Octávio Ribeiro, director do Correio da Manhã desde 2007, não é um jornalista recomendável, mas o excerto de uma entrevista que ele deu ao “Sol” em 2013, conta alguns episódios interessantes das pessoas com quem se relacionou, de que cito apenas esta pequena passagem:
OR - quem convida o josé eduardo moniz para a tvi é o belmiro (de azevedo), apesar de já estar
SOL - como é a sua relação com (josé eduardo) moniz?
OR - da minha parte é de respeito.
SOL - mas não é por causa dele que sai a segunda vez da tvi?
OR - não é por causa dele, é porque não me revia na forma como se geriam as pessoas. acho que os trabalhadores não precisam de ser servis para serem competentes e eficazes.
SOL - essa é a fase em que era frequente a tvi ter profissionais emprateleirados?
OR - sim. havia decisões de uma violência inaudita e injusta. a mim nunca me atingiram, bem pelo contrário, mas não consigo estar alheado do que se passa à volta.
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16.5.16
19.12.12
Portugal à venda
Enquanto os países progressistas e progressivos do mundo preservam o seu património, enfrentando patrioticamente as consequências, os governos liberais europeus endividados pelas suas próprias políticas, alienam a riqueza do seu povo e o próprio povo, rendem-se cobardemente às pretensões neo-colonizadoras dos países ricos.
Foi assim com o desmantelamento da nossa indústria, pescas, agricultura, de que agora choram lágrimes de crocodilo. É assim com as privatizações da TAP, da ANA, da RTP, dos estaleiros de Viana do Castelo..., de que hão-de chorar mais tarde, estes "piegas" fingidos. Como se ninguém visse a Grécia aqui tão perto.
Foi assim com o desmantelamento da nossa indústria, pescas, agricultura, de que agora choram lágrimes de crocodilo. É assim com as privatizações da TAP, da ANA, da RTP, dos estaleiros de Viana do Castelo..., de que hão-de chorar mais tarde, estes "piegas" fingidos. Como se ninguém visse a Grécia aqui tão perto.
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6.12.12
«RTP: o fim anunciado»
O título que dou a este artigo é o nome de um livro que José Barata-Feyo publicou em 2002. E dele recolho algumas passagens oportunas dez anos depois.
«O Governo nomeia o conselho de gerência ou de administração que, por seu turno, nomeia os directores bem como as macro e micro-estruturas da empresa. Todos se tornam assim, de alto a baixo, criaturas e potenciais instrumentos do governo».
Logo a seguir, cita Victor Cunha Rego, fundador do PS e que foi presidente da televisão portuguesa em 1982 e para quem «A RTP é um prolongamento do aparelho ideológico do Estado».
Até aqui, nada que nos surpreenda. Precisaria apenas, pela minha parte mas também em coerência com o seu pensamento, que a dependência dos jornalistas e dos quadros da empresa de comunicação não é menor nas estações privadas, antes pelo contrário. E que a dependência do governo a que "todos" os trabalhadores estão sujeitos não deve entender-se como adesão ideológica mas sim como desempenho profissional, tal como os operários em relação aos patrões. Outra coisa são os gestores de conteúdos.
«Quanto ao processo da morte da RTP – escrevia Barata Feyo há dez anos! – ele foi anunciado pelo primeiro-ministro Cavaco Silva, em vésperas de eleições presidenciais. Na corrida de 1991 para Belém, Pinto Balsemão, fundador do PSD, fez saber que poderia candidatar-se pelo seu partido contra Mário Soares, apoiado por Cavaco Silva e pelo aparelho do PSD. Balsemão renunciou à sua candidatura. Porquê? – pergunta Barata Feyo. E acrescenta: - Eles lá saberão».
