Am
ARQUEOLOGIA MEDIEVAL
S U M A R I O
3
5
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25
43
61
69
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163
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195
225
Palavras prévias
A datação pelo radiocarbono de contextos funerários da denominada basílica paleocristã de Conimbriga
Santiago Macias
Adriaan L. De Man /
/ António M. Monge Soares / José M. M. Martins
Juan Zozaya
Aeraria de transición: objectos con base de cobre de los siglos VII ai IX en AI-Andalus
Objectos de troca no Mediterrâneo Antigo: cerâmica «verde e manganês» de um arrabalde islâmico de Silves
Maria José Gonçalves
Mértola e as rotas comerciais do Mediterrâneo no período islâmico
Susana Gómez Martínez
De nuevo sobre el mercado de producciones cerâmicas entre AI-Andalus y Ias Repúblicas de Génova y Pisa (siglo XI dC)
Rafael Azuar
Os vidros islâmicos de Mértola (séculos XI-XIII): técnicas decorativas
Lígia Rafael / Maria de Fátima Palma
Cerâmicas islâmicas da «Casa do Procurador» (Aljustrel)
Juan Aurélio Pérez Macias / Timóteo Rivera Jiménez /
/ Artur Martins / Macarena Bustamante Álvarez
José Costa dos Santos / Paula Barreira Abranches
O arrabalde da Silves islâmica. A intervenção arqueológica do empreendimento do Castelo
Sandra Cavaco / Jaquelina Covaneiro
Materiais cerâmicos provenientes de um silo do Bairro Almóada do Convento da Graça - Tavira
Importações cerâmicas de Tavira na Baixa Idade Média
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Novas problemáticas relacionadas com a topografia da cidade islâmica de Silves
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Pisa e il Mediterrâneo nel médio evo: Scambi internazionali di merci e di conoscenze
Graziela Berti
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As muralhas da Covilhã
Michael Mathias
Uma torre de vigia sobre o Tejo, em Alcochete
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Arqueologia no castelo de Penamacor - Cimo de Vila. A alcáçova e o cemitério. Resultados das campanhas de 2004 a 2006
Silvina Silvério/
/ Luís Barros/ Daniel Nunes
Cerâmicas de transporte y comercio en Ia Basílica de Santa Maria de Alicante. Producción y distribución
José Luis Menéndez Fueyo
Director: Cláudio Torres • Coordenadores: Santiago Macias, Susana Gómez Martínez « Conselho Científico: António Borges Coelho, Cláudio Torres, José Luís de Matos, José
Mattoso, Manuel Luís Real • Conselho de Redacção: Abdallah Khawli, Artur Goulart, Carlos Manuel Pedro, Fernando Branco Correia, João Carlos Garcia, Joaquim Manuel Boiça,
José Carlos Oliveira, Manuel Passinhas da Palma, Maria de Fátima Barros, Miguel Rego, Rui Mateus, Susana Gómez Martinez, Virgílio Lopes • Apoio: Câmara Municipal de
Mértola, Centro de Estudos das Universidades de Coimbra e Porto e Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
CERÂMICAS ISLÂMICAS DA «CASA
DO PROCURADOR» (ALJUSTREL)
JUAN AURÉLIO PÉREZ MACIAS* l TIMÓTEO RIVERA JIMÉNEZ" l ARTUR MARTINS"* l MACARENA BUSTAMANTE ÁLVAREZ****
Nestes últimos anos verificou-se um incremento na investigação arqueológica sobre
as minas da Faixa Piritosa Ibérica, ao mesmo tempo que o impulso dado pela Arqueologia Medieval tem valorizado de maneira distinta os vestígios medievais destas minas
que, até há pouco tempo, não possuíam qualquer tipo de vínculo aos trabalhos mineiros ou metalúrgicos neste período cronológico. Desde meados do século XIX, momento
da reabertura das minas por consórcios nacionais ou internacionais, que os engenheiros e geólogos de minas mostraram interesse pelos vestígios mineiros e metalúrgicos
que aí encontravam, pelos escoriais e trabalhos mineiros que iam surgindo à medida
que avançavam os trabalhos mineiros, em contramina ou a céu aberto. Contudo, a
envergadura da ocupação romana, com grandes povoados e necrópoles, levou-os a
considerar que todos os vestígios encontrados seriam desse período.
Esta consideração está apenas parcialmente correcta porque - ainda que seja evidente a intensidade da exploração romana, reflectida sobretudo na extensão dos vicipara muitos dos vestígios não existe uma cronologia segura, sobretudo em trabalhos
mineiros e escoriais que não possuem materiais de cronologia romana a eles associados. Muitas galerias romanas são datadas do período romano devido à sua tipologia,
no entanto, sabemos hoje que esse tipo de trabalhos de pequena dimensão, com ves-
* Arqueólogo, Prof. Dr. do Dept2 História l - Área de Arqueologia - da Faculdade de Humanidades da
Universidade de Huelva.
" Arqueólogo.
"" Arqueólogo, Coordenador do Museu Municipal de Aljustrel.
'"* Arqueóloga, Universidade de Cádiz.
tígios de ferramentas e pequenos nichos nas
paredes para colocação de candis, perduram no
tempo, muitas vezes para lá do período medieval.
