ANUÁRIOFINANCEIRO
DOSMUNICÍPIOS
PORTUGUESES
2004
JoãoCarvalho
MariaJoséFernandes
PedroCamões
SusanaJorge
patrocínios:
Tribunal de Contas
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
NoâmbitodoprojectoPOCI/CPO/58391/2004intitulado
AEficiêncianoUsodosRecursosPúblicos
eaQualidadedaDecisãoMunicipalPortuguesa
Financiadopor:
FCT–FUNDAÇÃOPARAACIÊNCIAEATECNOLOGIA
MINISTÉRIODACIÊNCIA,INOVAÇÃOEENSINOSUPERIOR
patrocínios:
Tribunal de Contas
3
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
AGRADECIMENTOS
Os autores entendem manifestar publicamente o seu reconhecimento a
umconjuntodeindividualidadeseentidadescujacolaboraçãoecontributo
foramfundamentaisparaarealizaçãodesteanuário,nomeadamente:
•PresidenteseresponsáveisfinanceirosdasCâmarasMunicipaisqueenviaramascontasparaa“CentraldeContasdaUniversidadedoMinho”
•PresidentedoTribunaldeContas,ConselheiroGuilhermedeOliveiraMartins
•Presidente da Direcção da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas
(CTOC),AntónioDominguesdeAzevedo
•AntónioCostaeSilva(TribunaldeContas)
•CláudiaCosta(colaboradoradoNEAPP)
5
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
FICHATÉCNICA
Autores:JoãoCarvalho;MariaJoséFernandes;PedroCamões;SusanaJorge
Edição:CâmaradosTécnicosOficiaisdeContas
Coordenadordaedição:RobertoFerreira
EdiçãoGráficaePaginação:pré&press
Periodicidade:Anual
Impressão:Sogapal,S.A.–DepósitoLegal:228599/05
Tribunal de Contas
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
ÍNDICE
Introdução
9
1.OsMunicípiosPortugueses
17
1.1Caracterizaçãogeral
17
1.2Organizaçãomunicipal
21
1.3Prestaçãoderesponsabilidades(accountability)
25
1 .4AContabilidadeAutárquicaeoPOCAL
27
2.Conformidadeefiabilidadedascontasdosmunicípios
33
2.1CaracterizaçãodaAmostraeMetodologia
33
2.2ImplementaçãoeConformidadedasContascomoPOCAL
38
3.Comparabilidadeeutilidadedainformaçãofinanceiradosmunicípios
45
3.1Indicadoresorçamentais,económico-financeirosepatrimoniais 45
3.1.1Enquadramentoemetodologia
45
3.1.2Apresentaçãoeanálisedosresultados
48
3.1.3Reflexõeserecomendações
54
3.2ActasdasCâmaraseAssembleiasMunicipais
56
3.3InformaçãodoPOCALnasauditoriasdoTribunaldeContas
61
4.Análisedasituaçãoorçamentaldosmunicípios
65
4.1.Independênciafinanceira
65
4.2.Estruturadasreceitas
71
4.3.EstruturadasDespesas
75
4.4.Outrasinformações
80
4.5.Saldosnaópticaorçamental
82
5.Análisedasituaçãoeconómicaepatrimonialdosmunicípios
87
5.1CumprimentodoPOCAL
88
5.2Balançopatrimonial
90
5.3Resultadoseconómicos
108
5.4Anexosàsdemonstraçõesfinanceiras
115
6.Conclusõeserecomendações
117
AnexoI–Glossáriodetermoscontabilísticos
125
AnexoII–Bibliografia
137
7
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
8
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
INTRODUÇÃO
Numcontexto,anívelinternacional,depreocupaçãogeneralizadacomocontrolodosdéficesorçamentaisedoendividamentopúblico,osgovernostêm
impostonovosmodelosdegestãoquepermitamumamaiseficiente,eficaz
eeconómicautilizaçãodosrecursospúblicos.
No que se refere às características qualitativas da informação, diferentes
organismosinternacionaisreferemqueasentidadespúblicasdevemcomunicarinformaçãofinanceirarelevante,demaneiraquemelhorfaciliteasua
utilização,devendoassim:
• Apresentar informação clara e consistente, de forma compreensiva e a
maisdetalhadaecompletapossível;
• Aumentaraexactidãoeatransparênciadainformação;
• Disponibilizarinformaçãoemtempooportunoaumentando,destemodo,a
suautilidade;
• Apresentarinformaçãodeformaquesejacomparávelentrediferentesperíodosdetempoediferentesentidades.
Relevância, clareza, consistência, compreensibilidade, exactidão, oportunidadeecomparabilidadesão,assim,asprincipaiscaracterísticasqualitativasdainformaçãocontabilístico-financeiradasentidadespúblicas,pois,só
destemodoainformaçãoobtidateráautilidadedesejada.
Neste sentido, a Norma Internacional de Contabilidade do Sector Público
(NICSP)nº1daIFAC(InternationalFederationalofAccountants)refereque
o objectivo geral da informação contabilística pública é o de proporcionar
informaçãorelevanteacercadaposiçãofinanceira,dodesempenhoedos
fluxosdecaixadeumaentidade,necessáriaparaatomadadedecisõesde
umavastagamadeutilizadores.Refereaindaqueasdemonstraçõesfinanceiras podem também ter um papel preditivo ou retrospectivo, proporcionandoinformaçãoútilnaprevisãoderecursosnecessáriosparaoperações
continuadas.
Por outro lado, da informação contabilística pretende-se também medir o
cumprimentodasresponsabilidades(accountability)dosgestorespelosrecursosquelhesforamconfiadosparagerirdeumaformaeficiente,eficaze
económica.
9
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Por sua vez, o GASB (Governmental Accounting Standards Board) identificatrêsobjectivosfundamentaisdainformaçãofinanceirapública(Concepts
Statementnº1–ObjectivesofFinancialReports):
• Prestação de contas (determinar se as receitas foram suficientes para
pagarasdespesasdoano;demonstraraadequaçãodoorçamentoàsrestriçõeslegaisoucontratuaisexistentes;conhecerosserviços,oscustose
asrealizaçõesalcançadas);
• Avaliaçãodosresultados(informarsobreasorigenseasaplicaçõesde
fundos; conhecer como foram financiadas as actividades e como foram
resolvidasasnecessidadesdetesouraria;saberseasituaçãofinanceira
melhorououpiorounoexercício);
• Conhecimento do nível dos serviços prestados e da possibilidade
de os poder manter (informar sobre a posição financeira; informar
sobreosrecursosfísicosquetenhamvidaútilparaalémdoexercício
corrente; fornecer detalhes sobre as restrições legais e contratuais
quanto ao uso dos recursos e sobre os riscos de perdas potenciais
dosmesmos).
Quantoaosutilizadoresdainformaçãoobtida,oGASBidentificaquatrogrupos
deutilizadores(ConceptsStatementnº1–ObjectivesofFinancialReports):
• Cidadãos(contribuintes,eleitores,receptoresdeserviçosecidadãoemgeral);
• Investidoresoucredores(instituiçõescredoraseinvestidores).
• Órgãosdegestão(gestoresinternos,comoporexemplo,órgãoexecutivo
deummunicípioouJuntadeFreguesia).
• Corposlegislativosedecontrolo(órgãomáximodecontrolodasentidades
públicas,órgãosdoGovernoerepresentantesdirectosdoscidadãos,como
porexemploosmembrosdaAssembleiaMunicipaloudeFreguesia);
Oobjectivodeproporcionarumaimagemverdadeiraeapropriadadarealidadeeconómicaefinanceiradasentidadesimplicaquetalinformaçãoreúna
umconjuntodecaracterísticasfundamentais,acimareferidas.Deumaformamaisdesenvolvida:
a)Compreensibilidade – A informação deve ser facilmente compreendida
pelos utilizadores, pressupondo que estes têm um conhecimento razo10
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
áveldasactividadesfinanceiraeeconómica da entidade contabilística,
dominam suficientemente a contabilidade e têm vontade de estudar a
informaçãoobtidacomadiligêncianecessária.
b)Relevância–Ainformaçãodeveserútilparaatomadadedecisõespor
partedosutilizadores,ouseja,podeinfluenciar decisões (económicas,
sociais,políticas,…)dosqueautilizam,ajudando-osaavaliaracontecimentospassados,presentesefuturos,bemcomoconfirmar,avaliarou
corrigiravaliaçõesfuturas.Poroutrolado,ainformaçãoématerialmente
relevantequandoasuaomissãoouapresentaçãoerróneainfluenciaas
decisõesdosutilizadores.
c)Fiabilidade–Ainformaçãoéfiávelquandoestálivredeerros,podendo
osutilizadoresconfiarnela.Deverepresentarfielmenteastransacções,
bemcomoarealidadeeconómica,financeiraepatrimonial,serimparcial
ecompleta(dentrodoslimitesdaimportânciarelativaedocustodasua
obtenção).
d)Comparabilidade–Ainformaçãofinanceiradevesercomparávelnotempoenoespaço.Assim,devepermitircomparardemonstraçõesfinanceirasdemunicípiosdiferentescomidênticascaracterísticase,dentrodo
mesmomunicípio,relativamenteaexercícioseconómicosdiferentes.
e)Oportunidade–Ainformaçãodeveserapresentadanomomentooportunoparanãoperderrelevância.
EmPortugal,váriastêmsidoasiniciativasdesenvolvidascomvistaàconcretizaçãodosobjectivosdemaisrelevância e consequente utilidade da
informação,nomeadamenteasrelacionadascomareformadossistemas
deinformaçãocontabilístico-financeirapúblicaque,desde1990,têmsido
alvodegrandesmudanças,acompanhandoatendênciadeváriospaíses
queestãoaimplementarnovossistemascontabilísticosnosorganismos
públicos.
AníveldaAdministraçãoLocal,oPOCAL(PlanoOficialdeContabilidade
dasAutarquiasLocais),aprovadoem1999,representouummarcohistóriconacontabilidadedasautarquiaslocais,permitindoquediferentes
utilizadorestenhamacessoainformaçãocontabilísticanumaperspectivanãosóorçamentaledecaixa,mastambémeconómica,financeirae
patrimonial.Seestainformaçãoforfiáveleobtidaemtempooportuno,
poderá constituir um importante instrumento de suporte à tomada de
decisão.
11
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
DaactualreformadaContabilidadePúblicae,nocasoemanálise,doPOCAL,pretende-se“…acriaçãodecondiçõesparaaintegraçãoconsistente
da contabilidade orçamental, patrimonial e de custos… que constitua um
instrumentofundamentaldeapoioàgestãodasautarquiaslocais.”Desta
forma,garante-sequeainformaçãoreuniráascondiçõesnecessáriaspara
os fins e utilizadores a que genericamente se destina: prestação de responsabilidades(accountability)eapoioàtomadadedecisãoporpartede
utilizadores internos (órgãos deliberativo e executivo) e externos (Tribunal
deContas,InstitutoNacionaldeEstatística,AssembleiadaRepública,cidadãos,financiadores,entreoutros).
Após cinco anos de implementação do POCAL é possível e fundamental
analisarograudeimplementaçãodonovosistemacontabilísticoeasconsequênciasnagestãodosmunicípios.FoinestesentidoqueoNEAPP–NúcleodeEstudosemAdministraçãoePolíticasPúblicas,daUniversidadedo
Minho,em2004apresentouàFCT(FundaçãoparaaCiênciaeaTecnologia)
oprojecto“AEficiêncianoUsodosRecursosPúblicosdosMunicípiosPortugueses”,tendocomoobjectivosprincipais:
• Criaruma«centraldecontas»dosmunicípios(localizadanoNEAPP–Núcleo de Estudos em Administração e Políticas Públicas – da Escola de
EconomiaeGestãodaUniversidadedoMinho);
• VerificarograudeimplementaçãodoPOCALnosmunicípioseasuaevolução,nomeadamenteatravésdaconformidadecomosrequisitosexigidos
pelonovosistemaparaaprestaçãodecontas;
• Verificarseexistefiabilidadenainformaçãoorçamental(cumprimentoda
legalidadeedoorçamento),financeira,económicaepatrimonial(imagem
verdadeiraeapropriada)reflectidanascontasdosmunicípios;
• Construir uma base de dados com informação sobre os municípios portugueses nos termos do POCAL, a ser actualizada periodicamente, que
servirá de suporte, não só à investigação em finanças e contabilidade
autárquica,mastambémaodesenvolvimentodeoutrosestudossobrea
gestãofinanceiradosmunicípios;
• Com base na agregação de todos os valores dos municípios, apresentarumaestruturadeumBalanço,DemonstraçãodeResultados,mapas
financeiros e alguns rácios que permitam caracterizar a situação orçamental, económica, financeira e patrimonial “média” de um município
português;
12
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
• Elaborarestudosacadémicos1etécnicossobrearealidadecontabilísticofinanceira autárquica, incluindo a elaboração deste “Anuário Financeiros
dos Municípios” onde são analisados e comentados os documentos de
PrestaçõesdeContasdosmunicípioseainformaçãopatrimonial,económica,financeiraeorçamental,agregadaparaatotalidadedosmunicípiose
porgrandesgrupos,atendendoàdimensão(pequenos,médiosegrandes
municípios)medidaemnúmerodehabitantes.
Noâmbitodesteprojecto,em15deJunhode2005foieditadoeapresentado publicamente o 1º Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses,
seanalisaramascontasde175municípios,relativosa2003,recolhendo
informaçãosobreocumprimentodoPOCALesobreoconteúdodascontas
(estruturaorçamental,económica,financeiraepatrimonial).
Nestapublicaçãoconcluiu-sequeoPOCALestavaaseraplicadonagrande
maioriadosmunicípios,apesardasgrandesalteraçõesqueomesmoimplicounaestruturaorganizativaenanecessidadedeformaçãocomplementar
dopessoal.Contudo,verificou-seque,porumlado,osdocumentosfinais
estavamaserelaboradoscomapreocupaçãoquaseestritadeapenasse
cumpriralei,independentementedafiabilidadedainformaçãorelatadae,
por outro lado, o sistema de Contabilidade de Custos, salvo raras excepções,nãoseencontravaimplementado.
1
Foramelaboradososseguintesestudos:
•CARVALHOJ.B.(2006)«FiscalizacióndelTribunaldeCuentasportuguésalosmunicipios.Resultadosyrecomendaciones»,VISimposiumdeFiscalización,auditoriaycontroldelagestióndelos
fondospúblicos,Mérida,Abril.
•CAMÕES,P.(2006):«ATransparênciaeaUtilidadedasContasPúblicasemPortugal:Ocasodas
AutarquiasLocais»,VIIICongressoProlatino,ViladaFeira,7e8deAbril.
•JORGE,S.,CARVALHO,J.B.,FERNANDES,M.J.(2006)«FromcashtoaccrualsinPortugueseLocalGovernmentaccounting:whathastrulychanged»,submetidoaInternationalJournalofPublic
SectorManagement.
•CARVALHO,J.B.,JORGE,S.,FERNANDES,M.J.(2005)«ContributodoPOCALparaoaumentoda
transparêncianascontasdosMunicípiosPortugueses»,3.ºCongressoNacionaldaAdministração
Pública,InstitutoNacionaldeAdministração,Lisboa,Novembro.
•CARVALHO,J.B.,FERNANDES,M.J.,JORGE,S.,GUZMÁN,C.A.(2005)«Elusodelosindicadoresde
gestiónenlamemoriadelascuentasdelosMunicipiosPortugueses»,XIIICongresodelaAsociación
EspañoladeContabilidadyAdministración,Oviedo,Setembro.
•CARVALHO,J.B.,JORGE,S.,FERNANDES,M.J.(2005)«GovernmentalAccountinginPortugal:why
accrualbasisisaproblem»,aceiteparapublicaçãonoJournalofPublicBudgeting,Accountingand
FinancialManagement.
•JORGE,S.,CARVALHO,J.B,FERNANDES,M.J.(2005)«CompliancewiththeNewSystemofLocal
GovernmentAccountinginPortugal»,aceiteparaolivroAccountingreforminthePublicSector:
mimicry,fadornecessity?,Poitiers,France.
•JORGE,S.,CARVALHO,J.B.,FERNANDES,M.J.,CAMÕES,P.(2005)«ConformityandDiversityof
AccountingandFinancialReportinginPortugueseLocalGovernment»,aceiteparapublicaçãono
CanadianJournalofAdministrativeSciences.
•CARVALHO,J.B.,FERNANDES,M.J.,JORGE,S.(2004)«LocalGovernmentaccountinginPortugal:
howthenewsystemcanleadtomisinterpretation?»,aceiteparapublicaçãonarevistaPublicMoney
andManagement.
13
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Este2ºAnuárioFinanceirodosMunicípiosPortuguesesrefere-seàscontasde
2004e,emrelaçãoao1ºAnuário,paraalémdoaumentodonúmerodemunicípiosanalisados(analisam-setodososmunicípiosportuguesesdoContinente
(278),6dosAçores(deumtotalde19)e5daMadeira(deumtotalde11),são
aprofundadosaspectosdagestãoorçamental,financeiraepatrimonial,comentadososconteúdosdasActas(querdaCâmara,querdaAssembleiaMunicipal)
queaprovamascontas,bemcomooconteúdodoRelatóriodeGestão,com
especialênfaseparaosindicadoresqueaquisãoapresentados.
A informação foi obtida directamente dos relatórios anuais e contas dos
municípios,queosenviaramparaaUniversidadedoMinhoouapartirdos
depositadosnoTribunaldeContas.
AnalisadososobjectivosdefinidosnoPOCALeosdocumentosdeprestação
decontasquesãoexigidosatodasasentidadescontabilísticas(incluindo
asqueintegramodesignadoregimesimplificado),verifica-sequeestesvão
deencontroaosobjectivosdefinidosanívelinternacionalparaasentidades
públicas.Noentanto,éoportunoquestionar:
1.Existefiabilidadenainformaçãoobtidadosdiferentesmunicípios?
2.Relativamente à conformidade, estarão a ser cumpridos os principais
requisitosdefinidosnonovosistemacontabilístico?
3.Quanto à utilidade, os diferentes utilizadores usam a informação, quer
orçamentalquerpatrimonial,paraatomadadedecisões?
4.Qualasituaçãofinanceira,económicaepatrimonialdosmunicípiosportugueses?
Pretende-secomestetrabalhoresponderaestasquestõesbaseando-nos,
como referido, em informação recolhida das contas dos municípios portugueses. Em casos pontuais e devidamente assinalados, foi ainda utilizadainformaçãodeestudosefectuadosemdissertaçõesdeMestradosoba
orientaçãodosautoresdesteAnuário.
Assim,comeste2ºAnuáriovisa-seemparticular:
• AferiraevoluçãodograudeimplementaçãodoPOCAL,nomeadamentea
conformidadecomosrequisitosexigidospelonovosistemaparaaprestaçãodecontase,comisto,comprovaramelhoria(ounão)dafiabilidade
dainformação;
14
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
• Distribuindoosmunicípiospor“pequenos”,“médios”e“grandes”,apresentarumaestruturaagregadadeumBalanço,DemonstraçãodeResultados,
mapasfinanceirosealgunsrácios,quepermitamcaracterizarasituação
orçamental, económica, financeira e patrimonial “média” dos municípios
portugueses;
• Analisar a situação financeira, patrimonial e económica dos municípios,
atravésdosmapascontabilísticosedeindicadoresutilizados;
• AnalisarautilidadedainformaçãonaaprovaçãodascontaspelasCâmaras
eAssembleiasMunicipais;
• Analisarautilidadedainformaçãoporpartedeumdosprincipaisutilizadoresexternos–oTribunaldeContas.
O 2º Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004 encontra-se
organizadoemseiscapítulos:
• NoCapítulo1faz-seumaapresentaçãodosmunicípiosportugueses,começandoporumacaracterizaçãogeral(aspectosrelacionadoscomalocalizaçãogeográfica,dimensão,serviçosdescentralizados,eestruturados
fundosdoOE),seguindo-seumadiscussãosobreaactualorganizaçãomunicipal(nomeadamentenovascompetênciasinseridasnonovomodelode
gestãomunicipal);posteriormenteanalisa-seaproblemáticadaprestação
deresponsabilidadesnasautarquias,terminando-secomumaintrodução
àcontabilidadeautárquica,particularmenteaoPOCAL.
• No Capítulo 2 aborda-se a conformidade e consequente fiabilidade das
contasdosmunicípios,começandopordescreveraamostraemetodologiautilizadas,analisandodeseguidaainformaçãoagregadasobreaimplementaçãoeconformidadedascontascomosprincipaisrequisitosdo
POCAL.
• NoCapítulo3estuda-seacomparabilidadeeutilidade(internaeexterna)
dainformaçãofinanceiramunicipal,começandoporabordarostiposediversidadedeindicadoresapresentadospelosmunicípiosnoseuRelatório
deGestão,deondesesugereumconjuntodeindicadoresquedeveriam
serutilizados.Depois,comvistaaabordarautilidadeinterna,analisa-seo
tipodeinformaçãocontidanasActasdasreuniõesdeaprovaçãodecontas
(CâmaraseAssembleiasMunicipais).Paraefeitosdeanálisedautilidade
externa,apresentam-setambémosresultadosdeumoutroestudosobre
autilidadedainformaçãoparaoTribunaldeContas.
15
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
• OCapítulo4apresentaosresultadosdaanálisedasituaçãoorçamental
efinanceiradosmunicípios,baseadaessencialmentenosdocumentosde
prestaçãodecontasrelacionadoscomaexecuçãoorçamentaleainformaçãorelatadaembasedecaixa.
• OCapítulo5apresentaaanálisedasituaçãoeconómicaepatrimonial,baseadaessencialmentenosdocumentosdestanaturezaeeminformação
relatadaembasedeacréscimo,nomeadamentenoBalançoenaDemonstraçãodeResultados.
• Finalmente,noCapítulo6sãotecidasalgumasconsideraçõesfinais,particularmentediscutindopossíveisrazõesjustificativasdosresultadosobtidos, limitações do actual sistema de contabilidade autárquica, sendo
tambémapresentadasalgumasrecomendações.
Importa ainda referir que, em anexo, é fornecido um glossário de alguns
termoscontabilísticosutilizadosnesteAnuário(queseencontramsublinhados),bemcomoumalistadebibliografia.
16
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
1.OSMUNICÍPIOSPORTUGUESES
1.1Caracterizaçãogeral
A definição de Município aparece pela primeira vez no artº 38º da Lei nº
77/79, de 25 de Outubro (Lei sobre atribuições das Autarquias Locais),
como“apessoacolectivaterritorial,dotadadeórgãosrepresentativos,que
visaaprossecuçãodeinteressesprópriosdapopulaçãonarespectivacircunscrição”.
Poroutrolado,oprincípiodaautonomiadopoderlocalestásancionadonoart.º6.ºdaConstituiçãodaRepúblicaPortuguesa(CRP),desenvolvendo-se as coordenadas em que aquele se materializa, no Título
VII da Parte III, respeitante à organização do poder político e sob a
epígrafe “Poder Local”. Assim, referem os art.º 235.º e 236.º que “a
organização democrática do Estado compreende a existência de autarquiaslocais(...),pessoascolectivasterritoriaisdotadasdeórgãos
representativos,quevisamaprossecuçãodeinteressesprópriosdas
populaçõesrespectivas”,especificandoque“nocontinente,asautarquias locais são as freguesias, os municípios e as regiões administrativas”, enquanto “as regiões autónomas compreendem freguesias
emunicípios”2 .
AnovaLeidasFinançasLocais(projectoquenadatadepublicaçãodeste
Anuárioseencontraemdiscussãopública)refere(artigo3.º)que:
1–Osmunicípioseasfreguesiastêmpatrimónioefinançaspróprios,cuja
gestãocompeteaosrespectivosórgãos.
2–Aautonomiafinanceiradosmunicípiosedasfreguesiasassenta,designadamentenosseguintespoderesdosseusórgãos:
a)Elaborar,aprovaremodificarasopçõesdoplano,orçamentoseoutros
documentosprevisionais;
b)Elaborareaprovarosdocumentosdeprestaçãodecontas;
2
Considerandoqueasregiõesadministrativasaindanãoforamcriadas,podemosdizerque,nocontinente,asautarquiassãoconstituídasdamesmaformaquenasRegiõesAutónomasdosAçorese
Madeira,istoé,compreendemasfreguesiaseosmunicípios.
17
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
c)Exercerospoderestributáriosquelegalmentelhesestejamcometidos;
d)Arrecadaredispordereceitasqueporleilhesforemdestinadas;
e)Ordenareprocessarasdespesaslegalmenteautorizadas;
f)Geriroseuprópriopatrimónio,bemcomoaquelequelhesfoiafecto.
ActualmenteexistememPortugal308municípios,quepodemsercategorizadosemtrêsdimensões:
• 178pequenos(municípioscompopulaçãomenorouiguala20000habi-
tantes)
• 106médios(municípioscompopulaçãomaiorque20000habitantese
menorouiguala100000habitantes)
• 24grandes(municípioscompopulaçãomaiorque100000habitantes).
Considerandoestasdimensõesearegiãoondeseinserem,osmunicípios
portuguesesdistribuem-sedaseguinteforma:
Gráfico1.1.1
Osmunicípiosportuguesespordimensãoeregião
90
N.º de Municípios
80
70
85
68
66
60
50
40
30
20
10
0
59
53
45
33
30
26
29
12
9
Norte
25
19
14
2
11
0
Centro
Vale do Tejo
Sul
País
Pequenas
Médias
7
3 1
Madeira
15
4
0
Açores
Grandes
Regiões
Daanálisedográficosupraverifica-seaindaqueénosulenasilhasque
predominamosmunicípiosdepequenadimensão.Defacto,64%(7em11)
dosmunicípiosdaRegiãoAutónomadaMadeirae79%(15em19)dosmunicípiosdaRegiãoAutónomadosAçoressãopequenos,assimcomo76%
18
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
(45em59)dosmunicípiosdaregiãosuldePortugalContinental.Emcontrapartida,nasregiõesdeValedoTejoeNorte,sãopequenosapenas38%(25
em66)e49%(33em68)dosmunicípiosrespectivamente.
Poroutrolado,noquerespeitaàdensidadepopulacionaleagrupandoos
municípios por distrito, o quadro seguinte mostra que são os distritos do
litoraledonortedoPaís,ondetambémestáconcentradagrandeparteda
populaçãoportuguesa,quecontinuamaapresentarumamaiselevadadensidadepopulacional.
Quadro1.1.1–CaracterizaçãodosDistritosPortugueses2004
Distrito
Aveiro
Beja
Área
Km²
N.ºde
municípios
População
Residente
2808
19
727041
Densidade
hab/km²
258,92
10225
14
156153
15,27
Braga
2673
14
851337
318,49
Bragança
6608
12
145486
22,02
CasteloBranco
6675
11
203314
30,46
Coimbra
3947
17
437642
110,88
Évora
7393
14
171130
23,15
Faro
4960
16
411468
82,96
Guarda
5518
14
176086
31,91
Leiria
3515
16
472895
134,54
Lisboa
2761
16
2203503
798,08
Portalegre
6065
15
121653
20,06
Porto
2395
18
1805015
753,66
Santarém
6747
21
463676
68,72
Setúbal
5064
13
829007
163,71
VianadoCastelo
2255
10
251937
111,72
VilaReal
4328
14
221218
51,11
Viseu
Total(PortugalContinental)
5007
24
88944
278
395202
78,93
10043763
112,92
Regiões
Açores
Madeira
Total
2333
19
241206
103,39
797
11
244286
306,51
10529255
114,36
92074
308
ConsiderandoapenasosmunicípiosalvodoestudodesteAnuário,ouseja,
289divididosem163pequenos,102médiose24grandes,oquadroseguinteapresentainformaçãosobreonúmerodeServiçosMunicipalizadose
EmpresasMunicipaisem2004.
19
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Quadro1.1.2–QuantidadedeServiçosMunicipalizadoseEmpresasMunicipais
ServiçosMunicipalizados
EmpresasMunicipais
Total
0
1
2
3
si
0
1
2
3
>3
si
Total
Municípios
Pequenos
163
147
6
0
0
10
120
31
2
0
0
10
163
Municípios
Médios
102
71
23
0
0
8
56
26
6
3
1
10
102
Municípios
Grandes
24
14
8
1
0
1
5
7
5
0
5
2
24
Totalde
municípios
comServiços
Municipalizados
eEmpresas
Municipais
38
86
Osvaloresmostramque86municípiostêmserviçosdescentralizadosem
EmpresasMunicipais,enquantoque38possuemunidadesautónomasde
ServiçosMunicipalizados.Destasentidades,amaioriatemapenasumaempresamunicipaleumaunidadedeServiçosMunicipalizados.
Poroutrolado,hámuitosmunicípiosquenãopossuemServiçosMunicipalizadosnemEmpresasMunicipais,sendonasuamaioriadepequenadimensão.Verifica-seaindaque,relativamenteaalguns(seminformação–s.i.),há
lacunasnaprestaçãodecontas,jáquenãoapresentaminformaçãosobre
osServiçosMunicipalizadoseasEmpresasMunicipais.
SecontarmosaindacomaparticipaçãodosmunicípiosemAssociaçõesde
Municípios, Comunidades Urbanas, Fundações, entre outras entidades de
direitopúblicoouprivado,verificamosqueestamosperante308potenciais
“grupos autárquicos”, em que o município é a designada “entidade-mãe”.
Destemodo,actualmente,ascontasdeummunicípiorepresentamapenas
uma parte do seu património cuja estrutura financeira, económica e orçamentalmuitodependedograudedescentralizaçãodealgumasatribuições,designadamenteatravésdaquantidadedeServiçosMunicipalizados
eEmpresasMunicipais.
