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quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Diabetes exige cuidados de quem dirige

*Publicado em O LIBERAL de 15/06/2014

BRENDA PANTOJA
Da Redação

   Diabetes é uma doença que exige cuidados constantes e o paciente precisa seguir à risca o tratamento, que inclui remédios, dieta e exercícios físicos, conforme a recomendação médica. Pular uma refeição ou não tomar os medicamentos corretamente pode causar mal súbito e perda de consciência. Este foi o quadro apresentado por uma motorista, no último dia 15 de maio, que perdeu o controle do carro e atingiu fatalmente quatro pessoas na avenida Augusto Montenegro. Não há legislação específica relacionada aos diabéticos e à direção, mas a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) elaborou algumas diretrizes a serem seguidas.
   Há 10 anos, a Abramet divulgou o estudo “Diabetes Mellitus e Risco na Direção Veicular”, em parceria com o Conselho Federal de Medicina, e definiu algumas orientações. Para a entidade, os portadores de diabetes tipo 2 (não dependente de insulina) podem ser considerados aptos para conduzir qualquer veículo sem restrições, pois apresentam menos risco de hipoglicemia grave, que é o baixo nível de glicose no sangue. Já quem registrou episódio de hipoglicemia com perda de consciência no último ano deve ser considerado inapto temporariamente.
      No caso de motoristas profissionais, é necessário realizar  testes de glicemia uma hora antes de começar a dirigir e quatro horas após dirigir de modo contínuo. Se o valor for inferior a 70 mg/dl, o recomendável é não iniciar ou interromper a atividade. O documento ressalta que, em todos os casos, é fundamental que os pacientes estejam sob acompanhamento médico adequado, com alimentação e medicação controladas. As normas também podem ser consultadas no site da Rede Nacional de Pessoas com Diabetes, no endereço www.rnpd.org.br.
      O taxista Eliseu de Lima, 38, é diabético há 29 anos e carrega consigo sempre bombons e doces dentro do carro, pois a hipoglicemia já foi a causa de um acidente em 2002. “O carro capotou e graças a Deus não teve nenhuma vítima grave. Naquela ocasião, foi teimosia minha, porque eu sabia que estava sentindo os sintomas da falta de açúcar”, lembra. Como todos os diabéticos são orientados a fazer, ele verifica a glicose diariamente e, ao longo do dia, identifica o nível abaixo do normal se começa a sentir formigamento na língua e os reflexos lentos.
      “Agora eu sei a importância de cumprir o tratamento certinho e não tenho crise de hipoglicemia há muitos anos”, garante. O médico do trabalho José Marcelino da Silva Júnior alerta para os perigos da hipoglicemia. “Diabetes é uma doença genética, que pode se manifestar logo ao nascer ou no resto da vida. O exame da glicose deve ser feito na sala de parto, para evitar que o bebê diabético apresente convulsão, entre em coma e venha a morrer pouco tempo depois”, explica.
Ainda de acordo com ele, o mesmo quadro pode se repetir em uma pessoa adulta que tenha a doença. O médico atua na Casa do Diabético, organização não- governamental (ONG) que presta apoio aos pacientes. “O mal-estar é rápido, às vezes a perda de consciência é rápida e momentânea, mas é tempo suficiente para que aconteça uma tragédia. É preciso ficar atento também na hora de tomar a medicação, pois se a glicose já estiver no limiar, os níveis baixam rapidamente e ele pode desacordar”, esclarece.

