfrentar os estereótipos culturais dominantes segundo os quais as mulheres deficientes são assexuadas.
    Neste artigo, eu discuto este potencial para o enfrentamento desses estereótipos. Eu discuto que, embora a participação de mulheres deficientes na ASCOTWorld possa não romper com os discursos fundamentalmente dominantes a respeito da sexualidade das mulheres com deficiências, essa participação tem um efeito positivo na vida delas. O potencial da ASCOTWorld para fortalecer a auto-estima das mulheres deficientes frente os preconceitos precisa ser entendido como uma negociação entre os efeitos que pode ter sobre a sociedade maior e o seu impacto sobre a vida de cada mulher com deficiência.
    Discutindo as suposições que as pessoas não deficientes fazem em relação às com deficiência, Jama Bennett afirma que "há uma percepção, por parte da comunidade temporariamente não deficiente, de que as pessoas com deficiências são assexuadas e eternamente infantis".
    Devido a este estereótipo, acrescenta ela, "muitas mulheres que tiveram amputações recentes (incluindo eu mesma) sentem-se maravilhadas por saber que ainda podem ser desejáveis ou atraentes para um homem." As observações de Bennett originam-se em suas próprias experiências, enquanto uma mulher com deficiência que vive numa sociedade na qual a sexualidade do corpo deficiente, particularmente do corpo feminino com deficiência, é negada, patologizada e/ou ignorada continuamente.
    A maioria da literatura sobre a comunidade de amputados e devotees perpetua estes estereótipos. A maior parte dos estudos focaliza, principalmente, os devotees e retratam as mulheres com deficiência como silenciosos e passivos objetos do desejo dos homens. Além disso, esta literatura, ao tentar analisar as causas e as repercussões do devoteísmo, coloca essa atração como uma patologia que deve ser tratada ou deve ser eliminada.
    Eu não quero debater o mérito médico desse diagnóstico. Ao contrário, eu quero realçar as idéias preconcebidas que a cultura dominante tem a respeito da sexualidade das mulheres com deficiência e que são a base desses estereótipos. Se identificamos os devotees como "doentes", o que estamos dizendo a respeito dos sentimentos que as mulheres deficientes inspiram? Considerar atraente uma mulher com deficiência é sempre o sintoma de uma doença? Mulheres amputadas não aparecem discutindo estas questões e, quando aparecem, somente o fazem como vítimas porque foram molestadas ou enganadas por devotees.
    Algumas feministas reafirmam esta tendência quando vêem os devotees como praticantes de uma forma perigosa de pornografia. R. Amy Elman, por exemplo, afirma que as publicações de devotees contribuem "para que as mulheres e meninas, particularmente aquelas com deficiência, continuem a ser consideradas e tratadas como cidadãs de segunda categoria". Ela examina vários artigos de The Amputee Times, uma revista voltada aos devotees, que focaliza "o fetichismo pela vulnerabilidade das mulheres", e os comentários dos devotees a respeito da formação de um catálogo com mulheres deficientes atraentes.
    Embora eu concorde com Elman de que o comportamento de alguns devotees é preocupante, particularmente o ímpeto para criar um banco de dados de mulheres com deficiência "disponíveis", alguns dos comentários dela também me preocupam. Elman só vê as mulheres com deficiência como vítimas que, por terem se convertido em objetos, necessitam de proteção, e não as vê como agentes ou sujeitos. Além disso, ela ignora as mulheres que se vê nos sites destinados aos devotees e só discuti os fotógrafos e os que publicam essas imagens. Fazendo assim, ela insinua que as mulheres deficientes só posariam para fotos "sensuais" quando enganadas ou coagidas a isto.
    Freqüentemente, as mulheres com deficiência são desencorajadas de participar de qualquer forma de expressão sexual, e as mulheres que moram em instituições têm sua sexualidade severamente controlada ou impedida. Gayla Frank discute as experiências de Dianne DeVries, cujos quatro membros foram amputados e que freqüentemente era criticada, no centro de reabilitação, por causa das roupas que desejava vestir.
