UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA
CENTRO REGIONAL DE BRAGA
FACULDADE DE FILOSOFIA
Terapia assistida por animais: revisão bibliográfica
Monografia apresentada à Universidade Católica Portuguesa para finalização da
Licenciatura em Psicologia.
Por
Eduardo Manuel Maia Pimentel Tavares
Junho – 2013
UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA
CENTRO REGIONAL DE BRAGA
FACULDADE DE FILOSOFIA
Terapia assistida por animais: revisão bibliográfica
Monografia apresentada à Universidade Católica Portuguesa para finalização da
Licenciatura em Psicologia.
Por
Eduardo Manuel Maia Pimentel Tavares
Sob a orientação de Prof.ª Doutora Maria de Fátima Rodrigues Leitão Lobo de Araújo
Junho - 2013
Resumo
A Terapia Assistida por Animais (TAA) é uma técnica direccionada,
individualizada e com critérios específicos, na qual o animal é parte integrante do
processo de tratamento, devendo ser aplicada, documentada, avaliada e supervisionada
periodicamente por profissionais de saúde devidamente habilitados. A TAA é um
método claramente multidisciplinar que requer a intervenção de especialistas de
diferentes áreas entre eles médicos, psicólogos, médicos veterinários e fisioterapeutas, a
fim de avaliar a indicação do método no paciente humano, bem como o tipo de animal a
ser utilizado no programa de recuperação. O princípio do método tem em conta a
capacidade do animal de evocar emoções comunicativas no ser humano estabelecendo,
por outro lado, uma sólida ligação entre o homem e o animal, com base no processo de
comunicação interespécies. Em termos gerais é aceite que a terapia assistida por animais
pode ser uma forma única e inovadora para lidar com as doenças e distúrbios
emocionais e mentais, como ficou provado em numerosos estudos. É a partir deste
pressuposto que se desenha o presente trabalho que, através de uma metodologia de
revisão bibliográfica pretende suportar aquela afirmação. É apresentada uma breve
história e contextualização do tema, uma discussão sobre a terminologia e um resumo
das terapias que utilizam animais. É feita uma revisão sobre a investigação mais
relevante neste campo, seguida pela abordagem das diversas formas de terapia animal,
uma discussão sobre os desafios, limitações e considerações éticas e um breve ponto
sobre o estado da arte no nosso país. Em nosso entender, sistematizar o conhecimento
sobre a intervenção do psicólogo no campo de actuação profissional da terapia assistida
por animais, permite uma contribuição para a psicologia como instituição, ampliando o
seu campo de actuação profissional, indo portanto de encontro às actuais limitações do
mercado de trabalho.
Palavras-Chave: Actividades assistidas por animais; terapia assistida por animais;
psicoterapia com apoio de animais; vinculo humano-animal.
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Abstract
The Animal Assisted Therapy (AAT) is a technique focused, individualized and
with specific criteria, in which the animal is an integral part of the treatment process, it
has to be implemented, documented, evaluated and supervised regularly by health
professionals duly qualified. The AAT is a multi-disciplinary method that clearly
requires the intervention of specialists in different fields including physicians,
psychologists, veterinarians and physical therapists in order to evaluate the method
indication in the human patient as well as the type of animal to be used in the recovery
program. The principle of the method takes into account the animal's ability to evoke
emotions in the human communicative setting, on the other hand, a strong bond
between man and animal, based on the process of interspecies communication. In
general, it is accepted that animal-assisted therapy can be a unique and innovative way
to deal with the illness and both emotional and mental disorders, as proven in numerous
studies. It is this premise that draws this work through a methodology of literature
review that aims to support this statement. It’s presented a brief history and context
about the topic, a discussion of the terminology and a summary of therapies using
animals. A review of the most relevant research in this field, followed by the approach
of the various forms of animal therapy, a discussion of the challenges, limitations and
ethical considerations and a brief point about the state of the practice in our country. In
our view, systematize knowledge about the intervention of the psychologist in the field
of professional activity of animal-assisted therapy allows a contribution to psychology
as an institution, expanding its field of professional activity, thus going against the
current limitations of the labor market.
Keywords: animal assisted activities, animal assisted therapy, psychotherapy and
support animals, human-animal bond.
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Índice
Introdução
1. O vínculo homem-animal
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2. Contextualização teórica das intervenções assistidas por animais
8
2.1 Teoria da vinculação
8
2.2 Hipótese da biofilia
10
2.3 A teoria cognitiva social
11
2.4 Instrumentos de avaliação
14
3. Terminologia
14
4. Abordagens terapêuticas envolvendo animais
17
4.1 Terapia com cavalos
17
4.2 Terapia com animais de produção
18
4.3 Terapia com golfinhos
19
4.4 Terapia com cães
20
4.5 Terapia com gatos
21
4.6 Terapia com animais de pequeno porte
21
5. Investigação na área da psicoterapia
22
5.1 TAA e abuso sexual
23
5.2 TAA e controlo da raiva
23
5.3 TAA e saúde mental
24
5.4 TAA e perturbação do défice de atenção e hiperactividade
24
5.5 TAA como auxiliar de diagnóstico
25
5.6 TAA e comunicação
26
5.7 TAA e counselling
27
6. TAA em Portugal
27
7. Desafios e limitações
29
8. Conclusão
31
9. Referências bibliográficas
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Introdução
Ao longo dos tempos, inicialmente através da observação e experiência própria e
posteriormente através de estudos científicos, o homem tem vindo a aprender a
descobrir algumas das potencialidades relacionais e terapêuticas dos animais. Têm-se
desenvolvido com alguns animais várias actividades no sentido de proporcionar bemestar às pessoas, com ou sem problemas de saúde, tais como: companhia, protecção e
outros benefícios (McCulloch, 1983).
No final da era glaciar a espécie humana sofreu uma revolução socioeconómica que
viria a mudar o rumo da humanidade. De uma sociedade de caçadores recolectores,
vagueando pelas terras como nómadas ou seminómadas, estabelecendo acampamentos
provisórios e sobrevivendo daquilo que conseguiam colher e dos animais que
conseguiam caçar, a humanidade iniciou a sua evolução para a era da agricultura e da
domesticação dos animais. As necessidades alimentares podem pois ser consideradas a
primeira forma de relação funcional que o homem estabeleceu com as demais espécies
animais na natureza. Essa nova forma de controlo das variáveis ambientais passaria a
estabelecer um ponto de divisão brusco na história evolutiva humana. Inicialmente
ainda utilizados como alimento, os animais foram assumindo outras funções ao longo
dos tempos, na medida em que suas características eram aproveitadas para obter
diferentes benefícios para o homem. Cerca de 12 mil anos após o fim da era glaciar e
início da domesticação dos animais uma nova função começou a tomar forma a partir
das possibilidades de relação entre seres humanos e animais: o convívio ao longo desses
milhares de anos possibilitou perceber que a interacção entre homens e animais poderia
ter efeitos terapêuticos.
A descoberta dos efeitos sobre o ambiente relacional e a saúde humana resultantes
da relação entre pessoa e animal em contexto institucional tem séculos de existência.
Remontam a 1600 os primeiros relatos históricos sobre o contributo dos animais para o
bem-estar das pessoas, incluindo a dissertação de John Locke sobre uso de animais de
pequeno porte para ajudar a cultivar a empatia e a responsabilidade em crianças (Fine,
2010).
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A literatura refere informações que indicam ter sido uma descoberta realizada em
contexto psiquiátrico, no manicómio York Retreat, e estimulada pelo interesse em
ocupar e ajudar a desenvolver o autocontrolo da pessoa (McCulloch, 1983). Neste caso,
a TAA foi utilizada intuitivamente por William Tuke, em 1792, no tratamento de
doentes mentais. A hipoterapia, uma modalidade de TAA, teve as suas primeiras
referencias como tratamento médico no século XVIII, com o objectivo de melhorar o
controlo da postura, a coordenação e o equilíbrio de pacientes com distúrbios articulares
(De Pauwn, 1984).
Todavia, embora se tenha difundido esse modelo, o de proporcionar o contacto com
os animais às pessoas com perturbações psiquiátricas institucionalizadas através do seu
cuidado e da relação no dia-a-dia, de que são exemplos as experiências desenvolvidas
na Alemanha, no centro de reabilitação de Bethel, em 1867 e nos Estados Unidos, no
hospital militar The Pawling Army Air Force Convalescent Hospital, na década de 40
do século XX (McCulloch, 1983), são escassos os registos sistematizados e divulgação
dos possíveis resultados que tenham contribuído para o reconhecimento do valor sócio
emocional e terapêutico das TAA. Só a partir da década de 40 do séc. XX começaram a
surgir publicações sobre os efeitos dos animais de estimação/animais de companhia
(pet). Em contexto psiquiátrico, a divulgação foi feita com a contribuição do psicólogo
Boris Levinson, considerado o pioneiro deste tipo de modalidades, a par com dois
colaboradores psiquiatras Sam e Elizabeth Corson. Parece não ter sido fácil fazer vingar
estas práticas na época, visto que foram consideradas ridículas por várias pessoas que
não acreditavam nas influências positivas. Embora os relatos anedóticos referindo os
benefícios do vínculo humano-animal para promover o bem-estar ultrapassem
exponencialmente a pesquisa académica, a realidade é que, nos últimos anos,
investigações fidedignas têm cada vez mais inspirado a prática da integração dos
animais em terapia (Taylor, 2001).