Começámos também a valorizar os escoriais
como objecto de investigação arqueológica, para
determinar os períodos de exploração na sua
estratigrafia, bem como estudar a evolução das
técnicas metalúrgicas e o tipo de metais explorados, contudo, a maior parte dos escoriais estão
ainda por investigar. Desconhecemos os seus
contextos cerâmicos e, se muitos destes escoriais correspondem a fundições romanas, a não
existência de materiais que o certifiquem faz com
que não seja possível concluir peremptoriamente
por essa cronologia, podendo existir mantos,
sectores ou estratos de escórias de outros períodos. Tal como no caso dos trabalhos mineiros, a
tipologia dos blocos de escórias de fornos de
sangramento, vulgarizados a partir do período
romano, vão-se manter até ao século XIX.
Desta forma foi-se consolidando uma opinião
sobre a cronologia destes vestígios, definidos de
acordo com uma cronologia relativa, sendo que
80
esses vazios de população das minas ibéricas
foram definidos, a maior parte das vezes, sem ter
em consideração as ocupações conhecidas desta
época junto das minas, e cuja funcionalidade
nunca foi relacionada directamente com a prática
mineira e a exploração desses recursos minerais.
Ao contrário do que se pensa, o minério não se
esgotou no período romano, e a reabertura das
minas no século XIX para tratamento dos sulfuretos primários e secundários bem como dos
chapéus de ferro, desmente-o claramente. Devemos ao geólogo António Carbonell y Trillo Figueroa, o único e pioneiro trabalho sobre os vestígios árabes nas minas do sul peninsular, que
conhecia bem graças ao imenso trabalho desenvolvido no campo da exploração mineira1. Foi
possível documentar algumas minas de galena
argentífera com restos importantes de época
medieval, alcatruzes para evacuação de águas e
candis para iluminação dos trabalhos. Infelizmente o seu trabalho não teve continuidade, nem
conseguiu uma mudança de rumo nas investigações sobre a mineração deste período, apesar de
ter obtido provas concludentes de que ela existia,
como seria natural, uma mineração de época
medieval tão desenvolvida nos seus processos
técnicos e metalúrgicos como a praticada durante
o período romano.
Esta opinião dos engenheiros de minas do
século XIX teve demasiado peso na investigação,
a tal ponto que os trabalhos modernos de prospecção arqueometalúrgica, como o Huelva
Archaeometallurgical Proyect, não incluía nas
suas conclusões qualquer referência à mineração
medieval, ainda que tenham catalogado registos
metalúrgicos medievais como o escoriai do Guerreiro (Campofrío) e os do Castelo de Aracena2.
Onde a intervenção arqueológica registou
contextos metalúrgicos de época medieval, foi
justamente fora de áreas mineiras (Fig. 1). Um
dos primeiros trabalhos efectuados foi nos escoriais de Saltes (Huelva)3, de produção siderúrgica, mas que levavam a suspeitar que isso acon-
•
• Centros metalúrgicos islam
ESPANHA
g
Cerro do Santa Maria
•
Castillo de Aracena
Llano de Ia Torre
Castillo de Cogullos
Coroa Alta B c~tillo de Almonago
• , Castillo de Salomon
l B Castillo de Buitron
Castillejita
:
Figurai.
tecia em locais sem possibilidade de aprovisionamento de minério nas proximidades,
as minas não podiam ter estado inactivas. As minas possuem vestígios de ocupação
islâmica que só se compreendem do ponto de vista da actividade mineira. Assim acontece com algumas ocupações fortificadas que se encontram nas minas mais importantes destas regiões do sudoeste ibérico, entre outras, na zona sul portuguesa, o Castillo
Viejo de Salomon en Riotinto4, o Castillo de Almonago em El Campillo, Castillo de
Cogullos em Campofrío, Castillo de Buitron na mina de Barranco de los Bueyes de Zalamea Ia Real, o Castillejito de Cueva de Ia Mora, e a Castillejita de Sotiel Coronada5, na
Zona Ossa Morena o Cerro de Santa Maria em Santa Olalla dei Cala6. Até este momento
apenas se publicaram alguns materiais de superfície que apontam, na sua maioria, para
uma ocupação no período almóada, contudo, a falta de escavações e o desaparecimento
de alguns vestígios como consequência dos trabalhos de mineração modernos, impediu o conhecimento dos detalhes que levam ao seu aparecimento, de entre os quais está
a mineração, uma vez que já apareceram candis medievais em galerias «romanas».
Não só está verificada a produção metalúrgica em época almóada, como já foram
publicados alguns registos com cronologia califal/taifa, como o Llano de Ia Torre em
Aroche7 e o Cabezo.de Ia Mina em Lucena dei Puerto8, com extensos escoriais de
blocos de escória de escorrimento com uma composição faialitica correcta, idênticas a
escórias do período romano, bem como fornos de sangramento de tipologia similar aos
utilizados em época romana. A única referência assinalável em relação à exploração
romana será uma maior especialização na produção de ferro, com um domínio tecnológico que permite o benefício de minerais pouco habilitados, como as crostas ferruginosas das zonas de campina, ainda que os minerais preferidos tenham sido logicamente
os óxidos de ferro (magnetites). No campo da produção de ferro o período andalusiaparece-nos como uma etapa de grandes necessidades de metal, paralelamente com capacidades técnicas na redução e na forja (carburação) que muito possivelmente superam
as de época romana.
A ferraria e a forja, onde o ferro é preparado, são instalações que aparecem amiúde
nos sítios arqueológicos, tanto em sítios urbanos como em aldeias rurais e as escavações no sudoeste peninsular documentam forjas em ambos como, por exemplo, em
Alçaria Longa (Mértola)9 ou no castelo de Serpa10.