    Frank explica que a equipe médica recomendava que DeVries usasse pernas e braços artificiais, que se vestisse com roupas de mangas compridas, saias longas e largas para disfarçar a sua deficiência. Sua recusa em usar estes dispositivos causavam consternação em seus médicos, que consideravam sua decisão como um "desajustamento" e não como um sinal de independência. A preferência dela para vestidos sem manga e camisetas de mangas curtas eram ainda mais problemáticos para a equipe médica, que considerava sua aparência "sem atrativos e possivelmente perturbadora". A sugestão dos médicos para que usasse roupas mais discretas não estava relacionada à necessidade de facilitar seus movimentos, mas sim com o objetivo de tornar sua aparência menos chocante para os outros.
    O desejo de seus médicos para tornar invisíveis as deficiências de DeVries fizeram com que ela se tornasse efetivamente invisível: foram ignorados seus desejos e suas opiniões sobre seu próprio corpo e sua deficiência, foram desvalorizados seus julgamentos e suas escolhas e ações foram consideradas como um desajustamento.
    O impulso para esconder a deficiência é forte. Embora DeVries tenha se rebelado contra seus doutores que queriam que ela cobrisse seus cotos com roupas e próteses, muitos outros amputados voluntariamente usam roupas folgadas como camuflagem para suas deficiências. Muitas pessoas com deficiência concordam com a opinião dos médicos de DeVries - de que um coto amputado visível é "sem atrativo e perturbador". Quando o ponto de vista dos "especialistas" combina com a ausência de imagens de pessoas com amputações na mídia e na esfera pública, isto desencoraja os amputados de tornar visíveis os seus corpos. A construção cultural de uma imagem das mulheres com deficiências como assexuadas e sem atrativos afeta sua auto-estima, impelindo-as a disfarçar suas deficiências por vergonha delas. Como a própria Bennett declara: "Eu usei saias e vestidos longos durante dez anos, nunca shortes ou bermudas, porque eu sentia que deveria manter escondida minha perna amputada."
    A partir de seu primeiro encontro com a comunidade de devotees, há sete anos, Bennett mudou radicalmente sua atitude em relação ao próprio corpo. "Depois que eu descobri sobre os devotees" - ela explica - "eu comecei a usar bermudas, shorts e maiôs que deixam à mostra meu coto. Eu me dei conta de que esta é minha perna, e se alguém prefere não vê-la, então, que não olhe." Os comentários de Bennett revelam o impacto imediato que a comunidade de devotees causou em sua autoconfiança.
    Simplesmente saber da existência de homens que a achariam atraente por sua amputação, e não apesar dela, fez com que mudasse radicalmente a compreensão de sua deficiência e foi essa mudança que a levou a se envolver na ASCOTWorld e à sua interpretação da organização como um baluarte de resistência.
    Lolly Gibbs, uma amputada por problemas com diabetes, envolveu-se com a ASCOTWorld logo após ter sido abandonada por seu noivo. Ele a abandonou, logo após ela ter sido amputada, porque não conseguiu adaptar-se à sua dependência de uma cadeira de rodas. Gibbs, eventualmente, encontrou dois membros da comunidade de devotees, através de um anúncio em um jornal local. "Nunca tinha ouvido falar de devotees" - ela explica - "mas, os homens eram ambos simpáticos, atenciosos e compreensivos. Eles me deram vários artigos para ler e aprender sobre suas preferências e me falaram dos Fins de Semana da Fascinação.(6) Após ir a uma série de Fins de Semana e freqüentar a ASCOTWorld, Gibbs apresentou uma transformação como a de Bennett: "Finalmente senti-me desejada, atraente e até mesmo sexy. Não me envergonhava mais por ser vista em público."
    Ambas, Gibbs e Bennett, descrevem seus encontros com os devotees como experiências fortalecedoras. Após serem tratadas como não atraentes e assexuadas, essas mulheres estavam encontrando homens que as achavam mais desejáveis que as mulheres não deficientes. Valorizando as mulheres com deficiências, os devotees parecem ignorar os ideais prevalecentes de beleza, escolhendo mulheres que outros homens rejeitaram como sendo não-sexy e não-desejáveis. Bennett explica que qualquer coisa que dê às mulheres deficientes mais confiança ou crença em sua sexualidade é positiva e ela aprova organizações como a ASCOTWorld por fazer exatamente isto para ela e para inúmeras mulheres na mesma condição.
    Bennett considera que na ASCOTWorld, a rejeição da assexualidade das mulheres com deficiência, traduz-se em vendas de fotos e vídeos e a veiculação de suas imagens em sites da Internet, sites estes que seriam acessados só por assinantes. Bennett estima que existam mais de 28.000 instantâneos de mulheres deficientes. Qualquer amputada que queira posar para fotos ou participar de vídeos recebem assistência de Bennet e da ASCOTWorld.