A interacção entre grupos de profissionais de diferentes áreas promovida pelo The
Center on Interactions of Animal and Society (Delta Society), em 1979, foi um
importante acontecimento que estimulou numerosas pesquisas sobre esta temática,
seguindo diferentes abordagens em contextos diversos, como, por exemplo, instituições
de
acolhimento,
prisões,
escolas,
centros
de
reabilitação
e
hospitais.
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Compreensivelmente, existiram algumas dificuldades desde a origem e ao longo do
processo de evolução deste tipo de modalidades que de forma complexa estariam
associadas a diferentes factores sócio históricos, culturais, políticos, económicofinanceiros e científico-metodológicos.
Ainda hoje algumas dessas dificuldades persistem, nomeadamente as inerentes à
obtenção de resultados científicos que demonstrem, com evidências consistentes, a sua
validade e eficácia ao nível da saúde e qualidade de vida das pessoas com perturbações.
Também a criação de condições para a sua implementação, levanta ainda muitas
questões e é limitada por constrangimentos diversos.
1. O vínculo homem-animal
A relação homem-animal pode ser caracterizada, historicamente, em três fases
(Chieppa, 2002). A primeira fase é caracterizada por uma concepção arcaica do animal,
em que estes eram tomados como divindades. Nas civilizações da Mesopotâmia (4.000
a.C.), e principalmente na egípcia, os animais assumiram formas de deuses e
representavam o bem e o mal. Uma segunda fase, em que vigora a concepção
económico-funcional
do
animal,
abrangendo
principalmente,
o
período
do
renascimento, é marcada pelo surgimento e pela busca de uma cultura antropocêntrica e
humanista. Neste cenário, a natureza está à disposição do homem e das suas
necessidades, logo, os animais são utilizados como força de trabalho ou produtos a
serem consumidos. Por último, uma terceira fase que se centra na concepção ética do
animal Esta fase, que contempla o actual período histórico - a idade contemporânea revela uma relação de troca entre homem e animal, baseada no respeito. É elaborada
legislação que garante os direitos e liberdades dos animais, inclusive pelos benefícios
emocionais e físicos por eles garantidos ao homem. Discussões sobre o bem-estar
animal, o uso dos mesmos na investigação e eventos de diversão - recriminando e
regulando questões relacionadas com sofrimento e dor - ganham relevância e dá-se um
aumento significativo da quantidade de animais que integram o espaço familiar.
Evidencia-se, assim, um panorama de socialização dos mesmos, reflectindo as
mudanças no comportamento humano quanto à significação cultural da relação homemanimal.
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O impacto dos processos de urbanização, de melhoria das condições sanitárias e
alterações na estrutura familiar tradicionais são apontados, actualmente, como
elementos importantes na configuração da interacção entre homens e animais. Os
processos higio-sanitários e o controle das zoonoses, promoveram um contacto com
menos receios, pois as doenças que estavam constantemente associadas aos animais
(como a raiva) foram erradicadas ou entraram em fases de controlo avançado. Marcas
deste processo são a cobertura cada vez maior do território por clínicas veterinárias e os
inúmeros espaços comerciais dedicados aos animais.
A noção de que a interacção com um animal ou mesmo a sua mera presença pode
induzir efeitos tranquilizantes em humanos está suficientemente difundida na literatura
sobre intervenções assistidas por animais. Uma das explicações mais difundidas neste
referencial de efeito tranquilizante está relacionada com a noção de Biofilia. Segundo
essa proposta de explicação, do ponto de vista evolucionista, os seres humanos
potenciaram a sua probabilidade de sobrevivência a partir da observação do ambiente. A
observação de animais em estado de calma seria um indicador de ausência de ameaça e
proporcionaria assim nas pessoas uma sensação similar. Tal comportamento
seleccionado nas épocas primordiais da humanização ainda estaria presente no da
espécie humana em pleno século XXI. Apesar de ser uma proposta para explicar porque
observar animais ou entrar em contacto com estes seria terapêutico, não existe evidência
demonstrativa de que o efeito calmante proporcionado por um animal se deva a
qualquer atracção inata por animais. Basta avaliar o caso de pessoas que têm medo de
animais, para as quais a mera visão do animal é suficiente para que o organismo
apresente respostas fisiológicas de luta ou fuga.
Outra possível explicação para o potencial terapêutico dos animais é que, por ser
agradável, a interacção com animais possui um papel potenciador de certos
comportamentos (Brickel, 1985 citado por Kruger & Serpell, 2010). Dessa forma, a
presença de animais em situações geradoras de ansiedade como, por exemplo, sessões
psicoterapêuticas iniciais, ajudaria a diminuir a ansiedade por meio do efeito distractor
provocado pelo contacto com o animal, além de simultaneamente reforçar
comportamentos relevantes como comparecer à sessão e permanecer nela. No entanto,
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esta proposição apenas explica uma parte do processo, não tornando claro porque os
animais teriam essa propriedade calmante ou prazerosa.
2. Contextualização teórica das intervenções assistidas por animais
Kruger e Serpell (2010) afirmam que o campo das intervenções assistidas por
animais "carece de uma estrutura teórica unificada, amplamente aceite e empiricamente
suportada para explicar como e porquê as relações entre seres humanos e animais são
potencialmente terapêuticas" (p. 37). No entanto, os constructos teóricos que foram
aplicados às intervenções assistidas por animais incluem, na maioria das vezes, as
seguintes perspectivas.
2.1 Teoria da vinculação
O vínculo homem-animal é frequentemente conceptualizado no âmbito da teoria da
vinculação. A vinculação pode ser definida como um vínculo emocional e duradouro
entre as pessoas, onde o indivíduo se esforça para manter proximidade com a figura de
vinculação, considerando-a como um refúgio seguro face à tensão e, utilizando-a como
uma base sólida a partir da qual pode gerar um comportamento autónomo (Holmes,
1993; Parish-Plass, 2008). As crianças internalizam representações das suas figuras de
vinculação e representações de si mesmas em relação a essas figuras. Eventualmente,
essas representações tendem a generalizar e influenciam as relações da pessoa com
outros indivíduos, bem como o seu auto conceito (Holmes, 1993). Crianças firmemente
vinculadas desenvolvem auto conceitos positivos, que lhes permitem confiar nos
cuidadores e outras pessoas significantes. Desenvolvem a empatia e a capacidade de se
auto tranquilizar em momentos de tensão, sendo então, capazes de desenvolver relações
positivas com os outros. Em contrapartida, as crianças com vínculos inseguros
desenvolvem auto conceitos negativos, olham para os cuidadores como não disponíveis
e não confiáveis, sentindo-se rejeitadas. Não desenvolvem a capacidade de se auto
tranquilizar e podem não desenvolver a empatia. Desenvolvem frequentemente
relacionamentos pouco saudáveis com os outros (Hanselman, 2001).
Embora a maioria dos estudos sobre a vinculação incida sobre as relações entre os
seres humanos, existem estudos sobre crianças e animais que indicam que este
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constructo também pode ser aplicado à relação entre criança e animal (Melson, 2003;
Parish-Plass, 2008). Estudos desenvolvidos em jovens com idades entre 11 a 12 anos
concluíram que estes passam mais tempo cuidando de animais de estimação do que a
cuidar dos irmãos mais novos, jovens com idade entre 10 e 13 anos podem encontrar
maior suporte num animal de estimação que em humanos e em jovens com idades entre
7 e 15 anos foi verificada grande facilidade no estabelecimento de laços com um cão
desconhecido (Melson, 2003). Levinson e Mallon (1997) sugerem que as crianças com
problemas emocionais e sociais, que têm evidenciado dificuldades nos seus
relacionamentos interpessoais podem relacionar-se mais facilmente com um animal do
que com outro ser humano. Isto é atribuído à aptidão do animal de não representar
ameaça, não efectuar juízos de valor, dispensar atenção e afecto incondicionais.
