Academia.eduAcademia.edu

RESUMO DA ALEGORIA DA CAVERNA DO FILÓSOFO PLATÃO

"Textos Básicos de Filosofia -Dos pré-socráticos a Wittgenstein", publicado por Jorge Zahar Editora, em 1999. Na sua 3ª edição e com 184 páginas, é um livro que tem por intuito colocar o estudante em contato com as fontes da Filosofia, de modo a levá-lo a uma leitura mais aprofundada da obra original, da qual as passagens foram extraídas.

RESUMO DA ALEGORIA DA CAVERNA DO FILÓSOFO PLATÃO Rio de Janeiro 1 OBRA “Textos Básicos de Filosofia – Dos pré-socráticos a Wittgenstein”, publicado por Jorge Zahar Editora, em 1999. Na sua 3ª edição e com 184 páginas, é um livro que tem por intuito colocar o estudante em contato com as fontes da Filosofia, de modo a levá-lo a uma leitura mais aprofundada da obra original, da qual as passagens foram extraídas. 2 CREDENCIAIS DO FILÓSOFO Platão foi um filósofo grego que viveu entre 428-348 a.C. Nasceu em Atenas, autor de vasta obra filosófica, dentre as quais, destaca-se A República, um tratado político-filosófico, uma de suas obras-primas, escrita em forma de diálogos. 3 DIGESTO Em forma de alegoria, Platão relata um diálogo entre Sócrates e Glauco. O filósofo descreve a realidade na Alegoria da Caverna como um grupo de homens prisioneiros no fundo de uma caverna, que viviam acorrentados desde a infância. Esses homens contemplavam, por meio de um muro a frente deles, as sombras de objetos projetados pela luz do fogo que estava aceso atrás dos mesmos. Um dos prisioneiros se libertou e seguiu, com dificuldades, até a saída da caverna, passando por um caminho que sobe. Fora da caverna, o prisioneiro liberto se deparou com as imagens reais (em vez de sombras projetadas), e depois, com o sol, que iluminava tudo ao seu redor. Com isso, ele conheceu uma realidade diferente da qual estava habituado, uma realidade que ele não imaginava. Finalmente, o prisioneiro voltou à caverna para mostrar aos demais prisioneiros a realidade como verdadeiramente é, mas ele não foi compreendido e terminou por ser hostilizado. O processo de libertação do prisioneiro se dá quando ele conflita com a própria acomodação e, estimulado pela curiosidade, se projeta para fora do seu mundo, no intuito de buscar algo além de si mesmo – a busca do conhecimento. O prisioneiro sofre ao ser libertado, pois se sente dolorido por ter estado imóvel por anos. Num primeiro momento os olhos dele doem, a fogueira irrita suas vistas. Posteriormente, o brilho da luz ofusca seus olhos e o impossibilita de enxergar o seu redor por alguns instantes. Ao acostumar-se depois com a claridade é capaz de assimilar a realidade das coisas em sua plenitude e enxergar uma realidade diferente da qual estava atrelado, descobre que durante toda sua vida, não vira senão sombras, as aparências, e que seu mundo não é nada do que imaginava. Estava preso aos conceitos que lhe apresentaram, creu neles da mesma forma como lhe foram transmitidos, tomou-os como verdadeiros sem ao menos refletir se o juízo que fez de tudo era mesmo o correto. Agora contempla o mundo verdadeiramente. Esta alegoria mostra a diferença entre o mundo visível – percebido por meio da aparência e o mundo das ideias – apreendido pelo pensamento, exclusivamente. Para se ver as coisas como elas realmente são é preciso que haja luz. O conhecimento é a luz da vida, que ilumina o caminho e dá a visão real do mundo e das coisas, o conhecimento da verdade. Conhecer a verdade é enxergar com os olhos da inteligência, é libertar-se da ignorância e libertar o espírito para que seja levado a se ver na própria essência. O prisioneiro liberto nada mais é que o filósofo desempenhando seu papel diante do mundo. Uma vez liberto, transformado e adquirido a sabedoria, o prisioneiro sente que deve voltar à caverna. Ele viu a luz do conhecimento e sente que deve levá-la, tem a intenção de divulgar e compartilhar o que conheceu com os antigos conviventes – a existência de outra realidade. O prisioneiro liberto percebe que é imprescindível a troca dessa luz, pois ele não se contenta em só atingir o saber. Ele sabe que precisa motivar os companheiros a percorrer o caminho até a verdade. O