Parece hoje indubitável o desenvolvimento da mineração e metalurgia do ferro em
época medieval, contudo, torna-se mais difícil detectar a exploração de cobre e de
chumbo-prata, que foram os metais mais explorados em época romana. É inútil pensarmos em perda de conhecimentos no campo da metalurgia que, como já vimos pelo
tratamento do minério de ferro, seguia as normas de época romana. Em alguns sítios
islâmicos aparecem escórias de cobre como em La Rotura (Rociana dei Condado,
Huelva)11, referindo algumas fontes documentais árabes detalhes de processos alquímicos no tratamento e afinação dos metais de prata12, no entanto, a falta de estudos e
escavações não permitem o estudo dos vestígios metalúrgicos de forma a conhecer a
sua tecnologia13. Em alguns sítios andaluzes apareceram escórias de chumbo-prata de
silício livre, um tipo de metalurgia extractiva do minério de prata que deixou de ser utilizado em época pré-romana, colocando-se deste modo algumas questões, uma vez que
aparecem nos escoriais de La Cerca Alta e Cerro de Ia Mina, juntamente com escórias
de escorrimento de ferro14. Com estes vestígios de superfície não estamos ainda em
condições de sugerir uma metalurgia da prata pelo processo do silício livre, contudo, o
buraco negro anteriormente existente começa agora a ser preenchido com elementos
que antes desconhecíamos.
Pelo atrás exposto, temos que ter muita prudência quando afirmamos que em época
islâmica não existe mineração, existem indícios suficientes que indicam o contrário.
Está na altura de ultrapassar a mineração romana e as suas manifestações metalúrgicas e começar a caminhar na nova investigação, com todas as dúvidas de quem
começa, mas sem os terríveis complexos de que não chegaremos a lugar algum. Para
isso podem servir de exemplo os escoriais do Castillo de Mulva (Munigua) em Sevilha.
O sítio, um pequeno município romano que alcançou esta condição jurídica em época
Flávia e que se dedicou à metalurgia do ferro, processando as magnetites do Grupo
Navalazaro (El Pedroso), foi escavado sistematicamente. Foram postas a descoberto
importantes edifícios (Fórum, Santuário de Terrazas, etc.) e um pequeno espaço doméstico.
Desde o início da sua investigação que se valorizaram os seus escoriais como sendo uma prova
da dedicação económica dos seus habitantes,
embora tenha havido uma preferência pela componente monumental de época romana. Os últimos dados publicados sobre este local confirmam que a povoação também teve ocupação
islâmica, até ao período almóada15, reocupando
algumas estruturas romanas e, provavelmente,
transformando o Santuário de Terrazas em reduto
militar (Castillo de Mulva). O mais importante é
que essa pequena povoação medieval também se
dedicou à mineração e metalurgia do ferro, utilizou como escombreira um mausoléu romano e
nos castelos e povoações almóadas dos arredores (Manchallana, Montorcazy Montegil) existem
extensos escoriais de ferro16.
Tudo isto nos demonstra que não estamos
perante a inexistência de mineração em época
islâmica, mas apenas que nos deixámos seduzir
pela envergadura das manifestações mineiras
romanas. Como testemunho de tudo isto servirá
o conjunto de materiais que iremos apresentar
seguidamente e que testemunham uma reocupação das estruturas romanas de Vipascaem época
islâmica.
A OCUPAÇÃO ISLÂMICA DAS MINAS DE AUUSTREL
O couto mineiro de Aljustrel foi, na Antiguidade, um dos principias centros de produção de
cobre do sudoeste ibérico17. Os vestígios arqueológicos relacionados com as explorações de
época romana concentram-se principalmente em
redor do chapéu de ferro de Algares, a área mais
intensamente explorada, ainda que existam vestígios de exploração no chapéu de ferro de S. João
do Deserto, secções de pequenas galerias de
exploração (cuniculí), visíveis na corta a céu
aberto. Todas as infra-estruturas de trabalho e
fundição de época romana foram colocadas em
torno da massa de Algares, bem como um
extenso povoado mineiro que se prolonga desde a
moderna cementação até ao bairro de Valdoca e
um extenso escoriai que cobria toda a área desde
o chapéu de ferro até à ribeira de Peitais. Este
escoriai, um dos mais importantes das minas do
sudoeste, não tem uma grande potência embora
nalguns pontos atinja os três metros de espessura
e as suas escórias sepultaram, por vezes, as
officinae de tratamento do minério por queima,
como as documentadas na zona do Azinhal18.
Não é muito conhecido o desenvolvimento
urbanístico e os distintos sectores da povoação
romana de Vipasca, contudo, do seu auge
mineiro e da atracção que estas minas exerceram
durante os séculos l e II d. C., podemos ter uma
ideia a partir da necrópole de Valdoca, situada
junto do povoado de Wpasca19. Neste sítio
arqueológico foram escavados dois sectores, um
deles junto da Chaminé da Transtagana, denominado «Casa do Procurador» pelos seus primeiros
escavadores (1954) devido à qualidade dos
materiais aí recolhidos, e uma intervenção de salvamento (1.982) na área da Lavaria Piloto20.
A denominada Casa do Procurador não é um
edifício isolado, trata-se de uma das componentes deste povoado minero-metalúrgico romano.
As estruturas prolongam-se sob os terrenos de
calcinação das pirites e na área utilizada pela
Companhia de Mineração Transtagana para a
construção de três chaminés de queima de pirite.
