1
• Transistores de Efeito de Campo (FETS)
Como no caso do TBJ, a tensão entre dois terminais do FET (field-effect transistor) controla a corrente que circula pelo
terceiro terminal. Correspondentemente o FET pode ser usado tanto como amplificador quanto como uma chave. O nome do
dispositivo origina-se de seu pricípio de operação. O controle é baseado no campo elétrico estabelecido pela tensão aplicada no
terminal de controle. O transistor MOSFET (acrônimo de Metal Oxide Semiconductor Field Effect Transistor, ou transistor de
efeito de campo de semicondutor de óxido metálico), é, de longe, o tipo mais comum de transistores de efeito de campo em
circuitos tanto digitais quanto analógicos.
• Símbolo
Canal N (NMOS)
Canal P (PMOS)
• Função – Controlar a corrente elétrica que passa por ele.
ID função de VGS
ID
D
G
+
VGS
S
-
• Construção
Fonte (S)
Porta (G)
Dreno (D)
Óxido (SiO2)
n+
Região de
canal
p
Corpo (B)
Geralmente o terminal corpo (B) é
ligado a fonte (S).
n+
2
• Criação do canal
Considere a figura a seguir:
VGS
(S)
+
Canal n
induzido
-
(G)
(D)
n+
n+
p
(B)
Região de depleção
A tensão VGS, em um primeiro momento, faz as lacunas livres da região do substrato sob a porta serem
repelidas, deixando uma região de depleção. A tensão positiva sob a porta atrai elétrons das regiões n+ da fonte e do
dreno para a região do canal. Quando elétrons suficientes estiverem sob a porta, o canal estará formado ligando a fonte
ao dreno. O valor mínimo de VGS para se formar o canal é chamado de tensão de limiar (threshold) ou Vt.
• Operação do transistor
A operação de um MOSFET pode ser dividida em três diferentes regiões, dependendo das tensões aplicadas sobre seus
terminais. Para o MOSFET canal n:
•
Região de Corte: quando VGS < Vt, onde VGS é a tensão entre a porta (gate) e a fonte (source). O transistor permanece
desligado, e não há condução entre o dreno e a fonte. Enquanto a corrente entre o dreno e fonte deve idealmente ser zero
devido à chave estar desligada, há uma fraca corrente invertida.
•
Região de Triodo (ou região linear): quando VGS > Vt e Vds < VGS - Vt onde Vds é a tensão entre dreno e fonte. O
transístor é ligado, e o canal que é criado permite o fluxo de corrente entre o dreno e fonte. O MOSFET opera como um
resistor, controlado pela tensão na porta. A corrente do dreno para a fonte é:
[
]
2
I D = K 2(VGS − Vt )VDS − VDS
, onde K =
•
1
W
µ nCox
2
L
Região de Saturação: quando VGS > Vt e Vds > VGS - Vt. O transístor fica ligado, e um canal que é criado permite o
fluxo de corrente entre o dreno e a fonte. Como a tensão de dreno é maior do que a tensão na porta, uma parte do canal é
desligado. A criação dessa região é chamada de “pinch-off”. A corrente de dreno é agora relativamente independente da
tensão de dreno (numa primeira aproximação) e é controlada somente pela tensão da porta de tal forma que:
2
I D = K (VGS − Vt )
OBS: Para o transistor PMOS as equações são idênticas, lembrando que Vt é negativo e as inequações são inversas.
3
Em circuitos digitais, os MOSFETs são usados somente em modos de corte e de triodo. O modo de saturação é usado em
aplicações de circuitos analógicos.
O transistor NMOS operando na saturação com o canal estrangulado.
+
-
(G)
ID
Canal n
deformado
(D)
n+
VDS
-
IS
(S)
VGS
IG
+
•
+
n
Pinch off
ID = IS
IG = 0
p
Região de depleção
(B)
O terminal da porta (G), por ser eletricamente isolado através do oxido, possui corrente nula.
