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29.9.23

Cuidados que podem salvar seu gato no calor!

Neste fim de inverno, quando os termômetros de Araçoiaba alcançaram bizarramente 39ºC, peguei Chocolate hiperventilando dentro da caixa trambolhuda que havia deixado no jardim, para liberar a passagem (casa de 60 m2!). E achei importante compartilhar as dicas do veterinário espanhol Carlos Gutierrez — gatos são realmente sem-noção e quem deve ficar alerta somos nós.

Entre os primeiros sinais de calor estão:

- Trocar a cama ou o cobertor pelo chão, esparramando-se no piso frio.
- Passar a comer menos, porque a digestão também aquece o corpo.
- Respirar mais rápido para ajudar a baixar a temperatura.
- Dormir mais para gastar menos calorias.


Já o golpe de calor (ou hipertermia) pode ocorrer quando...

- A temperatura do ambiente sobe muito.
- Os peludos esquecem da vida no sol forte.
- O animal tem mais de 15 anos, pois doenças de coração, pulmões e rins, comuns nessa faixa etária, prejudicam a hidratação.

Para identificar os sintomas você não precisa de termômetro intrarrenal:

- O estado de consciência do bichano se altera, como se estivesse dormindo, e ele deixa de responder adequadamente aos estímulos.
- As mucosas ficam roxas.
- Podem surgir vômitos e diarreias — às vezes com sangue, porque os mecanismos para coagular não funcionam tão bem.
- O coração acelera — mede-se colocando a mão no peito e acima de 37 pulsações a cada dez segundos já indica problema (se não conseguir contar, pior ainda).

Curiosidade: a temperatura de um gato doméstico oscila entre 37ºC e 38ºC, cerca de 1ºC mais baixo do que a dos selvagens.

Para socorrer...

- Passe um pano com água fresca pelo corpo — não se deve baixar a temperatura bruscamente! Se optar pela gaze, deixe-a sobre o corpo para refrescar mais.
- Molhe as almofadinhas das patas, zonas por onde os felinos perdem muito calor.
- Evite estresse.
- Ofereça o caldinho do sachê ou ração úmida processada para reforçar a hidratação.
- Se o bicho não melhorar, leve ao veterinário.

E claro que a estratégia mais certeira é prevenir:

- Tire o joselito do sol forte.
- Coloque um abrigo na área externa — caixa de papelão com tampa não vale. rs
- Deixe água fresca sempre à disposição, espalhando bebedouros pelos cômodos.
- Faça picolés de ração úmida — basta colocar em forminhas, no congelador, com um tico de água.
- Ajude o peludo a se refrescar com um pano úmido — após se lamber, a temperatura corporal deles baixa até 1ºC.

27.9.23

A melhor escova para gatos idosos!

Com a velhice, os bigodes vão sentindo cada vez mais dificuldade para se limpar e a gente precisa dar uma força — principalmente nesta época do ano, em que o casaquinho de pelo reforçado durante o inverno resolve se desmanchar pela casa ou acumular no estômago, com o objetivo de deixá-los mais refrescados para o verão.


Quem tem gatos a partir de 7 anos já pode começar a prestar atenção nos sintomas de artrose, aliás. E, acima dos 12, ela é praticamente certa — nove em cada dez bichanos. Foi em uma escovação, inclusive, um tanto violentamente, que Pufosa tentou me avisar. Até pouco tempo atrás, a gente usava a Furminator, que funciona maravilhosamente para os nós, mas causa desconforto nas regiões sensíveis.

Com a morte dela (e seu rastafári), decidi testar a dica da escova de bebê. E, após pesquisar em lojas físicas, acabei comprando pela internet para levar também o pente, por mais R$ 2. Combinação perfeita, já que ele desembaraça melhor o pelo longo da Pimenta, sem a dureza da Furminator, ainda ajuda a limpar a escovinha.


As quatro meninas amaram o carinho com cerdas! Além de liberar serotonina, aumentando a sensação de bem-estar e felicidade, a escovação também reforça o vínculo com seu amigo. E Jujuba está dois tons menos vermelha de rolar no nosso deck de bairro não asfaltado — poeirão que a Furminator não limpava tão bem.

20.9.23

Inchaço pós-briga de gato pode ser abscesso

Eu custei a acreditar, admito. Mas uma das unhadas bobas que Keka levou do frajola cara de pau que invadiu nosso gatil, no dia 22 do mês passado, acabou infeccionando e virando um abscesso. Gigante — nunca vi tanto pus sair de uma ferida! Gato é bicho fácil de desenvolver esse tipo de problema porque sua pele cicatriza rápido, bloqueando a saída das bactérias.


Na luta pela expulsão, as células de defesa, conhecidas como glóbulos brancos, produzem o pus, um líquido espesso, geralmente amarelado, com cheiro de podre e, às vezes, sangue. E, quando a batalha fica muito difícil, o organismo cria uma espécie de parede em volta do processo inflamatório, impedindo a migração para outras regiões.

Essa bolha, macia, mais quente do que o resto do corpo e doída, chamamos de abscesso. Eu já havia ficado impressionada com a "explosão" do pescoço da Guda, em 2008. Mas não imaginava que um caroço surgido três dias depois do ataque, inicialmente duro e que demorou duas semanas para deixar vazar um sorinho discreto, pudesse ter ligação.

Com a orientação do veterinário, mediquei e fiz compressas quentes para acelerar a drenagem — 15 minutos, duas vezes por dia, começando com a bolsa enrolada na toalha para não queimar a coitada.