Oportunidades de vinculação alternativas para crianças e jovens, como aquelas que
envolvem um animal de companhia, podem revelar-se de extrema importância no
decurso do desenvolvimento pessoal, porque os estilos de vinculação insegura estão, por
norma, associados a uma ampla gama de problemas psicossociais na adolescência,
especialmente nas áreas da auto-estima (Armsden & Greenberg, 1987; Gomez &
McLaren, 2007; Gullone & Robinson, 2005; Rubin, Dwyer, Booth-LaForce, Kim,
Burgess & Rose-Krasnor, 2004), da competência social (Allen, Paul, McFarland,
Boykin McElhaney & Land, 2002; Engels, Deknovic & Meeus, 2002; Laible, 2007;
Rubin et al., 2004), dos comportamentos de externalização e internalização (Buist,
Dekovic, Meeus & van Aken, 2004; Chase-Lansdale, Wakschlag & Brooks-Gunn,
1995; Dekovic, 1999; Gomez & McLaren, 2007; Muris, Meesters & van den Berg,
2003; Rönnlund & Karlsson, 2006; Rubin et al., 2004), da empatia e comportamentos
pró-sociais (Chase-Lansdsale et al., 1995; Laible, 2007; Noom, Dekovic & Meeus,
1999), da regulação emocional (Laible, 2007) e da auto-eficácia (Noom et al., 1999).
Quando um animal é integrado numa terapia pode ser utilizado como um objecto
transicional, para suportar os objectivos terapêuticos e consequentemente, promover a
melhoria do funcionamento psicossocial (Kruger & Serpell, 2010). Outro papel
desempenhado nas intervenções assistidas por animais relaciona-se com a teoria das
provisões sociais de Weiss (1974, citado em Kruger & Serpell, 2010), segundo a qual a
interacção com um animal pode promover bem-estar psicológico e melhorar as relações
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sociais, uma vez que promove a vinculação, a integração social, gera uma aliança de
confiança e oportunidade de crescimento. A instituição Green Chimneys em Nova
Iorque trabalha com jovens entre os 7 e os 16 anos, que demonstram dificuldades
sociais, emocionais e comportamentais e apresentam problemas traumáticos
relacionados com situações de dor e perda, esta instituição incorpora um programa de
terapia assistida por animais, promovendo a ligação de crianças e jovens com os animais
com o fim de experienciarem um relacionamento de carinho e afecto (Mallon, 1992).
Mallon (1994a) realizou estudos qualitativos sobre os efeitos deste programa, revelando
benefícios nas seguintes cinco áreas: oportunidade para amar, companheirismo e afecto;
aceitação e consideração positiva incondicional; os animais como confidentes; relações
terapêuticas que ajudaram nos outros relacionamentos interpessoais e promoção de
oportunidades.
2.2 A hipótese da biofilia
Apresentada por Wilson (1984, citado em Kruger & Serpell, 2010) a hipótese da
biofilia sugere que os seres humanos têm uma tendência inata para a relação com os
outros seres vivos e com a natureza. Kahn (1997) afirma que os seres humanos tendem a
escolher paisagens naturais que se encaixam nos padrões evolutivos da vida nas savanas
da África Oriental. Ele argumenta que essas paisagens, que historicamente foram o
berço da espécie humana, "estimulam a fisiologia humana e promovem uma sensação
de bem-estar" (Kahn, 1997, p.6). Portanto, os seres humanos são atraídos para esses
ambientes para usufruírem de lazer e descanso (Gullone, 2000; Kahn, 1997). Os seres
humanos também são atraídos para ambientes onde é possível observar e interagir com
os animais (Gullone, 2000).
Diversas investigações efectuadas no sentido de apoiar a hipótese da biofilia
afirmam que a interacção com animais ou com a natureza pode produzir efeitos
calmantes e um maior sentimento de bem-estar (Gullone, 2000; Kahn, 1997). A
interacção com a natureza é incorporada em intervenções terapêuticas de diversas
formas, incluindo o uso de estímulos relacionados com a natureza em estratégias de
relaxamento, programas de terapia na natureza ou incorporando a natureza em
ambientes internos, recorrendo a água, pássaros, aquários, pinturas da natureza e luz
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natural. As avaliações de programas de terapia na natureza demonstram a melhoria da
autoconfiança, auto-estima e autoconceito e auto-eficácia em adolescentes (White &
Heerwagen, 1998). A TAA em outros contextos seria pois uma extensão natural ou
adaptação desse fenómeno.
2.3 A teoria cognitiva social
A teoria cognitiva social descreve uma relação recíproca entre cognição,
comportamento e meio ambiente (Bandura, 2001; Kruger & Serpell, 2010). Alguns
constructos cognitivos incluem a auto-eficácia, a auto-estima e o auto conceito, o locus
de controlo, a competência social e a regulação emocional e comportamental (Bandura,
1991; Bandura, 2001; Kruger & Serpell, 2010). Têm sido relatadas relações entre estes
constructos cognitivos sociais e depressão (Bandura, Caprara, Barbaranelli, Gerbino &
Pastorelli, 2003; Luszczynska, Gutiérrez-Doña & Schwarzer, 2005; Wise, 2002),
ansiedade (Landon, Ehrenreich & Pincus, 2007) e as aptidões sociais (Luszczynska et
al., 2005; Spence, 2003).
As
intervenções em crianças e
jovens
com problemas
emocionais
e
comportamentais, incluem muitas vezes estratégias para melhorar o desenvolvimento de
aptidões sociais (Meadows & Stevens, 2004). O treino de competências sociais pode ser
direccionado para o desenvolvimento de aptidões de comunicação não-verbal, tais como
o contacto visual, expressão facial, postura, distância social e uso de gestos, bem como
para as aptidões verbais, como o tom de voz, volume e clareza de discurso (Spence,
2003). Essas aptidões são muitas vezes desenvolvidas com recurso a intervenções
assistidas por animais, onde estes podem desempenhar um papel na promoção de
mudanças cognitivas e comportamentais nas pessoas através do uso da observação,
modelagem e associação envolvendo esses mesmos animais (Kruger, Trachtenberg &
Serpell, 2004).
Outras intervenções para lidar com problemas emocionais e comportamentais
incluem treino do autocontrole emocional e comportamental, que envolve a auto
monitorização, o estabelecimento de metas, selecção e implementação de estratégias e
auto-avaliação e reforço (Polsgrove & Smith, 2004). Em contraste com a visão
comummente aceite de que os animais proporcionam aceitação positiva incondicional, a
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resposta de um animal é muitas vezes dependente de comportamentos verbais e nãoverbais, como o tom de voz, o contacto visual, a expressão facial, os gestos físicos, e a
expressão emocional individual. Nos programas de treino de cães, os pacientes devem
regular o seu próprio estado emocional, para regular o estado de excitação ou alerta do
animal e, portanto, o seu comportamento (Fredrickson & DePrekel, 2004). A simples
presença de um animal durante a terapia também tem ajudado os pacientes na regulação
emocional e comportamental. Fine (2010) refere exemplos de pacientes jovens
aprendendo a regular as suas reacções. Comportamentos excessivos recebem uma
resposta imediata de um animal, servindo como um guia para o próprio comportamento
do paciente. Os pacientes geralmente parecem acalmar-se rapidamente, num esforço
para proporcionar um ambiente seguro e tranquilo ao animal. A resposta do animal pode
então ser usada na discussão sobre várias emoções.
Um aspecto importante da auto-regulação envolve a capacidade de mudar e focar
voluntariamente a atenção consoante a necessidade expressa (Murphy, Shepard,
Eisenberg & Fabes, 2004). Brickel (1982) sugeriu que os animais são "estímulos
emocionalmente distractores" (p.71) que são capazes de desviar a atenção dos estímulos
stressantes, permitindo, assim, a exposição aos mesmos, em vez da sua evitação. Brickel
inclui este conceito na teoria social cognitiva, no contexto de padrões de resposta
concorrentes.
Apesar de existirem diversas propostas de explicações dos processos envolvidos
em terapias assistidas por animais, ainda não existe uma conclusão definitiva sobre
como este processo de interacção benéfica entre seres humanos e animais ocorre e
porque motivos origina efeitos terapêuticos. Muitos desses modelos ainda não
consideram o profissional que realiza a intervenção, deixando quase completamente a
determinação do efeito terapêutico a cargo da interacção do animal com a pessoa.
Katcher e Beck (2010) realçam a necessidade de estudos científicos criteriosos que
demonstrem a validade científica de uma relação entre o contacto com animais e os
efeitos terapêuticos em humanos proporcionados por esse contacto. Grande parte das
pesquisas que compõem a literatura e fundamentam as intervenções são estudos de caso,
relatos anedóticos, análises estatísticas mal feitas e conclusões generalizadas, publicadas
em meios que não avaliam criteriosamente tais estudos. No caso de artigos publicados
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sobre interacções homem-animal em revistas médicas tradicionais a maioria são estudos
sobre a relação entre a posse de animais de estimação e a saúde humana ou revisão de
outros artigos (Katcher & Beck, 2010). A escassez de pesquisas que validem essa
relação directa entre saúde humana, comportamento humano e o contacto com animais
talvez possa ser explicada pelo fato de o contacto em si não ser o factor terapêutico, mas
sim a forma como esse contacto é orientado e conduzido por um profissional que realiza
a terapia e aproveita as características do animal, ou da relação com o animal, para obter
um suporte para sua intervenção e daí então obter resultados terapêuticos.
