TAKESHY TACHIZAWA, HAMILTON POZO
REVISTA DE
EMPREENDEDORISMO,
NEGÓCIOS E INOVAÇÃO
ISSN 2448-3664
Takeshy Tachizawa
Administrador e Mestre em
Administração pela FEA/USP.
Especialização em Gestão
Empresarial pela Universidade
da Califórnia (Irvine). Doutor em
Administração pela Fundação
Getúlio Vargas (FGV). Professor
e pesquisador da Faculdade
Campo Limpo Paulista
(FACCAMP).
http://lattes.cnpq.
br/5203729599096224
Hamilton Pozo
Pós-Doutor em Administração
pela FEA/USP. Professor e
pesquisador da Faculdade
Campo Limpo Paulista
(FACCAMP). Foi Diretor de
Operações, Industrial Comercial
em diversas empresas
Nacionais e Transnacionais nos
Estados Unidos, Alemanha,
Austrália, Canadá e Espanha.
http://lattes.cnpq.
br/7082129428182587
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CEP 09210-580
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COORDENAÇÃO
AGÊNCIA DE INOVAÇÃO INOVAUFABC
CRIAÇÃO DE NOVOS
NEGÓCIOS: AS INCUBADORAS
COMO SUPORTE À
PROFISSIONALIZAÇÃO DA
GESTÃO DAS MICROS E
PEQUENAS EMPRESAS
THE ADMINISTRATOR AS SUPPORT TO
INCUBATORS FOR THE CREATION AND
STRENGTHENING OF NEW BUSINESS
RESUMO
Este artigo analisa as contribuições das incubadoras para a criação e
desenvolvimento de novas empresas. Enfatiza as novas possibilidades de atuação
do gestor de incubadoras, e do gestor-empreendedor, e suas interações com o
mercado e o meio ambiente onde estão inseridas. Nas incubadoras de base
tecnológica, direcionadas para o desenvolvimento de tecnologias inovadoras,
sua competência, os meios de difusão e o grau de interação com as universidades
e centros de pesquisa aos quais estão vinculadas são elementos fundamentais
para o seu êxito. No desenvolvimento desta pesquisa foram avaliadas as empresas
incubadas, graduadas e já atuando no mercado com dados obtidos por meio
de entrevistas pessoais, acesso aos sites das empresas incubadas, via internet e
visitas às incubadoras.
Palavras-chave: criação de negócios, empreendedorismo e gestão inovadora.
ABSTRACT
This article analyzes the incubators contributions to start and develope news
firms. The emphasizes in the new possibilities of the managers’ of incubators
performance and their interactions with the market and the environment where
are inserted. In the incubators of technological base, addressed for the development
of innovative technologies, the competence, the diffusion and the interaction degree
with the universities and research centers were they are linked, are fundamental
elements for their success. The development of this research were appraised the
incubated companies, graduate and already acting at the market with data obtained
through personal interviews, internet and visits to the incubators.
Keywords: creation of businesses, intrapreunership and innovation
Classificação JEL / JEL Classification: L26
Revista de Empreendedorismo, Negócios e Inovação
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CRIAÇÃO DE NOVOS NEGÓCIOS: AS INCUBADORAS COMO SUPORTE À PROFISSIONALIZAÇÃO DA GESTÃO DAS MICROS E PEQUENAS EMPRESAS
1.
INTRODUÇÃO
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE, 2008), existem no Brasil
4,6 milhões de empresas, das quais 99%
são micro e pequenas empresas (MPEs). Os
pequenos negócios, formais e informais,
respondem por mais de dois terços das
ocupações do setor privado. Também nos
demais países da América Latina, as MPEs
superam, em termos de geração de postos de
trabalho por unidade de capital investido,
os empregos oferecidos por empresas
multinacionais, estrangeiras, conglomerados
e empresas de grande porte (Labarca, 1999).
Para o IBGE, os pequenos negócios tendem a
aumentar ainda mais seu espaço econômico
na medida que mais MPEs sejam instaladas.
Entretanto, para que isso ocorra, é preciso
que novos negócios não apenas sejam criados,
como também sobrevivam e se desenvolvam
de forma sustentável.
E o que faz com que um enorme
contingente de pessoas resolva abrir um
negócio próprio? Conforme Tachizawa e
Faria (2008), os principais motivos que levam
o empreendedor a abrir uma empresa, em
ordem de importância, são: oportunidade;
experiência prévia; desemprego; tempo
disponível; capital disponível; insatisfação
com o emprego atual e demissão com
indenização.
Esses fatores são confirmados pelo Sebrae
(2008), que aponta como principal motivo
para a abertura de uma MPE, tanto das firmas
de sucesso quanto das extintas, a identificação
de uma oportunidade de negócio. A MPE
bem-sucedida no Brasil, segundo o Sebrae,
tem sido aquela que leva em conta: 1.º) o
bom conhecimento do mercado em que atua;
2.º) a existência de um bom administrador
à frente dos negócios e 3.º) o uso de capital
próprio em vez da utilização de empréstimos
financeiros e capital de terceiros.
Entretanto, pesquisas bianuais realizadas
pelo Sebrae (2008) no Estado de São Paulo
revelam altas taxas de insucesso desses novos
negócios. As taxas de mortalidade chegam a
29% para empresas de até um ano, 42% para
empresas de até dois anos, 53% para empresas
58
de até três anos e 56% para empresas com
até cinco anos de vida. Em comparação
com estudos anteriores, verificou-se uma
queda da taxa de mortalidade, em especial,
nas empresas com até cinco anos. A taxa de
mortalidade desse grupo de empresas caiu
de 71%, em 2000, para 56%, em 2004. Apesar
disso, essa taxa continua sendo superior
às encontradas nas economias de paises
desenvovidos e nos emergentes.
Os obstáculos que os empreendedores
enfrentam no Brasil são muitos. Legislação
arcaica, burocracia, corrupção, falta de
financiamento
favorável,
dificuldades
com fornecedores, etc. Sem o apoio de
programas e de ações institucionais - como
as incubadoras, o SEBRAE e as universidades
– uma porcentagem grande de novos
empresários tende ao fracasso.