«Cavaco Silva e o PSD acabaram com a taxa de televisão (…), obrigaram a RTP a vender ao desbarato os seus emissores e, a seguir, a alugá-los por um preço que, ao fim de três anos, já implicava prejuízo para a empresa». O jornalista desenvolve a seguir aquilo a que chama «manobra da asfixia da RTP», nomeadamente as limitações drásticas das receitas de publicidade. E denuncia a estratégia de sacrifício da RTP para criar condições vantajosas para os investidores privados que aguardavam o seu dia.
«Serviço público de televisão com um ou dois canais? – pergunta-se Barata Feyo, fazendo eco da questão que corre nessa altura. E responde que «a questão é capciosa» porque «o fecho de um canal implica, a prazo, o fim do outro, condenado a fazer uma programação desléxica que o vai empurrar para audiência residuais».
À parte a suspeição em torno das razões da renúncia de Balsemão, estas e outras análises afins foram primeiramente expostas pela Comissão de Trabalhadores da RTP em sucessivos comunicados e entrevistas com entidades influentes no processo. Isso não tira minimamente o mérito de Barata Feyo, pelo contrário. Serve apenas para evidenciar que ninguém pode fingir que não tinha consciência do que se passava.
Invocar estas estratégias do PSD e o papel central do astucioso Cavaco Silva ao longo dos tempos, onde pontificam figuras tão persistentes na vida pública como Marcelo Rebelo de Sousa, Manuela Ferreira Leite, Proença de Carvalho* e outros, serve para lembrar que nem a estratégia nem os estrategas trazem novidades ao conflito entre a defesa e a destruição da televisão pública. Nalguns casos o despudor dos governos chega ao ponto de nomeá-los para a administração da própria empresa que combatem. Entre os inimigos externos, os internos e os infiltrados, a RTP tem sido vandalizada pelos partidos, com sacrifício dos profissionais independentes do Poder, e do serviço que é suposto prerstar à população.
Entretanto, o mais repugnate - mas não importante - é o oportunismo individual de algumas personagens deste drama que se exibem nos palcos a chorar e a sangrar porque foram vítimas dos jogos a que se prestaram.
*A minha referência a Proença de Carvalho que foi presidente da RTP em 1979, não é extraída do livro mas do meu conhecimento directo. Nota curiosa é que ele seja da mesma terra que Barata Feyo, a Soalheira, na Beira Baixa. A coincidência fica por aqui!
«O Governo nomeia o conselho de gerência ou de administração que, por seu turno, nomeia os directores bem como as macro e micro-estruturas da empresa. Todos se tornam assim, de alto a baixo, criaturas e potenciais instrumentos do governo».
Logo a seguir, cita Victor Cunha Rego, fundador do PS e que foi presidente da televisão portuguesa em 1982 e para quem «A RTP é um prolongamento do aparelho ideológico do Estado».
Até aqui, nada que nos surpreenda. Precisaria apenas, pela minha parte mas também em coerência com o seu pensamento, que a dependência dos jornalistas e dos quadros da empresa de comunicação não é menor nas estações privadas, antes pelo contrário. E que a dependência do governo a que "todos" os trabalhadores estão sujeitos não deve entender-se como adesão ideológica mas sim como desempenho profissional, tal como os operários em relação aos patrões. Outra coisa são os gestores de conteúdos.
«Quanto ao processo da morte da RTP – escrevia Barata Feyo há dez anos! – ele foi anunciado pelo primeiro-ministro Cavaco Silva, em vésperas de eleições presidenciais. Na corrida de 1991 para Belém, Pinto Balsemão, fundador do PSD, fez saber que poderia candidatar-se pelo seu partido contra Mário Soares, apoiado por Cavaco Silva e pelo aparelho do PSD. Balsemão renunciou à sua candidatura. Porquê? – pergunta Barata Feyo. E acrescenta: - Eles lá saberão».
