UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, EDUCAÇÃO E LETRAS – CCHEL
CURSO DE LETRAS – PORTUGUÊS/INGLÊS
Monique dos Santos Silva
Nicole Luana Rosa
SEQUÊNCIA DIDÁTICA – MITOLOGIA
MARECHAL CÂNDIDO RONDON - PR
2019
1
“Viver é muito perigoso… Porque aprender a viver é o viver mesmo… O mais difícil
não é um ser bom e proceder honesto, dificultoso mesmo, é um saber definido o que
quer, e ter o poder de ir até o rabo da palavra.”
- Guimarães Rosa
Queridos(as) professores(as),
O material que vocês têm em mãos foi desenvolvido com muito cuidado e
carinho pelos(as) acadêmicos(as) de Letras da UNIOESTE do campus de MCRondon,
do terceiro e do quarto ano. São propostas sobre o trabalho em sala de aula com
gêneros textuais/discursivos1. Há algumas sequências didáticas2 que inovam em
apresentar materialidades contemporâneas (próprias da circulação nas mídias
digitais). Já outras propõem novos caminhos para trabalhos já cristalizados nos livros
didáticos publicados nas últimas décadas.
As atividades organizam-se em “módulos”, cujos procedimentos apontam
possibilidades para uma sala de aula “real”. No Caderno, há atividades de produção
inicial, de leitura fruição, de análise linguística, de estudo de gênero, de estudo de
texto e, por fim, de produção final com vistas à construção de ambientes de
interlocução. Nossas leituras, centradas no círculo de Bakhtin e nas contribuições da
Linguística Textual, motivaram a produção de diferentes percursos, cujos caminhos –
irregulares, dados à falha e ao desvio – desvelam a amplitude pedagógica dos
gêneros: como ressalta Guimarães Rosa, trabalho de ir até o “rabo da palavra”.
Palavra que, a um só tempo, estabelece os culpados, os inocentes, a agitação,
a construção das perspectivas de mundo, dos sistemas de atribuição de sentido,
enfim... Palavra que é, como salienta Foucault3, o poder do qual queremos nos
apropriar. Gêneros discursivos não são, sob essa perspectiva, estruturas textuais
rígidas. São eles próprios a matéria que, mais ou menos, estabiliza a linguagem em
todas as suas complexidades e vicissitudes.
Cf. MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção de texto, análise de gêneros e compreensão.
São Paulo: Parábola Editorial, 2008.
1
2
Baseamo-nos no formato proposto por Dolz e Schneuwly, conforme a leitura e apresentação
de Marcuschi (2008).
3
Cf. FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. Trad. Laura Fraga de Almeida Sampaio.
25.ed. São Paulo: Loyola, 2005.
2
Acompanhar os(as) acadêmicos(as) nesses (des)caminhos tem sido um
privilégio. Este trabalho concretiza muitas discussões, muitas leituras, muitos
fichamentos, muitas lágrimas, muitas risadas, muitas reflexões acerca do aluno e dos
textos em sala de aula e muitas tentativas de, a despeito de um ambiente tão adverso,
contribuir com a educação de qualidade. Pelo poder da palavra – e só dela – esses
alunos se constituem professores. As sequências didáticas foram uma pedra desse
edifício, um tijolo dessa construção, uma expressão enunciativa do “simpósio
universal”4 das vozes.
Esperamos que as atividades deste Caderno concretizem a interlocução das
aulas da licenciatura e possibilitem, também, aos alunos do Ensino Fundamental II e
do Ensino Médio, participar do nosso incerto diálogo. Incerto porque, na movência
discursiva que constitui o nosso discurso em sala de aula, “aprender a viver é o viver
mesmo”.
Ótima leitura!
Rafael de Souza Bento Fernandes
Docente do Colegiado do Curso de Letras-Português/Alemão/Espanhol/Inglês
da UNIOESTE – campus de MCRondon
Doutor em Letras pela UEM/ Universidade de Coimbra (PDSE-2016)
[email protected]
Mirian Schröder
Docente do Colegiado do Curso de Letras-Português/Alemão/Espanhol/Inglês
da UNIOESTE – campus de MCRondon
Doutora em Letras pela UFPR
[email protected]
4
Cf. FARACO, Carlos Alberto. Linguagem e diálogo: as ideias linguísticas do círculo de
Bakhtin. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.
3
Monique dos Santos Silva
Graduanda do Curso de Letras – Português/Alemão
E-mail:
[email protected]
Nicole Luana Rosa
Graduanda do Curso de Letras – Português/Inglês
E-mail:
[email protected]
Professor(a), caso tenha utilizado em sala, envie-nos o seu relato!
Para citar esse trabalho:
SILVA, Monique dos Santos; ROSA, Nicole Luana. Sequência didática – Mito. In:
FERNANDES, Rafael de S. B.; SCHRÖDER, Mirian (Orgs.). Caderno de sequências
didáticas. s/ editora: Marechal Cândido Rondon, 2019.
4
O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo —
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo.
Este, que aqui aportou,
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos criou.
Assim a lenda se escorre
A entrar na realidade,
E a fecundá-la decorre.
Em baixo, a vida, metade
De nada, morre.
Fernando Pessoa
Primeiro, ULISSES
5
1. CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS SOBRE A PERTINÊNCIA PARA O TRABALHO
COM O GÊNERO MITO NO ENSINO FUNDAMENTAL II
Desde as primeiras manifestações, que surgiram acerca da linguagem, há mais
de 2.500 anos na índia, com Paganini, os objetivos dos homens eram relacionados à
intenção religiosa, a fim de que se expandissem tais informações e alcançassem o
maior número de pessoas. Com o passar dos tempos, os objetivos não se
distanciaram muito deste que o iniciou.
O homem evoluiu, aprendeu a utilizar diversas técnicas para sobreviver, e
também para se comunicar, tornando possível a segregação de sociedades e as
trocas culturais entre as diferentes culturas. A partir deste ponto, se iniciaram diversas
explicações acerca de diferentes questões, incluindo o surgimento do mundo, dos
seres e de tudo que nele habita. Estas histórias, contadas dentro de determinadas
sociedades com o intuito de explicar a origem do universo, eram conhecidas como
“mitos”. Textos que se referem a um conjunto de narrativas maravilhosas e lendas de
distintos gêneros que, transmitidos em sua maioria nos discursos orais, propiciaram a
muitos povos explicações contínuas sobre suas origens.
Como apontado por Branco (s.d, p. 60), “as características comuns a todos os
deuses gregos deram a conhecer a sua relação com os fenômenos da natureza, cujas
forças regiam a sua figura antropomórfica, baseada em modelos e costumes
humanos.” Assim, alguns detalhes do gênero mito serão elencados com mais
detalhes, justamente por se tratarem de pontos fundamentais para compreender suas
origens e sua importância no momento histórico de propagação.
Para Branco (s.d), é a partir destas situações lendárias e mitológicas que se
torna difícil o trabalho de distinguir a fantasia da realidade, pois as abordagens da
problemática do mito histórico sofreram alterações de acordo com as tradições
religiosas dos povos.
Portanto, ao se tratar de um gênero fictício, envolvendo interpretações sobre o
que determinavam tais mitos, levando-se em consideração a cultura que o permeava,
o trabalho com o gênero mito será elaborado para alunos do 7° ano das redes de
ensino. Caso se faça necessário, o trabalho pode ser modificado para o trabalho com
turmas anteriores/posteriores. Faz-se imprescindível que ao final deste trabalho os
alunos compreendam a importância do gênero mito, visto que:
6
O mito surge como o lugar por excelência onde deviam refugiar-se
sublimações e símbolos. A mitologia antiga seria, por isso, um
verdadeiro subconsciente dos povos antigos, onde se encontrariam as
suas aspirações, os seus temores e os seus terrores, tudo o que a moral
consciente recusava ou não sabia interpretar. Por outro lado, os mitos
vieram trazer uma nova visão do Universo, uma visão baseada na
fantasia, na imaginação e no mundo do sonho, embora com um cunho
já de âmago espiritual e imortal. (BRANCO, s.d, p 72)
Como bem apontado por Garcia e Vignoli (2014), o gênero mitologia, embora
remonte a tempos primórdios, é atualmente disseminado através de diversos outros
discursos, como campanhas publicitárias, filmes, conteúdos literários e demais
gêneros que utilizam de diversos artifícios para assim se apropriarem da mitologia.
Com o intuito do aluno expandir seu desempenho quanto à escrita, oralidade,
interação e senso crítico, as autoras abordaram o gênero narrativa mitológica em uma
turma de nono ano, através de diversas atividades elaboradas.
Com base em Geraldi (1983), as defende-se a concepção de linguagem como
expressão do pensamento, instrumento de comunicação e como forma de interação.
A partir das Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná, salientamos a importância
do discurso como prática social, e no desdobramento didático-pedagógico na inserção
das aulas de Língua Portuguesa.
A partir de tais posicionamentos teóricos a metodologia de sequência didática
em Garcia e Vignoli (2014) foca nos gêneros discursivos que, segundo a visão
bakhtiniana, estão intimamente ligados às esferas de atividade humana. A SD tem
caráter modular e é dividida em: produção inicial, na qual é exposto o gênero que será
trabalhado, suas características e situações de emprego; uma primeira produção é
então elaborada. A partir disto, os problemas são elencados e trabalhados
detalhadamente para que posteriormente seja possível a produção final pertencente
ao gênero.
Após uma breve definição de mito e sua importância histórica, pontuamos
exemplos atuais em que o gênero foi empregado, tais como: filmes, publicidades,
histórias em quadrinhos, e até mesmo os heróis folclóricos. Dessa forma, entendemos
que:
O mito é uma narrativa determinada pela sua cultura e atrelada a ela,
entretanto, procura explicar às outras culturas, o seu lugar. O
comportamento mitológico é admitido e reconhecido na sociedade
atual, até, e, principalmente, ao se perceber o desejo natural que o
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homem tem de retornar às suas origens, de questionar o princípio das
coisas e de si próprio. (GARCIA E VIGNOLI, 2014, p 10)
Portanto, o estudo de gêneros narrativos é um papel importante a ser
desempenhado pela escola, visto que para muitos alunos é o único lugar de contato
com os mais diversos gêneros textuais, e que de forma direta ou indireta se fazem
presentes em nosso cotidiano.