Como demonstrou Schumpeter (1985), o
empreendedor está umbilicalmente vinculado
à inovação. Entretanto, a transformação
de novas idéias e invenções em inovações
como novos produtos, processos, mercados
ou formas de organização nos negócios
pressupõem riscos. Nos Estados Unidos, por
exemplo, somente duas de cada dez idéias
inovadoras implantadas alcançam o êxito
planejado (Degen e Mello, 1989). Assim,
torna-se necessário a presença, não somente
de empreendedores audaciosos, mas também,
de planos de negócios bem estruturados. Em
outras palavras, a capacidade do ambiente
econômico e institucional apoiar os novos
empreendimentos é fundamental.
Por fim, no âmbito nacional é preciso criar
uma cultura favorável para o desenvolvimento
dos empreendedores fortalecendo a educação
e as políticas públicas nas esferas nacional,
estadual e municipal. Nesse aspecto vale
citar na íntegra a análise precisa de Paiva;
Calheiros e Potengy, (2003):
“No que diz respeito à qualificação, estamos
diante de um paradoxo. De um lado, as
transformações contemporâneas exigem um nível
mais elevado de conhecimentos para enfrentar
não apenas o trabalho ou a atividade alternativa,
mas a vida diária no plano doméstico e fora dele.
De outro, estamos diante de dois fenômenos que
incidem de forma especialmente forte nos países
periféricos: a deterioração qualitativa do sistema
de ensino em seus diversos níveis e um elevado
Revista de Empreendedorismo, Negócios e Inovação
TAKESHY TACHIZAWA, HAMILTON POZO
desperdício de qualificação e de experiência.”
Schumpeter (1985), já havia enfatizado no
início do século XX a importância da inovação
como principal motor do desenvolvimento.
Porter (1989), mais recentemente, com o
conceito de “Diamante Nacional” tratou
da análise dos principais fatores que
determinam o sucesso internacional de
uma indústria. Primeiro, a situação do país
quanto aos fatores de produção, como infraestrutura e trabalho especializado; segundo,
a natureza da demanda interna para os
produtos ou serviços da indústria; terceiro, a
existência ou ausência no país de indústrias
correlatas
e
indústrias
fornecedoras
competitivas internacionalmente e, por
fim, a natureza da rivalidade interna. Estes
fatores, principalmente, os fatores criados
(e aprimorados) e não os herdados (recursos
naturais e localização), formam, para
Porter, a base da vantagem competitiva e do
desenvolvimento de um país.
A despeito de tantos desafios o
empreendedorismo representa um dos
mais significativos avanços no campo da
administração. Como marco conceitual
é absolutamente essencial para que
organizações e indivíduos possam se guiar
rumo ao sucesso em um ambiente marcado
por mudanças e quebras de paradigmas
em todos os campos do conhecimento e da
atividade humana.
Tais indagações nos levam a considerar
a respeito do papel e das novas atribuições
do gestor das incubadoras. Para que o nível
de sobrevivência e evolução dos novos
negócios aumente é preciso que a gestão
das incubadoras esteja de acordo com o que
há de mais avançado no mundo da gestão
de negócios.
As primeiras experiências do que viria a ser
conhecido como incubadora aconteceram
nos anos 30, na Universidade de Stanford
(EUA). Uma das histórias mais famosas é a
da HP. Dois recém-formados em engenharia
– Bill Hewlett e Dave Packard –, incentivados
pelo professor Fred Terman, montaram
a empresa em 1939 e o primeiro produto
construído foi um instrumento de teste
utilizado por engenheiros de som (oito
Revista de Empreendedorismo, Negócios e Inovação
equipamentos foram adquiridos mais tarde
pela Walt Disney, para a realização do filme
Fantasia). Começava a trajetória de uma das
maiores companhias do mundo, que fechou
o ano fiscal de 2003 com uma receita de
73,1 bilhões de dólares e emprega 141,8 mil
pessoas mundialmente.
No Brasil, as incubadoras chegaram em
meados dos anos 80, mas foi na época da
bolha da internet que elas entraram na
moda. Com o fim do período de ouro da
Web, várias delas acabaram falindo junto
com os negócios que suportavam. Mas
algumas – especialmente as nascidas no meio
acadêmico – mantêm alguma força até hoje e
contam com empresas que nasceram nelas e
já andam com suas próprias pernas.
Obviamente que o universo da gestão no
mundo globalizado apresenta inúmeras
faces. Não é proposta deste trabalho,
tratar de todas, mas pretende-se indagar a
respeito da possibilidade das incubadoras
brasileiras desenvolverem competências que
capacitem empresas residentes a desenvolver
relações mais efetivas com os agentes
econômicos que integram o sistema nacional
de inovações. Para isso três incubadoras
serão visitadas. O objetivo foi verificar se a
missão e formas de atuação das incubadoras
brasileiras demandam o desenvolvimento de
competências avançadas por parte de seus
gestores. O foco de análise foi enfatizado,
sobretudo, nas competências necessárias
para a gestão de relações institucionais
voltadas para a inovação.
2.
METODOLOGIA ADOTADA
A pesquisa empírica foi realizada com
três incubadoras tecnológicas no estado
de São Paulo. Para isso, a metodologia
utilizada foi um estudo comparativo de
casos, que viabiliza estabelecer relações entre
categorias analíticas e as formas como tais
relações ocorrem, comparando resultados
de escolas com diferentes desempenhos
(Tachizawa e Mendes, 2008). A população
pesquisada foi composta pelas incubadoras
tecnológicas do Estado de São Paulo. A
técnica de amostragem intencional foi
59
CRIAÇÃO DE NOVOS NEGÓCIOS: AS INCUBADORAS COMO SUPORTE À PROFISSIONALIZAÇÃO DA GESTÃO DAS MICROS E PEQUENAS EMPRESAS
tecnologias e recursos humanos com alto
nível de capacitação nas áreas tecnológicas.
O êxito dessas incubadoras, portanto,
depende da consolidação da nova tecnologia
a ser explorada, do grau de interação com as
instituições de apoio, e das competências das
universidades e centros de pesquisa aos quais
estão vinculadas.
As incubadoras de base tecnológica
geralmente têm maior sucesso quando
vinculadas a institutos que oferecem cursos
de graduação e pós-graduação em áreas
tecnológicas. Dentre elas, pesquisaram-se
em detalhes três incubadoras com foco de
atuação diversificado, analisadas em termos
de missão, finalidade estatutária e objetivos
que para efeito de apresentação deste
trabalho serão designadas por Incubadora
Alfa, Beta e Gama.
