Os presos políticos sempre fizeram parte como protagonistas silenciosos da história mais recente de Angola, tendo como referência inicial na década de 50, o período da eclosão do nacionalismo anti-colonial até aos dias de hoje, 40 anos depois da independência ter sido proclamada.
Com alguns intervalos pelo meio, Angola sempre teve nas suas cadeias, mais ou menos cheias, gente que pensava diferente do “proprietário” das mesmas, tendo por essa razão passado alguns anos da sua vida encarcerada, com ou sem julgamento.
Legalmente, como sabemos, o “proprietário” das cadeias só pode ser uma pessoa de bem, chamada Estado, a não ser que estejamos diante de uma situação de cárcere privado.
Trata-se de uma realidade que acontece agora com muita frequência face ao florescimento da tão famosa quanto famigerada “indústria mundial do sequestro”, que já foi “homenageada” por Hollywood em “Capitão Philips” com a atribuição em 2013 do Óscar de melhor actor secundário ao “pirata” Barkhad Abdi.
Na estatísticas da especialidade, o México e o Brasil são consideradas as duas bases mais fortes desta actividade, que pode ter diferentes motivações, sendo as mais comuns as que estão relacionadas com a extorsão de fundos, sem ignorar, contudo, as mais políticas.
Em Angola apesar de não termos ainda a necessária informação para se poder aquilatar a incidência deste tipo de violência, já temos efectivamente alguns gangsters envolvidos na exploração de cárceres privados no quadro da “indústria do sequestro”.
Em nosso entender, uma matéria que deveria merecer um maior interesse por parte dos nossos “adormecidos” repórteres, até para efeitos de prevenção desta criminalidade mais especializada.
Quando se fala de presos políticos, que é agora pelas piores razões, o tema mais palpitante da actualidade nacional, quer se queira quer não, com todo o impacto que o mesmo já está a ter além fronteiras, temos naturalmente de começar pelo principio.
E no principio vamos encontrar Agostinho Neto encarcerado em 1960 pela PIDE em terras portuguesas, na altura com cerca de 40 anos, por pensar diferente do Estado português que então impunha a lei da dominação colonial no nosso país.
Ao que pude apurar, foi exactamente graças a ele, mas não só, que a famosa Amnistia Internacional, que então o adoptou como preso político do ano, definiu a pessoa nesta condição como sendo “qualquer indivíduo fisicamente impedido de expressar qualquer opinião que honestamente tenha e não advogue a violência pessoal. Excluíam-se aquelas pessoas que haviam conspirado com um governo estrangeiro para derrubar o seu”.
A Amnistia Internacional (AI) desencadeou então uma campanha internacional visando a libertação daquele que viria a ser o primeiro Presidente da República Popular de Angola, 14 anos depois.
Nesse lapso de tempo, enquanto Agostinho Neto já libertado conduzia no estrangeiro a luta contra o colonialismo português à frente do MPLA, as cadeias em Angola encheram-se de presos políticos.
Eram maioritariamente angolanos muito jovens que também pensavam de forma diferente do “proprietário” dos estabelecimentos prisionais da época, onde se incluíam alguns campos de concentração dentro e fora de Angola, o que deu direito a umas “graciosas” no Tarrafal para alguns deles.
Proclamada a Independência e depois de todos os presos políticos da “outra senhora” terem sido libertados, as cadeias praticamente não descansaram e muito menos tiveram tempo de virar museus, como se chegou a alvitrar.
Muito mais rapidamente do que se imaginava, as cadeias angolanas que eram as mesmas, mas que já tinham mudado de “proprietário”, voltaram a encher-se de presos políticos que eram considerados de uma forma geral como sendo “contra-revolucionários” ou “agentes do imperialismo”, para ficarmos apenas por estes dois “mimos”.
Foram assim contrariadas todas as expectativas iniciais em relação à bondade do novo regime, que em principio não tinha no seu programa nenhuma referência mais explícita a este tipo de encarceramento.
No caso em apreço, praticamente todos os novos detidos, que se contavam na casa das dezenas de milhares, foram atirados para as cadeias e lá permaneceram entre três a quatro anos sem culpa formada/julgamento, tendo depois da sua soltura sido desterrados para outras partes do território nacional para evitar que eles se concentrassem em Luanda.
Todo este “filme” desenrolou-se no período que decorreu entre 1975 e a a primeira metade da década de 80, que foram os nossos “anos de chumbo”.
O balanço das vítimas desta intensa fase da repressão política que se seguiu à proclamação da Independência ainda está por se fazer, se é que algum dia será feito.
Durante este período do pós-independência em que o carcereiro se chamava ” camarada conduz”, os presos políticos angolanos não tiveram qualquer campanha solidária, nem do interior nem do exterior do país, visando a sua libertação imediata.
Alguns ainda tentaram fazer greve de fome, mas como não havia qualquer cobertura mediática que desse visibilidade no exterior ao seu protesto, acabaram por ser desaconselhados pelos próprios companheiros de reclusão e familiares a prosseguirem a sua acção.
Em matéria de presos políticos, este período foi ainda marcado pelo encarceramento de um conhecido escritor e jornalista afecto ao partido dirigente, entretanto já falecido, no âmbito de uma purga interna que ficou conhecida como o “processo do quadro”.
Na altura, ao que consta, alguém ainda tentou timidamente, no seio da própria União dos Escritores Angolanos promover um abaixo-assinado em solidariedade com o conhecido prisioneiro, uma iniciativa que acabou por morrer à nascença.
Do outro lado da barricada alguém fez questão de recordar que ninguém se havia lembrado de fazer o mesmo alguns anos atrás, quando um outro membro da agremiação também tinha ido parar aos calabouços do regime por razões políticas.
Com a chegada no inicio da década de 90 ao país dos ventos do multipartidarismo e das liberdades fundamentais a conta-gotas, deixou de se ouvir falar, com algumas excepções pontuais, onde se inclui a situação em Cabinda, o Rafael Marques e alguns deputados da UNITA, da presença de presos políticos nas cadeias governamentais.
O tema dos presos políticos voltou agora com toda a força na sequência da recente detenção dos 15 jovens afectos ao denominado “Movimento Revolucionário”.
Desde logo, é dado adquirido que em matéria de solidariedade, os actuais jovens têm muito mais “sorte” do que todos seus anteriores companheiros de infortúnio que ao longo destes 40 anos de dipanda já passaram pelas mesmas circunstâncias.
Diríamos, se nos permitirem algum espaço de manobra mais para o lado da “standu-up comedy”, que neste segmento da nossa vida política estamos claramente a subir e a melhorar as nossas performances públicas na área da solidariedade e da denúncia do autoritarismo em prol de um país mais igual, mais livre, menos crispado e mais sorridente mesmo quando não gostamos uns dos outros.
O tal país bom para se viver.
Neste domínio da coabitação na diferença/divergência ainda não somos especiais, conforme acontece noutros “palcos”, onde o número de protagonistas já é muito mais expressivo e ruidoso na hora de desfilarem com as suas manifestações a favor ou contra, incluindo as de exaltação e de xinguilamento.
Seja como for, também acreditamos que é assim que se começam e se vencem as grandes apostas, sendo esta de reconhecido interesse público e político, por mais que os “vigilantes da banda” as tentem conotar como fazendo parte de estratégias mais “suaves” produzidas em conhecidos laboratórios internacionais supostamente especializados em vender ao terceiro mundo “esquemas de desestabilização por quilómetro quadrado”.
Na sua essência, a argumentação não tem qualquer novidade pois ao longo de toda a saga que tem sido a vida dos presos políticos em Angola, sempre fomos confrontados com mãos/braços invisíveis do exterior como estando na origem das manifestações internas de discordância com o poder estabelecido.
Nesta altura, reconheço que já é difícil mudar a agulha do antigo toca-discos e muito menos comprar outros discos menos riscados, mesmo que ao longo do período em análise tenhamos sido também vítimas da mesma lógica reducionista, apesar de se ter tido a sorte de não se ter ido parar a uma cadeia de presos políticos, exactamente por causa de uma mão solidária que veio ao nosso socorro.