No Anuário de 2003 referimos, como aspecto negativo do POCAL, o facto
denãoserobrigatórioaapresentaçãodecontasconsolidadas.Édelouvar,
parabemdautilidadedeinformaçãocontabilística,queoprojectodeLeidas
FinançasLocaisdêum1.ºpassoaoobrigaràconsolidaçãodecontasosmunicípiosquedetenhamserviçosmunicipalizadosouatotalidadedocapitalde
empresasmunicipais,conformeartigo45.º,n.º1:
20
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
ConsolidaçãodeContas
“1.Sem prejuízo dos documentos de prestação de contas previstos na
lei, as contas dos municípios que detenham serviços municipalizadosouatotalidadedocapitaldeempresasmunicipaisdevemincluir
ascontasconsolidadas,apresentadnoaconsolidaçãodobalançoe
dademonstraçãoderesultadoscomrespectivosanexosexplicativos
incluindonomeadamenteossaldoseflixosfinanceirosentreasentidadesalvodeconsolidaçãoemapadeendividamentoconsolidadode
médioelongoprazo.”
1.2Organizaçãomunicipal
AsautarquiaslocaissãoumaemanaçãodoPoderLocaleconstituemumadas
formasdedescentralizaçãoterritorial,caracterizando-sepor(Gonçalves,2006):
a)Serem pessoas colectivas públicas de substrato territorial, distintas do
Estado,compersonalidadejurídicaepatrimóniopróprio;
b)Atravésdedeterminaçãolegal,seremdotadasdeatribuiçõesmúltiplase
própriasquelhesãocometidasemexclusivo;
c)Seremdotadasdeórgãospróprios,directamenteeleitosporsufrágiodos
cidadãos,possuindo,comotal,representatividadeelegitimidadedemocrática;
d)Estarem investidas das competências necessárias à prossecução das
suasatribuições,dispondodecapacidadejurídicaeautonomiaadministrativaefinanceira;
e)EstaremsujeitasàtutelaadministrativadoEstado,istoé,oEstadomantémumpoderdecontroloadministrativoquelhepermitefiscalizaralegalidadedaactuaçãodasautarquiaslocais.
OprincípioconstitucionaldaautonomiadasautarquiasedadescentralizaçãodaAdministraçãoPúblicaimpôsquefossedadadevidarelevânciaaos
aspectos relativos à definição das atribuições das autarquias locais e à
competênciadosrespectivosórgãos.
EmPortugalpodemosverificarquesãováriasasleisqueactualmenteregulamasautarquiaslocaisdestacando-seasseguintes:
21
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
• Leinº42/98–LeidasFinançasLocaisprevendo-seaentradaemvigorem
1deJaneirode2007umaNovaLeidasFinançasLocais;
• Lei nº 58/98, de 18 de Agosto – Lei-Quadro das Empresas Municipais,
IntermunicipaiseRegionais;
• Leinº159/99,de14deSetembro–QuadrodeTransferênciadeAtribuiçõeseCompetênciasparaasAutarquiasLocais;
• Lei169/99,de14deSetembro,republicadapelaLeinº5-A/2002de11
de Janeiro – Quadro de Competências e Regime de Funcionamento dos
ÓrgãosdasAutarquiasLocais;
• Leinº10/2003,de23deMaio–estabeleceoRegimedeCriação,oQuadrodeAtribuiçõeseCompetênciasdasÁreasMetropolitanaseoFuncionamentodosseusÓrgãos;
• Leinº11/2003,de13deMaio–estabeleceoregimedecriação,oQuadrodeAtribuiçõeseCompetênciasdasComunidadesIntermunicipaisde
DireitoPúblicooFuncionamentodosseusÓrgãos.
ALein.º159/99,de14deSetembro,actualmenteemvigor,estabelece
o quadro de transferências e competências para as autarquias locais,
constituindoodiplomadeexcelênciaparaoenquadramentodoprocesso
dedescentralização.Estaleiestipulanoartº4ºqueoconjuntodeatribuiçõesecompetênciasestabelecidoseráprogressivamentetransferido
para os municípios nos quatro anos subsequentes à sua entrada em
vigor.Assim,estaleitemcomoprincípiosgeraisadescentralizaçãode
competências mediante a transferência de atribuições e competências
para as autarquias locais, tendo por finalidade assegurar o reforço da
coesãonacionaleasolidariedadeinter-regional,bemcomopromovera
eficiênciaeaeficáciadagestãopública,assegurandoodireitodosadministrados.Poroutrolado,adescentralizaçãoadministrativaasseguraa
concretizaçãodoprincípiodasubsidiariedade,devendoasatribuiçõese
competênciasserexercidaspeloníveldaadministraçãoquemelhorestivercolocadoparaasconseguircomracionalidade,eficáciaeproximidade
aoscidadãos.
Aorganização,querpolíticaquerrelativaàestruturaçãodosserviços
dosmunicípios,estálegalmentedefinida.Osdiplomasemvigorsobre
estas matérias são o Decreto-Lei n.º 169/99, de 18 de Setembro
(republicado pela Lei n.º5-A/2002, de 11 de Janeiro) – que estabelece o regime jurídico de funcionamento dos órgãos dos municípios
22
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
edasfreguesias,bemcomooquadrodecompetênciasdosmesmos
(actualizadopelaconcretizaçãodasatribuiçõesestipuladasnaLeinº
159/99, de 14 de Setembro) – e o Decreto-Lei nº116/84, de 6 de
Abril. Também a Carta Europeia da Autonomia Local (ratificada pela
ResoluçãoaAssembleiadaRepúblicanº28/90,de23deOutubro)no
seuartº5ºreferequeasautarquiaslocaisdevempoderdefinirasestruturasadministrativasinternasdequeentendamdotar-se,tendoem
vistaadaptá-lasàssuasnecessidadesespecíficas,afimdepermitir
umagestãoeficaz.
OQuadro1.2.1apresentaaevoluçãodasatribuiçõesdosmunicípiosdefinidaemtrêsdiplomaspublicadosatéàdata.
Quadro1.2.1–EvoluçãodasAtribuiçõesdosMunicípios
Decreto-Leinº79/77,
de25deOutubro
Decreto-Leinº100/84,
de29deMarço
Lein.º159/99,
de14deSetembro
•administraçãode
bensprópriosdasua
jurisdição
•abastecimentopúblico
•culturaeassistência
•salubridadepública
•administraçãodebensprópriose
sobsuajurisdição
•desenvolvimentoabastecimento
público
•saluridadepúblicaeaosaneamento
básico
•saúde
•educaçãoeensino
•cultura,temposlivresedesporto
•defesaeprotecçãodomeio
ambienteedaqualidadedevidado
respectivoagregadopopulacional
•protecçãocivil
•equipamentoruraleurbano
•energia
•transportesecomunicações;
•educação
•património,culturaeciência
•temposlivresedesporto
•saúde;acçãosocial
•habitação
•protecçãocivil
•ambienteesaneamentobásico
•defesadoconsumidor
•promoçãododesenvolvimento
•ordenamentodoterritórioeurbanismo
•políciamunicipal
•cooperaçãoexterna
O quadrolegalactualmenteemvigorprevêainda que a transferência das
novasatribuiçõesecompetênciasparaosmunicípiossejaprogressiva,“de
formaarticuladaeparticipada”3,numhorizontetemporaldequatroanos4e
queseja“...acompanhadadosmeioshumanos,dosrecursosfinanceirose
dopatrimónioadequadosaodesempenhodafunçãotransferida”5.Prevê-se
tambémqueaformadeafectaçãoderecursos,sejadefinidaanualmente
atravésdediplomaspróprios.
Para além disto, a mesma Lei reafirma os princípios da descentralização
administrativaedaautonomiadopoderlocal.6
3
Cf.art.o5.odaLein.o159/99,de14/09.
4
Cf.arto.4.o(Lei159/99).
5
N.o2doart.o3.o(Lei159/99).
6
Cf.art.o1.odaLein.o159/99,de14/09.
23
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Assim,tem-seassistidoàcriaçãodeentidadesperiféricasemmuitasautarquias(e.g.cooperativas,fundações,empresasmunicipais,entreoutras),a
fimdedescentralizaremosseusserviçosdandocumprimentoaosobjectivos
demaioreficácianasuaprestação.Nestecontexto,competeàAssembleia
Municipalacompanhar,combaseeminformaçãoútildaCâmara,facultada
emtempooportuno,aactividadedestaeosrespectivosresultados,nasváriasentidadesemqueomunicípiodetenhaalgumaparticipaçãonorespectivocapitalsocialouequiparado(artigo53ºnº1alínead)daLei5-A/2002).
Poroutrolado,dadoquecompeteàsautarquiaslocais,dotadasdepessoal,
patrimónioefinançaspróprios,agestãodasáreasmunicipais,atravésdos
respectivos órgãos representativos, é-lhes assegurada a necessária autonomia. Como explicam Gomes Canotilho e Vital Moreira (1984;p.86), “as
autarquiaslocaissãoformasdeadministraçãoautónomaterritorialdoEstado,dotadasdeórgãospróprios,deatribuiçõesespecíficascorrespondentes
a interesses próprios, e não meras formas de administração indirecta ou
imediatadoEstado”.
Dispõeoart.º237.ºdaCRP,comaepígrafe“descentralizaçãoadministrativa”,queas“atribuiçõeseaorganizaçãodasautarquiaslocais,bemcomoa
competênciadosseusórgãos,serãoreguladosporlei,deharmoniacomo
princípiodadescentralizaçãoadministrativa”,impondooarticuladoseguinte
queasautarquiaspossuam“patrimónioefinançaspróprios”e“receitaspróprias”,podendodisporde“poderestributários”,sendo-lheaindaconferido,
porforçadoart.º241.º,“poderregulamentarpróprio”.
Contudo, a autonomia do poder local não pode ser encarada como uma
exclusãodaacçãooufinsvisadospeloEstado,querporqueosfinsaprosseguirpelasautarquiasestãodefinidosnalei,querporqueosrecursosque
mobilizamtêmdeseraplicadosparaatingiressesfins,istoé,semafectaro
princípioconstitucionaldaautonomialocal,háqueestabelecermecanismos
decontroloefiscalização.
Estanecessidadedeimporlimitesàautonomialocal,visandoatenuaros
seusinconvenienteseharmonizarassuasactividadescomosinteresses
globaisdoEstadoedacolectividadenacional,égenericamentereconhecidaeaprópriaCRPaprevênoseuart.º242.º.OEstadomantémsobre
estaspessoascolectivasdescentralizadasumpoderdetutelaquecorrespondeauma“verificaçãodocumprimentodaleiporpartedosórgãos
autárquicos”.
Note-se, todavia, que, apesar da autonomia financeira de que gozam, as
autarquias encontram-se, do ponto de vista financeiro, fortemente depen24
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
dentesdastransferênciasdaAdministraçãoCentral(ver4.1,pág.##).Por
outrolado,conformeLeidasFinançasLocais,osmunicípioseasfreguesias
estãosugeitasàsnormasconsagradasnaLeideEnquadramentoOrçamentaleaosprincípioseregrasdeestabilidadeorçamental.
1.3Prestaçãoderesponsabilidades(accountability)
O termo inglês “accountability” não é de simples tradução para a língua
portuguesa, sendo difícil a sua tradução directa numa única palavra. Não
obstante,podemosconsiderar“accountability”comoprestaçãoderesponsabilidades, ou seja, como “prestação de contas”, não só na perspectiva
contabilísticaoumonetário-financeira,comotambémesobretudonagestão
econcretizaçãodeprogramasestabelecidosedeactividadespreviamente
definidaseaprovadas.
Assim, à responsabilidade dos órgãos executivos por uma boa gestão de
dinheirospúblicos(redistribuiçãoderendimentoseriqueza,comvistaauma
melhorjustiçasocial)eporinformaremsobreaformacomoutilizamosrecursospúblicosdisponibilizados,podemosdesignarde“accountability”.
OórgãoexecutivodeumMunicípiotementãode“prestarcontas”emmomentosdiversoseadiferentesdestinatários.Defacto,umaCâmaraMunicipal“prestacontas”:
• Aoseleitoressobreocumprimentodoscompromissosassumidospreviamentenosprogramaseleitorais;
• Aoórgãodeliberativo,ouseja,àAssembleiaMunicipal,àqualapresenta
verdadeiramenteascontasparaqueestaasaprecieemsessãoordináriaadecorrernomêsdeAbrildoanoseguinteàqueleaquerespeitam.
Normalmente as contas apresentadas correspondem aos documentos a
entregaraoTribunaldeContas;
• AoTribunaldeContas,oqual,atravésdaResolução4/2001,de18de
Agosto,definiuosdocumentosdeprestaçãodecontasquelhedevem
serenviadosanualmente.Paraalémdisto,“semprequeosresultados
dasacçõesdeverificaçãodoTribunaldeContas,sejaatravésdosdocumentosdeprestaçãodecontas(verificaçãointerna)sejaatravésde
auditorias (verificação externa), indiciem factos constitutivos de responsabilidades financeiras, desenvolve-se o respectivo processo de
julgamento das respectivas responsabilidades, podendo, conforme os
25
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
casos,darorigemàresponsabilidadefinanceirareintegratória7(…)ouà
responsabilidadesancionatória 8(…)”(Carvalho, Fernandes e Teixeira,
2006,p.42).
•AsMinistériosdasFinançasedaAdministraçãoPúblicaeaoMinistroque
tutelaasautarquiaslocais,que,deacordocomanovaLeidasFinanças
Locaisdevemremeterosseusorçamentos,contastrimestraisbemcomo
asuacontaanualdepoisdeaprovada.
Quanto ao papel do sistema contabilístico na prestação de responsabilidades, pretende-se que forneça informação oportuna e fiável, de modo a
permitir:
• Executarocontrolofinanceiro;
• Verificaralegalidade;e
• Analisaraeficácia,aeficiênciaeaeconomiadasdecisões.
NonovosistemaportuguêsdeContabilidadePúblicatalpapelfoiexpressamentereconhecido.Defacto,naprópriaintroduçãodoDecreto-leinº232/97,
de3deSetembro,queaprovaoPOCP,éestabelecidoqueaContabilidade
Públicadeverápermitir:
“a)OcontrolofinanceiropelasdiferentesentidadesenvolvidaseadisponibilizaçãodeinformaçãoaosdiferentesagentesinteressadosporformaareforçaratransparêncianaAdministraçãoPública,concretamenteefectuandoo
acompanhamentodaexecuçãoorçamentalnumaperspectivadecaixaede
compromissos(nomeadamentecomefeitosemanossubsequentes);
b)A obtenção expedita dos elementos indispensáveis do ponto de vista
docálculodasgrandezasrelevantesnaópticadacontabilidadenacional.
EstassãoparticularmenteimportantesnumaalturaemqueoPaísseencontracomprometidoàobtençãodedeterminadosobjectivosemtermos
derigororçamentalqueterãodesernecessariamenteaferidosemfunção
dainformaçãoproduzidanaópticadascontasnacionais;
7
Implicaareposiçãodasimportânciasabrangidaspelainfracção,incluindojurosdemora.Estaresponsabilidadesóocorreseaacçãoforpraticadacomculpa.
8
Implicaaaplicaçãodemultasquetêmcomolimitemínimometadedovencimentolíquidomensale
comolimitemáximometadedovencimentoanualdosresponsáveis.
26
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
c)A disponibilização de informação sobre a situação patrimonial de cada
entidade.”
Noquerespeitaàcontabilidadeautárquica,tambémaintroduçãodoDecreto-lei54-A/99,de22deFevereiro,queaprovouoPOCAL,estabelecequeo
novosistemacontabilísticodevepermitir,entreoutros:
• Ocontrolofinanceiroeadisponibilizaçãodeinformaçãoparaosórgãosautár-
quicos,nomeadamenteparaoacompanhamentodaexecuçãoorçamental;
• Estabelecerregrasquegarantamocumprimentodosprincípiosorçamen-
taiseacompatibilidadecomregrasprevisionais,bemcomoocumprimentodosprincípiosestabelecidosnoPOCP;
• Teremcontaprincípiosdautilizaçãomaisracionaldosrecursosedame-
lhorgestãodetesouraria;
• Aobtençãodeelementosindispensáveisaocálculodosagregadosrelevan-
tesdacontabilidadenacional;
• A disponibilização de informação sobre a situação patrimonial de cada
autarquialocal.
1.4AContabilidadeAutárquicaeoPOCAL
AreformadaContabilidadeAutárquicatemtrazidoinovaçõesconsideráveis,
dasquaismerecemdestaqueasseguintes:
1)AdefiniçãodosobjectivosdaContabilidadeAutárquicaedoPOCAL–Plano
OficialdeContabilidadedasAutarquiasLocais,publicadonodia22deFevereirode1999,atravésdoDecreto-Leinº54-A/999,nomeadamente“aintegraçãoconsistentedacontabilidadeorçamental,patrimonialedecustos
numacontabilidadepúblicamoderna,queconstituauminstrumentofundamentaldeapoioàgestãodasautarquiaslocais”,deformaapossibilitar:
9
Jáforamfeitasalgumasalteraçõesaestediploma,atravésdosseguintes:
–Lein.o162/99,de14deSetembro(alteraçãodosartigos5.o,9.o,10.o,11.oe12.odoDecreto-Lei
n.o54-A/99,de22deFevereiro);
–Decreto-Lein.o315/2000,de2deDezembro(alteraçãoaosartigos10.oe12.odoDecreto-Lei
n.o54-A/99,de22deFevereiro);e
–Decreto-Lein.o84-A/2002,de5deAbril(AlteraçãodoPOCAL,ponton.o3.3.–RegrasPrevisionais.
27
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
• Maiorcontrolofinanceiro;
• Melhor preparação dos orçamentos, cumprindo regras e retomando os
princípios orçamentais estabelecidos na lei do enquadramento do OrçamentodoEstado;
• Mais e melhor acompanhamento da execução do orçamento das autarquias,procurandoautilizaçãomaisracionaldasdotaçõesorçamentais;
• Disponibilizaçãodeinformaçãotempestivaerelevanteparaosórgãosda
administraçãoautárquica;
• Obtenção,deformacélere,doselementosindispensáveisparaocálculo
dosagregadosrelevantesdacontabilidadenacional;
• Disponibilizaçãodeinformação,preparadaadoptandoosprincípioscontabilísticosdefinidosnoPOCP,sobreasituaçãopatrimonialdecadaautarquialocal.
2)Aobrigatoriedadedeseremimplementados3subsistemascontabilísticos:
− CONTABILIDADEORÇAMENTAL,quesebaseianoprincípiodecaixa–asreceitase
despesassãoregistadasnomomentoemqueseverificaorespectivorecebimentoepagamento).Tem,todavia,subjacenteumabasedecaixamodificada
(“modifiedcashbasis”),umavezqueseregistamtambémoscompromissos
easliquidações,ouseja,sãoregistadasastransacçõesquandoumadeterminadaentidadesecomprometecomopagamentodasdespesas,bemcomo
osdireitosaliquidar.OsprincipaismapasdestesubsistemarespeitamàExecuçãoOrçamental(despesaereceita)eaosFluxosdeCaixa;
− CONTABILIDADE PATRIMONIAL, onde se registam todos os acontecimentos que
implicamumaalteração,emtermosquantitativosouqualitativos,dopatrimóniodeumaentidadepúblicaobtendo-se,destemodo,informaçãoda
situaçãopatrimonialefinanceiradessamesmaentidade.OBalançoea
DemonstraçãodeResultadospornaturezaconstituemosprincipaismapasdestesubsistemacontabilístico;
− CONTABILIDADE DECUSTOSonde,apartirdeváriosmapascujosdiversosmodelossãodefinidosnoPOCAL,éobtidainformaçãodocustoporfunções,
porbenseporserviços.
3)Aapresentaçãodeinformaçãonumaperspectivapatrimonial,queimplica
anecessidadedeinventariartodososbensmóveis,imóveiseveículos,
28
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
independentementedoseudomínio(públicoouprivado)edeosactualizar anualmente, através do cálculo da depreciação (amortizações). O
POCALdefineoscritériosdevalorimetriaeaComissãodeNormalização
ContabilísticadaAdministraçãoPública(CNCAP)recomendaautilização
doCIBE(CadastroeInventáriodosBensdoEstado).
4)AobrigatoriedadedaaprovaçãodeumSistemadeControloInternoadequadoàsactividadesdaautarquia,devendooórgãoexecutivoasseguraroseu
funcionamento,acompanhamentoeavaliaçãopermanente.Estesistemade
controlointernoéelaboradonumaópticadeautocontrolo,eestáprevistono
número2.9.1doPOCAL,ondesedeterminaqueomesmocompreende:
• Oplanodeorganização;
• Aspolíticas,métodoseprocedimentosdecontrolo;
• Todososoutrosmétodoseprocedimentosdefinidospelosresponsáveis
autárquicos(NormadeControloInterno),quecontribuampara:
• Assegurarodesenvolvimentodasactividadesdeformaordenadaeeficiente;
• Salvaguardadosactivos;
• Prevençãoedetecçãodesituaçõesdeilegalidade,fraudeeerro;
• Exactidãoeintegridadedosregistoscontabilísticos;
• Preparaçãooportunadeinformaçãofinanceirafiável.
5)A obrigatoriedade de serem apresentados vários documentos previsionaisede“prestaçãodecontas”,nomeadamenteosqueseapresentam
noquadroseguinte:
Quadro1.4.1–Documentosprevisionaisedeprestaçãodecontas
Documentosprevisionais
Documentoshistóricos
Balanço
Mapasde
informação
patrimonial
DemonstraçãodeResultados(DR)
AnexosaoBalançoeDR
Controloorçamentaldadespesa
Mapasde
informação
orçamental
Orçamento
Controloorçamentaldareceita
MapadeFluxosdeCaixa
Anexosaosmapasorçamentais
PPI–PlanoPlurianualdeInvestimentos
ExecuçãoanualdoPPI
Actas
Actadeaprovaçãodascontas10
Relatórios
RelatóriodeGestão
10
EstaéumaexigênciadoTribunaldeContas,atravésdaResoluçãono4/2001.
29
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Asmudançasaoníveldasautarquiasestãonoâmbitodeumprocessomais
alargadodereformadagestãofinanceiraecontabilidadepúblicasadecorrer
emPortugal,quetemacontecidoconsiderandooenquadramentolegalapresentadonoQuadro1.4.2,ondeseassinalamanegritoosdiplomasque,de
umaformadirectaouindirecta,seaplicamàsautarquiaslocais.
Quadro1.4.2–Enquadramentolegalda(reformada)gestãofinanceiraecontabilidadepública
Ano
Legislação
Designação
1990
1992
1997
Leinº8/90,de20deFevereiro
OrientaçãoNº1/98daCNCAP
1998
2001
LeidasFinançasLocais
Despacho 4.839 – 2ª Série, Diário
SATAPOCAL–ServiçodeApoioTécnicoàAplicaçãodo
da República, de 7 de Março de
POCAL
1999
Plano Oficial de Contabilidade das Autarquias Locais
Decreto-Lei nº 54-A/99, de 22 de
–POCALeasalteraçõesqueselheseguiram(vernota
Fevereiro
derodapé9)
Portarianº671/2000,de17deAbril CadastroeInventáriodosBensdoEstado(CIBE)
OrientaçãoNº2/2000daCNCAP
2000
AdopçãodoPOCPedefiniçãodeentidadespiloto
Decreto-Lei nº 68/98, de 20 de LeiOrgânicadaComissãodeNormalizaçãoContabilísMarço
ticaparaaAdministraçãoPública
Leinº42/98,de6deAgosto
1999
LeideBasesdaContabilidadePública
Decreto-Lei nº155/92, de 28 de
RegimedaAdministraçãoFinanceiradoEstado
Julho
Decreto-Leinº232/97,de3deSePlanoOficialdeContabilidadePública–POCP
tembro
Adopçãogeneralizadapelosserviçoseorganismosobrigados
aaplicaroPOCPeplanossectoriais,dasnormasdeinventariaçãoaprovadaspelaPortarian.º671/2000,de17deAbril.
Portaria nº 794/2000, de 20 de PlanoOficialdeContabilidadeparaoSectordaEducaSetembro
ção(POC–Educação)
Portaria nº 898/2000, de 28 de Plano Oficial de Contabilidade do Ministério da Saúde
Setembro
(POC-MS)
Aviso nº 7.466/2001, de 30 de Norma interpretativa Nº 1/2001 da CNCAP (período
Maio
complementar)
NormainterpretativaNº2/2001daCNCAP(movimenAviso nº 7.467/2001, de 30 de
taçãocontabilísticadaconta25-DevedoreseCredores
Maio
pelaExecuçãodoOrçamento)
Instruções para a organização e documentação das
Resolução nº 4/2001, de 18 de
contasdasautarquiaslocaiseentidadesequiparadas,
Agosto,doTribunaldeContas
sujeitasPOCAL
Leinº91/2001,de20deAgosto
2002
2004
2005
30
LeidoEnquadramentoOrçamental
Decreto-Leinº26/2002,de14de NovoclassificadoreconómicodasreceitasedasdesFevereiro
pesaspúblicas
Decreto-Lei 12/2002 de 25 de Ja- PlanoOficialdeContabilidadedasInstituiçõesdoSisteneiro
madeSolidariedadeeSegurançaSocial(POC-ISSSS)
InstruçõesparaaorganizaçãoedocumentaçãodasconResoluçãonº1/2004,de18deJatasdasentidadesdoPOCP,POC-Educação,POC-MSe
neiro,doTribunaldeContas
POC-ISSSS
Circular (Série A) N.º1.314 da Di- OIVAcomooperaçãonãoorçamental(operaçãodeterecçãoGeraldoOrçamento
souraria)
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
OnovosistemacontabilísticopreconizadopeloPOCALapresentaasseguintescaracterísticas,querepresentamumamaisvaliaemrelaçãoaosistema
contabilísticoanterior:
•Facilita a verificação do cumprimento da legalidade, da regularidade financeiraedaeficáciadasoperações(perspectivalegal),nomeadamente
aoestabelecerregrassobreaelaboraçãoeexecuçãodoorçamento,ao
definirdocumentosdesuporteeaoexigiradefiniçãoeaplicaçãodeum
SistemadeControloInterno;
•Numaperspectivaorçamental,registaaexecuçãodoorçamentoedeterminaosresultadosorçamentais(déficeouexcedente)atravésdoregisto
digráfico,criandocontasespecíficasparacadafasedeexecuçãodadespesaedareceitaedefinindoosmapasdeprestaçãodecontas,osdocumentoseoslivrosdesuporte;
•Numaperspectivafinanceira,possibilitaocontroloeoacompanhamento
individualizadodasituaçãoorçamentalefinanceira,nomeadamentecom
acriaçãodecontasparaasdiferentesfasesdaexecuçãodadespesa
edareceita,conjuntamentecomutilizaçãoobrigatóriadoclassificador
económico,permitindoaindaaobtençãodebalancetespordevedorese
porcredores;
•Numaperspectivapatrimonial,tornapossívelprepararobalançopatrimonialdasentidades,reconhecendoacomposiçãoevalordoseupatrimónio,bemcomoasuaevoluçãoefacilitandoainventariação,actualização
econtrolodosactivosfixosimobilizados;
•Possibilitaadeterminaçãodosresultadoseconómicosemtermosanalíticos,evidenciandooscustose,emalgunscasos,osproveitoseresultados,paracadafunção,bem,serviçoouactividade(perspectivaeconómica
edecustos);
•Aoserusadaabasedeacréscimo(nossubsistemaspatrimonialedecustos)emconjuntocomabasedecaixaedecompromissos(nosubsistemaorçamental),permitereconhecernãoapenasobrigaçõesconstituídas,
direitos, pagamentos e recebimentos, mas também activos e passivos,
calculandocustos,proveitoseresultadoseconómicos;
•Utilizaadigrafiaemtodoosistema(emborasendoopçãoparaaContabilidade
deCustos),implicandoregistosdedébitos,créditosesaldosnascontasdo
Plano,melhorandoaprecisão,rigorecontrolodainformaçãocontabilística;
31
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
•Ostrêssubsistemascontabilísticosintegrados(contabilidadeorçamental,
contabilidadepatrimonialecontabilidadedecustos)tornampossívelcontrolarsimultaneamenteaexecuçãodoorçamentoeagestãoeconómicae
patrimonial,estaparticularmenteapoiadapelorecursoCIBEparavalorare
reconheceractivosfixosoperacionaisebensdedomíniopúblico.
Emresumo,oPOCALcombinadiferentesperspectivasparaalcançarosseguintesobjectivosgerais:
•Fornecerainformaçãonecessáriaparaasautarquiasprepararemascontasanuaiseoutrosdocumentosaapresentaraosdiferentesutilizadores,
nomeadamenteàAssembleiaMunicipaleaoTribunaldeContas;
•FornecerainformaçãonecessáriaparacalcularosagregadosdaContabilidade Nacional respeitantes à Administração Pública, particularmente
sobreaAdministraçãoLocal;
•Oferecerainformaçãoeconómicaefinanceirarequeridaparatomardecisõesdenaturezaquerpolítica,querdegestão;
•Melhoraratransparêncianagestãodosrecursosfinanceirosedopatrimónioqueaautarquiaadministraoucontrola.
Daanáliseefectuadaàscontasdosmunicípiosportuguesesde2004,conclui-sequeoPOCALencontra-sejácomaplicaçãogeneralizadaatodosos
municípiosdoPaís.
Não obstante, o sistema integrado de contabilidade autárquica não está
ainda,nestadata,totalmenteimplementado.Desdelogoosubsistemade
ContabilidadedeCustosaindanãoseencontraemfuncionamentoparaa
esmagadoramaioriadosmunicípios.Paraalémdestefactor,nossubsistemasorçamentalepatrimonialverifica-sequeexistemaindaalgumaslacunasrelacionadascomaconformidadecomosrequisitoslegais,sobretudo
naContabilidadePatrimonial,comoadiantenesteAnuárioteremosoportunidadedemostrar.Assim,observam-sediferentesníveisdeimplementação
emfunçãodocumprimentodasexigênciasdanovaestruturanormativa,que
serãodiscutidosaseguir(verparticularmenteoCapítulo2).
Cremos que algumas dificuldades de implementação estão associadas a
limitaçõesouimperfeiçõesdonovosistema,sendodelouvaroempenhoda
grandemaioriadosmunicípiosnaimplementaçãodoPOCAL.
32
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
2.CONFORMIDADEEFIABILIDADEDASCONTASDOSMUNICÍPIOS
ConformereferimosnaIntrodução,afiabilidadeéumacaracterísticadainformaçãocontabilísticaqueimplica,entreoutrascoisas,queestarepresentefielmenteastransacções,bemcomoarealidadeeconómica,financeirae
patrimonialdaentidade.