Na sequência didática ora apresentada, priorizou-se desenvolver estratégias
que levassem ao desenvolvimento de habilidades para a elaboração de uma produção
textual individual do gênero mito. Para tal, o trabalho
foi dividido em sete
etapas/módulos. A primeira atividade da sequência didática serve para que o
professor seja capaz de realizar um diagnóstico dos conhecimentos prévios dos
alunos sobre o gênero, ou seja, os aprendizes são orientados, primeiramente, a
escrever um mito com base em leituras bases apresentadas no anexo da primeira
etapa.
Em seguida, o módulo 1 (M1) visa fomentar nos educandos o interesse pela
leitura por meio de um jogo de RPG5 que estimule a leitura fruição e a sensibilidade
de identificação em relação ao gênero. Ou seja, a finalidade master da aplicação
desse jogo é a diversão em companhia com a leitura e não exatamente a necessidade
de se obter respostas corretas e/ou erradas em relação às especificidades do gênero
mito, embora entendamos que o contato com questões do jogo que relacionam-se
com o estilo e a estrutura do gênero também tragam, de maneira positiva, um primeiro
contato com tais assuntos. Além disso, é importante destacar que, devido ao seu
tamanho, o jogo e sua forma de aplicação encontram-se ao final de trabalho para que
seja possível uma impressão e melhor entendimento por parte do educador.
Já o segundo módulo (M2), é um módulo de estudo de texto e se apresenta por
meio de uma lista de exercícios que serve para que seja possível aprofundar o
trabalho com o reconhecimento das estruturas básicas do mito, que foram
previamente vistas de modo lúdico por meio do jogo de RPG.
Em seguida, sugere-se que, no módulo estudo de gênero (M3), o professor estude
previamente a combinação de ações que foram desenvolvidas para que a aula
Oriunda do inglês, a sigla significa Role Playing Game. Estilo de jogo no qual os participantes
interpretam seus personagens, criando narrativas, histórias e um enredo guiado por uma delas, que
geralmente leva o nome de mestre do jogo.
5
8
ocorra de forma expositiva e prática. Por meio desta aula, será possível trazer à luz
conceitos relacionados ao estilo, linguagem, conteúdo e etc.
No quarto módulo (M4), alguns aspectos linguísticos, tais como: a
personificação e o campo associativo, foram inferidos por dedução, sendo possível a
reflexão do aplicador em realizar ou adaptar o módulo de acordo com as
necessidades, conhecimentos e dificuldades da turma.
O quinto e penúltimo módulo (M5) pretende fazer com que uma pesquisa seja
motivada inicialmente em sala e que seja concluída em casa por parte dos alunos.
Acreditamos que para uma boa aproximação de um gênero e tudo o que este significa,
se faz necessário contatos diversos com leituras e réplicas diversas de mitos. Só
dessa forma será possível alcançar bons resultados na linha de trabalho, isto é,
entendemos que o tempo fornecido em sala nem sempre é o suficiente, é importante
que encantemos os aprendizes na construção dos saberes da leitura.
Por fim, a última etapa da sequência didática está reservada para a produção
final do gênero mito. A esta altura, espera-se um bom amadurecimento de ideias,
reflexões e laços linguísticos e literários dos alunos em relação ao gênero. Todavia,
como já mencionado anteriormente, não esperamos restringir o trabalho pedagógico
do professor, haja visto que apenas o educador poderá entender – por meio da
resposta da turma às atividades-, a necessidade de aumentar, adaptar, modificar,
excluir e reordenar quaisquer etapas e módulos apresentados no trabalho até então.
Além do exposto acima, objetiva-se, por meio desta SD, fazer com que o aluno
consiga ter clareza dos aspectos de estrutura composicional, estilo e conteúdo
temático do gênero, assim como desenvolver autonomia para criar infinitas réplicas
do mito, pois: “Conhecer um gênero de texto também é conhecer suas condições de
uso, sua pertinência, sua eficácia, ou de forma mais geral, sua adequação em relação
às características desse contexto social” (BRONCKART, 1999, p. 48).
Quanto à importância de se trabalhar gêneros em sala, é importante destacar
que seguimos os ideais de Marcuschi (2002 p.10): “quando dominamos um gênero
textual, não dominados uma forma linguística e sim uma forma de realizar
linguisticamente objetivos específicos em situações particulares”.
Ou seja, conseguir desenvolver nos aprendizes as habilidades necessárias de
escrita e reflexão sobre diversos gêneros significa tornar o aluno um cidadão atuante
em seu meio e inseri-lo nas práticas sociais enquanto ser que não se limita em seu
pensar e agir. Sendo assim, gostaríamos de destacar as palavras do estudioso ao
9
afirmar que: “A apropriação dos gêneros é um mecanismo fundamental de
socialização, de
inserção
prática
nas atividades comunicativas
humanas.”
(BRONCKART, 1999, p.103).
Por isto, é importante esclarecer todas as dúvidas encontradas durante a
trajetória do estudo que será realizado com a turma, para que ao final sejam capazes
de identificar tal gênero dentro de contextos mais amplos, bem como compreender
sua função e suas apropriações culturais.
2. PUBLICAÇÃO E CONSTRUÇÃO DA INTERLOCUÇÃO
A SD em questão destina-se a turmas do sétimo ano, e a produção do gênero
poderá ser realizada em sala de aula, conforme o cronograma exposto em sequência,
visando que ao final o aluno esteja apto para a realização da criação de um mito,
considerando o gênero estudado e suas especificidades.
As aulas em questão contam com o tempo mínimo de 8 horas aulas, e após as
produções finais, tais textos poderão ser reunidos pelo professor/coordenador e
disponibilizados à biblioteca em forma de coletânea de mitos. Além disso, sugerimos
que outras turmas e/ou séries também desenvolvam suas coletâneas, dessa forma,
poderia haver na escola uma troca de livros entre turmas, além de uma pequena
premiação para a série que desenvolver o livro mais lido pela escola. Sendo assim, a
SD em questão ajuda a fomentar a escrita de potenciais escritores e a leitura rotineira
no ambiente de ensino.
3. BREVE DESCRIÇÃO DOS MÓDULOS
Quadro 1. Fonte: autoral.
MÓDULO
PRODUÇÃO INICIAL
FORMA DE APLICAÇÃO
Quebra-gelo
coletânea
de
MATERIAIS
com Anexo I - Coletânea de
mitos
e textos
+
Comanda
de
produção de um texto do produção inicial.
gênero para levantamento
de dados.
10
M1. LEITURA FRUIÇÃO
Aula com jogo de RPG: Anexo II – II.I – Cartas;
enfoque
está
múltiplos
textos
biblioteca
e
intertextualidade
acervo
e
nos Anexo II.II - Biblioteca de
da mitos;
na Anexo II.III - Background
entre story;
Background Anexo II.IV- Tabuleiro;
story, cartas e tabuleiro.
M2. ESTUDO DO TEXTO
Anexo II.V- Pergaminhos.
Lista de exercícios para Anexo
III
-
Lista
de
aprofundar o trabalho com exercícios.
o
reconhecimento
estruturas
básicas
das
do
mito.
M3.
ESTUDO
DO Aula expositiva e prática Anexo IV.I – Material de
(tripé:
GÊNERO
apresentação, apoio;
fixação e prática).
Anexo IV.II - Slides;
Anexo IV.III – Exercícios;
Anexo IV.IIII – Dinâmica.
M4.
ANÁLISE Aula
LINGUÍSTICA
expositiva
e Anexo V.I – Exercícios;
dinâmicas relacionadas à Anexo V.II – Gincana.
personificação e campo
associativo.
M5. PESQUISA
Aula sobre mitologias e Anexo VI.I - Estudo das
orientação sobre pesquisa mitologias;
Anexo VI.II – Trabalho em
orientada.
grupo.
PRODUÇÃO FINAL
Produção final do gênero Anexo VII.I – Comanda.
mito.
11
PRODUÇÃO INICIAL
ANEXO I
ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS:
Essa aula tem por objetivo apresentar o gênero mito pela primeira vez à turma.
Além disso, este será o primeiro módulo de uma sequência didática que tem por
objetivo desenvolver conhecimentos suficientes para uma futura produção do gênero.
Por meio da atividade do módulo de produção inicial, o professor poderá ativar
os conhecimentos prévios dos alunos e aferir facilidades, dificuldades e compreensão
do gênero textual mito.
É importante ressaltar que os módulos na sequência antecipam eventuais
dificuldades que os alunos possam demonstrar em suas produções iniciais.
Para o módulo de produção inicial, os alunos receberão uma folha de atividades
com uma coletânea de textos, pertencentes aos mais diversos gêneros, a fim de que
sensibilize os alunos para o tema proposto. Conforme os Parâmetros Curriculares
Nacionais, estabelecidos em 1998, torna importante que o aluno desenvolva leituras
diversas do sentido/intenção que tais textos carregam, pois “o trabalho de reflexão
deve permitir-lhe tanto o reconhecimento de sua linguagem e de seu lugar no mundo
quanto a percepção das outras formas de organização do discurso, particularmente
daquelas manifestas nos textos escritos.” (PCN, 1998, p 47). Portanto, cada texto será
discutido e analisa de forma conjunta.
O texto I apresenta uma pintura a óleo de Michel Angelo Merisi da Caravaggio.
Aqui será discutido com os alunos se já ouviram falar nesta lendária figura de Medusa,
e qual característica tornava-a marcante (o fato de ela transformar quem a olhasse
diretamente nos olhos em estátuas de pedra). O texto II, será lido com a turma a
pequena narrativa sobre Istar, deusa do amor, e Tammuz, deus das searas. Após,
pedir que identifiquem o eu lírico do poema que segue, o qual se trata de um ser
apaixonado, que usa como referência o mito de Istar e Tammuz para se declarar ao
seu amado. Já no texto III, o uso de uma imagem de um dos filmes da atualidade
requer dos alunos conhecimento prévio de mundo, no qual terão que identificar de
quais personagens se trata a trama. Thor é um deus, o qual gerou inúmeras
possibilidades de narrativas, com filmes relacionados a sua vida. Posteriormente, no
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texto IV, será passada à turma a música de Zé Ramalho, que se trata do mito de
Hércules e seus doze trabalhos, que segundo rege a história, lhe foram depositados
a cumprir. No último texto, recorre-se a história em quadrinhos, na qual o interlocutor
cria um sentido irônico durante uma conversa dos deuses, como se estivessem
conversando no mundo atual. Utilizando-se do recurso linguístico no primeiro
quadrinho, com a palavra “zap”, e posteriormente, mandando um ‘raio’ para a terra,
mandando assim sua mensagem à Hércules.