    Muitos desses vídeos são vendidos por mais de US0,00, dos quais 60% vão para a modelo e 40% ficam na Associação para cobrir custos de "reprodução, postagem, propaganda e mão-de-obra".
    Os vídeos são feitos com o propósito de promoção pessoal, apresentando "mulheres solteiras para devotees que possam querer conhecê-las nas reuniões de fim de semana".
    ASCOTWorld não é o único grupo a oferecer tais serviços. A CD Produções, operada por Carol Davis é outra organização que produz e distribui fotos e vídeos de mulheres amputadas.
    Ambas, Davis e Bennett, asseguram que estas fotos e vídeos são benéficos para as modelos não só do ponto de vista financeiro como também por promover um aumento em sua autoconfiança e maior consciência de sua sexualidade.
    Joy, uma das modelos da CD, explica: "Eu sei o que é ser rejeitada por homens pela falta de um membro. Sinto-me gratificada por ser admirada como sou". Outras mulheres fazem eco a Joy. Kath Duncan, em seu VT "Minha Amante de Uma Perna Só", comenta como foi excitante essa sessão de fotos, pois foi capaz de colocar todo seu corpo à mostra e sentir seus cotos como sendo sexy.
    Estes comentários sugerem que encontrar um ambiente no qual seus corpos são (não somente aceitos mas também) admirados parece produzir um formidável impacto na auto-estima das mulheres com deficiência.
    A proliferação de imagens representando deficientes como sexy e atraentes poderá ser benéfica não só para as modelos mas também para todas as deficientes. Jane Elder Bogle e Susan L. Shaul contam que um dos maiores problemas para a expressão da sexualidade das mulheres com deficiência é a falta de exemplos. Para muitas mulheres, particularmente as que sofrem amputações em uma idade mais avançada, é difícil aprender a incorporar cadeira de rodas, próteses, cicatrizes e braçadeiras ao rol das coisas consideradas "sexies".
    ASCOTWorld é um dos poucos lugares onde uma mulher amputada encontra imagens de mulheres que são iguais a ela e que incorporam suas deficiências àquilo que entendem como sensualmente atrativo. Ao divulgar essas imagens, ASCOTWorld oferece exemplos de mulheres cujas deficiências não impedem a sensualidade, contrapondo-se à cultura dos não deficientes, na qual as mulheres com deficiência são assexuadas.
    Além disso, como notou Barbara Waxman Fiduccia, muitas das organizações de devotees são dirigidas atualmente por amputadas (13): Fascinação, ASCOTWorld e Produções CD são de propriedade e são dirigidas por amputadas. Elas decidem a forma de conduzir e os estatutos das organizações. Além disso, todo o lucro dos vídeos e das fotos são entregues às modelos. Waxman Fiduccia enfatiza que o aspecto radical dessas empresas é que elas possibilitaram às pessoas com deficiência tirar suas vidas sexuais do controle dos médicos, psicólogos e, por extensão, dos próprios devotees. As mulheres controlam suas produções.
    Embora ainda sinta algum desconforto a respeito dos devotees, começo a sentir uma afinidade com as modelos e suas organizadoras. Essas mulheres estão se recusando a aceitar passivamente os estereótipos impostos a elas pela cultura dos não deficientes. Ao afirmar, ativamente, seu direito de falar sobre, usar e dispor de seus corpos da forma como consideram conveniente, essas mulheres deficientes estão dando poderosos exemplos alternativos de como observar o corpo feminino com deficiência.
    O impacto que essas imagens causam na sociedade em geral ainda precisa ser determinado. Ainda que a participação na comunidade de devotees possa mudar a percepção que algumas mulheres têm de si mesmas, isto pode não ter nenhum efeito sobre o juízo que as pessoas não deficientes fazem delas.
    Na realidade, algumas pessoas podem ver a formação de grupos como ASCOTWorld como uma prova de que pessoas com deficiências são realmente diferentes. A existência da comunidade dos devotees pode levar a crer que somente eles acham deficientes atraentes e que sentir atração e desejo por uma mulher deficiente pode ser visto como uma "condição" que só "afeta" alguns membros "diferentes" da maioria da população.
    Tais pontos de vista não estão limitados aos não deficientes, eu, no princípio, via os sites como o ASCOTWorld não como uma prova de minha capacidade de ser desejada, mas, sim, como um atestado exatamente do contrário. Visto dessa maneira, o envolvimento das amputadas na comunidade devotee pode, na realidade, perpetuar o pensamento de que as mulheres com deficiência são assexuadas e de que não são desejáveis, negando assim, o potencial transformador da ASCOTWorld.