Essas três incubadoras foram pesquisadas,
por meio de entrevistas com suas respectivas
empresas incubadas e graduadas já atuando
no mercado. Enquanto as incubadoras
Alfa (localizada no Vale do Paraíba, na
região de alta concentração da indústria
aeroespacial) e Beta (situada na região de
Campinas/SP conhecida como Vale do
Silício brasileiro) delineiam suas atividades
no espaço nacional, a Gama (localizada na
região de Santos) delimita sua atuação na
economia local. Entretanto, essa última
também almeja, no longo prazo, adquirir
uma expressão nacional.
Quanto à visão de futuro e ao posicionamento
de longo prazo, observa-se que a incubadora
da região de Jundiaí destaca-se tanto pelo
alcance nacional quanto pelo estreito foco de
atuação em produtos de alto valor agregado.
Em termos de posicionamento estratégico,
observa-se que a Gama destaca-se tanto pelo
3.
PROCESSO DE GESTÃO
alcance nacional quanto pelo enfoque em
todos os segmentos da economia.
EM INCUBADORAS DE BASE
Em termos de serviços básicos, as três
TECNOLÓGICA
incubadoras se equivalem. São oferecidos às
empresas incubadas serviços compartilhados
3.1. AMOSTRA
de infra-estrutura física e logística, como:
espaço físico para instalação dos escritórios
O sucesso das incubadoras de base das empresas; instalações apropriadas
tecnológica se traduz em oferecer ao mercado, com linha telefônica e internet; segurança;
por meio de suas empresas residentes, novas secretaria; sala de reuniões; recepção e
utilizada na seleção de três incubadoras,
para possibilitar a análise de ambientes
com características similares, envolvendo
gestores das referidas instituições. Trata-se
de um estudo de perspectiva transversal, no
qual o nível de análise é organizacional e a
unidade de análise é composta pelo grupo de
fatores relevantes, presentes em incubadoras
tecnológicas. A abordagem do trabalho é
predominantemente descritivo-qualitativa.
As fontes dos dados coletados são primárias
e secundárias, tendo sido utilizada a técnica
da triangulação na análise e interpretação
dos dados.
Para a análise das pressões do contexto
ambiental, utilizou-se de dados secundários
sobre o segmento das micro e pequenas
empresas, de diversas fontes como livros,
internet, artigos, fontes estatísticas, entre
outras. Os dados secundários das incubadoras
tecnológicas estudadas foram obtidos em
idênticas fontes que permitiram a elaboração
do roteiro de levantamento. Este roteiro
permitiu a obtenção de dados primários
diretamente dos sites/páginas na Internet
das três incubadoras pré-selecionadas.
Com esses dados primários e secundários,
identificou-se a missão, os valores e crenças
e as estratégias de ação de cada uma das
incubadoras. Durante o período de visitas,
entrevistas e coleta de dados foi utilizada
a
observação
não-participante
para
obtenção de informações relevantes, o que
se justifica pela necessidade de averiguar
fatos importantes para a pesquisa. Os dados
primários foram tratados pela análise de
conteúdo, sendo a temática para a análise de
esquemas interpretativos e a categorial para
as estratégias de ação (Bardin, 1979).
60
Revista de Empreendedorismo, Negócios e Inovação
TAKESHY TACHIZAWA, HAMILTON POZO
outros serviços de apoio. Outros serviços
normalmente prestados são: assessoria
para elaboração do plano de negócios das
empresas; consultorias especializadas de
acordo com as necessidades das empresas
em áreas como gestão empresarial, finanças,
planejamento, contabilidade, jurídica etc.;
acesso à informação tecnológica; assessoria
na elaboração de projetos para captação
de recursos em entidades financeiras e
de fomento; captação e intermediação
da negociação com investidores; apoio
em ações mercadológicas, divulgação e
comercialização de produtos/serviços das
empresas incubadas e orientação e apoio para
participação em feiras e rodas de negócios.
3.2. RESULTADO DAS OBSERVAÇÕES
Como administrador de uma incubadora
ou como gestor de uma empresa em processo
de incubação ou já graduada e atuando
no mercado, algumas estratégias são
recomendáveis. O foco de atuação é um ponto
crítico a ser gerenciado na medida em que
apenas determinados tipos de empresas são
passíveis de serem apoiados por incubadoras.
Quanto aos serviços especializados
prestados pelas três incubadoras, foi
constatada uma significativa diferenciação
no grau de suporte oferecido às empresas
incubadas. A incubadora Alfa destaca-se
na orientação quanto ao uso de plano de
negócios; a incubadora de Santos (Gama),
pela maior especialização na orientação à
criação de empresas produtoras de software;
a incubadora de Campinas (Beta), pela
orientação às empresas em sua busca de
financiamentos em instituições de fomento
como a Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo (FAPESP), da
Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP)
e Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq). A seguir os
principais elementos de cada Incubadora.
3.2.1. INCUBADORA ALFA
A incubadora Alfa possui como diferencial
o fato de focar empresas com projetos de alta
tecnologia para aplicação industrial ou de
Revista de Empreendedorismo, Negócios e Inovação
serviços nas áreas de eletrônica, informática,
ciências
de
materiais,
aeroespacial,
telecomunicações, biotecnologia, mecânica,
química, robótica, meio ambiente etc. Como
incubadora tecnológica atua na geração
de empresas cujos produtos, processos ou
serviços resultam da pesquisa científica.
Ocorre que não há absorção sistematizada
do conhecimento tecnológico dos centros
de pesquisa da universidade à qual a Alfa se
vincula. Esse elo que, normalmente constitui
a base para as incubadoras tecnológicas, é
fundamental para a formação empreendedora
no meio acadêmico.
A Alfa tem com missão:
“Oferecer
um
ambiente
propício
ao
desenvolvimento de empreendedores de negócios
tecnológicos, transformando-os em empresários
bem-sucedidos, por meio de ações: integradas
e eficazes com outros parceiros, como forma
de contribuir para o surgimento de empresas
tecnológicas bem-estruturadas e competitivas no
mercado global.”
Como benefícios, oferece às empresas
residentes todos os serviços necessários para
seu desenvolvimento e para sua adequação
à realidade do mercado, a partir de critérios
de excelência empresarial. Os empresários
são assistidos na elaboração de seus
projetos, participam de cursos, seminários,
palestras e workshops, recebem informações,
consultoria e assessoria de forma a permitir
que sua empresa possa criar estratégias
de desenvolvimento e definição de metas.
A Incubadora visa com isso possibilitar
a preparação de cada empresa para sua
entrada no mundo dos negócios, após sua
graduação, desenvolvendo as habilidades
gerenciais dos empresários enquanto
complementam seus projetos tecnológicos.
