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Pedagogia salesiana depois de dom Bosco, Edebê, Brasilia 2022

A pedagogia salesiana desenvolve reflexões que superam a reconstrução histórica dos contextos, das experiências e das visões originárias de Dom Bosco sobre a educação. A pesquisa publicada neste volume, prosseguindo nessa trajetória, estuda primariamente as formulações pedagógicas das gerações sucessivas e, em nível de método, tenta inclusive superar a esterilidade das reconstruções documentarísticas. A intenção de conectar Dom Bosco com os desafios educativos de hoje passa pela vivência das diversas épocas com seus diferentes modos de pensar. Essas mentalidades reforçam algumas novas ideias pedagógicas, omitindo outras, preferem algumas modalidade de ação, desenvolvem reflexões, algumas proféticas e corajosas, outras mais de acordo com a mentalidade atual ou com soluções de emergência. O alternar-se das mudanças comporta, assim, uma complexa combinação de inevitáveis dinâmicas pendulares entre as visões pedagógicas abordadas nos seis capítulos: 1. Formulações pedagógicas da primeira geração 2. Pedagogia prática capaz de se adaptar à sociedade moderna 3. Fidelidade disciplinada a Dom Bosco, educador em tempos difíceis 4. Antes, durante e depois das mudanças do Vaticano II 5. Projetação e animação como sínteses pós-conciliares 6. Nova evangelização e nova educação para o terceiro milénio

MICHAL VOJTÁŠ PEDAGOGIA SALESIANA DEPOIS DE DOM BOSCO edebe e di t ora ■ ■ A p e d a g o g ia s a le sia n a d e se n v o lv e re flex õ es q u e s u p e r a m a r e c o n s tr u ­ çã o h is tó ric a d o s c o n te x to s , d a s e x p e riê n c ia s e d a s v isõ es o rig in á ria s d e \ i D o m B o sco s o b re a e d u c a ç ã o . A p e s q u is a p u b lic a d a n e ste v o lu m e , p ro s s e ­ g u in d o n e ssa tra je tó ria , e s tu d a p r im a r ia m e n te as fo rm u la ç õ e s p e d a g ó g i­ cas d a s g e ra ç õ e s su ce ssiv a s e, e m nível d e m é to d o , te n ta in clu siv e s u p e r a r a e s te rilid a d e d a s re c o n s tru ç õ e s d o c u m e n ta rís tic a s . A in te n ç ã o d e c o n e c ta r D o m B o sco c o m o s d e sa fio s e d u c a tiv o s d e h o je p a ssa p e la v iv ê n c ia d a s d iv e rsa s é p o c a s c o m se u s d ife re n te s m o d o s d e p e n sa r. E ssas m e n ta lid a d e s re fo rç a m a lg u m a s n o v a s id eias p e d a g ó g ic a s, o m itin d o o u tra s , p re fe re m a lg u m a s m o d a lid a d e d e aç ão , d e se n v o lv e m r e ­ flex õ es, a lg u m a s p ro fé tic a s e c o ra jo sa s, o u tra s m a is d e a c o rd o c o m a m e n ­ ta lid a d e a tu a l o u c o m s o lu ç õ e s d e e m e rg ê n c ia . O a lte r n a r-s e d a s m u d a n ç a s c o m p o rta , a ssim , u m a c o m p le x a c o m b i­ n a ç ã o d e in e v itá v e is d in â m ic a s p e n d u la r e s e n tre as v isõ e s p e d a g ó g ic a s a b o r d a d a s n o s seis c a p ítu lo s: 1. F o rm u la ç õ e s p e d a g ó g ic a s d a p rim e ira g e ra ç ã o 2. P e d a g o g ia p rá tic a c a p a z d e se a d a p ta r à s o c ie d a d e m o d e r n a 3. F id e lid a d e d is c ip lin a d a a D o m B osco, e d u c a d o r e m te m p o s d ifíce is 4. A n te s, d u r a n te e d e p o is d a s m u d a n ç a s d o V a tic a n o II 5. P ro je ta ç ã o e a n im a ç ã o c o m o sín te se s p ó s -c o n c ilia re s 6. N o v a e v a n g e liz a ç ã o e n o v a e d u c a ç ã o p a ra o te rc e iro m ilé n io M ichal V ojtàs é u m S alesian o de D o m Bosco, p ro fesso r n a c á ted ra de h istó ria e p ed ag o g ia salesian a n a F acu ld ad e de C iências d a E d u ca­ ção d a U n iv ersid ad e P o n tifícia Salesiana d e R om a e d ire to r d o C e n tro de E stu d o s D om B osco d a m esm a u n iv ersid ad e. N a área d a p ed ag o g ia salesiana e d a lid e ra n ç a ed u cativ a p u b lico u os vo lu m es P rojetar e dis­ cernir e R e v iv in g D o n B o sco s O ratory. CENTRO STUDI DON BOSCO “ Università Pontifícia Salesiana c s d b . u n is a l . it SALESIAN.ONLINE ISBN 978-65-5885-267-4 edebe ed itora 10. 02. 00015 ■ ■ 9 786558 852674 >$ P E D A G O G IA SALESIA N A D E P O IS D E D O M BO SCO M ICH A L VOJTÁŠ T rad u ção D . H ilá rio M o s e r P ub licações do C E N T R O D E E STU D O S D O M B O S C O E stu d o s e su b síd io s - 1 V 898 p V ojtás, M ichal Pedagogia salesiana dep ois de D o m B osco/ M ichal Vojtás T radução d e D o m H ilário M oser - Brasília: E debê Brasil, 2022. 520 p., tab.; T ítu lo orig in al: P ed ag ogia salesiana d o p o D o n B osco ISBN 97 8-65-5 885-267-4 (Im presso) 97 8-65-588 5-268-1 (D igital) 1. P edagogia. 2. E sp iritu a lid a d e salesiana. I. M oser, D o m H ilário. II. Título. C D U 37.013:271.789.1 D ad o s in te rn acio n ais p a ra C ata lo gação n a P ublicação (C IP ) (M ayara C risto v ão d a Silva / C RB 2812 / B rasília, DF, Brasil) A e d iç ã o d e s t a o b r a e m lín g u a p o r t u g u e s a f o i p r o m o v id a e o r g a n iz a d a p e la C IS B R A S IL . D ir e t o r g e r a l: P. N iv ald o Luiz P essinatti G e r e n t e e x e c u tiv a : Ir. A d air A p arecid a Sberga C o o r d e n a d o r a e d ito r ia l: E d ito r a : G io v an n a F arago A d air A p arecid a Sberga T r a d u to r: D o m H ilário M ose r R e v is o r a : Z e n e id a C ere ja d a Silva S u p e r v is o r d e p r o d u ç ã o e d it o r ia l: D ia g r a m a d o r : A n d e rso n B. de F ig ueiredo M arcílio H . C an u to P r o d u t o r G r á fico : P r o d u t o r d ig ita l: L uciano S a n ta n a M arcílio H . C an u to P r o je t o g r á f ic o e c a p a : R o b e rta B raga E d it o r a E d e b ê B r a s il L td a . SHC S C R Q u a d ra 506, Bloco B, Loja 59 A sa Sul - B rasília-D F C E P 70350-525 Telefone: (61) 3214-2300 - Fax: (61) 3214-2346 Site : w w w .edebe.co m .b r Texto © M ic h al V ojtás, 2021 T ítu lo original: P ed ag ogia S alesiana d o p o D o n Bosco T ra d u ção au to rizad a: P ed ag ogia S alesiana D epois d e D o m B osco FSC*C 174640 SU M Á RIO P R E F Á C I O ....................................................................................................................... 1 3 I N T R O D U Ç Ã O ............................................................................................................... 1 7 A B R E V I A Ç Õ E S .............................................................................................................. 2 5 1. F o r m u l a ç õ e s p e d a g ó g i c a s d a p r i m e i r a g e r a ç ã o s a l e s i a n a ( 1 8 8 8 - 1 9 1 7 ) ......... 2 7 1.1 A p rim e ira geração dos Salesianos n a passagem do s é c u lo ......................... 27 1.1.1 O desafio d o “livre p e n s a m e n to ” a n ticle rica l ...........................................28 1.1.2 A reação da Igreja en tre n o v o s equ ilíbrios e o co n serva d o rism o .............. 30 1.1.3 Id e n tid a d e e evo lu çõ es da escola sa lesia na ................................................ 33 1.1.4 Segunda revolução in d u stria l d o s ú ltim o s d ecén io s d e 1800 .................... 35 1.1.5 A R eru m N o v aru m e a crescente sen sib ilid a d e so cia l d o s S a le sia n o s.... 36 1.1.6 O n a sc im e n to das escolas profission ais e agrícolas sa le sia n a s ..................38 1.1.7 O utras obras sociais: oratórios, asilos da in fâ n cia e in te rn a to s pa ra operá ria s .............................................................................................40 1.2 L inhas pedagógicas dos S uperio res n u m te m p o de forte e x p a n s ã o .............43 1.2.1 O p a d r e M ig u e l R u a e a fid elid a d e criativa ao S istem a P reven tivo d e D o m B o s c o ............................................................................................44 1.2.2 B o n d a d e e zelo d o educa do r p o r um a educação p ro fu n d a e duradoura... .47 1.2.3 A s lin h a s para o s oratórios e os ex-alun os .................................................. 50 1.2.4 A p lic a çõ es da R eru m N o v a ru m ................................................................52 1.3 As prim eiras form ulações d a pedagogia salesiana p o r parte dos colaboradores de D om B osco ....................................................................................................55 1.3.1 A "Pedagogia sagrada”d o p a d r e Júlio B arberis c o m o te xto fo rm a tiv o d e b a se ......................................................................................................... 