Uma nota tornada pública hoje pela UNITA dá conta que o presidente do maior Partido de oposição de Angola, Isaías Samakuva, está em digressão pelo mundo para alertar sobre a falta de liberdade e democracia em Angola. Eis o teor da nota:
NOTA DE IMPRENSA SOBRE DIGRESSÃO DIPLOMÁTICA
DO PRESIDENTE SAMAKUVA À EUROPA (11)
Encontro decorre hoje, 20 de Maio, às 16h00
Presidente da UNITA reúne com Pedro Passos Coelho para discutir instabilidade política de Angola
Isaías Samakuva tem viajado pelo mundo para alertar a comunidade internacional sobre a falta de liberdade e democracia que se vive em Angola
O Presidente da UNITA, Isaías Samakuva, está em Portugal no âmbito de uma viagem a diversos países com vista à denúncia da governação de José Eduardo dos Santos e da corrupção e falta de liberdade que se vivem em Angola. Samakuva, que tem estado reunido com diversos elementos da comunidade angolana no nosso país, tem encontro marcado com o Presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, hoje, 20 de Maio, às 16h00, na Sede Nacional do PSD, em Lisboa.
Antes, o Presidente da UNITA estará reunido com o Presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, num encontro agendado para as 11h00, no Largo do Intendente, em Lisboa. E, ainda, com o Grupo Parlamentar do CDS/PP, às 12h30, na Assembleia da República.
Além da discussão sobre a instabilidade política e a regressão democrática que se sentem em Angola, a visita do líder da UNITA ao nosso país tem como objetivo perspetivar o futuro das relações entre Portugal e Angola, a nível político e económico, nomeadamente no que diz respeito aos investimentos do país em Portugal.
Na sua viagem de alerta à comunidade Internacional sobre a necessidade de uma mudança de regime que volte a privilegiar a democracia e a identidade angolana, Isaías Samakuva já passou pelos EUA, Londres, Bruxelas, Roterdão, Paris e Madrid. Em Portugal, o Presidente da UNITA tem ainda prevista na agenda uma conferência na Universidade do Porto sobre as dinâmicas de estabilidade e governação em Angola.
O Governo de São Tomé e Príncipe felicitou ontem o Presidente da República de Angola e chefe do governo angolano, (e presidente do MPLA) José Eduardo dos Santos pelo "êxito retumbante" nas eleições gerais de 31 de agosto.
"O Governo da República Democrática de São Tomé e Príncipe felicita o Governo de Angola e todo o seu povo por este êxito retumbante conseguido, o que permitirá à República de Angola desenvolver-se no progresso e na paz", escreve o primeiro-ministro, Patrice Trovoada, em carta dirigida ao dirigente angolano.
A carta do governo são-tomense congratula-se também com "a forma ordeira como os eleitores angolanos participaram no ato eleitoral e o elevado grau de organização das eleições de 31 de agosto".
À luz da Constituição angolana, aprovada em 2010, José Eduardo dos Santos foi eleito indiretamente Presidente de Angola, na qualidade de número um da lista do seu partido, obtendo, pela primeira vez em mais de três de décadas, a legitimidade num processo eleitoral completo para exercer o cargo.
Por Mario Cumandala Economista e Ex-Funcionario do Ministerio da Economia
A minha não só ortodoxa temática acima, quando analisada, só pode ser produto de minha humilde tragetoria pelo sector privado desde os Estados Unidos, Reino Unido e actualmente em Angola.
Aqui minhas observações são premiadas por ilações consubstanciadas por empregadores tais com ALNG, por ande passei depois dos meus cincos anos de miséria na BP Angola. Para dizer que com este empregador (ALNG) que levou-me ate ao Soyo, verifiquei os efeitos nocivos da angolanização prematura que e igual a um jogo de futebol de crianças do musseque. E por ultimo minha estreia no sector público de Angola, que envolveu uma breve passagem pelo MINEC, que dela nada de abonatoria tenho a dizer. Alias em termos de desvalorização do capital humano, e massa cinzenta, este “Ministério de Economia de Luanda” (já não tem presença nas províncias) lidera, e os meus ex-colegas, se que os tenho, nunca poderão negar isso. Mas aqui, nao vou falar da incompetência deste ministério, que é altamente alarmante (talvez numa outra cronica), mais falar do sector empresarial privado e publico de Angola.
Em estudos de economia de mercado, geralmente, cada economia desta opção da mão invisível, é dividida em dois sectores: a economia do sector público e a economia do sector privado. O primeiro sector é a parte dos assuntos de uma nação soberana como Angola, assuntos especialmente económicos, que é controlada por órgãos do governo, como devia ser pelo MNEC, e o como o Instituto do Sector Empresarial Publico ( ISEP). Enquanto o último é a parte que é composta por empresas e organizações que não pertencem ou nao são controladas pelo governo. Muito embora, dentro desta distinção, existam casos onde o Estado investe em empresas do Sector Privado, dentro das PPPs ou empresas comparticipadas. Assim, o estado no final torna-se co-proprietário das mesmas. Esta aproximação, em certas economias é mesmo saudável para a competição e rentabilidade do sector privado. Mas em Angola, a dotação gratuita do capital operacional as empresas pelo Estado, através do ISEP, tanto para as empresas públicas como privadas, claramente tornou-se na génesis do cancro da economia Angolana.
A distinção acima entre os dois sectores, é sustentado em Angola só no papel. Numa análise da composição e do “modus operandi” das organizações do tal "sector privado" e a conexão mais complexa entre elas e “sector público” das instituições e governantes do Executivo, revela algo completamente contrário ao entendimento comum das duas expressões. Esta distorção está enraizada na corrupção generalizada e má administração que da a cada princípio em Angola, uma coloração e significado diferente.
Como resultado, temos a versão Angolana de quase todos os conceito acima, como o divertido conceito de que a nossa democracia e economia sao todos " home-grown", e isto nada mais é, que uma perversão dos princípios geralmente aceites numa economia de mercado e num pais em paz a 10 anos.
Como veremos em breve, muitas empresas dos sectores petrolíferos, diamantíferos, construção, transportes, agricultura e hotelaria e turismo, saúde, do "sector privado" em Angola são propriedades de funcionários públicos, (Governantes), seus familiares e amigos. Isso em si, cria a impressão de que tais organizações são extensões do setor público e faz com que seja difícil saber, em termos reais, o que constitui o "setor público" e "setor privado", em Angola.
No entanto, vou apresentar a minha percepção da verdadeira natureza do sector privado Angolano, ao olhar para a estrutura real e as operações das organizações dos dois sectores. Esta análise, dividida em grupos, não pretende ser exaustiva.
Primeiro Grupo: No primeiro grupo, temos empresas e instituições construídas e operadas com recursos públicos que são privatizadas e vendidas, em circunstâncias suspeitas, para pessoas ou empresas ja conectadas ao Executivo Angolano, e, posteriormente, apresentadas como organizações do sector privado.
Muitas vezes, essas instituições, ontem, governamentais são adquiridas primeiro pelos funcionários que estão empenhados em privatizá-las, a fim de justificar a sua privatização. Em seguida, elas são subvalorizadas e vendidas com um desconto, sem logica definida pelo valor de seus ativos e investimentos governamentais das mesmas.
Os fundos utilizados para comprá-los, que foram inicialmente roubadas dos Estado, são mais saqueadas após a sua 'remessa' pelos 'compradores' para os cofres do governo.
Até à data, desafio o Estado Angolano a apontar para qualquer projeto específico que seja genuíno para o qual as receitas da privatização das instituições públicas em Angola foram canalizadas. Os novos proprietários após liquidarem as empresas e mesclar ou combina-las com sociedades já existentes, formam monopólio ou carteis para a exploração dos pobres Angolanos. Por exemplo, foi alegado que o núcleo duro 'quem' comprou a MOVICEL, atropelou os mais elementares princípios da lei das privatizações em vigor Angola.
Segundo Grupo: Este grupo é formado por empresas constituídas por funcionários do governo, que utiliza os seus nomes ou (frequentemente) as de familiares e amigos como membros e conselheiros. O que esses funcionários do governo fazem? Eles canalizam quase todos os contratos suculentos em suas organizações para essas empresas, ao explorar as suas ligações em outras instituições governamentais para proteger empregos mais lucrativos para eles. Tais contratos são raramente executados de acordo com as mais corruptas especificações.
Na maioria das vezes, desde o início, a intenção de fazer um trabalho de má qualidade é compartilhada pelas partes, mas a empresa fica muito bem paga e continua a ganhar patrocínio de instituições públicas. É o caso de muitas empresas de actuais membros do executivo que receberam dinheiros do INEA e ate hoje, nunca apresentaram nem um metro redondo ou quadrado de estrada. Por isso uma vez disse a um ministro do actual Executivo que pensava que era o rei de Angola; que nem todos nos bebemos das torneiras do Estado angolano, e isso e uma verdade inalienavel.
