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2009
9
FERNANDO PEDRO DIAS
APROVEITAMENTO DE VÍSCERAS DE TILÁPIA
PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL
Dissertação submetida à Coordenação do Curso de
Pós-Graduaçao
em
Engenharia
Cívil,
da
Universidade Federal do Ceará, como requesito
parcial para obtenção de titulo de Mestre em
Engenharia Cívil.
Área de concentração: Saneamento Ambiental.
Orientadora: Profª. Drª.
Marisete Dantas de Aquino
Co-Orientador: Prof. Dr.
Ronaldo Ferreira do Nascimento
FORTALEZA
2009
FERNANDO PEDRO DIAS
APROVEITAMENTO DE VÍSCERAS DE TILÁPIA
PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL
Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduaçao em Engenharia Cívil, da
Universidade Federal do Ceará, como requesito parcial para obtenção de titulo de Mestre em
Engenharia Cívil.
Área de concentração: Saneamento Ambiental.
Aprovado em 09/10/2009
DEDICATÓRIA
Ao meu Filho Laércio Fernando Monteiro Dias
A minha Mãe Segunda Té
Ao meu Pai Pedro Chiquinho Dias
A Mãe do meu filho Matu Monteiro
AGRADECIMENTOS
Ao nosso Senhor Deus pela saúde, coragem, força, animo, alegria e infinita sabedoria, esforço
e bondade de me proporcionar esta oportunidade e cuidar da minha familia em Bissau.
Aos meus familiares pela força e ajuda nos últimos 8 anos de distanciamento.
A minha Profª e Orientadora Marisete Dantas de Aquino, por me aceitar como orientando e
por ter disponibilizado o seu tempo para me orientar e pelas conversas de incentivo.
Ao meu Prof. e Co-Orientador Ronaldo Ferreira do Nascimento, por me aceitar como
orientando, por me ajudar a vencer os obstáculos nos experimentos e pelas conversas de
incentivos e conselhos para dedicar aos estudos.
Ao CNPQ pela bolsa de estudo concedido.
Ao NUTEC, pela infraestrutura laboratórial e material disponibilizado para realização deste
trabalho e outros.
Aos meus amigos/as colegas africanos e da Guiné-Bissau, Prof. Dr. Abdul, Willy, Pacheco,
Mussa Djassi, Abulai Cassama, Braima Dabó, Caibará Injai, Egberto Leonel Gomes da Silva,
Marcos Manuel Fanda, Benjamim da Silva Sanca, Nino Júlio Nhamca, Geny Gil Sá, Fátima
Mané, Edwige, Domingas, Juelma Celestino Lahabai Sá, Agnelo Pinto, Jus Fernandes,
Futsau, entre outros, pela força e encorajamento.
Aos meus colegas e amigos de Fortaleza-Ceará-Brasil (NUTEC, UFC, GPSA e outros) nas
pessoas de Francisco Francielle dos Santos, Rômulo Farias Almeida, Maria Aparecida,
Danielle, Anne Kamily, Diva, Leonardo, Énio Costa, Francisco Murilo, Mônica, Carolina,
Milene, Solange, Olga, Marcelo Parente, Rosinaldo, Pablo, Arquimedes, João, Francisco de
Assis, Mario Bastos, Ana Paula, Sandra, Estélio Menezes, Geovana, Geovana Menezes,
Messias, pela amizade e coleguismo.
Agradeço em especial a Érika Sampaio, por me ceder os seus livros e materiais de consulta de
análises laboratorial, pelos incentivos e conselhos em me dedicar aos estudos, por
disponibilizar a me ajudar a conseguir a casa onde resido altualmente e pela amizade e
compreensão.
A Jeruza Feitosa, por me ceder os seus livros e também por disponibilizar o seu tempo em
várias ocasiões para me atender e ajudar a solucionar os meus problemas.
Ao Jackson de Queiroz Malveira por me acolher e ceder o Laboratório de Referência em
Biocombustíveis – Larbio/NUTEC, para estágio supervisionado e desenvolvimente desde
trabalho de mestrado e outros.
Agradeço a Ana Luisa Maia, por nao excitar em assinar a solicitação de uso do Larbio, para o
desenvolvimento deste trabalho, pelas carronas, pela confiança em mim depósitadas ao longo
do tempo de estágio supervisionado e realização deste trabalho, pela amizada e compreensão.
Agradeço ainda aos colegas de curso de mestrado e os doutorando como: Eliezer, Wagner,
Ary e em especial a Elizangela e Neiliane por disponibilizarem os seus tempos e
conhecimentos para me auxiliar nas análises de cromatografia gasosa.
A Profª. Diana Azevedo, pela atenção, estimulo, carinho e apoio concedido ao longo da minha
estádia no Brasil e pela prontidão em ajudar a solucionar os meus problemas academicos.
Ao Prof. Célio Loureiro Cavalcante, pelo acolhemento no grupo GPSA, pelos incentivos ao
crescimento profissional, pela atenção e ajuda na realização de alguns ensaios para
viabilização deste trabalho.
Ao Prof. Eurico Belo, Prof. André Bezerra e aos professores do do curso de pós-graduação
em Recursos Hidricos e Saneamento Ambiental da UFC, pelos incentivos, atenção e
principalmente aos ensinamentos.
Ao Manuel Casqueiras e a esposa Girlane pelo acolhemento na sua residência, pelas
conversas de incentivos e conselhos, por me fazer sentir em casa com os meus familiares.
A Islânia Castro, Bibliotecaria da Biblioteca Central da UFC, pela ajuda na correção de
referências bibliográficas e pela atenção disponibilizada.
Ao pessoal da Coordenação do Curso de Pós-Graduação e Graduação em Recursos Hidricos e
Saneamento Ambiental: Junior, Shirley, Erivelton e Xavier pela atenção e ajudas a mim
concedidos durante o curso de mestrado.
Ao povo brasileiro-cearense-fortalezense, pelo acolhemento e hospitalidade nos anos da
minha estadia no Brasil. Em especial por me tornar um profissional diplomado, com sonhos e
metas ainda por conquistar. Mas sinto grato pela oportunidade de receber de uma pátria
acolhedora uma vasta oportunidade de se tornar um vencedor.
“Os países mais vulneráveis são menos capazes de
se protegerem. Também contribuem menos para as
emissões globais de gases de efeito estufa.
Sem qualquer ação, irão pagar um preço elevado
pelas ações dos outros.”
Kofi Annan
RESUMO
Estimular o consumo de energias alternativas se traduz num incontestável fator para o
desenvolvimento responsável das nações, objetivando principalmente a preservação e a
conservação do meio ambiente, bem como, as reduções das alterações climáticas atuais e
futuras. A indústria de biodiesel representa uma boa opção de mercado para aproveitamento
do óleo extraído a partir dos resíduos gerados pela indústria de beneficiamento de peixe.
Foram coletadas e extraídas o óleo de vísceras de tilápia e deste foram produzidos os biodiesel
metílico e etílico utilizando a reação de transesterificação alcalina com NaOH. A extração a
quente indireto mostrou-se satisfatório nas condições de: 70 à 80ºC, pressão atmosferica,
agitação mecânica constante e 45 minutos. O rendimento médio do processo de extração de
óleo foi de 50,3 ± 3,3% em relação a massa das vísceras e o rendimento de biodiesel obtido
em ambas rotas (etílica e metílica) foram de 89,5±0,32% e 96,9±0,17% respectivamente. Os
parâmetros de especificação do biodiesel determinados encontram-se dentro dos limites
exigidos pela ANP. O fracionamento de óleo/gordura de tilápia resultou em duas frações
distintas com seguintes percentagens: 35,12 ± 0,29% de fração sólida (estearina) e 64,35 ±
0,02 % de fração líquida (oleina). Os ácidos graxos do óleo de vísceras de tilápia foram
quantificados utilizando a técnica de cromatografia gasoso através dos etil e metil ésteres de
ácidos graxos do biodiesel. Os ácidos graxos identificados e quantificados foram: 37,2% de
ácido oléico, 12,2% de ácido linoléico, 4,89% de ácido palmitoleico, 1,79% de ácido
linolênico e os saturados com 28,6% de ácido palmítico, 5,76% de ácido esteárico, 3,57% de
ácido mirístico em quantidade majoritário.
PALAVRAS –CHAVES: Biodiesel, transesterificação, óleo de vísceras de talápia,
cormatografia gasosa.
ABSTRACT
Stimulate the consumption of alternative energy translates into an undeniable factor in the
development of responsible nations, aiming primarily to preserve and conserve the
environment as well as the reductions of climate change the presents and futures. The
biodiesel industry is a good option for market exploitation of oil extracted from the waste
generated by industry of fish. Were collected and extracted oil from the offal of tilapia and
this has been produced biodiesel using ethyl alcohol and the methyl alcohol transesterification
reaction with NaOH. The extraction of hot indirect (cooking) was satisfactory conditions: 70
to 80ºC, atmospheric pressure, constant mechanical agitation and 45 minutes. The average
yield of the extraction process of oil was 50, 3 ± 3,3% over the mass of the offal and the yield
of biodiesel produced in both routes (ethanol and methanol) were 89,5 ± 0,3% and 96,9 ±
0,2% respectively. The parameters of certain biodiesel specification are within the limits
required by the ANP. Fractionation of oil / fat tilapia resulted in two distinct fractions with the
following percentages: 35,1 ± 0,3% of solid fraction (stearin) and 64,4 ± 0,0% of liquid
fraction (olein). The fatty oil offal of tilapia were quantified using gas chromatography
through the ethyl and methyl ester of fatty acids from biodiesel. The oil from fish offal of
tilapia consists of the following fatty acids: 37,2% of oleic acid, 12,2% linoleic acid, 4,89% of
palmitoleic acid, 1,79% linolenic acid and saturated with 28, 6% palmitic acid, 5,76% stearic
acid, 3,57% of myristic acid in quantity majority.
KEYWORDS: Biodiesel, transesterification, offal oil of tilapia, gas chromatography
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1– Foto de órgãos internos de tilápia (vísceras)---------------------------------------- 30
Figura 2 - Reação genérica de transesterificação----------------------------------------------- 35
Figura 3 - Configuração química de triglicerídeos e glicerol--------------------------------- 40
Figura 4 - Fluxograma de evisceração de tilápia-----------------------------------------------
45
Figura 5- Fluxograma extração de Óleo de Vísceras de Tilápia------------------------------ 46
Figura 6- Fluxograma de pré-tratamento de óleo de vísceras de tilápia--------------------- 49
Figura 7 - Viscosímetro Capilar Cannon-Fenske----------------------------------------------- 54
Figura 8 - Fluxograma de produção de biodiesel ---------------------------------------------- 63
Figura 9 - Reação de Transesterificação -------------------------------------------------------- 64
Figura 10 - Fluxograma de lavagens (purificação) de biodiesel----------------------------- 66
Figura 11- Separação de fases oleosa e borra após o processo de cocção ----------------- 71
Figura 12 - Foto do óleo das vísceras de tilápia antes e depois de pré-tratamento -------
73
Figura 13 - Foto de óleo/gordura de vísceras de tilápia antes e depois do fracionamento 76
Figura 14 - Separação de fase éster e fase glicerina após a reação -------------------------
77
Figura 15- Separação de fases éster (biodiesel) e aquosa após as lavagens --------------- 80
Figura 16 - Cromatograma dos padrões multielementar dos ácidos graxos
utilizados na
construção das curvas de calibração ---------------------------
94
Figura 17 - Cromatograma de biodiesel metílico de óleo de vísceras de tilápia------------ 96
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Matriz Energetica Brasileira, 2008 -------------------------------------------------- 19
Gráfico 2 – Matriz de Combustíveis Veiculares do Brasil, 2008 ----------------------------- 20
Gráfico 3 – Potencial de oferta de biodiesel de vários insumos 2008 – 2217---------------
21
Gráfico 4 – Produção mundial de peixe, 2006---------------------------------------------------- 27
Gráfico 5 – Resultados de variação de índice de acidez com o tempo de armazenamento - 70
Gráfico 6 - Efeito da razão molar MeOH/Óleo --------------------------------------------------
83
Gráfico 7 - Efeito da Percentagem do Catalisador (NaOH)------------------------------------- 85
Gráfico 8 - Efeito do tempo de reação ------------------------------------------------------------- 87
Gráfico 9 - Efeito da razão molar EtOH/Óleo ---------------------------------------------------- 88
Gráfico 10 - Efeito da percentagem de catalisador (NaOH)------------------------------------
89
Gráfico 11 - Efeito de tempo de reação -----------------------------------------------------------
90
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 – Produção da Piscicultura brasileira, por espécie em 2007--------------------
28
Tabela 2 – Produção de Tilápia por Estado Brasileiro, 2007 ------------------------------
29
Tabela 3 – Principais oleaginosas vegetais e seus respectivos % de óleo ---------------
36
Tabela 4 – Ácidos graxos saturados e as suas principais características -----------------
38
Tabela 5 – Ácidos graxos insaturados mais importantes -----------------------------------
39
Tabela 6 – Condições reacionais de produção de biodiesel metílico ---------------------
61
Tabela 7 – Condições reacionais de produção de biodiesel etílico -----------------------
62
Tabela 8 – Padrões cromatográficos de ácidos graxos e sua pureza ------------------------ 67
Tabela 9 – Resultados de processo de extração do óleo de víscera de tilápia ------------- 69
Tabela 10- Resultados de Características físico-químicas de óleo de vísceras de tilápia 74
Tabela 11 – Resultados da reação de produção de biodiesel metílico ---------------------- 78
Tabela 12 – Resultados da reação de produção de biodiesel etílico ------------------------ 79
Tabela 13 – Resultados das lavagens de biodiesel metílico do óleo de vísceras de
tilápia --------------------------------------------------------------------------------- 81
Tabela 14 – Resultados das lavagens de biodiesel etílico do óleo de vísceras de tilápia 82
Tabela 15 – Resultados de características físico-químicas de biodiesel metílico e
etílico de vísceras de tilápia ------------------------------------------------------
92
Tabela 16 – Resultados da composição em ácidos graxos de óleo de vísceras de tilápia 95
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BVT – Biodiesel de Vísceras de Tilápia
BEVT – Biodiesel Etílico de Vísceras de Tilápia
BMVT – Biodiesel Metílico de Vísceras de Tilápia
BX – Mistura de diesel fóssil e biodiesel
B2 – Mistura de 98% de diesel fóssil e 2% de biodiesel
B3 – Mistura de 97% de diesel fóssil e 3% de biodiesel
B5 – Mistura de 95% de diesel fóssil e 5% de biodiesel
CG – Cromatografia Gasosa
EtOH – Etanol
g – gramas
H2SO4 – Ácido Sulfúrico
KOH – Hidróxido de Potássio
MeOH – Metanol
mL – mililitro
mol – moles
NaOH – Hidróxido de Sódio
HCl – Ácido Clorídrico
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ----------------------------------------------------------------------------------2 OBJETIVOS ----------------------------------------------------------------------------------2.1 Obejtivos Gerais ---------------------------------------------------------------------------------2.2 Objetivos Específicos -------------------------------------------------------------------------3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ---------------------------------------------------------------3.1 A Energia e sua Importância -------------------------------------------------------------3.2 Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) -----------------------3.3 Selo Combustível Social ------------------------------------------------------------------3.4 Programa Cearense de Biodiesel ------------------------------------------------------3.5 Vantagens e Desvantagens de Uso de Biodiesel --------------------------------------3.6 Produção de Peixe --------------------------------------------------------------------------3.7 Aproveitamento Industrial de Resíduos de Pescado -----------------------------------3.8 Métodos de extração de lipídios ----------------------------------------------------------3.8.1 Método a quente indireto -------------------------------------------------------------3.8.2 Método a quente direto ----------------------------------------------------------------3.8.3 Método de extração por solvente ----------------------------------------------------3.9 Pré-Tratamento de Óleos e Gorduras ---------------------------------------------------3.9.1 Refinação de Óleos e Gorduras ------------------------------------------------------3.9.1.1 Degomagem ------------------------------------------------------------------------3.9.1.2 Neutralização ----------------------------------------------------------------------3.9.1.3 Branqueamento --------------------------------------------------------------------3.9.1.4 Desodorização ---------------------------------------------------------------------3.10 Winterização ou Fracionamento -------------------------------------------------------3.11 Produção de Biodiesel --------------------------------------------------------------------3.11.1 As Matérias-Primas para Obtenção de Biodiesel: Óleos e Gorduras ----------3.11.2 Composição Química de Óleos e Gorduras --- -----------------------------------3.11.3 Insumos: Álcool Metílico e Etílico ---------------------------------------------------3.11.4 Catalisadores -------------------------------------------------------------------------3.12 Processo de Obtenção de Biodiesel -----------------------------------------------------3.13 Especificações do Biodiesel -------------------------------------------------------------4. METODOLOGIA -------------------------------------------------------------------------------4.1 Coleta e Armazenamento de Vísceras ---------------------------------------------------4.2 Extração de Óleo de Vísceras de Tilápia -----------------------------------------------4.3 Pré-Tratamento de Óleo das Vísceras de Tilápia --------------------------------------4.3.1 Degomagem -------------------------------------------------------------------------------4.3.2 Neutralização -----------------------------------------------------------------------------4.3.3 Lavagem -----------------------------------------------------------------------------------4.3.4 Desumificação ----------------------------------------------------------------------------4.3.5 Desodorização e Branqueamento ------------------------------------------------------4.3.6 Filtração -----------------------------------------------------------------------------------4.4 Fracionamento/Winterização de Óleo de Vísceras de Tilápia -----------------------
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4.5 Caracterização Físico-Química de Óleo/Gordura e Biodiesel -----------------------4.5.1 Índices Acidez --------------------------------------------------------------------------4.5.2 Índice de Peróxido ---------------------------------------------------------------------4.5.3 Índice de Saponificação ---------------------------------------------------------------4.5.4 Viscosidade -----------------------------------------------------------------------------4.5.5 Densidade -------------------------------------------------------------------------------4.5.6 Índice de Refração ---------------------------------------------------------------------4.5.7 Determinação de Umidade e Material Volátil -------------------------------------4.5.8 Glicerina Livre e Combinada---------------------------------------------------------4.5.9 Alcalinidade Livre e Combinada -----------------------------------------------------4.5.10 Ponto de Fulgor -----------------------------------------------------------------------4.5.11 Índice de Iodo -------------------------------------------------------------------------4.6 Produção de Biodiesel ---------------------------------------------------------------------4.6.1 Produção de Biodiesel Etílico e Metílico de Óleo de Vísceras -----------------4.6.1.1 Rota Metílica -------------------------------------------------------------------------4.6.1.2 Rota Etílica ----------------------------------------------------------------------------4.7 Purificação/Lavagem do Biodiesel ------------------------------------------------------4.8 Análise cromatografia Gasoso – CG/FID ----------------------------------------------5. RESULTADOS E DISCUSSÃO -------------------------------------------------------------5.1 Condições de coleta, armazenamento e tempo de extração de óleo
de vísceras de tilápia -----------------------------------------------------------------------5.2 Rendimento do Processo de Extração de Óleo de Vísceras de Tilápia -----------5.3 Pré-tratamento de Óleo de Vísceras de Tilápia ---------------------------------------5.4 Caracterização Físico-Química do Óleo/Gordura de Vísceras de Tilápia --------5.5 Fracionamento ou Winterização de Óleo/Gordura -----------------------------------5.6 Reação de Transesterificação ------------------------------------------------------------5.7 Purificação de Biodiesel em ambas rotas ----------------------------------------------5.8 Obtenção do Biodiesel Final -------------------------------------------------------------5.9 Rota Metílica --------------------------------------------------------------------------------5.9.1 Efeito da Razão Molar Metanol/Óleo -----------------------------------------------5.9.2 Efeito da Percentagem do Catalisador (NaOH) -----------------------------------5.9.3 Efeito de Tempo de Reação -----------------------------------------------------------5.10 Rota Etílica ---------------------------------------------------------------------------------5.10.1 Efeito da Razão Molar Etanol/Óleo -----------------------------------------------5.10.2 Efeito da Percentagem de Catalisador (NaOH) ----------------------------------5.10.3 Efeito de Tempo de Reação ---------------------------------------------------------5.11 Caracterização de Biodiesel -----------------------------------------------------------5.12 Cromatografia gasosa – CG/FID -----------------------------------------------------6 CONCLUSÃO ------------------------------------------------------------------------------------6.1 Sugestões para futuros trabalhos --------------------------------------------------------------7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS -------------------------------------------------------
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1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho trata de um tema atual, muito discutido entre os governos,
sociedade civil, autoridades públicas e privadas, ambientalistas do mundo inteiro em relação
ao aproveitamento e uso sutentável das diferentes fontes de energia.