Muita da informação conhecida sobre este
povoado foi obtida através dos trabalhos desta
empresa mineira na segunda metade do século
XIX. Entre eles, destacam-se os trabalhos para
abertura de um poço principal para a exploração
na contramina dos sulfuretos primários e o enriquecimento secundário da massa de Algares, a
linha férrea para o transporte do minério que
comunicava com a zona de calcinação e cementação artificial e as três chaminés já referidas21.
Mais tarde, a Société Anónyme Belge dês Mines d'Aljustrel (SABMA), construiu junto
velho malacate de pedra da companhia Transtagana o Poço Ramaix. Todos estes tra
lhos mineiros, mais os trabalhos de contramina, levaram ao aparecimento de inúme
achados fortuitos que foram sendo depositados em Lisboa, no Museu do Instituto G
lógico e Mineiro e no Museu Nacional de Arqueologia. A estas recolhas fortuitas
materiais arqueológicos, das quais se destaca o achado das duas tábuas de bro
encontradas em escoriais, juntaram-se os resultantes de escavações arqueológicas
lizadas por Rui Freire de Andrade, um entusiasta Director da mina que contou em di
sas ocasiões com o apoio de 0. da Veiga Ferreira, Abel Viana e C. Domergue22.
também o Eng.s Freire de Andrade que instalou, na década de 50 do século pass
(após a escavação da necrópole de Valdoca), um pequeno Núcleo Museológico
empresa mineira que permitiu manter em Aljustrel grande parte dos materiais recolh
a partir daí na zona mineira. Foi também ele que, em colaboração com 0. da V
Ferreira, efectuou as primeiras escavações no sítio denominado Casa do Procura
Lamentavelmente não possuímos cadernos de campo ou anotações desta escava
apenas pequenas referências em publicações e artigos pontuais sobre materiais sig
cativos23, que vieram demonstrar a importância da ocupação e exploração min
romana destas minas.
A continuidade do povoamento nas minas de Aljustrel em época islâmica está do
mentada nas fontes árabes desde época califal. Em relação aos levantamentos e al
ças dos senhores do Ocidente do al-Andalus contra o poder de Córdoba aparece a re
rência a al-Bastril (Aljustrel) como lugar de refúgio de al-Surumbâqi, no momento
sua aliança com Ibn Mãlik de Bâya (Beja) contra Yahya b. Bakr de Uksúnuba (Faro
Relacionado com este facto, as últimas investigações realizadas pelo Museu Munic
de Aljustrel em toda a área mineira25, especialmente as escavações levadas a cabo
Morro de Nossa Senhora do Castelo26, puseram a descoberto as estruturas de
pequeno Castelo de taipa, justamente no local com melhores defesas naturais e que
sido a origem da vila medieval de Aljustrel, conquistada definitivamente pela Ordem
Santiago da Espada em 123427.
Os materiais cerâmicos recolhidos nessas escavações encaixam-se numa tipolo
definidora dos registos andaluzes do século XII e primeira metade do século XIII, des
cando-se as formas de taças e caçarolas de vidrado transparente e decoração em rel
de bandas verticais e as tigelas de carena saliente com vidrado transparente de ton
dade melada. Estes tipos são muito abundantes nos sítios arqueológicos do ocidente
al-Andaluz em época almóada, conhecidos em Mértola28, Silves29, Saltes30, Niebl
Sevilha32, e Jerez de Ia Frontera33, para citar apenas os casos mais próximos.
A publicação destes materiais vem confirmar que o Castelo de Aljustrel, u
pequena fortaleza de taipa pobre em cal, terá sido construída na segunda metade
século XII, em paralelo com a política geral de fortificação do al-Andaluz, que alg
autores situam nos finais do período almorávida e outros em plena época almóada. C
tudo, do ponto de vista da ocupação do couto mineiro não ficava clara a relação en
este sítio islâmico com a exploração mineira, antes pelo contrário, parecia que apó
esplendor da exploração romana, a mineração teria sido abandonada até ao século X
quando os impulsos da Revolução Industrial desencadearam a reabertura destas minas
do sudoeste peninsular. Para esta opinião contribuía ainda o facto de que nos escoriais
destas minas do sudoeste não apareciam materiais islâmicos, pelo que resultava complicado avançar com a hipótese de mineração muçulmana. O Castelo de Aljustrel situar-se-ia então no marco das fortificações do território do século XII apenas como consequência da pressão militar cristã, portuguesa, leonesa e castelhana.
Para além dos materiais recolhidos na década de 50 do século XX na área da Casa
do Procurador e da chaminé da Transtagana, foram sendo recolhidos ao longo dos anos
diversos materiais cerâmicos nesses locais, que hoje se encontram depositados no
Museu Municipal. Este material, na sua maior parte inédito, compreende diversos tipos
cerâmicos romanos de mesa (Sigillatas Itálicas, Sudgálicas, Hispânicas e Africanas), de
cozinha (Vermelho Pompeiano e almofarizes), de transporte (ânforas) e cerâmicas
comuns de origem regional e local.
Desde o ano de 2006, a Câmara Municipal de Aljustrel através do seu Museu Municipal, em colaboração com a Universidade de Huelva, encontra-se a desenvolver um projecto de investigação dos sítios arqueológicos de Aljustrel, com o objectivo de poder
definir os diversos períodos de exploração mineira dos seus depósitos de pirite complexa. Este projecto, denominado Vipasca, contempla a realização de escavações
arqueológicas extensivas nos sítios arqueológicos mais conhecidos, entre eles: o Castelo de Aljustrel, com ocupações da Idade do Cobre e Medieval, a área do povoado
romano denominada Casa do Procurador, as instalações metalúrgicas romanas do Azinhal e o povoado da Idade do Bronze da Mangancha, de forma a obter uma leitura diacrónica sobre o povoamento da região e da sua exploração mineira. Em paralelo realizam-se recolhas por amostragem, para análise, de diversas zonas dos escoriais, com
possibilidade de efectuar cortes estratigráficos nas zonas de maior potência de forma a
poder associar as unidades de deposição de escórias com materiais cerâmicos, o que
nos daria uma cronologia relativa para essas deposições de escórias.
