sábado, 30 de junho de 2012

Dúvida Existêncial (21) - Ainda a entevista a Paulo Bento

Lembram-se daquele tempo em que diziam que muita gente comprava a carta de condução? (e era verdade, porque a mim pediram-me subrepticiamente uma determinada verba para que o examinador fosse "simpático" para mim)
Pois ontem , veio-me isso à cabeça quando vi a entrevista ao Paulo Bento, quando ouvi a jornalista a tratar o Paulo por Carlos várias vezes. Portanto:


Quanto é que custará agora um canudo de jornalista?


E já nem quero falar da forma como a senhora interveio várias vezes na entrevista, demonstrando uma impreparação a roçar o patético.

Vistos e Revistos (9) - Os Coristas (um filme ao fim de semana)

...e uma questão para vocês.

Os Coristas - Christophe Barratier (2004)

A vida não é só poesia,mas o filme que aqui vos trago hoje tem em si muita, Implícita, pelo menos. Chama-se "Os Coristas".
 É um filme de um lirismo extremo e deixou-me de olhos bem abertos, espantados. E acudiu-me a ideia de como o perfil dos meus "heróis" tanto tem mudado à medida que a minha idade me vai transformando. Porque para mim, aquele simples professor de música, que passará toda a sua vida a ensinar anonimamente, sem fazer questão de receber outra paga que não seja a dedicação dos seus alunos à música, ficou a ser um dos meus “heróis”.
Quando era garoto, o meu imaginário era povoado pelo ladrão de Sherwood que roubava aos ricos para dar aos pobres, ou pelos Cavaleiros de Artur, pelas personagens do Oeste selvagem protagonizadas por John Wayne, e nunca me esqueci da cena de pancada vencida por Alan Ladd no "Shane", nem do Errol Flynn corsário de todos os mares. Depois, só talvez o inesquecível Indiana Jones tenha tido para mim, o mesmo fascínio. O cinema foi evoluindo (claro que há grandes marcos que ficaram como filmes de uma vida plena deles, como Citizen Kane, Casablanca, Sunset Boulevard, Morte em Veneza ou As Asas do Desejo ou qualquer um de Hitchcock, mas aí, fala mais alto a obra, que não o protagonista) e com ele fui eu crescendo.
Fui deixando de me impressionar com os efeitos especiais, com as gestas heróicas, e fui retendo mais os heróis anónimos, talvez porque na sua simplicidade se aproximem mais de mim, talvez porque lhes sinta melhor os dramas, os sinta mais humanos, mais alcançáveis. Creio mesmo que a idade nos vai criando fragilidades e são elas que nos permitem entender melhor estes caracteres.
Suponho que a minha primeira destas figuras terá sido o vagabundo de Charlie Chaplin, que na sua miséria extrema toma a seu cargo o órfão ainda mais miserável que ele. Vi esse e outros filmes dele, quando ainda usava calções. E lembro-me. Mas tenho a certeza que a plena emoção ao vê-los, só a atingi já adulto. Mais tarde, principalmente nos últimos anos – por vezes parece-me que o cinema, principalmente o europeu, se vem a humanizar cada vez mais – a minha galeria de heróis anónimos, aqueles que me conseguem tocar nas cordas mais profundas da alma, foi crescendo. É assim que me surge Alfredo, o conselheiro de Salvatore e extraordinário projectista de Cinema Paraíso que viverá para sempre na minha imaginação, e no meu coração, mesmo ao lado de Mário Ruoppolo, o espantoso Carteiro, de Pablo Neruda. Confesso que tinha os olhos rasos quando acabei de ver qualquer dos filmes, mas como sei que um homem não chora fiquei por aí.
Mais tarde, passei pela vida de Malena - de que aqui falarei um dia destes - e a sua busca da felicidade, contra a incompreensão de uma sociedade preconceituosa e retrógrada, e também pela de Guido, o pequeno judeu de Begnini em “A Vida é Bela”, que oculta ao filho com mentiras piedosas a monstruosidade que o rodeia.
Durante a última década, ficaram comigo fabulosa Amélie e a sua extraordinária e mágica história, o pobre amante Benigno, de Habla com Ella, de Almodôvar, e o fragilizado psiquiatra e pai Giovanni de O Quarto do Filho, essa espantosa e sofrida obra prima de Nani Moretti, de que já aqui falei.
Agora, a todos eles, juntei Clément Mathieu, o professor de música de Font de L’Étang, com a sua generosidade ímpar, o seu amor à música e às crianças. São estes os meus heróis, modestos, simples, atingíveis, até frágeis, pecadores. Mas todos extraordinariamente humanos, incapazes daqueles prodígios dos meus heróis de outros tempos.
Numa altura em que este espaço dos blogs é cada vez mais interactivo (e ainda bem, sinal que cada vez está mais dinâmico), e que se lançam desafios, muitos deles bastante interessantes e que tenho verificado virem a ser correspondidos por muitos de vocês, gostava de vos deixar mais este, sobre a forma como se vai alterando a nossa visão em relação a estes personagens, ficcionados é certo, mas que vão entrando nas nossas vidas como se fossem reais.
 "Serão os nossos heróis cada vez mais humanos?"

