Acta Scientiae Veterinariae 1678-0345: Issn: Actascivet@

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Acta Scientiae Veterinariae

ISSN: 1678-0345
[email protected]
Universidade Federal do Rio Grande do
Sul
Brasil

Gonçalves de Campos, Camila; Lerner Lopes, Leticya; Souza e Silva, Gustavo; Sales da
Cruz, Raquel Aparecida; Gimenez Falson, Pamella Cristie; Hoeppner Rondelli, André
Luiz; Luis, Michele Ângelo; de Cássia Veronezi, Regina; Argenta Pescador, Caroline
Linfoma de células T multicêntrico em um equino quarto de milha
Acta Scientiae Veterinariae, vol. 42, 2014, pp. 1-4
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Porto Alegre, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=289039188003

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Acta Scientiae Veterinariae, 2014. 42(Suppl 1): 40.

CASE REPORT ISSN 1679-9216


Pub. 40

Linfoma de células T multicêntrico em um equino quarto de milha


Multicentric T Cell Lymphoma in a Quarter Horse
Camila Gonçalves de Campos1, Leticya Lerner Lopes1, Gustavo Souza e Silva1,
Raquel Aparecida Sales da Cruz2, Pamella Cristie Gimenez Falsoni1, André Luiz Hoeppner Rondelli3,
Michele Ângelo Luis3, Regina de Cássia Veronezi3 & Caroline Argenta Pescador1

ABSTRACT

Background: Equine lymphoma is the most common haematopoietic neoplasm in horses which can present a variety of
clinical signs and course. The incidence of this neoplasia is of 0.7-3.2/100,000 horses. The major clinical manifestations
depend on the degree of the organ involvement, the specific organs involved in an individual patient and duration of the
disease. In general, the most common signs are weight loss, cachexia, ventral and limb subcutaneous edema, regional
lymphadenopathy, depression, lethargy and recurrent fever. The purpose of the current study is to report a single case of
equine lymphoma, classify this case via morphology and immunophenotyping according to the veterinary adaptation of
the WHO guidelines.
Case: A 19-year-old, female quarter horse showed clinical sings characterized by anorexia, weight loss, dyspnea, noisy
breathing at rest, swelling in the cervical and ventral region and subcutaneous nodules. The veterinarian suspected of neo-
plasia. Hematological and biochemical tests were requested by the owner. The animal was euthanized due to worsening
of symptoms. Macroscopically, was observed an increase of the pre-scapular and pre-crural lymph nodes and nodules in
the left scapular, on the inner thigh and perineum region. On the ventral surface of the spleen was increased size of lymph
nodes which showed a reddish white color. In the kidney, was observed lymph node enlargement, partially involving the
subcapsular region, and hilar renal artery. In the thoracic cavity, multiple whitish nodules were found in the heart, in transi-
tion from the right ventricle to the pulmonary artery. The lung showed the enlarged mediastinal lymph nodes. In the ventral
region of the trachea was observed multilobulated mass involving the thyroid region until the eighth tracheal ring, causing
stenosis. The histopathological findings observed in the lymph nodes were characterized by dense infiltration of cells of
small to medium size with round shape to oval, hyperchromatic nucleus and scanty cytoplasm. Among the neoplastic cells
occasionally observed atypical cells, multinucleated format sometimes polyhedral with abundant eosinophilic cytoplasm,
being surrounded by bands of fibrous connective tissue scarce. In the heart and trachea were found the same cell morphol-
ogy. The blood test revealed mild neutrophilia and moderate leukocytosis with normal concentration of lymphocytes,
however, with abnormal morphology. Immunohistochemistry revealed groups of lymphocytes with few marking weak to
CD79α and strong labeling for CD3.
Discussion: In the present study the lymphoma was clinically classified as multicentric type because of the involvement of
lymph nodes and thoracic organs. The respiratory clinical signs reported are often viewed in mediastinal lymphomas, being
considered an unusual finding in horses with multicentric lymphoma. Differences in the histopathological classification
of lymphomas are reported in horses, and recently developed a classification adapted for veterinary medicine based on the
World Health Organization (WHO). The equine lymphoma of the present case was classified as T-cell lymphoma. Due to
the manifestation of lymphoma in horses occur in most cases insidiously and not showed pathognomonic clinical signs,
this neoplasm should be considered in the differential diagnosis of respiratory problems in horses.