Na primeira campanha de trabalhos levada a cabo em 2006 começou-se por uma
limpeza superficial e documentação planimétrica das estruturas romanas do Azinhal e
Casa do Procurador e foi ainda efectuado o estudo dos conjuntos cerâmicos procedentes da Casa do Procurador e que se encontram depositados no Museu Municipal de
Aljustrel. Estes conjuntos podem fornecer as primeiras indicações para o reconhecimento dos contactos comerciais e de abastecimento deste couto mineiro em época
romana, no entanto, e para surpresa nossa, entre os inúmeros materiais romanos
encontrámos também diversas peças de cronologia islâmica. Embora desconhecendo o
contexto exacto em que esses materiais apareceram, o que teria sido uma grande ajuda
para situar a ocupação islâmica dentro do antigo povoado romano, aspecto em que
devemos insistir nas próximas campanhas de escavação, parece evidente que eles
representam uma fase de ocupação medieval e, provavelmente, uma continuidade na
mineração em Aljustrel depois da época romana. A amostragem foi aleatória e não intencional, contudo, as percentagens de cerâmicas devem corresponder à realidade do conjunto, um conjunto mineiro que apresenta um máximo demográfico entre os séculos l e
II d. C., com uma ligeira recuperação no século IV e inícios do século V e uma reutiliza-
ção parcial dos espaços na época medieval islâmica. Uma vez que não estamos perante um
povoado fortificado mas numa área de povoamento onde em finais do século l a. C. se fixou a
população mineira, podemos concluir, para estes
novos momentos, que terá havido mineração em
Aljustrel, que como já referimos, aliás, aconteceu
em outras minas. Aparece-nos então uma novo
objectivo para a nossa investigação, localizar e
escavar os locais com vestígios de mineração e
metalúrgicos medievais, uma oportunidade que
não encontramos noutros coutos mineiros do
sudoeste, como Riotinto, onde os vestígios
medievais desapareceram devido aos trabalhos
de mineração modernos.
Todas as cerâmicas foram feitas a torno, com
tonalidades que oscilam entre o vermelho e o
castanho, ainda que algumas formas, como as
caçarolas, utilizem uma pasta de cor esbranquiçada. De um modo geral estão bem depuradas,
sem desengordurardes perceptíveis, com boa
cozedura e com acabamentos sem tratamento,
salvo os espatulados interiores dos alguidares, a
pintura preta e branca dos jarros e tigelas, bem
como o vidrado transparente das caçarolas. Do
conjunto destacam-se os seguintes grupos tipológicos:
- Caçarola (Figura 2,1 a 5)
Dentro do conjunto são um grupo bem representado. Nalguns casos correspondem a esta
forma fundos em anel e vidrado transparente,
contudo, os fragmentos que melhor nos definem
este tipo possuem parte do corpo, com formas
diversas, os de corpo hemisférico com bordo
engrossado e lábio plano ligeiramente reentrante,
os de bordo saliente com perfil biselado no interior e os de corpo carenado com uma parte superior côncava e bordo ligeiramente saliente.
O mais característico destas formas são as
decorações com pintura branca ou preta no
bordo, pingos de cor escura e linhas brancas
paralelas com outra que as corta.
- Pequenos Jarros (Figura 2, 6a 12)
Entre os fragmentos que se enquadram nesta
forma estão os decorados com pintura branca,
aplicadas em linhas horizontais no colo da peça,
no bordo e em séries de linhas paralelas inclinadas para o exterior do bordo. São formas que se
definem por possuir unVcolo cilíndrico de bordo
saliente ou pronunciado. Não é possível obter a
forma completa, mas este tipo de decoração predomina em cerâmicas da época de taifa34.
- Caçarola (figura 3, 14 a 16)
Dentro do grupo das cerâmicas de cozinha
destacam-se os fragmentos de caçarolas. Dentro
destas aparecem duas formas, uma de base
plana ampla e corpo troncocónico e outra mais
evoluída, de bordo almendrado saliente, com
decoração de pintura branca e corpo moldado. As
primeiras formas correspondem a um momento
califal-taifa35 e as segundas a um tipo comum
nos séculos XII e XIII36.
84
- Alguidar (Figura 3, 17 a 20)
É uma das formas mais abundante e apresenta três formas de rematar o bordo. O bordo de
volta com engobe de almagre espatulado no interior; o bordo saliente com o interior espatulado e
o bordo espessado com decoração impressa de
pequenos pontos no exterior.
Os alguidares são formas que perduram largamente nos conjuntos cerâmicos da Andaluzia
islâmica, tendo-se já obtido alguma precisão cronológica. Assim, o alguidar brunido ou espatulado com banho de óxido de ferro aparece em
contextos califais e de taifa nalguns sítios arqueológicos de Huelva, como Llano de Ia Torre em
Aroche 37 , enquanto o alguidar com decoração
impressa no exterior do bordo está geralmente
associado a uma cronologia almóada38.
