The present article traces the history of a Qurʾān manuscript that, according to oral testimony, ... more The present article traces the history of a Qurʾān manuscript that, according to oral testimony, travelled from Oman to Inhambane via Zanzibar between the late eighteenth and early nineteenth centuries. The manuscript is kept at the Jam’a Mosque in the city of Inhambane, southern Mozambique. Inhambane fell under the sphere of influence of the ancient sheikhdom of Sofala, founded by Swahili Arab traders as part of the Zimbabwe gold trade in the eighth century ad and destroyed by the Portuguese in the early sixteenth century. The presence of this manuscript in Inhambane contradicts the general idea of a disconnect between the southern Mozambique region and Swahili trading networks as a result of the Portuguese presence in Sofala, Tete, Quelimane, and Mozambique Island. The properties of the manuscript, its materials (ink and paper), and its writing style (its script style and punctuation marks) are adduced, on the one hand, to argue that it was not produced in the territory of Mozambi...
This article throws light on the hitherto neglected Swahili Islamic poetry from Mozambique. By co... more This article throws light on the hitherto neglected Swahili Islamic poetry from Mozambique. By concentrating on the Poem about the Prophet’s Death, locally called Nazajina, our contribution shows specific adaptations to local language and recitation practices while at the same time reflecting on Swahili as a transregional language of Islamic poetry that links places on the Swahili coast that are distant from each other. Manuscripts of the poem can be found all along the East African Swahili coast. We will follow its distribution from the Lamu archipelago in the north to Mozambique, in the trail of the Sufi reform movements of the nineteenth century
This article throws light on the hitherto neglected Swahili Islamic poetry from Mozambique. By co... more This article throws light on the hitherto neglected Swahili Islamic poetry from Mozambique. By concentrating on the Poem about the Prophet's Death, locally called Nazajina, our contribution shows specific adaptations to local language and recitation practices while at the same time reflecting on Swahili as a transregional language of Islamic poetry that links places on the Swahili coast that are distant from each other. Manuscripts of the poem can be found all along the East African Swahili coast. We will follow its distribution from the Lamu archipelago in the north to Mozambique, in the trail of the Sufi reform movements of the nineteenth century.
27 mc N O 17 manuscript cultures BIERSTEKER | WRITING IN SWAHILI 'aidha ukitaka kupereka ofiso [o... more 27 mc N O 17 manuscript cultures BIERSTEKER | WRITING IN SWAHILI 'aidha ukitaka kupereka ofiso [ofício] kwangu usipereke letera [letra] ya kizungu, hakuna muno ajui kufoma kizungu. Pereka hati ya kimoro'. Literally, the Sheikh informs his addressee in Kiswahili with a heavy Mwani influence: 'if you want to send official correspondence (ofiso) to me, do not send it in the Latin alphabet because there is no-one [here] to read it. Send it in the Arabic alphabet (kimoro)'. 16 15 See the letter by Momba ibn Ishaka, Sheikh of Quirimizi, in AHM, Fundo do Século XIX,
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida, copiada, transcrit... more Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida, copiada, transcrita ou mesmo transmitida por meios electrónicos ou gravações, sem a permissão por escrito do autor e dos editores. As opinioes expressas nesta publicação não são neceriamente aquelas da Friedrich-Ebert-Stiftung 233 257 285 OS ORGANIZADORES 7 Agradeci mentos Os nossos agradecimentos vão, em primeiro lugar, para todos quantos se prontificaram a partilhar connosco as suas experiências e opiniões ao longo do estudo da primeira fase do projecto sobre Comunidades Costeiras de Moçambique. Estamos particularmente gratos a todos os membros das comunidades com quem trabalhámos em Mocímboa da Praia, Quissanga, Metuge e cidade de Pemba, assim como aos seus líderes. Estendemos o nosso obrigado às administrações locais do Estado, bem como às instituições de carácter privado e ONG's, que compartilharam com a nossa equipa de pesquisa o seu conhecimento. Um agradecimento especial é dirigido a Nocif Magaia, Mohamed Haroon, Sónia Maciel e Acácio Mussa, João Donato e Dinasalda Palolite pela inestimável colaboração. O nosso obrigado vai também para os autores dos capítulos que constam na Parte II deste livro, Chapane Mutiua, João Paulo Borges Coelho e Katharina Hofmann. Ao João Paulo Borges Coelho devemos ainda agradecimentos especiais pelos comentários permanentes ao nosso trabalho, a revisão final do manuscrito e pela partilha de informações e conhecimentos. Por último, mas não menos importante, deixamos um agradecimento aos parceiros do CESAB: MASC -Mecanismos de Apoio à Sociedade Civil; Cooperação Suíça e IBIS, que acreditaram que o nosso projecto era possível, e à FES -Friederich Erbert Stiftung, pelo apoio na publicação do livro, com menção particular a Katharina Hofmann pelo entusiasmo e apoio constante aos estudos sobre o Índico.
