REFERÊNCINOME DO LIVRO PONTO COM 1
Organizadores
Luis Henrique Rauber
Mauricio Barth
Myra Adam de Oliveira Gonçalves
Associação Pró-Ensino Superior em Novo Hamburgo - ASPEUR
Universidade Feevale
Imagens, letras e criatividade:
projetos em Design Gráfico
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Novo Hamburgo | Rio Grande do Sul | Brasil
2018
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
2
ORGANIZADORES
Luis Henrique Rauber
Mauricio Barth
Myra Adam de Oliveira Gonçalves
EDITORA FEEVALE
Adriana Christ Kuczynski (Design editorial)
Mauricio Barth (Coordenação)
Tiago de Souza Bergenthal (Revisão textual)
PRESIDENTE DA ASPEUR
Roberto Cardoso
REITOR DA UNIVERSIDADE FEEVALE
Cleber Cristiano Prodanov
PRÓ-REITORA DE ENSINO
Angelita Renck Gerhardt
PRÓ-REITOR DE PESQUISA,
PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO
João Alcione Sganderla Figueiredo
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
Universidade Feevale, RS, Brasil
Bibliotecária responsável: Bruna Heller – CRB 10/2348
CDU 741:655.262
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reprodução total ou parcial de qualquer forma ou por qualquer meio. A
violação dos direitos do autor (Lei n.º 9.610/98) é crime estabelecido pelo
artigo 184 do Código Penal.
Universidade Feevale
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Novo Hamburgo/RS - Brasil
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3
1. Criatividade. 2. Design gráfico. I. Rauber, Luis Henrique.
II. Barth, Mauricio. III. Gonçalves, Myra Adam de Oliveira.
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PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
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Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7717-228-3
COMO MELHOR
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IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
Imagens, letras e criatividade [recurso eletrônico] : projetos em
Design Gráfico / organizadores Luis Henrique Rauber,
Mauricio Barth, Myra Adam de Oliveira Gonçalves. – Novo
Hamburgo: Feevale, 2018.
Dados eletrônicos (1 arquivo : 3 mb).
NOTA DOS ORGANIZADORES
Busca-se, através dessa coletânea, expor alguns
dos trabalhos elaborados durante os anos de
2016 e 2017, demonstrando que os egressos do
curso de Design Gráfico da Universidade Feevale
se mostram profissionais “aptos a planejar, criar e
executar projetos gráficos que contemplam fatores estéticos, simbólicos e técnicos em diferentes
mídias, com uma abordagem interdisciplinar entre
artes, comunicação, design e fotografia”1.
Faz-se um agradecimento especial à Universidade Feevale e a todos os alunos que passaram
pelo curso de Design Gráfico ao longo dos anos.
Tamanhos esforços renderam o conceito 5 no
Exame Nacional de Desempenho de Estudantes
(Enade) realizado em 2015, o que, de muitas formas, enche de orgulho todos os envolvidos.
Esperamos, portanto, que este material seja útil e
proveitoso aos atuais e futuros alunos.
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Disponível em: <https://www.feevale.br/designgrafico>. Acesso
em: 01 nov. 2018.
1
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
4
Cordiais saudações!
Página 09
PÉ DE VENTO: O PROCESSO
DE CRIAÇÃO EDITORIAL E
ILUSTRAÇÃO DE UM LIVRO
INFANTIL COM ABORDAGEM EM
EDUCAÇÃO AMBIENTAL SOBRE O
BIOMA BRASILEIRO PAMPA
Suzana Witt
Página 23
CRIAÇÃO DE IDENTIDADE
VISUAL PARA A
HAMBURGUERIA SALT
COM AUXÍLIO DO IBM
WATSON ANALYTICS
Caique da Silva Cardozo
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Isabel Cristina Dresch de Souza
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
PROJETO DE IDENTIDADE
VISUAL PARA UMA LINHA DE
PRODUTOS DESTINADA AO
CONSUMIDOR CLASSE C
5
Página 40
Página 62
ENSAIOS CRIATIVOS: UMA
ANÁLISE DO PROCESSO
CRIATIVO EM MÚSICA
Mikaela de Souza
Página 78
A AUTOACEITAÇÃO DA
HOMOSSEXUALIDADE A
PARTIR DE UM CASO REAL
Bruno Filipe Griebeler
Página 94
CRIAÇÃO DE EMBALAGEM
PARA VARINHAS INSPIRADAS
NA SAGA HARRY POTTER
Amanda Magnus
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Ana Paula Faedrich dos Santos
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
CONTRIBUIÇÃO DO DESIGN
EDITORIAL NO DESPERTAR
DO HÁBITO DA LEITURA
EM CRIANÇAS
6
Página 99
Página 105
DESENVOLVIMENTO DE PADRÕES
VISUAIS E SUAS APLICAÇÕES: COMO
RESSALTAR A CULTURA DOS ÍNDIOS
KAINGANGS?
Caroline Emanuele Sales Mammarella
Página 113
DOENÇA DE ALZHEIMER: CRIAÇÃO DE UM MANUAL
INFORMATIVO PARA FAMILIARES E CUIDADORES
Raone Sampaio Araujo
Página 121
CRIAÇÃO DE UM CARD GAME
COM O TEMA DA FRANQUIA
THE LEGEND OF ZELDA
Eduardo Figueiró
Página 140
MUD: POCKET LIVRO
VIctória Schmidt Soares
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Heloísa Tochetto Lizot
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
O FABULOSO DESTINO DE
AMÉLIE POULAIN COMO
BASE PARA O DESIGN DE
SUPERFÍCIE
7
Página 134
ARTIGOS
Suzana Witt
[email protected]
RESUMO
O presente artigo detalha o processo
criativo de ilustração e editoração
do livro de educação ambiental
para crianças “Pé de Vento” (texto
de Julia Rovena Witt). Desenvolvido
a partir de conceitos da Educação
Ambiental unidos a considerações
do Design Social e à criação em
design gráfico, tal processo se divide
em três principais etapas: pesquisa
de referencial teórico, pesquisa de
referencial visual e execução. Buscase, através do design, a valorização de
conceitos sociais e educacionais.
Palavras-chave: Ilustração.
Editoração. Design Social. Educação
ambiental.
1 INTRODUÇÃO
“A utopia está lá no horizonte. Me
aproximo dois passos, ela se afasta
dois passos. Caminho dez passos
e o horizonte corre dez passos. Por
mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve
para isso: para que eu não deixe de
caminhar.” (Eduardo Galeano citando
Fernando Birri - vídeo).
Começar um artigo falando sobre utopia é
um caminho sem volta. Se, como nos fala Eduardo Galeano, a utopia serve para que continuemos caminhando, este artigo convida o leitor a
conhecer um processo de criação em design
gráfico que buscou caminhar tanto quanto fosse possível – mas com a consciência de estar
dando apenas alguns passos – rumo a um horizonte que constantemente se afasta. Se o leitor
for também um utópico, é provável que se sinta
confortável durante a leitura. Se, por outro lado,
for um desacreditado, é possível que considere o presente projeto envolto por ingenuidade.
Contudo, pedimos atenção: deixar-se levar por
uma utopia é diferente de deixar-se ser ingênuo.
Apresentar o processo de criação editorial
de um livro para crianças sobre o bioma brasileiro pampa, com foco em Educação Ambiental
– eis a proposta que aqui se inicia. A utopia, por
sua vez, se dá em diferentes etapas deste processo: Seja pela linha de pesquisa em Educação
Ambiental, escolhida para pautar a temática do
livro e para dar suporte teórico-significativo a
este projeto, seja pela vontade de unir design
gráfico à educação, seja pela possibilidade de
unir o design a este processo emancipatório
dos sujeitos ou, ainda, pelo espaço privilegiado
que a academia pode proporcionar ao design
9
PÉ DE VENTO: O PROCESSO
DE CRIAÇÃO EDITORIAL E
ILUSTRAÇÃO DE UM LIVRO
INFANTIL COM ABORDAGEM EM
EDUCAÇÃO AMBIENTAL SOBRE O
BIOMA BRASILEIRO PAMPA
Por que não usar o potencial do design gráfico
para ser aplicado como ferramenta para traduzir visualmente ideologias e ideais de melhoria
social? Existe um design gráfico contestador e
engajado, dedicado à propaganda político-social
e que faz repensar o papel social do design e de
seus atores, promovendo a expansão do debate
sobre a atuação profissional do designer com o
intuito de legitimar o design gráfico socialmente
engajado e torná-lo útil (NEVES, 2011, p. 46).
Em seu artigo, a pesquisadora faz ainda um breve apanhado histórico sobre três manifestos que tiveram como
objetivo argumentar em favor do design gráfico social-
Resposta de Aloísio Magalhães à pergunta “O senhor não está
sendo muito utópico?”. Citação retirada do artigo Contestação
Gráfica: engajamento político-social por meio do Design Gráfico,
de Flávia de Barros Neves, presente no livro O Papel Social do
Design Gráfico, editora SENAC, 2011.
1
Fazer design significa lidar com paradoxos e
contradições. Em uma sociedade cheia de contradições, o design também é afetado. É conveniente lembrar que Walter Benjamin disse que
não existe um documento de civilização que não
seja, ao mesmo tempo, um documento de barbárie (BONSIEPE, 2008).
Aliás, é de interesse deste projeto que os sujeitos que
com ele se relacionem tomem consciência de seu papel
10
Utopias não precisam ser novidades. A união do design a causas sociais já é abordada há tempos e sua
discussão encontra espaço especial em contexto acadêmico. Ainda assim, a tendência de se relacionar o design
gráfico a um trabalho voltado unicamente ao mercado de
consumo acaba por, seguidamente, deslegitimar as possibilidades de atuação social do design. Sobre o assunto,
Flávia de Barros Neves argumenta em seu artigo Contestação Gráfica: engajamento político-social por meio do
Design Gráfico:
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Muito utópico, e isso não me ofende. Nada que
tenha um significado mais profundo deixa de ter
certo aspecto utópico. Ele estimula a perseguição. É próprio do utópico você não atingi-lo, mas,
se não for em busca dele, se você não quiser sair
do convencional, aí então o marasmo é inevitável
(MAGALHÃES, 1997, p. 75).1
mente comprometido. Dentre estes, está o manifesto First
Things First 2000 (nome que faz referência ao manifesto
de Ken Gerland escrito em 1963, First Things First), publicado inicialmente na revista canadense Adbusters, em
1999. O texto defende que “o mesmo talento e dedicação
aplicados pelos designers à publicidade sejam também
usados em ações de melhoria social, baseados no design
gráfico como atividade dotada de valores, princípios e ideais sociais e éticos, diferentemente de um discurso recorrente de que o design deveria ser uma atividade apática e
sem envolvimento com as questões públicas e políticas”
(NEVES, 2011, p. 51).
Não é intenção deste projeto fazer uma crítica ao design gráfico unido ao mercado, mas sim legitimar uma
parcela do design gráfico que não está necessariamente
ligada ao modelo econômico vigente em nossa sociedade. Também por este motivo, a teoria educacional e ambiental abordada para a produção teórica deste trabalho
se identifica com questões sociais e vê o processo educativo como um processo transformador – emancipatório –
dos sujeitos. Se o design gráfico está, em grande parcela,
unido à publicidade, isso em nada muda sua qualidade;
porém, o mesmo se dá em relação ao design que não está
ligado à publicidade e que, por vezes, é tomado como de
menor importância, por não conter em si o mesmo destaque mercadológico. Dialoga-se aqui no sentido de incentivar um design gráfico que sim, se insere no mercado, mas
que tem noção do seu papel no modelo social e que não
fuja a essa reflexão – dolorida, porém necessária.
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
social e pela memória afetiva envolvida nas ilustrações e
na construção do livro.
A Educação Ambiental se faz necessária, portanto, no
sentido de tornar consciente o mundo que nos cerca e a
maneira como nossa sociedade e economia estão estruturadas. O design, por sua vez, se faz necessário neste
trabalho por se propor a comunicar e incentivar a reflexão
sobre tal temática de modo relevante. Toda a produção
deste projeto se baseia na questão inicial: Como o design
gráfico pode auxiliar na educação ambiental de crianças?
2.1 DESIGN E SUSTENTABILIDADE
[…] a reflexão a respeito do problema ambiental,
sem estar articulada com a contextualização
social, cultural, histórica, política, ideológica e
econômica, resulta na reprodução de uma visão
de mundo dualista, que dissocia as dimensões
social e natural. Assim, a luta pela proteção da
natureza sobressai como algo hierarquicamente prioritário sobre a luta por justiça e igualdade
social, em vez de serem percebidas como intrinsecamente vinculadas (LOUREIRO, 2006, p. 14).
O desafio de repensar a forma como vemos a Educação Ambiental também alcança a área do design, quando
este se propõe a pensar sobre sustentabilidade. Dougherty
(2011), em seu livro Design Gráfico Sustentável, compara
o design com um abacate no qual cada camada traria diferentes formas para o designer atuar em favor de ações
sustentáveis, da mais básica à mais complexa. À camada mais fina, a pele do abacate, Dougherty (2011) traz a
discussão sobre o uso de materiais adaptados; à camada
intermediária, a discussão sobre como o designer influen-
11
Foi pensando em um viés do design gráfico que dialogue com sentidos artísticos e sociais da imagem que se
deu a vontade de realizar um livro que unisse a educação
- e, mais especificamente, a Educação Ambiental – ao design gráfico. Assim como acontece ao Design, a Educação
Ambiental também se vê envolta por termos que a tentam
inserir constantemente nas condições do mercado, o que
por vezes acaba por promover o discurso pouco aprofundado do “faça a sua parte”. Se tomarmos por base o material voltado para crianças, encontraremos uma maioria
de publicações no formato de cartilhas ou manuais, com
regras específicas a serem seguidas (feche a torneira ao
escovar os dentes!), o que pode tornar rasa a discussão
real a que tem se proposto a Educação Ambiental como
área de pesquisa. Sobre isto:
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Reconhecer a complexidade do sistema já é
um grande avanço. Se todos adquirirem alguma consciência do tamanho e do intrincado das
relações que regem o mundo hoje, será possível
caminhar coletivamente em direção a um objetivo, seja qual for. O grande inimigo é sempre a ignorância e as ideias preconcebidas que derivam
da falta de exercício do pensamento. Enquanto
uns separam latinhas para reciclar, outros despejam toneladas de esgoto ao mar – isto, numa
mesma cidade, quando não no mesmo bairro ou
condomínio. Enquanto uns se recusam a comer
carne, por estima à vida em todas as suas formas, outros despejam toneladas de explosivos
sobre populações inteiras – isto, muitas vezes,
com origem num mesmo país ou cultura. Enquanto uns negociam aumentos salariais ou
redução da jornada de trabalho, outros empregam multidões de trabalhadores em regime de
escravidão, do outro lado do planeta, para suprir
o apetite insaciável por mercadorias baratas
(CARDOSO, 2012, p. 43).
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
social e, especificamente, ambiental. Tomar consciência
do modo como nossa sociedade está estruturada é um
primeiro passo para que possamos questionar a relação
humano-natureza. Todos temos o mesmo papel diante de
uma vivência ecologicamente prudente com o planeta? O
impacto de um pequeno agricultor, por exemplo, é o mesmo causado por uma monocultura de inúmeros hectares?
Como argumenta Rafael Cardoso em seu livro Design
para um mundo complexo:
Isso coloca em perspectiva toda a discussão
‘papel versus plástico’ da padaria. Descobriu-se
que tanto a sacola de papel quanto a de plástico
são propensas a não serem sustentáveis, assim
como a maioria das padarias nas quais você
compra e o supermercado que você frequenta,
enquanto pensa na questão. Talvez não preci-
2.2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA CRIANÇAS
Uma temática comum parece ser, por vezes, desfavorável para um trabalho na área do design, especialmente
se considerarmos a tendência à novidade que nos acompanha nessa profissão - ou mesmo em nossa sociedade,
uma vez que uma das principais características da contemporaneidade está no grande número de novas - e líquidas - informações com as quais nos relacionamos diariamente. Zygmunt Bauman escreveu que “vivemos tempos
líquidos, nada é para durar”. Dessa forma, a busca pelo
novo parece ser uma das grandes atividades do designer;
criar soluções visuais para problemas de comunicação,
porém, ainda é o foco principal do design gráfico. Considerando a realização de um projeto:
Um projeto de design gráfico consiste num todo
que é formado tanto por um texto diagramado
e por elementos tipográficos de maior destaque, quanto por ilustrações, fotos, elementos
acessórios, como fios etc. Ou seja: Um projeto
de design gráfico é um conjunto de elementos
visuais – textuais e/ou não textuais – reunidos
numa determinada área preponderantemente bidimensional e que resulta exatamente da relação
entre esses elementos. (VILLAS-BOAS, 2003, p.
11-12).
12
Dougherty destaca, ainda, que é possível medir a pegada ecológica de cada cidadão no mundo e que, usando
uma calculadora de pegada ecológica, percebeu que a
sua equivalia a 5,2 hectares globais. Segundo pesquisas, a
média norte americana é de 9,6 ha/pessoa; a alemã, de 4,5
ha/pessoa. A média de um terráqueo é de 2,2 ha/pessoa
– e, para que tal média fosse possível (ou, nas palavras
do autor, sustentável), precisaríamos de 2,9 planetas para
sustentar a população mundial indefinidamente. Dessa
forma, a média ideal para que estivéssemos vivendo de
maneira sustentável seria de 1,8 ha/pessoa, o que comprova que Dougherty, um norte-americano preocupado
com a sustentabilidade do planeta, ainda tem uma pegada ecológica que está muito acima do ideal. Sobre isso, o
autor argumenta:
Torna-se claro, portanto, o papel que o design pode
assumir em nosso contexto social/temporal, profundamente relacionado às informações. A capacidade comunicadora do design é pertinente à educação, assim como
a educação o é ao design. Vivemos em um contexto de
muita informação: A união do design à educação pode
auxiliar no sentido de dar valor a informações precisas e
pertinentes, colaborando com o processo educativo como
um todo.
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Nossa gama de possibilidades como ecodesigners está diretamente relacionada à definição de
nosso papel como designers. Se você se considera um manipulador das coisas, pode particularizar o papel reciclado e a impressão ecológica.
Se você se considera um criador de mensagens,
pode, ativamente, ajudar a influenciar as ideias e
marcas com as quais trabalha. Se você se considera um agente de mudança, deveria ser capaz de mudar as ações do seu público, dos seus
clientes e colegas (DOUGHERTY, 2011, p. 20).
semos de uma resposta para o dilema ‘papel ou
plástico’. Precisamos conceber um sistema diferente, que seja significativamente melhor (DOUGHERTY, 2011, p. 37).
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
cia nas mensagens das marcas para as quais trabalha;
à camada interna, o caroço do abacate, o designer como
agente de mudanças. Assim, segundo Dougherty (2011,
p. 19), “design é material, design é mensagem, design é
mudança”. Sobre sua afirmação, o autor argumenta:
O ambiente não é o espaço natural independente da ação social, mas o resultado de interações
múltiplas e complexas, mutáveis e dinâmicas,
13
Falar com crianças sobre Educação Ambiental e sobre
a complexidade da sociedade da qual fazemos parte é um
objetivo por si só desafiador. Contudo, para uma educação emancipatória e transformadora, perspectiva na qual
nos propusemos a pensar este projeto, apresentar e questionar a forma como diferentes camadas sociais agem
em conjunto com a natureza, se faz necessário. Como
colocado por Freire (1998, p. 86): “Constatando, nos tornamos capazes de intervir na realidade, tarefa incomparavelmente mais complexa e geradora de novos saberes
do que simplesmente a de nos adaptar a ela”. O design
gráfico entra, portanto, em favor de uma comunicação
abrangente e capaz de facilitar o processo de compreensão e transformação dos sujeitos através de uma experiência estética.
Foi na perspectiva de que, assim como o fazer e o saber não estão desvinculados, sociedade e natureza não
se encontram em dualidade/oposição, mas convivem de
modo a serem juntos um único sistema. Foi nesse contexto, que a autora e a editora do projeto que aqui se apresenta buscaram trabalhar a temática da Educação Ambiental, retratando o bioma brasileiro pampa. Buscou-se demonstrar o ambiente de maneira complexa, considerando
fatores sociais e ecológicos que o representam, além de
contextualizar os diferentes tipos de ação humana no bioma e, a partir disso, refletir sobre o papel de cada sujeito
no que se refere ao cuidado com o ambiente do qual faz
parte. Considerou-se, ainda, que falar de Educação Ambiental é também apresentar este espaço para quem não
o conhece, sem buscar simplificá-lo, mas considerando-o
em toda a sua complexidade.
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Tal discussão ganha cores próprias no seio da
Educação Ambiental quando verificamos grupos
de pesquisadores e militantes de movimentos
sociais e ONGs que consideram pouco relevante a teorização, numa frágil argumentação em
defesa da prática, como se o problema central
da educação fosse “como fazer?”. Essa abordagem é reducionista, teoricamente inconsistente
e politicamente inconsequente. Cria um dualismo inaceitável, o fazer por fazer, que despreza
as implicações de tal atitude para a sociedade e
a primazia de uma variável sobre a outra, desconsiderando a complexidade da realidade e o
significado transformador que a educação traz
em seu projeto de sociedade, pelo menos em algumas de suas abordagens.
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
Portanto, como designers gráficos, se nosso problema está na comunicação visual de informações – o que
nos coloca em posição de privilégio social, como afirma
Dougherty (2011) – o problema que encontramos ao nos
depararmos com uma temática comum, se dá justamente pelo conflito de como trazer algo novo para um tema
aparentemente conhecido. Como tornar um material instigante, aprazível e funcional quando o assunto já parece
ter se esgotado através do uso de clichês discursivos e
visuais?
Também a educação, por vezes, parece estar desgastada em seu discurso, uma vez que teoria e sistema
educacional tradicional encontram dificuldades para andarem lado a lado. Neste contexto, pensando na Educação Ambiental, o discurso por um mundo ecologicamente prudente pode ser esvaziado pelo discurso do mundo
ecologicamente correto ou pelo discurso do desenvolvimento sustentável, ainda que, em um primeiro olhar, tais
discursos pareçam próximos. Segundo Loureiro (2006),
a Educação Ambiental precisa estar relacionada a um
projeto social emancipatório e transformador. Falar em
uma sociedade ecologicamente prudente é falar em uma
sociedade socialmente justa, culturalmente diversa, politicamente atuante e economicamente viável. Sobre o dualismo entre teoria e prática na educação, Loureiro (2006,
p. 44) destaca:
Destinado a um público específico, o livro infantil está presente no cotidiano escolar e caracteriza-se por reunir as linguagens verbal e visual,
manifestas nas palavras e nas imagens, ambas
gerando identidades no âmbito das experiências
estética e estésica. Esta é entendida como a mobilização sensorial do sujeito para a percepção
do mundo exterior e consequente experiência
de prazer ou desprazer, de passionalidade e de
sensualidade. Enquanto a experiência estética
é entendida como uma resultante da relação de
um sujeito e outro sujeito. Este pode ser o agir
de uma obra de arte, de um livro de literatura infantil ou de acidentes estéticos quaisquer do cotidiano, como um crepúsculo. Essa ação produz
determinado efeito de sentido que afasta o sujeito tocado de tudo o mais para colocá-lo num
ali e num agora, em total relação com o sujeito que toca. Há uma suspensão de tempo e de
Por proporcionar uma experiência estética e, portanto, dialética, o livro traz em si o conceito emancipatório
de educação sobre a qual se fundamenta a abordagem
de Educação Ambiental trabalhada pela autora M.ª Julia
Rovena Witt. Dessa forma, considerou-se uma plataforma coerente com a proposta de trabalho. Além disso, o
livro físico mostrou-se como plataforma de design gráfico
acessível e democrática:
Quais as condições necessárias para lermos um
livro? Luz, basicamente, natural ou artificial. Do
ponto de vista da guarda, são necessários certos
cuidados no controle da umidade e temperatura dos ambientes, mas nada que implique em
obstáculos de grande monta. Temos livros de
papel feitos há muitos e muitos séculos em bom
estado de conservação, e acessíveis à consulta
sem nenhuma dificuldade. [...] pensemos agora no e-book. O panorama muda por completo.
Tanto a leitura quanto a guarda exigem artefatos
e tecnologia bem específicos, e a coisa fica ainda mais delicada quando consideramos a leitura após um período de guarda: até quando esse
aparato tecnológico necessário para a leitura vai
estar disponível? São questões estreitamente relacionadas ao cotidiano profissional do designer
(MELO, 2003, p. 34-35).
Como designer gráfico, a possibilidade de criar um
material para o público infantil é um desafio que retoma o conceito de utopia trazido no início deste artigo.
Isto porque a qualidade do design e da ilustração voltada para crianças é percebida de forma diferenciada pelo
14
São diversas as plataformas que poderiam ter sido
escolhidas para se trabalhar Educação Ambiental com
crianças por meio do design gráfico. São três os motivos
principais para a escolha de um livro: o livro por sua literatura, o livro como plataforma e o livro por sua capacidade
emancipatória através da experiência estética. Uniu-se,
ainda, a vontade da autora de escrever sobre Educação
Ambiental para crianças e da designer de trabalhar com
ilustração e editoração. A experiência estética proposta
pelo objeto do livro dialoga com a criança no sentido de
permitir um envolvimento afetivo. Considerou-se, portanto, que um livro para crianças pode ser uma plataforma
dialética plena, se não se propor a entregar um conteúdo
(como trabalham as cartilhas), mas sim convidar a criança a participar e envolver-se com a história apresentada:
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
2.3 DESIGN EDITORIAL
lugar para se viver a experiência que envolve o
sujeito por inteiro. Em termos de relação estabelecida, há uma mudança relevante de papéis, o
livro torna-se, então, o sujeito que age sobre o
leitor, agora objetivado. O livro infantil traz em si
as condições para a realização do estético das
sinestesias, das dimensões sensível e inteligível
(PANOZZO, 2001, p. 23-24).
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
limitadas em recortes espaço-temporais que
permitem a construção do sentido de localidade,
territorialidade, identidade, pertencimento e de
contextualização para os sujeitos individuais e
coletivos (LOUREIRO, 2004, p. 42).