Assimsendo,afiabilidadedainformaçãoénecessariamentedeterminada
pelaobediênciaadeterminadosrequisitos,designadamentepeloseguimentodecertosprincípioseaconformidadecomregraseprocedimentosestabelecidosnosenquadramentosnormativos.
ÉnestesentidoqueseentendeagrandepertinênciadeanalisarnesteAnuárioaconformidadedascontasdosmunicípiosportuguesescomosrequisitos do novo sistema de prestação de contas preconizado pelo POCAL,
dadoquedeladependeaavaliaçãodafiabilidadeeconsequenteutilidade
dainformaçãoporeleveiculada.
2.1CaracterizaçãodaAmostraeMetodologia
Aanálisequesesegueébaseadanosdocumentosdeprestaçãodecontasde
2004detodososmunicípiosdePortugalContinental(278),6dosAçores(deum
totalde19)e5daMadeira(deumtotalde11),oqueperfaz289municípiosanalisados11,representandocercade94%dototaldapopulação/universo(308).
Analisaram-seosseguintesgruposdemunicípios,deacordocomadimensão:
• 163municípiospequenosdeumtotalde178
• 102municípiosmédiosdeumtotalde106
• 24municípiosgrandesdeumtotalde24
Umavezquetodasasentidadesnapopulação/universotiveramamesmaprobabilidade de serem seleccionadas para análise, a amostra é probabilística.
Assim, desde que seja representativa do universo, poder-se-ão, a partir dos
11
EstaéaamostraqueserátambémutilizadanosCapítulos4e5desteAnuário,respeitantesàanálisedasituaçãoorçamental,económicaepatrimonialdosmunicípiosportuguesesem2004,salvo
emsituaçõesqueemqueseapresentamvaloresabsolutos.Nessecaso,referem-seapenasaos
municípiosdocontinentenatotalidade(278).
33
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
resultadosdaamostra,inferirconclusõesparatodoouniversodosmunicípios
portugueses.Nesteestudo,considerandoadistribuiçãodosmunicípiosanalisados,mostradanoGráfico2.1.1,podeconcluir-sequearepresentatividade
daamostranouniversoéelevada,peloqueasconclusõesparaaamostrasão
quasecoincidentescomasqueseriamobtidasparaatotalidadedouniverso.
Gráfico2.1.1
RepresentatividadedaAmostranaPopulação
180
160
178
163
140
120
106
100
102
80
60
40
24
20
0
Pequenas
Médias
População
24
Grandes
Amostra
Dimensão
Comotemsidoreferido,oPOCALdefineosrequisitosmínimosparaainformação a ser relatada pelos municípios, com vista, quer à satisfação dos
potenciaisutilizadores,queraosobjectivosgeraisdefinidosparaonovosistemadecontabilidadeautárquica,quepodemsersumariadoscomo:
•Demonstraracorrectasituaçãoorçamental;
•Evidenciaraimagemverdadeiraeapropriadadasituaçãofinanceiraepatrimonialedosresultadoseconómicos;e
•Apoiaratomadadedecisãoegestão.
Nestecontexto,tendocomoobjectivodeterminaro ÍNDICE GLOBAL DE CONFORMI DADEpara2004comonovosistemacontabilístico,quemediráoseugrau
de implementação na amostra (e consequentemente no País), comparandopráticasdosmunicípioscomnormasestabelecidas,limitamosanossa
análiseaumconjuntodecaracterísticasqueconsideramosfundamentais,
combinandoinformaçãoorçamentalcomasmaioresinovaçõestrazidaspelo
POCAL.Foramseleccionadas20característicasagrupadasemquatrocategoriasdepráticaseinformação,conformeevidenciadonoQuadro2.1.1.
34
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Quadro2.1.1–Informaçãoepráticasdonovosistemadecontabilidadeautárquica
Categorias
Parâmetros
− Execuçãodadespesa
1.Informação Orçamental e Plano
− Execuçãodareceita
Plurianual de Investimento (Base
− PPI
deCaixa)
− AnexosàExecuçãoOrçamental12
− Bensdedomíniopúblico>a20%doactivolíquido
− Imobilizadocorpóreo
− Amortizaçõesdoexercício
− Proveitosdiferidos
2.InformaçãoEconómicaePatrimo− Acréscimosdecustos
nial(BasedeAcréscimo)
− Provisõesparacobrançasduvidosas
− Dívidasareceberacurtoprazo
− Existências
− AnexosaoBalançoeDemonstraçãodeResultados13
3.RelatóriodeGestão
− IndicadoresOrçamentais
− IndicadoresEconómicose/ouPatrimoniais
− GraudeexecuçãodoOrçamento
− GraudeEndividamento
− Análisedaevoluçãodasituaçãoorçamental
− Análisedaevoluçãodasituaçãoeconómicaefinanceira
4.ContabilidadedeCustos14
ImplementaçãodoSistemadeContabilidadedeCustos
RelativamenteaoAnuáriode2003,procedeu-seaalteraçõesnascategorias
eemalgunsparâmetrosnosentidodereflectirummaiorgraudeexigência
emtermosdecumprimentocomonovosistemacontabilístico.Esteaumentodeexigênciaentendeu-secomoadequado,dadoqueosmunicípiostêm
vindoamelhoraraaplicaçãodoPOCAL.
Tal como anteriormente, as práticas e informação apresentadas por cada
municípioforampontuadasfaceaosparâmetrosacimadefinidos,marcando
1quandoeramcumpridase0quandonãoeram,considerandoomáximode
12
Foram analisados os anexos respeitantes a transferências e subsídios obtidos e concedidos e
situaçãodosempréstimos.
13
Foramconsideradososseguintesanexos:8.2.1–IndicaçãoejustificaçãodasdisposiçõesdoPOCALqueforamderrogadas;8.2.3–Critériosvalorimétricosutilizados;8.2.7–Movimentosocorridos
nasrubricasdoactivoimobilizadoenasrespectivasamortizaçõeseprovisões;8.2.8–Desagregaçãodosmovimentosocorridosnoimobilizado,amortizaçõeseprovisões;8.2.31–Demonstração
deResultadosFinanceiros;e8.2.32–DemonstraçãodeResultadosExtraordinários.
14
Ainformaçãoparaaanálisedesteitemfoirecolhidade:Costa,Teresa(2005)AUtilidadedaContabilidadedeCustasnasAutarquias:ocasodafixaçãodastarifasepreçosmunicipais,Dissertação
deMestradoemContabilidadeeAuditoria,EscoladeEconomiaeGestão,UniversidadedoMinho.
OtrabalhoemcausaapresentouumestudorelativoàsituaçãodaContabilidadedeCustosdeuma
amostrademunicípiosportuguesesem2004.
35
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
20pontos,representandoocumprimentodos20parâmetros.Foiassumido
quetodosositenstêmamesmaimportância,peloquetêmomesmopeso
noíndice.Logo15 :
m
∑
Índice =
i=1
p
i
Onde:p=1seoparâmetrosécumprido;p=0seoparâmetronãoécumprido;m≤20.
Consequentementecadamunicípioiráterumíndicedeconformidadetotalde
20pontosnomáximo,aomesmotempoquepoderáter4índicesdeconformidadeparcialrelacionadoscom:InformaçãoOrçamentalePlanoPlurianualdeInvestimento(máximode4);InformaçãoEconómicaePatrimonial(máximode9);
RelatóriodeGestão(máximode6);eContabilidadedeCustos(máximode1).
Daquipoder-se-áobteroíndiceglobaldeconformidadetotalparatodaa
amostra,correspondendoàmédiaponderadadosíndicesdeconformidade
totalparacadamunicípio.Estefoicomplementadoporumíndiceglobalde
conformidadeparcialmostrando,paratodaaamostra,quaisaspráticase
informaçãoemrelaçãoàsquaisexistemaiorgraudeconformidade.
Para além disto, a fim de se calcular um índice global de informação, os
parâmetrosdoQuadro2.1.1foramentãoreagrupadosconsiderandoosobjectivos gerais para o novo sistema contabilístico e de relato financeiro e
orçamental,acimamencionados.Aintençãofoiaferironíveldeinteressede
cadamunicípioemrelaçãoàquelesobjectivos,permitindoanalisarquetipo
deinformaçãotendeaserfavorecidaeassimverificarodiferencialentreos
objectivoseainformaçãorealmenterelatada.
15
Parametodologiaidêntica,emboranumestudosobreaharmonizaçãointernacionalemContabilidadePública,ver,entreoutros:
−PinaMartínez,V.,Torres,L.(1995)«ComparativeStudyoftheGovernmentalFinancialReportsin
sixCountries»,VthCIGARConference,Paris,Maio.
−Torres,L.,PinaMartínez,V.(2003)«LocalGovernmentfinancialreportingintheUSAandSpain:a
ComparativeStudy»,SpanishJournalofFinanceandAccounting,N.115,Abril,pp.153-183.
Estesautorestambémdiscutiramoutrasmetodologias,dentrodocontextoempresarial,queponderavamcadaitemdeformadiferente,evidenciandoproblemasdesubjectividadeassociadaaoestabelecimentodaimportânciaparacadaitem,considerandodiferentesutilizadoreseobjectivosdainformação
relatada.
36
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
(Continuaçãodapáginaanterior)
Existem alguns parâmetros que foram considerados como fornecendo informaçãopossíveldesercompreendidaemmaisdoqueumobjectivo.Assim,teremos6,14e7parâmetrosrespectivamenteparaosobjectivosde
demonstrar a Correcta Situação Orçamental, relatar a Imagem Verdadeira
eApropriadadaSituaçãoFinanceiraePatrimonialedosResultadosEconómicoseproporcionarinformaçãoparaApoioàGestãoeDecisão,conforme
mostraoQuadro2.1.2,obtendo-seummáximode27pontos.
Quadro2.1.2–ObjectivosdaInformaçãodoNovoSistemadeContabilidadeAutárquica
Objectivos
1.CorrectaSituaçãoOrçamental
Parâmetros
− Execuçãodadespesa
− Execuçãodareceita
− PPI
− AnexosàExecuçãoOrçamental
− IndicadoresOrçamentais
− GraudeexecuçãodoOrçamento
− Bensdedomíniopúblico>a20%doactivolíquido
− Imobilizadocorpóreo
− Amortizaçõesdoexercício
− Proveitosdiferidos
− Acréscimosdecustos
2.Imagem Verdadeira e Apropriada − Provisõesparacobrançasduvidosas
daSituaçãoFinanceiraePatrimo- − Dívidaareceberacurtoprazo
nial e dos Resultados Económi- − Existências
cos
− AnexosaoBalançoeDemonstraçãodeResultados
− AnexosàExecuçãoOrçamental
− IndicadoresEconómicose/ouPatrimoniais
− Análisedaevoluçãodasituaçãoeconómicaefinanceira
− GraudeEndividamento
− ContabilidadedeCustos
3.ApoioàGestãoeDecisão
− IndicadoresOrçamentais
− IndicadoresEconómicose/ouPatrimoniais
− GraudeexecuçãodoOrçamento
− GraudeEndividamento
− Análisedaevoluçãodasituaçãoorçamental
− Análisedaevoluçãodasituaçãoeconómicaefinanceira
− ContabilidadedeCustos
Oíndicedeinformaçãoparacadaobjectivoécalculadonosmesmostermosqueoíndicedeconformidadedefinidoacima,masparaopropósito
desta análise é particularmente importante a conformidade relativa por
municípioeporobjectivo.Considerandoquatrointervalos(quartis)medeseentãoqueobjectivoéparticularmenteprivilegiadopelamaioriadosentidades.
37
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
2.2ImplementaçãoeConformidadedasContascomoPOCAL
Oníveldeconformidadecomosistemadecontabilidadeautárquicaéentão
aferido analisando a conformidade com as categorias de práticas e informaçãoquesãorequeridasaosmunicípios.Tendoemcontaascategoriase
parâmetrosapresentadosnoQuadro2.1.1,osGráfico2.2.1eQuadro2.2.1
sintetizamaconformidadedetodososmunicípiosnaamostracomomáximodos20parâmetrosconsiderados.
Gráfico2.2.1–ConformidadeTotal
50
46 47
40
Frequências
40
42
33
30
27
19
20
10
10
0
0
0
0
0
0
1
0
1
2
3
4
5
1
2
1
6
7
8
13
7
0
0
9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
N.º de Parâmetros
Aanálisedográficoanterioremconjuntocomoquadroseguintepermite-nos
retirarimportantesconclusõesemrelaçãoa2004:
− Amaioriadasentidadescumprecomumnúmerodeparâmetrosquevaria
entre9e18;
− Onúmerodeparâmetrosmaisfrequente(moda)é13,correspondendoa
46municípiosquecumpremcom13dosrequisitosanalisados;
− O ÍNDICE GLOBAL DE CONFORMIDADE TOTAL (média ponderada) significa que, em
média,todososmunicípiosanalisadossatisfazem13dos20parâmetros
considerados;
− Onúmeromáximodeparâmetroscumpridosé18,atingidopor7municípios;
− Porconseguinte,épossívelaferirqueonívelmédiodeconformidadecomosistemadecontabilidadeautárquica,daamostraeconsequentementedetodos
osmunicípiosnoPaís,édecercade67%.Emnossoentender,estapercentagemcorrespondeaonívelmédiodeimplementaçãodoPOCALem2004.
38
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Quadro2.2.1–ConformidadeTotal
NºdeParâmetros
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
ÍndiceGlobaldeConformidade
(MédiaPonderada)
%
Moda
Frequências
Anuário2003
Anuário2004
(de175municípios)
(de289municípios)
0
0
0
1
0
1
1
3
4
12
16
23
30
32
26
21
5
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
1
2
1
12
14
33
45
46
40
41
27
19
7
0
0
12,13
13,28
60,7%
13
66,6%
13
Comparativamenteàsituaçãode2003,verifica-seque:
− Olequedevariaçãodonúmerodeparâmetroscumpridopelamaioriadasentidadessobe2parâmetros(deentre8e16,passouparadeentre9e18);
− Amodaquecorrespondiaa18%(32em175)passouacorrespondera
16%dosmunicípiosanalisados(46em289);
− Há um aumento da conformidade total de 6 pontos percentuais, o que é
significativodadoque,conformereferido,aumentou-seoníveldeexigência
dosparâmetrosrelativamenteaosquaistalconformidadefoianalisada(por
exemplo,enquantoqueem2003exigia-sequeosmunicípiosapenastivessemBensdeDomínioPúbliconoBalanço,em2004exige-sequeomontantedetaiselementosseja,pelomenos,20%doActivoTotalLíquido).
Alémdisto,tambéméinteressanteanalisaraconformidadedepráticase
informaçãorealizadasportodososmunicípiosdaamostra,considerandoas
39
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
categoriasdeparâmetros,i.e.,oquedesignámosdeconformidadeparcial,
permitindoassimavaliaremrelaçãoaqualdascategoriasexistemaiorconformidade.
Quadro2.2.2–ConformidadeParcial
NºdeParâmetrosporCategoria
InformaçãoOrçamentalePPI
0
1
2
3
4
MédiaPonderada
InformaçãoEconómicaePatrimonial
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
MédiaPonderada
RelatóriodeGestão
0
1
2
3
4
5
6
MédiaPonderada
ContabilidadedeCustos
0
1
MédiaPonderada
Frequências
2
1
47
67
172
3,4(85,12%)
1
0
0
4
13
23
53
74
89
32
6,97(77,47%)
5
33
78
76
65
30
2
2,90(48,39%)
278
11
0,04(3,81%)
Combinando o Quadro 2.2.2 com o Gráfico 2.2.2, pode concluir-se que a
conformidadeémaiornosparâmetrosrespeitantesàspráticaseinformação
sobreaexecuçãoorçamentaleoPPI,emrelaçãoàsquaistodososmunicípios,emmédia,cumprem3,4parâmetrosem4,correspondendoacerca
de85%.Oníveldeconformidadecomaspráticaseinformaçãoeconómica
epatrimonialédecercade77%(todososmunicípios,emmédia,cumprem
6,9em9parâmetros).ApiorcategoriaéContabilidadedeCustoscom3,8%,
significandoqueagrandemaioriadosmunicípiosaindanãocumprecomeste
subsistema,emborasejaumdossubsistemasobrigatóriosdoPOCAL.
Note-seaindaque,noquerespeitaaoRelatóriodeGestão,osmunicípios
analisadosjácumprem,emmédia,com2,9em6parâmetros.Estaconfor40
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
midadeparcialmédiadecercade48%ébastantesignificativa,evidenciando
aimportânciaqueosmunicípiosjáatribuemaestedocumentonoconjunto
daPrestaçãodeContas.
Gráfico2.2.2
ConformidadeParcial
86,07%
77,51%
48,39%
%
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
3,81%
Informação
Económica
e Patrimonial
Informação
Orçamental
e PPI
Relatório
de
Gestão
Contabilidade
de
Custos
Categorias de práticas e informação
Umsegundoaspectoquevoltouaseranalisadoéoíndicedeinformação,
aferindoseaspráticaseinformaçãorealmentefacilitadaspelosmunicípios
na implementação do POCAL permitem, em 2004, alcançar os objectivos
gerais inicialmente estabelecidos, nomeadamente: demonstrar a correcta
situaçãoorçamental;evidenciaraimagemverdadeiraeapropriadadasituaçãofinanceiraepatrimonialedosresultadoseconómicos;eapoiaragestão
edecisão.OQuadro2.2.3sumariaosresultadoscombasenainformação
reagrupadaconformeoQuadro2.1.2.
Intervalos
(%de
Parâmetros)
Quadro2.2.3–ÍndicedeInformaçãoporObjectivos
Situação
Situação
ApoioàGestão
Orçamental
Económico-Financeira
eàDecisão
Nºde
Nºde
Nºde
%
%
%
Municípios
Municípios
Municípios
<=25%
1
0,3%
>25%<=50%
31
>50%<=75%
65
>75%
192
Total
289
3
1,0%
38
13,1%
10,7%
65
22,5%
154
53,3%
22,5%
163
56,4%
95
32,9%
66,4%
58
20,1%
2
0,7%
100%
289
100%
289
100%
AanálisedestequadroconjugadacomoGráfico2.2.3permiteconcluirquea
maioriadasentidadesapresentamaiorpercentagemdeconformidadecom
41
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
osparâmetrosconsideradosparaoobjectivoDemonstraraCorrectaSituaçãoOrçamental.Emparticular,89%dosmunicípiosdaamostrasatisfazem
maisdemetadedositensconsideradosdentrodaqueleobjectivo,enquanto
66%cumpremcommaisde75%.
NoquerespeitaaoobjectivoEvidenciaraImagemVerdadeiraeApropriada
daSituaçãoFinanceiraePatrimonialedosResultadosEconómicos,háuma
maiorconcentraçãodemunicípiosnosintervalosmedianos:79%cumprem
comumapercentagemdeparâmetrosquevariaentre25%e75%.
EmrelaçãoaopropósitodeApoiaraGestãoeDecisão,cercade2/3dos
municípioscumpremapenascommetadeoumenosdemetadedosrequisitos,sendoqueamaioriacumpreentre25%e50%.Todavia,ofactode
osrestantesjácumpriremcomumapercentagemdeparâmetrosaté75%,
mostraaimportânciajáreconhecida,napráticademuitosmunicípios,para
esteobjectivodaPrestaçãodeContas.
Nãoobstante,dadoque,paraoobjectivoDemonstraraCorrectaSituaçãoOrçamentalamaioriadosmunicípiossesituanoquartilmáximo,paraoobjectivo
EvidenciaraImagemVerdadeiraeApropriadadaSituaçãoFinanceiraePatrimonialedosResultadosEconómicosamaioriasitua-senoterceiroquartil,epara
oobjectivoApoiaraGestãoeDecisãoamaioriasitua-seapenasnosegundo
quartil(versombreadosnoQuadro2.2.3),continuaclara,comoem2003,a
preferênciaporprestarinformaçãodecarácterorçamentaledecaixa.
Gráfico2.2.3
Intervalos de conformidade
ÍndicedeInformação
0,7%
>75%
66,4%
20,1%
>50% e < 50%
22,5%
>25% e < 50%
< 25%
56,4%
53,3%
10,7%
22,5%
13,1%
0,3%
1,0%
0%
32,9%
10%
Apoio à Gestão e Decisão
20%
30%
%
Situação Orçamental
40%
50%
60%
70%
Situação Económico-Financeira
Aindaassim,comparativamentea2003,conformemostraoQuadro2.2.4,
podemosdizerqueaspráticasdosmunicípiosnoquerespeitaàprestação
42
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
deinformaçãoquevádeencontroaospropósitosinicialmenteestabelecidos
paraoPOCAL,melhoraramsubstancialmente(peseemboraadiferençanos
parâmetrosconsideradosparaatingircadaobjectivoque,comoreferido,foram,para2004,maisexigentes).Defacto,particularmentenoquerespeita
aos objectivos Evidenciar a Imagem Verdadeira e Apropriada da Situação
Financeira e Patrimonial e dos Resultados Económicos e Apoiar a Gestão
eDecisão,nota-seumasubidadaspercentagensdosquartismaisbaixos
paraosmaisaltos.
Quadro2.2.4–ÍndicedeInformaçãoporObjectivos–análisecomparativa
Intervalos
(%de
Parâmetros)
Situação
Orçamental
Situação
Económico-Financeira
ApoioàGestãoeàDecisão
%
2003
%
2004
%
2003
%
2004
%
2003
%
2004
<=25%
0,0%
0,3%
3,0%
1,0%
91,0%
13,1%
>25%<=50%
1,0%
10,7%
42,0%
22,5%
48,0%
53,3%
>50%<=75%
36%
22,5%
50,0%
56,4%
0,0%
32,9%
>75%
63%
66,4%
5,0%
20,1%
0,0%
0,7%
Total
100%
100%
100%
100%
100%
100%
Emresumo,daanáliseanteriorpoderãosersintetizadasasseguintesconclusões:
− DaanálisedoníveldeconformidadecomoPOCALemgeral,considerando
diferentescategoriasdepráticaseinformaçãoqueonovosistemadecontabilidadeautárquicarequer,obteve-seumnívelmédiodeimplementação
de67%,correspondendoaoseuníveldeimplementaçãoglobalnopaís.
O nível médio de implementação apresentado no Anuário de 2003 era
de61%.Ocrescimentode6pontospercentuaisparece-nossignificativo,
sobretudoconsiderandoqueaumentámosoníveldeexigênciadosparâmetrosconsideradosparatalconformidade;
− Analisando a conformidade parcial, observou-se que esta é maior
paraaspráticaseinformaçãodecarácterorçamentaledoPPI(85%),
seguida das relacionadas com informação económica e patrimonial
(77%), Relatório de Gestão (48%) e Contabilidade de Custos (4%)
respectivamente.
− DenotarqueoníveldeconformidadeaindamuitoreduzidonoqueserefereàspráticaseinformaçãorequeridaparaaContabilidadedeCustos,
conclusão que se baseou não nos documentos de Prestações de Con43
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
tasdosmunicípios,mas,comoinicialmenterealçado,noestudodeCosta
(2005);
− Noquerespeitaàspráticaseinformaçãofacilitadasparaatingirosobjectivosgeraisdonovosistema,emrelaçãoa2003continuaaexistirumapreferênciaclarapelamaioriadosmunicípiosparacumpriremcomparâmetrosrelacionadoscomaDemonstraçãodaCorrectaSituaçãoOrçamental
(ainformaçãoorçamentalcontinuaaserprioritária);osegundoobjectivo
aserfavorecidoéEvidenciaraImagemVerdadeiraeApropriadadaSituaçãoFinanceiraePatrimonialedosResultadosEconómicoseopreteridoé
ApoioàGestãoeàDecisão.Nãoobstante,relativamenteaosobjectivos
menospreferidos,nota-seumaevoluçãofavorávelde2003para2004,já
quemaismunicípiostendemacumprircommaisparâmetrosdeinformaçãoincluídanestascategorias.
44
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
3.COMPARABILIDADEEUTILIDADEDAINFORMAÇÃOFINANCEIRA
DOSMUNICÍPIOS
EmboranãoexplícitosnoPOCAL,admite-sequeainformaçãofornecidapelo
actualsistemadeContabilidadeAutárquicasedestinaaváriosutilizadores,
externoseinternos.Enquantoquenosinternosseinseremessencialmente
gestores autárquicos e o órgão executivo, nos externos estão entidades
tãodiversasquevãodesdeaAdministraçãoCentraleoTribunaldeContas
(principal entidade de auditoria externa), até aos cidadãos (contribuintes,
eleitores,receptoresdeserviços,etc.),passandopelosinvestidores,fornecedoreseoutroscredores(nomeadamenteabanca).
Paraalémdisto,asprincipaisnecessidadesassociadasàquelespotenciais
utilizadoresdainformaçãocontidanascontasdosmunicípios,prendem-se
comfinsdecontroloeapoioàtomadadedecisões.
Nestesentido,estecapítulocomeçaporanalisarostiposediversidadesdeindicadoresapresentadospelosmunicípiosnoseuRelatóriodeGestão.Osobjectivos
sãoaveriguaraquetipodeinformaçãosintetizandoasituaçãofinanceiradosmunicípiososgestoresinternosatribuemimportância(i.e.,consideramútil),bemcomo
verificaratéquepontotalinformaçãopermitecomparaçõesentremunicípios.
O capítulo segue, por um lado, explorando a utilidade interna da informação
financeiramunicipal,particularmenteanalisandootipodeinformaçãodiscutida
nasreuniõesdeaprovaçãodecontase,consequentemente,contidanasrespectivasActas(CâmaraseAssembleiasMunicipais).Poroutrolado,afimde
averiguarautilidadeexternaporaquelequeéumdosprincipaisutilizadoresda
informaçãofinanceiraautárquicaparaefeitosdecontrolo,apresentam-seainda
osresultadosdeumoutroestudosobreosconteúdosdosrelatóriosdasauditoriasdoTribunaldeContasaumconjuntodeautarquiasportuguesas.
3.1Indicadoresorçamentais,económico-financeirosepatrimoniais
3.1.1Enquadramentoemetodologia
Umdosdocumentosdeprestaçãodecontasmaisimportantesaapresentar
pelosmunicípioséoRelatóriodeGestão.Estedeveserpreparadonosmoldes
definidosnoponto13doPOCALedevecontemplarosseguintesaspectos:
− Asituaçãoeconómicarelativaaoexercício,analisandoemespecialaevoluçãodagestãodosdiferentessectoresdeactividadedaautarquialocal,
45
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
designadamentenoquerespeitaaoinvestimento,condiçõesdefuncionamento,custoseproveitos,quandoaplicável;
− Uma síntese da situação financeira da autarquia, considerando os indicadoresdegestãofinanceiraapropriadosàanálisedebalançosededemonstraçõesderesultados;
− Evoluçãodasdívidasdecurto,médioelongoprazos,deterceiroseaterceiros, nos três últimos anos, individualizando, naquele último caso, as
dívidasainstituiçõesdecréditodasoutrasdívidasaterceiros;
− Propostafundamentadadaaplicaçãodoresultadolíquidodoexercício;
− Osfactosrelevantesocorridosapósotermodoexercício.
Comefeito,oRelatóriodeGestãodeveincluiracomparabilidadeentreos
objectivos traçados pelo município, os meios e os métodos utilizados na
execuçãodassuasactividades,eosresultadosobtidos.
A adequação dos resultados aos objectivos pré-determinados, bem como
aos meios e métodos utilizados, permite identificar respectivamente os
grausdeeficáciaedeeficiênciaatingidospelomunicípio.Poroutrolado,os
meioseosmétodosaplicadosdeverãoseravaliadosnãosóemtermosda
legalidade,mastambémemtermosdeoportunidadeeadequação.Paratal
torna-senecessáriodefinirumconjuntodeindicadoresdegestão,queconstituirãoumreferencialcapazdefornecerinformaçõessuficientesàavaliação
eacompanhamentodaadministraçãofinanceira.
Estesreferenciaisservirãoessencialmenteàfunçãodesupervisãodegestão,permitindoaverificação,oacompanhamentoeainformaçãodetodos
osactosdedecisãotomadosaolongodaactividadedaautarquia,comvista
àexecuçãodoOrçamentoedasGrandesOpçõesdoPlano.
Em resumo, o Relatório de Gestão deve proporcionar uma visão clara da
situaçãoorçamental,financeira,patrimonialeeconómicarelativaaoexercício,espelhandoaeficiêncianautilizaçãodosmeiosafectosàprossecução
dasactividadesdesenvolvidaspelomunicípioeaeficácianarealizaçãodos
objectivos.
No âmbito dos objectivos definidos para este 2º Anuário, e face à importânciaqueentendemosqueoRelatóriodeGestãodeveternoconjuntoda
PrestaçãodeContas,entendemosserpertinenteanalisarosRelatóriosde
46
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Gestãodosmunicípiosportugueses,tendoporfimresponderàsseguintes
questões:
ü OsmunicípioscumpremcomodefinidonoPOCALrelativamenteàapresentaçãodeumasíntesesobreasituaçãofinanceira?
ü Quetipodeindicadoresdegestãosãoapresentadospelosmunicípios
portugueses?
ü Atravésdosindicadoresapresentadosépossívelfazercomparaçãoentre
ascontasdosdiferentesmunicípios?
Assim,dosaspectosacontemplarnoRelatóriodeGestão,referidosacima,
concentrar-nos-emosnoprimeiro.
Para este trabalho foi analisada e tratada a informação dos indicadores
contidosnosRelatóriosdeGestãodetodososmunicípiosdePortugalContinental, num total de 278, representado 90,3%do total do universo (308
municípios) 16.
Ametodologiautilizadafoiaanálisedeconteúdos(Weber,1990;Krippenford,2004).Estatécnicaéumametodologiapadrão,utilizadaemciências
sociais,relativaàcomunicaçãodeconteúdosepodeseraplicadadeforma
qualitativa ou quantitativa. Quantitativamente começa por contar as palavras,espaços,tempos,etc.Qualitativamenteenvolvetodootipodeanálise
ondeosconteúdosdecomunicação(discurso,textoescrito,entrevistas…)
sãoescalonadoseclassificadostendoemconsideraçãoosconteúdosde
comunicação,disponíveiscomotextos,equesejampossíveisdeserlidos.