Também oferecemos orientações quanto
a fomentos e financiamentos, incentivos
fiscais, parcerias, além de incentivar e
colaborar com a participação em feiras e
rodas de negócios. O principal objetivo é
ajudar cada empresa incubada a alavancar
seu negócio. A Incubadora Alpha facilita o
acesso dos empresários a serviços básicos de:
• orientação
sobre
linhas
de
financiamento e fomento;
• consultorias especializadas (marketing,
61
CRIAÇÃO DE NOVOS NEGÓCIOS: AS INCUBADORAS COMO SUPORTE À PROFISSIONALIZAÇÃO DA GESTÃO DAS MICROS E PEQUENAS EMPRESAS
financeira, contábil, patentes, etc.);
participação em cursos, seminários,
palestras, workshops e eventos diversos
(marketing pessoal, plano de negócios,
habilidades empreendedoras, etc.);
• treinamento técnico especializado;
• informações sobre comercialização de
produtos/serviços;
• promoção e divulgação das empresas
residentes;
• suporte tecnológico, administrativo
e operacional, a custo subsidiado e
racionalizado;
• estrutura gerencial e tecnológica de uso
coletivo e baixo custo operacional;
• apoio ao desenvolvimento de Plano de
Negócios;
• acompanhamento metodológico das
atividades das empresas residentes; e
• participação em feiras e rodas de
negócios - muitos a custo zero e
alguns com pequena participação das
empresas.
• Tem como objetivo alcançar resultados
positivos para empresas incubadas,
conforme descrito a seguir:
• aumento da taxa de sobrevivência;
• redução do volume de capital necessário
para montar uma empresa;
• apoio ao desenvolvimento local e
regional com a geração de emprego e
renda;
• geração de produtos, processos e
serviços inovadores;
• implantação de redes de novos negócios;
• fortalecimento do espírito associativo; e
• aumento da interação com o setor
empresarial e as instituições acadêmicas.
Nessa incubadora os aprovados na etapa
de pré-seleção participam de um “Curso de
Formação de Empreendedores” de 40 horas
que trata de questões relacionadas às falhas
gerenciais e logísticas. A participação no
curso é etapa obrigatória do processo de
seleção. Cada projeto aprovado na etapa
de pré-seleção proporciona a inscrição de
até dois representantes no curso. A eles são
oferecidas consultorias especializadas para a
elaboração dos planos de negócios.
Quanto aos serviços especializados
•
62
prestados foi constatada uma significativa
diferenciação no grau de suporte oferecido às
empresas incubadas, destaca-se na orientação
quanto ao uso de plano de negócios.
Como meio de suprir as deficiências
inerentes ao desenvolvimento das pequenas
e médias empresas de base tecnológica,
principalmente quanto à falta de mecanismo
de crédito adequado ao crescimento
empresarial, a Incubadora Tecnológica Univap
orienta as empresas incubadas quanto a
financiamentos e recursos não reembolsáveis
existentes, incentivos fiscais, parcerias junto
às grandes empresas para desenvolvimento
de projetos em conjunto. Assim, como parte
de sua missão de alavancar e consolidar as
empresas tecnológicas, a Incubadora oferece
assessoria para a elaboração de propostas
de projetos junto aos seguintes agentes de
fomento e financiamento: BNDES; CNPQ;
FAPESP; FINEP.
Tem, também, foco direcionado às empresas
com projeto de aplicação industrial ou de
serviço, nas áreas de eletroeletrônica, controle
de processos, tecnologia da informação,
ciências
de
materiais,
aeroespacial,
telecomunicações, biotecnologia, mecânica,
química, robótica, meio ambiente e
organizações de alto conteúdo tecnológico.
Existe uma correlação direta entre a vocação
regional como pólo aeronáutico-espacial e o
tipo de MPE existente no Vale do Paraíba. As
empresas aqui incubadas após sua graduação
têm elevado índice de sobrevivência, 85%.
3.2.2. INCUBADORA BETA
Na incubadora Beta é considerado um
diferencial o fato das empresas estarem
localizadas no interior de uma das três
grandes universidades do Estado de São
Paulo. Trata-se de um endereço respeitado
no mundo acadêmico e no mercado, e
que pode contar com a colaboração dos
professores e pesquisadores da instituição.
A missão da Incubadora BETA é: “capacitar
gerencial e tecnologicamente as micro e
pequenas empresas, estimulando a interação
universidade-empresa e buscando promover
a geração de emprego e renda da região, com
Revista de Empreendedorismo, Negócios e Inovação
TAKESHY TACHIZAWA, HAMILTON POZO
o desenvolvimento de tecnologias adequadas
ao País”.
Para o cumprimento desta missão a
organização procura: desenvolver tecnologias
adequadas ao país; desenvolver um fluxo
contínuo de inovações; induzir a geração
de riqueza e novos empregos; promover a
diversificação e desconcentração industrial;
e a valorização da cultura empreendedora.
Tem como objetivo a implantação de
uma estrutura propícia ao surgimento de
novas empresas de base tecnológica e já é
reconhecidamente um esforço conjunto da
Universidade que a abriga, do SEBRAE-SP,
da comunidade e dos governos municipal,
estadual e federal.
Esse novo papel das universidades vem
exigindo tanto a expansão dos seus ativos
físicos, organizacionais e educacionais
de apoio à inovação quanto à promoção
da cultura empreendedora que propicie
reconhecer e tirar proveito das oportunidades
geradas pelas iniciativas universitárias.
A Beta orienta as empresas a buscar
instituições de fomento e até hoje todas
conseguiram apoio da Fapesp (Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo),
da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos,
ligada ao Ministério de Ciência e Tecnologia)
ou do CNPq (Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
Além de uma taxa mensal pela utilização
de espaço físico e sua conta de telefone, as
incubadas, a partir do 25º mês, pagam 2%
do faturamento pelo mesmo tempo em que
permaneceu incubada. Futuramente deve
ser exigido 1% do faturamento pelo dobro
do tempo em que a empresa ficou interna.
Outra regra é que após três anos as empresas
devem ir para o mercado.
Na Incubadora Beta não é explicitado
um processo formal de seleção de futuras
empresas incubadas, com base em um plano
de negócios. A participação de até dois
representantes em um curso de formação
de empreendedores é etapa obrigatória do
processo de seleção. Para os inscritos também
são oferecidas consultorias especializadas
para a elaboração dos planos de negócios.
