Editora chefe
Profª Drª Antonella Carvalho de Oliveira
Editora executiva
Natalia Oliveira
Assistente editorial
Flávia Roberta Barão
Bibliotecária
Janaina Ramos
Projeto gráfico
Bruno Oliveira
Camila Alves de Cremo
Daphynny Pamplona
Luiza Alves Batista
Natália Sandrini de Azevedo
Imagens da capa
iStock
Edição de arte
Luiza Alves Batista
2022 by Atena Editora
Copyright © Atena Editora
Copyright do texto © 2022 Os autores
Copyright da edição © 2022 Atena Editora
Direitos para esta edição cedidos à Atena
Editora pelos autores.
Open access publication by Atena Editora
Todo o conteúdo deste livro está licenciado sob uma Licença de Atribuição
Creative
Commons.
Atribuição-Não-Comercial-NãoDerivativos
4.0
Internacional (CC BY-NC-ND 4.0).
O conteúdo do texto e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade
exclusiva do autor, inclusive não representam necessariamente a posição oficial da Atena Editora.
Permitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos ao autor,
mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
Todos os manuscritos foram previamente submetidos à avaliação cega pelos pares, membros do
Conselho Editorial desta Editora, tendo sido aprovados para a publicação com base em critérios de
neutralidade e imparcialidade acadêmica.
A Atena Editora é comprometida em garantir a integridade editorial em todas as etapas do processo
de publicação, evitando plágio, dados ou resultados fraudulentos e impedindo que interesses
financeiros comprometam os padrões éticos da publicação. Situações suspeitas de má conduta
científica serão investigadas sob o mais alto padrão de rigor acadêmico e ético.
Conselho Editorial
Ciências Biológicas e da Saúde
Profª Drª Aline Silva da Fonte Santa Rosa de Oliveira – Hospital Federal de Bonsucesso
Profª Drª Ana Beatriz Duarte Vieira – Universidade de Brasília
Profª Drª Ana Paula Peron – Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Prof. Dr. André Ribeiro da Silva – Universidade de Brasília
Profª Drª Anelise Levay Murari – Universidade Federal de Pelotas
Prof. Dr. Benedito Rodrigues da Silva Neto – Universidade Federal de Goiás
Prof. Dr. Cirênio de Almeida Barbosa – Universidade Federal de Ouro Preto
Profª Drª Daniela Reis Joaquim de Freitas – Universidade Federal do Piauí
Profª Drª Débora Luana Ribeiro Pessoa – Universidade Federal do Maranhão
Prof. Dr. Douglas Siqueira de Almeida Chaves – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Prof. Dr. Edson da Silva – Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
Profª Drª Elizabeth Cordeiro Fernandes – Faculdade Integrada Medicina
Profª Drª Eleuza Rodrigues Machado – Faculdade Anhanguera de Brasília
Profª Drª Elane Schwinden Prudêncio – Universidade Federal de Santa Catarina
Profª Drª Eysler Gonçalves Maia Brasil – Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
Prof. Dr. Ferlando Lima Santos – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
Profª Drª Fernanda Miguel de Andrade – Universidade Federal de Pernambuco
Prof. Dr. Fernando Mendes – Instituto Politécnico de Coimbra – Escola Superior de Saúde de Coimbra
Profª Drª Gabriela Vieira do Amaral – Universidade de Vassouras
Prof. Dr. Gianfábio Pimentel Franco – Universidade Federal de Santa Maria
Prof. Dr. Helio Franklin Rodrigues de Almeida – Universidade Federal de Rondônia
Profª Drª Iara Lúcia Tescarollo – Universidade São Francisco
Prof. Dr. Igor Luiz Vieira de Lima Santos – Universidade Federal de Campina Grande
Prof. Dr. Jefferson Thiago Souza – Universidade Estadual do Ceará
Prof. Dr. Jesus Rodrigues Lemos – Universidade Federal do Piauí
Prof. Dr. Jônatas de França Barros – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Prof. Dr. José Aderval Aragão – Universidade Federal de Sergipe
Prof. Dr. José Max Barbosa de Oliveira Junior – Universidade Federal do Oeste do Pará
Profª Drª Juliana Santana de Curcio – Universidade Federal de Goiás
Profª Drª Lívia do Carmo Silva – Universidade Federal de Goiás
Prof. Dr. Luís Paulo Souza e Souza – Universidade Federal do Amazonas
Profª Drª Magnólia de Araújo Campos – Universidade Federal de Campina Grande
Prof. Dr. Marcus Fernando da Silva Praxedes – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
Profª Drª Maria Tatiane Gonçalves Sá – Universidade do Estado do Pará
Prof. Dr. Maurilio Antonio Varavallo – Universidade Federal do Tocantins
Profª Drª Mylena Andréa Oliveira Torres – Universidade Ceuma
Profª Drª Natiéli Piovesan – Instituto Federacl do Rio Grande do Norte
Prof. Dr. Paulo Inada – Universidade Estadual de Maringá
Prof. Dr. Rafael Henrique Silva – Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados
Profª Drª Regiane Luz Carvalho – Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino
Profª Drª Renata Mendes de Freitas – Universidade Federal de Juiz de Fora
Profª Drª Sheyla Mara Silva de Oliveira – Universidade do Estado do Pará
Profª Drª Suely Lopes de Azevedo – Universidade Federal Fluminense
Profª Drª Vanessa da Fontoura Custódio Monteiro – Universidade do Vale do Sapucaí
Profª Drª Vanessa Lima Gonçalves – Universidade Estadual de Ponta Grossa
Profª Drª Vanessa Bordin Viera – Universidade Federal de Campina Grande
Profª Drª Welma Emidio da Silva – Universidade Federal Rural de Pernambuco
Ensaios críticos sobre a auriculoterapia
Diagramação:
Correção:
Indexação:
Revisão:
Autor:
Camila Alves de Cremo
Maiara Ferreira
Amanda Kelly da Costa Veiga
O autor
Tiago Veloso Neves
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
N518
Neves, Tiago Veloso
Ensaios críticos sobre a auriculoterapia / Tiago Veloso
Neves. – Ponta Grossa - PR: Atena, 2022.
Formato: PDF
Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader
Modo de acesso: World Wide Web
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-258-0099-8
DOI: https://doi.org/10.22533/at.ed.998220505
1. Orelhas - Acupuntura. 2. Auriculoterapia. 3. Saúde. I.
Neves, Tiago Veloso. II. Título.
CDD 615.892
Elaborado por Bibliotecária Janaina Ramos – CRB-8/9166
Atena Editora
Ponta Grossa – Paraná – Brasil
Telefone: +55 (42) 3323-5493
www.atenaeditora.com.br
[email protected]
DECLARAÇÃO DO AUTOR
O autor desta obra: 1. Atesta não possuir qualquer interesse comercial que constitua um conflito de
interesses em relação ao artigo científico publicado; 2. Declara que participou ativamente da
construção dos respectivos manuscritos, preferencialmente na: a) Concepção do estudo, e/ou
aquisição de dados, e/ou análise e interpretação de dados; b) Elaboração do artigo ou revisão com
vistas a tornar o material intelectualmente relevante; c) Aprovação final do manuscrito para
submissão.; 3. Certifica que o texto publicado está completamente isento de dados e/ou resultados
fraudulentos; 4. Confirma a citação e a referência correta de todos os dados e de interpretações de
dados de outras pesquisas; 5. Reconhece ter informado todas as fontes de financiamento recebidas
para a consecução da pesquisa; 6. Autoriza a edição da obra, que incluem os registros de ficha
catalográfica, ISBN, DOI e demais indexadores, projeto visual e criação de capa, diagramação de
miolo, assim como lançamento e divulgação da mesma conforme critérios da Atena Editora.
DECLARAÇÃO DA EDITORA
A Atena Editora declara, para os devidos fins de direito, que: 1. A presente publicação constitui apenas
transferência temporária dos direitos autorais, direito sobre a publicação, inclusive não constitui
responsabilidade solidária na criação dos manuscritos publicados, nos termos previstos na Lei sobre
direitos autorais (Lei 9610/98), no art. 184 do Código Penal e no art. 927 do Código Civil; 2. Autoriza
e incentiva os autores a assinarem contratos com repositórios institucionais, com fins exclusivos de
divulgação da obra, desde que com o devido reconhecimento de autoria e edição e sem qualquer
finalidade comercial; 3. Todos os e-book são open access, desta forma não os comercializa em seu
site, sites parceiros, plataformas de e-commerce, ou qualquer outro meio virtual ou físico, portanto,
está isenta de repasses de direitos autorais aos autores; 4. Todos os membros do conselho editorial
são doutores e vinculados a instituições de ensino superior públicas, conforme recomendação da
CAPES para obtenção do Qualis livro; 5. Não cede, comercializa ou autoriza a utilização dos nomes e
e-mails dos autores, bem como nenhum outro dado dos mesmos, para qualquer finalidade que não o
escopo da divulgação desta obra.
DEDICATÓRIA E AGRADECIMENTOS
Eu dedico esse livro aos meus alunos do passado, do presente e do futuro e a todos
os colegas da área da Saúde entusiastas ou curiosos da Auriculoterapia. Escrevi esses
ensaios pensando neles e desejo, com eles, oferecer uma leitura que os permita, com
calma, refletir profundamente sobre alguns temas da Auriculoterapia, visto que podem ser
confusos ou “dogmáticos” em alguns círculos. Acredito que todos esses temas são mais
simples do que parecem e tentei trazê-los para vocês tão claramente quanto eu acredito
enxergá-los, apresentando as fontes necessárias para que possam consultar e tirar suas
próprias conclusões.
Dedico-o ainda aos meus colegas da área da saúde, para que possam conhecer
um pouco da auriculoterapia e não se deixar confundir por alguns discursos que são, no
máximo, opiniões eloquentes e não fatos científicos.
Embora eu aprenda e cresça diariamente em contato com meus alunos, gostaria
de agradecer individualmente à Eudimara Guimarães, Melissa Giansante Rego Brito e à
Renata Alves Pereira Arruda que contribuíram diretamente revisando e compartilhando
suas opiniões acerca dos ensaios deste livro.