Nos Teus Braços



Na noite em que me perdi pela primeira vez entre os teus braços
Encontrei a paz que até então sonhava e era minha só a espaços

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Night' Music (45) - Boulevard Of Broken Dreams - Green Day


Boulevard Of Broken Dreams - Green Day



Body and Face (8) - Eva Green



007 /8) - Eva Green

OUTRAS FACES - EVA GREEN




Casino Royale - Vesper Lynd

A Verdadeira Índole de Branca de Neve...

...e outras personagens da BD e animadas (Take II)

Há situações que, não tendo grande importância em si mesmas, me fazem ficar de certo modo satisfeito comigo próprio, principalmente quando verifico que não estou só em certas teses que venho há algum tempo defendendo, para mais quando a companhia é de peso.
Ainda me recordo do dia em que assisti no El Corte Inglês ao lançamento do livro "Os Piores Contos dos Irmãos Grim, pelo autor, Luís Sepúlveda, que teve como parceiro de escrita, o uruguaio Mario Delgado Aparaín, e que é um exercício de humor irresistível.
No meio do improviso de introdução à obra, Luís falou da vertente sexual de algumas dos livros dos mais conhecidos irmãos Grimm com dois m's, (que estes sobre quem eles escrevem, são outros dois irmãos, Caim e Abel, só se assinavam com um, e não são alemães, mas gaúchos e cantantes e não autores de histórias). Nomeadamente, referiu ele que o conto da Branca de Neve e os Sete Anões era uma evidente apologia da pederastia, opinião que há muito defendo, porque, tenho a certeza, não seria normal que uma jovem no auge do vigor e na plena posse das suas faculdades, sujeita a ímpetos como todo o jovem saudável, se entregasse a uma vida de castidade tendo ao seu alcance sete, digo sete, machos que, embora pequenos, não deixam de o ser, a menos que estes sofressem de alguma alergia mal especificada. Como não seria expectável que, os pequenos habitantes do bosque não aproveitassem para tirar a barriga de misérias, depois de tantos anos a espancar o urso ou de orgias de sentido único, factos que os autores, escondem despudoradamente ao leitor menos avisado. Veja-se a desolada cara de Dunga, o seu choro convulso, quando vê a sua iniciadora nos prazeres terrenos, adormecida pelo veneno da bruxa má, e aí teremos a prova de que só a tragédia de se ver sem o objecto do seu desejo, de se ver na perspectiva de ter que voltar ao seu papel passivo perante os desejos libidinosos dos seus parceiros mais velhos, seria passível de tão desesperada reacção.
É verdade que, há uns tempos defendi a tese que os sete anões, tal como TinTin, Batman e outros personagens seriam de sexualidade ambígua, mas hoje já poucas dúvidas me restam. Se na relação de Batman com Robin ainda chegou a haver campo para algumas dúvidas aquando da aparição da Catwoman, fugaz, uma vez que o herói-morcego se encarregou de eliminar o obstáculo que se poderia interpor entre ele e o seu jovem amigo, ainda em idade de mudar de orientação, em relação a Tintin nem alguma vez a questão se pôs, porque à sua relação com Hadock, nem Castafiore chegou a constituir ameaça. O rapaz que prolongava a sua adolescência, e escondia o passar dos anos debaixo de um penteado punk e de umas calças Jean-Paul Gautier, era um misógino impenitente que só se abria com os seus amigos homens. As permanentes bebedeiras de Hadock eram, na minha perspectiva sinal, de que era no álcool que o marinheiro escondia algo que nem a si próprio queria confessar.
Poderia também falar dos interesses subliminares de Gepeto em relação ao seu protegido Pinóquio, manifestamente denunciados na maneira dúbia como o sentava no seu colo, para pretensamente o aconselhar (aliás, esta história é toda muito cheia de subentendidos, com aquele Grilo com poses de grila) Mas em relação aos sete pequenos, mudei a minha opinião, depois de ler as excelentes obras da socióloga americana radicada na Papua-Nova Guiné, drª Olívia Dild O Littlemen, “How to turn your midget in a sex toy”, e “How I sexually survived 10 years among the pigmies of the Kalaari” , em que ela descreve as suas experiências de vida com povos de altura abaixo do normal, em vários pontos do globo, nomeadamente no Botswana, e de como conseguiu desviar muitos dos hábitos sexuais deles em seu proveito.
Não poderemos, contudo, passar das especulações, uma vez que tem sido sistemáticas as mistificações com que temos sido bombardeados com o intuito de nos confundir, algumas das quais vindo dos pseudo-moralistas tempos vitorianos, outras mais recentes, nomeadamente dos estúdios Disney, conforme atesta a imagem ao lado, cortada do filme, e bem denunciadora dos atrevimentos da Branca de Neve (corte talvez prenunciador dos tempos de censura macarthista que se avizinhavam) e que me foi enviada pelo douto bibliógrafo inglês radicado na Alemanha e grande estudioso da obra dos dois irmãos, Rudolph Pinok-Adass, que me assegurou que a mesma fazia parte da 1ª edição ilustrada do conto, editada por uma impressora de Marburgo por volta do ano de 1830.
Para finalizar. e porque já vos deixo bastante matéria para reflexão séria, acrescentaria que ando agora a fazer umas investigações exaustivas sobre a verdadeira índole da relação de amor/ódio entre Peter Pan e o Capitão Gancho.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Memphis Beat "Hold On im Coming"

 HOJE!