A mudança do clima é o resultado de um processo de acúmulo de gases de efeito
estufa na atmosfera, que está em curso desde a revolução industrial. Os países apresentam
diferentes responsabilidades históricas pelo fenômeno, segundo os volumes de suas emissões
antrópicas. Isto contribui para a definição, hoje, de responsabilidades comuns, porém
diferenciadas, que norteiam, por um lado, as obrigações de países desenvolvidos e, por outro,
de países em desenvolvimento no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre
Mudança do Clima (CQNUMC). Cabe ao Brasil harmonizar suas ações nesse campo com os
processos de crescimento sócio-econômico, no marco do desenvolvimento sustentável de
acordo com o Ministério de Minas e Energia – MME (2008).
A sociedade industrial contemporânea, ainda opera em grande escala com
recursos energéticos não renováveis, uma vez que as principais fontes energéticas derivam de
combustíveis fósseis, como o petróleo, carvão mineral e o gás natural. A tecnologia
disponível e a viabilidade econômica têm representado, nos últimos tempos, parâmetros
fundamentais para a escolha dos sistemas energéticos, com os impactos ambientais
apresentando de maneira muito forte, como condicionante à aprovação ou à recusa das
alternativas de utilização de recursos renováveis .
Estimular o consumo das energias alternativas se traduz num incontestável fator
para o desenvolvimento responsável das nações, objetivando principalmente a preservação e a
conservação do meio ambiente, bem como, as reduções das alterações climáticas atuais e
futuras.
A indústria do pescado representa um vasto potencial, pois seus descartes podem
ser facilmente transformados em produtos com aproveitamento mercadológico. Os resíduos
gerados pelo processo de beneficiamento de pescado apresentam grande potencial para uma
recuperação de materiais e energia dentro da cadeia produtiva da pesca. No entanto, devido a
atual forma como estão sendo dispostos e armazenados nas empresas de beneficiamento, estes
resíduos acabam sendo rapidamente degradados pela ação bacteriana, afetando sensivelmente
a qualidade deste material e limitando uma variedade de possibilidades para elaboração de
subprodutos.
16
Uma alternativa seria o aproveitamento destes resíduos através de um Sistema
Gerencial de Bolsa de Resíduos para o setor pesqueiro, o qual seria um facilitador das
transações de resíduos entre as empresas geradoras e as empresas potencialmente interessadas
em sua aquisição. Esta estratégia contribuiria significativamente para a inserção do setor da
pesca nas propostas de emissão zero, sustentabilidade e responsabilidade sócio-ambiental
(STORI, 2000).
De acordo com Lerípio et al. (1997b, apud STORI, 2000) a poluição industrial é,
na verdade, uma forma de desperdício e ineficiência dos processos produtivos. Resíduos
industriais representam, na maior parte dos casos, perdas de matérias-primas e insumos. Desta
maneira, o princípio de gerenciamento conhecido como Ecologia Industrial passa a ser o novo
paradigma da produção industrial, como o caminho para a sustentabilidade. Na Ecologia
Industrial cada companhia tem uma função na cadeia de transferência de material, consumo,
uso final e recuperação, exatamente como ocorre com um organismo qualquer dentro de um
ecossistema.
A indústria de biodiesel representa uma boa opção de mercado para
aproveitamento do óleo extraído a partir dos resíduos gerados pela indústria de
beneficiamento de peixe. A produção do biodiesel no Nordeste brasileiro se reveste de uma
esperança de vida melhor para incontáveis agricultores do semi-árido nordestino.
O biodiesel é um biocombustível alternativo ao diesel fóssil, originado a partir de
um processo químico que utiliza óleos vegetais ou gorduras animais, associadas a um álcool
(metílico ou etílico) denominado transesterificação. Tal biocombustível pode ser utilizado
como substituto do óleo diesel convencional, parcial ou totalmente nos veiculos de motor
ciclo diesel sem mudanças internas do motor. O biodiesel possui um forte apelo social, por se
tratar de uma fonte de energia renovável, limpa, originada da agricultura, pecuária e
piscicultura. É capaz de gerar emprego e renda no campo, assim como diminuir a dependência
brasileira dos mercados internacionais de energia.
Segundo Friedrich (2004), os principais motivos que levaram os diferentes países
a impulsionar a produção de biodiesel foram:
¾ Uma maior segurança no abastecimento energético;
¾ Redução da dependência de fontes de energia fósseis;
¾ Redução de emissões de gases de efeito estufa;
¾ Redução de perigos a saúde humana, mediante o uso de produtos não tóxicos;
17
¾ Proteção do solo mediante o uso de produtos biodegradáveis;
¾ Minimização de excedentes de produção agricola.
O conjunto de interesses em torno dos biocombustíveis, resumidos no tripé
energético-ambiental-social, impõe a necessidade de uma visão estratégica do processo de
inserção de novas alternativas, como o biodiesel, de forma a aproveitar as potencialidades da
agricultura, pecuária e piscicultura como produtora de energia limpa e renovável, respeitando
as restrições impostas pelo seu intransferível papel de produzir alimentos.
Para que o desenvolvimento do País ocorra em bases sustentáveis, as ações
governamentais dirigidas ao setor produtivo deverão buscar, cada vez mais, a promoção do
uso mais eficiente dos recursos naturais, ciêntíficos, tecnológicos e humanos (MME, 2008).
18
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
O presente trabalho tem como objetivo geral o estudo da viabilidade de aproveitar
as vísceras de tilápia para extração de óleo e deste produzir o biodiesel nas rotas etílica e
metílica.
2.2 Objetivos Específicos
Os objetivos específicos deste trabalho são:
9 Coletar e armazenar vísceras de tilápia após a evísceração;
9 Desenvolver uma metodologia de extração do óleo de vísceras de tilápia;
9 Pré-tratar o óleo de vísceras de tilápia;
9 Determinar as propriedades físico-químicas do óleo de visceras de tilápia;
9 Produzir o biodiesel de óleo de vísceras de tilápia nas rotas metilica e etilica;
9 Caracterizar o biodiesel de óleo de vísceras de tilápia quanto as propriedades físicoquímicas utilizando as técnicas de análise em cromatografia gasosa-FID para
determinar a composição química do mesmo;
19
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 A Energia e sua Importância
A energia é, basicamente, a capacidade de se realizar trabalho. Em sentido amplo
isso significa a capacidade de transformar e colocar em movimento. Existe energia devido a
posição, movimento, a composição química, a massa, a temperatura e outras propriedades da
matéria. A energia está em todas as partes, não cria, não destroi, mas sim, pode ser
tranformado de uma forma a outra.
Economicamente, a energia é um recurso natural. Como tal, é um bem escasso,
com limites. A pesar de que a energia está em todas as partes, em todos os corpos, só
constitui um recurso quando seu aproveitamento é viável com a tecnologia atual. O Gráfico 1
ilustra a atual Matriz Energética Brasileira, segundo MME, (2008) e revela o quão
diversificado é o Brasil, quanto à disponibilidade de fontes alternativas de energia limpa ou
renovável.
A maior parte (43,6%) da energia gerada no Brasil, provém dos recursos
renováveis da biomassa (29,1%) e das usinas hidroelétricas (14,5%). A segunda maior
(56,4%) fonte de energia é de origem fóssil representada pelo petróleo e seus derivados
(39,7), gás natural (8,7%), carvão mineral (6,5%) e urânio (1,5%) representam a menor parte
da geração nacional de energia.
A análise da estrutura de participação de fontes renováveis e não-renováveis no
Balanço Energético Nacional permite notar ainda um forte crescimento da produção de
petróleo e de empreendimentos de energias renováveis.
Fonte: Adaptado dos dados da MME (2008)
Gráfico 1 – Matriz Energetica Brasileira, 2008
20
No Gráfico 2 ilustra-se a Matriz de Combustíveis Veiculares atualmente em uso no Brasil.
Verifica-se a significativa participação do óleo diesel nessa matriz (55,7%), quando
comparado às demais fontes. Em seguida encontra-se a gasolina comum (35,3%), na qual se
encontra parcela do álcool combustível (8,8%) em mistura. O álcool hidratado para
abastecimento dos veículos “fuel-flex” ou bi-combustíveis representa 6,6%. Portanto, na
Matriz de Combustíveis Veiculares brasileira, o álcool representa 15,4%.
Fonte: Adaptado dos dados da MME, (2008)
Gráfico 2 – Matriz de Combustíveis Veiculares do Brasil, 2008
Na hipótese de utilização dos vários insumos disponíveis, incluindo novos
insumos como sebo bovino, graxa suína, mamona, borra de ácidos graxos, gordura de frango,
outros óleos, óleos usados, dendê, além do lodo de esgoto, poder-se-ia projetar um potencial
máximo de produção de cerca de 10,5 bilhões de litros de biodiesel em 2008 e de 14,3 bilhões
de litros em 2017 (Gráfico 3). Entretanto, a produção efetiva dependerá do crescimento da
demanda.
21
Fonte: Adaptado de Ministério de Minas e Energia – MME, (2008)
Gráfico 3 – Potencial de oferta de biodiesel de vários insumos - 2008-2017
Considerando, principalmente, a demanda obrigatória de biodiesel que compõe o
B2 a partir de 1º de janeiro de 2008, B3 a partir de 1º de julho de 2008 e o B5 a possivelmente
a partir de 2010, a projeção da demanda de biodiesel é de 1.078 e 3.453 milhões de litros em
2008 e 2017 respectivamente.
Segundo Moreira (1996), o crescimento verificado do consumo de diesel na
matriz energética é explicado por dois fatores determinantes:
¾ Expansão da produção agrícola no tempo;
¾ A diversificação da produção econômica no espaço e a interação entre os diversos
pólos geradores de atividades econômicas.
O primeiro produz impactos diretos na demanda do setor agropecuário e o
segundo na demanda dos setores rodoviário e ferroviário, principais modais de transporte de
cargas do país e vetores essenciais ao desenvolvimento nacional.
3.2 Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB)
O Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel - PNPB, instituído pela Lei
11.097/05, foi o resultado do
trabalho do Grupo Interministerial de Biocombustíveis,
encarregado de apresentar estudo sobre a viabilidade da utilização do biodiesel como fonte
alternativa de energia no Brasil. Atualmente coordenado pela Comissão Executiva
22
Interministerial - CEIB (órgão responsável pela elaboração, implementação e monitoramento
do programa) e executado pelo Grupo Gestor, o PNPB possui como principais diretrizes: i)
implantar um programa sustentável que promova a agricultura familiar; ii) garantir preços
competitivos, qualidade e suprimento do Biodiesel em todo o território nacional e iii) produzir
o Biodiesel a partir de diferentes oleaginosas e em regiões diversas. Estas diretrizes buscam
incorporar os aspectos tecnológicos, mercadológicos e sócio-ambientais da cadeia de
produção, promovendo de um lado a concreta inserção do biocombustível na matriz
energética nacional e, de outro, a expansão do emprego e renda em regiões com elevados
índices de pobreza.
Com vista a assegurar a oferta de biodiesel nas diferentes regiões e garantir o
enfoque da agricultura familiar no processo de produção, o PNPB foi estruturado com base
em três estratégias principais: 1) a criação do ‘Selo Combustível Social’; 2) o estabelecimento
de regime tributário diferenciado para produtores; 3) a realização de leilões públicos de oferta
de biodiesel.
3.3 Selo Combustível Social
O Selo Combustível Social representa um dos principais mecanismos de fomento
previstos no âmbito do PNPB. Regulamentada pela Medida Provisória 227/04 e pelo Decreto
5.297/04, a emissão do Selo é feita ao produtor de Biodiesel inscrito no Sistema de
Cadastramento Unificado de Fornecedores – SICAF que promover a inclusão social dos
agricultores familiares ou pequenos agricultores organizados em cooperativas agrícolas,
enquadrados no escopo do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar –
PRONAF. Para ter direito ao Selo Combustível Social, o produtor de biodiesel deve: “(1)
adquirir de produtor familiar, em parcela não inferior ao percentual definido pelo Ministério
de Desenvolvimento Agrário (MDA), matéria-prima para a produção de biodiesel; (2)
celebrar contratos com agricultores familiares, especificando as condições que garantam renda
e prazos compatíveis com a atividade, conforme requisitos a serem estabelecidos pelo MDA;
e (3) assegurar assistência e capacitação técnica aos agricultores familiares”. De forma
prática, além de conferir maior garantia ao agricultor, o Selo Combustível Social permite que
o produtor de biodiesel tenha acesso a benefícios como: o tratamento tributário diferenciado
para as alíquotas de contribuição de PIS/PASEP e da COFINS (podendo, ainda, obter
benefícios sobre o ICMS, conforme legislação estadual vigente); a participação em leilões
23
públicos de oferta de biodiesel e o acesso a condições especiais de financiamento do BNDES
e outras instituições financeiras. Os critérios de concessão do Selo Combustível Social foram
definidos através da Instrução Normativa nº 01 de Janeiro de 2005.
O Art.2º da referida Instrução define que “os percentuais mínimos de aquisições
de matéria-prima do agricultor familiar ficam estabelecidos em 50% para a região nordeste e
semi-árido; 30% para as regiões sudeste e sul e 10% para as regiões norte e centro-oeste”. Os
percentuais mínimos são calculados com base no custo de aquisição da matéria-prima oriunda
do agricultor familiar ou de sua cooperativa agrícola, em relação aos custos de aquisições
anuais totais feitas pelo produtor de biodiesel.
3.4 Programa Cearense de Biodiesel
O Estado do Ceará dispõe atualmente de três usinas de biodiesel, pertencentes à
Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará - NUTEC em escala piloto, situado em
Fortaleza, Brasilecodiesel a primeira em escala industrial localizada no município de Crateús
e a Petrobras, também em escala industrial, localizada no município de Quixadá
(BIODIESELBR, 2009).
O governo do Estado dispõe de um programa de inventivo a produção de biodiesel
com objetivo de fomentar a produção, beneficiamento, processamento e comercialização de
oleaginosas, fortalecendo a diversidade da agricultura familiar, com base nos princípios da
agroecologia, convivência com o Semi-Árido e economia solidária, assegurando inclusão
social e segurança alimentar.
Segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do CearáEMATERCE (2009), o cultivo da mamona, historicamente, foi uma das opções, para o semiárido do Estado do Ceará, juntamente com o algodão. Entre as décadas de 40 e 60, o Ceará
chegou a plantar áreas significativas, variando de 30 a 57 mil hectares. A partir do início da
década de 80, ocorreu um contínuo declínio da área cultivada, resultando na desativação de
indústrias beneficiadoras e na redução da importância da atividade dentro da economia
estadual.
No início do ano de 2003, iniciou-se uma retomada da produção, mediante
incentivo da Secretaria da Agricultura e Pecuária (SEAGRI) e de outras entidades
governamentais e da iniciativa privada, que lideraram o processo de recuperação do cultivo da
24
mamona no Estado do Ceará. Para isso, o governo disponibiliza através do programa,
assistência técnica, capacitação, incentivos financeiros e apoio à comercialização da mamona.
Dentre os incentivos dados pelo governo aos pequenos agricultores, estão:
¾ Distribuição de sementes selecionadas – 100% subsidiadas;
¾ Subsídio de R$ 150,00 para cada novo hectare cultivado;
¾ Subsídio de 50% na aquisição de calcário para a correção do solo.
De acordo com EMATERCE (2009), o governo do Estado, através do Plano Safra
da Agricultura Familiar objetiva: fortalecer a agricultura familiar utilizando sementes e mudas
de elevado potencial genético que propiciem o aumento da produtividade das culturas e
melhorem o nível de renda dos/as agricultores/as familiares. As metas estabelecidas pelo
governo são:
¾ Ofertar 5.450,9 toneladas de sementes das culturas de feijão, milho, arroz, sorgo,
algodão, mamona, gergelim, girassol, amendoim; 12.000 m³ de mandioca; 2.000
toneladas de colmos sementes de cana-de-açúcar; 900.000 de mudas de cajueiro anão
precoce e 10.000.000 de raquetes de palma forrageira a 184.842 agricultores/as de
base familiar.
¾ Incentivar a produção de sementes de alta qualidade de milho variedade, mamona e
feijão Caupi, nas próprias comunidades;
¾ Produzir 30.000 pacotes de Bacillus thuringiensis para atender a 30.000 agricultores
(as) de base familiar, no controle da lagarta do cartucho do milho.
Para a efetivação das metas definidas pelo governa do Estado do Ceará, estima-se
um investimento em torno de R$ 22.413.004,00.
As atividades previstas no Plano serão
desenvolvidas em todo o Estado, com a organização de demandas definidas por territórios, de
acordo com suas aptidões e potencialidades, com destaque para os projetos e mecanismos de
apoio à produção e convivência com o Semi-Árido.
3.5 Vantagens e Desvantagens de Uso de Biodiesel
As alterações climáticas são um fato científico incontestável. Não é fácil de prever
com precisão o impacto inerente às emissões de gases de efeito estufa, e há muita incerteza
científica no que diz respeito à capacidade de previsão. Mas sabemos o suficiente para
reconhecer que estão em jogo sérios riscos, potencialmente catastróficos, incluindo o degelo
25
das geleiras polares na Groenlândia e na Antártida Ocidental e as alterações no curso da
Corrente do Golfo, significando alterações climáticas drásticas.
O fato de não conhecermos as probabilidades de tais perdas, ou quando terão
lugar, não é um argumento válido para não tornarmos medidas de precaução. Sabemos que o
perigo existe. Sabemos que os danos causados pela emissão dos gases de efeito estufa serão
irreversíveis por muito tempo. Sabemos que os danos aumentarão por cada dia em que não
atuarmos.
Umas das vantagens associadas à utilização de combustíveis renováveis, ou
biocombustíveis, estão relacionadas com a redução nas emissões de gases nocivos para o
ambiente. Sendo o biodiesel uma energia renovável, o estudo dos impactos ambientais
causados por este, devem contemplar, para além da combustão, o processo de produção.
Segundo os estudos efetuados por Sheeham et al. (1998), Graboski et al. (2003),
Scharmer et al. (2001), Oliveira et al. (1999) revelaram que a utilização de biodiesel ou de
misturas deste com o diesel fóssil como combustível apresentam as seguintes características:
¾ Redução das emissões de dióxido de carbono (CO2);
¾ Redução das emissões de dióxido de enxofre (SO2), uma vez que o biodiesel é um
combustível que não contém enxofre;
¾ Reduções significativas nas emissões de hidrocarbonetos aromáticos
policíclicos (PAH’s);
¾ Aumento nas emissões de óxidos de azoto (NOx) e de monóxido de
carbono (CO);
¾ Redução nas emissões de aldeídos, compensadas pelo aumento da
emissão de acroleína;
¾ Redução das emissões de partículas.
A vantagem da utilização de biodiesel face à utilização de óleos e gorduras é
muito importante, visto que no processo de produção de biodiesel se remove o glicerol, o que
permite evitar a formação de acroleína, que, é extremamente tóxico (OLIVEIRA, 1999).
Um dos maiores problemas com a utilização do biodiesel são suas propriedades de
escoamento a baixas temperaturas, indicadas pelos pontos de fluidez e ponto de névoa. O
ponto de névoa é a temperatura na qual o material graxo se torna nebuloso devido à formação
26
de cristais e a solidificação de saturados. Sólidos e cristais crescem rapidamente e se
aglomeram, entupindo filtros e linhas de combustíveis e causando problemas de operações
nos motores. Com a diminuição da temperatura, mais sólidos são formados e o líquido se
aproxima do seu ponto de fluidez, temperatura mais baixa na qual ele ainda escoa.
A estabilidade oxidativa está relacionada principalmente com a fase de
armazenamento do biodiesel. Apesar de diversos fatores influenciarem na oxidação do
biodiesel, entre eles se destaca, presença de ar, calor, luz, traços de metais, antioxidantes,
peróxidos e a natureza do tanque de armazenamento, o principal é sem dúvida o número de
duplas ligações.
Do ponto de vista ambiental, as vantagens da utilização do biodiesel são muito
significativas. A sua reduzida toxicidade, o fato de ser biodegradável, não conter enxofre, e
não aumentar a emissão de gases causadores de efeito estufa é muito bem acolhido pela
sociedade (KNOTHE, 1997).
3.6 Produção de Peixe
Segundo a Organização das Naçoes Unidas para Alimentação e Agricultura,
(FAO, 2008) as capturas mundiais de peixes de 2006 em águas continentais superaram pela
primeira vez 10 milhões de toneladas, o que representou um aumento de 12,8 % em relação
aos dados dos finais de 2004. O Gráfico 4, ilustra a distribuição de produção por continente de
águas continentais no ano de 2006, de acordo com os dados da FAO, (2008).