O processo para os empreendedores
Revista de Empreendedorismo, Negócios e Inovação
interessados em participar da incubadora
é parecido com o adotado pelas demais. A
demora é de dois a três meses e, uma vez
aprovados, os empreendedores passam a
contar com uma sala, internet e um ponto
de telefone. Há ainda uma consultoria em
gestão que orienta os empreendedores e,
na medida da necessidade, corrige seus
passos, passa “lição de casa” e monitora
o desenvolvimento dos negócios. Além
disso, as empresas estão dentro de uma
universidade que é um endereço respeitado
no mundo acadêmico e no mercado, e
contam com o apoio dos professores e
pesquisadores da instituição.
A Beta orienta as empresas a buscar
instituições de fomento e até hoje todas
conseguiram apoio da Fapesp (Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo),
da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos,
ligada ao Ministério de Ciência e Tecnologia)
ou do CNPq (Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
Além de uma taxa mensal pela utilização
de espaço físico e sua conta de telefone, as
incubadas, a partir do 25º mês, pagam 2%
do faturamento pelo mesmo tempo em que
permaneceu incubada. Futuramente deve
ser exigido 1% do faturamento pelo dobro
do tempo em que a empresa ficou interna.
Outra regra é que após três anos as empresas
devem ir para o mercado.
As empresas incubadas após sua graduação
têm pleno índice de sobrevivência, ou seja, 100%.
3.2.3. INCUBADORA GAMA
A
Incubadora
Gama
procura
o
desenvolvimento tecnológico regional por
meio da criação e incremento de uma rede
colaborativa e pelo apoio a novos negócios
considerados estratégicos para a economia
local. Em síntese sua missão é: “fazer da região
um pólo nacional de referência da cultura
empreendedora e da criação de produtos e
serviços com alto valor agregado”.
Essa incubadora se volta, preferencialmente,
às áreas de software, informática, turismo
e design. Mas, também, apoia novos
empreendimentos de segmentos tradicionais
63
CRIAÇÃO DE NOVOS NEGÓCIOS: AS INCUBADORAS COMO SUPORTE À PROFISSIONALIZAÇÃO DA GESTÃO DAS MICROS E PEQUENAS EMPRESAS
pesquisas científicas;
da economia. A incubadora Gama foi
• incentivar o empreendedorismo e a
projetada para incubar 17 empresas no modo
inovação tecnológica na região;
residente, aquelas que ocupam espaço físico
• reduzir os riscos de mortalidade das
na incubadora. A história da Gama inicia-se
empresas;
em 1999, quando a Prefeitura Municipal da
• buscar auto sustentabilidade da
cidade que a sedia, em conjunto com o Serviço
incubadora;
de Apoio às Micro e Pequenas do Estado de São
• incentivar o desenvolvimento de novas
Paulo - SEBRAE e a Federação das Indústrias
tecnologias visando a modernização da
do Estado de São Paulo e seu representante
estrutura produtiva;
regional, o Centro das Indústrias do Estado
• promover negócios sustentáveis e
de São Paulo - CIESP se reúnem pela primeira
desenvolvimento local;
vez com a intenção de convergir esforços
• contemplar os interesses dos parceiros;
para a implantação de uma incubadora no
• difundir a educação e a cultura
município. O SEBRAE-SP orientou para
empreendedora em todos os níveis de
que se realizasse um Estudo de Viabilidade
ensino;
Técnica e Econômica – EVTE da incubadora,
• incentivar a implantação de sistemas
e que se convocassem as forças vivas da
de pré-incubação nas Universidades
cidade para captar os parceiros. A Prefeitura
parceiras;
se encarregou de conduzir o processo. Foram
• criar uma Rede Colaborativa de
chamadas mais de 30 instituições, de todos
Valor do Conhecimento Científico e
os meios, das quais 25 instituições assinaram
Mercadológico na região;
um documento de lançamento do projeto,
• consolidar o conceito e a imagem
no qual manifestavam apoio à sua criação.
da Incubadora junto a parceiros e
A Gama como incubadora do tipo misto,
comunidade;
pode abrigar empresas de desenvolvimento
• incrementar processos que agreguem
de software, empresas de fabricação de
tecnologia e valor para as empresas da
componentes eletrônicos e cooperativas
região;
em diversas áreas. Faz parte do Sistema
• realizar
ações
e
eventos
de
FIESP de Incubadoras, referência nacional
empreendedorismo e desenvolvimento
em gestão e propicia a abertura de
regional em conjunto com outras
oportunidades de negócio, e está localizada
incubadoras que se venham constituir
próxima ao aeroporto internacional de
na região;
Viracopos, à Capital e às demais cidades
• articular a implantação de sistemas
da Grande São Paulo.
locais de pós-incubação, em parceria
Seu posicionamento estratégico define a
com governos, institutos e centros de
Incubadora Gama como uma oportunidade
pesquisa, além de grandes empresas de
de transformar a idéia do empreendedor em
software e hardware;
um negócio viável e de sucesso. É voltada
• construir cultura local de investimentos
preferencialmente às áreas de software;
em Capital de Risco – “Angel Investors e
informática; turismo; design como também
Seed Money”;
em segmentos tradicionais da economia.
• construir cultura local de Pesquisa &
Foi projetada para incubar 17 empresas no
Desenvolvimento de Inovação para
modo residente, aquelas que ocupam espaço
busca de recursos das Agências de
físico na incubadora. Identificam-se como
Fomento: FAPESP, FINEP e CNPq; e
principais objetivos:
• articular projetos de Desenvolvimento
• apoiar e orientar o aprimoramento
Sócio-Econômico Regional nas áreas de
empresarial nas suas bases: gerencial,
Software, Turismo e Design.
técnica e tecnológica;
Quanto aos serviços especializados
• promover a integração entre empresas,
Universidades
e
instituições
de prestados, destaca-se na orientação quanto
64
Revista de Empreendedorismo, Negócios e Inovação
TAKESHY TACHIZAWA, HAMILTON POZO
ao uso de plano de negócios pela orientação
às empresas em sua busca de financiamentos
em instituições de fomento como a Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo (FAPESP), da Financiadora de Estudos
e Projetos (FINEP), ligada ao Ministério
de Ciência e Tecnologia, ou do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq).