Em sequência, ao término das discussões sobre os textos, espera-se que a
partir da intertextualidade, os aprendizes adentrem no mundo dos mitos, o que é
importante, conforme apontam os PCNs (1998):
A discretização de conteúdos, ainda que possa provocar maior
distanciamento entre o aspecto tematizado e a totalidade do
texto, possibilita a ampliação e apropriação dos recursos
expressivos e dos procedimentos de compreensão, interpretação
e produção dos textos, bem como de instrumentos de análise
linguística. (p. 48)
Portanto, conforme a proposta de escrita inferida ao final das atividades, os
alunos serão orientados a produzir um mito. Os textos serão lidos e discutidos entre
professor e alunos.
O resultado da produção inicial poderá ser utilizado pelo professor para
desenvolver outros módulos e/ou modificar atividades conforme a necessidade
demonstrada pelos aprendizes.
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1. COLETÂNEA DE TEXTOS
TEXTO 1:
Medusa, Medusah ou Medusa de Caravaggio é uma pintura a óleo sobre tela
montada sobre madeira (não é talha dourada), de Michel Angelo Merisi da
Caravaggio.
Adaptado de: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Medusa_(Caravaggio)>. Disponível em 09
setembro 2019.
TEXTO 2:
Istar, deusa do amor, apaixonou-se por Tammuz, deus das searas. Por uma
causa mal definida, Tammuz morreu, causando violenta dor em Istar que,
desesperada, resolveu descer aos infernos onde reinava sua irmã Ereshkigal, a fim
de libertá-lo.
Conseguindo que lhe abrissem as portas transpôs os sete muros deixando em
cada porta uma peça de sua roupa e chegou até Ereshkigal que desencadeou contra
ela 60 moléstias e a prendeu em seu palácio. O cativeiro de Istar causou tal desolação
na terra que os deuses enviaram um mensageiro, munido de poderes mágicos, para
libertá-la. Ereshkigal teve de ceder e Istar, aspergida com a água da vida, transpôs de
novo as sete portas, acompanhada de Tammuz.
Tal qual Istar
Tal qual Istar
eu não hesitaria
14
um só instante
em descer aos infernos
para te resgatar.
Tal qual Istar
violenta dor sofri
e, em nome dessa dor,
sete vezes sete,
eu atravessaria
as sete portas do inferno
indiferente aos males
que pudessem me afetar.
Tal qual Istar
eu poderia, então,
enfim te amar.
Fonte: <https://www.recantodasletras.com.br/artigos/724968>. Acesso em 09 setembro 2019.
TEXTO 3:
Fonte:
<http://collider.com/thor-captain-america-marvel-post-converting-3d-chris-hemsworth-anthony-hopkinstom-hiddleston-image/>. Acesso em 09 setembro 2019.
TEXTO 4:
Os Doze Trabalhos de Hércules - Zé Ramalho
Os doze trabalhos de Hércules, destino que Zeus lhe deu,
castigos ou penitências nas ordens do rei Eristeu,
caçar o leão da lua em cuja pele nada penetra, a hidra
de lerna, dragões, 9 cabeças tão imortais, ou a corsa
dos pés de bronze, a cerinita dos chifres de ouro,
golpes de clava vão destruir o javali do monte erimanto,
os cavalos do Rei Algias, cavalariças para limpar,
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muitos perigos esperam Hércules, tantos segredos por
desvendar, como as aves do lago estinfale, o touro
louco da ilha de Creta, de Diomédes trazer seus
cavalos, e da rainha do Hipólita o cinto, os bois do Rei Gerião
outro gigante para enfrentar, tirar o pomo do jardim
da Hespéride, matar a cérbero que é o cão do mau, os doze
trabalhos de Hércules a todos ele ira comprir, herói
dos heróis da Grécia, com muitos deuses ira seguir,como as aves do lago estinfale,
o touro louco da ilha de Creta, de Diomédes trazer seus
cavalos, e da rainha do Hipólita o cinto, os bois do Rei Gerião
outro gigante para enfrentar, tirar o pomo do jardim
da Hespéride, matar a cérbero que é o cão do mau, os doze
trabalhos de Hércules a todos eles ira comprir, herói
dos heróis da Grécia, com muitos deuses ira seguir.
Disponível em: <https://www.letras.mus.br/ze-ramalho/1160822/>. Acesso em 20 março 2019.
TEXTO 5:
Disponível em: <https://twitter.com/quadrinhosltda/status/996358802072104960?lang=ca>. Acesso em 20 março
2019.
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2. PROPOSTA DE ESCRITA:
COMANDO: Ao procurar explicar as origens do mundo e do homem por meio de
personagens sobrenaturais como deuses ou semideuses, os mitos reúnem fatos reais
com imaginários que se tornaram parte de uma tradição histórica de um povo e sua
língua. Tendo por base a leitura da coletânea de textos e os seus conhecimentos
prévios, desenvolva um mito, com possibilidade de publicação.
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M1. LEITURA FRUIÇÃO
ANEXO II
ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS:
Por se tratar de um RPG, o jogo conta com diversos personagens
representados por seus respectivos cards cada um contendo nome do mito grego,
pontos de vida totais e habilidade especial.
Cada card será controlado por um grupo/trio de alunos que tentarão alcançar
seus objetivos. O jogo mescla elementos clássicos do RPG com elementos de jogos
casuais de tabuleiro, envolvendo movimentação pelo mapa através das perguntas dos
pergaminhos respondidos corretamente por eles e guiadas pelo professor/a.
Vinte pergaminhos foram planejados com perguntas envolvendo questões
referentes ao gênero textual mito, cujas respostas corretas determinarão o avanço dos
jogadores e sua movimentação dentro do tabuleiro.
O jogo se inicia do seguinte modo: os trios/grupos retirarão uma carta com seu
personagem (Titãs), e em seguida, o professor (guia da partida) guiará os alunos a
procurarem os pergaminhos que estarão escondidos pela sala/escola (fica a critério
do professor regente o espaço que delimitará para realizar esta atividade). Esse
pergaminho contará com o Background story que deverá ser lido para toda turma para
que a ambientação de cenário/história/enredo possa ser harmonizada durante o jogo.
O professor enquanto guia dirá qual o objetivo do jogo: matar Urano. Os Titãs
começarão a partida na torre de vigia no canto inferior direito do mapa. A cada rodada,
o grupo efetuará uma rolagem de dados, cujo resultado especificará qual pergaminho
deverá ser lido e respondido pelos alunos.
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A soma total dos dados será 20, sendo assim, existem 20 perguntas a serem
respondidas, 1 a cada rodada. Uma resposta correta determinará um avanço no
tabuleiro previamente descrito e especificado no pergaminho, já uma resposta
incorreta, representa um retrocesso na jornada para matar Urano e um dano ao
personagem que poderá acarretar em sua derrota na batalha.
Como o objetivo do jogo é derrotar Urano, este se encontrará no templo do céu
(ver mapa - Anexo II.IV). Os jogadores que chegarem primeiro até lá, poderão escolher
como matarão seu inimigo.
Para que os alunos consigam chegar nas respostas adequadas, será
necessária uma visita ao labirinto. Este local deve ser montado previamente em um
local específico da sala com uma biblioteca de mitos. Este local será determinante
para que os alunos consigam responder as questões, uma vez que eles precisarão
entrar em contato com os mitos para entender as questões sobre o gênero. Dessa
forma, os alunos além de estimularem sua percepção quanto ao gênero, entrarão em
contato com diversos textos exemplares do gênero trabalhado, de forma prazerosa.
O jogo envolve perguntas relacionadas ao gênero textual em estudo, além de
envolver os alunos estimulando sua criatividade, imaginação e socialização com um
conteúdo rico presentes nos mitos gregos.
O guia da partida tem a obrigação e o dever de manter a ordem do jogo e
conferir todas as respostas dos jogadores. Caso elas estejam erradas, o guia deverá
conferir se os alunos tiveram seu damage recebido, bem como verificar as rodadas
nas quais os jogadores não poderão jogar.
Caso algum personagem não cumpra seu damage ele estará imediatamente
morto/fora da partida. O guia poderá narrar um golpe certeiro de Urano para tanto.
Assim como o guia em conjunto com os alunos que chegarem primeiro até Urano,
poderão narrar a batalha final do jogo.
O guia ficará responsável por entregar os pergaminhos correspondente ao
número de dados de cada rolagem.
Não é permitido que os jogadores criem outros objetivos ou que tentem matar
Urano longe de sua morada.
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ANEXO II.I
20
ANEXO II.II
I - UM MUNDO CAÓTICO - A CRIAÇÃO DO MUNDO
Na origem, nada tinha forma no universo. Tudo se confundia, e não era possível
distinguir a terra do céu nem do mar. Esse abismo nebuloso se chamava Caos.
Quanto tempo durou? Até hoje não se sabe.
Uma força misteriosa, talvez um deus, resolveu pôr ordem nisso. Começou
reunindo o material para moldar o disco terrestre, depois o pendurou no vazio. Em
cima, cavou a abóbada celeste, que encheu de ar e de luz. Planícies verdejantes se
estenderam então na superfície da terra, e montanhas rochosas se ergueram acima
dos vales. A água dos mares veio rodear as terras. Obedecendo à ordem divina, as
águas penetraram nas bacias para formar lagos, torrentes desceram das encostas, e
rios serpearam entre os barrancos.
Assim, foram criadas as partes essenciais de nosso mundo. Elas só esperavam
seus habitantes. Os astros e os deuses logo iriam ocupar o céu, depois, no fundo do
mar, os peixes de escamas luzidias estabeleceriam domicílio, o ar seria reservado aos
pássaros e a terra a todos os outros animais, ainda selvagens.
