Publicação:
2012
Elaboração:
Glayce Sampaio
Associação Civil Alternativa Terrazul
Diretoria Associação Civil Alternativa Terrazul:
Gabriela Batista (Presidente);
Edineuda Soares (Dir. Administrativa);
Tacianne Lima (Dir. Técnica)
Contato:
e-mail:
[email protected]
Site: www.alternativaterrazul.org.br
Copyright: © Todos os direitos reservados.
APRESENTAÇÃO
Esta publicação é uma das ações prevista no projeto “Cajus Caju é geração de renda e desenvolvimento sustentável no Baixo Acaraú
(CE)”, que visa melhorar a qualidade de vida dapopulação de oito
municípios, no litoral noroeste do Estado do Ceará,através da geração
de renda e do desenvolvimento socioambiental da região.O Projeto
baseia-se nos princípios gerais da Agenda 21 e da Carta da Terra,em
articulação
com
a
economia
solidária,
tendo
como
foco
as
trabalhadorasrurais e os jovens da região.
O “CAJUS” pretende, por meio de cursos e oficinas de
agroecologia, formar trabalhadoras rurais para o beneficiamento e
comercialização do pedúnculo do caju (a parte grande, macia, amareloavermelhada da fruta) e de outras frutas, como a banana e o coco.
Como complemento às atividades agroecológicas, o projeto
também
prevê
o
apoio
e
o
fortalecimento
das
organizações
comunitárias, através de alternativas produtivas, de comércio justo, e
de incentivo ao ecoturismo e artesanato local. O projeto CAJUS é uma
ação da Associação Civil Alternativa Terrazul em conjunto com o Centro
de Estudos e Apoio ao Trabalhador e à Trabalhadora (CEAT), financiado
pela União Europeia.
Através das oficinas de Artesanato Ecológico pretende-se
incentivar
e
aprimorar
a
fabricação
de
artesanato
que
seja
confeccionado a partir de materiais reciclados, aliados a subprodutos
provenientes da natureza, como sementes e palhas. O Artesanato
Ecológico e uma excelente oportunidade de geração de emprego e renda
com baixo custo, pois as matérias-primas utilizadas são em sua maioria
oriundas da vegetação nativa (visando sempre à preservação do meio
ambiente) e do reaproveitamento de embalagens, papeis tecidos, entre
outros.
Associação Civil Alternativa Terrazul
INTRODUÇÃO
Falar de ecologia, sustentabilidade e práticas de convivência
mais harmônica com o ambiente há tempos tornou-se assunto quase
obrigatório para quem busca uma forma de vida que reduza o impacto
em nosso planeta.
A reciclagem, hoje é tratada como um tema de extrema
importância. São diversas as aplicações que um reaproveitamento de
material pode ter. Há inúmeras técnicas de como fazer coisas simples,
transformando a matéria-prima que não é mais utilizada, em outra que
terá um novo uso ou outra finalidade.
O artesanato com matérias recicláveis ajuda na redução de
ações
que
prejudicam
e
desmatam
nossas
matas
e
florestas.Reaproveitar o que já existe e não devastar novamente o meio
ambiente para a fabricação de novos produtos reduz o impacto
ambiental provocado pela ação do Homem. Essa é uma maneira
inteligente de dar adeus ao lixo.
O Artesanato Ecológico é uma forma de geração de renda com
baixo custo para as comunidades, pois os materiais utilizados em sua
grande maioria são oriundos da reciclagem/reutilização.
A
oficina
de
Artesanato
Ecológico
oferecida
para
as
comunidades que fazem parte do projeto “Cajus”busca aliar a utilização
de materiais reciclados com matérias-primas naturais (sementes,
palhas, entre outras)muitas vezes encontradas em abundância no
município, mas que nem sempre são aproveitadas. O aprimoramentode
técnicas já utilizadas pelos moradores também é foco desta atividade,
que busca estimular o fortalecimento da identidade cultural e potencial
criativo destas comunidades.
OBJETIVOS
Desenvolver atividades de Artesanato Ecológico ou Eco Artesanato
em comunidades rurais que participam do projeto “Cajus”.
Oferecer
conhecimento/aperfeiçoamento
de
técnicas
para
produção e comercialização dos produtos.
Proporcionar conhecimento e valorização do consumo consciente,
focando no fortalecimento da cultura e a identidade local.