A Incubadora Gama, como processo
de seleção das empresas, leva em conta a
entrevista individual feita pelo Coordenador
da incubadora, a avaliação dos planos de
negócios submetida à aprovação FIESPCiesp/SEBRAE/SP e a avaliação final pelo
Conselho da Incubadora. Seus critérios
de aprovação são: viabilidade econômicofinanceira; perfil empreendedor; dedicação
exclusiva ao negócio; idoneidade na praça;
processo de fabricação não poluente e
atividade estratégica para o desenvolvimento
regional. A incubadora considera, em seu
processo de seleção, dois diferentes tipos
de empresa: a) de cunho tecnológico e b)
inovadoras e com potencial para exportação
e desenvolvimento de novos produtos,
materiais e processos de produção. A vocação
regional está intimamente vinculada ao
segmento de turismo, hotelaria e prestação
de serviços. Quanto a serviços especializados
prestados a incubadora de Santos, destacase pela maior especialização na orientação à
criação de empresas produtoras de software.
A entidade gestora desse empreendimento é
a FIESP/CIESP, através de seu departamento
de Assessoria Micro e Pequenas Empresas
e
a
administração
operacional
do
empreendimento fica a cargo de um
Coordenador Executivo contratado para esse
fim. Paralelamente, a Prefeitura e o Sebrae
operam oferecendo recursos econômicos
e financeiros a toda a operação. As regras
para o período de incubação, demissão e
graduação são definidas por Termo de Adesão
e Regulamento Interno assinados entre
a empresa incubada e a entidade gestora.
Suas consultorias são contratadas de acordo
com as normas e procedimentos da FIESPCIESP e são prestados por profissionais
pós-graduados nas áreas de Marketing,
Revista de Empreendedorismo, Negócios e Inovação
prestando orientação à comercialização do
produto, e Finanças prestando análise no
que diz respeito ao desempenho econômicofinanceiro da empresa. As empresas aqui
incubadas após sua graduação têm elevado
índice de sobrevivência, 87,5%.
3.3. CONSIDERAÇÕES SOBRE A
PESQUISA
Nos três casos estudados nota-se que
a gestão das incubadoras, além de suas
tradicionais funções, poderia atuar mais
acentuadamente como elo de ligação entre
os novos empreendimentos e o sistema
nacional de inovação. Seria viável e salutar
que os novos empresários pudessem
interagir mais profundamente com as
instituições responsáveis pelo avanço
do conhecimento e pela regulação. Essa
atuação poderia ocorrer em termos de
implementação de alianças e parcerias entre
as incubadoras e as instituições de apoio
como: Sebrae, Fiesp/Ciesp, instituições de
ensino e pesquisa, prefeituras, associações
de classe e órgãos oficiais.
4.
PERSPECTIVAS DO
PROCESSO DE GESTÃO E
EMPREENDEDORISMO
As análises de economistas, sobre a
mortalidade das empresas, tendem a dar
grande importância aos fatores estruturais
e conjunturais. Já as publicações voltadas
para o mundo dos negócios e as análises de
estudiosos da gestão reforçam o papel das
práticas gerenciais como responsáveis pela
mortalidade. Na verdade, é mais provável
que a alta mortalidade das empresas sejam
provocadas, principalmente, por falhas
gerenciais na condução dos negócios,
seguidas de causas econômicas e tributação.
Portanto, fica evidente a enorme importância
da qualificação técnica dos novos empresários
para a criação de patrimônio produtivo no
país. A contribuição das incubadoras de
empresas na difusão de práticas gerenciais
eficientes entre os novos empresários,
portanto, é essencial. Com o apoio das
65
CRIAÇÃO DE NOVOS NEGÓCIOS: AS INCUBADORAS COMO SUPORTE À PROFISSIONALIZAÇÃO DA GESTÃO DAS MICROS E PEQUENAS EMPRESAS
incubadoras as novas empresas podem
obter maior produtividade, lucratividade,
agilidade e capacidade para inovar, mudar,
aproveitar oportunidades, se adaptar
e se antecipar à mudança do ambiente
econômico.
O ímpeto empreendedor e as possibilidades
de sobrevivência e desenvolvimento de
novos negócios podem, desse modo, ser
potencializados pelo “capital intangível”
representado
pelo
conhecimento,
habilidades e experiência (Paiva, 2001 e
Labarca, 1999). Desse modo, o presente
artigo considera a capacitação gerencial
como “capital humano” e, portanto, como
um dos principais recursos disponíveis para
o desenvolvimento de um país. Deve assim,
ser encarada como um fator endógeno no
processo evolutivo que se desenrola no
ambiente competitivo. Para Hoff e Stiglitz
(2001) “o desenvolvimento não é mais
visto primariamente como um processo
de acúmulo de capital, mas antes como
um processo de mudança organizacional”.
Desse modo, o conhecimento e as mudanças
organizacionais são fatores determinantes
nas possibilidades do desenvolvimento
(Evans, 2003). A gestão empreendedora, um
dos mais importantes marcos conceituais da
história do pensamento da administração,
está relacionado com a emergência de
uma área temática, cujo objeto de estudo
transcende a abordagem das habilidades
convencionais. Este novo posicionamento
tem como referência básica o estudo e a
pesquisa aplicada às características que
conformam o perfil e o comportamento
daquele que é o agente de transformação
no âmbito das organizações. Procura, o
empreendedor, desenvolver novas tecnologias
gerenciais de forma a instrumentalizá-las
para a inovação tecnológica. Assim, cabe ao
empreendedor não apenas inovar no sentido
“schumpteriano”, mas, também desenvolver
novas práticas gerenciais que estimulam a
inovação em seu próprio empreendimento.
Uma nova configuração da economia,
quanto aos seus padrões de concorrência e
relações entre seus agentes, requer um novo
formato de gestão. A consecução de objetivos
66
e metas neste novo cenário requer gestores
preparados para esse novo balizamento.
Dentre os requisitos exigidos para este novo
formato de organização, no que concerne à
sua inserção na economia empreendedora,
Drucker (1986) destaca como relevantes as
seguintes diretrizes e práticas:
• a organização deve ser receptiva à
inovação e predisposta a ver a mudança
como oportunidade e não como
ameaça;
• a mensuração sistemática, ou pelo
menos uma apreciação, do desempenho
empreendedor e inovador da empresa na
perspectiva do aprendizado contínuo;
• práticas específicas pertinentes à estrutura
organizacional e ao relacionamento com
o seu quadro de pessoal.