Osconteúdosdecomunicaçãosãoconsideradoscomoinputsecontados
parafrequênciasdepalavras.Dalistadefrequênciaspodesergeneralizada
umalistadecategorias,permitindoocontrolodadistribuiçãodecategorias
portodootexto.
Nocontextodestetrabalho,analisámososconteúdosdoRelatóriodeGestãodosmunicípioscontandoonúmeroeidentificandootipodeindicadores
de gestão apresentados. O indicadores identificados foram posteriormenteclassificadosnascategoriasdeindicadoresorçamentaiseindicadores
económicose/oupatrimoniais.Alémdisto,comvistaaanalisarquantose
16
NãoforamanalisadososRelatóriosdeGestãodosmunicípiosdasilhasdosAçores(19municípios)
eMadeira(11municípios)
47
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
quaisserepetemportodososmunicípios,contámos,paracadacategoria
deindicadores,onúmerodevezesquecadaindicadoreraapresentadopelosmunicípiosdaamostra.
3.1.2Apresentaçãoeanálisedosresultados
Quantidadeetipodeindicadoresapresentados
NoGráfico3.1.2.1apresenta-seonúmerodemunicípiosqueelaboramindicadoresdegestãodefinindo-secincointervalos:
− Nãoapresentamqualquertipodeindicador
− Apresentamde1a10indicadores
− Apresentamde11a20indicadores
− Apresentamde21a30indicadores
− Apresentammaisde30indicadores
Gráfico3.1.2.1
QuantidadedeIndicadoresnoRelatóriodeGestãodosMunicípios
N.º de Municípios
100
86
80
67
59
60
35
40
31
20
0
0
1-10
11-20
21-30
Mais de 30
Intervalos de Indicadores
Comoseverifica,existeumnúmerosignificativodemunicípios(86em278,
i.e.31%)quenãoapresentanenhumindicadornoRelatóriodeGestão,nem
orçamental,nemeconómicoe/oupatrimonial.Dosmunicípiosqueapresentamindicadores,omaiorgrupositua-senointervalode11a20indicadores.Poroutrolado,encontrámos31municípiosqueapresentamindicadores
no Relatório de Gestão em número superior a 30 indicadores. O número
48
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
máximodeindicadoresapresentadoséde74everifica-seemapenasum
município.Amédiageraldeindicadoreséde12,5(numtotalde3.491de
indicadoresquantificadosem278municípios).
Relativamenteaotipodeindicadoresquesãoapresentados,conformeQuadro3.1.2.1,verificamosquesãoapresentadosumtotalde464indicadores
diferentese,deentreestes,72%sãoindicadoresdecarácterorçamentale
28%sãoindicadoreseconómicose/oupatrimoniais.
Quadro3.1.2.1–Tipodeindicadores
Indicadores
Númerodeindicadores
Orçamentais
333
Económicose/oupatrimoniais
131
Totaldeindicadores
464
Destesresultadospodemosconcluirque,apesardanovaContabilidade
Autárquica ter como aspecto inovador a obrigatoriedade da elaboração
e apresentação de informação de carácter patrimonial e económico, o
factoéqueosmunicípioscontinuamadarmaisrelevânciaàapresentaçãodeinformaçãodecarácterorçamental.Estaevidênciavemconfirmar
os resultados de outros trabalhos apresentados no âmbito deste projecto(Carvalho,JorgeeFernandes,2004;Jorge,CarvalhoeFernandes,
2005).
Por outro lado, verificou-se que 35 dos 333 indicadores orçamentais têm
tambémcaráctersocial,dadoquesãoindicadoresquecombinamvalores
relativosàexecuçãoorçamentalcominformaçãodecaráctersocial,entre
outra,apopulaçãoresidentenomunicípio,onúmerodetrabalhadoresmunicipais,aáreageográficaeonúmerodeeleitores.
Verificámosaindaqueexistemindicadoresque,apesardeseremdesignados de forma diferente pelos municípios, fornecem a mesma informação.
Estadiversidadeterminológicademonstra,nonossoentender,algumaconfusãoconceptualnestedomínio.
IndicadoresOrçamentais
Dos 333 indicadores orçamentais identificados, analisámos por quantos
municípiossãoapresentados,ouseja,quantosserepetempelos278municípiosdaamostra.Oobjectivofoimedirograudediversidadeexistente
entreosdiferentesmunicípios.
49
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Assim,dadoonúmeroelevadodeindicadores(333),foramdefinidosquatro
intervalos:
− Indicadoresrepetidosemmaisde50%(139)dosmunicípios
− Indicadoresrepetidosentre25%(69)a50%(139)dosmunicípios
− Indicadoresrepetidosentre10%(27)a25%(69)dosmunicípios
− Indicadoresrepetidosemmenosde10%dosmunicípios
Quadro3.1.2.2–Númerodeindicadoresorçamentaisqueserepetem
Intervalosdemunicípios
Númerodeindicadores
Emmaisde50%dosmunicípios
0
Emmaisde25%emenosde50%dosmunicípios
2
Emmaisde10%emenosde25%dosmunicípios
24
Emmenosde10%dosmunicípios
307
Totaldeindicadores
333
Pelo Quadro 3.1.2.2 verificamos que, relativamente ao primeiro intervalo,
nenhumindicadoréapresentadorepetidamenteemmaisde50%dosmunicípiosdaamostra.
Existemapenasdoisindicadoresorçamentais,queseapresentamnoQuadro 3.1.2.3, que se repetem por mais de 25% e menos de 50% dos municípios.Maisconcretamentesãoapresentadosporcercade70dos278
municípios.
Quadro3.1.2.3–Indicadoresqueserepetememmaisde25%
emenosde50%dosmunicípios
TipodeIndicador
Nºdemunicípios
DespesascomPessoal/Despesastotais
71
DespesascomPessoal/Despesascorrentes
75
Quandoanalisamososindicadoresqueserepetememmaisde27emenos
de 70 municípios verificamos que existem 24 indicadores neste intervalo.
Noentanto,conformeoQuadro3.1.2.4,verifica-seumagrandedispersão,
dadoqueonúmerodemunicípiosqueapresentamomesmoindicadorvaria
numintervaloentre29e68eomesmonúmerodemunicípiosapenasse
repetetrêsvezespara7indicadoresdiferentes:2indicadoresem50eem
48municípiose3em38municípios.
50
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Quadro3.1.2.4–Indicadoresqueserepetememmaisde10%
emenosde25%dosmunicípios
TipodeIndicador
NºdeMunicípios
DespesasdePessoal/ReceitasCorrentes
68
ReceitasCorrentes/ReceitasTotais
64
ReceitasTotais/DespesasTotais
63
Investimentos/DespesasTotais
60
DespesasCorrentes/DespesasTotais
58
ReceitasPróprias/ReceitasTotais
54
DespesasCorrentes/ReceitasCorrentes
53
ImpostosDirectos/ReceitasCorrentes
52
ReceitasCorrentes/DespesasCorrentes
50
Investimentos/DespesasdeCapital
50
DespesasdeCapital/DespesasTotais
46
DespesasdeCapital/ReceitasdeCapital
45
17
FundosMunicipais
/ReceitasTotais
43
ImpostosDirectos/ReceitasTotais
42
Passivosfinanceiros/ReceitasTotais
42
TransferênciasCorrentes/ReceitasCorrentes
41
TransferênciasdeCapital/ReceitasdeCapital
38
Dívidas/DespesasTotais
38
Investimentos/População
38
ReceitasdeCapital/DespesasdeCapital
37
ReceitasdeCapital/DespesasTotais
36
ReceitasdeCapital/ReceitasTotais
33
Passivosfinanceiros/ReceitasdeCapital
31
Aquisiçãodebenseserviços/DespesasCorrentes
29
Por último, no intervalo que se repete apenas de 1 a 27 municípios, encontramos307indicadores,concentradoscomoapresentamosnoQuadro
3.1.2.5. Assim, existem 130 indicadores orçamentais diferentes que não
se repetem, dado que são apenas apresentados apenas num município,
enquantoquehá43indicadoresqueserepetemapenasduasvezese16
queserepetem5vezes(i.e.,emcincomunicípios).
Quadro3.1.2.5–Indicadoresqueserepetememmenosde10%dosmunicípios
Númeroderepetições(municípios)
Númerodeindicadores
1
130
2
43
3
30
4
20
5
16
6até27
68
307
17
Estesfundossãotransferências(correntesedecapital)doOrçamentodoEstado.
51
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Emresumo,apesardeexistiremmuitosmunicípiosqueparecemdarimportânciaaindicadoresqueapresentaminformaçãorelativaaDespesas
com Pessoal, como assinalamos no Quadro 3.1.2.3, continua a existir
umagrandediversidadedepráticasrelacionadasamaioriaindicadores
orçamentais.
IndicadoresEconómicose/ouPatrimoniais
Comoreferimos(Quadro3.1.2.1),existem131indicadoresdeinformação
económicae/oupatrimonial,ouseja,informaçãoobtidadosubsistemade
ContabilidadePatrimonial.DosubsistemadeContabilidadedeCustosnãoé
apresentadoqualquerindicador,justificadopelofactodeestesubsistema,
apesardeobrigatório,continuaraterumníveldeimplementaçãoreduzido,
comodemonstradoporCarvalho,JorgeeFernandes(2004)enesteAnuário.
Poroutrolado,osresponsáveispelosmunicípiosestãoaindapoucosensibilizadosparaagestãodeperformance,nãoincentivandoassimaelaboração
deinformaçãonesteâmbito.
Talcomofizemoscomosindicadoresorçamentaisagrupamosestesindicadoresem4intervalos:
− Indicadoresrepetidospormaisde50%dosmunicípios
− Indicadoresrepetidosentre25%a50%dosmunicípios
− Indicadoresrepetidosentre10%e25%dosmunicípios
− Indicadoresrepetidospormenosde10%dosmunicípios
Quadro3.1.2.6–Númerodeindicadoreseconómicose/oupatrimoniaisqueserepetem
Intervalosdemunicípios
Númerodeindicadores
Emmaisde50%dosmunicípios
0
Emmaisde25%emenosde50%dosmunicípios
3
Emmaisde10%emenosde25%dosmunicípios
4
Emmenosde10%dosmunicípios
124
Totaldeindicadores
131
Édedestacarquenãoexistemindicadoresqueseenquadremnoprimeiro
intervalo,ouseja,nãoexistequalquerindicadorqueserepeteemmaisde
139(maisde50%dosmunicípiosanalisados).Todavia,existem3indicadores,apresentadosnoQuadro3.1.2.7,queserepetemnumintervalode70a
139(25%a50%)dosmunicípiosanalisados.
52
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Quadro3.1.2.7–Indicadoresqueserepetememmaisde25%
emenosde50%dosmunicípios
TipodeIndicador
Nºdemunicípios
ActivoCirculante/ExigívelaCurtoprazo
116
Fundos/Próprios/Activolíquido
78
FundosPróprios/PassivoTotal
76
Noterceirointervalo,existem4indicadoresqueserepetem,ouseja,conformeapresentadonoQuadro3.1.2.8,existeumconjuntodemunicípios(mais
de27emenosde70)queoptaramporapresentarestesindicadoresnos
seusRelatóriosdeGestão.
Quadro3.1.2.8–Indicadoresqueserepetememmaisde10%
emenosde25%dosmunicípios
TipodeIndicador
Nºdemunicípios
(ActivoCirculante–Stocks)/ExigívelaCurtoPrazo
67
(Bancos+Caixa)/PassivoCirculante
61
PassivoTotal/Activoliquido
40
CapitaisPermanentes/ImobilizadoLíquido
29
Porúltimo,numintervalodeindicadoresqueserepetemapenasde1a27
municípios,encontramos124indicadoresdispersosconformeevidenciado
noQuadro3.1.2.9.
Quadro3.1.2.9–Indicadoresqueserepetememmenosde10%dosmunicípios
Númeroderepetições(municípios)
Númerodeindicadores
1
49
2
20
3
12
4
5
5
6
6a27
32
124
Podemos concluir que, apesar do indicador de Liquidez Geral (Activo
Circulante/Exigível a Curto Prazo) ser apresentado em quase metade
dosmunicípios(116em278–Quadro3.1.2.7),continuaaexistiruma
grande diversidade de outros indicadores económicos e /ou patrimoniaisapresentados.
Defacto,dos131indicadoresdiferentes,49nãoserepetem,oqueindicia
oquejáconstamosrelativamenteaosindicadoresorçamentais,istoé,que
cada município apresenta o seu próprio conjunto de indicadores diferente
dosrestantesmunicípios.
53
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
3.1.3Reflexõeserecomendações
Apósestaanálise,asquestõesinicialmentecolocadasmerecem-nosasseguintesreflexões:
1.Sobreaprimeiraquestão–“Osmunicípios Portugueses cumprem com
odefinidonoPOCALnoqueserefereaapresentarumasíntesedasua
situaçãofinanceira?”,verificamosqueexisteaindaumnúmerosignificativodemunicípiosquenãocumpremcomodefinidonalei,ouseja,não
apresentamqualquertipodeindicador(cercade30%dosmunicípios).
2.Relativamenteàsegundaquestão–“Quetipodeindicadoresdegestão
sãoapresentadospelosmunicípios?”,verificamosqueexisteumagrande
quantidadedeindicadores,numtotalde464,sendoqueamaioriasão
indicadores do tipo orçamental (333), contra 131 dos tipo económico
e/oupatrimonial.Estasituaçãodemonstraqueosresponsáveisdosmunicípios,apesardaintroduçãodaContabilidadeFinanceiraePatrimonial,
continuamadarmaisimportânciaàinformaçãoobtidanaContabilidade
Orçamental.Istopoderáserjustificado,porumlado,pelofactodomodelo
anteriorconsiderarapenasinformaçãoorçamental,estandoosresponsáveismaisfamiliarizadoscomestetipodeinformaçãoe,poroutrolado,
porqueosdocumentosprevisionaisobrigatórioscontemplamapenasinformaçãodecarácterorçamental.
3.Porúltimo,sobreaquestão–“Comosindicadoresapresentadosépossívelfazerumacomparaçãoentreascontasdosdiferentesmunicípios?”,a
conclusãoaquechegamoséquenãoépossívelefectuarcomparações,
dadooelevadonúmerodeindicadoresexistenteeasuavariedadenos
diferentesmunicípios,oquevaideencontroasconclusõesapresentadas
porJorge,Carvalho,FernandeseCamões(2005)sobreadiversidadedas
práticascontabilísticasnosmunicípiosportugueses.
4.Finalmente,emfacedosresultados,consideramosque,paraocumprimentodosobjectivosdareformadaContabilidadeAutárquica,sobretudo
noaspectodacomparaçãodainformaçãoentremunicípios,éfundamentalqueasentidadesresponsáveisdefinamumconjuntodeindicadores
obrigatóriosdeseremapresentadospelosmunicípios.
Continuandoareflexãodoponto4,sugerimosaquiumconjuntodeindicadoresdegestão(Carvalhoeoutros,2006)quepoderãosustentarpartedas
análisesapresentadasnoRelatóriodeGestão,devendoreportar-seauma
análisecomparativadosúltimos5anos.Note-seque,nãosãoapresenta54
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
dos indicadores obtidos da Contabilidade de Custos, os quais apesar da
suaimportânciaparamediraeficiência,eficáciaeeconomia,aindanãosão
aplicáveisàgrandemaioriadosmunicípiosdadonãoteremestesistemade
Contabilidadedevidamenteimplementado..
IndicadoresOrçamentais:
•ReceitaTotal/DespesaTotal
•(ReceitaTotal-PassivoFinanceiro)/(DespesaTotal–Amortizações)
•ReceitasCorrentesExecutadas/ReceitasCorrentesOrçadas
•ReceitaTotalCorrentedoanon/ReceitaTotalcorrentedoanon-1
•ImpostoseTaxas/ReceitasCorrentes
•ImpostoseTaxasdoanon/ImpostoseTaxasdoanon-1
•TransferênciasCorrentes/ReceitasCorrentes
•ReceitasCorrentes/ReceitasTotais
•DespesasCorrentesExecutadas/DespesasCorrentesOrçadas
•DespesascomPessoal/DespesasCorrentes
•TransferênciasCorrentesEfectuadas/DespesasCorrentes
•DespesadeCapitalExecutadas/DespesasdeCapitalOrçadas
•DespesasdeCapital/DespesasTotais
•JurosPagos/ReceitaCorrente
•DespesasCorrentesdoanon/DespesasCorrentesdoanon-1
•ServiçodaDívida/ReceitaCorrente
•Dívidas/ReceitaCorrente
•AmortizaçõesdeEmpréstimos/EmpréstimosUtilizados
•EmpréstimosUtilizadosdoanon/Investimentosdoanon
•Investimentodoanon/Investimentodoanon-1
IndicadoresEconómicosPatrimoniais:
•ImobilizadoLíquidodoanon/Imobilizadolíquidodoanon-1
•AmortizaçõesAcumuladas/ActivoBruto
•Disponibilidadesdoanon/Disponibilidadesdoanon-1
•Proveitosdiferidosdoanon/Proveitosdiferidosdoanon-1
•Dívidasapagaracurtoprazodoanon/Dívidasapagaracurtoprazodoanon-1
•Dívidasamédioelongoprazodoanon/Dívidasamédioelongoprazo
doanon-1
•Dívidasapagar/ActivoLíquido
•Dívidasareceberdoanon/Dívidasareceberdoanon-1
•Ajustamentos/Dívidasareceber
•ResultadoLíquido/FundosPróprios
•Proveitostotaisdoanon/Proveitostotaisdoanon-1
•VendasePrestaçãodeServiçosdoanon/VendasePrestaçãodeserviçosdoanon-1
55
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
•Transferênciasrecebidasdoanon/Transferênciasrecebidasdoanon-1
•Proveitostotais/Custostotais
•Custostotaisdoanon/Custostotaisanon-1
•FornecimentoseServiçosExternosdoanon/FornecimentoseServiços
Externosdoanon-1
•CustoscomoPessoal/CustosTotais
•CustosFinanceirosdoanon/CustosFinanceirosdoanon-1
3.2ActasdasCâmaraseAssembleiasMunicipais
DeacordocomaleiqueestabeleceoQuadrodeCompetênciaseRegimede
FuncionamentodosÓrgãosdasAutarquiasLocais18ecomoPOCAL,oacto
deprestaçãodecontasdecorreemdoismomentosdistintos,considerando
os dois níveis de decisão associados aos respectivos órgãos municipais.
Assim,numprimeiromomento,ascontasanuaissãoapresentadasediscutidaspeloórgãoexecutivo(CâmaraMunicipal).
Posteriormente, em sede do órgão deliberativo, as contas são apresentadas,discutidasevotadasemreuniãoadecorreraté30deAbrildoanoapós
aqueleaquerespeitam.Independentementedosresultadosdavotação,as
contassãoremetidasaoTribunaldeContasaté15deMaio.
Dasreuniõesdediscussãodascontasresultamregistosoficiaisexpressos
nasrespectivasActasque,decertaforma,mostramaimportânciaqueos
utilizadoresinternos,concretamentemembrosdaCâmaraeAssembleiaMunicipais,atribuemacertostiposdeinformaçãodentrodosdocumentosde
prestaçãodecontas,evidenciandoasuautilidade.
Esta secção tem por objectivo analisar a utilidade interna da informação
financeira municipal apresentada em sede de prestação de contas, analisandoparticularmenteosconteúdosdasreferidasActas.
Comoreferimos,nesteAnuáriogenericamenteanalisamosascontasde289
municípios portugueses, através do envio dos documentos por parte dos
municípiosoupelaconsultadosmesmosnoTribunaldaContas.Noentanto,
considerandoasactascompletas,apenasestavamdisponíveis134Actas
dereuniõesdeCâmara(CM)e59ActasdereuniõesdeAssembleia(AM).
18
56
Lei169/99,de14deSetembro,republicadapelaLeino5-A/2002de11deJaneiro.
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Destaanáliseforampoisexcluídososmunicípiosdaamostraqueapresentavamapenasparteouumextractodasrespectivasactas,dadoquenão
tinhaminformaçãosuficienteparaaanáliserequerida.
Ametodologiafoiamesmautilizadaparaaanálisedosindicadoresdentro
doRelatóriodeGestão,ouseja,análisedeconteúdos(Weber,1990;Krippenford,2004),járeferidanasecção3.1.
OsGráficos3.2.1e3.2.2mostramarepartiçãodasactasapresentadas,
quer das reuniões de Câmara quer das da Assembleia, de acordo com a
dimensãodosmunicípios.
Gráfico3.2.1–ActasdasCâmarasMunicipais
6%
34%
60%
Pequenas
Médias
Grandes
Gráfico3.2.2–ActasdasAssembleiasMunicipais
5%
36%
59%
Pequenas
Médias
Grandes
Pode constatar-se que a distribuição é semelhante para os dois tipos de
Actas, ou seja, cerca de 60% dos municípios que disponibilizaram ambas
as Actas são pequenos, 35% são de média dimensão e apenas 5% são
grandes.Desalientarqueapercentagemdemunicípiosqueapresentamas
57
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
ActasnodossierdasContasépróximadadistribuiçãogeraldosmunicípios
pordimensão(58%pequenos,34,4%médiose7,8%grandes).
Quantoaosaspectosdiscutidos,entendemosagrupá-losemdoisconjuntos
principais:umrelativoàinformaçãoorçamentalembasedecaixaeoutro
relativoàinformaçãoeconómicaepatrimonialembasedeacréscimo.Dentro de cada um dos agrupamentos foi dada especial relevo aos aspectos
referidosnoquadroabaixo.
Quadro3.2.1–Tópicosanalisadosdentrodasactas
Actas
Graudeexecuçãodadespesa(GEOD)
Grausdeexecuçãodareceita(GEOR)
GraudeexecuçãodoPlanoPlurianualdeInvestimentos(GEPPI)
Informação Orçamental em Base Execuçãofuncionaldadespesa(EF)
deCaixa
Modificaçõesorçamentais(MO)
Graudeendividamento(GE)
Compromissosassumidosenãopagos(CANP)
Outros
Balanço(BAL)
Passivo(PASS)
BensdeDomínioPúblico(Act-BDP)
AcréscimoseDiferimentos(AD)
Informação económica e PatrimoEstruturadeCustos(EC)
nialembasedeAcréscimo
EstruturadeProveitos(EP)
ResultadoLíquido(RL)
PropostadedestinodoResultadoLíquido(PDR)
Outros
OsGráficos3.2.3e3.2.4mostramosaspectosrelacionadoscomainformaçãoorçamentalembasedecaixa,quernasreuniõesdasCâmarasquer
nasdasAssembleiasMunicipais.Emtermosglobaisverifica-sequeosaspectosmaisdiscutidossãoosmesmosporambososórgãos.
Emparticular,emmaisde50%dosmunicípiossãodiscutidososgrausde
execuçãodadespesaedareceita.Emcontrapontoencontram-seasquestõesrelacionadascomasModificaçõesOrçamentaisqueemnenhumdos
órgãossãoobjectodediscussão.
Emterceirolugarnosaspectosmaisdiscutidosencontram-se,emambosos
órgãos,asquestõesrelativasàexecuçãodoPlanoPlurianualdeInvestimentos.Noquerespeitaaostópicosque,dealgumaforma,serelacionamcomo
endividamentodasentidades,omaisimportanteéograudeEndividamento
(24,63%nasCâmarase27,12%nasAssembleias)–médioelongoprazo,
nomeadamenteempréstimosbancários–seguindo-seosEncargosFinancei58
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
ros,sendoqueosCompromissosAssumidoseNãoPagos(queserelacionamessencialmentecomdívidadecurtoprazo)sãoosmenosdiscutidos,
nãoosendo,detodo,discutidosnasreuniõesdasAssembleias.
Gráfico3.2.3
InformaçãoOrçamentalemBasedeCaixa(CM)
60%
55,22%
54,48%
% de Municípios
50%
40%
30%
26,87%
20%
24,63%
14,18%
10%
0%
0,00%
GEOD
GEOR
GEPPI
EF
MO
3,73%
CANP
2,24%
GE
Outras
Tópicos discutidos
Gráfico3.2.4
60%
InformaçãoOrçamentalemBasedeCaixa(AM)
54,24%
55,93%
% de Municípios
50%
40%
30%
27,12%
27,12%
20%
13,56%
10%
0%
GEOD
GEOR
GEPPI
EF
0,00%
0,00%
MO
CANP
1.69%
GE
Outras
Tópicos discutidos
DentrodacategoriaOutros,osaspectosmaisdiscutidosprendem-secomo
MapadeFluxosdeCaixaeOperaçõesdeTesouraria.
Noquerespeitaàanálisedainformaçãoeconómicaepatrimonialembase
deacréscimo,osGráficos3.2.5e3.2.6mostram,emtermosglobais,percentagensmuitomenoresdemunicípiosadiscutiremestesaspectosdoque
asapresentadasparaainformaçãoorçamental.Talfactoevidenciaquenas
reuniões,querdoórgãoexecutivoquerdeliberativo,continuaaserdadamais
importânciaaosassuntosrelacionadoscomasquestõesorçamentaise,por
59
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
outroladoumreduzidointeressenainformação económica e patrimonial.
Doexpostopodemosconcluirqueosutilizadoresinternos,nomeadamente
ospolíticos,nãoestãoaindafamiliarizadoscomaperspectiva(económica)
deacréscimoenquantoprincipalinovaçãodonovosistemacontabilístico.
Aindaassim,relativamenteàsquestõeseconómicasepatrimoniais,osaspectosmaisdiscutidosemsededeambososórgãosrespeitamaoResultadoLíquidoeàsuaPropostadeAplicação,oquenãoconstituisurpresa,dado
orequisitolegalparadiscussãosobreesteassunto.Seguem-seaEstrutura
deCustoseEstruturadeProveitos,sendoqueemterceirolugarestãoos
aspectosrelacionadoscomosBensdeDomínioPúblicoeoPassivo.
DentrodosOutrosaspectosdiscutidosnasreuniõesdasCâmarasMunicipais,mereceespecialdestaqueoassuntodanecessidadedecertificação
legaldecontas,referidojáemalgumasdasactasanalisadas.
Gráfico3.2.5–InformaçãoEconómicaePatrimonialemBasedeAcréscimo(CM)
30
27,61%
% de Municípios
25
20,90%
20
15
10
5
0
5,97%
0,75%
Bal.
6,72%
5,97%
6,72%
1,49%
0,75%
Pass. Act.-BDP
AD
EC
EP
RL
PDR
Outros
Tópicos discutidos
Gráfico3.2.6–InformaçãoEconómicaePatrimonialemBasedeAcréscimo(AM)
16
13,56%
% de Municípios
14
12
10,17%
10
8
6
3,39%
4
2
0
1,69%
3,39%
3,39%
1,69%
0,00%
Bal.
0,00%
Pass. Act.-BDP
AD
EC
EP
Tópicos discutidos
60
RL
PDR
Outros
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Emtermosgerais,todososaspectosrelacionadoscominformaçãoeconómicaepatrimonialsãomaisdiscutidosnasreuniõesdasCâmarasdoquenas
dasAssembleiasMunicipais,comexcepçãodosAcréscimoseDiferimentos.
Em nosso entender, este aspecto indicia, por parte das Assembleias, um
interesseespecialporquestõesrelacionadascomastransferênciasdecapitalconsignadasemarticulaçãocomaexecuçãodoPlanoPlurianualdeInvestimentos,oquepareceserreforçadopelofactodapercentagemdemunicípiosquediscuteoGraudeExecuçãodoPlanoPlurianualdeInvestimentos
sermaiornasAssembleiasMunicipais,conformeGráficos3.2.3e3.2.4.
De notar ainda que, a percentagem de municípios que discutem a dívida
enquanto informação em base de acréscimo, isto é Passivo, é, em geral,
menordoqueapercentagemdosqueadiscutemenquantoinformaçãoem
basedecaixa,nomeadamenteatravésdoGraudeEndividamento.Comefeito,oPassivoédiscutidoem1,7%dasreuniõesdasAssembleiase6%das
reuniõesdasCâmaras,enquantoqueoGraudeEndividamentoédiscutido
em27%dasreuniõesdasAssembleiase25%dasreuniõesdasCâmaras.
OaspectomenosdiscutidoéoBalanço,quenãoémesmoobjectodediscussãoemnenhumareuniãodasAssembleias.
Numaanálisecombinadacomadimensãodosmunicípios,nãoseverificamdiferençassignificativasnotipodeinformaçãomaisemenosdiscutida(querorçamental,quereconómicaepatrimonial),tantonoqueconcerneàsActasdas
reuniõesdeCâmaras,comoàsActasdasreuniõesdeAssembleiasMunicipais.
3.3InformaçãodoPOCALnasauditoriasdoTribunaldeContas
Como foi já referido, a informação contabilística tem diferentes destinatários,internoseexternos.Nestasecçãopretende-sedemonstrarautilidade
dainformaçãoelaboradapelosmunicípiosnaperspectivadeumaentidade
decontroloexterno:oTribunaldeContas(i.e.,ousoqueestaentidadefaz
da informação da Prestação de Contas municipal em sede de auditoria).
Nessesentido,apresentam-seosresultadosdoestudoelaboradoporGonçalves(2005)noâmbitodasuadissertaçãodoMestradoemContabilidade
eAuditoriacomotítulo“OControloInternoeExternonasAutarquiasLocais:
asconsequênciasdoPOCAL”.
Com a apresentação de parte dos resultados deste trabalho pretende-se
evidenciar que aspectos são tratados em sede das auditorias financeiras
realizadaspeloTribunaldeContas(TC)aosmunicípios,apósaimplementaçãodoPOCAL.
61
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Aautoradefiniucomoobjectivodotrabalho:“analisar,deformaintegrada,o
controlointernoeexternonasAutarquiasLocais,designadamentecomoinstrumentodeapoionoâmbitodagestãoautárquicaenumaperspectivade
avaliaçãoeapreciaçãodagestãofinanceiraepatrimonialdestasentidades
eanalisar,emparticular,asconsequênciasdoPOCALemsededeevolução
deauditoriasexternas.”
