Lixo Zero
Lixo Zero
Lixo Zero
LI XO
ZERO Gestão de resíduos sólidos para
uma sociedade mais próspera
RELATORIOS
Ricardo Abramovay
Juliana Simões Speranza
Cécile Petitgand
LI XO
ZERO
Gestão de resíduos sólidos para
uma sociedade mais próspera
RELATORIOS
Gestão de Resíduos Sólidos para uma
Sociedade Mais Próspera é uma publicação
do Instituto Ethos, no âmbito do Grupo de
Trabalho de Resíduos Sólidos, com apoio
do Programa CATA AÇÃO.
Instituto Ethos
O Programa CATA AÇÃO é um modelo de intervenção socioeconômica local realizado
a partir de ações de integração social e organização produtiva. As ações visam
contribuir para a sustentabilidade econômica e a cidadania plena de catadores e suas
famílias, através de uma melhor integração na cadeia produtiva, no desenvolvimento
de opções de geração de trabalho e renda no contexto da economia solidária e do
fortalecimento dos laços comunitários e de solidariedade.
Sumário | 17
A segunda questão (dependente da resposta à primeira) utilizados na produção de bens e serviços é ainda muito
Quadro I refere-se à governança de um sistema que envolve inferior à registrada em países desenvolvidos, apesar
Catadores: fundamentais e tão longe do trabalho decente imensa quantidade de atores, operando de maneira das exceções constituídas pelas latas de alumínio e,
descentralizada e com objetivos não raro conflitantes. em menor proporção, pelo papel e pelos plásticos.
Representantes das centrais de catadores, em encontro catadores, ainda que sejam muito excepcionais. Na As experiências internacionais e brasileiras mostram
A segunda parte do trabalho mostra que os países mais
promovido pelo Instituto Pólis, relataram o baixo região metropolitana de Londrina (PR) o Programa vários modelos exitosos na gestão da responsabilidade
bem-sucedidos em reduzir os resíduos e promover sua
pagamento por sua atividade, a ausência de benefícios CATA AÇÃO estimulou uma cooperativa que permitiu pós-consumo. Mas, apesar da variedade dos modelos,
reutilização produtiva são aqueles em que produtores
trabalhistas em sua remuneração (aposentadoria, não só aumento expressivo nos ganhos dos catadores o que há em comum entre os sistemas bem-sucedidos
e importadores assumem a responsabilidade financeira
férias e décimo terceiro salário) e sua dificuldade em como também maior eficiência em seu trabalho é que produtores e importadores assumem os custos
participar da expansão das centrais de triagem. Pesquisa (Fundação Avina, 2012). pela organização dos sistemas de coleta e reutilização.
da logística reversa e, por vezes, sua organização. É
da Fundação Estadual do Meio Ambiente e do Fórum A maneira como estes funcionam, na prática, varia
Internacionalmente, o encontro do Instituto Pólis foi importante salientar também o papel decisivo dos
Estadual Lixo e Cidadania1 traz dados que corroboram muito segundo o país e o produto. Não se trata aqui
organizado em função da visita de um especialista da cidadãos, tanto na separação dos resíduos como,
esse relato. Mesmo entre catadores organizados, de expor um levantamento exaustivo, mas de mostrar
Califórnia, segundo o qual, para uma população de em muitos casos, no pagamento dos serviços de
a situação é muito precária. De 374 entrevistados alguns casos que podem auxiliar na formulação
800 mil habitantes de San Francisco, há 2 mil catadores coleta, em proporção àquilo que geram. Os exemplos
em Minas Gerais, 144 estavam organizados em de modelos aplicáveis ao Brasil. O ambiente, nesse
remunerados na proporção de US$ 20 a hora e com nesse sentido são inúmeros, alguns dos quais quase
associações e cooperativas. Destes, 11,7% têm sentido, é propício, uma vez que as políticas estaduais
direitos trabalhistas assegurados2. Em outras palavras, centenários, como o “play as you throw” (pague
renda mensal familiar superior a R$ 1.000,00, 17,9% já divulgadas (ver anexo IV) também se orientam na
esse trabalho é, por vezes, necessário mesmo em segundo o que você joga fora), que vigora até hoje na
recebem entre R$ 601,00 e R$ 1.000,00 e o restante direção de atribuir responsabilidades aos produtores e
regiões cujo traço social dominante não é a pobreza. Califórnia. A expressão converteu-se em sigla, PAYT,
abaixo de R$ 601,00. Os catadores de rua e os que importadores, como base para financiar a gestão dos
Nas experiências mais promissoras relatadas pelo e, na União Europeia, é o mais importante sistema de
atuam em lixões enfrentam situação ainda mais resíduos sólidos, sobretudo no que se refere à coleta
trabalho da Rede Nossa São Paulo e da Fundação Avina cobrança da geração domiciliar de lixo, variando em
precária. Embora relatem rendas individuais superiores seletiva e à reciclagem.
às das outras categorias, essa superioridade esconde chama atenção o fato de que, na esmagadora maioria função do volume ou do peso descartado. Isso significa
que promover o melhor uso possível dos materiais A terceira parte do texto procura mostrar uma
o fato de que, com frequência, trabalham com a dos casos, o financiamento do sistema é público e,
quando entram organizações privadas, estas são de necessários à reprodução social é responsabilidade ambiguidade básica na Política Nacional de Resíduos
família (às vezes com crianças). Estudo do Iets sobre
a região do Jardim Gramacho, no Estado do Rio de natureza assistencial ou filantrópica. Da mesma forma, dos produtores, dos administradores públicos e de Sólidos que os acordos setoriais previstos em lei e em
Janeiro, publicado em 2011, também mostra que a quando o trabalho do Ipea resume as reivindicações todos os envolvidos na gestão dos resíduos, incluindo plena discussão por diferentes áreas da economia
renda per capita nos domicílios onde há catadores é de algumas das mais importantes organizações de o consumidor. estão tentando resolver. Essa ambiguidade se exprime
21% menor que naqueles onde essa atividade não é catadores, estas só mencionam o setor privado no de duas maneiras. Em primeiro lugar no fato de a
Para abordar esses dois temas, este trabalho divide-
exercida. Naqueles com catadores, 65% da renda vem que se refere aos gestores de equipamentos coletivos lei definir claramente que produtos cabe ao setor
se nas seguintes partes. Em primeiro lugar apresenta
desse trabalho, o que criou dificuldades imensas para como restaurantes, bares ou supermercados (Ipea, privado organizar e financiar a logística reversa. No
a composição dos resíduos sólidos, comparando a
as famílias quando foi decidida a desativação do Lixão 2012:32-34). Mesmo no trabalho de Jacobi e Besen entanto, deixa aos acordos setoriais a missão de
situação brasileira com a internacional. Diferentemente
Gramacho (Iets, 2011). O Ipea (2012:31) sintetizou (2011), a participação do setor privado é bastante aplicar o princípio do poluidor pagador ao caso (cuja
do que ocorre na esmagadora maioria das nações
informações sobre a renda dos catadores e chegou a tópica e localizada: o grupo Pão de Açúcar disponibiliza governança, de fato, é especialmente complexa) das
desenvolvidas, o Brasil não está diminuindo a
um valor individual mensal inferior a um salário mínimo: contêineres para diferentes materiais a serem embalagens.
quantidade de resíduos gerada por seu sistema
R$ 412,64, para coleta média de 1.220,9 quilos de reciclados em parceria com organizações de catadores.
econômico, nem em termos absolutos, nem quando Outra expressão da ambiguidade contida na PNRS e
materiais, em 2011. A situação no município de São A Coca-Cola do Brasil, por sua vez, apoia iniciativas do
o cálculo é feito per capita. É importante destacar nas próprias políticas estaduais reside no fato de que
Paulo, no que se refere aos catadores organizados em Programa CATA AÇÃO.
igualmente que metade do que é coletado no país cabem às prefeituras as tarefas centrais relativas à
cooperativas e trabalhando em centrais de triagem,
Esta é uma diferença fundamental entre a situação corresponde a lixo orgânico: a parcela de resíduos que coleta e à destinação dos resíduos sólidos. Ao mesmo
é melhor: recebiam, individualmente, em média, o
brasileira atual e a que predomina internacionalmente entram nos circuitos mais conhecidos de reciclagem (a tempo, tanto a PNRS como as políticas estaduais
correspondente a 1,5 salário mínimo (Jacobi e Besen,
onde a reciclagem atingiu patamares mais expressivos: de lixo seco) é, proporcionalmente, menor entre nós insistem na responsabilidade pós-consumo dos
2011:149).
os sistemas de logística reversa de resíduos secos são fabricantes e importadores e no princípio do poluidor
que nos países desenvolvidos e maior que em nações
A impressionante precariedade ligada à renda e às financiados pelos produtores e importadores dos pagador. Compatibilizar essa dupla titularidade (do
de renda baixa e média. Enfim, entre os resíduos
condições de vida dos que se dedicam a essa parte da produtos, como será visto na parte 3 deste trabalho. São poder público e do poder privado) é, talvez, o maior
recicláveis a partir de lixo seco, há alguns cuja taxa
cadeia de reciclagem não pode ser vista como inerente casos em que o sistema de coleta seletiva de resíduos é desafio que tem pela frente a execução da PNRS. A
de reaproveitamento é muito alta, colocando o Brasil
à condição de catador de resíduos sólidos. Trabalho custeado por esses atores privados, na proporção dos
em patamar de destaque, no plano internacional. No grande dificuldade aí está na gestão daqueles produtos
recente da Rede Nossa São Paulo e da Rede Social resíduos gerados pelo consumo dos bens e serviços
entanto, as cadeias de valor a partir das quais esses cujo descarte é feito pelas famílias e pelos indivíduos e,
Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis (Programa que oferecem. E, quando envolve resíduos orgânicos,
recursos são aproveitados não valorizam de forma na maioria das vezes, a partir do domicílio. No caso de
Cidades Sustentáveis, 2013) mostra diversos exemplos a participação cidadã no financiamento do sistema
minimamente adequada o trabalho dos catadores a pneus, embalagens de agrotóxicos, óleos lubrificantes
de situações promissoras quanto ao trabalho dos também ocorre em muitas situações.
elas ligados (quadro I). E, de maneira agregada, as taxas e embalagens de óleos lubrificantes, o descarte é feito
de recuperação, reciclagem ou reúso dos materiais quase sempre em condições favoráveis à centralização
http://www.abralatas.com.br/common/html/noticia.php?o=511#
1
2
http://www.polis.org.br/noticias/inclusao-sustentabilidade/residuos-solidos/secretario-de-servicos-de-sp-e-especialistas-em-meio-ambiente-
participam-da-oficina-de-residuos-solidos-realizada-no-polis?utm_campaign=Padr%C3%A3o&utm_medium=e-mail&utm_source=mail2easy
(última consulta, 20/6/2013).
Sumário | 19
1. Montante, composição e destino
dos produtos em mãos dos agentes responsáveis pela representou a síntese não só de discussões realizadas
logística reversa. no Congresso, mas também da própria experiência
legal e prática de gestão de resíduos que o Brasil viveu
Mas, no caso de produtos eletrônicos, lâmpadas,
pilhas, baterias e, sobretudo, no de embalagens, a
durante sua tramitação. Mesmo que a orientação dos resíduos sólidos
geral das políticas já aprovadas em 16 Unidades da
dificuldade na formulação de modelos eficientes é
Federação se apoie no respeito ao princípio do poluidor
muito maior, tendo em vista a natureza descentralizada Aumenta ano a ano a geração de lixo pela sociedade R$ 8 bilhões anuais para o sistema econômico, em
pagador, as particularidades de cada uma delas e,
do consumo e, portanto, do descarte. São situações brasileira, tanto em termos absolutos como per capita. valores de 2007. Além disso, é preciso assinalar que
sobretudo, as exigências legais que as antecedem
especialmente difíceis, pois a PNRS determina, aos Embora a quantidade de aterros sanitários tenha as emissões de gases de efeito estufa decorrentes da
nem sempre se harmonizam de forma coerente com
produtores e aos importadores, a organização da crescido de forma expressiva desde o início do século gestão inadequada dos resíduos tiveram aumento
a orientação da PNRS. Algumas vezes, como bem
logística reversa, mas em condições bem diferentes 21, 40% do volume total dos resíduos produzidos de 14% entre 2005 e 2011, de acordo com cálculo
mostram Silva Filho e Soler (2012), leis estaduais criam
das que vigoram no caso de pneus, agrotóxicos, óleos é despejado em lixões ou em sua versão apenas um preliminar realizado por Tasso Azevedo5.