CARTÃO
       A ONG é o único local que fornece aos diabéticos um cartão que informa a condição e deve ser carregado junto com os documentos. No papel, o texto diz que se o comportamento do portador for anormal, com tremor, palidez, crise convulsiva, estado de aparente embriaguez ou torpor psíquico, algumas providências devem ser tomadas. As medidas devem ser dar água com açúcar ou outra bebida açucarada, em caso de desmaio, colocar um pouco de açúcar na boca do diabético, aplicar glucagon intramuscular ou subcutâneo, além de encaminhar a um pronto-socorro.
      “Existem inúmeros diabéticos dirigindo, inclusive profissionalmente, burlando a legislação. Essa informação tem que ser fornecida ao tirar a habilitação, mas muitos omitem”, pontua. Para a psicóloga que atua na ONG, Rosimeire Meira, a conscientização do diabético é importante para evitar episódios frequentes de hipoglicemia e fazer com que o tratamento seja bem sucedido. “É uma doença que não tem cura, que tem várias restrições, que pode ter complicações sérias e exige uma disciplina diária. Muitos demoram a aceitar tudo isso e é preciso trabalhar com eles a valorização da própria vida, da própria saúde”, observa.
       A adaptação não foi fácil para a dona de casa Lucinete Monteiro, 53, que descobriu o diagnóstico há dois anos. “Mudei muitas coisas na alimentação. No começo, fazia o acompanhamento direito, mas depois relaxei. Por causa da diabetes, quase perdi a visão, fiquei mais de um mês sem enxergar direito”, conta. Como não seguia exatamente o tratamento necessário, ela enfrentou complicações quando cortou o pé, há seis meses. “Tiveram que amputar uma parte do pé, talvez minha recuperação tivesse sido melhor se eu obedecesse as recomendações médicas”, reconhece. Mesmo ainda tratando o corte, Lucinete diz que se sente bem melhor. O contato da ONG é através do telefone 3228-2590 ou na sede, localizada na travessa Mauriti, 2743, entre as avenidas Almirante Barroso e Romulo Maiorana.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

DPVAT evidencia violência no trânsito


*Publicado no jornal O LIBERAL de 22/09/2013

BRENDA PANTOJA 
Da Redação

           No primeiro semestre deste ano, R$ 1, 56 bilhão foi  pago pelo Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT) a vítimas de acidentes de trânsito em todo o País. São indenizações por morte, invalidez permanente e reembolsos de despesas médicas e hospitalares para 299 mil pessoas. A quantia é 38% maior que a paga no mesmo período do ano passado. O Estado concentrava, até junho, 3,42% das indenizações no País, com 992 benefícios, segundo o Sindicato dos Corretores e das Empresas Corretoras de Seguros (Sincor/PA) e da Seguradora Líder, que administra o seguro DPVAT. A preocupação é que, até dezembro, a frota de veículos deverá chegar a 500 mil na Região Metropolitana de Belém, de acordo com Carlos Valente, coordenador de planejamento do Detran).
       Em 2011, o Pará teve 1.124 mortes no trânsito e ultrapassou os 46 mil acidentes, com o consumo de álcool aparecendo como possível causa em 325 casos. Valente ressalta, contudo, que a embriaguez também está relacionada a manobras irregulares, avanço de sinal, falta de atenção, excesso de velocidade e outros motivos. “A bebida alcoólica é uma das principais causas de vítimas fatais no trânsito, com quase 50% das mortes no País, e no Pará não é diferente”, pontua. Entre janeiro e maio deste ano, o Detran registrou 10.782 ocorrências do tipo “dirigir sob influência de álcool” em todo o Estado. Só em Belém, no mesmo período, foram 1.646 autuações dessa categoria.
A maior concentração de ocorrências está nas rodovias BR 010, 316 e 163, vias que são perigosas naturalmente. O assunto é discutido durante a Semana Nacional do Trânsito (SNT), que vai até quarta-feira e debate o tema “Álcool, outras drogas e a segurança no trânsito: efeitos, responsabilidades e escolhas”. “O número de autuações seria ainda maior se tivéssemos mais equipamentos para fazer a aferição da taxa de álcool no organismo no condutor”, afirma Valente, que defende a prevenção de acidentes para desafogar o sistema de saúde. “Muitas vezes um paciente em situação menos grave não consegue atendimento por falta de leito, ocupado por um acidentado de trânsito”, exemplifica. Do montante arrecadado pela seguradora Líder, 45% é repassado ao SUS, o equivalente a R$ 2,2 bilhões nos primeiros seis meses de 2013.
Somadas todas as categorias de veículos cobertas pelo seguro (carros, motos, ônibus e caminhões), foram pagas 29.025 indenizações por morte, 215.530 indenizações por invalidez permanente e 54.735 reembolsos de despesas médicas e hospitalares. O relatório publicado pela seguradora Líder aponta que do total de pessoas que sofrem algum tipo de dano em acidentes de trânsito, 70% estão na faixa etária de 18 a 44 anos, ou seja, a que concentra a maior parcela da população economicamente ativa do País. “É uma população que tem acesso à informação e é esclarecida, mas insiste em dirigir sem habilitação e embriagado”, critica.
Carlos Ubirajara, 44, é um dos mais de 215 mil brasileiros indenizados por invalidez permanente. Em um acidente, em setembro do ano passado, ele perdeu a visão no olho esquerdo e ficou com menos de 10% de visão no olho direito. Ele trabalhava como  metrologista e fazia uma viagem a trabalho pela rodovia PA-150, quando uma carreta freou após uma curva, para desviar de um buraco, e ele não conseguiu evitar o choque. “Estava com o cinto, mas o impacto foi tão forte que perdi a visão na hora. Fui levado para o pronto socorro de Tailândia, mas o hospital não tinha condições de me tratar e me transferiram para Belém, numa agonia que durou quase 10 horas”, recorda. Somente seis meses depois, ele recebeu o DPVAT, no valor de R$ 13.500, de duas vezes, após enfrentar muita burocracia.
Em Belém há 26 pontos autorizados para solicitar o seguro. Ubirajara recomenda que o segurado ou a família liguem para os postos de atendimento e confirmem a documentação necessária para evitar transtornos. “Foram cobrados vários documentos que deveriam ter sido emitidos no local do acidente; precisei de diversos laudos para comprovar que os dois olhos tinham sido afetados e receber a indenização integral”, conta. Ele era temporário na empresa e se aposentou por invalidez pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) no final de outubro, ainda a tempo de fazer duas cirurgias. “Ficou faltando uma operação no nariz; fiquei praticamente sem olfato depois do acidente, mas não tenho recursos para pagar a cirurgia”, lamenta.
Mesmo com 18 anos de experiência dirigindo na estrada, Ubirajara foi vítima das péssimas condições das rodovias no estado. “No começo, disseram que perderia a visão, mas hoje consigo enxergar com a ajuda de um óculos de 10 graus. E, principalmente, escapei da morte”, completa. A jovem Marina Holanda Silva de Lima não teve o mesmo destino. Aos 25 anos, morreu em um acidente no centro de Belém, em março de 2005. A mãe, Nádia Silva de Lima, 55, até hoje não sabe a causa da tragédia, que vitimou a filha e o namorado, quando saíam de uma festa. “Eles dirigiam de madrugada com frequência, sempre revezando a direção caso um tivesse bebido, mas nunca haviam se envolvido em acidente”, lembra. Um dos veículos, não sabe-se qual, avançou o sinal.
Os passageiros do outro carro não tiveram ferimentos graves. A família de Marina recebeu o DPVAT, na época no valor de R$ 10 mil. “Pelo que eu percebo, as pessoas em Belém ainda não entenderam que algumas atitudes são perigosas, põem a si mesmo e aos outros em risco e  podem acabar com a vida de pessoas queridas”, alerta.