Propiciar a geração de renda com baixo custo e preservação do
meio ambiente
Incentivar o comércio justo e a economia solidária, considerando
a forma de produção e comercialização tão importante quanto o
preço e o produto.
PUBLICO ALVO
Mulheres quevivem da agricultura familiar na zona rural e que
estejam em posição de desemprego, subemprego, ou mesmo, que
possuam alguma atividade econômica, mas desejem ou precisem
melhorar sua situação financeira e de suas famílias.
A HISTÓRIA DO ARTESANATO
A história do artesanato tem início no mundo com a própria
história do homem, pois a necessidade de se produzir bens de
utilidades e uso rotineiro, e até mesmo adornos, expressou a
capacidade criativa e produtiva como forma de trabalho.
Os primeiros artesãos surgiram no período neolítico (6.000 a.C)
quando o homem aprendeu a polir a pedra, a fabricar a cerâmica e a
tecer fibras animais e vegetais.
No Brasil, o artesanato também surgiu neste período. Os índios
foram os mais antigos artesãos. Eles utilizavam a arte da pintura,
usando pigmentos naturais, a cestaria e a cerâmica, sem esquecer a
arte plumária como os cocares, tangas e outras peças de vestuário
feitos com penas e plumas de aves.
O artesanato brasileiro é um dos mais ricos do mundo e garante o
sustento de muitas famílias e comunidades. O artesanato faz parte do
folclore e revela usos, costumes, tradições e características de cada
região.
Alémde sua importância histórica, o artesanato abrange outros
valores,
os
quais
hoje
o
tornam
reconhecido,
universalmente.
Principalmente quando visualizado por alguns pontos de vista, tais
como:
Social
Possibilitando ao artesão melhores condições de vida e atuando contra
o desemprego, o artesanato pode ser considerado elemento de equilíbrio
no país e fator de coesão, de paz social.
Artístico
O artesanato desperta as aptidões e aprimora-lhe o intelecto. Suas
mãos, obedientes a impulsos mentais e inteligentes, deslocam a
matéria-bruta, grosseira e passiva, e convertem-na com o calor de sua
imaginação em coisa útil e por vezes bela.
Pedagógico
Isto quer dizer que os trabalhos manuais são de grande valor para a
criança em idade escolar, principalmente os de carpintaria, modelagem
e papel recortado.
Moral
O artesanato pode dar causa ao aperfeiçoamento espiritual e moral do
artesão.
Terapêutico
O artesanato abranda o temperamento hostil ou agitado de pessoas.
Cultural
O artesão imprime traços de sua cultura nos objetos que produz,
consciente ou inconscientemente. Muitas de suas tradições, como
símbolos mágicos e crenças, ficam marcadas em suas peças.
O CONCEITO DE ARTESANATO
Inicialmente o que caracteriza o artesanato é a transformação
da matéria-prima em objetos úteis, quem realiza esta atividade
denomina-se artesão, este reproduz objetos que chegaram até ele
através da tradição familiar ou cria novos de acordo com suas
necessidades.
Para evidenciar melhor este conceito vamos definir o que não é
artesanato.
A indústria têxtil ou manufatureira não se encaixa neste conceito,
pois há o predomínio da máquina e a produção é na fábrica, ali se
produz tecidos, aparelhos eletrodomésticos, etc. quem trabalha neste
local denomina-se operário.
Outras características do artesanato
Como sistema de trabalho que engloba os diversos processos de
artesão, o artesanato assinala um avanço cultural e só apareceu como
consequência da divisão de campo ocupacional no período histórico em
que a precisão de meios de subsistência e os hábitos de vida em
sociedade passaram a exigir maior produção de bens.
Sendo o artesanato uma manifestação de vida comunitária, o
trabalho se orienta no sentido de produzir objetos de uso mais comum
no lugar, seja em função utilitária, lúdica, decorativa ou religiosa.
MUDANÇA DE HÁBITO: ALGO NECESSÁRIO.
As
mínimas
mudanças
possíveis
no
nosso
dia-a-dia
são
necessárias para fazer a diferença. Nesse sentido, é interessante
conhecermos os 7 Rs. O que é isso?
7 Rs DO CONSUMO CONSCIENTE
São ações práticas que, podem propiciar a redução do nosso impacto
sobre o planeta, melhorando a vida atual e contribuindo com a
qualidade de vida das próximas gerações.
TEMOS AINDA....