«Cavaco Silva e o PSD acabaram com a taxa de televisão (…), obrigaram a RTP a vender ao desbarato os seus emissores e, a seguir, a alugá-los por um preço que, ao fim de três anos, já implicava prejuízo para a empresa». O jornalista desenvolve a seguir aquilo a que chama «manobra da asfixia da RTP», nomeadamente as limitações drásticas das receitas de publicidade. E denuncia a estratégia de sacrifício da RTP para criar condições vantajosas para os investidores privados que aguardavam o seu dia.
«Serviço público de televisão com um ou dois canais? – pergunta-se Barata Feyo, fazendo eco da questão que corre nessa altura. E responde que «a questão é capciosa» porque «o fecho de um canal implica, a prazo, o fim do outro, condenado a fazer uma programação desléxica que o vai empurrar para audiência residuais».
À parte a suspeição em torno das razões da renúncia de Balsemão, estas e outras análises afins foram primeiramente expostas pela Comissão de Trabalhadores da RTP em sucessivos comunicados e entrevistas com entidades influentes no processo. Isso não tira minimamente o mérito de Barata Feyo, pelo contrário. Serve apenas para evidenciar que ninguém pode fingir que não tinha consciência do que se passava.
Invocar estas estratégias do PSD e o papel central do astucioso Cavaco Silva ao longo dos tempos, onde pontificam figuras tão persistentes na vida pública como Marcelo Rebelo de Sousa, Manuela Ferreira Leite, Proença de Carvalho* e outros, serve para lembrar que nem a estratégia nem os estrategas trazem novidades ao conflito entre a defesa e a destruição da televisão pública. Nalguns casos o despudor dos governos chega ao ponto de nomeá-los para a administração da própria empresa que combatem. Entre os inimigos externos, os internos e os infiltrados, a RTP tem sido vandalizada pelos partidos, com sacrifício dos profissionais independentes do Poder, e do serviço que é suposto prerstar à população.
Entretanto, o mais repugnate - mas não importante - é o oportunismo individual de algumas personagens deste drama que se exibem nos palcos a chorar e a sangrar porque foram vítimas dos jogos a que se prestaram.
*A minha referência a Proença de Carvalho que foi presidente da RTP em 1979, não é extraída do livro mas do meu conhecimento directo. Nota curiosa é que ele seja da mesma terra que Barata Feyo, a Soalheira, na Beira Baixa. A coincidência fica por aqui!
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23.11.12
Imagens de arquivo
A PSP pediu à Direcção da RTP cópias de imagens gravadas nas manifestações de S. Bento.
Independentemente de Vítor Gonçalves ter diligenciado a satisfação desse pedido, em termos burocráticos, o que está por esclarecer é quem decidiu a entrega desse material à Polícia. Uma vez que Vitor Gonçalves é director-adjunto, pode ter recebido ordens superiores – pode e deve. Isto é o que se refere à legitimidade da decisão, que se confina à RTP e à PSP.
Outra coisa é saber se a PSP pediu ou exigiu e se esta foi a autora inicial do pedido ou se o fez a pedido do ministério que a tutela. Será que ainda vamos ter que acreditar que é o Ministro da Administração Interna que quer as imagens para apurar se houve violência desproporcionada da parte dos agentes da autoridade? Pelo caminho que o Governo leva em matéria de comunicação com os cidadãos, não seria de admirar.
Para o caso de ser essa a “explicação”, aqui fica um comentário "ab anteriori”. Quem de nós não ficaria enraivecido depois das provocações e agressões físicas, dos insultos e pedradas que os "soldados" da Polícia foram obrigados a suportar durante horas? É que, enquanto choviam pedras sobre os polícias que prestavam serviço na Assembleia da República, "nem uma agulha bolia na quieta melancolia" dos agentes do Governo.
É por esta conclusão que insiro no início deste post uma imagem das lutas de gladiadores, com seu público e seus governantes rejubilando nos balcões do circo romano. Uma imagem pedida ao arquivo da RTP...