4 METODOLOGIA
A principal metodologia escolhida para o desenvolvimento do projeto editorial apresentado até aqui foi o método de criação de Bruno Munari. O autor trata a criação
– mais precisamente, a criação no design – como um
processo. Dessa forma, defende a ideia de que um designer não pode partir da sequência problema-ideia-solução
ao realizar um trabalho: geralmente, é necessário passar
por diversas etapas antes de encontrar uma solução. Por
isso, o autor compara o processo de criação às etapas de
uma receita. Se em uma receita é necessário seguir uma
sequência para obter o melhor resultado com o menor esforço possível, o mesmo se dá num processo de criação
em design.
Assim, a ideia não pode ser o ponto crucial e imediato
da solução de um problema. Munari (1998) inicia a explicação de seu método expondo a sequência problema –
ideia – solução para, a partir daí, incluir diversos itens do
processo de criação que distanciarão o problema de sua
solução. Embora distanciem num primeiro olhar, esses
itens têm como objetivo tornar a criação mais precisa e
certeira, além de “salvar” os designers da necessidade de
se ter uma “ideia brilhante”. Mais tarde, ao longo da leitura
de seu texto, percebemos que o autor inclusive riscará o
item ideia de seu processo de criação, substituindo-o pelo
item criatividade. A principal diferença é justamente essa:
15
A proposta de ilustração e editoração (cores, tipografia, papelaria, traço) está baseada tanto em conhecimentos adquiridos ao longo do trabalho como designer gráfico
quanto no âmbito da memória afetiva. Para a escolha de
tais aspectos, foram levadas em conta experiências próprias com literatura para crianças, vivenciadas pela autora
e pela designer do projeto (ao acaso, irmãs e, portanto,
com experiências bastante próximas de infância), além de
um levantamento de materiais já existentes na área que
dialogassem com o sentido desejado para o material a ser
produzido. Sobre o aspecto da memória, Cardoso (2012)
argumenta:
É possível considerar, portanto, que junto de todos os
seus propósitos, o projeto levará em conta a identidade de
quem o constitui.
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Eram elas (as crianças) a chamar atenção para
as imagens, diante de um olhar adulto já tornado
estreito porque apressado, insensível porque mecânico, necessitando ser ampliado. A experiência
docente mostrou-me que desde a tenra idade as
crianças possuem aptidão para reagir esteticamente a uma produção plástica, embora de modo
espontâneo e intuitivo. Os pequenos leitores interessam-se pela imagem, dialogam e indagam
motivados por ela (PANOZZO, 2001, p. 12-13).
A maioria das experiências que temos ao nosso
dispor não é acessada a qualquer momento pelos sentidos, mas por meio da memória. A capacidade de lembrar o que se viveu ou aprendeu e
relacionar isso com a situação presente é o mais
importante mecanismo de constituição e preservação da identidade de cada um (CARDOSO,
2012, p. 73).
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
público ao qual se destina. Munari (1993) argumenta que
“As crianças são admiravelmente observadoras e dão-se
conta de muitas coisas que frequentemente os adultos
não perceberam”, embora isso não signifique que o design voltado para este público precise estar minado de
informações. Segundo o autor, o fato de que crianças vivenciam experiências visuais com a ilustração de modo
muito atento, justifica a não necessidade de se criar um
material com informações em excesso. Há o desafio de
se falar primeiramente para a criança – público real do
material produzido – e somente após, com o adulto que
irá comprá-lo na estante de uma livraria. Tal afirmação,
pensada no âmbito do design gráfico, é complementada
pela visão educacional na dissertação Literatura Infantil:
uma abordagem das qualidades sensíveis e inteligíveis da
leitura imagética na escola, de Neiva Panozzo:
Durante o processo de criação, é possível que seja necessário buscar em outras metodologias caminhos para
se chegar a soluções para determinados problemas encontrados. O processo de criação manterá a metodologia
de Munari (1998) como fio condutor, mas se permitirá buscar em outras metodologias soluções adequadas; justamente por isso, a criação processual proposta por Munari
(1998) se mantém como base do processo de criação. Em
uma criação processual, é possível intervir com outros estímulos, de forma a valorizar a produção e o andamento
do projeto:
4.2 DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE CRIAÇÃO
DEFINIÇÃO DO PROBLEMA (detalhar o
que é necessário fazer):
a) escolher um traço de ilustração adequado à proposta
do texto;
b) pensar o formato adequado ao livro;
c) distribuir adequadamente o texto e as ilustrações;
d) escolha de tipografias;
e) avaliar as necessidades metodológicas do livro e descobrir pontos de interação do leitor com o conteúdo;
f) escolher o tipo de papel coerente com o material pensado.
COMPONENTES DO PROBLEMA (separar
os itens do problema):
a) ao pensar a ilustração, foi preciso optar por uma estética e entender o que ela significava ao conteúdo do material. O desenho digital é diferente de uma aquarela, que é
diferente de um traço de lápis de cor. Foram feitos testes
com diferentes materiais e optou-se pelo uso do lápis de
cor pelos seguintes motivos:
a.1) aproximar-se da estética desejada a partir da análi-
16
PROBLEMA (o que é necessário fazer):
Ilustração e realização do projeto gráfico-editorial do
livro de educação ambiental para crianças “Pé de Vento”,
de Julia Rovena Witt.
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
4.1 METODOLOGIAS TRANSPASSADAS
A criatividade do autor é, talvez, a sua capacidade de interação – absorver influências díspares,
do cinema ao pensamento filosófico, da literatura ao rock, da sociologia à ficção científica,
da música concreta à poesia visual, das artes
plásticas à pornografia, da BD à performance,
etc, etc. O difícil é saber retransmitir esses dados
no processo artístico de cada um. E como disse
Picabia, a nossa cabeça é redonda para permitir
que o pensamento mude de direção (GEIRINHAS,
1999, p. 14).
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
enquanto a ideia parte de um insight – uma iluminação
repentina solucionadora do problema –, a criatividade é
um processo que leva em conta diversos fatores, para então pensar em uma solução. A criatividade considera as
etapas da criação e possibilita um projeto mais certeiro e,
com isso, menos arriscado.
Para o autor, as seguintes etapas tornam o processo
de solução de um problema de design viável: Problema (o
que é necessário fazer); Definição do Problema (detalhar
o que é necessário fazer); Componentes do Problema (separar os itens do problema); Coleta de Dados (quem já fez
isso antes?); Análise de Dados (como fez? O que eu posso
criar a partir do que já foi feito?); Criatividade (como juntar
tudo da maneira mais correta?); Materiais e Tecnologia;
Experimentação (prova); Modelo; Verificação; Desenho de
Construção; Solução.
O principal aspecto a ser destacado no método de
Munari é a valorização das diversas etapas em um processo de criação. A substituição da ideia pela criatividade é ponto crucial, uma vez que todas as etapas auxiliam
justamente na criação processual, sem a necessidade de
um insight. Além disso, o método trabalha a partir de uma
análise crítica de si mesmo, trazendo consigo maior segurança de obter-se ao fim do processo um projeto de fato
realizável e pensável.
d) A escolha de tipografia precisou ser feita em duas instâncias.
d.1) Título. O título também traz em si, de certa forma, a
identidade visual do livro. Foi importante escolher uma
tipografia que complementasse a ilustração. Por isso, o
título do livro é feito em fonte manual, curva.
d.2) Corpo do texto. Essa tipografia precisava ter boa leiturabilidade e comportar-se harmonicamente com as
ilustrações. Foi escolhida uma tipografia clara, sem serifa, de traço fino, que não se destacasse em excesso das
ilustrações.
COLETA DE DADOS (quem já fez isso antes?):
Nesta etapa, foi preciso levar em conta diferentes referências:
a) como são os materiais voltados para educação ambiental de crianças, aos quais gostaríamos de nos aproximar e o que gostaríamos de evitar, a partir da análise
destes materiais;
b) quem trabalhou com a estética de ilustração que estamos buscando e como trabalhou;
c) quais livros trazem boas metodologias de interação a
partir de seu design e ilustração.
ANÁLISE DE DADOS (como fez? O que eu
posso criar a partir do que já foi feito?)
Percebeu-se, na análise de dados, a tendência à criação de cartilhas e materiais didáticos que abordam a temática ambiental, sem, entretanto, levar em consideração
os possíveis aspectos lúdicos do aprendizado. As informações, tanto textualmente quanto em relação à ilustração, seguem um aspecto de estatuto, apontando o certo e
o errado, sem grande profundidade.
17
c) A distribuição do texto e das ilustrações se deu a partir
das seguintes etapas:
c.1) leitura do texto e separação de acordo com suas temáticas – levando em conta a quantidade de textos em
cada página;
c.2) quanto às ilustrações, decidiu-se que estariam presentes em todas as páginas, de acordo com parágrafo de
texto da mesma. Dessa forma, as ilustrações foram divididas por assunto.
Obs: Vale ressaltar que a partir da leitura do texto decidiu-se o número de páginas do livro (32 com capa e contracapa).
f) A escolha do papel buscou ser coerente com o material
produzido. Para isso, foi preciso entrar em contato com
a gráfica escolhida e entender o material adequado. Foi
escolhido:
f.1) para capa e contracapa, Reciclato 240g;
f.2) para miolo do livro, Reciclato 150g.
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
b) Ao pensar o formato adequado do livro, levou-se em
conta:
b.1) a possibilidade de manuseio/ locomoção do material;
b.2) O tamanho adequado para o texto e as ilustrações;
b.3) a estética desejada para o livro.
e) As necessidades metodológicas modificaram ao longo
do processo para tornarem-se adequadas ao formato do
material. Percebeu-se:
e.1) a necessidade de criar-se uma ferramenta de mostruário de espécies, uma vez que ilustrações e texto não
dariam conta de tais informações, para isso, criou-se:
• Um jogo da memória;
• Uma página de adesivos.
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
se de materiais semelhantes, dos quais gostaríamos de
aproximar ou afastar nosso material;
a.2) dar ao aspecto do livro uma intenção compatível com
a de seu texto;
a.3) ressaltar um aspecto artesanal do livro, para diferenciá-lo do que é habitual em materiais voltados para o público infantil atualmente.
EXPERIMENTAÇÃO (prova)
Antes de mandar o material digital para que a gráfica
imprimisse o protótipo, foi importante realizar impressões
por conta, de maneira a entender como ficaria o projeto físico. Por exemplo, é importante perceber se o tamanho da
fonte escolhida está correto. Ainda que exista um tamanho referência, não sabemos como diferentes tipografias
podem se comportar.
18
MATERIAIS E TECNOLOGIA
As etapas do processo necessitaram de diferentes
materiais e tecnologias.
a) Ilustração: Na fase inicial da ilustração, utilizamos lápis
de cor aquareláveis e papel Canson gramatura 90g. Depois
de prontas, as ilustrações foram digitalizadas e editadas
em Photoshop. Nessa edição, as cores foram retrabalhadas para ficarem mais vibrantes e amareladas. Buscou-se
dar um tom outonal a todas as ilustrações, pensado a partir
da paleta de cores escolhida no início do processo.
b) Montagem: A montagem digital do livro foi realizada em
InDesign. Nessa etapa, foram feitos testes de tipografia,
escolheu-se a margem adequada e estabeleceu-se o grid
do livro. A etapa do InDesign foi o momento de colocar as
diferentes etapas de criação em uma mesma plataforma
e buscar criar uma unidade para as mesmas.
c) Impressão e montagem: A impressão foi feita em gráfica Offset e a montagem foi feita no mesmo local, com
dobra e grampo.
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
CRIATIVIDADE (como juntar tudo da
maneira mais correta?)
Nessa etapa, foi preciso descobrir, primeiramente, o
traço desejado para a ilustração e a aparência da personagem principal (Menina). Foram feitos diversos testes
até chegarmos ao aspecto escolhido, feito com lápis de
cor, sem linhas que demarcassem o desenho.
Tal traço foi o que gerou maior apelo de identidade
para o livro. Depois de escolhido o traço, foi possível pensar a ilustração de cada página – as quais também geravam novos testes. Para um livro de 32 páginas, foram
utilizadas no total 62 ilustrações diferentes. Para estas 62
ilustrações escolhidas, por sua vez, foram feitos no mínimo o dobro de testes. A forma mais adequada de pensar
uma ilustração, nesse processo, era iniciá-la e aprová-la
ou descartá-la conforme o que se estava buscando.
Depois de trabalhada a ilustração, unimos texto, ilustração e grid no InDesign. Nessa etapa, foi possível analisar as tipografias pensadas, modificá-las conforme as
necessidades do texto e do todo. O momento de unir tudo
o que foi criado é a chave do processo criativo, na qual é
possível avaliar o que já foi produzido até então e o que
precisa ser modificado.
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
O livro ao qual nos propusemos pretendia abordar de
outras formas a educação ambiental, evitando regras e
abordando informações pertinentes, que explicassem situações do bioma Pampa sem simplificá-las, ainda que
a partir de uma linguagem que comunicasse às crianças
na faixa dos 8 anos, às quais o livro se dirige. Ao buscar
este outro aspecto da literatura e da educação, foi preciso
estudar linguagens que diferenciassem o livro Pé de Vento
dos demais materiais.
Por outro lado, buscamos na Literatura Infantil livros
que fossem referência quando pensamos em lúdico e em
interação (também estes foram referências diferentes entre si, que buscamos aproximar ao montar a estrutura de
nosso livro):
Com relação à ilustração, são referências para o livro
Pé de Vento, livros como Bruxa Onilda (Roser Capdevila
e Enric Larreula), Marcelo Marmelo Martelo (Ruth Rocha), O Pequeno Urso (desenho animado criado por Maurice Sendak, Jeff Goode e Else Holmelund Minarik). Com
relação à interação, são duas as principais referências:
Onde Está Wally (Martin Handford), e coleção Salve-se
Quem Puder (autores diversos).
19
O trabalho que aqui buscou-se apresentar trouxe
consigo diversos desafios. A questão inicial de “Como o
Design Gráfico pode auxiliar na Educação Ambiental de
crianças?” desmembrou-se em diversas outras questões
relacionadas à área do design gráfico: Como tornar um
material instigante, aprazível e funcional quando o assunto já parece ter se esgotado através do uso de clichês
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
discursivos e visuais? Como trabalhar uma ilustração que
traga em si a personalidade de uma história? Quais os
materiais adequados ao tipo de discurso desejado? Qual a
tipografia adequada quando falamos de literatura infantil?
Qual o grid que melhor se ajusta a um material ilustrado?
Trabalhar neste projeto editorial foi um desafio para
mim, como estudante de design, aspirante a designer e
ilustradora. O desafio sempre faz parte de um projeto de
design, seja ele maior ou menor, de acordo com nossas
capacidades. Desafiar-me foi essencial para alcançar um
resultado do qual eu não sabia se seria capaz. A satisfação de um projeto realizado fica marcada no aprendizado.
Para o livro Pé de Vento, espera-se continuar a trajetória, passando ainda por modificações – se necessário – e
levando o projeto adiante através do contato com editoras
acadêmicas ou independentes. É de nosso interesse que o
livro criado neste projeto vá ao mundo, em busca de realizar seu principal objetivo: auxiliar no conhecimento sobre
uma educação ambiental emancipadora e sobre o bioma
abordado.
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
MODELO/VERIFICAÇÃO/SOLUÇÃO:
É possível afirmar que a etapa em que o projeto se encontra atualmente, de acordo com a metodologia de Munari (1998), é a de modelo e verificação: criou-se o protótipo
do livro (possível solução) e, a partir de agora, devemos levá-lo ao público, para perceber como o projeto se comporta
e se será necessário, ainda, realizar alguma modificação.
Pretende-se enviar o modelo de Pé de Vento para editoras,
participar de editais ou produzir exemplares artesanalmente, para a venda em feiras de editoração independente.
Anexas a este artigo, foram colocadas algumas fotos
que traduzem visualmente os resultados alcançados.
Capa e peças do jogo da memória do livro Pé de Vento
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
20
Ilustrações e grid interno do livro Pé de Vento
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
21
AZEVEDO, M.; LEMOS, J.; LEAL, E.; FARIA, J.; SARAIVA, J.;
MENDONÇA, L.; PEREIRA, M. J.; CARVALHAIS, M.; SALAZAR, M. (Org.). Instantes. Matosinhos, ESAD, 1999.
BRAGA, Marcos da Costa (Org.). O Papel Social do Design Gráfico. São Paulo: Senac, 2011.
CARDOSO, Rafael. Design para um mundo complexo.
São Paulo: Cosac Naify, 2012.
MELO, Chico Homem de. Os desafios do designer &
outros textos sobre design gráfico. São Paulo: Edições
Rosari, 2003.
MILLMAN, Debie. Fundamentos essenciais do design
gráfico. São Paulo: Rosari, 2012.
MUNARI, Bruno. Das coisas nascem coisas. São Paulo:
Martins Fontes, 1998.
MUNARI, Bruno. A arte como ofício. Lisboa: Presença,
1993.
DOUGHERTY, Brian. Design gráfico sustentável. São
Paulo, Rosari, 2011.
PANOZZO, Neiva Senaide Petry. Literatura Infantil: uma
abordagem das qualidades sensíveis e inteligíveis da
leitura imagética na escola. Porto Alegre: UFRGS, 2001.
HENDEL, Richard. O Design do Livro. São Paulo: Ateliê
Editorial, 2003.
VILLAS-BOAS, André. O que é e o que nunca foi design
gráfico. Rio de Janeiro: 2AB, 2003.
LOUREIRO, Carlos Frederico B. Trajetória e Fundamentos
da Educação Ambiental. São Paulo: Cortez, 2006.
22
AMBROSE, G.; HARRIS, p. Design Thinking. Porto Alegre:
Bookman, 2011.
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
AMBROSE, G.; HARRIS, p. Cor. Porto Alegre: Bookman,
2009.
LUPTON, Ellen. Pensar com tipos: guia para designers,
escritores, editores e estudantes. São Paulo: Cosac Naify,
2006.
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
REFERÊNCIAS
Caique da Silva Cardozo
[email protected]
RESUMO
Esse projeto teve o objetivo de
construir a Identidade visual da
hamburgueria Salt, buscando
a solidificação do negócio no
meio e região em que atua. Com
essa finalidade, foi necessária a
compreensão dos pontos chave que
nortearão a solução desta proposta,
como o público a ser atingido, os
dados demográficos e psicográficos
da região e seus entornos e a
concorrência. O projeto seguirá a
metodologia de Bonsiepe (1984),
porém terá auxilio da metodologia de
Peón (2009) para as etapas de criação
da identidade visual e seu manual e a
adoção do IBM Watson Analytics na
concepção de Insights.
Palavras-chave: Identidade visual.
Branding. Desenvolvimento de marca.
IBM Watson Analytics.
1 INTRODUÇÃO
Para Strunk (2012, p. 24), marcas que não
conseguem transparecer um diferencial perceptivo acabam sendo empresas que competem apenas por preço com seus concorrentes.
No contexto atual, isso não é mais admitido.
Deixamos de ser uma sociedade que aceita
apenas a quantidade de um mesmo produto
sem se preocupar com a qualidade ou o significado que aquele produto carrega. A maioria
das pessoas compra produtos pelo sentimento ou “status”, e o papel do designer gráfico é
trazer sentido, emoção e diferenciais para os
produtos, afinal, “ofertas com bom design funcionam como se fisgassem as pessoas emocionalmente com uma promessa sedutora que
se mostra gratificante ao final” (HILL, 2009, p.
130).
Através da identidade visual de uma marca,
é possível transparecer essas características
sentimentais, que acabam aplicando esse diferencial competitivo para a empresa.
O projeto se dará em cima da marca Salt,
que é uma empresa situada na cidade de São
Leopoldo, Rio Grande do Sul. Uma hamburgueria artesanal, que tem como diferencial a
qualidade de seus produtos, porém, não possui
uma identidade visual formada. Para melhor
entendimento da empresa, foram colhidos dados referentes ao seu campo de atuação e seu
público, relacionados ao seu setor de atuação,
setor alimentício. Segundo ABRASEL (apud
SEBRAE, 2017), o setor alimentício representa
2,7% do PIB brasileiro, e o principal público que
frequenta, e é considerado alvo pelo negócio, é
denominado Jovem, que segundo o site governamental ANDI, são pessoas entre 15 e 30 anos
de idade.
23
CRIAÇÃO DE IDENTIDADE VISUAL
PARA A HAMBURGUERIA SALT COM
AUXÍLIO DO IBM WATSON ANALYTICS
Muitos pensam que a marca é a representação gráfica da empresa, a assinatura que é impressa em todos os
produtos, mas isso é apenas uma pequena parcela do que
a marca representa. Podemos dizer que a marca é uma
entidade, ela tem vida, respira e interage com as pessoas,
tem características próprias que são identificadas em seus
produtos. Usaremos como exemplo a “Coca-Cola”, apenas
ao ler essas palavras você já sabe ao que se refere, consegue ver as cores que esse nome carrega, sentir o gosto, e
muitos podem até sentir uma nostalgia ou associar ela a
um momento de sua vida, como os almoços de família de
finais de semana. Porém, “Coca-Cola” é apenas a junção de
duas palavras, se hoje ela tivesse sido inventada e você não
tivesse nem uma relação ou conhecimento dela, certamente não sentiria nada ao ler essas palavras, talvez associaria
a algo que conhece, mas não entenderia o conceito, a história, e tudo isso que sentimos por ela hoje em dia.
Outro atributo que as marcas adquirem com o tempo
é o status que elas oferecem a quem possui seus produtos. Será usado como exemplo o “Redbull”, que é sempre
associado a esportes extremos, é uma bebida energética e, mesmo recebendo a informação que, em excesso,
faz mal ao organismo, não conseguimos desvincular a
ideia de que precisamos tomá-lo para melhorar nossas
habilidades quando praticamos algum esporte; e isso se
reflete em nossos cotidianos. Muitas pessoas bebem “Redbull” para conseguirem ultrapassar seus limites diários,
mesmo que seus desafios encontrem-se em uma sala de
escritório em frente a seu computador. Segundo Strunk
(2012), esses atributos e qualidades são chamados de
“Brand-equity”, que é explicado por ele:
Para chegar a essa solução, usou-se uma mescla da
metodologia criada por Bonsiepe (1984), em que propõe
que cada problema deve ter seu arranjo metodológico,
considerando as diferentes dificuldades de cada projeto,
e a metodologia de Peón (2009), voltada para a criação da
identidade visual, manual de identidade visual e as peças
institucionais. Também se usou ferramentas como o briefing, moodboard e o IBM Watson.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 MARCA
Quando criamos uma Marca, temos que levar em conta o que faz as pessoas escolherem uma marca. Nossas
escolhas são muito mais sentimentais que lógicas. Nós
sentimos a marca (sentimento) e não escolhemos ela (raciocínio). O nosso cérebro trabalha na maioria do tempo
de forma sentimental e as marcas se tornam um ser vivo
para nós:
Por exemplo, como “escolhemos” que marcas
percebemos? Bem, a primeira etapa no processo perceptivo é a de filtragem, que normalmente
ocorre subconscientemente. Tendemos a filtrar
e excluir o não familiar (já que prestar atenção a
estímulos não familiares exige esforço). Em vez
disso, preferimos focalizar o que já conhecemos
24
Os sistemas cognitivos, capazes de analisar
grandes quantidades de dados e informações,
interagem naturalmente com as pessoas, ampliando o que os seres humanos ou máquinas
podem fazer sozinhos, formando uma espécie
de inteligência integrada (LEE, et al., 2015, p. 1).
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
e com o qual podemos nos relacionar de forma
mais fácil. Portanto, ao vermos um comercial de
televisão ou uma prateleira diante de nós, por
exemplo, classificamos e interpretamos escolhas de marca com base em reações perceptivas
– ou propensões – que, mais uma vez, estão enraizadas nas emoções (HILL, 2009, p. 24).
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
A problemática contemplada nesse trabalho é a criação de uma identidade visual para a marca Salt, porém
esse trabalho propõe a utilização da computação cognitiva (IBM Watson) no processo metodológico de criação
de identidade visual, mais especificamente, na criação de
Insights, pois:
A identidade visual é a parte mais importante de uma
marca, identidades visuais fortes geram marcas fortes.
Não adianta termos uma marca (nome) se não conseguimos representar os conceitos, ideias, posicionamentos
e visão de forma visual para as pessoas, afinal “80% da
aprendizagem é baseada na visão” (AMERICAN OPTOMETRIC ASSOCIATION, 1991 apud HILL, 2009, p. 22).
Strunk (2012) explica que:
A identidade visual é o conjunto de elementos
gráficos que irão formalizar a personalidade visual de um nome, ideia, produto ou serviço. Estes
elementos agem mais ou menos como as roupas e as formas de as pessoas se comportarem.
Devem informar, substancialmente, à primeira
vista. Estabelecer com quem os vê um nível ideal
de comunicação (STRUNCK, 2012, p. 81).
O aglomerado de informações representados em uma
identidade visual nem sempre é notados de imediato pelas
pessoas em geral, porém é necessário que eles estejam
Segundo Strunk (2012, p. 95), podemos dividir em quatro os principais componentes de uma identidade visual,
que são: símbolo, logotipo, cor(es) padrão e alfabeto institucional. A junção do símbolo e do logotipo é chamada
de assinatura visual, é o modo mais comum de ser usado,
porém há marcas que utilizam apenas logotipo (exemplo
a Sony) e mais raramente apenas o símbolo (exemplo a
Apple). Esse último exemplo exige muitos anos de engajamento da marca e é considerado o mais alto ponto de
reconhecimento que uma marca pode chegar.
O símbolo, dentro da identidade visual, é um elemento
que representa de forma gráfica uma ideia, conceito ou
os valores da empresa em sua assinatura visual. Junto
com o logotipo ou, em raros casos, sozinho, ele pode ser
considerado o modo como a marca é representada para
as pessoas.
Nem todas as marcas têm símbolos. Qualquer
desenho pode ser considerado um símbolo, se
um grupo de pessoas o entender como a representação de alguma coisa além dele mesmo.
(STRUNCK, 2012, p. 97).