obrigações impossíveis de ser cumpridas pelo setor
lubrificantes e embalagens de óleos lubrificantes. pouco menos nociva, os aterros controlados, sendo
privado. Empresas que operam em nível nacional O que está em jogo, quando se aborda a questão dos
Além desses produtos, os resíduos constituídos por essa proporção muito mais alta nas Regiões Nordeste
teriam, por exemplo, de regionalizar sua publicidade resíduos sólidos, é o próprio metabolismo que cada
embalagens são fundamentais por sua importância e Norte (Abrelpe, 2013:33; Abrelpe, 2012). Os aterros
de maneira a responder a exigências legislativas sociedade estabelece com os ecossistemas dos quais
quantitativa e pelo fato de que aí se concentra a sanitários são o destino do lixo em apenas 27% dos
locais quanto à informação aos consumidores, o depende sua reprodução. Lixões e baixo aproveitamento
esmagadora maioria das atividades dos catadores. municípios brasileiros4. E onde eles predominam, como
que, evidentemente, tem de ser feito, mas quase de resíduos sólidos exprimem uma relação doentia
E não se pode esquecer a dificuldade adicional de em São Paulo, os resíduos são transportados a longas
sempre sob uma abordagem nacional. É importante entre sociedade e natureza, em cuja base se encontra
que nem sempre os equipamentos necessários à distâncias, o que encarece o conjunto do sistema e
assinalar que essa é a parte do estudo mais descritiva a maneira como são tanto concebidos, produzidos,
reciclagem adequada desses produtos existem: são amplia as emissões por ele geradas (Jacobi e Besen,
(e menos analítica), uma vez que não estão claros os distribuídos, consumidos e descartados os produtos
poucos os dispositivos industriais aptos a receber e 2011).
parâmetros que vão reger o indispensável esforço quanto geridos os sistemas de coleta e disposição dos
dar destinação correta às lâmpadas fluorescentes, por
de compatibilização entre as diferentes esferas e A quantidade reaproveitada dos resíduos que emergem remanescentes do consumo. Mesmo que representem
exemplo. Os equipamentos capazes de reciclar vidros
dimensões do quadro legislativo das políticas nacional, da vida econômica é irrisória (Ministério das Cidades, forma mais adequada de disposição final dos resíduos
não se espalham de forma homogênea pelo país.
estaduais e municipais de resíduos sólidos. 2012:25, Waldman, 2012). Maurício Waldman oferece que os lixões ou os aterros controlados, os aterros
É compreensível, então, que a Política Nacional de dados eloquentes sobre a relação entre crescimento sanitários também são problemáticos por seus custos
Os anexos I , II e III expõem casos de sucesso na gestão
Resíduos Sólidos tenha optado por receber dos atores populacional e geração de resíduos: “Entre 1991 e e pelo espaço que ocupam.
compartilhada de resíduos sólidos: são descritos
sociais as propostas a partir das quais o sistema de 2000 a população brasileira cresceu 15,6%. Porém, o
os dispositivos institucionais (leis, organizações No planejamento da oferta de bens e serviços, os
logística reversa nesses produtos será formulado e descarte de resíduos aumentou 49%. Sabe-se que em
privadas, cooperação de autoridades locais e dos agentes econômicos não incorporam os custos sociais
levado adiante. Dos acordos setoriais previstos na 2009 a população cresceu 1%, mas a produção de lixo
próprios consumidores) que permitiram ampliar de da produção de resíduos. Com isso, utilizam mais
PNRS, alguns já foram entregues ao governo federal cresceu 6%. Essas dessimetrias são também evidentes
forma impressionante a reciclagem de pneus, óleos materiais, energia, recursos bióticos e consomem mais
e devem ser postos em consulta pública durante o em dados como os que indicam a metrópole paulista
lubrificantes e embalagens de agrotóxicos, no Brasil. trabalho do que seria necessário caso os impactos do
ano de 2013. E, se o tema já é complexo no que se como o terceiro polo gerador de lixo no globo. Perde
Vê-se aí que as leis estaduais operam de maneira lixo sobre a vida social estivessem contidos nos custos
refere aos resíduos potencialmente recicláveis, torna- apenas para Nova York e Tóquio. Mas devemos reter
bastante coerente com a orientação e o controle daquilo que oferecem. Ao mesmo tempo, agem como
se ainda mais difícil quando se trata da questão do que São Paulo não é a terceira economia metropolitana
federal e as próprias empresas atuam para reduzir os se o destino de seus resíduos fosse um tema externo
lixo orgânico, cujo debate, como o reconhece Simão do planeta. É a 11a ou 12a. Ou seja, gera-se muito mais
efeitos danosos dos remanescentes do consumo de a suas cadeias de valor. Os consumidores, por sua vez,
Pedro, secretário de Serviços do Município de São lixo do que seria admissível a partir de um parâmetro
seus produtos. É interessante observar a convergência não recebem os sinais nem dispõem de mecanismos
Paulo, foi apenas iniciado3. O tema não será abordado eminentemente econômico”.
entre poder público e setor privado na obediência a eficientes para optar por produtos menos intensivos
neste estudo.
metas firmes e evolutivas de gestão dos resíduos nos O resultado é duplamente destrutivo: por um lado, em materiais e tampouco para desempenhar um
Nessa terceira parte serão expostos alguns elementos três casos. São excelentes ilustrações do que acabou montanhas de lixo avolumam-se em locais impróprios, papel ativo na separação do lixo doméstico, uma das
de um problema cujo aprofundamento é, em grande consolidado na PNRS sob o termo de responsabilidade contaminando a água e o solo, empesteando o ar e bases centrais do reúso e da reciclagem. O resultado
parte, de natureza jurídica e vai além da competência pós-consumo dos produtos e sistema de logística transmitindo doenças cuja existência, no século 21, é é, globalmente, dramático: do montante total de 1
dos pesquisadores envolvidos neste estudo. A PNRS reversa. dificilmente admissível. Por outro, não se aproveitam tonelada de bens de consumo que os habitantes dos
oportunidades imensas de geração de riqueza e renda países desenvolvidos consomem por ano, somente
3
http://www.polis.org.br/noticias/inclusao-sustentabilidade/residuos-solidos/secretario-de-servicos-de-sp-e-especialistas-em-meio-ambiente- por meio da reutilização e da reciclagem. Segundo 18% são recuperados para algum tipo de reciclagem
participam-da-oficina-de-residuos-solidos-realizada-no-polis?utm_campaign=Padr%C3%A3o&utm_medium=e-mail&utm_source=mail2easy estimativa do Ipea, a generalização da reciclagem e apenas 2% para reutilização (Ellen Macarthur
(última consulta, 20/6/2013). de aço, alumínio, papel (celulose) e vidro geraria Foundation, 2013:17).
6
http://www.eea.europa.eu/pressroom/newsreleases/highest-recycling-rates-in-austria (última consulta, 20/6/2013). http://oglobo.globo.com/rio/estudo-aponta-aumento-do-poder-aquisitivo-em-21-comunidades-8564339 (última consulta, 20/6/2013).
8
7
http://www.bmu.de/fileadmin/bmu-import/files/english/pdf/application/pdf/3r_abschlussbericht_en_bf.pdf 9
http://www.polis.org.br/noticias/inclusao-sustentabilidade/residuos-solidos/secretario-de-servicos-de-sp-e-especialistas-em-meio-ambiente-
participam-da-oficina-de-residuos-solidos-realizada-no-polis?utm_campaign=Padr%C3%A3o&utm_medium=e-mail&utm_source=mail2easy
(última consulta, 20/6/2013).
10
http://www.polis.org.br/uploads/1896/1896.pdf
11
http://www.nytimes.com/2013/06/17/nyregion/bloombergs-final-recycling-frontier-food-waste.html?hp&_r=1& (última consulta, 20/6/2013). 12
https://www.environmentalleader.com/2013/07/12/mass-plans-commercial-food-waste-ban/ (última consulta, 20/6/2013).
13
http://www.environmentalleader.com/2013/06/05/general-mills-unilever-join-food-waste-challenge/
14
http://www.incineradornao.net/2013/04/queima-do-lixo-a-galope-apesar-da-logica-da-lei/
Quadro II http://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2013/06/projeto-em-itaipu-trata-os-dejetos-das-criacoes-de-porcos-e-gado-de-leite.html
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correta dos resíduos sólidos. O argumento é que a água do córrego é limpa, mas até dois anos atrás
queima destrói materiais que poderiam ser utilizados na recebia toneladas de dejetos produzidos por porcos e
6
http://www.eea.europa.eu/pressroom/newsreleases/highest-recycling-rates-in-austria (última consulta, 20/6/2013).
obtenção de riqueza. Os municípios paulistas de Barueri, vacas leiteiras da região. Para cada litro de leite uma
7
http://www.bmu.de/fileadmin/bmu-import/files/english/pdf/application/pdf/3r_abschlussbericht_en_bf.pdf Fonte: Department of Economic and Social Affairs, United Nations, 2011.
São Bernardo do Campo e Mogi das Cruzes tentam vaca produz três de dejeto.
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A reintrodução desses elementos não bióticos na visando ampliar suas possibilidades de reciclagem (Van em termos absolutos o lixo orgânico dos países ricos Figura 2: Composição dos resíduos sólidos em
tecnosfera, entretanto, é cada vez mais complexa. A Rossen et al., 2006:v e vi). supera o que se descarta nos países pobres asiáticos. função da renda nacional
Universidade das Nações Unidas estima que a chamada A geração de lixo, qualquer que seja a categoria
Além dessa dificuldade referente à separação dos
mineração urbana tenha o potencial de reduzir a considerada, é avassaladoramente maior no mundo
materiais, é importante ter em mente a presença Composição do lixo em
demanda por materiais virgens, particularmente em rico que nos países em desenvolvimento. A OCDE,
cada vez maior de produtos químicos que são países de renda baixa
produtos eletrônicos, que contêm “depósitos” de por exemplo, com a mesma população da África, gera 17%
potencialmente tóxicos e obstáculos fundamentais
40 a 50 vezes mais férteis que os encontrados na cem vezes mais lixo (World Bank, 2012:16). Outra outro
no processo de reintrodução dos componentes dos 3% metal
natureza. Apesar do alto valor contido nos dispositivos expressão desse fenômeno: metade do lixo do mundo
bens e serviços já utilizados na tecnosfera. O Global 3% vidro
eletrônicos, menos de 15% é reaproveitado é gerada nos países da OCDE (World Bank, 2012:8).
Environmental Outlook, publicado pelas Nações Unidas 8% plástico 64%
globalmente (United Nations University, 2012 – E não se deve esquecer que os aterros sanitários,
às vésperas da Rio+20, conta nada menos que 248 5% orgânico
apud GEO-5 for Business, nota 190). Essa situação é nos quais países ricos lançam parte decisiva de seu
mil produtos químicos comercialmente disponíveis na papel
particularmente grave no Brasil, país campeão global, lixo orgânico, não são sorvedouros de capacidade
economia global com o alerta de que são escassas as
no mundo em desenvolvimento, na geração de lixo ilimitada. Em 2009 o Japão gerava 470 milhões de
informações sobre seus efeitos individuais e sinérgicos
eletrônico de computadores per capita (0,5 quilo por toneladas anuais de lixo e as estimativas de duração
sobre a saúde humana e os ecossistemas (Unep,
habitante por ano), seguido por Índia, Marrocos e de seus aterros eram de menos de oito anos ao longo
2012). Michael Braungart analisou, alguns anos atrás, Composição do lixo
África do Sul (0,4 quilo/hab/ano) e China (0,2 quilo/ de todo o arquipélago e de menos de quatro anos
um aparelho de televisão e nele constatou a presença em países de renda
hab/ano). para a região de Tóquio (Ministry of the Environment, 15% outro
de 4.360 elementos químicos. Esse resultado levou a média baixa
O problema é que a gestão sustentável dos metais Philips a redesenhar inteiramente a própria concepção 2008). Beijing deve esgotar seus aterros sanitários 3% metal
exige muito mais que reciclagem. Trabalho recente do do produto, de maneira a tornar a separação de seus nos próximos quatro anos, Joanesburgo em 12 e o 3% vidro
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente componentes mais acessível, permitindo assim sua Reino Unido até 2018 (Ellen Macarthur Foundation, 12% plástico 59%
(Pnud) indica a urgente necessidade de passar de revalorização no momento do descarte (McDonough e 2013:20). orgânico
9%
uma abordagem centrada nos materiais (material- Braungart, 2013). A União Europeia aprovou em 2002 papel
Uma das formas para enfrentar a saturação dos
centric) para uma abordagem centrada nos produtos uma diretriz (ainda não totalmente incorporada às
aterros, por parte dos países desenvolvidos, é a
(product-centric), quando se trata da reciclagem de leis nacionais) que proíbe o uso de certas substâncias
exportação de lixo. No início do século 21, os países da
elementos vindos e potencialmente destinados à tóxicas em produtos eletroeletrônicos.