Era necessário um casal de divindades para gerar novos deuses. Foram Urano,
o Céu, e Gaia, a Terra, que puseram no mundo uma porção de seres estranhos.
II - URANO E GAIA
Da união deles nasceram primeiro seis meninos e seis meninas, os Titãs e as
Titânides, todos de natureza divina, como seus pais. Eles também tiveram filhos.
21
Um deles, Hiperíon, uniu-se à sua irmã Téia, que pôs no mundo Hélio, o Sol, e
Selene, a Lua, além de Eo, a Aurora. Outro, Jápeto, casou-se com Clímene, uma filha
de Oceano. Ela lhe deu quatro filhos, entre eles Prometeu. O mais moço dos Titãs,
Crono, logo, logo ia dar o que falar.
A descendência de Urano e Gaia não parou nesses filhos. Conceberam ainda
seres monstruosos como os Ciclopes, que só tinham um olho, bem redondo, no meio
da testa, e os Cem-Braços, monstros gigantescos e violentos. Os coitados viviam no
Tártaro, uma região escondida nas profundezas da terra. Nenhum deles podia ver a
luz do dia, porque seu pai os proibia de sair.
Gaia, a mãe, quis libertá-los. Ela apelou para seus primeiros filhos, os Titãs,
mas todos se recusaram a ajudá-la, exceto Crono. Os dois arquitetaram juntos um
plano que deveria acabar com o poder tirânico de Urano.
Certa noite, guiado pela mãe, Crono entrou no quarto dos pais. Estava muito
escuro lá, mas o luar lhe permitiu ver seu pai, que roncava tranquilo. Com um golpe
de foice, cortou-lhe os testículos. Urano, mutilado, berrou de raiva, enquanto Gaia
dava gritos de alegria. Esse atentado punha fim a uma autoridade que ela estava
cansada de suportar, e a inútil descendência deles parava aí — ou quase... Algumas
gotas de sangue da ferida de Urano caíram na terra e a fecundaram, dando origem a
demônios, as Erínias, a outros monstros, os Gigantes, e às ninfas, as Melíades.
III - CRONO
Vencedor de seu pai Urano, Crono se tornou o senhor todo-poderoso do
universo. Em vez de beneficiar seus parentes, libertando os irmãos, preferiu reinar
sozinho e os deixou encerrados nas profundezas da terra. Sua mãe, furiosa, predisse
seu fim:
"Você também, filho meu, será deposto do trono por um dos seus filhos!"
Temendo a realização dessa profecia, Crono fez como o pai: arranjou um jeito
de eliminar os filhos que lhe dava sua esposa Réia. Cada vez que nascia um, ele o
devorava. Isso ocorreu com cinco recém-nascidos.
A mãe deles, desesperada, foi ver Gaia:
"Querida avó, preciso da sua ajuda. Seu filho faz desaparecer todos os filhos
que concebo. Um sexto acaba de nascer. E um menino. Ajude-me a salvá-lo!"
22
"Você precisa ser mais astuciosa do que ele, minha filha", respondeu-lhe
maliciosamente Gaia. "Enrole uma pedra numa coberta e entregue a Crono, no lugar
do bebê. Ele nem vai desconfiar e vai engolir a pedra, como engoliu os outros filhos!"
A profecia de Gaia não tardaria a se realizar: o bebê que elas acabavam de
salvar era Zeus. O jovem deus logo tomou do pai o poder absoluto sobre o mundo...
IV
O COMBATE DE ZEUS E A DIVISÃO DO MUNDO
O menino foi criado às escondidas numa gruta da ilha de Creta. Réia teve a
idéia de confiar sua educação aos Curretes, demônios que tinham o costume de
dançar batendo as armas umas contra as outras. De fato, Réia, preocupada em
proteger o filho, contava com o barulho do bronze para encobrir o choro do bebê.
Cercado pelas ninfas do lugar, o menino cresceu alimentado com o leite da cabra
Amaltéia e com o mel que as abelhas do monte Ida forneciam. Essa infância secreta
transcorreu harmoniosamente, sem que Crono descobrisse a existência de seu sexto
filho.
Já crescido, Zeus sonhava em destronar o pai, mas não conseguiria fazer isso
sozinho. Teve então a idéia de lhe dar uma bebida que o obrigasse a vomitar os filhos
que engolira. O efeito foi fulminante. Libertados seus irmãos, Zeus pôde se lançar com
eles num duro combate contra Crono e os Titãs.
Após dez anos de luta, a guerra ainda continuava. Gaia decidiu ajudar Zeus e
seu grupo, revelando-lhe o conteúdo de uma velha profecia: "Você não poderá nunca
vencer a exército de seu pai sem o auxílio dos Ciclopes e dos outros gigantes. Desça,
pois, às profundezas do Tártaro, onde estão encerrados. Liberte-os, e eles lhe darão
o trovão, o relâmpago e o raio!".
Zeus seguiu esse conselho e, com a ajuda dos Ciclopes, dos Cem-Braços e
dos Gigantes, conseguiu derrotar o pai.
Como tinha vencido graças a seus irmãos Hades e Posêidon, Zeus partilhou
com eles o domínio do mundo.
O universo se dividia em três regiões: o céu estrelado e a terra eram a primeira;
o oceano, que rodeava a terra, a segunda, e, por fim, vinham as partes subterrâneas.
A sorte destinou a cada um seu reino. Zeus recebeu a parte luminosa e terrestre. Suas
armas simbolizavam as forças celestes. Coube a Hades a parte subterrânea, para
23
onde vão os mortos: foi reinar no Inferno, sobre o povo das Sombras. Posêidon, enfim,
fixou seu poder sobre todos os elementos líquidos, os mares e os rios que percorrem
a terra.
V
POSEIDON
O palácio dourado do deus marinho cintilava nas águas profundas e calmas de
uma ilha. Posêidon vivia ali em companhia da rainha Anfitrite. Às vezes saía do fundo
arenoso; o mar então se abria para deixar seu carro passar. E ao lado dele se viam
as ninfas e os monstros pulando de alegria.
Seus passeios nem sempre eram de bom agouro. O deus era muito irritadiço.
Quando sua raiva chegava ao auge, ele surgia das águas brandindo seu tridente.
Podia desencadear tempestades e promover a subida da água dos rios, que
transbordavam. Também sabia fazer o chão tremer, provocando os terremotos. Por
isso, os homens o temiam e tomavam a precaução de lhe oferecer esplêndidos
sacrifícios antes de iniciar uma viagem no mar.
ANEXO II.III
No princípio de todos os mitos, houve um tempo em que nada existia no
Universo além do Caos – a mais antiga, a mais inexplicável, a mais absurda das
divindades. Nenhum poeta e nenhum filósofo grego imaginava o que teria existido
antes dele: era o primeiro dos deuses, a sombra da loucura e confusão que está nas
profundezas de tudo o que existe.
O Sol não iluminava o dia, e a Lua não brilhava à noite. Não havia chão para
firmar os pés, nem mar para se nadar – todos os elementos estavam misturados num
caldo primitivo. E as coisas, embora sempre em convulsão, não saíam do lugar: pois
não havia sequer direita e esquerda, em cima ou embaixo, Norte ou Sul, dentro ou
fora. O Caos era tudo e, ao mesmo tempo, nada.
Mas de repente, e sem qualquer explicação, brotou do Caos o primeiro sinal de
um futuro menos caótico: uma deusa. Era a Terra, que os gregos chamavam de Gaia,
“a de seios fartos”. Das profundezas do Caos, surgiram outros seres grandiosos,
enigmáticos e tão antigos que a mente humana mal consegue compreendê-los. Um
24
deles foi Eros, o princípio da atração universal: graças a ele, elementos diferentes se
uniam para gerar novos seres. Era uma divindade irresistível.
Não era, ainda, o amor entre humanos, mas a força motriz que faz o próprio
Universo seguir existindo. Mas junto a Eros também surgiu Tártaro. Como Gaia, era
tanto uma divindade quanto um lugar: um abismo obscuro, nevoento e infinitamente
profundo.
Na organização do Universo, Tártaro se fixou abaixo de Gaia. Dois mundos
contíguos, mas distantes. No Tártaro, subsistia a confusão e as sombras do antigo
Caos. Era um lugar horrendo, a mais profunda prisão onde os deuses jogavam seus
inimigos. Do Caos, também nasceram outras duas divindades primordiais: Nyx, a
Noite, e Érebo, a Escuridão. Gaia decidida a procriar, gerou e gestou dois filhos sozinha-. Primeiro ela criou o Céu Estrelado, que os gregos e romanos chamavam de
Urano. Em seguida, gerou o imenso e rumoroso Ponto – o Mar Salgado.
Agora, o mundo da mitologia grega estava estruturado: no alto, o Céu; no meio,
a fértil Gaia, com montanhas e planícies, banhada pelas ondas do mar; e, lá nas
profundezas, o Tártaro sombrio. E assim o Caos ia se transformando em Cosmos –
palavra que em grego significa “ordem”. O Mar e a Terra se amaram apenas uma vez.
Da união, surgiu uma vasta descendência de deuses e criaturas primordiais
que viveriam nas profundezas do oceano. O primeiro filho de Ponto e Gaia foi Nereu,
antiga divindade do mar Egeu, que os gregos chamavam de Velho do Mar. Ele tinha
o poder de assumir a forma de todos os seres marinhos.
Depois, vieram Fórcis e Ceto, encarnações dos perigos do mar, e ancestrais
das criaturas gigantescas das profundezas aquáticas, como as baleias. Gaia, mais
tarde deu à luz seis filhos e seis filhas, chamados de titãs e titânides: Oceano, Coios,
Crios, Hipérion, Jápeto, Teia, Reia, Têmis, Febe, Tétis, Mnemósine e, por fim, Cronos,
deus do Tempo, conhecido como Saturno entre os romanos - “o mais terrível filho da
Terra”. Desde o momento em que nasceu, Cronos sentiu um ódio inexplicável pelo
pai. E ambos, de fato, estavam destinados desde sempre a se enfrentar. Urano não
tinha afeto algum pelos filhos. Na verdade, detestava-os. Impiedoso, ele os condenava
ao aprisionamento perpétuo assim que nasciam. A todos os filhos que teve com a
Terra, o Céu os odiava, desde o começo; nem bem vinham ao mundo, ele os
encarcerava em uma cova na Terra, não permitindo que saíssem de lá, nem que
vissem a luz do dia. E o Céu se alegrava com sua maligna obra.