Night' Music (45) - Propellerheads ft Shirley Bassey - History Repeating

Propellerheads ft Shirley Bassey - History Repeating


Auto Up-Grade

Já decidi porque automóvel vou substituir o meu, que já está quase nos 100.000Km Só ainda não decidi a cor. Any suggestion?


Bugatti Veyron

007 (7)

OUTRAS FACES - URSULA ANDRESS






Honey Rider in "Dr, No" (1962)

USA (e abUSA)


Elogio da Preguiça

Confesso: sou um preguiçoso militante.
Aliás, não tenho que confessar, assumo-o sabendo que nesta minha opção estou acompanhado de grandes vultos e orgulho-me da companhia. Por exemplo, sempre fui um admirador de mestre Agostinho da Silva, mas quando o ouvi numa sua conversa vadia afirmar que o homem não tinha sido criado para trabalhar e sim para usufruir, dolente, do que o rodeava, tornei-me um indefectível.
Para não me desviar dos meus objectivos, tenho sempre presente uma sábia máxima de um longínquo amigo meu, que repetia muita vez e eu já aqui mencionei: “Há dias em que só me apetece trabalhar. Nessas alturas, encosto-me a um canto e espero que a crise passe “.É verdade que este tipo de decisões em relação ao que somos e ao que queremos ser, dá trabalho, o que, de certa forma, macula a pureza das nossas intenções, mas estas, por mais nobres como é o caso, têm sempre um preço.
Como é evidente, a situação tem-me fornecido tempo extra e embora não me dedique a elucubrações esotéricas, entrego-me assiduamente a divagações metafísicas, o que me tem proporcionado profundas reflexões e consequentes reposicionamentos quanto às minhas convicções, nomeadamente religiosas. É assim que, depois de muitos anos de estreito ateísmo, me tenho tornado agnóstico, descaindo mesmo, muitas vezes - aproximadamente 104 vezes por ano - para a crença, que se vai aprofundando conforme se vai a semana aproximando de 3ª ou 6ª feira e consequente extracção do Euromilhões.
Logicamente que, e para que as convicções se tornem consistentes, têm que se apoiar em argumentos fortes, pelo que, estendido na rede à sombra das palmeiras, com uma leve brisa a servir de embalo, vou dando umas pequenas leituras á Bíblia - friso: pequenas, que aquilo tem muitos personagens e se forço, acontece-me como quando tentei ler o “Guerra e Paz“, e ia tendo um esgotamento.
Acrescento desde já que não comecei bem, uma vez que calhei abri-la naquela parte dos 10 Mandamentos e quando li aquela do “Não cobiçarás a mulher alheia“ nem quis acreditar. Uma pessoa que escreve aquilo é porque não conhece a Sylvia, a mulher do Mário, que é checa e que é daquelas mulheres cujos peitos anunciam a sua presença com uns segundos de antecedência e quando sai, as nalgas ainda demoram um bocadinho. E o autor daquelas sentenças, na sua pretensa omnisciência, deveria saber que há tentações às quais é impossível escapar, ou não fôssemos nós todos humanos. Já para não falar no trabalho que dá resistir.
Para terminar, peço desculpa por algum erro ortográfico ou por a prosa não ser muito legível, mas escrever deitado na rede, torna-se um pouco incómodo e bastante trabalhoso, pelo que já estou um pouco ofegante, o que me faz ficar com a letra tremida.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Memphis Beat

Estreia amanhã pelas 22,25h no AXN a 2ª Temporada. 
Uma das melhores séries americanas dos últimos anos. 
Policial com muito boa música

O pior que os ucranianos teem...

...são mesmo os traumatismos.
 

Seara Ardente

És tu o fim de verão que eu esperava
E esse teu olhar terno e suave
fez saltar a centelha que aguardava
Na sombra, mas nunca desatenta,
A vez de se alastrar pelo meu peito
transformando-o em seara incendiada


(mas porque é que eu me meto nestas coisas?)

007 (6)