OCDE exportavam anualmente quase 200 milhões de
tecnosfera (Unep, 2013). A razão disso é que, com Composição do lixo em
A preponderância crescente de recursos não bióticos toneladas para as nações pobres e emergentes (Penna,
frequência cada vez maior, metais de grande valor países de renda
acompanha o próprio aumento da renda em diferentes 2008). Em 2008 o Brasil importou 223 mil toneladas 13% outro
são dificilmente reaproveitáveis por se encontrar em média alta
sociedades. Maurício Waldman (2010:69) mostra de resíduos para alimentar sua cadeia de reciclagem,
pequenas quantidades nos produtos e por exigir 3% metal
que antes da Revolução Industrial “os materiais muito embora deixasse de reciclar 78% de todos os 5% vidro
trabalho altamente especializado para sua separação.
eram descartados numa escala bem menor, eram resíduos sólidos gerados pela economia nacional
Embora sejam conhecidas e relativamente bem 11% plástico 54%
degradáveis e ofereciam pouco perigo”. De maneira (Carranca, 2009). Nada menos que 80% do lixo orgânico
desenvolvidas as cadeias de recuperação de produtos
geral, a ampliação da riqueza traduz-se por um eletrônico norte-americano era exportado, sobretudo 14%
como aço, magnésio e cobre, a presença em pequenas papel
declínio na participação relativa dos resíduos orgânicos para a China, em 2009 (Chade, 2009). É importante
quantidades desses metais nos eletroeletrônicos
e por um aumento do papel, dos metais e de outros observar que, embora a análise da composição
dificulta sua recuperação. “Um celular pode conter
produtos não bióticos na composição do lixo, como gravimétrica dos resíduos sólidos no Brasil aponte um
mais de 40 elementos, incluindo metais de base como
ilustra a figura 2, extraída do trabalho já citado do país de renda média, isso deve alterar-se rapidamente.
cobre e estanho, metais especiais como cobalto, índio Composição do lixo
Banco Mundial. Aí se vê que em países de baixa renda A recente redução da pobreza e consequente ascensão
e antimônio e metais preciosos como platina, prata, em países de renda alta
os orgânicos chegam a 64% do total dos resíduos, da classe C do país apontam tendências de aumento
ouro, paládio e tungstênio”, diz o trabalho da Unep 17%
proporção que cai para 28% nas nações mais ricas. do consumo de bens duráveis que o sistema de gestão
(2013). Mas a separação desses produtos é cada vez outro
28%
mais difícil, o que reforça a urgente necessidade de que Mas é importante lembrar que o peso relativo cada de resíduos sólidos nacional precisará estar preparado 6% metal orgânico
seu desenho seja traçado com a finalidade explícita de vez menor dos materiais orgânicos na composição para enfrentar. Isso não significa, por si só, redução 7% vidro
permitir seu reúso ou seu reaproveitamento, e não do lixo, conforme aumenta a riqueza, não significa nos volumes absolutos de lixo orgânico e lixo seco: o 11%
sua destruição. Relatório do Greenpeace mostra que necessariamente sua redução absoluta. Embora o lixo que tende a mudar são as proporções entre ambos. plástico 31%
papel
produtores japoneses de eletroeletrônicos promoveram orgânico na OCDE corresponda a 27% de tudo o que Mas é claro que o aumento da renda também tende a
substituição de materiais em seus equipamentos ela gera (contra 62% na Ásia do Leste e do Pacífico), produzir maior quantidade de lixo orgânico.
Isso corresponde à alta proporção da coleta e reciclagem Além do alumínio, os relatórios da Abrelpe e o do Ipea
das latas de alumínio (98,2% do total descartado), o (2012) sintetizam a situação da reciclagem de vidro,
que coloca o Brasil como o maior reciclador mundial papel/papelão e plástico. Não é o caso de reproduzir as
desse item, adiante do Japão e da Argentina. Mas informações contidas nesses trabalhos. O importante
é importante lembrar que isso não significa que a é que a taxa de recuperação e reciclagem do Brasil
sociedade brasileira valoriza e reaproveita o conjunto é relativamente alta em cada um desses produtos,
do alumínio contido nos produtos que descarta. Se quando comparada com a média internacional e
no segmento de latinhas de bebidas a recuperação de sempre que se trate de embalagens, graças ao trabalho
materiais é quase integral, o mesmo não ocorre com dos catadores. Ainda assim, o potencial de expansão
os demais produtos transformados de alumínio, como da reciclagem é imenso. Ao que tudo indica, a maior
máquinas, resíduos da construção civil, transportes, dificuldade para alcançar níveis maiores de utilização
entre outros. O país recicla 36% do alumínio que desses produtos está na maneira como são organizados
produz, situando-se acima da média mundial, mas seus mercados. A alta taxa de reciclagem das latas de
abaixo do Reino Unido, da Itália, da Espanha e dos alumínio está diretamente relacionada ao seu valor e
Estados Unidos (Ipea, 2012:31). à remuneração atraente que sua coleta propicia. O
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
de materiais pós-consumo domiciliar, sobretudo a Der Grüne Punkt, foi fundada na Alemanha, em 20
http://www.gruener-punkt.de/en/customer/infocenter/questions-and-answers.html
embalagens, apoia-se na determinação legal de que 1990, no âmbito do duplo sistema de coleta de 21
http://www.gruener-punkt.de/en/customer/infocenter/international/partner-organization.html#c264
são os produtores e os importadores que as organizam resíduos: a coleta pública, pela qual o domicílio paga 22
http://www.ecoemballages.fr/fileadmin/contribution/pdf/instit/rapports-annuels/rapport-annuel-2012.pdf
e financiam essas atividades. Isso pode ser feito de uma taxa conforme a quantidade gerada; e a coleta
duas maneiras. Ou pelas próprias empresas e suas seletiva, que essa organização pública e não estatal
marcas respectivas ou por delegação a uma agência ou leva adiante, recuperando, portanto, os remanescentes
companhia pública, mas não estatal. No que se refere a do consumo. Isso vai muito além de papel e plástico
embalagens (portanto a produtos poluentes, mas não – chega a potes de iogurte, garrafas de ketchup e as
imediatamente tóxicos), a organização mais conhecida, mais diversas formas de embalagem. É importante
estimativa
Rossen et al., 2006). anexo I).
O aspecto mais importante dessas várias formas que Nos Estados Unidos, existem 25 Estados com
500
assume a responsabilidade estendida do produtor é que determinações legais referentes à recuperação e
permite a coordenação entre as atividades privadas e as reciclagem de produtos eletroeletrônicos, dos quais
regras e objetivos fixados pelos governos. O caso dos 23 obedecem às regras da responsabilidade estendida
produtos eletroeletrônicos é emblemático. Os resíduos do produtor. Para compreender as razões pelas quais
decorrentes de seu uso não param de aumentar em alguns foram especialmente bem-sucedidos nesse
0 trabalho, a Electronic Take Back Coalition fez um estudo
todo o mundo. Seu descarte inadequado pode levar
cujas conclusões são instrutivas. O bom desempenho
1992
1996
2000
2004
2008
2011
2015
à contaminação do solo e da água com chumbo,
mercúrio e cádmio, entre outros produtos tóxicos. O liga-se, primeiro, à existência de leis que aproximaram
reaproveitamento de seus componentes tem a virtude dos consumidores os dispositivos em que podem
de gerar valor e evitar exploração mineral: 1 tonelada desfazer-se com facilidade de seus equipamentos
métrica de computadores descartados contém mais usados. Esses dispositivos devem existir em qualquer
16 milhões de toneladas localidade acima de 10 mil habitantes e, nas cidades,
ouro que o obtido em 17 toneladas de mineração. Em
de produtos provêm da REP. devem situar-se a uma distância não superior a 16
1998, o montante de ouro recuperado nos EUA foi
€ 926 milhões o equivalente ao obtido com 2 milhões de toneladas quilômetros de qualquer domicílio. Alguns Estados
no total das ecocontribuições pagas. métricas de mineração (incluindo os resíduos da estabeleceram metas anuais ligadas ao que haviam
mineração)23. vendido em anos anteriores. Outra característica
€ 601 milhões dos bem-sucedidos é a diversidade de fontes de
são direcionados para as administrações regionais. Diante dessas evidências, a União Europeia estabeleceu coleta de produtos eletrônicos, envolvendo não só as
para 2002 a meta de chegar a 4 quilos anuais per próprias lojas em que foram comprados, mas também
capita de recuperação e reciclagem de produtos recicladores privados. Mas talvez a conclusão mais
Fonte: Le Monde, Van Kote, 2012.
eletroeletrônicos. Já em 2005 uma nova diretriz importante do estudo da Electronic Take Back Coalition
determinou a elevação para 20 quilos per capita, refira-se à necessidade de fixar as metas de coleta num
em 2020. Para que esta seja atingida, a legislação patamar muito alto para que haja real empenho das
O horizonte é que se chegue a 2015 com uma No caso de produtos potencialmente perigosos europeia é inequívoca quanto à obrigação, por parte empresas em alcançar o objetivo. Proibir e penalizar o
contribuição superior a € 1,4 bilhão. Como se pode ou tóxicos, o princípio é o mesmo, mas a logística dos fabricantes e importadores, de financiar o sistema envio de produtos eletroeletrônicos a aterros também
imaginar, não é inteiramente harmônica a relação é diferente da daqueles coletados nos domicílios. de coleta, tratamento e recuperação desses materiais. estimula a reciclagem. Por fim, a transparência e a
entre essas organizações dos produtores e os Greenpeace International, Friends of Earth Europe Também estabelece, para os produtos eletroeletrônicos clareza nos informes a respeito da devolução e da
poderes públicos aos quais são repassados recursos e o European Environmental Bureau publicaram colocados no mercado após 2005, que cada fabricante reciclagem melhoram o desempenho das empresas
destinados à coleta e ao encaminhamento correto um relatório no qual mostram a aplicação da responda por aquilo que vendeu: a responsabilidade e estimulam comportamentos cooperativos por parte
dos materiais. Quanto deve pagar o setor privado e responsabilidade estendida do produtor a produtos é, portanto, individual. Para os produtos vendidos dos consumidores24.
quais as obrigações das coletividades locais são temas que ultrapassam as possibilidades da coleta domiciliar,
polêmicos (Van Kote, 2012). como eletroeletrônicos, por exemplo. A principal
23
http://pubs.usgs.gov/fs/fs060-01/fs060-01.pdf
24
http://www.electronicstakeback.com/wp-content/uploads/Lessons-Learned-from-State-E-waste-laws.pdf, última consulta, 15/7/2013.
New-Environmental-Goals?tracking_source=rss&utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+csrwire%2FPRfee
d+%28CSRwire.com%29 27
https://www.youtube.com/watch?v=ysg4rKQrLGo
28
Entrevista aos autores.
Lei nº 13.103/2001
Ceará
Decreto nº 26.604/2002
Lei nº 14.236/2010
Nordeste Pernambuco Decreto nº 23.941/2002
Lei nº 12.008/2001 (revogada) Estados com política
de gestão dos resíduos
Sergipe Lei nº 5.857/2006 sólidos regulamentada
por lei.
Lei nº 18.031/2009
Minas Gerais
Decreto nº 45.181/2009
Sudeste Lei nº 4.191/2003
Rio de Janeiro
Decreto nº 41.084/2007
Lei nº 12.300/2006
São Paulo Decreto nº 54.645/2009
Decreto nº 57.071/2011
Lei nº 12.493/1999 (alterada)
Evolução das políticas estaduais de resíduos sólidos
Paraná Lei nº 15.862/2008
Decreto nº 6.674/2002
Sul Lei nº 9.921/1993 Anteriores à
Rio Grande do Sul Lei nº 12.305/2010
Decreto nº 38.356/1998
da PNRS
Santa Catarina Lei nº 13.557/2005
Lei nº 17.242/2010 MG
Lei nº 16.746/2009 GO* GO*
Goiás CE RO DF* RR* SP ES PE*
Lei nº 14.892/2004
Lei nº 14.248/2002 (alterada) RS PR* MS PE* MT* RJ GO* SC SE PR* MT* GO*
1993
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Lei nº 7.862/2002 (alterada)
Centro-Oeste Mato Grosso
Lei nº 9.263/2009
* Estados com legislações posteriores que alteram ou revogam a pioneira.
Mato Grosso do Sul Lei nº 2.080/2000
Lei nº 3.232/2003
Distrito Federal
Decreto nº 29.399/2008
Conclusão | 51
expressivos preconizam que se faça cada vez mais Claro que será necessário, para isso, melhorar
nos Estados Unidos –, elas mesmas terão interesse a formação e profissionalizar as atividades dos Anexo I
na emergência de mercados e possibilidades de catadores, que terão de competir com alternativas de
aproveitamento de produtos hoje pouco valorizados. aproveitamento dos materiais bem diferentes daquilo Pneus: logística reversa avança quando organizada pelo setor privado
Esse é o melhor caminho para que se transite da que hoje estão habituados a fazer. O importante é que
situação geral de subciclagem (downcycling) que a subavaliação dos produtos destinados a reciclagem e
hoje impera em boa parte dos produtos recuperados as más condições de vida dos catadores são duas faces O Brasil foi o primeiro país na América Latina a Somam-se ainda, segundo os autores, um número
(e explica, parcialmente, a baixa remuneração dos da mesma moeda. E a mudança dessa situação passa regulamentar a disposição final de pneus inservíveis. desconhecido de empresas que atuam no mercado
catadores) para práticas que superem a reciclagem e por sistemas de gestão em que as empresas assumem Em 26 de agosto de 1999, foi aprovada a Resolução informal e os sistemas de coleta, pré-tratamento e
se aproximem cada vez mais do que McDonough e os custos referentes à destinação pós-consumo daquilo n° 258/99 do Conama (Conselho Nacional do Meio disposição final dos pneus inservíveis montados pelos
Ambiente), que instituiu a responsabilidade pós- fabricantes e importadores31.