27
Fonte: Adaptado de dados de FAO, 2008
Gráfico 4 – Produção mundial de peixe, 2006
A pesca e aqüicultura vêm de maneira direto ou indireto, desempenhando um
papel fundamental em meios de subsistência de milhões de pessoas em todo o mundo. Em
2006, 43,5 milhões de pessoas se dedicavam de modo direto, em tempo parcial ou integral, a
produção primária de pescado (FAO, 2008).
Dentre as mais de 70 espécies de tilápias, a tilápia-do-Nilo ou tilápia nilótica
(Oreochromis niloticus) é a mais cultivada no mundo. As tilápias são os peixes mais criados
no Brasil, como pode ser observado na Tabela 1, correspondendo a 38% da produção
nacional.
28
Tabela 1 – Produção da Piscicultura brasileira, por espécie em 2007
Espécies (Peixes)
Produção (t)
% Participação
Aracu
92,0
0,05
Bagre-africano
224,0
0,13
Bagre-americano
1.684,5
0,94
Carpa
42.490,5
23,8
Curimatã
2.413,0
1,35
Jundiá
577,5
0,32
Matrinxã
1517,5
0,85
Pacu
9.044,0
5,06
Piau
4.066,5
2,28
Pirarucu
9,0
0,005
Pirapitinga
327,5
0,18
Piraputanga
534,0
0,3
Pintado
1.245,5
0,7
Tambacu
10.874,5
6,08
Tambaqui
2.5011,0
14
Tambatinga
2.494,5
1,4
Tilápia
67.850,5
38
Traíra
115,0
0,06
Truta
2.351,5
1,31
Outros
5.824,0
3,26
Total
178.746,5
100
Fonte: IBAMA, 2007
O Estado do Ceará, se destaca por ser o maior produtor nacional de tilápias como
indica a Tabela 2, Podemos observar que a produção do Ceará, corresponde a mais de 26% da
produção nacional.
Segundo a FAO (2008), do total da captura mundial de pescado, cerca de 72% são
utilizados nos mercados de peixe fresco, congelados, empanado, fermentado, enlatado,
defumado, minced (reestruturados como nuggets, fishburguers, lingüiça, almôndegas, etc.).
Os 28% restantes, ou são utilizados no preparo de rações ou são desperdiçados como resíduos.
29
Tabela 2 – Produção de Tilápia por Estado Brasileiro, 2007
Estado
Produção (t)
% participação
Ceará
18.000
26,1
Paraná
11.922
17,3
São Paulo
9.758
14,1
Bahia
7.137
10,3
Santa Catarina
7.121
10,3
Goiás
3.928
5,70
Rio Grande do Sul
2.094
3,00
Minas Gerais
2.093
3,00
Alagoas
1.944
2,80
Mato Grosso do Sul
1.925
2,80
Outros
3.156
4,60
Total
69.078
100
Fonte: IBAMA, 2007
3.7 Aproveitamento Industrial de Residuos de Pescado
As indústrias de beneficiamento de pescado geram grandes quantidades de
resíduos, devido principalmente à falta de reconhecimento deste recurso como matéria prima
e fonte para outros produtos.
No
Brasil,
o
aproveitamento
de
resíduos
de
pescados
é
pequeno.
Aproximadamente 50% da biomassa no Brasil são descartadas durante o processo de
enlatamento ou em outras linhas de produção, como a filetagem (PESSATTI, 2001). O
aproveitamento de resíduos de peixes além de fornecer matéria-prima relativamente barata,
diminuem o risco de poluição ambiental, já que os resíduos gerados pelas indústrias acabam
se tornando fontes poluidoras. Além disso, o aproveitamento dos resíduos de pescado tende a
contribuir para o aumento do consumo de proteína animal, já que diversas tecnologias têm
surgido com possíveis utilizações dos resíduos como fontes alimentares e com boa
aceitabilidade (STORI et al., 2002).
O termo resíduo de pesca refere-se a todos os subprodutos e sobras do
processamento de alimentos que são de valor nutricional relativamente baixo (OETTERER,
2006). No caso do pescado, o material residual pode ser constituído de carne escura, peixes
fora do tamanho ideal para consumo, resíduos obtidos nos processos de filetagem ou outros
processos como fígado (VISENTAINER et al., 2003a), cabeças, carcaças, pele, vísceras,
(OETTERER, 2002). Os resíduos produzidos pelas indústrias pesqueiras acabam muitas vezes
se tornando um sério problema ambiental, podendo gerar potenciais fontes poluidoras de
30
recursos hídricos, do solo e do ar (PESSATTI, 2001). Uma alternativa viável para o
aproveitamento dos resíduos é a fabricação da silagem de pescado, um produto de fácil
elaboração, estável e de grande utilidade para alimentação animal e óleo (ARRUDA et al.,
2006). Na Figura 1 vê-se de tilápia com os orgãos que constituem as vísceras do mesmo.
Fonte: Bossolan, 2001
Figura 1 – Foto de órgãos internos de tilápia (vísceras)
Os resíduos produzidos pelas indústrias pesqueiras acabam muitas vezes se
tornando um sério problema ambiental, podendo gerar potenciais fontes poluidoras de
recursos hídricos, do solo e do ar. Estes resíduos podem ser destinados para vários tipos de
aproveitamento: fertilizantes, consumo humano e vestuários, no entanto, a maior parte se
destina à produção de subprodutos como ingredientes para ração animal (STORI et al., 2002).
É de grande importância o aproveitamento de resíduos para evitar os desperdícios,
reduzir os custos de produção do pescado e a poluição ambiental. A criação de alternativas
tecnológicas, com valor agregado que permitam o gerenciamento dos resíduos de pescado,
podem trazer como resultado o combate à fome, a geração de empregos e o desenvolvimento
sustentável (ESPÍNDOLA FILHO, 1997).
3.8 Métodos de extração de lipídios
Várias técnicas de extração tem sido utilizadas para extrair óleo vegetais e
gorduras animal. Os métodos mais comumente utilizados para a extração de óleos
provinientes de peixes são:
31
3.8.1 Método a quente indireto
Este método é muito utilizado para extração de óleos de espécies de peixes de
fundo e/ou pelágicos, principalmente os tubarões ou caçes. O método consiste numa cocção
ou cozimento utilizando o vapor indireto em recipientes de paredes duplas para provocar o
desprendimento do óleo do material sólido. Os recipientes de paredes duplas têm as funções
de caldeira e dessecador, apresentam ainda agitadores ou raspadores de palhetas na parte
interna cuja função é eliminar aderências sobre as paredes.
Após o cozimento, o material resultante é prensado em prensa hidráulica ou filtroprensa para separar o licor de prensa da torta seca. As etapas subsequentes deste método
envolvem a centrifugação do licor de prensa para separação do óleo da água de cola, que
contém ainda óleo residual, resíduos sólidos em suspensão, sais minerais e vitaminas. A
fração aquosa é rica em proteínas solúveis e, dependendo da destinação para o seu
aproveitamento, poderá ser evaporada em evaporadores de duplo efeito para a obtenção de
uma solução coloidal que na fabricação de farinha é incorporada à torta úmida para seu
enriquecimento. Já a fração oleosa ou óleo extraído, deverá submeter-se a outros processos de
purificação e refino dependendo das características do produto final que se deseja obter
(STANSBY, 1963).
3.8.2 Método a quente direto
Este método normalmente é o mais utilizado a nível industrial para extração de
óleo de espécies de peixes consideradas muito gordurosas, como são o aranque, a sardinha, a
anchova entre outros. O método consiste em submeter a matéria-prima, no caso o peixe
inteiro, uma cocção ou cozimento em vapor direto, numa caldeira contínua e em seguida
prensada em uma prensa hidráulica de pressão constante. Como resultado desta etapa são
obtidos a torta úmida e o licor de prensa. A torta úmida segue para um dessecador rotatório
para retirada do excesso de água, enquanto que o licor de prensa, é centrifugado.
As etapas subsequentes deste método são identicas as etapas do método cocção
seca. Basicamente, diferenciam-se pelo tipo de aquecimento a que é submetida a matériaprima, utiliando-se vapor direto no cozimento úmido, ou vapor indireto no cozimento seco
(PESSOA, 1994).
32
3.8.3 Método de extração por solvente
Este método é muito utilizado para processos experimentais onde pretende-se
obter um máximo de rendimento da fração oleosa extraída. Em processos industriais, já foi
bastante utilizado para a obtenção de óleo vitaminado de figado de peixes, principalmente das
espécies como o bacalhau e tubarões. Este método tem sido utilizado para fabricação dos
chamados “concentrados protéico de pescado” destinado ao consumo humano (STANSBY,
1963). O método utiliza como solventes orgânicos o clorofórmio, o n-hexano, o
dicloroetiléter, o dicloroetileno, o isopropanol, metanol e o tricloroetileno. Consiste em
submeter a matéria-prima (inteira ou triturada) à ação de solventes orgânicos em
homogeneizadores para a extração direta de uma solução homogeneizada ou micela. Esta
solução extraida é submetido a um processo de destilação, permitindo a separação eficiente da
fração lipidica e a recuperação do solvente utilizado. Óleo extraído, é posteriormente refinado
com álcalis para a obtenção de um produto purificado e limpido.
A viabilidade do método de extração por solventes orgânicos é possivel desde que
sejam utilizadas técnicas que permitam uma máxima eficiencia na recuperação dos solventes
utilizados.
3.9 Pré-Tratamento de Óleos e Gorduras
3.9.1 Refino de Óleos e Gorduras
O refino pode ser definido como um conjunto de processos que visam tornar os
óleos brutos em óleos comestíveis. A grande maioria dos óleos e gorduras destinados ao
consumo humano é submetida ao refino cuja finalidade é uma melhora de aparência, odor e
sabor, pela remoção no óleo bruto de seguintes componentes:
a) Substâncias coloidais, proteínas, fosfatideos e produtos de sua decomposição;
b) Ácidos graxos livres e seus sais, ácidos graxos óxidados, lactonas, acetais e
polimeros;
c) Corantes tais como: clorofila, xantofila, carotenóides;
d) Substâncias voláteis tais como hidrocarbonetos, álcoois, aldeídos, cetonas e esteres
de baixo peso molecular;
33
e) Substâncias inorgânicas tais como, os sais de cálcio e de outros metais, silicatos,
fosfatos e outros;
f) Umidade.
As principais etapas do processo de refino de óleo e gorduras são: degomagem
(hidratação), neutralização (desacidificação), branqueamento (clarificação) e desodorização,
winterização e hidrogenação.
3.9.1.1 Degomagem
Esse processo tem a finalidade de remover do óleo bruto fosfatideos, proteínas e
substâncias coloidais o que reduz a quantidade de álcali durante a subsequente neutralização e
diminui as perdas de refino. Os fosfatídeos e as substâncias coloidais na presença da água, são
facilmente hidratáveis e tornam-se insoluveis no óleo, o que facilita sua remoção.
3.9.1.2 Neutralização
A adição de solução aquosa de álcalis, tais como, hidróxido de sódio, hidróxido de
potássio ou as vezes carbonato de sódio, elimina do óleo os ácidos graxos livres e outros
componentes definidos como “impurezas” (proteínas, ácidos oxidados, fosfatídeos, produtos
de decomposição de glicerídeos). O processo é acompanhado por branqueamento parcial do
óleo. A sua principal finalidade é eliminar à ácidez do óleo que pode variar de 0,5 à 40% do
óleo bruto.
3.9.1.3 Branqueamento
O processo de degomagem já remove uma certa quantidade de corantes presentes
no óleo. A neutralização com álcalis também exibe um efeito branqueador, devido à
coagulação e ação química. Todavia, o consumidor exige atualmente óleos e gorduras quase
incolores o que é atingido pela adsorção dos corantes com terras clarificantes, ativadas ou
naturais, misturadas, as vezes, com carvão ativado na proporção de 10:1 – 20:1.
34
3.9.1.4 Desodorização
A última etapa do refino de óleos e gorduras é a de desodorização que visa a
remoção dos sabores e odores indesejáveis. Durante esta etapa, as seguintes substâncias são
removidas:Compostos desenvolvidos durante armazenagem e processamento do óleo e
gorduras, tais como, aldeídos, cetonas, ácidos graxos oxidados, produtos de decomposição de
proteínas, carotenóides, esteróis fosfatídeos e outros;Substâncias naturais presentes nos óleos
e gorduras, tais como, hidrocarbonetos insaturados e ácidos graxos de cadeia curta e
média;Ácidos graxos livres e peróxidos. As substâncias odoríferas e de sabor indesejável são,
em geral, pouco voláteis mas sua pressão de vapor é bem superior aquela do ácido oleico ou
estearico. Assim, sob as condições geralmente mantidas durante o processo, ou seja pressão
absoluta de 2 – 8 mm Hg e temperatura de 20 – 25ºC com insuflação de vapor direto, alcançase não somente a completa desodorização, mas também uma quase completa remoção dos
ácidos graxos livres residuais.
3.10 Winterização ou Fracionamento
A winterização consiste em cristalizar a baixa temperatura e separar depois por
filtração ou centrifugação os triglicerídeos de ponto de fusão relativamente elevado. Esta
técnica é utilizada para óleos ricos em triglicerídeos saturados e é também chamada de
fracionamento, porque permite separar frações lipidicas de propriedades diferentes como as
oleínas e as estearinas (CHEFTEL, 1976).
3.11 Produção de Biodiesel
O biodiesel é um combustível derivado de oleos vegetais ou gorduras animais,
que pode ser usado em forma pura ou misturado ao diesel fóssil. Se compoem de ésteres
mono-alquilicos de acidos graxos de cadeia longa, obtidos através da reação de
transesterificação de óleos e gorduras animais com álcoois de cadeia curta (etanol e metanol).
O principal objetivo de transesterificação é a retirada do glicerol de triglicerídeos,
diglicerídeos e monoglicerídeos por alcoois simples como metanol ou etanol. Desta forma se
obtem moléculas de cadeia longa, muito similar em sua forma as caracteristicas fisicas de
moléculas de hidrocarbonetos constituintes de diesel fóssil. A principal vantagem que se tem
35
do processo é de reduzir a viscosidade de óleos e gorduras a um nível muito proximo ao
diesel. A Figura 2 apresenta esquema da reação de transesterifcação alcalina com metanol.
Figura 2 – Reação genérica de transesterificação
A pesar da reação aparecer muito simples em seu esquema final, existem varios
fatores que influenciam o processo de produção de biodiesel:
¾ A qualidade das materias-primas;
¾ O tipo, qualidade e quantidade de álcool utilizado;
¾ O tipo, qualidade e quantidade de catalizador utilizado;
¾ As condições fisicas do processo: temperatura, agitação, pressão e tempo de reação.
Nas seções seguintes descreveremos primeiro as matérias-primas para a produção
de biodiesel, óleos e gorduras quanto as suas principais caracteristicas fisico-quimicas que
influenciam a reação de transesterificação. Em seguida descreveremos os principais insumos
que são utilizados no processo de produção de biodiesel: álcoois e catalisadores.
3.11.1 As Matérias-Primas para Obtenção de Biodiesel: Óleos e Gorduras
As principais fontes de óleos e gorduras utilizadas para produção de biodiesel são
as oleoagenosas e gorduras de tecidos adiposos (graxos) dos animais beneficiados. Também
se utilizam óleos de frituras usados, microalgas, graxas proveniente de plantas de tratamento
de água etc.
Os óleos e gorduras são substâncias hidrofóbicas, isto é, insolúveis em água e
menos densa que esta, e pertencem à classe química dos lipídeos, podendo ser de origem
animal, vegetal ou microbiana. A diferença entre óleos e gorduras reside exclusivamente na
sua aparência física. O Conselho Nacional de Normas e Padrões para Alimentos define a
temperatura de 20ºC, como o limite inferior para o ponto de fusão das gorduras, classificando
36
como óleo, quando o ponto de fusão situa-se abaixo de tal temperatura (MORETTO & FETT,
1989).
Segundo Regitano-d’Arce (2006), óleos e gorduras são, solúveis em diferentes
solventes orgânicos, tais como éter sulfúrico, éter de petróleo, benzol, clorofórmio, acetona e
sulfeto de carbono. São substâncias untuosas ao tato e à temperatura ambiente, independente
de sua origem, podem se apresentar no estado líquido ou em estado semi-líquido ou pastoso
ou sólido.
A Tabela 3 apresenta a disponibilidade de oleaginosas no Brasil e seus respectivos
rendimentos de óleo em tonelada por ano e as características associadas a cada espécie.
Tabela 3 – Principais oleaginosas vegetais e seus respectivos % de óleo
Produção (t)
Oleaginosa
% óleo
2004
Característica
Soja
18 -20
2.581
Algodão
18 - 20
160.460
Girassol
35 - 45
---
Babaçu
60 - 65
----
Côco
65 - 68
21.283
Dendê
45 - 50
42.000
Caroço de palma
45 - 50
208.538
Amendoim
45 - 50
----
Colza
40 -45
-----
Cultura temporária
Cultura temporária
Cultura temporária
Cultura permanente
Cultura permanente
Cultura permanente
Cultura permanente
Cultura temporária
Cultura temporária
Fonte: Adaptado de Moretto & Fett (1989), Matthews & O’Connor, 2006
Existe uma grande variedades de oleaginosas que são potenciais fontes de óleos
vegetais e gorduras animais para produzir o biodiesel. No entanto, existem fatores importantes
que devem ser considerados na escolha desta matéria-prima. A relação entre o percentual de
óleo e o rendiemento por hectare, além do tipo de oleaginosa economicamente disponivel na
região devem ser considerados na escolha do óleo ou gordura.
3.11.2 Composição Química de Óleos e Gorduras
Triglicerídeos – Os óleos vegetais e gorduras animais são compostos principlamente por
moléculas denominados triglicerídeos (ou triacilgliceróis), que são ésteres de três ácidos
37
graxos ligados a um glicerol. Se caracterizam por serem insolúveis em água e solúveis em
solventes orgânicos não polares (LAWSON, 1994). Também os óleos e gorduras apresetam
na sua composiçao outros compostos como por exemplo:
Não-Glicerideos – em todos os óleos e gorduras, encontramos pequenas quantidades de
componentes não-glicerídeos. De acordo com a importância prática os Não-Glicerídeos são
reunidos usualmente em seis grupos: i) – Não-Glicerideos de principal ocorrencia nos óleos
brutos (Fosfatideos), ii) - Não-Glicerideos de menor importância para as caracteristicas dos
óleos e gorduras (Esteróis Ceras e Hidrocarbonetos Incolores), iii) – Não-Glicerideos que
afetam a aparencia das gorduras (Carotenóides e Clorofilas), iv) – Não-Glicerideos que
afetam a estabilidade de óleos e gorduras (Tocoferói), v) – Não-Glicerideos que afetam o
sabor e o odor de óleos e gorduras (Lactonas e Metilcetonas) e vi) – Não-Glicerideos de
importância nutricional (vitaminas lipossolúveis A, D, E e K).
Os ácidos graxos livres – componentes naturais de óleos e gorduras, ocorrem em quantidades
geralmente pequenas. No entanto, eles têm uma participação tão importante na constituição
das moléculas dos glicerídeos e de certos não-glicerídeos, que chegam a representar até 96%
do peso total dessas moléculas e, assim, contribuem nas propriedades mais caracteristicas dos
diferentes óleos e gorduras. Os ácidos graxos de ocorrência natural nos óleos e gorduras, em
geral, possuem uma longa cadeia constituida de átomos de carbono e hidrogenio (cadeia
hidrocarbonada) e um grupo terminal, chamado “grupo carbonila”, caracteristico dos ácidos
orgânicos podendo ser saturados ou insaturados. Os ácidos graxos são compostos carboxilicos
terminais (terminam com um radical carboxilico – COOH) de cadeia aberta alifática de C4 a
C24 de comprimento. Podem ser saturados quando não apresentam ligações duplas ou triplas
entre os atomos de carbono ou insaturados quando apresentam uma ou mais duplas, triplas
ligações entre os atomos de carbono (ARANGO, 2002). As duplas ligações entre os atomos
de carbono são mais reativos que as ligações simples e podem, por exemplo, reagir com o
hidrogênio para transformar-se em ligação simples.
Um ácido graxo com dois ou mais ligações insaturados (poliinsaturado) é mais
instável e reage com hidrogênio, oxigenio e outros elementos com mais facilidade que ácidos
graxos monoinsaturados (LAWSON, 1994). Os ácidos graxos são as partes predominantes e
químicamente ativa dos triglicerídeos, determinando desta forma as propriedades físicoquímicas dos mesmos.
Os ácidos saturados apresentam ligações simples entre atomos de carbono e
hidrogênio que constituem a gordura. Estes geralmente são sólidos a temperatura ambiente e
38
possuem alto ponto de ebulição se comparados aos ácidos graxos insaturados. Os ácidos
graxos saturados encontrados em óleos e gorduras estão apresentados na Tabela 4., com suas
respectivas propriedades de ponto de fusão e ebulição. Estes apresentam uma coloração
branca ou levemente amarelada, de origem animal ou vegetal como a mateiga de cacau, a
manteiga de coco, o sebo bovino e a banha.
