A seguinte notícia:
"A crise económica pode ser uma oportunidade para promover a adopção de comportamentos mais ecológicos e éticos, que conduzam à melhoria da saúde mental dos portugueses, defendeu esta terça-feira a psicóloga Maria Júlia Valério.
«As situações adversas, como é o caso da crise, fazem-nos reflectir acerca dos valores e práticas que orientaram a sociedade nos últimos anos, nomeadamente o falhanço do economicismo e de uma sociedade materialista em que se é aquilo que se exibe», disse à Lusa a membro da Comissão Nacional para a Reestruturação dos Serviços de Saúde Mental.
Maria Júlia Valério, coordenadora do Serviço de Psicologia do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia, vai intervir sobre «O que faz o país pela saúde mental» na 14ª edição das Jornadas Cofanor, que se realiza sexta -eira na Fundação de Serralves, no Porto.
«É também uma oportunidade ecológica no sentido de deixarmos de consumir desenfreadamente. A escassez económica propícia práticas mais ecológicas como a reutilização e a rentabilização dos recursos existentes», salientou Júlia Valério, numa nota de antevisão da sua conferência.
Repercussões internas da crise vai estar em análise
A psicóloga falará sobre «as repercussões internas da crise financeira, nomeadamente aspectos como o desemprego, consumismo, solidão e dependência/passividade face ao estado-providência», e irá também apresentar casos práticos da resistência da mente humana às adversidades, através da criatividade e da optimização de recursos.
Sob o tema «Quem são os loucos?», Cláudia Milheiro, psicóloga clínica do Hospital Magalhães Lemos, no Porto, procurará comprovar nas jornadas que não existe uma definição clara sobre o que é a loucura.
As novas psicopatologias e as diversas interfaces com a psicanálise, a psicologia e as psicoterapias serão outros assuntos a abordar.
«Nesta linha, questionam-se técnicas e métodos, procurando os necessários ajustamentos às actuais formas de adoecer. Serão levantadas diferentes hipóteses e modelos de leitura de casos a partir da prática clínica, alicerçados no conhecimento científico», explicou Cláudia Milheiro.
«O que é a mente?», «Psicotrópicos: Usos, abusos e limites», «Conseguir a saúde mental» e «A imagem da loucura» serão outros temas a abordar nas Jornadas Cofanor, pelos especialistas Rui Mota Cardoso, Hélder Mota Filipe, Maria Raúl Lobo Xavier e António Roma Torres.
A palestra de encerramento estará a cargo do escritor e político Vasco Graça Moura, que, sob o título «O binómio de Newton e a Vénus de Milo», falará sobre as relações entre a poesia e a ciência, documentadas desde o século XVI na literatura portuguesa."
... Não fosse a intervenção de encerramento, podería parecer algo científico, mas, se com a mesma cruzar-mos esta outra:
"Esta foi uma das quatro medidas anunciadas por Ana Jorge como forma de promover uma prescrição mais racional de medicamentos da área da saúde mental.
No mês passado, o Ministério da Saúde revogou uma portaria que previa um acréscimo de comparticipação do Estado na compra de psicofármacos a doentes com patologias especiais, como a esquizofrenia.
Hoje, a ministra disse que caberá a cada instituição pública que segue os doentes mentais avaliar a quantidade necessária de medicamentos, que serão depois adquiridos através de compra centralizada pelo Estado, à semelhança do que sucede com as vacinas do Plano Nacional de Vacinação.
"Os medicamentos estarão disponíveis nos locais onde os doentes são acompanhados. Depende do local onde for a consulta que os doentes seguem", disse Ana Jorge, apesar de reconhecer que ainda não está definido quem pagará o quê.
Com a dispensa gratuita de medicamentos nas unidades de saúde, o Ministério espera que os gastos do Estado sejam menores do que aquilo que é actualmente pago em comparticipações.
"Esperamos que os gastos sejam inferiores por duas razões. Porque a compra é centralizada e porque juntamente com esta medida haverá outra: orientações feitas por equipas de peritos que definem que medicamentos têm de ser usados e em que situações", declarou a ministra aos jornalistas à margem de uma conferência sobre saúde mental.
O Ministério da Saúde quer ainda realizar um estudo sobre padrões de
prescrição de medicamentos para doentes mentais em Portugal, bem como desenvolver um programa de formação de médicos de família sobre o uso racional de fármacos nas doenças psiquiátricas."