Braungart chamaram de Upcycle. que vendem.
consumo do fabricante e do importador pelo ciclo
A Resolução Conama nº 258/99 entrou em revisão
total do produto, ou seja, a coleta, o transporte e em 2006 pelo Ibama e, em setembro de 2009, foi
a disposição final dos pneus inservíveis, com base aprovada a Resolução Conama nº 416/09, que altera
no princípio do poluidor pagador. Desde 2002, a forma de cálculo de produção para o mercado de
os fabricantes e importadores devem coletar e reposição. A cada pneu novo comercializado para o
dar a destinação final adequada aos inservíveis. mercado de reposição com peso unitário superior a
Os distribuidores, revendedores, reformadores e 2 quilos, as empresas fabricantes ou importadoras
consumidores finais são corresponsáveis pela coleta. deverão dar destinação adequada a um inservível. O
A Resolução Conama n° 301/02, que altera a n° Ibama adota, para efeito de fiscalização e controle,
258/99, fixou metas progressivas para reciclagem a equivalência em peso dos pneumáticos inservíveis.
dos pneus inservíveis. Em 2002, a cada quatro pneus Para que seja calculado o peso a ser destinado, aplica-
produzidos ou importados (novos ou reformados), se, assim, o fator de desgaste de 30% sobre o peso do
um pneu inservível deveria ser reciclado; em 2003, pneu novo produzido ou importado. A nova resolução,
a relação caiu para a metade, dois para um; em além disso, não considera a reforma de pneus como
2004, igualou-se: um para um. A partir de 2005, a reciclagem, e sim como uma atividade que prolonga a
cada quatro pneus produzidos ou importados novos, vida útil dos pneus.
cinco inservíveis deveriam ser reciclados e, para cada Aos fabricantes e importadores de pneus novos
três pneus importados reformados, de qualquer tipo, caberá ainda elaborar um plano de gerenciamento
deveriam ser reciclados quatro inservíveis. de coleta, armazenamento e destinação final dos
Apesar da implantação de metas progressivas, que pneus inservíveis no prazo de seis meses após sua
tinham por objetivo oferecer ao fabricante e ao publicação e instalar nos municípios com mais de 100
importador tempo para se adequar às novas exigências mil habitantes pelo menos um ponto de coleta, no
legais, em 2005 oito empresas foram multadas prazo máximo de um ano.
pelo Ibama por não dar destinação ambientalmente A Instrução Normativa n° 01/2010 do Ibama
adequada aos pneus inservíveis referentes ao ano regulamenta o procedimento que os fabricantes,
de 2004. O valor total das multas chegou a R$ importadores e destinadores de pneus inservíveis
20.543.895,00 (Mattos, 2006). devem realizar para preenchimento das informações,
Por outro lado, é importante destacar, conforme fazem trimestralmente, do Cadastro Técnico Federal de
Lagarinhos & Tenório (2013), que antes da resolução Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras
somente 10% dos pneus eram reciclados. Após sua de Recursos Ambientais, como forma de comprovação
aprovação, o número de empresas cadastradas para da destinação final adequada. Também define o
recolher e destruir os pneus inservíveis, que estão cálculo das metas de destinação de pneus inservíveis
de acordo com a Instrução Normativa nº 008/02 do para os fabricantes e os importadores.
Ibama, passou de quatro para 65. Em 2010, havia As informações compiladas no Cadastro Técnico
124 empresas cadastradas no Ibama para reutilização, Federal têm servido para o controle nacional das metas
reciclagem e valorização energética dos pneus. de reciclagem versus pneus inservíveis destinados,
31
A Instrução Normativa nº 008/02 do Ibama, assim como as de nº 018/2002 e nº 021/2002, foi revogada pela Instrução Normativa no 1/2010,
também do Ibama.
Anexo I | 53
que são reportadas na publicação Relatório Anual aos pneumáticos no país, promovidas pelas diferentes decreto que prevê o uso do asfalto-borracha na pós-consumo para fins de recolhimento, tratamento
de Pneumáticos, do Ibama. O órgão também recebe esferas administrativas. Além do mais, diante desse pavimentação das rodovias estaduais, na proporção e destinação final dos resíduos comercializados no
informações da Secretaria de Comércio Exterior contexto é importante conhecer as experiências igual ou superior a 15% da composição total da Estado. Segundo essa resolução, os fabricantes
(Secex), com relação à importação de pneus novos, de legislações subnacionais que se anteciparam ao mistura asfáltica. Em março do mesmo ano, o governo e importadores dos produtos listados, portanto
exportação e pneus equipados em veículos, para fins debate da PNRS e já implantaram marcos regulatórios já havia obtido recursos da ordem de R$ 1 bilhão com também os de pneus, tiveram prazo de 60 dias para
de controle federal. que incentivam a logística reversa dos pneus em seus o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) apresentar proposta de implantação de programa de
territórios. A seguir, citam-se alguns exemplos nesse para financiar as obras. A Rodovia RJ-122, que liga responsabilidade pós-consumo conforme conteúdo
A principal novidade da PNRS com relação a esse tema
sentido. Guapimirim a Cachoeiras de Macacu, foi a primeira mínimo descrito na resolução – nos moldes do que
está na ideia de Acordo Setorial: o que foi estabelecido
a receber esse tipo de material. Para asfaltar os 35 são as propostas de Acordos Setoriais em nível federal,
até aqui por comando e controle passa a ser objeto de Legislações subnacionais
quilômetros da via, foram necessários 420 mil pneus concertadas pelo MMA33.
um pacto entre empresas e o governo federal.
No Rio Grande do Sul, a Lei nº 12.114/2004 proibiu velhos, volume que levou o Departamento de Estradas
De forma similar, também no Paraná o governo
Em nível nacional, outros dois aspectos referem-se a comercialização de pneus usados importados no de Rodagem (DER-RJ) a instalar pela primeira vez no
publicou, em agosto de 2012, o Edital de
à regulação do uso e destino adequados dos pneus Estado. Todavia, posteriormente a Lei nº 12.381/2005 país uma usina de fabricação de asfalto-borracha
Chamamento nº 01/2012, convocando fabricantes,
inservíveis no Brasil. Em primeiro lugar, é proibida aprovou algumas exceções para o comércio de no próprio canteiro de obra. A expectativa do
importadores, distribuidores e comerciantes de
a importação de pneumáticos usados no país sob pneus usados ou reformados importados, todas, governo do Estado é tornar-se referência em asfalto
porém, condicionadas à contrapartida de seu destino produtos de significativo impacto ambiental a
qualquer forma e para qualquer fim, conforme ecologicamente correto para todo o Brasil (Jornal do
ambientalmente adequado. Por exemplo, para cada apresentar propostas de Termo de Compromisso
a Resolução Conama n° 23/96. Em segundo, Brasil, 2011).
carcaça de pneu reformada oriunda do exterior, as para implantação de um sistema de logística reversa.
diferentemente do que ocorre na Comunidade
empresas importadoras precisariam comprovar o A saber, existe na Universidade Federal de Santa Na lista dos produtos encontram-se os pneus34. E,
Europeia, onde para todos os países-membros é
destino ambientalmente adequado de dez pneus Catarina grupo de pesquisa em Rodovias Verdes, com por meio da Resolução n° 57/2008 da Secretaria de
proibida a destinação de pneus inservíveis inteiros ou
usados. seis linhas de atuação, entre as quais se destacam Estado e dos Recursos Hídricos, proibiu o recebimento
triturados para aterros sanitários, no Brasil não existe
misturas asfálticas especiais, aplicação de resíduos na de pneus inservíveis gerados em outras Unidades da
nenhum inventário sobre a disposição dos pneus No Estado de São Paulo, a Resolução Conjunta SMA construção rodoviária e reciclagem de pavimentos. Federação e/ou outros países. Medidas como essa
inservíveis em aterros e lixões. Nos Estados Unidos, – SS 1/02, de março de 2002, determinou a tritura dificultam o reaproveitamento dos pneus usados, pois
muitos Estados proíbem a disposição de pneus inteiros ou retalhamento de pneus para fins de disposição em O Estado de São Paulo, por meio da Resolução SMA
ainda existem poucas recicladoras concentradas em
em aterros, só os recebendo triturados e, ainda aterros sanitários. no 24/2010 e da Resolução SMA n° 131/2010,
localidades pontuais do Brasil e os pneus inservíveis
assim, cobrando taxas tão elevadas que tornam essa ensaiou em 2010 uma regulamentação a respeito da
A Lei nº 14.691 de 6 de janeiro de 2012 determina, coletados precisam cruzar as fronteiras para chegar
alternativa economicamente proibitiva. Naqueles em responsabilidade pós-consumo de um conjunto de
para a conservação das estradas estaduais paulistas, a até elas.
que é permitido estocar pneus sem enterrá-los, existem produtos nos quais estavam incluídos os pneus. Ambas
normas que regulamentam o tamanho, a construção utilização, sempre que possível, de asfalto enriquecido foram revogadas pela Resolução SMA nº 011/2011, Outra Unidade Federativa que regulou a disposição
de obras de prevenção a incêndios, coberturas e com borracha pulverizada proveniente da reciclagem que definiu a criação de uma Comissão Estadual de final adequada de pneus usados foi o Distrito Federal,
tapumes, para que haja o controle adequado desses de pneus inservíveis. É importante mencionar, nesse Gestão de Resíduos Sólidos, a ser ouvida no tocante ao em 2005. Por meio da Lei nº 3.651, que dispõe sobre
depósitos (Lagarinhos & Tenório, 2013; Bertollo et al., sentido, a obrigação do uso de pó de borracha para estabelecimento das metas e prazos referenciados no coleta, destinação final e reutilização de embalagens,
2000). Com a PNRS, a expectativa é que o destino fabricação e aplicação do asfalto ecológico em alguns Decreto Estadual nº 54.645 de 5 de agosto de 200932. garrafas plásticas e pneumáticos, as empresas
inadequado dos pneus usados diminua à medida que Estados norte-americanos, devido à melhoria das Todavia, a Resolução SMA nº 38/2011, posterior, fabricantes, as importadoras, as distribuidoras e os
o sistema de logística reversa for se universalizando condições do pavimento. exigiu ações imediatas por parte dos fabricantes, pontos de venda de pneumáticos são obrigados a
por todo o Brasil, incentivando a reciclagem dos pneus Apesar de ser 30% mais caro que o convencional, o importadores, distribuidores e comerciantes de uma instituir, em conjunto, sistema de coleta de pneus
inservíveis. asfalto-borracha, pode durar até o dobro do tempo. série de produtos, incluindo os pneus, que foram usados e destinação final ambientalmente segura e
No Brasil, seu consumo está estagnado desde 2003 e obrigados a implantar programa de responsabilidade adequada dos pneumáticos inservíveis.
Alguns Estados e municípios também regularam
para seus fabricantes, como a Petrobras Distribuidora,
o destino ambientalmente adequado aos pneus,
a superação das dificuldades para a produção em larga
replicando as orientações nacionais ou, por vezes, 32
Por esse decreto, o Plano Metropolitano de Resíduos Sólidos teria de incluir a definição de tecnologias mais eficientes de tratamento dos
escala só será possível caso seu uso na pavimentação resíduos sólidos gerados, estabelecendo obrigatoriamente, a partir da data de sua publicação, a redução mínima de 6% do volume para
determinando medidas até mesmo mais restritivas
se torne obrigatório por lei (Lagarinhos, 2011). disposição final de rejeitos a cada cinco anos.
e inovadoras que em nível federal, ou ainda se 33
O governo de São Paulo já assinou Termos de Compromissos Pós-Consumo com os seguintes setores: pneus, óleos lubrificantes, filtros
contradizendo às normas da legislação brasileira, As recentes ações promovidas pelo Estado do Rio de de óleos lubrificantes, embalagens de óleos lubrificantes, óleos comestíveis, telefonia celular, embalagens de produtos de higiene pessoal,
o que levanta a necessidade de uma melhor Janeiro são positivas para a expansão desse mercado perfumaria, cosméticos, materiais de limpeza e afins, embalagens de agrotóxicos, pilhas e baterias portáteis, embalagens de alimentos,
embalagens de bebidas, produtos eletroeletrônicos e lâmpadas com mercúrio (Ribeiro, 2012:227).
harmonização das políticas de resíduos relacionados no Brasil. Em julho de 2011, o governador assinou
34
A Federação de Indústrias do Paraná (Fiep) teve um papel protagonista em mobilizar o setor empresarial para aderir ao Edital de Chamamento
da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sema). Realizou diversas ações, como a criação do Comitê de Logística Reversa para
discutir a prática dentro da federação e uma videoconferência transmitida no âmbito estadual para tirar dúvidas dos sindicatos do interior sobre
o edital. Dos cem sindicatos industriais filiados à Fiep, 65 se comprometeram de imediato com a Sema, assinando um termo de compromisso
para a elaboração de planos de logística reversa setoriais. Para facilitar a construção dos planos, a Fiep organizou a indústria paranaense em
18 cadeias produtivas.