25
Lá em cima, Urano sorria ao ouvir os gemidos da prole encarcerada. Gaia
resolveu pôr um fim ao domínio brutal de seu marido: arrancou, de seu próprio corpo,
um veio de metal cinzento. Com ele, forjou uma foice: a primeira arma a ser fabricada.
Em seguida, estendeu-a para Cronos. E incitou-o a atacar o próprio pai...
ANEXO II.IV
Anexo II.V- Pergaminhos
1. As histórias lidas apresentam
um caráter:
( x ) Explicativo e simbólico;
( ) Descritivo e narrativo;
( ) Explicativo e descritivo.
☓ Volte 3 casas.
✓ Ande 2 casas.
2. Que efeito extraordinário de
ação
heróica,
característica
presente nos mitos, faz de Zeus
um herói?
Ele ter conseguido derrotar seu
pai, Cronos.
☓ Volte 3 casas
✓ Ande 1 casa e escolha um
26
personagem para voltar 3
casas.
3. Responda as seguintes perguntas e complete-as na cruzadinha. Você tem
5 minutos.
A) Qual o nome dos primeiros 12 filhos de Urano e Gaia?
B) Qual o nome dos seres monstruoso que só tinham um olho?
C) Qual o nome da região escondida nas profundezas da terra?
D) Qual o nome do filho de Gaia que ajudou-a acabar com Urano?
E) Qual o nome do jovem deus que tomou do pai o poder absoluto sobre o
mundo?
☓ Volte 5 casas. Urano lhe descobriu enquanto você dormia. Com um
golpe certeiro, lhe arrancou um dos olhos. Você perde 5 pontos de vida,
pois o ferimento foi grave e você precisa descansar na próxima rodada.
✓ Ande 3 casas.
27
4. O narrador dos mitos é um
narrador observador ou
personagem? Como vocês
constataram isto?
Narrador observador, pois ele
somente narra os fatos.
☓ Volte 3 casas
✓ Ande 1 casa
5. Vocês têm 5 minutos para
narrar algum mito para seus
adversários. Não vale os que
acabamos de ler!
☓ Volte 3 casas
✓ Ande 2 casas
☓ Volte 3 casas.
✓
6. Levante a reflexão com seu
grupo: que elementos estão
presentes
nos
textos
da
biblioteca para que se tornem
narrativas?
(A) espaço, tempo, personagens
enredo e narrador;
(B) rimas, métricas, versos bem
estruturados;
(C) detalhes fictícios, fantasiosos
ou críticos.
☓ Você é ferido nas costas por
Urano que chega de supetão e
lhe golpeia. Preso no tártaro
você ficará uma rodada sem
jogar e perderá 3 de vida
7. Considere
afirmações.
as
seguintes
I. Mitos são narrativas de caráter
popular ou religioso que têm por
objetivo a explicação de fatos e
fenômenos para os quais não há
explicação lógica.
II. Na mitologia grega, os heróis
eram semideuses, filhos de
deuses com seres humanos.
III. Os heróis possuíam poderes
superiores aos dos humanos, e
eram imortais, como os deuses.
Quais delas estão corretas?
A) Todas elas.
B) I, II e III.
C) I e II.
✓ Ande 4 casas.
D) I e III.
☓ Volte 3 casas
✓ Ande 2 casas
28
8. Discuta com seus colegas: por
quais principais motivos a
mitologia grega podem ser
considerados
atemporal
e
alegórica?
(A) por que suas histórias ainda
podem
ser
consideradas
verdades e por que sua
linguagem inclui metáforas;
9. Qual o nome do casal de
divindades responsável por gerar
novos deuses, pondo no mundo
uma porção de seres estranhos?
Urano e Gaia.
(B) por que sua narrativa é linear
e a história apresenta-se em
forma de poesia.
☓ Oceano ficou irritado por não
ter chegado até Urano ainda e
resolve movimentar o mar e
você acaba sendo atingido.
Fique uma rodada sem jogar e
você perde 2 pontos de vida.
☓ Volte 3 casas
✓ Ande 4 casas.
10. Escolha uma das histórias da
biblioteca e a encene com seu
grupo, em no máximo 5 minutos.
11. Façam um desenho do
universo e das três regiões que
se dividiram, depois da divisão do
mundo realizada pelos deuses.
☓ Urano sabendo do objetivo
de Titãs, resolve lhe lançar
furacões e você é atingido,
você perde duas rodadas do
jogo, e de vida.
☓
Você
está
quase
atravessando a ponte, quando
de repente a serpente marinha
lhe
atacou.
Você
é
arremessado na água e perde 4
pontos de vida.
✓ Ande 5 casas.
✓ Ande 2 casas.
✓ Ande 1 casas
29
12. Quem mutilou Urano?
(A) Zeus
(B) Hades
(C) Gaia
(D) Crono
13. Por que as profecias sempre
se cumprem nos mitos?
Pois o destino sempre se cumpre,
independente das ações dos
personagens de tentarem mudar
seus resultados.
☓ Em uma das ruínas do mapa,
há vários demônios que lhe
atacam em sua passagem,
você volta 4 casas e perde 5
pontos de vida.
☓ Volte 3 casas e devido ao
calor intenso do Tártato. Você
está desidratado e perde 2
pontos de vida.
✓ Ande 4 casas.
✓ Ande 2 casas.
14. Considere as afirmações:
I. Téia era mãe de quatro filhos,
entre eles Prometeu e Cronos;
II. Os filhos de Gaia a ajudaram
a libertar seus irmãos do Tártaro;
III. Crono cortou os testículos de
seu pai com uma faca.
Quais das alternativas não está
correta?
(A) Todas.
(B) I e II.
(C) I e III.
☓ Volte 1 casa. Você foi
seduzido por Tétis, e sob seus
encantos precisa doar 4 pontos
15. Por que a mãe de Cronos o
amaldiçoa assim como havia feito
ao seu marido?
Pois Cronos preferiu governar
sozinho, ao invés de libertar seus
irmãos, como havia prometido à
mãe.
☓ Volte 3 casas. Os espíritos
dos
mortos
estão
lhe
assombrando e você começa a
delirar. Fique uma rodada sem
jogar.
✓ Ande 4 casas
30
16. Elabore um plano que você
usaria contra Zeus caso não
tivesse ajuda dos Ciclopes e dos
outros gigantes.
17. Assinale as alternativas a
seguir com V para verdadeiro e F
para falso.
☓ Volte 5 casas.
( V ) A mitologia grega é uma
narrativa de uma possível de
criação do mundo;
✓ Ande 4 casas e escolha um
personagem para responder
ao próximo pergaminho e
reiniciar a ordem da partida.
18. Sobre Poseidon:
( ) Era temido por ser inteligente
e sempre vencer em suas
batalhas;
( X ) O temiam pois era irritadiço
e provocava terremotos e
tempestades;
( ) Tinham medo dele pois ele
era assustador e gigante.
☓ Volte 3 casas! Urano estava a
sua frente, você pega sua arma
para matá-lo, mas ao avançar
você pisa em um graveto a sua
frente que faz barulho e afasta
Urano que, com rapidez some
de sua frente.
✓ Ande 2 casas.
( V ) Muitos povos basearam-se
na mitologia grega como uma
verdade absoluta;
( F ) A mitologia grega continua
em
expansão
e
seus
personagens têm aumentado
cada vez mais.
☓ Volte 3 casas.
✓ Ande 2 casas.
19. Aponte os personagens, o
cenário e o contexto que são
narradas as histórias.
☓ Volte 3 casas.
✓ Ande 4 casas.
31
20. Quais eram as intenções dos
mitos, no momento em que foram
criados?
Explicar fatos que a ciência ainda
não havia explicado, mas o
homem já tinha curiosidade em
saber.
☓ Volte 1 casa.
✓ Ande 2 casas.
M2. – APÊNDICE C
M2. ESTUDO DO TEXTO
ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO
Para a realização desta atividade, espera-se que o professor aprofunde
questões relacionados ao estudo de texto e que, com isto, o aluno se sinta cada vez
mais estimulado a observar algumas estruturas básicas do gênero para que na
sequência o professor possa adentrar as características mais profundas do mito.
A lista de exercícios, deverá ser entregue aos alunos para a realização das
questões. O professor poderá escolher entre realizar a leitura individual ou em
conjunto do texto inicial e das atividades. As atividades irão abranger questões
relacionadas ao texto (anexo III), o qual refere-se ao mito de Crono. Os alunos terão
de reconhecer quem são os personagens envolvidos no mito, o motivo do clímax
(Crono devorar todos os filhos que tem com sua esposa Réia), interpretar de que
maneira os mitos apresentam suas profecias, além de interpretação e conhecimento
de mundo. Conforme pontua os Parâmetros Nacionais Curriculares (1998), será
abordada também a leitura tópica, na qual o aluno tem de “identificar informações
32
pontuais no texto, localizar verbetes em um dicionário ou enciclopédia” (p 55). Desta
forma, ele é instigado na procura por palavras que ainda não conheça.
As atividades que encerram este módulo são relacionadas à gramática. Fazem
com que o aluno situe pontos gramaticais que se fazem presentes no gênero
estudado, a fim de que perceba pontos importantes na construção do mesmo, bem
como seu
reconhecimento do universo discursivo dentro do qual cada texto e
gêneros de texto se inserem, considerando as intenções do
enunciador,
os
interlocutores,
os
procedimentos
narrativos,
descritivos, expositivos, argumentativos e conversacionais que
privilegiam, e a intertextualidade (explícita ou não). (p 60)
Caso o professor se interesse em realizar um diagnóstico sobre o andamento
do processo de aprendizado dos alunos, é sugerido que os estudantes sejam
orientados a tentar realizar as questões sozinhos ou em grupos e, na sequência, com
auxílio e correção do educador.
ANEXO III
III
CRONO
Vencedor de seu pai Urano, Crono se tornou o senhor todo-poderoso do
universo. Em vez de beneficiar seus parentes, libertando os irmãos, preferiu reinar
sozinho e os deixou encerrados nas profundezas da terra. Sua mãe, furiosa, predisse
seu fim:
"Você também, filho meu, será deposto do trono por um dos seus filhos!"