Que Deus abençoe a todos vocês!
APRESENTAÇÃO
Auriculoterapia é uma das melhores abordagens que eu já conheci e, em inúmeras
ocasiões, representou o método de intervenção ideal no contexto em que eu estava
(com pouca ou nenhuma estrutura física adequada de atendimento, ou nos domicílios
dos pacientes, ou na estrada, diante de alguém que precisava da minha ajuda). Tive a
oportunidade de fazer alguns cursos desse método e conviver com outros colegas e tudo
isso foi muito satisfatório. Entretanto, nas conversas com colegas e alunos, eu percebia e
ainda percebo, que existem alguns mitos e ideias conflituosas acerca dessa abordagem.
Algumas dessas questões já foram devidamente respondidas pela literatura, enquanto
outras ainda serão. De toda forma, senti a necessidade de trazer à tona, no formato de
ensaios, uma discussão sobre esses temas que despertam tanta confusão entre os colegas,
tomando como ponto de partida a literatura científica.
Nesta pequena obra, decidi me debruçar sobre três temas específicos: (1) o uso da
auriculoterapia durante a gestação; (2) o conjunto de pontos conhecido, como “Triângulo
Cibernético”; e (3) o uso de protocolos na auriculoterapia.
Por fim, esse livro é um apanhado da literatura científica sobre os assuntos citados,
apresentados de uma maneira mais fluida e menos técnica, contudo mantendo o rigor das
fontes. Acrescento ainda que não é um “manual definitivo” ou a “última opinião” sobre o
assunto. Eu compreendo que a evidência científica está em constante movimento e novas
informações surgem o tempo todo e as constatações que hoje podem ser superadas por
novas informações amanhã. Portanto, o meu desejo é estar mais próximo da verdade sobre
os fenômenos relacionados à auriculoterapia, independentemente de ela estar ou não de
acordo com as minhas perspectivas anteriores.
Desejo a todos que a leitura possa ser edificante e estou aberto a diálogos sobre o
tema e sobre novas evidências (mesmo aquelas que contradigam as constatações deste
volume).
Grato!
Tiago Veloso Neves
SUMÁRIO
AURICULOTERAPIA NA GESTAÇÃO ....................................................................... 1
A motivação deste pequeno ensaio .................................................................................... 1
Há documentos que contraindicam a Auriculoterapia em gestantes?................................ 3
A literatura científica............................................................................................................. 4
Dor lombar ........................................................................................................................... 5
Facilitação do trabalho de parto e redução da dor do parto ............................................... 5
Náuseas e vômitos .............................................................................................................. 6
Pós-parto ............................................................................................................................. 7
Considerações finais ........................................................................................................... 7
Referências .......................................................................................................................... 8
O TRIÂNGULO CIBERNÉTICO................................................................................. 10
Referências ....................................................................................................................... 13
PROTOCOLOS EM AURICULOTERAPIA: UMA POLÊMICA? .............................. 15
Cada organismo é único?.................................................................................................. 15
Vários tratamentos protocolizados são altamente eficazes.............................................. 16
Quando o tratamento precisa ser individualizado? ........................................................... 19
Auriculoterapia, protocolos e eficácia................................................................................ 19
Considerações finais ......................................................................................................... 22
Referências ........................................................................................................................ 23
SOBRE O AUTOR ......................................................................................................25
SUMÁRIO
AURICULOTERAPIA NA GESTAÇÃO
A motivação deste pequeno ensaio
Recordo-me de quando comecei a fazer cursos de Auriculoterapia, meu primeiro
curso foi em um evento acadêmico, ainda na graduação. O instrutor do curso era, como
tantos outros, acupunturista. Dentre as várias informações que ele forneceu durante o
curso, ele nos alertou que não recomendava a aplicação da Auriculoterapia em gestantes.
Ele deixou claro que havia outros profissionais que falavam sobre como o método
poderia ser aplicado, desde que fossem evitados certos pontos, porém encerrou seu
posicionamento dizendo: “Mas eu não punturo grávidas!”(ou seja, não aplico em grávidas).
Aquele posicionamento me chamou a atenção, pois recordo de tê-lo repetido algumas
vezes, quando alguma gestante me perguntava se eu poderia trata-la. Posteriormente,
descobri que, também no universo da acupuntura, muitos profissionais se posicionavam da
mesma forma que meu professor o fizera.
Depois de formado, resolvi fazer um novo curso de Auriculoterapia para me
aprofundar no assunto e rever alguns dos conceitos, bem como praticar melhor aquela
abordagem. A professora do curso, que era acupunturista como o meu antigo professor,
também dizia que não era recomendável tratar gestantes com Auriculoterapia, porque ela
“poderia abortar”. Mais uma vez, essa informação ficou fixada na minha cabeça. Entretanto,
depois desse curso eu não pratiquei a Auriculoterapia como queria, pois, no contexto em
que vivia e trabalhava, eu priorizava outras abordagens. Foi assim por um tempo, mas isso
mudaria radicalmente.
Em 2015, tomei posse como fisioterapeuta da Rede Municipal de Saúde de Palmas,
capital do Tocantins, da qual sou ainda servidor público. Em 2016, fui lotado em uma
equipe que, na época, era conhecida como Núcleo de Apoio à Saúde da Família, ou NASF,
atualmente renomeada pelo Ministério da Saúde, como “Equipe Multiprofissional”. Enquanto
fisioterapeuta da Atenção Primária, existia uma demanda muito grande de pacientes com
sintomas musculoesqueléticos e a estrutura das Unidades Básicas de Saúde do município
era excelente se comparada a outros municípios (inclusive outras capitais), mas não era
adequada para o atendimento fisioterapêutico em termos de espaço e organização. Nesse
contexto e com a demanda que tinha, eu precisava achar uma forma não convencional
de aliviar os sintomas dos meus pacientes. Tentei resolver isso apenas com exercícios,
mas havia pacientes que estavam tão afetados pela dor que não conseguiam fazer até
mesmo os exercícios mais simples. Nesse momento, eu decidi que precisava resgatar à
Auriculoterapia.
Reli as minhas apostilas dos cursos e pratiquei com amigos e colegas. Porém, senti
que isso não era suficiente e decidi parar de ler as minhas apostilas e comecei a pesquisar
sobre o método e ler livros e artigos científicos. Isso mudou minha perspectiva sobre
Auriculoterapia na gestação
1
várias questões e alterou ainda mais intensamente a minha prática e os resultados com
Auriculoterapia, pois havia restrições que eram citadas pelos meus professores, mas que
não constavam nos livros, além de outros esclarecimentos. Eu estava beneficiando meus
pacientes de maneira rápida e significativa. Sabendo que vinha aplicando esse tratamento
na unidade, uma colega perguntou certa vez se aquilo que eu fazia não poderia ajudála. Ela estava grávida e tendo enjoos horríveis, vomitando muito durante a madrugada.
Pela primeira vez, eu não respondi que não punturava gestantes, mas parei, pensei e
disse que iria verificar o que poderia fazer. Então voltei à literatura e percebi que não
só essa contraindicação não constava em vários livros de boa qualidade, como havia
diversos estudos científicos realizados com esse público sem nenhuma intercorrência que
prejudicasse o bebê ou a gestante.
Tratei a minha colega com Auriculoterapia, ela melhorou muito e percebi que
aquele momento foi de libertação para mim. Havia acabado de me libertar de algo que
limitava minha prática e me impedia de ajudar ainda mais pessoas. Desde então venho
me esforçando para difundir essa informação e reverter esse preconceito. Publiquei um
capítulo de livro sobre o assunto (NEVES, 2020) e publiquei também um artigo de Debate
na revista Cadernos de Naturologia e Terapias Complementares (NEVES, 2018), a única
revista científica brasileira indexada sobre Práticas Integrativas, entretanto, não recebi
nenhuma réplica até o momento. Já levantei antipatia de alguns colegas que diziam:
“Tiago, em grávida a gente só estimula o Shen Men (um dos pontos de Auriculoterapia
mais citados)”, ou então que eu deveria guardar aquela contraindicação como um gesto
de “empatia e cuidado com o próximo”. Todavia, nem esses colegas, nem as apostilas
que continham essa contraindicação, nem os professores de pós-graduação na área de
Medicina Tradicional Chinesa conseguiam me responder quando eu perguntava qual era a
evidência que sustentava essa tese. Isso me fazia pensar em quantas mulheres estavam
sendo privadas dos inúmeros benefícios da Auriculoterapia por causa de uma ideia que não
tinha respaldo científico.
Por tudo isso, pensando em oferecer informação técnica e cientificamente
fundamentada, em língua portuguesa e sem as restrições estruturais do modelo de Revisão
Integrativa da Literatura, decidi escrever esse ensaio para abordar esse assunto de uma
maneira mais sintética e mais fluida do que os meus trabalhos anteriores sobre a temática.
Boa leitura!
Auriculoterapia na gestação
2
Há documentos que contraindicam a Auriculoterapia em gestantes?
A Auriculoterapia é um método terapêutico que visa tratar o corpo todo por
meio da estimulação do pavilhão auricular, considerando o pavilhão auricular como um
microssistema, ou seja, uma parte do corpo na qual se pode estimular todas as outras.
Particularmente, penso que, todas as formas de estimulação da orelha utilizando esse
princípio, independentemente do material utilizado, podem ser chamadas de Auriculoterapia.
Há receio de alguns profissionais e alguns autores sobre o uso da Auriculoterapia em
gestantes. Ela seria segura? Seria capaz de provocar intercorrências na gestação, aborto
espontâneo e/ou parto prematuro? Naturalmente que, quando um método é novo ou ainda
não foi testado em gestantes, é natural que seja contraindicado até que haja evidências
acerca de sua segurança e risco-benefício. Afinal, a gestação é um estado e um momento
muito especial que deve receber todos os cuidados necessários. Entretanto, como o
princípio da cautela evoluiu para o discurso consolidado que vários profissionais da área
reproduzem?