Keywords: equine, lymphocytes, metastasis, immunohistochemistry.


Descritores: equino, linfócitos, metástase, imunohistoquímica.

Received: 10 January 2014 Accepted: 08 July 2014 Published: 28 July 2014


1
Laboratório de Patologia Veterinária (LPV) Departamento de Clínica Médica Veterinária, Faculdade de Agronomia, Medicina Veterinária e Zooctenia
(FAMEVZ), Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Cuiabá, MT, Brazil. 2Setor de Patologia Veterinária (SPV), Faculdade de Veterinária
(FaVet), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, Brazil. 3Setor de Clínica de Equinos e Grandes Animais, UFMT.
CORRESPONDENCE: C. Pescador [[email protected] - Tel.: +55 (65) 3615-8624]. Faculdade de Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia
- UFMT, Av. Fernando Corrêa da Costa, nº 2367, Bairro Boa Esperança. CEP 78069-900 Cuiabá, MT, Brazil.

1
C.G. Campos, L.L. Lopes, G.S. Silva, et al. 2014. Linfoma de células T multicêntrico em um equino quarto de milha.
Acta Scientiae Veterinariae. 42(Suppl. 1): 40.

INTRODUÇÃO O pulmão apresentava os linfonodos mediastínicos


O linfoma equino, também denominado de aumentados de tamanho. Na região ventral da tra-
linfossarcoma e ou linfoma malígno é uma doença de quéia foi observada uma massa multilobulada de 18
identidade heterogênea, inicialmente diagnosticada cm de diâmetro envolvendo a região da tireóide até
em 1958, sendo a neoplasia mais frequente do sistema o oitavo anel traqueal (Figura 1B), causando este-
hematopoiético [8], com uma prevalência de 1 a 3% nose da mesma. Além disso, havia múltiplas úlceras
[6] nesta espécie. de 1 a 3 cm de diâmetro no epitélio da orofaringe
O diagnóstico pode ser feito através do exame acometendo a glote e as pregas vocais, hiperemia
histopatológico ou exame citológico a partir de aspi- da laringe e necrose dos processos corniculados da
rado de agulha fina da lesão suspeita. Diagnósticos epiglote. Demais órgãos não apresentaram alterações
adicionais incluem detecção por imunohistoquímica e significativas. Fragmentos de linfonodos pré-crurais,
imunofenotipagem [8]. Em equinos o desenvolvimento subescapulares, mediastínicos, renais e esplênicos,
de um sistema de classificação para o linfoma tem sido tecido subcutâneo, coração, traquéia, glote, fígado,
dificultado pela falta de marcadores específicos para pulmão, e encéfalo, foram coletados e fixados em
esta espécie [3]. O objetivo deste trabalho é relatar os formol a 10%, incluídos em parafina, processados
aspectos clinicopatológicos e imunohistoquímicos de histologicamente e corados pela hematoxilina-
um equino com linfoma encaminhado ao Laboratório -eosina (HE) [1]. Blocos em parafina de linfonodo
de Patologia Veterinária da Universidade Federal de mediastínico e renal foram encaminhados ao Setor
Mato Grosso (UFMT). de Patologia Veterinária da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (SPV-UFGRS) e submetidos à
CASO técnica de imunohistoquímica utilizando anticorpos
Uma égua da raça Quarto de Milha, de 19 primários monoclonais anti-CD31 e anti-CD79α1. O
anos de idade pertencente a um haras localizado na cromógeno empregado para o anti-CD3 foi o per-