Introdução O presente artigo tem por objectivo estudar o contributo do ensino Islâmico para a for... more Introdução O presente artigo tem por objectivo estudar o contributo do ensino Islâmico para a formação de uma classe letrada e alfabetizada no norte de Moçambique, entre os finais do século XIX e princípios do século XX. O estudo baseia-se em pesquisas realizadas no Arquivo Histórico de Moçambique no âmbito do projecto sobre os Manuscritos Árabes do Norte de Moçambique, liderado pela Professora Liazzat Bonate, e mostra que a prática de alfabetização e literacia no norte de Moçambique não se circunscreve apenas ao uso do alfabeto latino, embora as estatísticas e abordagens oficiais sobre o fenómeno no país tenham tendência em excluir os utentes do alfabeto árabe que foi e continua a ser difundido através do ensino Islâmico. Em Moçambique, tomando como ponto de referência o INE 1 , define-se alfabetização como sendo o conhecimento ou domínio das habilidades de escrita e leitura em qualquer língua, o que também enquadra o uso da escrita árabe em línguas locais, como testemunhado pelos manuscritos acima referenciados. Contudo, é o alfabeto latino, que é oficialmente usado para escrever não só o português mas também várias línguas deste país. E os conceitos de alfabetização e literacia têm sido usados em referência a este alfabeto. É neste âmbito que as campanhas de alfabetização levadas a cabo logo depois da independência do país ignoraram quase por completo o alfabeto árabe e os seus utilizadores foram (re) alfabetizados ou considerados analfabetos. Porém, durante o século XIX, uma classe de intelectuais muçulmanos, que liam e escreviam as suas línguas com recurso ao alfabeto árabe, colaborou com a administração 'pré-colonial' portuguesa integrados como régulos, capitães-mores, sargentos-mores, 'línguas' do Estado ou intérpretes, elaborando
The present article traces the history of a Qurʾān manuscript that, according to oral testimony, ... more The present article traces the history of a Qurʾān manuscript that, according to oral testimony, travelled from Oman to Inhambane via Zanzibar between the late eighteenth and early nineteenth centuries. The manuscript is kept at the Jam’a Mosque in the city of Inhambane, southern Mozambique. Inhambane fell under the sphere of influence of the ancient sheikhdom of Sofala, founded by Swahili Arab traders as part of the Zimbabwe gold trade in the eighth century ad and destroyed by the Portuguese in the early sixteenth century. The presence of this manuscript in Inhambane contradicts the general idea of a disconnect between the southern Mozambique region and Swahili trading networks as a result of the Portuguese presence in Sofala, Tete, Quelimane, and Mozambique Island. The properties of the manuscript, its materials (ink and paper), and its writing style (its script style and punctuation marks) are adduced, on the one hand, to argue that it was not produced in the territory of Mozambi...
This article throws light on the hitherto neglected Swahili Islamic poetry from Mozambique. By co... more This article throws light on the hitherto neglected Swahili Islamic poetry from Mozambique. By concentrating on the Poem about the Prophet’s Death, locally called Nazajina, our contribution shows specific adaptations to local language and recitation practices while at the same time reflecting on Swahili as a transregional language of Islamic poetry that links places on the Swahili coast that are distant from each other. Manuscripts of the poem can be found all along the East African Swahili coast. We will follow its distribution from the Lamu archipelago in the north to Mozambique, in the trail of the Sufi reform movements of the nineteenth century
This article throws light on the hitherto neglected Swahili Islamic poetry from Mozambique. By co... more This article throws light on the hitherto neglected Swahili Islamic poetry from Mozambique. By concentrating on the Poem about the Prophet's Death, locally called Nazajina, our contribution shows specific adaptations to local language and recitation practices while at the same time reflecting on Swahili as a transregional language of Islamic poetry that links places on the Swahili coast that are distant from each other. Manuscripts of the poem can be found all along the East African Swahili coast. We will follow its distribution from the Lamu archipelago in the north to Mozambique, in the trail of the Sufi reform movements of the nineteenth century.
