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Pensando demais no não estar. Eu ando assim. Pensando.
Na insuficiência de estar viva e na inexplicável razão da existência. Resistência.
Desalentada de tudo, eu ando. Desmesuradamente sem quereres e sem vontades. Desalento.
Quase querendo que o mundo acabe, que tudo acabe. Quase. E com ganas de me morrer em algum estado de desfazer, diluída de tanto que a alegria se ausentou em mim e de todas as coisas que fugiram junto. Enquanto a tristeza sentiu-se em casa, com endereço fixo e tudo. Tristeza em mim.
Paralisada num tempo que se fixa num “beco” entre o tempo da sabedoria e da insensatez, estou e não estou. E não me movimento para lugar nenhum. No aguardo de nada e sem seivas, não almejo. Tão sem vontade... Tão.
Antes, ainda extraia algum prazer da melancolia. Carregava um mórbido “gostar” da tristeza, que entremeava com meus anseios que já hoje me abandonaram. Tudo me tem abandonado. Abandonada.
A diva de mim encarquilhou e a menina de mim está paraplégica. Até o drama pretensioso, que me fazia, de certa forma, intensa, estanquiu-se. Se antes a alternância de sentires, me dava ao menos a possibilidade de momentos distintos, hoje oscilo numa temperatura entre o frio e o mais ou menos frio. Arraigado em mim. O frio.
Divido-me entre o esforço levantar-me para viver e a vontade de deixar para lá. Nem viver. Nem.
Contudo, é necessário se querer viver. É fundamental. Vital?
Uma família eu tenho. Uma mãe e amigos. Tenho. E um lar para cuidar. Um trabalho eu também tenho. E roupas e alimentos. E gente que precisa de mim.
Só não tenho o experimento de estar viva. Sem gosto, apenas levanto-me todos os dias, e lá vou eu. Por precisão. Eu tenho.
Não que importa se eu gosto ou não do meu trabalho, se eu amo ou não minha família. Não é isso... Apenas que nada mais me arrebata nessa vida. Nada.
Sem motivação e sem encantamentos, nem sinto alegrias em lugar nenhum. Alegrias. Nem pequenas, nem grandes. Não me recordo mais de como era. Alegria.
Tento exercitar pensamentos bons, pois que por instinto de sobrevivência, eu busco sair desse Purgatório. Pensamentos...
Até a ilusão se foi, e sinto-me amarrada a um presente sem futuro, perpetuado numa mesmice envelhecida e desesperadoramente solitária.
A minha falta de vontade é tão, mas tão enorme que quase que se transforma em não estar. Tanto faz. Tudo tanto faz. Tão tanto faz...
Não me encontro em mim. Não estou em lugar nenhum aqui dentro.
Acho que roubaram minha alma.
Que coisa esquisita me tornei. O oposto de um fantasma.
Um corpo sem alma.