A corrente do dreno é igual a corrente da fonte.
•
Curvas Características
•
Característica ID –VDS parametrizada por VGS
ID
Região de triodo
VGS = Vt + 5
20mA
18mA
Região de saturação
16mA
VGS = Vt + 4
14mA
12mA
VGS = Vt + 3
10mA
VDS = VGS - Vt
8mA
Região de corte (VGS ≤ Vt)
VGS = Vt + 2
4mA
2mA
VGS = Vt + 1
2V
4V
6V
8V
10V
VDS
4
Observação:
O gráfico da característica ID – VDS mostra que a corrente do dreno possui uma leve dependência
linear com VDS na região de saturação. Essa dependência pode ser considerada analiticamente pela
incorporação do fator (1+λVDS) na equação de ID, onde λ = 1/VA, como se segue:
2
I D = K (VGS − Vt ) (1 + λVDS )
Onde λ é um parâmetro do MOSFET. VA é uma tensão positiva semelhante a tensão Early
do TBJ, como mostra seguinte figura:
Característica ID –VGS
•
ID (mA)
8
7
6
5
4
3
Vt
2
1
1
2
3
4
5
6
7
8
9
VGS (V)
5
• Polarização
O termo polarização significa a aplicação de tensões DC em um circuito para estabelecer valores fixos de
corrente e tensão. O Ponto de polarização (ponto quiescente) deve ser localizado na região ativa e dentro dos
valores máximos permitido.
•
Equações importantes no projeto do circuito de polarização.
2
I D = K (VGS − Vt )
•
I D= I S
IG = 0
Para a polarização do MOSFET em uma sua região de saturação, as seguintes condições devem ser
satisfeitas:
VGS > Vt
VDS > VGS − Vt
OBS: A equação da corrente de dreno pode fornecer dois valores de VGS. Desses valores, apenas um
atenderá as condições para a polarização da região de saturação, o outro valor não tem significado
físico. Se os dois valores de VGS não atenderem as condições, significa que o transistor não está em sua
região de saturação.
•
Circuitos de Polarização
•
Exemplo 1:
5V
Projete o circuito de modo que o transistor opere com ID = 0,4 mA e
VD = +1V. O transistor NMOS tem Vt = 2V e K = 0,4 mA/V2.
Suponha que λ = 0.
RD
ID
VD
IG
VDS
VGS
RS
-5V
6
Temos que:
VD = 5 − RD I D
1 = 5 − RD × 0,4 × 10−3
RD = 10kΩ
o que significa operação na região de saturação, portanto:
2
I D = K (VGS − Vt )
2
0,4 = 0,4(VGS − 2)
Essa equação do segundo grau produz dois valores de VGS, 1V e 3V. O primeiro valor não tem significado físico, pois
ele é menor que Vt. Portanto VGS = 3V. Desse modo temos que:
RS =
=
VS − VSS
ID
− 3 − (− 5)
= 5kΩ
0,4 × 10 − 3
Exemplo 2:
•
VDD = +10V
Determine todas as tensões dos nós e as
correntes nas malhas. Suponha Vt = 1V e
K = 0,5 mA/V2. Suponha λ = 0.
6KΩ
100KΩ
IG1
C2
V0
IG
C1
VDS
Vi
VGS
IG2
ID
100KΩ
Para análise DC, XC1 = XC2
6KΩ
∝
Como a corrente na porta é nula, podemos fazer o divisor de tensão RG1 e RG2:
VG = 10 ×
100
= 5V
100 + 100
I G1 = I G 2 =
10
= 0,05mA
100 + 100
7
Com essa tensão positiva na porta, o transistor NMOS está em condução. Mas não podemos determinar se ele opera na
região de triodo ou saturação. Podemos supor uma operação na região de saturação e verificar a validade da suposição.