Tabela 4 – Ácidos graxos saturados e as suas princípais características
Nº de átomos
Fórmula
Ponto de ebulição
Ácido
de carbono
Molécular
a 16 mm (oC)
Ponto de
fusão (oC)
Butírico
4
C3H7COOH
16 760 mm
-8
Caproico
6
C5H11COOH
107
-3,4
Caprilico
8
C7H15COOH
135
16,7
Caprico
10
C9H19COOH
159
31,6
Láurico
12
C11H23COOH
182
44,2
Mirístico
14
C13H27COOH
202
54,4
Palmitico
16
C15H31COOH
222
62,9
Esteárico
18
C17H35COOH
240
69,6
Aráquidinico
20
C19H39COOH
-
75,4
Behénico
22
C21H43COOH
-
80
Lignocérico
24
C23H47COOH
-
84,2
Fontes: Adaptado de Lawson (1994)
Os ácidos graxos insaturados encontrados em óleos e gorduras, dada a relativa
dificuldade de sua caracterização, são conhecidos com menos segurança que os saturados. Em
geral, os ácidos graxos com grau limitado de insaturação são mais ou menos identificados. Os
ácidos graxos intensamente insaturados, com quatro ou mais duplas ligação, que se encontram
em óleos e gorduras marinhas, são particularmente difíceis de estudar pela facilidade com que
se isomerizam ou polimerizam por ação de calor ou de agentes químicos. A Tabela 5
apresenta uma relação de ácidos graxos insaturados mais importantes.
39
Tabela 5 – Ácidos graxos insaturados mais importantes
Nº átomos
Nº ligações
Ácido
Fórmula
de carbono
dupla
Miristoléico
14
1
C13H25COOH
Palmitoleico
16
1
C15H29COOH
Oleico
18
1
C17H33COOH
Linoleico
18
2
C17H31COOH
Linolénico
18
3
C17H29COOH
Araquidónico
20
4
C19H31COOH
Erúcico
22
1
C21H41COOH
Fontes: Adaptado de Lawson (1994) e Bailey (1951)
Quando todos os ácidos graxos de um triglicerídeo são identicos, este se
denomina triglicerídeo simples. Embora, os mais comuns são os triglicerídeos mistos, nos
quais se encontram presente dois ou três ácidos graxos diferentes. E quando os triglicerídeos
perdem um ou dois de seus ácidos graxos, se denominam di- e monoglicerídeos
respectivamente e estes podem estar presentes também em óleos não refinados e degradados
(LAWSON, 1994).
O glicerol é um trioxiálcool, 1,2,3-propanotriol, formado por uma cadeia de trés
carbonos, cada um ligado a um grupo alcoolico (MORTIMER, 1983). O glicerol, ao contrário
de óleos e gorduras, é solúvel em água e devido a essa propriedade, ele é arrastado para fase
polar ou aquosa, após a reação de transesterificação e separação de biodiesel na fase apolar
(REGITANO-D’ARCE, 2006).
Os óleos e gorduras são misturas de triglicerídeos diferentes, os quais por sua vez
estão compostos frequentemente por ácidos graxos diferentes, conforme ilustrado na Figura 3.
As suas propriedades físico-químicas estão relacionados diretamente com o número e a
estrutura química dos ácidos graxos ligados a glicerol, assim como o grau de saturação dos
ácidos graxos e comprimento da cadeia carbonica.
Os óleos e gorduras recém extraídos de animais ou similares a oleaginosas se
denominam brutos ou crú. Alem de triglicerídeos, contém quantidades variáveis de outras
substâncias presentes naturalmente, como ácidos graxos livres, proteína, fosfolipídeos,
fosfatídeos, ceras, resinas e pigmentos. Quando estão presentes em quantidades relativamente
40
grande, estás substâncias apresentam coloração, odores e sabores estranhos, instabilidade e
formação de espuma durante a fritura de alimentos (LAWSON, 1994).
Figura 3 – Configuração química de triglicerídeos e glicerol
3.11.3 Insumos: Álcool Metílico e Etílico
O álcool é o principal insumo para produçao de biodiesel. Em volume o mesmo
representa cerca de 10-15% de insumos consumidos durante a reação. Os alcoocois mais
utilizados comumente para produção de biodiesel sao metanol e etanol. Se pode utilizar outros
álcoois como propanol, isopropanol, butanol e pentanol, mas estes saão mais sensíveis a
contaminaçao com água.
Metanol é o álcool mais utilizado para produção de biodiesel, obtido do petróleo, fonte nao
renovável, possui as seguintes propriedades: formula molécular CH3OH, peso molecular 32
g/mol, densidade 20oC: máx. 0,799 g/ml, ponto de ebulição: 64 a 65oC, líquido incolor,
transparente, muito volátil, tem odor característico e levemente alcoólico quando puro. É
miscível em água, álcool etílico, éter, benzeno, cetonas e na maioria dos solventes orgânicos.
É muito tóxica, a ingestão de pequena quantidade pode ser fatal, é um ótimo combustível
alimentar de motores de explosão, muito utilizado para esta finalidade na indústria. Empregase o álcool metílico, como solvente do hidróxido de potássio, soda cáustica, das resinas, dos
vernizes e dos óleos essenciais; preparação do formol; agente de conservação; síntese
orgânica; na limpeza a seco; anticongelante; etc.
Etanol é um álcool obtido de uma fonte renovável (cana de açucar ou milho), menos tóxico e
desejavel para produçao de biodiesel, mas possui a inconviniencia de ser hidratado e desta
forma inviabilisando o seu uso na industria de biodiesel. É líquido incolor, transparente, muito
móvel e volátil, tem odor característico e sabor ardente. Possui formula molecular CH3-CH2-
41
OH, peso molecular 46 g/mol, densidade 20oC: 0,775 a 0,795 g/ml. Miscível em todas as
proporções com a água, com contração de volume e elevação de temperatura; é também
miscível no éter, benzeno, clorofórmio, glicerina, etc.
Uma das variáveis mais importantes que afetam o rendimento da reação de
transesterificação é a razão molar entre álcool e triglicerídeos. A razão molar é quantidade de
moléculas de álcool necessária para reagir com uma molécula de triglicerídeos (óleo). A
reação de transesterificação requer uma molécula de triglicerídeo e três de álcool, para
produzir três moléculas de biodiesel e uma molécula de glicerol. A transesterificação é uma
reação reversível, é preciso um excesso de álcool para deslocar a reação para direita, no
sentido de formação de produtos (biodiesel e glicerol).
Segundo Freedman et al. (1984), quando se trabalha com metanol recomenda-se
uma razão molar de MeOH/Óleo 6:1 para segurar uma máxima conversão de triglicerídeos a
ésteres. Em caso de etanol, alguns estudos indicam que a razão molar EtOH/Óleo 9:1 seria
mais apropriado (MEHER, 2006). Se a quantidade de álcool não for suficiente o produto final
terá monoglicerídeos e diglicerídeos (produtos intermediários da transesterificação), os quais
se cristalizam muito facilmente em biodiesel e podem causar entupimento de filtros e outros
problemas em motor diesel (MEHER, 2006).
3.11.4 Catalisadores
Catalisadores têm sido utilizados pela humanidade por mais de 2000 anos. Os
primeiros usos mencionados de catalisadores foram a produção do vinho, queijo e pão.
Descobriu-se que era sempre necessário adicionar uma pequena quantidade da batelada
anterior para fazer a nova batelada. Todavia, foi somente em 1835 que Berzelius começou a
reunir as observações de antigos químicos sugerindo que pequenas quantidades de uma
origem externa poderiam afetar grandemente o curso de reações químicas. Esta força
misteriosa atribuída a substancia foi chamada de catalítica. Em 1894, Oswald expandiu a
explicação de Berzelius ao afirmar que catalisadores eram substancias que aceleravam a
velocidade de reações químicas sem serem consumidas. Um catalisador é uma substancia que
afeta a velocidade de uma reação, mas emerge do processo inalterado. O desenvolvimento e
uso de catalisadores é uma parte importante da constante busca por novas formas de aumentar
o rendimento e seletividade de produtos a partir de reações químicas.
42
A reação de transesterificação de triglicerídeos pode ser realizada por diferentes
processos catalíticos. Os catalisadores utilizados podem ser classificados da seguinte forma:
Catálise homogênea – diz respeito a processos nos quais um catalisador está em solução com
pelo menos dos reagentes. Os catalisadores alcalinos – hidróxido sódio (NaOH), hidróxido de
potássio (KOH), metilato de sódio. É importante que os mesmos sejam mantidos um estado
anidro, deve-se evitar o seu contato prolongado com o ar, pois este diminui a sua efetividade
devido à interação com a umidade e com dióxido de carbono (MEHER, 2006).
Catalisadores ácidos – ácido sulfúrico (H2SO4), ácido clorídrico (HCl) e ácido sulfônico. Os
catalisadores ácidos podem ser utilizados para reação de esterificação de ácidos graxos livres,
com a finalidade de convertê-los diretamente em ésteres ou para transesterificação de
triglicerídeos.
Catalisadores enzimáticos – lípases (enzimas), encarregadas de decompor os triglicerídeos e
ácidos graxos livres para produzir o biodiesel. Existem dois tipos de enzimas: enzima
extracelular e enzima intracelular.
Catalise heterogênea – envolve mais de uma fase; normalmente o catalisador é sólido e os
reagentes e produtos estão na forma líquida ou gasosa.
O processo mais conhecido, utilizado e até o momento mais efetivo é a
transesterificação com catalisadores alcalinos (MA & HANNA, 1999). No entanto, os óleos e
gorduras possuem um alto conteúdo de ácidos graxos livres, e catalise alcalina não é
apropriado devido à reação de ácidos graxos com hidróxidos formando sabão e reduzindo o
rendimento de produção de biodiesel. Por este motivo, requer-se outro tipo de processo para
neutralizar os ácidos graxos livres, ou pré-tratamento com catalisadores ácidos.
3.12 Processo de Obtenção de Biodiesel
O Biodiesel é um composto de mono-alquilésteres de ácidos graxos de cadeia
longa obtido, usualmente, a partir da reação de óleos vegetais e gorduras animais com um
intermediário ativo (constituído de álcool e catalisador), processo este denominado de
transesterificação (KNOTHE, 2006).
As
características
físico-químicas
do
óleo
influenciam
a
reação
de
transesterificação. Assim, o óleo utilizado na síntese de biodiesel por esse método deve
apresentar um índice de acidez inferior a 2,0 mg KOH/g de óleo, já que valores superior a 2
mg KOH de ácidos graxos livres podem levar a reações de saponificação, que competem com
43
a reação de transesterificação, quando o processo ocorre na presença de hidróxidos (catálise
básica). A umidade recomendável na literatura para reação de transesterificação é de 0,1%,
pois valores superiores podem desativar o catalisador impossibilitando, assim, a ocorrencia da
reaçao.
A transesterificação alcalina é, sem dúvida, o processo mais utilizado a nível
industrial para produção de biodiesel. Os elevados rendimentos em pouco tempo, o tornam o
processo mais atrativo. O catalisado utilizado foi o hidróxido de sódio, que apesar de nao ser
o mais reativo, é mais barato.
A escolha do álcool está geralmente relacionada com fatores economicos e
aspectos técnicos, como a facilidade de separação das fases éster e glicerina. Neste trabalho
foram utilizados os álcoois etílico e metíllico para reaçao de transesterifcaçao. Para a reação
de transesterificação utilizou-se óleo de vísceras de tilápia extraido e pré-tratado. Foi
realizado uma pesquisa exploratória e univariada conforme se definida para rota metílica e
rota etílica. O combustível produzido possui características físico-químicas bastante
semelhantes ao diesel mineral, podendo, desta forma, ser utilizado em motores a combustão
interna com ignição por compressão (ciclo diesel) na forma pura ou em misturas em
diferentes proporções com o óleo diesel (BX).
A transesterificação constitui o processo mais amplamente utilizado para a
obtenção do Biodiesel, ocorrendo em três etapas consecutivas e reversíveis produzindo 3
moles de éster metílico ou etílico por mol de triglicerídeo em reação com 3 moles de álcool.
Como subproduto obtém-se ainda um mol de glicerol (BARNWAL, 2004). As razões molares
álcool/óleo têm sido objeto de estudos em vários países, considerando a diversidade de
matérias-primas existentes e o álcool utilizado para a produção do biocombustivel.
3.13 Especificações do Biodiesel
A grande variedade de técnicas de produção de biodiesel (ésteres graxos)
juntamente com a diversidade de oleaginosas com potencial para produzir o óleo ou gordura,
torna o processo de obtenção do biodiesel uma prática com muitas variáveis. Uma alta pureza
do biodiesel é imprescindível, pois os contaminantes presentes no produto final podem
deteriorar o combustível, depositarem-se no motor e obstruir o filtro. Tais contaminantes
podem ser materiais de partida, álcool, catalisador e ácidos graxos livres remanescentes.
Outros contaminantes são o glicerol e os intermediários de reação: mono e diacilgliceróis.
44
Além disso, durante a estocagem do biodiesel, alguns problemas como a absorção de umidade
e oxidação podem ocorrer, aumentando as possibilidades de impurezas presentes no
biocombustivel.
No Brasil, o órgão responsável por estabelecer padrões de comercialização,
distribuição, qualidade (ver anexo 01) e fiscalização é a Agência Nacional de Petróleo, Gás
Natural, e Biocombustíveis – ANP. A Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005 introduziu o
biodiesel na matriz energética brasileira, tornando obrigatória a adição de um mínimo
percentual de ésteres graxos ao diesel fóssil. Em janeiro de 2008, a adição de 2% de biodiesel
ao diesel de petróleo (B2), tornou-se obrigatória. Em junho do mesmo ano, o percentual
passou para 3% de biodiesel ao diesel fóssil (B3). O percentual de mistura prevista para 2010
é de 5% de biodiesel ao diesel fóssil (B5).
45
4. METODOLOGIA
Neste capitulo serão descritas as metodologias utilizadas para coletar, armazenar,
extrair e pré-tratar o óleo de vísceras de tilápia. Também serão descritos as determinaçoes das
propriedades físico-químicas de óleo e biodiesel de vísceras de tilápia, condições de reação de
transesterificação, purificação (lavagem) de biodiesel e análise cromatográfica de biodiesel.
4.1 Coleta e Armazenamento de Vísceras
As vísceras foram gentilmente cedidas pela Aline e Silveria da peixaria do
DNOCS, bairro Pici e pelo Agenor, da Peixaria Casa da Tilápia, Avenida Jovita Feitosa nº
999A. Bairro Parquêlandia.
A Figura 4 apresenta o fluxograma de evisceração de peixe, conforme
acompanhados nas peixarias citadas acima onde foram coletadas as vísceras.
Figura 4 –Fluxograma de evísceração de tilápia
46
As coletadas foram feitas num balde com tampa, após a esvisceração, para evitar a
exposição prolongada das vísceras com o ar atmosferico e levadas ao Laboratório de
Referências em Biocombustíveis – Larbio, Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial do
Ceará – NUTEC, onde foi submetida a extração a quente indireto para obtenção de óleo.
4.2 Extração de Óleo de Vísceras de Tilápia
O óleo foi extraído das vísceras pelo método de extração a quente indireto (Figura
3.2), por aquecimento numa chapa aquecedora, num becker de 2000 mL, agitador mecânico,
nas condições de temperatura de 60 à 80ºC e pressão atmosferica por 45 minutos. Após a
extração o óleo foi filtrado através de uma peneira com diametro de 16 mm, para remover as
frações sólidas das vísceras (figado, estomago, escamas, etc). As frações líquidas foram
deixadas em repouso por 1 hora num funil de de decantação de 1000 mL para separação das
fases oleosa e fase aquosa, conforme ilustrado na Figura 5. Em seguida separou-se as duas
fases (oleosa superior e borra inferior).
Figura 5 –Fluxograma de extração de Óleo de Vísceras de Tilápia
47
4.3 Pré-Tratamento de Óleo das Vísceras de Tilápia
A maior parte do biodiesel produzido, emprega óleos e gorduras semi-refinados
com boas características de acidez e umidade. No entanto, existe grande quantidade de óleos e
gorduras com elevados índices de acidez, umidade, gomas e outras impurezas que afetam o
processo de transesterificação alcalina. Empregou-se neste estudo uma metodologia de
purificação de óleo visando adequâ-lo para o processo de produção de biodiesel. A Figura 6
ilustra o fluxograma de pré-tratamento utilizado no presente trabalho para adequar o óleo de
vísceras de tilápia as condiçoes de reaçao de transesterificação alcalina.
4.3.1 Degomagem
Consistiu na adição de água aquecida a temperatura de 60ºC (± 3,0ºC), a uma
quantidade de 5% em relação à massa de óleo, com o óleo aquecido a 50ºC (±3,0ºC), sob
agitação magnética, com vacúo de 450 mm Hg por 20 minutos, com objetivo de remover
ácidos biliares, compostos fosforicos (fosfatídeos), partículas sólidas.
4.3.2 Neutralização
O óleo foi neutralizado com solução de NaOH, utilizando a relação de
equivalência entre ácidos e bases mais o excesso de 6% em relação a massa do óleo, com a
temperatura de 70ºC, pressão de vacúo de 500 mmHg. Adicionou-se de 5% de glicerina em
relação a massa do óleo, para arrastar sabão, excesso de NaOH e outras impurezas. O
processo foi conduzido sob agitação mecânica moderada, por 15 minutos. Terminado a
agitação transferiu-se a mistura reacional para um funil de decantação para separação de fases
(fase oleosa-superior e fase aquosa-inferior).
4.3.3 Lavagem
Foi adicionado 5% de água em relação a massa de óleo neutralizado, à 80ºC, com
vacúo de 500 mmHg, sob agitação magnética por 10 minutos. Em seguida foi submetida a
decantação por 45 minutos em funil de decantação para separação das fases aquosa e oleosa.
48
4.3.4 Desumidificação
Aqueceu-se o óleo em um becker até temperatura de 110ºC, sob pressão
atmosférica e agitação mecânica moderada com finalidade de eliminar toda a umidade
presente no óleo.
4.3.5 Desodorização e Branqueamento
Foi adicionado 5% de carvão ativado (cedida gentilmente pela Empresa Brasileira
de Bioenergia – EBB), em relação a massa do óleo secado e em seguida deixou-se a mistura
(carvão e óleo), sob agitação mecânica, temperatura ambiente, pressão atmosferica por 20
minutos com o objetivo de remover o odor caracteristico do peixe e a coloração dos ácidos
biliares do peixe.
4.3.6 Filtração
Foi preparada uma pré-capa de sulfato de sódio anidro e terra diatomácea num
funil de büchner (1% em relação à massa do óleo) e submetida a filtração por um aparato
constituido por uma bomba de vacúo (650 mm Hg), kitassato e papel de filtro lento (faixa
azul), com a finalidade de remover traços de umidade, sabão, particulas sólidas e outras
impurezas.
49
Figura 6 – Fluxograma de pré-tratamento de óleo de vísceras de tilápia
4.4 Fracionamento/Winterização de Óleo de Vísceras de Tilápia
O óleo e gordura são constituidos de triglicerídeos de ácidos graxos que,
individualmente, em temperatura ambiente podem se apresentar no estado líquido ou sólido.
Como estas frações são solúveis entre si e totalmente misciveis, encontramos freqüentemente
óleos vegetais (líquido) que contém frações gordurosas (sólida) e vice-versa.
O óleo de vísceras de tilápia foi submetido ao fracionamento após o prétratamento, com a finalidade de separar a fração sólida (estearina, saturada ) da fração líquida
(oleína, insaturada). Foi utilizada as seguintes condições operacionais: Temperatura de 65ºC
para homogeneizar toda a amostra, sob agitação constante e em seguida deixou-se a amostra a
temperatura ambiente por 24 horas. Com ajuda de uma centrifuga modelo Novatecnica
50
separou-se as frações sólida da líquida nas condições de rotação de 2500 rpm, temperatura de
25ºC e tempo de 10 minutos.
4.5 Caracterização Físico-Química de Óleo/Gordura e Biodiesel
As determinações feitas na análise de óleos e gorduras são geralmente chamados
índices, que são expressões de suas propriedades físicas-químicas dos mesmos e não as
porcentagens dos seus constituintes. Assim, são determinados os índice de iodo, índice
saponificação, índice peróxido, índice de acidez e as constantes físicas como o ponto de fusão
e o índice de refração. São estes índices que, juntamente com as reações características,
servem para identificação e avaliação da maioria dos óleos e gorduras, sendo o resultado da
análise baseado neste conjunto de dados.