Portanto, a ação de empreendedorismo
deve ter fundamentação econômica - a
emergência da economia empreendedora
e organizacional - a delimitação de um
modelo de gestão empreendedora, torna-se
oportuno proceder à abordagem da produção
intelectual relacionada a esse novo modelo
de gestão para a inovação. Para Drucker
(1986) o comportamento empreendedor
sempre busca a mudança, reage a ela, e a
explora como uma oportunidade. Pereira
(l995) configura o empreendedorismo como
um dos modelos de gestão que se destaca
neste novo momento da economia mundial,
um período de transição e da emergência de
novos paradigmas. O Gestor, além de suas
tradicionais funções nas MPEs e órgãos
governamentais, poderia atuar como elo entre
a incubadora e as MPEs ou empreendimento
em sua fase de criação. De forma análoga,
seria viável a MPE interagir com instituições
do Primeiro Setor e organizações sociais
do Terceiro Setor (vide relacionamento
do tipo “b”), conforme Figura 1 a seguir.
Essa atuação poderia ocorrer em termos de
implementação de alianças e parcerias entre
MPEs e incubadoras e entre elas e instituições
de apoio como o Sebrae, a Fiesp/Ciesp, as
universidades e instituições de ensino e
pesquisa, prefeituras, associações de classe e
outros órgãos oficiais e privados congêneres
(relacionamento do tipo ”c”).
Revista de Empreendedorismo, Negócios e Inovação
TAKESHY TACHIZAWA, HAMILTON POZO
Figura 1 – Modelo conceitual: A incubadora e as MPEs
Fonte: dados de investigação dos autores
Segundo Almeida (2004, p. 22) a instituição
incubadora pode ser considerada como “um
exemplo do modelo de hélice tríplice de
relações universidade - empresa – governo,
sendo consideradas como organizações
híbridas, que internalizam o relacionamento
entre as três esferas, estimulando e criando
um espaço de interação”. Tal “modelo de
hélice tríplice”, na verdade, é uma construção
teórica que visa explicar o processo de
inovação tecnológica. Nesse modelo o
processo linear de inovação – da pesquisa
básica nas universidades à aplicação
comercial – é substituído por um modelo que
privilegia a integração institucional de três
elementos do sistema de ciência e tecnologia
(C&T): as universidades, as empresas e as
agências governamentais.
No “modelo de hélice tríplice” as incubadoras
podem acelerar o desenvolvimento e
melhorar as chances de sucesso de empresas
recém-criadas. Isso é feito pelo fornecimento
de serviços e recursos necessários para as
jovens empresas. Esse apoio, coordenado
pela gerência da incubadora, tem como
principal objetivo produzir “empresas
graduadas” de sucesso que irão deixar o
período de incubação para ser tornarem
vitoriosas no mercado e financeiramente
sustentáveis. As incubadoras brasileiras
crescem em um ritmo acelerado, como
pode ser constatado na tabela 01. Nelas, os
pequenos empreendedores que trabalham
Revista de Empreendedorismo, Negócios e Inovação
com produtos e processos inovadores ou de
alta tecnologia, podem entrar em contato
com instituições de ensino, pesquisas,
laboratórios e redes de fornecedores.
Tabela 1 – Incubadoras no Brasil: 1988 2006
Ano
Instaladas
Novas
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2
4
7
10
12
13
19
27
38
60
74
100
135
150
183
207
283
339
359
2
3
3
2
1
6
8
11
22
14
26
35
15
33
24
76
56
20
Fonte: Anprotec, 2006b.
A incubadora de empresas oferece uma
série de facilidades para o surgimento e
desenvolvimento de novos empreendimentos.
Proporciona
condições
especialmente
planejadas para favorecer o nascimento
e o desenvolvimento de empresas, até
que elas tenham condições de trabalhar
67
CRIAÇÃO DE NOVOS NEGÓCIOS: AS INCUBADORAS COMO SUPORTE À PROFISSIONALIZAÇÃO DA GESTÃO DAS MICROS E PEQUENAS EMPRESAS
métodos gerenciais e processos de negócio
que permitam uma operacionalização mais
ágil e flexível. Existem, porém, dois fatores
determinantes para alavancar essas iniciativas
de melhoria contínua do negócio e aumento
da competitividade dessas empresas. Trata-se
do acesso e obtenção de financiamentos e de
um eficiente planejamento que permitam a
implementação dessas ações.
Com a atual crise econômica mundial
e particularmente a situação brasileira, a
ausência desses fatores está, cada vez mais,
determinando a falência e saída do mercado
de inúmeras empresas de diversos ramos
de atuação, devido às altas taxas de juros
cobrados sobre o capital, sem falar na carga
tributária excessiva pela qual são submetidas
essas empresas. Isso tudo vem culminando
no aumento contínuo do desemprego
e levando inúmeros ex-empregados da
indústria nacional a tornarem-se pequenos
empreendedores que se jogam, sem qualquer
suporte ou planejamento prévio, no sonho
de vencer e ser dono do próprio negócio.
Em decorrência desse quadro, o número de
micro e pequenas empresas - MPEs criadas
no país vem aumentando a cada ano. Porém,
em vez de significar uma solução alternativa
à crise econômica citada, isso tem trazido
também outros problemas econômicos e
sociais ao país, haja vista o alto índice de
mortalidade dessas MPEs em seus primeiros
anos de vida. Em pesquisa realizada pelo
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas - SEBRAE na região
metropolitana de São Paulo pode-se ter um
quadro claro a esse respeito.
Nota-se que mais de 50% das MPEs deixam
de existir até o final do 3º ano de vida. Ainda
não se têm dados em nível nacional, mas
segundo o próprio SEBRAE os números
são no mínimo iguais aos expostos acima
ou maiores.
5.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma iniciativa que vem proporcionando
resultados animadores em todo mundo, e
Um dos fatores mais importantes para também no Brasil, é a criação de incubadoras
a sobrevivência das empresas na atual de empresas destinadas a amparar o
economia global, é a sua capacidade de estágio inicial de empresas nascentes que
continuamente buscar a aplicação de se enquadram em determinadas áreas de
novas tecnologias, novos mercados, novos negócios. O principal objetivo de uma
competitivamente no mercado. Disponibiliza
ainda soluções por meio de ferramentas
de gestão e tecnologia, atuando como
facilitadora de informações e serviços. Dessa
forma, ampliam as possibilidades de sucesso
de empresas ainda frágeis, mas que devem
sobreviver numa economia globalizada, e agir
de forma competitiva e com responsabilidade
socioambiental.