Terceiro Grupo: Este grupo que também é intimamente relacionado com o acima, é outro grupo constituído por empresas de propriedade de funcionários aposentados do Exercito e de alto escalão do governo que corruptamente enriqueceram-se enquanto em serviço. Essas pessoas tornam-se os contratantes imediatamente após deixarem o cargo público. Usam suas riquezas ilícitas para estabelecerem empresas do tipo blue chip, empresas de prestação de serviços nos sectores estratégicos e chaves, e continuam o saque de fundos do governo a título privado.
Quando tiverem um bom relacionamento com seus sucessores em exercício, eles facilmente obtem adjudicação de contratos muito lucrativos com base em “ quid pro quo”, e também explorar suas conexões em outras agências governamentais para o mesmo efeito. Claro, que alguém dirá: Com a Lei da Probidade Administrativa vigente em Angola, esta minha constatação, esta no passado; meu conselho: só e cego quem não quer ver.
Quarto Grupo: O quarto grupo, é composto por empresas privadas ou organizações que dependem exclusivamente do patrocínio do governo, a fim de permanecerem à tona, pois estes empresários e empresas como ( Kangambas, Maboques, Pumangola, etc,) não têm outro cliente (s) fora do governo e seus funcionários. Estas empresas (empresarios) fazem tudo - incluindo suborno e chantagem a funcionários influentes do governo - para garantir a adjudicação por parte dos governos, seus ministérios e agências.
Depois disso, eles fornecem bens e prestam serviços de baixa qualidade, não conseguem executar tarefas ou executam-nas mesmo mal, e, em seguida, compartilham a colheita com seus benfeitores. (Refira-se o caso contractos MINEC, que o Novo Jornal publicou que aterrorizou funcionários desta instituição violando as mais elementares leis gerais de trabalho e ao ponto de alguns deles serem despedidos).
Não se aceitara na Angola do futuro, sentar-se ao lado de um Brasileiro ou Portugueses técnico superior como todos nos, a auferir usd 30,000 mês mas outros benefícios e os angolanos a auferirem usd 1.500 que chegam atrasados dois meses depois. Isto é injustiça social. Gostaria de ter sido a eu a pessoa que denunciou o MINEC ao publico, porque isto não é angolanização.
As empresas e pessoas deste grupo poderão ser ou são de propriedade de políticos-cum-contratados, aposentados ou funcionários públicos no activo, que servem como guiches particulares. Dos rendimentos de tais contratos corruptos, algumas dessas pessoas fazem um show público de atos de filantropia e arrogam-se "filantropos" ou empresários da juventude. Isto e máfia e não filantropia, porque esta tem leis e implicações tributárias.
Quinto Grupo: A quinta classe é composta de empresas detidas por estrangeiros e seus colaboradores Angolanos. Aqui, temos as empresas multi-nacionais que tendo adquirido o estatuto de nações soberanas, sao tratadas como extensões de seus países de origem. Assim neste grupo, temos as Petrolíferas Estrangeiras, as construtoras como Brasileiras, Portuguesas, Standard Bank, empresas Chinesas e outras. Estas empresas, quer sejam detidas exclusivamente por estrangeiros (o que é permitido dentro da legislação Angolana) ou em associação com as as empresas nacionais, criam a impressão de estarem no país para fazer negócio genuíno. A realidade é que sua missão é a maximização do lucro, mesmo com a perda e a dor de sua nação anfitriã, neste caso, sua e minha dor. Ajudadas por empresas locais, ( A BP Angola usa um slogan que diz que ela e uma empresa de energia local – mesmo quando de entre os 10 topos accionistas não figura nenhum angolano) ( esta demagogia so mesmo em Angola) e colaboradores, fazem de tudo para saqueiar o país, secar e violar suas leis. Os escândalo de corrupção recentemente descobertos pelo MAKA ANGOLA envolvendo a empresa Cobalt Energy e Halliburton EUA e algumas dirigentes Angolanas é um caso no ponto.
Sexto Grupo: Deste grupo fazem parte alguns angolanos proeminentes (iluminados), a quem são concedidos blocos de petróleo pelo governo ou concedidas licenças para explorar minas de diamantes e ouro alem do ouro negro e outros produtos petrolíferos refinados de importação. Estes poucos eleitos imerecidamente, alimentam-se do suor e de gorduras de todos nos.
Em um país com mais de 90% dos seus cidadãos no auge da pobreza extrema, onde o Executivo atribui seu fracasso abismal a escassez de fundos, e ao facto de que o MPLA já encontrou a pobreza, poucas pessoas recebem licença oficial para acumular uma imensa riqueza no mundo como em Angola. (Vale apenas ser angolano iluminado).
Onde está o sentido de tudo isso em um país produtor de petróleo, a ter indices de pobreza como os nossos? Os subsidios aos combustíveis e aos serviços de utilidade pública que devem cessar depois das eleições de 2012, dizem tudo. A frota de automoveis do estado quase 80% desta e composta por motores VX V8, e usufruem dos cartões gratuitos de combustíveis da Sonangol, numa lógica doente.
Sétimo Grupo: Esta categoria, é composta por empresas que, aparentemente, não podem depender muito de patrocínio governamental. No sentido real, e para as suas operações, contam com a indiferença e cúmplice das agências reguladoras em nao regularem e fiscalizarem suas atividades comerciais. Por exemplo, é certo que a indústria de construção em Angola explora os angolanos. As empresas de telefonia móveis, praticam taxas exorbitantes e pagam salários da idade da pedra, mais os órgãos reguladores, que eu saiba, não são tidos nem achados nestes sectores para impor ordem.
Essas empresas impõem aos consumidores qualquer tarifa que atenda à sua fantasia, e arbitrariamente revêem para cima todos os meses suas tarifas. Os órgãos do governo encarregados de sua regulamentação facilmente tornam-se vítimas de captura regulatória, por vontade própria ou devido a chantagem, permitindo que as empresas se alimentem-se de gordura sobre a essas adjudicaçoes corruptas e lucrar à custa do empobrecimento de todos nos.
Em minha humilde opinião, o acima exposto é a verdadeira natureza do sector publico e principalmente privado. É este "setor Publico e Privado" que o Executivo angolano desde 2002 com a conquista da paz deveria ter posicionado para melhor servir a nação, gerênciar racionalmente os serviços básicos como, estradas, caminhos de ferro, água potável, hospitais, escolas, habitação e energia elétrica para os cidadãos!
Mas porque estes sectores tornaram-se dependentes (clientes) exclusivamente do patrocínio do governo, negócios corruptos com os gestores públicos, prémios de contratos obscuros de agências governamentais mas a inércia das agências reguladoras, o pais e hoje mais um paraiso para os estrangeiros de todas as nacionalidades, do que para os angolanos genuinos que ja muito deram para este pais.
Neste contexto, não é de admirar que, apesar de enormes dotações orçamentais anuais para projectos de capital e despesas gerais, nenhum progresso significativo foi feito em Angola em termos de criar riquesas para os angolanos ao longo dos anos. Quase que todos os fundos destinados a projetos de capital e as despesas gerais acabam nos bolsos dos gestores públicos activos ou aposentados, seus pontas de lanças e particulares que são parasitas de fundos do OGE.
A tão falada Lei de Probidade Administrativa e dos Contratos Públicos não mudou nada, pois ainda é “business as usual” na adjudicação de contratos com o governo trafico de influencia e o cartão partidário. Os contratos do governo ainda são atribuídos às categorias de 'sector privado’ e a as organizações cujo modus operandi vimos acima. Empresas do Sector Empresarial Publico que operam no vermelho a mais de 5 anos, ainda recebem dotação do estado. Isso não e servir a nação.
A verdade nesta triste constatação, é que os salários da função pública ainda continuam sem equilíbrio quando a inflação e a cesta básica. Não se pode viver de dois salarios minimos mensais. Enquanto isso, a incidência de adjudicação de contratos corruptos, outras ofertas, salários exorbitantes e subsídios dos deputados e os titulares de cargos políticos, o desperdício de grande recursos em projetos de elefantes brancos, patrocínio do Execxutivo na Guine Bissau, Sao Tome, Cabo Verde e de diversos empreendimentos que beneficiam os países estrangeiros, etc, continuam e são estes que destroem os fundos do governo que devia ser usados para a construção de uma sociedade mais justa e equilibrada.