Temendo a realização dessa profecia, Crono fez como o pai: arranjou um jeito
de eliminar os filhos que lhe dava sua esposa Réia. Cada vez que nascia um, ele o
devorava. Isso ocorreu com cinco recém-nascidos.
A mãe deles, desesperada, foi ver Gaia:
"Querida avó, preciso da sua ajuda. Seu filho faz desaparecer todos os filhos
que concebo. Um sexto acaba de nascer. E um menino. Ajude-me a salvá-lo!"
"Você precisa ser mais astuciosa do que ele, minha filha", respondeu-lhe
maliciosamente Gaia. "Enrole uma pedra numa coberta e entregue a Crono, no lugar
do bebê. Ele nem vai desconfiar e vai engolir a pedra, como engoliu os outros filhos!"
A profecia de Gaia não tardaria a se realizar: o bebê que elas acabavam de
salvar era Zeus. O jovem deus logo tomou do pai o poder absoluto sobre o mundo...
Questões:
1) Quem são as personagens do mito lido?
33
2) Por que Crono devorava seus filhos?
3) Indique, de acordo com o texto, qual era a profecia a ser concretizada. Caso seja
necessário, retire trechos do conto.
4) Explique o que Réia fez para salvar seu filho. Qual era o nome do filho?
5) Comente com suas palavras o que você sabe sobre profecias.
6) Por que geralmente as profecias acabam se concretizando, apesar dos esforços
dos personagens para evitá-las?
7) Pesquise o significado das palavras abaixo que foram retiradas do texto e inclua
outras desconhecidas por você e crie um minidicionário de significados:
Predizer
Conceber
Tardar
(Outras...)
8) Leia a informação abaixo sobre as características do gênero mito e faça o que se
pede:
Mitos, por sua vez, são narrativas utilizadas pelos povos antigos para explicar fatos
da realidade e fenômenos da natureza que não eram compreendidos por eles.
Os mitos se utilizam de muita simbologia, personagens/fatos sobrenaturais, deuses
e heróis. Todos estes componentes são misturados a fatos reais, características
humanas e pessoas que realmente existiram. Um dos objetivos do mito é transmitir
conhecimento e explicar fatos que a ciência ainda não havia explicado.
Aqui estão outras características:
• Relaciona-se com uma data ou com uma religião.
• Procura explicar as origens do mundo e do homem por meio de personagens
sobrenaturais como deuses ou semi-deuses.
• Mito não é o mesmo que fábula, conto de fadas ou lenda.
a) Agora, retorne ao texto lido em sala e marque com lápis de cor as características
do gênero mencionadas nas informações acima. Caso necessário, faça uma tabela
em seu caderno com trechos que se relacionem a essas características.
9) O texto apresenta alguma “moral”? Se sim, qual seu ensinamento?
10) Você já viu em outro texto a história de Crono? Onde? Como ele é geralmente
retratado? Comente.
•
Você sabe o que são adjetivos?
34
Os adjetivos compreendem a classe gramatical cuja
função é acompanhar e modificar os substantivos,
atribuindo-lhes características ou particularidades.
11) Agora, volte ao texto e marque com lápis de cor os adjetivos encontrados.
12) Cite os adjetivos marcados e traga outros adjetivos que são similares. Caso
necessário, faça uma tabela e inclua outros adjetivos conhecidos por você e colegas.
13) Imagine que você recebeu a função de não deixar que Crono coma seu filho e lhe
foi dada a missão de enganá-lo. Como você faria isto?
14) Crono pertence a mitologia grega. A personagem faz parte de uma história sobre
a criação do mundo. Em dupla, reconte a história de Crono e sua profecia. Use sua
criatividade.
15) Pesquise outros mitos que você ache interessante e compartilhe com os colegas
em sala na aula seguinte.
Respostas:
1) Urano, Crono, Gaia, Réia, filhos de Crono, Zeus.
2) Para tentar evitar a profecia que sua mãe lhe predisse quando venceu seu pai,
Urano, e escolheu governar sozinho o universo, indo contra o que havia combinado
com sua mãe.
3) “Você também, filho meu, será deposto do trono por um dos seus filhos!”
4) Zeus, sexto filho nascido de Réia e Cronos, foi substituído por uma pedra, fazendo
com que Crono a comesse pensando ser seu filho.
5) Resposta individual. Levar em consideração posição e argumentos do aluno.
6) Uma característica marcante dos mitos é o fato de que as profecias jamais poderiam
ser quebradas, não importando quais ações os personagens tivessem tentando evitálas, no final, o destino sempre acabava fazendo com que se concretizassem.
7) Predizer: Prever; dizer alguma coisa de maneira antecipada. Ex: a meteorologia
predizia temporais. Fazer previsões sobre situações futuras. Ex: a cartomante
predisse a mulher seus infortúnios.
Conceber: Gerar ou engravidar; dar origem a outro ser humano. Ex: o Espírito Santo
concebeu a Virgem Maria; a vizinha concebeu do primo; não tinha vontade de
conceber.
35
Tardar: Deixar para mais tarde; adiar, protelar, retardar. Ex: não costuma tardar os
compromissos.
8) A) Vencedor de seu pai Urano, Crono se tornou o senhor todo-poderoso do
universo. (deuses) Sua mãe, furiosa, predisse seu fim: "Você também, filho meu, será
deposto do trono por um dos seus filhos!" (simbologia) Cada vez que nascia um, ele
o devorava. Isso ocorreu com cinco recém-nascidos. (fatos sobrenaturais) A profecia
de Gaia não tardaria a se realizar: o bebê que elas acabavam de salvar era Zeus. O
jovem deus logo tomou do pai o poder absoluto sobre o mundo... (sucessão no
governo do mundo)
9) As profecias sempre se realizam no final, e não podemos fazer nada para evitá-las.
10) Respostas abertas. Cada aluno irá falar um pouco sobre, caso já tenha ouvido ou
conheças esta história de alguma outra forma.
11) Todo-poderoso; é um menino; astuciosa; maliciosamente; jovem.
12) Todo-poderoso - dominador; menino - garoto; astuciosa - esperto; maliciosamente
- perverso; jovem - novo. Deixar as respostas abertas a fim de que cada aluno traga
uma possibilidade nova a ser preenchida, bem como verificar sua abrangência de
vocabulário.
13) Resposta individual de cada aluno. Analisar a criatividade e argumentatividade
apresentadas.
14) Resposta individual. Analisar a criatividade dos alunos no desempenho da
atividade.
15) Resposta livre. Espera-se que os alunos pesquisem mais sobre o gênero mito.
M3. ESTUDO DO GÊNERO
ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO:
Para esse módulo, é necessário que o professor estude o material de apoio
(textos em anexo abaixo) para que o educador consiga, por meio da apresentação
dos slides, explanar as características mais profundas do gênero mito. Os textos de
apoio são fundamentais para que exemplos possam ser realizados entre mitos e os
conteúdos do gênero.
Após a explicação interativa do gênero por parte do professor, será entregue
aos alunos uma lista de exercícios de fixação sobre o que foi aprendido. O objetivo da
lista é tornar claro a estrutura composicional, o estilo, o conteúdo temático, a situação
de produção e a circulação do gênero mito.
36
O educador poderá usar a lista para fazer um diagnóstico da compreensão dos
alunos em relação ao gênero, além disso, os estudantes poderão receber o conteúdo
dos slides de forma impressa anteriormente pelo professor, para que os jovens
possam colar em seus cadernos e realizar a pesquisa do material sempre que
necessário.
Depois de terem respondido às questões propostas, será feito um círculo para
a exposição da dinâmica. Cada colega irá narrar seu acontecimento, com a ordem
dos fatos alterada, e caberá ao resto dos alunos desvendarem qual a ordem correta
dos acontecimentos. Ao final, será discutido de que forma a ordem dos fatos pode
determinar diferentes percursos para as histórias, e no caso dos mitos, a importância
das alegorias e da atemporalidade.
Anexo IV.I – Material de apoio (destinado ao professor).
O mito do Minotauro
Conta o mito que ele nasceu em função de um desrespeito de seu pai ao deus dos
mares, Poseidon. O rei Minos, antes de tornar-se rei de Creta, havia feito um pedido ao deus
para que ele se tornasse o rei. Poseidon aceita o pedido, porém pede em troca que Minos
sacrificasse, em sua homenagem, um lindo touro branco que sairia do mar. Ao receber o
animal, o rei ficou tão impressionado com sua beleza que resolveu sacrificar outro touro em
seu lugar, esperando que o deus não percebesse.
Muito bravo com a atitude do rei, Poseidon resolve castigar o mortal. Faz com que a
esposa de Minos, Pasífae, se apaixonasse pelo touro. Isso não só aconteceu como também
ela acabou ficando grávida do animal. Nasceu desta união o Minotauro. Desesperado e com
muito medo, Minos solicitou a Dédalos que este construísse um labirinto gigante para prender
a criatura. O labirinto foi construído no subsolo do palácio de Minos, na cidade de Cnossos,
em Creta.
Mito da origem das estações
Deméter e Perséfone
Deméter era a deusa do trigo e, de um modo geral, de toda a terra cultivada. Senhora
dos cereais, não admira que os Romanos lhe tenham chamado Ceres.
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Da sua união com Zeus, teve uma filha, Perséfone (Prosérpina, para os Romanos). Era a sua
única filha, que cresceu, muito bela e feliz, na companhia das ninfas e de duas meias‑irmãs,
as deusas Ártemis e Atena.
Hades, o deus dos infernos, que era irmão de Zeus e, portanto, seu tio, apaixonou-se
perdidamente por ela. Um dia, quando a jovem passeava despreocupada pelos prados
verdejantes, ao colher uma flor, a terra abriu-se de repente e Hades surgiu para a raptar e
levar consigo para o mundo inferior sobre o qual reinava.
Deméter ouviu os gritos de aflição da filha e correu para a ajudar, mas nada pôde fazer.
Nem sequer sabia onde ela estava nem quem a tinha levado.