Além da assessoria na gestão técnica
e empresarial da empresa, oferece infraestrutura
e
serviços
compartilhados
necessários
ao
desenvolvimento
do
novo negócio. A incubadora, portanto,
pode ser catalisadora do processo de
desenvolvimento regional e de consolidação
de empreendimentos inovadores quando
conduzidas por gestores competentes.
Segundo pesquisa realizada pelo SEBRAE
(2008), 56% das empresas registradas na Junta
Comercial do Estado de São Paulo que foram
fundadas em 1999 e não foram instruídas
pelo SEBRAE desapareceram do mercado
em 5 anos, já para as clientes do SEBRAE,
o percentual cai para 30%. Anprotec (2005)
informa que, no Brasil, as novas empresas
apoiadas por uma incubadora apresentam
uma taxa de sobrevida é de 82%. Isso mostra
quão importantes são os conhecimentos e a
experiência adquiridos em gestão de negócios
dentro da incubadora.
Entretanto, mesmo sendo um dos
melhores instrumentos de auxílio às
empresas nascentes, ainda existem lacunas
não preenchidas no tocante à assessoria das
incubadoras às MPEs: o auxílio na elaboração
de planos de negócios consistentes e que
sirvam de base à gestão das MPEs e na captação
de recursos financeiros provenientes de
linhas de crédito como as do BNDES, bancos
estatais e privados, fundos de investimento,
venture capitalists (capitalistas de risco), etc.
68
Revista de Empreendedorismo, Negócios e Inovação
TAKESHY TACHIZAWA, HAMILTON POZO
Incubadora de Empresas deve ser a produção
de empresas competitivas, que obtenham
êxito no seu mercado de atuação, gerando
benefícios econômicos e sociais. Este trabalho
tratou, também, de um aspecto ainda pouco
explorado pelas incubadoras de empresas e
que envolve o seu próprio gerenciamento: a
capacitação dos seus executivos no processo
de gestão das mesmas, além da capacitação
dos empreendedores das empresas incubadas.
Diante do alto grau de mortalidade
das empresas recém-criadas surgiram
as
incubadoras
para
melhorar
a
sustentabilidade dos novos negócios por
meio do apoio tecnológico, físico e gerencial.
De fato, as incubadoras, especialmente de
foco tecnológico, têm garantido a sobrevida
de centenas de empresas.
O Programa Nacional de Apoio as
Incubadoras de Empresas (PNI) que
congrega, articula, aprimora e divulga
a maioria dos esforços institucionais
e financeiros de suporte a esse tipo de
empreendimento para ampliar e otimizar
a maior parte dos recursos deve ser
canalizado para gerar e consolidar um
maior número de MPEs inovadoras em
regime de incubação. Esse processo,
que se inicia com a geração da idéia,
passando pelas etapas da pesquisa, do
desenvolvimento de protótipo (a fase em
que a idéia transforma-se em processo,
produto ou serviço) e da produção
em escala, é implementado de modo
consistente e coerente.
O gestor das MPEs deve considerar a
necessidade de adotar estratégias de parcerias
e alianças de maneira diferenciada em
função do tipo de incubadora. Enquanto as
tecnológicas se aproximam de universidades
e centros de pesquisas, as mistas interagem
mais diretamente com entidades de classes
e Governos municipais e estaduais. E todas,
indistintamente, interagem com órgãos
financiadores e autarquias do tipo SEBRAE e
congêneres. Outras oportunidades de firmar
alianças e parcerias seriam com empresas
juniores de instituições de ensino.
Essa articulação institucional, quando
alvo de atenção por parte do gestor das
Revista de Empreendedorismo, Negócios e Inovação
MPEs, torna possível identificar vocações
regionais que podem direcionar e sinalizar
às incubadoras projetos de criação de novos
negócios realmente viáveis. Esse enfoque pode
direcionar a própria formulação da missão e
foco estratégico de atuação da incubadora. É
nesse contexto que o gestor das MPEs pode
emergir como um tipo de profissional que
agregaria sua contribuição técnica à melhoria
da gestão interna das MPEs, das incubadoras
e da administração do relacionamento entre
esses dois ambientes.
Essas e outras reflexões permitiram inferir,
inicialmente, que o processo de gestão
das incubadoras se avizinha como uma
promissora área de atuação para o executivo
das MPEs, tanto na sua administração
intrínseca quanto por meio de parcerias e
alianças institucionais. Estratégias essas
que permitiriam, inclusive, fomentar o
desenvolvimento regional por intermédio de
Arranjos Produtivos Locais (APLs).
O gestor da Incubadora ou de uma MPE,
poderia atuar na concentração local ou
regional de atividades econômicas industriais,
comerciais,
serviços
e
agronegócios,
formando cadeias produtivas.
A força econômica, a competitividade
e a capacidade de geração de emprego e
renda da APL decorrem justamente da
sinergia proporcionada pela integração
de diferentes organizações e agentes. Ou
seja, a articulação institucional nas esferas
públicas e privadas, entre incubadoras,
empresas, fornecedores e instituições de
pesquisas e acadêmicas constitui um espaço
de atuação inexplorado e que, dadas suas
exigências em termos de atuação, constitui
um amplo campo para o administrador
exercer suas habilidades e competências.
Para o gestor de uma incubadora ou de
uma empresa em processo de incubação,
ou já graduada e atuando no mercado,
o foco de atuação é um ponto crítico a
ser gerenciado na medida em que apenas
determinados tipos de empresa justificam
o apoio de. De fato, uma incubadora de
empresa é o “locus” da inovação, o lugar
ideal para receber os empreendedores que
estão iniciando negócios e que desejam
69
CRIAÇÃO DE NOVOS NEGÓCIOS: AS INCUBADORAS COMO SUPORTE À PROFISSIONALIZAÇÃO DA GESTÃO DAS MICROS E PEQUENAS EMPRESAS
agregar tecnologias para valorizar seus
produtos, processos e serviços.
Essa conclusão é crucial para a atuação
dos administradores. Diante do novo
fenômeno das incubadoras e das múltiplas
relações que elas engendram o campo
de atuação do gestor das MPEs pode ser
ampliado. O pré-planejamento do negócio,
a gestão empresarial e a gestão das relações
institucionais podem se constituir em
fatores de apoio ao desenvolvimento de
novos negócios. É nesse contexto que o
gestor pode atuar na gestão de incubadoras,
de MPEs e na articulação e interação com
instituições parceiras.
6.
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