Não é a falta de força de trabalho especializada, mas sim os capital desviados do OGE, que muito representam para a estagnação da vida dos angolanos e a falta de uma classe média real com capacidade de mobilidade social em Angola.
Por indução do acima exposto, posso dizer com confiança que em Angola so existe o público privilegiado e o empreendedor que bebe da torneira do estado mas - ninguém serve o país -. Se esta tendência, feia, lamentável e perigosa não acabar, Angola, nunca vai trilhar uma senda de justiça social e equidade. Em meio a essas práticas corruptas, o proximo governo seja ele do MPLA, UNITA CASA-CE, mesmo com planos e projectos colossais em carteira, certamente, serão aniquilado pelo majestoso 7 acima enunciado. De contrario, que Deus tenha misericórdia desta nação abençoada com tudo e todos.
Três anos depois do bastonário da Ordem dos Advogados de Angola (OAA), Raul Araújo, ter denunciado publicamente que algumas decisões judiciais eram encomendadas, como resultado de uma espúria aliança entre juízes e advogados, nenhum jurista ou algum magistrado foi até à data apanhado e punido, por supostamente ter se envolvido em tais «esquemas».
A denúncia feita em meados de 2008 pelo causídico, embora tivesse causado um forte impacto nos meios judiciais, sobretudo entre os membros do Conselho Superior da Magistratura Judicial, parece ter caído num saco roto.
Além dos alegados casos de sentenças cozinhadas, tem estado a correr relatos de casos que envolvem determinadas figuras ligadas à Justiça, nos quais se destacam as práticas de abuso de autoridade ou de prisões arbitrárias.
Infelizmente, têm sido vários os casos de violação sistemática dos direitos dos cidadãos, sobretudo dos mais fracos, que não têm como denunciá-los ou, quando emergem à luz do dia, acabam por não produzir os efeitos esperados, por desistência dos lesados ou aparente inacção dos órgãos encarregues de exercer a acção disciplinar sobre os magistrados acusados de terem pisado o risco.
Embora o Conselho da Magistratura Judicial defenda publicamente que, no exercício das suas funções, os magistrados judiciais devem apenas obediência à lei e à sua consciência, o facto é que a prática nem sempre tem sido condizente com esta vontade expressa.
No universo de casos de desmandos e de actos de abuso de confiança, raros são aqueles que, depois de chegarem ao conhecimento dos órgãos afins, resultem em acções disciplinares contra os acusados.
Desde que foi institucionalizadohá pouco mais de uma década e meia quase não se tem memória de que algum juiz tenha sofrido uma «pesada sentença» que culminasse com a sua demissão, por actos de corrupção ou comportamento indecoroso.
O afastamento há alguns anos de um juiz afecto ao Tribunal do Namibe foi, no entender de alguns juristas, uma das poucas excepções à regra,em contraste com as múltiplas denúncias de casos graves de violação dos direitos dos cidadãos e de excessos de autoridades por parte dos magistrados, tanto os do Ministério Público, como os da Magistratura Judicial.
No entanto, uma luz ao fundo do túnel parece estar a emergir depois da recente medida tomada pelo Conselho Superior da Magistratura Judicial, que na semana passada decidiu suspender o juiz municipal do Huambo, Orlando Rodrigues de Lucas. Este magistrado era acusado de um alegado abuso de autoridade contra um dos administradores municipais daquela província e de exercício de actividade comercial ilícita, incompatível com a sua condição de juiz.
Trata-se de uma medida que alguns consideram inédita, já que ela determina um prazo, no caso concreto de dois meses, para que seja instaurado o respectivo processo disciplinar contra o referido magistrado judicial.
Consta que nunca esse órgão máximo da magistratura judicial havia fixado um prazo para a instauração e conclusão de um processo disciplinar.
Talvez por isso é que ganham alguma consistência os relatos de que alguns juízes que tinham sido suspensos pelo Conselho da Magistratura Judicial, depois de acusados da prática de actos de corrupção, abuso de autoridade ou por outros crimes não menos pesados, acabaram por ser «absorvidos», devido ao facto dos seus processos disciplinares terem prescrito.
Daí que o processo disciplinar instaurado contra o referido juiz esteja a causar uma certa expectativa, pelo que se abre uma boa oportunidade para que esse órgão judicial arrede as suspeitas de ter agido no passado no sentido de favorecer os acusados, no quadro de um suposto corporativismo existente no seio da classe.
Fonte: Semanário Aangolanse EDIÇÃO 447, SÁBADO • 24 de Dezembro de 2011
Tunísia. A divulgação pelo site WikiLeaks de telegramas que revelarm casos de corrupção do governo e imolação de um universitário após a polícia apreender sua banca de frutas espalharam protestos por todo país. Acuado, o presidente Zine El Abidine Ben Ali, há 23 anos no poder, deixou o país em 14 de Janeiro. Atualmente enfrenta os efeitos de uma fulminante AVC (trombose).
Egito. A maior revolta popular inspirada no levante da Tunísia. Provocou a renúncia do Presidente Hosni Mubarak, após 18 dias de intensos protestos que deixaram 300 mortos e mais de 500 mil feridos. Mubarack entregou o poder ao Exército. A população comemorou nas ruas a saída do presidente, após 30 longos anos no cargo.
Sudão. Um joven sudanês de 25 anos de idade que havia ateado fogo ao prórpio corpo em Cartum morreu em decorrência dos ferrimentos. O descontamento generalizado com a economia e a política no norte do Sudão levou aos protestos esporâdicos nas últimas semanas.
Líbia. Os protestos que começaram na cidade de Benghazi se espalharam por várias cidades e ameaçam a ditadura de Muamar Khadafi, coronel que está no poder desde 1969.(isso mesmo, 1969). Em discurso transmitido pela TV ele prometeu lutar até a útima goat de sangue e ameçou aos manifestantes. A vilenta repressão já provocou a morte de milhares de mortos, o que já foi considerado como crimes de guerras.
Argélia. O governo anunciou o fim do estado de emergência em vigor há 19 anos em resposta aos protestos. Outras medidas, como corte de de preços de alimentos foram adotadas para conter os manifestantes. O presidente Abdelaziz Bouteflika foi eleito pela primeira vez em 1999, numa eleição considerada fraudulenta. Ele foi reeleito em 2004 e venceu o terceiro pleito em 2009 após a emenda constitucional para remover os limites de reeleição. Seu governo enfrenta críticas por desemprego, défict de suprimento de água e energia e corrupção.
Marrocos. O país já registrou protestos em Marrabech, Fez, Tânger e Rabat. Os manifestantes pedem reformas, o fim da corrupção e que o Rei Mohammed ceda parte de seus poderes. O país tem uma economi bem sucedida, um parlamento eleito e uma monarquia reformista. O Rei Mohammed é membro de uma dinastia Alaouite, que governa Marrocos há cerva de 350 anos.
Mauritânia. O mauritano Yacoub Ould Dahould ateou fogo ao próprio corpo em um protesto anti-governamental em 17 de Janeiro por estar "infeliz com a situação política no país e furioso com o governo.
Iêmen. Os manifestantes mantêm protestos contra o presidente Ali Abdallah Saleh, no poder há 32 anos. Em resposta, Saleh anunciou que não disputará outra eleição e a formação de um governo de "unidade nacional". Há protestos também a favor do governo. O iêmem é um dos países mais pobres do mundo árabe.
Omã. O país vive duas manifestações com cerca de 300 pessoas no centro de Mascate para pedir aumento salarial e reformas políticas. Apesar dos protestos, os manifestantes juraram lealdade ao sultão Qabus bin Said al-Said que governa o país desde 1970 e é benquisto pelas mudanças e modernizações que fez no país. Omã é uma Monarquia com o gabinete sendo apontado pelo sultão, que é também chefe de governo.
Iraque. Protestos em Wassit e Kut exigiam melhores serviços básicos entraram em confronto com a polícia e atearam fogo a prédios públicos. Ao contrário de revoltas em outros países do Oriente Médio, os Manifestantes iraquianos não têm exigido a destituição do governo, que foi eleito nas urnas e tomou posse há menos de 9 meses. Mas muitos deles fazem críticas ao primeiro-ministro Nuri al Maliki.