Anexo I | 55
É interessante observar que o tema foi regulamentado serviços que manuseiam os pneus, sobre o perigo de
Atores Papel e formas de controle
ainda, em alguns casos, na esfera municipal. A jogá-los em locais inadequados ao meio ambiente e à
responsabilidade pós-consumo dos pneus inservíveis saúde pública. Classificar os pneus como servíveis ou inservíveis. Os servíveis são
foi incorporada pelos municípios de Ibiúna (SP) e Belo vendidos como pneus meia-vida ou encaminhados para empresas de
Já aprovados, a Lei nº 13.316/2002 e o Decreto nº Empresas de triagem e seleção
Horizonte (MG), que consideraram de forma explícita recauchutagem. Os inservíveis são destinados a empresas que fazem o
49.532/2008 estabeleceram normas para coleta,
em suas legislações sobre coleta seletiva a necessidade pré-tratamento. Para venda ou envio, devem emitir nota fiscal.
destinação final e reutilização de embalagens, garrafas
de separação dos pneus, para posterior atividade plásticas e pneumáticos na cidade de São Paulo. No O Ibama deve fazer fiscalização, controle e publicação das metas
de reciclagem. No caso de Ibiúna (Lei nº 685/2001), caso destes, tal como já regulamentado pela legislação de reciclagem por meio do registro dos fluxos de pneus inservíveis
a separação é obrigatória para toda residência, Órgão ambiental federal
nacional, as empresas fabricantes, importadoras, coletados e destinados adequadamente, obtidos por meio do CTF e da
comércio, indústria e afins. Em Belo Horizonte (Lei nº distribuidoras e pontos de venda ficam obrigadas Secex.
8.357/2002), compete apenas a unidades produtivas a instituir, em conjunto, sistema de coleta de pneus As prefeituras, por meio de convênio com os fabricantes (Reciclanip),
definidas como indústria, fábrica, empresa prestadora usados e destinação final ambientalmente segura e Órgão ambiental municipal podem ceder espaço adequado para o armazenamento temporário
de serviço e estabelecimento comercial. Em 2007, adequada aos inservíveis. dos pneus inservíveis.
Belo Horizonte também publicou a Lei nº 9.336, que
dispõe sobre destinação, descarte e armazenamento Logística reversa dos pneus no Brasil
adequados dos pneus inservíveis. O sistema de retorno com responsabilidade pós- No Brasil, a Associação Nacional da Indústria de borracheiros, empresas de reforma de pneus, frotistas,
Na cidade de São Paulo, há um projeto de lei em consumo dos fabricantes e dos importadores, adotado no Pneumáticos (Anip) iniciou em 1999 o Programa consumidores, empresas municipais de coleta de lixo,
tramitação (PL nº 422/10) para regulamentar a Brasil, é semelhante ao utilizado pelos países-membros Nacional de Coleta e Destinação de Pneus Inservíveis. distribuidores e revendas, concessionárias de rodovias,
destinação dos pneus inservíveis, no qual, entre vários da Comunidade Europeia, com exceção do pagamento Com a ampliação da sua atuação para todas as regiões entre outros.
aspectos, destacam-se: a atuação do poder público, de taxa pelos consumidores no momento da troca dos do país, em 2007 os fabricantes de pneus novos
pneus usados por novos, que não ocorre aqui. Quando atinge 2 mil pneus de passeio ou 300 pneus de
junto com os distribuidores, revendedores, destinadores, Bridgestone, Goodyear, Michelin e Pirelli decidiram
criar a primeira, e ainda hoje única, entidade voltada caminhão armazenados, o responsável pelo ponto de
consumidores, fabricantes e importadores, para Apesar de legalmente serem os fabricantes e importa-
exclusivamente à coleta e destinação dos pneus coleta comunica à Reciclanip, que programa a retirada
definição de pontos de coleta para o armazenamento dores os responsáveis pelo destino ambientalmente
inservíveis no país: a Reciclanip. Em 2010, a empresa do material com os transportadores conveniados
provisórios dos pneus; a responsabilidade dos adequado dos pneus inservíveis no país, o bom
de pneus Continental se juntou à entidade. e o encaminha para empresas de trituração, para
fabricantes e importadores quanto à oferta de centrais funcionamento da logística reversa depende da
de armazenamento; e a obrigatoriedade do uso de participação de uma série de atores, conforme que possa ser reaproveitado de diversas maneiras –
Dados da Reciclanip revelam que, de 1999 a maio de
placas de alerta, em estabelecimentos comerciais e de detalhado no quadro a seguir. como combustível alternativo para as indústrias de
2012, os fabricantes de pneus investiram cerca de US$
cimento ou combustível de caldeiras, na fabricação
175 milhões para coleta e destinação adequada de
de asfalto ecológico, solados de sapato, em borrachas
Funcionamento do modelo de logística reversa de pneus inservíveis no Brasil mais de 2 milhões de toneladas de pneus inservíveis
de vedação, pisos para quadras poliesportivas, pisos
no Brasil. Até hoje, 400 milhões de pneus tiveram sua
industriais e tapetes para automóveis.
Atores Papel e formas de controle destinação ambientalmente adequada.
A Reciclanip conta com uma rede de pontos de As prefeituras interessadas em ter ponto de coleta no
Implantar pontos de coleta, gerir e financiar o transporte dos pneus
coleta que soma 743 unidades por todo o Brasil35. O município devem entrar em contato com a Reciclanip
inservíveis até empresas de reciclagem, organizar campanhas de
Fabricantes e importadores recolhimento é desenvolvido por meio de parcerias, na para obter a minuta do Convênio de Cooperação
conscientização sobre a destinação ambientalmente adequada e
maioria dos casos com prefeituras, que cedem terreno Mútua e, na sequência, formalizar o acordo. O
financiar estudos e pesquisas.
(dentro de normas específicas de segurança e higiene) transporte dos pneus inservíveis dos pontos de coleta
Os distribuidores e as revendas devem fazer a coleta dos pneus para a construção dos locais de armazenamento para as empresas de trituração é realizado pela
inservíveis quando deixados de forma voluntária pelo cliente no temporário dos pneus inservíveis, entregues por entidade, sem custos para a prefeitura.
Distribuidores, revendedores e
momento da troca e encaminhá-los para empresas de triagem e
borracheiros
seleção ou destinação final. Os borracheiros devem levar os pneus
inservíveis até um ponto de coleta.
35
Os Estados de São Paulo (238) e Minas Gerais (179), juntos, concentram 56% dos pontos de coleta da Reciclanip no Brasil.
Anexo I | 57
Você sabia?
Quadro VII
A reforma de um pneu emprega 25% do material litros de petróleo. Na Europa, a reforma é considerada
Uma importante distorção na logística reversa de pneus que seria utilizado na fabricação de um novo. Seu “verde” e recebem-se incentivos para a montagem de
rendimento, depois de reformado, é semelhante ao de empresas com essa finalidade. Nos Estados Unidos, o
É importante assinalar que, na prática, esse modelo legais, mas também sanitárias para a população. Outra
um novo, com custo 70% menor. Quando um pneu Decreto no 12.873/1993 determina o uso da reforma
nem sempre é aplicado de maneira rigorosa. Atores distorção identificada foi que os Postos de Coleta em
de carga é reformado, em média, duas vezes, gerando em todos os pneus de veículos públicos (Lagarinhos,
com larga experiência de campo entrevistados no parceria com as prefeituras acabam por receber pneus
três vidas para cada carcaça, há uma economia de 57 2011).
âmbito deste estudo relataram situações em que as de diferentes fabricantes, e não apenas das cinco
responsabilidades do setor privado pela infraestrutura empresas que integram a Reciclanip, que recolhe apenas
de coleta e destinação dos pneus inservíveis não eram os das suas associadas. Desse modo, as prefeituras Distribuição dos pontos de coleta de pneus inservíveis no Brasil
cumpridas. As prefeituras, diante dessa situação, precisam assumir a gestão do destino ambientalmente
tinham não só de assumir os custos de construção adequado dos pneus dos demais fabricantes. Não foi
de instalações para essa finalidade como colocar possível saber, no âmbito deste estudo, qual a extensão
funcionários públicos para fazer esse trabalho, sob desse tipo de conduta na gestão de resíduos sólidos
o risco de que os pneus não fossem retirados do de pneus, mas, pelo que informou a fonte consultada,
município, o que traria consequências não apenas essa distorção não é totalmente excepcional.
1 2
RR AP
6 20
Desafios da logística reversa dos pneus inservíveis no Brasil AM
PA
8 13 7
MA
CE RN
Em agosto de 2012, o Ibama divulgou o Relatório de Entre os desafios para o aprimoramento do sistema 3 PB 8
PI
Pneumáticos referente ao ano de 2011, que consolidou de logística reversa dos pneus inservíveis no Brasil, 3 7
PE
20
informações relativas a 17 empresas fabricantes e destacam-se:
AC 11 TO SE
AL
4
RO
32 32 3
436 importadoras de pneus que reportaram suas • Melhor distribuição dos pontos de coleta pelo MT
BA
inservíveis referentes à meta nacional calculada para e higiene para os pontos de coleta. Em seu estudo, 16 MG
o ano de 2011. Os fabricantes superaram a meta, Lagarinhos (2011) mostrou que há vários casos de MS
ES
29
com 101,79%, e os importadores não a alcançaram pontos de coleta no Brasil que possuem cobertura, 321 RJ
SP
(66,74%). A maior parte da destinação adequada mas suas laterais são abertas. Com isso, os pneus 125 57
concentra-se nas Regiões Sudeste (62,45%) e Sul armazenam água da chuva e aumentam o risco de PR
(20,84%). A Norte, por exemplo, só consegue destinar propagação da dengue. Em alguns casos, também SC
53
adequadamente 1,60% dos pneus inservíveis. Parte não há controle de entrada das pessoas nos pontos 114
RS
da explicação se dá pelo reduzido número de pontos de coleta;
de coleta (1.127), dos quais 647 estão localizados • Falta de conhecimento, por parte dos consumidores,
em municípios com população acima de 100 mil sobre o destino adequado que deve ser dado ao pneu
habitantes. inservível, em grande parte decorrente da ausência de
Os principais destinos ambientalmente adequados campanhas;
dos pneus inservíveis no Brasil têm sido o • Falta de regulamentação, pelo Ibama, para a
coprocessamento (55,46%), a reciclagem (29,91%) atividade de reutilização dos pneus; Relatório de Pneumáticos, 2012.
e a laminação (12,80%). No coprocessamento,
• Falta de incentivos econômicos para a atividade de
são usados em fornos de clínquer como substituto
reciclagem de pneus;
parcial de combustíveis e como fonte de elementos
metálicos. A laminação envolve o processo de • Alto custo da coleta e transporte dos pneus
fabricação de artefatos de borracha. A reciclagem inservíveis;
é o processo industrial de fabricação de borracha • Concentração das empresas de reforma, trituração/
moída, em diferentes granulagens, com separação e granulação e laminação de pneus nas Regiões Sul e
aproveitamento do aço. Sudeste.
Anexo I | 59
progressivas intermediárias e finais a serem A Resolução Conama no 362/2005 também definiu
Anexo II estabelecidas pelos Ministérios do Meio Ambiente a criação do Grupo de Monitoramento Permanente
(MMA) e de Minas e Energia (MME) em ato normativo (GMP) para seu acompanhamento, coordenado pelo
Enfrentando os riscos dos óleos lubrificantes conjunto, mesmo que superado o percentual mínimo MMA, que deve se reunir ao menos trimestralmente
fixado da meta anual de reciclagem (30%). O Cadastro e ter como integrantes representantes do órgão
Técnico Federal de Atividades Potencialmente regulador da indústria do petróleo, dos produtores
Os óleos lubrificantes usados ou contaminados (Oluc) resíduos descartados no ar, na água, no solo ou nos e importadores, dos revendedores, dos coletores,
Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais
são classificados como resíduo perigoso, segundo a sistemas de esgoto”. As novas indústrias teriam de ser dos rerrefinadores, das entidades representativas
(CTF) passa a congregar as informações enviadas
norma brasileira NBR 10.004 (ABNT, 2004). Gusmão baseadas nesse padrão tecnológico e as já instaladas dos órgãos ambientais estaduais e municipais e das
pelos coletadores, a respeito da coleta e destinação
(2011) mostra que 1 litro de óleo lubrificante pode ganharam um prazo de 120 dias para apresentar organizações não governamentais ambientalistas36.
de Oluc, e pelos rerrefinadores, sobre a produção
contaminar 1 milhão de litros de água. Em outras ao órgão estadual de meio ambiente um plano de
de óleo básico reciclado. Na prática, trata-se Em agosto de 2007, o MMA e o MME editaram
palavras, a poluição gerada pelo descarte de 1 tonelada adaptação do seu processo industrial que assegurasse
exatamente da aplicação dos princípios contidos na em conjunto a Portaria Interministerial no 464, com
por dia de óleo usado no solo ou em cursos d’água a redução e o tratamento dos resíduos gerados.
responsabilidade estendida do produtor, analisada no as metas progressivas de recolhimento regionais e
equivale ao esgoto doméstico de 40 mil habitantes. Em 1999, em conformidade com a Resolução Conama âmbito das práticas europeias e norte-americanas, no nacionais, revistas a cada período de quatro anos.