O óleo foi analisado de acordo com as normas da AOCS (American Oil Chemists
Society) e procedimentos da Tecbio (Tecnologias de Bioenergéticas Limitada). As análises do
biodiesel foram realizadas de acordo com as normas da ASTM (American Society of Testing
and Materials) e ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e procedimentos da
Tecbio indicadas pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
(ANP),através da Resolução nº 42 de 20/03/2008. Vale ressaltar que os procedimentos da
Tecbio não são recomendados pela ANP.
Alguns parâmetros analisados são comuns ao óleo e biodiesel e desta forma serão
apresentados procedimentos que se aplicam aos dois produtos conforme descritos a seguir:
4.5.1 Índice de Acidez
A determinação da acidez pode fornecer um dado importante na avaliação do
estado de conservação do óleo/biodiesel. Um processo de decomposição, seja por hidrolise,
oxidação ou fermentação, altera quase sempre a concentração dos ions hidrogênio.
A decomposição dos triglicerideos é acelerada por aquecimento e pela luz, sendo
a rancidez quase sempre acompanhada pela formação de ácidos graxos livres. Estes são
frequentemente expressos em termos de índice de acidez, podendo sê-lo em mL de solução
normal por cento ou em g do componente ácido principal, geralmente o ácido oleico. Os
regulamentos tecnicos costumam adotar esta última forma de expressão da acidez. O índice de
acidez é definido como o número de mg de hidróxido de potássio necessário para neutralizar
51
um grama da amostra. O método é aplicável a óleos brutos e refinados, vegetais e animais, e
gorduras animais. Os métodos que avaliam a acidez titulavel resumem-se em titular, com
soluções de álcali-padrão, a acidez do produto ou soluções aquosas/alcoólicas do produto,
assim como os ácidos obtidos dos lipídios.
Procedimento – As amostras devem estar bem homogêneas e completamente
líquidas. Pesou-se 5 g da amostra em erlenmeyer de 250 mL. Adicionou-se 25 mL de solução
de álcool absoluto neutralizada. Adicionou-se duas gotas do indicador fenolftaleína e titulou a
amostra com solução de hidróxido de sódio 0,1M até o aparecimente da coloração rósea, a
qual deverá persistir por 30 segundos. Os resultados foram calculados utilizando a equação 1.
.
. .
,
çã
Onde:
IA = Índice de Acidez mg KOH/g
V = mL de solução de hidróxido de sódio (NaOH) 0,1M gasto na titulação
f = fator da solução de hidróxido de sódio
M = Molaridade da soluçao de Hidróxido de Sódio
m = massa da amostra (óleo ou gordura) em g
4.5.2 Índice de Peróxido
Este método determina todas as substâncias, em termos de miliquivalentes de
peróxido por 1000 g de amostra, que oxidam o iodeto de potássio nas condições do teste.
Estas substâncias são geralmente consideradas como peróxidos ou outros produtos similares
resultantes da oxidação do óleo ou gordura. É aplicável a todos os óleos e gorduras normais,
incluindo margarina e creme vegetal, porém é susceptível e portanto qualquer variação no
procedimento do teste pode alterar o resultado análise.
Procedimentos - Óleos e gorduras normais: pesou-se 5 g da amostra em um
erlenmeyer de 250 mL. Adicionou-se 30 mL da solução ácido acético-clorofórmio 3:2 e
agitou até a dissolução da amostra. Adicionou-se em seguida 0,5 mL da solução saturada de
KI e deixou-se em repouso ao abrigo da luz por exatamente um minuto. Em seguida
52
acrescentou-se 30 mL de água destilada previamente aquecida e resfriada e titulou-se com
solução de tiossulfato de de sódio 0,1M, com constante agitação. Continou-se a titulação até
que a coloração amarela tenha quase desaparecido. Adicionou-se 0,5 mL de solução de amido
indicadora e continuou-se a titulação até o completo desaparecimento da coloração rósea.
Preparou-se uma prova em branco, nas mesmas condições. Os resultados foram calculados
utilizando a equação 2.
.
. .
çã
onde:
IP = índice de peróxido em meq/1000 g de amostra
V1 = mL da solução de tiossulfato de sódio 0,1N gasto na titulaçao
Vb= ml da solução de tiossulfato de sódio 0,1N gasto na titulação do branco
M = rmolaridade da solução de tiossulfato de sódio
f = fator de correçao da soluçao de tiossulfato de sódio
m = massa amostra (óleo ou gordura) em g
4.5.3 Índice de Saponificação
O índice de saponificação é a quantidade de álcali necessário para saponificar uma
quantidade definida de amostra. Este método é aplicável a todos os óleos e gorduras e
expressa o numero de miligramas de hidróxido de potássio necessário para saponificar um
grama de amostra.
Procedimentos – pesou-se cerca de 5 gramas de amostra previamente
desumidificado em um balão de fundo chato, adicionou-se 50 mL da solução alcoólica de
KOH. Preparou-se um branco da mesma forma descrita para amostra com exceção massa de 5
g. Conectaram-se os balões ao condensador de refluxo e deixou ferver até a completa
saponificação da amostra (aproximadamente uma hora e meia). Em seguida lavaram-se as
paredes do condensador de refluxo com pouco de água destilada recolhendo o mesmo nos
balões. Adicionou-se 1 mL do indicador fenolftaleína e precedeu a titulação com a solução de
53
ácido clorídrico 0,5 M até o desaparecimento da cor rósea. Os resultados foram calculados
utilizando a equação 3.
.
. .
çã
Onde:
IS = Índice de Saponificação em mg KOH/g
Vb = volume (mL) gasto na titulação o branco
V = volume (mL) gasto na titulação da amostra
f = fator da solução de HCl 0,5 M
m = massa (g) da amostra
4.5.4 Víscosidade
A víscosidade a 40ºC é uma das propriedades físicas dos combustíveis mais
importante, visto que afeta a atomização do combustível na câmara de combustao podendo
provocar, entre outros problemas, a formaçao de depósitos. A viscosidade cresce com o
tamanho da cadeia do éster graxo e com o grau de saturação. A presença de uma hidroxila na
cadeia do ricinoleato, éster predominante no biodiesel de mamona, provoca também o
aumento da viscosidade do combustível. A viscosidade é a resistencia à vazão que um liquido
apresenta quando submetido à açao da gravidade. Na prática, mede-se o tempo de escoamento
de determinado volume do liquido através de um viscosimetro capilar conforme descrito
abaixo. A viscosidade cinematica é expressa em mm2/s.
Procedimento – colocou-se o viscosimetro na posição vertical e invertida para
baixo, introduziu-se a extremidade L no becker com amostra. Com ajuda de uma seringa
introduzida na extremidade U succionou-se a amostra até ultrapassar o menisco E, mais ou
menos 5 milimetros acima, de seguida levantou-se o viscosímetro e colocou-o na posição
normal. Limpou-se as extremidades do viscosimetro com um papel toalho e introduziu-se nas
extremidades do viscosimetro uma garra com dois orificios conforme ilustrado na Figura 7.
Colocou-se viscosimetro no banho termotatizado modelo Petrotest visco bath a 40ºC e
deixou-se em repouso por 20 minutos. Passados os 20 minutos, e considerando que houve o
tempo suficiente para que o banho e a amostra fiquem estáveis a 40ºC, succionou-se com
54
ajuda de uma pera na extremidade L e a amostra subiu as paredes do viscosimetro até atingir o
menisco E e passar 5 milimetros acima do mesmo. Retirou-se a pera da extremidade L e
comecou-se a medir o tempo a partir do menisco E, ao qual o cronômetro foi acionado e
parada quando o líquido atingiu o menisco F. Mediu-se novamente a viscosidade por trés
vezes. Os resultados foram calculados utilizando a equação 4.
Figura 7 –Viscosímetro Capilar Cannon Fenske
η
Onde:
C .t
η = Viscosidade Cinemática (mm2/s)
C = constante do tubo capilar (C=0,01598)
t = tempo em segundo (s)
çã
55
4.5.5 Densidade
A massa especifica a 20ºC, é expressa em g/cm3, mede a relação entre a massa de
uma substancia e o volume que esta ocupa. A densidade pode ser medida através de um
hidrômetro, densimetro ou densimetro digital. A massa especifica depende da composição
relativa dos ésteres graxos e também da presença de impurezas. . A densidade é determinada
por imersão do densímetro no líquido (a uma temperatura constante), cuja gravidade
específica se deseja determinar, sendo a densidade lida diretamente da escala.
Procedimento – colocou-se um determinado volume de amostra num Becker de 100
mL e com um termômetro mediu a temperatura da amostra. Succionou-se a amostra com o
densímetro modelo KEM KIOTO ELETRONICS DA-130 N até preencher todo o capilar
interno e leu-se no visor a densidade da amostra analisada.
4.5.6 Índice de Refração
O índice de refração é característico para cada tipo de óleo, dentro de certos
limites. Está relacionado com o grau de saturação da ligações, mas é afetado por outros
fatores tais como: teor de ácidos graxos livres, oxidação e tratamento térmico. Quando a luz
muda de meio de propagação sofre geralmente, uma mudança na sua direção de propagação,
chamando-se refração a este fenômeno. Assim, o índice de refração pode ser utilizado para
determinar o grau de pureza de substâncias, sendo um método simples e rápido. As medições
foram efetuadas utilizando um refratômetro modelo A.KRUSS OPTRONICS.
Procedimento – Colocou-se a amostra em um Becker de 100 mL e aqueceu-se o
mesmo até se homogeneizar e de seguida filtrada para remover quaisquer impurezas e traços
de umidade. Com um bastão de vidro imergiu-o na amostra e preencheu a lamina do
refratômetro. Em seguida foi lida o valor do índice de refração ajustando as escalas de
refratômetro.
4.5.7 Determinação de Umidade e Material Volátil
Procedimento - o teor de umidade foi determinado com base no método de perdas
por dessecação em estufa à 105ºC. Pesou-se 5 g em triplicata num cadinho de porcelana, e
colocou-os numa estufa previamente aquecida a 105ºC por uma hora. Após o aquecimento, as
56
amostras foram retiradas da estufa e colocadas para resfriar num dissecador até atingir
temperatura ambiente. Pesaram-se os cadinhos e as massas registrados.
Repetiu-se o procedimento até o peso dos cadinhos se manterem constante. O teor
de umidade foi determinado pela diferença nas massas do conjunto cadinho/óleo. Os
resultados foram calculadaos utilizando a equação 5.
Onde:
%
Equação
m1 = massa (g) inicial da amostra
m2 = massa (g) da amostra após a dessecação (perda de massa)
4.5.8 Glicerina Livre e Combinada
A glicerina livre, glicerina total, triacil, diacil e monoacilglicerídeos correm como
contaminantes no biodiesel em duas formas, a livre e a glicerina combinada, que são os mono
e diacilgliceróis, intermediários da reação de transesterifcação, ou ainda o óleo não reagido. A
glicerina total corresponde à soma da glicerina livre e combinada, não deve ultrapassar 0,25
% em massa. Estes são compostos não voláteis, prejudicam a combustão e causam a formação
de depósitos.
O procedimento para glicerina livre – para determinar a glicerina livre e
combinada pesou-se 3g de biodiesel de em um funil de separação de 250 mL. Adicionou-se
20 mL de água destilada e 0,5 mL de ácido sulfúrico (1:4), agitou-se para homogeneizar a
solução e deixou-se em repouso por 10 minutos com separação das duas fases (fase superior
orgânica e fase inferior aquosa). A fase inferior, mais densa foi retirada do funil de separação
e colocada em um erlenmeyer de 250 mL.
A glicerina livre foi determinada com a fase inferior retirada do funil de
separação. Adicionou-se 25 mL de solução de periodato de sódio 0,1M deixando em repouso
por 10 minutos. Em seguida, adicionou-se 4,0 g aproximadamente de bicarbonato de sódio
P.A. e 2 g de iodeto de potássio P.A., agitando para homogeneizar. Titulou-se essa solução
com arsenito de sódio 0,1M até a coloração ficar levemente marrom, em seguida adicionou-se
57
3 gotas de solução de amido 1%, prosseguiu-se a titulação até a viragem do analítico, para
coloração incolor. Os resultados foram calculados utilizando a equação 6.
. . ,
çã
Onde:
GL é a glicerina livre,
Vb = é o volume (mL) de arsenito gasto na titulação do branco;
V1 = é o volume (mL) de arsenito gasto na titulação da amostra;
T = é o título da solução de arsenito de sódio
m = é a massa (g) da amostra do biodiesel.
Procedimento para glicerina combinada – determinou-se a glicerina combinada
com a fase superior conforme descrito na determinação da glicerina livre. Com auxilio de 20
mL de água destilada, transferiu-se todo o conteúdo superior do funil de separação para o
balão de fundo chato. Lavou-se as paredes do funil com 10 mL de álcool absoluto recolhendoo no balão de fundo chato.
Em seguida adicionou-se 3 mL de hidróxido de sódio 50% ao balão. A mistura
reacional foi colocada numa chapa aquecedora com refluxo, até a completa saponificação da
amostra ficando claro e translúcido, mesmo após a agitação. Manteve-se a amostra na chapa
por mais 10 minutos. Em seguida lavou-se as paredes do condensador com 25 mL de água
destilada recolhendo o mesmo no balão. Transferiu-se a solução reacional para um balão
volumétrico de 250 mL e aferiu-se até o menisco. Retirou-se de seguida 50 mL da solução do
balão volumétrico e transferiu-se para um funil de separação de 250 mL. Adicionaram-se duas
gotas de indicador azul de bromofenol e agitou-se até completa mistura. Acrescentou-se
solução de ácido sulfúrico 20% até a mudança da coloração azul para amarela. Adicionou-se
10 mL de tolueno P.A. e agitou-se vagarosamente até completa homogeneização do meio e
deixou-se em repouso por 10 minutos. Separaram-se as duas fases (fase aquosa inferior e fase
orgânica superior). A fase aquosa foi recolhida num erlenmeyer de 250 mL para a dosagem da
glicerina total, procedendo da mesma forma como descrito anteriormente para análise de
glicerina livre. Os resultados foram calculadaos utilizando a equação 7.
58
.
Onde:
. . , .
ã
quação
GC = a glicerina combinada
Vb = o volume (mL) de arsenito gasto na titulação do branco
V2 = o volume (mL) de arsenito gasto na titulação da amostra
Vbalão = volume (mL) de balão volumétrico usado para diluição da amostra
Valiquota= volume (mL) da alíquota utilizada para análise
T = o título da solução de arsenito de sódio
m = a massa (g) da amostra do biodiesel
4.5.9 Alcalinidade Livre e Combinada
A alcalinidade livre é relativa à concentração de catalisador ativo, enquanto a
alcalinidade combinada, à concentração de sabão presente na amostra. A alcalinidade livre é
dosada com HCl 0,1 M, usando fenolftaleína como indicador, até a coloração rósea mudar
para transparente. A titulação prossegue com outro indicador (azul de bromofenol) até que
todo o sabão tenha sido titulado com a mudança de coloração de azul para amarelo
esverdeado.
Procedimento – pesou-se 2 gramas de amostra e em seguida adicionou-se 25 mL
de álcool etílico previamente neutralizado com solução de hidróxido de sódio (NaOH 0,1 M).
Titulou-se a mistura com ácido clorídrico (HCl 0,1 M), até o desaparecimento da
cor rósea, obtendo o volume (V1) lido na bureta. Na mesma amostra prosseguiu-se a titulação
após a adicionar 3 gotas de indicador azul de bromofenol até a mudança da coloração azul
para amarelo esverdeado, indicando o ponto de viragem e fim da reação, obtendo o V2. Para a
determinação de branco procedeu-se da mesma forma utilizada para obter V1 com exceção da
amostra obtendo Vb. Os resultados de alcalinidade livre e a combinada foram calculadaos
utilizando a equação 8 e 9 respectivamente.
59
.
.
çã
.
.
çã
Onde:
AL = alcalinidade livre meq/g
AC = alcalinidade combinada meq/g
V1 = volume (mL) de HCl gasto na titulação da amostra para alcalinidade livre
V2 = volume (mL) de HCl gasto na titulação da amostra para alcalinidade combinada
Vb = volume de HCl gasto na titulação de branco
f = fator de correção de HCl
M = molaridade de HCl
4.5.10 Ponto de Fulgor
O ponto de fulgor é a menor temperatura, sob condições específicas, na qual uma
fonte de igniçao é capaz de causar a combustão do vapor do líquido em análise. O ponto de
fulgor é diretamente influenciado pelo teor do álcool contaminante no biodiesel.
Procedimento – a amostra foi aquecida a uma taxa de 5 a 6ºC por minuto, num
equipamento Pensky-Martens de vaso fechado, modelo Petrotest PM 4 com agitação
constante. Uma pequena chama foi dirigida para o vaso do equipamento, em intervalos de
tempo controlado de 2 a 2ºC por minuto, com a susprensão da agitação para aplicação da
chama. O ponto de fulgor detectado foi a menor temperatura em que aplicação da chama de
teste fez com que os vapores acima da amostra se inflame.
4.5.11 Índice de Iodo
O índice de iodo de um óleo ou gordura é a medida do seu grau de insaturação e é
expresso em termos do número de centigramas de iodo absorvido por grama da amostra (%
60
iodo absorvido). Cada óleo possui um intervalo característico do valor do índice de iodo. A
fixação do iodo ou outros halogenios se dá nas ligações etilenicas do ácidos graxos.
Procedimento – colocou-se aproximadamente 5 g de amostra (óleo/gordura) num
becker de 50 mL e aqueceu-se numa chapa aquecedora com agitação magnética até completa
homogeneização e em seguida pesou-se 0,25 g aproximadamente em erlenmeyer de 250 mL
esmerilhado com tampa e adicionou-se 10 mL de tetracloreto de carbono. Em seguida
adicionou-se 25 mL de solução de Wijs e agitou vagarosamente até completa
homogeneização da amostra. Deixou-se a mistura em repouso ao abrigo da luz e temperatura
ambiente, por 30 min. De seguida adicionou-se 10 mL de solução de iodeto de potássio 15% e
100 mL de água destilada recentemente fervida e fria. Titulou-se em seguida com solução de
tiossulfato de sódio 0,1 M até o aparecimento de uma fraca coloração amarela. Adicionou-se
1,5 mL de solução de indicadora de amido 1% e continou-se a titulação até completo
desaparecimento da cor cinza. Preparou-se uma determinação em branco e procedeu-se da
mesma forma que a amostra. Os resultados foram calculadaos utilizando a equação 10.
.
.
,
Onde:
quação
Vb = volume (mL) de tiossulfato de sódio gasto com titulação do branco
V1 = volume (mL) de tiossulfato de sódio gasto com titulação da amostra
M = molaridade da solução de tiossulfato de sódio
m = massa (g) da amostra
4.6 Produção de Biodiesel
4.6.1 Produção de Biodiesel Etílico e Metílico de Óleo de Vísceras de Tílápia
A escolha do álcool está geralmente relacionada com fatores economicos e
aspectos técnicos, como a facilidade de separação das fases éster e glicerina após a
transesterificação. Neste trabalho foram utilizados os álcoois etílico e metíllico para produção
de biodiesl. Para a reação de transesterificação utilizou-se óleo de vísceras de tilápia extraido
61
e pré-tratado. Foi realizado uma pesquisa exploratória e univariada conforme definida para
rota metílica e rota etílica.
4.6.1.1 Rota Metílica
A Tabela 6 apresenta as condições reacionais para produção de biodiesel pela rota
metílica. Foram mantidas constante os seguintes parâmetros: massa de óleo 100 gramas,
temperatura de 60ºC e agitação magnética constante.
Tabela 6 – Condições reacionais de produção de biodiesel metílico
t
T
Razão Molar
Corrida
% NaOH
o
MeOH/Óleo
(min)
( C)
BMVT 01
BMVT 02
BMVT 03
BMVT 04
BMVT 05
3
4,2
4,8
5,4
6
0,5
0,5
0,5
0,5
0,5
45
45
45
45
45
60
60
60
60
60
BMVT 06
BMVT 07
BMVT 08
BMVT 09
BMVT 10
BMVT 11
5,4
5,4
5,4
5,4
5,4
5,4
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
1
45
45
45
45
45
45
60
60
60
60
60
60
BMVT 12
BMVT 13
BMVT 14
BMVT 15
5,4
5,4
5,4
5,4
0,5
0,5
0,5
0,5
30
45
60
90
60
60
60
60
O procedimento - consistiu em pesar 100 gramas de óleo num balão volumétrico
de 1000 mL de fundo chato esmerealiado com duas bocas conforme ilustrado na Figura 3.6, o
mesmo foi colocado uma chapa aquecedora com agitação magnética para homogeneização da
mistura a temperatura de 60ºC. Em seguida pesou-se as quantidades de catalisador e álcool
metílico ambos no mesmo balão de fundo chato de 250 mL. Colocou-se o balão em uma
chapa aquecedora com agitação magnética para dissolver o hidróxido de sódio (NaOH). Após
a homogeneização do hidróxido de sódio e álcool (metanol), adicionou-os ao óleo aquecido e
marcou-se o tempo de acordo com as condições descritas na Tabela 3.1, após a completa
homogeneização da mistura reacional. Decorrido o tempo de reação, a mistura reacional foi
62
transferida para um funil de separação de 500 mL para promover a separação entre as fases
éster (superior e menos densa), da fase glicerina (inferior e mais densa).