O estudo desenvolveu-se analisando directamente os conteúdos dos relatóriosdeauditoriaproduzidospeloTCrelativamenteàsentidadesdaamostra19.EmboratenhamsidocomparadososrelatóriosantesedepoisdoPOCAL,interessa-nosaquirealçar,considerandoosobjectivosdesteAnuário,
particularmenteosaspectosrelatadosnasauditoriaspósPOCAL.
Aanálisetevecomopontodepartidaosobjectivosinerentesàsauditorias
doTC,definidosnoseumanualdeprocedimentos.Asaber:
a)Aavaliaçãodossistemasdecontroloimplantadosnaorganização–exame do controlo interno e eficácia e consistência dos procedimentos e
registos;
b)Averificaçãodocumprimentodalegalidadedosprocedimentosadministrativosedosregistoscontabilísticosnasáreasseleccionadasparaaauditoria;
c)Averificaçãodaaplicaçãodasregrascontabilísticasnaelaboraçãodos
documentosdeprestaçãodecontas;
d)Aanálisederelaçõescomoutrasentidades(emalgumasdassituações),
designadamente:Concessões,ServiçosMunicipalizados,EmpresasMunicipais,SociedadesDesportivas,etc.
Aautorarealça,contudo,que,apesardasnovasregrasintroduzidaspeloPOCALnosistemacontabilístico-financeiroautárquico,nãoseverificaramgrandesmudançasrelativamenteaosobjectivosinerentesàsauditoriasdoTC.
Assuasprincipaisconclusõesrelevantesparaapresenteanáliseforamas
seguintes:
•Um dos primeiros aspectos auditados é o Sistema de Controlo Interno
(SCI). As auditorias revelaram que, apesar da importância do SCI e do
19
62
Aamostrafoiconstituídapor18relatóriosdeauditoriasexternas–17municípiose1associação
demunicípios,efectuadaspeloTribunaldeContasedistribuídasigualmenteanteseapósimplementaçãodoPOCAL.
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
papelqueesteassumenoPOCAL,nota-seumsignificativolequedeirregularidadesnestaárea.Asprincipaisrelacionam-se,todavia,comafalta
deaprovaçãodaNormadeControloInternoe/ouaviolaçãodealgunsdos
procedimentosnelaestabelecidos.
•Anívelorçamental,encaradonumaperspectivadeexecuçãodereceitae
despesa,constata-sequeonúmerodeirregularidadesdetectadasapós
POCALdiminuiu.Contudo,verifica-seoaparecimentodeumconjuntode
irregularidadesatéaquiarredadasdasauditorias,correlacionadasdirectamentecomoestabelecimento,noPOCAL,deregrasprevisionaisparaa
elaboraçãodoOrçamento.
•Identificaram-sediversasirregularidadesnasáreasdagestãodeFundos
deManeioeTransferências/Subsídios.Nestasúltimas,designadamente
irregularidadesrelacionadascomadefiniçãodecritériosdeatribuiçãoe
cadastrodasentidadessubsidiadas.
•Foram ainda apontadas irregularidades detectadas nos fornecimentos
eaquisiçõesdeserviços,nomeadamenteofactodeosmunicípiosnem
sempre recorrerem ao procedimento legal adequado para a respectiva
aquisição. Na área de empreitadas, o maior número de irregularidades
prende-secomostrabalhosamais.
•Registaram-setambémirregularidadescorrelacionadascomparticipações
financeiras,queimplicamqueobalançodessesmunicípiosnãoexpresse
fidedignamentearealidadefinanceiradosmesmos.
•Anãoobservaçãodoprincípiodaprudênciaedaespecializaçãosãoirregularidadestambémfrequentes,paraalémdanãoobservaçãodoprincípio
deauditoriarespeitanteaoregistometódicodosfactos.
Em resumo, verifica-se que, para além da análise dos aspectos orçamentais,quecontinuamamerecerumagrandeatençãoporpartedasauditorias,houveumalargamentodoseuâmbito,passandoaabrangertambém,
emboradeumaformaainda“tímida”,aapreciaçãodavertentepatrimonial,
contemplando as análises económica e financeira e a implementação do
POCALnassuasdiferentesperspectivas.
63
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
64
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
4–ANÁLISEDASITUAÇÃOORÇAMENTALDOSMUNICÍPIOS
Nestasecçãoiremosapresentarasituaçãoorçamentaldosmunicípios,nomeadamenteoníveldeindependênciafinanceira,aestruturadasreceitas,
dasdespesas,ograudeexecuçãodoorçamento,oendividamentoeserão
aindacomentadosdiferentesequilíbriosfinanceiros.
Osmunicípiosanalisadostotalizamos289,ouseja94%dapopulação(308
municípios).Noentanto,quandoapresentarmosvaloresabsolutosapenas
consideraremos os 278 municípios de Portugal continental, dado termos
informaçãototalsobreosmesmos.
4.1.Independênciafinanceira
Depoisdesedistinguir“autonomiafinanceira”de“independênciaorçamental”ede“independênciafinanceira”,seráanalisadoograudeindependência financeira dos municípios, relativamente aos tipos de receitas. Assim,
estuda-seecomenta-seopesodasreceitaspróprias,dastransferênciase
dosempréstimosnomontanteasreceitastotais.
Autonomiafinanceira
Aautonomiafinanceiradasautarquiaslocaisestácontempladanoart.º237.
º da Constituição da República Portuguesa, também consagrada na Carta
EuropeiadaAutonomiaLocal,(art.º5.º)ecomplementadaporlegislaçãoordinária(nomeadamenteaLeidasFinançasLocais).Terautonomiafinanceira
significapatrimónioefinançasprópriose,aindaofactodasdespesasprevistasnoseuorçamentoseremdecididasexclusivamentepelosseusórgãos
competentes(independênciaorçamental).
SousaFranco,(1981;p.340-341),consideraqueaindependênciaorçamentaltemasseguintescaracterísticas:
“1 - Total separação de orçamentos entre o da entidade considerada e o
OrçamentoGeraldeEstado(...);
2-Existênciadeprocessosprópriosdeelaboraçãoeaprovaçãodoorçamentodaentidadedotadadeindependênciaorçamental(...);
3-Existênciadeumaadministraçãofinanceiraprópriaedeformaspróprias
eautónomasdeexecuçãoecontrolodapercepçãodasreceitaserealização
dasdespesas(...);
65
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
4-ExistênciadeumregimejurídicodiversododoEstado,designadamente
notocanteàsnormasdeexecuçãoecontrolodacontabilidade(...)eàexistênciadeformasderesponsabilizaçãopróprias”.
ALein.º42/98(LeidasFinançasLocais),de6deAgostoestabelecenoartigo2ºe3ºosmecanismosbasilaresdaautonomiafinanceiradasautarquias
locais,osquaisassentamem20 :
•Elaboração,aprovaçãoemodificaçãodasopçõesdoplano,orçamentose
outrosdocumentosprevisionais;
•Gestãodoseuprópriopatrimónio;
•Arrecadação e disponibilidade das receitas que por lei lhe forem destinadas, bem como, competência para ordenar e processar as despesas
legalmenteautorizadas;
•Consagraçãodosprincípiosorçamentaisdaanualidade,unidade,equilíbrio,
universalidade,especificação,nãoconsignaçãoenãocompensação;
•Elaboraçãopeloórgãoexecutivoeaprovaçãopeloórgãodeliberativodos
documentosdeprestaçãodecontas.
Independênciafinanceira
Paraarealizaçãodasdespesasprevistasnoorçamento,asautarquiaspossuemtrêsgrandesgruposderecursosfinanceiros:
a)recursosfinanceirospróprios(quedesignaremospor“receitaspróprias”);
b)empréstimos;
c)transferênciasrecebidas.
a)Osrecursosfinanceirospróprios(receitaspróprias)dosmunicípios21são
resultantesdasuaactividadeespecíficaeprovêmdeimpostoslocais,taxas,
tarifasepreçosdaprestaçãodeserviços,rendimentosdebensprópriose
produtodasuaalienaçãoedaconstituiçãodedireitossobreeles,doações,
20
Similaresaoartigo3.º-Princípiodaautonomiafinanceiradosmunicípiosefreguesias,doprojecto
deLeidasFinançasLocaisactualmenteemdiscussão.
Asreceitasdasfreguesiasestãoenumeradasnoart.o21.o,daLein.o42/98.
21
66
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
herançasoulegadosquelhessejamdestinados,bemcomooutrosrendimentosqueporleioucontratolhesdevampertencer.
Noâmbitodosimpostoslocaisincluem-se,designadamente,oimpostomunicipalsobreimóveis22,oimpostomunicipalsobreveículoseoprodutoda
cobrançadaderrama.
Astaxas,tarifasepreços,situaçãoenquadradaactualmentepeloart.º4.º
daLeidasFinançasLocais,sãoresultantesdaactividadeespecíficadaautarquiaesãootipodereceitaemrelaçãoàqualasautarquiastêmmaior
liberdade,umavezquesãoestabelecidasporelaspróprias.Asuadeterminaçãopodeassentaremcritériosderacionalidadeeconómica,inerentesao
princípiopagador-utilizador.OPOCALreferequeastarifasepreçosdevem
serfundamentadosatravésContabilidadedeCustos.23
b)Osempréstimos,sãonormalmente“empréstimosbancáriosdemédioelongo
prazos”emborapossamtambémincluirolançamentodeempréstimosobrigacionistasequaisqueroutrosempréstimospermitidosporlei(porexemplo,empréstimosparasaneamentofinanceiromunicipal,oscontratosdereequilíbriofinanceiro,empréstimosdemédioelongoprazodoINH(InstitutoNacionaldeHabitação),
empréstimosdelongoprazoPER-ProgramaEspecialdeRealojamento).
c) As transferências financeiras, a efectuar anualmente do Orçamento de
Estado(OE),estãoprevistasnaLein.º42/98,de6deAgosto24esão:
• OFGM–FundoGeralMunicipalquemantémascaracterísticasdepartilhade
rendimento.,representa20,5%dasreceitasdoIVA,IRCeIRS,cobradopelo
Estadonopenúltimoanoeédistribuídoemfunçãodirectadosindicadores
municipais,(art.º12.º),sendo35%combasenapopulação(incluindonúmero
médiodedormidasemhotéiseparquesdecampismo),30%emfunçãoda
área(ponderadaporumfactorrelativoàamplitudealtimétrica),5%combase
22
ODecreto–Lein.o287/2003,de12/11,aprovaoCódigodoImpostoMunicipalsobreImóveis(que
vem substituir a contribuição autárquica) e o Código do Imposto Municipal sobre Transmissões
OnerosasdeImóveis(vemsubstituirasisa),eentrouemvigorem01/01/2004.
23
AnovaLeidasFinançasLocais(emdiscussãopública),referequeospreçosedemaisinstrumentos
deremuneraçãoafixarpelosmunicípiosnãodevemserinferioresaoscustosdirectaouindirectamentesuportados.
24
ComaredacçãoquelhefoiconferidapelasLeisn.o87-B/98,de31deDezembro,3-B/2000,de4
deAbril,15/2001,de5deJunho,94/2001,de20deAgosto,107-B/2003,de31deDezembro,
LeiOrgânican.o2/2002,de28deAgosto,entreoutras.
AnovaLeidasFinançasLocaisvaialteraromontantedestastransferências,reduzindo-aspara
25%damédiadasreceitasprovenientesdosimpostossobreoIRS,oIRCeoIVA.Noentanto,será
acrescentadoumFundoSocialMunicipale,comomaiornovidade,umaparticipaçãonoIRSdos
sujeitospassivosdedomicíliofiscal.
67
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
napopulaçãoresidentecommenosde15anos,15%narazãodirectadonúmerodefreguesias,10%emfunçãodomontantedoIRScobradoaresidentes
naáreadomunicípio,e5%igualmenteportodososmunicípios;
• OFCM–FundodeCoesãoMunicipal–quetemobjectivosequalizadores,
ouseja,visaoreforçodacoesãomunicipal,fomentandoacorrecçãodas
assimetriasafavordosmunicípiosmenosdesenvolvidos.Representa5,5%
dasreceitasdoIVA,IRCeIRS,cobradopeloEstadonopenúltimoano,édistribuídocombasenosindicadoresdecarênciafiscal(ICF),calculadocomo
diferençaentreacapitaçãomédianacionaldosimpostosmunicipais-contribuiçãoautárquica,sisa,derramaeveículos-eacapitaçãodessesimpostos
em cada município, ponderada pela população de cada município25) e de
desigualdadedeoportunidades(IDO),calculadocomoadiferençaentreo
índicededesenvolvimentosocial(IDS)nacionaleomunicipal,paraosmunicípiosemqueestadiferençaépositiva,istoé,inferioràmédia26).
• OFBM–FundodeBaseMunicipal27–representa4,5%dasreceitasdoIVA,
IRCeIRS,cobradopeloEstadonopenúltimoano,evisaasseguraraos
municípiososmeiosfinanceirosconsideradosindispensáveisaorespectivofuncionamento,sendodistribuídoigualmenteportodos;
Nográfico4.1.1éapresentadoopesodecadaumdosfundosparaosmunicípiosnototaldastransferênciasdoEstado.
Gráfico4.1.1–EstruturadosFundosMunicipais
15%
19%
66%
FGM
25
FCM
FBM
Os municípios com uma capitação municipal de impostos inferior à capitação média nacional é
atribuída uma verba, calculda na razão directa do resultado da seguinte fórmula: Habm x (CNIM
–CIMm),emqueHabméapopulaçãoresidentenomunicípio;CNIMéacapitaçãomédianacional
dascolectasdosimpostosmunicipais;CIMméacapitaçãomunicipaldaquelesimpostos
26
Representaadiferençadeoportunidadespositivaparaoscidadãosdecadamunicípio,decorrente
dadesigualdadedeacessoacondiçõesnecessáriasparapoderemterumavidamaislonga,com
melhoresníveisdesaúde,conforto,desaneamentobásicoedeadequaçãodeconhecimento(no3
doartigo13odaLei42/98).
27
AditadopelaLein.o94/2001,de20deAgosto.
68
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Cabe referir que os municípios podem ainda ter como receitas, outros
fundos,designadamenteatravésdeacessoaosFundosdaUniãoEuropeia,(cujopagamentodascomparticipaçõeséfeitaporreembolsodas
despesas efectuadas), e a Cooperação técnica e financeira (que inclui
Investimentosintermunicipais,contratosprogramaeacordosdecolaboração).
Ograudeindependênciafinanceiradasautarquiasdependedapossibilidadedearrecadaremreceitasprópriasnummontantequelhespermita
pagarumapartesignificativadasdespesas.Entendemosqueummunicípiotemindependênciafinanceiraseasreceitasprópriassãopelomenos
50%dasreceitastotais.
Gráfico4.1.2
EstruturaFinanceira
80%
71%
70%
60%
50%
49%
67%
46%
45%
47%
40%
30%
27%
23%
20%
10%
0%
Total
7%
6%
6%
Pequenas
Receitas próprias
(01, 02, 04, 05, 07, 08, 09, 11, 13)/receitas totais
Médias
Transferências
(06,10)/receitas totais
6%
Grandes
Passivos financeiros
(12)/receitas totais
Naanálisedascontasdosmunicípios,eexpressanográfico4.1.2verifica-sequeaindependênciafinanceiraémaiornosgrandesmunicípios
(emmédiaumaindependênciafinanceirade67%),situaçãoperfeitamente compreensível considerando a sua capacidade para arrecadarem receitas, nomeadamente, as provenientes de imposto sobre imóveis e a
derrama.
No quadro seguinte considerando independência financeira como o rácio
entreasreceitasprópriaseasreceitastotais,paraos289municípiosda
amostra,podeverificar-seoseguinte:
•Aindependênciafinanceiradosmunicípiosvaidemuitoelevada(86%)a
muitoreduzida(6%);
69
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
•Enquantoqueosgrandesmunicípiostêmumaindependênciafinanceira
mínimade41%eumaindependênciafinanceiramáximade86%,essa
dependêncianosmunicípiospequenosdescepara6%e65%,respectivamente;
•Apenas56municípiostêmumaindependênciafinanceirasuperiora50%
sendoque21dos24municípiosdegrandedimensãopossuemestaindependênciafinanceira,ouseja,maisde50%dassuasreceitascobradas
têm como origem os impostos, taxas, rendimentos e vendas de bens e
serviçosarrecadaspelosmunicípios;
•Aindaésignificativoonúmerodemunicípios(99)comgrande(superiora
80%)dependênciadastransferênciasdoEstadoedeempréstimosbancários.Nenhumdosgrandesmunicípiosseencontranestasituação(94dos
99municípiossãodepequenadimensão);
•Quantoàdependênciadosmunicípiosemrelaçãoàstransferênciasdo
Estado,verifica-sequeestasesituaentreos13%eos92%sendoque
os pequenos municípios têm um grau de dependência médio de 71%
enquanto que nos grandes municípios as transferências do Estado representam uma média de 27% da receitas totais e nos municípios de
médiadimensão47%dassuasreceitassãoprovenientesdoOrçamento
doEstado;
•Asreceitasprovenientesdeaumentodeempréstimosbancários(PassivosFinanceiros)representamumamédianacionalde6%emrelaçãoàs
receitastotaissendoomínimode0%eomáximo68%(casoexcepcional
deummunicípio).Nãopareceexistirqualquerrelaçãodirectaentreesta
receitaeadimensãodosmunicípios;
•Apenas33municípiosnãorecorreramaempréstimosbancáriosnoanode
2004,nasuamaioriapequenosmunicípios.
•Outrosindicadoresfinanceirospoderãoserutilizadosparamediraindependênciafinanceirasobreterceiros.Porexemplo,anovaLeidasFinanças
Locais(emdiscussãopública)referequeosmunicípiosseencontramem
desequilíbriofinanceiroconjunturalsemprequeseverifiquedeexistência
dedívidasafornecedoresdemontantesupeiora50%dasreceitastotais
doanoanterior.Aplicandoesteindicadoràsituaçãodosmunicípiosem
2004,constata-seque3municípios(2demédiadimensãoe1degrande
dimensão)encontram-senestasituação.
70
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Quadro4.1.1–IndependênciaFinanceira
Total
Pequenos
Médios
Grandes
Nºdemunicípiosexistentes
308
178
106
24
Nºdemunicípiosanalisados
289
163
102
24
Receitaspróprias(01,02,04,05,07,08,09,11,13)/receitastotais:
%Médiadetodososmunicípios
49%
23%
46%
67%
%Mínima
6%
6%
11%
41%
%Máxima
86%
65%
78%
86%
Transferências(06,10)/receitaspróprias
%Médiadetodososmunicípios
45%
71%
47%
27%
%Mínima
13%
35%
20%
13%
%Máxima
92%
92%
86%
49%
%Médiadetodososmunicípios
6%
6%
7%
6%
%Mínima
0%
0%
0%
0%
%Máxima
68%
27%
68%
42%
Nº de municípios com receitas próprias
superioresa50%dasreceitastotais
56
5
30
21
Nº de municípios com receitas próprias
inferioresa20%dasreceitastotais
99
94
5
0
Nº de municípios que não recorreram a
empréstimosem2004
33
19
12
2
Passivosfinanceiros(12)/receitaspróprias:
Nota: Não se considerou para o somatório das receitas totais os saldos iniciais de disponibilidades
(porque são receitas de anos anteriores) e as reposições abatidas a pagamentos (que têm um valor
insignificante).
4.2.Estruturadasreceitas
Receitascorrentesereceitasdecapital
Aestruturadasreceitasestádefinidanoclassificadoreconómicodasreceitas(Decreto-Leinº26/2002,de14deFevereiro),divide-seemreceitascorrentes,receitasdecapitaleoutrasreceitas,sendoconstituídapordiversos
capítulos,conformequadro4.1.2.
71
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Quadro4.1.2–Estruturadasreceitas
RECEITASCORRENTES
RECEITASDECAPITAL
OUTRASRECEITAS
01–Impostosdirectos
02–Impostosindirectos
04–Taxas,multaseoutras
penalidades
05–Rendimentosdepropriedade
06–Transferênciascorrentes
07–Vendadebenseserviços
correntes
08–Outrasreceitascorrentes
09–Vendadebensdeinvestimento
10–Transferênciasdecapital
11–ActivosFinanceiros
12–PassivosFinanceiros
13–Outrasreceitasdecapital
15–Reposiçõesnãoabatidas
nospagamentos
16–Saldodagerênciaanterior
17–Operaçõesextra-orçamentais
Oquadroseguinteapresentaaestruturadasreceitasdosmunicípiosportugueses,paraos289municípios,sendodesalientarosseguintesaspectos:
• AstransferênciasrecebidasdoEstado(correntesedecapital)são,anível
geral,aprincipalfontedereceita,emboranosgrandesmunicípiososImpostosetaxasrepresentammaisde50%dasreceitastotais;
• Érelevanteadiferençadopesodealgumasreceitasquandoseanalisam
municípiosdepequena,médiaegrandedimensão,nomeadamentenoque
serefereaopesodosImpostoseTaxas(10,9%paraospequenosmunicípios,30,5%paraosmunicípiosdemédiadimensãoe50,5%paraosgrandesmunicípios)eastransferências(69,2%paraospequenosmunicípios,
46,3% para os municípios de média dimensão e apenas 27,4% para os
municípiosdegrandedimensão).
Quadro4.2.1–Estruturadasreceitascobradas
Pequenos
Médios
Grandes
Total
Nºdemunicípiosexistentes
178
106
24
308
Nºdemunicípiosanalisados
163
102
24
289
Impostosetaxas
10,9%
30,5%
50,5%
33,6%
Rendimentosdepropriedade
1,9%
2,0%
1,6%
1,8%
TransferênciasrecebidasdoEstado*
44,4%
69,2%
46,3%
27,4%
Vendasdebenseserviços
7,4%
10,7%
7,8%
8,8%
Outrasreceitascorrentes
0,7%
0,5%
1,2%
0,8%
Vendadebensduradouros
1,2%
1,5%
4,5%
2,6%
Activosfinanceiros
0,3%
0,1%
0,1%
0,1%
Passivosfinanceiros
5,5%
6,8%
5,7%
6,1%
Outrasreceitasdecapital
0,2%
0,2%
0,9%
0,5%
Reposiçõesabatidasaospagamentos
0,0%
0,1%
0,2%
0,1%
Saldodagerênciaanterior
2,7%
1,4%
0,2%
1,2%
*Incluímosnestareceitaastransferênciascorrentesedecapital
72
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Comosepodeverificarpelaanálisedográfico4.2.1,comparandoototaldas
receitascorrentesereceitasdecapital,verifica-sequeasreceitascorrentes
representamcercade2/3dasreceitastotais.
Gráfico4.2.1–EstruturadasReceitas
32%
68%
Total de receitas correntes
Total de receitas de capital
Receitasliquidadasereceitascobradas
Naópticadareceitaorçamental,existem3grandesfactosquesãoobjecto
deregistocontabilísticoemmomentosdiferentes:
• Orçamentocorrigido(aprovaçãodoorçamentoinicialdareceitaemodificaçõesaoorçamentoinicial);
• Liquidação(momentododireitoacobrarouareceber);
• Cobrançadasreceitas
Relativamenteaograudeexecuçãodareceitaeàsliquidaçõesporcobrar,
édesalientaroseguinte:
• OOrçamentodasreceitasdototaldosmunicípiosdePortugalcontinentalfoi
de10.241.835.845€.Noentanto,apenasseliquidaram6.583.810.250
Euros,ecobraram6.482.349.030€ouseja,apenascercade60%doprevisto.Esta“nãocobrança”implicou,comoveremos,queaexecuçãodadespesafoitambémreduzidaequeaumentaramoscompromissosporpagar;
• Oquadroseguinteapresentaototaldasreceitasliquidadasecobradaspelos
diferentescapítulosdoclassificadoreconómico.Podeobservar-sequenãoé
relevanteovalordasreceitasporcobraremrelaçãoàsreceitasliquidadas
(apenas4,93%%anívelgeral,sendo2,14%nosmunicípiosdepequenadi73
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
mensão,2,76%nosmunicípiosdemédiadimensão,8,63%nosmunicípios
degrandedimensão).Contudo,nanossaopinião,talpodenãosignificareficiêncianascobrançasporpartedosmunicípios.Defacto,apesardoPOCAL
distinguirclaramenteosmomentosdeliquidaçãoecobrança,averdadeéque
algunsmunicípios(21pequenosmunicípios,5médiase2grandes),apenas
registam a liquidação no momento da cobrança e em muitos algumas das
receitasapenassãocontabilizadasnomomentodacobrança.
Quadro4.2.2.–Liquidaçõesecobranças(totaldosmunicípiosdePortugalcontinental)
Receitas
Liquidações
01–Impostosdirectos
Cobranças
1.838.035.601€
1.831.550.388€
02–Impostosindirectos
174.483.836€
160.939.663€
04–Taxas,multaseoutraspenalidades
234.085.183€
205.765.378€
05–Rendimentosdepropriedade
06–Transferênciascorrentes
07–Vendadebenseserviços
08–Outrasreceitascorrentes
09–Vendadebensdeinvestimento
10–Transferênciasdecapital
11–ActivosFinanceiros
12–PassivosFinanceiros
13–OutrasReceitasdecapital
15–Reposiçõesnãoabatidasnospagamentos
16–SaldodaGerênciaanterior
Total
121.668.362€
119.670.524€
1.408.432.982€
1.403.269.789€
585.804.215€
561.841.981€
61.501.070€
54.160.564€
176.942.999€
166.353.543€
1.444.779.744€
1.458.786.681€
6.474.246€
7.736.153€
404.012.434€
392.694.618€
33.586.529€
31.289.981€
8.085.525€
8.001.537€
80.275.257€
80.275.257€
6.583.810.250€
6.482.349.030€
• Oquadroseguinteresumeovalordas3componentesdareceitareferidas
anteriormente(orçamentada,liquidadaecobrada)relativasatodososmunicípiosdePortugalcontinental.Podeverificar-sequeasreceitascobradas
porhabitanteforamde645Euros.
Quadro4.2.3
OrçamentoeexecuçãodasreceitasdetodososmunicípiosdePortugalcontinental
RECEITAS
Receitasprevistas(A)
Receitasliquidadas(B)
Receitasporcobrarnoiníciodoano(C)
Receitascobradas(D)
Receitasporcobrar(B+C-D)
Graudeexecuçãodareceita(D-C)/A
*B/A
**Receitasporcobrar/(B+C)
74
Porhabitante
(10.043.763
habitantes)
Total(emEuros)
10.241.835.845€
6.583.810.250€
64,3%*
242.480.963€
6.482.349.030€
343.942.183€
59,26%
5.04%**
645€
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Noquadro4.2.4éapresentadaaestruturadasreceitascobradasem2004
em todos os municípios de Portugal Continental. Comparando o peso de
cadareceitacomoquadro4.2.1queincluimunicípiosdosAçoreseMadeira,verifica-sequeasdiferençassãoirrelevantes.
Quadro4.2.4–Estruturadasreceitascobradasem2004(municípiosdePortugalcontinental)
RECEITAS
Impostosetaxas
Porhabitante
(10.043.763
habitantes)
Total(emEuros)
2.198.255.429€
33,9%
219€
119.670.524€
1,8%
12€
2.862.056.470€
44,2%
285€
561.841.981€
8,7%
56€
Outrasreceitascorrentes
54.160.564€
0,8%
5€
Vendadebensduradouros
166.353.543€
2,6%
17€
7.736.153€
0,1%
1€
392.694.618€
6,1%
39€
31.289.981€
0,5%
3€
6.394.059.263€
98,6%
637€
Rendimentosdepropriedade
TransferênciasrecebidasdoEstado*
Vendasdebenseserviços
Activosfinanceiros
Passivosfinanceiros
Outrasreceitasdecapital
*Incluitransferênciascorrentesedecapital
RECEITAS
Porhabitante
(10.043.763
habitantes)
Total(emEuros)
Receitascorrentescobradas
4.337.198.287€
66,9%
432€
Receitasdecapitalcobradas
2.056.873.949€
31,7%
205€
Reposiçõesabatidasapagamentos
8.001.537€
0,1%
1€
Saldodedisponibilidadesde2003
80.275.257€
1,2%
8€
Totaldereceitascobradas+saldoinicial
6.482.349.030€
645€
4.3.EstruturadasDespesas
Despesascorrentesedespesasdecapital
A estrutura das despesas está definida no classificador económico das
despesas(Decreto-Leinº26/2002,de14deFevereiro),queasdivideem
despesascorrentesedespesasdecapital,sendoconstituídapordiversos
agrupamentos,conformequadro4.3.1.
75
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Quadro4.3.1–Estruturadasdespesas
DESPESASCORRENTES
DESPESASDECAPITAL
OUTRASDESPESAS
01–Despesascomopessoal
02–Aquisiçõesdebenseserviços
03–Juroseoutrosencargos
04–Transferênciascorrentes
05–Subsídios
06–Outrasdespesascorrentes
07–Aquisiçãodebensdecapital
08–Transferênciasdecapital
09–ActivosFinanceiros
10–PassivosFinanceiros
11–Outrasreceitasdecapital
12–Operaçõesextra-orçamentais
Oquadro4.3.2apresentaaestruturadasdespesasdosmunicípiosportugueses,sendodesalientarosseguintesaspectos:
• Asaquisiçõesdebensdeinvestimentosão,anívelgeral,aprincipaldespesa,sendomaisrelevantenospequenosmunicípios;
• Nãoérelevanteadiferençadopesodasdiferentescomponentesdedespesaquandoseanalisammunicípiosdepequena,médiaegrandedimensão,comexcepçãodastransferênciasconcedidasquenosmunicípiosde
grande dimensão representam 17,7% das despesas totais, contra 9,2%
dosmunicípiosdepequenadimensão;
• Ospassivosfinanceirosnaópticadadespesa(amortizaçãodeempréstimos)representamemmédia4,5%dasdespesastotais.Dadoqueospassivos financeiros na óptica da receita (novos empréstimos) representam
cercade6%dasreceitastotaistalpoderásignificarqueosnovosempréstimosforamsuperioresàsamortizaçõesdeempréstimos.
