Papers by Manuela Hargreaves
Depois de Freud e da psicanálise impôs-se uma nova ideia de arte, a de uma procura em direção ao ... more Depois de Freud e da psicanálise impôs-se uma nova ideia de arte, a de uma procura em direção ao interior. Seja ela tipificada no corpo orgânico e visceral, de alguns quadros de Soutine, de Bacon, nos corpos fatigados do escultor contemporâneo Ron Mueck, ou recuando mais atrás, no "Boi Esventrado" de Rembrandt. Na paisagem, orgânica também, é visível marca desse interior nos primeiros expressionistas, Munch, Van Gogh, Kirschner, e ainda nalguns desenhos de árvores solitárias e despidas de Schiele, e que a par o nosso Alvarez, pinta em recortes surdos da Galiza. Essa ideia de arte introspetiva exploradora dos trilhos mais recônditos do nosso ser é tomada pelos surrealistas numa aventura a que chamaram de "automatismo psíquico", sedentos que estavam de chegar mais além do que o consciente permitia, e que se desenha nas pinturas de areia de Masson, nos "Raiogramas" de Man Ray, nas florestas assombradas de Max Ernst, nos enigmas de Magritte, ou nas "Soprofiguras" e nas "Sismografias" de Cesariny.
Esta reflexão parte de um olhar particular sobre a história da arte, olhar esse que é visto atrav... more Esta reflexão parte de um olhar particular sobre a história da arte, olhar esse que é visto através das coleções e dos colecionadores. Assim sendo (imagem 2) uma boa coleção pode ser quase uma obra de Arte, e o processo criativo de a realizar, liga de forma indelével o artista e o colecionador. Todas as coleções são diferentes, pois derivam da pessoa que a faz, que passa a ser autor e a coleção marca da sua individualidade. Para os verdadeiros colecionadores, as coisas que coleciona têm um significado especial e são de facto uma força cativante e poderosa. Qualquer que seja o objecto colecionado, mapas antigos, armaduras militares, quadros, moedas ou a colecção de papel fiduciário que pela mão do Dr Alberto Correia de Almeida, deu origem ao Museu de Papel Moeda, desta Fundação, ele é de significado particular para o colecionador, geralmente associado a uma catalogação do mesmoo período, a região, o autor, o anterior proprietário, e todos estes elementos acrescentam ao objecto em si a magia que ele transporta.
Louise Bourgeois , Deslaçar um Tormento, 2021
The image of vice, like that of virtue, is as much the domain of painting as of poetry. According... more The image of vice, like that of virtue, is as much the domain of painting as of poetry. According to the lesson that the artist can give, all figures, beautiful or ugly, can fulfill the goal of art.
Biblioteca Digital da FLUP, 2018
O mercado de arte sempre existiu com meios menos especializados, mas o mercado sob a sua forma mo... more O mercado de arte sempre existiu com meios menos especializados, mas o mercado sob a sua forma moderna a do sistema "marchand-crítico", é característico da arte tal como se constituiu na segunda metade do século XIX, contra a arte clássica e o seu sistema neo académico.
Artigo publicado no jornal "Artes entre as Letras", 2015
Depois de Freud e da psicanálise impôs-se uma nova ideia de arte, a de uma procura em direção ao ... more Depois de Freud e da psicanálise impôs-se uma nova ideia de arte, a de uma procura em direção ao interior. Seja ela tipificada no corpo orgânico e visceral, de alguns quadros de Soutine, de Bacon, nos corpos fatigados do escultor contemporâneo Ron Mueck, ou recuando mais atrás, no "Boi Esventrado" de Rembrandt. Na paisagem, orgânica também, é visível marca desse interior nos primeiros expressionistas, Munch, Van Gogh, Kirschner, e ainda nalguns desenhos de árvores solitárias e despidas de Schiele, e que a par o nosso Alvarez, pinta em recortes surdos da Galiza.
