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O despertar da consciencia: Laudato si'

2015, Journal of the Instituto Humanitas Unisinos

A publicação da Encíclica Laudato Si’ pelo Papa Francisco colocou em pauta a aproximação entre religião e ciência a partir do debate sobre as questões ambientais. A Encíclica evidencia a importância de buscar embasamento no campo científico como pré-requisito para a tomada de decisões prudentes. Essa é a opinião de Jame Schaefer, que defende: “Os teólogos refletiram sobre Deus, a pessoa humana e o cosmo por séculos informados por sua compreensão do mundo em sua respectiva época. Hoje em dia, os teólogos e teólogas deveriam dar continuidade a essa tradição a fim de manifestar o sentido da fé religiosa e refleti-la em nossas ações”. Para a pesquisadora, essa é uma das atribuições dos teólogos, sobretudo dos que são especialistas em relacionar construtivamente a teologia e as ciências naturais.

EDIÇÃO | 03 AGOSTO 2015 O despertar da consciência João Vitor Santos e Leslie Chaves | Tradução: Luís Sander Para Jame Schaefer, a ciência, ao ser relacionada com a religião, atualiza a profundidade dos conceitos religiosos no tempo presente A publicação da Encíclica Laudato Si’ pelo Papa Francisco colocou em pauta a aproximação entre religião e ciência a partir do debate sobre as questões ambientais. A Encíclica evidencia a importância de buscar embasamento no campo científico como pré-requisito para a tomada de decisões prudentes. Essa é a opinião de Jame Schaefer, que defende: “Os teólogos refletiram sobre Deus, a pessoa humana e o cosmo por séculos informados por sua compreensão do mundo em sua respectiva época. Hoje   dar continuidade em dia, os teólogos e teólogas deveriam  a essa tradição a fim de manifestar o sentido da fé religiosa e refleti-la em nossas ações”. Para a pesquisadora, essa é uma das atribuições dos teólogos, sobretudo dos que são especialistas em relacionar construtivamente a teologia e as ciências naturais. Ao longo da entrevista, concedida por e-mail à IHU OnLine, Schaefer aponta que o principal ganho da convergência entre ciência e religião é a função de orientar nossas ações sobre o mundo e nos alertar das consequências que podem resultar de tais atitudes. De acordo com a pesquisadora, as esferas científicas e tecnológicas têm a competência de oferecer soluções possíveis para os problemas ecológicos; entretanto, a religião tem mais condições de instigar a consciência das pessoas a respeito dessas questões. Ela ainda ressalta que, com a Encíclica, o Papa Francisco “incentiva as pessoas crentes a buscar nas profundezas de suas crenças religiosas ‘tesouros éticos e espirituais’ para levar para o diálogo com os cientistas, tecnólogos e ‘movimentos ecológicos’, com o objetivo de resolver problemas e nos converter para viver de formas que promovam o florescimento da Terra”.     Jame Schaefer é doutora em Teologia Sistemática e Ética pela Universidade de Marquette, de Milwaukee, Wisconsin, Estados Unidos, onde também é professora e diretora do centro de Ética Ambiental. Centra suas pesquisas nas relações entre teologia, ciências naturais e tecnologia, com especial atenção aos fundamentos religiosos para a ética ecológica. Entre suas publicações mais recentes estão Environmental Justice and Climate Change: Assessing Pope Benedict XVI Ecological Vision for the Catholic Church in the United States (Lexington: Lexington Press, 2013), Confronting the Climate Crisis: Catholic Theological Perspectives (Milwaukee: Marquette University Press, 2011), e Theological Foundations for Environmental Ethics: Reconstructing Patristic and Medieval Concepts (Washington, D.C.: Georgetown University Press, 2009). Confira a entrevista. IHU On-Line - Quais são as contribuições da Encíclica Laudato Si’ para a ciência e para a teologia?     