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terça-feira, 9 de setembro de 2008

NÃO HÁ FESTA COMO ESTA!


Tocá Rufar


Olá, meus amigos, cá estou eu de volta de mais uma grande Festa do Avante.
Na sexta-feira, às 18 horas em pontos as portas da festa abriam e os primeiros visitantes são logo saudados por uma chuva miudinha, que parecia estar mesmo á espera da abertura. O dilúvio que se seguiu fez com que perdesse o espéctáculo de abertura, que pela primeira vez, trazia a ópera à Festa.

Mais uma vez a Festa trouxe um excelente cartaz até à Atalaia. Os Galandum Galandaina, há muito que lutam pela pela cultura e modo de vida das terras de Miranda do Douro, deram um grande concerto com os Toques do Caramulo. O Nuno Mindelis trouxe os blues com um cheirinho a Brasil. Também excelentes, os Vieux Farka Touré e o Júlio Pereira que já há muito que não o via ao vivo. Para o fim do dia ficaram os sempre explosivos Da Weaseal.

No Espaço Internacional, o PCE dava paelha grátis


No domingo havia os Xutos, que sem deslumbrar, deram mais um excelente concerto com a Big Bang Hot Club. Quem deslumbrou foram mesmo os Terrakota e os Wraygunn, com um Paulo Furtado completamente louco a navegar e fazer crowd surfing pelo meio do público.

No Pavilhão central, uma memória viva da resistência: Um senhor, de considerável idade explicava aos passantes como funcionava o velho prelo onde se imprimia o Avante na clandestinidade. Uma delícia ouvir e reviver velhas histórias de resistência e de como se fintava a constante vigilância da PIDE.


NÃO HÁ FESTA COMO ESTA!

Em breve haverá mais fotos da Festa no Imaginens

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

MÚSICA NO AVANTE


Memória de Adriano

Nas tuas mãos tomaste uma guitarra
Copo de vinho de alegria são
Sangria de suor e cigarra
Que à noite canta a festa da manhã

Foste sempre o cantar que não se agarra
O que à Terra chamamos amante e irmã
Mas também o português que investe e marra
Voz de alaúde e rosto de maçã

O teu coração de ouro veio do Douro
Num barco de vindimas de cantigas
tão generoso como a liberdade.

Resta de ti a ilha de um Tesouro
A jóia com as pedras mais antigas.
Não é saudade, não! É amizade.

José Carlos Ary dos Santos



Festa sem música não é Festa. Este ano houve um elemento comum em muitos dos concertos; a homenagem a dois dos maiores vultos da música portuguesa: Adriano Correia de Oliveira e Zeca Afonso.

Infelizmente este ano perdi o concerto da Sinfonnieta de Lisboa. O programa era de luxo: "Abertura-fantasia Romeu e Julieta" de Tchaikowsky; Cantata para o 20.º Aniversário da Revolução de Outubro" de Prokofiev. Tive oprotunidade de assistir ao ensaio da Cantata e deve ter sido muito bom. O problema é que eu gosto de ver este tipo de espectáculos numa sala fechada e longe do habitual rebuliço da Festa. Enquanto eles tocavam andávamos nós pela Festa à procura de um sítio, sem grandes filas, para comer e beber uns copitos.

O meu primeiro concerto foi já no sábado com a Brigada Victor Jara, acompanhada por Manuel Freire e pelo Grupo de Antigos Orfeonistas de Coimbra. O objectivo desta reunião era precisamente evocar a memória de Adriano Correia de Oliveira. A rouquidão de Manuel Freire foi compensada pela belíssima voz de Catarina Moura. Excelente, o final com a "Trova do Vento que Passa".

Já pela noite, um lindo momento com a fadista Cristina Branco, que cantou Zeca Afonso, acompanhada por uma super-banda constituida pelo Alexandre Frazão(bateria), Mário Delgado(guitarras), Bernardo Moreira (contrabaixo) e Ricardo Dias (piano, acordeão). Como comentava na altura com uma amiga, prefiro a voz dela quando sai um pouco do tom fadista.


Os dois momentos que eu mais aguardava chegaram a seguir: A Fanfare Ciocarlia veio da Roménia para um grande espectáculo. Ouvindo aquela música contagiante fui de imediato transportado para o universo dos filmes de Kusturika.

Dos Balcãs para Chicago foi um pulinho, Otis Grand regressava ao Avante com os Chicago Blue Harp All Stars. Como grande amante de blues, este era o concerto que eu mais ansiava. De novo lá viajava eu para o imaginário dos grandes "bluesmen" americanos, recordando nomes como Muddy Waters, T-bone Walker ou mesmo o grande B.B. King. Depois foi dormir que no dia seguinte havia mais e as pernas já doiam.