Em aulas de pós-graduação, ao questionar professores sobre esse assunto, alguns
deles diziam que a própria Organização Mundial de Saúde (OMS), que reconhece a
Auriculoterapia como abordagem terapêutica cientificamente comprovada, recomendava
não realizar Auriculoterapia em gestantes e que ele mesmo não entraria em contradição
com tal entidade. Em busca por menções a essa ressalva, não encontrei nenhum
documento expedido pela OMS que trouxesse essa contraindicação para Auriculoterapia,
embora, em um documento mais antigo, constavam contraindicações para a acupuntura
em alguns pontos em gestantes (WHO, 2002), o que também vem sendo questionado
(SILVA; NAKAMURA; SILVA, 2011). De toda forma, Auriculoterapia e Acupuntura não são
sinônimos.
Se não há contraindicação documentalmente formal, mesmo que antiga, por parte
da OMS, todavia, há livros publicados em português que contraindicam essa abordagem
em gestantes, além de apostilas de cursos (GARCIA, 1999; SANTOS, 2010; ENOMÓTO,
2019). Percebe-se que alguns desses materiais trazem isso baseando-se no princípio da
cautela (“não se sabe o que pode acontecer”) e outros porque acreditam, baseados na
teoria da Medicina Tradicional Chinesa, que a estimulação de pontos como rim, coração,
baço, fígado e outros pontos dos Zang Fu poderiam prejudicar a gestação, por exemplo,
desviando a energia que esses órgãos estavam desprendendo no processo gestacional
para outras funções ou outros processos do organismo. Entretanto, outros livros não
traziam essa contraindicação (NEVES, 2009; SOUZA, 2013) e, mais ainda, há até mesmo
protocolos voltados para gestantes que, inclusive, usam alguns dentre os pontos “proibidos
na gestação”. Nesse contexto, surge a controvérsia. Mas será que a segurança da prática
da Auriculoterapia em mulheres grávidas depende da percepção/empiria desses autores,
ou será que há evidências científicas para melhor nos pautarmos?
Auriculoterapia na gestação
3
A literatura científica
Primeiramente, é preciso mencionar que apesar de o discurso de contraindicação da
Auriculoterapia (ou de alguns pontos) durante a gestação, já há estudos publicados sobre
esse assunto desde o ano de 2008, como se pode observar no gráfico abaixo extraído do
PubMed considerado um dos maiores e melhores portais internacionais de periódicos do
mundo. Podemos observar, ainda, que estavam disponíveis, na ocasião do acesso, cerca
de dez artigos sobre esse assunto, nessa base de dados. Portanto, esse assunto não é
novo no universo da pesquisa científica, embora ainda haja muito a ser explorado.
Figura 1: Resultado de pesquisa no portal PubMed, utilizando os termos “auriculotherapy AND
pregnant women”
Fonte: PubMed. Acesso em: 17 jan. 2022.
Antes de falar sobre os benefícios da Auriculoterapia para esse público, é necessário
dizer que foram realizadas, desde 2016, buscas nesse e em outros portais de periódicos
utilizando os diversos termos empregados para o referido tratamento para verificar se
fora publicado algum estudo que tenha constatado a ocorrência de casos de aborto ou
parto prematuro causados pela estimulação do pavilhão auricular. Sabe quantos estudos
apareceram? Isso mesmo, nenhum. Não há, até o presente momento, nenhum estudo
publicado em portais de periódicos internacionais (como PubMed, SciELO, Biblioteca Virtual
em Saúde, Lilacs, Biblioteca Cochrane) que tenha sugerido, por qualquer motivo, que a
Auriculoterapia possa ter causado esse tipo de evento. Digo mais: não há, até o momento,
nenhum estudo no qual sequer foi citado qualquer caso de aborto espontâneo, seja no
grupo experimental ou no de controle. É necessário mencionar que nem todos os estudos
tiveram como desfecho a observação de reações adversas. Contudo, dentro do período de
Auriculoterapia na gestação
4
estudo, esse seria um fator importantíssimo de perda amostral que dificilmente não seria
notado. Além disso, os estudos dessa natureza publicados até o momento somam 1373
gestantes. É controverso pensar que a Auriculoterapia poderia gerar um risco tão grande
assim de aborto e que esse desfecho não surgiria entre tantos casos.
O que, de fato, foi observado nos estudos científicos? Além de reações adversas
muito leves, como parestesia em área referida (membro superior, observada em apenas um
caso) e dolorimento no pavilhão auricular, o que foi constatado é que as gestantes tiveram
diversos benefícios. Vamos verificar o que foi observado de acordo com os sintomas que se
objetivou tratar. Para facilitar a compreensão das repercussões clínicas da Auriculoterapia
foram apresentados os Tamanhos de Efeito para os desfechos comentados:1
Dor lombar
Auriculoterapia reduziu a dor lombar ou dor pélvica posterior em gestantes. Isso foi
observado em estudos mais antigos e mais recentes (WANG et al., 2009; VAS et al, 2019).
Foram tratadas 113 gestantes comparadas com outras 266 gestantes que fizeram apenas
os cuidados usuais ou fizeram tratamentos placebo.
Isso não é uma surpresa, visto que a auriculoterapia demonstrou sua eficácia contra
a dor em diversos estudos (ASHER, 2010; HENDAWY; ABUELNAGA, 2020; MARYAM et
al., 2020), destacando-se como um tratamento analgésico seguro e sem os malefícios dos
medicamentos para dor. Esse fato torna-se uma vantagem ainda maior no contexto da
gestação, quando existe restrição para o uso de diversos medicamentos.
Facilitação do trabalho de parto e redução da dor do parto
Alguns autores também se preocuparam em verificar se a Auriculoterapia influenciava
no trabalho de parto. Abedi (2017) fez um estudo com 80 mulheres em trabalho de parto,
comparando gestantes que fizeram uso da Auriculoterapia durante o trabalho de parto,
com gestantes que fizeram apenas os cuidados usuais, ele constatou que a duração do
1 Tamanho de Efeito (TDE) é uma medida estatística que visa informar qual é a intensidade do efeito de um tratamento
ou da relação entre duas características de um grupo. Ela tem mais utilidade do que o famigerado valor de p, pois este
apenas me diz, no caso de tratamentos, se um grupo teve resultados diferentes do outro e se isso provavelmente se
repetiria na maioria das vezes. O TDE, por outro lado, nos dá uma noção de o quanto um tratamento foi melhor do que
o placebo ou do que os cuidados convencionais para uma doença ou sintoma. Há inúmeras medidas de Tamanho de
Efeito, sendo a mais conhecida o d de Cohen. Convenciona-se que valores de d menores que 0,5 representam efeito
pequeno (ou fraco), entre 0,5 e 0,79 efeito médio (ou moderado) e acima de 0,8 o efeito é considerado grande ou forte.
Os artigos citados abaixo, em sua maioria, não informaram o TDE. Os valores de d citados ao longo deste ensaio foram calculados com os dados disponíveis nos artigos utilizando o software G*Power (FAUL et al., 2007). É importante
mencionar que todos os estudos que apresentaram valores de d > 0,5 também tiveram valor de p <0,05. Outro TDE,
chamado Razão de Risco ou Risk-Ratio (RR) foi aplicado na sua forma original e também convertido em porcentagem
para facilitar sua interpretação. Para compreender mais sobre TDE, sugiro ler Cohen (1988) e Espírito Santo e Daniel
(2017).
Auriculoterapia na gestação
5
trabalho de parto daquelas que faziam Auriculoterapia era muito menor do que as que não
faziam (uma diferença média de pouco mais de duas horas entre elas). Para este aspecto,
encontramos um Tamanho de Efeito bastante acentuado (d =1,75). Também houve uma
diferença clinicamente importante na necessidade do uso de oxitocina (d =1,06) e na média
de dor (d =1,13). O estímulo da Auriculoterapia tornou o trabalho de parto mais rápido,
menos dependente da oxitocina e menos doloroso. Além disso, as gestantes do Grupo
Auriculoterapia tiveram em torno de 58% menos risco de precisar de episiotomia do que as
do Grupo Controle (RR=0,41).
Náuseas e vômitos
Esse é um assunto controverso. Auriculoterapia vem se mostrando eficaz na redução
de náuseas e vômitos, especialmente aqueles decorrentes de quimioterapia e do período
pós-operatório de cirurgias diversas (FRÓES et al., 2020). Entretanto, há apenas dois
estudos que investigaram o efeito dessa abordagem em gestantes com náusea. O estudo
de Puangsricharern e Mahasukhon (2008) não encontrou diferença estatística significativa
entre os dois grupos (Auriculoterapia e controle), apesar de o grupo Auriculoterapia ter tido
menores escores do Índice de Rhodes, instrumento utilizado para avaliar náuseas e vômitos.
Os dados também revelam que Tamanho do Efeito, no último dia de tratamento, foi próximo
ao moderado, apenas (d =0,28). O consumo de medicamentos antieméticos também não
apresentou diferença estatisticamente significativa e o tamanho de efeito foi considerado
pequeno (d =0,4), apesar de seu consumo também ter sido menor nas participantes do
grupo Auriculoterapia. Um estudo mais recente e com maior número de participantes
(NEGARANDEH et al., 2020) encontrou diferença estatisticamente significativa entre
o grupo Auriculoterapia e controle nos sintomas de náusea em gestantes, entretanto os
quadros de ânsia e de vômito (episódios de vômito) não apresentaram diferença estatística
significativa. Os tamanhos de efeito também foram pequenos no último dia do estudo: 0,19
para náusea, 0,25 para vômitos e 0,32 para ânsias de vômito. O Tamanho de Efeito para o
Índice de Rhodes total foi também pequeno (0,26).