55 1.3.2 Padre Francisco C erruti, p r im e ir o co nselheiro escolar-geral ................... 65 1.3.3 O p a d r e Jo sé B ertello e a transform ação das oúcinas em escolas p ro ú ssio n a is .................................................................................... 70 1.4 In stru m e n to s e re c u rs o s .................................................................................. 74 1.4.1 Tabela c ro n o ló g ica ..................................................................................... 74 1.4.2 Bibliografía se le c io n a d a ............................................................................ 76 1.4.3 R ecu rso s o n -lin e ..........................................................................................80 2. P e d a g o g ia p r á tic o -e x p e r ie n c ia l c a p a z d e s e a d a p ta r à s o c ie d a d e m o d e r n a ( 1 9 0 2 - 1 9 3 1 ) ............................................................................................... 8 1 2.1 O orató rio na sociedade de m assa e as m issões na época do co lonialism o.... 81 2.1.1 O fe n ó m e n o d o te m p o livre e su as im p lica çõ es. ......................................81 2.1.2 So cied a d e d e m assa e o c re sc im e n to d o a sso c ia cio n ism o ...................... 83 2.1.3 A adaptação d o s o ra tórios salesianos n o s in íc io s d e 1900 ..................... 84 2.1.4 O s eq u ilíb rio s e a an im a çã o d o centro: B o letim , con gresso s e r e g u la m e n to s ........................................................................................... 86 2.1.4.1 Situação concreta d o s oratório s .......................................................... 90 2.1.4.2 D e se n v o lv im e n to e te n sõ es n o a sso cia cio n ism o sa le sia n o ...............93 2.1.5 A P rim eira G uerra M u n d ia l e o s S a le sia n o s ........................................... 96 2.1.6 O p ó s-g u e rra e o a d ven to d o fa s c is m o .................................................... 99 2.1.7 A id a d e d e o u ro d o c o lo n ia lism o e as m issõ e s salesia nas .................... 101 2.1.7.1 N a scim en to d o m é to d o m issio n á rio salesiano na A m éric a Latina... 102 2.1.7.2 D e s e n v o lv im e n to d o m é to d o m issio n á rio d ep o is da P rim eira G uerra M u n d ia l. .................................................................104 2.1.7.3 Os esforços da enculturação ................................................................106 2.1.8 N o v a s tipolog ias d e p resen ça s sa le sia n a s .............................................. 109 2.2 O m ag istério dos S u p erio res-G erais acerca d a adaptação flexível às c irc u n stân cias.............................................................................................111 2.2.1 O s eq uilíb rio s d o p a d re P aulo Á lb era q u a n to à fid elid a d e e à p ie d a d e n a ed u ca ç ã o ..............................................................................................112 2.2.2 O P adre F elipe R in a ld i e a prá tica d e u m a "sadia m o d e r n id a d e " .........117 2.2.3 C on figuração pe d a g ó g ica da n o v id a d e d o S istem a P re v e n tiv o ............119 2.2.4 P a ternidad e e un iã o c o m D e u s c o m o fu n d a m e n to s da educação salesian a ................................................................................... 121 2.2.5 F o rm açã o e d u ca tiv o -ex p erie n cia l e im p o rtâ n cia d o tir o c ín io .............125 2.2.6 A s com panhias salesianas, a A çã o Católica e outras organizações ju v e n is . 129 2.3 A utores de p edagogia salesian a n a d écad a de 1920.....................................131 2.3.1 O p a d r e Faseie e a pe d a g o g ia salesiana e x p e rie n c ia l ............................ 132 2.3.2 P. C im atti e o “D o m B osco ed uca dor”n o con fro nto co m o p o s itiv is m o .. 135 2.3.3 R eflex õ es p ed a g ó g ica s e m â m b ito fra n có fo n o : Sc a lo n i e A u ffr a y ........141 2.4 In stru m e n to e re c u rso s.................................................................................. 145 2.4.1 Tabela cro n o ló g ica ................................................................................... 145 2.4.2 B ibliografia sele c io n a d a .......................................................................... 147 2.4.3 R ec u rso s o n -lin e ...................................................................................... 152 F id e lid a d e d is c ip lin a d a a D o m B osco s a n to em te m p o s de a d v e rsid a d e s (1 9 2 9 -1 9 5 1 )................................................................................... 153 3.1 O colégio salesiano, "a ilha que previne" os influxos do s te m p o s difíceis... 154 3.1.1 Regim es autoritários e totalitários que educam u m "homem n o v o "............154 3.1.2 M issã o educativa da Igreja e os efeito s da “D ivini Illius M agistri”.......157 3.1.3 C o m p ro m isso s e equilíbrios salesianos relacionados co m a canonização d e D o m B o s c o ........................................................................................... 160 3.1.4 O colégio salesian o - in stitu iç ã o educativa p r e d o m in a n te e criadora d e m e n ta lid a d e .........................................................................................163 3.1.4.1 A lg u m a s m u d a n ça s na vid a concreta dos colég ios-in terna to ........... 164 3.1.4.2 C onsequências das m uda nças - disciplina m ais m ilita r do que fa m ilia r .........................................................................................168 3.2 L inhas do R eitor-M or, p a d re P edro R icald one - fidelidade, catequese e e s tu d o ........................................................................................................... 170 3.2.1 A unid ade, a fo rm a çã o e o e stu d o cien tífic o d o In s titu to S u p erio r d e P ed a g o g ia .............................................................................................171 3.2.2 O a m o r c o m o inspiração e a disciplina c o m o m e io geral da ed u ca çã o ... 175 3.2.3 A evolução da ca tequese so b fo rm a d e "C ru zad a"................................. 178 3.2.4 A qu estã o d o s d iv e rtim e n to s levada ao e x tr e m o ...................................183 3.2.5 Síntese: o p a ra d ig m a d o "colégio so b a ssé d io " .......................................187 3.3 A utores d e pedagogia sa le sia n a.....................................................................188 3.3.1 P adre C arlos L e ô n c io da Silva e a inspira ção n e o to m ista d o In stitu to S u p erio r d e P ed ago gia ............................................................................. 189 3.3.2 O “D o m B osco E d u c a d o r” e os p a ra d o xo s d e u m m a n u a l peda g ó g ico "m agisterial" ..............................................................................................194 3.3.3 Padre A lberto Caviglia - voz dissonante co m u m pote n cial para o fu tu r o . 201 3.4 In stru m en to s e re c u rs o s ................................................................................ 205 3.4.1 Tabela c ro n o ló g ic a ................................................................................... 205 3.4.2 Bibliografia selecio n ad a ........................................................................... 207 3.4.3 R e c u rso s o n -lin e ....................................................................................... 210 A n t e s , d u r a n t e e d e p o i s d a s m u d a n ç a s d o V a t i c a n o I I ( 1 9 5 2 - 1 9 7 8 ) ............ 2 1 1 4.1 O contexto social, educativo e eclesial p o r ocasião do C oncílio Vaticano I I .... 211 4.1.1 A reco nstruçã o p ós-b élica e u m a crescente consciência m u n d ia l ......... 212 4.1.2 E vo lu çã o da p ed a g o g ia católica n a m e ta d e da década d e 1960 .............214 4.1.3 O In s titu to S u p erio r d e P ed ago gia .......................................................... 