Reintegrar
Trata-se daquilo que não pode ser reciclado, como restos de alimentos e outros
materiais orgânicos. Estes podem ser reintegrados à natureza através de uma
composteira orgânica, este é o melhor instrumento para transformar podas de
árvores, cascas de verduras e outros materiais em adubo.
Existem diversos modelos de composteiras, e o composto que resultar do
processo é um material altamente nutritivo e pode ser utilizado em jardim,
hortas e pomares.
Reparar
Você comprou e quebrou? Nada de jogar fora. Muitas vezes um conserto sai
mais barato que comprar um produto novo e você evita que mais objetos lotem
os lixões e aterros da sua cidade.
E essa regrinha não se aplica apenas a coisas quebradas. Você pode aperfeiçoar
alguns equipamentos, como computadores, adicionando novas peças e
trocando o que já não está tão bom.
Se você já pratica alguma delas, lembre-se que é sempre possível
disseminar e fazer mais.
FALANDO UM POUCO SOBRE RECICLAGEM
Durante muitos anos a preocupação era apenas de produzir, sem
preocupar-se com as consequências que isto geraria ao meio ambiente.
Hoje algumas empresas e pessoas já estão cientes das limitações dos
recursos naturais e procuram aproveitar melhor os mesmos.
Dentre as vantagens da reciclagem de materiais, estão:
A diminuição do consumo e matérias primas virgens (muitas
delas não são renováveis e podem apresentar ainda uma
exploração dispendiosa);
Contribui para diminuir a poluição do solo, água e ar;
Melhora a limpeza da cidade e a qualidade de vida da população;
Gera renda, uma vez que os produtos gerados a partir dos
reciclados são comercializados;
Prolonga a vida útil de aterros sanitários;
Contribui para a valorização da limpeza pública e para formar
uma consciência ecológica.
Como conceito de Reciclagem adota-se o seguinte: “reciclagem é a
atividade de recuperação de materiais que foram descartados, podendo
ser transformados novamente em matéria-prima para a fabricação de
um novo produto” (SETOR RECICLAGEM, 2005).
Reciclagem pode ser entendida como resíduos que são coletados,
separados e processados para serem usados como matéria-prima na
constituição de novos produtos. Indica, também, o reaproveitamento
(reutilização) de um material no mesmo processo em que, por alguma
razão foi rejeitado.
TEMPO DE DECOMPOSIÇÃO DOS MATERIAIS
Reciclar economiza energia, reduz o acúmulo de resíduos, além de
assumir um papel fundamental na preservação do meio ambiente, pois
diminui a extração de recursos naturais.
O tempo de decomposição dos resíduos depende do tipo de
material que este é feito. Como exemplo tem-se o chiclete, que leva
cerca de 5 anos para se decompor totalmente em vista que o pano leva
em torno de 6 meses a um ano para se decompor.
É interessante e vantajoso fazer o processo de reciclagem, afinal,
se algum material pode ser reutilizado, pode-se contribuir com a
natureza para que não leve meses ou até mesmo anos para decompor o
material e acumular lixos nos aterros sanitários.
ECONOMIA SOLIDÁRIA, SUSTENTABILIDADE E MEIO AMBIENTE
Nas últimas décadas, as mudanças socioeconômicas ocorridas
no mundo levaram ao aumento da informalidade e do trabalho precário.
Para Antunes (1995), a reestruturação do capital esta diretamente
ligada
ao
impressionante
crescimento
do
denominado
trabalho
precarizado que recai cada vez mais sobre a classe de trabalhadores
(conjunto de todos aqueles que vendem sua força de trabalho em troca
de salário).
No entanto, surgiram outras formas de organização do
trabalho como alternativa de geração de renda.A economia solidária é
uma dessas formas, Segundo Singer (2004), ela se propõe a ter um uso
justo das forças produtivas alcançadas, ou seja, que todos os
produtores do mundo possam utilizá-los e se servirem de seus
benefícios.
O QUE É ECONOMIA SOLIDÁRIA?
A economia solidária é o conjunto de atividades de produção,
distribuição, consumo e crédito, baseadas na cooperação, no trabalho
coletivo e na autogestão. Tem como objetivo gerar renda, buscando o
benefício social e a preservação do meio ambiente (MANETTI et. al, 2008).