E aí? Vale ou não a pena utilizar Auriculoterapia para controlar sintomas de náusea
e vômito em gestantes? As opções de medicamentos para controlar a náusea em gestantes
são limitadas, devido às restrições de segurança típicas dessa fase. Recordo-me da minha
esposa sofrendo terrivelmente com isso nos primeiros 3-4 meses de gestação, quase 24
horas por dia. Recordo-me, também, sobre como ela ficava aliviada em passar um pouco
de tempo que fosse sem vomitar ou se sentindo menos enjoada. Levando em conta o
prejuízo que esse quadro traz para a qualidade de vida das mulheres, especialmente
nos primeiros meses da gestação, penso que qualquer benefício obtido, especialmente
com um tratamento natural, vale a pena. Todavia, o profissional que objetiva tratar essa
Auriculoterapia na gestação
6
condição em suas pacientes, deve ser honesto com elas e consigo mesmo: é óbvio que a
Auriculoterapia ajudará algumas gestantes a sentirem-se melhor, porém essa opção não
deve ser apresentada como um tratamento altamente eficaz nesse quesito e o profissional
precisa compreender que, se ele tratar várias gestantes, por meio da Auriculoterapia, obterá
resultados com uma variação muito maior do que obteria, por exemplo, para tratar dor
(nisso a Auriculoterapia é altamente eficaz). Particularmente, eu tratei algumas gestantes
e tive resultados excelentes em algumas e nulos em outras, o que reflete as informações
disponíveis na literatura até o momento.
Talvez no futuro outros estudos revelem uma forma mais eficaz de tratar náuseas
e vômitos em gestante usando Auriculoterapia, mas até onde se sabe, sua eficácia
é pequena nesse propósito. Entretanto, outra coisa importante pôde ser observada,
nesses dois estudos, que envolveram ao todo 219 pacientes, a maioria com menos de 14
semanas: nenhum efeito adverso grave foi constatado, apresentando apenas efeitos como
dolorimento na orelha, tendo apenas uma paciente que sentiu parestesia em um membro
superior durante as aplicações. Disestesias em locais distantes do local de aplicação da
Auriculoterapia são esporadicamente relatados pelos pacientes.
Pós-parto
Um ensaio clínico randomizado e controlado que envolveu 90 mulheres que
passaram por parto cesariano dividiu as participantes em um grupo que fez Auriculoterapia
e outro grupo que recebeu uma aplicação placebo. O que foi constatado é que o grupo que
fez Auriculoterapia teve uma média de dor significativamente inferior à do grupo placebo
(d=0,98). Além disso, reduziu em 45% o risco de desenvolver dores no ombro após a
cirurgia. As participantes receberam a aplicação de Auriculoterapia duas horas antes da
cirurgia, e foram orientadas a estimular as sementes sempre que sentissem dor (MARYAM
et al., 2020).
Considerações finais
Embora exista necessidade de mais estudos de boa qualidade sobre o assunto,
a literatura disponível sugere que há evidência científica suficiente para compreender
que a Auriculoterapia pode ser aplicada com segurança em gestantes. Ainda não está
claro se existe algum risco em estimular, por exemplo, o ponto “útero” antes de a gestante
estar a termo, mas os pontos dos Zang Fu, altamente contraindicados por alguns autores
e professores da área, foram aplicados sem gerar nenhuma reação adversa contra a
gestação das participantes nos diversos estudos. Sobre o uso de pontos como “útero”,
“ovários” e outros órgãos do tipo antes do final da gestação, seria preferível aguardar a
Auriculoterapia na gestação
7
publicação de estudos contemplando a segurança do uso desses pontos. Gestações de
alto risco devem ser avaliadas individualmente para optar ou não pela Auriculoterapia. De
fato, a Auriculoterapia pode ajudar gestantes a sentirem menos dores, a parirem melhor
e mais rápido, bem como pode ajudar (embora com menor eficácia) no controle das
temíveis náuseas dos primeiros meses de gravidez. Portanto, é um tratamento de múltiplos
benefícios para este grupo, e as ressalvas do seu uso deveriam ser repensadas pelos
profissionais e professores da área de acordo com a evidência científica disponível.
REFERÊNCIAS
ABEDI, P. et al. The Effect of Auriculotherapy on Labor Pain, Length of Active Phase and Episiotomy
Rate Among Reproductive Aged Women. Journal of family & reproductive health, v. 11, n. 4, p. 185,
2017.
ASHER, G. N. Auriculotherapy for pain management: a systematic review and meta-analysis of
randomized controlled trials. Journal of Alternative and Complementary Medicine. v. 16, n. 10, p.
1097-1108, 2010.
CHEROBIN, F.; OLIVEIRA, A. R.; BRISOLA, A. M. Acupuntura e auriculoterapia como métodos não
farmacológicos de alívio da dor no processo de parturição. Cogitare Enfermagem, v. 21, n. 3, p. 1-8,
2016.
COHEN, J. Statistical power analysis for the behavioral sciences. 2. ed. Lawrence Erlbaum
Associates, 1988.
ENOMÓTO, J. Auriculoterapia Método Enomóto. 2. ed. São Paulo: Ícone, 2019.
ESPÍRITO SANTO, H.; DANIEL, F. Calcular e apresentar tamanhos do efeito em trabalhos científicos:
as limitações do p< 0, 05 na análise de diferenças de médias de dois grupos. Revista Portuguesa de
Investigação Comportamental e Social, v. 1, n. 1, p. 3-16, 2017.
FAUL, F. et al. A flexible statistical power analysis program for the social, behavioral and biomedical
sciences. Behavior Research Methods., v. 39, p.175-191, 2007.
FRÓES, N.B.M.; et al. Efeitos da auriculoterapia no tratamento de náuseas e vômitos: revisão
sistemática. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 75, 2021.
GARCIA, E. Auriculoterapia. São Paulo: ROCA, 1999.
HENDAWY, H.A.; ABUELNAGA, M.E. Postoperative analgesic efficacy of ear acupuncture in patients
undergoing abdominal hysterectomy: a randomized controlled trial. BMC anesthesiology, v. 20, n. 1, p.
1-8, 2020.
JANSSEN, P.A. et al. Auricular acupuncture for chemically dependent pregnant women: a randomized
controlled trial of the NADA protocol. Substance Abuse Treatment, Prevention, and Policy, v. 7, n.
48, p. 1-10, 2012.
Auriculoterapia na gestação
8
MARYAM, A. et al. The Effects of Auriculotherapy on Shoulder Pain After a Cesarean Section. Journal
of Acupuncture and Meridian Studies, v. 13, n. 5, p. 157-162, 2020.
PUANGSRICHARERN, A.; MAHASUKHON, S. Effectiveness of auricular acupressure in the treatment
of nausea and vomiting in early pregnancy. J Med Assoc Thai, v. 91, n. 11, p. 1633-8, 2008.
NEGARANDEH, R.; et al. Auriculotherapy as a means of managing nausea and vomiting in pregnancy:
A double-blind randomized controlled clinical trial. Complementary Therapies in Clinical Practice, v.
40, p. 101177, 2020.
NEVES, M. L. Manual prático de auriculoterapia. Porto Alegre: Edição do autor, 2009.
NEVES, M. L. Acupuntura Auricular e Neuromodulação. Porto Alegre: Merithus, 2019.
NEVES, TV. Debate: auriculoterapia e gestantes… Há motivos para receio? Cadernos de Naturologia
e Terapias Complementares, v. 7, n. 12, p.51-54, 2018.
NEVES, T.V. Auriculoterapia e gestantes: uma revisão narrativa. In BARBOSA, F.C. Medicina, a
ciência da vida. Piracanjuba: Editora Conhecimento Livre, 2020.p.213-224.
SANTOS, J. F. Auriculoterapia e Cinco Elementos. 3. ed.São Paulo: Ícone, 2010.
SILVA, A.V. G.; NAKAMURA, M.U.; SILVA, J.B.G. ‘forbidden Points’ in Pregnancy: Do They Exist?.
Acupuncture in Medicine, v. 29, n. 2, p. 135-136, 2011.
SOUZA, M.P. Tratado de Auriculoterapia. Brasília: LR Artes Gráfica e Editora Ltda., 2013.
VAS, J. et al. Effect of ear acupuncture on pregnancy‐related pain in the lower back and posterior pelvic
girdle: A multicenter randomized clinical trial. Acta obstetricia et gynecologica Scandinavica, v. 98, n.
10, p. 1307-1317, 2019.
WANG, Shu-Ming et al. Auricular acupuncture as a treatment for pregnant women who have low back
and posterior pelvic pain: a pilot study. American Journal of Obstetrics and Gynecology, v. 201, n. 3,
p. 271-271. e9, 2009.
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Acupuncture: review and analysis of reports on
controlled clinical trials. Geneva: WHO, 2002.
Auriculoterapia na gestação
9
O TRIÂNGULO CIBERNÉTICO
A expressão “Auriculocibernética” ou “Triângulo Cibernético” se destaca na literatura
com o professor Marcelo Pereira de Souza (SOUZA, 2013), que o descreve como sendo
uma combinação de pontos que foi guardada entre os mestres de acupuntura chineses.
Uma específica combinação de pontos auriculares que, quando utilizados em conjunto e
em uma ordem predefinida seriam capazes de intensificar a resposta do organismo aos
demais pontos aplicados em seguida. Há ainda uma ideia comum entre os professores
e profissionais de Auriculoterapia de que se o profissional inicia a aplicação do paciente
aplicando esses três pontos, ele já acertou 50% do tratamento proposto.
O Triângulo Cibernético é, assim, composto pelos pontos Shen Men (ou Shenmen),
Rim e Simpático, ou Sistema Neurovegetativo (SNV), aplicados respectivamente nessa
ordem. A disposição geométrica dos pontos forma de fato, um triângulo. É importante
mencionar que essa combinação não é um protocolo de tratamento para nenhuma
condição em particular, é uma combinação que, em tese, deveria fazer parte de quase todo
tratamento em Auriculoterapia. E quando digo quase todo é porque o próprio Souza (2013),
em seu Tratado de Auriculoterapia, descreve alguns protocolos que não contêm esses três
pontos. Entretanto, há vários profissionais da área que sugerem sempre utilizar o Triângulo,
independentemente da queixa ou do paciente, pois sempre haverá benefícios.