Segundo Strunk (2012, p. 96), o logotipo “é a particularização da escrita de um nome. Sempre que vemos um
25
2.1.1 Identidade visual
A Criação de uma identidade visual deve ser feita por designers gráficos. Esses profissionais
sabem, de forma objetiva e precisa, manipular
toda uma série de teorias e técnicas capazes de
transformar os elementos institucionais nos verdadeiros espíritos das marcas que representam.
Isso é fundamental, pois, em termos de comunicação, as identidades visuais têm dotes e virtudes incomparáveis (STRUNCK, 2012, p. 93).
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Assim podemos dizer que marcas são entidades que
possuem suas próprias características, que as distinguem
umas das outras, e que essas características cativam as
pessoas, assim como nas relações humanas.
presentes desde o início da construção dessa identidade,
pois, a partir dessas concepções, serão construídas as pilastras da marca, que farão ela se fortificar com o passar
do tempo, ganhando respeito e solidificação no mercado,
por isso é essencial ser criada por um profissional.
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
O Brand-equity tem como base a memória do
consumidor a partir do conhecimento de uma
marca. Esse conhecimento envolve dois componentes: O reconhecimento de marca e a imagem
de marca. O reconhecimento é a lembrança que
o consumidor tem de uma marca. Já a imagem
é formada pelas associações que são feitas nas
suas mentes ao lembrarem-se da marca. Essas
associações são formadas por seus: Atributos,
características relacionadas à performance. Benefícios, as necessidades atendidas pelos atributos. Atitudes, as crenças sobre uma marca
(STRUNCK, 2012, p. 46).
zes de analisar grandes quantidades de dados
e informações, interagem naturalmente com as
pessoas, ampliando o que os seres humanos
ou máquinas podem fazer sozinhos, formando
uma espécie de inteligência integrada (LEE et al.,
2015, p. 1).
A computação cognitiva é, de forma básica, uma máquina que tem o poder de aprendizagem do ser humano:
A computação cognitiva é uma área da tecnologia que vem sendo explorada em diversos ramos
do mercado. As técnicas que a compõe viabilizam que sistemas informatizados aprendam
utilizando linguagem natural, gerando hipóteses
contextualizadas baseadas em evidências. Diferentemente da computação convencional, que
segue instruções e regras pré-estabelecidas, a
computação cognitiva analisa situações dinâmicas e dados mutáveis, sendo capaz de raciocinar
e inferir soluções. Os sistemas cognitivos, capa-
2.3 A SALT
A Salt é uma hamburgueria com pouco tempo de mercado, apenas 8 meses, seus hambúrgueres são feitos
com ingredientes selecionados, sempre presando a qualidade de seus produtos. São feitos de forma artesanal espelhados no movimento Slow Food:
O princípio básico do movimento é o direito ao
prazer da alimentação, utilizando produtos artesanais de qualidade especial, produzidos de
forma que respeite tanto o meio ambiente quanto as pessoas responsáveis pela produção, os
produtores. O Slow Food opõe-se à tendência de
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
2.2 IBM WATSON
26
O Watson é uma inteligência artificial baseada em
computação cognitiva que nasceu com o propósito de
entender e se comunicar com os humanos. Ele foi criado
pela IBM (International Business Machines), uma empresa de tecnologia da informação. Segundo a própria IBM
(2014), 80% dos dados gerados mundialmente não são
estruturados, ou seja, não podem ou não são categorizados pelos sistemas de buscas convencionais. Muitos textos, fotos e vídeos estão apenas vagando pelo universo de
informação crescente dia após dia, o Watson tem o poder
de entender a linguagem natural, podendo assim interpretar o que aquelas informações querem dizer. Caso um
usuário comece uma busca através do Watson, ele trará
esses dados como resultado.
É importante ressaltar que o Watson é dividido em vários produtos, para diferentes fins, esse projeto contempla
a utilização apenas do IBM Watson Analytics ®, esse software facilita a concepção de dados, ajudando na criação
de insights.
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
nome representado por um mesmo tipo de letra (especialmente criado, ou não), isso é um logotipo”.
Já em relação a cor, Strunk (2012) fala que “uma ou
mais cores que, sempre nos mesmos tons, são usadas
nas identidades visuais, são chamadas de cores padrão.
Na maioria das vezes passam, com o uso, a ter mais reconhecimento do que o logotipo e o símbolo. ” (STRUNCK,
2012, p. 106).
Muitos autores consideram a cor o principal elemento
da marca, pois é através dela que se faz o primeiro contato com as pessoas, mesmo que isso seja inconscientemente. Banks e Fraser (2007) comentam que muitas
pessoas consideram a cor o principal elemento utilizado
pelas marcas como tática de reconhecimento. Eles ressaltam que “[...]certamente é difícil pensar em uma marca
que não tenha uma cor ou combinação de cores associada a ela. ” (BANKS; FRASER, 2007, p. 12).
Muitas pessoas não costumam notar, mas todos os
textos dentro de uma marca utilizam um sistema de tipografias em seus diferentes meios de comunicação, esse
padrão serve para fortificar a identidade da marca. “A escolha de uma família de letras para fonte padrão de uma
identidade é importante porque complementa e lhe confere consistência”. (STRUNCK, 2012, p. 107).
A “Associação de Bares e Restaurantes (ABRASEL)
estima que o setor represente atualmente 2,7% do PIB
brasileiro” (ABRASEL apud SEBRAE). O que torna o investimento nessa área um bom negócio.
Já na questão do público da Salt, a partir de dados fornecidos pela empresa, estima-se que tenha idade aproximada de 15 a 30 anos. Segundo o site governamental
ANDI (Agência de Notícias dos Direitos da Infância), podemos considerar jovens pessoas entre 15 e 29 anos de idade, e a agência ainda divide os jovens em três categorias:
“os adolescentes-jovens (entre 15 e 17 anos), os jovens-jovens (com idade entre os 18 e 24 anos) e os jovens-adultos (faixa-etária dos 25 aos 29 anos) ”. Essa separação
do termo jovem também é defendida por outros autores:
Arnett (2000) aponta a inconsistência de se aglomerar na idade adulta jovem os indivíduos desde
os 18 aos 30, sendo que na prática são períodos
muito distintos. Assim, acredita fazer sentido
A beleza é inevitavelmente um parâmetro de avaliação de qualquer projeto. Mas lembre-se que a
noção de beleza também é apenas uma construção simbólica: o belo é aquilo que, segundo a
interpretação do observador, denota visualmente
valores que lhe são positivos. Por isso é importante identificar que valores são esses. E, mais
uma vez: estes valores não são os seus ou os
do cliente, mas os valores do público-alvo, representados graficamente de acordo com o código
simbólico deste público.
Assim fica claro que, quanto mais dados forem recolhidos do público da marca, mais certeira será a solução
final.
3 METODOLOGIA
O desenvolvimento desse projeto foi guiado por um
arranjo metodológico entre a metodologia criada por Bonsiepe (1984) e Peón (2009). A metodologia de Bonsiepe
servirá como base e estrutura do projeto, já o método de
Peón será utilizado na concepção dos materiais gráficos.
Para Bonsiepe, cada problema precisa ter seu arranjo
metodológico em cima de seu método projectual, consi-
27
Segundo dados do IBGE, nas ultimas 3 décadas,
o percentual de brasileiros que trocou a refeição
em casa pela alimentação fora do lar saltou de
7% para 25%. Além disso, o brasileiro gasta aproximadamente 25% de sua renda com alimentação fora do lar (IBGE apud SEBRAE).
A partir disso, podemos denominar o público da Salt
como adolescentes-jovens, jovens-jovens e jovens-adultos.
A compreensão do público é extremamente importante, pois na criação da identidade deve-se levar em conta,
indispensavelmente, o perfil do público da marca. O gosto
visual do público alvo é indispensável e essa conjunção
entre público e beleza visual é explicada por Peón (2009,
p. 65):
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
O restaurante foi criado por dois empresários, Nicolle
Rosa Evaldt e Tiago dos Santos, que identificaram uma
possibilidade de negócio em São Leopoldo, cidade onde a
princípio só havia hamburguerias de fast food, que presa
muito mais o número do que a qualidade dos produtos.
O investimento no setor alimentício é um grande negócio, atualmente, pois idas a restaurantes e outros estabelecimentos tornaram-se mais costumeiras pelos brasileiros:
aplicar-se o termo de jovem adulto aos indivíduos pelos seus 30 anos, argumentando que para a
maioria das pessoas a transição da idade adulta
emergente para a idade adulta jovem se intensifica no fim dos 20 e é atingida pelos 30 anos
(ARNETT 2000 apud AGUDO, 2008, p. 16).
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
padronização do alimento no Mundo, e defende
a necessidade de que os consumidores estejam bem informados, se tornando coprodutores
(Slowfoodbrasil, 2017).
Essas 8 etapas são definidas como:
1- Problematização: Criação de uma identidade visual
para a hamburgueria Salt.
2- Análise: É a fase onde analisamos a fundo o problema, no caso desse projeto é a fase onde analisamos a
identidade visual da marca, como ela
se comporta dentro do ambiente em
que atua, como os concorrentes se
comportam, lugares onde ela é presente e recursos que usa para sua visualização.
3- Definição do problema: Etapa
onde decidimos o escopo de nosso
projeto, desconsiderando assim alguns
itens não significativos da etapa 1.
Esquematicamente se pode subdividir o processo
projetual nos seguintes passos:
1. problematização;
2. análise;
3. definição do problema;
4. anteprojeto
geração de alternativas;
5. avaliação, decisão, escolha;
6. realização;
7. análise final da solução.
Fonte: Bonsiepe (1984)
Figura 2 - Metodologia de Peón
Fonte: Peón (2009)
28
Peón (2009) divide em sete passos sua metodologia,
conforme figura 2.
A partir do conhecimento e mescla das duas metodologias apresentadas, foi criado um fluxograma com 8
etapas que esse projeto seguirá, conforme figura 3.
Figura 1 - Metodologia de Bonsiepe
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
[...]O conjunto e a ordenação de procedimentos
para a realização de um dado objetivo – ou seja,
o conjunto de métodos utilizados, bem como o
estudo e análise destes métodos. A metodologia
é, assim, uma ferramenta para o desenvolvimento de um objetivo – e não o objetivo em si mesmo. Por isso, ela deve servir como um auxiliar
para resolver os problemas, e não se configurar
como um problema (PEÓN, 2009, p. 39).
4- Anteprojeto: geração de alternativas: É a maior etapa do projeto, nela serão colhidos todos os dados necessários sobre o problema, usando ferramentas para coleta
de informações, criará esboços, formulará conceitos e
ideias. A prototipação e a criação do pré-modelo e modelo
também fazem parte dessa fase. Nesse projeto, foi adotado o uso do Briefing, de moodboards e do IBM Watson
Analytics.
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
derando as diferentes dificuldades de cada projeto, chamado por ele de taxonomia dos problemas. Em sua metodologia, Bonsiepe (1984) proponha o uso de 7 passos, que
são apresentados pela Figura 1.
Já Peón, voltada para a criação da identidade visual,
manual de identidade visual e as peças institucionais, caracteriza metodologia como:
Figura 3 - Fluxograma do projeto
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
to. O Watsom Analytics consegue interpretar sentimentos
através das palavras, por isso ele é considerado uma computação cognitiva, com isso foi possível saber as hashtags
compartilhadas junto com #hamburguer que passavam
sentimentos bons e ruins e assim auxiliar a traças um caminho a ser seguido e outro a não ser seguido.
A seguir foram criados alguns moodboars para compreensão visual do universo que cerca a empresa, seguindo os dados colhidos através do briefing, podendo assim
criar um mapa visual de cores, tipografia, ideias de embalagens e dos hambúrgueres. Como mostrado na figura 5.
A partir desses processos é possível ter um conceito
gráfico bem estruturado do que será criado como assinatura e da identidade visual da marca. É importante ressaltar que em todas essas fases deve-se criar esboços, mesmo se não forem usados, que servirão para amadurecer
suas ideias até uma solução.
5- Avaliação, decisão, escolha: As alternativas criadas
serão analisadas, tendo em vista suas aplicações, público
e as etapas antecessoras, pois se não forem bem resolvi-
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
Partiu-se do recolhimento de informações da empresa através do Briefing, para poder ter um entendimento
integral do negócio, de seu público, o modo como nasceu
a hambúrgueria, problemas reconhecidos por seus donos,
visão, missão e valores da marca e objetivos para o futuro.
O recolhimento dessas informações serviu para a compreensão do problema e traçar um caminho inicial até a
solução.
O segundo passo a ser dado foi a utilização do IBM
Watson Analytics, com ele foi possível colher dados da rede
social Twitter. A estratégia adotada foi buscar hashtags referentes ao universo do restaurante, como a #hamburguer,
através dela foi possível ver os principais horários que as
pessoas costumam postar essa hashtag, também foi possível ver a quantidade de vezes que essa hashtag é utilizada
nas regiões vizinhas e comparar com as grandes metrópoles. A geração de insight foi possível através da busca das
hashtags que são postadas juntas com #hambuguer, assim podendo entender o que as pessoas costumam fazer,
comer e pensar quando estão postando sobre esse assun-
29
Fonte: elaborado pelo autor
Figura 4 - Resultado de pesquisa (#hamburguer) no IBM Watson Analytics
Figura 5 - Moodboards
das, dificultarão as próximas etapas, podendo ser necessário a criação de novas alternativas e, por consequência,
retrabalho. Essa é a última etapa da criação da Assinatura
visual.
6- Projeto das aplicações: É onde nascem as aplicações. Para esse projeto foi identificada a necessidade de
criação de embalagens, aplicações internas e externas e
outros identificadores que seguirão uma identidade visual,
fortificando o reconhecimento da marca.
7- Produção do manual de identidade: Nessa etapa é
concebida a criação do manual de identidade visual, onde
todas as especificações de aplicações da marca, versões
da assinatura, exemplos de erros de aplicações, etc. serão
sinalizadas.
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Fonte: elaborado pelo autor
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
30
Fonte: IBM Watson Analytics
4.2 ANTEPROJETO
Após o Briefing foi necessário entender os principais
concorrentes da Salt, que são o Barburguer e o Bazoo, lo-
Figura 6 - Concorrentes da Salt
Fonte: elaborado pelo autor
31
A definição do campo de atuação do projeto surge no
Briefing com os proprietários da Salt, onde revelaram que
devido à falta de um padrão visual, não conseguiam desenvolver as aplicações que seriam usadas no restaurante. Eles comentaram que o pior problema à ausência de
uma identidade visual era a criação de embalagens para
os hambúrgueres, também ressaltaram que não notavam
engajamento dos clientes com a marca, que pode ser reflexo da ausência de uma identidade visual.
Após essa conversa ficou claro que a problemática
do projeto seria a criação de uma identidade visual para a
marca Salt, porém seria empregado o uso do IBM Watson
Analytics com o propósito de facilitar a criação de insights
criativos.
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
4.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
calizados em São Leopoldo, e o Fortuno e Soul Rebel Burguer’s, localizados em Novo Hamburgo. Essa pesquisa se
deu através de visitas aos locais. Ficou claro que todos os
concorrentes da Salt têm uma identidade visual formada.
A figura 6 mostra a assinatura dos concorrentes.
Após entender o Briefing, deu-se início às pesquisas
com o IBM Watson Analytics. O Watson permite a pesquisa na rede social Twitter por meio das “hashtags”, onde é
possível ter uma gama imensa de resultados dependendo
de seu propósito.
O primeiro passo a ser tomado foi entender a dimensão do público que frequentava hamburguerias na cidade
de São Leopoldo e em suas vizinhas, então, através de
uma pesquisa que considerou a “#hamburguer” no período de 8 de março de 2016 a 8 de março de 2017, foi
constatado que 1041 usuários do twitter que residiam na
cidade de São Leopoldo, postaram tweets com a “#hamburguer”, já em Porto alegre foram 11645 usuários, como
mostram as figuras 7 e 8.
É importante ressaltar que essas pesquisas só abrangem os usurários da rede social Twitter, o que exclui uma
grande parcela do público-alvo da Salt, porém, através dessas pesquisas, pode-se ter uma grande noção da quantidade de pessoas que compõem esse perfil de público.
Outras pesquisas foram feitas para saber as principais
“hashtags” que acompanhavam a “#hamburguer”, esse
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
8- Análise final da solução: Nessa etapa é onde os
materiais físicos serão criados. Para compreensão da
solução, serão criados protótipos, podendo alguns serem
versões reduzidas, para experimentação sensorial, já que
soluções digitais não transmitem essa experiência.
Figura 7 - Pesquisa no IBM Watson Analytics na cidade de São Leopoldo
Fonte: IBM Watson Analytics
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
Fonte: IBM Watson Analytics
tipo de busca serviu para entender o
cenário que os usuários estavam, pois,
normalmente as pessoas costumam
postar todas as “hashtags” que compõem aquele momento, para poder
traduzir para seus seguidores todas as
características do cenário em que se
encontram. É como a descrição de um
cenário em um livro, no qual, mesmo
você não olhando o local, consegue
imaginá-lo, apenas pela escrita do autor. Essa pesquisa foi feita em âmbito
nacional, e a descoberta gerada mostra apenas 500 resultados.
32
Figura 8 - Pesquisa no IBM Watson Analytics na cidade de Porto Alegre
A figura 9 mostra um desses resultados.
O Watson também consegue entender
os principais sentimentos expressos pelos
usuários em seus “posts”, esse tipo de pesquisa serve para entender o que deve e não
deve ser feito no projeto. Nas figuras 10 e
11 é possível ver o resultado dos sentimentos positivos e negativos.
É importante frisar que o Watson é apenas uma ferramenta que ajuda o usuário a
fazer descobertas e que ele não traz a solução final de seu problema, porém, devido
a seu poder de compreensão e análise de
uma gama enorme de dados e a compreensão da linguagem natural, é possível, através das perguntas certas, a compreensão
rápida do que deve ser feito para alcançar
a solução.
Figura 9 - “hashtags” que acompanham
“#hamburguer” em âmbito nacional
Fonte: IBM Watson Analytics
Fonte: IBM Watson Analytics
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Figura 10 - “hashtags” com sentimento positivo
acompanhando a “#hamburguer” em âmbito nacional
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
Figura 11 - “hashtags” com sentimento negativo acompanhando a “#hamburguer” em âmbito nacional
33
Fonte: IBM Watson Analytics
Figura 12 – Ícones
A Criação da Identidade visual partiu
da recriação da assinatura visual, pois no
meio das pesquisas e levantamento de informações surgiu a ideia de trabalhar com
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
4.3 CRIAÇÃO DA IDENTIDADE VISUAL
ícones. Essa ideia surgiu pois a Salt é uma
marca cujo o nome decorreu de um ingrediente do hambúrguer, o Sal, e a maioria dos
seus hambúrgueres leva o nome do ingrediente que caracteriza ele, então foram criados ícones de ingredientes que compõem o
hambúrguer. Estes ícones estão representados na figura 12.
O nome Salt foi mantido na nova assinatura, assim como seu designativo “Hamburgueria Artesanal”. Também foi mantida
a lógica dos nomes dos produtos, que é a
representação de um de seus ingredientes.
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
Após o uso do IBM Watson Analytics
houve a criação dos moodboards para
criar um mapa visual de cores, tipografia, ideias de embalagens e os diferentes
tipos de hambúrgueres e também esboços diversos. Na figura 5 é possível ver os
moodboards.
34
Fonte: IBM Watson Analytics
Para maior harmonia, o símbolo tem o mesmo tamanho do logotipo e designativo juntos, a unidade de medida “x” é igual a 1/4 do tamanho do logotipo, sendo 6x o
tamanho do símbolo, 5x o tamanho do logotipo e 0,5x o
tamanho do designativo. Isso pode ser visto na grade de
construção representada pela figura 14.
Figura 13 - Assinatura visual
Figura 14 - Grade de construção
Fonte: Elaborado pelo autor
Fonte: Elaborado pelo autor
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
35
A nova assinatura é composta de um Hambúrguer em
formato de ícone como símbolo, e seu logotipo usa a tipografia “Impact”, já seu designativo usa a fonte “Helvetica35-Thin” pois é um elemento de segundo plano, precisando assim de uma fonte que seja discreta. Como mostrado
na figura 13.
Figura 15 - Versões da assinatura em diferentes fundos
Fonte: Elaborado pelo autor
A escolha do preto para a assinatura se dá para uma maior gama de aplicações da marca, pois marcas de hambúrguer são normalmente aplicadas em
fotos. Há outra versão da marca em bege, para aplicação em fundos escuros.
A figura 15 mostra as versões da marca expostas em diferentes fundos.
E para situações onde a assinatura visual primária não se aplica, foi criada
a versão horizontal. Como mostrada na figura 16.
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Fonte: Elaborado pelo autor
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
36
Figura 16 - Versão vetor
4.4 APLICAÇÕES
Figura 17 - Embalagem de hambúrguer
Figura 18 - Embalagem dos acompanhamentos
Fonte: Elaborado pelo autor
Fonte: Elaborado pelo autor
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
37
O projeto de criação de aplicações contemplou a criação de embalagem para hambúrguer e acompanhamento, já que os proprietários da Salt comentaram que não conseguiam fazer tele-entregas devido à falta de
uma embalagem, perdendo assim uma grande quantidade de clientes.
O conceito criado para essa identidade visual
da Salt partiu da palavra “Artesanal”. As embalagens novas são feitas de papel Kraft e tinta preta,
para passar a ideia de carimbo, algo feito à mão. Os
ícones criados viraram padrões gráficos que conseguiram passar exatamente o que a nova identidade
se propôs. A Figura 17 e 18 mostram os resultados
finais das embalagens:
4.5 MANUAL DE IDENTIDADE VISUAL
Figura 19 - Manual de identidade visual
Para correta aplicação da identidade
visual para que a qualidade e harmonia
dos elementos seja conservada, garantindo que a imagem da SALT seja corretamente transmitida, foi criado um manual
de identidade visual. Conforme figura 19.
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
No decorrer do desenvolvimento desse projeto foi necessária uma revisão
profunda sobre identidade visual no ponto de vista de diversos autores, também
buscou-se entender sobre o público e correntes da Salt, assim como o poder das
marcas e como elas influenciam os indivíduos, esse conhecimento se deu através
do entendimento das relações racionais e
subconscientes de nosso cérebro. O emprego do IBM Watson Analytics no processo criativo de identidade visuais abriu um
novo caminho de pesquisa, já que é uma
ferramenta relativamente nova e poucos autores escreveram sobre esse
assunto.
Acredito que o âmbito de minha pesquisa contribuiu para instigar e
disseminar o conhecimento sobre o Watson, incentivando a continuidade
da exploração de novos métodos de design e também a descoberta de
novas maneiras de usar a ferramenta, já que meu trabalho usou apenas
uma pequena parcela do poder cognitivo do Watson.
Através desse artigo obtive novos conhecimentos relativos a identidade visual, marca, cognição e cognição computacional, agregando aos
conhecimentos já obtidos durante o curso superior de design gráfico da
Universidade Feevale. Desenvolver uma pesquisa cientifica foi de suma
importância para meu desenvolvimento acadêmico, já que através dela
foi possível despertar um indivíduo mais curioso e mais consciente em
âmbito cientifico.
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
38
Fonte: Elaborado pelo autor
BANKS, Adam; FRASER, Tom. O guia completo da cor. 2.
ed. Tradução: Renata Bottini. São Paulo: Editora Senac,
2007.
BONSIEPE, Gui. Metodologia experimental: desenho
industrial. Brasília: CNPq, 1984.
BRASIL. Agência de Notícias dos Direitos da Infância –
ANDI. Disponível em: <http://www.andi.org.br/help-desk/
qual-diferenca-entre-adolescente-e-jovem>. Acesso em:
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Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/
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PEÓN, Maria Luísa. Sistemas de identidade visual. 4. ed.
Rio de Janeiro: 2AB, 2009.
SLOWFOOD. Slowfoodbrasil. Pollenzo: UNISG. Disponível
em: <http://www.slowfoodbrasil.com/slowfood/o-movimento>. Acesso em: 2 mai. 2017.
STRUNCK, Gilberto Luiz Teixeira. Como criar identidades
visuais para marcas de sucesso. 4. ed. Rio de Janeiro:
Rio Books, 2012.
WHEELER, Alina. Design de Identidade da Marca. Tradução: Francisco Araújo Costa. Porto Alegre: Bookman, 2012.
39
AGUDO, Viviana Raquel Cascalheira. A transição para a
idade adulta e os seus marcos: que efeito na sintomatologia depressiva?. 2008. 66 f. Dissertação (Mestrado
Integrado em Psicologia) - Faculdade de psicologia e de
ciências da educação, Universidade de Lisboa, Lisboa,
2008. Disponível em: <http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/3086/2/ ulfp037654_tm_tese.pdf>. Acesso
em: 30 mai. 2017.
HILL, Dan. Emotionomics. Mirna Soares Andrade. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2009.
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
ALEXANDRE, Manoela. Como montar uma hamburgueria. SEBRAE. Disponível em: <https://www.sebrae.
com.br/sites/PortalSebrae/ideias/como-montar-uma-hamburgueria,7a302f959f799510VgnVCM1000004c00210aRCRD>. Acesso em: 06 jun. 2017.
IBMBrasil. O que você pode fazer com o Watson?. São
Paulo: IBM, 2014, (2:33 min). Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=yUGx4Fpps8s>. Acesso em:
23 mai. 2017.
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
REFERÊNCIAS
Isabel Cristina Dresch
[email protected]
RESUMO
O presente projeto objetiva desenvolver
uma nova identidade visual para as
embalagens da linha de Shampoos e
Pós-Shampoos da marca Sergio Paris,
considerando questões específicas
do perfil do consumidor classe C.
Para tanto, buscou-se compreender
o comportamento do consumidor e
design de embalagem, bem como
a história e o posicionamento da
empresa Sergio Paris no mercado. A
metodologia de projeto utilizada segue
os direcionamentos de Mestriner (2001,
2002).
Palavras-chave: Identidade. Marca.
Produto. Consumidor. Design gráfico.