Independentemente de Vítor Gonçalves ter diligenciado a satisfação desse pedido, em termos burocráticos, o que está por esclarecer é quem decidiu a entrega desse material à Polícia. Uma vez que Vitor Gonçalves é director-adjunto, pode ter recebido ordens superiores – pode e deve. Isto é o que se refere à legitimidade da decisão, que se confina à RTP e à PSP.
Outra coisa é saber se a PSP pediu ou exigiu e se esta foi a autora inicial do pedido ou se o fez a pedido do ministério que a tutela. Será que ainda vamos ter que acreditar que é o Ministro da Administração Interna que quer as imagens para apurar se houve violência desproporcionada da parte dos agentes da autoridade? Pelo caminho que o Governo leva em matéria de comunicação com os cidadãos, não seria de admirar.
Para o caso de ser essa a “explicação”, aqui fica um comentário "ab anteriori”. Quem de nós não ficaria enraivecido depois das provocações e agressões físicas, dos insultos e pedradas que os "soldados" da Polícia foram obrigados a suportar durante horas? É que, enquanto choviam pedras sobre os polícias que prestavam serviço na Assembleia da República, "nem uma agulha bolia na quieta melancolia" dos agentes do Governo.
É por esta conclusão que insiro no início deste post uma imagem das lutas de gladiadores, com seu público e seus governantes rejubilando nos balcões do circo romano. Uma imagem pedida ao arquivo da RTP...
30.8.12
Públicos ou privados (actualizado em 2/Set.)
Sim, sr. António Borges, há sempre "interesses estabelecidos". Por vezes são interesses nacionais.
Sim, os senhores estão "a combater os interesses estabelecidos”... pela Constituição da Repúlica - que estorva tanto os vossos interesses como a Democracia estorva.
Sim, extinguir a RTP dava-lhes muito jeito para que toda a rádio e televisão ficasse apenas nas mãos de grande "empreendedores" que, obviamente são da sua família... política.
Sim, «diminuir os salários não é uma política mas uma urgência» (1Jun2012) se estiver a falar dos "salários" milionários de muitos gestores que obviamente são da mesma família. E de alguns profissionais da RTP, certamente, mas pelas mesmas razões - esses (ou essas?)que escolhem convidados "convenientes" e tratam "convenientemente" os "grandes temas da actualidade".
A propósito, transcrevo um trabalho de 2007 (para não deixar o PSD sozinho) que mostra como funcionam estas coisas dos negócios privados à custa dos Estados que se querem magrinhos.
176 923 608,339 euros foi o total de verbas transferido pelo ME para colégios e instituições privados durante o segundo semestre de 2006.
63 203 637,54 euros foi o valor encaminhado pela tutela para as escolas da Direcção Regional de Educação de Lisboa.
157 400 euros foi o valor que a Know How, empresa da escritora Maria João Lopo de Carvalho, recebeu para o ensino de Inglês.
1 260 017,35 euros foi o valor atribuído pelo ministério às instituições sociais e escolas da região algarvia, a menos afectada pelas verbas».
Diana Ramos in "Privados recebem verba do Estado",
publicado pelo Correio da Manhã em 10 de Junho 2007
(quando outro "partido responsável" era quem mandava no Governo, por acaso).
A propósito: António Hespanha demitido por dizer coisas do género!
Sim, os senhores estão "a combater os interesses estabelecidos”... pela Constituição da Repúlica - que estorva tanto os vossos interesses como a Democracia estorva.
Sim, extinguir a RTP dava-lhes muito jeito para que toda a rádio e televisão ficasse apenas nas mãos de grande "empreendedores" que, obviamente são da sua família... política.
Sim, «diminuir os salários não é uma política mas uma urgência» (1Jun2012) se estiver a falar dos "salários" milionários de muitos gestores que obviamente são da mesma família. E de alguns profissionais da RTP, certamente, mas pelas mesmas razões - esses (ou essas?)que escolhem convidados "convenientes" e tratam "convenientemente" os "grandes temas da actualidade".