De qualquer forma existe uma aceitação geral de que o contacto com animais é
terapêutico e benéfico para os seres humanos (Parshall, 2003; Ulrich, 1993, citado por
Pence, 2005). O uso de um animal em terapia pode ser benéfico, pois alguns animais
parecem demonstrar uma tendência natural para criar uma ligação com as pessoas
(Nimer & Lundahl, 2007). Risley-Curtiss, Holley e Wolf (2006) consideram que
relações afectuosas com animais de companhia têm efeitos positivos na saúde dos seus
donos, aumentando a sua qualidade de vida. Diversos estudos demonstram melhorias a
vários níveis: uma maior longevidade (Hutchcroft, 2006; McNicholas, Gilbey, Rennie,
Ahmedzai, Dono e Ormerod, 2005; Miller, Staats & Partlo, 1992), diminuição de
enfartes de miocárdio, diminuição do risco de doenças cardio-vasculares e baixa da
pressão arterial (Allen, 2003; Hutchcroft, 2006; McNicholas et al., 2005; Morrison,
2007; Parslow, Jorm, Christensen, Rodgers & Jacomb, 2005; Viehl, 1995), diminuição
do recurso a cuidados médicos (Hutchcroft, 2006; McNicholas et al., 2005), melhoria
do bem-estar físico e psicológico nas pessoas idosas (Miller, Staats e Partlo, 1992;
Morrison, 2007; Parslow et al., 2005; Viehl, 1995), menores níveis de incidência de
depressão, ansiedade e stress (Allen, 2003; Hutchcroft, 2006; McNicholas et al., 2005;
Miller et al., 1992; Morrison, 2007; Parslow et al., 2005), estimulo do desenvolvimento
social, psíquico e emocional em crianças portadoras de deficiência (Montagner, 2004),
melhoria em crianças com problemas do desenvolvimento e crianças com autismo
(Morrison, 2007) e melhoria na interacção social e emocional (Hutchcroft, 2006;
McNicholas et al., 2005; Parslow et al., 2005; Viehl, 1995), entre outros. A emergência
de intervenções assistidas por animais baseia-se primariamente nos efeitos
comprovadamente benéficos que os animais têm no bem-estar físico e psicológico, na
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auto-estima e na motivação humanas (Morrison, 2007; Nider & Lindahl, 2007). Estes
efeitos notáveis são demonstrados, independentemente da idade, da raça, do género, da
orientação sexual, ou do estatuto socioeconómico (Morrison, 2007; Nimer & Lundahl,
2007; Tedeschi, Fitchett & Molidor, 2005).
2.4 Instrumentos de avaliação do vínculo
Ao nível do estudo do vínculo homem-animal a literatura oferece muitas escalas de
avaliação possíveis, contudo apenas algumas escalas revelaram ter boas propriedades
psicométricas. De seguida, é feita uma breve revisão de algumas escalas que podem ser
utilizadas.
Templer e Saltar (1981), elaboraram uma escala denominada “Pet Attitude Scale”
com um alpha de Cronbach de 0.82, que tenta medir 3 factores: o carinho e a interacção,
a vida do animal em casa e o divertimento que advém da relação dono-animal. Poresky
(1990) desenvolveu outras 2 escalas: “The Companion Animal Bonding Scale” e
“Companion Animal Semantic Differential”. Estas escalas permitem estudar 3 factores:
ligação, tamanho do animal e responsividade do animal. Holcomb, Williams e Richards
(1985) elaboraram a escala “Pet Attachment Survey” que tenta abordar os aspectos
comportamentais e emocionais do vínculo com os animais de companhia. Wilson
(1987) desenvolveu a escala “Pet Attitude Inventory” para estudar as características dos
donos, o vínculo e as atitudes perante os animais de companhia, no entanto não foram
relatadas propriedades psicométricas nesta escala. Kidd & Kidd (1989) utilizaram esta
escala para avaliar atitudes nos adultos perante os animais. Lago, Kafer, Denaley e
Connell (1988) desenvolveram uma escala a partir de outras e da literatura relacionada
de modo a medir as atitudes da pessoa perante o animal em função do comportamento
deste.
3.
Terminologia
As Actividades Assistidas por Animais (AAA) são actividades centradas na
interacção entre pessoa e animal, tendo como objectivo fomentar oportunidades para
motivar, educar e recrear, com o recurso a duplas constituídas por um animal e o
respectivo educador (Delta Society, 2012). Este tipo de actividades sendo utilizadas em
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diversas situações, podem também ser integradas em contextos de saúde (instituições
hospitalares). Segundo a Delta Society (2012), as AAA consistem em programas de
visitas periódicas, dirigidas a um indivíduo ou a um grupo de indivíduos e que se
caracterizam por não prever a definição de objectivos terapêuticos específicos, não
requerem registos detalhados, incluírem um conteúdo espontâneo e admitirem uma
periodicidade irregular. Constituem exemplos de AAA: voluntários que conduzem os
seus animais e proporcionam uma visita mensal a diferentes lares de idosos, visitas que
são dirigidas a grupos de idosos e apoiadas com a orientação dos profissionais, uma
dupla voluntário-cão que faz uma visita semanal a um orfanato para motivar jogos com
crianças.
Desde a sua origem até à actualidade, vários termos têm sido usados para descrever
a utilização dos animais no âmbito de ajudas no processo de desenvolvimento do bemestar das pessoas, como por exemplo: pet facilitated therapy, animal facilited therapy,
pet therapy. Estes diferentes termos reflectem formas distintas de abordagem e,
consequentemente, dificultam um consenso acerca do conceito (McCulloch, 1983).
Actualmente, ainda se faz sentir uma certa confusão, especialmente, entre os termos
AAA próximo do Visiting Pet Program, e TAA próximo do que se designa por Pet
Facilited Therapy. TAA é uma actividade estruturada que inclui objectivos específicos e
em que o animal é uma parte integrante do processo terapêutico. Visa a melhoria do
estado físico, sócio relacional, emocional ou cognitivo dos indivíduos, sendo realizada
por profissionais de saúde especializados e inserida em diferentes contextos com
indicação individual e de grupo. O desenvolvimento do processo é sistemático e obriga
a fundamentação e avaliação (Delta Society, 2012). Como exemplo de TAA tem-se o
caso de um programa de terapia ocupacional assistida por um cão treinado
especificamente sob a orientação de um profissional especializado para auxiliar um
indivíduo na reabilitação física (por exemplo, recuperar a amplitude de determinados
movimentos realizados pelos membros superiores) ou a desenvolver competências
comunicacionais (por exemplo, motivar a verbalização e a aproximação do outro).
Deste modo, as TAA são inseridas em programas terapêuticos com objectivos
específicos previamente definidos. Em contrapartida, as AAA são inseridas em
programas sócio ocupacionais sem objectivos previamente definidos.
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Embora se tratem de conceitos diferentes quanto à natureza e ao processo, na
generalidade, as AAA e as TAA têm características semelhantes relativamente à sua
concepção e desenvolvimento. Pode-se dizer que foram concebidas na mesma altura,
nascendo de um tronco comum, alicerçado na relação pessoa – animal e desenvolveramse em conjunto até à diferenciação de particularidades baseadas em evidências
científicas que permitiram a identificação dos seus efeitos sociais e terapêuticos. Quanto
às suas características, podem sublinhar-se algumas semelhanças, tais como: são
centradas na relação pessoa – animal, são indicadas para uma população alvo
diversificada, desde a infância até à velhice, têm uma finalidade comum que é a de
promover o bem-estar e qualidade de vida das pessoas no contexto saúde – doença e
seguem os mesmos princípios técnico-científicos e éticos.
A definição das expressões TAA e AAA é portanto um avanço na tentativa de
diferenciar um tipo de intervenção terapêutica de uma intervenção recreativa. Todavia,
o termo TAA não é suficiente para esclarecer qual o tipo de trabalho que está sendo
realizado, qual o profissional envolvido e qual o fenómeno com que se está lidando. A
distinção entre as intervenções com apoio de animais conduzidas por diferentes
profissionais pode ser melhor esclarecida pela diferenciação da expressão utilizada para
nomear o campo específico de actuação de cada profissão. No caso dos psicólogos, a
expressão “Psicoterapia com apoio de animais” é uma forma de tornar mais explícito o
que se está fazendo e com o que se está lidando. A expressão “psicoterapia” delimita o
contexto no qual o profissional está actuando, neste caso o contexto clínico. Além disso,
o termo “psicoterapia” também possibilita identificar imediatamente que se trata de uma
intervenção voltada para lidar com fenómenos ou processos psicológicos e que,
portanto, é executada por um psicólogo. A expressão “apoio” facilita a compreensão da
função do animal na intervenção realizada mais do que a expressão usualmente utilizada
“assistida”. O termo “apoio” demonstra que o animal tem uma função participativa no
processo, mas que a condução de todo o trabalho é função do profissional que está
actuando e é ele que irá, com o apoio do animal, produzir os efeitos terapêuticos. Com
uma expressão mais específica, a delimitação de um tipo de actuação profissional que
utiliza animais como apoio para o trabalho, fica distinta de outros tipos possíveis de
intervenções de outros profissionais que contam com o apoio de animais com relação
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aos fenómenos específicos das suas áreas de actuação. Essa delimitação auxilia na
determinação de um âmbito de abrangência da actuação profissional e na localização de
um tipo específico de intervenção que, é composta por classes de comportamentos
específicas distintas de outras práticas realizadas por outros profissionais.