Desesperada, começou a percorrer o mundo de lés-a-lés, em busca da filha, sem comer nem
beber, sem se preocupar com o seu aspeto nem tratar de si, sem cuidar de nenhuma das
suas tarefas. Acabou por conseguir que o Sol, que tudo vê, lhe revelasse quem fora o raptor
da filha. Decidiu então não mais voltar ao Olimpo, a morada dos deuses, e renunciou às suas
funções divinas até que a filha lhe fosse devolvida.
A terra foi ficando estéril e os homens com fome, pois as culturas secaram e morreram.
Tudo era devastação e abandono. Então Zeus, responsável pela ordem no mundo,
preocupado com a calamidade causada por Deméter, ordenou a Hades que devolvesse
Perséfone. A jovem, porém, por fome ou instigada por Hades, comera já um bago de romã no
mundo das sombras e esse pequeno gesto ligara-a para sempre ao reino do marido.
Teve então de se chegar a uma solução de compromisso e a um acordo: Perséfone passaria
metade do ano com a mãe, no Olimpo, e a outra metade com o marido, no mundo dos infernos.
Assim, quando Deméter tem a filha ao pé de si, está feliz e a natureza floresce: é o tempo
da primavera e do verão. Mas quando Perséfone tem de regressar para junto de Hades,
Deméter mergulha de novo na maior tristeza: começa então o outono, vem depois o inverno
e a desolação na natureza. E é essa a causa do ciclo das quatro estações.
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Anexo IV.II -Slides
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Anexo IV.II – Exercícios
1) Você sabe o que é um mito?
2) Explique com suas palavras por que o conteúdo temático do gênero mito se torna
essencial para que ocorram as tramas durante a narrativa.
3) O mito tentava explicar fatos que a ciência não conseguia, o que na época era
muito importante. Hoje em dia, se estes mitos fossem contados à população, você
acha que seu alcance seria tão grande como era naqueles povos? Explique de
que forma a ciência se sobressai aos mitos atualmente.
4) Muitos mitos eram criados a fim de explicar inúmeros fenômenos da natureza.
Escolha um destes fenômenos e invente um mito que o explique.
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Respostas (destinado ao professor).
1) Mitos são narrativas que foram criadas por diferentes povos para responder a
diversas perguntas que surgiam acerca de diferentes assuntos. Para tanto,
misturavam fatos reais aos imaginários, com humanos e deuses como protagonistas
das histórias.
2) Pois as narrativas giram em torno do dilema humano x divino, o que torna as
representações e as batalhas conflituosas, já que sempre ocorre esta inversão do
imortal e das relações mantidas entre deuses e humanos.
3) Analisar as respostas individuais dos alunos, levando em consideração o fato de
atualmente a ciência ter mais prestígio devido ao fato de conseguir comprovar suas
teorias, o que não acaba ocorrendo nos mitos.
4) Resposta individual do aluno.
Anexo IV.III – Dinâmica
• Agora é a sua vez de jogar: conte uma história à sua turma que tenha ocorrido
com você, mas de forma atemporal. Misture os acontecimentos, e deixe-os
adivinharem qual a ordem dos fatos. Pode ser uma história de quando você era
criança, ou até mesmo uma cena que você tenha presenciado. O importante é misturar
os acontecimentos de forma com que seus colegas possam analisar os fatos e
desvendar qual a ordem da história contada.
M4. ANÁLISE LINGUÍSTICA
ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS:
O módulo a seguir pretende trabalhar com dois conteúdos linguísticos e centrais
para a compreensão do gênero: campo associativo e da personificação.
Para a primeira atividade, os alunos receberão uma cópia do mito da Medusa
com perguntas. Sugerimos que alunos e professor leiam em conjunto e discutam o
texto no campo da interpretação (é possível perguntar aos alunos previamente sobre
a existência do mito e o que se sabe sobre ele). Na sequência, os alunos poderão ser
divididos em trios para realizar as questões que seguem o texto. Já para a segunda
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atividade, sugerimos que o professor desenhe no quadro uma nuvem que forme o
espaço no qual os alunos colarão palavras pertencentes ao campo associativo do mito
de Ares. As palavras deverão estar previamente separadas e recortadas em folhas
(em tamanho consideravelmente grande), para que os alunos possam escolher as que
realmente fazem parte desse campo e merecem ser levadas até o quadro. Ao final da
dinâmica, poderá ser discutido o valor de cada palavra, bem como relembrar a
importância dos adjetivos nos mitos, como visto no segundo módulo dessa sequência.
Nesse módulo, espera-se que os aprendizes entendam o que é um campo
associativo e como identificá-lo ao ler um exemplar do gênero. Além disso, a
personificação tem também valor essencial para a produção do mito, por isso a
atividade consistirá no objetivo de que os alunos compreendam a importância da
personificação dentro dos mitos, já que em sua maioria todos possuem características
de seres inanimados destinados aos deuses. Primeiramente os alunos terão contato
com o mito de Poseidon, o qual farão a leitura em conjunto para em seguida refletirem
acerca das palavras que se encontram sublinhadas no texto. Por que tais
características são descritas como essenciais a estes deuses? As atividades são
dirigidas a compreensão e trabalho em equipe dos alunos.
ANEXO V.I
Medusa
Por Ana Lucia Santana
Da união das divindades marinhas Fórcis - conhecido como o ‘Grisalho’,
habitante da parte remota do Ocidente - e Ceto nasceram as Gréias – criaturas
detentoras de um único olho e de um só dente, dividido entre elas – e as três
Górgonas, deusas gregas de intensa beleza. Eram elas Esteno, ‘a forte’, Euríale, ‘a
que corre o mundo’, e Medusa, ‘a ladina’, das quais somente esta era mortal.
Suas faces detinham extrema formosura, os corpos eram esbeltos, e elas
portavam delicadas asas douradas dobradas sobre os ombros. Não por acaso
Poseidon, deus do Mar, se encantou com Medusa ao encontrá-la envolta por flores
primaveris. Ambos se encontravam e namoravam em um templo dedicado a Atena,
despertando a fúria desta deusa, a qual decide punir as Górgonas, transmutando-as
em terríveis e monstruosas criaturas. Seus cabelos são substituídos por serpentes
com presas afiadas, suas mãos agora são de bronze, a pele é semelhante a de um
lagarto, a língua rodeada por presas de javali, e seus olhos adquirem o poder de
petrificar quem os mire. Medusa é a mais pavorosa.
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Temidas pelos mortais e pelos deuses, elas se refugiam na terra paterna,
tornando-se vizinhas do reino noturno, governado por Nix, a divindade da Noite. São
protegidas pelas irmãs mais velhas, as Gréias. Na caverna habitada por elas era
comum encontrar seres vivos convertidos em pedra, por terem ousado olhar para elas.
Elas são vistas como entidades responsáveis pela proteção do limiar dos mistérios
ancestrais. Alguns estudiosos acreditam que as antigas sacerdotisas utilizavam
máscaras de Górgonas para distanciarem de si os não iniciados em seus segredos.
O herói Perseu é uma figura posteriormente inserida pela mitologia grega. Ele
recebe a tarefa de matar Medusa, com o objetivo de entregar ao rei Polidete sua
cabeça, para que este a presenteie ao rei de Pisa, Énomao, que assim lhe concederá
a mão de sua filha, Hipodâmia. [...]
Quando a cabeça da Medusa é cortada, nascem de seu pescoço Pégaso, o
cavalo alado, e Crisaor, filhos de Poseidon. O sangue da deusa é presenteado a
Esculápio, divindade portadora do dom da cura, fundador da Medicina, o que revela o
poder igualmente positivo e curador da Górgona, não apenas destrutivo; isto lhe
confere um certo equilíbrio. Perseu faz da cabeça de Medusa uma arma, derrota assim
o gigante titã que o ameaça, e imobiliza o rei Polidete e sua corte, entregando a
cabeça monstruosa para Atena, que a transforma em tótem, o qual a protege contra
seus adversários e contra toda maldade.
Fonte: <https://www.infoescola.com/mitologia-grega/mito-medusa/> Acesso em: 12
setembro 2019
O campo associativo é o conjunto de palavras agrupadas a partir de um termochave, segundo uma lógica de associação de sentido. Num campo associativo,
realizam-se laços associativos entre as palavras consideradas nesse campo.
1. Identifique as palavras mais importantes no mito da Medusa, ou seja, aquelas que
são necessárias na compreensão da história e estão diretamente relacionadas à
Medusa;
2. Marque as palavras encontradas com lápis de cor colorido;
3. Justifique o motivo pelo qual tais palavras fazem parte do campo associativo.
Respostas (destinado ao professor).
1) Terríveis; monstruosas; serpentes; presas; mãos de bronze; petrificar; pedra.
2) Marcação das palavras.
3) Pois todas palavras encontradas podem ser agrupadas como adjetivos que
caracterizam a aparência física de Medusa, relacionando-se a características físicas
e atribuições pertencentes a figura mitológica.
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Ares
Por Fernanda Lima
Ares era o deus grego das guerras, da guerra selvagem com sede de sangue,
conhecido também em Roma como Marte, filho de Zeus e Hera, de quem herdou o
mal gênio da mãe e a força do pai. Pertence a geração dos grandes doze deuses do
Olimpo. Ares era guerreiro, gostava muito de guerras, batalhas e brigas, era muito
violento, sanguinário, pelo contrário de muitos ele só encontrava sua paz, em suas
lutas e batalhas. Era ele quem governava a cidade de Esparta. Em suas lutas sua
chegada era anunciada com gritos que causavam pânico nas pessoas.
Ares com sua fama era detestado pelos deuses, até seu pai Zeus não gostava
dele. Embora Ares gostasse muitas das guerras e batalhas, não era invencível, perdeu
muitas vezes. Tem como sua principal rival a deusa Atena que era a deusa das
guerras estratégicas, ao contrário de Ares que gostava mesmo de sangue. Atena o
derrotou muitas vezes. Ares em suas guerras usava capacete, lança, escudo e uma
couraça, também usava uma carroça puxada por quatro cavalos que soltavam fogos
pelas narinas.