A propósito, transcrevo um trabalho de 2007 (para não deixar o PSD sozinho) que mostra como funcionam estas coisas dos negócios privados à custa dos Estados que se querem magrinhos.
«É suposto um privado assumir o risco do seu negócio. Em Portugal, porém, há
uma classe de privados especial: assumem o risco com os dinheiros públicos.
Nada que lhes macule a alma genuinamente empreendedora ou lhes desinflame o
discurso em prol do mercado livre.
NÚMEROS
176 923 608,339 euros foi o total de verbas transferido pelo ME para colégios e instituições privados durante o segundo semestre de 2006.
63 203 637,54 euros foi o valor encaminhado pela tutela para as escolas da Direcção Regional de Educação de Lisboa.
157 400 euros foi o valor que a Know How, empresa da escritora Maria João Lopo de Carvalho, recebeu para o ensino de Inglês.
1 260 017,35 euros foi o valor atribuído pelo ministério às instituições sociais e escolas da região algarvia, a menos afectada pelas verbas».
Diana Ramos in "Privados recebem verba do Estado",
publicado pelo Correio da Manhã em 10 de Junho 2007
(quando outro "partido responsável" era quem mandava no Governo, por acaso).
A propósito: António Hespanha demitido por dizer coisas do género!
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18.11.11
Televisões públicas e vícios privados
Muitas vezes me deparei com a dificuldade de pesquisa, sobretudo na produção de documentários, devida à insuficiência de registos e ao tempo de processamento do material pesquisado, visto que o filme antigo precisa de um tratamento prévio de limpeza em laboratório, antes de ser transcrito para vídeo.
Mesa de montagem de filme e áudio (moviola)
Muitos anos depois da Televisão abandonar definitivamente o suporte “filme” nos registos de imagem (acompanhado do registo magnético autónomo do som em “klang”), os serviços de arquivo da RTP continuavam a debater-se com a dificuldade de transcrever todo aquele material para vídeo a fim de ser utilizado pelos novos meios tecnológicos.
Claro que não é impossível proceder a essa conversão, e disponibilização pública, “tal como” fazem as bibliotecas que disponibilizam jornais antigos microfilmados, mas os custos em pessoal, laboratório e suportes, envolvidos nessa tarefa, foram avaliados? E quem os suportaria?
E em relação ao material arquivado que teve já a produção original em vídeo e não em filme, o que imaginam eles que permanece registado? Lembro-me de material importante das cassetes vídeo - já nem falo dos registos em bobines -, que era apagado num abrir e fechar de olhos para gravar uma treta qualquer porque não havia cassetes novas nem orçamento para comprá-las! Lembro-me também do que alguns de nós sofríamos com o apagamento definitivo desses registos de que sabiamos os custos envolvidos na sua produção ou o seu valor histórico. Mas a reutilização das cassetes vídeo era e ainda continua a ser em grande parte, imposta por razões económicas.
Desenganem-se pois acerca da recuperação de grande parte do material exibido, os comissários nomeados pelo Governo para definir o conceito de serviço público de comunicação social. E não se iludam com a viabilidade de passar a convertê-lo genericamente para suporte informático e publicado na internet.
Eu sei que não se iludem; querem iludir-nos, isso sim, para esconder a sua estratégia de destruição dessa outra “gordura do Estado” que é a Televisão Pública, a bem dos interesses pessoais e políticos dos seus próximos. Mas isso não é Televisão, é a sua visão! É o seu vício.
Parece que alguns tomaram a decisão elegante... de se demitir da “sábia” comissão. É que há gente que tem vergonha.
Mesa de montagem de filme e áudio (moviola)
Muitos anos depois da Televisão abandonar definitivamente o suporte “filme” nos registos de imagem (acompanhado do registo magnético autónomo do som em “klang”), os serviços de arquivo da RTP continuavam a debater-se com a dificuldade de transcrever todo aquele material para vídeo a fim de ser utilizado pelos novos meios tecnológicos.