4.6.1.2 Rota Etílica
O mesmo procedimento utilizado para preparar a matéria-prima e os insumos na
reação de transesterificação metilica foi utilizado para produção de biodiesel na rota etílica
com variações nas condições reacionais conforme ilustrado na Tabela 7.
Tabela 7 – Condições reacionais de produção de biodiesel etílico
t
T
Razão Molar
% NaOH
Corrida
o
EtOH/Óleo
(min)
( C)
BEVT01
BEVT 02
BEVT 03
BEVT 04
BEVT 05
BEVT 06
BEVT 07
BEVT 08
BEVT 09
BEVT 10
BEVT 11
BEVT 12
BEVT 13
BEVT 14
BEVT 15
3
6
7,5
9
11,4
11,4
11,4
11,4
11,4
11,4
11,4
11,4
11,4
11,4
11,4
1
1
1
1
1
0,5
1
1,5
2
2,5
1
1
1
1
1
60
60
60
60
60
60
60
60
60
60
30
45
60
90
120
60
60
60
60
60
60
60
60
60
60
60
60
60
60
60
As condições reacionais utilizadas são descrito a seguir: a reação foi conduzida
com 100 gramas de óleo, temperatura de 60ºC e agitação magnética constante. Após o
termino da reação, a mistura reacional foi transferida para um funil de decantação para separar
as fases éster da glicerina. Devido a dificuldade de separação de fases na rota etilica
adicionou-se 25% glicerina P.A., em relação a massa do óleo inicial e agitou-se a mistura por
5 minutos e em seguida transferiu-a, para um funil de decantação e o deixou em repouso por 2
horas.
A Figura 8 apresenta o fluxograma de produção de biodiesel em ambas às rotas
utilizadas neste trabalho e a Figura 9 ilustra o aparato experimental utilizado. As duas rotas
63
apresentam em comum a necessidade de dissolver o NaOH no álcool correspondente antes de
ser misturado ao reator principal.
Figura 8 – Fluxograma de produção de biodiesel
64
Segundo Knothe (2006), parâmetros como: temperatura, tempo de reação, grau de
refino do óleo vegetal empregado e o efeito da presença da umidade e ácidos graxos livres,
são igualmente investigados e avaliados e influenciam diretamente nos teores de conversão.
Em temperaturas próximas a 30ºC o processo pode atingir 99% de rendimento em uma reação
de cerca de 4 horas a base de catalisadores alcalinos (NaOH, NaOMe ou KOH). O tempo de
reação pode ser reduzido consideravelmente a temperaturas superiores a 60ºC, utilizando-se
óleo vegetal refinados. O rendimento do processo foi calculdo utilizando a equação 11.
Figura 9 – Reação de Transesterificação
Onde:
m BVT
x
m óleo
%
R = rendimento do processo (%)
m(BVT) = massa do biodiesel de vísceras de tilápia (g)
m(óleo) = massa de óleo de vísceras de tilápia (g)
Equação
65
4.7 Purificação/Lavagem do Biodiesel
Após a separação das fases éster (biodiesel) e glicerina, o biodiesel, foi submetido
a lavagens com água destilada, com a finalidade de remover glicerina livre, álcool, hidróxido
de sódio, sabão e outras impurezas. Este procedimento consiste em três lavagens consecutivas
com água destilada (10% em relação à massa do biodiesel), solução aquosa de ácido
clorídrico 0.1M (10% da massa inicial do biodiesel) e novamente com água (10% em relação
a massa inicial do biodiesel). A Figura 10 ilustra, esquematicamente, o processo de
purificação (lavagem) do biodiesel.
Para remover a água remanescente aqueceu-se a fase éster (biodiesel) numa chapa
aquecedora sob agitação constante até a temperatura de 90ºC e iniciou-se a insuflação de ar
comprimido com uma bomba de vácuo até atingir 110ºC, cessou-se o aquecimento. Em
seguida adicionou-se 5% em massa de biodiesel final a terra diatomácea e agitou-se por 10
minutos. Após o termino da agitação filtrou-se o biodiesel com uma bomba de vácuo,
adaptado com funil de buchner, papel de filtro lento com uma pré-capa com 1% em massa de
biodiesel de sulfato de sódio anidro a 700 mm Hg de pressão.
66
Figura 10 – Fluxograma de lavagens (purificação) de biodiesel
4.8 Análises de cromatográfia de Gasoso-CG/FID
A cromatografia a gás é uma técnica que possibilita a caracterização e análise
quantitativa de misturas de compostos, ou seja, é um método físico de separação, onde os
componentes são distribuídos em duas fases (estacionária e móvel). Os ácidos graxos do óleo
das vísceras de tilápia foram determinados por cromatografia gasosa GC, com detector de
ionização de chama FID. Os componentes foram identificados por comparação de tempos de
67
retenção das amostras com o tempo de retenção de padrões cromatográficos de ácidos graxos.
A quantificação foi feita pela conversão das áreas dos picos em concentrações através das
curvas de calibrações dos padrões. As análises cromatográficas foram realizadas em
equipamento Shimadzu modelo 17A, com coluna capilar Supelco 5% de fenil e 95%
dimetilpolisiloxano com 100 m de comprimento, 0,25 mm de diâmetro interno e 0,25 μm de
espessura de filme da fase estacionária.
Os gases de arraste utilizados foram o ar sintético e hidrogênio. As condições
operacionais foram: Temperatura inicial da coluna de 150ºC, temperatura de detector de
280ºC, temperatura de injetor de 280ºC, programação de temperatura da coluna: de 15ºC/min.
até 240ºC e mantida por 2 minutos e em seguida 20ºC/min até 260ºC mantido por 21 min. Os
outros parâmetros cromatográficos foram operados da seguinte forma: Modo split 1:30,
pressão de 206, fluxo de gás de 1,5 mL/min, velocidade linear de 32,6 e fluxo total de 55.
Para preparação das amostras de padrões de ácidos graxos procedeu-se da
seguinte maneira: dissolveu-se a amostra de padrões multi-elementar (Tabela 8) em 5 mL do
solvente diclorometano.
Tabela 8 – Padrões cromatográficos de ácidos graxos e sua pureza
Nº átomos
Ácido
Pureza
Participação (%)
Carbono
Caprilico
8:0
99,9
7,996
Caprico
10:0
99,8
8,011
Láurico
12:0
99,7
8,006
Mirístico
14:0
99,9
7,996
Palmitico
16:0
99,9
11,002
Palmitoléico
16:1
99,9
7,999
Esteárico
18:0
99,7
7,996
Oléico
18:1
99,9
4,998
Linoléico
18:2
99,9
5,000
Linolénico
18:3
99,9
5,005
Aráquidico
20:0
99,7
5,001
Behénico
22:0
99,8
7,996
Erúcico
22:1
99,9
7,996
Lignocérico
24:0
99,6
5,001
68
Essa solução principal possui a concentração de 10000 mg/L e desta solução
foram preparadas novas diluições com as seguintes concentrações: 10000 mg/L, 7000 mg/L,
4000 mg/L, 2000 mg/L, 1000 mg/L e 400 mg/L. Construíram-se as curvas de calibrações e
com estes determinaram-se as concentrações dos analitos de interesse (etil/metil ésteres de
ácidos graxos). Para análise de amostras de biodiesel de vísceras de tilápia, mediu-se 75 µL
da mesma e dissolveu-se em 10 mL de diclorometano e desta solução retirou-se uma alíquota
de 1 µL e injetou-se no cromatografo nas condições descritas acima.
69
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Condições de coleta, armazenamento e tempo de extração de óleo de vísceras de
tilápia
A coleta e o armazenamento de vísceras podem ser efetuada num balde de
plástico com tampa e armazenada até no máximo 6 horas para em seguida submetê-los a
extração. O óleo resultante da extração com até 6 horas de armazenamento apresentou índice
de acidez inferior a 2 mg KOH/g, valor indicado na literatura para óleos utilizados na reação
de transesterificação alcalina e após este tempo as vísceras apresentaram uma alta taxa de
fermentação, liberando um odor desagradável e caracteristico de peixe. A Tabela 9 apresenta
os resultados de índice de acidez de óleo de vísceras de tilápia, extraído com diferentes
tempos de esvisceração seguido de extração do óleo. Podemos perceber que o índice de acidez
aumenta com o aumento de tempo de armazenamento das vísceras, indicando possivelmente a
degradação do resíduo, devido aos microorganismos presentes no mesmo.
Tabela 9 – Resultados de processo de extração do óleo de víscera de tilápia
Experimentos
Tempo de evisceração
e extração (h)
Rendimento
(%)
Índice de acidez
(mg KOH/g)
01
2
50
0,89 ± 0,00
02
03
04
05
06
07
4
6
10
14
20
24
47
55
45
50
50
53,8
0,98 ± 0,00
1,76 ± 0,00
3,56 ± 0,00
5,45 ± 0,00
7,79± 0,00
7,63 ± 0,00
08
30
51,5
13,2 ± 0,00
O Gráfico 5 apresenta o perfil de índice de acidez com o tempo de
armazenamento das vísceras após a evisceração seguida de extração. Podemos observar que o
índice de acidez aumenta linearmente com o aumento de tempo de armazenamento. Observase que a partir de 20 à 24 horas o índice de acidez não apresenta uma grande diferença
aumentando de 7,63 mg KOH/g a partir de 24 horas para 13, 2 mg KOH/g, com o tempo de
30 horas de armazenamento seguido de extração indicando possivelmente alta atividade
microbiana, resultando em degradação das vísceras. No entanto, tem-se a necessidade de
extrair o óleo das vísceras evitadando que o óleo final apresente alta acidez.
70
Gráfico 5 – Resultados de variação de índice de acidez com o tempo de armazenamento
5.2 Rendimento do Processo de Extração de Óleo de Vísceras de Tilápia
As vísceras representam a fração descartável no processo de beneficiamento da
tilápia. O peso médio das vísceras de tilápia encontrado foi de 83,1 ± 14,6 g e correseponde a
11,1 ± 1,9 % do peso médio de tilápias vendido no mercado. Vale ressaltar que o alto valor do
desvio padrão se deve a variação do peso das tilápias comercializados.
As condições ótimas de extração de vísceras de tilápia encontradas foram:
temperatura entre 70 à 80ºC, pressão atmosferica, tempo de 45 minutos, agitação mecânica
constante. Nestas condições foram encontrados três fases distintas do processo. A fase sólida
(fração sólida dos orgãos de tilápia) e duas fases líquidas (fase oleosa e borra). Obtiveram-se
rendimentos das fases com valores médios de: 50,3 ± 3,3% de óleo em relação a massa das
vísceras, 19,2 ± 1,8%, fração sólida massa cozida (restos de fígado, gônada, intestino,
estômago, etc), material adequado para produção de adubo orgânico e ração animal e 28,9 ±
1,4 % de borra (líquido aquoso) em relação a massa de vísceras.
Segundo Pessoa (1994), estudando o percentual lipidico do figado dos
elasmobrânquios através da cocção encontrou o rendimento médio de óleo de 47,9 ± 13,9 %
em relação a massa de figado. As maiores concentrações lipídicas foram encontradas nos
fígados dos cações jaguara 61,8%, sucuri 55,1%, cação lixa 54,2% e lombo preto
51,3%,cação panam 39,7%, raia 34,0% (PESSOA, 1994).
71
De acordo com Ogawa et al. (1974, apud PESSOA, 1994), encontraram para
cação jaguara 47,0 ± 0,8% e cação lixa 44,1 ± 0,4% de rendimento de óleo no fígado dos
peixes, utilizando extração a quente. Com estes resultados podemos perceber que os autores
citados acima, encontraram percentuias de lipídeos que corroboram com os resultados
encontrados neste trabalho mostrando, assim, a grande quantidade de lipídeos presentes nas
vísceras de pescados.
A Figura 11 apresenta o processo de separação das fases oleosa (superior) e borra
(inferior) de óleos com diferentes coloração após extração. Observa-se que o óleo extraído
adquiriu a coloração resultante dos ácidos biliares da tilápia, variando entre as cores amarela,
esverdeado, marrom e laranja de acordo com a predominância da cor da abilis.
a) Marron
b) esverdeado
c) Cor amarela
Figura 11– Separação de fases oleosa e borra após o processo de cocção
A Figura 11, c) ilustra a separação de fases de óleo de vísceras com previa
remoção de abilis, antes do processo de extração. Pode-se observar que o óleo (fase superior)
apresenta uma coloração amarela clara e a borra (fase inferior) apresenta a coloração bege.
mostrando que as diferentes cores apresentadas no óleo após a extração é possivelmente
resultante da cor de ácidos biliares do peixe.
O processo de extração por cocção mostrou-se viável por gerar resultados
satisfatórios, em termos de alto rendimento de processo, preservação das caracteristicas físicoquímicas do óleo e tempo relativamente pequeno de processamento. De modo geral, o
rendimento do óleo encontrado evidenciam um elevado teor de lipídios nas vísceras de tilápia.
Este fato coloca as vísceras de tilápia num patamar de material promissora para geração de
energia, emprego e renda.
72
5.3 Pré-tratamento de Óleo de Vísceras de Tilápia
O pré-tratamento de óleo de vísceras de tilápia tem como finalidade remover as
impurezas existentes no óleo tais como: alta acidez, fosfatideos, particulas sólidas ingeridas
pelos peixes, restos de razão animal utilizada na alimentação de peixe, gomas, umidade, etc,
que afetam a qualidade do óleo e conseqüentemente a reação de transesterificação alcalina.
De acordo com Moretto & Fett (2009), o refino de óleos e gorduras condicionam:
¾
A remoção de ceras, possibilita o melhor desempenho do biodiesel as
condiçoes de baixa temperatura sem a necessidade de adicionar os anticongelantes;
¾
A remoção de gomas condiciona a não formação de sabão durante as etapas de
purificação (lavagem) do biodiesel;
¾
Remover os fosfatideos, para evitar que os efluentes tenham uma alta carga de
fosforo, ou seja, compostos fosfatidicos, elevando assim, o custo de tratamento dos efluentes;
¾
A redução de índice de acidez, visa possibilitar a utilização de reação de
transesterificação alcalina sem grandes perdas do processo devido a reação paralela de
saponificação dos ácidos graxos livres com catalisador alcalino (NaOH), reduzindo desta
forma o rendimento da reação.
¾
A utilização da desodorização e branqueamento possibilitou a remoção da cor
do óleo extraído, através do uso de carvão ativado e terra diatomácea conforme descrito no
item 4.3.5.
Podemos ver na Figura 12, o óleo resultante do processo de extração antes e
depois do pré-tratamento. Obteve-se um óleo com aspecto limpido, translucido e a cor
amarela clara semelhante a maioria dos óleos comestíveis encontrado no mercado local, como
por exemplo: soja, girassol, algodão e outros. Também percebeu-se uma redução significativa
do odor característico do peixe, no óleo/gordura final mostrando assim, a necessidade se ter
no pré-tratamento a etapa de desodorização e branqueamento.
Vale ressaltar que a filtração da mistura carvão ativado/ biodiesel, mostrou-se
mais eficiente do que na mistura carvão ativado/óleo, em relação ao tempo de filtração que foi
1 e 7,5 minutos respectivamente, possivelmente devido a baixa viscosidade do biodiesel de
óleo de vísceras de tilápia.
O pré-tratamento do óleo também visa garantir a qualidade do produto final, no
caso do biodiesel e glicerina minimizando os gastos na etapa de purificação dos produtos da
reação.
73
Figura 12 – Foto do óleo das vísceras de tilápia antes e depois de pré-tratamento
5.4 Caracterização Físico-Química do Óleo/Gordura de Vísceras de Tilápia
Foi realizada a caracterização físico-química do óleo de vísceras de tilápia para
determinar o índice de acidez, índice de iodo, índice de saponificação, índice de refração,
viscosidade, densidade, índice de peróxido e teor de umidade. A Tabela 10 apresenta os
valores encontrados para diferentes parâmetros de biodiesel determinado.
A reação de transesterificação é influenciada diretamente pela qualidade do óleo,
isto é, pelas propriedades físico-químicas e pelo estado físico do mesmo, ou seja, o ideal para
a produção de biodiesel utilizando catalisador básico é recomendado que o óleo tenha o
índice de acidez inferior a 2 mg KOH/g de óleo e teor de umidade inferior a 0,5%,
(LAWSON, 1994).
Após a extração de óleo de vísceras de tilápia, o mesmo foi submetido ao prétratamento para adequâ-lo as condições recomendadas na literatura para a reação de
transesterificaçao. O óleo foi neutralizado para baixar a acidez inicial e o resultado obtido do
processo de neutralização foi de 0,0563 ± 0,0091 mg KOH/g. Sabe-se que a alta acidez do
óleo na reação de transesterificação condiciona a possibilidade de reações paralelas como as
de saponificação.
A secagem do óleo na etapa de pré-tratamento visa eliminar o teor de água
resultante da desnaturação do tecido adiposo das vísceras e da água remanescente do processo
74
de lavagem após a neutralização. O hidróxido de sódio é hidroscópico e facilmente é
desativado pela presença de água existente no meio reacional. Desta forma procedeu-se a
secagem do óleo e o valor encontrado foi de 0,376 ± 0,002 %, abaixo do valor recomendado
na literatura para produção de biodiesel. O teor de umidade é a quantidade de água não
combinada na amostra, pois a existência de uma porcentagem mínima de água caracteriza-o
como um produto de melhor qualidade com maior durabilidade (VIEIRA,1994). Está
relacionada com com a estabilidade, qualidade e composição (CECCHI, 2003).
Tabela 10 – Resultados de Características físico-químicas de óleo de vísceras de tilápia
Parâmetros
Unidades
Valor encontrado
Índice de Acidez
mg KOH/g
0,0563 ± 0,01
Ínndice de Saponificação
mg KOH/g
172,7 ± 0,045
Índice de peróxido
meq/kg
3,35 ± 0,03
Índice de refração
---
1,4680 ± 0,00
Índice de iodo
Densidade à 20ºC
Viscosidade cinemática 40ºC
Teor de umidade
(gI2/g)
78.8 ± 0,12
3
916,1 ± 0,00
2
mm /s
35,7 ± 0,005
%
0,376 ± 0,00
kg/m
O índice de peróxido encontrado foi de 3,35 ± 0,03 meq O2/kg e indica o estado
de conservação do óleo e consequentemente a eficiência do processo de extração (cocção) que
não prejudicou as características físico-químicas do óleo. Esse índice avalia a rancidez
hidrolitica, que causa a decomposiçao de óleos e gorduras na presença da luz e calor, com a
formaçao de ácidos graxos livres.Segundo Cecchi (2003), esta determinação é importante para
a classificação de óleos e gorduras e para o controle de alguns processamentos.
O índice de saponificação de triglicerideos varia de acordo com os ácidos graxos
constituinte de óleos e gorduras. Quanto menor o peso molécular do ácido graxo, maior será o
índice e saponificação. É inversamente proporcional ao peso molecular médio dos ácidos
graxos dos glicerídeos presentes e é importante para demonstrar a presença de óleos ou
gorduras de alta proporção de ácidos graxos de baixo peso molecular, em mistura com outros
óleos e gorduras. Foi encontrado o valor 172,7 ± 0,05 mg KOH/g, indicativo da qualidade
relativa de ácidos graxos de alto e baixo peso molecular.
Como era esperado a viscosidade do óleo encontrada foi 35,7 ± 0,00 mm2/s
superior ao do óleo diesel fóssil de 3,30 mm2/s (CECCHI, 2003), como a maioria dos óleos
75
vegetais e gorduras animais existentes no mercado. Segundo ( RAO, 1986), o conhecimento
do comportamento reológico dos produtos é essencial para várias aplicações, entre as quais
projetos e avaliação de processos e controle de qualidade. Este comportamento poderá, ainda,
determinar o dimensionamento de uma bomba, filtros e tubulações (QUEIROZ et al., 1996).
Quando um líquido de alta ou de baixa viscosidade necessita ser bombeado ou transferido, é
necessário o dimensionamento de bombas e sistemas de transferência (ROVERI, 1995).