Jordânia. O Rei Abdullah deu posse no último dia 9 ao novo governo do país, comandado por um ex-general que prometeu ampliar as liberdades individuais em resposta aos protestos populares inspirados pela revolta da Tunísia e Egito. A Jordânia é uma monarquia constitucional, com o primeiro-Ministro sendo apontado pelo rei e eleições para Assembléia dos Deputados. O Rei Abdullah governa o pais desde 1999.
Ontem, dia 19 de outubro de 2010, o presidente da Unita Isaias Samakuva convocou os diversos órgãos de comunicação e apresentou a comunicação sobre o Estado da Nação (Entenda-se para comentar ou rebater).
Na impossibilidade dos bloguistas estarem presentes nesse ato, ou por não serem convidados ou por residirmos em diveros países, os serviços de apoio ao presidente da UNITA enviaram para este blog a cópia da referida comunicação é apresentada a seguir.
SOBRE O ESTADO DA NAÇÃO
O MPLA governa Angola há quase 35 anos. Pensamos que este é o momento de se fazer um balanço sério e objectivo que permita apreciar o real sentido e valor do seu desempenho. É tempo suficiente para que não haja artifícios nem desculpas para afastar responsabilidades, mascarar insuficiências ou a esconder incompetências.
Os cidadãos angolanos, falam do desemprego, o executivo do Presidente José Eduardo dos Santos fala na governação electrónica; as pessoas queixam-se das dificuldades do dia a dia, ele fala de boa governação; as pessoas alertam para o aumento da insegurança nas ruas, ele fala na elevação de dados estatísticos de per si manipulados; as pessoas clamam por uma maior atenção aos transportes, ele fala na cidade administrativa; as empresas e as pessoas reclamam pelos reflexos negativos na economia da crise global que em muito, já se repercute no modus vivendi e no modus operandi dos cidadãos angolanos ele justifica-se e faz referências ao caos dos anos de guerra civil, anteriores a 2002.
O Presidente da República foi à Assembleia Nacional com o propósito de cumprir um dever, mas não o cumpriu bem, por três razões: primeiro, porque foi lá com o propósito errado; segundo, porque deturpou a essência e o objectivo da democracia; terceiro, porque não retratou fielmente o estado da Nação.
O discurso sobre o estado da Nação não é o momento para se fabricar legitimidade nem para se fazer campanha partidária. Nas democracias presidenciais, o Chefe do Executivo vai ao Parlamento com legitimidade própria, para falar em nome de todos e apontar os caminhos a seguir para o alcance dos objectivos da República e não para avaliar programas partidários. Ora, o Presidente Eduardo dos Santos não possui um título de legitimidade como representante eleito da Nação angolana e nunca consultou o Parlamento sobre os assuntos de segurança nacional ou de política externa, que engajam o Estado e comprometem o futuro da Nação. Enquanto Presidente da transição, o cidadão Eduardo dos Santos furtou-se ao cumprimento da Constituição provisória e não convocou as eleições presidenciais, marcadas para 2009. Hoje, dirigindo-se ao único detentor legítimo da soberania, o Presidente da transição não explicou porque não convocou as eleições presidenciais. Não explicou também porque é que reduziu o papel do Parlamento e do Governo como órgãos de soberania e concentrou em si próprio todos os poderes do Estado ao promulgar uma Constituição que não observou os limites materiais estabelecidos pelo poder constituinte material. Há pois um desfasamento entre os objectivos da República e os objectivos do cidadão Eduardo dos Santos.
O objectivo fundamental da República de Angola é a construção de uma sociedade livre, justa, democrática, solidária, de paz, igualdade e progresso social. O objectivo do Presidente Eduardo dos Santos parece ser a hegemonia política e a perpetuação no poder. E porque o Presidente da República considera que terá vencido mais uma etapa na sua luta pela hegemonia e pela perpetuação no poder, utilizou agora esta ida ao Parlamento para exibir elementos da “vitória” do seu regime autoritário e de uma economia desintegrada, virada para o exterior e dependente do exterior. É por isso que concluímos que o Presidente foi ao Parlamento com o propósito errado.
Em segundo lugar, o Presidente deturpou a essência, a natureza e o objectivo da democracia. Afirmou que a paz e a unidade nacional são condições para o desenvolvimento da democracia. A ciência política e a história ensinam-nos o contrário: é a prática da democracia que promove a paz social. É o reconhecimento da diversidade, o respeito pelo pluralismo e pela igualdade entre os homens que garantem a unidade das nações multiculturais. A democracia é um ambiente, um clima em que se desenvolvem as actividades sociais, políticas e económicas. Esse clima, inclui a valorização da vida e da dignidade humana, a liberdade, a justiça, a solidariedade, e a igualdade de oportunidades; inclui ainda a legitimidade das decisões tomadas por processos racionais, com o consenso de todos e reflectindo resultados de debates livres e tolerantes em lugar da violência e da brutalidade; inclui também o governo limitado, electivo e temporário e o controlo dos governantes pelos governados. Esse ambiente produz automaticamente uma imprensa livre e plural, uma economia aberta a todos, detida pela diversidade de elites e regulada por regras imparciais que protegem o ambiente, a concorrência e os consumidores. Esse ambiente de competição leal e de justiça produz automaticamente a paz política e social, porque impõe limites aos poderes, promove a solidariedade, denuncia sem medo as irregularidades, e, assim, previne e combate a corrupção. É por isso que se diz que a democracia é o regime político da paz. Quanto mais forte for a democracia mais forte será a paz. Não é a paz que consolida a democracia. É o fortalecimento da democracia que consolida a paz.
O Presidente disse-nos, finalmente, que ele pensa o contrário: que deve primeiro existir uma paz hegemónica, imposta por uma classe que se considera superior e que, por isso, teve primeiro de aprovar uma Constituição hegemónica e reforçar a capacidade do Estado para dosear e tutelar a democracia. E disse-nos que todos os tutelados devem ficar submissos, em paz, porque essa paz é condição para o desenvolvimento da democracia. Ele pensa, afinal, que é em torno desse Estado hegemónico, ou Partido/Estado, que se deve alicerçar a unidade nacional, e não em torno da competição igual no seio da pluralidade política e da diversidade da propriedade económica. E chamou a essa unidade partidária “unidade nacional”. Pensa também que é em troca da aceitação dessa paz da submissão e dessa unidade partidária, que os ricos vão largar umas migalhas e consentir aos pobres o exercício de mais alguns direitos. Ou seja, quem se conformar com essa paz submissa terá direitos políticos e económicos limitados e poderá fazer parte dos detentores da riqueza. Nisto consiste a tutela da democracia.
Se é esta a democracia defendida pelo Senhor Presidente da República de Angola, nós a rejeitamos. Rejeitamos categoricamente essa democracia condicionada e tutelada porque ela agride os objectivos da independência nacional e da igualdade entre os homens. Rejeitamo-la porque a democracia é uma conquista nobre dos angolanos e não uma dádiva. Foi conquistada a sangue e não pode ser negada por meras palavras, por dinheiro, por decreto nem por cooptação ou corrupção. Angola nunca poderá consolidar a democracia num ambiente institucional anti-democrático e de corrupção. Em terceiro lugar, o Presidente da República não cumpriu bem o seu dever porque não retratou fielmente o estado da Nação. Vejamos alguns exemplos:
1. Ninguém pode falar do estado da Nação e não se referir às agressões à liberdade política, aos abusos da comunicação social, à delapidação do erário público e ao esbulho das terras a que os angolanos estão submetidos hoje. A política fundiária do Executivo, que promove o esbulho das terras ancestrais dos angolanos e protege latifundiários que não são capazes de trabalhar os milhares de hectares de terras que o Executivo lhes reserva, é um grave atentado ao Estado social de direito que o Senhor Presidente da República referiu ser o objectivo da República.
2. O Presidente referiu que em 2008, as reservas externas do Estado eram 18 biliões de dólares e que estas reservas baixaram para $12,6 biliões no final no último trimestre. Mas não disse onde foram parar os 6 biliões. Esta explicação é que os angolanos precisam. Já no passado recente, consultores do Governo e organizações internacionais denunciaram a fuga sistémica de capitais públicos, que o Executivo não foi capaz de desmentir. Agora, o Executivo também não foi capaz de explicar aos angolanos onde foi parar o dinheiro que é desviado do tesouro nacional.