Quadro4.3.2–Estruturadasdespesaspagas
76
Pequenos
Médios
Grandes
Total
Nºdemunicípiosexistentes
178
106
24
308
Nºdemunicípiosanalisados
163
102
24
289
Despesascomopessoal
28,9%
27,1%
31,0%
29,0%
Aquisiçãodebenseserviços
19,2%
20,7%
17,4%
19,1%
Juroseoutrosencargos
1,2%
1,6%
1,8%
1,6%
Transferênciasesubsídios
9,2%
12,0%
17,7%
13,6%
Outrasdespesascorrentes
0,6%
1,1%
0,9%
0,9%
Aquisiçãodebensdecapital
36,1%
32,2%
23,6%
29,7%
Activosfinanceiros
0,4%
0,7%
2,2%
1,2%
Passivosfinanceiros
4,1%
4,3%
5,0%
4,5%
Outrasdespesasdecapital
0,3%
0,2%
0,5%
0,3%
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Numaanálisecomparativadototaldasdespesascorrentesedespesasde
capital,verifica-sequeasdespesascorrentesrepresentamcercade60%
dasdespesastotaissendoquenosmunicípiosdegrandedimensãoopeso
dasdespesascorrentesemrelaçãoàsdespesastotaisémaior.
Gráfico4.3.1–EstruturadasDespesas
70%
60%
50%
60,67%
57,06%
55,38%
44,62%
42,94%
58,08%
39,33%
40%
41,92%
30%
20%
10%
0%
Pequenas
Médias
Despesas Correntes
Grandes
Global
Despesas Capital
Despesascomprometidasedespesaspagas
Naópticadadespesaorçamentalexistem4grandesfactosquesãoobjecto
deregistocontabilísticoemmomentosdiferentes:
• Orçamentocorrigido(aprovaçãodoorçamentoinicialdadespesaemodificaçõesaoorçamentoinicial);
• Compromissosdoexercício
• Pagamentos
• Compromissosdeexercíciosfuturos
Relativamente ao grau de execução da despesa e aos compromissos por
pagar,édesalientaroseguinte:
• OOrçamentodasdespesasnototaldosmunicípiosdePortugalcontinental
em2004foide10.229.659.128€,tendosidopago6.051.802.989€ou
seja,apenas59%doorçamentoprevisto;
• Oquadroseguinteapresentaototaldasdespesascomprometidasapagar
noexercícioeasefectivamentepagas(incluindopagamentosdecompromis77
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
sosdeexercíciosanteriores).Podeverificar-sequeérelevante(oumesmo
preocupante)ovalordoscompromissosporpagaremrelaçãoaoscompromissosassumidosnoexercício(26,7%),sendomaiselevadoesteráciorelativamenteàstransferênciasdecapitalenaaquisiçãodebensdecapital.
Quadro4.3.3–CompromissosePagamentos(totaldosmunicípiosdePortugalContinental)
Despesas
Compromissosa
pagarnoexercício
Pagamentos
doexercício
01–Despesascompessoal
1.788.769.876€
1.755.685.876€
02–Aquisiçãodebenseserviços
1.580.919.363€
1.154.707.948€
03–Juroseoutrosencargos
102.653.138€
95.328.919€
04–Transferênciascorrentes
403.782.860€
378.565.627€
05–Subsídios
101.204.750€
84.000.712€
62.965.919€
55.738.086€
07–Aquisiçãodebensdecapital
4.220.516.690€
1.781.885.151€
08–Transferênciasdecapital
3.337.303.793€
274.108.421€
09–Activosfinanceiros
491.148.362€
76.660.921€
10–Passivosfinanceiros
278.718.205€
275.464.762€
87.156.339€
16.656.567€
8.260.812.597€
6.051.802.989€
06–Outrasdespesascorrentes
11–Outrasdespesasdecapital
Total
• Os compromissos por pagar que aparecem nos mapas de execução orçamentalnãoreflectemovalorrealdasdívidasapagarpelosmunicípios.De
facto, por um lado podem alguns compromissos assumidos não se terem
efectivadoemobrigação(facturadefornecedor)e,poroutrolado,faltamainda
oscompromissosassumidosnoexercíciomasapagaremexercíciosfuturos
eoscompromissosassumidosemanosanterioresequecontinuamemdívida, que não estão reflectidos nos mapas orçamentais, dado os mesmos
apresentaremapenasainformaçãorelativaaoano.Destemodo,ovalortotal
emdívidaencontra-senoBalanço,noPassivo,cujaanáliseéefectuadano
capítulo5.
• Oquadroseguinteapresentaototaldasdespesasprevistas,comprometidasepagasnoexercíciodetodososmunicípiosdePortugalcontinental.
Pode verificar-se que os municípios gastaram 822 euros por habitante
mastendoapenaspagocercade603eurosporhabitante.Oscompromissos a pagar em exercícios futuros assumidos no presente exercício
situam-senos377eurosporhabitante.
78
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Quadro4.3.4
OrçamentoeexecuçãodasdespesasdetodososmunicípiosdePortugalContinental
DESPESAS
Despesasprevistas
Por
habitante
Total(emEuros)
10.229.659.128€
1.019€
Compromissosdoexercício
8.260.812.597€
80,8%
822€
Despesaspagas
6.051.802.989€
73,3%
603€
Compromissosdoexercícioporpagar
2.209.009.608€
26,7%
220€
Compromissosapagaremexercíciosfuturos
1.579.353.807€
Totaldecompromissosapagaremexercíciosfuturos(não
incluídoscompromissosassumidosemanosanteriores)
3.788.363.416€
Graudeexecuçãodadespesa
157€
59,2%
377€
Noquadro4.3.5éapresentadaaestruturadasdespesaspagasem2004
emtodososmunicípiosdePortugalContinental.Comparandoestaestrutura
comaapresentadanoquadro4.3.2queincluiosmunicípiosdosAçorese
Madeira,verifica-sequeasdiferençassãoirrelevantes.
Quadro4.3.5–Estruturadasdespesaspagas(PortugalContinental)
DESPESAS
Por
habitante
Total(emEuros)
Despesascompessoal
1.755.685.876€
29,0%
175€
Aquisiçãodebenseserviços
1.154.707.948€
19,1%
115€
95.328.919€
1,6%
9€
Transferênciasesubsídios
836.674.760€
13,8%
83€
Outrasdespesascorrentes
55.738.086€
0,9%
6€
1.781.885.151€
29,4%
177€
76.660.921€
1,3%
8€
275.464.762€
4,6%
27€
19.656.567€
0,3%
2€
Juroseoutrosencargos
Aquisiçãodebensdecapital
Activosfinanceiros
Passivosfinanceiros
Outrasdespesasdecapital
79
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
4.4.Outrasinformações
Conformegráfico4.3.2,asreceitascobradasforamsuperioresàsdespesaspagassignificando,destemodo,umaumentodedisponibilidades.
Gráfico4.3.2–EstruturadeReceitaseDespesas
7.000.000.000
6.000.000.000
5.000.000.000
4.000.000.000
3.000.000.000
2.000.000.000
1.000.000.000
0
Receitas
Despesas
Correntes
Capital
Pelaanálisedográfico4.3.3,podemosobservarqueasdisponibilidadesem
2004(novalorde430.546.041€)tiveramumaumentomuitosignificativo
emrelaçãoa2003(queeradeapenas80.275.257€).
Gráfico4.3.3
SaldodeDisponibilidades
500.000.000
450.000.000
400.000.000
350.000.000
300.000.000
250.000.000
200.000.000
150.000.000
100.000.000
50.000.000
0
Saldo Inicial
Saldo Final
Noquadroseguintesãoapresentadosalgunsindicadoresrelativosadespesasereceitas,evidenciando-seosvaloresmédios,máximosemínimospara
atotalidadedaamostra,tendotambémemconsideraçãoadimensãodos
municípios(pequenos,médiosegrandes).
80
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Quadro4.3.6–IndicadoresdaDespesaedaReceita
Intervalos
Total
Pequenos
Médios
Grandes
Municípiosexistentes
308
178
106
24
Municípiosanalisados
289
163
102
24
Graudeexecuçãodoorçamento
–DESPESA
Graudeexecuçãodoorçamento
–RECEITA
Receitasporcobraremrelaçãoàs
receitasliquidadas
DespesasdeInvestimentoemrelaçãoàsdespesastotais
Despesascompessoalemrelação
àsdespesastotais
Mínimo
25%
25%
29%
43%
Máximo
100%
100%
92%
89%
Médio
63%
58%
62%
67%
Mínimo
9%
26%
9%
43%
Máximo
98%
95%
98%
94%
Médio
63%
60%
63%
66%
Mínimo
0%
0%
0%
0%
Máximo
49%
49%
20%
29%
Médio
5%
2%
3%
9%
Mínimo
7%
8%
10%
7%
Máximo
65%
59%
65%
39%
Médio
30%
36%
32%
24%
Mínimo
12%
14%
12%
16%
Máximo
50%
50%
46%
46%
Médio
29%
29%
27%
31%
Osvaloresobservadossuscitam-nosalgunscomentários:
• Os valores médios do grau de execução dos orçamentos da despesa e
receita (que, de acordo com o POCAL, são calculados relativamente às
dotações/previsõescorrigidas)ficaram-seporcercade63%dototalorçamentadoem2004,sendoqueosmunicípiosmaioresapresentammédias
degrausdeexecuçãoligeiramentesuperioresàmédiaglobal;
• Asreceitasporcobrarfaceàsliquidadasforamemmédiadeapenas5%,
sendoqueosmunicípiosmenoresapresentammédiasdegrausdecobrançadareceitaliquidadaligeiramentesuperioresàmédiaglobal.Talpoderá
significarqueestesmunicípiosaindautilizamabasedecaixanoqueserefereàsreceitasoueventualmentetêmumamelhorgestãodecobranças;
• Opesomédiodasdespesasdeinvestimentonasdespesastotaisfoide30%
(em2003tinhasidode40%),sendomaiornosmunicípiospequenos(36%);
• AsDespesascomPessoalforam,emmédia,29%paraatotalidadedos
municípiosnãosendorelevanteadimensãodosmunicípios.Será,noentanto,desalientar,queomaiorvalordesteráciosesituanos50%.
81
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
4.5Saldosnaópticaorçamental
Noqueserefereàanálisedoequilíbriofinanceiro,sãodiversososdesignados
“equilíbrios”(oudesequilíbrios),algunsdeles(independênciafinanceira)jáforam
tratadosnasecção4.1.Nestasecçãovamosanalisaralgunssaldosnaópticaorçamental(saldocorrente,saldoorçamental,saldoglobalesaldoprimário).Poroutro
lado,osindicadoresquecruzaminformaçãoorçamentalcominformaçãopatrimonialsãoapresentadosnoponto5.2-BalançoPatrimonial(análisedopassivo).
a)Saldocorrente
Osaldocorrentecalcula-sepeladiferençaentreasreceitascorrenteseas
despesascorrentes.
Nabasedecaixa,(istoé,efectuando-seadiferençaentreasreceitascorrentescobradaseasdespesascorrentespagas)ecomosepodeobservar
noquadro4.5.1.,osaldoéglobalmentepositivo.Analisadoosaldocorrente
pormunicípio,constata-seque249municípiostêmsaldocorrentepositivo.
Nabasedecompromissos,(istoé,efectuando-seadiferençaentreasreceitascorrenteliquidadaseoscompromissoscorrentesassumidos)ecomo
sepodeobservarnoquadro4.5.2.,verifica-sequeosaldoétambémglobalmentepositivo.Analisadoosaldocorrentepormunicípio,constata-seque
182municípiostêmsaldocorrentepositivo
b)Saldoorçamental
Osaldoorçamentalcalcula-sepeladiferençaentreasreceitastotaiseas
despesastotais.
Nabasedecaixa,istoé,efectuando-seadiferençaentreasreceitastotais
cobradas(nãoincluímosossaldosdetesourariadagerênciaanterior)eas
despesastotaispagas,ecomosepodeobservarnoquadro4.5.1.,osaldo
orçamental em base de caixa é globalmente positivo. Analisado o saldo
orçamentalpormunicípio,constata-seque222municípiostêmsaldoorçamentalpositivotendoaumentado,destemodo,asdisponibilidades.
Nabasedecompromissos,istoé,efectuando-seadiferençaentreasreceitastotaisliquidadaseoscompromissostotaisassumidos,ecomosepode
observarnoquadro4.5.2.,osaldoorçamentalnabasedocompromissoé
globalmentenegativo.Analisadoosaldocorrentepormunicípio,constatasequeapenas29municípiostêmsaldoorçamentalpositivo.
82
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Estadiferençasignificativaentreosaldoorçamentalnabasedecaixa(positivo)eosaldoorçamentalnabasedoscompromissos(negativo)significa
queéelevadoovalordoscompromissosporpagar.Noentanto,nanossa
opinião,osaldoorçamentalnegativonabasedoscompromissosestásobreavaliadoumavezque,comoreferimos,nãoseencontramregistadostodos
osdireitosadquiridosoqueaumentariamasreceitasliquidadase,consequentemente,aumentariapositivamenteosaldoorçamental.
c)Saldoglobalouefectivo
Osaldoglobalouefectivoécalculadopeladiferençaentreasreceitastotaiseasdespesastotais,masexcluindo,quernoladodareceitaquerno
ladodadespesa,osActivosFinanceiroseosPassivosFinanceiros.Tratasedeumindicadormaisexigenteumavezquesepretendequeasreceitas
“operacionais”sejamsuperioresàsdespesas“operacionais”.Mesmoassim,nabasedecaixa,istoé,efectuando-seadiferençaentreasreceitas
cobradas(nãoincluindoossaldosdetesourariadagerênciaanterior,os
recebimentosdenovosempréstimoseavendadeinvestimentosfinanceiros)easdespesaspagas(nãoincluindoasamortizaçõesdeempréstimos
eaaquisiçãodeinvestimentosfinanceiros),ecomosepodeobservarno
quadro4.5.1.,osaldoglobalouefectivoembasedecaixaéglobalmente
positivo.
Na base de compromissos, isto é, efectuando-se a diferença entre as receitastotaisliquidadas(nãoincluindoossaldosdetesourariadagerência
anterior,osrecebimentosdenovosempréstimoseavendadeinvestimentos
financeiros) e as despesas assumidas (não incluindo as amortizações de
empréstimoseaaquisiçãodeinvestimentosfinanceiros),ecomosepode
observarnoquadro4.5.2.,osaldoglobalouefectivoembasedecompromissoséglobalmentenegativo.
d)Saldoprimário
Porúltimo,osaldoprimáriocalcula-sepeladiferençaentreasreceitastotais
easdespesastotais,masexcluindo,quernoladodareceitaquernolado
dadespesa,nãosóosActivosFinanceiroseosPassivosFinanceirosmas
tambémosencargosfinanceiros.Trata-sedeumindicadorumpoucomais
exigentequeoanterior,umavezquesepretendequeasreceitas“operacionais” sejam superiores às despesas “operacionais” e “encargos financeiros”.Mesmoassim,nabasedecaixa,istoé,efectuando-seadiferença
entreasreceitascobradas(nãoincluindoossaldosdetesourariadagerênciaanterior,osrecebimentosdenovosempréstimoseavendadeinves83
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
timentosfinanceiros)easdespesaspagas(nãoincluindoasamortizações
deempréstimos,aaquisiçãodeinvestimentosfinanceiroseosencargos
financeiros),ecomosepodeobservarnoquadro4.5.1.,osaldoprimário
embasedecaixaéglobalmentepositivo.Analisadoosaldoprimáriopor
município,constata-seque134municípiostêmsaldoprimáriopositivo,com
predomínio para os pequenos e médios municípios uma vez que apenas
8dos24municípiosdegrandedimensãotêmesteindicadorpositivo.De
salientarqueototaldosencargosfinanceirosem2004ultrapassouos98
milhõesdeeurostendomaisde40%destesencargosocorridosemgrandes
municípios.
Nabasedecompromissos,istoé,efectuando-seadiferençaentreasreceitas
totaisliquidadas(nãoincluindoossaldosdetesourariadagerênciaanterior,os
recebimentosdenovosempréstimoseavendadeinvestimentosfinanceiros)
easdespesasassumidas(nãoincluindoasamortizaçõesdeempréstimos,
aaquisiçãodeinvestimentosfinanceiroseosencargosfinanceiros),ecomo
sepodeobservarnoquadro4.5.2.,osaldoprimárioembasedecompromissoséglobalmentenegativo,emqueapenas19municípios(15depequena
dimensãoe4demédiadimensãotêmesteindicadorpositivo).
84
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Quadro4.5.1–Saldosembasedecaixa
emmilhõesdeEuros
Basedecaixa
(recebimentos/pagamentos)
total
médias
Grandes
852,67
1.725,17
1.863,53
3.614,06
771,57
1.378,55
1.463,94
827,31
81,11
346,62
399,59
249
130
96
23
(a)
receitascorrentes(não
incluidosaldoinicial)
4.441,37
(b)
despesascorrentes
(c)=(a)-(b)
saldocorrente
nºdemunicípioscom
saldocorrentepositivo
pequenas
(d)
receitasdecapital
2.135,75
632,69
860,10
642,97
(e)
despesasdecapital
2.608,36
621,64
1.037,55
949,17
(f)=(d)-(e)
saldodecapital
-472,61
11,05
-177,45
-306,20
(a)+(d)
receitastotais(não
incluidosaldoinicial)
6.577,12
1.485,36
2.585,27
2.506,49
(b)+(e)
despesastotais
6.222,41
1.393,21
2.416,10
2.413,10
(g)=(c)+(f)
saldoorçamental
354,70
92,15
169,16
93,39
nºdemunicípioscom
saldoorçamentalpositivo
222
127
75
20
7,74
4,12
1,60
2,01
76,86
5,95
18,50
52,42
404,85
83,37
178,04
143,44
282,15
57,66
104,18
120,30
(h)
(i)
(j)
(k)
activosfinanceiros
(receitas)
activosfinanceiros
(despesas)
passivosfinanceiros
(receitas)
passivosfinanceiros
(despesas))
(l)
receitas-AF–PF
6.164,53
1.397,87
2.405,63
2.361,04
(m)
despesas-AF–PF
5.863,41
1.329,60
2.293,42
2.240,38
(n)=(l)-(m)
saldoglobalouefectivo
301,12
68,26
112,20
120,66
(o)
juroseoutrosencargos
(despesas)
97,98
16,49
38,30
43,18
(p)=(n)-(o)
saldoprimário
203,15
51,77
73,90
77,47
nºdemunicípioscom
saldoprimáriopositivo
134
79
47
8
85
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Quadro4.5.2:Saldosembasedecompromissos
emmilhõesdeEuros
Basedecompromissos
(receitasliquidas/compromissosassumidos)
total
médias
grandes
(a)
receitascorrentes(não
incluidosaldoinicial)
4.529,79
859,84
1.742,07
1.927,88
(b)
despesascorrentes
4.139,90
866,12
1.576,57
1.697,21
(c)=(a)-(b)
saldocorrente
389,90
-6,27
165,50
230,67
182
89
72
21
nºdemunicípioscom
saldocorrentepositivo
(d)
receitasdecapital
2.142,91
634,20
863,78
644,94
(e)
despesasdecapital
4.366,34
1.069,67
1.813,14
1.483,53
(f)=(d)-(e)
saldodecapital
-2.223,42
-435,47
-949,36
-838,59
(a)+(d)
receitastotais(não
incluidosaldoinicial)
6.672,71
1.494,04
2.605,85
2.572,82
(b)+(e)
despesastotais
8.506,23
1.935,78
3.389,70
3.180,75
(g)=(c)+(f)
saldoorçamental
-1.833,52
-441,74
-783,86
-607,93
29
23
4
2
6,47
3,42
0,88
2,17
87,36
6,40
20,90
60,05
416,17
84,99
178,04
153,14
285,40
57,82
106,53
121,05
nºdemunicípioscom
saldoorçamentalpositivo
(h)
(i)
(j)
(k)
activosfinanceiros
(receitas)
activosfinanceiros
(despesas)
passivosfinanceiros
(receitas)
passivosfinanceiros
(despesas))
(l)
receitas-AF-PF
6.250,07
1.405,63
2.426,93
2.417,50
(m)
despesas-AF-PF
8.133,48
1.871,56
3.262,27
2.999,64
(n)=(l)-(m)
saldoglobalouefectivo
-1.883,41
-465,93
-835,34
-582,14
(o)
juroseoutrosencargos
(despesas)
105,35
18,14
42,21
45,00
(p)=(n)-(o)
saldoprimário
-1.988,76
-484,07
-877,55
-627,14
19
15
4
0
nºdemunicípioscom
saldoprimáriopositivo
86
pequenas
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
5–ANÁLISEDASITUAÇÃOECONÓMICA
EPATRIMONIALDOSMUNICÍPIOS
Nestecapítuloiremosapresentarasituaçãoeconómicaepatrimonialdos
municípiosem2004.
No anuário financeiro de 2003 foram analisados os documentos de prestação de contas de 175 municípios e, destes, foram seleccionados para
efeitosdeanálisedaestruturapatrimonialeeconómica,apenas101,dado
que os restantes (74) não apresentavam um Balanço com os requisitos
queconsideramosessenciaisparaquesepudesseconsiderarqueoPOCAL
estivesseimplementado,eassim,representasseaimagemverdadeirada
situaçãopatrimonialeeconómicadomunicípio.Efectivamente:
• nãoincluíramosBensdeDomínioPúblico(49municípios);
• nãoreflectiramasamortizaçõesdeimobilizado(26municípios);
• nãoreconheciamnoBalançoosproveitosdiferidos(37municípios).
Relativamenteaoanode2004,eumavezqueaamostraébastantesuperior(289dos308municípios,sendoqueos19municípiosnãoanalisados
sãounicamentedasilhasdosAçoreseMadeira),nãoefectuadaqualquer
comparaçãocomoanode2003.
Ocaítuloencontra-seorganizadoem4secçõesprincipais,iniciando-secom
aanálisedocumprimentoporpartedosmunicípioscomoPOCAL,deseguidaanalisa-seaestruturadoBalançobemcomodosResultadosEconómicosterminandocomumabrevereferênciaaosAnexosàsDemonstrações
Financeiras.
Nestasecção,pretende-se,emlinhasgerais,responderàsseguintesquestões:
•QualaestruturadosActivosdosMunicípios?
•Essaestruturadiferequandoseanalisamosmunicípiospordimensão?
•QualaestruturadosPassivosdosMunicípios?
•Asdívidastêmaumentado?
87
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
•Qualopesodasdívidasemrelaçãoàsreceitas?
•Existemmunicípiosemsituaçãodedesequilíbriofinanceiroestrutural.
•Osmunicípiossãoeconomicamenterentáveis?
5.1–CumprimentodoPOCAL
Noquadro5.1.éapresentadainformaçãoresumidasobreocumprimentoou
nãodoPOCAL,noqueserefereaosistemadecontabilidadepatrimonial.
Quadro5.1.Informaçãopatrimonialeeconómica
Pequenos
Médios
Grandes
Total
Nºdemunicípiosexistentes
178
106
24
308
Nºdemunicípiosanalisados
163
102
24
289
1
0
0
1
Nºdemunicípiosquenãoregistaramamortizações
doexercício
19
6
2
27
NºdemunicípiosquetêmnoActivoBensdedomínioPúblicomasnãotêmvaloresdeamortizações
dessesbens
17
4
1
22
NºdemunicípiosquetêmnoActivoBensdedomínioPúblicomasapenasimobilizadoemcurso
7
3
0
10
NºdemunicípiosquetêmnoActivoBensdedomínio
Públicomasnãotêmqualquervaloremterrenos
63
28
2
93
NºdemunicípiosquetêmnoActivoBensdedomínioPúblicomasnãotêmqualquervaloremPatrimóniohistóricoartísticoecultural
105
47
9
161
NºdemunicípioscujoActivonãotemBensdeDomínioPúblico
2
3
2
7
NºdemunicípiosemqueosBensdeDomínioPúblicosãoinferioresa20%dototaldoActivo
34
20
10
64
Nºdemunicípiosquenãoregistaramproveitosdiferidos(Passivo)
32
10
3
46
Nºdemunicípiosquenãotêmvaloresareceberde
clientes,contribuinteseutentes
46
11
2
59
Nºdemunicípiosquenãotêmvaloresdeexistências
dematérias,mercadoriaseprodutos
75
31
4
110
Nºdemunicípiosquenãotêmvaloresdeprovisõesde
depreciaçãodeexistênciasedecobrançasduvidosas
127
68
13
208
Nºdemunicípiosquenãoapresentamacréscimos
decustos(Passivo)
71
25
8
104
NºdemunicípiosquenãoapresentamoBalanço
88
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Dainformaçãoapresentadanoquadro5.1,podesalientar-seoseguinte:
• NãoérelevanteonúmerodemunicípiosquenãoincluemosBensdeDomínioPúbliconoActivo(7municípios).Noentanto,talnãosignificaocumprimento integral do POCAL. De facto, verifica-se que alguns municípios
têmnoactivoapenasBensdeDomínioPúblicoemcurso(10municípios)e,
poroutrolado,algunsmunicípiosnãotêmnaconta45-«BensdeDomínio
Público»valoresrelativosaterrenoserecursosnaturais(93)eapatrimónio
histórico,artísticoecultural(161),quandonaturalmentetodososmunicípiostêmnoseupatrimónioestetipodebensdedomíniopúblico;
• Emobediênciaaoprincípiodaespecializaçãodosexercícios,ossubsídios
outransferênciasrecebidasedestinadas(consignadas)àaquisiçãode
bensdeinvestimentodevemserregistadascomoproveitosdiferidose
nãototalmentecomoproveitodoexercício.Noentanto,verifica-seque46
municípiosnãoapresentamvalornestarubricadoPassivo.Estaausênciadevalorsignifica,muitoprovavelmente,queaentidade,erradamente,
estaráaregistaressessubsídioscomoproveitodoexercíciooque,para
alémdoincumprimentodoPOCAL,estáainflacionarosresultadoseconómicos;
• Tambémnocumprimentodosprincípioscontabilísticos,paraasdívidas
a receber de clientes, contribuintes e utentes, que se encontrem em
morahámaisde6meses,devesercriadaumaprovisão(actualmente
designadaporajustamentos)paracobrançaduvidosa(provisãode50%
seadívidaestáemmorahámaisde6meseseaté12meses;provisão
de100%seadívidaestáemmorahámaisde12meses).Noentanto,
verifica-sequesãomuitopoucososmunicípios(81)quenoBalançoapresentamnacolunaAP(amortizaçõeseprovisões)osvaloresdarespectiva
redução(ajustamentos)referentedívidasdecobrançaduvidosa.Estasituaçãopodeserjustificadapelofactode,porumlado,seraindareduzida
a preocupação pelo apuramento do resultado económico e, por outro
lado, os valores das dívidas a receber de clientes ser reduzido, devido
aquemuitosmunicípiosaindaregistamaliquidação(direito)apenasno
momentodacobrança;
• Actualmenteasaquisiçõesdebensealgunsserviçosespecializadospor
partedosmunicípiossão,porregra,efectuadosporentidadesexternasou
porserviçosmunicipalizadosouporempresasmunicipais,oquereduzou
anulaaexistênciadestocks.Destemodo,nãoépossívelafirmarqueonúmerodemunicípiosquenãoapresentamnoActivovaloresemExistências
(110municípios)correspondaaonãocumprimentodoPOCAL.
89
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
5.2–Balançopatrimonial
DoBalançodeummunicípiopodeserobtidadiversainformaçãopatrimonial,
económicaefinanceira,nomeadamente:
a)ElementosdoActivo,quesedividememcincograndesgrupos:
I.ImobilizadoouActivoFixo(InvestimentosFinanceiros,ImobilizadoCorpóreo,ImobilizadoIncorpóreo,osBensdeDomínioPúblicoeoPatrimónioHistórico,ArtísticoeCultural);
II.Existênciasdebens(materiais,mercadoriasouprodutos)destinados
aoconsumoouàvenda;
III.Dívidasareceberdeclientes,contribuintes,utentes,Estadoououtros
devedores;
IV.DisponibilidadesemInstituiçõesFinanceirasouemCaixa;
V.Custosdiferidos(istoé,despesasjáassumidasmasquenaópticado
acréscimodevemserimputadastotalouaparcialmenteaexercícios
futuros)eosacréscimosdeproveitos(referentesaproveitosquedevemserconsideradosnoexercíciomasemrelaçãoaosquais,atéao
fechodecontasaindanãoexistedocumentocomprovativoquefundamenteasualiquidaçãoecobrança).
b)ElementosdoPassivo(oufundosalheios)quesãodivididosemtrêsgrandesgrupos:
I.Dívidaapagar(afornecedores,àbanca,aoEstado,…)ousejaodesignadoPassivoexigível.
II.Provisõesparariscoseencargos,evidenciandoresponsabilidadescuja
ocorrênciaéquasecerta,sendonoentantoincertoomontanteemomentodeexigibilidade;
III.Proveitosdiferidos(istoé,valoresrecebidos,nomeadamentetransferênciasesubsídiosdecapitaldestinadosainvestimentosespecíficos)equedeacordocomoPOCAL são uma receita do exercício
cujoproveitodeveserdiferidoduranteoperíododevidaútildobem
a financiar. Devem ainda estar no passivo, acréscimos de custos,
referentes a custos em relação aos quais, até ao fecho das con90
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
tas,nãoexistedocumentocomprovativodocredorfundamentandoa
suaexigibilidade.Tambémserefereaencargoscomfériasapagar
emexercíciosseguintes,mascujocustodeveserjáconsideradono
exercíciocorrente.
c)Acomposiçãodosfundospróprios(tambémdesignadoporCapitalPróprio
ouPatrimónioLíquido)estáestruturadaemdoisgrandesgrupos:
I.FundoPatrimonialInicial(istoé,adiferençaentreoActivoeoPassivo
nomomentodaelaboraçãodoprimeiroBalanço);
II.Fundosprópriosadquiridos(emgeralprovenientesdosResultadosLíquidosdosdiferentesexercíciosedesubsídiosdestinadosainvestimentosembensnãosujeitosadesvalorização,ousejaquenãosão
objectodeamortizaçõesanuais).