FRAUDES

O Sincor/PA é um dos pontos autorizados do seguro DPVAT e no primeiro semestre já faz 1.726 atendimentos. O diretor do sindicato, Otávio Augusto Souza, avalia que a maior dificuldade é a divulgação dos direitos das vitimas de acidentes. “É essencial que os interessados busquem se informar para não caírem na armadilha de pessoas que tentam tirar vantagem”, orienta. A seguradora Líder intensificou  o combate à fraude no primeiro semestre deste ano, com comprovação de 2.473 tentativas de fraude, que poderiam ter gerado perdas  de até R$ 11,3 milhões. Dados coletados pela entidade mostram ainda que a motocicleta é o  veículo com maior incidência de acidente com vitimas, representando em média 66% das  indenizações entre os meses de janeiro a junho de 2012 e 2013 no Estado.
A seguradora Líder aponta que, embora as motocicletas representem 27% do total da frota de veículos do Brasil, elas correspondem a 62% do valor total pago e 71% da quantidade de vítimas indenizadas. “Foram 11.712 indenizações por morte em acidentes envolvendo motocicletas, o que representou 40% dos pagamentos por óbito do primeiro semestre de 2013. Em valores, essas indenizações chegaram a R$ 151,1 milhões”, informa o relatório disponível no site www.seguradoralider.com.br. A página na internet www.dpvatsegurodotransito.com.br também reúne informações sobre o assunto e o Sincor/PA fornece esclarecimentos pelo telefone 0800 7030993 ou assistência pessoal na sede, localizada na avenida Duque de Caxias, nº 295, entre as ruas  Domingos Marreiros e Antônio Barreto.