ARTE CAPITAL, 2020
[Este texto é a segunda parte do artigo "Porquê escrever sobre história da arte feminista...". A ... more [Este texto é a segunda parte do artigo "Porquê escrever sobre história da arte feminista...". A primeira parte pode ser lida aqui] As imagens produzidas por modernistas como os Delaunay, a vanguarda russa e a Bauhaus, que se tornaram a base de uma ideologia moderna, na qual a mensagem veiculada da mulher é equivalente a um papel mais alargado de consumidora, é apenas válido para algumas mulheres, ricas e privilegiadas. Apesar de um imaginário visual que celebra a mulher trabalhadora sexualmente livre, não existem mudanças estruturais no estatuto das mulheres na Alemanha de Weimar, e em Paris, apesar de uma aparente libertação, as mulheres apenas têm direito de voto em 1946. Em Portugal só após a Revolução de Abril de 74 adquirem plenos direitos de cidadania, uma vez que o quadro jurídico então adaptado garante o respeito pela igualdade de tratamento de homens e mulheres. E o Modernismo enquanto prática artística de inovações formais e estilísticas é em grande parte desenvolvido por meio de um pressuposto erótico que toma o corpo da mulher como objeto de experimentação. É tomado por Picasso nas prostitutas nas "Demoiselles de Avignon", em Matisse nas Odaliscas, em Modigliani nas "Madjas", em Gauguin nas suas primitivas, e nos Surrealistas como forma de explorar as fronteiras sexuais do inconsciente. Creio que em Manet, a representação da sexualidade feminina, tal como Chadwick sublinha, tema de dependência absoluta na arte Ocidental, não é disfarçada ou idealizada pela mitologia ou temas biblícos, torna-se evidente numa prostituta, e essa evidência é libertadora. Em "Olympia" e no "Dejeuner sur l'herbe", as prostitutas são mulheres emancipadas, que nos olham sem nenhum constrangimento sexual, assumindo um estatuto na sociedade, meretrizes de uma burguesia endinheirada. Numa perspetiva moderna, Manet solta amarras que existiam há muitos séculos, e por outro, não utiliza a objetificação repetida do corpo sexualizado como meio de experimentação. Há por vezes dificuldade em distinguir as formas de olhar, observar o tema da subjetividade feminina, e a identificação do corpo da mulher com as várias simbologias a que está ligado. Existe conquanto uma atitude dos artistas modernos em fundir o sexual ao artístico, sendo a figura feminina apresentada como um objeto sexualmente subjugado à criação do homem, tomando-o como tema preferencial de experimentação. Como já referido, essa realidade vai sofrendo alterações ao longo do século XX, à medida que as mulheres vão ganhando autonomia financeira, social e política, sendo progressivamente parte integrante da sociedade de consumo. No princípio do século XX, Suzanne Valadon e Paula Modersohn-Becker foram as primeiras artistas a trabalharem consistentemente com a forma do nu feminino. Valadon, também modelo, beneficiou desse conhecimento para a experimentação dos seus nus, rejeitando a apresentação estática e atemporal que dominou a arte ocidental, dando ênfase ao contexto, momento específico, e ação física. Os seus nus, especificamente ligados ao ato do banho, embora sensuais contrapõem-se ao arquétipo da figura da fertilidade feminina, dominante em alguns círculos da "avant garde". Em "The Blue Room" (1923), a mulher retratada lembra no contexto de um quarto densamente decorado, uma Odalisca, esvaziada do sentido voyeurista sexual para conforto do macho viril, tal como era representada por Matisse. Em Paula Moderhson-Becker os seus auto retratos nus, refletem uma tentativa de inserir as convenções artísticas existentes e a sua forma de encarar a imagem da mulher. A simplificação da forma mitiga a sensualidade normalmente associada à representação do corpo da
Conference Presentations by Manuela Hargreaves
Conferência integrada na Semana das Artes da Faculdade de Medicina Dentária,, 2013
Comunicação inserida no ciclo de conferências sobre “A Condição da Arte: Valor, Mercado, Utopia”, Museu Nacional de Arte Contemporânea, 2017
Apresentação integrada na conferência sobre "Colecionismo e Mercados de Arte", na Fundação Cupertino de Miranda, 2014
Esta reflexão parte de um olhar particular sobre a história da arte, olhar esse que é visto atrav... more Esta reflexão parte de um olhar particular sobre a história da arte, olhar esse que é visto através das coleções e dos colecionadores. Assim sendo (imagem 2) uma boa coleção pode ser quase uma obra de Arte, e o processo criativo de a realizar, liga de forma indelével o artista e o colecionador. Todas as coleções são diferentes, pois derivam da pessoa que a faz, que passa a ser autor e a coleção marca da sua individualidade.
Books by Manuela Hargreaves
Mulheres e Cultura Artística em Portugal, 2020
Este livro acerca-se dos feminismos na medida em que regista um território, o das
mulheres, na in... more Este livro acerca-se dos feminismos na medida em que regista um território, o das
mulheres, na inscrição das práticas discursivas e institucionais em Portugal a partir da
década de 60, período em que assistimos no plano internacional à emergência
significativa de ações, discursos e práticas artísticas ligadas ao feminismo, que se
projetarão em Portugal mais tardiamente.
O objetivo é contribuir para a construção de uma história do papel da mulher no
mundo artístico português depois da década de 60, no campo exterior à criação
artística complementando os que já existem relativos ao campo de criação/produção.
A investigação baseou-se em dezassete entrevistas presenciais, a mulheres cujo papel
desempenhado ligado à direção de fundações, museus, galerias, ensino superior, à
crítica e curadoria, e colecionismo de arte, marcou a dinâmica cultural e artística da
década de 60 à atualidade.