4. Abordagens terapêuticas envolvendo animais
O tipo de animal, o contexto no qual se espera que o animal actue e a intenção da
integração são as questões que serão de seguida abordadas. Friedmann (2010) refere que
a resposta de um paciente a um animal depende das suas experiências passadas e
presentes e, deve ser uma consideração prioritária no planeamento deste tipo de
intervenções. Os programas a estabelecer devem ser dirigidos e avaliados por um
profissional de saúde ou de educação, existindo objectivos específicos sejam eles
físicos, motivacionais, educacionais e mentais. As teorias que referem os mecanismos
responsáveis pelos benefícios terapêuticos, tendem a centrar-se na noção de que os
animais possuem características únicas que contribuem e facilitam a terapia, e a ideia do
desenvolvimento de uma relação profissional com o animal pode levar a
desenvolvimentos cognitivos e comportamentais positivos, através de uma aquisição de
novas potencialidades e a aceitação de uma responsabilidade e acção pessoal.
4.1 Terapia com cavalos
O termo hipoterapia refere-se a uma abordagem organizada e estruturada que
emergiu nos anos 1960 para integrar cavalos na terapia de reabilitação física (Chandler,
2005). A American Hippotherapy Association (2012), descreve a terapia como um
método que utiliza o movimento do cavalo para complementar sessões terapêuticas de
reabilitação física, de linguagem ou somente ocupacionais, sendo que a terapia não se
limita a um único tipo de prática. Por exemplo, uma criança com uma incapacidade
física pode melhorar a coordenação motora ao praticar o equilíbrio em cima da sela e,
melhorar simultaneamente as capacidades de linguagem expressiva através da
observação da interacção verbal entre o terapeuta e o cavalo.
Taylor (2001) descreveu a Psicoterapia Assistida por Cavalos, mencionada como
PAC, como uma abordagem mais actual utilizando cavalos na terapia, especifica que se
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integra nas TAA e só pode ser aplicada por um profissional de saúde mental acreditado
e devidamente treinado na utilização de cavalos. Chandler (2005) defende que os
cavalos seleccionados para a terapia devem ser bem treinados, com temperamento
calmo e amistoso relativamente a pessoas e outros cavalos e não se devem assustar
facilmente com barulhos ou objectos não familiares. Contudo alguns terapeutas
seleccionam intencionalmente cavalos que apresentam características particulares
(Slugoski, 2005). Como exemplo, Slugoski descreveu a Dreamcatcher Ranch em
Alberta, uma instituição de refúgio de cavalos e outros animais abandonados e que
também trabalha com crianças e adolescentes em risco. Nesta instituição, um cavalo de
nome Rain perdeu metade de um dos seus pavilhões auriculares devido a uma ulceração
com origem numa geladura, o que o faz apresentar problemas significativos. De facto, a
sua deficiência obrigava-o a adoptar uma atitude defensiva o que despertava, por norma,
reacções negativas por parte de outros cavalos. Slugoski sugeriu que alguns jovens se
identificavam com Rain, uma vez que também eles revelavam dificuldades na
integração nos seus grupos de pares e demonstravam dificuldades em comunicar os seus
sentimentos.
Existem um sem número de desafios e potencialidades no envolvimento dos
cavalos na terapia. A inovação e originalidade, que a utilização de um cavalo representa,
podem estimular o interesse e a motivação de muitos pacientes para se envolverem na
terapia (Chandler 2005). Este autor também sugere que o tamanho e a nobreza do
cavalo podem promover a auto-estima nos pacientes quando estes adquirem a
capacidade de interacção com o animal e, o facto de os cavalos poderem ser montados
capacita o terapeuta para criar uma série de novas e interessantes tarefas. Por outro lado,
relativamente às dificuldades inerentes, Chandler (2005) chamou a atenção para o facto
de os cavalos necessitarem de muito espaço e uma contínua limpeza dos dejectos que
produzem, o que poderá constituir um obstáculo à sua utilização.
4.2 Terapia com animais de produção
Tal como na PAC, o envolvimento de animais de produção na terapia pode ser
simultaneamente benéfico e estimulante. Chandler (2005) e Mallon (1994b) sugerem
que todos os tipos de animais usados na produção pecuária (bovinos, pequenos
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ruminantes e suínos) podem ser incluídos numa proposta terapêutica desde que, seja
segura a proximidade ao animal e o manipulador do animal esteja devidamente treinado.
Chandler sugere que este treino depende da espécie a ser utilizada e do grau de
envolvimento do animal.
Existem duas instituições nos Estados Unidos, a Green Chimneys e a Bittersweet
Farms, que oferecem propostas terapêuticas com base nesta abordagem para jovens em
risco e para adultos autistas, respectivamente (Granger & Kogan, 2000). Como refere
Mallon (1994b), a diversidade de experiencias que uma exploração pecuária oferece,
fornece base para uma série de intervenções variadas e criativas, tais como facilitar ao
paciente a prática de actividades que desenvolvem capacidades de organização,
avaliação de situações e resolução de problemas. A variedade de animais presente
permite ao terapeuta e ao cliente a escolha do animal mais adequado, ou a sua troca se
necessário. As actividades diárias concretas e significativas podem ajudar a desenvolver
no paciente o sentido de confiança e competência, bem como as suas capacidades.
Granger e Kogan (2000) também referiram que o trabalho com animais no seu
ambiente, reduz o stress do animal o que facilita a interacção com o paciente. Chandler
(2005) refere ainda que as desvantagens podem incluir a localização da exploração, o
transporte de clientes, o potencial risco de injúrias físicas, e a necessidade de mais
pessoas, tais como um manipulador dos animais, estarem implicadas.
4.3 Terapia com golfinhos
A terapia assistida por golfinhos, designada como TAG, tornou-se uma abordagem
terapêutica popular para trabalhar com indivíduos que apresentam problemas físicos e
cognitivos (Brensing, Linke, Busch, Matthes, & Eke van der Woude, 2005). As
vantagens e os desafios são evidentes na TAG. Brensing et al. (2005) referem que os
golfinhos são utilizados para auxiliar no desenvolvimento de competências relacionadas
com comunicação, motilidade fina e grossa e integração sensorial. Granger e Kogan
(2000) observaram que a vantagem de trabalhar com golfinhos para além da sua
inteligência é a sua capacidade de redução de reacções de stress à água. Estes autores
observaram que estudos prévios, tais como os conduzidos por Nathanson em 1993 e
1996, revelaram a TAG como uma abordagem com uma boa relação custo-beneficio,
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uma vez que é frequentemente demonstrado que o paciente atinge as metas terapêuticas
propostas num período de tempo menor quando comparado com abordagens
tradicionais. No entanto, a utilização de um mamífero silvático para benefício de
pessoas continua a ser controversa, uma vez que implica a sua retirada do ambiente
natural e a sua manipulação em cativeiro. Por outro lado também deve ser tido em conta
as limitações na investigação, a despesa muitas vezes exorbitante que origina e o bemestar dos animais em cativeiro (Beck & Katcher, 1996). De referir que investigadores,
tais como Marino e Lilienfeld (2007) detectaram que os estudos relacionados com TAG
na última década, revelaram falhas metodológicas graves que resultaram em resultados
que não podem ser considerados fiáveis. Referem mesmo que não existem evidências
conclusivas que suportem a TAG como uma técnica terapêutica legítima.
4.4 Terapia com cães
Muito antes dos psicólogos, uma grande variedade de terapeutas integrou cães no
seu trabalho no sentido de melhorar as capacidades e competências dos seus pacientes.