Não há pernas doridas que resistam à música dos Peste & Sida. Que bom recordar aquela que já foi uma das minhas bandas preferidas (nunca lhes perdoei a aventura dos Despe & Siga). Desta vez além San Payo e Almendra também lá estava um regressado que veio dar um pézinho com o grupo que o tornou conhecido e o fez chegar à banda do Sérgio godinho. Estou a falar, claro do Nuno Rafael. Este concerto foi muito melhor que o de há dois anos. A banda parece mais rodada e além disso tocaram quase todos os grandes hinos: "Sol da Caparica", "Chuta Cavalo", "Família em Stress" e o sempre vibrante "Carraspana", de fora ficou o meu preferido: "Gingão. No fim mandaram-nos "Ao Trabalho" e foram-se embora. Excelente, poder voltar a vibrar com as mesmas canções com que vibrei na adolescência.

No Palco 1º de Maio, um dos meus locais favoritos da Festa, só vi um concerto, foi o dos Trivenção. Não os conhecia mas o programa prometia mais um tributo à música do Zeca e do Adriano e como hip-hop do palco principal não me agradava muito, lá fui eu. Não me arrependi pois pude ensaiar os meus primeiros passos de dança ao som do "Venham Mais Cinco". Foi um bom momento para aquecer os motores para os Sons da Fala:

Três continentes, separados por um "imenso mar", unem-se pela força da música e da língua em comum.
Sérgio Godinho, Vitorino e Janita Salomé (Portugal), Tito Paris (Cabo Verde), Juka (S. Tomé e Principe) André Cabaço (Moçambique), Guto Pires (Guiné-Bissau), Don Kikas (Angola) e Luanda Cozetti (Brasil) foram os embaixadores da língua portuguesa no Avante. O espectáculo abriu com uma versão bem africana do "Venham Mais Cinco" do Zeca Afonso. Logo as sandálias voaram e foi dançar sem parar até ao fim.

Dançar descalço, na relva e no pó... Eu sei que já tenho idade para ter juízo mas que fazer? A música é a única coisa que consegue quebrar a minha timidez natural.

A minha festa acabou com os Levellers e o seu enérgico rock de influência celta que viriam a aquecer as hostes para os Blasted Mechanism. Como não sou fã e o cansaço já apertava, decidi rumar até casa onde, finalmente, me esperava um bom banho com água quente e uma noite bem dormida.

Fotos: Papagueno

MAIS UMA FESTA

"Não importa a cor política, quando se passa por aquela porta somos todos camaradas."
Manuel Rocha, Brigada Victor Jara

É sempre com muito cansaço e alguma nostalgia que saio da Festa do Avante. Cansaço por três dias de festa sempre muito intensos, nostalgia porque o fim da festa marca também o fim do verão e a partir daqui é pensar em trabalho e nas loucuras para o próximo ano.

Este ano foi interessante a idéia de marcar um encontro de bloguistas na Festa. Foi bom conhecer algumas caras que estão por trás das palavras que lemos, o problema é que no ambiente do Avante, no meio de tanta gente estas iniciativas não são fáceis e aos poucos o grupo foi-se dispersando na multidão. Uma palavra para a Maçã de Junho, a autora da iniciativa.


Como sempre, um dos meus pousos preferidos é a Área Internacional. Gosto de vaguear por lá e experimentar as bebidas tradicionais dos vários países. Desde o Vino Pisco do Chile ao Limoncello italiano passando pelo Grogue de Cabo Verde. Quanto à comida sempre dá para matar saudades da cozinha africana. No meu caso, por motivos afectivos, é a comida angolana que mais me atrai e este ano a moamba nem estava nada mal. Quando se cozinha para muita gente nunca há tempo para grandes caprichos.

O outro lado bom da festa é o convívio. Tivémos a oportunidade de conversar com gente de várias regiões de Espanha, do Chile e até com um timorense que mal conseguíamos compreender.

Os portugueses trouxeram o chá do oriente e foi mesmo uma raínha portuguesa, que na corte de CarlosII introduziu o chá em Inglaterra. Para nós um chá não passa de um saquinho de ervas que se mete num bule com água a ferver. Para o povo do Sahara o chá faz parte da cultura e prepará-lo implica uma série de demorados rituais. Foi numa improvisada tenda que pela primeira vez vi como se prepara um chá de menta. Acreditem que não tem nada a ver com o meter um saquinho em água a ferver.

Fotos: Papagueno

terça-feira, 4 de setembro de 2007

AVANTE

Meus amigos, este blogue vai sofrer uma nova interrupção. Volto depois do Avante. Até lá fiquem bem.
Já agora deixo a sugestão: Venham até à Atalaia!