A tensão na fonte é:
VGS = 5 − 6 I D
Portanto, ID é dado por:
2
I D = K (VGS − Vt )
2
I D = 0,5 × 10 −3 (5 − 6 I D − 1)
18 I D2 − 25 I D + 8 = 0
A equação de segundo grau produz dois valores para ID: 0,89 mA e 0,5 mA. O primeiro valor não tem significado
físico pois produz uma tensão de fonte maior que a tensão de porta. Portanto:
I D = 0,5mA
VS = 0,5 × 6 = 3V
VGS = 5 − 3 = 2V
VD = 10 − 6 × 0,5 = 7V
Como VDS > VGS – Vt, o transistor está realmente operando na saturação.
•
Exemplo 3:
RG1
VDD = +5V
IG1
C2
V0
VG
IG
C1
VD
Vi
IG2
RG2
Para análise DC, XC1 = XC2
Podemos escrever:
2
I D = K (VGS − Vt )
2
0,5 = 0,5[VGS − (− 1)]
RD
∝
ID
Projete o circuito de modo que o transistor
opere na saturação com ID = 0,5 mA e VD = 3V.
Suponha o transistor PMOS tendo Vt = -1V e K =
0,5 mA/V2. Suponha λ = 0.
8
Como VGS deve ser negativo (VGS < Vt), a única solução que faz sentido físico é VGS = -2V. Como a tensão na fonte é
5V, a tensão na porta deve ser 3V. Dessa forma, temos o divisor de tensão:
3=5
RG 2
RG 2 + RG1
3RG1 = 2 RG 2
Uma possível solução seria RG1 = 2 MΩ e RG 2 = 3MΩ .
O valor de RD pode ser encontrado por:
RD =
VD
3
=
= 6kΩ
I D 0,5
A operação no modo de saturação será mantida até o ponto em que VD exceder VG por |Vt|, que é:
VD max = 3 + 1 = 4V
A máxima resistência será dada por:
RD=
•
4
= 8kΩ
0,5
Exemplo 4:
Projete o circuito para obter uma corrente ID = 80 µA. Suponha o
transistor NMOS tendo Vt = 0,6V e K = 0,5 mA/V2. Suponha λ = 0.
Como VDG = 0, VD = VG o transistor está operando na saturação, dessa forma:
2
I D = K (VGS − Vt )
VGS = Vt +
ID
K
VGS = 0,6 +
0,08
= 1V
0,5
A tensão de dreno será:
VD = VG = 1V
O valor de R será:
R=
VDD − VD 3 − 1
=
= 25kΩ
ID
0,08
9
•
Exercício:
Projete o circuito para polarizar o transistor com corrente de
dreno ID = 2 mA e VDS grande o suficiente para permitir uma
excursão máxima do sinal de 2 V no dreno. Suponha que o
transistor NMOS tenha Vt = 1,2 V e K = 1,6 mA/V2. Use 22
MΩ como o maior resistor da malha de realimentação.
10
• MOSFET - Modelo AC
Assim como o TBJ, o MOSFET também pode ser representado por um modelo para descrever, de maneira
simplificada, sua operação AC.
D
D
G
G
Elementos
de circuito
S
S
• Modelo π -híbrido
•
Modelo para altas freqüências
D
G
S
CGD
D
G
ID
+
vGS
CGS
gm vGS
r0
S
S
11
•
Modelo para baixas freqüências (simplificado)
D
G
ID
+
gm vGS = vGS/re
vGS
r0
S
S
gm =
re =
2I D
∂I D
= 2 K (VGS − Vt ) = 2 KI D =
VGS − Vt
∂VGS
1
gm
ro =
VA
ID
VA =
1
λ
Nova apresentação do modelo π -híbrido (simplificado)
D
D
G
ID
+
G
vGS/re
vGS
r0
-
S
S
S
iD
D
GB
iD
vGS/re
G
vGS
r0
D
r0
re
re
iS
S
S
S
12
Modelo de pequenos sinais:
D
G
r0
re
S
Análise para pequenos sinais de circuitos com um transistor
•
Exemplo 5:
VCC
RD
vo
RG
IG=0
vi
ID
C2
C1
Na Banda de interesse, XC1 e XC2 estão em curto e para análise incremental (AC) toda fonte de tensão
constante está em curto com o terminal comum.