Como refere Fine (2010), a associação entre cão e humano é utilizada tradicionalmente
para pacientes com incapacidades, tal como o cão guia para invisuais ou o cão de apoio
a crianças autistas. Estas intervenções de tratamento oferecem segurança e autonomia ao
paciente, por permitirem compensar insuficiências do individuo. Hoje em dia os cães
são os animais mais utilizados em TAA e psicoterapia (Beck & Katcher, 2003). Como
com os outros animais, a utilização de cães também revela benefícios e desafios
específicos. Turner (2000) comentou que, a vida social de um cão é organizada em
torno de relações de dominância e subordinação, interferindo no tipo de relação que ele
também vai estabelecer com os seres humanos. As estratégias e as intervenções
disponíveis por causa desta relação podem ser bastante diferentes das que envolvem
outras espécies, tais como os felídeos (Turner, 2000). É espectável que os cães
obedeçam a ordens e ofereçam aos pacientes o que muitas vezes é designado na
literatura como “aceitação incondicional” (Chandler, 2005) e, considera-se de
primordial importância o temperamento e sociabilidade do cão, a sua treinabilidade, a
possibilidade de predição do seu comportamento e a sua capacidade de lidar com
situações stressantes (Urichuk & Anderson, 2003). Chandler (2005) também referiu que
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é imprescindível compatibilizar o temperamento e grau de actividade de um cão com o
paciente e prever a necessidade de exercício, alimentação e higiene. Para garantir as
questões relacionadas com o bem-estar animal, organizações tais como a Delta Society
desenvolveram recursos para treino e formação de voluntários que pretendam
desenvolver AAA na sua comunidade. O Davis Medical Center na Califórnia
desenvolveu o programa Pets Helping US Recover (PHUR) que estabelece linhas de
orientação para a selecção dos animais, técnicas de treino e necessidades específicas dos
animais (Hart, 2010).
4.5 Terapia com gatos
Os gatos são outra espécie por vezes integrada na psicoterapia, embora a maior
parte da literatura refira os gatos em AAA em vez de TAA. Turner (2000) sugere que a
socialização do gato relativamente aos seres humanos, assenta primordialmente numa
relação de dar e receber, de mutualidade e reciprocidade e de respeito pela sua natureza
independente, em claro contraste com as relações entre homem e cão ou homem e
cavalo. Chandler (2005) enumerou os seguintes atributos dos felinos que contribuem
para a terapia: tranquilidade e calma, nível de conforto ao ser tocado e motivação para
estar perto de pessoas. Ela também observou que o caracter brincalhão do gato pode
actuar como um quebra-gelo. Ao contrário de cavalos e golfinhos e com pouco esforço
por parte do paciente, os gatos podem oferecer amizade ao sentar-se no seu colo. Por
outro lado Chandler (2005) também enumera algumas desvantagens incluindo a
tendência do gato para a introversão, uma maior necessidade de pausas para o animal ao
longo do processo, menor treinabilidade, necessidade de acesso constante a uma caixa
de liteira e uma alta incidência de fenómenos alérgicos de humanos a gatos.
4.6 Terapia com animais de pequeno porte
Os animais de pequeno porte, tais como gerbos, hamsters, cobaios, coelhos e até
peixes também são utilizados na psicoterapia. Designados como animais de estimação
de bolso (pocket pets) por Flom (2005), que observou que estes pequenos animais
frequentemente são opção em locais com restrição ao acesso de animais como sejam os
hospitais, as salas de aula ou escritórios. A maior parte da literatura sobre este tipo de
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animais reporta a AAA ou pet therapy e uma vez que estes usualmente se encontram
confinados, podem habitar nas instalações onde são utilizados e podem integrar-se nesse
ambiente com relativa tranquilidade (Hart, 2010). Flom (2005) indicou que
recentemente foram impostas restrições à utilização de vários animais em escolas,
nomeadamente répteis, por via do risco de toxinfecções por Salmonella e até animais
maiores, tais como cães, por causa de riscos de mordedura. Flom (2005) também refere
que um animal num contexto de escola deve ajustar-se quer às necessidades terapêuticas
do cliente, bem como, de algum modo, ajustar-se aos currículos académicos. Os animais
de bolso podem ser apropriados em instalações onde os pacientes gostariam de os
manter presentes, ou quando se sentem intimidados por animais de maior porte. O
tempo de vida mais curto destes animais, 2 a 5 anos, pode ser problemático, tal como a
sua fragilidade e consequente susceptibilidade aos danos e problemas provocados pelo
stress (Chandler, 2005). Existe pouca informação disponível relativamente a linhas de
orientação para integrar este tipo de animais na psicoterapia.
5. Investigação na área da psicoterapia
Grande parte da pesquisa relativa aos benefícios psicológicos da integração de
animais na prática terapêutica ainda apresenta algumas insuficiências no que se refere
ao seu rigor e fiabilidade (Chandler, 2005). De uma forma qualitativa e por vezes até
anedótica na sua natureza muitos profissionais de saúde mental começaram a registar
informalmente resultados do envolvimento de animais na sua prática clinica. Como
Prothmann, Bienert e Ettrich (2006) observaram, a utilização da TAA em psicoterapia
só recentemente foi investigada em instituições tais como universidades e, estudos de
caso, estudos exploratórios e outras pesquisas qualitativas envolvendo crianças têm
ocorrido de forma mais informal em locais periféricos, como hospitais regionais ou
consultórios particulares. Apesar de não ser rigorosa para os padrões de investigação, a
informação existente, tem dado origem ao início de trabalhos mais rigorosos em
psicoterapia. De seguida apresentam-se alguns exemplos de pesquisa realizada em
TAA.
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5.1 TAA e abuso sexual
Reichart (1994, 1998) utilizou modelos de estudo de caso para avaliar o efeito do
animal, enquanto complemento na terapia individual e de grupo, em raparigas que
sofreram abuso sexual. Embora Reichart admita a existência de falhas nos estudos,
nomeadamente amostras de pequenas dimensões, a evidência experimental sugere que
os animais foram úteis na forma como as raparigas trabalharam os seus traumas
individuais, e as informações fornecidas sugerem pistas para futuras linhas de
investigação.
Altschuler (1999) relatou que os seus pacientes com Perturbação de Stress PósTraumático (PSPT) apresentavam níveis de ansiedade menores na presença dos seus
animais de companhia. Como resultado, sugeriu um modelo de tratamento incorporando
AAT. Em 2005, Lefkowitz e colaboradores, com base no trabalho dos dois autores
anteriores, propuseram uma forma de AAT para sobreviventes de violência sexual que
sofrem de PSPT que designaram por Exposição Prolongada Assistida por Animais
(AAPE). Estes autores avaliaram a resiliência e o auto conceito em sobreviventes de
violência sexual e verificaram a dificuldade que estes pacientes apresentam em
reconhecerem em si estas qualidades, bem como a imagem de fracos e inúteis que
passam a guardar de si próprios. Por outro lado o abandono frequente da terapia,
verificado nestas situações pode reforçar a auto-imagem negativa. A inclusão de
animais de companhia providencia algum grau de conforto e incentiva o sobrevivente a
comprometer-se com a terapia e concluí-la.
5.2 TAA e controlo da raiva
Em 2007 Lange, Cox, Bernert e Jenkins realizaram um estudo exploratório para
investigar o efeito da inclusão de cães na terapia de gestão da raiva em cinco
adolescentes com idades compreendidas entre os 13 e os 16 anos. As crianças foram
envolvidas com um cachorro chamado Tucker quer em sessões de terapia quer em outro
tipo de actividades, como por exemplo passear o cão. No final da terapia, 3 dos 5
adolescentes foram entrevistados em conjunto. Como a dimensão da amostra e a
entrevista limitada comprometem a validade dos resultados, os autores indicaram que
conclusões qualitativas não puderam ser identificadas. No entanto Lange et al. (2007)
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observaram que Tucker pareceu gerar um efeito tranquilizante nos momentos difíceis e,
a sua presença despertou o humor em pelo menos uma situação grave. Em complemento
também observaram que Tucker facilitou o relacionamento entre o terapeuta e clientes,
e os adolescentes relataram que foram motivados a permanecer envolvidos no trabalho
terapêutico pela presença do animal.
5.3 TAA e saúde mental
Beck e Katcher (2003) observaram que são necessários estudos de duração
moderada ou longa e especialmente estudos multicêntricos usando protocolos
comparáveis para permitir avaliar com clareza o valor da TAA. Nos Estados Unidos
um estudo estruturado, financiado por um fundo de inovação em saúde, designado como
Projecto CHIMO, decorreu durante 27 meses (Urichuk & Anderson, 2003). Os
investigadores avaliaram os benefícios e os artifícios da TAA quando se trabalha com
jovens diagnosticados com problemas de saúde mental, com o objectivo de aumentar e
melhorar o bem-estar de indivíduos com problemas de saúde mental através de terapia
assistida por animais. Foi utilizado um estudo de caso-controlo em instituições privadas
de saúde mental e utilizados instrumentos padronizados para reunir dados, antes e
depois da intervenção, sobre o nível de depressão e ansiedade dos pacientes envolvidos
no estudo e, reuniu simultaneamente relatórios dos pacientes e terapeutas através de
questionários. Os resultados indicaram que os terapeutas e os pacientes que participam
no estudo sentiram a utilização de animais em terapia como benéfica. Em particular,
Urichuk e Anderson atestam que jovens com problemas de saúde mentais recebem
grande benefício da terapia assistida por animais.