    A comunidade de devotees ainda reflete muitos dos valores da sociedade em geral e seus preconceitos. No vídeo "Minha Amante de Uma Perna Só", Duncan expressa decepção ao descobrir que os devotees são tão críticos - em relação aos corpos das mulheres - como são os não devotees. Podem divergir da corrente principal, ao considerar cotos sensuais, mas os devotees também menosprezam as mulheres que são gordas ou sem atrativo. Ou seja, a os devotees não estão numa esfera utópica na qual a beleza e a aparência física são irrelevantes. Simultaneamente, os devotees rejeitam o estereótipo de que as mulheres deficientes são indesejáveis e perpetuam os ideais hegemônicos de beleza.
    Além disso, alguns segmentos dos amputados e devotees refletem o padrão heterossexual que permeia a cultura ocidental. Embora haja vários sites na Internet destinados a homens amputados e devotees gays, os sites destinados a lésbicas são menos comuns. Um dos poucos sites para lésbicas que eu descobri é freqüentado, principalmente, por homens devotees heterossexuais à procura de "deusas do amor lésbicas e amputadas". Esse site foi atacado, pelo menos uma vez, com comentários e desenhos homófobos.
    Um outro exemplo desse preconceito é a opinião de uma mulher amputada com quem conversei: ela acha que a existência de deficientes lésbicas é uma prova da necessidade dos devotees. Segundo ela, muitas mulheres com deficiências se tornam lésbicas porque não podem encontrar parceiros masculinos. Para ela, se tais mulheres conhecessem os homens devotees, elas não seriam "forçadas" a se tornar lésbicas para ter uma vida sexual ativa. Os comentários dela refletem o preconceito da sociedade, segundo o qual todas as lésbicas são heterossexuais fracassadas. Assim, dentro do discurso da comunidade de amputados e devotees, freqüentemente, a sexualidade de lésbicas deficientes é negada, patologizada e/ou ignorada, Portanto, nem todas as mulheres com deficiência são bem-vindas na comunidade de devotees e deficientes.
    Eu também quero ressaltar que nem todas as mulheres com deficiência tiveram boas experiências com devotees, nem se beneficiaram de uma elevação de sua auto-estima e independência. Muitas mulheres deficientes tiveram encontros terrivelmente amedrontadores, sendo perseguidas por devotees que as fotografaram sem sua permissão. Outras mulheres - como eu - tiveram seus nomes e atributos físicos disseminados pela comunidade de devotees sem o seu conhecimento ou sua permissão. Embora nem todos os devotees se comportem dessa maneira, a existência de alguns faz com que algumas mulheres com deficiências desconfiem e temam todos eles. O potencial da ASCOTWorld para contribuir para a elevação da auto-estima sexual das mulheres deficientes contrapõem-se ao fato de o site, ao expor as mulheres, torna-as suscetíveis ao molestamento e abuso por parte de devotees.
    Porém, é importante dizer que o comportamento agressivo não é exclusivo de devotees. Violência contra mulheres é inerente às culturas patriarcais, e muitos não devotees são culpados de molestar, espionar e aterrorizar as mulheres. O alto número de mulheres não deficientes que são molestadas, espionadas e agredidas todos os anos é a prova de que estes comportamentos estão mais relacionados à misoginia latente na sociedade do que à atração específica dos devotees. Assim, o comportamento inadequado de alguns devotees deve ser considerado como integrante de uma cultura patriarcal. A atitude agressiva de alguns deles não pode ser vista como exclusiva da comunidade de devotees.
    Embora estas preocupações sejam importantes e não devamos ignorar as acusações de coerção, abuso e molestamento, os efeitos de ASCOTWorld não podem ser considerados como completamente negativos. Para Bennett e as mulheres amputadas de ASCOTWorld, a participação delas na comunidade de amputados e devotees alterou radicalmente a percepção de sua deficiência. Assim, para algumas mulheres com deficiência, ASCOTWorld atua como um lugar de resistência pessoal que lhes permite restaurar a auto-estima, a independência e a sensualidade. Ainda que posar para fotografias e participar de reuniões possam não contribuir, fundamentalmente, para desmantelar os estereótipos dominantes na sociedade a respeito do corpo feminino portador de deficiência, o impacto positivo em suas vidas, que algumas mulheres acreditam ter sido causado por essas atividades, não pode ser ignorado. Nas palavras de Lolly Gibbs: "Finalmente, eu me sinto atraente e, até mesmo, sensual. Eu não tenho mais vergonha de meu corpo."