216 4.1.4 A virada d o C o n cílio Vaticano I I na G ravissim um E d u ca tio n is...........222 4.1.5 O Vaticano I I e a m e to d o lo g ia dialógica d o s C apítulos G erais .............226 4.1.6 O p ó s-c o n c ílio na C on greg a çã o ..............................................................229 4.1.7 O P o n tifíc io A te n e u Salesiano n a n o va sed e r o m a n a ............................ 232 4.2 L inhas pedagógicas n o m agistério salesiano p o r ocasião do C oncílio V aticano I I ....................................................................................... 238 4.2.1 Cartas d o pa dre R enato Ziggio tti na lógica da m undialização do carisma.. 238 4.2.2 A virada p a rcia l n ã o realizada p e lo C G 1 9 ............................................. 242 4.2.2.1 Os conteúdos do CG 19 referentes à educação-pastoral ..................... 244 4.2.2.2 A aplicação do C G 19 na área ed uca tivo-pasto ra l .............................248 4.2.3 O p ro c e sso d e re p e n sa m e n to d o C ap ítulo G eral E sp ecia l .................... 253 4.2.4 O C a pítulo G eral E specia l e o s te m a s ed u ca tiv o -p a sto ra is ................... 256 4.2.5 O s efeito s o p erativos d o C G E ..................................................................259 4.2.6 O p a d r e R icceri e a g estã o d o c o n flito .................................................... 263 4.3 A utores e m ovim entos de pedagogia salesiana p o r ocasião d o V aticano II... 266 4.3.1 A bonda de [amorevolezza] co m o chave de leitura d o "primeiro B raido "... 266 4.3.2 A seg u n d a edição d o "Sistema P reve n tiv o " d o p a d r e B ra ido c o m u m a sen sib ilid a d e m a is h is tó r ic o -c r ític a ........................................................ 271 4.3.3 O p a d re Braido e a m etodologia educativa n o b in ó m io " am or-disciplina ",......................................................................................... 273 4.3.4 E n c o n tro s so b re a atualização da ped a g o g ia salesiana .......................... 275 4.3.4.1 D o m Bosco educador, hoje (1960) ......................................................276 4.3.4.2 O siste m a ed u ca tiv o de D o m Bosco en tre p ed ag og ia an tiga e m o d e rn a (1 9 7 4 ) ..............................................................................279 4.3.5 O s C o ló q u io s sa lesia nos .......................................................................... 282 4.3.6 O p a d r e G in o C orallo fora d o coro das vo zes da ép o ca ........................ 285 4.4 In stru m e n to e re c u rs o s .................................................................................. 290 4.4.1 Tabela c r o n o ló g ic a ................................................................................... 290 4.4.2 B ibliografia selec io n a d a ........................................................................... 292 4.4.3 R e c u rso s o n -lin e ....................................................................................... 296 P ro je taç ão e an im açã o , d o is n ú cleo s d e sínteses p ed ag ó g icas (1 9 7 8 -1 9 9 8 )... 297 5.1 O últim o quartel do século e a consolidação sob a guia dos padres Viganò e V ecchi........................................................................................................... 297 5.1.1 G lobalização crescen te n o ú ltim o qu a rtel d o sécu lo X X . ..................... 298 5.1.2 A Igreja e a p a sto ra l ju v e n il c o m a m a rca d e João P aulo I I .................. 300 5.1.3 S ín tesesp ó s-co n cilia re s e consolidação organizativa da Congregação (1978-2000 ) ...............................................................................................304 5.1.3.1 A provação definitiva das C onstituições (1984) e sistem atização da fo rm a çã o (19 81 -1 98 5) ...................................................................305 5.1.3.2 Projeto Á frica e as dinâm icas de desen vo lvim en to ............................ 307 5.1.3.3 D inâ m icas do pessoal nas obras, entre os núm eros e a retó ric a ....... 309 5.1.4 D a pedago gia às ciências da educação co m um a interdisciplina rida de (im jp o ssív e l. ..............................................................................................312 5.1.5 A p ro je ta çã o ed uca tiva e suas teorias d e su p o rte. .................................. 315 5.2 As linhas pedagógicas do m agistério salesian o ........................................... 318 5.2.1 A s co ncepçõ es da projetação ed uca tivo -p a sto ra ln o CG21 (1978) .......... 318 5.2.1.1 Projetação linear: situação-objetivos-m eios ....................................... 319 5.2.1.2 Projetação sistémica: atitudes dos educadores e o am biente educativo... 321 5.2.1.3 O pro jeto com o in stru m en to o p era tivo ..............................................322 5.2.1.4 Projeto, u m term o com u m cam po sem ân tico (m u ito ) a m p lo .......... 323 5.2.2 Padre E g íd io Viganò:projetação, nova educação e nova evangelização... 326 5.2.3 P adre João E d m u n d o Vecchi, a n im a d o r da con ceitu aliza çã o d o P E P S (1 9 7 8 -1 9 8 0 ) .................................................................................... 331 5.2.3.1 M etodologia da projetação salesiana (1 9 7 8 ) .....................................331 5.2.3.2 A p ro fu n d a m en to s e aplicações da projetação em diversos am bientes educativos (1 9 7 9 -1 9 8 1 ) ......................................................................335 5.2.3.3 O peratividad e da projetação na década de 1 9 8 0 .............................. 337 5.2.4 A década d e 1990: a educação à f é e a espiritualidade salesiana ........... 340 5.2.5 A revisão d o sp ro je to s inspetoriais e a corresponsabilidade d o s leigos... 344 5.3 As lin h as ped ag ógicas dos m aio res au tores salesianos de re fe rê n c ia .........349 5.3.1 O se g u n d o Braido, fu n d a d o r d o In s titu to H istó ric o Salesiano .............349 5.3.1.1 A síntese do "Prevenir, não re p rim ir" ............................................... 350 5.3.1.2 O rigor científico e o problem a das d ep en d ên cia s ............................. 354 5.3.1.3 A tu aliza çã o do Sistem a P reventivo ....................................................356 5.3.2 Colaboração entre o D icastério d a P J e a UPS sobre a projetação ............. 359 5.3.2.1 O Sem iná rio P rojetar a educação, hoje, com D o m Bosco (1 9 8 0 ) ..... 359 5.3.2.2. A publicação do Projeto E ducativo Salesiano. E lem entos m odulares (1 9 8 4 ) ............................................................................... 363 5.3.2.3. O Encontro Praxe educativa pastoral e ciências da educação (1987).... 367 5.3.3. Reflexões pedag ógicas das FM A e n tre reciprocid ade, co educação e educação d a m u lh e r............................................................................. 370 5.3.4. A a n im a çã o so c io c u ltu ra l d e Tonelli, P ollo e E lle n a ............................ 376 5.3.4.1 A anim a ção cultural de M ário Pollo .................................................. 377 5.3.4.2. As implicações educativas da anim ação do pa dre Ricardo Tonelli. ..380 5.3.4.3. A anim açã o social do p a d re A ld o E lle n a .......................................... 384 5.3.5 A cisão m eto d o ló g ica en tre a religião e a ed u c a ç ã o .............................. 386 5.4 In stru m e n to s e re c u rs o s ................................................................................ 393 5.4.1 Tabela c ro n o ló g ic a ................................................................................... 393 5.4.2 Bibliografia se le c io n a d a .......................................................................... 395 5.4.3 R ec u rso s o n - lin e ...................................................................................... 400 N ova evangelização e n o v a ed u cação p a ra o te rc eiro m ilén io (1998-2018).... 401 6.1 Situação - o p ó s-m o d e rn o e a C ongregação S alesian a............................... 401 6.1.1 Situação m u n d ia l d o terceiro m ilé n io en tre preca ried a d e e liq u id e z ... 401 6.1.2 A C ongregação salesiana r u m o a um a in tercu ltu ra lid a d e p o u c o o c id e n ta l ........................................................................................ 