Ontem foi mais um marco na vida dos R’s. A D.Rf fez 5 anos e cada vez mais sinto um misto de alegria e de tristeza, tristeza porque a minha bebé está a fugir, está a escapar-me por entre os dedos e isso deixa-me triste de saudade daquela bebé linda e tão desejada e que se está a transformar numa menina a olhos vistos. Felizmente é muito melodramática e muito mimalha e gosta muito de mimos e de beijinhos que eu lhe dou sem cessar e isso ajuda um pouco a colmatar a saudade. Faz-me pensar se é assim com 5 anos como me sentirei quando fizer 20???
À semelhança do que fiz com a D.Rn, vou deixar aqui o ticker anterior para memória futura...
E vou também aproveitar a oportunidade para contar como tudo começou…
Começar começar penso que todos sabem como foi (caso não saibam perguntem aos vossos pais porque eu não estou aqui para ensinar ninguém)...
No dia do meu casamento já ía desconfiada e por isso levei um teste de gravidez que fiz nessa mesma noite e que deu positivo. Deve ter sido a gravidez mais rápida da história, num dia casamenteo e no dia seguinte informar os pais/sogros que íam ser avós.
Depois de 9 meses magníficos, felizmente as minhas gravidezes correram sempre bem sem nenhum sintoma menos bom, nem náuseas, nem vómitos, nada de nada. Nove meses e 21Kg depois o Sr.Dr. resolveu que a D.Rf já cá estava há muito tempo e que estava a ficar muito gordinha e achou que deviamos ajudá-la a vir cá para fora e por isso lá fui eu provocar o parto.
E lá fomos nós naquela Quarta-feira às 8 da manhã para a CUF Descobertas. Lá chegada e depois de todos os preparativos provocaram-me o parto. E eu lá fiquei deitadinha sossegadinha a ver TV sem nenhuma queixa. Algures ao fim da manhã veio a Sra. Enfermeira perguntar se eu queria a epidural, ora eu como não estava a sentir nada disse-lhe que até ver não porque se fosse continuar assim não ía querer. Às duas da tarde já estava com umas dorzitas consideráveis e disse à Sra. Enfermeira que se calhar até era boa ideia e ela só me respondeu:
- Sabe, já trabalho nisto à muitos anos e ainda ninguém me recusou uma epidural!
Pudera, o bem que sabe e o alívio que é. No entanto o Sr.Dr. disse-me para eu aguentar mais um bocadinho porque ele não queria que o processo parasse (o que às vezes acontece quando é dada a epidural) e eu tudo bem, afinal de contas não era nenhuma coisa insuportável. Entretanto as pessoas íam telefonando a perguntar se já havia novidades e o Sr. Marido dizia que não, que eu estava a ver TV (como se o facto de eu estar sossegada a ver TV e não a gritar e a descabelar-me estivesse a atrasar a coisa). Às quatro da tarde já a coisa não estava assim tão agradável e lá veio o Anestesista dar-me a epidural, um Sr. muito querido e muito simpático já com uma certa idade e que me explicou passo a passo tudo o que me ía fazer e o que eu ía sentir. Aí veio o alívio mas não total porque eu continuava a sentir as malditas embora não com tanta intensidade. Mais duas horas e o efeito começou a passar e a coisa não havia meio de se dar (só tinha dois dedos de dilatação e precisava de dez para a cabeçorra da D.Rf passar). Então o Sr.Dr. disse que achava que não valia a pena porque já estava desde manhãnzinha naquilo e não via jeitos de resolver assim ao natural e achava melhor fazer cesariana e eu por mim tudo bem quero é que ele nasça bem e não faço questão nenhuma que seja assim ou assado, “faça o que achar melhor”.
Lá fomos nós rumo à sala de operações, como ainda tinha o catéter espetado foi só reforçar a anestesia. O anestesista dá-me três pacadinha na barriga e pergunta:
-Sentiu alguma coisa?
-Senti!
-O quê?
-O Dr. a tocar-me na barriga...
Vira-se para o médico e:
-Está pronta Dr. pode começar!
E eu a pensar, mas olha lá eu disse que tinha sentido...
Depois percebi o que tinha sido, ele picou-me com a agulha e eu realmente senti o toque mas não senti a picada.
Depois de uma sessão de corte e costura lá veio a minha fofura, era tão lindinha, tão gorinha e cabeluda...
Ainda disse ao Dr. para, em vez de coser, aplicar um fecho eclair (facilitaria a coisa quando chegou a D.Rn) mas ele não tinha nenhum ali à mão e então teve mesmo que ser com linha, no entanto fiquei com uma costura linda (que até as enfermeiras que me fizeram o penso elogiaram) que eu costumo dizer que é o sorriso de felicidade da minha barriga.
Depois sigo para o recobro, não sem antes fazerem a transladação (a parte de cima ainda vivia agora a de baixo) do meu corpo para a cama e me deixarem cair uma perna que com toda a certeza não era minha mas de uma outra pessoa... Estive uma hora de desespero no recobro, tinha o nariz entupido e estava deitada direita sem almofada nem nada o que me dificultava em muito a respiração já para não falar no aspirador invertido que bufava ar quente para dentro da minha cama. O facto de ter que respirar pela boca e de ter o bufador ali ao pé da minha cara secou-me a boca e eu estava desesperadamente cheia de sede, já para não falar nos espasmos parvos que me davam como se estivesse cheia de frio, até os dentes batia.
Finalmente trouxeram-me a minha R e puseram-na a mamar e eu pensei agora é que é vamos lá ver se tenho jeito para a coisa e não é que parece que sim, ela colaborou e nossa história começou.
Fui para o quarto ainda cheia de sede e de 5 em 5 minutos perguntava:
-Já posso beber água?
E nunca podia, até que finalmente resolveram dar-me qualquer coisa para beber (mas não para matar a sede), deram-me um cházinho morno com dois pacotes de açucar, blharg a pior coisa do mundo para quem está com sede.
Cá está o resumo alargado do dia que mudou a minha vida para sempre...