Ign�cio Rangel (1914-1994)
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Bibliograf�a proporcionada por Elias Jabbour
�A na��o �, sem d�vida, uma categoria hist�rica, uma estrutura que nasce e morre,
depois de cumprida sua miss�o. N�o tenho d�vida de que todos os povos da Terra
caminham para uma comunidade �nica, para �Um Mundo S�. Isto vir� por si mesmo,
� medida que os problemas que n�o comportem solu��o dentro dos marcos nacionais
se tornem predominantes e sejam resolvidos os graves problemas suscet�veis de
solu��o dentro dos marcos nacionais. Mas n�o antes disso. O �Mundo S� n�o pode
ser um conglomerado heterog�neo de povos ricos e de povos miser�veis, cultos e
ignorantes, h�gidos e doentes, fortes e fracos�.
Ign�cio Rangel (Recursos Ociosos na Economia Nacional)
Com uma vasta produ��o intelectual (somente compar�vel a de Celso Furtado) e apesar de pouco conhecido pelo p�blico em geral, a hist�ria econ�mica recente do Brasil vem demonstrando que Ign�cio Rangel foi o mais brilhante e original economista brasileiro do s�culo passado. A m�xima hegeliana para quem �a verdade sempre aparece� pode ser aplicada ao fato de ap�s 25 anos de sua morte � e de ter sofrido uma verdadeira �censura branca� imposta pelo pensamento econ�mico hegem�nico (estruturalismo e monetarismo) �, suas id�ias e obras terem sido retomadas e amplificadas, conforme a publica��o, em 2005, das Obras Reunidas de Ign�cio Rangel foi grande express�o. Sob outro �ngulo, a retomada das id�ias de Rangel, al�m de se constituir em uma prova irrefut�vel de seu poder anal�tico, � fruto de uma apropria��o singular, radical e n�o dogm�tica do materialismo hist�rico e sua adapta��o a uma forma��o social complexa como o Brasil.
Breve biografia
Ign�cio de Mour�o Rangel nasceu na cidade de Mirador, situada no Estado do Maranh�o (regi�o nordeste do Brasil), em 20 de fevereiro de1914. Bacharel em direito, fez-se formalmente economista no ano de 1954 ap�s curso pela CEPAL, tendo defendido tese sob o t�tulo de El Desarollo Econ�mico en Brasil. Seu contato, ainda adolescente, com as obras de Marx e Engels o levou a militar no Partido Comunista do Brasil (PCB) e atuar na Alian�a Nacional Libertadora (ALN), tendo sido preso durante confronto para a implanta��o do governo revolucion�rio, em 1935, no comando de 200 camponeses em armas no sert�o maranhense. Foi solto em 1937. Desde ent�o, aprofundou seus estudos nos mais variados campos do conhecimento, principalmente em economia. Na pris�o, na busca das causas da derrota de 1935, passou a construir uma cr�tica aguda as orienta��es do PCB, sendo a principal delas � referente ao estabelecimento da reforma agr�ria como condi��o indispens�vel � industrializa��o do pa�s. Aos poucos, essa profunda diverg�ncia ideol�gica vai afastando-o do PCB. O processo de afastamento do PCB, coincidentemente, foi marcado pelo inicio de sua produ��o intelectual com a publica��o de um n�mero expressivo de artigos acerca da realidade econ�mica e social do Brasil.
Sua crescente influ�ncia intelectual o credenciou a trabalhar, em 1952, na assessoria econ�mica do governo de Get�lio Vargas, onde foi principal mentor dos projetos que desembocaram na cria��o de grandes empresas estatais, sendo a principal delas a PETROBR�S. Em 1955 com a cria��o do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico (BNDE), Rangel passa a integrar seu quadro funcional, acumulando mais tarde a coordena��o do Plano de Metas do governo de Juscelino Kubitschek. A partir da segnda metade da d�cada de 1950, ao lado de intelectuais de renome como Nelson Werneck Sodr� e H�lio Jaguaribe ajudou a formar o Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), onde ocupou a c�tedra da cadeira de economia. Esta experi�ncia no centro da burocracia estatal brasileira proporcionou-lhe uma vasta experi�ncia t�cnica e o auxiliou a fornecer subs�dios � sua original vis�o da forma��o social brasileira a partir do desenvolvimento de modos de produ��o complexos ou duais. Em 1991 foi eleito membro da Academia Maranhense de Letras.