403 6.1.3 B e n to X V I e F rancisco - acentu açõ es ed ucativa s diversas, m a s c o m p le m e n ta re s ............................................................................... 408 6.1.4 O d ig ita l en tre in stru m e n to , espaço e s ím b o lo d e u m a g era çã o .......... 411 6.1.5 O s jo v e n s a d u lto s e o IU S c o m o n o v o c a m p o d e ação .......................... 414 6.1.6 E du ca ção p ó s-in d u stria l, lean m a n ag em e n t e im p o rtâ n cia da lidera nça tr a n sfo rm a d o ra ....................................................................... 418 6.1.7 Q u e jo v e n s em erg em d o S ín o d o d e 2018? ............................................. 420 6.2 As linhas pedagógicas divulgadas p o r R om a n a passagem do m ilé n io 423 6.2.1 D o m è n e c h e as sín te ses d o Q ua dro d e R eferência (19 98 e 2 0 0 0 ) ........423 6.2.1.1 A p rim eira edição do Q uadro de Referência (1 9 9 8 ) ......................... 424 6.2.1.2 O dilem a da unidade orgânica e da divisão em dim ensões do PEPS..A25 6.2.1.3 A com un ida de educativo-pastoral em fu n ç ã o do projeto .................. 428 6.2.1.4 A m etodologia da elaboração e da avaliação do P E P S ..................... 429 6.2.1.5 A s integrações m etodológicas da segunda edição do Q uadro de R eferên cia ...................................................................................... 430 6.2.2 Santidade, esp iritu alida de e evangelização n o m a g istério d o p a d re P ascual C h á vez V illa n u e va ........................................................... 432 6.2.3 O p a d re C hávez, a atenção às n o v a s p o b re za s e o c a m in h o do s direito s h u m a n o s ..................................................................................... 436 6.2.4 N o v o s p r o je to s e o m é to d o d o d isc e rn im e n to .......................................439 6.2.5 P adre Fábio A tta r d e a terceira edição d o Q u a d ro d e R eferên cia .........443 6.2.6 O B icen te n á rio e o s p r im e ir o a n o s d o reitorad o d o p a d r e F e rn á n d ez A r ti m e ......................................................................... 449 6.3 As co rren tes de p en sam en to pedagógico salesiano n o terceiro m ilén io 453 6.3.1 A visão histórico-crítica da educação salesiana .....................................453 6.3.2 A p a sto ra l ju v e n il e a p rio rid a d e da eva n g e liza çã o ............................... 457 6.3.3 O acom pa nh am en to , n o v o parad ig m a para a educação p ó s-m o d e rn a ... 463 6.3.3.1 Os traços do aco m pa nh am en to sa lesian o .......................................... 465 6.3.3.2 Os desafios e as respostas co ntem porâneas ........................................ 468 6.3.3.3 Um olhar m u n d ia l e realista a respeito do a co m p a n h a m en to .......... 471 6.3.4 Pedagogia tra n sfo rm a d o ra e virtu osa q u e supera a pro je ta çã o pa ra efeito d e o b je tivo s ............................................................................ 474 6.3.5 F orm ação salesiana d o s ed uca dores a d u lto s ..........................................480 6.3.6 D eclínio s, in o v a ç õ e s e in tu iç õ e s "setoriais”........................................... 484 6.3.7 U m a conclu sã o aberta en tre o S ín o d o e a C o v id 19 .............................. 489 6.4 In stru m en to s e re c u rs o s ................................................................................ 493 6.4.1 Tabela cro n o ló g ica ................................................................................... 493 6.4.2 Bibliografia s e le c io n a d a .......................................................................... 495 6.4.3 R ec u rso s o n - lin e ...................................................................................... 500 P O S F Á C I O . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ' . . .. . . .. . . .. . . .. . . . .. . . .. . . .. . . .. . . .. . . . .. . . .. . . .. . . .. 5 0 1 Tentando redescobrir o Sistem a P reventivo .................................................... 503 1. O relançam ento do "honesto cidadão" e do "bom cristão" ......................... 506 2. O retorno aos jo v en s com m a ior qualificação .............................................510 3. U m a educação do coração ...........................................................................514 A m odo de conclusão ....................................................................................... 516 B IB L IO G R A F IA , ÍN D IC E E U L T E R IO R M A T E R IA L O N LINE.. .. ... .. .. .. .. .. ... .. 5 1 8 PR E FÁ C IO A lg u m a s lin h a s p ro g ra m á tic a s p a ra o sex ê n io 2 0 2 0 -2 0 2 6 1 o fe re c e m o c o n te x to in te rp re ta tiv o d este v o lu m e so b re a p e d a g o g ia sa le sia n a , q u e lig a a e x p e riê n c ia fu n d a d o ra d a p rim e ira g e ra ç ã o s a le sia n a co m as d iv ersas ép o c a s até os n o sso s d ias. D ad o q u e o a u to r M ic h a l V ojtás p ro p õ e -se a tra ta r d as d iv e rsa s m e n ta lid a d e s p e d a g ó g ic a s co m v ista s à a tu a liz a ç ã o p re ­ sen te e fu tu ra, a s sin a lo aq u i a v ir tu d e d a e s p e r a n ç a co m o p rin c íp io -g u ia p a ra a leitu ra. S o m en te co m a e s p e ra n ç a p o d e m o s e n fre n ta r o fu tu ro , c o n ­ fian d o q u e o S e n h o r le v a rá a b o m te rm o n o ssa s h u m ild e s c o n trib u iç õ e s de m en te e de ação. A e s p e ra n ç a p o ssu i u m a re la ç ã o p riv ile g ia d a co m o tem p o , p o is, p o r um lad o , p e rm ite o lh a r o fu tu ro co m fé e co m a atitu d e d e co n fian ça na P ro v id ê n c ia , tão ca ra a D o m B o sco ; p o r o u tro , e n ra íz a -s e n u m a c o n te m ­ p la ç ã o do p a ssa d o re p le ta de g ra tid ã o p e lo cam in h o p e rc o rrid o . A h is tó ­ ria d a p e d a g o g ia s a le sia n a faz p a rte d isso , re sp o n d e aos d esafio s e aco lh e os e stím u lo s d as d iv e rsa s ép o cas, d á c o n tin u id a d e a a lg u m a s in tu iç õ e s p ro fé tic a s v iv id a s n o o ra tó rio de V ald o cco , to rn a o p e ra n te o pensam ento m ediante indicações m etodológicas q u e criam e q u ilíb rio , o rd em e o rg a n iz a ­ ç ão s iste m á tic a e n tre as in tu iç õ e s c o n c re ta s n a sc id a s d e g ra n d e n ú m e ro de ric a s in ic ia tiv a s do m u n d o sale sian o . C o m o d iz o P a p a n a su a m e n sa g e m aos sa le sia n o s re u n id o s p a ra o C a ­ p ítu lo G eral 28: « N em p e ssim ista , n em o tim ista , o S a le sia n o do sécu lo X X I é u m h o m e m ch eio de e s p e ra n ç a p o rq u e sab e q u eo seu cen tro e stá no S enhor, c a p a z de fa z e r n o v as to d as as co isa s (cfr. A p 21, 5). Só isto n o s s a lv a rá de v iv e r n u m a a titu d e de re sig n a ç ã o e so b re v iv ê n c ia d e fe n siv a . Só isto to rn a rá fe c u n d a a n o ssa v id a » .O d e s e n v o lv im e n to p ro g re ssiv o do p e n ­ sam e n to p e d a g ó g ic o sa le sia n o e n sin a -n o s q u e « v iv e r fie lm e n te o c a rism a é q u a lq u e r c o isa m ais ric a e e s tim u la n te que o sim p le s ab a n d o n o , re m e d e io o u re a d a p ta ç ã o das a tiv id a d e s; c o m p o rta u m a m u d a n ç a de m e n ta lid a d e d ia n te d a m issã o a re a liz a r» .2 E ste livro dem onstra que as form ulações p ed agógicas nu n ca são definiti­ vas; p elo contrário, sem pre que houve p rojeto s que p retendiam ser co m pletos, 1 2 Cfr. “Q ua is salesianos p a ra os jo v e n s d e h oje?”