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo é resultante do componente curricular Projeto III – Portfólio de Design
Gráfico, do Curso Superior de Tecnologia em
Design Gráfico, da Universidade Feevale, onde
trabalhou-se o redesenho da Identidade Visual
da Linha de Shampoos e Pós-Shampoos da
marca Sergio Paris, buscando a fidelização do
consumidor, através de uma relação do sentimento de identificação.
Sediada na cidade de Esteio/RS, a Sergio
Paris integra a categoria de indústrias do setor
de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos.
O principal negócio da empresa é a fabricação
de produtos de higiene pessoal para a classe
C. Conforme informações da ABIHPEC (2016),
no cenário geral desta categoria de indústrias, o
Brasil é o segundo maior mercado consumidor
do mundo na categoria Cabelos, com 12,4% na
quota mundial.
Segundo dados da Associação Brasileira da
Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), “a beleza ocupa um espaço importante da autoestima das mulheres da
classe C, que vivem um momento de valorização de sua aparência natural e de suas particularidades, assumindo seus cabelos, pele, biótipo e formulando um padrão próprio” (ABIHPEC,
2016, p. 39). Segundo NERI (2016), esta parcela da classe social econômica subiu 22,8% de
abril de 2004 a abril de 2008, apontando para
níveis históricos recordes e gerando um boom
de ascensão e conquistas como: casa, carro,
computador, crédito e carteira de trabalho. Destaca-se ainda que esse consumidor “conserva
como características a busca por qualidade de
produtos e bom atendimento” (ABIHPEC, 2016,
p. 39).
40
PROJETO DE IDENTIDADE
VISUAL PARA UMA LINHA DE
PRODUTOS DESTINADA AO
CONSUMIDOR CLASSE C
A empresa de cosmético Sergio Paris, sediada na cidade de Esteio/RS, foi fundada em 1973, integra a cate-
Conforme ABIHPEC (2016), no cenário geral da indústria de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos o Brasil é
o segundo maior mercado consumidor do mundo na categoria cabelos, com 12,4% na quota mundial. Apresenta
ainda que:
Segundo Euromonitor1 o consumo do mercado de cabelos em 2012 foi de R$ 18,1 bilhões.
A subcategoria predominante no mercado, com
41%, foi ‘Pós-Shampoo’ que engloba condicionadores, cremes de tratamento, leave in/
on; seguida de Coloração/Descoloração, com
Euromonitor - é uma empresa de pesquisa de mercado global
focada em indústrias, países, economias e consumidores em
todo o mundo. Disponível em: http://www.euromonitor.com/.
Acesso em: 20 de nov. 2016.
1
41
2.2 O SETOR DA INDÚSTRIA DE HIGIENE PESSOAL, PERFUMARIA E COSMÉTICOS
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 A EMPRESA SERGIO PARIS
goria de Indústrias, do setor de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, e seu principal negócio é a fabricação
de produtos de higiene pessoal para a classe C. Possui
o nome de seu fundador, Sergio Paris, e hoje passa por
um momento de sucessão, onde está sendo administrada por seus filhos, que estão reorganizando a estrutura
empresarial.
Os produtos da marca Sergio Paris podem ser encontrados por todo o Brasil e abrangem uma extensa gama,
como shampoos, condicionadores, géis fixadores, hidratantes para o corpo, desodorantes, protetores solares,
cremes massageadores, etc. Sua unidade fabril está estruturada com equipamentos de alta tecnologia, avançados laboratórios de microbiologia e análises, elevada capacidade de produção com o suporte de uma equipe especializada. Porém, apresentam a necessidade de desenvolver uma identidade visual para sua linha de produtos
da categoria cabelos, também passarão por reformulação
química, buscando assim a fidelização de seu consumidor e uma maior participação no mercado.
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
Segundo Mestriner (2001, p. 11), para atingir esse
público, faz-se extremamente necessário observar a importância mercadológica que a embalagem possui, pois
“ela agrega valor ao produto, interfere na qualidade percebida e forma conceito sobre o fabricante elevando ou
rebaixando sua imagem de marca”. Diz, ainda, que é uma
ferramenta de marketing, comunicação e venda, visto que
muitos produtos expostos ao consumidor não possuem
outros meios de comunicação ou propaganda.
No caso dos produtos da marca Sergio Paris, constatou-se que os Shampoos e Pós-Shampoos não têm atingido as metas de vendas desejadas pela empresa. Diante
disso, como o Design Gráfico pode contribuir para gerar
alternativas capazes de modificar a relação dos consumidores com os produtos da Sergio Paris?
O objetivo do presente projeto é desenvolver uma nova
Identidade Visual para as embalagens da linha de Shampoos e Pós-Shampoos da marca Sergio Paris, considerando questões da identidade do consumidor classe C e
buscando a sua fidelização. O Design, mais precisamente
o Design Gráfico, vem a oferecer uma solução chamada
por Mozota (2011, p. 11) de o “Design como diferenciador”, na qual explica que, “quando a estratégia de design
busca criar uma marca melhor, aprimorando o produto, a
embalagem ou o desempenho do serviço, ela aumenta o
valor financeiro incrementando as vendas, as exportações
e o valor percebido pelo cliente” (MOZOTA, 2011 p. 11).
No caso de embalagens, Mestriner (2001 p. 18) destaca que, partindo da compreensão do público à que se
destina o projeto e das funcionalidades do produto, o design pode atuar com a “[...] exposição do produto, a comunicação dos atributos de seu conteúdo e, principalmente,
a utilização da embalagem como instrumento de venda”.
Nessa altura, a expressão foi entendida como
sinônimo de um segmento social situado entre,
de um lado, a nobreza, a aristocracia e a classe
dos senhores da terra (os mais ricos) e, de outro lado, os trabalhadores assalariados, rurais e
urbanos (os mais pobres). Esse estrato intermédio acompanhou a tendência de expansão do
comércio e da economia de mercado na Europa, estimulando a burguesia ascendente, que é
como quem diz, a classe média da época (ESTANQUE, 2016, p. 10).
Para Ostrower, (1999, p. 5), “todo indivíduo se desenvolve em uma realidade social, em cujas necessidades
e valorações culturais se moldam os próprios valores
de vida”, criando uma identidade, onde Houaiss (2009,
p. 1043) define que é o “conjunto de características que
distinguem uma pessoa ou uma coisa e por meio das
quais é possível individualizá-la”.
Na construção de identidade do sujeito, Wasserman
(2002) diz que as questões individuais e coletivas formam
Com o desenvolvimento social, industrial e tecnológico, Baudrillard (1995, p. 15) nos mostra que “vivemos o
tempo dos objectos: quero dizer que existimos segundo
o seu ritmo e em conformidade com a sua sucessão permanente”. Diz ainda que:
Transformou-se a relação do consumidor ao objecto: já não se refere a tal objecto na sua utilidade específica, mas ao conjunto de objectos na
sua significação total. [...], o anúncio publicitário,
a firma produtora e a marca, que desempenha
aqui papel essencial, impõem a visão coerente,
coletiva, de uma espécie de totalidade quase indissociável, de cadeia, que deixa aparecer como
série organizada de objectos simples e se manifesta como encadeamento de significantes, na
42
“No chamado Critério Brasil, a classe média é aquela
chamada de Classe C” (NERI, 2008, p. 23). A Classe C foi
citada primeiramente no final do século XVIII:
Todavia, se no início da era capitalista foi a
pequena burguesia proprietária (do comércio e
da indústria) que mais a alimenta, rapidamente
se assistiu ao florescer de novas categorias de
profissionais liberais e sectores alfabetizados
ligados a trabalhos não manuais, empregados administrativos e funcionários públicos e
privados com algum diploma escolar, os quais
viriam a constituir o que mais tarde, já em meados do século XX, seria designado como a nova
classe média (ESTANQUE, 2016, p. 10).
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
2.3 A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO CONSUMIDOR CLASSE C
as bases das identidades. Afirma ainda que “ao longo de
sua história pessoal, cada indivíduo constrói uma série de
identidades que o fazem pertencer a grupos étnicos, profissionais, de gênero, familiares, religiosos, afetivos, etc”
(WASSERMAN, 2002, p. 93). Assim, o reconhecimento de
pertencimento a uma classe social econômica também
constitui identidade.
Contudo, a classe C, que cresceu e se desenvolveu às
margens da nobreza, servindo-a através do comércio e de
serviços, construiu a sua identidade, com base nos usos
e costumes percebidos e vindos da nobreza, teve mais
acesso à informação, educação e bens de consumo e se
mantém assim até os nossos dias.
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
26,9%; e Shampoo com 25,4% de participação.
[...] Os principais players do mercado são: Biota,
Colgate-Palmolive, Natura, Niely, Hypermarcas,
L’Oreal, P&G, Unilever (ABIHPEC, 2016, p. 85).
Shampoos e condicionadores foram responsáveis por 66% das vendas em 2012 no mercado
internacional e apontam para 70% até 2017, fato
que destaca a grande oportunidade de mercado
direcionado a estes produtos. Nesse sentido,
evidencia-se que o grande responsável por este
crescimento é a classe média emergente, que
alavancou o consumo de produtos para cabelos,
buscando produtos que tragam os benefícios de
marcas de prestígio (ABIHPEC, 2016).
Nos dias atuais, a importância dada ao consumidor
faz com que as empresas invistam cada vez mais em
identificá-lo, para poder entender a maneira como ele se
relaciona com os produtos que consome. Pelas palavras
de Mestriner (2002, p. 14), “o consumidor é o rei”.
Desta forma, com o passar do tempo, assim como os
produtos e marcas deixaram de exercer a sua função primária, o consumidor, que conforme definição de Negrão
(2008, p. 58) “é toda e qualquer pessoa que compra, consome e/ou utiliza os produtos e serviços oferecidos pela
empresa”, passa a ser um formador de opinião e propagador da marca.
Hoje, a “nova classe C” busca por qualidade e funcionalidade, mas, ao mesmo tempo, busca experiências:
A comercialização para países emergentes
e classes populares [...] continua como forte
tendência para o futuro que vem apontando para
Apresentam-se, ainda, comportamentos de consumo
que se caracterizam por: Fundamentado, Compensatório
e Hedonista, onde o primeiro é aquele que precisa de uma
motivação, é o consumo com propósito, com qualidade,
atemporalidade e clareza. O segundo, por compensação,
pelo atraso ao acesso a determinados bens ou serviços,
por atualização e afirmação desta nova condição, neste
perfil, encontram-se os maiores consumidores dos produtos HPPC (Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos)
por sua preocupação com a aparência, vaidade e autoestima. O terceiro, por fim, é motivado por um sentimento de direito adquirido, por conquista ou herança, o bem
pode ser material ou cultural, quer desfrutar do melhor, da
sofisticação, afirmando seu pertencimento sociocultural.
(ABIHPEC, 2016).
Esta abordagem contribui para o entendimento da forma
como os consumidores se relacionam com os produtos e
as marcas que consomem. Conforme Neumeier (2008, p. 8),
“hoje baseamos nossas escolhas em atributos mais simbólicos”. Desta forma, com tantas opções criadas pela concorrência, é necessário que se desenvolva uma conexão emocional
com o consumidor, visando uma relação duradoura, gerando
43
O consumidor foi uma categoria marginal na
análise sociológica até os anos 80, quando
começou a ser reconhecida como relevante [...].
A principal crítica aos conceitos de consumidor e
sociedade de consumo parte geralmente de antropólogos, que tentam mostrar como em todas
as sociedades os atores sociais utilizam bens
para diferenciar-se ou afirmar posições sociais
(SORJ, 2001, p. 45).
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Assim, ao longo dos tempos os objetos e as marcas
foram criando novos valores e significados, e os consumidores, na posição de indivíduos sociais, consomem
esses produtos e marcas por motivações diversas, como
por exemplo, identificação. Entre tantas questões, essa
identificação pode ser emocional, estética ou de valoração social.
o mercado de luxo. Mas não o luxo aristocrático, caracterizado por diamantes e roupas da alta
costura; e sim para um luxo acessível que inclui
uma maior preocupação por questões ligadas
à sustentabilidade, aumento de extensões de
marca e democratização cada vez maior do consumo. [...] Embora a maioria não tenha condição
de pagar por um vestido caro, de grife, pode
adquirir um perfume ou um batom de grife por
preços razoáveis. Surgem também linhas mais
baratas e até mesmo marcas ‘B’. [...] assumiram
uma relação mais emocional com essas aquisições. A lógica da imagem social não desapareceu, mas muitas pessoas já compram determinadas marcas por uma questão pessoal, de valorização de si. Essa forma de consumo destaca
o prazer e a degustação. O objetivo maior não é
ostentar, mas usufruir de experiências memoráveis (ABIHPEC, 2016, p. 17).
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
medida em que se significam um ao outro como
superobjecto mais complexo e arrastando o
consumidor para uma série de motivações mais
complexas (BAUDRILLARD, 1995, p. 17).
O design de embalagem consiste em expandir a presença da marca em produtos de consumo, cosméticos,
medicamentos, etc., propiciando a identificação dos produtos nos estabelecimentos comerciais e facilitando o
entendimento e o uso pelo consumidor, favorecendo o
autoatendimento (MOZOTA, 2011).
A embalagem, em um cenário competitivo, pode ser
um diferencial na posição de líder, na posição de rival do
líder, em posição intermediária e com os produtos participantes (STRUNCK, 2002).
Quase que paralelamente com a embalagem, nasce a
linguagem visual, MEGGS (2009, p. 21) nos mostra que
“na Mesopotâmia, [...] Uma teoria sustenta que a origem
da linguagem visual surgiu da necessidade de identificar
o conteúdo de sacas e recipientes de cerâmica usados
para armazenar alimentos”. Diz ainda que, “eram confeccionadas pequenas etiquetas de argila que identificavam
o conteúdo com um pictograma e a quantidade por meio
de um sistema numérico decimal elementar, baseado nos
dez dedos das mãos” (MEGGS, 2009, p. 21).
Essa necessidade se estende aos nossos dias, com
tanta oferta de produtos, com tantas opções expostas nas
prateleiras, existe cada vez mais uma urgência em destacar-se e, para isso, Mestriner (2001, p. 10) nos mostra que
“entra como fator decisivo no projeto a compreensão da
linguagem visual da categoria à que o produto pertence”.
Diz ainda que:
44
Historicamente, o surgimento da embalagem está ligado ao princípio de nossa civilização. Devido à necessidade de alimentar-se, o homem buscou formas de guardar e
conservar a caça por maior tempo. Encontramos embalagens que datam de 2.200 a.C, eram feitas de couro, entranhas de animais, frutos, folhas e fibras vegetais, possibilitando além da durabilidade do alimento, a armazenagem
e o transporte (NEGRÃO, 2008). Desta forma, “[...] Com o
passar dos séculos, papel, madeira, cerâmica, bronze e ferro foram sendo utilizados, cada um a seu tempo, como materiais para embalagens” (RONCARELLI, 2010, p. 8).
Para Negrão (2008, p. 24), “a evolução da embalagem
mescla-se também à história do desenvolvimento tecnológico”. Sendo assim, conscientemente ou não, a embalagem faz parte da nossa vida e tem uma função primordial, o que justifica “a razão de ser de uma embalagem é
conter e proteger os produtos e garantir o abastecimento
populacional para toda a extensão do mercado” (NEGRÃO,
2008 p. 15).
Mas, com toda a evolução sofrida ao longo dos anos,
as descobertas de novos materiais e o desenvolvimento
da sociedade, a embalagem foi ganhando novas atribuições.
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
2.4 DESIGN DE EMBALAGEM E SUA LINGUAGEM
VISUAL
No início do século XX, os cientistas perceberam que os alimentos embalados com estanho
tinham uma durabilidade maior. Os fabricantes
de alimentos perceberam que alimentos enlatados venderiam mais se tivessem o seu nome na
embalagem. Com o avanço do marketing e das
técnicas de impressão, os designers começaram
a atentar para os efeitos da tipografia e do design
decorativo sobre as vendas do produto, e ficaram
muito satisfeitos com os resultados (RONCARELLI, 2010, p. 8).
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
paixão, confiança e valor. Em um mercado efervescente, a forma como a marca será percebida contribuirá para o seu sucesso, independente da dimensão da empresa ou seguimento
de produto (WHEELER, 2012).
A embalagem, que antigamente possuía apenas funções
primárias, como armazenar e transportar, “foi incorporando
novas funções e passou a conservar, expor, vender os produtos e finalmente conquistar o consumidor por meio de seu visual atraente e comunicativo” (MESTRINER, 2001, p. 9).
Para conectar o produto ao consumidor fazendo dele
um possível influenciador, no momento de compra, a
identidade visual do produto é um diferenciador, Wheeler
(2012, p. 170) afirma que “as embalagens são marcas nas
quais você confia o suficiente para levar para dentro de
casa”.
2.5 MARCA
A história da marca vem desde os primórdios da civilização, onde o homem primitivo registrava nas cavernas, através de símbolos, acontecimentos místicos e o
seu dia-a-dia. Com o desenvolvimento das sociedades,
os símbolos foram sendo aprimorados e passaram a ser
utilizados com o objetivo de identificar reis, religiosos, fa-
2.5.1 Arquitetura de Marca
Quando uma marca possui várias marcas dentro de
sua estrutura, a organização de forma hierárquica é chamada de arquitetura de marca (WHEELER, 2012).
45
apesar de nem todas as marcas serem produtos e de nem todos os produtos serem
vendidos no varejo [...], a gestão de marca se
resume à embalagem. Ela é, também, a última e a melhor chance de influenciar um potencial consumidor deste lado do balcão.
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Segundo Roncarelli (2010, p. 8), “o domínio de habilidades [...], tais como a tipografia, uso das cores, padrões
de design, fotografia e ilustração, é fundamental neste
momento, mas também é indispensável a capacidade de
conseguir conectar o produto ao consumidor por meio de
uma ideia. Conforme Neumeier (2008, p. 90),
mílias, militares, objetos e animais (STRUNCK, 2012).
Em nossos dias, as marcas ganharam outras conotações e sua relação com os consumidores ficou mais
próxima e profunda. A “Marca é a percepção íntima, o
sentimento visceral de uma pessoa em relação a um produto, serviço ou empresa. É um SENTIMENTO VISCERAL
porque todos nós somos seres emotivos, intuitivos, [...]”
(NEUMEIER, 2008, p. 2).
A marca vai além de seus elementos gráficos representativos. “As pessoas se apaixonam pelas marcas,
confiam nelas e acreditam em sua superioridade. O modo
como a marca é percebida afeta seu sucesso, [...]” (WHEELER, 2012 p. 12).
Para Strunck (2012, p. 18) “as marcas vêm cada vez
mais se revelando como um grande patrimônio, capazes
de transferir valores ao que é oferecido ao público”. Segundo Neumeier (2008, p. 4-7), “uma marca não é o que
você diz que ela é. É o que os outros dizem que ela é”.
Transformou-se em uma atmosfera constituída de duas
partes, a tangível e a intangível e, conforme Wheeler (2012,
p. 12), possui “três funções principais: navegação, segurança e envolvimento”.
Na navegação, a marca ajuda o consumidor a fazer
escolhas diante de tantas opções ofertadas; a segurança,
é a comunicação da qualidade do produto ou serviço; e
o envolvimento é a identificação gerada pela marca com
o consumidor, através de estímulos de linguagens e imagens (WHEELER, 2012).
Estas funções devem ser empregadas e percebidas
nos principais pontos de contato do público com a marca,
para aumentar a percepção da marca e fidelizar o cliente.
(WHEELER, 2012).
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
A linguagem visual da embalagem constitui um
vocabulário que os designers precisam conhecer
para poder se comunicar com os consumidores.
Esse é o principal diferencial do design de embalagem em relação às outras áreas do design;
existe um repertório exclusivo, construído ao longo dos séculos com a evolução do comércio e o
desenvolvimento da sociedade de consumo, que
dotou os produtos de uma roupagem que permite a identificação de seu conteúdo e facilita o
processo de compra (MESTRINER, 2001, p. 10).
O surgimento da identidade visual, assim como a marca, data da antiguidade e sua aplicação vem desde aqueles tempos (STRUNCK, 2012). “Os oleiros romanos usavam, em seus potes, sinais como o nome do fabricante
e sua localidade. Essas marcas serviam para controlar e
evitar o roubo e também representavam uma garantia da
origem dos produtos ali embalados” (STRUNCK, 2012, p.
62).
“Normalmente considerados como uma expressão
típica da sociedade de consumo, os símbolos, como os
usamos hoje, nasceram com as primeiras trocas comerciais e, desde então, estiveram sempre presentes nas sociedades [...]”. (STRUNCK, 2012 p. 62)
A Identidade Visual pode ser definida como o conjunto
de elementos ditos como institucionais, são eles: logotipo,
símbolo, assinatura visual, cor ou cores padrão e alfabeto
padrão. Onde, o primeiro é o nome representado por uma
tipografia, que pode ser desenhada especificamente, já
existente ou modificada; o segundo é um elemento gráfico que representa um nome, ideia, produto ou serviço,
46
2.5.2 Identidade visual da Marca
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Existem três tipos de arquitetura de marca, seguem:
a arquitetura de marca monolítica, onde existe apenas
uma marca forte e a escolha do cliente é feita com base
na fidelidade de marca; arquitetura de marca endossada,
acontece com a cooperação a partir do marketing entre produto e o nome principal; e a arquitetura de marca
pluralista, onde a marca principal tem pouca importância para o consumidor, e caracteriza-se por uma série de
marcas de consumo conhecidas (WHELLER, 2012).
a união destes primeiros elementos é a assinatura visual,
onde se combinam o logotipo e o símbolo; o terceiro trata-se da cor utilizada para identificar a marca; e o quarto
elemento institucional é o alfabeto padrão, que é utilizado
para redigir os documentos e todas as informações complementares da empresa (STRUNK, 2012).
Antes de construí-la, é necessário termos um nome,
(STRUNK, 2012). Para Wheeler (2012, p. 30), “o nome certo é atemporal, não cansa, é fácil de dizer e lembrar; ele
representa alguma coisa e facilita as extensões de marca
e seu som tem ritmo. Um nome bem escolhido é um ativo
de marca fundamental e está sempre trabalhando”.
Para escolher um nome, é necessário ter abordagem
criativa, estudada e estratégica. Existem vários tipos de
nomes, que podem ser: do fundador, facilitando a proteção; descritivo, transmitindo a natureza da empresa; inventado, sendo diferente de tudo, pode ser mais fácil registrá-lo; metáfora, fazendo referencia a uma qualidade
da empresa, usando coisas, lugares e etc., na sua construção; acrônimo, sendo difíceis de lembrar e de registrar,
necessitando de um trabalho extenso de publicidade para
apresentar seu nome completo e, aí sim, ficarem conhecidos; palavras mágicas, através de alteração ortográfica,
cria-se um nome diferente e registrável; e a combinação
dos tipos de nomes anteriores, formam-se bons nomes
partindo da combinação de tipos.
Podemos dizer ainda que, para um nome ser eficaz,
ele deve ter qualidades tais como: ser significativo, comunicando algo sobre a essência da marca apoiando a
imagem de marca; diferente, ser único se diferenciando
da concorrência, fácil de lembrar, pronunciar e soletrar;
orientado para o futuro, possibilitando o crescimento e
mudanças, podendo se estender; modular, possibilitando
extensões de marca; pode ser protegido, possibilidade de
registro de marca e domínio; positivo, remetendo a relações positivas no mercado a que pertence; e visual, possibilidade de uma representação gráfica atrativa nos canais
onde deve estar inserido.
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
Ela é a inter-relação da empresa principal, das
empresas subsidiárias, dos produtos e serviços,
e deve refletir a estratégia de marketing. É importante trazer consistência, ordem visual e verbal,
reflexão e intenção a elementos díspares para
ajudar a empresa a crescer e vender com mais
eficácia (WHELLER, 2012, p. 32).
Fonte: Fábio Mestriner (2001, 2002)
47
Figura 1 – Metodologia
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Para a elaboração deste trabalho, utilizou-se a metodologia desenvolvida por
Mestriner (2001; 2002), a qual mostra que,
para atingir os objetivos apresentados no
briefing, devemos seguir cinco etapas com
quatro passos importantes, para uma estratégia de design eficiente, são elas:
Etapa 1 - Briefing: partindo da compreensão do briefing, da coleta de informações
e de entender os objetivos mercadológicos
do projeto, obtemos a definição do problema
(primeiro passo), onde se descreve de forma
clara o problema e os objetivos a serem alcançados;
Etapa 2 – Estudo de Campo: deve-se conhecer a fundo o produto a ser trabalhado,
seus concorrentes e consumidores, partindo para as conclusões do estudo de campo (segundo passo), deve-se descrever as
conclusões obtidas pelo estudo de campo e
como elas foram obtidas;
Etapa 3 – Estratégia de Design: onde,
com base nas informações anteriores, é
possível traçar diretrizes para a próxima etapa, obtendo, assim, as premissas básicas
para o Design (terceiro passo), descrevendo informações obrigatórias e informações
que foram obtidas nas pesquisas realizadas,
sinalizando o que não deve ser feito, por
exemplo;
Etapa 4 – Desenho: fase de criação, onde
é feita a construção visual, definição de nome,
escolhas de cores, elementos visuais, que deverão compor a identidade visual da linha de
produtos, desta forma, aplica-se a estratégia
de Design (quarto passo). São os caminhos
criativos para a solução do problema;
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
3 METODOLOGIA
No estudo de campo, buscou-se primeiramente conhecer o produto a ser trabalhado; em um segundo momento, saber quem é o consumidor e como ele faz as suas
escolhas; por último, conhecer os concorrentes, definindo
o preço como parâmetro para esta pesquisa.
4.2.1 Linha de shampoos e pós-shampoos Pro Intense – Sergio Paris
Enquadrado na categoria Cabelos, os produtos shampoo e pós-shampoo da Sergio Paris são compostos de:
Shampoo Pro Intense: Ceramidas, Aloe Vera, Lama Negra,
Manteiga de Karité e Anti-Caspa (Frascos de 350ml); Condicionadores Pro Intense: Aloe Vera e Ceramidas (frascos
de 300g); Creme de pentear Pro Intense: Aloe Vera, Ceramidas e Manteiga de Karité (frascos de 290g) e Cremes de
tratamento Pro Intense: Reconstrutor e Rejuvenescedor
(potes de 1k). Na figura 2, é possível visualizar a embalagem de cada produto citado.
