segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
a coisa mais precisa
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
valer a pena
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
cera quente
Primeiro eu te sorria; tinha a memória seletiva de um cão. Era fácil assim. Você me entregava uma verdade tão absurda que era quase surreal, e eu achava admirável tamanha sinceridade; eu te sorria. A gente se abraçava no mundo e comemorava o encanto que éramos, de discretos e honestos e inocentes. Eu te dava paciência, e a paciência era também o nosso pão; a gente comia disso todo dia sem reclamar. E tu me davas uma porção de coisinhas, como estrelinhas de pelúcia coloridas, como esses móbiles de berço de bebê. Eu estava te esperando. Mas eu só estava te esperando porque você estava se preparando para mim. Você um dia iria chegar, e seria muito melhor que aquilo – se aquilo já era bom, com todos os seus defeitos, imagina quando ficasse; quando a gente progredisse e eu não tivesse mais que te dar paciência e nem tu explicações. Não foi bem assim, devo admitir. Quero dizer, você até que fez a sua parte. Quando chegou a minha vez, eu calei a voz do peito mas ainda ouvia os gritos que abafava para que tu não soubesses que eu era uma corrompida, que minha força era fraca. Depois você foi ficando cada vez melhor pra mim e quanto mais isso acontecia, mais eu enxergava que o que vivera até então era uma ilusão, uma falta de amor próprio; que não deveria nunca ter ficado esperando por ti, porque na época tu não valias nada. E eu comecei a recapitular nossos momentos, e a perceber o quanto eu já estava neles e tu inatingível: o último dia dos namorados, em que você escreveu no box que eu era uma bonitinha – depois fiquei sabendo através de um amigo, por acaso e sem malícia, que para ela havias feito assim o convite pra se casarem. Sabe, eu comecei a te conhecer depois de um ano e a descobrir que não havia conhecido, e que o que havíamos vivido era superficial. E em vez de me tornar uma pessoa agradecida, por teres te tornado muito mais do que eu pedira, eu comecei a ter por ti um sentimento que não é nem de raiva nem de dor, mas tão parecido com a simbiose disso que posso chamar de mágoa. Se o tempo todo poderia ter sido assim, por que não foi? Por que agora? Onde esteve esse tempo todo, e o que pensava, o que sentia? Essas perguntas todas não te faço – o tal grito que calo com teus lábios – pensamento que espanto feito moscas. Mas uma decisão eu tomei, e serei fiel a ela como não foste a mim: eu vou tirá-lo de mim. Infelizmente, não vai dar pra ser agora, com estupidez e arrogância – eu suporto uma depilação com cera até duas vezes por mês e não suportaria isso. Decidi que será como arrancar um adesivo que há muito tempo foi colado ali. Tem que ser pelas pontinhas, distraidamente, de vez em quando, talvez até molhar um pouquinho. Se eu arrancar de repente, pode deixar o rastro do teu papel, e eu não quero viver por ti o que tu viveu por ela e não me deixou ser feliz.
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
já ia
sábado, 9 de outubro de 2010
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
caraminholas
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
medo
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
alguns registros do lançamento em Floripa
Performance de Luiza Lorenz
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eu mesma.
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mais uma vez agradeço a presença de todos
estas são apenas algumas das fotos
devo divulgar todas no orkut em breve.
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
a novidade
sexta-feira, 30 de julho de 2010
"Uns traços, todos imponderáveis", Priscila Lopes
sexta-feira, 23 de julho de 2010
traída
segunda-feira, 19 de julho de 2010
salvação
segunda-feira, 21 de junho de 2010
obstrução
terça-feira, 15 de junho de 2010
amor eu sei
segunda-feira, 7 de junho de 2010
carta curta
terça-feira, 1 de junho de 2010
girassol
sábado, 22 de maio de 2010
dois
segunda-feira, 17 de maio de 2010
cachorra
Via que voltar era um caminho se apagando. Farejava os espaços agora ocupados por outras pessoas; não reconhecia um cheiro que lhe tivesse pertencido. O cheiro do seu dono. Não era saudade, não era nem isso! Era aquela coisa que fica até chato falar porque não se sabe o que é pior: ouvir ou ter confessado, o apego. Um dia fugiu de casa, foi assim. Não sabia que fugiria; não sabia nem que estava indo a algum lugar e, portanto, voltar era algo que não havia cogitado. Quando viu, já era noite. Sentiu-se acolhida em tudo que era barzinho, lanchonete, balada. Ninguém mandava nela, ali, gostavam dela assim. E várias pessoas lhe ofereceram onde ficar, lhe fizeram carinho, brincaram com ela. Tanto que ficou mais um pouco. Dois dias no máximo. E voltou porque voltava, simplesmente. Talvez voltasse pra compartilhar com ele uma alegria que era só dela. Talvez porque apenas uma dose daquela droga de liberdade tivesse sido suficiente. Talvez, ainda, porque ele precisasse muito mais dela, e já devia estar sabendo disso. Ou...
segunda-feira, 10 de maio de 2010
os noivos
terça-feira, 20 de abril de 2010
encontro
quinta-feira, 15 de abril de 2010
tudo novo de novo
segunda-feira, 5 de abril de 2010
sobre avisos e promessas
Soube que se separaram. Não pude conter a petulância de vir até aqui, de sair sabe lá Deus de onde, e vir, sabe lá Ele com que forças, até aqui, pra dizer que eu te avisei. Eu te avisei, eu te avisei. Eu disse tantas vezes que poderia citá-las pra que adormecesses, meu anjo. Eu disse e pensei e acho até que incomodei você com esse assunto por meses, até que você se foi, e eu entendi mas não me conformei, nunca. Não sou homem de mascarar sentimentos, não sou homem de achar que é humilhação qualquer palavra dita num momento de emoção. Até mesmo os palavrões; venero todos, e os trago pra junto de mim, e os abraço - são filhos meus naquele instante. De te esperar, a vida foi ficando. Depois, antes que eu encontrasse uma forma de te reencontrar, perdi o ânimo que me levava a tomar conta de você, a espreitá-la sussurrante, a recusá-la de tanto amar. Fiquei sabendo que estavam bem. Fiquei sabendo que tiveram um filho. Esperei você me ligar nesse dia, como se houvesse possibilidade - havia? Esperei você me ligar no mês seguinte, e naquele ano todo eu andei por lugares em que corresse o risco. Até que um dia eu vi num fime... não, eu ouvi numa música... eu li no Coríntios... eu pensei comigo... que o amor é paciente, ô se é, o amor é um doente bêbado que vive cantando na sarjeta; ou um balão desses que transportam pessoas, que a gente olha pro céu e não acredita como é que voa. E eu te deixei de lado, e eu me deixei ser feliz. Mas agora recebo notícias tuas na Páscoa. Vocês se separaram. E você tem um filho pra criar; eu sei, esse cara não tem condições de lhe pagar uma pensão. Então eu tô te escrevendo aqui pra esse e-mail que me disseram que de vez em quando você acessa. Tô escrevendo pra pedir tua conta bancária e tua agência, teu retorno, teu carinho - tua carência? - teu perdão; tudo-tudo, e simplesmente que, por favor, minha filha, volte pra casa. Beijo do pai, da mãe e do cachorrinho Tobby.