3. O Presidente falou do crescimento da produção petrolífera. Isto já todos sabemos. O que não sabemos e gostaríamos de ouvir são as respostas às graves acusações de desvios e de corrupção ligadas ao petróleo. Os angolanos vêm os luxos e as fortunas da classe política exibidos todos os dias no país e no estrangeiro. E sabem que essas fortunas saíram dos cofres do Estado e que o Presidente é a única entidade que controla ou deve controlar os cofres do Estado. E ficaram decepcionados, porque o guardião dos dinheiros públicos não explicou o destino desses desvios.
4.Os angolanos apenas sabem que a riqueza de Angola no exterior do país cresce todos os dias mas a dívida pública também cresce todos os dias. Só que a riqueza no exterior está em nome de alguns, mas a dívida está em nome de todos nós. E o Presidente da República não informou aos angolanos as pessoas em nome de quem está registada fora de Angola a riqueza nacional.
5. Esta dívida que cresce todos os dias deve ser paga com o petróleo, cujas reservas também estão a diminuir à medida que se aumenta a produção. Se o petróleo vai acabar por volta de 2020, mas a dívida continua a aumentar, então o futuro está ameaçado. Reservar 100,000 barris/dia para reduzir a pobreza e a fome não basta, porque Angola produz cerca de 2,000,000 de barris/dia e o Presidente da República não explicou porque pretende utilizar apenas o equivalente a 100,000 barris para uma endemia tão séria que periga a digna existência da Nação.
6. Por outro lado, faz pouco sentido realçar o crescimento do PIB do sector não petrolífero, se as políticas do Executivo não garantirem que esse crescimento contribua para o aumento significativo das receitas fiscais, para o aumento da produção interna e a consequente redução dos preços dos principais produtos que as famílias necessitam. O Executivo não promove nem a integração nem a competitividade da economia real: exporta matérias-primas e importa produtos fabricados com as mesmas matérias-primas que exporta. Por não dar a devida atenção ao sector agrícola e não possuir sentido de Nação, o Executivo conhece mal o país, promove assimetrias territoriais e mostra-se incapaz de estruturar um sistema de educação e ensino que satisfaça as necessidades da economia real, que é o sector não extractivo.
7.Além disso, o principal cliente do sector estruturante da construção civil é o Estado. O principal pagador dos encargos da indústria hoteleira, da indústria imobiliária e dos encargos com o parque automóvel, é o Estado. Mesmo que os clientes sejam empresas petrolíferas ou diamantíferas, o último pagador das suas despesas é o Estado angolano. Nessa perspectiva, o crescimento do sector não petrolífero pode implicar o crescimento da despesa pública e o empobrecimento dos angolanos, porque crescem também as comissões, a sobre facturação e outros veículos utilizados para a fuga de capitais. Pode implicar também o enriquecimento sem causa de alguns, porque a maior parte dos empreendimentos geradores desse crescimento não paga impostos. Por isso, esse crescimento beneficia sempre as mesmas pessoas e não promove a coesão social.
8. Seria muito bom se o empresariado angolano fosse mesmo nacional, ou seja, plural. Mas infelizmente o nosso empresariado representa apenas um segmento da Nação, correspondente a um Partido político apenas. Por isso não temos ainda um empresariado nacional, no verdadeiro sentido da palavra. Sim, quem constitui hoje o empresariado nacional? Há algum empresário nacional de sucesso que não seja cliente ou partidário do regime? É possível obter licenças e créditos, na Angola do Presidente Eduardo dos Santos, se o indivíduo não pagar a gasosa ou não se associar a alguém que o regime indicar?
9. Um Estado que nega aos seus cidadãos oportunidades de competir em igualdade na indústria, no comércio, no petróleo, nos diamantes, nas telecomunicações e na banca, só porque não pertencem ao Partido político dos detentores do poder, não pode ser considerado um Estado democrático de Direito.
10. Sr. Presidente: não podemos falar de unidade nacional quando se pratica a exclusão social; não podemos falar de democracia quando se promovem as desigualdades; não se pode falar de boa governação quando fugimos à responsabilidade política e à prestação de contas.
11. Além disso, Senhor Presidente, não podemos falar de democracia e fugir às críticas. Em democracia, as críticas só são falaciosas se os criticados as refutarem e provarem que estão inocentes. Até agora, o Executivo ainda não provou que a classe política não enriqueceu com os dinheiros desviados dos cofres do Estado. Até agora, o Executivo ainda não provou que a Sonangol e a Cidade Alta não são o epicentro da corrupção em Angola. Ainda não provou que os titulares de cargos públicos fazem negócios consigo mesmo e que o nível dos preços está alto, porque isso beneficia a classe empresarial, que é a classe política. Portanto, enquanto o Executivo não provar o contrário, as críticas são justas e deveriam bastar para o Senhor Presidente da República, no mínimo, as mandar investigar.
12. É verdade que mais pessoas usam telemóveis, mas os preços que pagam são exorbitantes porque o Executivo não permite a livre concorrência para baixar os preços. Isto significa que o Executivo protege mais os donos da UNITEL e da MOVICEL do que o povo consumidor. E todos sabemos porquê. O mesmo sucede com os preços do cimento, os preços dos combustíveis, os preços das casas, os preços dos empréstimos bancários. As famílias angolanas não precisam de economistas para lhes dizer que há uma classe em Angola que ganha com o aumento dos preços, e que esta classe é a classe dos governantes ligada ao Partido que o Senhor Presidente da República dirige.
13. É verdade que a quantidade de alunos no ensino superior pode ter subido 42%, mas a qualidade do ensino superior deve ter baixado mais de 242%. É verdade que a quantidade de professores pode ter subido 36%; mas a sua qualidade deve ter baixado mais de 236%. Não há mérito algum em comprar mais camas para os hospitais e depois colocar dois ou três doentes na mesma cama para partilharem as infecções. A qualidade do ensino, a qualidade do ar, da água, da saúde, das obras, sim a qualidade é muito mais importante do que a quantidade.
14. Desta vez, o senhor Presidente esqueceu-se de apontar números para as casas. E ainda bem, porque os angolanos já ouviram muitas promessas que até as crianças sabem que não vão ser cumpridas.
15. O que se procura na boa governação não é a capacidade natural de o país saldar as suas dívidas, por causa de factores fortuitos como as reservas minerais ou as alianças militares. Esses factores interessam aos credores, que são meros comerciantes à procura de mercados. O que se procura na boa governação é o respeito pelas regras, a probidade, a não utilização de fundos públicos para benefícios pessoais; a transparência na gestão da coisa pública; a legitimidade das instituições e a imparcialidade das decisões; a investigação das denúncias e a prestação de contas. E nesse respeito, Angola baixa todos os anos no rating da Transparência Internacional como um dos países mais corruptos do mundo. O Presidente de Angola parece ter já reconhecido este facto quando afirmou que o país precisa de uma espécie de tolerância zero. Não pode, por isso, vir agora contrariar, dizendo que as críticas sobre a corrupção são injustas e falaciosas. Por tudo isso, é nossa convicção que o Senhor Presidente da República foi ao Parlamento sem legitimidade democrática, não apontou os caminhos a seguir para o alcance dos objectivos da República de Angola e não retratou fielmente o estado da Nação.
Isaías Samakuva Presidente da UNITA
Atenção: Como é do conhecimento geral, é proibido comentar qualquer comunicação proveniente de serviços de apoio
Em Angola a Procuradoria-geral confirmou a existência de corrupção no sistema judicial do país. A procuradoria divulgou o resultado da investigação que efectuou a alegações de "encomenda de sentenças" entre juízes e advogados.
Em setembro do ano de 1208 ocorreram eleições no reino mandinga (Mali). Era o mandatário, sua alteza, o rei Sundiata Keita. Depois de muita pressão, o Rei convocou a população para eleições gerais para a escolha de representantes ao “Jango”, uma espécie de Assembléia. Esperava-se que o partido do Rei conseguisse poucos assentos. Mas, para a surpresa de todos, o partido do rei conseguiu uma maioria esmagadora. Como forma de desabafo, a princesa faz uma carta à população, que comemorou depois do suspiro, cujo teor é apresentado a seguir:
Caros Compatriotas do reino mandinga, é com grande alegria que recebi a notícia da vitória do partido do meu pai, rei Sundiata Keita. Na verdade, antes das eleições, passamos noites difíceis porque não sabíamos qual seria o desfecho das eleições. Quero vos dar a conhecer que muitas coisas estão em jogo: o canal 2 da tipografia, empresa de comunicação, empresa de transportes públicos, Banco do Reinado, a Pedreira Prado Lopes, e a velha sociedade com a Bertoltbrecht, o recém privatizado terminal rodoviário de cargas a meu favor mas, graças a esse povo que obedece às ordens do meu pai e votou no partido dele.