E no 16º, graças à persistência das lambidas, a bolha estourou. Diferente do episódio da Guda, porém, o conteúdo saiu a prestações — só dei uma ajuda no final, para garantir que não sobraria nada.


E fui limpando o machucado com Líquido de Dakin. Essa é uma dica salvadora de antisséptico, apesar de vender apenas em loja de material cirúrgico, porque os bigodes podem ingerir — dentistas usam para a irrigação de canais.


Keka perdeu meio quilo (comentei que abscesso dói, né?), mas finalmente habemus casquinha!

15.9.23

Gatos dormem menos do que parece | EG #22

Eles podem até passar mais da metade do dia de olhos fechados, mas boa parte desse tempo é gasta com sonecas curtas, estratégia de quem está no meio da cadeia alimentar, precisando se manter protegido de outros predadores e também caçar seu próprio alimento — cerca de 30 tentativas para uns oito ratinhos, segundo Jackson Galaxy em O Encantador de Gatos, livro que inspira esta série.


Quando pegam no sono profundo, porém, sonham como a gente, chegando a tremelicar olhos, bigodes e patinhas com a contração dos músculos — a gangue aqui protagoniza altas batalhas e banquetes oníricos! E o ritmo circadiano (o famoso relógio biológico) dos bichanos também muda com a duração do dia e a incidência de luz, assim como o nosso.


Ok, eles dão um baile na gente à noite, mas não são animais verdadeiramente noturnos e, sim, crepusculares, com picos de atividade ao anoitecer e amanhecer, como os roedores, sua principal presa — e nesses períodos ainda enxergam melhor do que eles! Isso não significa que vocês precisam trabalhar no fuso japonês, porque os peludos acabam se adaptando à nossa rotina.

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(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanhaaqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 16 anos de projeto. ❤)


CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 23: Qual é o arquétipo do seu bichano?
CAPÍTULO 24: Identifique os lugares de confiança dele
CAPÍTULO 25: Gato medroso: faça do esconderijo casulo!
CAPÍTULO 26: 13 curiosidades felinas
CAPÍTULO 27: Existe bichano dominante (ou alfa)?
CAPÍTULO 28: A importância dos três Rs para um gato
CAPÍTULO 29: Três Rs: o jeito infalível de brincar
CAPÍTULO 30: Três Rs: como alimentar a gatitude
CAPÍTULO 31: Três Rs: limpeza e sono felinos
CAPÍTULO 33: Gatificação: arranhar sem estragos (estreia no dia 18 de outubro!)

8.9.23

Dormindo com o inimigo?

Primeiro Jujuba resolve tocar ao contrário, depois dou de cara com a Marie Kondo no potinho de ração:


Compartilho minha localização com amigos?

6.9.23

Ronco de gato ou possessão?

Estava eu jantando absorta em pensamentos sobre o sentido da vida, os rumos da humanidade e o preço do óleo de girassol, quando o além resolveu conversar comigo. Chequei a geladeira, os bebedouros elétricos, a velocidade do vento, até me tocar que o som bizarro vinha da Jujuba.


O veterinário respondeu que um diagnóstico certeiro demandaria água benta, mas o mais provável seria ronco mesmo. Quase 18 anos de gatos e não sabia que eles também roncavam! Não é comum, mas não precisam se preocupar se o bichano estiver dormindo pesado, quando a respiração profunda e lenta favorece o ruído.


Principalmente se ele for obeso ou pertencer a uma das pobres raças de focinho curto, fatores que atrapalham ainda mais a entrada e saída de ar — acordado, qualquer barulho no nariz, garganta ou peito demanda investigação. Só não confundam com o ronrom, né?

1.9.23

Nunca segure seu gato pelo cangote!

Antes que alguém aponte a contradição, a foto do post é cenográfica: Pimenta tem a pele do pescoço mais flácida por causa da idade (16 anos!) e eu puxei de levinho só para ilustrar a prática ultrapassada — e imagino que a maioria de vocês já deve ter visto um veterinário deixar o gato japonesinho de tanto esticar, né?

Pois essa estratégia é altamente contraindicada porque a região da nuca possui inúmeras terminações nervosas, sensíveis a dor. E, para conseguir a imobilização desejada, garganta, traqueia e esôfago acabam pressionados, aumentando o desconforto. Ficar parado, aliás, não significa que o bichano se acalmou. Trata-se de um comportamento chamado de "congelamento", típico de presas em casos de medo excessivo.


Vocês podem argumentar que a mãe carrega os filhotes assim, só que ela abocanha o pescoço todo, não apenas a pele. E, com poucas semanas de vida, eles também pesam menos. Nem boas lembranças sobram porque esse transporte ocorre em situações de perigo, quando a família precisa se mudar para um local seguro.

Confesso que não sabia disso tudo, mas tem post de 2016 comentando que a gente não imobilizava os bigodes pelo cangote porque parecia aumentar o estresse. E no ano passado a American Association of Feline Practitioners (AAFP) junto com a International Society of Feline Medicine (ISFM) publicaram um guia atualizado com as melhores práticas de manuseio felino.

As diretrizes focam em uma interação amigável, paciente, que respeite o tempo dos peludos e crie associações emocionais positivas — do preparo em casa antes de ir à consulta, passando pelos cuidados com o ambiente da clínica até o manejo em procedimentos específicos, como limpar os ouvidos ou coletar sangue.

E vocês podem compartilhar o PDF em português com o vet que cuida do seu amigo — para curiosos de outras profissões, recomendo a leitura até a página 13 (ou 1.105 do documento). :)