. R eflexão pó s-ca p itu la r da Sociedade de São Francisco d e Sales, em «A tos do C o n selh o G eral» 102 (2020) 433, 8-43. FR A N C IS C O . M en sa g em ao CG 28, em “Q uais salesianos p a ra os jo v e n s de h o je ?’, 46. definitivos ou perfeitos, norm alm ente sua co ncretização e a aco lh id a dos es­ crito s referentes a eles foi m enos satisfató ria do que se esperava. A p rim e ira lin h a p ro g ra m á tic a p a ra o p ró x im o sex ên io , "C r e s c e r n a i d e n t i d a d e s a l e s i a n a " , re c o rd a -n o s a n e c e ssid a d e de c ria r ra íz e s m u ito só ­ lid as p ara c o n s tru ir u m fu tu ro co m a b e rtu ra ao d iálo g o . F azem o s p a rte de um a h istó ria a p a ix o n a n te , m as tam b ém d ra m á tic a e n ão lin ear, co m seus alto s e b a ix o s, n a c o m p a n h ia de p e rso n a lid a d e s sa le sia n a s qu e d e d ic a ra m a p ró p ria v id a a e d u c a r e a p e n s a r a e d u cação . D e fato , a n o ssa id e n tid a d e e n ra íz a -se n u m a c o rre n te de p e n sa m e n to e ação q u e so u b e c o n ju g a r a co n c re tu d e co m a fle x ib ilid a d e , a so lid e z co m a c ria tiv id a d e , a m e to d o lo g ia co m u m e stilo de v id a, a ló g ic a d a fé co m u m a razão p ro je tiv a . A id e n tid a d e sa le sia n a não é fe ita de c o n c e ito s e c o o rd e n a d a s p e d a g ó ­ g icas, m as, co m o a id e n tid a d e d os que creem , e n c o n tra -se e n ra iz a d a no en c o n tro co m C risto , n u m a a titu d e de g ra tid ã o p e la m issã o q u e ele nos confia. D e fato , a p e d a g o g ia sa le sia n a não é so m e n te u m p ro je to h u m an o , in v e n ç ã o de u m a p e sso a g e n ia l; é fru to da in ic ia tiv a de D eus qu e n o s e n ­ v ia a e sta r co m os jo v e n s , a a c o m p a n h á -lo s e a p e n s a r p ro p o sta s e d u c a ti­ v as c o n siste n te s, só lid a s e ao m esm o tem p o fle x ív e is e cria tiv a s A seg u n d a lin h a p ro g ra m á tic a , a d a f o r m a ç ã o p a r a s e r m o s S a l e s i a n o s p a s t o r e s , h o je , ex ig e em p en h o a fim de « su p e ra r a d istâ n c ia en tre fo rm a ­ ção e m issão , fa v o re c e n d o na C o n g re g a ç ã o u m a re n o v a ç ã o d a c u ltu ra da fo rm a ç ã o n a m issão p a ra estes d ias em to d o o m u n d o sa le sia n o , co m m e ­ d id as e d e c isõ e s de g ra n d e s ig n ific a tiv id a d e » .3 D e fato , o n o sso m o d elo de fo rm a ç ã o só p o d e e s ta re s tre ita m e n te lig ad o ao S iste m a P re v e n tiv o e à p e d a g o g ia sale sia n a . Q u an to m ais c o n se g u irm o s re fle tir c ritic a m e n te so b re as fo rm u la ç õ e s do p a ssa d o , ta n to m ais serem o s c a p a z e s de v a lo riz a r as b a se s p e rm a n e n te s da e d u c a ç ã o s a le sia n a e de e v ita r os c u rto s-c irc u to s do p e n sa m e n to e d a ação lig ad o s aos e ste re ó tip o s da é p o c a e ao s e stilo s e s ta n ­ d a rd iz a d o s e m a n iq u e ísta s de p en sa m e n to . A form ação dos S alesianos-pastores liga-se indissoluvelm ente à terceira linha program ática, a d a m is s ã o e f o r m a ç ã o v iv id a j u n t o c o m o s le ig o s . O cam inho para superar o fosso entre o estu do e a m issão não está em rem ediar p o r dentro a velh a "m entalidade de estudantado", m as em criar processos radicalm ente div ersos que conectam a n o v a id entidade com a novid ade da 3 "Q uais salesian os p ara os jo vens d e hoje?", 26.( Cfr. J.E. V e c c h i , “E u p o r vós estudo.” ( C 14) A prepa­ ração adequada dosirm ãos e as qualidades do nosso trabalhoeducativo, em A C G 78 (1997) 361, 3-45. p ro p o sta p ara u m a form ação co n tín u a que se desenvolve no contexto v ital de um a com unidade de fé, de ap rendizagem e de p rática educativa. Q u ase u m q u a rto de sécu lo atrás, o p a d re Jo ã o V ecchi tra ç o u p ro fe ti­ c am e n te esse p ro c e sso n a c a rta c irc u la r in titu la d a “P o r v ó s e s tu d o ”. O s tra ç o s da fig u ra do "n o v o sa le sia n o " p e n sa d o s p o r ele c o rre sp o n d e m às e x ig ê n c ia s d a "n o v a e v a n g e liz a ç ã o " e da "n o v a ed u c a ç ã o ". N ã o se tra ta de lev es re to q u e s, m as de alg o m ais ra d ic a l. O sa le sia n o é c h a m a d o a in serir-se n u m "n o v o m o d e lo o p e ra tiv o ",o d o s o rie n ta d o re s p a s to ra is , p rim e iro s re sp o n sá v e is p e la id e n tid a d e s a le sia n a das in ic ia tiv a s e d as o b ras, a n im a ­ d o res de o u tro s e d u c a d o re s n o c e n tro de u m n ú c le o an im a d o r.4 D e aco rd o co m as reflex õ es do C G 28 e sto u c o n v e n c id o de qu e este m o d e lo é o c a m i­ n h o p a ra o fu tu ro , qu e d ev e se r m a n tid o , e stu d a d o e rea liz a d o . C o n g ra tu lo -m e co m M ich a l V ojtás p o r este am p lo p a n o ra m a p e d a g ó ­ g ico e faço v o to s p a ra q u e o v o lu m e se to m e u m in stru m e n to p a ra fo r­ m a r a c a p a c id a d e de in te rp re ta r c ria tiv a m e n te a c u ltu ra , a n im a r u m am p lo a m b ie n te e d u c a tiv o , a c o m p a n h a r p ro c e sso s de a m a d u re c im e n to e c re s c i­ m en to , o rie n ta r os e d u c a d o re s sa le sia n o s e in te ra g ir n o co n te x to so cial. F aço sin c e ro s v o to s ta m b é m p a ra q u e o le ito r se h a b itu e a c o n te x tu a liz a r o p e n sa m e n to e os p ro je to s e d u c a tiv o s p a ra sa b e r re c o n h e c e r as d iv ersas o rie n ta ç õ e s p e d a g ó g ic a s n e le s in clu íd as. E ste é u m p re ssu p o sto in d isp e n sá v e l p a ra p o d e r ser, co m o o d isc íp u lo do R ein o dos c éu s, q u e "tira do seu te so u ro co isa s n o v as e v elh as" (M t 13, 5 2), fo rm a n d o a n o v a m e n ta lid a d e n e c e s sá ria p a ra a m u d a n ç a d a ép o ca que e sta m o s v iv e n d o . « A ssim a sa le sia n id a d e , em v ez d e se p e rd e r n a u n i­ fo rm id a d e das to n a lid a d e s, c o n q u ista rá u m a e x p re ssã o m a is b e la e a tra e n ­ te... sa b e rá e x p re ssa r-se "em d ia le to " » .5 A F a m ília S a le sia n a fa la rá , assim , a m e sm a lín g u a do S iste m a P re v e n tiv o , co m v a ria n te s, m a tiz e s, so n h o s e p rá tic a s n o v a s e o rig in ais. Pe. A n g e l F e m á n d e z A rtim e , SD B . R o m a, 8 de d e z e m b ro de 2 0 2 0 , so le n id a d e de M a ria Im a cu lad a, 161° a n iv e rsá rio da fu n d a ç ã o da C o n g re g a ç ã o S alesian a. 4 Cfr. J.E. V e c c h i , “E U p o r vós estudo.” (C 14) A preparação ad eq u a d a dos irm ãos e as qua lidad es do nosso trabalho educativo, em A C G 78 (1997) 361, 3-45. 5 FR A N C IS C O , M en sa g em ao CG28, 52. IN T R O D U Ç Ã O “ O q u e faria D o m B o sco , h o je ? ” é co m fre q u ê n c ia o re frã o e x p líc ito ou im p líc ito q u e a c o m p a n h a a p ro je ta ç ã o e d u c a tiv a n as casas sa le sian as. A p e rg u n ta , a lém de se r q u ase u m s l o g a n h o m ilé tic o , re v e la u m m o d o de a g ir m u ito d ifu n d id o sem p re q u e se e n fre n ta o tem a da a tu a liz a ç ã o , in c lu siv e em c írc u lo s ac a d é m ic o s: em p rim e iro lu g a r d ev em o s c o n h e c e r h i s t o r i c a m e n t e a s r a í z e s e o s s o n h o s e d u c a tiv o s o rig in á rio s; d ep o is é n e ­ c e ssá rio c o m p r e e n d e r o c o n t e x t o a tu al a p re se n ta d o p e lo s d esafio s e p e la s o p o rtu n id a d e s; p o r fim é n a tu ra l qu e se p asse a p r o j e t a r a a ç ã o e d u c a t i v a p a ra e n c a rn a r o id eal de D om B o sco n o s d ias de hoje. E ssa c o n c e p ç ã o de a tu a liz a ç ã o a fu n d a su as ra íz e s no p e río d o s u b se ­ q u en te ao C o n c ílio V atican o II, q u an d o as o rd en s re lig io sa s fo ram c o n ­ v id a d a s a a p ro fu n d a r su as ra íz e s c a rism á tic a s e a se a b rire m aos d esafio s atu a is, a fim de, em seg u id a , p ro je ta r u m a p a sto ra l a tu a liz a d a . A s três fases d a a tu a liz a ç ã o acim a in d ic a d a s re fe re m -se a d isc ip lin a s cien tífica s esp ecíficas: a c iê n c ia h istó ric a , p a ra c o m p re e n d e r c ritic a m e n te D om B o s­ co no seu co n te x to ; as c iê n c ia s h u m an as, p a ra m a n te r-se em c o n ta to com a so c ie d a d e dos n o sso s dias; as c iê n c ia s o rg a n iz a c io n a is, a fim de p ro je ta r a e d u c a ç ã o co m se rie d a d e , in c isiv id a d e e eficácia. E m b o ra o e s q u e m a de a tu a liz a ç ã o p ó s -c o n c ilia r p o ssa p a re c e r à p ri­ m e ira v ista c o n v in c e n te , a m eio sécu lo de d istâ n c ia em erg em sérias d ifi­ c u ld a d e s. A p rim e ira d e riv a da in sig n ific â n c ia p rá tic a do d e se n v o lv im e n to o c o rrid o nos p e río d o s en tre a fu n d a ç ã o d a C o n g re g a ç ã o e a a tu a lid a d e . Se lev arm o s o ra c io c ín io ao e x tre m o , não d e v e ría m o s, p o r ex em p lo , e stu d a r o m o d e lo fo rm a tiv o dos in ício s, o m éto d o m issio n á rio n