Os benefícios do Triângulo Cibernético foram observados empiricamente (SOUZA,
2013), mas será que essa combinação tem boa fundamentação científica? Um dos
passos mais importantes para compreender como essa estratégia age no organismo foi
dado por uma pesquisadora brasileira chamada Lirane Carneiro Suliano. Em seu estudo
(SULIANO et al, 2020) ela utilizou um exame chamado “neurometria” que verifica padrões
de atividade do Sistema Nervoso Central e alguns parâmetros fisiológicos e sintomas,
como ansiedade, ritmo e função respiratória cardiofuncional, atividade do Sistema Nervoso
Autônomo e resposta hemodinâmica. Três voluntários foram avaliados no momento zero,
15 minutos, 24 horas e 48 horas após o estímulo dos pontos do Triângulo Cibernético com
agulhas semipermanentes. O padrão de ativação cerebral visto nos gráficos gerados pela
neurometria sugere que houve uma resposta ampla do SNC para o estímulo dado, e os
demais parâmetros apresentaram melhora substancial, diminuindo o estado de ansiedade
e atingindo um estado de atividade regular do sistema nervoso autônomo. Embora esse
estudo nos tenha permitido conhecer melhor algumas das respostas do SNC para o
estímulo dos pontos do Triângulo Cibernético, o número de participantes foi pequeno e
ausência de um grupo controle dificulta isolar o efeito dos pontos utilizados.
Em outra análise (LOPES; SULIANO, 2016) foi comparado o estímulo dos pontos
do Triângulo Cibernético com os pontos Nariz, Cárdia e Olho. Foi possível perceber que
os pontos do Triângulo Cibernético geraram um padrão de ativação mais amplo do que os
outros pontos.
O Triângulo Cibernético
10
De toda forma, a literatura carece de ensaios clínicos randomizados e controlados
que avaliem os efeitos dessa combinação de pontos comparada a um grupo placebo para
verificar seus efeitos em parâmetros clínicos relevantes como dor, ansiedade, stress,
qualidade de vida, pressão arterial e assim por diante.
Alguns relataram ter tratado idosas apenas com essa combinação e observaram
benefícios no controle da dor, ansiedade e consumo de medicamentos. Entretanto, apenas
4 idosas participaram desse estudo, e os autores não se propuseram a comparar os
resultados com um grupo controle (SOUZA; SALVI, 2017).
Também é possível perceber que essa combinação se tornou popular e foi utilizada
em diversos estudos, predominantemente por pesquisadores brasileiros (WEILER; BORBA;
FERREIRA, 2012; ZANELATTO, 2013; BONIZOL et al., 2016; ALMEIDA; SALVI, 2017;
CASTILHO et al., 2019; MOURA et al., 2019a; MOURA et al., 2019b; OLANDA; FONSECA,
2019; MARTINEZ et al., 2020; SILVA et al., 2020; TRIGUEIRO et al., 2020; DEVILLA et al.,
2021). Nesses estudos, foi possível perceber que o uso desses três pontos era fixo, ou seja,
independentemente de quais eram os outros pontos a serem estimulados de acordo com o
quadro do paciente, o Triângulo era aplicado em todos participantes, revelando que esses
autores adotaram a perspectiva de Souza (2013) de que essa combinação é essencial ou
de que ela otimiza drasticamente o resultado do estímulo dos outros pontos. Alguns desses
estudos tiveram resultados positivos, outros não. Todavia, nenhum deles fez uma análise
exclusiva dos efeitos clínicos dessa combinação, comparando com um grupo controle. A
Auriculocibernética foi, em todos eles, associada a outros pontos pertinentes, por isso não
é possível saber se os resultados observados foram relevantemente influenciados por essa
combinação ou não.
Então, até o momento, não sabemos o grau de influência do Triângulo Cibernético
sobre o quadro clínico dos nossos pacientes. Devemos utilizar essa combinação? A priori,
vale a pena se considerarmos os efeitos desses pontos isoladamente. Vamos comentar
cada um deles.
O primeiro ponto a ser aplicado no Triângulo Cibernético é o Shen Men (ou Shenmen):
esse ponto é tido como um ponto de abertura na Auriculoterapia. Seu nome, que pode ser
traduzido como “Porta da Consciência”, traduz a ideia de que, por meio do seu estímulo,
os outros pontos estarão mais “abertos”, ou seja, terão suas respostas potencializadas ou
intensificadas. Essa capacidade possivelmente levou Suliano e Lopes (2016) a utilizarem
o termo “Sistema Nervoso Central (SNC)” para designar esse ponto. Essa nomenclatura é
controversa, pois os pontos do SNC, na somatotopia da orelha, estão localizados no lóbulo
da orelha, não na fossa triangular. Talvez esse nome tenha sido escolhido por fazer, a priori,
mais sentido para alunos ocidentais brasileiros do que Shen Men. De toda forma, essa não
é a sua única função: de maneira geral, o Shen Men é descrito como um ponto que tem
efeito analgésico, ansiolítico e anti-inflamatório (SOUZA, 2013, SULIANO; LOPES, 2016;
O Triângulo Cibernético
11
NEVES, 2019). É, de fato, o ponto de Auriculoterapia mais popular entre os profissionais da
clínica e os pesquisadores, sendo o ponto mais referido nos estudos científicos dentre os
protocolos utilizados nos ensaios clínicos (NEVES, 2020). Um estudo que aplicou apenas o
ponto Shen Men em puérperas, após a cesariana constatou que essa estimulação reduziu
os sintomas de ansiedade, fadiga e os níveis sanguíneos de cortisol das pacientes, que
tiveram melhora superior à do grupo controle (KUO et al., 2016).
O ponto Rim, por outro lado, aparece nos estudos científicos mais a associado ao
tratamento de questões geniturinárias, isso quando não está contido no triângulo cibernético.
A sua alocação entre os pontos da Auriculocibernética provavelmente seja devido ao fato
de que, energeticamente, diz-se na Medicina Tradicional Chinesa que a própria orelha
se origina da energia do Rim. Portanto, estimular esse ponto favoreceria a resposta de
todo o tratamento, já que a Auriculoterapia obteria seus efeitos sistêmicos, utilizando-se da
energia do Rim (outros microssistemas utilizam a energia de outros órgãos). Além disso,
o ponto Rim parece estar relacionado neurofisiologicamente com o aparelho geniturinário,
como um todo, como pode ser deduzido do estudo de Suen et al. (2015).
O terceiro e último ponto do Triângulo Cibernético é o ponto Simpático ou Sistema
Neurovegetativo (SNV). Atribui-se boa parte dos efeitos da Auriculoterapia à modulação
do Sistema Nervoso Autônomo e esse ponto seria capaz de otimizar o mecanismo
neurofisiológico por trás do tratamento. Esse ponto também é citado como um importante
ponto analgésico.
Somando essas características, é possível perceber que a teoria do Triângulo
Cibernético tem plausibilidade biológica, ou seja, ela faz sentido nessa linha de raciocínio.
Há professores que contra-argumentam, dizendo que não existe sentido em predefinir essa
combinação ou qualquer outra combinação em Auriculoterapia, porque cada organismo é
único e o tratamento precisa ser definido pela Clínica do paciente e que essa combinação
específica é arbitrária. Sobre essa concepção, escrevi outro ensaio exclusivamente sobre a
pertinência (ou não) dos protocolos de Auriculoterapia. Recomendo a leitura deles para um
melhor entendimento. O que eu digo de antemão é: embora essa contraposição também
faça sentido, nenhum de seus defensores jamais me mostrou ou publicou qualquer estudo
demonstrando que aplicar protocolos não produzia resultados. Por outro lado, quase
todos os estudos que obtiveram bons resultados com Auriculoterapia utilizaram protocolos
fechados.
Portanto, o Triângulo Cibernético pode ser recomendado e não parece haver
nenhuma evidência que contraindique essa combinação. Entretanto, até o momento,
permanecem algumas dúvidas a ser solucionadas com ensaios clínicos randomizados e
controlados: a ação do Triângulo Cibernético em termos clínicos é maior do que a ação
isolada dos seus pontos? O Triângulo Cibernético é muito superior ao placebo? Um
protocolo que inclui o Triângulo Cibernético tem resultados melhores do que um protocolo
O Triângulo Cibernético
12
que não inclua? Permanecem essas incógnitas.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, K. F.; SALVI, J. O. Auriculoterapia no tratamento de esofagite e hérnia de hiato: relato de
caso. Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research, v. 17, n. 1, p.130-133, 2017.
BONIZOL, W. L. et al. Tratamento da obesidade com auriculoterapia: relato de casos. Amazônia:
Science & Health, v. 4, n. 3, p. 19-24, 2016.
CASTILHO, L. S. et al. O efeito da auriculoterapia na inibição da espasticidade em pacientes com
encefalopatia crônica não progressiva da infância: estudo piloto. Revista UNIANDRADE, v. 20, n. 2, p.
83-90, 2019.
DEVILLA, J. D. et al. Auriculoterapia como tratamento na melhoria da qualidade de vida dos servidores
do CRAS de Blumenau-SC: estudo piloto. Cadernos de Naturologia e Terapias Complementares, v.
8, n. 15, p. 17-25, 2021.
KUO, S.Y. et al. Auricular acupressure relieves anxiety and fatigue, and reduces cortisol levels in
post-caesarean section women: A single-blind, randomised controlled study. International journal of
nursing studies, v. 53, p. 17-26, 2016.
LOPES, S. S.; SULIANO, L.C. Atlas de Auriculoterapia de A a Z. Curitiba: Omnipax, 2016. 180 p.
MARTINEZ, A.B. et al. Auriculoterapia como tratamento complementar à fisioterapia na qualidade de
vida em idosos com incontinência urinária. Acta Elit Salutis, v. 2, n. 1, p.1- 8, 2020.
MOURA, C. C. et al. Contribution of Chinese and French ear acupuncture for the management of
chronic back pain: A randomised controlled trial. Journal of clinical nursing, v. 28, n. 21-22, p. 37963806, 2019.