Queimado, é fonte de graves poluentes atmosféricos. no 9/1993, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) segundo capítulo deste trabalho. O Acordo Setorial Dessa forma, em fevereiro de 2012 foi editada a
Os metais pesados que contém contaminam o solo, aprimorou a regulação da atividade de recolhimento, submetido pelo setor privado ao MMA mantém esse Portaria Interministerial n° 59, atualizando as metas –
quando ali despejados. Além disso, seu descarte coleta e destinação final de Oluc por meio da Portaria mesmo princípio. conforme tabelas a seguir.
indevido dá origem a imenso desperdício: há técnicas ANP 125/1999. Foram estipuladas metas progressivas
de refino que permitem a reutilização de 75% do óleo acerca do volume mínimo de coleta e destinação Metas de recolhimento conforme Portaria Interministerial no 464/2007
já usado. adequada do óleo lubrificante usado ou contaminado:
Há muito tempo o Brasil iniciou a regulação da 20% a partir de outubro de 1999, 25% a partir Regiões
atividade de recolhimento, coleta e destinação final de outubro de 2000 e 30% a partir de outubro de Ano Brasil
adequada do Oluc. A Resolução Conama no 9/1993 2001. Ao estabelecimento varejista que comercializa Nordeste Norte Centro-Oeste Sudeste Sul
já considerava a reciclagem um instrumento prioritário óleo lubrificante coube a responsabilidade de colocar
2008 19% 17% 27% 42% 33% 33,4%
para a gestão ambiental brasileira e impunha sua à disposição dos clientes postos de coleta para
aplicação ao produto. recebimento e armazenamento do óleo usado ou 2009 21% 20% 29% 42% 34% 34,2%
contaminado ou, alternativamente, fornecer recipiente
Por essa resolução, teria de ser obrigatoriamente
vazio ao consumidor, próprio para o recolhimento 2010 23% 23% 31% 42% 35% 35%
recolhido e reciclado (rerrefinado), de forma a não
do óleo, e a indicação do local de entrega. Todos
afetar negativamente o meio ambiente (artigo 2º e 2011 25% 24% 31% 42% 35% 35,9%
os produtores e distribuidores deveriam realizar
artigo 7º). A industrialização e a comercialização de
programas de esclarecimento aos clientes do conteúdo
novos óleos lubrificantes não recicláveis, nacionais ou
da portaria, incluindo campanhas publicitárias, e
importados, foram proibidas. Metas de recolhimento conforme Portaria Interministerial no 59/2012
todos os produtores e importadores deveriam reportar
Apesar de não mencionar o termo logística reversa, trimestralmente à ANP a comprovação da destinação
a Resolução Conama no 9/1993 estimulava, de Regiões
final adequada das quantidades de óleos lubrificantes
Ano Brasil
forma inovadora, essa prática para o Oluc, visto que usados ou contaminados coletados. Nordeste Norte Centro-Oeste Sudeste Sul
estabelecia responsabilidades e obrigações para os
Posterior a 1999, inicia-se um processo de criação
diversos elos do ciclo de vida do produto: produtores 2012 26% 26% 32% 42% 36% 36,9%
de novas portarias e resoluções por parte da ANP e
(artigo 8º), geradores de óleos usados (artigo 9º),
do Conama, que foram completando, aperfeiçoando 2013 28% 28% 33% 42% 36% 37,4%
receptores de óleos usados (artigo 10), postos de
e substituindo as regulações anteriores referentes à
abastecimento de embarcações (artigo 11), coletores 2014 30% 30% 34% 42% 37% 38,1%
destinação ambientalmente adequada (reciclagem)
de óleos usados (artigo 12), refinadores de óleos dos óleos lubrificantes. Nesse período destaca-se a
usados (artigo 13). 2015 32% 31% 35% 42% 37% 38,5%
Resolução Conama nº 362/2005, segundo a qual
Igualmente inovador era seu artigo 6º, que definia produtores e importadores ficam obrigados a coletar
padrão tecnológico para as indústrias destinadas à todo óleo disponível ou garantir o custeio de toda a
36
A Portaria do MMA nº 31 de 23 de fevereiro de 2007 formaliza a criação do Grupo de Monitoramento Permanente para o acompanhamento
da Resolução Conama nº 362/2005.
regeneração dos óleos lubrificantes usados, exigindo coleta de Oluc efetivamente realizada, na proporção
o uso de “tecnologias que minimizassem a geração de do volume colocado no mercado, conforme metas
Anexo II | 61
Em 2011, o Brasil já recolhia 36% do óleo lubrificante variados. Em ambos, já foi assinado termo de Dessa forma, para os produtores de óleos lubrificantes, que regulamentava a Lei no 12.008/2001, acerca da
usado ou contaminado. Em 2012, coletou 37%, compromisso para óleos lubrificantes usados ou foi estabelecido que deverão, através de coletores Política de Resíduos Sólidos do Estado de Pernambuco,
cumprindo a meta imposta pelo Conama. No entanto, contaminados. autorizados contratados, garantir a oferta da em seus artigos 65 e 67 estabeleceu a proibição do
os dois maiores comercializadores de óleo do país, São atividade de coleta de Oluc em 80% dos municípios descarte inadequado, impróprio e não autorizado,
Em São Paulo, o Sindicato Nacional das Empresas
Paulo e Rio de Janeiro, não conseguiram superar os do Estado do Paraná, bem como a oferta de coleta conforme legislação pertinente, dos óleos lubrificantes
Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes
índices propostos pelo Conama, assim como outras 12 do óleo lubrificante, mediante solicitação prévia de e assemelhados (óleos de corte e fluidos, gases ou gel,
(Sindicom), o Sindicato Interestadual das Indústrias
Unidades da Federação. Os destaques do ano foram consumidores ou revendedores, com antecedência utilizados como isolantes térmicos e elétricos ou como
Misturadoras e Envasilhadoras de Produtos Derivados
Amazonas, Espírito Santo, Bahia e Distrito Federal, que mínima de 30 dias, em 100% dos municípios do meios de produtos de arrefecimento). Os fabricantes
de Petróleo (Simepetro), o Sindicato Interestadual
tiveram desempenho 20% melhor que o registrado Estado. Os comerciantes atacadistas deverão garantir e importadores desses óleos são responsáveis pela
do Comércio de Lubrificantes (Sindilub), o Sindicato
em 2011. Em 2012, o volume de óleo recolhido que o recebimento e a subsequente entrega, aos coletores coleta, pela reciclagem, pelo reprocessamento, pelo
da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios
passou pelo processo de rerrefino e se tornou óleo autorizados, de 100% do volume de óleo que lhes tratamento e pela disposição final dos óleos inservíveis,
do Estado de São Paulo (Sindirepa-SP) e o Sindicato
novo chegou a 64,7%, contra 58,7% em 2011. Já a for devolvido pelos consumidores ou comerciantes obedecidas as condições e os critérios estipulados pela
Nacional da Indústria do Rerrefino de Óleos Minerais
quantidade coletada em 2012 subiu 2,8%, percentual varejistas. Os coletores deverão garantir a coleta Companhia Pernambucana do Meio Ambiente.
(Sindirrefino) assinaram Termo de Compromisso, em
superior à de óleo comercializado, que cresceu de 100% do óleo gerado a partir dos lubrificantes
junho de 2012, com a Secretaria de Estado do Meio
1,5%37. A expectativa do Grupo de Monitoramento comercializados nos municípios cobertos pelo sistema Logística reversa dos óleos lubrificantes no Brasil
Ambiente (SMA) e a Companhia Ambiental do Estado
Permanente é que o país possa atingir até meados da de logística reversa, implantado pelos produtores.
de São Paulo (Cetesb), com o objetivo de ampliar o São cinco os participantes da cadeia de comercialização
próxima década o patamar de 42% de óleo recolhido Os rerrefinadores deverão receber e processar 100%
Sistema de Responsabilidade Pós-Consumo para do óleo lubrificante até o processo de rerrefino
(Gusmão, 2011). do óleo lubrificante coletado no Estado do Paraná,
recebimento, coleta, armazenamento e destinação (reciclagem): produtores e importadores, revendedores,
O Acordo Setorial para óleos lubrificantes tem por garantindo eficiência de um mínimo de 65% de geradores, coletores, rerrefinadores. Cada ator
final ambientalmente adequada de Oluc.
objetivo aperfeiçoar o sistema de logística reversa já rendimento do processo. possui responsabilidade e papel diferenciado para o
existente, eliminando os gargalhos e melhorando No Paraná, o Termo de Compromisso foi assinado
Diversos Estados, mesmo antes da publicação da PNRS, funcionamento do sistema de logística reversa dos
o desempenho do sistema para todo o território entre o Sindicom, Simepetro, Sindilub, Sindirepa-
já procuravam orientar o destino dos óleos lubrificantes óleos lubrificantes usados e contaminados no Brasil,
brasileiro. PR, Sindirrefino, Sindicato do Comércio Varejista
usados e contaminados. O Decreto no 23.941/2002, conforme detalhado na tabela a seguir.
de Derivados de Petróleo do Estado do Paraná
A título de evolução temporal, recentemente a
(SindiCombustíveis-PR), Sindicato Nacional do
Resolução Conama nº 450 de 6 de março de 2012 altera Funcionamento do modelo de logística reversa de óleos lubrificantes no Brasil
Comércio Transportador, Revendedor, Retalhista (Sind
e acrescenta artigo à Resolução Conama nº 362/2005,
TRR) e a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e
em aspectos referentes ao envio de informações pelos Atores Papel e formas de controle
Recursos Hídricos. O documento38 estabelece de forma
coletadores e rerrefinadores e também sobre publicação
detalhada as responsabilidades de cada signatário, as
das metas de percentual mínimo de coleta de Oluc, Custear a coleta de Oluc e informar aos consumidores e geradores suas
condições de acompanhamento e controle do sistema
acompanhado de relatório justificativo detalhado, por obrigações e os riscos ambientais decorrentes do descarte ilegal do
de logística reversa, as metas de recolhimento e
parte do MMA. Ao Ibama cabe apresentar relatório produto. O percentual de coleta tem de estar adequado ao volume mínimo
reciclagem, entre outras características. Fabricantes e importadores
sobre os resultados da implantação da Resolução fixado pelos Ministérios do Meio Ambiente e de Minas e Energia. Prestar
Conama nº 362/2005. A divulgação das informações Destaca-se ainda o estabelecimento de metas informações ao Ibama e ao órgão ambiental estadual (Oluc comercializado,
ocorrerá a cada ano na segunda reunião ordinária do individualizadas para cada agente envolvido no sistema coleta contratada, Oluc adquirido por rerrefinador).
Conama. Tais medidas são mais um instrumento que de logística reversa dos óleos lubrificantes (cláusula
pode ajudar no monitoramento e controle do sistema 6.1). “A manutenção do Sistema, já implantado no Entregar o Oluc ao ponto de recolhimento (revendedor) ou coletor
de logística reversa de óleo lubrificante, em direção ao Estado do Paraná, pressupõe a necessária participação autorizado. Durante o processo de armazenamento, adotar as medidas
seu aperfeiçoamento. de cada agente envolvido de acordo com o conceito de Geradores necessárias para impedir que o óleo venha a ser misturado com produtos
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos químicos, combustíveis, solventes, água e outras substâncias, evitando a
Legislações subnacionais produtos, definido no artigo 30 da Lei nº 12.305/2010, inviabilização do rerrefino; e não contaminar o meio ambiente.*
Conforme já destacado em outras passagens deste qual seja, de forma individualizada e encadeada,
estudo, os Estados de São Paulo e Paraná publicaram abrangendo produtores, importadores, comerciantes, Receber dos geradores o Oluc, para seu recolhimento de forma
editais de chamamento para o estabelecimento de consumidores, coletores e rerrefinadores. As metas, segura e em instalações adequadas. Adotar medidas que evitem
acordo setorial e termo de compromisso, entre as portanto, devem ser individualizadas de forma a a inviabilização do rerrefino e a contaminação do meio ambiente.
empresas instaladas em seus territórios e o poder expressar as obrigações específicas de cada participante Revendedores
Alienar o Oluc recebido para coletadores autorizados pela ANP. Emitir
público, para promoção de responsabilidade pós- do Sistema, visando ao criterioso monitoramento de certificado de coleta. Informar aos clientes os cuidados necessários com
consumo e sistemas de logística reversa de produtos seus respectivos desempenhos.” o óleo e a necessidade de retorno do produto e suas embalagens.