a P a ta g ô n ia , o d e ­ s e n v o lv im e n to d os o ra tó rio s n a p rim e ira p arte de 1900 o u as v ic issitu d e s d a c ru z a d a c a te q u ís tic a d u ra n te o p e río d o do p ad re R ic a ld o n e ? T odo um p a trim ó n io de e x p e riê n c ia s, de reflex õ es e e x p e rim e n ta ç õ e s se p e rd e ria e se ría m o s lev a d o s a re p e tir erro s m u ito se m e lh a n te s aos dos n o sso s p re d e ­ c esso re s. A seg u n d a d ificu ld ad e su rg e da s u b d iv isã o en tre â m b ito s c ie n ­ tífico s d iv e rso s qu e d ificilm en te se c o m u n ic a m en tre si, d ad o q u e usam m é to d o s, p re ssu p o sto s, ax io m a s, lin g u a g e n s e c o m u n id a d e s cien tífica s d ife re n te s. U m ú ltim o p ro b le m a , c o n ex o co m o p re c e d e n te , é a sep araçã o m e n ta l que e x iste en tre "o n tem " e "h o je", en tre "h isto ria d o re s", " e d u c a d o ­ res" e "p ro je tista s", co m a d ificu ld ad e u n iv e rsa l de p a s sa r "do p ap el p ara a v id a". P a ra ilu s tra r e ssa d in â m ic a p o d e ría m o s m e n c io n a r a re c e n te e e m b le ­ m á tic a c e le b ra ç ã o do b ic e n te n á rio do n a sc im e n to de D o m B o sco , p re p a ra ­ d a p o r u m trié n io , m e d ia n te e n q u a d ra m e n to s se to ria is. E m n ív e l h istó ric o foi o rg a n iz a d o o c o n g re sso de h istó ria s a le sia n a de 2 0 1 4 ; p a ra a reflex ão p e d a g ó g ic a c e le b ro u -se em 2 0 1 5 o c o n g re sso de p e d a g o g ia sa le sia n a ; e em n ív e l de d ec isõ e s p ro je tiv a s p o d e ría m o s re fe rir-n o s ao C a p ítu lo G eral 27 e à c o n c lu sã o dos tra b a lh o s da te rc e ira e d ição do Q u a d ro d e r e fe rê n c ia d a p a s to r a l ju v e n il. P re c isa m e n te d u ra n te o p e río d o c e le b ra tiv o do b ic e n ­ te n á rio n a sc e u a id eia d este v o lu m e , qu e p re te n d e lig a r D o m B o sco com os tem p o s atu a is, a tra v e ssa n d o d iv e rsa s ép o c a s, co m su as m e n ta lid a d e s d ife re n te s, q u e re fo rç a v a m a lg u m a s n o v a s id eias p e d a g ó g ic a s o m itin d o o u tra s, p re fe ria m a lg u m a s m o d a lid a d e s de ação , d e s e n v o lv ia m reflex õ es, a lg u m a s d elas p ro fé tic a s e c o ra jo sa s, o u tra s m ais a d e re n te s à m e n ta lid a d e a tu al o u a so lu ç õ e s de e m e rg ê n c ia , ou ta m b é m d ita d a s p o r c e rta in é rc ia in te le c tu a l. O a lte rn a r-se das m u d a n ç a s c o m p o rta sem p re a in e v itá v e l d i­ n â m ic a p en d u lar, co m o a s sin a la v a V ico o u T o y n b ee, das id as e v in d a s, das re tira d a s e re to rn o s en tre os d iv e rso s p erío d o s. H a v e n d o u m am p lo leq u e de a b o rd a g e n s p a ra a c e d e r ao d ad o h is tó ri­ co e ao p e n sa m e n to p e d a g ó g ic o do p a s sa d o ,6 p e n so ser n e c e ssá rio e s c la ­ re c e r alg u n s p o n to s m e to d o ló g ic o s do m eu tra b a lh o , qu e se d istin g u e de u m a re c o n stru ç ã o p u ra m e n te h istó ric a , em d iv e rso s se n tid o s. E m n ív el de reflex õ es h isto rio g rá fic a s g e ra is, c o n sid e ro in sp ira d o ra s e e q u ilib ra d a s as p o siç õ e s de H en ri Iré n é e M arro u , h isto ria d o r fra n c ê s, qu e so u b e c ria r u m a sin e rg ia en tre a id e n tid a d e do h isto ria d o r, do filó s o fo d a h is tó ria e do cre n te c a tó lic o , n u m a p e rs p e c tiv a e stim u la n te , in te g ra l, a n ti-id e o ló g ic a e h u m ild e . A lém d isso , o qu e n ão se d ev e su b estim ar, su as c o n c e p ç õ e s são a n im a d a s p o r u m a a c e n tu a d a s e n sib ilid a d e p e d a g ó g ic a e u m a v a lo riz a ç ã o d a e d u cação . D e fato, su a o b ra m ais im p o rta n te e n fre n ta a h istó ria e a e v o ­ lu ção da e d u c a ç ã o a n tig a com o rig in a lid a d e , su p e ra n d o d iv e rso s e s te re ó ­ tip o s ilu m in ista s, lig a d o s p a rtic u la rm e n te à p a ssa g e m en tre a a n tig u id a d e e a id ad e m é d ia .7 8 O p o te n c ia l h istó ric o e h isto rio g rá fic o q u e em erg e do 6 7 8 Cfr. O v o lu m e G. LO PA R C O - S. Z IM N IA K (eds), L a storiografta salesiana tra s tu d i e do cu m enta zio n e nella stagione postconciliare, LAS, R o m a 2014, 9-142, esp ecia lm en te as co n trib u iç õ es: M . N1CKEL, G run dfragen u n d T en den zen de r Kirchengeschichte in de r G egenwart, em Ibid., 27-48 e G. R O C C A , L a storiografta delle congregazioni religiose in E uropa. O rie n ta m en ti e proposte, em Ibid. pp, 73-109. P ara a h istó ria d a p ed ag o g ia cfr. p. ex. G. C H IO SS O , N ovecentopedagogico.La Scuola, B rescia 1997 e ID, Proftlo storico delia pedagogia cristian a in Italia ( X IX e X X secolo), La scuo la, B rescia 2001. Cfr. G. T O G N O N , P refa zio n e p e r rileggere M arrou, em H .-I. M A R R O U , Storia delV educazione n ella n tích ità , S tu d iu m ,R o m a 2016, 13-3 Cfr. H .-I. Marrou, C onoscen za storica, il M ulino, B o lo n h a 1997 e ID ., Teologia delia storia, Jaca, M ilão 2010. estu d o dos p e río d o s de tra n siç ã o foi v a lo riz a d o p e lo n o sso a u to r n o s seus v o lu m e s so b re O c o n h e c im e n to h is tó r ic o e a T eo lo g ia d a h is tó r ia 9 Suas in v e stig a ç õ e s so b re a re la ç ã o en tre p e sq u isa h istó ric a e reflex ão filo só fica c o n d u z ira m -n o a su p e ra r a c a n sa tiv a e c é tic a h isto rio g ra fia p o ­ s itiv ista qu e a p re n d e ra q u an d o jo v e m e stu d a n te d a S o rb o n n e. E m sin to n ia co m a e sc o la de L e s A n n a le s , ta m b é m ele a p o n ta v a o lim ite m ais im e d ia ­ to da h isto rio g ra fia p o s itiv is ta n a c o n c e p ç ã o a to m iz a d a do fato h istó ric o . H av ia e x c e s siv a c o n c e n tra ç ã o a re sp e ito da im p o rtâ n c ia do "d o c u m e n to ", p e n sa n d o p o d er, assim , re c o n stru ir os fato s co m e v id ê n c ia , p a rtin d o do p re ssu p o sto de qu e c ad a m o m e n to h istó ric o fo sse c o m p le to em si m esm o , sen d o p o ssív e l se p a rá -lo da e stru tu ra d a c o m p le x id a d e e d a c o n tin u id a d e d a re a lid a d e h istó ric a . E x iste m , to d a v ia , o u tra s c o n c e p ç õ e s m ais filo só ficas e te o ló g ic a s do qu e a h istó ria . S u p õ e m -se leis u n iv e rsa is que g o v e rn a ria m a h istó ria , que co m fre q u ê n c ia p a re c e m u m eco m ais o u m en o s lo n g ín q u o d as id eias heg e lia n a s, às v e z e s co m v e ste s de te o ria s h isto g io g rá fic a s ou so c io ló g ic a s. N e ssa s c o rre n te s de p e n sa m e n to , as n o ç õ e s, assim co m o os tip o s-id e a is, de m o d a lid a d e s p ro v isó ria s que re p re se n ta m a h istó ria se tra n sfo rm a m em leis c rista liz a d a s qu e p re te n d e m c o n d u z ir de m o d o esp ecífico a u m p la n o u n itá rio , tra n sfo rm a n d o -se em « g ra n d e s m á q u in a s q u e im p ed em de c o m ­ p re e n d e r» e co m a sua « ilu só ria c la re z a acab am p o r d im in u ir a d isp o siç ã o do h isto ria d o r p a ra v e r a re a lid a d e na sua a u tê n tic a e d e s c o n c e rta n te m u l­ tip lic id a d e » .9 B e m a rd L o n e rg an , re to m a n d o a c rític a de M a rro u às c o n ­ ce p ç õ e s id e a lístic a s d a h isto rio g ra fia , n o seu m ais c é le b re esc rito so b re o m é to d o a re sp e ito do u so das h ip ó te se s in te rp re ta tiv a s, afirm a: M a rro u a p ro v a o uso de tip o s-id e a is n a p e sq u isa h istó ric a , m as faz d u as a d v e rtê n c ia s. E m p rim e iro lugar, os tip o s-id e a is são sim p le s c o n stru ç õ e s te ó ric a s: d e v e -se re s is tir à te n ta ç ã o dos e n tu sia sta s qu e os c o n sid e ra m co m o d e sc riç õ e s da re a lid a d e . [...]. E m se g u n d o lugar, e x iste a d ificu ld ad e de e la b o ra r tip o s-id e a is a p ro p ria d o s: q u an to m ais ric a e ilu m in a d o ra for sua c o n stru ç ã o , ta n to m a io r será a d ificu ld ad e de su a ap lic a ç ã o ; v ic e -v e rsa, q u an to m ais tê n u e e v a g a fo r su a c o n stru ç ã o , ta n to m e n o r se rá sua c a p a c id a d e de o fe re c e r u m a c o n trib u iç ã o sig n ific a tiv a p a ra a h istó ria. 10 T o d av ia, a c rític a das te o ria s m e ta físic a s da h istó ria não se e sg o ta no ex am e das m e sm a s, m as ab re o cam in h o p a ra a c o m p re e n sã o d a d im e n sã o C ono scenza storica, 9 M a rro u , 10 B. L o n e r g a n , II M eto d o in Teologia, C ittà N uova, R o m a 2 0 0 1 , 2 5 8 - 2 5 9 . 