Estes materiais vêm confirmar que o povoado
romano de Vipasca também terá sido ocupado
em época islâmica, ainda que no estado actual
Figura 2.
dos nossos conhecimentos não possamos adiantar uma funcionalidade económica para
este povoado. Não obstante, parece-nos que, ao ocupar o antigo povoado mineiro, tudo
aponta para que se tenham dedicado à mineração. Mesmo com uma amplitude de amos-
Figura 3.
tra que não permite grande precisão, podemos afirmar que os tipos representados na
Casa do Procurador correspondem a um momento anterior ao do Castelo de Aljustrel,
séculos XI e meados do século XII. Assim sendo, a construção do Castelo de Aljustrel
deve ser entendida como uma nova necessidade de defesa de uma população já existente e não como a fortificação de um território na fronteira do Campo de Ourique. A fortificação de Aljustrel na segunda metade do século XII ou em início do século XIII poderia então ser relacionada com a protecção da sua produção mineira.
A documentação da conquista cristã na Baixa Idade Média aponta claramente para a
existência de trabalhos de mineração em época islâmica e que estariam em funcionamento algumas ferrarias, como vem referido na Carta de Doação do Castelo de Aljustrel
à Ordem de Santiago da Espada por D. Sancho II
em 1235, confirmada por D. Afonso III em 1255.
Na Carta de Doação a Pelágio Pedro, Mestre de
Cavalaria e a Gonçalo Pedro, Comendador da
Ordem de Santiago em Portugal, é referido que
dependiam do Castelo de Aljustrel montes, fontes, pastos, ferrarias e pescas, que passavam
para a jurisdição da Ordem, enquanto nas minas
e nos banhos (águas termais) a Ordem apenas
podia cobrar o dízimo: «Oo et concedo uobis et
subtessoribus uestris supradictum Castellum de
Aljustre cum ipsis terminis supradictis cum Montibus et fontibus et pasciis et feirarys et pescariis
et cum ingressibus et regressibus et cum omni
iure regali quod ibi habo et habere debeo iure
hereditário in Eternum exceptis adida et baleacione et de ipsis adida et baleadone de uobis
deciman fórum omnium que de Adida et Baleadone habuero...»^.
O documento refere-se à mina (Adida) e aos
banhos (Baleadone), dos quais a Ordem não
possuía plena propriedade. A palavra adida como
referência a minas aparece noutros topónimos
portugueses40 e a sua origem latina relaciona-se
com as additae uenae mencionadas em Plinio
(N.H., 34,159), interpretadas como o minério já
preparado para carregar no forno41. A sua etimologia poderá advir de abditus (terreno escondido
ou subterrâneo)42. A mina a que se referem os
textos deve ser a massa de Algares, cujo topónimo é de origem árabe, de Algar (cova)43, e significaria o lugar das covas devido à existência de
inúmeros poços romanos. Os banhos correspondem à fonte termal de São João do Deserto, próxima de Aljustrel44.
O significado destas palavras foi tratado já
por C. Domergue45, para quem estas referências
a ferrarias indicariam o tratamento de silicatos de
ferro das escórias romanas para a produção siderúrgica, sendo que adida se interpretaria como a
exploração de ouro nativo nas crostas oxidadas
da massa de Algares. Contudo, torna-se problemático falar da exploração de ouro nativo, uma
vez que no chapéu de ferro das massas de sulfuretos polimetálicos do sudoeste não existe ouro
nativo, ele encontra-se disseminado pelo chapéu
de ferro com percentagens máximas de dois a
quatro gramas por tonelada de mineral. Parece-nos mais sensato propor uma mineração superficial (adida) dos óxidos de ferro da massa de
Algares para a obtenção de ferro (ferrarias).
De qualquer modo, depois da conquista do
Castelo de Aljustrel vamos encontrar entre o seu
património, a mina (adicia), as ferrarias (feirarys)
e os banhos (baleacione). Existia um conhecimento pleno dos recursos económicos da Aljustrel muçulmana e são esses que são atribuídos à
Ordem, A exploração das minas e dos banhos
seriam os que geravam maiores rendimentos, daí
que o rei apenas outorgue a cobrança da dízima
em regime de colonato. Este documento revela-nos que para além do interesse estratégico, o
Castelo de Aljustrel oferece à Ordem rendimentos
relacionados com a produção de metal e a concessão do dízimo sobre a mina e os banhos.
Este aspecto é muito importante para o
estudo da mineração medieval. Ao contrário do
que se pensava, a mineração continua a ser uma
importante actividade económica em Aljustrel,
tanto no período islâmico como na Baixa Idade
Média cristã. E terá continuado em séculos posteriores, uma vez que os trabalhos arqueológicos
que se realizaram em poços e galerias antigos do
Chapéu de Ferro demonstram que alguns deles
poderão ter origem ou ter sido reaproveitados no
século XVI46.
NOTAS
1 A. CARBONELL y TRILLO FIGUEROA (1929), «La
minería y Ia metalurgia entre los musulmanes en
Espana», Boletín de Ia Real Academia de Cúrdoba,
XAV, Córdoba, pp. 179-217.
2 A. BLANCO e B. ROTHENBERG (1981), Exploración
Arqueometalúrgica de Ia Provinda de Huelva, Barcelona.
3 N. TRAUHT (1996), «Lês produits métallurgiques du site médiévale de Saltes (Huelva, Andal
sie», Archéologie islamique, 6, pp. 77-88.
4 J. A. PÉREZ MACÍAS (1999), «Cerro Salomón y Ia minería hispanomusulmana en Garb AI-An
lus», Arqueologia Medieval, 6, Porto, pp. 19-39.