Refer�ncias te�ricas
Marx, Engels e L�nin foram as principais refer�ncias te�ricas de Ign�cio Rangel. Por�m, a ado��o do materialismo hist�rico como base de sua trajet�ria intelectual n�o o impediu de trabalhar com autores como Adam Smith, J. Schumpeter e J. M. Keynes. Do ponto de vista pol�tico, Rangel se posicionava no campo do marxismo-leninismo tingido com fortes posi��es nacionalistas e desenvolvimentistas.
O fio condutor de sua obra � a sua tese da dualidade. Trata-se de uma engenhosa constru��o anal�tica que articula contribui��es do materialismo hist�rico marxista, de Smith, de Keynes, da teoria dos ciclos e das crises de Kondratieff e Juglar � forma��o econ�mica brasileira, no intuito de entender sua din�mica e especificidades.
A partir da tese da dualidade, para efeitos anal�ticos, s�o classificados em outras quatro as grandes teses de Rangel, express�es de suas interpreta��es sobre a economia brasileira, a teoria econ�mica e o desenvolvimento econ�mico, social e pol�tico: 1) sobre a Din�mica Capitalista, que articula as teorias dos ciclos, das crises e a quest�o tecnol�gica ao movimento da economia brasileira e mundial; 2) a tese da Infla��o Brasileira, contida em seu famoso livro do mesmo nome, transformada, pela sua densidade anal�tica, n�vel de formula��o e grau de universalidade em uma verdadeira teoria da infla��o, feito inigual�vel na hist�ria do pensamento econ�mico brasileiro; 3) acerca da Quest�o Agr�ria, onde altamente influenciado por L�nin, interpreta os determinantes da crise agr�ria brasileira e suas conseq��ncias para o desenvolvimento do capitalismo no Brasil e 4) sobre a Interven��o do Estado e Planejamento, onde analisa o valor do planejamento do setor p�blico como fator de equil�brio econ�mico global e de redu��o de ociosidades setoriais na economia, campo este o qual se vale para demonstrar o significado positivo de um vigoroso sistema financeiro, mobilizador de recursos ociosos para os setores produtivos, com �nfase nos investimentos em servi�os de utilidade p�blica e infra-estrutura.
Principais obras de Ign�cio Rangel
Sob a pena de Ign�cio Rangel mais de uma dezena de livros e centenas de artigos. No ano de 2005 foram editados, pela Editora Contraponto, dois volumes com cerca de 1.500 p�ginas sob o t�tulo de �Obras Reunidas de Ign�cio Rangel�. Abaixo seguem suas principais obras.
(1953). A Dualidade B�sica da Economia Brasileira. Rio de Janeiro: ISEB � Instituto Superior de Estudos Brasileiros.
(1954). Introdu��o ao Desenvolvimento Econ�mico Brasileiro. Salvador: Livraria Progresso Editora. Reeditado pela Editora Bienal em 1990.
(1957). Desenvolvimento e Projeto. In, Belo Horizonte: Revista da Faculdade de Ci�ncias Econ�micas da Universidade de Minas Gerais, n� 59.
(1958). Elementos de Economia do Projetamento. Salvador: Livraria Progresso Editora. Reeditado pela Editora Bienal em 1987.
(1960). Recursos Ociosos na Economia Nacional. "Introdu��o" de Recursos Ociosos e Pol�tica Econ�mica. Aula inaugural do curso regular do ISEB � Instituto Superior de Estudos Brasileiros. Textos Brasileiros em Economia.
(1961). A Quest�o Agr�ria Brasileira. Rio de Janeiro: Presid�ncia da Rep�blica, Conselho de Desenvolvimento. Obra divulgada pelo Conselho de Desenvolvimento de Pernambuco.
(1963). A Infla��o Brasileira. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro. Reeditada pela Editora Brasiliense em 1978 e pela Editora Bienal em 1986.
(1980). Recursos Ociosos e Pol�tica Econ�mica. S�o Paulo: Editora Hucitec.
(1982). Ciclo, Tecnologia e Crescimento. Rio de Janeiro: Civiliza��o Brasileira.
(1985). Economia, Milagre e Anti-Milagre. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
(1987) Economia Brasileira Contempor�nea. Campinas: Bienal
(1993). Do Ponto de Vista Nacional. S�o Paulo: Editora Bienal.