As outras faces


As Novas Lojas do Bairro

Aqui há uns tempos, escrevi sobre a nova moda que nos assaltou, e que aqui no bairro é mato, de se baptizar as lojas mais simples - normalmente relacionadas com alimentação de “boutique” : é a Boutique Doce (pastelaria), a Boutique do Pão (padaria, claro), Boutique do Café (óbvio) e por aí adiante. 
Mas umas voltas mais recentes pela cidade, deram-me a noção de outras designações muito em voga: são as lojas “Gourmet”, os Lounge e os Ateliers. 
Por outro lado, também aqui no bairro, parece que todas as lojas foram amaldiçoadas, porque nada medra (não é gralha, não) a não ser cafés, restaurantes e farmácias, e mesmos estas parecem já ter gozado de melhor saúde. Portanto, é um sítio fácil para se trespassar uma loja (desde que se tenha dinheiro suficiente). 
Ora como que por encanto, no espaço de 15 dias, abriram 4 lojas novas muito próximas umas das outras (as antigas encerradas há que tempos), e curiosamente, todas dedicadas à alimentação. Mais curiosamente ainda, todas com donos de origens diferentes: um jovem casal do Porto abriu um café, um paquistanês abriu uma frutaria, tal como um chinês. Um indiano abriu uma mercearia. E com pouca imaginação designaram as frutarias por frutarias, o café por café e a mercearia por mercearia. 
Tendo em conta tudo isto, resolvi investir na criatividade. Assim, arranjei nomes modernos para as 4 lojas, vou registá-los na SPA e depois vou propo-los aos proprietários, a quem, a troco de alguns euros, lhes cederei nomes que lhes garantirão, com certeza, muita freguesia. 
Assim, para a frutaria do paquistanês escolhi o nome de Atelier da Fruta “Qué Frô”; para a do chinês, Botique “Maçã Pa Si”; para a Mercearia do indiano, Loja Gourmet "Monhé Patele", e para o café do simpático casal do Porto, vou propor o nome de Murcon Lounge. 
Que acham? Muito originais, não?

terça-feira, 26 de junho de 2012

É Verdade Que Estamos no Verão. Mas Cuidado!

Demasiada exposição pode não ser muito aconselhável

Mania das Grandezas

Podia-se ter ficado por um smart no estômago. Mas não. Tinha mesmo que ser um volvo nos intestinos

Aviso à Navegação:

Não fui ao concerto da Madonna, nunca fui a um concerto da Madonna, nunca irei a um concerto da Madonna, não ouço Madonna, não gosto da Madonna. 
E já agora, para memória futura: Também nunca irei a um concerto da Lady Gaga

Ontem, Saí de Casa Armado...

Ontem fui até à FNAC do Colombo - não costumo ir à do Chiado para não me cruzar com alguma estrela da nossa intelectualidade ou blogoesfera o que me faria entrar em depressão e com o meu complexo de inferioridade a fazer estragos - com a intenção de comprar um livro (na verdade era mais que um, mas esse era o principal) que me interessa ler. 
Não havia, mas prontificaram-se a mandá-lo vir de outra das lojas. Não, não gosto de esperar por uma coisa que posso arranjar de imediato numa livraria próxima.
Como precisava de fazer mais umas compras de supermercado, juntei o útil ao útil e fui ao El Corte Inglês. Comprei o livro (o menos “urgente” estava esgotado), e como a componente feminino do lar é fã do Stieg Larsen, comprei também o DVD de “Os Homens que Odeiam as Mulheres” (lá está, uma coincidência, tinha acabado de expor um post com a foto do David Craig). 
Chegado a casa, pousei o livro, tirei o celofane que cobria o DVD e pu-lo a jeito para o ver de tarde. E depois do almoço, lá fui eu buscá-lo para o por a correr no leitor. Para meu espanto, aparece-me isto:


- Já viste? Algum tipo violou isto e fez uma cópia pirata, e nós é que levamos com ela! - disse eu para a minha mulher. - Vou já lá reclamar, que a mim não me comem por tótó
Meto-me no carro levando comigo o DVD, a factura e o celofane com o preço, e ainda um bocado em brasa por ter sido vítima de um embuste, por ir perder mais de meia hora da minha tarde e gastar um litro de gasóleo. 
Lá chegado, apresentei no balcão os 3 elementos e disse ao empregado: 
- Comprei aqui isto esta manhã como pode comprovar, e agora abra lá a caixa de DVD - o empregado abriu, viu o disco, e respondeu-me: 
- Sim, e então
- Isso é uma cópia pirata.
- Não, não é. O senhor leu este anexo que está junto ao disco? É que aqui explica que esta foi a forma que o realizador considerou que, tendo em conta o substrato do filme, a obra deveria ser apresentada, uma vez que a “heroína” do filme é uma hacker
Bom, eu não tinha lido mesmo, pensava que aquilo era uma sinopse do filme, e à medida que lia, fui ficando um bocado embaraçado.
Pedi desculpa ao homem explicando-lhe o que tinha pensado ser aquilo e que nem me tinha passado pela cabeça ler, e vim-me embora a pensar que tinha feito figura de urso. 
Meti-me no carro para regressar a casa e pensei; 
Saí de casa armada em cidadão que quer defender os seus direitos - já tinha até pensado em fazer queixa á ASAE e à Sociedade Portuguesa de Autores - e afinal, chego à conclusão que por precipitação, saí de casa armado em parvo

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Amor de Mãe



Night' Music - Genesis - Dancing with the Moonlit Knight

Genesis - Dancing with the Moonlit Knight


Guess Who? (1)

A Tua Cara não me é Estranha...




E pelos vistos, o resto também não.