5.4 TAA e perturbação do défice de atenção e hiperactividade
Katcher and Wilkins (2000) realizaram uma avaliação mais rigorosa com a
finalidade de apurar o benefício de incluir animais em ambientes educacionais,
nomeadamente com crianças com diagnóstico de Perturbação de Défice de Atenção,
através de um estudo observacional transversal. Durante um período de seis meses 55
crianças participaram no Companionable Zoo Method (CZM), também desenvolvido
por Katcher and Wilkins. Todos os participantes, com idades compreendidas entre os 7
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e os 16 anos, apresentavam diagnóstico de Perturbação de Défice de Atenção. O estudo
comparou a eficácia de duas abordagens, o já citado CZM, que contempla o trabalho e
contacto com animais e o Outward Bond (OB) que é um programa de educação
experiencial ao ar livre. Os participantes foram aleatoriamente distribuídos pelos dois
programas, tendo existido o cuidado de os grupos serem demograficamente
semelhantes. Para avaliar os resultados foram utilizadas a Achenbach Teacher Report
Form e a Piers Harris Children’s Self-Concept Scale. As conclusões do estudo
indicaram que a inclusão dos animais foi benéfica, a resposta das crianças ao CZM foi
significativamente superior à observada com o OB.
5.5 TAA como auxiliar de diagnóstico
Prothmann e colaboradores (2005) realizaram um estudo para avaliar se a utilização
de jogos envolvendo animais pode auxiliar a psiquiatria no diagnóstico de uma
variedade de doenças em crianças e adolescentes, incluindo distúrbios alimentares,
perturbações de ansiedade e autismo. Num estudo desenvolvido com quarenta crianças
com idades compreendidas entre os 6 e 19 anos, foram avaliadas as interacções com
cães, que foram gravadas digitalmente e analisadas utilizando uma aplicação
informática especialmente desenvolvida para interpretar estatisticamente as interacções
criança-cão. Os investigadores concluíram que a presença do cão incentivou a produção
de interacções espontâneas não-verbais que eram claras e fáceis de interpretar. Os
resultados indicaram que quase três quartos de todos os pacientes poderiam ser
atribuídos aos grupos de diagnóstico correto. Os investigadores observaram interacções
distintas com os animais dentro de cada população a partir dos quais se poderiam
estabelecer os objectivos terapêuticos. Por exemplo, eles suspeitaram de uma criança
com um transtorno alimentar que manifestou posturas desconfortáveis e rígidas na
interacção com o cão e assim puderam determinar a terapia alvo a partir da forma como
a criança interage com o cão. Os autores no entanto reconheceram que o estudo não
levou em conta as diferenças de género em resposta aos cães, ou o facto de os cães
variarem de sessão para sessão.
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5.6 TAA como facilitador de comunicação
Beck e Katcher (1996) sugeriram que os animais podem agir como uma ponte pela
qual os terapeutas podem chegar a pacientes que são reservados, não cooperativos e
pouco comunicativos. Muitos estudos têm origem a partir de observações como estas.
Um desses estudos (Martin & Farnum, 2002) investigou o potencial de cães actuarem
como
assessores
terapêuticos
para
crianças
com
transtornos
invasivos
do
desenvolvimento (TID) com o intuito de favorecer a comunicação. O estudo foi descrito
pelos autores como sendo de participantes incluídos e desenho de medidas repetidas, em
que todos os participantes experimentam todas as três condições experimentais (ou seja,
os participantes funcionaram como o seu próprio grupo de controlo). Participaram no
estudo uma selecção limitada de 10 elementos, com diagnóstico compatível com o
espectro autista, na faixa etária dos 3 aos 13 anos que foram sujeitos a 45 sessões de
terapia. A idade de desenvolvimento de cada participante foi determinada antes do
tratamento utilizando o perfil Psychoeducational - Revised (PEP-R), desenvolvido por
Schopler, Reicher e Renner em 1990. Três sessões de 15 minutos foram filmados a cada
semana para determinar interacções comportamentais e verbais. Em sessões alternadas,
cada criança foi exposta a uma bola, um cão de peluche e a uma variedade de cães
vivos, com temperamentos semelhantes, mas diferentes características físicas. Os
terapeutas seguiram um protocolo pré-determinado com base nos resultados do PEP-R.
Martin e Farnum concluíram que não houve tendências claras relacionadas com a idade
de desenvolvimento das crianças e que as diferenças de género em resposta aos cães não
puderam ser estabelecidas. Para além disso, o pequeno tamanho da amostra
comprometeu a capacidade do autor para generalizar os resultados. No entanto, eles
determinaram que havia uma clara diferença na resposta das crianças face ao cão vivo,
incluindo mais riso, aumento do contacto visual, incremento da comunicação com o cão
e um desejo de aproximação através da alimentação do próprio animal. Martin e Farnum
também observaram que as crianças permaneceram no espaço de experiencia por longos
períodos de tempo, enquanto envolvidos com o cão, e eram geralmente mais
cooperantes face às solicitações do terapeuta. Este estudo reforça constatações
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anteriores de que os animais podem encorajar o reforço das competências de
comunicação pretendidas e fornece uma base sólida a partir da qual novas pesquisas
devem surgir.
5.7 TAA e Couselling
Um significativo número de investigadores tem tentado obter resultados específicos
envolvendo animais em Couselling. Por exemplo, Prothmann e colaboradores (2006)
conduziram um projecto com pré e pós-teste de pesquisa para estudar o estado de
espírito das crianças interagindo com os animais durante o aconselhamento. Foi
utilizado o Basler Befindlichkeits Skala (BBS), um instrumento de medida do estado de
espírito de uma pessoa, descrita em vitalidade, equilíbrio emocional, extroversão social
e estado de alerta. Os pesquisadores concluíram que as crianças envolvidas com o cão
durante a terapia revelaram um incremento no estado de espirito demonstrado em todas
as áreas identificadas pelo instrumento. Observaram no entanto limitações no seu
estudo, mas concluíram que a diferença de resposta foi significativa o suficiente para
sugerir provisoriamente que a inclusão de um cão ajudou a alcançar os objectivos
terapêuticos. Prothmann e seus colaboradores concluíram que os animais alteram a
atmosfera no período que antecede o tratamento terapêutico real de tal forma que o
desenvolvimento de uma relação terapêutica pode ser catalisado e aprofundado.
6. TAA em Portugal
Os trabalhos académicos sobre TAA em Portugal ainda são poucos, assim como a
sua difusão como uma prática terapêutica válida, embora já existam programas com a
utilização de animais em várias instituições.
No que se refere a trabalhos académicos e científicos publicados em Portugal, uma
pesquisa nos repositórios científicos de acesso aberto permitiu localizar apenas três
trabalhos considerados relevantes para o tema, “O impacto da equitação terapêutica nos
factores psicomotores em crianças com necessidades especiais”, tese de mestrado da
Universidade do Minho (Martinho, 2011), “A resiliência e a auto-estima de um grupo
de jovens em risco: proposta de terapia assistida por animais”, tese de mestrado da
Universidade Fernando Pessoa (Ribeiro, 2010) e “Violência em contexto psiquiátrico:
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avaliação da eficácia de um programa com actividades assistidas por animais”,
dissertação de doutoramento do Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar da
Universidade do Porto (Marques, 2008).
No entanto, a TAA começa a ganhar alguma dimensão, aplicada, por exemplo, em
crianças com autismo ou com Síndrome de Down, e no acompanhamento a idosos e
adultos jovens com problemas diversos, quer funcionais, psicológicos, ou que,
simplesmente, se sintam sozinhos. Existem neste âmbito uma série de organizações,
actuando de forma mais ou menos desligada e praticamente sem nenhum
enquadramento legal ou institucional. Através de pesquisa efectuada na Internet e após
validar a informação obtida com o apoio da Direcção Geral de Alimentação e
Veterinária, no que se refere à credibilidade e validade do trabalho desenvolvido,
referem-se as instituições que vêm desenvolvendo um trabalho considerado credível.
A Pravi (http://www.pravi.org/) desenvolve o seu trabalho na área da protecção de
animais vítimas de abandono e maus tratos, a par do desenvolvimento de um programa
de TAA a crianças com dificuldades de aprendizagem e concentração, cancro, autismo,
Síndrome de Down e depressão, através da promoção do bem-estar, auto confiança e
melhoramento das relações interpessoais e a idosos com doença Alzheimer e estados
depressivos.
A Bocalán Portugal (http://www.bocalan.pt/) é uma associação de caracter social
sem fins lucrativos que tem como objectivo o treino e entrega de animais de assistência
a pessoas que deles necessitem. Promove, igualmente a implementação de programas de
reabilitação destinados a pessoas em situação de desvantagem ou incapacidade de
caracter mental, físico ou psicossocial, recorrendo à utilização de cães/animais de
assistência no programa terapêutico, contribuindo deste modo para a promoção da
autonomia e consequentemente para a melhoria da qualidade de vida. Fazem ainda parte
dos objectivos desta Associação promover e ministrar cursos de formação, seminários,
entre outras acções de sensibilização a pessoas que estejam interessadas. Para a
concretização destes objectivos, a Bocalán Portugal é constituída por uma equipa
multidisciplinar composta por profissionais de saúde, de acção educativa, bem como
instrutores e treinadores de animais de ajuda social.