    Palestra apresentada durante a Conferência de Estudos sobre a Deficiência, junho de 2000, Chicago, por Alison Kafer.
    Traduzido por Lia Crespo - Rede SACISite Externo..
    Outro texto: Devotee: Atração por Pessoas com Deficiência - Preconceitos e Mitos.
    • Os devotees não são só do gênero masculino, existindo também mulheres devotees.
    • Devotees existem em sua maior parte como adoradores de pessoas amputadas, mas ultrapassam essa deficiência, podendo ter preferências por outras, como cegueira, surdez, pessoas usuárias de cadeiras de rodas com qualquer deficiência.

    Bibliografia.

    • Bruno, Richard L. "Devotees, Pretenders, and Wannabes: Two Cases of Factitious Disability Disorder." Sexuality and Disability. 15.4 (Winter 1997): 243-260.
    • Child, Margaret. "What are Disability Paraphilias, and Who are Devotees?" OverGround.www.ardgrain.demon.co.uk/overground/features/theory/whata.htmlSite Externo.
    • Elman, R. Amy. "Disability Pornography: The Fetishization of Women's Vulnerabilities." Violence Against Women. 3.3 (June 1997): 257-270.
    • Everaerd, Walter. "A Case of Apotemnophilia: A Handicap as Sexual Preference." American Journal of Psychotherapy. 37.2 (April 1983): 285-293.
    • Frank, Gayla. "On Embodiment: A Case Study of Congenital Limb Deficiency in American Culture." Women with Disabilities: Essays in Psychology, Culture, and Politics. Ed. Michelle Fine and Adrienne Asch. Philadelphia: Temple University Press, 1988. 41-71.
    • Venus on Wheels: Two Decades of Dialogue on Disability, Biography, and Being Female in America. Berkeley: University of California, 2000.
    • Money, John. "Paraphilia in Females: Fixation on Amputation and Lameness: Two Accounts." Journal of Psychology and Human Sexuality. 3.2 (1990): 165-172.
    • Money, John, Russell Jobaris, and Gregg Furth. "Apotemnophilia: Two Cases of Self-Demand Amputation as a Paraphilia." Journal of Sex Research. 13.2 (May 1977): 115-125.
    • Shakespeare, Tom, Kath Gillespie-Sells, and Dominic Davies. The Sexual Politics of Disability: Untold Desires. New York: Cassell, 1996.
    • Storrs, Bob. "Amputees, Inc." New Mobility: Disability Culture and Lifestyle. 8.45 (June 1997): 26-31.
    • Waxman Fiduccia, Barbara Faye. "Sexual Imagery of Physically Disabled Women: Erotic? Perverse? Sexist?" Sexuality and Disability. 17.3 (Fall 1999): 277-282.