Pesca


O meu pai tinha uma voz timbrada, forte sem chegar a ser agreste, e um riso breve, mesmo o sorriso nunca demorava muito, era quase envergonhado. Num tempo em que um homem não chorava, penso que era como se o seu íntimo o avisasse que o sorrir seria um sinal de fraqueza. E no entanto, toda a gente o achava muito simpático.
Contava poucas estórias e repetia-as muito, tendo o hábito peculiar de as povoar com uns "e tal", como se em determinadas alturas lhe fugisse o fio condutor, recuperando-o logo a seguir.
Mas as repetições, longe de me aborrecerem, divertiam-me porque as estórias, a cada nova repetição, pareciam tomar uma feição diferente, tais as alterações que lhes introduzia. Penso mesmo que algumas, já tinham muito pouco a ver com o que tinha, na verdade, acontecido.
Depois, muitas daquelas pequenas "estórias", à força de tanto as ouvir, tornaram-se quase minhas, era como se tivesse sido eu a intervir nelas.
Nunca me esqueci da maldade que ele fez às mulheres que andavam a colher a azeitona e a quem ele no último dia, deu o jantar de despedida, em que as pobres comeram gato por coelho, e gostaram, o que não me admira, sabendo da mão do meu pai para o petisco. E ainda me recordo com um sorriso, o seu olhar divertido, de vanglória simples, contando que no fim, durante o serão de cantares e anedotas, lhes tinha denunciado a safadeza, e elas tinham tentado, em vão, livrarem-se metendo dedos à boca, do que já estava mais que digerido.
Curiosamente, as minhas conversas com ele, nunca atingiam um grau muito elevado de intimidade. Para ser justo, diria que, verdadeiramente, nunca discutimos assuntos muito delicados um com o outro, do foro privado, sobre política, ou qualquer outra questão. Mesmo dos meus gostos ele sabia muito pouco.
Quando lhe comuniquei que ia casar, respondeu-me com um sorriso. Quando lhe disse que ele ia ser avô, respondeu-me com outro.
Por vezes penso que erguemos entre os dois um pequeno muro, não para que a um ficasse vedado o acesso ao jardim do outro, mas para evitar que, mesmo inadvertidamente, pudéssemos pisar as flores um do outro. Sempre considerei aquilo como uma questão de respeito, embora de custos elevados.
Um amigo meu, que partilhava a minha paixão pelo basquete e que era meu companheiro de equipa, um dia decidiu dedicar-se à pesca.E ficou viciado. Quando soube gozei com ele. Senhor de um dinamismo que não me deixava ficar parado mais que breves segundos no mesmo lugar, não entendia como se podia estar ali um dia inteiro de cana estendida e regressar ao por-do-sol, com um sorriso de satisfação nos lábios e de saco vazio.
- Aquilo acalma. Devias experimentar. É o melhor exercício de relaxamento que há. Às tantas, não nos lembramos de mais nada, não temos pensamento. Portanto, não pensamos, adeus aborrecimentos, entendes?
Não entendia. Aquilo era demasiada monotonia para mim, um ser agitado por natureza.
- Depois, passa-se uma coisa curiosa quando vou acompanhado, sabes? Aquela imensidão azul ali à minha frente, tem um estranho efeito psicológico, é como se estivesse em confissão, logo eu que nem posso ver padres, desato a desabafar com o meu companheiro. Felizmente, têm sido sempre amigos suficientemente íntimos, porque nem te passa pela cabeça o que lhes tenho contado. Algumas coisas que nem a mim tinha coragem de confessar.

Nunca mais me esqueci daquela conversa, apesar de pensar que ele tinha empolado aquela questão das conversas com os companheiros do momento. Mas senti que seria interessante um dia experimentar aquela terapia.

Sobretudo, a partir daquele dia ficou-me uma mágoa, suave embora, por o meu pai nunca me ter levado à pesca

domingo, 24 de junho de 2012

007 (5)

O Último (o mal-amado?)



E Tu? Matarias por Amor?


...Formaram um círculo de vinte ou trinta à sua volta e agora cada vez apertavam mais o círculo...
...Em seguida e de um só golpe, a última barreira quebrou-se dentro deles e com ela o círculo. Precipitaram-se para o anjo, caíram-lhe em cima, prostaram-no por terra. Cada um queria tocar, cada um pretendia a sua parte, possuir uma pequena pluma, uma pequena asa, uma centelha do seu fogo radioso. Arrancaram-lhe as roupas, os cabelos, arrancaram-lhe a pele, cravaram-lhe as unhas e os dentes na carne. Atacaram-no como hienas.
Contudo, um corpo humano é duro e não se esquarteja facilmente, os próprios cavalos têm dificuldade em fazê-lo. Não tardou, igualmente, a divisar-se o brilho dos punhais que se abateram e cortaram; machados e facas silvaram ao atingir as articulações, ao quebrar os ossos estalavam. Num curto espaço de tempo, o anjo foi desmantelado em trinta bocados e cada membro da horda empunhou o seu bocado e, cheio de uma gula voluptuosa, afastou-se para o devorar. Meia hora depois, Jean-Baptiste Grenouille havia desaparecido da superfície da terra até à última fibra.
Quando, após terem terminado o seu repasto, os canibais se reencontraram à volta da fogueira, ninguém pronunciou palavra. Um ou outro soltava um arroto, cuspia um bocadinho de osso, produzia um estalido discreto com a língua, empurrava com o pé para as chamas um minusculo pedaço de tecido que restava da casaca azul. Estavam todos pouco à vontade e não se atreviam a encarar-se. Aqueles homens e mulheres tinham já na consciência um assassínio ou qualquer crime ignóbil. Mas comer um homem? Nunca na vida se teriam julgado capazes de uma coisa tão horrível. E admiravam-se, mesmo assim, por terem cometido aquele acto com tanta felicidade e não sentirem, à excepção da falta de à vontade, o mínimo peso na consciência. Pelo contrário! Tinham o estômago um pouco pesado, mas o coração alegre. Nas suas almas tenebrosas surgiu um repentino palpitar de alegria. E nos rostos pairava-lhes um virginal e suave brilho de felicidade. Era indubitavelmente esse o motivo por que receavam erguer os olhos e fitarem-se.
Contudo, quando se arriscaram a fazê-lo, primeiro de fugida e depois abertamente, não conseguiram reter um sorriso. Sentiam-se extraordinariamente orgulhosos. Era a primeira vez que faziam qualquer coisa por amor".