No quadro5.2.1apresenta-seosvaloresglobais (agregados) das componentesdoBalançodetodososmunicípiosdePortugalcontinental,doqual
sepodesalientaroseguinte:
• Oimobilizadorepresenta51%doActivototalvalorqueaindapodeaumentar
dadoquenemtodooimobilizadoseencontraavaliadoecontabilizado;
• As dívidas a receber dos municípios são de 520.401.211 valor que,
tal como referimos, pode estar subdimensionado uma vez que nem
todos municípios registam as liquidações (direitos) no momento da
cobrança;
• Asdisponibilidadestotaisdosmunicípioscorrespondiama544milhõesde
Euros.Tendoemlinhadecontaque,quandoanalisamosainformaçãoorçamental,apuramososaldodedisponibilidadesnovalorde430milhões
de Euros, a diferença poderá corresponder a receitas extra-orçamentais
(operaçõesdetesouraria),taiscomogarantiasecauçõesouIVAliquidado
aentregaraoEstado;
• Nosomatóriototaldosmunicípios,oresultadoeconómicoépositivoem
694milhõesdeEuros;
• AsdívidastotaisdosmunicípiosdePortugalcontinentalsãosuperioresa
5.500milhõesdeEurossendopróximode4.000milhõesdeEuroscorrespondentesadívidasàbanca;
91
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Quadro5.2.1–EstruturadoBalançodosMunicípiosdePortugalContinental
Activo
Bensdedomíniopúblico
Imobilizadoincorpóreo
Imobilizadocorpóreo
InvestimentosFinanceiros
ImobilizadoemCurso
Existências
DívidasaReceber
TítulosNegociáveis
DepósitoseCaixa
Acréscimosediferimentos
TotaldoActivo
Fundospróprios
10.092.121.605€
32.225.526€
10.344.371.364€
762.925.193€
4.049.945.527€
118.768.986€
520.401.211€
34.514.416€
544.500.470€
5.317€
25.091.916.854€
FundoPatrimonial
Reservas
Doações
ResultadosTransitados
ResultadosLíquidos
17.235.826.179€
229.871.398€
305.558.543€
661.336.572€
694.953.414€
Passivo
Dívidas a médio e longo
prazo–banca
Dívidas a médio e longo
prazo–outros
Dívidasacurtoprazo
Acréscimosediferimentos
TotaldosFundosPróprios
ePassivo
3.714.740.219€
241.135.757€
1.516.714.386€
2.292.808.378€
25.096.454.634€
Nota:existeumadiferençaentreoActivoeototaldoPassivo+Fundospróprios,quesedeveaofactodedois
municípiosapresentaremesteerrocontabilístico,istoéoBalançonãoestáequilibrado.
Oquadro5.2.2resumealgunsdadosrelativosàcomposiçãodoBalançodos
diferentesmunicípios.Destequadro,conjugadocomainformaçãoconstante
nosgráficosde5.2.1a5.2.4queapresentamaestruturamédiadoBalanço
dosmunicípios,globalepordimensão(pequenas,médiasegrandes),salientarmososeguinte:
• NemtodasascomponentesprincipaisdoActivoseencontramnoBalançodecadamunicípio.Assim,existemmunicípiosquenãoapresentamna
estruturadoActivodívidasareceber,existências,custosdiferidoseacréscimosdeproveitos;
• Sãopoucososmunicípiosqueapresentam,noPassivo,«Provisõespara
Riscoseencargos»;
• Ésignificativoonúmerodemunicípios(89)cujasdívidasapagarsãosuperioresa40%doActivo;
• Comparando a estrutura do Activo dos municípios de pequena, média e grande dimensão, verifica-se que o peso dos Bens de Domínio
PúbliconoActivoémaiorquantomenorforadimensãodomunicípio,
representando uma média global de 40% do Activo. Estas diferenças
podemserjustificadaspelofactodosmunicípiosdegrandedimensão
administraremmaisBensdeDomínioPúblicoePatrimónioHistórico,ArtísticoeCulturalhavendoassimmaisdificuldadenasuainventariação
evaloração.Poroutrolado,situaçãoinversaverifica-seemrelaçãoao
ImobilizadoOperacional,dadooseupesonoActivodosmunicípiosde
pequenadimensãoserde41,6%,nosmunicípiosdemédiadimensão
92
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
aumentarpara50,2%doActivo,e,nosmunicípiosdegrandedimensão
oseupesoatingir64,6%doActivototal.
Quadro5.2.2–DadossobreaestruturadoBalanço
Pequenos
Médios
Grandes
Total
Nºdemunicípiosexistentes
178
106
24
308
Nºdemunicípiosanalisados
163
102
24
289
NºdemunicípiosqueapresentamoBalanço
162
102
24
288
NºdemunicípiosquenoBalançonãotemdívidas
areceber
3
0
1
4
Nº de municípios que no Balanço não tem Existências
75
31
4
110
Nº de municípios que apresentam custos diferidosnoActivo
95
73
18
186
Nºdemunicípiosqueapresentamacréscimosde
proveitosnoActivo
63
47
13
123
Nºdemunicípiosqueapresentamprovisõespara
riscoseencargos
4
5
3
12
Nºdemunicípiosemqueasdívidasapagar/Activoésuperiora20%
69
54
18
141
Nºdemunicípiosemqueasdívidasapagar/Activoésuperiora40%
28
16
5
49
Nº de municípios com fundo patrimonial (conta
51)negativo
4
4
1
9
Nº de municípios que apresentam resultados líquidospositivos
123
89
22
234
Nºdemunicípiosqueapresentamsubsídiosem
fundospróprios
20
15
5
40
Nº de municípios que apresentam reservas de
reavaliação
1
5
3
9
Gráfico5.2.1–EstruturadoBalanço-Global
120%
100%
100%
80%
68,34%
60%
40%
22,25%
20%
0%
9,41%
Activo
Passivo
Exigível
Passivo - Acréscimo
de Custos
e Proveitos Diferidos
Fundos
Próprios
93
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Gráfico5.2.2–EstruturadoBalanço-PequenaDimensão
120%
100%
100%
73,41%
80%
60%
40%
16,74%
20%
0%
Activo
Passivo
Exigível
9,86%
Passivo - Acréscimo
de Custos
e Proveitos Diferidos
Fundos
Próprios
Gráfico5.2.3–EstruturadoBalanço-MédiaDimensão
120%
100%
100%
80%
67,19%
60%
40%
21,97%
20%
0%
10,84%
Activo
Passivo
Exigível
Passivo - Acréscimo
de Custos
e Proveitos Diferidos
Fundos
Próprios
Gráfico5.2.4–EstruturadoBalanço-GrandeDimensão
120%
100%
100%
80%
66,55%
60%
40%
25,49%
20%
0%
94
7,96%
Activo
Passivo
Exigível
Passivo - Acréscimo
de Custos
e Proveitos Diferidos
Fundos
Próprios
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Activo:
Nosgráficos5.2.5a5.2.8apresenta-seaestruturaecomposiçãomédia do Activo dos Municípios em 2004, dos quais podem tecer-se os
seguintescomentáriosgerais.
• OImobilizadocorpóreoeosBensdedomíniopúblicorepresentamcerca de 95% do activo total. Não é relevante a diferença de estrutura
quandoanalisamosmunicípiosdepequena,médiaegrandedimensão,
salvonoqueserefereaopesodoimobilizadocorpóreoebensdedomíniopúblico.
Gráfico5.2.5–EstruturadoActivo-Global
60%
54,27%
50%
40%
40,29%
30%
20%
10%
0%
BDP
Imobilizado
0,48%
2,19%
Existências
Dívidas
a Receber
2,29%
0,49%
Disponibilidades Acréscimos
e Títulos
e
Negociáveis
Diferimentos
Gráfico5.2.6–EstruturadoActivo-PequenaDimensão
60%
55,10%
50%
41,61%
40%
30%
20%
10%
0%
BDP
Imobilizado
0,33%
0,53%
Existências
Dívidas
a Receber
2,25%
0,18%
Disponibilidades Acréscimos
e Títulos
e
Negociáveis
Diferimentos
95
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Gráfico5.2.7–EstruturadoActivo-MédiaDimensão
60%
50%
50,17%
44,45%
40%
30%
20%
10%
0%
BDP
Imobilizado
0,31%
1,73%
Existências
Dívidas
a Receber
2,76%
0,58%
Disponibilidades Acréscimos
e Títulos
e
Negociáveis
Diferimentos
Gráfico5.2.8–EstruturadoActivo-GrandeDimensão
70%
64,60%
60%
50%
40%
30%
27,72%
20%
10%
0%
0,70%
BDP
Imobilizado
Existências
3,50%
Dívidas
a Receber
1,91%
0,57%
Disponibilidades Acréscimos
e Títulos
e
Negociáveis
Diferimentos
• AcomposiçãodosBensdeDomínioPúblicoencontra-seassinaladanos
gráficos5.2.9a5.2.12ondeseverificaqueaprincipalcomponentedos
Bens de Domínio Público são as “outras construções” (71%). Uma vez
que7municípiosaindanãoapresentamqualquervalordeBensdeDomínioPúblicoeváriosnãoapresentamvaloresemcomponentesdesta
conta,pode-seconcluirqueosBensdeDomínioPúblico(queactualmenterepresentam40,29%dototaldoActivo)nãoseencontramtotalmente
avaliados e contabilizados. Deste modo, à medida que se aumente a
avaliaçãoeregistocontabilísticodestesbens,aumentaráoseupesono
balançoe,consequentemente,acomponentedecustosdeamortizações
do exercício. Nota-se ainda uma subavaliação do Património Histórico
ArtísticoeCultural(PHAC);
96
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Gráfico5.2.9–EstruturadosBensdeDomínioPúblico-Global
80%
71,24%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
15,41%
6,31%
Terrenos
1,93%
Edifícios
0,66%
Outras
Construções
PHAC
4,35%
Outros
0,11%
Em curso
Adiantamentos
Gráfico5.2.10–EstruturadosBensdeDomínioPúblico-PequenaDimensão
90%
76,21%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
13,63%
3,91%
3,95%
Terrenos
Edifícios
Outras
Construções
0,23%
2,07%
PHAC
Outros
0,00%
Em curso
Adiantamentos
Gráfico5.2.11–EstruturadosBensdeDomínioPúblico-MédiaDimensão
80%
74,11%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
14,85%
7,03%
1,63%
Terrenos
Edifícios
Outras
Construções
1,26%
0,96%
PHAC
Outros
0,16%
Em curso
Adiantamentos
97
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Gráfico5.2.12–EstruturadosBensdeDomínioPúblico-GrandeDimensão
70%
62,30%
60%
50%
40%
30%
18,01%
20%
7,87%
10%
0%
11,13%
0,22%
Terrenos
Edifícios
0,32%
Outras
Construções
PHAC
0,15%
Outros
Em curso
Adiantamentos
• Oimobilizadocorpóreorepresentacercade55%doActivototaleinclui,
conformePOCAL,osbensduradourosconcluídos,nãodestinadosavenda
enãoconsideradosbensdedomíniopúblico.Noquadro5.2.3éapresentadaeestruturadoimobilizadocorpóreosendodesalientarqueosEdifícios
sãoacomponentecommaiorpesonoImobilizadoCorpóreo.Numaanálise
destacomponentepordimensão,verifica-sequenãosãosignificativosos
desviosemrelaçãoàmédiaglobal.
Quadro5.2.3–EstruturadoImobilizadocorpóreo
Pequenos
Médios
Grandes
Global
Terrenos
22,39%
22,29%
29,37%
25,84%
Edifícios
43,49%
49,27%
36,02%
41,63%
EquipamentoBásico
5,76%
2,98%
1,89%
2,93%
EquipamentodeTransporte
2,62%
1,56%
0,59%
1,26%
Ferramentaseutensílios
0,18%
0,11%
0,08%
0,11%
EquipamentoAdministrativo
1,38%
1,18%
0,89%
1,07%
22,97%
21,04%
17,37%
19,55%
Adiantamentos
0,12%
0,28%
0,55%
0,39%
Outros
1,08%
1,28%
13,24%
7,22%
ImobilizadoemCurso
• OsInvestimentosFinanceirosrepresentamapenas3%doActivototale
incluemparticipaçõesemcapitaldeoutrasentidades,aquisiçõesdeobrigaçõesetítulosdeparticipação,einvestimentosemimóveis.
98
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Quadro5.2.4–EstruturadosInvestimentosfinanceiros
Investimentosfinanceiros
Pequenos
Médios
Grandes
Global
%
38.331.602€
232.965.195€
321.530.080€
592.826.877€
76,6%
2.722.565€
8.489.590€
8.806.910€
20.019.065€
2,6%
58.216.469€
35.547.058€
49.139.707€
142.903.234€
18,5%
OutrasaplicaçõesFinanceiras
112.476€
3.071.910€
25.082€
3.209.468€
0,4%
ImobilizaçõesemCurso
956.584€
729.338€
6.895.478€
8.581.400€
1,1%
AdiantamentosporcontadeinvestimentosFinanceiros
104.339€
0,00€
5.982.233€
6.086.572€
0,8%
100.444.034€
280.803.091€
392.379.491€
773.626.616€
Partesdecapital
Obrigaçõesetítulosdeparticipação
InvestimentosemImóveis
Atravésdoquadro5.2.4.edográfico5.2.13podeverificar-sequeaconta
“partesdecapital”éacomponentecommaiorpesonosinvestimentosfinanceiros(superiora76%).Numaanálisedaestruturadosinvestimentosfinanceirospordimensão,verifica-sequenosmunicípiosdegrandedimensão
estacomponenterepresentacercade82%dosInvestimentosFinanceiros.
Desalientaraindaovalorem“InvestimentosemImóveis”que,deacordo
comoPOCAL,devemserconsideradoscomoInvestimentosFinanceirosse
osmesmosnãosedestinaremàactividadeaentidade(porexemplo,imóveisqueseencontremarrendados).
SerelacionarmososvaloresapresentadosnoBalanço,comosvaloresapresentadosnomapadasreceitas(ActivosFinanceiros,ousejaalienaçãode
Investimentosfinanceiros)enomapadedespesas(ActivosFinanceiros,ou
sejaaquisiçãodeInvestimentosFinanceiros)conclui-sequeem2004verificou-seumaumentodeInvestimentosFinanceirosemmaisde70milhões
deeuros.
Gráfico5.2.13–EstruturadosInvestimentosFinanceiros-Global
90%
80%
76,63%
70%
60%
50%
40%
30%
18,47%
20%
10%
0%
2,59%
Partes
de Capital
Obrigações e
Títulos de
participações
0,41%
Investimentos
em Imóveis
Outras
aplicações
financeiras
1,11%
0,79%
Imobilizações Adiamentos por
em curso
conta de
Investimentos
Financeiros
99
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Gráfico5.2.14–EstruturadosInvestimentosFinanceiros-PequenaDimensão
70%
57,96%
60%
50%
40%
38,16%
30%
20%
10%
0%
2,71%
Partes
de Capital
Obrigações e
Títulos de
participações
0,11%
Investimentos
em Imóveis
Outras
aplicações
financeiras
0,95%
0,10%
Imobilizações Adiamentos por
em curso
conta de
Investimentos
Financeiros
Gráfico5.2.15–EstruturadosInvestimentosFinanceiros-MédiaDimensão
90%
80%
82,96%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
12,66%
10%
0%
3,02%
Partes
de Capital
Obrigações e
Títulos de
participações
1,09%
Investimentos
em Imóveis
Outras
aplicações
financeiras
0,26%
0,00%
Imobilizações Adiamentos por
em curso
conta de
Investimentos
Financeiros
Gráfico5.2.16–EstruturadosInvestimentosFinanceiros-GrandeDimensão
90%
81,94%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
12,52%
10%
0%
100
2,24%
Partes
de Capital
Obrigações e
Títulos de
participações
0,01%
Investimentos
em Imóveis
Outras
aplicações
financeiras
1,76%
1,52%
Imobilizações Adiamentos por
em curso
conta de
Investimentos
Financeiros
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
• Asexistênciasrepresentamumvalormuitopoucosignificativonaestrutura
médiadoBalançodosmunicípios(entre0%e9,8%,numamédiade0,48%do
Activo).Dereferiraindaque,apesarde188municípiosapresentaremvalores
emexistências,émuitoreduzidoonúmerodemunicípiosquecriaramprovisõesparadepreciaçãodeexistências(ou,numalinguagemmaisrecente,efectuaram“ajustamentosaoActivo”).Estasituaçãopodeterduasjustificações:
I)ovalordemercadodosbensexistentesésuperioraovalordeaquisiçãoou
produção;II)Aentidadenãosepreocupacomacriaçãodeprovisões(ouajustamentos)possivelmentepelareduzidaimportânciadessesajustamentosna
estruturadoscustos(emobediênciaaoprincípiodaimportânciarelativa).
Paraaobtençãodeinformaçãodovalordasexistênciasproduzidaspelaprópria
entidadeseráfundamentalaimplementaçãodosistemadecontabilidadede
custoseopreenchimentodaFichaI11-Existências,situaçãoqueactualmente
severificaemmuitopoucosmunicípios,comoreferimosanteriormente.
• Asdívidasareceberrepresentamapenas2,2%dototaldoActivo,sendono
caso dos municípios de pequena dimensão de apenas 0,5%. No entanto,
comoreferimos,estacomponentedoActivoencontra-seemmuitomunicípios,
subvalorizada,situaçãoquesedeveaofactodemuitosmunicípiosaindareconheceremalgumasreceitasapenasnomomentodacobrança(basedecaixa)
justificadaessencialmentepordoismotivos:atéàaplicaçãodoPOCALabase
decaixaeraapráticautilizada;algunsdosimpostosdirectossãoliquidadose
cobradospelasRepartiçõesdeFinançasdificultandoaosmunicípiosaobtençãodeinformaçãodasimportânciasliquidadasnãocobradas.
• AsdisponibilidadessãoacomponentedoActivocommenorsubjectividade
representandoovalordossaldosemcaixaeinstituiçõesfinanceiras.As
disponibilidades,deacordocomaanáliseàscontasdasautarquias,situam-seentre0,03%e30,93%dototaldoActivo,numamédianacionalde
2,15%doActivo.Ainterpretaçãodovalordasdisponibilidadesnummunicípiodeveráserefectuadacomcuidadodadoqueovalordasmesmasinclui,
para além das “verdadeiras” disponibilidades “reais”, outras designadamenteasoperaçõesdetesouraria(cauçõesembancosdefornecedores
ouclientes;impostosretidosaentregaraoEstado;etc.)querepresentam
cobrançasparaterceiros,nãoconstituindo,destemodo,disponibilidades
da entidade. Por outro lado, algumas das “verdadeiras” disponibilidades
podem estar consignadas a projectos específicos. Deste modo, parecenosqueseriamaisútilumdesdobramentodasdisponibilidadesem:
• Disponibilidadesgerais;
• DisponibilidadesdeOperaçõesdeTesouraria;
• Disponibilidadesconsignadas.
101
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Doexposto,édetodaautilidadequealeituradovalordasdisponibilidades
sejaefectuadaemsimultâneocomainformaçãoobtidadoMapadeFluxos
deCaixa,oqueseparaasdisponibilidadesemorçamentaisereferentesa
OperaçõesdeTesouraria.
Talcomoreferimosem4.3(vergráfico4.3.3)osaldodedisponibilidadesem
2004erade430milhõesdeeuros,tendo-severificadoumaumentosignificativoemrelaçãoa2003.
• Os custos diferidos, de acordo com o POCAL, compreendem as obrigaçõesconstituídas,mascujoreconhecimentocomocustodeveserdiferido
paraexercíciosseguintes.Sãonormalmenteconsideradosnestaconta,as
rendaspagasjáreferentesaoanoeconómicoseguinte,despesasdeconservação plurianual, seguros que envolvem meses relativos a exercícios
económicosdiferentes,etc.Desalientarque186municípiosanalisados
incluemcustosdiferidosnoseuactivo.
• Os acréscimos de proveitos são proveitos a reconhecer neste exercício
aindaquenãotenhamdocumentaçãovinculativa.Consequentemente,aliquidaçãoecobrançaseráobtidaereconhecidaemexercíciosposteriores.
Comoexemplosdeproveitosaincluirnestaconta,temososjurosdeaplicaçõesdetesourariaquesevencememexercíciosseguintes,subsídios
paraformação(porexemploFORAL)areceber,etc.Desalientarquenas
contasdosmunicípiosanalisados,123incluemacréscimosdeproveitos
noseuactivo.
Passivo:
•Comoreferimos,oPassivo,aoincluir“AcréscimosdeCustos”,“Proveitos
Diferidos”e“Provisõesparariscoseencargos”podelevaraanálisesfinanceiraserradas.Defacto,comoverificaremos,opassivoexigível,ouseja,
asdívidasporpagar,representam70%tototaldodesignado“Passivo”.
• A estrutura média do Passivo dos municípios encontra-se apresentada
nos Gráficos 5.2.17 a 5.2.20. Comparando-se a estrutura dos Passivos
dosmunicípiosdepequena,médiaegrandedimensão,verifica-sequeo
passivodeMédioeLongoPrazotemummaiorpesonaestruturatotaldo
Passivonosmunicípiosdegrandedimensão,atingindocercade57%do
Passivototal.Nosmunicípiosdepequenadimensãoopesodestarubricaé
inferior,ouseja40%doPassivototal.Noentanto,emqualquerdoscasos,
éarubricacommaiorpesonoPassivo,representandoemmédia50%do
valortotaldoPassivo.
102
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Gráfico5.2.17–EstruturadoPassivo-Global
45%
39,66%
40%
37,07%
35%
30%
23,20%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
0,07%
Provisões para riscos
e encargos
Passivo ML
Prazo
Passivo
Curto Prazo
Acréscimos de Custos
e Proveitos Diferidos
Gráfico5.2.18–EstruturadoPassivo-PequenaDimensão
50%
45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
46,96%
33,05%
19,77%
0,22%
Provisões para riscos
e encargos
Passivo ML
Prazo
Passivo
Curto Prazo
Acréscimos de Custos
e Proveitos Diferidos
Gráfico5.2.19–EstruturadoPassivo-MédiaDimensão
50%
45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
46,96%
33,05%
19,77%
0,22%
Provisões para riscos
e encargos
Passivo ML
Prazo
Passivo
Curto Prazo
Acréscimos de Custos
e Proveitos Diferidos
103
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Gráfico5.2.20–EstruturadoPassivo-GrandeDimensão
60%
56,86%
50%
40%
30%
23,80%
17,14%
20%
10%
0%
2,21%
Provisões para riscos
e encargos
Passivo ML
Prazo
Passivo
Curto Prazo
Acréscimos de Custos
e Proveitos Diferidos
• Ototaldasdívidasaterceirosrepresentainformaçãorelevanteparaanálisedasituaçãofinanceiradosmunicípios,sendoobtidoemduasperspectivas: atendendo ao prazo da exigibilidade e às entidades credoras. No
Balanço,sãoseparadasasdívidasa“curtoprazo”(dívidasapagaraum
ano)edívidasa“médioelongoprazo”(dívidasapagaramaisdeumano)
e,dentrodestas,éaindaobtidainformaçãoportipodecredor(fornecedor,
credor de empréstimos bancários, Estado, etc.). Da análise das contas
dosmunicípiosverifica-sequeasdívidasparacomterceirosrepresentam
entre0,72%e4vezessuperioraototaldoActivonumamédiade22%do
valortotaldoActivo,agregandotodososmunicípios.
AsdívidastotaisdosmunicípiosdePortugalcontinentalsãosuperioresa
5.500milhõesdeEurossendopróximode4.000milhõesdeEurosocorrespondenteadívidasàbanca;
Quadro5.2.4–Dívidasapagar/Activo
DívidasaPagar/Activo
Pequenos
Médios
Grandes
Global
Mínimo
0,72%
3,45%
5,36%
0,72%
Máximo
425,84%
155,51%
101,66%
425,84%
16,65%
21,82%
24,79%
21,91%
Média
Nota:Ofactodeemalgunsmunicípios(poucosesobretudodepequenadimensão)opesodasdívidas
sermuitosuperioraoActivototalpoderáresultardoImobilizadonãoseencontrartotalmenteavaliado.Casocontrário,seriammunicípios“tecnicamentefalidos”.
•AnovaLeidasFinançasLocais(emdiscussãopública)referequeomontantedoendividamentolíquidototaldecadamunicípio,em31deDezembrodecadaano,nãopodeexcederem125%domontantedasreceitas
provenientesdosimpostosmunicipais,dasparticipaçõesdomunicípiono
104
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
FundodeEquilíbrioFinanceiro,daparcelafixadeparticipaçãonoIRSeda
participação nos resultados das entidades do sector empresarial local,
relativosaoanoanterior.Refereaindaqueomontantedeendividamento
líquido municipal é equivalente à diferença entre a soma dos passivos,
qualquerquesejaasuaforma,incluindonomeadamenteosempréstimos
contraídos,oscontratosdelocaçãofinanceiraeasdívidasafornecedores,
easomadosactivosfinanceiros,nomeadamenteosaldodedisponibilidadeseasaplicaçõesdetesourairadecurtoprazo.
SeestaLeifosseaplicadaàscontasde2004,verificava-seque32municípios(23depequenadimensão,7demédiadimensãoe2degrandedimensão)têmesteindicadorcomumvalorsuperiora1,25,embora,numa
médiaglobalesteindicadorsitua-seem17%.
TambémanovaLeidasFinançasLocaisvaiexigirqueasdívidasdemédio
e longo prazo não devem ser superiores a 10% das receitas totais. Se
esta exigência fosse aplicada às contas de 2004, verificava-se que 12
municípios(3depequenadimensão,6demédiadimensãoe3degrande
dimensão)nãocumpririamcomesteindicador.
• Asprovisõesparariscoseencargosrepresentamprevisõesderesponsabilidadesedevemserobjectoderegistocontabilísticoquando,simultaneamente,severificaremasseguintescondições:aentidadetemumaobrigaçãopresentecomoresultadodeumacontecimentopassado;forprovável
aexigênciadeliquidarumaobrigação,emborapossanãosesaberovalorcerto;puderserfeitaumaestimativafiáveldovalordaobrigação.Por
exemplo, normalmente consideram-se provisões para riscos e encargos,
responsabilidades potenciais referentes a processos judiciais em curso
(obrigaçãopresentequeprovavelmenteexigeumpagamentofuturo).
DesalientarquedaanáliseaosBalançosdosmunicípiosdaamostra,apenas12municípiosapresentamvaloresnestacontadoPassivo.
• Os proveitos diferidos compreendem as receitas liquidadas que devem
serreconhecidoscomoproveitosnosexercíciosseguintes,deacordocom
o princípio da especialização dos exercícios ou do balanceamento entre
custos e proveitos (isto é, devem ser reconhecidos no exercício em que
incorrem os custos inerentes aos mesmos). O exemplo com significado
maisrelevanteéoregistocontabilísticodossubsídioseastransferências
consignadas a investimentos específicos. Efectivamente, salvo muito rarasexcepções,todososmunicípiosrecebemimportâncias(subsídiosou
transferências)parainvestimentos,emresultadodeprojectosdecooperação,contratos-programas,entreoutros.Estacontaassumenormalmente
valoresrelevanteseasuanãoutilização(possivelmenteconsiderandoessastransferênciascomoproveitosdoexercício)alterasignificativamente
105
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
aestruturadoBalançoeaDemonstraçãodeResultados.Doquadroanteriormenteapresentadopodemosverificarque46municípiosnãoapresentamvaloresnestacontaoquesignificaráque,porumlado,oBalançonão
representa em alguns municípios a situação patrimonial correcta e, por
outro lado, a Demonstração de Resultados desses municípios provavelmenteapresentaproveitosinflacionados.Dereferiraindaqueestaconta
representa uma média de 29% do total do Passivo (37% nos pequenos
municípios,33%nosmunicípiosdemédiadimensãoe24%nosmunicípios
degrandedimensão).
• Quantoaosacréscimosdecustosenoqueserefereparticularmenteaos
encargoscom fériasdoanoseguinte,o POCAL obriga ao registo em 31
deDezembrodocustofériasesubsídiodefériasapagarnoanoseguinte
(sendoumcustodoanoNmasdespesa do ano N+I). De salientar que
apenas194dosmunicípiosapresentamvaloresnacontasignificandoque
95municipiosnãocumpremcomoestabelecido.
Fundospróprios:
Osfundospróprioscalculam-sepeladiferençaentreoActivoeoPassivo,
ouseja,deviamrepresentaropatrimóniolíquidodomunicípio(emboranão
sejatotalmentecorrectaestaafirmaçãoumavezque,comoexplicamos,
no Passivo incluem-se proveitos diferidos que também não são fundos
alheios).Osfundosprópriossãoconstituídospor4grandesgrupos:Fundo
Patrimonial inicial ou património inicial; Fundo patrimonial adquirido proveniente dos resultados dos diferentes exercícios; Subsídios de capital
recebidos e doações; Reavaliações de imobilizado. Os Fundos Próprios
representamnosdiversosmunicípiosentrevaloressignificativamentenegativose99%doActivototal.Amédiaglobaléde68%oquesignificaque
a autonomia financeira dos municípios (Fundos próprios em relação ao
ActivoTotal)éelevada.