... Sem querer parecer tendencioso, poderiamos concluir:
O actual governo prepara a generalização do uso e prescrição de psicofármacos, como paliativo, em linha com a esperada depressão na qual entrará a maioria dos portugueses, devído à crise que se atravessa, e, em sintonía com o que o PSD vem anunciando, em palestras apoiadas por figuras de responsabilidade nos serviços de saúde mental estatais.
Assim mesmo, a saúde mental dos portugueses, mais que conservando episódicamente patologías relacionadas com este foro, com base em diversos estudos, é a mais debilitada de toda a UE, podendo mesmo atribuir a esta adversidade a passividade que se tranformou em culto para quase metade da população.
Mais grave, porém, é constatar que os "psicólogos" nacionais, na sua maioría, preterem a contrastação de indicadores que reflectem a difusão cultural psicótica enquanto como opção aparece a colocação, mesmo a recibos verdes.
O resultado de considerar Hipócrates uma anedota, mais que isso, a constatação de que a realidade também transforma alguns daqueles que a pretendem transformar (ou que deveriam ter como sumo objectivo essa transformação), deriva num agravamento acompanhado, mas raramente contestatário, do entorno no qual se inserem, resultando o mutismo um apoio tácito a medidas e estratégias que, mais que neoliberais, são de todo cariz fascistas.
Fica mais um exemplo:
"Centenas de escolas começaram o ano lectivo sem um psicólogo colocado, para apoiar os alunos. A estimativa é da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), que explica que estes profissionais são normalmente colocados através de um concurso especial autorizado pelo Ministério da Educação (ME), ao abrigo do combate ao insucesso e abandono escolar.
Mas o concurso está atrasado, uma situação "particularmente grave", depois de o ME ter anunciado, na terça-feira, as metas da Educação para 2015 em que se pretende reduzir o insucesso e o abandono, aponta Albino Almeida, presidente da Confap.
"A ministra fala do aumento do trabalho com as famílias, na redução do insucesso e abandono escolar, que são tarefas feitas pelos psicólogos e depois o concurso para a sua colocação está atrasado", critica o dirigente. De acordo com alguns psicólogos e com a Confap, o atraso na colocação destes profissionais deve-se à falta de verbas. "É mais uma consequência da contenção de custos", refere o representante dos pais.
As famílias têm denunciado esta falha à Confap. "Recebemos vários pedidos de pais de Braga para que pelo menos os psicólogos que tinham projectos no ano passado continuem este ano", confirma Albino Almeida.
Uma das psicólogas que ainda não sabe se ficará na escola onde deu apoio aos alunos nos últimos três anos é Inês Faria. A responsável pela comissão de educação do Sindicato Nacional dos Psicólogos era a única psicóloga no agrupamento onde estava a trabalhar.
A ausência de um especialista na escola, que tem alunos do jardim-de-infância até ao 12.º ano, faz com que Inês Faria continue a receber telefonemas a pedir a sua intervenção. "Mas não posso ajudar porque oficialmente não estou a trabalhar."
Até que a situação se resolva, os professores não podem referenciar novos casos ou pedir a continuidade do acompanhamento dos alunos, explica Inês Faria. "Até a psicóloga do centro de saúde já me ligou para acompanhar um caso, mas não posso porque não estou a trabalhar", acrescenta.
Maria (nome fictício) também trabalha em escolas há quatro anos. "Sempre concorri em Agosto e em Setembro já estava colocada na escola". "Esta já era uma situação precária: não temos carreira e não somos aumentados e agora o concurso não abriu e ninguém explicou porquê", aponta. Na escola onde estava a dar apoio na zona de Lisboa, Maria fazia "avaliação psicológica, programas de educação sexual e de prevenção de bullying". "Estava envolvida em muitos projectos e agora a escola já me estava a bater à porta", explica.
Alguns psicólogos da zona de Lisboa admitem enviar uma carta aos partidos políticos para discutir os atrasos na sua colocação e a precariedade da carreira. "Desde 1997 que não entram psicólogos para os quadros das escolas", diz Inês Faria. O sindicato não tem ainda nenhuma acção prevista."
Finalmente, ainda não sendo esta a função mais importante da classe, depois uma sucinta apresentação da situação deste colectivo num âmbito específico, que deveria, assumindo como sérias e fundamentais responsabilidades de outra índole, reclamar um papel preponderante na definição das políticas de qualquer governo, os psicólogos são assim inibídos da possibilidade de recolher a informação de como a sociedade impacta na mente do futuro, prescindindo de perspectiva, noutros casos de verticalidade, esgotam no canudo as suas obrigações.