Fonte: <https://www.infoescola.com/mitologia-grega/ares/> Acesso em: 12
setembro 2019
Materiais:
Palavras pertencentes ao campo associativo:
GUERRAS
FAMA
GÊNIO
ESCUDO
VIOLENTO
DERROTOU
BRIGAS
FORÇA
DETESTADO
LANÇA
BATALHAS
MAL
PÂNICO
SELVAGEM
GUERREIRO
Palavras que estão no texto, mas não pertencem ao campo associativo, mas que
podem estar misturadas às demais palavras:
CIDADE
PAI
CAVALOS
MÃE
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Após os alunos terem realizado esta parte de exercícios sobre os adjetivos, seguirse-á adiante com o estudo do campo da personificação. Primeiramente, os alunos irão
ler em conjunto um texto, para então realizar as atividades que seguem.
1) Agora que você já conhece a história dos deuses, leia a seguir um pouco mais
sobre Poseidon e após responda as atividades que seguem.
Estátua de Poseidon. Foto: Yutthaphong / Shutterstock.com
Poseidon, também conhecido como Netuno para os romanos, era o grande
rei dos mares, um homem muito forte, com barbas e sempre representado com seu
tridente na mão e ás vezes com um golfinho. Era filho de Cronos, deus do tempo, e
da deusa da fertilidade Réia. Sua casa era no fundo do mar e com seu tridente
causava maremotos, tremores, além de fazer brotar água do solo.
Poseidon era casado com Anfitrite. Quando se conheceram Poseidon se
apaixonou por ela, mas Anfitrite o recusou e Poseidon a obrigou casar-se com ele,
porém, ela para não casar, se escondeu nas profundezas do oceano, só sua mãe
sabia onde ela estava. Mas com o tempo Anfitrite mudou de ideia e foi atrás de
Poseidon com quem se casou e ficou sendo a rainha do oceano. Com ela teve um
filho chamado Tritão que aterrorizava os marinheiros com um barulho espantoso que
ele fazia quando soprava o búzio, um instrumento, mas também com ele fazia sons
maravilhosos. Entretanto, na sua vida Poseidon teve muitos outros amores e fora de
seu casamento teve mais filhos que ficaram muito conhecidos por sua crueldade, os
dois que mais conhecidos foram o Ciclope e o gigante Orion. Poseidon disputou
com Atena, a deusa da sabedoria, para ser a deidade da cidade hoje conhecida
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como Atenas, porém Atena ganhou a competição e a cidade ficou conhecida com o
seu nome.
Na história da Guerra de Tróia, Poseidon e Apolo ajudaram o rei na construção
dos muros daquela cidade e a eles foi prometida uma recompensa, porém tinham
sidos enganados, pois o rei não os recompensou. Foi então que Poseidon muito
enfurecido se vingou de Tróia e enviou um monstro do mar que saqueou toda a terra
de Tróia e durante a guerra ele ajudou os gregos.
Poseidon é também o pai de Pégaso, um cavalo alado gerado por Medusa, por
esse motivo sempre esteve muito ligado aos cavalos e foi o primeiro a colocar cavalos
na região. Outro caso de amor muito conhecido de Poseidon foi com sua
irmã Demeter, ele a perseguiu e ela para evitá-lo se transformou em égua, porém ele
se transformou em um garanhão e com ela teve um encantador cavalo, Arion.
Poseidon era um deus muito importante e celebravam em sua honra os Jogos
místicos, constituídos de competições atléticas e também de músicas e poesias,
realizados de dois em dois anos.
Fonte: <https://www.infoescola.com/mitologia-grega/poseidon/> Acesso em: 27 de
setembro de 2019.
•
Depois de ter lido o texto em conjunto com seus colegas, reflita: as palavras
que estão sublinhadas, são características que pertencem a natureza. Por que
tais características são associadas aos deuses?
Resposta (destinado ao professor).
Como tais narrativas eram criadas pelos povos, e propagadas por eles, eram
inseridos nas histórias fatos reais, o que explica a presença de tais características
pertencentes a natureza. Eram fatos da vida cotidiana daqueles povos, que
misturados aos fatos fictícios, compunham as narrativas do gênero mitológico.
1) Leia o boxe a seguir.
A personificação, também chamada de prosopopeia ou animismo, é uma
figura de linguagem, mais precisamente, uma figura de pensamento muito
utilizada nos textos literários.
Ela está diretamente relacionada com o significado (campo semântico) das
palavras e corresponde ao efeito de “personificar”, ou seja, dar vida aos seres
inanimados.
A personificação é utilizada para atribuir sensações, sentimentos,
comportamentos, características e/ou qualidades essencialmente humanas (seres
animados) aos objetos inanimados ou seres irracionais.
1) Releia os textos disponíveis na biblioteca de mitos e encontre as
personificações presentes.
2) Em sua opinião, por que os deuses e semi-deuses foram “abençoados”, em
sua maioria, com características da natureza?
3) Agora é sua vez: escolha uma sensação, um sentimento, ou ainda uma
característica de algum ser inanimado que você considere legal/divertido e
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descreva como esta característica poderia pertencer a algum deus (invente
algum que ainda não exista).
Respostas (destinado ao professor).
1) Descrever as características encontradas que se associam aos deuses mas
pertencem a natureza.
2) Pois estas características o tornam seres superiores aos humanos.
3) Resposta individual.
ANEXO V.II
•
Hora da gincana: serão distribuídos aos grupos (os mesmos da atividade
anterior) as imagens de vários deuses, sendo que cada grupo ficará
responsável por distinguir qual o nome da característica inanimada que melhor
descreve cada deus. Ganha o grupo que terminar primeiro todas cartas.
TROVAO
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M5 – PESQUISA
ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS:
Este módulo prioriza o estudo e pesquisa dos mitos sob diversas origens. Para
fomentar os alunos a buscar textos do gênero, foram desenvolvidas estratégias que
esperam garantir que o aluno se sinta motivado a ler para além da sala de aula. Para
isso, neste módulo serão abordadas as mitologias grega, nórdica e egípcia.
Primeiramente, o professor poderá perguntar aos alunos quais os diferentes
tipos de mitologias existentes, quais mitos são conhecidos por eles e quem são os
personagens mais associados às respectivas mitologias. Em seguida, os alunos
receberão uma folha contendo informações com as principais características e
diferenças entre os tipos de mitos de acordo com sua mitologia que poderá ser lida e
discutida entre educador e aprendizes. Na sequência, a turma será dividida em 3
grandes grupos que receberão uma imagem, essa imagem representará a mitologia
a ser descoberta pelos alunos por meio de pesquisa, ou seja, cada grupo deverá, em
casa, recolher no mínimo 3 mitos pertencentes à mitologia indicada, e trazer para
próxima aula os textos lidos e impressos.
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Na aula seguinte, os grupos deverão ler um dos mitos selecionados para a
turma. Após a leitura, o educador poderá guiar uma conversa sobre a real diferença
entre os mitos em relação aos temas, apresentação dos personagens, cenários e
demais características observadas. Na sequência, o professor poderá recolher todos
os textos trazidos e formar uma coletânea de mitologias da turma.
ANEXO VI.I
MITOLOGIA GREGA:
Tão famosa que para muitos é conhecida apenas por “mitologia”, refere-se ao
conjunto de mitos e ensinamentos que são provenientes da Grécia Antiga, que contam
histórias sobre seus deuses e também sobre seus heróis.
A mitologia grega também é um relato sobre a criação, com especial destaque
para a participação dos deuses, que são simplesmente alguns dos mais famosos de
todos, com nomes como Zeus, Afrodite, Poseidon, Hermes e Apolo, por exemplo.
MITOLOGIA NÓRDICA:
O conjunto de mitos e lendas pertinentes aos povos do norte da Europa recebeu
o nome de mitologia nórdica, que também é muito conhecida das pessoas nos dias
de hoje, especialmente por conta da presença de deuses importantes como Odin e
Thor.
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O mais curioso é que, para muitos, a mitologia nórdica se refere apenas aos
mitos vikings de locais onde hoje estão países como a Suécia, a Noruega, a Islândia,
a Finlândia e a Dinamarca. No entanto, também fazem parte do que se entende por
mitologia nórdica os mitos germânicos.
Fonte:<https://www.colegioweb.com.br/wp-content/uploads/2015/03/5-mitologiasmais-famosas-do-mundo.jpg> Acesso em: 22 de setembro 2019.
MITOLOGIA EGÍPCIA:
A história egípcia é a coleção dos mitos do antigo Egito, que descreve as ações
dos deuses egípcios como uma forma de compreender o cosmos.
O mundo mitológico dos egípcios era tido como uma verdade absoluta,
expressada em todos os cantos e paredes por meio dos hieróglifos (escrita baseada
em símbolos). Por meio dessa escrita, os egípcios traduziam o seu dia a dia. Muitas
histórias e uma mistura de flores, corpos de animais e humanos e deuses com várias
personalidades
ANEXO VI.II
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REFERÊNCIAS
BRANCO, A. M. V. A mitologia grega, uma concepção genial produzida pela
humanidade: os condicionalismos religiosos e históricos na civilização
helénica. Spectrum, s.d.
BRONCKART, Jean Paul. Atividade de Linguagem, textos e discursos. Por um
interacionismo
sócio-discursivo.
São
Paulo:
EDU,
1999.
Disponível
em
51
<http://www.3unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/cd/port/84.pdf.> Acesso em: 28
out. 2019.
Dicionário Online de Português. Disponível em: < https://www.dicio.com.br/>
Acesso em 12 de outubro de 2019.
MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais, mídia e ensino de língua. São Paulo: Cortez,
2002.
Gerador de cruzadinhas. Disponível em:
<https://nicecross.herokuapp.com/app/#/Crossword/5da3976bddb6780058bf8f90>
Acesso em 12 de outubro de 2019.
Mito ou Lenda. Disponível em: <https://www.infoescola.com/redacao/mito-ou-lenda/>
Acesso em 12 de outubro de 2019.
GARCIA, I. C. M.; VIGNOLI, J. C. S. Mitologia: possibilidades de inserção no
ensino de Língua Portuguesa. Os desafios da escola pública paranaense na
perspectiva do professor PDE. Versão online, cadernos PDE, 2014.
Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:
terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa. Secretaria de
Educação Fundamental. Brasília: MEC/SE, 1998.
http://arquivopessoa.net/textos/1274
https://www.tecmundo.com.br/video-game-e-jogos/243-o-que-e-rpg-.htm
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