MOURA, C. C. et al. Effects of auricular acupuncture on chronic pain in people with back
musculoskeletal disorders: a randomized clinical trial. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v.
53, 2019.
NEVES, M. L. Acupuntura Auricular e Neuromodulação. Porto Alegre: Merithus, 2019.
NEVES, T.V. Pequeno livro de perguntas e respostas sobre auriculoterapia. Palmas: Edição do
autor, 2020.
OLANDA, K. K. R.; FONSECA, B. M. C. Auriculoterapia chinesa e saúde do trabalhador: uma
experiência exitosa com agentes comunitários de saúde. Revista de APS, v. 22, n. 4, 2019.
SILVA, H. L. et al. Efeitos da auriculoterapia na ansiedade de gestantes no pré-natal de baixo risco.
Acta Paulista de Enfermagem, v. 33, 2020.
SOUZA, L. M. T.; SALVI, J. O. A auriculoterapia cibernética em idosas: relato de caso. Cadernos de
Naturologia e Terapias Complementares, v. 5, n. 9, p. 63-68, 2017.
O Triângulo Cibernético
13
SOUZA, M. P. Tratado de Auriculoterapia. Brasília: LR Artes Gráfica e Editora Ltda., 2013.
SULIANO, L. C. et al. Neurometry Applied to Three Points Used for Positive Impulse in Auriculotherapy.
Journal of Complementary and Alternative Medical Research, p. 1-9, 2020.
TRIGUEIRO, R. L. et al. Covid-19 pandemic: report on the use of auriculotherapy to optimize
emergency workers’ health. Revista brasileira de enfermagem, v. 73, 2020.
WEILER, A. L.; BORBA, C. A. S.; FERREIRA, E. C. P. Auriculoterapia: tratamento do transtorno de
ansiedade em mulheres na menopausa e climatério. Pensamento Biocêntrico, n.18, p. 120-137,
2012.
ZANELATTO, A. P. Avaliação da acupressão auricular na Síndrome do Ombro Doloroso: estudo de
caso. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 66, p. 694-701, 2013.
O Triângulo Cibernético
14
PROTOCOLOS EM AURICULOTERAPIA: UMA POLÊMICA?
Há, no âmbito das Práticas Integrativas, um entendimento de que o tratamento do
paciente deve ser, de certa forma, “personalizado”. Ou seja, o tratamento aplicado a um
paciente não serve, a priori, para outro paciente pois ambos têm necessidades individuais
diferentes. Na Auriculoterapia, esse discurso também existe, é antigo e recorrente, tanto
entre praticantes da linha chinesa quanto da francesa. Recordo-me de ouvir uma aluna
comentando de um professor de Auriculoterapia que disse a ela que não adiantava eles
fazerem protocolos de Auriculoterapia, porque não iria funcionar para o paciente. Recordome de ver uma representante da linha francesa dizendo que protocolos só servem para
conhecer a linha de raciocínio do autor do protocolo, mas que o tratamento do paciente
precisava ser individualizado para funcionar adequadamente. E ambos justificavam essa
assertiva por razões bem diferentes: o primeiro, baseado na Teoria dos 5 Elementos da
Medicina Chinesa e a segunda, baseada na neurofisiologia aplicada à Auriculoterapia.
Ainda recordo de tantos outros profissionais que justificavam essa ideia dizendo que era
impossível protocolizar tratamentos em métodos, como a Auriculoterapia, porque cada
indivíduo é um organismo único. A priori, todas essas justificativas têm sentido lógico, mas
será que elas se sustentam do ponto de vista biológico e da evidência científica? Proponho
um exame mais detalhado sobre essas questões.
Cada organismo é único?
Quando entrei na faculdade, uma das disciplinas que mais me encantava era
Anatomia. Era algo ótimo entender os tipos diferentes de estrutura do organismo, as
funções das estruturas, as relações entre elas e as variações anatômicas. Todavia, era
legal assimilar, do ponto de vista técnico, que algumas pessoas tinham o estômago em
um formato ligeiramente diferente das outras, ou que o nervo ulnar em algumas pessoas
passava levemente desviado em relação à posição descrita nos atlas, ou que algumas
pessoas tinham a protuberância occipital mais proeminente do que outras. Mas são
variações, normalmente discretas se observarmos que fazem pouca diferença na função
global de cada uma dessas estruturas. Entretanto, todas as pessoas consideradas saudáveis
nasceram com o nariz abaixo dos olhos, o fígado do lado direito do corpo, o coração entre
os pulmões e assim por diante. Todos nós extraímos nossa energia principalmente do
oxigênio e dos alimentos. Em todos nós, o estômago tem a função de digerir alimentos,
não de depurar o sangue (que é a função dos rins) ou de armazenar urina (que é a função
da bexiga). E o que isso tem a ver com a nossa discussão? Simples: se olharmos para a
Anatomia e Fisiologia Humana, observaremos que cada um não é um organismo único,
mas sim que nós somos organismos iguais (ou seja, com o mesmo arranjo básico) com
variações individuais. “Ah, mas cada pessoa tem um código genético único!”. Sem dúvida! E
esse código genético foi estruturado justamente de modo a permitir que nós tenhamos uma
Protocolos em Auriculoterapia: uma polêmica?
15
estrutura que se assemelha aos outros indivíduos da espécie. Afinal, o DNA é a herança de
outras pessoas parecidas com a gente, não é?
Dizer que cada organismo é único significaria implicar em qualquer uma das
situações esdrúxulas mencionadas acima. Implicaria ainda, em algo ainda mais complexo:
como seria desenvolver tratamentos para a saúde em um universo onde cada organismo
fosse único? Seria infernal: as terapias manipulativas da coluna necessitariam todas de
Raio-X para entender como as articulações da coluna se relacionam naquele paciente.
A prescrição de um medicamento necessitaria de um estudo prévio daquele paciente em
laboratório para sabe quais órgãos estão exercendo quais funções, e então prescrever
um remédio que teria que ser desenvolvido para aquele paciente exclusivamente, ainda
pensando que cada composto químico poderia ter uma resposta completamente diferente
nesse pluralismo radical de organismos. E os cirurgiões, que abririam o corpo do paciente
sem jamais saber o que iriam encontrar embaixo da pele, ou qual seria o acesso mais seguro
para uma determinada operação, ou então teriam que fazer toda a cirurgia guiada por
Ressonância Magnética, o que encareceria ainda mais os custos da cirurgia? Complicado.
Felizmente, nós não somos assim. Tirando algumas pequenas variações, aqueles que
pertencem a uma mesma espécie (Homo sapiens, no caso) são predominantemente iguais
(se você está pensando nas anomalias e síndromes cromossômicas agora, eu vou repetir:
predominantemente iguais) (SMITH; WEISS; LEHMKUHL, 1997; MISULIS; HEAD, 2008;
DARWIN, 2014; HALL, 2021).
Por esse motivo, há tratamentos que funcionam muito bem para a maioria das
pessoas. Mas esse tratamento deve ser igual para todos os pacientes ou deve ajustar-se
às necessidades de cada um? Tratar as pessoas da mesma forma sempre funciona, já que
elas têm variações individuais? Há condições em que sim e há condições em que não,
como poderemos ver nos próximos tópicos. De toda forma, o mais importante é entender
que os organismos têm variações individuais que fazem com que nenhum tratamento seja
100% eficaz (ou seja, que tem resultado positivo em todas as pessoas), mas não são tão
diferentes entre si a ponto de todo tratamento precisar ser individualizado.
Vários tratamentos protocolizados são altamente eficazes
Uma das doenças que representa problema de saúde pública no Brasil é a
hanseníase, doença milenar (descrita pela primeira vez no Livro do Imperador Amarelo, tão
citado nos livros de acupuntura), transmissível e incapacitante. Existe apenas uma forma
de tratar essa doença, que é por meio da Poliquimioterapia (que não tem nada a ver com
a quimioterapia do câncer, diga-se de passagem, seu nome expressa apenas um conjunto
de remédios). A Poliquimioterapia para hanseníase é a combinação de 3 medicamentos:
Dapsona, Clofazimina e Rifampicina. Essa combinação é padronizada e reconhecida
como um tratamento padrão para a hanseníase em todo o mundo, sendo o tratamento
Protocolos em Auriculoterapia: uma polêmica?
16
determinado pelo Ministério da Saúde no Brasil (BRASIL, 2016). Tratamento esse doado a
diversos países e oferecido sem custo aos seus pacientes. Há casos, naturalmente em que
algumas pessoas têm intolerância a um ou outro desses medicamentos e eles podem ser
substituídos por ofloxacino ou minociclina. Entretanto, mais de 92% dos pacientes não têm
efeitos adversos do esquema padrão e, ao fazerem uso desses medicamentos, conseguem
curar-se do processo infeccioso da hanseníase. Além disso, a Poliquimioterapia também
ajudou a reduzir o número de indivíduos com sequelas devido a essa doença. Em uma
análise feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS) publicada em 1995, vê-se que,
desde a sua implementação pela OMS em 1991, esse coquetel favoreceu uma redução
de 57% no número de pacientes com incapacidades físicas decorrentes da hanseníase
(WHO, 1995). Embora o acompanhamento dos pacientes de hanseníase envolva uma série
de cuidados além dos remédios, esse é o único tratamento eficaz para hanseníase até o
momento. Isso não seria possível se cada um fosse um organismo único, não é?
Existe outro tipo de intervenção que é ainda mais padronizada e que no Brasil, a
maioria das pessoas conhece muito bem, se beneficia dela e cuja eficácia foi amplamente
demonstrada na literatura científica: as vacinas. Desde o seu surgimento, as vacinas como
um todo ajudaram a erradicar ou reduzir expressivamente o número de casos de várias
doenças, ou reduzir a magnitude dos efeitos das mesmas. Podemos observar o impacto
mundial da vacina contra o sarampo, de 1980 até 2015, no gráfico abaixo. É importante
mencionar que esse gráfico representa a relação entre a proporção de crianças com um
ano de idade vacinadas para sarampo e o número de casos da doença mundialmente,
o que nos leva a uma conclusão direta: quanto maior a cobertura vacinal de crianças
nessa faixa etária, menor a quantidade de casos. Na verdade, analisando os dados brutos
(MITTAL, 2017), pode-se dizer que 95% da variação no número de casos de sarampo pode
ser atribuída à cobertura vacinal que foi ampliada ao longo das décadas.