Fruto desta investigação, estabeleceu-se um quadro de compreensão da presença da
mulher nas práticas discursivas e institucionais, permitindo uma releitura do domínio
artístico em Portugal, no período entre o final dos anos 60 e a atualidade, colocando
Portugal a par de outros países no que concerne a estudos de género.
Edições Afrontamento - 1ªedição/2ªedição, 2013
Este livro – subordinado ao tema Colecionismo e Mercado de Arte em
Portugal – é baseado em 20 ent... more Este livro – subordinado ao tema Colecionismo e Mercado de Arte em
Portugal – é baseado em 20 entrevistas a seis grupos de agentes do
mundo artístico – colecionadores, galeristas, críticos e curadores,
leiloeiras e artistas.
A análise das entrevistas foi realizada confrontando a minha própria
visão de agente de mercado de arte durante 15 anos e parte da
bibliografia existente. Pretendeu-se lançar questões, confrontar
realidades e experiências diversas, identificar percursos daqueles
que são parte integrante e atuam no mercado de arte em Portugal.
Porque esta reflexão é um trabalho em construção, revela dados,
circunstâncias, e propõe interrogações sobre colecções, coleccionismo e mercado de arte contemporânea em Portugal.
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mulheres, na inscrição das práticas discursivas e institucionais em Portugal a partir da
década de 60, período em que assistimos no plano internacional à emergência
significativa de ações, discursos e práticas artísticas ligadas ao feminismo, que se
projetarão em Portugal mais tardiamente.
O objetivo é contribuir para a construção de uma história do papel da mulher no
mundo artístico português depois da década de 60, no campo exterior à criação
artística complementando os que já existem relativos ao campo de criação/produção.
A investigação baseou-se em dezassete entrevistas presenciais, a mulheres cujo papel
desempenhado ligado à direção de fundações, museus, galerias, ensino superior, à
crítica e curadoria, e colecionismo de arte, marcou a dinâmica cultural e artística da
década de 60 à atualidade.
Fruto desta investigação, estabeleceu-se um quadro de compreensão da presença da
mulher nas práticas discursivas e institucionais, permitindo uma releitura do domínio
artístico em Portugal, no período entre o final dos anos 60 e a atualidade, colocando
Portugal a par de outros países no que concerne a estudos de género.
Portugal – é baseado em 20 entrevistas a seis grupos de agentes do
mundo artístico – colecionadores, galeristas, críticos e curadores,
leiloeiras e artistas.
A análise das entrevistas foi realizada confrontando a minha própria
visão de agente de mercado de arte durante 15 anos e parte da
bibliografia existente. Pretendeu-se lançar questões, confrontar
realidades e experiências diversas, identificar percursos daqueles
que são parte integrante e atuam no mercado de arte em Portugal.
Porque esta reflexão é um trabalho em construção, revela dados,
circunstâncias, e propõe interrogações sobre colecções, coleccionismo e mercado de arte contemporânea em Portugal.
mulheres, na inscrição das práticas discursivas e institucionais em Portugal a partir da
década de 60, período em que assistimos no plano internacional à emergência
significativa de ações, discursos e práticas artísticas ligadas ao feminismo, que se
projetarão em Portugal mais tardiamente.
O objetivo é contribuir para a construção de uma história do papel da mulher no
mundo artístico português depois da década de 60, no campo exterior à criação
artística complementando os que já existem relativos ao campo de criação/produção.
A investigação baseou-se em dezassete entrevistas presenciais, a mulheres cujo papel
desempenhado ligado à direção de fundações, museus, galerias, ensino superior, à
crítica e curadoria, e colecionismo de arte, marcou a dinâmica cultural e artística da
década de 60 à atualidade.
Fruto desta investigação, estabeleceu-se um quadro de compreensão da presença da
mulher nas práticas discursivas e institucionais, permitindo uma releitura do domínio
artístico em Portugal, no período entre o final dos anos 60 e a atualidade, colocando
Portugal a par de outros países no que concerne a estudos de género.
Portugal – é baseado em 20 entrevistas a seis grupos de agentes do
mundo artístico – colecionadores, galeristas, críticos e curadores,
leiloeiras e artistas.
A análise das entrevistas foi realizada confrontando a minha própria
visão de agente de mercado de arte durante 15 anos e parte da
bibliografia existente. Pretendeu-se lançar questões, confrontar
realidades e experiências diversas, identificar percursos daqueles
que são parte integrante e atuam no mercado de arte em Portugal.
Porque esta reflexão é um trabalho em construção, revela dados,
circunstâncias, e propõe interrogações sobre colecções, coleccionismo e mercado de arte contemporânea em Portugal.