37
http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/brasil-bate-meta-de-coleta-de-oleolubrificante/?utm_source=newsletter&utm_
medium=email&utm_campaign=mercado-etico-hoje
38
http://www.sindirrefino.org.br/upload/legislacao/00001649.pdf
Anexo II | 63
Para os municípios não atendidos, o revendedor do veículo em agentes credenciados. Em segundo
Atores Papel e formas de controle
deve armazenar temporariamente o óleo lubrificante lugar, coibir o desvio de grande quantidade de Oluc
Realizar a atividade de coleta de Oluc, entregando-o ao rerrefinador, e e entrar em contato com um coletor autorizado que vem sendo utilizada como óleo combustível na
Coletores quando houver um volume adequado que justifique o queima de caldeiras em olarias, padarias e outros. Por
emitir certificado de coleta.
recolhimento. Atualmente há 33 empresas autorizadas último, controlar a venda de óleos lubrificantes em
Remover os contaminantes do resíduo perigoso e produzir óleo pela ANP para a realização da coleta de Oluc (ANP, supermercados, que não se sentem responsáveis pela
lubrificante básico conforme especificação da ANP, emitir certificado 2013), no Brasil. coleta do óleo usado40.
Rerrefinadores de recolhimento e prestar informações ao Ibama e ao órgão Outro instrumento que vem contribuindo para a A expansão do número de empresas brasileiras
ambiental estadual (volume recebido, volume refinado, produzido e logística reversa dos óleos lubrificantes é o Programa autorizadas a realizar a atividade de rerrefino de óleo
comercializado). Jogue Limpo, que tem como foco central promover a lubrificante usado e contaminado, em sua maioria
logística reversa das embalagens de óleos lubrificantes, concentradas nas Regiões Sul e Sudeste, é outro
Fazer a fiscalização, controle e registro dos fluxos de Oluc mas, em menor escala, também realiza a coleta. Em importante desafio. Hoje são apenas 19, quando no
Órgãos ambientais (Ibama e
comercializados, coletados e destinados adequadamente e publicar as 2012 foram coletados e encaminhados para rerrefino passado o país já contou com 50 pequenas usinas de
estaduais)
metas de rerrefino. 383,59 milhões de litros de Oluc. Esse programa é rerrefino de óleo usado41.
promovido por órgãos de classe e entidades que de Para o MMA, como a legislação ambiental prevê que
alguma forma utilizam em suas atividades embalagens todo óleo lubrificante usado e/ou contaminado deve
Fonte: www.anama.com.br e Gerenciamento de Óleos Lubrificantes Usados ou Contaminados, Guia Básico, 2001.
de óleos lubrificantes, em parceria com organizações ser recolhido e coletado, é necessário que a atividade
*Alguns geradores (especiais) de Oluc, pela natureza de sua atividade ou aplicação, não possuem meios de levar seus equipamentos a
um ponto de troca: donos de colheitadeiras, tratores, barcos, frotistas e indústrias em geral. Nesses casos, o gerador deve possuir uma da sociedade civil. de coleta seja estendida a todos os municípios do
equipe técnica treinada para efetuar a substituição do óleo lubrificante com segurança ou contratar um serviço especializado. Brasil. Um aumento progressivo dos percentuais de
Desafios da logística reversa de óleos
coleta, acompanhado de uma fiscalização efetiva,
Há no Brasil 19 empresas autorizadas a realizar a Paulista) Lubrificantes Ltda., Lwart Nordeste Ltda., lubrificantes no Brasil
além da conscientização da população sobre o tema,
atividade de rerrefino de Oluc, conforme a mais recente Perfilub Indústria e Comércio de Produtos de Petróleo Entre os principais desafios para o melhoramento do provocará uma redução do volume do Oluc dirigido
atualização da ANP39, de fevereiro de 2013. Desse Ltda. e Proluminas Lubrificantes Ltda. sistema de logística reversa para óleos lubrificantes para uso clandestino, como combustível e outras
conjunto, sete participam do Sindicato Nacional da O Sindirrefino possui participação importante na atividade usados e contaminados está a expansão do atingimento aplicações igualmente ilegais, reduzindo, assim, o
Indústria do Rerrefino de Óleos Minerais (Sindirrefino): de coleta de óleos lubrificantes, uma vez que disponibiliza das metas pelos Estados brasileiros. Uma análise das impacto ambiental causado por condutas criminosas
Brazão Lubrificantes Ltda., Indústria Petroquímica do por todo o Brasil pontos de coleta em 4.328 dos 5.570 metas de recolhimento de Oluc obtido por todas as (Relatório do MMA para o Conama, 2012).
Sul Ltda., Lubrasil Lubrificantes Ltda., Lwart (Lençóis municípios do país, conforme quadro a seguir. regiões esconde a desigualdade intrarregional, pois Do ponto de vista da tecnologia de rerrefino, fabricantes
há vários Estados que não têm conseguido atingir o de aditivos e formuladores de óleos lubrificantes vêm
percentual mínimo determinado pelo Conama. trabalhando no desenvolvimento de produtos com
Distribuição territorial dos pontos de coleta de óleos lubrificantes do Sindirrefino no Brasil
Para tal, Edmilson Costa, coordenador do Grupo de maior vida útil, o que tende a reduzir a geração de
Monitoramento Permanente (GMP) da Resolução óleos usados. Ao mesmo tempo, com o aumento da
Região Norte Acre (1), Amazonas (1), Rondônia (5), Tocantins (55), Amapá (1), Pará (18) Conama nº 362/2005, é preciso ampliar a consciência aditivação e da vida útil do óleo, crescem as dificuldades
82 municípios e Roraima (1). da sociedade no sentido de que ela deve trocar o óleo no processo de regeneração após seu uso.
Região Nordeste Alagoas (107), Ceará (163), Paraíba (189), Piauí (194), Bahia (365), Maranhão (8), 40
http://www.inbrasc.org.br/noticia/detalhe/logistica-reversa-recolhe-36-do-oleo-lubrificante-usado-no-brasil/16
1.399 municípios Pernambuco (163), Rio Grande do Norte (144) e Sergipe (66). 41
http://www.bolsafiep.com.br
Região Sudeste
Espírito Santo (68), Rio de Janeiro (83), Minas Gerais (723) e São Paulo (597).
1.471 municípios
Região Sul
Paraná (377), Santa Catarina (244) e Rio Grande do Sul (391).
1.012 municípios
Região Centro-Oeste
Distrito Federal (1), Mato Grosso (112), Goiás (184) e Mato Grosso do Sul (67).
364 municípios
Fonte: Sindirrefino.
39
http://www.anp.gov.br/?id=506
Anexo II | 65
Instituto Nacional de Processamento de atividades. Somente em 2010, mais de R$ 50 milhões
ANEXO III Embalagens Vazias foram investidos no programa de logística reversa das
embalagens de agrotóxicos (www.inpev.org.br).
A experiência líder do inpEV em recolhimento de embalagens de agrotóxicos O Instituto Nacional de Processamento de Embalagens
Vazias (inpEV) é uma entidade sem fins lucrativos Conforme o inpEV, todos os elos da cadeia produtiva
criada para gerir a destinação final de embalagens agrícola arcam com sua parte nos custos: o agricultor
Legislação vazias de agrotóxicos. Fundado em 14 de dezembro tem o custo de retornar as embalagens até a unidade ou
de 2001, representa a indústria fabricante de produtos ponto de devolução indicado na nota fiscal de venda;
A partir de 1989, com a Lei nº 7.802 de 11 de julho, dos agricultores e a referência mundial que o Brasil se fitossanitários em sua responsabilidade de conferir a os canais de distribuição (revendedores e cooperativas),
o Brasil passa a regular a produção, o consumo e a tornou em recolhimento e destino ambientalmente correta destinação final às embalagens vazias desses os custos de construção e administração das unidades
comercialização dos agrotóxicos no país. Essa lei adequado de embalagens vazias de agrotóxicos. produtos utilizados na agricultura brasileira. Em termos de recebimento, os quais são compartilhados com a
dispõe sobre pesquisa, experimentação, produção, Progressivamente, saindo da escala piloto, o inpEV de estrutura administrativa, o instituto é uma resposta indústria fabricante; e os fabricantes também são
embalagem e rotulagem, transporte, armazenamento, foi acumulando experiência em direção à larga escala para a gestão da responsabilidade pós-consumo das responsáveis pelos custos de logística e destinação
comercialização, propaganda comercial, utilização, que o sistema de logística reversa das embalagens embalagens de agrotóxicos. final. O governo, por sua vez, deve apoiar os
importação, exportação, destino final dos resíduos e de agrotóxicos assume hoje no Brasil. Importantes esforços de educação e conscientização do agricultor
embalagens, registro, classificação, controle, inspeção Participam do inpEV 94 empresas fabricantes de
diferenciais para o sucesso desse processo foram em conjunto com fabricantes e comerciantes. Os
e fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e agrotóxicos do Brasil e mais dez entidades em seu
a definição clara e precisa das responsabilidades e principais custos são de infraestrutura (unidades
afins. Mais tarde, foi alterada pela Lei nº 9.974/2000, quadro associativo. As empresas fabricantes são sócios
funções de todos os agentes que participam do ciclo de recebimento), logística e destinação final das
que incorporou de forma explícita no artigo 6º contribuintes, ou seja, pagam contribuição ao inpEV,
de vida do produto e as ações de educação ambiental. embalagens. Segundo o InpEV, desde 2002, foram
a responsabilidade das empresas produtoras e possuem direito a voto, participação em cargos eletivos
investidos pelos associados no programa de logística
O inpEV tem realizado uma série de campanhas de e nas assembleias gerais. As entidades de classe são
comercializadoras de agrotóxicos e seus componentes reversa das embalagens vazias de agrotóxicos cerca
educação e conscientização do agricultor a respeito sócios colaboradores, não pagam contribuição ao
pela destinação das embalagens vazias dos produtos de R$ 440 milhões, dos quais 80% pela indústria
da correta realização da lavagem e devolução das instituto, mas participam das assembleias gerais, sem
por elas fabricados e comercializados, após a devolução fabricante. São esses investimentos que respondem
embalagens: “A natureza precisa de você”, “Devolva direito a voto.
pelos usuários, e pela dos produtos apreendidos pela por mais de 250 mil toneladas de embalagens vazias
Certo”, “Devolução de embalagens vazias - Olimpio”,
ação fiscalizatória e também dos impróprios para Para cumprir a responsabilidade pós-consumo, as de agrotóxicos retiradas do meio ambiente pelo InpEV
esta em parceria com o governo federal. Em sua
utilização ou em desuso, com vistas à sua reutilização, empresas associadas ao inpEV financiam todas as suas de lá para cá.
página também disponibiliza curso interativo para que
reciclagem ou inutilização, obedecidas as normas
o agricultor possa iniciar seus estudos em “Destinação Funcionamento do modelo de logística reversa de embalagens de agrotóxicos no Brasil
e instruções dos órgãos de registro e sanitário-
final de embalagens vazias de agrotóxicos”. Há
ambientais competentes.
ainda o Programa de Educação Ambiental Campo
Atores Papel e formas de controle
Outros dispositivos legais são o Decreto nº Limpo, criado em 2011. Em parceria com Secretarias
4.074/2002, que regulamentou a Lei nº 7.802/89; a de Educação municipais, núcleos de ensino, diretores Fazer a tríplice lavagem e lavagem sob pressão; inutilizar a embalagem,
Resolução Conama nº 334/2003, que dispôs sobre ou coordenadores de escolas, o programa, cujo evitando reaproveitamento; fazer o armazenamento temporário na
os procedimentos de licenciamento ambiental de tema neste ano é o Ciclo de Vida das Embalagens, Agricultor propriedade; devolver a embalagem na unidade de recebimento indicada na
estabelecimentos destinados ao recebimento de foi disseminado para cerca de mil escolas do entorno nota fiscal até um ano após a compra; manter os comprovantes de entrega das
embalagens vazias de agrotóxicos; e a Resolução ANTT das unidades de recebimento de embalagens embalagens por um ano.
nº 420/2004, de grande importância para a expansão vazias de agrotóxicos, em 19 Estados. Após a Ao vender o produto, indicar o local de entrega na nota fiscal; disponibilizar
do sistema de logística reversa das embalagens de confirmação da adesão ao programa, as instituições Canais de distribuição e gerenciar o local de recebimento das embalagens; emitir comprovante de
agrotóxicos, ao descaracterizar as embalagens vazias de ensino receberam kits pedagógicos especialmente entrega; orientar e conscientizar o agricultor.
como resíduo perigoso para efeito de transporte em desenvolvidos para aplicação aos alunos do 4º e
todo o país, desde que submetidas a processos de 5º ano do ensino fundamental, com abordagem Recolher as embalagens vazias devolvidas às unidades de recebimento; dar a
lavagem apropriados. multidisciplinar. correta destinação final (reciclagem e/ou incineração); orientar e conscientizar
Fabricantes e importadores
o agricultor, arcar com os custos de funcionamento do sistema, que não faz
Com a obrigatoriedade desde 2002, a devolução das Vale destacar que o desenvolvimento de campanhas
parte da estrutura municipal de limpeza pública.
embalagens, que antes eram enterradas em valas ou e materiais educativos, para estimular a realização da
queimadas nas propriedades agrícolas, é uma prática tríplice lavagem e a devolução das embalagens vazias Fiscalizar o funcionamento do sistema de destinação final das embalagens;
que vem crescendo no país. A atuação do Instituto de agrotóxicos, é uma responsabilidade tripartite emitir as licenças de funcionamento para as unidades de recebimento de
Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (poder público, revendedor e indústria) regulamentada Poder público acordo com os órgãos competentes de cada Estado; apoiar os esforços de
(inpEV) explica a mudança de comportamento por parte no artigo 19, parágrafo único, da Lei nº 9.974/00. educação e conscientização do agricultor quanto às suas responsabilidades
dentro do processo.