cidade de Cuiabá, Mato Grosso, apresentou sinais manente vermelho, e para o anti-CD79α, foi o 3,3’
clínicos de anorexia, perda de peso, dispnéia e ruí- diaminobenzidina. Um linfonodo normal de cão e
do respiratório em repouso, aumento de volume na tonsila humana foi utilizado como controle positivo
região cervical proximal e nódulos subcutâneos. para ambos os anticorpos. O exame hematológico re-
Exames de hemograma e bioquímico foram solici- velou tendência a neutrofilia (11,5 x 103/mm3, valor
tados pelo proprietário. Devido à piora do quadro de referência 3,6-13,8 x 103/mm3) e moderada leuco-
clínico do animal, foi realizada a eutanásia, sendo a citose (23,9 x 103/mm3, valor de referência 6,5-12,5
égua submetida à necropsia. Macroscopicamente, foi x 103/mm3), com concentração normal de linfócitos,
observado aumento dos linfonodos pré-escapular e porém, com morfologia anormal. Os achados histo-
pré-crural esquerdo e nódulos tumorais de consistên- patológicos observados nos órgãos coletados foram
cia firme de 2-6 cm de diâmetro na região escapular similares. Os linfonodos foram caracterizados por
(Figura 1A), na face interna da coxa e períneo. Ao densa infiltração de células de tamanho pequeno a
corte, apresentavam coloração branco-amarelada médio com formato redondo a ovóide, núcleo hiper-
homogênea. Na abertura da cavidade abdominal, foi cromático, e escasso citoplasma (Figura 1C). Entre
observado na superfície ventral do baço, aumento as células neoplásicas, ocasionalmente foi observado
de tamanho de linfonodos que mensuravam de 1,5 a células atípicas, multinucleadas, em formato por
5,5 cm de diâmetro e apresentavam uma coloração vezes poliédrico, com citoplasma abundante e eo-
branco-avermelhada. Nos rins, havia aumento dos sinofílico, sendo circundadas por bandas de escasso
linfonodos renais apresentando consistência firme, tecido conjuntivo fibroso. Moderada quantidade de
envolvendo parcialmente a região subcapsular, hi- mitoses e necrose tecidual foi observada. No coração
lar e artéria renal, medindo 21 cm de diâmetro. Na e traquéia foram encontrados a mesma morfologia
cavidade torácica, múltiplos nódulos brancacentos celular. A imunohistoquímica revelou grupos escas-
de consistência firme, medindo entre 0,5 a 3 cm de sos de linfócitos com marcação fraca para CD79α
diâmetro estavam localizados no coração, na tran- (linfócitos B) e forte marcação para CD3 (Figura 1
sição do ventrículo direito com a artéria pulmonar. D) (linfócitos T).

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C.G. Campos, L.L. Lopes, G.S. Silva, et al. 2014. Linfoma de células T multicêntrico em um equino quarto de milha.
Acta Scientiae Veterinariae. 42(Suppl. 1): 40.

A B

C D
Figura 1. Equino, fêmea, Linfoma malígno. A. Nota-se a presença de vários nódulos no tecido subcutâneo na região pré-escapular. B. Traquéia. Massa
lobulada de coloração brancacenta e consistência firme comprimindo os anéis traqueais. C. Linfonodo. Células de tamanho pequeno a médio, com for-
mato redondo a ovóide, núcleo hipercromático e citoplasma escasso. HE, obj. 40x. [Barra =10 micras]. D. Linfonodo. Marcação positiva para CD3 em
citoplasma de linfócitos T. IHQ, biotina-streptavidina fosfatase alcalina, obj. 40x. [Barra = 20micras].