Jame Schaefer - O Papa Francisco demonstra, na Laudato Si’, a importância de buscar e apropriar-se de fatos científicos como pré-requisito para tomar decisões prudentes. Ele segue o processo de ver-julgar-agir para a tomada de decisões prudentes salientado por Santo Inácio de Loyola no século XVI e explicado três séculos antes por São Tomás de Aquino (por exemplo, Summa Theologiae 2/2.47.8) em seu ensino sobre as virtudes morais, cuja chave é a virtude da prudência, que influencia as virtudes da justiça, temperança e fortitude. IHU On-Line - Como é possível compreender a relação entre ciência e religião? Em que pontos uma área pode auxiliar e complementar a outra? Que relação é possível construir entre fundamentos teológicos e ética ambiental? Jame Schaefer - Se entendemos a religião como uma forma organizada particular de conhecer e orientar os membros em relação a preocupações últimas e/ou uma Realidade sagrada, a teologia como pensamento crítico sobre como uma fé religiosa é demonstrada em palavras e ações, e as ciências naturais e sociais   como formas de   obter conhecimento sobre o mundo através de metodologias de pesquisa empírica, deveríamos ser capazes de reconhecer que cada uma tem seus próprios dados, métodos, campos de ação e limitações. Uma não tem a tarefa da outra. Entretanto, juntas, elas contribuem para a compreensão de um tema mútuo (por exemplo, a pessoa humana, a consciência, a Terra e o universo) de maneira mais abrangente do que uma única disciplina tem condições de proporcionar. O conflito só ocorre quando as disciplinas são confundidas, misturadas e/ou entendidas erroneamente. Passei anos examinando os fundamentos teológicos para a ética ambiental na tradição teológica cristã católica e, menos profundamente, os fundamentos nas religiões mundiais. Visto que nas religiões alguns dos conceitos são expressos sob as condições de sua respectiva época (por exemplo, a bondade da criação), eles têm um sentido profundo hoje em dia quando são informados por fatos científicos atuais. A reflexão sobre o sentido da bondade da criação hoje em dia pode nos estimular a valorizar outras criaturas, o processo evolutivo do qual todas as criaturas surgiram e a própria Terra como valiosas em si mesmas, e não exclusivamente para o uso humano.     IHU On-Line - A fé religiosa inebria a compreensão da ciência? A perspectiva agnóstica limita o humanismo na ciência? Explique. Jame Schaefer - A fé religiosa e a reflexão teológica sobre ela jamais deveriam inebriar a compreensão da ciência. Os teólogos refletiram sobre Deus, a pessoa humana e o cosmo por séculos informados por sua compreensão do mundo em sua respectiva época. Hoje em dia, os teólogos e teólogas deveriam dar continuidade a essa tradição a fim de manifestar o sentido da fé religiosa e refleti-la em nossas ações. Essa é nossa responsabilidade como teólogos e teólogas e minha obrigação explícita como especialista em relacionar construtivamente a teologia e as ciências naturais. IHU On-Line - De que forma é possível compreender a teoria do Big Bang numa perspectiva que não destitua a ideia do criacionismo? E, baseado na Laudato Si’, de que     forma o Papa Francisco compreende essa teoria (como imagina que ele compreenda)? Jame Schaefer - Primeiramente, precisamos definir nossos termos cuidadosamente porque “criacionismo” tem sido usado de várias formas, incluindo o uso feito dele por parte de literalistas bíblicos que aceitam como fato científico e histórico os relatos da criação enormemente distintos de Gênesis 1 e 2 ou, de alguma maneira, os misturam. Não há conflito quando aceitamos e valorizamos os esforços dos autores bíblicos inspirados para expressar sua fé no Deus criador e a responsabilidade humana para com Deus no contexto de sua época e compreensão primeva do mundo. Continuando naquele grande desafio, o “criacionismo” pode ser definido atualmente como crença no Deus que tornou possível tudo que existe, e sustenta na existência tudo que surgiu ao longo dos últimos 13,7 bilhões de anos a partir de uma singularidade finita chamada metaforicamente de “Big Bang” ou uma partícula infinitesimal já existente que começou a inflar-se. A conclusão que se tira das perspectivas das três religiões abraâmicas é que o universo (ou os universos múltiplos) não existiria se Deus não tivesse querido sua existência,     sustenta sua existência sem interferir em seu funcionamento e o convoca para a consumação. O Papa Francisco compartilha essa perspectiva básica da fé na Laudato Si’ e em todos os outros pronunciamentos que fez, homilias que proferiu e entrevistas que deu. IHU On-Line - Laudato Si’ trata, em seu capítulo cinco, das “religiões no diálogo com as ciências”. Qual sua avaliação sobre as perspectivas abordadas neste ponto da Encíclica? Como se dá o diálogo das religiões e da ciência na tentativa de explicar a totalidade da realidade? Jame Schaefer - Como você deve suspeitar, concordo inteiramente