A densidade foi de 917,1 kg/m3 também superior a do óleo diesel de 853,4 kg/m3
(CECCHI, 2003) inviabilizando o uso direto do óleo de vísceras de tilápia nos motores ciclo
diesel. Para os triglicerídeos, quanto menor for seu peso molecular mais alto será o seu grau
de insaturação; é uma propriedade importante na definição de equipamentos de manuseio, de
vez que as forças de atração entre as moléculas determinam à densidade e outras propriedades
físicas, como a viscosidade (RIBEIRO & SERAVALLI, 2004).
5.5 Fracionamento ou Winterização de Óleo/Gordura de Vísceras de Tilápia
Na Figura 13 podemos observar o óleo de vísceras de tilápia antes e depois do
fracionamento a seco, que resultou em duas frações: sólida estearina (saturada) e líquida
oleína (insaturada).
O fracionamento a seco é o processo mais fácil e economico de separação das
frações sólida e líquida de triglicerideos. O fracionamento oferece várias vantagens frente a
hidrogenação e a interesterificação, devido ao baixo custo de operação, a não perda de óleo e
a sua total reversibilidade o convertem no processo mais atrativo (KELLENS et al., 1998). O
fracionamento forneceu resultados médios de 35,12 ± 0,29% de estearina (fração sólida e
saturada) e 64,35 ± 0,02 % de oleína (fração líquida e insaturada) em relação a massa de
óleo/gordura das visceras através da centrifugação a temperatura de 25ºC, 2500 rpm e tempo
de 10 minutos de processo.
76
Figura 13 – Foto de óleo/gordura de vísceras de tilápia antes e depois do fracionamento
5.6 Reação de Transesterificação
As condições empregadas para produção de biodiesel, algumas mostraram-se
satisfatórias, pois não houve a saponificação da mistura reacional, não houve a solidificação
da fase glicerina, houve a separação nitida entre as fases éster e glicerina como podemos
observar na Figura 14.
A rota metílica é, atualmente, a mais difundida no Programa Nacional de
Produção Biodiesel e na grande maioria dos países produtores de biodiesel, como é o caso da
França, Estados Unidos da América, etc. O metanol, oriundo de gás natural, petróleo ou do
biogás obtido na decomposição anaeróbica de biomassa, apresenta melhor eficiência na
conversão (volumes superiores de ésteres metílicos e redução do tempo necessário à reação).
Deve destacar, no entanto, a elevada toxidade do metanol, o que exige armazenamento e
manuseio adequados durante o processo de produção de biodiesel em larga escala.
A adoção da rota etílica tem ganhado força em países com elevado potencial de
produção e beneficiamento da cana-de-açúcar, como é o caso do Brasil. Vantagens como: a
baixa toxidade, a importante redução das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) e a
grande disponibilidade de matéria-prima, representam as principais justificativas para a
implantação da rota etílica no país. Encinar & González (2005 apud KNOTHE, 2006)
atentam, porém, para o acúmulo de resíduos de carbono em motores, a redução da
estabilidade dos ésteres obtidos e o menor rendimento de processo por esta rota.
77
Figura 14 – Separação de fase éster e fase glicerina após a reação
As condições de razão molar MeOH/Óleo de 3:1; 4,2:1; % de catalisador de 0,6%;
0,7%; 0,8%, 1% e tempo de 90 minutos de reação apresentaram anomalias durante e após a
etapa de reação. Houve nestas condições a solidificação da fase glicerina dificultando desta
forma a separação das fases. Precisou-se aquecer a mistura reacional na estufa (80ºC) para em
seguida escoar a fase glicerina. A solidificação da fase glicerina ocorreu possivelmente devido
a baixa quantidade de álcool (MeOH) e elevada quantidade de catalisador (NaOH),
condicionando a reação de saponificação.
As melhores condições foram as que condicionaram uma nitida separação de fase
éster e fase glicerina, sem solidificação da fase glicerina permitindo, assim, o escoamento da
glicerina sem a necessidade de aquecer a mistura reacional, para permitir o escoamento da
fase glicerina, o que tornaria o processo de produção em escala industrial inviável devido ao
custo para aquecer a mistura reacional e facilitar a separação entres as fases éster e glicerina
como ilustrado nas Tabelas 11 e 12 das rotas metílica e etílica respectivamente. As condições
que resultaram em formação de emulsões (sabão) durante a etapa de lavagens com água,
dificultaram a separação de fase éster da fase aquosa precisando utilizar a centrifigação para
separar as fases tornando assim, o processo mais dispendioso.
78
Tabela 11 – Resultados da reação de produção de biodiesel metílico
Experimento
BMVT01
Observações
Boa separação entre as fases e solidificação da fase glicerina
dificultando o escoamento da mesma. Aspecto limpido da fase éster e
cor marron escura da fase glicerina.
BMVT 02
Boa separação entre as fases e dificuldade de escoamente da glicerina.
BMVT 03
Nitida separação entre as fases e ótimo escoamento de glicerina. Ligeira
turvação da fase éster e cor marron escura da fase glicerina.
BMVT 04
Boa separação de fases e dificuldades no escoamente de glicerina.
Ligeira turvação da fase éster e cor marron escura da fase glicerina.
BMVT 05
Boa separação entre as fases e bom escoamento de glicerina. Aspecto
turvo da fase éster e cor marron escura da fase glicerina.
BMVT 06
Boa separação entre as fases e bom escoamento de glicerina. Aspecto
turvo fase éster e cor marron escura da fase glicerina.
BMVT07
Boa separação entre as fases e bom escoamento de glicerina. Aspecto
turvo da F.E. e cor marron da F.G.
BMVT08
BMVT09
BMVT10
BMVT11
BMVT12
BMVT13
Boa separação entre as fases e bom escoamento de glicerina. Formação
de espuma na superficie da mistura reacional de durante a reação. Fase
glicerina semi-sólida (pastosa), dificultando o escoamento da mesma.
Boa separação entre as fases e Solidificação da fase glicerina. Formação
de espuma durante a reaçao. Deposição de cristais na face intermediária
entre fase éster e fase glicerina.
Boa separação entre as fases e Solidificação da fase glicerina. Formaçao
de espuma durante a reaçao. Deposição de cristais na face intermediária
fase éster e fase glicerina.
Boa separação entre as fases e Solidificação da fase glicerina. Formação
de espuma durante a reação. Deposição de cristais na face intermediária
entre fase éster e fase glicerina.
Boa separação entre as fases e bom escoamento de glicerina. Aspecto
turvo fase éster e fase glicerina.
Boa separação entre as fases e ótimo escoamento da fase glicerina
BMVT14
Nitida separação entre as fases e ótimo escoamento de glicerina. Ligeira
turvação da fase éster e cor marron escura da fase glicerina.
BMVT15
Nitida separação entre as fases e ótimo escoamento de glicerina.
Formação excessiva de espuma durante a reação.
79
Tabela 12 – Resultados da reação de produção de biodiesel etílico
Experimento
Observações
BEVT01
Não houve a separação entre as fases. Formaçao excessiva de
espuma.
BEVT 02
Boa separação entre as fases e facilidade de escoamente da glicerina.
BEVT 03
Nitida separação entre as fases e ótimo escoamento de glicerina.
Ligeira turvação da fase éster e cor marron claro da fase glicerina.
BEVT 04
Boa separação de fases e dificuldades no escoamente de glicerina.
Ligeira turvação da fase éster e cor marron claro da fase glicerina
BEVT 05
Boa separação entre as fases e bom escoamento de glicerina. Aspecto
turvo da fase éster e cor marron claro da fase glicerina
BEVT 06
Boa separação entre as fases e bom escoamento de glicerina. Aspecto
turvo da fase éster e cor marron claro da fase glicerina
BEVT07
BEVT08
BEVT09
BEVT10
BEVT11
BEVT12
Boa separação entre as fases e bom escoamento de glicerina. Aspecto
turvo fase éster e cor marron claro da fase glicerina
Boa separação entre as fases e bom escoamento de glicerina.
Formaçao de emulsao na camada intermediária entre as fases éster e
glicerina.
Boa separação entre as fases e Solidificação da fase glicerina.
Formação de espuma durante a reaçao. Deposição de cristais na face
intermediária entre fase éster e cor marron claro da fase glicerina
Boa separação entre as fases e Solidificação da fase glicerina.
Formação de espuma durante a reaçao. Deposição de cristais na face
intermediária entre fase éster e cor marron claro da fase glicerina
Boa separação entre as fases e bom escoamento de glicerina. Aspecto
turvo da fase éster e cor marron claro da fase glicerina
Boa separação entre as fases e bom escoamento de glicerina. Aspecto
turvo da fase éster e cor marron claro da fase glicerina
Boa separação entre as fases e bom escoamento de glicerina. Aspecto
BEVT13
turvo da fase éster e cor marron claro da fase glicerina
BEVT14
Nitida separação entre as fases e ótimo escoamento de glicerina.
Ligeira turvação da fase éster e cor marron claro da fase glicerina
BEVT15
Nitida separação entre as fases e ótimo escoamento de glicerina.
Formação excessiva de espuma durante a reação.
80
Podemos observar que a condição de razão molar EtOH/Óleo 3:1 e 1% de catalisador
não condicionou a reação de transesterificação impedindo, assim, a separação de fases. As
condições de 2% e 2,5% de catalisador condicionaram para solidificação da fase glicerina após a
separação das fases.
5.7 Purificação de Biodiesel em ambas rotas
As Tabela 13 e 14 apresentam os resultados dos processos de lavagens da fase
éster (biodiesel) metílico e etílico respectivamente. Podemos observar que houve uma nitida
separação entre fase éster e fase aquosa por decantação e em outras situações precisou-se
utilizar a centrifugação para separar as fases. Na Figura 15 apresenta-se um dos resultados
decorrido da purificação de biodiesel. As melhores condições apresentadas após a agitação da
mistura éster/água, transcorrido os 30 minutos de repouso percebeu-se que as fases já haviam
se separado por completo, mesmo assim, deixou-se a amostra em repouso por duas horas.
Figura 15 - Separação de fases éster (biodiesel) e aquosa após as lavagens
Como podemos observar na Figura 15, na 1ª lavagem percebe-se que a fase
aquosa é marrom, pois a água adicionada arrastou a glicerina remanescente na fase éster e
outras impurezas. Já para 2ª e 3ª lavagens a coloração da água é limpida e transparente
confirmando a necessidade de se promover a purificação do biodiesel após a reação de
transesterificação.
81
Tabela 13 – Resultados das lavagens de biodiesel metílico do óleo de vísceras de tilápia
1ª Lavagem
Experimentos
Aspecto
BMVT
BMVT01
Turvo
BMVT02
Turvo
BMVT03
Turvo
BMVT04
Turvo
BMVT05
Turvo
BMVT06
Turvo
BMVT07
Turvo
BMVT08
Turvo
BMVT09
Turvo
BMVT10
Turvo
BMVT11
Turvo
BMVT12
Turvo
BMVT13
Turvo
BMVT14
Turvo
BMVT15
Turvo
2ª Lavagem
Aspecto
BMVT
Sabão
BMVT01
Turvo
Sim muito
Sim leitoso
BMVT02
Turvo
Sim leitoso
BMVT03
Turvo
Sim leitoso
BMVT04
Turvo
BMVT05
Turvo
BMVT06
Turvo
BMVT07
Turvo
BMVT08
Turvo
BMVT09
Turvo
BMVT10
Turvo
BMVT11
Turvo
BMVT12
Turvo
BMVT13
Turvo
BMVT14
Turvo
BMVT15
Turvo
Sabão
Água
Sim
muito
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
suspenso
Sim
amarelada
Sim
amarelada
Sim
amarelada
Sim
amarelada
Sim
amarelada
Sim
amarelada
Sim
amarelada
Sim
amarelada
Sim
amarelada
Sim
amarelada
Sim
amarelada
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
3ª Lavagem
Aspecto
BMVT
Água
Sim
suspenso
Sim
leitoso
Sim
leitoso
Sim
leitoso
Sim
amarelada
Sim
amarelada
Sim
amarelada
Sim
amarelada
Sim
amarelada
Sim
amarelada
Sim
amarelada
Sim
amarelada
Sim
amarelada
Sim
amarelada
Sim
amarelada
BMVT01
Turvo
BMVT02
Turvo
BMVT03
Turvo
BMVT04
Turvo
BMVT05
Turvo
BMVT06
Turvo
BMVT07
Turvo
BMVT08
Turvo
BMVT09
Turvo
BMVT10
Turvo
BMVT11
Turvo
BMVT12
Turvo
BMVT13
Turvo
BMVT14
Turvo
BMVT15
Turvo
Sabão
Água
Sim
muito
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
pelicula
Sim
suspenso
BMVT01
Sim leitoso
BMVT02
Sim leitoso
BMVT03
Sim leitoso
BMVT04
Sim
amarelada
Sim
amarelada
Sim
amarelada
Sim
amarelada
Sim
amarelada
Sim
amarelada
Sim
amarelada
Sim
amarelada
Sim
amarelada
Sim
amarelada
Sim
amarelada
BMVT05
BMVT06
BMVT07
BMVT08
BMVT09
BMVT10
BMVT11
BMVT12
BMVT13
BMVT14
BMVT15
82
Tabela 14 – Resultados das lavagens de biodiesel etílico do óleo de vísceras de tilápia
1ª Lavagem
Experimentos
Aspecto
BEVT
Sabão
Água
BEVT01
---
---
---
Sim leitoso
BEVT02
Turvo
Sim leitoso
BEVT03
Turvo
Sim leitoso
BEVT04
Turvo
BEVT05
Turvo
BEVT06
Turvo
BEVT07
Turvo
BEVT08
Turvo
BEVT09
Turvo
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2ª Lavagem
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3ª Lavagem
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Sabão
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83
5.8 Obtenção do Biodiesel Final
O rendimento do processo de produção de biodiesel, foi calculado após a
separaçao das fases éster e fase glicerina, seguida de purificação da fase éster (biodiesel) e
desumidificação.
5.9 Rota Metílica
5.9.1 Efeito da Razão Molar Metanol/Óleo
A Tabela 4.7 apresenta os resultados de biodiesel de vísceras de tilápia, produzido
pela reação de transesterificação metílica variando a razão molar MeOH/Óleo no processo.
Sabemos que o álcool é o insumo princípal no processo de obtenção de biodiesel. A sua
pureza é fundamental para garantir uma ótima reação, sem a formação de sabão, desativação
de catalisador e gerando uma alta taxa de conversão. Também a quantidade de metanol a ser
utilizado na reação é de fundamental importância para proporcionar o deslocamento da reação
no sentido de formação dos produtos de acordo com o Princípio de Le Châtelier, pois a
reação de transesterificação é de equilibrio reversível conforme apresentado na reação da
Gráfico 6.
Gráfico 6 – Efeito da razão molar MeOH/Óleo
Para garantir o deslocamento da reação no sentido de formação de biodiesel e
glicerina precisa-se adicionar um excesso de metanol para que o mesmo ocorra. No entanto,
84
utilizou-se uma variação da razão molar de 3:1 valor estequiometrico e dobro deste valor 6
moles e valores intermediário entre estes com objetivo de otimizar o processo e conter os
gastos com metanol conforme ilustrado na Gráfico 6. Podemos observar que a razão molar
metanol/óleo 3:1 resultou em menor rendimento de biodiesel (BMVT), 67,1%. A conversão
em metil ésteres de ácidos graxos foi de 97,4%, que é superior ao limite mínimo fixado pela
ANP. Podemos observar ainda na Tabela 4.7 que a razão molar MeOH/óleo 5,4:1 produziu
uma alta conversão de óleo em biodiesel 98,3% e alto teor de metil ésteres de ácidos graxos
(biodiesel) de 98,8%, sendo esta, a melhor razão molar para produção de biodiesel metílico de
óleo de vísceras de tilápia.
Durante o processo de purificação (Lavagens) do biodiesel observou-se que o
biodiesel resultante da razão molar MeOH/óleo 3:1, proporcionou a formação de sabão em
três estágios de lavagens, precisando utilizar a centrífuga para separar as fases éster e aquosa
devido a formação de sabão ocorrendo desta forma perda de biodiesel, resultando em baixo
rendimento do processo.
De acordo com Brandão et al (2007), em seus estudos de otimização de produção
de biodiesel metílico e etílico de óleo de soja obtiveram 55,89 %, 92,95%, 97,15% de
rendimento de biodiesel para razão molar MeOH/Óleo 2,8:1, 4,3:1 e 5,8:1 respectivamente
utilizando 1% de KOH, com tempo de reação de 30 min, temperatura ambiente e agitação
magnética constante. Segundo Leung e Guo (2006), trabalhando com transesterificação
metanólica com óleo de fritura usado e canola encontraram os seguintes rendimentos de metil
ésteres de ácido graxo: 80,3 e 98,0% e rendimento de processo: 78,7 e 90,0% com razões
molares de MeOH/Óleo de 3:1 e 6:1 respectivamente. Como podemos constatar no Gráfico 6
os resultados obtidos por outros autores corroboram com os encontrados neste trabalho.
Observa-se que, com aumento da razão molar metanol/óleo de 3:1 para 5,4:1 ocorreu um
aumento de mais de 30% de rendimento de processo e teor de ésteres acima do limite exigido
pela ANP (96,5%) em todas as condições, confirmando assim, que a quantidade de metanol
desempenha um papel determinante na reação de transesterificação.
85
5.9.2 Efeito da Percentagem do Catalisador (NaOH)
O Gráfico 7 apresenta o resultado de biodiesel de óleo de vísceras de tilápia,
variando a quantidade de catalisador e mantendo constante os seguintes parâmetros: 100 g de
óleo, 60 minutos de tempo reacional, razão molar MeOH/óleo 5,4:1; Temperatura de 60ºC e
agitação constante. Podemos observar que a quantidade de NaOH, parece ser uma variável
limitante no processo, pois com aumento da quantidade de catalizador diminui o rendimento
da reação. Também observou-se durante a etapa de decantação da mistura reacional (biodiesel
e glicerina), que a fase glicerina solidificou-se após 2 horas de repouso, para as quantidades
de 0,6; 0,7; 0,8; 1% de catalisador (NaOH). Este fato dificultou a separação de fases (éster e
glicerina), precisando aquecer a fase glicerina para separá-la da fase éster.
Também durante o processo de lavagem houve a formação de emulsão nas
condições de 0,6; 0,7; 0,8; 1% de catalisador (NaOH). O hidróxido de sódio reage com o
álcool para produzir água favorecendo a ocorrência da reação de hidrólise dos ésteres e
posterior saponificação dos ácidos graxos livres formados. A reação de saponificação reduz o
rendimento de produção dos ésteres.
Brandão et al. (2007), obtiveram 97,15%, 95,16% e 97,18% de rendimento de
biodiesel nas condições de 1,0; 1,5 e 2,0% de catalisador KOH respectivamente com 30 min,
razão molar MeOH/Óleo de 5,8:1, temperatura ambiente e agitação magnética constante.
Gráfico 7 – Efeito da Percentagem do Catalisador (NaOH)
86
De acordo com Leung e Guo (2006), estudando os efeitos de catalisador (NaOH)
na transesterificação do óleo de fritura usado e óleo de canola, nas condições de: razão molar
MeOH/Óleo 7,5:1, temperatura de 70ºC e tempo de reação de 30 min. e variando a
concentração de NaOH de 0,5 a 1,6% em relação a massa dos óleos utilizado verificou que
para 1% de NaOH utilizando o óleo de canola e 1,1% de NaOH utilizando o óleo de fritura
usado o ponto ótimo de processo obtiveram rendimentos de biodiesel de 93,5 e 88,9% e teor
de ésteres de 98,0 e 94,6% respectivamente. Os mesmos autores encontram um aumento de
rendimento de processo de até 1 e 1,1% de NaOH para óleo de canola e fritura usado seguida
de decréscimo com rendimentos de processo de pouco menos de 70% com ambos óleos.
Esses fatos confirmam os valores encontrados neste trabalho com óleo de vísceras de tilápia,
onde houve um aumento e decréscimo de rendimento de processo variando a quantidade de
catalisador (NaOH) de 0,4 a 1% em relação a massa do óleo utilizado como ilustrado na
gráfico acima. O decréscimo de rendimento deve-se possivelmente à reação paralela de
saponificação que ocorre entre os ácidos graxos livres do óleo e triglicerídeos com o excesso
de NaOH. Em relação ao aumento no rendimento de processo este fato pode ser explicado
devido possivelmente à insuficiência de NaOH para acelerar a reação de transesterificação
entre óleo e álcool. Em relação ao teor de ésteres de ácidos graxos encontrados nas condições
definidas para obtenção de biodiesel, todos se encontram acima do limite permitido pela ANP,
com mostra o Gráfico 7.