Protocolos em Auriculoterapia: uma polêmica?
17
Figura 2: Cobertura vacinal global VS casos de sarampo ao redor do mundo.
Fonte: https://ourworldindata.org/grapher/measles-vaccine-coverage-worldwide-vs-measlescases-worldwide.
A eficácia do conjunto de tecnologias que conhecemos como vacinas tornou-se de
amplo senso e isso foi devido aos seus resultados. Por exemplo, acredita-se que cerca de
150 a 200 milhões de vidas foram salvas em virtude da vacina contra a varíola entre 1980
e 2018 (OCHMANN; ROSER, 2018). Da mesma forma, o sucesso não apenas em salvar
vidas, mas também em evitar sequelas, como no caso da poliomielite (a “paralisia infantil”),
pode ser atribuído majoritariamente à vacinação em massa (OCHMANN; ROSER, 2017).
Se levarmos em conta que todas as pessoas vacinadas receberam a mesma fórmula
(se os lotes forem todos da mesma empresa, obviamente) e puderam se beneficiar dessa
intervenção, tal como foi devidamente verificado pelos ensaios clínicos randomizados e
controlados (nos quais a vacinação foi comparada com um placebo) e como pode ser
observado pelos próprios números observados após as campanhas de vacinação, não
poderíamos negar que, mesmo sendo um tratamento totalmente não individualizado,
funcionou e continua funcionando muito bem.
Há outros exemplos possíveis de serem citados, mas eu acredito que estes já
são suficientes para demonstrar que há condições que podem ser tratadas de maneira
padronizada. Entretanto, naturalmente essa assertiva não se aplica a todas as situações.
Protocolos em Auriculoterapia: uma polêmica?
18
Quando o tratamento precisa ser individualizado?
Há diversas circunstâncias e abordagens nas quais um tratamento pode e deve
ser individualizado. Talvez o melhor exemplo seja o acompanhamento nutricional: apenas
uma avaliação cuidadosa do paciente revelará quais são seus déficits nutricionais, quais
modificações uma pessoa precisa fazer em sua alimentação e assim por diante. As “dietas
da moda” e as dietas sugeridas por celebridades, digital influencers e outros são totalmente
descabidas, primeiramente porque, com frequência, são formuladas por indivíduos que não
possuem formação na área de Nutrição. Em segundo lugar, porque assumem que todas
as pessoas possuem as mesmas necessidades ou apresentarão as mesmas respostas a
essa ou àquela dieta, o que não poderia ser mais equivocado. É o tipo de abordagem que
precisa ser aplicada individualmente.
Em inúmeros casos, intervenções medicamentosas também precisam ser
individualizadas e levar em conta o peso, a idade, a cor da pele/etnia e o histórico de
saúde do paciente ou da sua família. Isso significa que há situações em que o tratamento
pouco muda de um paciente para outro, como no caso da hanseníase e há situações em
que o tratamento deve ser tão individualizado que é necessário, por exemplo, manipular o
medicamento a ser utilizado pelo paciente.
Exercício físico, a depender do objetivo, deve ser orientado individualmente também.
A maior parte dos leitores deve lembrar-se de algum treinador ou instrutor que sempre
começa seus treinos exigindo que todos os alunos se alonguem (frequentemente com o
mesmo tipo de alongamento e para o mesmo grupo muscular). Contudo, se uma pessoa
tem a musculatura muito flácida e a respectiva articulação apresenta hipermobilidade,
existe necessidade de alongar esse grupo muscular? Salvo alguns casos, o exercício
físico também deveria ser personalizado para levar em conta o gasto energético, a massa
muscular, a força de cada grupo ou músculo a ser trabalhado e assim por diante, visando
obter o melhor resultado e minimizar os danos ao participante.
Da mesma forma, há diversas outras abordagens que devem ser individualizadas.
Entretanto, a Auriculoterapia, especificamente, precisa ser individualizada?
Auriculoterapia, protocolos e eficácia
Talvez o leitor tenha chegado até aqui pensando: “Ok, vacinas são eficazes mesmo
não sendo personalizadas e eu entendi o que você disse sobre os outros tratamentos, mas
eu acho que especificamente as Práticas Integrativas precisam ser aplicadas de maneira
individual e personalizada”. Acho justo pensar que essas práticas, por serem diferentes,
precisam ser aplicadas de maneira diferente também. Entretanto, peço que me acompanhe
pelos próximos parágrafos para discutirmos sobre o ponto mais importante dessa questão.
Primeiramente é importante entender uma coisa: existe apenas uma forma de saber
Protocolos em Auriculoterapia: uma polêmica?
19
se um tratamento é eficaz, que é por meio de ensaios clínicos. Há alguns tipos de ensaios
clínicos e o que melhor permite avaliar a eficácia de uma abordagem é o Ensaio Clínico
Randomizado e Controlado, um tipo de estudo científico no qual um grupo de pessoas será
tratado com aquela abordagem cuja eficácia desejamos conhecer, e outro grupo servirá de
“controle”, ou seja, servirá de referência para saber como ficam os indivíduos que não são
tratados com a abordagem experimental. O grupo Controle pode ser um grupo que não
recebeu nenhum tratamento, ou um grupo que recebeu o tratamento convencional para
aquela doença/problema ou pode ser ainda um grupo que recebeu um tratamento placebo
(tratamento falso ou tratamento inerte). Os dois últimos tipos são tidos como controles
melhores para comparar com o grupo experimental. Então, como eu sei que um tratamento
é eficaz? O que significa dizer que um tratamento é cientificamente comprovado? Um
tratamento atinge esse status, quando, em um Ensaio Clínico Randomizado e Controlado
de boa qualidade, seus resultados são melhores do que os resultados do grupo controle.
Simples assim. É o caso da Auriculoterapia.
Diversos estudos compararam indivíduos que foram tratados com a estimulação
de pontos de Auriculoterapia que eram indicados para a condição sofrida por eles com
outro grupo de indivíduos, que foi estimulado em pontos que não eram úteis para aquela
condição (pontos placebo). O resultado? Pacientes estimulados nos pontos verdadeiros
tinham melhores resultados do que aqueles estimulados nos pontos placebo (CHANG et
al., 2012; KUREBAYASHI et al., 2017; VAS et al., 2019; MARYAM et al., 2020; ZHANG et
al., 2021). Em outros estudos, um grupo de pacientes recebia o tratamento convencional
somado à estimulação do pavilhão auricular enquanto o outro grupo de pacientes recebia
apenas o tratamento convencional e, para algumas condições, o grupo Auriculoterapia +
tratamento convencional tinha melhores resultados do que o grupo que recebeu apenas
o tratamento convencional (KUO et al., 2016; ABEDI et al., 2017; CHEN; LIN; WANG,
2018; HENDAWY; ABUELNAGA, 2020). Também houve estudos nos quais os pacientes
receberam o tratamento convencional, a Auriculoterapia e estimulação auricular placebo
(os chamados estudos “cruzados” ou crossover trials) e também obtiveram bons resultados
(SUN et al., 2018). Por meio desses estudos, podemos considerar que a Auriculoterapia é
eficaz para tratar uma série de condições. E aqui surge um ponto de conflito no discurso
daqueles que alegam que não existe protocolo na Auriculoterapia ou que ela não poderia
ser protocolizada: a maior parte dos estudos que constatou a eficácia dessa abordagem
utilizou tratamentos totalmente protocolizados. Portanto, pacientes foram tratados com
protocolos, sistematicamente supervisionados e tiveram bons resultados comparados com
o grupo controle, independentemente da configuração do grupo controle.
A evidência científica sugere, portanto, que utilizar protocolos em Auriculoterapia
funciona. Para todos os indivíduos? Obviamente que não. Até porque, não há um único
tratamento que funcione igualmente para todos os indivíduos, devido às variações entre os
Protocolos em Auriculoterapia: uma polêmica?
20
organismos, como já foi mencionado. Entretanto, se um tratamento funciona para a maioria
dos indivíduos, ele é considerado eficaz e pode ser recomendado para tratar aqueles
problemas para os quais foi testado. Seria, então, desnecessário tratar os nossos pacientes
individualmente na Auriculoterapia, desconsiderando seu histórico, sua personalidade, seu
biotipo e assim por diante?
Se tratarmos os indivíduos de maneira personalizada, frequentemente acabaremos
utilizando vários dos pontos que aparecem nos protocolos. Imagine que você tem
um indivíduo com queixa de tendinite do punho. Quais pontos deveriam estar no seu
tratamento? Provavelmente você utilizará um ponto de ação local, como o ponto “Punho”.
Ou então utilizará um ponto específico, como o ponto “Analgesia”. Talvez, se você for
da linha chinesa, utilizará o ponto “Fígado”, pois nessa perspectiva o fígado controla os
músculos e os tendões. Talvez você use os 3 pontos juntos, talvez não. Mas, veja bem,
todos esses pontos são pertinentes a esse quadro e eles aparecem em protocolos para
esse tipo de agravo (SOUZA, 2013). Ou seja, existe uma intersecção entre uma intervenção
protocolizada e uma personalizada. Alguns profissionais preferem usar protocolos, pois
acreditam que com isso terão maior chance de “acertarem”. Outros acreditam que,
pelo contrário, terão resultados melhores selecionando somente pontos diretamente
relacionados ao quadro daquele paciente. Particularmente, penso que um bom terapeuta
deve estar apto a utilizar ambas as abordagens. Além disso, há vantagens e desvantagens
nas duas formas de tratar.