4.2.2 Os Consumidores
Após compreender quem é a Classe C, sua história e
seu desenvolvimento, de identificar sua importância no
mercado de consumo, conhecer sua busca por benefícios apresentados por marcas de prestígio, e saber que o
desejo de consumir produtos de luxo tende a crescer por
uma questão de valorização pessoal e desejo de usufruir
experiências memoráveis, construiu-se um Moodboard,
48
A identificação do problema surgiu na entrevista de
briefing com os gestores da empresa Sergio Paris, os quais
sinalizaram que os Shampoos e Pós-Shampoos não têm
atingido os objetivos de vendas desejados. Entre as soluções indicadas por eles, estavam: passar por uma reformulação química e uma nova proposta de identidade visual,
com o objetivo de fidelizar o consumidor e ter maior participação no mercado. A principal mensagem a ser passada é
de qualidade, e seu público-alvo é a classe C.
Sendo assim, de acordo com a metodologia citada,
estabeleceu-se o problema: Como desenvolver uma iden-
4.2 ESTUDO DE CAMPO
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
4.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
tidade visual para a linha de Shampoos e Pós-Shampoos,
considerando as questões da identidade do consumidor classe C, a fim de modificar a relação dos consumidores com os produtos e a marca, de forma que a empresa consiga expressar corretamente a mensagem de
qualidade?
Para atingir este objetivo, iniciou-se a fase de pesquisa de campo, onde foi feita a coleta de dados sobre o produto, os consumidores e os concorrentes.
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
Etapa 5 – Implementação do Projeto: após aprovação,
é feita a produção gráfica e aplicação, efetivamente.
Complementando a metodologia, moodboards, foram
utilizados no processo de desenvolvimento do projeto.
Em primeiro momento, partindo da compreensão do
briefing, buscou-se definir o problema. Logo após, foi necessária uma imersão para conhecer a empresa, seus
concorrentes e consumidores, coletando dados e informações que foram feitas in loco e virtualmente, visitando
farmácias, supermercados e sites das empresas concorrentes. Nesta etapa, foi aplicado um questionário, via
Google Docs e presencialmente à 81 consumidores, com
vistas a conhecê-lo e entender melhor como fazem suas
escolhas. A partir das informações coletadas, foi possível
ter um entendimento das necessidades e dar um direcionamento aos caminhos criativos para o desenvolvimento
da identidade do produto.
Todas as etapas citadas constituem parte da construção da solução do problema apresentado pelo briefing:
desenvolver uma identidade visual para uma linha de produtos destinada ao consumidor classe C.
Em sequência, segue a estrutura onde é possível demonstrar a metodologia completa apresentada por Mestriner (2001; 2002).
Figura 2 - Produtos da linha Pro Intense – Sergio Paris
Fonte: elaborado pelo autor
Para analisar a concorrência utilizou-se o formulário
sugerido por Mestriner (2001, p. 48), conforme figura 6.
As pesquisas foram presenciais, em farmácias e supermercados. A variedade de produtos ofertados no mercado
é enorme, desta forma, definiu-se o preço, como critério
para a pesquisa de concorrentes diretos, selecionando as
seguintes marcas: Seda, Palmolive, Darling, Monange e
Vini Lady. Esta última é um concorrente regional, fabricado em Encantado/RS, conforme figura 4.
49
Fonte: elaborado pelo autor
Como concorrentes indiretos, podemos citar as principais marcas que movimentam o mercado: Natura, Niely,
Hipermarcas, L’Oreal, P&G e Unilever, conforme figura 5.
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
4.2.2 Os Concorrentes
Figura 3 - Moodboard – Consumidor Classe C
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
conforme figura 3, com vistas a identificar a sua imagem
e as coisas com que se relaciona.
Na figura 3, percebe-se que o acesso à comunicação,
à internet, está presente. Embora muitas vezes em uma
residência humilde, encontramos aparelhos eletrônicos
de última geração e tem-se a preocupação com o mobiliário adaptado ao espaço da casa, como móveis sob
medida e de boa qualidade. A circulação por ambientes
de shopping, na hora das compras, também é frequente.
Foi realizada uma pesquisa sobre o consumidor, onde
foi possível identificá-lo, entender onde ele compra e como
ele faz as suas escolhas. Foram entrevistadas 81 pessoas
pessoalmente e via formulário virtual Google Docs, em redes sociais e via e-mail.
Figura 4 - Concorrentes Indiretos
Fonte: elaborado pelo autor
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Fonte: elaborado pelo autor
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
50
Figura 5 - Concorrentes diretos
4.2.2 Conclusões do Estudo de
Campo
Fonte: elaborado pelo autor
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
51
Figura 6 - Estudo de Campo – Concorrentes
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
Através do estudo de campo foi
possível conhecer os produtos, o
consumidor e os concorrentes, seguem os apontamentos:
Linha de shampoos e pós-shampoos Pro Intense – Sergio Paris:
Análise realizada através de observação pelo site e com a obtenção
do produto diretamente com o fabricante, devido a não ser encontrado em nenhum ponto de venda na
região de estudo.
- possui uma linguagem visual
com muitas informações, elementos visuais e texturas que dificultam
a leitura do rótulo;
- O invólucro está em um formato defasado e muito colorido;
Os Consumidores: Conforme os gráficos 1 a 3:
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Fonte: elaborado pelo autor
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
52
Gráfico 1 - Estudo de Campo – Conhecendo o consumidor
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
Fonte: elaborado pelo autor
53
Gráfico 2 - Estudo de Campo – Formas de consumo
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Fonte: elaborado pelo autor
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
54
Gráfico 3 - Estudo de Campo – Formas de consumo
Percebeu-se que a maioria dos entrevistados é do gênero feminino, possui o Ensino Médio Completo, tem até
25 anos de idade e pertence à classe c, com renda de 1 a
3 salários mínimos. Com relação às formas de consumo,
podemos afirmar que a preferência é por efetuar as compras em supermercados, e somente compram quando
acaba, não é uma regra a compra de condicionador junto
com o shampoo e nem usar todos os produtos da mesma
marca. A maioria opta pela qualidade na hora da compra
e quando não conhecem o produto a escolha é feita pelo
cheiro e pela estética da embalagem, quando questionado sobre o que os leva a experimentar um produto novo,
a indicação de pessoas conhecidas é o principal motivo.
elementos decorativos muito elaborados, vetores em demasia e muita informação de texto, deixam o layout do
produto pesado, poluído e defasado, devendo então deter-se ao que realmente interessa no produto e ao consumidor. Com relação às texturas nos rótulos, existe a presença de dourados, prateados e acabamentos foscos. Nas
grandes marcas estas texturas são apenas detalhes.
Percebe-se como uma oportunidade a possibilidade
de frascos com 200ml, para viajem e pensando em quem
deseja experimentar o produto pela primeira vez, e frascos
com 300ml, 400ml e 1L. As vendas “casadas” de Shampoo
e Condicionador também são uma oportunidade.
Considerando as premissas para o Design, inicialmente definiu-se que seja feita uma proposta de redesign da
marca Sergio Paris por apresentar problemas de legibilidade e de coerência visual na sua aplicação e, logo após,
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
4.4 DESENHO
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
Como proposta para o Design, entende-se que, inicialmente, o redesign da marca Sergio Paris é uma
necessidade, por apresentar problemas de legibilidade e
decoerência visual na sua aplicação. Segundo Wheeler
(2012), a revitalização de marca se faz necessária em
algumas situações, como: ilegibilidade, aparência antiquada, e quando a identidade não proporciona o devido
posicionamento perante os concorrentes, entre outros.
Identificou-se, também, que não existe uma linha gráfica definida para os produtos, bem como deve-se mudar
o formato das embalagens e toda sua linguagem visual,
com vistas a expressar, de uma melhor forma, a qualidade desejada pelos gestores da Sergio Paris, e resgatar a
confiança do consumidor, de forma que, conforme apontado pela pesquisa aplicada anteriormente, mostra a importância que a indicação tem na escolha de um produto,
afirmando, assim, que o consumidor é um formador de
opinião e propagador da marca.
55
4.3 ESTRATÉGIA DO DESIGN
Os Concorrentes: Devido à imensa quantidade de
marcas, foram selecionadas as marcas mais conhecidas
e com o preço semelhante ao do produto estudado, como:
Seda, Palmolive, Darling, Monange e Vini Lady:
- Percebe-se uma tendência de invólucros mais retos,
sem muitas curvas;
- Algumas marcas usam muitos elementos visuais e
muita cor, deixando o rótulo poluído;
- A maioria possui produtos de 350ml e com uma variação média de preço de R$ 2,00, algumas marcas oferecem produtos menores, com 200ml, e maiores com até
1L.;
- A marca que possui uma maior extensão de conceitos de tratamento é a Seda e está em posição privilegiada
nas prateleiras das gôndolas nos espaços visitados, juntamente com outras marcas mais conceituadas, como
Dove, Pantene e Elseve;
- Entre os produtos expostos nas gôndolas, de forma
geral, percebe-se que invólucros com muitas curvas e cores, estão caindo em desuso;
- As grandes marcas optam por layouts mais limpos,
com poucos elementos decorativos, reforça-se mais o
conceito de tratamento;
Contudo, embalagens coloridas, imagens de pessoas,
o desenvolvimento da identidade visual da nova linha de
shampoos e pós-shampoos.
Figura 7 - Marcas de Moda
4.4.1 Redesenho da marca Sergio Paris
Para o desenvolvimento da nova identidade visual da
Sergio Paris, foi feita uma análise do briefing e do discurso
da empresa em seu site, na visão, missão e objetivos, e
foram selecionadas algumas palavras e frases que representam o que deve ser comunicado através da identidade
de marca e nos produtos.
Fonte: elaborado pelo autor
Através da relação destas palavras, definiu-se que a
marca deve transmitir qualidade, confiança, seriedade, dedicação e cuidado.
Figura 8 - Marcas de Cosméticos
4.4.1.1 Nome
A assinatura visual foi definida partindo da premissa que o consumo e a preocupação dos cuidados com
o corpo e cabelos, embora esteja em crescimento entre
os homens, prevalece ainda pelo público feminino, assim,
foi feita uma análise das marcas de moda e cosméticos,
nacionais e internacionais, visando expressar qualidade,
confiança, seriedade, dedicação, cuidado e a elegância das
marcas de prestígio.
Percebe-se que nas grandes marcas de moda, prevalecem assinaturas compostas apenas de logotipos, mo-
Fonte: elaborado pelo autor
nocromáticos e acromáticos. O uso de tipografia com
serifas é bem marcante. Nas grandes marcas de cosméticos internacionais, encontramos assinaturas construídas
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
4.4.1.2 Assinatura Visual – Símbolo e Logotipo
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
56
Com relação ao nome da Sergio Paris, ela carrega o
nome de seu fundador, e está estabelecida no mercado há
43 anos, entende-se a importância de manter o nome, devido a sua história e reconhecimento.
apenas com logotipo, monocromáticos e a presença de
serifas não é expressiva. Nas marcas nacionais, temos
uma tipografia mais desenhada, com um símbolo que se
relaciona com o conceito da marca, como a natura, por
exemplo.
Partindo desta análise, definiu-se que seria construída
uma assinatura visual sóbria, com o uso de uma tipografia
modificada, semi serifada no logotipo.
Figura 8 - Construção do logotipo e ajuste ótico
Para a finalização do logotipo, foi inserido o designativo, utilizando a tipografia Mongolian Bait. Através de um
grid, foi organizada a assinatura visual.
4.4.1.3 Cores
Com relação às cores, preferiu-se não perder a referência do vermelho, já utilizado pela marca, mas acrescentar
o preto e o cinza 60%, trazendo uma paleta de cores que
favoreça a aplicação da marca
de forma discreta nos rótulos
dos produtos, de forma a destacar a linha de produtos e não o
fabricante, mantendo-a em uma
arquitetura de marca pluralista.
4.4.1.4 Alfabeto Padrão
Fonte: elaborado pelo autor
Com o objetivo de expressar
a qualidade e a elegância das
marcas de prestígio, considerou-se as questões apresentadas
pela pesquisa de campo e nas
premissas para o desenho. Na
escolha do invólucro, optou-se
por um formato mais liso, na
cor branca, com fechamento em
tampa Flip Top – transparente
para o shampoo e branca para
57
4.4.2 Identidade Visual da
linha de shampos e pós-shampoos
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Figura 9 - Construção da assinatura visual
Para o alfabeto padrão, foi
escolhida a tipografia Utsaah,
considerando questões de legibilidade e neutralidade, para
utilizar nos demais documentos
da empresa e informações adicionais dos rótulos.
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
Fonte: elaborado pelo autor
Figura 10 - Construção do Logotipo e ajuste ótico
Fonte: elaborado pelo autor
4.4.2.2 Assinatura Visual – Símbolo e Logotipo
Na construção da assinatura visual da marca Nutri, foi
definida com o objetivo de que fosse mais orgânica, com
poucos ângulos, delicada, limpa, expressando qualidade e
cuidado. Foi utilizada a tipografia do logotipo da Sergio paris como base, para a construção do logotipo da linha Nutri.
58
A escolha do nome foi baseada na observação dos
concorrentes, que utilizam nomes que fazem relação com
o cabelo, ou com o resultado obtido, como por exemplo,
cabelo sedoso - Seda, ou até mesmo com o principal ativo
do produto, como por exemplo o Pantene, que tem como
principal substância o Pantenol. Procurando por um nome
simples, curto e fácil de memorizar, optou-se por “Nutri”,
que vem de nutrir, ação realizada/desejada, pelos produtos aplicados no cabelo.
Para o logotipo da marca Nutri, foi definido utilizá-la na
cor branca, sobre fundo colorido, que representam os conceitos de tratamento de forma abstrata, evitando elementos já utilizados pelos concorrentes, como gotas, ondas,
pessoas, plantas, etc.
Os conceitos de tratamento estão divididos em:
- Óleos Reparadores, Mix de óleos enriquecidos com
vitaminas;
- Brilho e Força, Ceramidas mais complexo de vitaminas;
- Cachos perfeitos, Aloe Vera com vitaminas essenciais;
- Cores Vibrantes, com Óleo de Girassol e Karité mais
vitaminas especiais;
- Leveza, alto poder de limpeza fortificante;
- Anti Caspa, previne e hidrata.
Cada conceito de tratamento receberá um fundo
colorido e abstrato, correspondente ao tratamento. Para
descrever as informações essenciais do rótulo e textos de
apoio, foi utilizada a tipografia do alfabeto padrão, Utsaah.
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
4.4.2.1 Nome
4.4.2.3 Cores e fundos
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
o condicionador, com capacidade para 350ml; frasco para
máscara de tratamento, com capacidade de 300g, na cor
branca e tampa de rosca lisa transparente; e para o creme de pentear, frasco de 300g, na cor branca, com válvula
Pump dosadora na cor transparente.
4.4.2.4 Layout Rótulo
Os rótulos serão impressos em adesivo BOPP, com
acabamento fosco aveludado. Abaixo segue, conforme as
figuras 11 e 12, o resultado final do layout para os rótulos.
Figura 11 - Layout final dos rótulos e aplicação em mockup
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Fonte: elaborado pelo autor
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
Figura 12 - Linha Nutri, conceito de tratamento Ceramidas completo e demais conceitos de tratamento, em mockup
59
Fonte: elaborado pelo autor
REFERÊNCIAS
ABIHPEC. III Caderno de tendências 2014-2015. Cartilha online. Disponível em: <https://www.abihpec.org.
br/2013/10/caderno-de-tendencias-2014-2015/>. Acesso em: 28 out. 2016.
BAUDRILLARD, Jean. A Sociedade de Consumo. Lisboa:
Edições 70, 1995.
ESTANQUE, Elísio. A Classe Média: Ascensão e Declínio.
Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2016
HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.
MEGGS, Philip B.; PURVIS, Alston W. História do design
gráfico. São Paulo: Cosac Naify, 2009
MOZOTA, Brigitte Borja de; KLÖPSCH, Cássia; COSTA,
Filipe Campelo Xavier da. Gestão do Design – Usando o
design para construir valor de marca e inovação corporativa. Porto Alegre: Bookman, 2011.
NEGRÃO, Celso; CAMARGO, Eleida. Design de Embalagem – Do Marketing à Produção. São Paulo: Novatec
Editora, 2008.
NERI, Marcelo Cortês. A Nova Classe Média. Rio de Janeiro: FGV/IBRE, CPS, 2008.
NEUMEIER, Marty. The Brand Gap = O Abismo da Marca:
como construir a ponte entre a estratégia e o design.
Porto Alegre: Bookman, 2008.
60
MESTRINER, Fabio. Design de Embalagem – Curso Básico. São Paulo: Makron Books, 2001.
MESTRINER, Fabio. Design de Embalagem – Curso
Avançado. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2002.
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Na construção deste trabalho foram pesquisados
alguns conceitos necessários para o entendimento da
importância da marca, da embalagem e do consumidor.
Para atender aos objetivos apresentados no briefing, a
revitalização da marca do fabricante se fez necessária e
parte do processo, assim como, analisar seus concorrentes diretos e indiretos, conhecer e entender o consumidor deste produto, a sua própria construção de identidade
como indivíduo social e a forma como se relaciona neste
cenário de consumo, para então, propor a nova Identidade
visual da linha de Shampoos e Pós-Shampoos.
A abordagem da Sociologia contribuiu para o entendimento da construção da identidade do sujeito e a compreensão da forma como os consumidores se relacionam
com os produtos e marcas. Sendo assim, é possível perceber a importância de um trabalho sério e fundamentado
na construção de identidades para linhas de produtos voltadas para esta “nova classe C”.
Acredito que um estudo aprofundado sobre esta classe
social contribuiu para o desenvolvimento de produtos e serviços mais assertivos, não pretendendo esgotar o assunto,
mas sim, instigar que o reconhecimento de um público alvo
vai além de questões básicas como gênero, renda e idade,
mas perceber que o sujeito como um todo deve ser considerado, quebrando estereótipos que já não cabem mais em
um mundo globalizado, de acesso à informação e tecnologias que proporcionam conhecimento e descobertas.
Com este artigo, foi possível aprender novos conceitos e colocá-los em prática, contribuindo com os conhecimentos já obtidos durante o Curso Superior de Tecnologia
em Design Gráfico da Universidade Feevale, como conceitos de marca e identidade visual, embalagens, cultura de
consumo e a construção da identidade do indivíduo pelos
olhos da sociologia; todos fundamentais para a elaboração deste trabalho e para o despertar da importância da
pesquisa e do embasamento na construção de um trabalho sério atendendo os objetivos propostos.
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
OSTROWER, Fayga. Processos de Criação. Petrópolis:
Editora Vozes, 1987.
RONCARELLI, Sara. Design de Embalagens: 100 Fundamentos de Projeto e Aplicação. São Paulo: Blucher, 2010.
WASSERMAN, Claudia. Problemas teóricos que envolvem a questão da identidade coletiva e a formação
de novas identidades. Londrina, 2002. Disponível em:
<http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/seminasoc/
article/view/3856>. Acesso em: 30 out. 2016
SORJ, Bernardo. A Nova Sociedade Brasileira. Rio de
Janeiro: Jorge Salazar Editor, 2001.
WHEELER, Alina. Design de identidade de marca. Porto
Alegre: Bookman, 2012.
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
61
STRUNCK, Gilberto. Como Criar Identidades Visuais para
Marcas de Sucesso. Rio de Janeiro: Rio Books, 2012.
Mikaela de Souza
[email protected]
RESUMO
Ao escutar uma música estamos
envolvidos por nossas percepções,
memórias, experiências e motivações. Um
processo de transformação de significados
que tensiona as capacidades de
composição e interpretação de um músico.
A partir desta reflexão, pude analisar, sob
a perspectiva de músicos, o processo
criativo, desde sua concepção até seu
consumo. Através do entendimento
do conceito de Processo Criativo e de
Música, foi desenvolvido, como resultado
final, um documentário curta-metragem
intitulado Ensaios Criativos. A metodologia
projetual para a gravação do documentário
foi guiada a partir do Método Aberto de
Santos (2006). A partir da análise das
entrevistas, pode-se perceber que o
processo criativo dos músicos é guiado,
basicamente, por cinco categorias: compor,
interpretar, improvisar, sentir e ouvir.
Palavras-chave: Música. Processo criativo.
Ensaio Criativo.
1 INTRODUÇÃO
A aproximação com a música gerou, ao longo dos anos, questionamentos acerca de como
os processos cognitivos e os ambientes de manifestações culturais inferem sobre as criações
musicais de cada indivíduo, visto que, a interpretação de uma música sempre imprime novos significados.
No interesse por esta temática, encontrei um
espaço para discutir o processo criativo na música dentro da graduação em design gráfico e a
sua relação com a indústria criativa. De maneira
geral, o mercado musical atual é um sistema de
produção, distribuição e consumo, onde a fruição é o ponto final. Esta concepção surge com a
indústria fonográfica, que estabeleceu a música
gravada como um produto de demanda de um
mercado e que institucionalizou a segmentação do consumo. Enquanto um dos setores que
compõem a indústria cultural, a música entra
em discussão sobre as características desta
lógica de negócio que permeia a modernidade,
justamente pelo seu consumo como tendência
de distração e divertimento, gerando um paradoxo na sua finalidade enquanto arte (ADORNO;
HORKHEIMER, 2002).
A premissa deste projeto de pesquisa é analisar o processo criativo em música sob a ótica
de quatro profissionais de determinados setores
e discutir como ocorrem as relações da criação
musical desde sua concepção até seu consumo. Tem-se, como resultado final desta análise,
um documentário curta-metragem abordando
a conversa com cada um dos entrevistados.
62
ENSAIOS CRIATIVOS: UMA
ANÁLISE DO PROCESSO
CRIATIVO EM MÚSICA
2 PROCESSO CRIATIVO
A criatividade é considerada, na pós-modernidade, como um atributo cognitivo essen-
63
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
TORRANCE, 1976) e Ideação e Incubação (OSBORN,
1987). Entende-se esta fase como o momento onde as
ideias devem fluir livremente, cheias de entusiasmo e devaneios. Pode ser um período curto ou longo e demanda
um trabalho consciente e inconsciente para a inspiração
ao clímax do processo de criação, assim, com o acúmulo
de alternativas, novas ideias vêm a surgir.
O processo de saída das informações desenvolvidas nestas fases, caracteriza-se como “Cair na Real”
(HOWKINS, 2005), Comunicação das Ideias (AMABILE,
1993), Verificação (KNELLER, 1978), Síntese e Avaliação
(OSBORN, 1987) e Revisão (TORRANCE, 1976). Aqui se
considera a revisão e a reunião dos elementos para julgar
o resultado. Neste momento, coloca-se as ideias à prova
e se analisa quão longe a ideia nos levou: sucesso total
ou fracasso absoluto? Seja qualquer umas das opções, o
ciclo se encerra e recomeça.
A discussão de conceitos sobre o processo criativo se
torna mais interessante quando aplicada ao setor criativo.
No caso da música, o aprendizado de técnicas e estudos
práticos influenciarão no processo de cada indivíduo? Trabalhar no mercado independente ou no setor tradicional
traz resultados diferentes? Consolidar a forma de criação a
partir de sua expressão ou de demandas? Estas questões
tornam-se pertinentes na medida em que influenciam no
processo criativo e nos resultados de cada indivíduo.
Portanto, além dos conceitos apresentados, para expressar a necessidade conceitual de análise atrelada à
visualidade das ações do processo criativo em música, a
proposta de estudos de Tschmuck (2006) pode ser melhor
apropriada e utilizada como instrumento de análise. Para
o autor, a estrutura da prática musical é um sistema
de produção, distribuição e recepção. Essa estrutura,
considerada paradigmática, se rompe na medida que as
tecnologias se expandem, aumenta o número de atores
e emergem novas práticas musicais. A complexidade
se dá a partir da interação neste sistema de ação, entre
tecnologia, mercado, indivíduo e criação, formando
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
cial para a criação artística de um músico. Características como improvisação, complexidade na execução dos
acordes, inspiração em músicos referência e motivação,
são alguns aspectos externalizados para descrever um
resultado mais – ou menos – criativo em música, onde,
muitas vezes, o sucesso é a consequência final.
Uma música não é necessariamente criativa, mas o
processo que passa a sua construção assimila diversos
aspectos do pensamento criativo que é inerente ao ser humano. Os processos que podem ser desenvolvidos determinam a capacidade de produzir ideias ou produtos novos,
aceitos como tendo seu valor (SIMONTON, 2000). Por mais
abstrato e individual que este processo possa ser, há uma
lógica estrutural que caracteriza o processo criativo em
etapas para entendermos os períodos de criar algo novo.
A variedade de conceitos sobre o processo criativo é
apresentada no artigo Do Gênesis ao Clímax (BARTH; PINHEIRO; SILVA, 2015), onde é possível visualizar as etapas
definidas por autores da criatividade. A classificação destas fases é apresentada de uma forma agrupada, seguindo uma lógica computacional de entrada da informação,
processo de transformação e saída.
A primeira fase do processo criativo pode ser chamada de Exame (HOWKINS, 2005), Identificação do Problema
e Preparação (AMABILE, 1993), Primeira apreensão e Preparação (KNELLER, 1978), Orientação, Preparação e Análise (OSBORN, 1987) ou apenas Preparação (TORRANCE,
1976). Apesar da quantidade de etapas que cada autor
propõe, a primeira fase do processo criativo resume-se
a estabelecer conexões e tornar consciente a excitação
da ideia. A inquietude desta etapa gera a “entrada de informações”, a identificação do problema, a reflexão sobre
possíveis soluções e principalmente, a motivação de querer descobrir e entender algo que se desconhece.