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A Vinculum Animal (http://www.vinculumanimal.com/) é uma associação
composta por profissionais da área da saúde humana e animal. A sua motivação é poder
contribuir para a divulgação e desenvolvimento da relação única que se pode estabelecer
entre humanos e os animais. Desenvolve um projecto de TAA em conjunto com a Pravi
e o centro de acolhimento Casa da Alameda em Lisboa. Trabalham num contexto
psicoterapêutico com crianças e adolescentes em risco de exclusão social acolhidos
temporariamente na Casa da Alameda, onde a presença dos cães é um forte elemento
motivador.
7. Desafios e limitações
Um dos maiores problemas relacionados com a TAA, segundo Morrison (2007), é a
fraqueza metodológica que estas apresentam, visto que os estudos que existem têm
muitas vezes amostras reduzidas, revelam falta de aleatoriedade na selecção da amostra,
ausência de um grupo de controlo ou exibem um grupo de controlo inadequado,
apresentam um baixo poder de generalização e ferramentas de avaliação dos resultados
sem validade e fidelidade. Esta autora refere que nenhum dos estudos aborda o efeito de
novidade que deve ser tido em conta. E já que o contacto com os animais é geralmente
algo novo para os participantes, esta autora questiona-se se os efeitos dos resultados
podem ou não ser diminuídos com a repetição. Outra crítica prende-se com o facto de
não existirem estudos que abordem os efeitos a longo prazo da aplicação TAA nem
estudos de seguimento extensos no sentido de compreender a duração do efeito (Fine,
2010).
Contudo, Nider e Lundahl (2007) referem que apesar de muitos investigadores
utilizarem desenhos de estudo simples, do tipo pré e pós-teste, vários investigadores
utilizaram metodologia rigorosa, recorrendo a estudos do tipo aleatório, comparando a
TAA com grupos de controlo ou com terapias já bastante utilizadas.
A falta de uma estrutura baseada em evidências pode portanto levantar questões
práticas, éticas e de segurança para os profissionais e clientes. Além disso, enquanto as
preocupações de segurança e potenciais riscos para os seres humanos (tais como as
zoonoses) são identificados (Beck & Katcher, 2003), o bem-estar e a segurança dos
animais co-terapeutas receberam menos atenção. Não só é possível que os animais
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utilizados nas TAA possam ser prejudicados pelos pacientes, mas o trabalho em si pode
ser stressante para os animais (Hatch, 2007) e, potencialmente, originar problemas de
saúde a longo prazo (Heimlich, 2001). No entanto, um planeamento cuidadoso por um
profissional qualificado pode minimizar os riscos e maximizar os benefícios para ambos
os participantes, humanos e animais. Defendemos, no planeamento e na implementação
de qualquer forma de TAA, que deva ser atribuída igual consideração ao bem-estar dos
animais tal como para o dos pacientes.
Apesar de existirem poucas contra-indicações para começar ou continuar com a
TAA, algumas devem ser tidas em conta: clientes que demonstrem medo do animal, que
expressem desinteresse em relação ao animal, que não sejam capazes de tratar o animal
de uma forma apropriada e humana e pacientes com problemas médicos passíveis de
serem agravados devido à exposição aos animais, como, por exemplo, pacientes
imunocomprometidos, com feridas abertas ou alérgicos ao animal (Jalongo, Astorino &
Bomboy, 2004; Morrison, 2007). Ademais por muito bem que um animal esteja
treinado o seu comportamento nunca é completamente previsível. Algo tão simples
como um gato arranhar uma criança ou um cão derrubar o cliente durante um passeio
(Chandler, 2005) pode comprometer o relacionamento terapêutico. A gestão do risco é,
portanto, um pressuposto fundamental quando se trabalha com animais.
Outra questão que é necessária ter em conta é o bem-estar do animal e os custos
associados a este tipo de terapia (Beck & Katcher, 2003; Morrison, 2007). Os animais
necessitam de comida, água, alojamento, interacção social e cuidados veterinários,
questões pertinentes e que não podem ser ignoradas (Beck & Katcher, 2003; Morrison,
2007). Na realidade existe pouca investigação conduzida no sentido de determinar como
a participação em TAA afecta o bem-estar do animal (Hatch, 2007). Os animais
envolvidos em qualquer forma de interacção com os seres humanos são dependentes
destes para a satisfação das suas necessidades básicas e da exploração ou abuso poderá
ocorrer inadvertidamente. Serpell, Coppinger, Fine e Peralta (2010), referem que o
vínculo humano-animal se torna moralmente condenável quando "há um conflito de
interesses entre os dois: sempre que a utilização dos animais pelo homem causa dor,
medo ou danos a um animal, ou de alguma forma impede ou frustra o animal na
satisfação das suas próprias necessidades e objectivos " (p. 481).
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Esta última questão conduz-nos à necessidade de a relacionar com a espécie animal
utilizada na terapia. Por exemplo, no que diz respeito aos cães e cavalos, da sua
utilização e da sua relação com os seres humanos advêm benefícios claros para o seu
bem-estar. Na realidade, sem uma relação com os seres humanos, um número muito
significativo destes seres não existiria. Embora as suas vidas com os seres humanos
possam representar um custo para eles, desde que a sua detenção exista de uma forma
responsável, resulta num claro benefício já que prolonga a sua esperança e qualidade de
vida e, não conflitua com as suas necessidades sociais. Assim, a existência das TAA
pode também representar um benefício para estes seres, sendo que isto pode reforçar a
defesa moral das formas de TAA que dependem desses seres (Tzaschi, 2006). O mesmo
não se aplica no entanto a numerosas outras espécies, principalmente as silváticas
detidas em cativeiro. Ao contrário dos cavalos ou cães, todas essas criaturas podem
facilmente existir na natureza em grande número, transformá-los em veículos para a
terapia, restringe violentamente tanto sua liberdade como as suas necessidades sociais.
A TAA que utiliza estes seres pode ser considerada exploradora, mesmo que nenhum
abuso ocorra (Tzaschi, 2006).
8. Conclusão
A TAA difere da AAA dado que a primeira consiste num processo terapêutico
específico, para a qual o animal é treinado e na qual serve de facilitador para o
terapeuta. Já na AAA, o animal serve como elemento de recreação, de diversão, de
companhia, sem ter, necessariamente, o acompanhamento de um terapeuta ou mesmo de
outro profissional da saúde. Muitas vezes esta distinção não é claramente definida
dificultando a avaliação do efeito da presença do animal ou do efeito do animal
enquanto co-terapeuta ou ferramenta viva na intervenção terapêutica.
Como foi referido as intervenções assistidas por animais assentam numa grande
variedade de disciplinas e perspectivas. As teorias sobre os mecanismos responsáveis
pelos benefícios terapêuticos tendem a centrar-se tanto na noção de os animais
possuírem atributos únicos que podem facilitar e contribuir para a terapia ou na hipótese
de que o desenvolvimento de uma relação de trabalho com o animal pode levar a
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mudanças positivas na cognição e comportamento através da aquisição de novas
competências e aceitação de compromisso e responsabilidades.
Esta revisão demonstra a existência de evidências suportando a utilização de
animais para fins terapêuticos. No entanto, verifica-se também que existe uma falta de
dados científicos claramente validados e a necessidade de investigação científica
adequada. Serão necessárias mais investigações de carácter observacional e
experimental e alicerçadas em amostras mais significativas. Somente descrições
precisas e quantificadas tanto das interacções como dos resultados das mesmas podem
ajudar a avaliar o impacto real e entender o processo envolvido. Estudos de longo prazo,
tais como manutenção de animais de estimação em ambiente familiar, podem trazer
resultados robustos sobre potenciais efeitos benéficos e duráveis. Contudo, as
evidencias que reunimos ao longo desta revisão reforçam que o animal pode ser
utilizado pelo psicólogo como uma valiosa ferramenta, mais um recurso para promover
a melhoria do quadro clinico ou alívio do sofrimento do paciente. Através dele, pode
conseguir uma melhor comunicação com o paciente, estabelecendo mais rapidamente
um vínculo de confiança. Mais investigações são claramente necessárias para fornecer
suporte científico adicional a estas intervenções. Em particular, a investigação empírica
é necessária para verificar se os benefícios das intervenções assistidas por animais
efectuadas num pequeno número de indivíduos podem ser generalizados para
populações maiores.
Por fim, se quisermos que a relação homem-animal beneficie ambos os parceiros,
um grande campo de pesquisa se abre, dando maior atenção ao animal nomeadamente
pela investigação em torno do seu bem-estar nesta forma de terapia.
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