    Pan de Surdos: Brasil e Argentina decidem título do futsal masculino

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    sexta-feira, 22 de junho de 2012

    Censo 2010 do IBGE

    Menos de 5% dos sites de órgãos públicos são acessíveis a pessoas com deficiência

    TI INSIDE Online - Menos de 5% dos sites de órgãos públicos são acessíveis a pessoas com deficiência

    Deficiência auditiva é abordada nos quadrinhos


    Deficiência auditiva é abordada nos quadrinhos




    O uso de aparelhos auditivos pelas crianças pode ser algo difícil, já que os pequenos muitas vezes não entendem qual a utilidade e a importância deste dispositivo.
    Nos Estados Unidos, para ajudar seu filho a compreender e convencê-lo a usar seu aparelho auditivo, Christina D’Alessandro, mãe do pequeno Anthony, pediu auxílio à editora Marvel para que criasse um super-herói com deficiência auditiva. O menino, de apenas quatro anos, se recusava a ir à escola com o dispositivo, pois alegava não existir nenhum personagem que o usasse. O editor Bill Rosemann respondeu prontamente ao pedido da mãe e criou o personagem Blue Ear.
    Como os adultos, as crianças também podem apresentar problemas auditivos. Em alguns casos, a criança nasce com deficiência auditiva por intercorrências na gravidez da mãe, no parto, por herança genética e por consanguinidade. A perda auditiva também pode surgir durante o desenvolvimento do pequeno e ter sido provocada por infecções, como meningite, sarampo, caxumba e sífilis adquirida, por medicamentos tóxicos ao ouvido, pela exposição excessiva a sons fortes ou por traumatismo craniano.
    “A questão nas crianças é mais complicada, pois elas não identificam suas dificuldades. É comum que, depois da descoberta da perda auditiva, a criança tenha resistência ao uso do aparelho já que seus colegas de escola não usam e não compreendem essa questão. Além da orientação e apoio junto aos pais e professores por profissionais da audição, aparelhos pequenos e com aspecto descontraído podem ajudar ou ser determinante no uso efetivo da prótese pelo pequeno”, comenta a fonoaudióloga do Grupo Microsom, Maria do Carmo Branco.
    Pensando no bem-estar, conforto e desenvolvimento da criança com perda auditiva, o Grupo trouxe recentemente ao Brasil o aparelho auditivo Moxi 3G, que mede apenas 2,3 centímetros. O produto possui diversas tecnologias, como a conectividade wireless, que possibilitam uma série de benefícios, entre eles escutar músicas de um tocador de MP3 e falar ao celular sem precisar estar com o telefone móvel próximo da orelha. A interação entre os aparelhos é possível porque o som que sai do equipamento portátil é enviado via Bluetooth para um acessório utilizado no pescoço do usuário (espécie de colar) e convertido para uma tecnologia que transmite as informações e pode ser usado por crianças maiores, principalmente para aquelas que gostam de ouvir música. Já o sistema SmartFocus™ reduz o ruído e melhora a compreensão na fala no ambiente social.
    O Grupo Microsom é uma das mais conceituadas empresas de soluções auditivas e a única em tecnologia para tratamento da gagueira. A companhia foi fundada em 1991 e oferece soluções de bem estar para pacientes com problemas auditivos.
    Desde 1994, o Grupo Microsom é o distribuidor exclusivo da empresa canadense de aparelhos auditivos Unitron Hearing. Com o intuito de oferecer novas e melhores soluções para o bem-estar, desde 2008, a companhia comercializa o SpeechEasy, aparelho para tratamento da gagueira. O SpeechEasy é um discreto aparelho que promove a fluência em pessoas que gaguejam e que é adaptado a partir da necessidade individual de cada paciente.
    Com a intenção de proporcionar um atendimento personalizado, o Grupo Microsom conta com profissionais altamente capacitados e oferece serviços diferenciados e especializados, em uma estrutura de primeira linha, com laboratórios equipados com os mais modernos recursos e ferramentas para confecção de moldes auriculares e aparelhos auditivos intra-aurais, além de uma ampla sala de assistência técnica, com equipamentos de última geração para avaliação, revisão e limpeza de circuitos digitais. [www.microsom.com.br].

    Música na Equoterapia


    Música na Equoterapia

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    Simone Lucke
    Hoje gostaria de ressaltar a importância da música nos atendimentos com deficientes físicos , intelectuais e emocionais.
    Realizei sessões de equoterapia com acompanhamento musical e percebi que os praticantes reagem satisfatoriamente nas diversas áreas biopsicossociais. O ritmo pode significar ordem no movimento corporal. Exige do praticante concentração, estimula a memória e a  atenção, alegra, cria colaborações, integra e organiza a respiração e movimentos, além de ser um forte laço de integração entre o terapeuta e o praticante.
    Antes, durante e após a sessão de equoterapia, a música pode ser empregada para ativar os praticantes tímidos e hipotônicos e , para provocar relaxamento muscular nos hipertônicos e hiperativos nas sessões de alongamento muscular.
    Eu, particularmente, obtive grandes resultados com autistas averbais que chegavam nas sessões. Costumo brincar que alguns praticantes chegam averbais e com o passar do tempo na equoterapia temos que pedir : ” …agora, fica quietinho!!!…”. Sem dúvida a música é um grande estímulo.
    Lógico que cada praticante tem as suas preferências musicais, o que torna a terapia bastante eclética. Mas, além do meu trabalho em hípicas, trabalho também na APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais e descobri que existe uma música que todos, sem exceção, adoram. È a música Aquarela cantada pelo Toquinho. É incrível a aceitação desta música especificamente.
    Mas, o mais incrível é que o cavalo também parece preferir esta música.
    O que será que faz dela uma aceitação unânime?

    Simone Lucke

    PROJETO TERCEIRA IDADE EM MOVIMENTO - UNIVERSIDADE ESTACIO DE SÁ - EDUCAÇÃO FÍSICA - CABO FRIO


    Sobre



    PROTIEM - Projeto Terceira Idade em Movimento


    Missão
    Nossa missão é contribuir para manter e melhorar com a qualidade de vida e autonomia funcional de idosos da cidade e/ou Região dos Lagos

    Descrição
    O Projeto Terceira Idade em Movimento foi fundado através de uma parceria entre a Estácio de Sá e a coordenação do curso de Educação Física em Cabo Frio, através do professor Dr. Rodrigo Vale.
    Nossas aulas acontecem 3 vezes na semana, com duração de 50 minutos, no ginásio da UNESA em Cabo Frio.
    São aulas de ginástica, dança, atividades proprioceptivas e animação em geral sempre com acompanhamento de um professor de Educação Física e alunos monitores da própria instituição.
    Venha fazer parte!