As etapas do processo de transformação são descritas
pelos autores como Incubação, Sonhos e Entusiasmo
(HOWKINS, 2005), Geração e Validação das Ideais (AMABILE, 1993), Incubação e Iluminação (KNELLER, 1978;
Figura 01 - Um modelo da mudança de paradigma na indústria da música
A impregnação mútua é certamente possível,
uma vez que esses caminhos criativos ainda não
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
A fase 2, de influência na criatividade, tem duração
a partir da rapidez com que os indivíduos diminuem as
incertezas de ligações resultantes da primeira fase. Para
o surgimento da novidade é preciso testar diversas ligações e repeti-las buscando o resultado positivo. Esse é
o exemplo de determinadas sequências de acordes num
momento de improviso, que podem se tornar uma melodia nova, ou ainda, um exemplo citado pelo autor, a lógica
de produção criada na década de 20 pelas redes de rádio,
com o método de produção, distribuição e recepção, tornando a preferência do público maior por determinadas
músicas do que por outras.
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
padrões que são a base para novos caminhos criativos. A
longo prazo, um novo paradigma se forma e em cada ruptura pode-se encontrar uma fase criativa diferente, descrita por ele como um modelo da mudança de paradigma na
indústria da música.
A fase um, de improvisação e criatividade experimental, é a primeira ruptura estrutural, gerando ligações imprevisíveis que fazem parte da base das inovações radicais. A
natureza desta fase da criatividade pode ser identificada
com o surgimento do Rock ‘n’ Roll no final dos anos 40 e
início dos 50, resultante da junção de dois estilos distintos
- Rhythm & Blues e Country & Western - ou das possibilidades imprevisíveis entre a tecnologia e as práticas musicais, quando surgiu a “eletrificação” do Blues no final da
década de 1940 (TSCHMUCK, 2006).
64
Fonte: Tschmuck (2006)
3 MÚSICA
O interesse no estudo da música e o processo criativo
nas transformações do mundo moderno têm se desenvolvido intensamente nos últimos anos. Da mesma forma,
a contribuição da indústria fonográfica para o crescimento do consumo de massa e do sustento do setor de músi-
A música, enquanto um dos setores que compõem a
Indústria Cultural, transita pelas discussões das características do mundo industrial e da lógica de negócio e
consumo que permeia a modernidade. Os produtos da indústria cultural podem ser consumidos, mesmo em uma
tendência de distração e divertimento, mas cada um destes é um modelo do mecanismo econômico que mantém
sob pressão o lazer, manipulam as distrações e estragam
o prazer, se voltando para os clichês ideológicos da cultura (ADORNO; HORKHEIMER, 2002). Em suma, é uma
reflexão que permanece entre a massificação da música
como uma demanda do mercado popular e o sucesso
deste produto ligado à popularidade, pelo maior número
de downloads ou discos vendidos e não propriamente por
sua qualidade estética.
No padrão industrial de produção, músicos, técnicos e
produtores exercem posições operacionais para garantir sob uma noção fordista - que o produto seja gravado, distribuído e comercializado. Basicamente, o setor da música
tradicional é mantido pelas grandes indústrias fonográficas que operam este sistema no país. Ademais a estes,
artistas independentes que não segmentam a sua produção, tem ganhado seu sustento com as participações
em shows nas cenas locais e circuitos de festivais independentes, que reúnem não apenas músicos, mas atores,
dançarinos e artistas para resgatar de forma criativa e colaborativa a ideia da arte como produção de conteúdo cul-
65
3.1 MÚSICA NA ATUALIDADE
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
A fase 3 consiste, basicamente, na dominação do
mercado pelos grandes agentes ou gravadoras. Cria-se a
rotina e a padronização dos artistas, onde todas as suas
influências artísticas são controladas pela demanda do
sistema de produção. “Esta fase de criatividade controlada, que é semelhante ao estabelecimento duradouro de
paradigmas culturais, é baseada em um oligopólio estático” (TSCHMUCK, 2006). Um dos exemplos desta fase
é a revolução na era do rock ‘n’roll, no fim da década de
40, quando surge a indústria fonográfica, possibilitando o
surgimento de novas gravadoras, produtores de música
independentes, novas estações de rádios integrando novos gêneros musicais.
É possível perceber gradativamente, com o sucesso
da digitalização da música pelo mundo e a diminuição das
fronteiras criativas, que um novo paradigma pode estar se
formando em relação a essa nova forma de distribuição.
Novos modelos de distribuição são testados, leis de
patentes e direitos autorais se tornam cada vez mais
rigorosas, novas práticas musicais começam a surgir
como a música eletroacústica. Conforme Teschmuck
(2006), como esses caminhos criativos serão vistos, é
impossível prever no momento. Para entender de forma
mais aprofundada como os aspectos do processo criativo
são aplicados na discussão do fazer musical, apresenta-se no próximo capítulo a música através do viés econômico e cultural.
ca tradicional é reconhecido como uma inquietação neste
processo. A música é julgada, sob certa perspectiva, pelo
paradoxo da criatividade versus o comercialismo, a arte
versus o mercado, a cultura versus a economia (THROSBY, 2002), no entanto, a discussão em música parte do
entendimento de seu ecossistema e, embora existam
tensões evidentes entre a dimensão cultural e econômica, pode-se analisar esta relação como um equilíbrio harmônico de uma necessidade de complementaridade.
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
se tornaram rotina, mas eles permanecem raros,
como é evidenciado pelos poucos sucessos cruzados entre os gráficos Pop e R & B na década de
1970. (TSCHMUCK, 2006, tradução da autora).
66
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
zada pela exploração da música pop e eletroacústica, pela
diversidade de gêneros e culturas e as novas tecnologias,
um ecletismo onde tudo é permitido dentro de um contexto que institua o consumo e alcance a grande massa
(SEKEFF, 2009).
Este novo caráter fica evidente no estudo do consumo de música no Brasil que obteve, em 2016, a receita de
$229,8 milhões de dólares. As receitas do segmento Digital alcançaram, entre download ($ 9,4 milhões) e streaming ($ 90,8 milhões), um total de $ 111,7 milhões, em
contraste com o segmento Físico ($ 33 milhões), Execução Pública ($ 84 milhões) e Sincronização ($1,1 milhão)
(PRO-MÚSICA BRASIL, 2016). O crescimento do mercado
digital se deve ao fato da receita do streaming ter crescido
52,4% em 2016, mostrando a tendência de mudança de
hábitos dos consumidores em ouvir música autorizadas
pelas gravadoras, através do novo modelo de negócio
proposto pelas plataformas digitais (KISCHINHEVSKY;
HERSCHMANN, 2011). O Spotify, Deezer, Apple Music,
TIDAL e QQ Music são exemplos deste negócio presente
nesta lógica de mercado, porque libera, a partir de uma
assinatura mensal, o acesso ao seu conteúdo, sem a propriedade do arquivo musical.
O streaming, com sua estratégia de distribuição de
conteúdo em lote por um custo menor, traz o efeito da
desmaterialização da música, que não precede mais de
um suporte físico específico. Este novo comportamento,
onde a apreciação da música é como um background
para as tarefas que o indivíduo realiza ao longo do seu dia,
pressupõe o novo costume individualista, por ser maior a
diversificação do conteúdo e as opções de escolha. A relação deste laço afetivo que une indivíduo e música passa
a ser associada ao mercado global de estilos, criando um
“supermercado cultural” (HALL, 2002, p. 75). Em partes, se
perde o contexto identitário de determinada música, mas
a sua apropriação ganha novos significados e não é possível isolar estas relações em ambientes estanques.
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
tural (KISCHINHEVSKY; HERSCHMANN, 2011). Sob esta
perspectiva, é possível entender porque, em 2016, no mercado de trabalho das ocupações culturais, com 1.241.085
postos de trabalho ocupados, 59,4% foram de trabalhadores informais nos setores culturais (OBEC, 2016).
Sabe-se que os dados acerca do mercado de trabalho na música são incompletos na medida que atendem
apenas o setor formal. Num mapeamento dos trabalhadores formais da música no Brasil, apresenta-se 12 mil
trabalhadores, sendo Músico intérprete instrumentista
(5,5 mil), Músico regente (2,6 mil) e Músico arranjador
(1,4 mil) as profissões mais numerosas na categoria, com
média salarial de R$ 2.860,00 (FIRJAN, 2016). Conforme
o Relatório da FIRJAN (2016), de 2013 para 2015, o número de trabalhadores no setor da música reduziu 0,3%,
atribuindo a este desempenho a diminuição de incentivos
e financiamentos públicos devido a economia desfavorável do país. Apesar disso, as duas profissões que tiveram
maior crescimento percentual entre 2013 e 2015 no setor
da música foram DJs (119%) e tecnólogos em produção
fonográfica (117,9%).
Tomando como base a cadeia produtiva na música,
percebe-se como o surgimento da Indústria Fonográfica
no século XX trouxe uma nova identidade, criando um
produto compatível com o mercado industrial através
dos aparelhos de gravação e reprodução de som. Desse
modo, a mudança cultural na audição da música foi percebida quando foram criados o rádio, fita, disco, aparelhos
portáteis, CDs e DVDs, estabelecendo um novo meio de
produção musical e um mercado que institucionalizou a
segmentação do consumo (PAIXÃO, 2013, p. 80).
Discutir a música hoje é perceber que esta nova forma de consumo de massa, e os valores que ela veicula
têm acompanhado as mudanças sociais que o indivíduo
tem passado. A nova lógica de experimentação e vivência
do novo reflete a hipermodernidade (LIPOVETSKY, 2007),
onde os indivíduos esperam do sistema fluidez e movimento de forma efêmera. A produção musical é caracteri-
Ser um músico experiente assume assim muitas formas: destreza em tocar um instrumento,
Levitin (2006) comenta que podemos identificar todas
as músicas que já ouvimos - e todas que serão criadas
- pois são construídas a partir de doze notas musicais (ignorando as oitavas). De forma estrutural, cada uma das
notas pode ir para outra nota, para si mesma ou para um
descanso, produzindo outras doze novas possibilidades.
O número de combinações é tão grande que é improvável
que possamos entender todas as conexões possíveis, ou
o que elas significam.
As impressões adicionadas por cada indivíduo fazem
com que uma música perca sua originalidade harmônica e ganhe uma nova cara e, sobretudo, um novo significado. De certa maneira, um pensamento antecipado ou
um instante de improviso são aspectos que compõem
o momento desse fazer musical. Podemos dizer que o
pensamento criativo na interpretação de uma obra está,
a todo momento, tensionando nossa capacidade de improvisação, acessando às músicas que consumimos e
buscando semelhanças com nossos gostos, ligando momentos de vida a determinadas composições, experimentando as emoções e significados que interferem nesta
reprodução musical. Este processo cognitivo é uma experiência entre o conhecimento técnico (objetividade) que
adquirimos ao longo da vida e a gama de emoções e afetividades (subjetividade) que sentimos naquele determinado contexto. De fato, percebe-se que a composição demonstrada pela variação de detalhes entre conhecimento
técnico e a subjetividade se apresenta como uma delicada
camada que adiciona as impressões do indivíduo.
67
comunicação emocional, criatividade e estruturas mentais especiais para lembrar a música.
Ser um ouvinte experiente, que a maioria de nós
é aos seis anos, envolve a incorporação da gramática da nossa cultura musical em esquemas
mentais que nos permitem formar expectativas
musicais, o coração da experiência estética na
música. (LEVITIN, 2006, p. 216).
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Apesar de tamanha complexidade do mercado fonográfico e da movimentação de milhões de dólares para a
manutenção desta cadeia produtiva, há algo na música
que ultrapassa as dimensões físicas e, por vezes, carece
de explicação.
A música como um objeto de linguagem de comunicação se relaciona e possibilita a construção de sentidos ao
sujeito, que é produto e produtor de um contexto social. A
experiência musical gera emoção, prazer e ainda traz uma
noção de corporalidade, proporcionando o êxtase quando uma peça toma conta de nosso corpo, movimento e
mente. Este processo inicialmente é individual e, através
da obra de arte, torna-se social, sendo a finalidade da arte
contagiar muitas pessoas com os sentimentos de uma só
(JOURDAIN, 1998; VIGOTSKY, 1999).
Esta construção de sentido para a música é a representação de um objeto, carregado de significações culturais, criado pelos indivíduos, onde a dimensão da subjetividade o modela como parte de um universo social,
mas, ao interiorizá-lo, recria-se como universo pessoal. A
ligação com o mundo exterior constitui a identidade do
indivíduo e sua relação com a realidade, posta sob este
aspecto, como a sociedade em que ele está inserido, e
suas práticas de cultura, comunicação, lazer e estilo de
vida (RUIZ, 2003; MAFFESOLI, 1998).
Para quem constrói a música, há uma relação com as
demandas culturais que independem de simples resolução, mas ocupam atributos cognitivos inconscientes e
conscientes para a criação de afetividade entre suas expressões e os indivíduos que a consomem. Esta riqueza
e sofisticação de sentimentos que a música proporciona
para quem a escuta, passa por um processo cognitivo de
objetivar algo que é subjetivo. Para quem a cria, ela é processada e desenvolvida para o mundo de uma forma onde
contém a humanidade na interioridade do produto.
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
3.2 MÚSICA E SUBJETIVIDADE
Figura 02 – Documentários de referência
Canon 5D e Sony hand, utilizadas no tripé para estabilidade na captação da imagem. Como suporte no set de gravação, utilizou-se um painel de led para iluminar alguns
pontos específicos e o microfone de lapela para melhor
captação do áudio do entrevistado.
A etapa de pós-concepção iniciou com a seleção e decupagem dos trechos no programa Adobe Premiere Pro
CC 2014. Em seguida, através da análise dos discursos,
foram estabelecidas 5 categorias que descreviam o processo criativo na música. São elas: Compor, Interpretar,
Improvisar, Ouvir e Sentir. Ao final desta etapa, criou-se o
nome do projeto, as artes gráficas, as músicas (todas com
direitos autorais livres) e a gravação de uma narração off
para introduzir o documentário. Em seguida, o projeto foi
renderizado em uma versão inteira de 25 minutos e outras
5 com cada categoria criada.
68
Fonte: elaborado pela autora
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Como metodologia científica para este projeto, optou-se por uma revisão teórica
dos conceitos sobre Processo Criativo, através do artigo
“Do gênesis ao clímax: um
levantamento
bibliográfico
(não) definitivo sobre o processo criativo” (BARTH; PINHEIRO; SILVA, 2015), além
de revisão sobre Música
(THROSBY, 2002, TSCHMUCK, 2006, KISCHINHEVSKY;
HERSCHMANN, 2011).
Como metodologia projetual, optou-se pelo Método
Aberto de Santos (2005), que
consiste em 3 etapas: Pré-concepção, Concepção e
Pós-concepção.
A etapa de pré-concepção foi desenvolvida a partir da
pesquisa exploratória bibliográfica e da análise de documentários como referência, a escolha e o contato com os
4 músicos participantes e a reserva dos equipamentos
necessários para a gravação.
A etapa de concepção foi dividida em 4 entrevistas,
com um roteiro de questões semiestruturado, realizadas
nos dias 26/10/2017 e 31/10/2017. Antes da coleta de
dados os objetivos do projeto foram salientados e os entrevistados foram convidados a assinar o Termo de Uso
de Imagem. Cada entrevista durou aproximadamente 40
minutos e as questões relacionavam-se com os primeiros
contatos com a música, se eram músicos compositores
ou intérpretes, como são as dinâmicas em cada um dos
processos, seu conhecimento técnico e inferências e modificações no processo de interpretação. O curta-metragem foi gravado com a utilização de duas câmeras: DSLR
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
4 METODOLOGIA
Figura 03 – Entrevistas
5.1 CARACTERIZAÇÃO DO GRUPO
A busca pelos convidados foi feita a partir de um recorte onde cada um representa-se um setor da Música.
Apresenta-se abaixo o nome do entrevistado e sua formação e, na Figura 03, o momento de gravação das entrevistas.
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
5 RESULTADOS
1) Francisco Machado Pereira – Compositor, Músico
instrumentista e Produtor Musical;
2) Gustavo Arthur Muller – Músico instrumentista integrante da Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo,
graduando de Bacharelado em Saxofone pela UFRGS;
3) Maria Raquel Dalmás – Cantora, Professora de
Canto, Preparadora Vocal e Regente na Dalzan Produções Artísticas.
4) Fabrício Beck – Compositor, Músico instrumentista
e Vocalista da banda Vera Loca.
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
Optou-se por publicar o Projeto Ensaios Criativos no
Youtube, pela facilidade no acesso, mas, para a apresentação final, a gravação do projeto foi feita em DVDs, sendo
desenvolvidos a capa, a arte do CD e um cartão especial
para divulgação em redes sociais.
69
Fonte: desenvolvido pela autora
5.2 IMAGENS 5D
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Fonte: desenvolvido pela autora
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
70
Figura 04 – Entrevistados
5.3 ARTE GRÁFICA
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Fonte: elaborado pela autora
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
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Figura 05 – Apresentação dos Entrevistados
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Figura 06 – Nomes para cenas
Fonte: elaborado pela autora
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
72
Figura 07 – Nomes para cenas
Fonte: elaborado pela autora
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
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Figura 08 – Nome Documentário
Fonte: elaborado pela autora
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
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5.4 LINK DO VÍDEO
https://youtu.be/R0_Cuw30oxI
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Fonte: elaborado pela autora
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
75
Figura 09 – Créditos
REFERÊNCIAS
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clímax: um levantamento bibliográfico (não) definitivo
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ed. Rio de Janeiro, RJ: DP&A, 2002. 102 p.
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KISCHINHEVSKY M.; HERSCHMANN, M. A reconfiguração da Indústria da Música. E-compós, Brasília, v. 14, n.1,
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Disponível em: http://www.ufrgs.br/obec/#pagina-acervo+publicacoes. Acessado em 16/04/2017.
76
LEVITIN D. J. This is your brain on Music. Dutton, Nova
York, 2006. 314p.
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
O Projeto Ensaios Criativos nasceu e com ele, a enorme satisfação de saber que é possível unir duas coisas
que se ama tanto, o Design e a Música. Ao longo desse
processo, entre entrevistas e montagem do documentário, a construção do aprendizado foi constante, desde edição até determinadas notas de uma música.
Percebeu-se, ao longo da discussão e criação da narrativa, como cada músico expressava diferentes características criativas e, mesmo assim, se encaixavam num
diálogo com os outros músicos. O curta metragem final
rendeu 25 minutos e 08 segundos, tendo uma sequência
de abertura, categorias de discussão e créditos finais.
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
PAIXÃO L. F. A Indústria Fonográfica como mediadora
entre música e sociedade. 2013. Dissertação (Mestre em
Música) Programa de Pós-graduação em Música, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2013.
SEKEFF, M. L. Música e Pós-modernidade. In SEKEFF, M.
L. (Org.); ZAMPRONHA, E. (Org.) Arte e Cultura V: estudos
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172 p.
PRÓ-MÚSICA BRASIL. Mercado Fonográfico Mundial e
Brasileiro em 2016. Disponível em: http://www.abpd.org.
br/2017/05/24/mercado-fonografico-mundial-e-brasileiro-em-2016/ . Acessado em 18/05/2017.
SIMONTON, D. K. Creativity: Cognitive, Personal, Developmental, and Social Aspects. American Psycholgist, v. 55,
n. 1, 2000, p. 151-158.
77
VIGOTSKY, L. S. Psicologia da arte. 1. ed. São Paulo, SP:
Martins Fontes, 1999. xviii, 377 p.
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
SANTOS, F. A.N.V. MD3E (Método de Desdobramento em
3 Etapas): uma proposta de método aberto de projeto
para uso no ensino de Design Industrial. 2005. Tese
(Doutorado em Engenharia de Produção) Programa de
Engenharia de Produção e Sistemas, UFSC, Florianópolis,
2005.
TSCHMUCK, p. Creativity and Innovation in the Music
Industry. Países Baixos, Springer, 2006. 281 p.
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
RUIZ, C. M. M. B. Os paradoxos do imaginário. São Leopoldo, RS: Editora Unisinos, 2004. 267 p.
Bruno Filipe Griebeler
[email protected]
RESUMO
A autoaceitação, de um modo geral,
é muito complicada. Aceitar-se do
jeito que é ou está lida com muitos
aspectos na vida das pessoas.
Engloba uma série de conceitos e
abrange muitos preconceitos que uma
pessoa sofre perante a sociedade
familiar, escolar e trabalhista. Deste
modo, uma das fases de maior
mudança na vida de qualquer pessoa
é a adolescência, é nela em que ocorre
uma grande variação de sentimentos
e a autoaceitação está presente
nesse estágio. Esta pesquisa abrange
um estudo sobre autoaceitação
homossexual a partir da experiência
vivida por um jovem que relata toda
sua etapa de transição da infância,
adolescência até atingir a fase
adulta, juntamente com narrações
do preconceito que permeou sua
trajetória até de fato se aceitar do jeito
que sempre foi.
Palavras-chave: homossexualidade.
Autoaceitação. Preconceito. Design
gráfico.
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo propõe um estudo sobre a
vida de um jovem homossexual e inclui relatos
sobre as experiências vividas no meio acadêmico e familiar. Juntamente com a descrição de
sua autoaceitação do ser homossexual. Sendo
assim, o foco de pesquisa se delimita em duas
etapas: a educação e a família; e como cada
meio se comporta diante dessas situações de
gênero, através de uma entrevista semiestruturada nesses dois tópicos para desenvolver uma
autoanálise.
Gênero é algo muito importante a ser agrupado à fala dos professores quando o assunto
é diversidade ou sexualidade. Porém, pouco é
repassado e instruído aos jovens hoje em dia,
devido à falta de capacitação de muitos professores para criar uma abordagem eficiente
sobre o assunto e desenvolver diálogos sobre
o tema.
Ao mesmo tempo em que nós, profissionais da educação, estamos
conscientes de que nosso trabalho se
relaciona com o quadro dos direitos
humanos e pode contribuir para ampliar os seus horizontes, precisamos
também reter que estamos envolvidos na tessitura de uma trama em
que sexismo, homofobia e racismo
produzem efeitos e que, apesar de
nossas intenções, terminamos muitas vezes por promover sua perpetuação (JUNQUEIRA, 2009).
78
A AUTOACEITAÇÃO DA
HOMOSSEXUALIDADE A
PARTIR DE UM CASO REAL
A partir do projeto científico, o desenvolvimento de uma campanha de orientação sobre
autoaceitação homossexual será elaborada
por meio do estudo teórico desenvolvido e a
análise final.
Gênero é a construção social do sexo, definido
como uma caracterização anatômica e fisiológica dos seres humanos. Há machos e fêmeas na
espécie humana, mas a condição de ser homem
ou ser mulher só é realizada pela cultura (SILVA,
1990, p. 03).
Basicamente, gênero é a forma como cada indivíduo
se comporta socialmente, podendo ser construído ou
desconstruído de acordo com sua concepção cultural.
Dentro desse contexto, há também a identidade de gênero
e orientação sexual.
De acordo com Silva (1990), identidade de gênero
pode ser traduzida pela convicção de ser masculino ou
feminino, conforme os atributos, comportamentos e papéis convencionalmente estabelecidos para os machos
e fêmeas, ou seja, é a forma com que cada indivíduo se
enxerga, o gênero com que se identifica fazendo parte.
Orientação sexual, seguindo com Silva (1990), se refere ao sexo ou ao gênero que constitui o objeto de de-
79
A educação nas escolas é regida por diferentes tipos
de professores e educadores, eles são os principais influenciadores e criadores de opiniões entre os estudantes.
De acordo com Louro (2003), a escola ocidental utiliza-se
de um método separatista, onde desde o início ela é dividida de acordo com a classe social, religiosa e de gênero.
Para compreender melhor as questões de gênero, é necessário falar sobre gênero, sexo e sexualidade e entender
o que cada termo significa.
O conceito sobre gênero é muito amplo, pois cada
área do conhecimento tem uma explicação sobre o seu
significado.
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
2 EDUCAÇÃO
sejo de uma pessoa e não necessariamente como uma
condição da mesma. Sendo assim, diz respeito ao lado
afetivo, amoroso e sexual, por qual gênero/sexo a pessoa
se sente atraída.
Em relação ao sexo, Grossi (1998) fala que o mesmo é
considerado uma categoria que ilustra a diferença biológica entre homens e mulheres. Portanto, está relacionado
com a genitália que possui. Pode ocorrer a intersexualidade, que é quando um indivíduo apresenta características
intermediárias entre os dois sexos, ou o aparelho genital
não condizer com o seu gênero.
Sobre sexualidade, Louro (2007), enfatiza que, muitos consideram que a sexualidade é algo que todos nós,
mulheres e homens, possuímos “naturalmente” [...] A sexualidade seria algo “dado” pela natureza, inerente ao ser
humano. [...] No entanto, podemos entender que a sexualidade envolve rituais, linguagens, fantasias, representações, símbolos, convenções... Processos profundamente
culturais e plurais (LOURO, 2007). Resumidamente, ela é
um conceito contemporâneo para se referir ao campo das
práticas e sentimentos ligados à atividade sexual dos indivíduos (GROSSI, 1998).
A sexualidade sempre foi um tabu a ser quebrado
nas escolas e na sociedade. Como desenvolver um diálogo para adolescentes sobre sexo e questões de gênero? Como transmitir de forma coerente um tema que gera
tantas controvérsias, fazendo com que os próprios pais
não saibam dialogar com seus filhos?
Sabendo o que cada termo significa, podemos perceber que a escola delimita espaços. Servindo-se de símbolos e códigos, ela afirma o que cada um pode (ou não
pode) fazer, ela separa e institui. Informa o “lugar” dos pequenos e dos grandes, dos meninos e das meninas (LOURO, 2003).
A questão de divisões está diretamente ligada ao
modo em que a escola se desenvolve e a forma com que
os relacionamentos se criam. Para Louro (2003), as meninas sempre foram ensinadas de maneiras opostas aos
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
A metodologia utilizada apresenta um estudo e revisão bibliográfica e a pesquisa documental. Serão utilizados autores como Louro (2003), Diniz (2009), Silva (1990),
Figueiró (2006) e Oliveira (2004).
Quando falamos em gênero e sexualidade, devemos
levar em conta a presença dos homossexuais.
O termo homossexualismo designou doença,
constando inclusive na CID (Classificação Internacional de Doenças) desde a 6ª revisão (de
1948) até a 9ª revisão (de 1975, válida até 1993).
Como o termo ficou associado à doença, adotamos o termo homossexualidade em consonância com o que reivindica o movimento LGBTTI.