Doravante, irei trabalhar em dobro. Vamos pilhar e privatizar mais as empresas públicas do reinado a favor da minha família. A empresa de transportes está na mira. Será do meu Tio como Samby Keita que neste momento já é um de seus administradores e não haverá muito que explicar o porquê.
Terá de ser assim porque não sei o que nos reserva as próximas eleições. Aqueles senhores da Telexcom e da Comtel e outras operadoras de código de Morse móvel que queriam vir cá pora instalar as suas empresas para vender a pilha de recarga a uma dúzia de cereais enganaram-se.
Enquanto o meu pai for Rei mandinga não haverá outra empresa para além das duas (Teluni, PlusTelexmo) a não ser que aceitem sociedade conosco mas, não vamos entrar com libongo; só lhe iremos dar autorização mas, teremos que ganhar por isso.
Aliás, para aumentar a produção em todos nossos investimentos, mandarei vir mais os meus cunhados senegaleses, pelo menos 200, porque os mandinguenses são preguiçosos e alguns gostam contar à imprensa privada o que tenho feito.
A estes, não darei confiança e, se nas próximas eleições o pai não for obedecido pelo povo, estaremos em condições de ir a terra do meu esposo e viver lá até a morte porque o money para viver, teremos mais que suficiente porque se cá continuarmos, os mandiguenses invejosos me irão receber tudo que consegui enquanto o meu pai for um REI temido por todos inclusive por aqueles que pensam que fundaram o partido real. Muito obrigado povo analfabeto de mandinga.
Esta é velha. É velha mas é boa, é boa mas é velha.
O Governador Provincial queria construir uma ponte e para esse efeito foi aberto um concurso público onde concorreram três Empreiteiros: um chinês, um português e um angolano.
Proposta do Chinês; 3 milhões de dólares.
1 Milhão pela mão de obra; 1 Milhão pelo material; 1 Milhão para lucro.
Proposta do Português: 6 milhões de dólares. 2 Milhões pela mão de obra; 2 Milhões pelo material; 2 Milhões para lucro.
Proposta do angolano: 9 milhões de dólares. 'Nove Milhões ?' Admirou-se o Governador Provincial? É demais ! Por que tanto?
Respondeu o empreiteiro angolano: 'simples':
3 Milhões para mim; 3 Milhões para si, governador; 3 Milhões para o chinês fazer a obra ...
Ok, está muito acima dos 29,99%....negócio fechado!. disse o GOVERNADOR.
O índice global de corrupção que analisa os níveis do fenômeno em 180 países foi divulgado hoje pela Transparência Internacional. Segundo essa lista, os países menos corruptos estão nas primeiras posições. Angola está bem colocada nessa lista. Bem no fundo da tabela, dividindo a posição com a Venezuela, de Chavez, Azerbaijan, Burundi, República do Congo, Gambia, Guiné-Bissau, Serra Leoa na posição de número 158. Vale recordar que o Paraguay ocupa a posição de número 138 . A Somália segura a lanterna. O países onde a corrupção, praticamente, não existe são: Dinamarca, Nova Zelândia e Suécia.
Entre os países lusófonos Portugal, melhor colocado, ocupa a posição de número 32 com 6,1 pontos; Cabo Verde ocupa a posição 47 (5,1); O Brasil aparece posição 80 com 3,5 pontos. São Tomé e Príncipe, posição 121 (2,7); Moçambique, posição126 (2,6); Timor Leste ocupa a posição 147 (2,2); na posição 158 estão a Guiné Bissau 158 (1,9) e Angola (1,9). Veja a Lista Completa
De acordo com a cadeia de televisão CBS, empregados do departamento do Interior dos EEUU, encarregados do controlo de regalias petrolíferas, mantiveram relações sexuais com trabalhadores de empresas de energia e receberam ofertas.
Sharyl Atkisson, periodista da CBS, que atribui a sua informação a fontes federais, indicou que as denuncias envolveram a 13 empregados do Governo em Washington e em Denver (estado de Colorado). Os acusados são empregados, que tinham como função principal, conceder “contratos de exploração mineral a empresas petrolíferas.”
De acordo com informes dados a conhecer pela CBS, o inspector Geral do Departamento do Interior, Earl Devaney, indicou que esses empregados alteraram contratos, participaram em actividades vinculadas ao sexo e as drogas e que, também, receberam ofertas de empresas petrolíferas.
Os informes, de acordo com a CBS, incluem denuncias de que, um destes empregados participou numa chamada "busca do tesouro" com todos os gastos pagados por um produtor petrolífero.
Cultura de consumo de substancias e promiscuidade
Por outra parte, um ex-supervisor manteve relações sexuais com subordinados e dirigiu contratos do Governo a uma empresa petrolífera para a qual, também trabalhava, de acordo com Atkisson.
As investigações revelam uma "cultura de consumo de substancias e promiscuidade" por parte de um pequeno grupo de indivíduos que não acataram as normas éticas do Governo, manifestou Devaney.
De acordo com os investigadores federais, entre 2002 e 2006 quase um terço da oficina do Departamento do Interior em Denver recebeu ofertas e favores de empresas petrolíferas e de gás natural.
"Os empregados do Governo que supervisão a exploração petrolífera marinha, estão literal e figurativamente em cama com as grandes empresas", disse o senador democrata Bill Nelson.
O secretário do Interior, Dirk Kempthorne, apontou, que a investigação iniciou-se em 2006 depois de uma chamada telefónica em que se denunciaram "problemas éticos" na oficina de Denver.
"Espero ter a oportunidade de analisar o informe do Inspector-geral para que possamos “tomar as medidas adequadas", agregou.
Não sei porquê, depois de ler este texto, olho de esguelha para Angola...??
Talvez porque, à tempos atrás, soube que altos funcionários de um importante Ministério, com grande atividade e volúmem monetários nos últimos tempos em Angola, eram agraciados com viagens ao Brasil, onde se hospedavam em hotéis de grande luxo, com todos os gastos pagados e com direito incluso, as melhores “dançarinas de samba” da terra!
Estas viagens de lazer e diminuição do stress em Angola, eram pagos por uma grande empresa, que tinha importantes contratos por todo o país e que, apesar da sua reconhecida capacidade técnica, marginalizava ou negligenciava, gravemente e para bochorno professional, importes aspectos a ter em conta na execução de uma obra pública: (Não sinalizava convenientemente as zonas de obras; não buscava alternativas as zonas de obras....não atenuava, os transtornos causados pela execução das obras como pode ser, o excessivo ruído e o pó! (na cidade do Lobito, chegou a ser demencial...o pó levantado pela a execução das obras, não permitia ver mas além dos dois metros, chegou a provocar problemas de saúde pública como, problemas respiratórios, conjuntivites, etc...e claro, estes têm repercuções como, aumento de gastos em medicamentos, colapso das consultas, ausência laborais, baixa productividade, etc...), isto para não falar já, de obrigações elementares para com os trabalhadores angolanos, os direitos básicos dos trabalhadores: contractos em condições que inclui, salário, formação, informação, segurança e higiene laboral e direitos sindicais.
Se esta empresa era assim, não quero sequer imaginar o mundo das petrolíferas, aquele que o nosso Ministro da indústria chegou a referir-se: “deixar de ser Director da Sonangol para ser Ministro, é como deixar de pilotar um Boeing 474, para pilotar uma avioneta”.
É por isso, que nas tarefas imediatas, a curto prazo, que o nosso partido governo deve tomar, teve estar a aprovação da Lei contra a corrupção, instituir a procuradoria contra a corrupção e, já agora, aprovar também um código ético para os Membros do governo ou funcionários públicos”.
Porque este tipo de conduta, quando não devidamente persuadidas, combatidas, corroem destrutivamente o país. O que podia ser uma conduta pessoal reprovável, tem repercussões para toda a sociedade, para economia do país...só por uns míseros USD ou mesmo, como neste, condutas perversas e dementes dos seus actores.
Mas, para não dizerem que afinal nos EEUU também há corrupção, reparem que ali de investiga, persegue e condena...e em Angola?
Prazo de validade da carteira de motorista brasileira depende da ''gasosa''
ANGOLA - A carteira de motorista brasileira é válida em Angola, mas o prazo de validade é discutível. Alguns policiais de trânsito dizem que ela vale só por três meses, e claro que eles tentam ganhar uma ‘’gasosa’’ [propina] se te pegam dirigindo além desse prazo.