Extracto final de "O Perfume", de Patrick Suskind

Tenho a quase certeza de que todos/as vocês já leram este romance de Suskind. A maioria tê-lo-á certamente feito.
Portanto não me vou alongar na apreciação dos poucos parágrafos que vos deixo, muito menos do romance que conta a história trágica de Grenouille.

Como é domingo, para não aborrecer muito que é dia de lazer, só vos interrogo: pode-se matar por amor?
Ou matar pode ser, em algum caso, um acto de amor?

sábado, 23 de junho de 2012

Vistos e Revistos - Gilda

Gilda (1946) - Charles Vidor

Este talvez tenha sido um dos primeiros filmes em que a mulher era mostrada na sua beleza plena e terrena, a Eva, “pecadora” e violentamente erótica, com uma feminilidade felina quase excessiva. A obra de Vidor mostrava toda a opulência de formas da ruiva Rita Hayworth, então no auge da sua beleza, e que justamente era considerada à altura, a Deusa do Amor. É um filme negro, muito anos 40/50, com uma história bem estruturada de paixão e traição, que envolve o trio formado pelo dono de um casino, Mundson, a sua provocante mulher e um croupier, Farrell (interpretado por Glenn Ford, à altura um dos galãs de Hollywood), que tinha, em tempos, sido amante de Gilda. A partir da altura em que se reencontram, estabelece-se um clima de tensão entre Gilda e Farrell que se adensa quando Mundson, afinal um agente nazi, encena a sua morte, regressando depois para matar o croupier e a sua “viúva”, o que acaba por não se concretizar. Para além do evidente apelo sexual de Rita, latente em cada minuto do filme, é curiosa a sugestão, muito dissimulada, da homossexualidade de Mundson, que parece sempre mais atraído pelo jogador que pela sua mulher, o que, para a altura em que foi realizado, constituía um desafio atrevido face à moralidade vigente 
Os cartazes de anúncio ao filme diziam que “Nunca houve uma mulher como Gilda”. 
Provavelmente, manter-se-iam hoje muito actuais, porque a beleza de Hayworth será sempre qualquer coisa de extraordinário.

DIZ-ME...


...Já não há Amores Perfeitos?
 

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Playboy - Uma Revista, Três Filosofias

Playboy Americana: a filosofia que levou à sua criação em 1953, é a de exibir fotografias de mulheres nuas*, algumas conhecidas (a primeira foi Marilyn Monroe)



Playboy Brasileira: a filosofia com que foi criada é idêntica à da americana, acrescida da exigência de que em todos os números, fossem exibidos nus frotais integrais de uma mulher (pelo menos nacionalmente) conhecida


Playboy Portuguesa: a filosofia é sem dúvida a mais sofisticada: é um híbrido entre os 1ºs números da Playboy americana (em que os modelos só apareciam em top-less e bastante discretas) e um catálogo de lingerie.

Conclusão: a Playboy portuguesa está mais ou menos no mesmo estágio que a Playboy americana de 1953 (mas sem a Marilyn) o que demonstra como está a evoluir a nossa mentalidade

* - A Playboy só começou a exibir nús integrais frontais nos anos 70

Beatles Covers Week - Stereophonics - Don't let me down


Stereophonics - Don't let me down



A canção de Elvis era a "Blue Suede Shoes"

Ainda a propósito do post "fashionista" de ontem. Os sapatos que o Elvis cantava eram de camurça azul, estes da foto são de camurça, mas de um castanho tabaco, muito habitual nos sapatos de Northampton. Dizem que todos os homens têm o seu lado feminino. A ser verdade, o meu tem a ver com sapatos. Gosto muito de sapatos, mas têm que ser bons, muito bons.  
Mas vamos aos de camurça. 
São especialmente indicados para Primavera/Verão, embora possam ser usados no Inverno desde que se evite a chuva, que os pode arruinar (já há produtos que os protegem, mas nunca fiando). Além de muito versáteis - podem ser usados, tanto com um fato, como com umas jeans - são extremamente cómodos. 
Tal como qualquer sapato, exige manutenção: uma escova apropriada é suficiente. 
Estes tipo de sapatos tem um ponto fraco: ao fim de algum tempo, ganham uns vincos no sítio onde o pé dobra. Mas se forem de boa qualidade, isso empresta-lhes uma certa patine e parecem ficar até mais sedutores. Aos outros...bom aos outros é melhor mesmo deitar fora porque ficam completamente inutilizados.
Há também uns modelos estilo "pimp", e esses desaconselho vivamente.