Meninos e meninas aprendem, também, desde
muito cedo, piadas e gozações, apelidos e gestos para dirigirem àqueles e àquelas que não se
ajustam aos padrões de gênero e de sexualidade admitidos na cultura em que vivem (LOURO,
2003, p. 19).
O ambiente escolar deveria ser agradável para todos
os estudantes, porém, é comum ser um espaço desfavo-
80
Para Pecheny (2004), um indivíduo homossexual “identitário” é alguém que considera que ter o desejo e/ou manter relações sexuais/amorosas com uma pessoa do mesmo sexo define em maior ou menor medida a sua identidade. Este reconhecimento é em princípio para si mesmo
e pode ser assumido publicamente ou não, em diferentes
níveis. O substantivo e adjetivo “homossexual” é utilizado
genericamente, enquanto os substantivos e adjetivos “gay”
e “lésbica” são utilizados de forma mais precisa para se referir a indivíduos homossexuais que assumem com algum
grau de publicidade a sua orientação sexual.
A homossexualidade está presente na vida de muitas
pessoas, sendo por um amigo, colega ou até mesmo um
filho. Nas escolas, a opressão e o preconceito se tornam
evidentes quando os professores não estão capacitados
para dialogar sobre homossexualidade. Junqueira (2009)
fala que os professores são os principais responsáveis
por reter o preconceito, sexismo, homofobia e racismo, e
que, apesar dos seus esforços para conter esses temas
tão complicados, às vezes, eles acabam alimentando e
fazendo com que se reproduzam de forma negativa. As
escolas no Brasil sempre foram baseadas por um agrupamento de ideias e valores que refletem no padrão da
heteronormatividade, visto que todo aquele que é considerado “estranho” seja reprimido ou excluído dos grupos
escolares.
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Atualmente, o padrão normal em sexualidade, na
nossa sociedade, se traduz por diversas regras
sociais: ser heterossexual, casar-se na maturidade, encontrar um par que seja igualmente
compatível com seu nível educacional e econômico, respeitar a moral, não praticar crimes sexuais, usar da pornografia para fins pessoais e
privados sem a exploração de outras pessoas
etc. (MAIA, 2009, p. 268).
Na CID-10 (a 10ª revisão), vigente desde 1993,
homossexualismo (e nenhuma outra variação)
não aparece mais (BUSIN, 2001, p. 48).
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
meninos, devido aos antigos manuais que seus professores se baseavam para lhes transmitir conhecimento
sobre comportamento e mente. As jovens sempre praticavam tarefas de costura, pintura ou afazeres de um lar,
enquanto os rapazes geralmente estudavam em colégios
militares. Os mesmos manuais foram adaptados e remodelados obtendo novas formas, porém, a escola exerce de
forma contínua e discreta alguns dos velhos hábitos do
que deve ser praticado por meninos e desenvolvido por
meninas, como por exemplo, o futebol para os garotos e
vôlei para as garotas.
Devido às questões de gênero, onde o homem sempre foi o pilar principal, surge a discussão do padrão de
normalidade. Maia (2009) comenta que esse padrão está
inserido no princípio da “igualdade”, e uma parte do sentido ideológico dessa igualdade fica explicitado na fala do
menino, isto é, lidar com a diferença em relação ao padrão
almejado é uma tarefa custosa, emocional e social. Sabendo que o que é normal nos dias de hoje, era anormal
antigamente e vice-versa.
81
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
indivíduos heterossexuais, mas que também estão mais
sujeitos à violência, à discriminação e ao preconceito
em diversos âmbitos da vida social, tanto na vida adulta quanto na infância e na juventude. É na adolescência
que os neurônios estão efervescentes por descobrir coisas novas, juntamente com as dúvidas de sexualidade, é
na mesma fase que os homossexuais mais se isolam por
não se aceitarem e não entenderem o porquê de não se
encaixarem ao padrão dos demais amigos e colegas.
Na infância, quando uma criança ouve seus pais falarem algo, ela costuma repetir sem saber o significado,
apenas como forma de repetição. Bortoncello et al. (2014)
falam que, na infância, comportamentos repetitivos, rituais, medos e fobias eventuais fazem parte do desenvolvimento normal de uma criança. Na escola, sempre existem
os grupos de minorias e aqueles grupos onde todos os
alunos querem fazer parte. Sendo assim, eles estão dispostos a exercer qualquer tipo de tarefa para conseguir
fazer parte desse grupo, mesmo que isso gere algo negativo. É dessa forma que a opressão e o preconceito se
tornam evidentes, quando os mais sagazes elaboram insultos como forma de diversão, fazendo com que essas
crianças que queiram fazer parte do grupo se unam com
os demais como forma de entretenimento.
Como em todos os processos de exclusão, algumas
regras e normas que os justificam são muito rígidas. Não
é de se espantar que a maioria não aceite a convivência
junto àqueles que não se enquadram nas normativas de
gênero no espaço escolar, especialmente nos casos dos
rapazes e moças que apresentam trejeitos arbitrariamente definidos como pertencendo ao outro sexo (FILHO;
MARRETO, 2008). Dessa forma, infelizmente a homofobia ainda está muito presente no âmbito escolar, fazendo
com que os jovens homossexuais sintam-se em ambientes desfavoráveis e de exclusão. Por serem as autoridades de maior respeito em uma escola, os professores servem de exemplo para os jovens do que deve ser seguido
ou adequado para a sua educação. Para isso, deveriam
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
rável para aqueles que não se sentem incluídos nas normas e regras de convívio, embora muitos não se encaixassem nos padrões devido aos pensamentos que lhes
são ensinados desde casa. Junqueira (2009) reforça que
a escola é um lugar de opressão, discriminação e preconceito, onde muitos jovens acabam por evitar corredores,
intervalos ou até mesmo de frequentar as aulas devido ao
alto índice de rejeição que sofrem. O bulliyng é frequente e, na escola, é muito comum uma criança que não se
adequa aos demais colegas sofrer intimidação e diversas
piadas apenas por não querer partilhar dos mesmos interesses. “Viadinho”, “bichona” e “bichinha” são apenas alguns dos apelidos que uma criança homossexual recebe
durante a sua vida escolar.
É comum uma criança estudar desde o ensino fundamental até o médio numa mesma escola, fazendo com
que crie laços de amizades desde cedo. No entanto, muitas crianças são excluídas e afastadas pelas demais já
nessa fase, por apresentar comportamentos diferentes e
considerados anormais para um menino ou menina.
Consentida e ensinada na escola, a homofobia expressa-se pelo desprezo, pelo afastamento, pela exposição do ridículo. Como se a homossexualidade fosse “contagiosa”, cria-se uma grande resistência em demonstrar
simpatia para com sujeitos homossexuais; a aproximação
pode ser considerada como uma adesão a tal prática ou
identidade (LOURO, 2000). De acordo com a concepção liberal de que a sexualidade é uma questão absolutamente
privada, alguns se permitem aceitar “outras” identidades
ou práticas sexuais desde que permaneçam em segredo e
sejam vividas apenas na intimidade (LOURO, 2000).
Louro (2009) ressalta que, a homofobia funciona como
mais um importante obstáculo à expressão de intimidade
entre homens. É preciso ser cauteloso e manter a camaradagem dentro de seus limites, empregando apenas gestos
e comportamentos autorizados para o “macho”.
Mello, Grossi e Uziel (2009) falam que gays, lésbicas
e transgêneros não apenas têm menos direitos do que os
Vistos não mais apenas como quem transmite informações aos seus alunos, mas também
como profissionais que criam e constroem
conhecimentos sobre o processo de ensino e
aprendizagem, os professores, em sua maioria,
vêm sentindo e reconhecendo a importância de
estarem envolvidos, numa dinâmica de crescimento pessoal, cultural e profissional (FIGUEIRÓ,
2006, p. 87 e 88).
Muitas vezes, cabe à coordenação das escolas procurar por soluções e desenvolver métodos de ensino para
incluir essas questões no currículo estudantil, seja com
palestras, debates ou seminários. É fundamental agregar
Família é o núcleo social de pessoas unidas por laços
afetivos, que geralmente compartilham o mesmo espaço
e mantêm entre si uma relação solidária. Assim sendo, ela
é o maior suporte que podemos ter, servindo de base para
nos desenvolvermos perante a sociedade.
Conforme Garcia e Vieira (2010), vale lembrar que a
concepção de “família” se altera conforme tempo e cultura de uma população, que sofre influência dos elementos históricos, sociológicos e econômicos aos quais está
submetida. Quando se fala em família, muitas pessoas
têm como definição um homem, uma mulher e filhos, todos heterossexuais. A homossexualidade geralmente não
é considerada como possibilidade.
Todos temos noção que muitas vezes começa
uma guerra em casa quando um filho fala com
os pais sobre a sua orientação sexual. A maioria dos pais veem os filhos como um possível
prolongamento de si e desejam uma vida estável, tranquila com felicidade em todas as áreas:
profissional, amorosa e social. No entanto, quando um filho diz aos pais que é homossexual, na
maioria dos casos, não sabem como reagir (OLIVEIRA, 2004, p. 7).
Culpam-se por terem um filho homossexual. Depois
pensam que poderá ser uma confusão, no caso de ser
adolescente, como muitas vezes se diz: “É uma fase”,
muitas vezes aconselham-no ou obrigam-no a frequentar
um psicólogo. Desistem quando o psicólogo confirma não
ser uma moda passageira, mas que o filho é realmente
homossexual (OLIVEIRA, 2004).
A adolescência é uma fase complicada para os jovens,
muitos despertam sentimentos de rebeldia e revolta com
82
Segundo Figueiró (2006), a posição na qual esteve e
ainda está colocada a educação sexual nas escolas, caracteriza-se por diversas formas, dentre elas, não é considerada uma questão prioritária; não é colocada em prática
na maioria das escolas brasileiras; é praticada em algumas escolas, por iniciativas de alguns professores, isoladamente.
Por conseguinte, é necessário elaborar uma forma de
capacitação desses professores, a conversa faz parte da
educação e falar sobre sexualidade e gênero, muitas vezes, é complicado para os adolescentes discutirem com
seus pais.
3 FAMÍLIA
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Um corpo escolarizado é capaz de ficar sentado
por muitas horas e tem, provavelmente, a habilidade para expressar gestos ou comportamentos
indicativos de interesse e de atenção, mesmo
que falsos. Um corpo disciplinado pela escola é
treinado no silêncio e num determinado modelo
de fala; concebe e usa o tempo e o espaço de
uma forma particular (LOURO, 2007, p. 21).
a diversidade ao âmbito escolar desde as primeiras etapas de ensino, para que não ocorra nenhum tipo de opressão aos alunos que estão se descobrindo ou se aceitando
da maneira que são.
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
ser profissionais imparciais perante as questões de raça,
religião e gênero. No entanto, infelizmente é comum a presença de professores intolerantes a algum tipo de crença,
regras ou formas de expressão dos alunos.
83
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
preconceituoso para haver maior entendimento pelo mesmo sobre a homossexualidade do sujeito.
Silva (2007) enfatiza que, mesmo tomando este tipo
de precaução, ao revelarem sua identidade gay a outras
pessoas, os homossexuais estão se arriscando a perder
conexões humanas valiosas, sobretudo com familiares e
amigos íntimos. Para pais e filhos é preciso perceber que,
apesar de uma decepção inicial, existe amor entre eles,
e que a tristeza pode ser uma preparação emocional; o
início de um novo tipo de relacionamento, provavelmente, muito mais verdadeiro e amadurecido (CECHINATTO,
2013). Em função disso, criam-se novas maneiras de diálogos executados entre pais e filhos, como se um novo relacionamento estivesse sendo criado a partir da revelação
de ter um filho homossexual.
A forma com que os pais reagem ao filho(a) que conta
ser gay, varia de acordo com o grau de entendimento que
eles adquirem durante sua vida. É comum se escutar a expressão “eu aceito, gosto, não tenho nada contra os gays”,
no entanto, a maioria das pessoas que se expressam
dessa forma acabam manifestando-se de forma negativa
quando possuem um homossexual na família.
A família pode ter dificuldades em proporcionar a um
filho (a) homossexual uma sensação de acolhimento que
convencionalmente essa instituição deveria gerar, pois
são situações novas que precisam ser organizadas para
um entendimento (CECHINATTO, 2013).
Silva (2007) conta que um dos argumentos utilizados
por pessoas que não compreendem a homossexualidade
é que pessoas dotadas desta orientação sexual são uma
aberração, que contrariam a natureza humana, portanto,
sem dignidade e desmerecedoras das bênçãos de Deus.
Atualmente, esse pensamento ainda é muito comum de se
ouvir dizer, porém, a percepção das pessoas em relação à
consolidação de uma família não é mais caracterizada por
um homem, uma mulher e seus filhos (SILVA, 2007).
Atualmente, os jovens vêm conseguindo expor sua sexualidade com mais naturalidade no seu ciclo de amiza-
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
situações de pequena importância. Nessa fase, é comum
ter adolescentes revoltados com a sua família ou achar
que todos estão o impedindo de exercer tarefas que, para
eles, são inofensivas. Para um jovem homossexual, há
muitos conflitos internos acontecendo. Ter que lidar com
o sentimento de que algo está errado ou de não entender
o porquê de não desejar as mesmas coisas que seus amigos faz com que ele acabe se afastando das pessoas. A
intolerância à diversidade sexual leva o adolescente, por
medo de ficar sozinho, a ocultar sua condição homossexual, uma vez que a solidão é sentida como algo mortífero.
Porém, todo esforço de negação de si mesmo para atender à expectativa do outro para ser aceito termina, exatamente, num estado emocional mais crítico do qual fugia
ou evitava, ou seja, com a sensação de “estar só, no meio
de tanta gente” (SILVA, 2011).
A angústia que surge quando o sujeito se descobre
homossexual não vem, necessariamente, da descoberta em si, mas da consciência de que ele sofrerá rejeição
(SILVA, 2007). Desta forma, a família se torna o primeiro
alvo de necessidade que o homossexual enfrenta para ser
aceito diante da sociedade. Consequentemente, uma luta
diária é travada consigo mesmo, é necessário estar consciente de que a família possa entender positiva ou negativamente sobre a sua homossexualidade.
Assumir-se para si mesmo pode levar o indivíduo a revelar-se a outra pessoa ou manter aquilo em segredo, porém, na maioria das vezes, um homossexual que se aceita, mas tem receio de revelar às outras pessoas, continua
carregando o sentimento de que algo está incompleto,
experiência que é descrita como extremamente difícil, sobretudo no que se refere à escolha da audiência apropriada (SILVA, 2007). Diante disso, uma série de pensamentos
e formas de abordagens são estudadas pelo homossexual para conseguir se revelar para outra pessoa. É um momento complicado e ocorre com bastante frequência na
adolescência, por isso, quando não é designada à família,
é comum a escolha de um indivíduo considerado menos
5 PROBLEMA
Um dos grandes problemas que um homossexual enfrenta é a própria aceitação de que é um homossexual,
além disso, o fato de existir muito preconceito faz com que
isso desencadeie uma série de dúvidas quanto à sexualidade. É na adolescência que isso se torna evidente, pois
é quando os hormônios estão efervescentes por descobrir
coisas novas; porém, como levar informação aos jovens de
que não é preciso se preocupar ou explicar sobre autoaceitação? Qual a melhor forma de conversar com eles?
Para elaboração do projeto, é necessário questionar
sobre as questões de sexualidade e gênero na família e na
educação e entender como as duas áreas lidam com as
A definição do problema está relacionada à criação da
campanha, o uso dos materiais que serão utilizados para
a mesma e também a abordagem que será criada para
dialogar com os adolescentes.
5.2 COMPONENTES DO PROBLEMA
Atualmente é incomum falarmos de gênero e sexualidade em algumas escolas. Há barreiras que devem ser
quebradas para a diversidade poder ser mais bem representada. É imprescindível a capacitação de professores
para elaborar diálogos e diferentes tipos de conversas
com os alunos sobre as questões de gênero.
Por se tratar de uma campanha de orientação, ela não
visa conscientizar as pessoas, mas sim, orientar sobre as
situações que um homossexual passa durante sua vida
escolar e familiar por causa da homofobia e as diferentes
formas de preconceitos que sofrem.
6 AUTOANÁLISE
Analisar uma pessoa não é fácil, é necessário observar todos os seus gestos, comportamentos, as formas
de linguagens e tudo que rodeia o universo desse indivíduo. Basicamente, você precisa entender como funciona
a vida daquela pessoa, até obter respostas e tudo aquilo
que precisa para desenvolver o seu projeto ou o trabalho
que está elaborando. No entanto, autoanalisar-se é muito mais complicado, pois você já está vivendo tudo isso,
sabe dos comportamentos, as formas de linguagens e
tudo que norteia o seu universo. Sendo assim, uma autoanálise necessita de uma busca detalhada sobre si mesmo para conseguir usufruir de uma boa pesquisa e obter
resultados satisfatórios.
Freud, o criador da Psicanálise, explorou-se a si mesmo continuamente, e converteu-se no mais informativo
84
O desenvolvimento do artigo teve como base a elaboração de métodos de pesquisa através de referências
bibliográficas e uma entrevista semiestruturada sobre a
autoaceitação de um homossexual na faixa dos 21 anos,
por meio disso, foram relatados experiências, sentimentos e situações enfrentadas por esse jovem diante das
suas questões de gênero.
De acordo com os dados coletados, a autoanálise relata um indivíduo que morou desde a infância até atingir
a fase adulta em uma cidade do interior do Rio Grande do
Sul e abrange os principais pontos de sua vida escolar e
familiar.
5.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
4 METODOLOGIA
questões da homossexualidade, os preconceitos, bullying,
conflitos internos, costumes, etc.
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
des, porém, em relação aos pais, há uma resistência sobre
qual será a reação dos mesmos. Até os pais aceitarem
definitivamente o fato de o filho ser homossexual, poderão
não querer falar muito no assunto, apesar de aceitarem
a orientação sexual do filho, ou então, nas famílias que
não se aceita tão bem, tudo que o indivíduo faz ou diz é,
para os pais, consequência da sua orientação. Nem todos
os pais chegam a aceitar de fato a homossexualidade. No
entanto, outros continuam a amar os filhos sem aceitar de
fato a sua orientação (OLIVEIRA, 2004).
Existem relatos que a partir de dois anos de idade
uma criança já expressa sua homossexualidade.
O psicólogo John Money (EUA) defendeu esta hipótese. No meu consultório, encontrei relato de
cliente que a partir dos três anos de idade já sentia atração por homem. Minha pesquisa apontou
a média de cinco anos de idade (entrevista feita
por Diana C., 2010 a João Batista Pedrosa).
A partir daí, já com oito anos, o entrevistado inicia sua
vida escolar em uma escola da rede municipal de ensino,
seguindo com praticamente os mesmos colegas da pré-escola. As brincadeiras com as meninas e a dificuldade
de socialização com os meninos acompanharam o jovem
garoto, para ele nada daquilo que gostava parecia ser errado, porém para as outras pessoas ele era diferente.
Quando eu estava na primeira série do ensino
fundamental, a professora disse para minha
mãe levar-me ao médico, pois eu era diferente
A escola sempre proporciona aos alunos uma
educação sexual voltada aos heterossexuais, e
esquecem-se deste grupo que sempre existiu,
porém por muitos anos ficou escondido, com
medo de “falsos” valores morais que condenavam os adeptos, quando não como doentes
mentais, taxavam como criminosos e sem vergonhas, como se a orientação sexual fosse algo
que o sujeito pudesse alterar ao seu bel-prazer
(SANTOS, 2012, p. 6).
Com o passar dos anos, com o crescimento, mas ainda
no ensino fundamental, o entrevistado sempre se deparou
com o olhar da diferença. O modo com que as pessoas
lhe tratavam muitas vezes fazia com ele se resguardasse
por receio do bullying. De acordo com ele, desde o ensino
fundamental, as pessoas o olhavam de maneira diferente
ou evitavam, às vezes, algumas coisas, de conversar ou
de fazerem piadinhas.
Quando questionado sobre que tipo de piadas e
bullying que sofria, o rapaz disse que eram piadas padrão,
ou seja, que infelizmente são usadas em outras situações
e que também já havia vivenciado anteriormente. “Lá vem
o bichinha, olha lá”, foi uma das piadas que ele enfrentou
durante sua vida escolar e teve que encarar sozinho, pois
os professores não o ajudavam muito.
85
Nessa época, o jovem tinha apenas seis anos de idade
e já demonstrava um comportamento considerado diferente para a idade e incomum para um menino. Ele sempre gostou mais das brincadeiras de boneca e pular corda
com as meninas, o futebol não era visto como algo que
queria ter como brincadeira naquele momento.
É muito comum um homossexual, mesmo quando
criança, ser levado a um psicólogo para conversar e entender o porquê de ser diferente dos demais amigos ou
colegas. Em muitas das situações, os pais acreditam que
o filho está passando por algum tipo de fase, que é passageiro. Nesse caso, a pessoa de maior conhecimento e que
deveria ser aberta a todo o tipo de possibilidades e abrir
discussões sobre gênero com os pais, decide que aquela
criança tem um problema; a professora trata a homossexualidade como uma doença e que precisa ser tratada.
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Eu, desde a pré-escola, nunca olhava para as meninas, mesmo sendo tão pequeno, eu sempre via
os meninos e os achava bonitos, aquilo me atraía
e para mim era normal. Porque eu só olhava para
um menino e sentia atração pelo mesmo, não era
aquela coisa de gosto de meninos, mas tenho que
gostar de meninas (GRIEBELER, 2017).
dos outros colegas e que aquilo não era normal
(GRIEBELER, 2017).
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
de seus pacientes. Para seu trabalho ele não contava com
predecessores nem mestres e, à medida que avançava,
teve de inventar, ele mesmo, as regras pertinentes (SAIGH,
2007).
De acordo o entrevistado, desde muito novo ele sempre se via diferente diante dos amigos e colegas.
Em relação à nova escola, a troca de um sistema municipal para um estadual nunca foi fácil para o jovem. Na
verdade, o fato de estudar no interior nunca o agradou e
fez com que ele não se adaptasse a essa escola. Devido a
isso, sentimentos de tristeza e incômodo o acompanharam durante muito tempo.
Eu nunca me adaptei naquela escola, estudei muitos anos lá, mas nunca me adaptei. Porque eram
pessoas que pensavam diferente de mim, por ser
uma escola de interior. E em relação a isso, era
muito daquela coisa de “eu não quero que as pessoas saibam, de não querer que elas falem ou comentem sobre isso”. Então eu tentava evitar, que
era algo meu isso, mas era pelo fato do não se
Era comum os meninos jogarem futebol e as
meninas jogarem vôlei. Eu jogava futebol, mas
sempre preferia vôlei e digamos que isso era um
exemplo de coisas de menino e menina que a escola tinha. Teve um tempo em que eu não jogava
futebol, pois não me sentia à vontade, achava
que eu não me encaixaria ou que fariam piadas
sobre mim (GRIEBELER, 2017).
86
A omissão de professores e gestores se mescla com a falta de uma formação anterior para
o trabalho com temas como Homossexualidade
na sala de aula e leva os professores a não perceberem ou não saberem como agir em relação
a descriminações ocorrentes em sala de aula, ou
tratando a sexualidade ainda dentro de disciplinas estanques como ciência/biologia (SOUSA,
2008, p. 1067).
Por se tratar de uma escola situada no interior, onde os
rapazes desde cedo trabalhavam na roça, plantando milho
ou colhendo bergamota, e as moças ficavam em casa cuidando dos afazeres domésticos juntamente com a ordenha das vacas, os hábitos eram limitados. Todos os dias
era a mesma coisa, uma rotina cansativa e sem muitas
opções, era: acordar, trabalhar, dormir; e enquanto adolescente era: acordar, estudar em algum turno, trabalhar
e dormir. Sempre a mesma rotina, e quando estavam na
escola eram os mesmos assuntos de afazeres do campo
ou bailes de final de semana. O entrevistado não se encaixava nesses padrões de conversas e rotinas, sempre foi
ligado a mudanças, pesquisa e de sempre correr atrás de
coisas novas e inspiradoras. Por isso, na escola era muito
comum não haver nenhum tipo de diálogo sobre sexualidade e muito menos sobre gênero, sempre foi tratado sobre interesses de menino e interesses de meninas, futebol
ou vôlei, homem ou mulher. Tudo que se encaixava fora
desses padrões era excluído ou seria a última opção de
convívio, ou seja, o jovem sempre foi a última escolha dos
colegas nas brincadeiras e tarefas de grupo.
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Eram vivências isoladas, pensamentos diferentes e a
rotina monótona dos colegas que acreditavam em ideias
totalmente opostas às suas. Juntamente com o bullying
que sofria e os conflitos internos, isso fez com que o rapaz
evitasse fazer coisas básicas na escola, como o intervalo,
por exemplo, que é uma pausa nos estudos para um momento de lazer.
aceitar, por isso eu tinha muito receio de sair para
o intervalo e me deparar com o pessoal falando
de mim, comentando ou fazendo alguma piada.
Talvez por eu não entender ou não me aceitar,
acabava achando que todo mundo estava falando
de mim, eu tinha a impressão de que todos estavam fazendo piadinhas, se alguém tivesse rindo
e olhava para mim, mesmo que sem querer, eu já
achava que era sobre mim, acabava ficando muito
paranóico (GRIEBELER, 2017).
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
No ensino fundamental, a partir da 6ª série, eu fui
para uma escola estadual, onde fiquei até completar o ensino médio. E no ensino fundamental
os professores não falavam nada, acho que eles
nem sabiam e, se sabiam, fingiam que nada estava acontecendo. Eu sei que teve uma época em
que eles comentaram, mas já era no ensino médio (GRIEBELER, 2017).
Quando eu estava no primeiro ano do ensino médio, digamos que aí foi um divisor de águas para
a minha autoaceitação, pois foi um ano em que
eu me fechei para todo mundo. Eu estava com
medo e não queria que ninguém falasse sobre
aquilo. Creio que era uma coisa de momento, eu
não estava preparado ainda. Porque as pessoas
já falavam de mim, mas eu não estava preparado
para dizer sim sou gay, por achar que eu não teria
apoio (GRIEBELER, 2017).