192. p o lié d ric a da p ró p ria h istó ria e de su as v isõ e s c o rre sp o n d e n te s. A não lin e a rid a d e da h istó ria n ão a to m iz a o c o n h e c im e n to d o s liam es e das re la ­ çõ es de in te rd e p e n d ê n c ia dos d iv e rso s p e río d o s, m e n ta lid a d e s ou c o n ju n ­ tos h istó ric o s. In stitu iç õ e s, m e n ta lid a d e s, artes, e stilo s de e d u c a ç ã o são re a lid a d e s q u e a p a re c e m co m o m e te o ro s no céu da h istó ria , m as su rg em d ep o is de um lo n g o p e río d o de in c u b a ç ã o e p o d e m se r p e rc e b id a s so m en te n a sua e v o lu ç ã o e c o n tín u a tra n s fo rm a ç ã o .11 P ara M a rro u , a h istó ria n ão é u m a su c e ssã o de fato s m e n su rá v e is a ser re c o n stru íd a ; ela é sem p re o c o n h e c im e n to do p a ssa d o c o m p le x o de u m a re a lid a d e h u m a n a "que j á fo i". C o m o e n sin a H eid eg g er, a h istó ria , e n q u a n to d a g e w e s e n e s D a s e i n (e x is te n c ia in é d ita ), in flu en c ia o n o sso S er p re se n te e fu tu ro .12 P o r essa ra z ã o os p re te n so s c o n h e c im e n to s d essa d isc ip lin a d ev e m se r situ a d o s n u m n ív e l m ais m o d e sto do q u e o do o rg u ­ lho do id e a lista (q u e se sen te d o n o "das le is") e d a e sc ru p u lo sa m io p ia do p o s itiv is ta (q u e se sen te d o n o "do fato " e "do d o c u m e n to " ).13 In sp iran d o -m e n essa p o sição eq u ilib rad a, h u m an ista e cren te, neste v o ­ lum e eu q u ereria situ ar o p en sam en to p ed ag ó g ico salesian o no co n tex to das co o rd en ad as h istó ricas, p ara n ão o relativ izar, d isso lv en d o -o num d e te rm i­ nado am b ien te so cio c u ltu ral ou etiq u etan d o -o com u m a teo ria p ed ag ó g ica g eral, p recisam en te p o r cau sa da n ecessid ad e de co m p reen d ê-lo no co n tex to d a ev o lu ção das ideias e das ap licaçõ es ed u cativ as em sua con tin u id ad e. A h istó ria , c o n sid e ra d a co m o o p a ssa d o h u m an o re c o n stru íd o e in te r­ p re ta d o p o r o u tro s h u m a n o s, im p lic a n u m a m e to d o lo g ia que to m a a sé ­ rio a p o siç ã o de "a lte rid a d e ", p o r c au sa d a d istâ n c ia te m p o ra l, m e n ta l ou c u ltu ra l. M a rro u re fe re -se à fe n o m e n o lo g ia de E d m u n d H u sse rl, p ro p o n ­ do o c o n c e ito de e p o q u ê co m o p a ra d ig m a fu n d a m e n ta l, p a ra não c a ir n a "h istó ria filo só fica d a filo so fia", q u e re c o n d u z a c ritic a m e n te o p a ssa d o ao p re se n te co m o p o n to de c h e g a d a .13 14N o sso a u to r escrev e: « h isto ria d o r é q u em , a tra v é s das ép o c a s, sab e s a ir de si m esm o p a ra e n c o n tra r-se co m os o u tro s » .15 11 12 13 14 15 Cfr. G. G U G L IE LM I, C ritica alia storiografia po sitivista e alia filo so fia delia storia. L onergan interprete di M arro u , em E. CIBELLI - C. TA D D EI FER R ETTI (E ds), Ricerche lonerganiane offerte a S a tu rn in o M uratore, Istitu to Italian o p e r gli S tudi Filosofici, N áp oles 2016, 356. (p o r in teiro è 353-364) Cfr. M a r r o u , C on oscenza storica, 2 0 8 . Cfr. M a r r o u , C on oscenza storica, 56. O p ro cesso in te rp re tativ o dessa h isto rio g rafia filosófica co n siste em c o n sid erar h isto ric am en te rele­ v an te so m e n te o q ue e n c o n tra eco n a p ró p ria id eolo gia. Cfr. p. ex. P. P IO V A N I, Filosofia e storia delle idee, E d iz io n i d i S toria e d i L ette ratu ra, R om a 20102, 200. M a r r o u , C onoscenza storica, 99. Cfr. ta m b é m 89-92. A e x p e riê n c ia da h istó ria , p re c isa m e n te p o rq u e c o n siste no en c o n tro co m o o u tro , c o n d u z o h isto ria d o r a u m a a titu d e de p ro fu n d a h u m ild a ­ de. Se ele se situ a a u te n tic a m e n te d ian te da a lte rid a d e do p a ssa d o , faz a e x p e riê n c ia de u m a g ra n d e z a qu e n os d e ix a p a sm a d o s; de fato , com fre q u ê n c ia , os h o m en s do p a ssa d o q u e ela n o s re v e la fo ram m a io re s do q u e nós. A lém d isso , M a rro u in siste ta m b é m na afin id ad e p sic o ló g ic a , na e m p a tia qu e o h isto ria d o r n e c e ssa ria m e n te d ev e cu ltiv ar, a fim de a lc a n ç a r o c o n h e c im e n to do p a ssa d o que e stá te n ta n d o rec o n stru ir. A ssim co m o a h istó ria da arte ex ig e dos e stu d io so s u m a s e n sib ilid a d e e s té tic a fo rte e sutil, a do c ristia n ism o su p õ e qu e se p o ssu a o se n tid o dos v a lo re s e sp iritu a is e do fe n ó m e n o r e lig io s o .16 A p esq u isa com um conceito de ep o q u ê feno m en o ló g ica aceita os aco n te­ cim entos e a sucessão dos períodos históricos tais co m o se apresentam , sem um esquem a fixo predeterm inado. E m alguns m om entos esbarra-se num ped ag o g ista influente ou num superior forte; em outros, surge um a situação eclesial (C oncílio V aticano II) ou p olítico-social (regim es totalitários) que arrasta consig o a reflexão sobre a educação; ou en tão despontam as dinâm icas das p essoas e das gerações que podem ser determ inantes (prim eira geração for­ m ad a p o r D om B osco ou então a contraposição de gerações dos anos Sessenta do século passado), etc. Em alguns períodos, os S alesianos se b asearam em testem unhos diretos da ação ed ucadora do fundador; em outros, deixaram -se influenciar pelo p ensam ento p edagógico de au tores externos do seu tem po; em outros ainda, em contextos m udados e condições ad versas, cuidaram das p róprias tradições e da pró p ria identidade. P a ra a reflex ão p e d a g ó g ic a é d e te rm in a n te o influxo do c o n te x to exp e rie n c ia l q u o tid ia n o lig ad o às d iv e rsa s in te ra ç õ e s q u e se criam em d e ­ te rm in a d a s e s tru tu ra s e d u c a tiv a s típ ic a s (c o lé g io , o ra tó rio , e sc o la p ro ­ fissio n al, c o m p a n h ia s, g ru p o s, u n iv e rsid a d e , etc.). E ste ú ltim o in flu x o é p a rtic u la rm e n te re le v a n te p a ra os S a le sia n o s e n q u a n to m em b ro s de u m a C o n g re g a ç ã o de e d u c a d o re s e n ão de p e d a g o g ista s. D e ssa fo rm a, os d e s a ­ fios do tem p o , o p e n sa m e n to de alg u n s su p e rio re s, as id eias o rg a n iz a tiv a s in te rn a s das e s tru tu ra s fo rm a tiv a s e e d u c a tiv a s, e as c o n se q u ê n c ia s dos p e río d o s p re c e d e n te s co n flu em n a c ria ç ã o de u m "tip o -id e a l", o u seja, nos tra ç o s d a m e n ta lid a d e típ ic a de u m a g eração . O a lte m a r-s e das g e ra ç õ e s e dos p a ra d ig m a s p e d a g ó g ic o s, n as d iv e rsa s ép o c a s h istó ric a s, será re s u m i­ do n o s se g u in te s seis c a p ítu lo s: 16 Cfr. Marrou, C o noscenza storica, 104. N o c o n tex to d a edu cação cristã co n sid ero im p o rta n te s as a r­ g u m en taçõ es co n tid as n a P rem issa d e J. R A T Z IN G E R - B E N E D ET T O X VI, G esu di N azaret, LEV, C id ad e do V aticano 2007, 8-20. I. F orm ulaçõ es ped a g ó g ica s d a p rim eira geração salesiana, entre os inícios do reitorado do padre M iguel R ua e o desaparecim ento do padre Francisco Cerruti, prim eiro conselheiro escolar-geral (1888-1917). II. P ed a g o g ia p rá tic o -o sm ó tic a c a p a z d e s e a d a p ta r à so cie d a d e m od erna, que p o d e ser idealm ente situada a partir dos congressos sobre o oratório, incluindo os reitorados do pad re Paulo Á lbera e do padre Felipe R inaldi (1902-1931). III. F id e lid a d e d iscip lin a d a a D o m B o sco sa n to em tem p o s de adversidad es, que caracteriza o perío do que idealm ente com eça com a beatificação de D om B osco e com preende a tentativa de sistem atização p ed ag ó g ica do padre Pedro R icald one (1929-1951). IV. A ntes, d u ra n te e d ep o is da s m u d a n ça s d o Vaticano II, isto é, o im pacto da inovadora reflexão eclesial sobre a educação e sobre a p edagogia, dando prio ridade aos