Claro que não é impossível proceder a essa conversão, e disponibilização pública, “tal como” fazem as bibliotecas que disponibilizam jornais antigos microfilmados, mas os custos em pessoal, laboratório e suportes, envolvidos nessa tarefa, foram avaliados? E quem os suportaria?
E em relação ao material arquivado que teve já a produção original em vídeo e não em filme, o que imaginam eles que permanece registado? Lembro-me de material importante das cassetes vídeo - já nem falo dos registos em bobines -, que era apagado num abrir e fechar de olhos para gravar uma treta qualquer porque não havia cassetes novas nem orçamento para comprá-las! Lembro-me também do que alguns de nós sofríamos com o apagamento definitivo desses registos de que sabiamos os custos envolvidos na sua produção ou o seu valor histórico. Mas a reutilização das cassetes vídeo era e ainda continua a ser em grande parte, imposta por razões económicas.
Desenganem-se pois acerca da recuperação de grande parte do material exibido, os comissários nomeados pelo Governo para definir o conceito de serviço público de comunicação social. E não se iludam com a viabilidade de passar a convertê-lo genericamente para suporte informático e publicado na internet.
Eu sei que não se iludem; querem iludir-nos, isso sim, para esconder a sua estratégia de destruição dessa outra “gordura do Estado” que é a Televisão Pública, a bem dos interesses pessoais e políticos dos seus próximos. Mas isso não é Televisão, é a sua visão! É o seu vício.
Parece que alguns tomaram a decisão elegante... de se demitir da “sábia” comissão. É que há gente que tem vergonha.
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19.2.10
Rostos da TV
A jovem apresentadora defendia em reunião de Produção, o que mais ninguém defendia. E quando sentiu que os seus argumentos não tinham o efeito que o seu estrelato devia merecer, arremessou contra tudo e contra todos:
- Mas eu é que dou a cara!
Fez-se um breve silêncio na sala que a responsável pela programação interrompeu num tom moderado:
- Hoje, é. Amanhã, vamos a ver.
Desta vez o silêncio foi total. E definitivo!
Já é diferente a reunião de Produção que trago a seguir.
Desta vez o programa é outro e o apresentador também, Um rosto muito conhecido da televisão portuguesa. Além de apresentador era também autor do programa. Às reuniões semanais com a equipa, levava habitualmente recortes da Imprensa onde se comentava o programa da semana anterior.
Lia passagens elogiosas com um despudor que só às vedetas é consentido. Mas confrontou-se a dado momento, por distracção ou não, com uma crítica desfavorável. Então, com um sorriso sarcástico, comentou:
- Há certos críticos que não deviam escrever a seguir ao jantar!
Não vou dizer quem foi. Mas para evitar equívocos deixo já esta ressalva: não é ninguém com cargo político.
1ª imagem: "Narciso" - recortado de "Echo and Narcissus" de John William Waterhouse.; 2ª imagem: "Mulher ao Espelho"
28.10.08
Dar ao pedal na RTP
Acabo de ver o José Rodrigues dos Santos atrapalhando a leitura do Telejornal enquanto dava ao pedal. Chegamos a isto: a RTP, de acordo com a sua gestão de emagrecimento irracional, dispensou , mesmo nos directos, o trabalho de operadores de teleponto que accionavam a passagem do texto à medida que é lido pelos apresentadores. Agora os próprios apresentadores são obrigados a acumular aquela tarefa.
Não é fácil, não é recomendável, não é próprio, mas é barato.
E a Televisão não escapa à onda, digo, à pedalada.
Por este caminho ainda havemos de ver os pivots a pintar o cenário, o que, em alguns casos que não o citado, só lhes fazia bem... Para já, vamos assistindo às gafes inevitáveis porque os pedais são máquinas mas o cérebro é humano – ainda que desse mais jeito à gestão, que assim não fosse.