Adolescência Curiosa

Há episódios da juventude que se esbatem. Outras que permanecem connosco e que de vez em quando nos vem à memória, parece que se abre uma caixinha de onde saltam as cenas, fechamos os olhos, e parece que estamos a assistir a um filme do qual somos protagonistas.O Jaime é um desses casos, amigo de infância que desapareceu um dia - os pais mudaram-se para outro país, ainda mantivemos correspondência que acabou por esmorecer com o tempo - deixou-me na caixinha algumas lembranças muito curiosas.
Uma delas, a de que foi com ele que fumei, numa tarde de calor num miradouro Jardim da Estrela, o meu primeiro kentucky, que me agoniou como nunca me tinha acontecido e me mandou para casa com uma “pedrada” tão grande que parecia que os pés não iam para onde eu queria que fossem
Nessa altura, ainda passeávamos com os braços de um por cima dos ombros do outro, sem que a tal fosse atribuída qualquer intenção menos honrosa e chegámos a ser os “melhores amigos”. E fomos crescendo e já não andávamos com os braços sobre os ombros um do outro, já éramos adolescentes, as vozes foram engrossando - por vezes lá vinha um falsete - e o Jaime até já tinha um buço. Ou um pouco mais que isso.
E já galávamos as raparigas. Especialmente o Jaime, que sempre se me adiantou.
- Já reparaste na Inês? Tem quê? 14, 15 anos ? - a Inês era uma moreninha roliça, com uns peitos do tamanho de uns limões e pela qual ele tinha um fraco desde criança - tão bonitinha. E já viste o cabelo dela? Tão negro! É uma beleza. E a púbis? Já pensaste como será a púbis da Inês? Deve ser interessante.
- Que raio! Uma púbis interessante??- E ele:
- Já imaginaste? Como será o púbis dela? Deve ser mesmo interessante, mimoso. Claro, aquilo era conversa de adolescente. No fundo, e apesar da sua aparente desenvoltura, Jaime era um ingénuo e nunca vira uma mulher nua, e a Inês abria-lhe as asas da imaginação.
- A curiosidade matou o gato, dizia-lhe sempre, como que para encerrar a conversa, que me intimamente me incomodava, talvez por saber que era ainda mais ingénuo que ele.
- Mas a satisfação trouxe-o de volta, sabias?”, respondia-me ele. Pois.
Mas nunca o Jaime chegou a ver o púbis da Inês, pelo menos que eu saiba e ela tornou-se uma belíssima mulher. Mas conheceu outras mulheres, deitou-se com muitas, matou a curiosidade de ver uma nua pela primeira vez, num dia em que a mãe lhe deu cento e tal escudos para as propinas do primeiro período do 7º ano do Passos Manuel. À tarde deixou-a ralada quando lhe disse que tinha perdido o dinheiro, e à noite, indiferente à tristeza da senhora, foi até ao Bairro Alto, à procura da resposta ás suas interrogações. Naquela altura, era o sítio mais perto de casa e mais fácil para a encontrar, quando por casa não havia uma criada permissiva.É certo que a obteve, mas voltou sem dinheiro e triste.
- Riu-se de mim, sabes? A gaja riu-se de mim quando me viu nu. Ainda lhe procurei dar alento:
- Se calhar estava bem disposta. E afinal, não a viste nua?.Decerto que tinha visto. Mas a experiência não fora nada do que ele esperava. E aquela questão da mulher se rir dele, até a mim deixou marcas. Afinal, há muito que jogávamos na mesma equipa de basquetebol, víamo-nos nus uns ao outros no chuveiro colectivo e nunca me reparei que fossemos muito diferentes uns dos outros. Afligia-me que um dia, uma tipa que não me conhecesse de lado nenhum, se risse na minha cara ao ver-me desajeitadamente nu.
O Jaime, depois do incidente do Bairro Alto nunca mais se referiu ao púbis da Inês, o que, em parte, me deixou aliviado. Mas sinto saudades daquela espécie de deferência com que se referia à anatomia da Inês, quando nele, o vernáculo era recorrente.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

The Beatles Covers Week - Eddie Vedder - You've Got to Hide Your Love Away


Eddie Vedder sings You've Got to Hide Your Love Away



Eis o meu look para hoje


Gravata e Lenço de bolso
Hoje resolvi transformar-me mesmo - só por um dia - num fashion blogger, e expor o modo como saí hoje à rua. Sim, porque se a mulher quer igualdade - e eu concordo - porque não também nós fazermos publicidade dos nossos modelitos? Se alguém quiser saber das marcas dos componentes, a dos sapatos vê-se bem na foto individual dos mesmos, as outras, é só perguntarem que eu respondo (não estou para estar para aqui a fazer publicidade gratuita. Bom, mas vá, só para não vos dar trabalho: o casaco e as calças são da Wesley, a camisa de linho é da defunta Milano, a gravata e o lenço são da Drakes London. Os sapatos são uns "monkton" da Crockett & Jones.