estím ulos in ovadores dos respectivos C apítulo s G erais (1952-1978). V. P ro jeta çã o e anim açã o, do is n ú cleo s de sín teses p e d a g ó g ic a s, que se desenvolvem duran te o período do reito rado do pad re E gídio V iganò, com as significativas contrib uições p edagógicas do pad re João E dm undo Vecchi (1978-1998). VI. N o v a eva n g eliza çã o e ed u ca çã o p a r a o terceiro m ilénio, um período que com eça com a sistem atização dos quadros de referên cia da pasto ral ju v e n il e term in a idealm ente p o r ocasião do Sínodo dos Jovens (1998-2018). N e sta p u b lic a ç ã o , a c o m p re e n sã o da id eia de "p e d a g o g ia sa le sia n a " situ a -se em to rn o dos princípios fenom enológicos e h isto rio g rá fic o s a p re se n ­ ta d o s a c im a e será e n te n d id a co m o u m a reflex ão s iste m á tic a e c rític a so b re a ed u c a ç ã o in sp ira d a n o e stilo e n a o b ra e d u c a tiv a de Jo ão B o sco . R e s p e i­ tan d o a h istó ria sa le sia n a tal co m o se a p re se n ta , os c o n c e ito s de sistem atic id a d e e c ritic id a d e serão e n te n d id o s em se n tid o am p lo e in c lu siv o , p o r­ ta n to , a c e ita n d o ta m b é m a b o rd a g e n s d o s d iv e rso s g ra u s de cie n tific id a d e e de in fluxo n a ed u cação . D isp o n d o de a b u n d a n te m a te ria l e d e v e n d o lim ita r o cam p o d e p e sq u isa , será se le c io n a d o o m ais sig n ific a tiv o em n ív e l de p e n sa m e n to e de d ifu sã o . A s o p çõ es m e to d o ló g ic a s refletem -se ta m b ém n a e s tru tu ra ç ã o de c a d a u m dos c a p ítu lo s do n o sso te x to , c o n fo rm e segue: - no in ício , as c a ra c te rís tic a s so cia is, e d u c a tiv a s e p e d a g ó g ic a s de um p e r ío d o h istó ric o , seu c o rre sp o n d e n te c o n te x to e c le sia l e a re sp o sta de a d e q u a ç ã o da e d u c a ç ã o s a le s ia n a n as e stru tu ra s e d u c a tiv a s típ ic a s; - seg u e m as lin h as p e d a g ó g ic a s e de g o v e m o em m a té ria e d u c a tiv a que p a rte m do c e n tro d a C o n g re g a ç ã o e qu e in te rp re ta m , n u m d ad o p e río ­ do, a fid e lid ad e ao m o d e lo e d u c a tiv o de D o m B o sco ; - a p ro fu n d a m -se as reflex õ es de a lg u n s p e d a g o g is ta s s a le s ia n o s m ais sig n ific a tiv o s em n ív el d ein flu x o e d ifu são . A s c o n trib u iç õ e s d o s a u to ­ res serão a n a lisa d a s s in c ro n ic a m e n te (no seu c o n te x to ) e d ia c ro n ic a m en te (e stu d a n d o a c o n tin u id a d e e a d e sc o n tin u id a d e en tre as c o n c e p ­ çõ es p e d a g ó g ic a s); - p o r fim , é p ro p o sta u m a n to lo g ia d e te x to s e d e m a te r ia l de c ad a p e ­ río d o , d isp o n ív e l em p a rte n o te x to im p re sso e em g ra n d e p a rte o n -lin e. C e n te n a s de d o c u m e n to s, fo n te s, p e sq u isa s e a rtig o s p o d e m ser c o n s u l­ ta d o s em f u l l - t e x t no s ite s a le s ia n . o n lin e. A s o p ç õ e s m e to d o ló g ic a s im p lic a m o b rig a to ria m e n te em lim ita ç õ e s. O fato de le v a r em c o n sid e ra ç ã o as lin h as p e d a g ó g ic a s d iv u lg a d a s p e lo c e n ­ tro da C o n g re g a ç ã o e de fo rn e c e r a p ro fu n d a m e n to s a re sp e ito dos au to res m ais in flu en tes c o m p o rta o b v ia m e n te a d m itir q u e o tra b a lh o n ão é e x a u s ­ tiv o n em co m p leto . A lg u n s a u to re s d e se n v o lv e ra m sín te se s o rig in a is ou sig n ific a tiv a s; to d a v ia , p o r n ão fa z e re m p arte do pensamento c o n g re g a c io n al, n ão fo ram a n a lisa d a s em p ro fu n d id a d e ,p e rm a n e c e m so m en te situ ad as no in te rio r das c o rre n te s de p e n sa m e n to . T am b ém a reflex ão p e d a g ó g ic a das F ilh a s de M a ria A u x ilia d o ra é so m en te a c e n a d a em a lg u m a s p artes do tex to . S en d o n e c e s sá ria u m a c o n te x tu a liz a ç ã o n o in te rio r das lin h as de a n im a ç ã o do In stitu to , das S u p e rio ra s e d a so b ra s e d u c a tiv a s típ ic a s p a ra a ed u c a ç ã o fe m in in a e in fa n til, p re fe ri d e ix a r a te m á tic a p a ra os p e rito s do c o rre sp o n d e n te cam p o h istó ric o e p ed ag ó g ic o . A o p ção de c o n fe rir c erto p eso às d ire triz e s do c e n tro d a C o n g re g a ç ã o im p lic a n u m a v isã o c la ra m e n te íta lo -c e n trista p a ra os p rim e iro s p e río d o s até o p a d re R ic a ld o n e ; so m e n te p o r o c a siã o do C oncílio V aticano II é que se abre a outros contextos, e s p e c ia lm e n te n a E u ro p a O c id e n ta l e na A m é ric a L atin a. N o ta -se , assim , qu e so m en te no te rc e iro m ilé n io a C o n g re g a ç ã o S a le sia n a p o d e rá ser c o n sid e ra d a re a lm e n te m u n d ia l em n ív e l p e d a g ó g ic o , em b o ra co m d ife re n te s v e lo c id a d e s c o n fo rm e o s c o n te x to s. D e fato , co m o re su lta das R e la ç õ e s so b re o esta d o da C o n g re g a ç ã o e de d iv e rso s estu d o s, as id eias e as lin h as o p e ra tiv a s dos d iv e rso s C a p ítu lo s G erais n ão tra n s ita ­ ram p e la s in sp e to ria s de m a n e ira u n ifo rm e. P a re c e -m e im p o rta n te s u b lin h a r que m in h a te n ta tiv a é p a rtic u la rm e n te a de e stu d a r as id eias p e d a g ó g ic a s em g e sta ç ã o e típ ic a s n o c o n te x to do seu n a sc im e n to e n a sua e v o lu ç ã o , n ão de a v a lia r d e fo rm a a b ra n g e n te os a u to res, os e stilo s de g o v ern o ou a C o n g re g a ç ã o no seu c o n ju n to . P enso qu e o fu tu ro da p e d a g o g ia sa le sia n a n ão se e n c o n tra em sín te se s se to ria is te n d e n te s à p e rfe iç ã o , m as no e n riq u e c im e n to c o n tín u o e re c íp ro c o en tre as p e sq u isa s h istó ric a s, os estu d o s de s is te m a tiz a ç ã o te ó ric o -m e to d o ló g ica, os a p ro fu n d a m e n to s p e d a g ó g ic o s re g io n a is e as b o as p ra x e s, fru to do E sp írito q u e ag e n a h istó ria e da s a b e d o ria p rá tic a d o s e d u cad o res. A g ra d e ç o c o rd ia lm e n te aos R e ito re s-M o re s A n g el F e rn á n d e z A rtim e e P a sc u a l C h á v e z V illa n u e v a p e lo seu ap o io d u ra n te o p ro c e sso de p e sq u isa e suas p re c io sa s in d icaçõ es. G o sta ria de a g ra d e c e r ta m b é m aos c o n s u lto ­ res p elo seu em p e n h o e su as p re c io sa s o b se rv a ç õ e s e su g estõ es. De m o d o e sp ecial d esejo m e n c io n a r os p ro fe sso re s A ld o G ira u d o , Jo sé M an u el P rellezo e M o ra n d W irth , da U n iv e rsid a d e P o n tifíc ia S alesian a ; o p ro fe sso r G io rg io C h io sso , d a U n iv e rsid a d e de T u rim e a p ro fe s so ra P ie ra R u ffín a tto , da P o n tifíc ia F a c u ld a d e de C iê n c ia s da E d u c a ç ã o A u x iliu m . C o m sin c e ro re c o n h e c im e n to d esejo m e n c io n a r o In stitu to H istó ric o S a le sia n o , a A s so c ia ç ã o d os C u lto re s de H istória Salesiana e o pessoal do A rquivo Sale­ siano C entral, p o r te r p o sto à d isp o siç ã o ed iç õ e s c rític a s,e stu d o s e m ateria l de a rq u iv o q u e p e rm itira m esse tip o de p esq u isa. A g ra d e ç o c o rd ia lm e n te m eu s c o le g a s da F a c u ld a d e de C iê n c ia s da E d u c a ç ã o e do C e n tro de E stu ­ dos D o m B o sco da U PS p e la p o ssib ilid a d e de u m c o n fro n to in te rd isc ip linar. U m tra b a lh o im p o rta n te foi re a liz a d o n o qu e ta n g e à re v isã o lin g u ísti­ ca, co m c o rre ç õ e s e su g e stõ e s p o r p a rte de M a ssim o S c h w a rz e l e C ristia n o C ife rri ao sq u ais sou m u ito g rato . F in a lm e n te , n ão , p o ré m , em ú ltim o lu g ar co m o im p o rtâ n c ia , q u ero re c o rd a r m eu s e stu d a n te s de p e d a g o g ia sa le sia ­ na, q u e c o n tin u a m e n te m e e stim u la m a p ro fu n d a r n o v o s a sp e c to s e a a d o ta r n o v as p e rsp e c tiv a s no cam p o p ed ag ó g ic o . A o le ito r d e se jo u m a e s tim u la n te a b o rd a g e m d e ste v o lu m e, re p le ta de in sp ira ç õ e s com v ista s ao em p e n h o e d u c a tiv o en tre os jo v e n s de ho je. M ich al Vojtás, SD B