com o Papa Francisco. As ciências e as tecnologias podem oferecer algumas soluções para problemas ecológicos causados pelo uso excessivo e pelo abuso das tecnologias por parte dos seres humanos, mas elas (as ciências e tecnologias) não podem nos motivar para agir no sentido de restringir nossas atividades e mitigar seus efeitos adversos. Como ele indica no nº 200 (LS), precisamos estar abertos para receber a graça de Deus e agir a partir das “mais profundas convicções sobre     o amor, a justiça e a paz” que estão inseridas em nossas várias crenças religiosas. Ele incentiva as pessoas crentes a buscar nas profundezas de suas crenças religiosas “tesouros éticos e espirituais” para levar para o diálogo com os cientistas, tecnólogos e “movimentos ecológicos”, com o objetivo de resolver problemas e nos converter para viver de formas que promovam o florescimento da Terra. Falando bem francamente, o fato de deixarmos de amar está na base dos problemas ecológicos atualmente — de deixarmos de amar uns aos outros e umas às outras, amar os pobres e vulneráveis, amar outras criaturas, amar os sistemas ecológicos dentro dos quais funcionamos, amar nosso lar comum com todos os outros e que deixaremos para futuros outros. Em última análise, ao deixar de amar os outros e as outras, deixamos de amar a Deus. IHU On-Line - Um dos conceitos centrais da Laudato Si’ é a Ecologia Integral. Que leitura é possível fazer desse conceito? Como a Ecologia Integral rompe com o paradigma da ecologia profunda?     Jame Schaefer - Talvez influenciado pela “teoria integral” do filósofo Ken Wilber, o Papa Francisco nos urge a reconhecer e compreender a inter-relacionalidade e interdependência de todas as formas de vida biológica, do ar, da terra e da água e dos sistemas que constituem a Terra — nosso lar comum —, e quer que vivamos de formas que demonstrem nossa relacionalidade, com especial atenção aos pobres e vulneráveis. Viver seguindo a compreensão do Papa a respeito da “Ecologia Integral” exige levar todos os aspectos da existência humana em consideração — ambientais, econômicos, sociais, científicos e tecnológicos — quando nos envolvemos em diálogo sobre uma conversão ecológica que leve ao cuidado da Terra. A compreensão de “Ecologia Integral” do Papa Francisco se harmoniza bem com as reflexões de alguns pesquisadores da “ecologia profunda” que escrevem a partir de uma perspectiva teológica e são motivados a agir por sua perspectiva de fé. Outros ecologistas profundos não se baseiam na fé religiosa, de modo que encontram sua motivação em suas conexões com a Terra, seus constituintes e seus sistemas.     IHU On-Line - Na Encíclica, o Papa Francisco ataca a forma de consumo capitalista, uma das causas da deterioração do planeta. Para além da Laudato Si’, qual o papel da Igreja na busca pela consciência ambiental de uma Ecologia Integral? E como pode contribuir em discussões de temas como crise energética e emissão de gases? Jame Schaefer - Uma lista de documentos que os bispos americanos (a autoridade magisterial da Igreja Católica — o magistério) e seus comitês já contribuíram para as discussões sobre a crise energética pode ser encontrada e acessada no sítio da Conferência Episcopal americana . Mais deles se farão necessários e são de se esperar quando eles reagirem à Laudato Si’ e a particularizem para os Estados Unidos. IHU On-Line - Como a teologia interpreta essa tese do antropocentrismo? Por quais razões esse conceito foi supervalorizado pela modernidade? Jame Schaefer - Se por “tese do antropocentrismo” você se refere a viver como se só a própria pessoa, outra     pessoa humana e/ou o homo sapiens são intrinsecamente valiosos — isto é, valorizada por si mesma ou como uma espécie —, o antropocentrismo deve ser rejeitado por razões teológicas por qualquer pessoa que crê em Deus. Uma perspectiva teológica colocaria Deus acima e além de todos os outros como valioso no self divino. Entretanto, se a “tese do antropocentrismo” a que você se refere insiste que os seres humanos são as únicas criaturas intrinsecamente valiosas entre as muitas animadas e inanimadas que constituem a Terra e todas as outras criaturas se destinam a ser usadas como instrumentos para satisfazer as necessidades e os desejos humanos, minha pesquisa sobre fontes teológicas patrísticas e medievais rejeita essa tese inteiramente. Sem apontar para as muitas fontes na tradição teológica católica que veiculam a valorização de todas as criaturas, embora aceitem valorizá-las para satisfazer as necessidades humanas (semelhante a que algumas criaturas usem outras em função de suas necessidades), o Papa Francisco urge explicitamente a valorização de outras criaturas, sistemas e na Terra por si mesmas (por exemplo, nos 115, 118, 138, LS), à parte de sua utilidade para os seres humanos.     