A obra que se apresenta pretende ser um contributo relativamente ao tempo dos três primeiros reis de Portugal. Procurou-se que resultasse a vários níveis, tendo em atenção quer o carácter e o âmbito do tema, quer, ainda, o da própria colecção em que se insere. Assim, condensaram- se os aspectos militares e políticos, quer pela cronologia a considerar #cerca de um século de história, o primeiro da história de Portugal#, quer porque, por regra, são eles os mais focados em qualquer análise e narrativa historiográficas. Por isso, fizemos incidir a nossa atenção sobre os aspectos tidos por fundamentais na eclosão e na afirmação do rei e do reino, bem como apenas nos detivemos sobre os principais ou mais significativos momentos da expansão territorial, alcançada na luta contra os muçulmanos. E, sendo assim, a obra ganhou em espaço e cuidado relativamente a aspectos menos comuns na historiografia, sobretudo se se tiver em atenção conjunta o rei e a sua corte. Desdobrámos o nosso interesse por temáticas que nos fazem ressurgir o rei na sua pessoa, no seio da sua família e no entorno do seu séquito. Ultrapassámos o que este tinha de administrativo, ainda aqui ao serviço do rei e do reino, para buscarmos uma galeria de reis e rainhas, infantes e infantas, conselheiros e servidores. Percebemos como aqueles foram os chefes, forças aglutinadoras de homens e projectos, as rainhas elemento fundamental no porvir do reino, os infantes e infantas, quando chegados à idade adulta, preciosos elementos de aliança, propaganda e valorização do reino no concerto da cristandade de então. Como personagens de vida, necessitavam de um cenário, feito do palco onde se desenrolou o seu viver. E porque o do rei era incerto, procurámos os itinerários, as vias e os caminhos, os paços. No desenrolar da vida, tecemos o que, de melhor, as fontes nos oferecem sobre a mesa, a moda, as distrações e a cultura da corte dos primeiros reis de Portugal.
MARIA ALEGRIA FERNANDES MARQUES nasceu a 10 de Setembro de 1950. É licenciada em História (1974) e doutorada em História da Idade Média (1990), pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde é professora catedrática e membro do Centro de História da Sociedade e da Cultura. Integra a equipa responsável pelo Projecto do Museu Cisterciense de Alcobaça e é a Presidente da Comissão Científica e membro da Comissão Executiva dos Encontros Culturais em S. Cristóvão de Lafões. A sua vasta obra tem-se centrado na história medieval, privilegiando a história institucional e política e das instituições religiosas, as relações de Portugal com a Santa Sé, a história da educação e a publicação de textos e documentos medievais e modernos. Os seus actuais interesses de investigação centram-se na história das instituições de governo local na Idade Média (concelhos e senhorios) e das instituições religiosas, com especial incidência nos mosteiros cistercienses, bem como na história da educação.
É autora de várias obras, de que destaca Bulário Português. I. Inocêncio III (1198-1216) (obra em co-autoria com Avelino de Jesus da Costa; Coimbra, 1989) e Estudos sobre a Ordem de Cister em Portugal; Coimbra, 1998), A corte dos reis de Portugal. D. Afonso Henriques. D. Sancho I. D. Afonso II. Gijón, [Espanha], Editorial Trea, 2008.
No domínio da História local, tem alguns estudos, bem como publicação de forais, de que destaca As Terras de Mira. Perspectiva Histórica (Mira, Câmara Municipal, 1993), Concelho de Mealhada – Terras de verde e de ouro (Mealhada, Câmara Municipal, 2002; em colaboração), Os forais de Torre de Moncorvo (Torre de Moncorvo, Câmara Municipal, 2005; distinguido com o Prémio Aboim de Sande Lemos, da Academia Portuguesa da História, em 2005); Foral de Angeja – 1514 (Albergaria-a-Velha, Câmara Municipal, 2005), Carta de couto de Osseloa – 1117 (Albergaria-a-Velha, Câmara Municipal, 2006; coordenação e colaboração), Foral de Paus – 1516 (Albergaria-a-Velha, Câmara Municipal, 2006), O foral manuelino de Vacariça e Mealhada (Mealhada, Câmara Municipal, 2006), Os forais manuelinos de Vagos e Soza (Vagos, Câmara Municipal, 2007), Os forais de Penacova (Penacova, Câmara Municipal, 2007) e o Foral manuelino de Cantanhede (Cantanhede, Câmara Municipal, 2008).