Uma série de batalhas começa a ser travada internamente na cabeça do jovem, o fato de contar para sua família que era homossexual poderia ser algo positivo, mas
também poderia ocorrer a não aceitação ou entendimento
da mesma. Isso é muito comum na vida dos jovens ho-
No entanto, um fator muito importante na vida do entrevistado faz com que ele ganhe forças e comece a pensar numa forma de abordagem para comunicar aos pais.
Um dos motivos para isso foi eu começar a namorar um rapaz, eu nunca namorei meninas.
Quando eu comecei a namorar, me sentia seguro
com ele para poder falar para as outras pessoas,
porque se alguma coisa me acontecesse o teria.
Se por acaso minha família não me aceitasse,
eu teria para onde fugir. Isso foi um dos grandes
motivos para eu pensar em revelar que era gay a
minha família (GRIEBELER, 2017).
Antes de seguir, é necessário entender como tudo começou, como o jovem teve o primeiro contato com um
rapaz, seu primeiro beijo ou a certeza de que sim, ele era
gay. Uma das perguntas realizada foi sobre quando foi a
primeira vez em que ele ficou com um rapaz e onde se
conheceram.
Eu tinha 15 anos, foi através de um chat online.
Naquela época, o chat era a minha única forma
de expressão. Ali eu podia conversar com outros
rapazes sendo eu mesmo. Em um dia qualquer,
quando eu estava online, um menino me chamou
e começamos a conversar. Eu perguntei se ele
era gay, porque geralmente rolava essas pergun-
87
Porém, logo no primeiro ano do ensino médio, o entrevistado se sente muito deslocado, por encontrar muitas
pessoas diferentes do seu antigo ambiente escolar e que
poderiam comentar sobre ele ou criarem novas formas de
bullying. Então, ele opta pelo afastamento, por criar pensamentos extremistas e por achar que as pessoas não o
entenderiam.
As expectativas e demandas sociais e familiares
de nossa cultura heterossexista, na qual questões de foro íntimo (como a escolha do/a parceiro/a) podem gerar desapontamento, nojo e até
revolta, favorecem uma discriminação opressiva
(consciente ou não) contra aqueles que ousam
declarar seu modo de ser e de estar-no-mundo de um modo diferente dos demais (SANTOS;
BERNARDES, 2008, p. 293).
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
No ensino médio, foi na verdade, eu me descobrindo de fato. Porque eu sempre soube do que
eu gostava, sempre sentia, mas era muito complicado falar sobre isso com as outras pessoas,
ou se alguém chegasse a mim e perguntasse sobre eu ser gay, acabava ficando nervoso (GRIEBELER, 2017).
mossexuais, pois, depender dos pais para muitas questões faz com que eles esperem para se revelar, com receio
de serem expulsos de casa ou sofrerem agressões físicas
ou verbais.
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
Quando atingindo o ensino médio, surge uma nova
mudança na vida do rapaz, a troca do turno da tarde para
a noite. Geralmente as pessoas do novo turno eram tratadas de maneira diferente, pois todas trabalhavam e/ou estavam em busca de um aperfeiçoamento profissional. Foi
a partir daí que começa a grande fase de autoaceitação na
vida do jovem, pois é quando ele começa a se questionar
sobre os seus sentimentos perante as demais pessoas.
Nessa mesma época, do primeiro contato com outro rapaz homossexual, o garoto estava saindo do ensino fundamental em direção ao ensino médio. Foi quando
houve o seu afastamento dos colegas e amigos e a troca
do turno da tarde para a noite.
Quando eu troquei de turno, da tarde para a noite o pessoal noturno era tratado de maneira diferente, a maioria trabalhava. Eu acho que isso
influenciou no meu afastamento, pois eu ainda
não trabalhava e era um dos únicos. Era mais um
conflito interno por não entender o porquê de não
conseguir um emprego (GRIEBELER, 2017).
Com essa confusão de se aceitar e não aceitar, o entrevistado vivia diariamente um dilema. Mas, com tudo
isso, fica evidente a falta de algum amigo para conversar
e ele fala disso em um dos questionamentos, sobre como
os colegas de escola viam essa situação toda, porque diferente do ensino fundamental, ele tinha outra visão, mudanças de amizades, grupos, conflitos e também como
passou a conquistar aos poucos sua autoaceitação.
Eu me dava bem com todo mundo, com a turma,
os professores, mas eu via que o problema era
comigo, eu que acabava afastando eles de mim,
por não querer me abrir com eles, por receio de
eu falar qualquer coisa e eles pensarem algo. Então eu preferia não ter contato, dai eu me fechava muito. Eu acho que o que me deu força para
minha autoaceitação foi o fato de eu me tornar
mais independente. Eu comecei a trabalhar, então eu me sentia mais independente, porque
caso eu me assumisse e minha família não me
88
Eu sempre pensava na ideia de que se eu contasse o que aconteceria? Pensava em muitas coisas, se a minha família iria me aceitar ou o que
iria acontecer se eu fosse expulso de casa? A troca de experiências com outros rapazes no chat
estava muito ligada ao dia a dia, conversávamos
sobre ser assumidos ou se os pais sabiam. Minha resposta sempre era não, pois meus pais
não sabiam de mim, eu nunca havia contado e
preferia que por enquanto fosse assim (GRIEBELER, 2017).
O meu processo de autoaceitação se fecha porque, para mim, autoaceitação és tu te aceitar do
jeito que é e também perante as outras pessoas.
Que se alguém pegar e fizer alguma piada e tu
revidares ou disser “sim, sou gay”, com tranquilidade. Isso foi depois, digamos que eu me aceitava sem querer que as pessoas soubessem, então
não era de fato uma autoaceitação. Eu entendia
que era gay, que gostava de garotos e não gostava de garotas da mesma forma, mas ainda
não estava preparado para se alguém chegasse
a mim e perguntasse, eu acabaria mudando de
assunto (GRIEBELER, 2017).
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
A partir daí, ficava cada vez mais forte o pensamento
sobre sua autoaceitação e a possível conversa com seus
pais sobre o assunto. Um dos principais relatos do rapaz
conta com muita clareza a situação que muitos homossexuais vivem, a dúvida da reação dos pais perante a sua
revelação.
Com o passar dessa turbulência, o entrevistado segue
estudando e tentando lidar com o fato de ser homossexual e trabalhar na sua autoaceitação. Porém, com todas
as questões de conversas no chat, a falta de emprego, o
bullying e o afastamento dos colegas, o seu processo de
autoaceitação se fecha e só retoma no final do ensino médio.
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
tas, se o cara era gay ou bissexual. As conversas eram sempre virtuais, eu o conheci bastante
antes de encontrá-lo pessoalmente, pois poderia
ser perigoso. Eu conversava com muitos garotos, até mesmo de outro estado, trocávamos experiências, conversas e foi onde eu percebi que
existiam mais pessoas como eu, que eu não era
o único. Eu conheci o meu primeiro namorado
nesse chat (GRIEBELER, 2017).
6 APLICAÇÃO AO DESIGN GRÁFICO
Elaborar um projeto gráfico requer uma pesquisa bibliográfica e histórica sobre os principais conceitos que
se almeja alcançar e o objetivo principal do projeto. Utilizar um tema social como a autoaceitação homossexual
unindo-o ao design gráfico deve levar em conta a forma
como ambos se comportam diante da situação nas mídias on-line e off-line.
O projeto gráfico a ser desenvolvido busca, a partir de
um caso real, um meio de orientar os jovens e também os
pais sobre o que esses jovens passam no período de autoaceitação durante a sua adolescência e a forma como
isso se manifesta.
89
Quando minha mãe veio falar comigo, quando
nós conversamos sobre minha homossexualidade, foi na ocasião em que eu estava namorando.
Ela decidiu puxar o assunto comigo e foi na época em que eu apresentei um amigo a ela, amigo
esse que era meu namorado, porém minha mãe
não sabia. Ela notou que a gente se tratava de
maneira diferente e resolveu me questionar se
ele era meu namorado. A partir daí nós sentamos
e conversamos sobre tudo, minha homossexualidade e todos os fatores que englobavam isso. A
primeira reação dela foi uma revolta por eu nunca ter contado a ela, já que nosso relacionamento era muito bom. A segunda foi achar que eu
estava sendo influenciado pelo meu namorado
e que aquilo tudo era passageiro. Nós ficamos
duas semanas sem conversar, pois foi o tempo
que ela precisou para entender e saber lidar com
a situação. Aos poucos, fomos voltando a conversar e ela tinha dúvidas sobre como de fato era
a homossexualidade, foi quando eu eliminei as
dúvidas que ela tinha. Uma delas, e que é muito comum entre as pessoas atualmente, era se
eu iria me tornar uma garota, me vestir ou falar
como menina e minha resposta foi não, eu disse
que eu sempre seria a mesma pessoa, apenas
um garoto, que se veste como garoto e que gosta
de outros garotos (GRIEBELER, 2017).
Entrar para uma faculdade e ter contato com outros tipos de pessoas e pensamentos me fez ver
que eu poderia ser quem eu realmente era sem
precisar temer algum tipo de comentário ou de
sofrer bullying. Fiz muitos amigos que carregarei para minha vida inteira. No início, quando comecei meu curso, eu ainda tinha receio de como
seria a minha reação e a reação dos meus colegas ao saberem que eu era gay, porém, foi algo
tranquilo. Para algumas pessoas o assunto surgiu naturalmente e outras eu acabei contando, o
diálogo e a forma de conversar esse assunto na
universidade me fez entender que minha adolescência inteira eu vivi muitas etapas de bloqueio
comigo mesmo e que hoje elas servirão de base
para ajudar outras pessoas a não passar por isso
(GRIEBELER, 2017).
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Nessa mesma época, Bruno estava chegando ao final do ensino médio, estava namorando um rapaz, mas
ainda não era assumido para a família. Foi quando um
dia, sua mãe desconfiada resolve conversar sobre isso.
Considerando todas essas questões ele conta como foi
a receptividade de sua mãe diante da situação de ter um
filho homossexual.
Por fim, após concluir o ensino médio e depois de um
semestre de descanso, o jovem entra para a universidade, ele vê no ensino superior uma nova forma de criar sua
identidade, por achar que as pessoas que ali frequentam
são mais abertas e tenta finalizar seu processo de autoaceitação.
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
aceitasse, eu teria que sair de casa e eu saindo
como iria fazer? Eu seria obrigado a ser independente de fato e talvez eu não conseguisse, então eu começando a trabalhar comecei a pensar
nessa hipótese (GRIEBELER, 2017).
JUNQUEIRA, Rogério Diniz (Org.). Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a homofobia nas escolas. Brasília,
DF, 2009.
LOURO, Guacira Lopes. Gênero, Sexualidade e Educação: Uma
perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2003.
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MAXWELL. Os pais no tratamento psicanalítico de crianças. Rio
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OLIVEIRA, Sónia Raquel Faria. Homossexualidade. Coimbra, Portugal: Universidade de Coimbra Faculdade de Economia, 2004.
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BARDUNI FILHO, Jairo-UFV; SOUSA, Dileno Dustan Lucas
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CECHINATTO, Solange Darui. Disponível em: <https://
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XAVIER, Bruno Miguel Ribeiro. E se eu (não) contar quem sou?
Estudo exploratório em jovens homossexuais masculinos sobre
as perceções das (im)possibilidades da revelação da orientação
sexual ao pai: implicações para a construção de identidades sexuais não-normativas. Portugal: Universidade do Minho Escola de
Psicologia, 2013.
90
RIOS Luís Felipe; ALMEIDA Vagner de; PARKER Richard; PIMENTA
Cristina; JR. Veriano Terto. Homossexualidade: produção cultural,
cidadania e saúde. Rio de Janeiro, RJ, 2004.
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
A presente pesquisa buscou estudar os ambientes escolar e familiar e entender como ambos se comportam
diante da autoaceitação homossexual e o preconceito. É
um tema bastante polêmico, pois gera muitas discussões
sobre o que é considerado normal e anormal, pois cada
pessoa possui uma construção cultural que lhes é ensinada desde a infância. Porém, é necessário delimitar espaços e fazer com que haja a quebra de paradigmas sobre
a homossexualidade e as formas com que os gays vivem
atualmente. Cada ser humano é diferente um do outro, ou
seja, cada pessoa tem o seu direito de exercer aquilo que
é considerado correto e almejado para sua vida, no entanto, os homossexuais são impedidos de executar muitas
funções que para os casais heterossexuais, por exemplo,
são atividades rotineiras. A autoaceitação, por se tratar de
um sentimento íntimo de cada sujeito, é considerada uma
etapa de grande dificuldade na vida das pessoas, ela deve
ser falada e conversada, pois muitas vezes é apenas uma
questão de conflito interno que a pessoa gera como forma
de proteção.
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
PROJETO GRÁFICO
Figura 01 – Assinatura visual
Figura 02 – Camiseta
Figura 03 – Flyer
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
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Figura 06 – Cartaz 3
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
Figura 05 – Cartaz 2
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
92
Figura 04 – Cartaz 1
PROJETOS
PRÁTICOS
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
93
CRIAÇÃO DE EMBALAGEM PARA VARINHAS
INSPIRADAS NA SAGA HARRY POTTER
Os fãs de Harry Potter não usam apenas
os itens da saga, eles levam parte da história e
dos ensinamentos da obra para a sua vida, da
mesma forma que se identificam com diversos
elementos presentes neste universo.
Através de uma pesquisa quantitativa, foi
constatado que a maioria dos entrevistados
continuam guardando as embalagens e as descartam apenas quando a mesma sofre danos.
A maioria continua com as mesmas pois preferem que o seu produto continue protegido,
enquanto que a minoria gosta visualmente da
embalagem. Sendo assim, o projeto foi pensado
de forma que a embalagem atraia o público alvo
e que o produto possa ser exposto sem sofrer
potenciais danos.
Além da criação da embalagem para varinhas, foi desenvolvida uma marca para o item,
sendo que estas também foram criadas por
quem vos escreve. O projeto possui intuito de
que os fãs se sintam parte deste mundo e que o
seu item mágico seja exclusivo, pois cada uma
será feita de modo artesanal.
Para a construção da marca foi estudado
e analisado o símbolo referente ao elemento
água, de acordo com a geometria sagrada.
Um ramo antigo do conhecimento
pode dar aos pesquisadores a perspectiva holística sobre o poder nunca
antes conhecido por nós: a geometria sagrada. Conhecida literalmente
como “a sagrada medida da Terra”,
a expressão designa os fundamentos arquetípicos espirituais por trás
de obras-primas da arquitetura, mas
ela vai muito além disso: suas aplicações chegam, por exemplo, à física e
à medicina. Como lembra um de seus
maiores estudiosos atuais, o médico
norte-americano Robert J. Gilbert, todas elas se baseiam num único princípio: “Tudo tem um padrão, e esse
padrão é a chave para criar um efeito
específico.” (ARAIA, 2010).
Esses padrões – entre os quais figuram
formatos, modelos, ritmos e proporções – integram o repertório que permite à natureza ex-
pressar-se e, se necessário, mudar. Ela utiliza,
por exemplo, o círculo e a esfera como o invólucro fundamental para a energia e a consciência,
e a forma de vértice para espalhar e transmitir
energia e consciência de um ponto para outro. O símbolo utilizado na marca representa a
substância mais abundante do universo, a água,
denominada de Icosaedro na geometria sagrada. O Icosaedro possui 20 faces triangulares, 30
arestas e 12 vértices (ARAIA, 2010).
Foi desenvolvido um padrão para a embalagem inspirado em uma espécie de Lírio sendo a
única encontrada no Brasil, a Lilum longiflorum.
As cores foram escolhidas pelo seu significado e pelo contraste complementar obtido
entre o violeta e o amarelo. O contraste complementar é obtido quando usamos uma cor
primária (amarelo, ciano e magenta) e seu sistema complementar. As cores complementares
são formadas pela junção das outras duas cores que compõem o círculo cromático primário
(amarelo, ciano e magenta) (NEGRÃO, 2008).
94
Amanda Magnus
[email protected]
IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
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IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
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IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
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IMAGENS, LETRAS E CRIATIVIDADE:
PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
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CONTRIBUIÇÃO DO DESIGN EDITORIAL NO
DESPERTAR DO HÁBITO DA LEITURA EM CRIANÇAS
A leitura é muito importante em nossas vidas,
por ela podemos aprender, ensinar e conhecer
outras culturas; ela também ajuda na formação
psicológica, cognitiva e psicomotora daquele
que a pratica. Por isso, o projeto foi voltado para
o público infantil, entre 6 e 9 anos, fase em que
a criança desenvolve noções de tempo, espaço,
velocidade, ordem e casualidade. Assim, era necessário que o livro pudesse aguçar o interesse
pela leitura de livros físicos interativos que possibilitassem as crianças a descobrirem o hábito da
leitura por meio de atividades lúdicas com estímulos visuais e táteis.
O objetivo do projeto foi descrever os processos de criação de um livro infantil, através dos
princípios do design editorial, por meio da aplicação da metodologia proposta por Munari (2002).
O outro propósito da pesquisa tangeu em apresentar estudos realizados na área da psicologia
infantil, para entender e adequar melhor o público
alvo para a história do livro.
Após definição do problema, seguiu-se para
coleta e análise de dados e similares, busca de
referências, pinturas e outras técnicas de ilustra-
ção que, semelhantes com o editorial, sejam criativos e diferentes. Também foram feitas pesquisas
sobre as preferências infantis acerca dos diferentes estilos de editoração.
Com a pesquisa feita, partiu-se para parte da
criatividade. Nesta etapa da metodologia, foi feita a escolha da paleta de cores, a construção do
moodboard, um estudo e escolha da tipografia, e
desenhos dos personagens e do grid do livro.
A paleta de cores foi dividida entre cores em
tons pasteis e cores vivas, para um bom contraste.
As tipografias escolhidas foram a Love Story
Rough, para o título e subtítulos, por ser uma tipografia de boa leitura e por lembrar o traço de um
pincel, e a Champagne e Limousines, para o texto,
por basear-se em desenhos elementares e geométricos, lembrando muito a primeira letra que
aprendemos quando somos alfabetizados.
O grid foi de quatro colunas e cinco linhas,
sendo a margem interna maior para ter margem
para encadernar.
Para criação do livro foram utilizados quatro
tipos de papéis com diferentes gramaturas. No
miolo, foram utilizados o papel couchê 250g/m
para a parte da história, papel offsef 180g/m nas
atividades, papel vegetal 150g/m nas explicações
das atividades e papel adesivo em uma página para
destaque. O papel couchê foi o escolhido para parte da história por ter um toque agradável e textura
suave. O papel offset foi utilizado para as atividades
por ser um papel mais poroso e áspero, melhor para
ser pintado com canetinha ou lápis de cor. O papel
vegetal foi usado por ter transparência, mostrando
que atrás está a atividade.
Para a capa foi utilizado papel couchê com acabamento em prolan fosco, que dá maior durabilidade
e resistência à capa, além de proteger contra líquidos.
A encadernação escolhida foi capa dura, por ser
mais duradoura e enobrecer o livro, além de chamar
atenção das crianças.
O livro, que ficou com 52 páginas, foi feito dividido em duas partes. A primeira é a história. Na
segunda parte estão as atividades. A escolha do tamanho partiu primeiro do público, segundo da pesquisa em referências físicas. Livros com tamanhos
médios são os mais apropriados para crianças da
terceira infância. Sendo assim o livro ficou com formato de 20x20cm, quando fechado.
99
Ana Paula Faedrich dos Santos
[email protected]
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DESENVOLVIMENTO DE PADRÕES VISUAIS
E SUAS APLICAÇÕES: COMO RESSALTAR A
CULTURA DOS ÍNDIOS KAINGANGS?
Caroline Emanuele Sales Mammarella
[email protected]
Através de pesquisa, objetivei fazer um resgate das representações visuais que compõem
a identidade do Kaingang. A partir destas, utilizei
as técnicas de desenvolvimento do Etnodesign
e design de superfície para a criação de padrões
visuais onde o indígena encontre sua essência e
valores, fazendo, assim, ele sentir-se representado, utilizando da metologia de Munari, adequada para a estamparia com algumas considerações de Evelise Rüthschiling.
A partir das pesquisas referentes ao grupo,
foi observado um dualismo clânico da etnia.
Resultante do mito da Origem Kaingang, onde
consta que os gêmeos colonizadores da terra,
Kairú e Kamé , a partir do barro, criaram a terra e
tudo o que nela existe, cada um dos irmão “marcou” cada uma de suas criações. Logo, esta separação clânica é refletida nos grafismos utilizados pelos indígenas de cada metade.
Graficamente, o dualismo se expressa de
maneira que as formas fechadas, circulares e
baixas representam as criações do irmão Kairú,
já o criador ancestral Kamé é representado em
formas contínuas e lineares.
Com base nas duas formas de composição da representação de Kairú e Kamé, foi desenvolvido dois módulos; a partir das diversas
combinações de repetição dos módulos, foram
desenvolvidos dois pavões visuais, que contemplam os dois lados clânicos.
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É visível a falta de conhecimento da sociedade em relação aos Kaingangs, que muitas
vezes são vistos de maneira estereotipada.
Utilizando das ferramentas do design gráfico, busquei uma maneira de reduzir a exclusão
social sofrida pelos indígenas. Sendo assim,
além de ampliar os conhecimentos referentes ao design de superfície, busquei contribuir
para a valorização e preservação da cultura
tradicional Kaingang, bem como fazer o indígena Kaingang sentir-se representado dentro
da sociedade através de acessórios comuns
do dia-a-dia.
O projeto teve como escopo apresentar os
resultados do desenvolvimento de padrões
visuais e suas aplicações em estamparia por
meio serigráfico, em que ressalta a cultura
dos índios predominantes no sul do país, os
Kaingangs. O trabalho de conclusão de curso
surgiu da necessidade de divulgar a cultura e
a tradição indígena, assim como fazer o indígena sentir-se representado e incluso na sociedade.
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PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
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DOENÇA DE ALZHEIMER: CRIAÇÃO DE UM MANUAL
INFORMATIVO PARA FAMILIARES E CUIDADORES
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Raone Sampaio Araujo
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CRIAÇÃO DE UM CARD GAME COM O
TEMA DA FRANQUIA THE LEGEND OF ZELDA
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Eduardo Figueiró
[email protected]
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O FABULOSO DESTINO DE AMÉLIE
POULAIN COMO BASE PARA O
DESIGN DE SUPERFÍCIE
Heloísa Tochetto Lizot
[email protected]
Como resultado, foram criadas três estampas a partir do uso dos mesmos elementos visuais obtidos, mas com módulos de repetição
diferentes. Duas das três estampas foram escolhidas para a confecção dos protótipos do
produto – camisas unissex, peça de vestuário
que pode vir a ser adquirida pelos fãs do filme.
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O projeto ‘’O Fabuloso Destino de Amélie
Poulain como base para o Design de Superfície’’
foi desenvolvido na disciplina Projeto III, do Curso Superior de Tecnologia em Design Gráfico
da Universidade Feevale. O projeto teve como
proposta a união do design de superfície com o
cinema, através da produção de estampas inspiradas no filme ‘’O Fabuloso Destino de Amélie
Poulain’’, de Jean-Pierre Jeunet (França, 2001).
Este filme, além de conter diversos elementos
significativos – roteiro, narrativa, cores, cenário
e texturas –, carrega mensagens inspiradoras
e conquista admiradores ao longo dos anos.
Em razão do filme gerar uma identificação no
espectador, o projeto é destinado aos fãs deste
filme.
Na fase teórica do desenvolvimento do projeto, realizou-se pesquisa, coleta e análise de
dados, por meio de um questionário direcionado aos fãs do filme. Na fase prática, fez-se uso
de materiais e tecnologias para experimentação
e solução criativa, utilizando elementos e cores
definidos através dos resultados da fase teórica.
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MUD: POCKET LIVRO
Vivemos na era da individualização, nos afastamos de quem está ao nosso redor, estamos
mais reclusos, e a tecnologia tem grande responsabilidade nisso. Há uma série de fatores que
contribuem para que as pessoas deixem de lado
a saúde e outros fatores importantes, como ter
disciplina, alcançar objetivos, ficar motivado, ter
incentivo e sucesso pessoal.
Somos criaturas de hábitos, mesmo se pensarmos que uma mudança de comportamento
será bom, fazer essa mudança é sempre difícil. A
partir desta problemática, apresenta-se a seguinte questão: como o Design Gráfico poderia incentivar atitudes que busquem a qualidade de vida?
O objetivo do designer é estruturar o design
de situações comunicacionais. Tais situações se
destinam a afetar o conhecimento, as atitudes,
as opiniões e o comportamento das pessoas. É a
partir do usuário, que ocupa posição central neste tipo de projeto, que o designer deve fazer suas
escolhas. A preocupação com a sociedade é algo
inerente ao designer.
Assim, o objetivo deste projeto é desenvolver um livro que considere/estimule questões
de qualidade de vida, bem-estar, autoestima,
foco, entre outros. Acredita-se que a criação
de um pocket livro (pocket que significa bolso em inglês) pode ser uma alternativa para
esse problema, à medida que esta peça pode
ser levada junto com a pessoa, incentivando-a a mudar hábitos, por meio de um processo
interativo com cada etapa/capítulo do livro.
A escolha por desenvolver um livro é devido ao mesmo ser um meio de organizar e
apresentar várias informações, compilando títulos e aplicando ordens sequenciais,
combinando informações. Com o auxílio de
tipografias e cores, a mensagem ficará clara
e funcional para o leitor, fazendo com que se
crie um todo que contemple um layout eficaz
que transmitirá os sentimentos necessários
para a mudança de hábito das pessoas.
Como trata-se de um livro motivacional
e inspirador, a cor é o principal aliado para
transmitir os sentimentos certos de acordo
com cada tema abordado no livro, aliando
o design gráfico com o lado emocional das
pessoas.
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Victória Schmidt Soares
[email protected]
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PROJETOS EM DESIGN GRÁFICO
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ISBN: 978-85-7717-228-3
REFERÊNCINOME DO LIVRO PONTO COM 146