13
ix
iD
iG
RG
Zo
iD2
ii
RD
ro
i=0
vi
iD1
Zi
•
re
Parâmetros importantes do circuitos
Impedância de entrada (Zi)
Impedância de saída (Z0)
Ganho de tensão (Av)
Ganho de corrente (Ai)
•
Determinação dos parâmetros.
Impedância de entrada (Zi)
Por inspeção da figura acima, temos:
v −v v v
ii = i o = i 1 − o
RG RG vi
onde vo /vi é o ganho de tensão Av, dessa forma:
ii =
vo
vi
(1 − Av )
RG
Portanto:
Zi ≡
vi
R
= G
ii 1 − Av
14
Impedância de saída (Z0)
Novamente, por inspeção da figura acima, a impedância de saída do circuito é igual à:
Z o = RG // RD // ro
Note que para determinação de Z0 as tensões independentes, no caso somente vi, são colocadas em
curto com o terra.
A corrente ix é mostrada para evidenciar que esta seria a corrente que uma fonte de tensão (v0)
conectada a saída forneceria ao circuito com uma impedância de saída Z0.
Ganho de tensão (Av)
Da figura temos:
iD = iD1 + iD 2 + iG ⇒ −
vo vi vo vo − vi
= + +
RD re ro
RG
1
1
1
1
1
= vi
vo
+ +
−
RD ro RG
RG re
1
vo
1
= RG // ro // RD
−
vi
RG re
Av =
1 1
vo
= Z o
−
vi
RG re
Ganho de corrente (Ai)
Definindo a corrente de saída como a corrente iD, temos:
ii =
v
vi
, io = iD = − o
RD
Zi
Dividindo as duas equações temos:
io
v Z
=− o ⋅ i
ii
RD vi
Ai =
Z
io
= Av ⋅ i
RD
ii
15
Exercício:
+15V
10K
Determine (a) Zo, (b) Av, (c) Zi e Ai. Suponha que o
transistor NMOS tenha Vt = 1,5 V, K = 0,125 mA/V2
e VA = 50 V. Na Banda de interesse, XC1 e XC2 estão
em curto.
ID
vo
C2
10M
vi
C1
Primeiramente devemos avaliar o ponto de operação cc do circuito como segue:
2
I D = K (VGS − Vt )
2
I D = 0,125(VGS − 1,5)
Como a corrente em RG é nula temos que VGS = VD. Assim temos:
2
I D 0,125(VD − 1,5)
(1)
Além disso,
VD = 15 − 10 I D
(2)
Resolvendo as equações (1) e (2) juntas, obtemos:
I D = 1,06mA
VD = 4,4V
(A outra solução da equação quadrática não é fisicamente aceitável.)
Assim temos:
ro =
re =
VA
50
=
= 47 kΩ
I D 1,06
1
2 K (VGS − Vt )
=
1
= 1,379kΩ
2 × 0,125(4,4 − 1,5)
16
Modelo AC:
ix
10M
iD
iG
Zo
iD2
ii
10k
47k
i=0
vi
iD1
Zi
1,379k
(a) Determinar Zo:
Z o = RG // RD // ro
Z o = 8,24kΩ
(b) Determinar Av:
Av =
1 1
vo
= Z o
−
vi
RG re
Av = −5,97V V
(c) Determinar Zi:
Zi ≡
vi
R
= G
ii 1 − Av
Zi =
10 × 106
= 1,34 MΩ
1 − (− 5,97 )
(d) Determinar Ai:
Ai =
Z
io
= Av ⋅ i
RD
ii
Ai = 5,97 ⋅
vo
1,34 × 106
= 800 A A
10 × 103