5 Todos estes locais em J. A. PÉREZ MACÍAS (2004), «Población y explotación en el suroeste de
-Andalus», Paisaje y Naturaleza en al-Andalus, Granada, pp. 269-290.
6 J. A. PÉREZ, T. RIVERA, e E. ROMERO (2005), «La fortificación dei território en época islâmic
La Banda Gallega (J. A. Pérez y J. L. Carriazo, eds.), Huelva, pp. 17-67.
7 J. A. PÉREZ MACÍAS (1990), «Prospección Arqueológica Superficial dei yacimiento hispano-mu
mán de El Ladrillero (Aroche, Huelva)», Anuário Arqueológico deAndalucía/1987, III, pp. 323-3
8 J. A. PÉREZ MACÍAS (2002), «La herrería califal-taifa dei Cabezo de Ia Mina (Lucena dei Pue
Huelva)», Spal, f í, pp. 419-433.
9 J. L. BOONE(1994), «Rural setlement and islamization in theLower Alentejo of Portugal. Eviden
from Alçaria Longa», Arqueologia en el entorno dei Bajo Guadiana (J. M. Campos, J. A. Pérez,
Gómez, eds.), Sevilla, pp. 527-544.
10 A. MONGE y J. RODRÍGUEZ (1986), «Balanço provisório da intervenção já realizada no Castelo
Serpa», Arquivo de Beja, 2-111, pp. 167-198.
11 J. A. PÉREZ MACÍAS (1999), «La producción metalúrgica en el suroeste de al-Andalus», Coloq
Minas y Metalurgia en al-Andalus, Casa de Velásquez, Madrid, en prensa.
12 J. VALLVE BERMEJO (1980), «La industria en Al-Andalus», AI-Qantara 1, pp. 209-241.
13 O cadinho de Mértola é uma prova do tratamento da prata, cf. L. DA SILVA (1992), «O cadinho
ourives de prata do silo n.2 5 de Mértola - proposta de análise», Arqueologia Medieval, /, pp. 3514 J. A. PÉREZ MACÍAS (2002), «La explotación metalúrgica. La Cerca Alta (Cerro de Andévalo)»
Território Medieval, HJornadas de Cultura Islâmica, J. A. Pérez Macias (ed.), Huelva, pp. 9-26.
15 F. TEICHNER (1998), «Spuren islamischer Besiedlung auf dem Castillo de Mulva (Villanueva dei
y Minas, Prov. Sevilla)?», Madrider Mitteilungen, 39, pp. 323-335.
16 TH. G. SCHATTNER, G. OVEJERO, y J. A. PÉREZ (2005), «Sucinto informe de Ias investigacion
arqueológicas en Munigua 2000», Anuário Arqueológico de Andalucía/2000, II, pp. 93-103.
17 C. DOMERGUE (1996), La mine antique d:Aljustrel (Portugal) et lês Tables de Bronze de Vipas
Paris (1983), ver também A. MARTINS, «Aljustrel, a Mina e a Mineração na Antiguidade», Mine
cão no Baixo Alentejo, l, Castro Verde, pp. 94-114.
18 B. CAUUET, C. DOMERGUE, e C. DUBOIS (1999), «La production de cuivre dans Ia provin
romaine de Lusitanie. Un atelier de traitement du minerai à Vipasca», Économie et territorie
Lusitanie romaine, Collection de Ia Casa de Velázquez, 65, Madrid, pp. 279-306.
19 J. ALARCÃO e A. ALARCÃO (1966),«O espólio da necrópole luso-romana de Valdoca (Aljustrel
Conimbriga, V, pp. 7-104.
20 R. PARREIRA (1984), «Intervenção de emergência no povoado mineiro romano de Vipasca (Alju
trel)», Informação Arqueológica, 4, pp. 135-144.
21 H. ALVES, «Notas históricas e arqueológicas sobre o Património Industrial das Minas de Aljus
e S. Domingos», Mineração no Baixo Alentejo, II (2001), 122-155. Sobre a mineração nesta zo
H. ALVES e A. MARTINS, Aljustrel, Um Olhar sobre as minas e as gentes no século XX, Aljustre
22 C. DOMERGUE e R. FREIRE d'ANDRADE (2005), «Sondages 1967 a 1969 à Aljustrel (Portuga
Note préliminaire», Conimbriga, X (1971), pp. 99-116.
23 Entre outros trabalhos A. VIANA, R. FREIRE de ANDRADE, e 0. da VEIGA FERREIRA (195
«Minerações Romanas de Aljustrel», Comunicações dos Serviços Geológicos de Portugal, XXX
pp. 79-92, e 0. da VEIGA FERREIRA e R. FREIRE de ANDRADE (1964), «Algumas marcas de ole
em terra sigillata de Vipasca (Aljustrel), Revista de Guimarães, LXXIV, pp. 317-322.
24 Estas citações sobre Aljustrel em S. MACÍAS (2005), Mértola. O último porto do Mediterrâneo
Mértola, pp. 161-164. A identificação de Aljustrel com al-Bastríl foi feita por F. M. R. BRANC
CORREIA (1992), «O Castelo de Aljustrel. Uma tentativa de interpretação», Vipasca, 1, pp. 73-8
nota18.
25 A. ESTORNINHO, A. MARTINS, C. RAMOS, e J. MURALHA (1994), «O povoamento da área
Aljustrel. Seu enquadramento na Faixa Piritosa Ibérica», Arqueologia en el entorno dei Ba/o Guadiana, Sevilla, pp. 27-36.