Fonte: www.inpev.org.br
Anexo III | 67
O inpEV desenvolveu e fez parceria, nos últimos ainda possui alguns gargalos. O mais importante
anos, com nove empresas localizadas nos Estados está na cobertura de unidades de recebimento das Referências
de Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rio de embalagens, que precisa ser ampliada e distribuída de
Janeiro e São Paulo, que recebem e reciclam as forma mais igualitária por todo o território nacional.
Abrelpe (2012). Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2011.
embalagens vazias com a segurança, qualidade e Aliás, esse é um problema também dos demais sistemas
http://www.abrelpe.org.br/panorama_apresentacao.cfm
rastreabilidade necessárias ao processo. Somente de logística reversa implantados no Brasil (pneus, óleos
(última consulta, 1º/7/2013).
essas empresas estão aptas a atuar com a reciclagem lubrificantes, embalagens de óleos lubrificantes).
das embalagens vazias, pois cumprem as normas dos Todavia, vem sendo enfrentado ao longo do tempo Abrelpe (2013). Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2012.
órgãos ambientais, as exigências legais e os padrões e já coloca o Brasil em papel de destaque no cenário http://www.abrelpe.org.br/panorama_apresentacao.cfm
de qualidade e segurança estabelecidos. Em conjunto, internacional. Os índices de recolhimento e reciclagem (última consulta, 1º/7/2013).
produzem 17 artigos provenientes da reciclagem das embalagens de agrotóxicos no país chegam a Bertollo, S.A; Fernandes Júnior, J.L.; Villaverde, R.; Migotto Filho, D.
das embalagens vazias, como barricas de papelão, 94% do que é colocado no mercado, acima de países “Pavimentação asfáltica: uma alternativa para a reutilização de pneus usados”.
tubo para esgoto, embalagem para óleo lubrificante, como França e Canadá, que conseguem recolher e Revista Limpeza Pública nº 54, de janeiro de 2000.
conduíte corrugado, caixa de bateria automotiva, reciclar em torno de 75% das suas embalagens. E é
barrica plástica para incineração, entre outros. Carranca, A. (2009) “Lixo: em um ano, Brasil importa 175,5 mil t”.
importante lembrar que o consumo de agrotóxicos no
O Estado de São Paulo, 26/7, p. C1.
O sistema de logística reversa implantado pelo InpEV Brasil é maior que nesses países.
Chade, J. (2009). “EUA exportam 80% de resíduos eletrônicos”.
Embalagens plásticas corretamente destinadas, por país (2011) O Estado de São Paulo, 26/7, p. C1.
Dauvergne, P. e J. Lister (2013). “Eco-Business: a big brand takeover
of sustainability”. MIT Press, versão eletrônica.
94%
EEA (2013). “Managing municipal solid waste – a review of achievements
77%
73%
70%
68%
in 32 European countries”.
67%
http://www.eea.europa.eu/publications/managing-municipal-solid-waste
50%
50%
Reino Unido
(Agsafe)
Japão
(JCPA)*
Espanha
(CropLife)
Alemanha
(Pamira)
Polônia
(CropLife)
Canadá
(CropLife)*
França
(Advalor)
Brasil
(Inp EV)
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(última consulta, 30/6/2013).
Fundação Avina (2012). “Contratação pública municipal de uma cooperativa
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http://www.cataacao.org.br/wp-content/uploads/2012/11/
*Dados referentes ao ano de 2009.
Contrata%C3%A7%C3%A3o-P%C3%BAblica-de-Cooperativa-de-
Catadores_S%C3%A9rie-CATA-A%C3%87%C3%83O.pdf
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http://www.unep.org/resourcepanel/Portals/24102/PDFs/Metal_Recycling_Full_Report.pdf Foi um imenso privilégio recebermos a solicitação do Instituto Ethos para um trabalho
(última consulta, 3/7/2013). voltado à harmonização das políticas de resíduos sólidos no Brasil. Ainda mais que
UN-Habitat (2010). Solid waste management in the world’s cities. Water and sanitation esta demanda veio de parceria com a Fundação Avina e o Programa CATA AÇÃO.
in the world’s cities 2010. United Nations Human Settlements Programme. Londres, Essa parceria nos abriu caminho para conversarmos com muitos dos membros do
Washington: Earthscan. Grupo de Trabalho de Resíduos Sólidos, do Instituto Ethos, e também para que
Van Rossen, C.; Tojo N.; Lindhqvist, T. (2006). “Extended producer responsibility. especialistas no assunto nos recebessem contando suas experiências, expondo seus
An examination of its impact on innovation and greening products. Report pontos de vista e fornecendo-nos bibliografia.
commissioned by Greenpeace International, Friends of the Earth and the
European Environmental Bureau (EEB)”. Dentre as pessoas sem as quais este trabalho não teria sido possível, não poderíamos
http://www.greenpeace.org/international/PageFiles/24472/epr.pdf deixar de mencionar Daniela Damiati Ferreira, Caio Magri, Lucenir Gomes, Gláucia
(última consulta, 2/7/2013). Barros, Pedro Moura Costa, Karin Segala, Rizpah Besen, Pedro Jacobi, Flávia Scabin,
Via Pública e Climate Works (2012). Estudo de alternativas de tratamento Fabrício Soler, Tasso Cipriano, Patrícia Faga Iglecias Lemos, Silvano Silvério, Fabiano
de resíduos sólidos urbanos. Incinerador mass burn e Biodigestor anaeróbio. Rangel, Lucien Belmonte, Ana Paula Bernardes, Fabio Feldman, Carlos Minc, Victor
Subsídios técnicos à elaboração dos Planos Locais de Gestão dos Resíduos Sólidos. Zveibil, Pólita Gonçalves, Hélio Mattar, Sônia Regina Manastan, Washington Novaes,
Relatório Final.
Ariel Kogan, Oscar Fergutz, Daniel Carvalho, Flávio Ribeiro e Kellen Ribas.
http://www.fbes.org.br/index2.php?option=com_docman&task=doc_
view&gid=1766&Itemid=1 (última consulta, 15/7/2013). Além das pessoas que entrevistamos e daquelas das quais recebemos materiais, há
Waldman, M. (2010). Lixo: cenários e desafios. São Paulo: Cortez. as que participaram conosco de duas reuniões importantes com o GT de Resíduos
Sólidos. Na primeira, discutimos o projeto da pesquisa e, na segunda, o relatório
Waldman, M. (2012). “Gestão do lixo domiciliar.
Considerandos sobre a atuação do Estado”. intermediário. Claro que não pudemos incorporar toda a riqueza das sugestões vindas
http://www.mw.pro.br/mw/geo_pos_doc_gestao_lixo_atuacao_estado.pdf dos participantes, mas elas foram fundamentais para a elaboração desta publicação.
(última consulta, 5/2/2013). É importante deixar claro, entretanto, que as opiniões aqui expressas exprimem
Walls, M. (2011). “Deposit-Refund Systems in Practice and Theory”. apenas o ponto de vista dos autores.
Resources for the Future. Discussion Paper.
Da oficina realizada no Instituto Ethos em 13 de março de 2013, participaram Ana
http://www.rff.org/RFF/Documents/RFF-DP-11-47.pdf
Bogman e Débora Justo (Pernambucanas), Ana Touso (PwC), André Vilhena (Cempre),
(última consulta, 1º/7/2013).
Ariel Kogan, Cícero Yagi, Delaine Romano, George Winnik e Nina Orlow (Rede Nossa
Wernick, I. K. et al. (1996). “Materialization and dematerialization:
São Paulo), Caroline Morais (Abividro), Diego Fernandez (Coca Cola), Erich Burger e
measures and Trends”. Daedalus 125(3): 171-198.
http://phe.rockefeller.edu/Daedalus/Demat/#end23 Samuel Gabanyi (Recicleiros), Fabiano Rangel (Leão Alimentos e Bebidas), Gabriela
(última consulta, 5/2/2013) Fleury e Luciene Soares (Natura), Graziele Campos e Paula Scalco (Instituto Ethos),
João Paulo Amaral (Idec), Julia Luchesi (Giral), Julia Ximenes (Fecomercio), Juliana
World Bank (2012). “What a waste. A global review of solid waste management”.
http://web.worldbank.org/WBSITE/EXTERNAL/TOPICS/EXTSDNET/0,,contentMDK:232121 Seidel (Tetrapak), Kellen Ribas (Cicla Brasil), Lucenir Gomes (Avina), Marcelo Pires
47~menuPK:64885113~pagePK:7278667~piPK:64911824~theSitePK:5929282,00.html (Lexmark), Maria Catharina Araujo (Suzano Papel e Celulose), Mariana Oliveira (Alcoa),
(última consulta, 2/7/2013). Nadja Costa (C&A), Priscila Aline de Souza (Cushman & Wakefield), Rafael Henrique
(SOS Sustentabilidade), Roger Koeppl (You Green) e Tereza Cristina M. B. Carvalho
(Laboratório de Sustentabilidade em TIC-USP).
Da oficina realizada na FEA-USP em 11 de julho de 2013, participaram Ana Paula
Bogmann e Cláudia Del Percio (Pernambucanas), Ariel Kogan, Delaine Romano e
Nina Orlow (Rede Nossa São Paulo), Carla de Almeida Roig (Inpe), Carolina Cozzi Di
Giaimo (Grupo Libra), Daiani Mistieri (Gabinete do vereador Ricardo Young), Dan
Moche Schneider (Consórcio I&T e Via Pública), Daniel Carvalho (Cicla Brasil), Erich
Burger Netto e Guilherme Salata (Recicleiros), Fernanda Ferreira e Lucenir Gomes
(Avina), Flavia Scabin (FGV-Direito), Florence Karine Laloe (Iclei), Gabriela Alem
(GVces), Gina Rizpah Besen (Instituto 5 Elementos), Guilherme Jamur Gomes (Estre
Ambiental), Guilherme Reis (Marfrig), João Alves Pacheco (Cushman & Wakefield),
João Paulo Amaral (Idec), Joyce Reis (Abes), Júlia Silveira Ximenes (Fecomercio), Júlia
Sodré Luchesi e Mateus Mendonça (Giral), Juliano Braga e Zuleica Maria de Lisboa
Perez (Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo), Karin Segala (Ibam),
Kellen Ribas (Cicla Brasil), Leonardo Casal Santos (Câmara Municipal de São Paulo),
Luciana Freitas (BVRio), Luciano Marcos Silva (Insea), Mariana Zayat Chammas Parceiros
(Suzano Papel e Celulose), Marina Capusso e Mayara Cristiane de Abreu Vieira
Moraes Ribeiro (Sescoop SP), Moacir Miranda(FGA-USP), Paula Oliveira (Ilos), Pedro
Jacabi (USP), Priscila Aline de Souza (Cushman & Wakefield), Priscila Ohira (Instituto
Walmart), Rafael Henrique Siqueira Rodrigues (Instituto SOS. – Sistemas Organizados
para Sustentabilidade), Rafael Saghy (Estre Ambiental), Renata Vinhas Oliveira
(Abinee), Ricardo Carneiro e Veronica de la Cerda (MOV Investimentos), Roger Koeppl
(Yougreen), Tasso Alexandre Richetti Pires Cipriano (Faculdade de Direito da USP),
Tereza Cristina Carvalho (Cedir-USP), Valeria Quaglio (341 Associação Caminho Suave
Socioambiental), Victor Zveibil (Secretaria do Ambiente do Estado do Rio de Janeiro) e
Zilda Veloso (Ministério do Meio Ambiente).
de exemplares já publicados
LI XO
● Cursos, debates e conferências internacionais
ZERO
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