Nota: - Atenção que eu não sou o alter-ego do Arrumadinho

O Tango

     O ambiente era o habitual naquele tipo de casas, obscuro, por vezes pesado. Havia aquele fumo que sempre se escapava do bar onde se sentavam alguns ociosos fumadores aparentemente alheados dos outros, mas apesar disso, conseguiu distinguir as mesas ao fundo abandonadas pelo espaço de tempo que durava a dança. Foi-se detendo nos pequenos detalhes, gostava de conhecer bem os espaços onde se movia, mas de repente o olhar deteve-se: foi como se levasse um estalo e aquela calma cínica que aparentava, abalou-se.
     A visão tremeu-lhe com a miragem extraordinária da mulher, jovem, sem dúvida muito bonita, mas sobretudo, de um magnetismo fortíssimo, um apelo quase animal, que se lhe soltava dos olhos, tão escuros que parecia que a pupila, negra, ocupava mais espaço do que seria normal, dos lábios carmim entreabertos, do corpo, agressivamente feminino, que parecia conter-se para não saltar, inconformado, daquela prisão que constituía o vestido negro muito justo. E tão curto e com uma provocante racha que só se lhe fechava quase na estreita cintura, que com o cruzar de pernas lhe deixava as coxas morenas, completamente à mostra, de uma forma, para ele, extremamente perturbadora.
     O instinto chamava-o a ela. Mas aquela postura, aquele olhar decidido de quem parece saber que tem todos os homens na mão com um estalar de dedos, deixava-o indeciso, convivia mal com a contrariedade. Por fim decidiu-se. Fez-lhe um aceno e ela levantou-se com um sorriso. Sentiu um alívio de que nem soube a medida. Reuniram-se num dos cantos da pista de dança, e se ele se acercou dela cuidadoso, ela puxou-o a si, sem resquícios de algum pudor que se sente em relação a estranhos.
     Nessa altura, a pequena banda ensaiava um tango. “Caramba!Nem de propósito!“. Ela mandou desde o princípio, encaixou o seu corpo no dele, pareciam duas peças de puzzle, e ele pôde assim sentir-lhe o bafo quente no pescoço, os dedos dela que se lhe cravavam nas costas e o pressionavam contra si, o cheiro fresco de mulher jovem. E aqueles roçares de pele…
     Começou a sentir-se alterado, o pensamento de que havia coisas que se manifestavam sempre nos momentos mais inconvenientes atravessou-lhe o espírito, e o facto, de certo modo envergonhava-o, o que o levou a, suavemente, tentar afastar-se dela. Mas ela não lho permitiu e numa curva da dança, enfiou ainda mais acintosamente uma das pernas entre as dele, e ele sentiu-lhe o calor húmido das coxas, os seios palpitantes contra o seu peito, e os suores que se misturavam, escorrendo como capilares ribeiros. Desejava que aqueles minutos não passassem e paradoxalmente, parecia aquela dança prolongar-se por uma eternidade. E quando a música se calou, eles continuaram ainda por uns momentos a mover-se ao som de uma música que só soava nas suas cabeças. Naquela altura, no recinto já só existia um corpo a corpo febril, as carnes em ebulição.
     Quando se separou dela, sentiu-se desorientado, sem saber bem para onde ir. Ela virou-lhe as costas para voltar ao seu lugar, sorrindo da perceptível atrapalhação dele, um sorriso gaiato. Conhecia bem o poder que detinha sobre os homens, não que lhe atribuísse muita importância, mas achava divertidas aquelas situações. Fazia-se tarde, e decidiu ir-se embora. Subiu as escadas que conduziam à saída da mesma forma excitante que dançava. Todos os olhares se voltaram para ela, mesmo os de algumas mulheres, ciumentas talvez da forma como os seus parceiros olhavam aquelas ancas perfeitas e provocantes. Todos a olharam menos ele. que ainda procurava, aturdido, a sua mesa. Quando por fim a encontrou, voltou a percorrer a sala com o olhar e notando-lhe a falta, sentiu-se ainda mais confuso. Ter-lhe-ia desagradado?
     Recuperou a compostura, procurou saber junto de um dos empregados do bar, aquele que lhe parecia mais discreto, se sabia dela. Que não, que a via algumas vezes por lá, que dava nas vistas, mas nunca saía acompanhada.
     Estava decepcionado, mas ao mesmo tempo determinado. E no dia seguinte voltaria. Tinha a noção que o seu futuro estava indelevelmente ligado àquele tango.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Beatles Covers Week - Nick Cave - Let it be


Let it be - Nick Cave



Body and Face (7) - Lisa Edelstein (Cuddy)

(E para terminar com o Dr. House) Eis a possuidora do rabo que enlouquecia o Dr....