Quando se utiliza de um protocolo de pontos definido por um bom raciocínio clínico
é possível abranger uma grande quantidade de pacientes com aquela queixa (seja dor
musculoesquelética, náusea, azia, constipação intestinal, alergia ou outras) e não precisar
aprofundar-se nos mecanismos etiológicos da queixa do paciente. Isso porque protocolos
frequentemente estão voltados para sintomas mais do que para causas. Essa característica
é muito útil aos profissionais iniciantes que ainda estão se apropriando da racionalidade por
trás da Auriculoterapia (oriental ou ocidental) e sentem-se inseguros em montar um esquema
terapêutico para cada paciente. Entretanto, podemos especular que um protocolo pode ser
menos eficaz, quando a etiologia do quadro do paciente não estiver relacionada com as
funções contempladas no protocolo. Um profissional que ainda está limitado, em termos
de conhecimento, pode também encontrar-se em uma situação ruim, caso esteja diante de
um paciente que apresente uma condição para a qual ele não “decorou” algum protocolo
ainda e os profissionais que optam por dependerem apenas de protocolo correm risco de
tornarem-se mais “estimuladores de pontos” do que auriculoterapeutas. Além disso, até
mesmo para elaborar um protocolo totalmente pronto, é necessário avaliar adequadamente
o seu paciente para selecionar o protocolo que melhor atende às necessidades dele.
Por outro lado, profissionais que desenvolvem apenas tratamentos individualizados
costumam aprofundar-se mais nas funções dos pontos, na Fisiologia ocidental, na Teoria
Protocolos em Auriculoterapia: uma polêmica?
21
dos 5 Elementos/Movimentos, enfim, na compreensão dos mecanismos que levam à
indicação de uma determinada combinação de pontos. Em decorrência disso, dificilmente
são “pegos de surpresa” diante de uma queixa inesperada relatada por um paciente e são
menos dependentes de livros ou de guias. Naturalmente que essa abordagem necessita
mais estudo e revisão dos conceitos básicos relacionados a ela, mas penso que o nosso
cérebro foi feito para ser exercitado mesmo. A desvantagem associada a essa forma de
tratar é que o raciocínio clínico incorreto poderia levar mais facilmente a um resultado
ineficaz de tratamento do que nos protocolos. Contudo, dificilmente um profissional que
faz um diagnóstico detalhado e um tratamento individualizado do seu paciente vai errar
categoricamente uma intervenção. Nesses casos é provável que a falta de um resultado de
qualidade seja porque o organismo daquele paciente não responde bem à terapia ou porque
aquele agravo que se pretendia tratar não teve boa resposta por meio da Auriculoterapia.
Parece mais técnico e mais eloquente dizer que um tratamento individualizado
levaria, na maior parte das vezes, a resultados muito melhores. Contudo, para afirmar
isso, seria necessário desenvolver um Ensaio Clínico Randomizado comparando as duas
formas de tratar e, até agora, não tomei conhecimento de nenhum estudo que tenha testado
essa hipótese. Dessa forma, aqueles que dizem que protocolos para Auriculoterapia
não funcionam, mesmo que digam que embasam suas abordagens na Fisiologia, na
Neurofisiologia, ou qualquer outra ciência básica da saúde, não estão divulgando uma ideia
baseada em evidências, mas apenas em percepções do ambiente clínico e percepções
do ambiente clínico não comprovam validade ou eficácia de terapia alguma, devido aos
inúmeros vieses que apresentam (Efeito Hawthorne, viés de memória, efeito placebo,
regressão para a média, história natural da doença, entre outros).
Considerações finais
Até o presente momento, a evidência científica indica que utilizar protocolos em
Auriculoterapia é eficaz, em boa parte das vezes, considerando que basicamente todos
os estudos que constataram eficácia desse método trabalharam dessa forma. Por meio
dessa constatação, fica refutada a ideia de que essa estratégia não deve ser usada ou
não funciona. Não há razões para pensar que abordagens individualizadas não funcionam,
visto que os pontos utilizados apresentarão semelhança com pontos de protocolos (ou
vice-versa). Todavia, ainda não é possível afirmar se tratar de maneira personalizada os
pacientes é melhor ou pior do que tratar de maneira protocolizada, visto que a literatura
carece de estudos que tenham verificado essa hipótese. Por fim, é importante deixar claro
que não se recomenda utilizar protocolos que contenham combinações cujos pontos não
foram utilizados com sucesso em estudos científicos.
Protocolos em Auriculoterapia: uma polêmica?
22
Referências
ABEDI, P. et al. The Effect of Auriculotherapy on Labor Pain, Length of Active Phase and Episiotomy
Rate Among Reproductive Aged Women. Journal of family & reproductive health, v. 11, n. 4, p. 185,
2017.
ASHER, G. N. Auriculotherapy for pain management: a systematic review and meta-analysis of
randomized controlled trials. Journal of Alternative and Complementary Medicine. v.16, n.10,
p.1097-1108, 2010.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 149, de 3 de fevereiro de 2016. Diário Oficial da União,
Poder Executivo, Brasília, DF, seção 1. p.45.
CHANG, L. et al. Auricular acupressure for managing postoperative pain and knee motion in patients
with total knee replacement: a randomized sham control study. Evidence-Based Complementary and
Alternative Medicine, v. 2012, 2012.
CHEN, C.; LIN, X.; WANG, X. Efficacy of non-invasive auricular acupressure for treating constipation
in leukemia patients undergoing chemotherapy: a systematic review. Complementary medicine
research, v. 25, n. 6, p. 406-412, 2018.
DARWIN, C. A origem das espécies. São Paulo: Martin Claret, 2014.
ESCOSTEGUY, C. C. Estudos de intervenção. In: MEDRONHO, R. A.; et al. Epidemiologia. 2. ed. São
Paulo: Editora Atheneu, 2009. p. 251-261.
HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. 13. ed. Rio de Janeiro: GEN, 2021.
HENDAWY, H. A.; ABUELNAGA, M. E. Postoperative analgesic efficacy of ear acupuncture in patients
undergoing abdominal hysterectomy: a randomized controlled trial. BMC anesthesiology, v. 20, n. 1, p.
1-8, 2020.
KUREBAYASHI, L. F. S. et al. Auriculoterapia para redução de ansiedade e dor em profissionais de
enfermagem: ensaio clínico randomizado. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 25, 2017.
KUO, S.Y. et al. Auricular acupressure relieves anxiety and fatigue, and reduces cortisol levels in
post-caesarean section women: A single-blind, randomised controlled study. International journal of
nursing studies, v. 53, p. 17-26, 2016.
MARYAM, A. et al. The Effects of Auriculotherapy on Shoulder Pain After a Cesarean Section. Journal
of Acupuncture and Meridian Studies, v. 13, n. 5, p. 157-162, 2020.
MISULIS, K. E.; HEAD, T. C. Netter, neurologia essencial. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
MITTAL, R. Measles vacines coverage worldwide vs Measles cases worldwide. OurWorldInData.
org. 2017. Disponível em: <https://ourworldindata.org/grapher/measles-vaccine-coverage-worldwide-vsmeasles-cases-worldwide>. Acesso em: 11 jan. 2022.
OCHMANN, S.; ROSER, M. Polio. OurWorldInData.org. 2017. Disponível em: <https://ourworldindata.
org/polio>. Acesso em: 11 jan. 2022.
Protocolos em Auriculoterapia: uma polêmica?
23
OCHMANN, S.; ROSER, M. Smallpox. OurWorldInData.org. 2018. Disponível em: <https://
ourworldindata.org/smallpox>. Acesso em: 11 jan. 2022.
SOUZA, M. P. Tratado de Auriculoterapia. Brasília: LR Artes Gráfica e Editora Ltda., 2013.
SMITH, L. K.; WEISS, E. L.; LEHMKUHL, L. D. Cinesiologia clínica de Brunnstrom. 5. ed. Barueri:
Manole, 1997.
SUN, Dalei et al. Auricular acupressure improves habit reversal treatment for nail biting. The Journal of
Alternative and Complementary Medicine, v. 25, n. 1, p. 79-85, 2019.
VAS, J. et al. Effect of ear acupuncture on pregnancy‐related pain in the lower back and posterior pelvic
girdle: A multicenter randomized clinical trial. Acta obstetricia et gynecologica Scandinavica, v. 98, n.
10, p. 1307-1317, 2019.
VIEIRA, S.; HOSSNE, W.S. Metodologia científica para a área da saúde. 2. ed. Rio de Janeiro: GEN,
2020.
World Health Organization (WHO). Leprosy disabilities: magnitude of the problem. Wkly Epidemiol
Rec., v. 70, p. 269-75, 1995.
ZHANG, X. et al. Auricular acupressure for treating early stage of knee osteoarthritis: a randomized,
sham-controlled prospective study. QJM: An International Journal of Medicine, 2021.
Protocolos em Auriculoterapia: uma polêmica?
24
SOBRE O AUTOR
TIAGO VELOSO NEVES - É graduado em Fisioterapia e mestre em Ciências da Saúde.
Possui, ainda, formação em diversos métodos terapêuticos, sendo a maior parte deles em
Práticas Integrativas e Complementares, como Acupuntura, Tui Na (Massagem Chinesa),
Lian Gong em 18 Terapias, Meditação, Yogaterapia, Massagem Ayurvédica ou indiana,
Reflexologia Podal, Meditação Mindfulness, Ginástica Holística, entre tantas outras e,
naturalmente… a Auriculoterapia ou Acupuntura Auricular. Atualmente, é servidor da
Secretaria Municipal de Saúde de Palmas e professor do curso de Medicina do Instituto
Tocantinense Presidente Antônio Carlos (ITPAC-Palmas), além de atender como
fisioterapeuta clínico no Realize Estética e Fisioterapia, majoritariamente utilizando Práticas
Integrativas em seus tratamentos. Ministra cursos, oficinas e capacitações sobre diversas
abordagens terapêuticas, especialmente auriculoterapia. É também autor do livro “Pequeno
livro de perguntas e respostas sobre auriculoterapia”, o primeiro livro do tema publicado no
formato “perguntas e respostas”. Quer saber mais sobre o autor? Acesso o Currículo Lattes
dele pelo QR Code abaixo:
Sobre o autor
25