Choupos ou a história das árvores a abater!
Vem este título, a propósito da pressão constante, de pessoas invejosas do porte fisico e sexual dos ditos choupos, para o abate dos choupos que ainda existem no Jardim da "minha" Escola. Desgraçadamente não tenho mais arte nem engenho para os socorrer e assim acabarão provavelmente na lareira de alguns oportunistas. Ainda estou a tentar encontrar-lhes, pelo menos, triste consolo, um destino mais nobre, mas está dificil!
Nas fotos, tal como os encontrei em 1992 quando cheguei a Pinhel.
Para a posteridade e em jeito de tributo, pela sombra, oxigénio e outras coisas maravilhosas que me(nos)concederam nestes últimos 25 anos deixo este pequeno texto do Miguel Boeiro.
Quando falamos de choupos, importa referir que existem três espécies principais espontâneas na Europa: choupo negro, choupo branco e choupo tremedor, cujas designações científicas são, respectivamente, “Populus nigra”, “Populus alba” e “Populus tremula”.
Os choupos são árvores caducifólias, da família das salicáceas, de crescimento rápido, muito esguias e elegantes, podendo atingir 35 metros de altura. Preferem solos soltos e húmidos e clima soalheiro temperado. As raízes são tremendamente invasoras, pelo que não devem ser plantados junto de edifícios, dado o risco de danificarem canalizações e mesmo alicerces de prédios. O tronco é rectilíneo, de casca rugosa acinzentada, ou branca (choupo branco) e vai ganhando fissuras com a idade. A floração surge antes das folhas, formando amentilhos (espigas simples de flores minúsculas) masculinos ou femininos, em árvores separadas, uma vez que a espécie é dióica. Os frutos são cápsulas bivalves ovais com muitas sementes providas de pêlos em tufo, o que favorece a disseminação pela acção propulsora do vento. As folhas apresentam-se alternadas, pecioladas, cordiformes e irregularmente lobadas. No choupo negro as folhas são verde-escuras. No “Populus alba” há uma espécie de feltro esbranquiçado na face inferior de cada folha.
A madeira do choupo é leve, branca, macia e de pouca durabilidade, sobretudo se mantida ao ar livre. É com ela que se fabricam os paus de fósforo e as colheres de pau. Serve também para fazer pasta de papel e outros produtos celulósicos, entrando obrigatoriamente na confecção dos contraplacados.
Os choupos surgem habitualmente nas margens dos rios e lagos, formando vistosas manchas arbóreas que, no Verão, proporcionam sombras muito agradáveis. Alguns choupais ficaram famosos, como os do Mondego que, em Coimbra, serviram de mote a conhecidos fados e canções românticas.
No choupo encontram-se taninos, cera, óleo essencial, flavonóides, zinco, salicina e outros glúcidos. Importa mencionar que a salicina dá origem ao ácido salicílico, à semelhança do que acontece com o salgueiro.
Aproveita-se o carvão feito das respectivas cascas para curar diarreias, meteorismos e intoxicações. Comprovadamente, actua como antídoto neutralizante de certas intoxicações, pelo seu efeito adsorvente e absorvente.
Os rebentos, ou gemas, têm propriedades diuréticas, sudoríficas, anti-sépticas, analgésicas, cicatrizantes, febrífugas e expectorantes. São, por isso, recomendados para preparar numerosas mezinhas destinadas a aliviar cistites, gota, hipertensão, edemas, faringites, bronquites, enfisema, asma, hemorróidas, queimaduras e males da próstata.
Eis uma receita incluída em “Medicina pelas Plantas”, do Dr. Oliveira Feijão, destinada especialmente a doentes débeis e tuberculosos:
100 g de gomos ou gemas de choupo negro, contusos;
40 g de cascas de laranjas amargas;
1 litro de vinho branco.
Macerar durante oito dias e coar espremendo. Tomar um cálice a cada refeição.
Ei-los, agora em 2008, passados 6 anos. Nessa altura já se viam outras árvores que entretanto começamos a plantar, pinheiro manso, medronheiro, carvalhos, castanheiro, pseudotsuga, pinheiro casquinha e maritimo (entretanto sacrificados por causa da processionária), figueira, plátano, sobreiro, ácer, cerejeira, gingeira, lódão, olaia, Gingko, sambucus, aveleira, freixo, liquidâmber, etc.
E pronto, creio que após este simples e despretensioso texto, alguns irão ver os choupais com outros olhos. Pena que os "meus" choupos já lá não estejam!