É caso para dizer: Aguenta-te, ó Zé! E força no pedal.
Não é fácil, não é recomendável, não é próprio, mas é barato.
E a Televisão não escapa à onda, digo, à pedalada.
Por este caminho ainda havemos de ver os pivots a pintar o cenário, o que, em alguns casos que não o citado, só lhes fazia bem... Para já, vamos assistindo às gafes inevitáveis porque os pedais são máquinas mas o cérebro é humano – ainda que desse mais jeito à gestão, que assim não fosse.
É caso para dizer: Aguenta-te, ó Zé! E força no pedal.
13.7.06
a televisão
Como sempre que a nossa vida toma um rumo, o acaso pesou tanto como a vontade. Respondi a meia dúzia de anúncios de jornal que pediam simplesmente empregado de escritório. Das duas entrevistas a que fui, pude escolher – nessa altura já sabia que um emprego era numa fábrica e outro na Televisão. A questão é que a fábrica pagava quase o dobro. Escolhi a Televisão e ali fiz a minha carreira, não nos serviços de escritório mas sim na Realização.
Muito do que aprendi o devo aos meus colegas. Não só os aspectos técnicos e operacionais, mas também a paciência no trabalho e o empenho, muitas vezes desinteressado, de muitos operadores de som, de câmaras, de iluminação, de mistura, de edição (chamava-se montagem desde os tempos do filme).
Sempre encontrei o maior profissionalismo nos mesmos em quem encontrava o melhor caracter. E vice-versa.
Dos realizadores que mais estimei:
Manuel Oliveira Costa e Luis Filipe Costa.
Das chefias, uma pessoa só a quem me sinto sempre grato:
Teresa Paixão.
Como Assistente de Realização :
Morte D'Homem (1985), de Luis Filipe Costa
Só Acontece aos Outros (1985), de Luis Filipe Costa
Como Realizador :
«Fórum Musical» (série sobre música erudita)
«Conversas Vadias» com Agostinho da Silva (1990)
«O Tesouro” de Eça de Queiroz (ficção, 1990)
«Ana» (ficção infantil, 1994)
«O Autocarro) (ficção infantil, 1997)
«Desenhos Cruzados» (série/concurso infantil, 1998)
«Eu Decidi» (Documentario para a UER, 1999)
«Recordar» (Série docum.coprod. com BBC, 1999)
«As Palavras de Abril» (documentário)
«Manuel Valadares» (documentário)
(Em ambas as funções menciono apenas alguns trabalhos)
Muito do que aprendi o devo aos meus colegas. Não só os aspectos técnicos e operacionais, mas também a paciência no trabalho e o empenho, muitas vezes desinteressado, de muitos operadores de som, de câmaras, de iluminação, de mistura, de edição (chamava-se montagem desde os tempos do filme).
Sempre encontrei o maior profissionalismo nos mesmos em quem encontrava o melhor caracter. E vice-versa.
Dos realizadores que mais estimei:
Manuel Oliveira Costa e Luis Filipe Costa.
Das chefias, uma pessoa só a quem me sinto sempre grato:
Teresa Paixão.
Como Assistente de Realização :
Morte D'Homem (1985), de Luis Filipe Costa
Só Acontece aos Outros (1985), de Luis Filipe Costa
Como Realizador :
«Fórum Musical» (série sobre música erudita)
«Conversas Vadias» com Agostinho da Silva (1990)
«O Tesouro” de Eça de Queiroz (ficção, 1990)
«Ana» (ficção infantil, 1994)
«O Autocarro) (ficção infantil, 1997)
«Desenhos Cruzados» (série/concurso infantil, 1998)
«Eu Decidi» (Documentario para a UER, 1999)
«Recordar» (Série docum.coprod. com BBC, 1999)
«As Palavras de Abril» (documentário)
«Manuel Valadares» (documentário)
(Em ambas as funções menciono apenas alguns trabalhos)
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