    ALEGRIA NÃO TEM IDADE!
    Informação Geral
    Coordenadores responsáveis:
    Prof. Dr.Rodrigo Vale
    Prof. Msc.Sérgio Castro

    Monitores:
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    Forças Armadas do Brasil: treinados, armados e mal pagos


     
    18/06/2012 - 07:13
     

    Serviço público



    Os mais de 339 000 homens da Marinha, do Exército e da Aeronáutica viram seus salários serem achatados ao longo dos anos, o que criou distorções absurdas. Um comandante de porta-aviões, por exemplo, ganha menos que um gráfico do Senado Federal

    Carolina Freitas e Gabriel Castro
    Soldados do exército brasileiro
    Soldados do Exército Brasileiro: muita responsabilidade, pouca remuneração (Orlando Brito)
    Neste domingo, familiares de militares marcharam pela orla da Praia de Copacabana no Rio de Janeiro em um protesto por aumento salarial. A manifestação, batizada de “panelaço”, aproveitou a presença de autoridades do governo e representantes internacionais no Forte de Copacabana para a Conferência Rio+20 para dar visibilidade à causa. Dados levantados pelo site de VEJA mostram a discrepância salarial entre os militares – que somam um efetivo de 339 364 homens - e os demais servidores públicos federais. Um operador de máquina do Senado Federal, responsável por colocar em funcionamento as máquinas do serviço gráfico da Casa, por exemplo, recebe salário de 14 421,75 reais. A vaga, preenchida por concurso, exige apenas Ensino Fundamental completo. Enquanto isso, um capitão-de-mar-e-guerra, o quarto posto mais alto dentro da hierarquia da Marinha e responsável, por exemplo, por comandar um porta-aviões, recebe remuneração de 13 109,45 reais. Veja outras comparações salariais e quanto ganha quem comanda as tropas ao final desta reportagem.
     
    Os militares da ativa são proibidos de se manifestar. Por isso, escalaram suas mulheres para ir às ruas. Ivone Luzardo preside a União Nacional das Esposas de Militares (Unemfa) e é uma das articuladoras do protesto deste domingo. Ela causou alvoroço em março ao subir a rampa do Palácio do Planalto, em Brasília, de uso restrito da presidente. Tudo para chamar a atenção para as reivindicações salariais da categoria. Em maio, conseguiu entregar nas mãos da presidente um ofício com um pedido de audiência. Não obteve resposta. “O governo precisa separar a história da realidade”, afirma Ivone. “Os militares assumiram o poder nos anos 1960 porque ninguém queria um país comunista. Os que hoje estão no governo eram contra os militares na época. Criou-se um revanchismo.”
     
    Outro líder do movimento é o militar reformado Marcelo Machado. Ele presidente a Associação Nacional dos Militares do Brasil, fundada há um ano e com sede no Rio de Janeiro e em Brasília. “A insatisfação é geral. Enquanto os comandantes das Forças Armadas têm salário de ministro, nós ficamos a pão e água”, diz Machado. “Os colegas não podem se manifestar, mas, por ser reformado, tenho sorte de ninguém poder me punir.” O movimento vem ganhando força a ponto de as duas associações terem marcado para 30 de agosto o 1º Congresso Nacional da Família Militar. 
     
    Sob a condição de anonimato, pelo temor de represálias, militares da ativa e da reserva aceitaram conversar com a reportagem do site de VEJA. Eles narram uma rotina de dificuldades financeiras, endividamento e condições precárias para as famílias de militares que são transferidos de cidade. “Há militares com 25 anos de serviço em capitais que residem em quarteis, em alojamentos paupérrimos, com a família a 200 quilômetros de distância, onde podem pagar pelo aluguel”, relata um subtenente com 27 anos de Exército.
     