prisioneiro liberto volta à caverna, para expor aos outros prisioneiros o encontro com a luz. É uma fase de sacrifício, pois divulgar o conhecimento adquirido é romper com a inércia da ignorância. Ao voltar à caverna o prisioneiro liberto exerce um papel pedagógico e até mesmo político no intuito de indicar o novo caminho aos antigos companheiros, numa tentativa de libertá-los da ignorância. Ele percebe a dificuldade dos outros em compreender que tudo em que eles acreditavam era ilusão. Os outros prisioneiros zombam do liberto, não acreditam em suas palavras e se revoltam pelo fato de o liberto possuir uma verdade que não é mais a mesma deles, e o acham ridículo. Os prisioneiros concluem que após ter ido ao alto o liberto retorna perdido à caverna. Caso o liberto ainda insista em afirmar o que conheceu e convide os prisioneiros a também sair da caverna, com certeza, eles tentarão silenciá-lo e essa incompreensão acabaria por matá-lo. 4 CONCLUSÃO DO AUTOR Platão conclui que a caverna é o mundo aparente e o que a ilumina é a luz do sol. O prisioneiro que se liberta das correntes se projeta a um mundo superior e o contempla. É o início da elevação do espírito para o mundo inteligível. Esta metáfora apresenta o conhecimento de um mundo limitado por circunstâncias materiais e sensoriais e existe outro, um mundo real a ser conhecido, que para isso, dependerá do homem em se libertar da própria ignorância. Saindo da acomodação o homem poderá ser capaz de indagar e refletir a própria realidade e adquirir outros conhecimentos. 5 METODOLOGIA DO AUTOR A Alegoria da caverna revela o modo metafórico como Platão revela a importância e o papel do conhecimento para a evolução do mundo. A busca da luz se dá por meio da Filosofia. Em sua metodologia, faz uso da dialética, usando a arte do diálogo, da contraposição e contradição de ideias que leva a outras ideias.  6 CONCLUSÃO DO ALUNO O filósofo é quem vê a luz do conhecimento sem ter medo dela. É aquele que questiona, abre a mente e busca a verdade, se liberta dos grilhões do preconceito e enfrenta sua realidade não aceitando tudo o que lhe impõem. O filósofo não se atém às amarras que prendem o homem comum às falsas crenças, porque busca o entendimento e apreende um mundo mais amplo. O papel do filósofo, segundo esta alegoria, é levar o conhecimento para a sociedade, pois sua compreensão de realidade transcende aos valores do senso comum. Ele contribui para a transformação do meio social com a conscientização do homem. Na história da humanidade é comum se deparar com a exploração de classes tidas como inferiores devido à detenção do saber por classes dominantes. Pessoas “sem luz” desconhecem as origens dos conceitos que lhes são impostos, por isso não tem condições de contestá-los e os tem como verdades inquestionáveis e acabam por ser dominadas por dogmas que apresentam o falso por verdadeiro e o justo pelo injusto. O filósofo é capaz de compreender a natureza humana e o real em sua totalidade, por isso enxerga o que está implícito nas convenções sociais. Ele vive a importância de levar ao outro o conhecimento e o discernimento e não pretende com isso exercer domínio, porque sente a necessidade de engrandecer o outro, a vida e o mundo, dando ao homem condições para que, assim como o próprio filósofo, possam compreender os mecanismos que constroem a vida em sociedade. Platão mostra como a figura do filósofo é mal interpretada pela sociedade que tenta transformar. Quando tenta espalhar a luz do conhecimento, o filósofo é massacrado por aqueles que vivem no senso comum, porque é visto como uma ameaça aos valores e padrões já estabelecidos dentro dessa comunidade. Nessa alegoria, Platão mostrou que é sempre doloroso chegar-se ao conhecimento, tendo-se que percorrer caminhos por vezes tortuosos para alcançá-lo, romper com a alienação é um exercício de vida para se chegar à contemplação das ideias morais que regem a sociedade - o bem, o belo e a justiça. Por isso o pensamento filosófico é tido como um perigo, uma perturbação paz e da ordem, para muitos é preferível viver nas sombras a enfrentar outra realidade, um mundo novo e desconhecido. 2