De acordo com Manetti et. al (2008), as práticas da economia
solidária buscam a satisfação das necessidades humanas, a justiça
social, a igualdade de gênero, raça, etnia, o acesso igualitário ao
conhecimento, a informação, bem como, a segurança e soberania
alimentar. Sendo assim, a economia solidária não tem como fim
somente gerar renda, mas utiliza a geração de renda como um meio
para a construção de relações sociais solidárias e coletivistas na
sociedade.
São
exemplos
de
empreendimento
econômico
solidário:
cooperativas, associações, grupos de produção e clubes de trocas que
realizam atividades de produção de bens, prestação de serviços,
finanças solidárias, trocas, comércio justo e consumo solidário. Hoje,
muitas dessas formas de se produzir na economia solidaria são
relacionadas á sustentabilidade e ao meio ambiente, como forma de
preservar nosso eco sistema e de geração de renda.
PARA FINALIZAR NOSSA CONVERSA
Pode-se dizer que está oficina de Artesanato Ecológicotem como
premissas:
Compreender o que é Artesanato Ecológico ou Eco- artesanato;
Estimular a utilização de materiais reciclados e/ou reutilizados;
A preocupação com o meio Ambiente; redução da pegada
ecológica;
Abordagem artesanal, reavivando técnicas e artes;
Arte como potencial econômico de fonte de renda.
AGORA, VAMOS PRATICAR.
Carteira ecológica
São
assessórios
muitos
simples,
carteiras
que
confeccionadas a partir de caixas de leite recicladas e retalhos.
são
Materiais:
Caixa de leite (tetra Pak)
Cola Branca
Tecidos de chita
Agulha grossa
Linha encerada/crochê
Botões grandes
Elástico fino (tipo roliço)
Técnicas
Primeiro limpamos as caixas com água e sabão neutro para
tirarmos qualquer resto de leite ou suco, em seguida devemos dobrar as
caixas nos formatos e medidas necessários para o modelo da carteira.
Passemos em todo o molde da futura carteira, cola branca em
quantidade necessária a colagem do tecido de chita, tira-se 1m de linha
e costura-se toda a carteira para ser fechada, finalizando com a prega
do botão e elástico podendo ser decorada com fuxicos, lantejoulas, etc...
Bijuterias naturais
São adornos produzidos a partir de materiais reciclados,
aliados a subprodutos provenientes da natureza, como sementes,
palhas, entre outros.
Materiais:
Palha da costa
Sementes nativas
Pontos de macramê
Técnicas
Iniciamos amarrando a palha em um ponto fixo para forma uma guia
que servira de base para a fabricação da bijuteria, em seguida iremos fazer 10
pontos de macramê, depois2 sementes e mais 10 pontos, assim sucessivamente,
até terminar a peça. Com o ponto de macramê pode ser criado varias
combinações, para montar diferentes bijuterias naturais.
Aprendendo o ponto básico do macramê:
Eco-mobiles
Podem ser esculturas móveis, feita partir de caixas de ovos
e/ou maçã, esses materiais tem uma levezaque permitemser suspensas
no espaço por fios, de maneira equilibrada e harmoniosa, e que mudam
de posição impelida pelo ar, penduradas no teto por fios.
Materiais:
Caixas vazias de papelão ovos\ maças
Tinta acrílica e gutas(varias cores)
Pinceis
Sementes nativas
Sacolas plásticas
Agulhas de crochê
Cola para artesanato
Técnicas
Cortar todas as caixas de maçãs e ovos, depois pintem todas
com cores, formas, desenhos os mais variados possíveis. Peça para as
crianças ajudarem também! Colamos todas as forminhas de 2 em 2
duas de par em par, só então passamos a agulha com linha e colocamos
miçangas e enfeites. Fica LINDO!
FONTES:
SETOR RECICLAGEM. O que é reciclagem? Disponível em:
http://www.setorreciclagem.com.br/modules.php?name=News&file=art
icle&sid=231.
OS 5 RS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM AÇÃO. Disponível em:
http://www.docelimao.com.br/site/especial-kids/educacao/650-os-5rs-da-educacao-ambiental-em-acao.
ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação
e a negação do trabalho.São Paulo: Cortez; Campinas, 1995.
SINGER, Paul. Desenvolvimento capitalista e desenvolvimento solidário.
Estud. av. , São Paulo, v. 18, n. 51, 2004 . Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010340142004000200001&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 16 Jun 2008.
doi: 10.1590/S0103-40142004000200001
MANETTI, et al. Economia Solidária no Brasil: uma outra economia
acontece. Brasília, 2008.