    Arte mostra o contracheque de um militar
    Um capitão do Exército da reserva aceitou mostrar seu contracheque (veja detalhes na ilustração ao lado). Ele tem 60% de seu soldo, de 5 340 reais, comprometido com empréstimos e financiamento imobiliário. Ao soldo somam-se gratificações pelo tempo de serviço e por especialização na profissão que dobram o valor da remuneração. Mesmo assim, ele chega ao final do mês com salário líquido de pouco mais de 3 000 reais depois de 37 anos de dedicação às Forças Armadas. “A vida militar é um sacerdócio, não um emprego. Tenho sangue verde-oliva”, diz o orgulhoso senhor de 57 anos. “Porém, acho injusto um capitão contar o dinheiro para poder trocar de carro enquanto um funcionário de nível médio do Senado anda de automóvel importado.”
     
    Entre as reivindicações das associações de familiares está o pagamento imediato de um porcentual de 28,86%, concedido por lei aos servidores públicos em 1993, durante o governo Itamar Franco, mas nunca entregue aos militares. Em 2003, o Supremo Tribunal Federal editou uma súmula garantindo o pagamento às tropas. Em 2009, a Advocacia-Geral da União reconheceu a decisão. De acordo com o Ministério da Defesa, no entanto, o estudo para pagamento do reajuste está sob análise do Ministério do Planejamento. “A implementação de novos valores dependerá de análise do governo federal, observada a conjuntura econômico-financeira do país”, informou a Defesa. O ministério informou ainda que tem dialogado com o Planejamento “visando a melhoria da remuneração dos militares das Forças Armadas”. Não há, no entanto, previsão de quando pode haver uma resolução sobre o assunto.
     
    Em 2011, a folha de pagamento das três Forças somou 46,56 bilhões de reais, sendo 17,54 bilhões de reais destinado ao pessoal ativo e 29,02 bilhões de reais para inativos e pensionistas.
     
    Fuga da carreira militar - A pouca atratividade financeira da carreira tem feito minguar os quadros das Forças Armadas. Levantamento feito com base em dados do Diário Oficial da União mostra que, de janeiro de 2006 até maio de 2012, 1 215 militares deixaram a carreira. O Exército foi a força que mais perdeu pessoal, 551 homens, seguido pela Marinha, 405, e Aeronáutica, 229. Os detalhes estão no gráfico abaixo. O estudo foi organizado pela assessoria do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), porta-voz das tropas no Congresso. “Tem muitos oficiais saindo para ganhar mais em outras áreas. E o gasto que o governo tem para formar um militar é altíssimo”, afirma Bolsonaro. “O governo usa o pretexto da indisciplina para nos subjugar.” Continue a ler a reportagem aqui.

    Arte mostra número de militares que pediram exoneração desde 2006
     
    As associações de familiares procuraram um por um os parlamentares para pedir a eles apoio para pressionar o governo Dilma Rousseff a conceder aumento. Os apelos tiveram pouca reverberação no Congresso. Além de Bolsonaro, apenas o senador Roberto Requião (PMDB-PR) deu sinais de apoio à causa. Em audiência da Comissão de Relações Exteriores e Defesa da Casa com o ministro da Defesa, Celso Amorim, Requião falou sobre a necessidade de valorizar a carreira militar e sugeriu o agendamento de um encontro na comissão, com a presença do ministro, para tratar do assunto. Até agora, nada está marcado, no entanto.
     
    Promessas - Apesar de todos os entraves agora colocados pelo governo, um plano de reajustes para a categoria estava previsto na Estratégia de Defesa Nacional, lançada em 2008, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, e, ainda, em uma carta da então candidata à Presidência Dilma Rousseff, de 2010. Diz o documento assinado por Dilma e entregue à época aos representantes das Forças Armadas: “Os índices de reajuste salarial conquistados nos últimos dois mandatos presidenciais são uma garantia de que continuaremos efetuando as merecidas reposições.” As tropas, unidas, continuam à espera. 
    Arte mostra salário de militares
     
     

    Responsabilidades demais, remuneração de menos

    A defasagem dos rendimentos dos militares fica mais evidente quando os salários são comparados aos de funcionários do Congresso Nacional, que estão entre os mais bem pagos do serviço público. Veja quatro exemplos dessa distroção

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    Faixa salarial: até 5 000 reais


    NAS FORÇAS ARMADAS
     
    Cargo: Primeiro-sargento
    Salário: 4 844 reais
    Atribuições: Na Aeronáutica, uma das funções é coordenar o controle do tráfego aéreo em aeroportos
     
     
    NO CONGRESSO NACIONAL
     
    Não existem servidores efetivos nessa faixa salarial. Faxineiros e ascensoristas, terceirizados, são os únicos a receber valores abaixo de 5 000 reais