Foi o que aconteceu com um amigo meu, que foi até parar na esquadra. Depois do susto ele foi reclamar na superintendência e lá lhe informaram que Brasil e Angola têm um acordo que permite aos brasileiros utilizarem a carteira de motorista brasileira enquanto seu visto de trabalho for válido.
Pelo sim, pelo não, eu já tenho a minha Carta de Condução Angolana! O que foi muito fácil de conseguir, basta ir (com a pessoa certa, diga-se de passagem), até a central de trânsito, assinar um papel, deixar as digitais e, claro, pagar uma taxinha… Pronto, em duas semanas você estará habilitado pra conduzir em Angola.
Devo ressaltar que legalmente você estará habilitado, mas na prática são outros quinhentos… Conduzir em Luanda é uma verdadeira aventura, (e tem gente achando que eu sou louca por pegar a estrada para Cabo Ledo). Não existe a menor noção do que seja condução defensiva nessa cidade. Não existe o menor respeito por placas e mãos de direção. Se os condutores fazem o que querem os pedestres não ficam atrás. Às vezes penso que eles devem achar que são super homens e mulheres maravilha. Eles se jogam na frente dos carros como se ninguém pudesse atingi-los.
Depois de desaprender direção defensiva, ai sim você poderá transitar pela cidade. E conhecer mais uma das dores de cabeça do povo - abastecer a viatura. Quase não existem bombas (posto de gasolina), na cidade. E as que existem estão sempre lotadas, a gente chega a gastar 40 minutos na fila.
Outro dia estava voltando do trabalho já só com o cheiro da gasolina e não achava uma bomba nesse “inferno”, o trânsito daquele jeito… Quando finalmente achei o segurança fala que a bomba está fechada para troca de turno.
E eu lá vendo vários carros na fila. Disse com a aquela minha carinha de meiga (que no Brasil sempre funciona):
Eu: Mas eu não posso entrar na fila?
Ele: … Ahhhh se tiver um café pode
Eu: Café? Mas como assim café?
Ele: Ah, café! Você sabe, né? Café…
Eu: Não eu não sei, o que é café? Eu não tenho café nenhum… O que acontece se eu entrar na fila?
Ele: Agente multa…
Dei meia volta e fui pra casa muito puta…
No dia seguinte voltei no mesmo posto, e lá se vão 40 minutos na fila e isso porque eram 6 horas da manhã…
Ai que saudades dos postos 24 horas de São Paulo com suas deliciosas lojinhas de conveniência, sempre prontas a te vender um chocolatinho, seus frentistas calibrando os pneus, lavando o vidro, checando a água e o óleo.
Tô aqui rindo sozinha. Eu sempre odiei ter de parar no posto para por gasolina. Quem diria que um dia eu iria sentir saudades disso.
Sandra Ugrin é brasileira e trabalha em Luanda na área de marketing com inteligência de mercado. Para saber desta e de outras histórias, acesse o blog Menina de Angola.
* Sandra Ugrin é brasileira e trabalha em Luanda na área de marketing com inteligência de mercado. Para saber desta e de outras histórias, acesse o blog Menina de Angola
França - Duas organizações não governamentais apresentaram uma queixa nesta quarta-feira, ao ministério público de París, contra os vários chefes de Estado africanos acusados de corrupção e desvios de fundos públicos, dos quais uma boa parte “é reciclada” na França. Os patrimônios destes líderes não podem justificar com o seu único salário, ascende hoje a várias dezenas de mil milhões de dólares.
Omar Bongo do Gabão,Denis Sassou-Nguesso do Congo, José Eduardo dos Santos de Angola, Blaise Compaoré de Burkina Fasso ou ainda Teodoro Obiang Nguema da Guiné Equatorial estão na berlinda.
Restituir o dinheiro desviado às populações
Uma queixa foi apresentada nesta quarta-feira, ao ministério público de Paris, contra estes cinco chefes de Estado africanos e as suas famílias para “dissimulação e desvio de bens públicos”. Por iniciativa deste recurso jurídico, a ONG Transparency Internacional (TI), que luta contra a corrupção no mundo, e cidadãos gaboneses e congoleses, representados por William Zângão, advogado e presidente de Sherpa, uma associação de juristas especializada nos negócios econômicos financeiros.
Propriedades e automóveis de luxos
Os chefes de Estado africanos visados pela queixa contam entre mais pobre do planeta. Ao poder desde dezenas de anos, detêm, no entanto “um patrimônio móvel e imobiliário considerável que os seus salários não podem explicar”, indico Julien Coll. Contacto do por Afrik.com, o delegado geral acrescenta que, “para quatro entre eles, o seu patrimônio foi confirmado graças a um relatório preliminar” estabelecido no ano passado pela polícia francesa. “É muito importante que tinha sido estimado”, acrescenta.
O relatório de polícia posiciona assim menos de 50 propriedades de luxo para a grande família Bongo/Sassou-Nguesso (o presidente congolês é o sogro de Omar Bongo), cujas algumas são situadas nas ruas com crista da capital parisiense. Entre elas, Omar Bongo possui um hotel específico perto Champs-Elysées adquiridos em Junho de 2007 para quase 19 milhões de euros. Em 41 anos de poder absoluto, soube fazer frutificar o seu capital.
O mesmo para os outros chefes de Estado. Com algumas propriedades e, sobretudo uma vintena de automóveis de luxo na sua possessão - que vale, para algumas, até um milhão de euros por peça -, a família Obiang Nguema não é esquecido. Em contrapartida, a polícia descobriu nada convincente que pertencesse ao Sr. José Eduardo dos Santos e o Sr. Compaoré, excepto as duas propriedades parisienses da esposa do líder burkinabé.
Contas em bancários bem preenchidas.
Entre 100 e 180 mil milhões de dólares: são fundos estimativa e colocados no estrangeiro por líderes africanos durante as últimas décadas, de acordo com o relatório “Bens mal adquiridos… aproveitam sempre”, publicados Março em 2007 para o Comitê Católico contra a Fome e para o Desenvolvimento (CCFD). Pior: de acordo com estimativa de Michel Camdessus, antigo Director Geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), os números excederiam os 1.000 mil milhões de dólares se se inclui os parentes dos ditadores!
Uma precedente queixa foi apresentada para os mesmos factos e contra os mesmos líderes no ano passado. Foi classificada sem efeitos pelo ministério público de Paris, julgando as infrações “insuficientemente caracterizadas”. “É muito possível que os interesses econômicos e diplomáticos foram tidos em conta, ainda que estas alegações não sejam provadas”, declara o Sr. Coll. Explica, contudo que “as presunções de desvios de dinheiro público são fortes à sua oposição”, o que justificaria os mil milhões de dólares que os líderes possuem actualmente.
Para combater o desvio dos fundos
Para evitar que a queixa fosse classificada sem efeitos pela segunda vez, “adoptou-se uma estratégia jurídica”, explica-se Maud Perdriel, jurista para Sherpa. “Apresentou-se uma queixa simples que necessariamente será classificado sem seqüência. Mas é uma etapa prévia para apresentar uma queixa com constituição de parte civil. Quando julgar admissível, a instrução será aberta”, afirma.
Estes lideres pilhar demasiadamente o seu país, numerosos líderes dos países do Sul terminaram por aumentar as desigualdades nos seus países . E a crise alimentar em curso não arranja nada. “É, por conseguinte necessário restituir o dinheiro desviado às populações. Se a justiça determina que a origem dos activos seja ilícita, não devem ser reciclados sobre um território estrangeiro ao país de origem, e o país que detém deve assegurar-se da sua boa restituição”, declara o Sr. Coll.
“É difícil antecipar o que vai passar-se. Mas Sarkozy (o presidente francês, anota-se) comprometeu-se a alterar as relações franco-africano quando da sua campanha presidencial”, prossegue, recordando apesar de todo o episódio “Jean-Marie Bockel”, ex-secretário de Estado francês da Cooperação desembarcado após ter anunciado “a falência da França-africa”.
O estatuto de imunidade dos chefes de Estado corre o risco de elaborar-se contra os queixosos. Contudo, o delegado geral considera que o seu “recurso jurídico [é] sólido e justo”. “Conta-se com os meios de comunicação social para retransmitir a informação e assim mobilizar mais a sociedade civil”, conclui a Sra. Perdriel.