IHU On-Line - O que o Papa Francisco sugere ao chamar atenção para a crise humana que está baseada numa visão antropocêntrica do homem? Jame Schaefer - Enquanto o antropocentrismo forte ou até fraco impulsionou ações humanas destrutivas, embora desincentivadas na tradição teológica cristã, o teocentrismo é vigorosamente incentivado. Viver teocentricamente significa orientar todas as nossas ações no sentido de dar a honra e glória a Deus (por exemplo, nº 127, LS). Essa é a tradição teológica jesuítica pregada e praticada pelo fundador da Companhia de Jesus da qual o Papa Francisco é membro professo. IHU On-Line - Como a senhora compreende o tecnocentrismo e o antropocentrismo? Em que medida o tecnocentrismo pode ser visto como ainda mais nocivo ao planeta do que o próprio antropocentrismo? Jame Schaefer - Você se refere ao “paradigma tecnocrático” que o Papa considera tirânico,  Francisco    reducionista, extremado, distorcido e nocivo? Nesse caso, concordo com o Papa Francisco que ficamos tão enredados na tecnologia e controlados por ela que procuramos soluções tecnológicas para problemas, excluindo outras formas de conhecimento e funcionamento em nossa relação mútua e com a Terra. Ele nos chama para uma “humanidade autêntica” (LS, nº 112) em que “recuperemos a profundidade da vida” (LS, nº 113), para “diminuir a marcha e olhar a realidade de outra forma” do que aquela que o paradigma tecnocrático abrange, “recuperar os valores e os grandes objetivos levados de roldão por nossas ilusões desenfreadas de grandeza” (LS, nº 114). Nós sabemos que a engenhosidade humana produziu algumas tecnologias maravilhosas que melhoraram a saúde, a vida e o bem-estar dos seres humanos e de outros animais. Também sabemos que tecnologias altamente perigosas (por exemplo, bombas atômicas e outras armas usadas na guerra) e incompletas (desde o nascimento, mas não até a morte — por exemplo, eletricidade gerada por usinas nucleares) foram e provavelmente continuarão sendo produzidas e exigirão restrições. Deixar de restringir a aplicação de tecnologias nocivas e/ou aplicá-     las sem considerar e impedir seus efeitos adversos sobre seres humanos vulneráveis, outras espécies e sistemas atualmente e no futuro próximo deveria ser proscrito. Também deveria ser proscrita a exportação de tecnologias nocivas e/ou incompletas que não são admitidas nos Estados Unidos. Parece-me que o tecnocentrismo tirânico e reducionista provém de um antropocentrismo tirânico e reducionista que é seletivamente autocentrado e ultraganancioso. IHU On-Line – De que forma a senhora interpreta o trecho da Laudato Si’ que destaca que uma “Ecologia Integral requer abertura para categorias que transcendem a linguagem das ciências exatas ou da biologia e nos põem em contato com a essência do ser humano” (11)? É uma crítica à fragmentação do conhecimento e do pensamento científico? Jame Schaefer - O Papa Francisco quer que pensemos mais profundamente sobre nós mesmos e sobre o que significa ser autenticamente humano do que permitem as ciências naturais e matemáticas. No livro Deeper that     Darwin (Boulder: Westview Press, 2013), o teólogo John Haught demonstrou o pensamento que é mais profundo do que a biologia evolutiva e o sentido que resulta da reflexão teológica. O Papa quer que pensemos profundamente sobre nossa relacionalidade com todos os outros e com a Terra que está em perigo e, como São Francisco de Assis, “nos sintamos intimamente unidos a tudo que existe” e abordemos o meio ambiente com sua “abertura para a admiração e o encanto” (LS, nº 11) que farão “espontaneamente” com que cuidemos de nosso lar comum (LS, nº 12). Antes do que ser uma crítica do pensamento científico, a reflexão teológica busca debaixo dos fatos para explorar seu mais profundo sentido possível para a vida em um mundo em que todas as coisas estão relacionadas. IHU On-Line - Como compreender a experiência ecológica de São Francisco de Assis? Que proposta de ecologia São Francisco de Assis fazia surgir já na Idade Média (levando em conta a patrística e conceitos medievais)?     