27 mc N O 17 manuscript cultures BIERSTEKER | WRITING IN SWAHILI 'aidha ukitaka kupereka ofiso [o... more 27 mc N O 17 manuscript cultures BIERSTEKER | WRITING IN SWAHILI 'aidha ukitaka kupereka ofiso [ofício] kwangu usipereke letera [letra] ya kizungu, hakuna muno ajui kufoma kizungu. Pereka hati ya kimoro'. Literally, the Sheikh informs his addressee in Kiswahili with a heavy Mwani influence: 'if you want to send official correspondence (ofiso) to me, do not send it in the Latin alphabet because there is no-one [here] to read it. Send it in the Arabic alphabet (kimoro)'. 16 15 See the letter by Momba ibn Ishaka, Sheikh of Quirimizi, in AHM, Fundo do Século XIX,
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida, copiada, transcrit... more Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida, copiada, transcrita ou mesmo transmitida por meios electrónicos ou gravações, sem a permissão por escrito do autor e dos editores. As opinioes expressas nesta publicação não são neceriamente aquelas da Friedrich-Ebert-Stiftung 233 257 285 OS ORGANIZADORES 7 Agradeci mentos Os nossos agradecimentos vão, em primeiro lugar, para todos quantos se prontificaram a partilhar connosco as suas experiências e opiniões ao longo do estudo da primeira fase do projecto sobre Comunidades Costeiras de Moçambique. Estamos particularmente gratos a todos os membros das comunidades com quem trabalhámos em Mocímboa da Praia, Quissanga, Metuge e cidade de Pemba, assim como aos seus líderes. Estendemos o nosso obrigado às administrações locais do Estado, bem como às instituições de carácter privado e ONG's, que compartilharam com a nossa equipa de pesquisa o seu conhecimento. Um agradecimento especial é dirigido a Nocif Magaia, Mohamed Haroon, Sónia Maciel e Acácio Mussa, João Donato e Dinasalda Palolite pela inestimável colaboração. O nosso obrigado vai também para os autores dos capítulos que constam na Parte II deste livro, Chapane Mutiua, João Paulo Borges Coelho e Katharina Hofmann. Ao João Paulo Borges Coelho devemos ainda agradecimentos especiais pelos comentários permanentes ao nosso trabalho, a revisão final do manuscrito e pela partilha de informações e conhecimentos. Por último, mas não menos importante, deixamos um agradecimento aos parceiros do CESAB: MASC -Mecanismos de Apoio à Sociedade Civil; Cooperação Suíça e IBIS, que acreditaram que o nosso projecto era possível, e à FES -Friederich Erbert Stiftung, pelo apoio na publicação do livro, com menção particular a Katharina Hofmann pelo entusiasmo e apoio constante aos estudos sobre o Índico.
Introdução O presente artigo tem por objectivo estudar o contributo do ensino Islâmico para a for... more Introdução O presente artigo tem por objectivo estudar o contributo do ensino Islâmico para a formação de uma classe letrada e alfabetizada no norte de Moçambique, entre os finais do século XIX e princípios do século XX. O estudo baseia-se em pesquisas realizadas no Arquivo Histórico de Moçambique no âmbito do projecto sobre os Manuscritos Árabes do Norte de Moçambique, liderado pela Professora Liazzat Bonate, e mostra que a prática de alfabetização e literacia no norte de Moçambique não se circunscreve apenas ao uso do alfabeto latino, embora as estatísticas e abordagens oficiais sobre o fenómeno no país tenham tendência em excluir os utentes do alfabeto árabe que foi e continua a ser difundido através do ensino Islâmico. Em Moçambique, tomando como ponto de referência o INE 1 , define-se alfabetização como sendo o conhecimento ou domínio das habilidades de escrita e leitura em qualquer língua, o que também enquadra o uso da escrita árabe em línguas locais, como testemunhado pelos manuscritos acima referenciados. Contudo, é o alfabeto latino, que é oficialmente usado para escrever não só o português mas também várias línguas deste país. E os conceitos de alfabetização e literacia têm sido usados em referência a este alfabeto. É neste âmbito que as campanhas de alfabetização levadas a cabo logo depois da independência do país ignoraram quase por completo o alfabeto árabe e os seus utilizadores foram (re) alfabetizados ou considerados analfabetos. Porém, durante o século XIX, uma classe de intelectuais muçulmanos, que liam e escreviam as suas línguas com recurso ao alfabeto árabe, colaborou com a administração 'pré-colonial' portuguesa integrados como régulos, capitães-mores, sargentos-mores, 'línguas' do Estado ou intérpretes, elaborando
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