5.9.3 Efeito do Tempo de Reação
O Gráfico 8 representa o resultado de biodiesel obtido em diferentes tempos de
reação. Como podemos observar os tempos definidos para as reações foram de 30, 45, 60 e 90
minutos não apresentaram diferenças significativas no rendimento do processo e teor de
ésteres. Observa-se que o tempo de 30 minutos é suficiente para produzir o biodiesel metílico
de óleo de vísceras de tilápia, atendendo às especificações recomendadas pela ANP. Vale
lembrar que foram mantidas constantes os seguintes parâmetros: razão molar MeOH/Óleo
5,4:1; temperatura de 60ºC; 0,5% de catalisador e agitação magnética constante.
87
Gráfico 8 – Efeito do tempo de reação
Leung e Guo (2006), encontraram em seus estudos rendimentos de biodiesel de
87,5% e 85,5% para óleos de canola e óleo de fritura usado, com tempo de reação de 15
minutos respectivamente nas condições de reação de: razão molar MeOH/Óleo 7,5:1;
temperatura de 70ºC, 1,0% e 1,1% NaOH para os óleos de canola e fritura usado
respectivamente. Os teores de ésteres encontrados pelos autores nas condições citadas estão
todos acima de 96%. Ainda segundo Leung e Guo (2006), após 15 minutos de reação ocorre
um decréscimo de rendimento de biodiesel, concluindo que o tempo de reação é um fator
controlador de rendimento do processo.
Brandão et al. (2007), encontraram em seus estudos variando o tempo de reação
de 30, 45, 60, 90 e 120 minutos, o rendimento de biodiesel de 97,2; 97;2; 97,6; 98,4; 98,5%
respectivamente nas condições de razão molar MeOH/Óleo 5,8:1; 1% de catalisador (KOH) e
agitação magnética constante. Estes resultados corraboram com os obtidos neste trabalho,
como apresentado no gráfico acima. Também podemos observar que não existe grande
diferença no rendimento do processo, no entanto, o maior rendimento de BMVT foi de 98,3
%.
88
5.10 Rota Etílica
5.10.1 Efeito da Razão Molar Etanol/Óleo
O Gráfico 9 apresenta os resultados de biodiesel etílico no qual podemos observar
que a variação da quantidade de etanol tem uma influência significativa na reação de
transesterificação.
Podemos observar que a condição de razão molar EtOH/Óleo 3:1, não teve efeito
reativo, pois não houve a separação de fases e a mistura reacional saponificou-se antes de
completar 1 hora de reação. Manteve-se constante os seguintes parâmetros: 1,5% de
catalisador, 100 g de óleo, temperatura de 60ºC, tempo de 60 minutos e agitação magnétca
constante. Para demais condições realizadas houve a separação da fase éster e glicerina, com
algumas anomalias tais como: formação de espuma durante a reação e solidificação da fase
glicerina após 2 horas de repouso.
Gráfico 9 – Efeito da razão molar EtOH/Óleo
Brandão et al. (2007), obtiveram 48,12; 58,17; 64,07; 61,67%, variando a razão
molar EtOH/Óleo de: 8,8:1; 10,3:1; 11,8:1 e 13,3:1 respectivamente, mantendo constante as
seguimtes condições: 2% de KOH, 60 min e temperatura ambiente.
89
5.10.2 Efeito da Percentagem de Catalisador (NaOH)
No Gráfico 10, podemos observar que a quantidade de catalisador apresenta um
efeito significativo no resultado final do processo. Para 0,5% de NaOH houve a separação de
fases éster e glicerina, mas no entanto, o biodiesel final após a purificação e desumidificação
cristalizou-se por completo, indicando possivelmente uma reação incompleta. Já para as
quantidades de 2% e 2,5% de NaOH houve excessiva formação de sabão, possivelmente
devido a reação paralela de saponificação, resultando portanto, em uma diminuição do
rendimento do processo.
As condições de 1% e 1,5% de catalisador apresentaram-se satisfatórias, pois
obtiveram-se alto rendimento de biodiesel e ótima conversão em metil ésteres de ácidos
graxos. Vale ressaltar que o biodiesel obtido na condição de 1% de catalisador apresentou
uma ligeira turvação durante o periodo de armazenagem, indicando possivelmente a presença
de sabão.
Gráfico 10 – Efeito da percentagem de catalisador (NaOH)
Variando as condições de catalisador de: 1,0; 1,5; 2,0 e 2,5%
e mantendo
constante as seguintes condições: razão molar EtOH/Óleo 11,8:1; 60 min de tempo de reação,
temperatura ambiente e agitação magnética constante, Brandão et al. (2007), obtiveram 41,16;
83,96; 64,07 e 43,57% de rendimento de biodiesel respectivamente.
Os resultados encontrados neste trabalho,
confirmam os valores obtidos por
Brandão et al. (2007), isto é, com o aumente excessivo da quantidade de catalisador ocorre a
90
diminuição de rendimento do processo. Este efeito ocorre provavelmente devido a formação
de sabão e solidificação da fase glicerina durante a separação de fases (éster e glicerina) e
formação de emulsão nas lavagens do biodiesel para purificação da mesma.
5.10.3 Efeito de Tempo de Reação
O Gráfico 11 apresenta os resultados do biodiesel obtido variando o tempo de
reação. Pode-se observar que o tempo de reação aparenta não apresentar uma influência
significativa no rendimento do processo.
Brandão et al. (2007), utilizando 2% KOH como catalisador, álcool etílico como
agente transesterificante e variando o tempo de reação em: 45, 60, 90, 120 e 180 minutos,
obtiveram os rendimentos de biodiesel de 65,1; 64,1; 55,3; 65,3 e 61,2% respectivamente.
Podemos observar que os tempos de reação utilizados neste trabalho apresentaram resultados
semelhantes aos encontrados por Brandão et al. (2007), em relação à variação de rendimento
do processo, podendo assim escolher o menor tempo de reação, reduzindo assim, o custo de
produção.
Rendimento de BEVT (%)
%
Teor de Ésteres (%)
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Tempo de Reação (min)
Gráfico 11 – Efeito de tempo de reação
A reação de transesterificação alcalina é influenciada pelos seguintes parâmetros:
temperatura, tempo de reação, razão molar álcool/óleo, grau de pureza do óleo/gordura
utilizada, umidade dos reagentes (óleo, álcool e catalisador), ácidos graxos livres, fosfatideos
91
e outras impurezas resultando em baixo rendimento do processo e baixa conversão em ésteres
mono-alquílicos de ácidos graxos.
Analisando os resultados das condições nas Tabelas 6 e 7 e levando em conta o
baixo custo de produção, isto é, menor gasto de reagentes, menor gasto energético, menor
tempo de reação, melhor separação de fases éster e glicerina (isto é, sem a solidificação das
fases), melhor condição de purificação de fase éster, ou seja, sem formação de sabão
(emulsão), separação por decantação, aspecto de águas de lavagens, ausência de cristais
durante o periodo de armazenamento da amostra à 20ºC e principalmente alto rendimento de
biodiesel e alta taxa de conversão em metil ésteres de ácidos graxos. Foram selecionados as
seguintes condições reacionais para produção de biodiesel:
¾ Rota Metilica: razão molar MeOH/Óleo 5,4:1; 0,5% de catalisador; temperatura
de 60ºC; 30 minutos de tempo de reação, 100 g de óleo/gordura e agitação
magnética constante .
¾ Rota Etílica: razão molar EtOH/Óleo 11,4:1; 1,5% de catalisador; temperatura
de 60ºC; 60 minutos de tempo de reação, 100 g de óleo/gordura e agitação magnética
constante.
Nestas condições foram produzidos biodiesel em ambas as rotas (etílico e
metílico) e a média dos resultados das produções (triplicata) estão apresentados na Tabela
4.7.
5.11 Caracterização de Biodiesel
Observa-se na Tabela 15 que todas as características físico-químicas determinadas
se encontram dentro dos limites estabelecidos pela ANP. Podemos perceber que a viscosidade
do óleo de vísceras de tilápia foi reduzido significativamente de 35,7 ± 0,01 mm2/s para 4,52 ±
0,00 mm2/s de BMVT e 4,52 ± 0,00 de BEVT respectivamente.
Segundo Maia et al. (2006), o controle da viscosidade de uma substância visa
garantir um funcionamento adequado dos sistemas de injeção e bombas de combustível, de
motores ciclo diesel. Trabalhando com óleo de mamona Maia et al. (2006), obtiveram 14,51
mm2/s de viscosidade de biodiesel de mamona confirmando uma redução significativa se
comparado ao óleo do mesmo. Santos et al. (2008) em seu trabalho obtiveram a viscosidade
de 3,00 mm2/s e 3,43 mm2/s para os biodiesel metílico e etílico de babaçu respectivamente.
92
Vale salientar que existem estudos que estabelecem uma relação linear entre a
viscosidade e a conversão do biodiesel (quanto menor a viscosidade, maior a conversão). No
entanto esta relação terá de ser estabelecida para o tipo de óleo usado no processo de
produção de biodiesel.
Tabela 15 – Resultados de características físico-químicas de biodiesel metílico e etílico de
óleo e vísceras de tilápia
Limites
Parâmetros
Unidade
BEVT
BMVT
ANP
Rendimento do processo
%
89,5 ± 0,32
97,4 ± 0,13
--
Teor de éster
%
96,9 ± 0,17
97,9 ± 0,27
96,5
Índice de Peróxido
meq/1000g
7,54 ± 0,02
5,38 ± 0,09
---
Índice de Acidez
mg KOH/g
0,01 ± 0,42
0,0612 ± 0,32
0,5
Índice de refração
--
1,453 ± 0,00
1,4535 ± 0,0
---
Massa Específica à 20ºC
kg/m3
884,2 ± 0,06
877,7 ± 0,06
850 – 900
Viscosidade à 40ºC
mm2/s
4,52 ± 0,00
4,488 ± 0,005
3–6
%
0,00 ± 0,0
0
0,02
Glicerina Total
Alcalinidade Livre
%
meq/g
0,00± 0,0
0
0,00 ± 0,00
0
0,25
---
Alcalinidade Total
meq/g
0
0
----
C
140 ± 1,0
165,0 ± 1,0
<100
%
0,17 ± 0,05
0,431 ± 0,07
0,5
Glicerina Livre
Ponto de Fulgor
Umidade
o
A determinação da massa especifica à 20ºC segue as normas AOCS, e para
densidade de biodiesel metílico e etílico de óleo de vísceras de tilápia, podemos notar que
houve uma pequena redução ficando os mesmos dentro dos limites estabelecidos pela ANP,
que estabelece os valores de 850 a 900 kg/m3 como sendo os limites mínimo e máximo
respectivamente do biodiesel. A densidade dos triglicerídeos é tanto menor quanto menor for
seu peso molecular e mais alto o seu grau de insaturação, ou seja, as gorduras são mais densas
no estado sólido do que no estado líquido (MORETTO & FETT, 1998).
O ponto de fulgor é diretamente influenciado pelo teor de álcool contaminante do
biodiesel. Foi determinado em aparelho Pensky-Martens de vaso fechado usando a norma
ASTM D93. O ponto de inflamação é uma propriedade importante em nível de segurança e
está diretamente relacionado com a quantidade de metanol ou etanol existente no biodiesel. O
limite mínimo estabelecido pela ANP é de 100ºC. Podemos observar que o biodiesel obtido
93
em ambas as rotas estão dentro das especificações, eliminando a necessidade de analisar o
teor de álcool presente no biodiesel, pois os valores encontrados para ambas as rotas foram:
140 ± 1,0 e 165 ±1 respectivamente.
A alcalinidade indica a presença de catalisador (NaOH) ou sabão remanescente no
biodiesel. Face aos resultados obtidos, percebe-se que o sistema de purificação (lavagem com
água) adotado neste trabalho, por sinal a mais utilizada industrialmente no Brasil, mostrou-se
satisfatório para conseguir-se valores dentro das normas ditadas pela ANP.
A glicerina ocorre como contaminante do bioidesel de duas formas, a glicerina
livre e parcial ou totalmente esterificada, que são os mono e diacilgliceróis, intermediários da
transesterificação, ou ainda, o óleo não reagido (triglicerideo). A glicerina livre e total foram
determinadas seguindo os procedimenentos da Tecbio. Pode observar-se que os valores
encontrados em ambas rotas tanto para glicerina livre quanto para total estão dentro das
especificações da ANP. O valor de glicerina livre de BEVT foi de 0,0019% provavelmente é
devido a adição externa de glicerina P.A. durante a reação para auxiliar na separação entre as
fases éster e glicerina do processo. Sabe que o álcool etílico possui maior poder de solubilizar
os ésteres etílicos de ácidos graxos e glicerina. A glicerina total obtida dá um indicativo da
conversão de triglicerideos em etil ésteres de ácidos graxos.
5.12 Cromatografia gasosa – CG/FID
A Figura 16 apresenta o cramatograma de padrões multielementar de ácidos
graxos utilizados na construção das curvas de calibração e pode observa-se que os picos estão
bem definidos separando em seus ácidos graxos constituintes.
94
Figura 16 – Cromatograma dos padrões multielementar dos ácidos graxos utilizados na
construção das curvas de calibração
Tabela 16 apresenta a composição em ácidos graxos de óleo/gordura de vísceras
de tilápia. Observa-se que o mesmo é formado por vários ácidos graxos em sua maioria
insaturados com 37,2% de ácido oleico, 12,2% de ácido linoleico, 4,89% de ácido
palmitoleico, 1,79% de ácido linolênico e os saturados com 28,6% de ácido palmítico, 5,76%
de ácido esteárico, 3,57% de ácido mirístico.
Stevanato (2006), em seu trabalho com as cabeças de tilápia encontrou os
seguintes ácidos graxos insaturados: 38,6% de ácido oleico, 11,6% de ácido linoléico, 6,18%
de ácido palmitoleico, 2,00% de ácido linolênico e ácidos graxos saturados: 22,7% de ácido
palmítico, 2,74% de ácido mirístico em maior quantidade majoritário. Segundo Arruda
(2004), em seu trabalho com resíduos oriundo do beneficiamente da tilápia obtive os
seguintes ácidos graxos: 28,6% de ácido oleico, 16,3% de ácido linoleico, 9,94% de ácido
palmitoleico, 3,10% de ácido linolênico, 33,19% de ácido palmítico, 4,74% de ácido mirístico
em maiores quantidades.
95
Tabela 16 – Resultados da composição em ácidos graxos de óleo de vísceras de tilápia
Massa
Massa
Massa TG
Ácido Graxo
%
Molecular
Molecular
(g/mol)
(g/mol)
Média (g/mol)
Láurico (C12:0)
0,97
200
689
6,869
Mirístico (14:0)
3,57
228
773
28,38
Palmitico (C16:0)
28,6
256
857
251,9
Palmitoleico (C16:1)
4,89
254
851
42,77
Esteárico (C18:0)
5,76
284
941
55,71
Oleico (C18:1)
37,2
282
935
357,5
Linoleico (C18:2)
12,2
280
929
116,5
Linolénico (C18:3)
1,79
278
923
16,98
Araquídico (20:0)
0,77
312
1025
8,112
Behénico (C22:0)
0,28
340
1109
3,192
Erúcico (C22:1)
0,65
338
1103
7,368
Lignocérico (C24:0)
Totaal
0,6
97,3
368
1193
7,356
902,6
Bahurmiz e Ng (2006), em estudo utilizando óleo de tilápia encontraram 19 ácidos
graxos diferentes. Os ácidos majoritários encontrados foram: ácido palmitico 21,4; ácido
oleico 27,1; ácido Linoleico 14,7 e ácido Linolênico 1%. Os mesmos autores também
verificaram que ocorrem mudanças nas percentagens dos ácidos graxos constituintes de
acordo com a dieta dos peixes estudados.
Podemos perceber que os valores dos ácidos graxos encontrados neste trabalho
corroboram com os resultados em composição de ácidos graxos majoritário encontrados por
outros autores, trabalhando com resíduos de tilápia. Observa-se que o óleo de vísceras de
tilápia não possui em grande quantidade os ácidos graxos essênciais que justifique a sua
utilização em alimentação humano ou animal, pois a quantidade do ácido linolênico
encontrado foi de apenas 1,79%. Os ácidos eicosapentenóico (EPA) e ácido docosaexaenóico
(DHA) não foram quantificados devido a falta dos padrões
dos mesmos, mas pode-se
perceber que estes ácidos não se apresentam em grande quantidades, pois os picos
quantificados somam o total de 97,3% de ácidos graxos conforme ilustrado na Figura 17. Não
foi possível quantificar todos os picos dos cromatogramas das amostras
por não
disponibilizarmos dos seus respectivos padrões cromatográficos. A Figura 4.14 apresenta o
cromatograma de uma amostra de biodiesel metílico. Podemos observar que a maioria dos
96
picos foram bem definidos e podendo desta forma, ser identificado e quantificado através da
comparação dos tempos de retenção e a curva de calibração do padrão e da amostra.
Figura 17 – Cromatograma de biodiesel metílico de óleo de vísceras de tilápia
97
6 CONCLUSÕES
Com base nos resultados obtidos, podemos tirar as seguintes conclusões para a
coleta, armazenamento, extração de óleo, pré-tratamento, fracionamento, produção de
biodiesel e análise cromatográfica do biodiesel do óleo extraído das vísceras de tilápia:
9 As vísceras foram coletadas e armazenadas a até no máximo 6 horas sem que
as mesmas apresentem um alto processo de degradação, indicado pela fermentação e
formação de bolhas na superfície do recipiente de armazenamento. Para o óleo extraído com o
tempo de armazenamento das vísceras superior a 6 horas observou-se uma elevação do índice
de acidez. Desta forma conclui-se que a degradação das vísceras causadas microorganismos
presentes no resíduo contribui para a elevação da acidez do óleo.
9 O método de extração por cocção nas condições empregadas mostrou-se
satisfatório para extração do óleo de vísceras de tilápia, sem comprometer os parâmetros
físico-químicos do mesmo e com rendimento médio de 50,3 ± 3,27% de óleo.
9 O óleo obtido na etapa de pré-tratamento apresentou uma redução considerável
de acidez, cor e odor característico de peixe, com adição de 5% de carvão ativado em relação
à massa do óleo e esta redução no odor, mostrou-se mais acentuada no biodiesel final,
também tratada com carvão ativado e filtrado com uma pré-capa de 1% de terra diatomácea e
sulfato de sódio anidro.
9 O fracionamento a seco de óleo/gordura de vísceras de tilápia apresentou as
duas frações distintas: 35% de fração sólida (estearina) e 65% de fração líquida (oleína). A
fração sólida apresenta-se sempre com coloração branca.
9 A produção de biodiesel nas condições estabelecidas apresentou-se satisfatórias
gerando rendimento de 97,8 ± 0,13% de processo e 97,1 ± 0,27% de metil ésteres de ácidos
graxos na rota metílica e 89,5 ± 0,32% de processo e 96,9 ± 0,17% de etíl ésteres de ácidos
graxos na rota etílica.
9 O óleo/gordura de vísceras de tilápia é constituído majoritariamente pelos
seguintes ácidos graxos: 37,2% de ácido oleico, 12,2% de ácido linoleico, 4,89% de ácido
palmitoleico, 1,79% de ácido linolênico e os saturados com 28,6% de ácido palmítico, 5,76%
de ácido esteárico, 3,57% de ácido mirístico.
98
9 O biodiesel produzido em ambas as rotas apresentaram-se dentro dos limites de
especificações estabelecidas pela ANP, podendo ser utilizado diretamente nos motores ciclo
diesel. A viscosidade do biodiesel em ambas as rotas apresentaram-se uma redução de mais de
10% em relação ao óleo de vísceras de tilápia.
6.1 Sugestões para futuros trabalhos
Mediantes os resultados obtidos neste trabalho, propõe-se para futuros estudos,
visando aproveitar os resíduos e efluentes do processo de extração do óleo das vísceras de
tilápia:
9 Estudar a possibilidade de utilizar a fração sólida encontrada no processo de extração
do óleo das vísceras de tilápia como ingrediente na preparação de ração animal ou
adubo orgânico.
9 Estudar a viabilidade de utilizar a fração aquosa (borra) obtida no processo de extração
do óleo das vísceras de tilápia como concentrado protéico na preparação e
enriquecimento de ração animal.
9 Caracterizar o efluente resultante do processo de pré-tratamento do óleo das vísceras
de tilápia nas etapas de degomagem, neutralização e lavagem.
9 Avaliar as características físico-quimicas dos efluentes resultantes do processo de
produção de biodiesel: águas de lavagem.
9 Estudar a viabilidade de produzir ácidos graxos através da degradação das vísceras por
microorganismos presentes nas mesmas.
9 Estudar a viabilidade de implantar usinas de extração de óleo de vísceras de tilápia em
locais que produzam e evisceram peixe.
9 Estudar a logística de integração dos diferentes pólos de beneficiamento de peixe,
visando aproveitar todo o resíduo produzido no Estado do Ceará.
99
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