26 C. RAMOS, A. MARTINS, J. MURALHA e A. ESTORNINHO (1993), «O Castelo de Aljustrel. Campanhas de 1989-1992», Vipasca, 2, pp. 11-40.
27 F. M. R. BRANCO CORREIA (1992), «O Castelo de Aljustrel. Uma tentativa de interpretação...»,
Vipasca, 1, Aljustrfel, pp. 67-72.
28 C. TORRES, M. PALMA, M. REGO, e S. MACÍAS (1991), «Cerâmica islâmica de Mértola. Propostas de cronologia e funcionalidade», A Cerâmica Medieval no Mediterrâneo Ocidental, Mértola, pp.
497-536.
29 R. VARELA GOMES (1988), Cerâmicas muçulmanas do Castelo de Silves, Xelb, 1, Silves.
30 A. BAZZANA e J. BEDIA (Dirs) (2005), Excavaciones en Ia Islã de Saltes (Huelva), 1988-2001,
Sevilla.
31 J. M. CAMPOS, F. GÓMEZ, e J. A. PÉREZ (2006), Llipla/Niebla. Evolución urbana y ocupación dei
território, Huelva.
32 A. PLEGUEZUELO e Ma- P. LAFUENTE (1995), «Cerâmicas de Andalucía Occidental (1200-1600)»,
Spanish Medieval Ceramics in Spain and the British /s/es, BAR Internacional Series, 610, Oxford,
pp. 217-244.
33 S. FERNÁNDEZ GABALDÓN (1998), «El yacimiento de Ia Encarnación (Jerez de Ia Frontera): Bases
para Ia sistematización de Ia cerâmica almohade en el S. 0. peninsular», al-Qantara, VIII (1987),
pp. 449-474.
34 M. RETUERCE, La cerâmica andalusí de Ia Meseta, Madrid.
35 Compare-se com os exemplares do século XI na Alcáçova de Mértola, cf. S. GÓMEZ MARTINEZ
(2001), «Mértola islâmica. Los espacios de vivienda», /Jornadas de Cultura Islâmica, Sevilla, 65-98, e Niebla, cf. J. M. CAMPOS, J. A. PÉREZ, F. GÓMEZ, J. M. BELTRÁN, e A. GÓMEZ (2001),
«Arqueologia urbana en Niebla. Excavaciones en Ia zona Muralla Desembarcadero de Niebla»,
Anuário Arqueológico de Andalucía/1996, II, pp. 256-263.
36 S. MACIAS (1996), Mértola Islâmica. Estudo histórico-arqueológico do Bairro da Alcáçova (séculos Xll-Xlll), Mértola, pp. 99-127.
37 J. A. PÉREZ MACÍAS (1990), «Prospección Arqueológica Superficial dei yacimiento hispanomusulmán de El Ladrillero (Aroche)», Anuário Arqueológico de Andalucía/1987, III, Sevilla, pp. 323-328.
38 P. LAFUENTE IBÁNEZ (1995), «La cerâmica almohade de Sevilla», El último siglo de Ia Sevilla Islâmica, 1147-1248, Sevilla, pp. 285-303.
39 Este documento completo em Mã. GRAÇA DIAS (1992), «Aljustrel no século XIII. Subsídios para
o estudo da Ordem de Santiago da Espada», Vipasca, 1, pp. 73-80.
40 Entre eles a mina de Adiça próximo de Almada, cf. F. DE ALMEIDA (1970), «Mineração romana em
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Portugal», La minería hispana e iberoamericana.
Contribución a su investigación histórica, León, 217
pp. Também é possível que as minas de galena
argentífera de Sobral de Adiça (Moura) tenham dado
o nome a essa freguesia, se por acaso a mina de
prata de Tútãlica, mencionada nas fontes árabes, se
tenha localizado nos arredores de Santo Aleixo da
Restauração (Moura), cf. C. TORRES, «Povoamento
antigo no Baixo Alentejo. Alguns problemas de topografia histórica», Arqueologia Medieval, 1, pp. 189-202.
M. C. DÍAZ e DÍAZ (1970), «Metales y minería en Ia
época visigoda, a través de Isidoro de Sevilla», La
minería hispana e iberoamericana, Contribución a su
investigación histórica, León, 265 pp.
Adito, cf. Léxico Hispânico primitivo (siglos VIII ai
XII), R. Lapesa (red.) e Manuel Seco (ed.) (2003),
Madrid, Abditus é uma palavra aparentada com abscentibus, abscensus, occultus, cf. Thesaurus Linguae Latinae, l, com numerosos exemplos, ...In
abdita terra... (SEN., Nat. 6, 7, 5), ...bestias abditas
terrasque tectas... (CIC., Tusc. 5, 38), etc. Esta terá
sido também a origem do vocábulo mineiro inglês
adit (galeria).
M. ASIN PALÁCIOS (1944), Contribución a Ia toponímia árabe de Espana, Granada, 61 pp.
L. PITA e Ma GRAÇA DIAS (1997), «Ermida e Termas
de São João do Deserto (Aljustrel)», Vipasca, 6, pp.
7-54.
C. DOMERGUE, La mine antique d'Aljustrel (Portugal) et lês Tables de Bronze de Vipasca.., nota 40.
B. CAUUET, C. DOMERGUE e C. DUBOIS (2002,
«Mine d'Aljustrel (Portugal), fouilles archéologiques
dans lês anciens réseaux miniers dês Algares»,
Mineração no Baixo Alentejo, II, Castro Verde), pp.
no
OQ
oo-oo.