A Disused Shed in Co. Wexford
A Disused Shed in Co. Wexford
A Disused Shed in Co. Wexford
SÃO PAULO
2017
Resumo
Pretende-se com esse breve trabalho uma análise do poema A Disused Shed in Co.
Wexford, escrito pelo poeta Derek Mahon. Aqui busco demonstrar como tal poema
produz de maneira formal seus significados e como tais significados corroboram e
ampliam o conteúdo em si, atentando-se ao fato de que sua forma é capaz de produzir
um significado per si. Demonstrar que a forma épica deste poema foi reelaborada por
Mahon a fim de se atribuir um melhor entendimento individual do problema social; isso
será melhor explanado no último parágrafo, onde demonstro que a voz íntima do eu-lírico
possuí características da forma épica.
O Poema
Em “How to Read a Poem”, Terry Eagleton diz que a forma do poema também
pode ser efetivamente parte da construção de seu significado. Entretanto, a
linguagem não é algo cristalino e as formas poéticas possuem história própria. A
fim de entender plenamente como as questões formais de um poema constroem
certo significado, se faz necessária uma análise sincrônica destas, bem como um
analista que possa observar como tais foram utilizadas no contexto da obra.
É de suma importância manter tais aspectos em mente ao se analisar o poema de
Mahon, A Disused Shed in Wexford Co. e a fim de entendermos melhor o que essa
obra nos oferece, partiremos para uma análise direta que pretende focar apenas no
que é dito pelo poema. A hipótese que este trabalho busca demonstrar é a de que
este poema está, de alguma forma, tentando revisitar a forma épica, a fim de invocar
um determinado pathos, de maneira que os leitores se atentem acerca dos
problemas da Irlanda colonial, como se esses fossem problemas universais.
O primeiro elemento a ser analisado nesta obra é seu título. Imagino que o leitor
que se deparar com este título provavelmente não saberá responder exatamente
onde este shed está localizado. O que Mahon parece querer é difundir uma imagem
de abandono geral na mente do leitor, algo especificamente vago e provocativo;
portanto, não é exatamente o lugar que interessa ao leitor, mas a imagem do
abandono em si. Essa existência ambígua de um local que não é e a ideia de um
significado que provém de um referente não existente é um tanto quanto
provocativo e deve ser encarado como um gatilho interpretativo
Há uma citação de "Mythistorema" escrito por Mr. Seferis, escritor grego. Esse
escritor e essa citação em específico possui dois diferentes apontamentos; Seferis é
um grego expatriado que não poderia regressar até 1950, pois a invasão turca
durante a segunda guerra mundial tornou tal jornada impossível. Isso fez de Seferis
um exilado, e o exílio foi tema caro aos seus poemas. O exílio é também um
possível significado atribuído à citação, mas a palavra asphodels também chama
atenção por si. Ela pode descrever um local citado na mitologia grega, uma espécie
de limbo, onde as almas eram presas para sempre, sem serem julgadas. Entretanto,
asphodels é também uma flor, e essa flor possui uma estória que diz que a mesma
é imortal. Portanto trabalhamos aqui duas imagens: O exílio e a imortalidade.
Há então outro verso solto entre a quinta e a sexra estrofe. Esse verso é muito
descritivo e faz isso de várias maneiras. Com isso o poema acaba na descrição e na
breve narração. Esse verso se comunica com a sexta estrofe onde há uma mudança
de tom, e agora a voz lírica se refere ao leitor diretamente; essa voz utiliza os
pronomes nós e você. Essa mudança de tom tem como propósito chamar a atenção
do leitor e de seu pathos, se referindo com intimidade. Isso é tópico e típico do
poema lírico. Também há mudança de tom na sexta estrofe, e isso torna tudo muito
mais lírico e íntimo, ao falar com o leitor falando com o leitor. Há a inserção de
uma suposta voz dos “sem vozes”, os cogumelos e o povo irlandês, e essa
multiplicidade de vozes, entretanto, é característica do poema épico. Além do mais,
na sexta estrofe, temos uma fusão de intimidade lírica e do propósito coletivo da
épica; uma forma dentro da outra, trocando significados e nos levando a crer que
essa estrofe é dedicada uma exposição para o leitor se atentar ao fato de que existe
um você em nós, e isso deve explicar tal fusão e o tom dramático do final do poema.
Bibliografia
MEYER, Michael, The Bedford Introduction to Literature (Bedford: St. Martin's, 2005).