DISCUSSÃO na classificação de linfomas em equinos são relatadas,


No presente estudo o linfoma observado foi sendo recentemente desenvolvida uma classificação
clinicamente classificado em linfoma multicêntrico adaptada para medicina veterinária baseada na Orga-
devido o envolvimento de linfonodos e de órgãos nização Mundial da Saúde (OMS). Dentre os subtipos
torácicos [4]. Os sinais clínicos respiratórios rela- de linfomas observados em equinos, os linfomas de
tados são frequentemente visualizados em linfomas grandes células B e ricos em células T são os mais
mediastinais, sendo considerado um achado inco- frequentemente descritos, apresentando uma preva-
mum em equinos com linfomas multicêntricos [4]. lência de 43% [2]. O linfoma equino do presente caso
Este, por sua vez, provavelmente foi associado à foi classificado em linfoma de células T com base nos
compressão da traquéia pela massa tumoral gerando achados de imunohistoquímica. Recentemente, este
desconforto respiratório [7]. Os resultados hemato- tipo foi descrito em um equino com edema palpebral
lógicos encontrados provavelmente são atribuídos [5] sugerindo que além de causar transtornos respira-
à necrose tumoral. tórios, este linfoma também é associado a problemas
O diagnóstico definitivo do presente relato foi da região ocular. Devido à manifestação do linfoma
baseado nos achados histopatológicos e imunohisto- em equinos ocorrer na grande maioria das vezes de
químicos. O exame histopatológico dos linfonodos forma insidiosa e não apresentar sinais clínicos pa-
permitiu analisar a arquitetura do órgão e os sinais de tognomônicos, esta neoplasia deve ser considerada
infiltração neoplásica, bem como o desaparecimento no diagnóstico diferencial de problemas respiratórios
das estruturas normais. Divergências histopatológicas em equinos.

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C.G. Campos, L.L. Lopes, G.S. Silva, et al. 2014. Linfoma de células T multicêntrico em um equino quarto de milha.
Acta Scientiae Veterinariae. 42(Suppl. 1): 40.

SOURCES AND MANUFACTURES Acknwoledgments. Os autores agradecem o prof. Dr. David


1
Dako North America Inc., Carpinteria, CA, USA. Driemeier da Universidade Federal do Rio Grande do Sul pela
2
Dako North America Inc., Carpinteria, CA, USA. realização dos testes de imunohistoquímica.

Declaration of interest. The authors report no conflicts of


interest. The authors alone are responsible for the content and
writing of the paper.

REFERENCES

1 Behmer O.A., Tolosa E.M.C. & Freitas-Neto A.G. 1976. Manual de Técnicas para Histologia Normal e Patológica.
São Paulo: Edart, 256p.
2 Durham A.C., Pillitteri, C.A., Myint M.S. & Valli V.E. 2012. Two hundred three cases of equine lymphoma classified
according to the World Health Organization (WHO) classification criteria. Veterinary Pathology. 50(1): 86-93.
3 Kelley L.C. & Mahaffey E.A. 1998. Equine malignant lymphomas: morphologic and immunohistochemical clas-
sification. Veterinary Pathology. 35(4): 241-252.
4 Mair T.S. & Brown P.J. 1993. Clinical and pathological features of thoracic neoplasia in the horse. Equine Veterinary
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5 Rendle D.I., Hughes K.J., Farishb C. & Kessell A. 2012. Multicentric T-cell lymphoma presenting as inferior pal-
pebral swelling in a Standardbred mare. Australian Veterinary Journal. 90(12): 485-489.
6 Savage C.J. 1998. Lymphoproliferative and myeloproliferative disorders. Veterinary Clinics of North America Equine
Practice. 14(3): 563-578.
7 Sugiyama A., Takeuchi T., Morita T., Matsuu A., Kanda T., Shimada A., Amaya T. & Hikasa Y. 2008. Mediastinal
lymphoma with complete atrioventricular block in a horse. Journal of Veterinary Medical Science. 70(10): 1101-1105.
8 Taintor J. & Schleis S. 2011. Equine lymphoma. Equine Veterinary Education. 23(4): 205-213.

CR 40
www.ufrgs.br/actavet

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