Jame Schaefer - Depois de estudar obras de São Francisco de Assis e sobre ele, seus predecessores e primeiros seguidores, vê-se que nos dão atitudes e ações para imitar: proteger fisicamente e dar alimento a outros animais, expressar piedade (na acepção medieval — amor, afeição, gentileza, compaixão, devoção e fidelidade) para com eles; viver com outros animais como companheiros seus; usar linguagem familial para expressar sua proximidade para com eles; valorizar e preservar seus meios ambientes naturais; e sentir a reciprocidade dos animais para com eles (veja detalhes no capítulo 6, “Acknowledging Kinship and Practicing Companions”, in: SCHAEFER, Jame. Theological Foundations for Environmental Ethics [Washington, D.C.: Georgetown University Press, 2009] p. 149-191). Somos desafiados e desafiadas hoje a demonstrar essas atitudes e ações na medida em que o ritmo da extinção de espécies se acelera, em parte por causa da destruição de seus hábitats em função de efêmeros projetos de “desenvolvimento” ou “urbanização” e monoculturas. Entretanto, deveríamos nos conscientizar de quão estreitamente estamos relacionados com elas quando informados pela biologia evolutiva emolecular. Essa    conscientização deveria nos levar a ser humildes em nossa época como foi exemplificado por São Francisco de Assis na época dele. IHU On-Line - Qual a visão ecológica para Igreja Católica nos Estados Unidos? Quais fundamentos teológicos sustentam essa visão? Jame Schaefer - A Conferência Nacional dos Bispos dos Estados Unidos veicula uma “visão ecológica” da Igreja . Na sequência do lançamento da Encíclica Laudato Si’, expressou-se interesse, em círculos eclesiais e teológicos, em ressuscitar a “túnica inconsútil” e a “ética coerente da vida” do Cardeal Joseph Bernardin , que apresentam continuidade com a compreensão do Papa a respeito da “Ecologia Integral”. Os fundamentos básicos da visão dos bispos estão resumidos em “ensinamentos sociais católicos” que são fundamentados por sua compreensão magisterial (autoridade de ensino) da dignidade da pessoa humana. Exploro mais profundamente os fundamentos patrísticos e medievais para uma visão ecológica na obra Theological   (Washington, Foundations Ethics  for Environmental  D.C.: Georgetown University Press, 2009). Entre eles estão a bondade, a beleza, a sacramentalidade e a integridade da criação, o viver virtuoso e o amor à criação. Cada um deles sugere uma trajetória de ações morais. IHU On-Line - E como tem sido a recepção da Encíclica nos Estados Unidos? Jame Schaefer - Não fiz um levantamento e não vi nenhum levantamento abrangente sobre a recepção da Laudato Si’ nos EUA, mas indícios anedóticos apontam para uma reação variada, desde uma grande atenção por parte da mídia (chamada por um repórter de “megaevento encíclico”), passando por completo encanto por parte de ambientalistas e declarações de apoio por alguns bispos, até total ausência de menção da Encíclica durante missas católicas no fim de semana após a publicação dela. Podemos esperar outra blitz midiática quando o Papa Francisco visitar o país em setembro, quando, além de celebrar liturgias e se encontrar com religiosos professos, ele vai falar em uma sessão conjunta do Congresso (é a primeira vez que um Papa fará isso) e na Assembleia Geral das Nações Unidas. Se a mensagem dele afetará     suficientemente o resultado das deliberações nos contenciosos Senado e Câmara de Deputados dos EUA é uma incógnita, embora tenhamos tido indícios suficientes de que o Presidente Obama e o Papa Francisco têm uma perspectiva semelhante sobre a mudança climática que deveria ser evidenciada pelas ações da delegação americana à Conferência das Partes da ConvençãoQuadro da ONU sobre Mudança do Clima a ser realizada em Paris de 30 de novembro a 11 de dezembro.■     Últimas edições EDIÇÃO 524 Junho de 2013 – Cinco Anos depois.Demanda de uma radicalização democrática nunca realizada VER EDIÇÃO EDIÇÃO 523 A esquerda e a reinvenção da política. Um debate VER EDIÇÃO EDIÇÃO 522 A virada profética de Francisco – Uma “Igreja em saída” e os desafios do mundo contemporâneo VER EDIÇÃO     Av. Unisinos, 950 - São Leopoldo - RS CEP 93.022-750 Fone: +55 51 3590-8213 [email protected] Copyright © 2016 - IHU - Todos direitos reservados    