Quadro5.2.6:Fundospróprios/Activototal
FundosPróprios/Activo
Pequenos
Médios
Grandes
Global
Mínimo
-117,91%
-63,01%
-1,57%
-117,91%
Máximo
99,06%
93,53%
93,51%
99,06%
Médio
73,12%
66,96%
66,17%
68,33%
•O
fundopatrimonialinicialrepresentaadiferençaentreoActivoeoPassivonomomentodaelaboraçãodoprimeiroBalançodomunicípio.Apenas9dosmunicípiosapresentamumfundopatrimonialinicialnegativo,
106
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
ousejaoseupassivoeramaiorqueoActivonomomentodaelaboração
do primeiro Balanço. No entanto, analisado o Balanço desses municípios,verifica-sequeomesmosedeveànãoavaliaçãodegrandeparte
doImobilizado;
• OsresultadoslíquidosrepresentamadiferençaentreosProveitoseos
Custosdeumdeterminadoexercício.Noanode2004234municípios
apresentaramresultadoseconómicospositivos.Apercentagemelevadademunicípioscomresultadoseconómicospositivoséumasituação
queconsideramoscomoesperadaenormal,dadasasconvençõesassumidas pelo actual sistema contabilístico. Entendemos mesmo que,
em geral um município tenderá a apresentar resultados económicos
positivos motivado pelo facto de todos os impostos/taxas serem registadascomoproveitosdoexercício,quandodestasreceitassãogastas em investimentos de capital (somente transformados em custos
quando forem objecto de registo da depreciação). Por outro lado, as
transferências do Estado (Fundo Geral Municipal, Fundo de Base Municipal,FundodeCoesãoMunicipaleoutros)nãodestinadasainvestimentosespecíficossãoconsideradascomoproveitosdoexercíciomas
partedasmesmassãoutilizadaseminvestimentosdecapital(somente
transformadosemcustosquandoforemobjectoderegistodadepreciação),devidoanecessidadedecumprircomoprincípioorçamentaldo
equilíbriomínimodoOrçamentoCorrente 28 .
Assituaçõesreferidas,porregrafavorecemomunicípionumaanáliseproveitos/custos,salvosenumdeterminadoexercícioasamortizaçõesforem
superioresaosinvestimentos.
Peloexposto,ainterpretaçãodoresultadolíquidonummunicípioémuito
subjectivaecarecedeumaanálisesimultâneadeoutrosindicadores.
• Os subsídios registados no Fundo Próprio, em geral, apenas contêm os
subsídiosdestinadosainvestimentosembensnãoamortizáveis.Daanálisedascontasdos289municípios,verifica-sequeapenas40municípios
reconheceramsubsídiosnestaconta.
• Asreservasdereavaliaçãoresultamdeumaactualizaçãodovalorde
aquisiçãoerespectivasamortizaçõesacumuladasdosactivosimobilizados(comexcepçãodosInvestimentosFinanceiros),derivadaessencialmente da desvalorização da moeda. O POCAL só permite reavalia-
28
“Asreceitascorrentesdevemserpelomenosiguaisàsdespesascorrentes”(POCAL,capítulo3.3.1).
107
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
çõesselegisladassuperiormente,oquecontraria,emparte,asactuais
tendênciasdaContabilidadeparasubstituiroprincípiodocustohistóricopeladesignadojustovalorouvalordemercado.Oimpedimentodos
municípios procederem a reavaliações de uma forma livre tem como
objectivo limitar eventuais sobreavaliações do Activo, obedecendo ao
princípiodaprudência.Noentanto,umavezqueoCIBE(CadastroeInventáriodosBensdoEstado)paraefeitosdeelaboraçãodo1ºinventárioelaboradopelasregrasdaquelediplomapermitereavaliarbenscujo
valoractualésignificativamentesuperioraovalorhistórico,verifica-se
que9municípiostêmvalornestacontadosfundospróprios.
5.3–Resultadoseconómicos
Osresultadoseconómicosdeummunicípiorepresentamadiferençaentre
osProveitoseosCustosesãoapresentadosdeumaformaresumidana
Demonstração de Resultados por Natureza e na Demonstração de ResultadosporFunções(estanãoobrigatórianonovosistemadecontabilidade
autárquicapreconizadopeloPOCAL).
OmodelodaDemonstraçãodeResultadosporNaturezaémuitosimilarao
utilizadonacontabilidadeempresarialdividindooscustos,osproveitoseos
resultadosemoperacionais,financeiros,correnteseextraordinários,admitindoassimobalanceamentoentrecustoseproveitosdoexercícioparaas
váriascategorias.
Aestruturamédiadoscustos,proveitoseresultadosdosmunicípioséapresentadanosGráficosde5.3.1a5.3.4.
Gráfico5.3.1–EstruturadaDemonstraçãodeResultados-Global
120%
100%
100,00%
88,14%
80%
60%
40%
20%
0%
108
11,86%
Custos
Proveitos
Resultados
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Gráfico5.3.2–EstruturadaDemonstraçãodeResultados-PequenaDimensão
120%
100%
100,00%
88,14%
80%
60%
40%
20%
0%
11,86%
Custos
Proveitos
Resultados
Gráfico5.3.3–EstruturadaDemonstraçãodeResultados-MédiaDimensão
120%
100%
100,00%
86,80%
80%
60%
40%
20%
0%
13,20%
Custos
Proveitos
Resultados
Gráfico5.3.4–EstruturadaDemonstraçãodeResultados-GrandeDimensão
120%
100%
100,00%
89,47%
80%
60%
40%
20%
0%
10,53%
Custos
Proveitos
Resultados
AocompararasestruturasdasDemonstraçõesdeResultadosdosmunicípiosdepequena,médiaegrandedimensão,verifica-sequenosmunicípios
degrandedimensãooscustosrepresentam89,47%dosproveitos,ouseja,
109
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
sãoestesmunicípiosqueapresentammenoresresultadoseconómicos.No
ladoopostosituam-seosmunicípiosdemédiadimensão,umavezqueos
custos representam cerca de 86,8% e os resultados atingem 13,2% dos
proveitos.Estasituação,pelasrazõesjáexpostas,podenãosignificaruma
maioroumenoreficiêncianautilizaçãodosrecursosdadaafaltadesignificadoparaoResultadoLíquidodoExercícioenquantoindicadordeeficiência.
Defacto,enquantonãoforemutilizadosidênticoscritériosdevalorimetria
entremunicípios,enquantonãoforreconhecidonoActivotodooImobilizado
enasdemonstraçõesderesultadosasrespectivasamortizações,enquanto
nãoseverificarumatotalcorrelaçãoentreproveitosecustos29,ainterpretaçãodoresultadoeconómicodeummunicípioémuitosubjectiva,designificadocontroverso,comprometendoanálisescomparativasentrediversos
municípios.
Desalientartambémque,etalcomoreferimosaoanalisaroBalanço,as
receitasdecapitalprovenientesdeimpostosetaxas,aonãoseremdiferidaspordiferentesexercíciosdeacordocomosanosdevidaútildosbens
adquiridosporessafontedereceita30,tenderãoaconduziraobtençãode
resultadoseconómicospositivos.Poroutrolado,resultadosnegativospodemindicarumdesinvestimento,ouseja,muitoprovavelmenteasreceitas
correntes e transferências de capital (consignadas ou não) reconhecidas
comoproveitosdoexercícioforaminferioresàsdespesascorrentesmaisas
amortizaçõesdoImobilizado.Estefactoreforçaoqueatrásreferimossobre
adificuldadedeinterpretaçãodoResultadoLíquidoeajustificaçãoparaque
omesmo,emgeral,tendaaserpositivo.
Conforme o Quadro 5.3.1, os resultados variam entre -96,53% e 62,18%
dosproveitostotais,numamédiadecercade11%,e,comoreferimos,234
municípiosapresentamresultadoseconómicospositivos.
Quadro5.3.1.Resultadospositivos/Activo
Pequenos
29
Médios
Grandes
Global
Mínimo
-96,53%
-77,46%
-56,47%
-96,53%
Máximo
59,62%
62,18%
45,56%
62,18%
Média
11,86%
13,20%
10,53%
11,86%
Estacorrelaçãoémuitocontroversanumcontextodosmunicípiosemqueaincorrênciademais
custosnãoconduznecessariamenteamaisproveitosdadoestesseremessencialmentedenaturezafiscal.
30
Obalanceamentoentreproveitosdereceitasdecapitalnãoconsignadascomoscustosdasamortizaçõesdosbensfinanciadostorna-seumprocedimentomuitodifícil,depôremprática,considerandotambémoprincípioorçamentaldanãoconsignaçãodasreceitasqueimplicaqueestas,em
geral,nãoestejamafectasanenhumdestinoespecífico.
110
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Noquadro5.3.2apresenta-seosvaloresglobais(agregados)dascomponentesdoscustoseproveitosdetodososmunicípiosdePortugalcontinental,salientando-seoseguinte:
• Em 2004 foram registados como custos com pessoal a importância de
1.728.833.187sendoamaiorcomponentesdoscustos;
• Asvendaseprestaçãodeserviçosnãotêmumpesorelevanteoquese
deveemgrandeparteaofactodemuitosdosserviçosseencontraremsob
aresponsabilidadedeserviçosmunicipalizadosouempresasmunicipais
• Osimpostosetaxaseastransferênciasrecebidassãoasduasgrandes
componentesdosproveitos
• Numaanáliseagregada,osmunicípiosdePortugalcontinentalapresentaramumresultadoeconómicopositivode 611.299.225ouseja,cercade
60eurosporhabitante.
Quadro5.3.2–Estruturadosproveitosecustos
(todososmunicípiosdePortugalcontinental)
Custos
N
Proveitos
Fornecimentos e serviços ex1.351.191.466€
ternos
VendasdeMercadorias
VendasdeProdutos
VariaçãodaProdução
PrestaçãodeServiços
OutrasSituações
CustoscomPessoal
ImpostoseTaxas
Custodasmercadoriasvendidas
edasmatériasconsumidas
100.958.523€
1.728.833.187€
Transferências e Subsídios
Concedidos
473.766.660€
Amortizações
703.355.471€
N
40.921.358€
135.212.352€
10.943.235€
351.656.233€
28.841.208€
2.247.485.525€
Transferências e Subsídios
2.464.205.919€
Obtidos
Trabalhosparaaprópriaen29.028.038€
tidade
Provisões
73.477.295€
ProveitosSuplementares
32.740.288€
OutrosCustosOperacionais
16.665.489€
Outros Proveitos Operacionais
43.758.064€
CustosFinanceiros
105.805.912€
ProveitosFinanceiros
118.538.672€
CustosExtraordinários
479.822.508€
ProveitosExtraordinários
335.206.848€
Totaldecustos 5.227.238.514€
ResultadoLiquidodoExercício
Totaldeproveitos
5.838.537.739€
611.299.225€
RelativamenteàestruturaecomposiçãodaDemonstraçãodeResultadospor
Natureza,osgráficosseguintesresumemaestrutura,pordimensão,dos289
municípiosanalisados,sobreosquaistecemososseguintescomentários.
111
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Proveitos:
ConformeapresentadonosGráficos5.3.5a5.3.8,osprincipaisproveitos
dosmunicípiossãoasTransferênciaseSubsídiosObtidos.Poroutrolado,
entreospequenos,osmédioseosgrandesmunicípiosverificam-sealgumas
diferençasnaestruturadosproveitos,sendodesalientarquequantomaior
adimensãodomunicípiomaioréopesodosImpostoseTaxasnaestruturadosproveitostotais.Nosmunicípiosdemaiordimensão,estarubrica
representa 57,62% dos proveitos totais. Por outro lado, quanto menor for
adimensãodomunicípio,maioréopesodasTransferênciaseSubsídios,
tendocomorepresentaçãomáxima70,91%daestruturadosproveitos,nos
municípiosdepequenadimensão.
Gráfico5.3.5–EstruturadeProveitos-Global
80%
70,91%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
9,34%
12,57%
0,97%
Vend., Prest.
Ser., Var. Prod.,
Prov. Suplem.
e Outros
Impostos
e
Taxas
Trabalhos
para a
própria
entidade
Transferências
e
Subsídios
obtidos
2,13%
4,09%
Proveitos
Financeiros
Proveitos
Extraordinários
Gráfico5.3.6–EstruturadeProveitos-PequenaDimensão
80%
70,91%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
112
9,34%
12,57%
0,97%
Vend., Prest.
Ser., Var. Prod.,
Prov. Suplem.
e Outros
Impostos
e
Taxas
Trabalhos
para a
própria
entidade
Transferências
e
Subsídios
obtidos
2,13%
4,09%
Proveitos
Financeiros
Proveitos
Extraordinários
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
50%
45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
Gráfico5.3.7–EstruturadeProveitos-MédiaDimensão
44,48%
34,58%
13,55%
Vend., Prest.
Ser., Var. Prod.,
Prov. Suplem.
e Outros
Impostos
e
Taxas
Trabalhos
para a
própria
entidade
4,34%
2,38%
0,67%
Transferências
e
Subsídios
obtidos
Proveitos
Financeiros
Proveitos
Extraordinários
Gráfico5.3.8–EstruturadeProveitos-GrandeDimensão
70%
57,62%
60%
50%
40%
30%
24,16%
20%
10%
0%
8,36%
8,15%
1,65%
0,06%
Vend., Prest.
Ser., Var. Prod.,
Prov. Suplem.
e Outros
Impostos
e
Taxas
Trabalhos
para a
própria
entidade
Transferências
e
Subsídios
obtidos
Proveitos
Financeiros
Proveitos
Extraordinários
Custos:
ConformeevidenciadonosGráficosseguintes5.3.9a5.3.12,acomponentede
custosmaiselevadasnosmunicípiosrespeitaaCustoscomPessoal,sendoo
seupesonosmunicípiosdepequenaemédiadimensãode35,09%e33,48%
respectivamente.Nosdegrandedimensãoopesoérelativamentemaior,atingindo os 35,24% do total dos custos. Quanto às outras rubricas dos custos,
verificam-sealgumasdiferençasentreospequenos,médiosegrandesmunicípiosrelativamenteàsamortizações,cujopesonototaldoscustostendeavariar
inversamentecomadimensãodomunicípio.Assim,quantomaiorforomunicípio
menoréopesodasamortizações.Efectivamente,asamortizaçõesrepresentam
19,96%daestruturadoscustosdosmunicípiosdepequenadimensão,14,57%
nosdemédiadimensãoe9,95%nodegrandedimensão.Estasituaçãoprova113
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
velmenteestájustificadapelofactodeoImobilizadoaindanãoseencontrartotalmenteinventariadoereconhecidonoActivotendoconsequênciasnaestrutura
doscustosdosmunicípios,maisconcretamentenasamortizações.
Gráfico5.3.9–EstruturadeCustos-Global
40%
34,54%
35%
30%
26,79%
25%
20%
13,93%
15%
5%
0%
9,42%
9,31%
10%
%
CMVMC
1,45%
FSE
Custos
com o
Pessoal
0,33%
2,11%
Transferências Amortizações Provisões Outros custos Custos
Custos
e
e perdas Financeiros Extraordinários
Subsídios
operacionais
Gráfico5.3.10–EstruturadeCustos-PequenaDimensão
40%
35,09%
35%
30%
26,90%
25%
19,96%
20%
15%
10%
5%
0%
6,92%
6,77%
2,07%
CMVMC
0,26%
FSE
Custos
com o
Pessoal
0,39%
1,64%
Transferências Amortizações Provisões Outros custos Custos
Custos
e
e perdas Financeiros Extraordinários
Subsídios
operacionais
Gráfico5.3.11–EstruturadeCustos-MédiaDimensão
40%
33,48%
35%
30%
27,80%
25%
20%
14,57%
15%
5%
0%
114
10,77%
8,17%
10%
2,52%
CMVMC
0,51%
FSE
Custos
com o
Pessoal
0,29%
1,89%
Transferências Amortizações Provisões Outros custos Custos
Custos
e
e perdas Financeiros Extraordinários
Subsídios
operacionais
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Gráfico5.3.12–EstruturadeCustos-GrandeDimensão
40%
35,24%
35%
30%
25,77%
25%
20%
15%
11,75%
5%
0%
3,01%
1,78%
CMVMC
9,60%
9,95%
10%
FSE
Custos
com o
Pessoal
0,33%
2,58%
Transferências Amortizações Provisões Outros custos Custos
Custos
e
e perdas Financeiros Extraordinários
Subsídios
operacionais
5.4–Anexosàsdemonstraçõesfinanceiras
OPOCAL,talcomooutrosplanoscontabilísticosapresentaumconjuntode
mapaseexplicaçõescomplementaresaoBalançoeDemonstraçãodeResultadospermitindoinformaçãomaispormenorizadadecomponentesconstantenosdoisgrandesmapas.
O quadro seguinte resume a quantidade de municípios que apresentaram
essa informação quer em valores quer referindo que não se aplicava ao
município.
Destequadropodemosextrairasseguintesconclusões:
• Apesardeserumapeçaobrigatóriadosdocumentosdeprestaçãodecontas,57municípiosaindanãoapresentaramestesanexo;
• Osanexosquemaissãoreferidosouquetêminformaçãosãoosrelativosaos“critériosvalorimétricosutilizados”,aos“movimentosocorridosno
Imobilizado”eas“garantiasecauções”;
• Osanexosquesãomenosapresentadossãoosmapasrelacionadoscom
existênciasecomreavaliações;
115
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Quadro5.4.1
NºdeanexosaoBalançoeDemonstraçãodeResultadosapresentadospelosmunicípios
Total
Peq.
Méd.
Grandes
Nºdemunicípios
308
179
105
24
Nºdemunicípiosanalisados
289
163
102
24
ApresentamanexosaoBalançoeDemonstraçãodeResultados
232
135
78
19
127
67
47
13
98
58
31
9
179
97
66
16
4 cotaçõesutilizadas
67
43
19
5
5 situaçõesemqueoresultadolíquidofoiafectado
78
49
22
7
1 indicaçãoejustificaçãodederrogaçõesdoPOCAL
2 indicaçãoecomentáriodecontasnãocomparáveisemrelaçãoaN-1
3 critériosvalorimétricosutilizados
6 comentárioàconta432«despesasdeinvestigação»
85
48
31
6
7 movimentosocorridosnarubricadoactivoimobilizado
210
120
72
18
8 alteraçõesàcontadeimobilizado
116
66
39
11
76
42
27
7
10 reavaliação-termoslegais
52
30
18
4
11 reavaliação-mapa
52
30
18
4
12 imobilizaçõescorpóreasempoderdeterceiros
84
45
30
9
13 locaçãofinanceira
108
57
40
11
14 Bensnãoavaliados
110
60
40
10
15 Bensdedomíniopúbliconãoobjectodeamortização
95
50
35
10
16 entidadesparticipadas(identificaçãoeparticipação)
140
75
52
13
17 títulosnegociáveis
66
42
20
4
18 Outrasaplicaçõesdetesouraria
56
32
20
4
9 custosincorridosrespeitantesaempréstimos
19 diferençasdemercadodoactivocirculante
25
20
5
0
20 desvalorizaçãoextraordináriadeactivoscirculantes
49
26
19
4
21 provisõesextraordináriasdeactivoscirculantes
51
28
18
5
22 dívidasdecobrançaduvidosa
99
53
37
9
23 dívidasapessoaldaautarquia
54
28
21
5
24 Obrigações
48
25
19
4
25 dívidasaoEstadoemmora
71
44
23
4
26 garantiasecauções
174
100
62
12
27 mapadeprovisões
111
60
40
11
28 conta“fundopatrimonial”
132
75
46
11
29 custodasmercadoriasvendidasematériasconsumidas
142
84
47
11
30 variaçãodaprodução
77
46
27
4
31 demonstraçãoderesultadosfinanceiros
210
120
74
16
32 demonstraçãoderesultadosextraordinários
213
122
75
16
14
14
15
14
nºmédiodeanexosquesãoapresentados
116
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
6-CONCLUSÕESERECOMENDAÇÕES
DaanálisedosRelatóriodeGestãoeContasde2004dosmunicípiosportuguesespodemosextrairasseguintesconclusões:
1)AactualreformadaContabilidadePública,incluindoaContabilidadeAutárquica, tem como objectivo proporcionar informação que melhor se
adapteàsnecessidadesdosdiferentesutilizadores,devendoamesma
caracterizar-sepelafiabilidade,comparabilidade,relevânciaeoportunidade.Noentanto,apesardasreconhecidasvantagensdonovosistemade
ContabilidadeAutárquica,edojásignificativamenteelevadograumédio
deimplementaçãodoPOCALpelosmunicípiosportugueses,afiabilidade
e a comparabilidade da informação económica e patrimonial ainda não
sãodesejadas.Quantoàscaracterísticasderelevânciaeoportunidade,
verificamos que a informação elaborada pelo sistema de contabilidade
patrimonialepelosistemadecontabilidadedecustosaindaépoucoutilizadanoapoioàtomadadedecisõesenasauditoriasexternas.
2)Paraoanode2004,aanálisedoÍndicedeConformidadedaspráticaseinformaçãocomosrequisitosexigidospeloPOCALpermitiu-nosverificarqueograu
médiodeimplementaçãoportodososmunicípiosportugueseséde67%.Se
comparamosestevalorcomograumédiodeterminadorelativamentea2003
(61%)verificamosquehouveumaumentodecercade6%oquenonosso
entenderébastantesatisfatórioevidenciandoqueosmunicípiostêmvindoa
investireamelhorarosseussistemasdeinformaçãocontabilísticosdeacordo
comodefinidonoPOCAL.Estaconclusãoéaindareforçadapelofactodena
determinaçãodocálculodoÍndiceConformidadede2004termosaumentado
noníveldeexigêncianaescolhadosparâmetrosecategoriasaanalisar.No
querespeitaàspráticaseinformaçãofacilitadasparaatingirosobjectivosgeraisdonovosistema,emrelaçãoa2003continuaaexistirumapreferênciaclarapelamaioriadosmunicípiosparacumpriremcomparâmetrosrelacionados
comaDemonstraçãodaCorrectaSituaçãoOrçamental(ainformaçãoorçamentalcontinuaaserprioritária);osegundoobjectivoaserfavorecidoéEvidenciar
aImagemVerdadeiraeApropriadadaSituaçãoFinanceiraePatrimonialedos
ResultadosEconómicoseopreteridoéApoioàGestãoeàDecisão.Nãoobstante,relativamenteaosobjectivosmenospreferidos,nota-seumaevolução
favorávelde2003para2004,jáquemaismunicípiostendemacumprircom
maisparâmetrosdeinformaçãoincluídanestasduasúltimascategorias.
3)ÉjásignificativaaimportânciaqueosMunicípiosatribuemaoRelatório
de Gestão enquanto documento de prestação de contas. Analisados 6
parâmetroscontidosnosRelatóriosdeGestãoverificou-sequeosmuni117
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
cípiosanalisadosjácumprem,emmédia,com2,9em6dosparâmetros,
representandocercade48%,sendobastantepositivo.
4)RelativamenteaosIndicadoresdeGestãoaapresentarnoRelatóriode
Gestão verificou-se que existe um número significativo de municípios
(31%)quenãoapresentanenhumindicadornoRelatóriodeGestão,nem
orçamentalnemeconómicoe/oupatrimonial,nãocumprindoassimcom
odefinidonoPOCAL.Poroutroladosãoapresentadosumtotalde464
indicadoresdiferentes,sendo333decarácterorçamentale131dotipo
económicoe/oupatrimonial.Estasituaçãodemonstraqueosresponsáveisdosmunicípios,apesardaintroduçãodaContabilidadePatrimonial,
continuamadarmaisimportânciaàinformaçãoobtidanaContabilidade
Orçamental.Istopoderáserjustificado,porumlado,pelofactodomodelo
anteriorconsiderarapenasinformaçãoorçamental,estandoosresponsáveismaisfamiliarizadoscomestetipodeinformaçãoe,poroutrolado,
porqueosdocumentosprevisionaisobrigatórioscontemplamapenasinformaçãodecarácterorçamental.
5)Naanálisedousodecertostiposdeinformaçãodentrodosdocumentos
deprestaçãodecontasdainformaçãoporpartedosutilizadoresinternos,
nomeadamenteórgãoexecutivoeórgãodeliberativo,verificou-sequeos
aspectosrelacionadoscomainformaçãoorçamentalembasedecaixa
são os mais discutidos, quer nas reuniões das Câmaras quer nas das
AssembleiasMunicipais.Efectivamente,emmaisde50%dosmunicípios
sãodiscutidososgrausdeexecuçãodadespesaedareceita.
No que respeita à análise da informação económica e patrimonial em
basedeacréscimo,sãomuitomenososmunicípiosadiscutiremestes
aspectosdoqueosrelativosàinformaçãoorçamental.
Estasevidênciasdemonstramque,quernoórgãoexecutivo,quernoórgãodeliberativo,continuaaserdadamaisimportânciaaosassuntosrelacionadoscomasquestõesorçamentais,demonstrandooaindareduzido
interessenainformaçãopatrimonial,induzindoqueosutilizadoresinternos,nomeadamenteospolíticos,nãoestãoaindafamiliarizadoscoma
perspectiva (económica) de acréscimo enquanto principal inovação do
novosistemacontabilístico.
6)Relativamenteàutilidadedainformaçãoelaboradapelosmunicípiosna
perspectivadoTribunaldeContas,emsededeauditoria,verificou-seque,
paraalémdaanálisedosaspectosorçamentais,quecontinuamamerecerumagrandeatençãoporpartedasauditorias,houveumalargamento
do seu âmbito, passando a abranger também, embora de uma forma
ainda “tímida”, a apreciação da vertente patrimonial, contemplando as
118
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
análiseseconómicaefinanceiraeaimplementaçãodoPOCALnassuas
diferentesperspectivas.
7)Noqueconcerneàindependênciafinanceiradosmunicípiosverificou-se
que:
• Aindependênciafinanceiradosmunicípios(receitaspróprias/receitastotais)variaentre86%(muitoelevada)e6%(muitoreduzida).Adimensão
domunicípioestádirectamenterelacionadacomograudeindependência.
Assim, enquanto que os grandes municípios têm uma independência financeiramínimade41%eumaindependênciafinanceiramáximade86%,
essadependêncianosmunicípiospequenosdescepara6%e65%,respectivamente;
• Quanto à dependência financeira dos municípios em relação às transferênciasdoEstado,verifica-sequeestasesituaentreos13%eos92%
sendoqueospequenosmunicípiostêmumgraudedependênciamédio
de71%enquantoquenosgrandesmunicípiosastransferênciasdoEstado
representam uma média de 27% da receitas totais e nos municípios de
médiadimensão47%dassuasreceitassãoprovenientesdoOrçamento
doEstado;
• Asreceitasprovenientesdeaumentodeempréstimosbancários(Passivos
Financeiros)representamumamédianacionalde6%emrelaçãoàsreceitastotaissendoomínimode0%eomáximo68%(casoexcepcionalde
ummunicípio);
• Apenas 33 municípios não recorreram a empréstimos bancários no ano
de2004.
8)SobreaestruturadaReceitaverificou-seque:
• OOrçamentodasreceitasdototaldosmunicípiosdePortugalcontinental
foide10.242milhõesdeeuros.Noentanto,apenasseliquidaram6.584
milhões de euros, e cobraram 6.482 milhões de euros ou seja, apenas
60%doprevisto;
• Érelevanteadiferençadopesodealgumasreceitasquandoseanalisam
municípiosdepequena,médiaegrandedimensão,nomeadamentenoque
serefereaopesodosImpostoseTaxas(10,9%paraospequenosmunicípios,30,5%paraosmunicípiosdemédiadimensãoe50,5%paraosgrandesmunicípios)eàstransferências(69,2%paraospequenosmunicípios,
119
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
46,3% para os municípios de média dimensão e apenas 27,4% para os
municípiosdegrandedimensão);
• Não é relevante o valor das receitas por cobrar em relação às receitas
liquidadas (apenas 4,93%% a nível geral, sendo 2,14% nos municípios
depequenadimensão,2,76%nosmunicípiosdemédiadimensão,8,63%
nosmunicípiosdegrandedimensão).Contudo,nanossaopinião,talnão
significaeficiêncianascobrançasporpartedosmunicípiosmas,nagrande
maioriadassituaçõesporque,apesardoPOCALdistinguirclaramenteos
momentosdeliquidaçãoecobrança,averdadeéquemuitosmunicípios
registamliquidaçõesapenasnomomentodacobrança;
• Asreceitascobradasporhabitantesituaram-seem645Euros.
9)Relativamenteàestruturadadespesaverificou-seque:
• Nãoérelevanteadiferençadopesodasváriascomponentesdedespesa
quando se analisam municípios de pequena, média e grande dimensão,
com excepção das transferências concedidas onde nos municípios de
grande dimensão representam 17,7% das despesas totais, contra 9,2%
dosmunicípiosdepequenadimensão;
• Ospassivosfinanceirosnaópticadadespesa(amortizaçãodeempréstimos)representamemmédia4,5%dasdespesastotaisenquantoqueos
passivosfinanceirosnaópticadareceita(novosempréstimos)representamcercade6%dasreceitastotaisoquepoderásignificarqueaumentou
adívidarelativaaempréstimosbancários;
• OOrçamentodasdespesastotaisdosmunicípiosdePortugalcontinental
foide8.261milhõesdeeuros,tendosidopagos6.052milhõesdeeuros
ouseja,apenas62,6%doorçamentoprevisto;
• AsDespesascomPessoal,foram,emmédia,29%paraatotalidadedos
municípiosnãosendorelevanteadimensãodosmunicípios;
• Osmunicípiospagaramcercade603eurosporhabitante,masoscompromissosapagaremexercíciosfuturossituam-senos377eurosporhabitante;
• Embasedecaixaosaldoorçamental,osaldocorrenteeosaldoprimário
sãoglobalmentepositivos.
•Embasedecompromissostendemasernegativos.
120
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
• As disponibilidades orçamentais em 2004 (no valor de 431 milhões de
euros)tiveramumaumentomuitosignificativoemrelaçãoa2003(queera
deapenas80milhõesdeeuros);
10)RelativamenteascomponentesdoBalançoverificou-seque:
• OImobilizadocorpóreoeosBensdedomíniopúblicorepresentamcercade
95%doactivototal,nãosendorelevanteadiferençadeestruturaquando
analisamosmunicípiosdepequena,médiaegrandedimensão;
• SeserelacionaremosvaloresapresentadosnoBalanço,comosvalores
apresentados no mapa das receitas (Activos Financeiros – alienação de
Investimentos financeiros) e no mapa de despesas (Activos Financeiros
–aquisiçãodeInvestimentosFinanceiros)verifica-sequeem2004houve
umaumentodeInvestimentosFinanceirosemmaisde70milhõesdeeuros;
• As existências representam um valor muito pouco significativo na estruturamédiadoBalançodosmunicípios(entre0%e9,8%,numamédiade
4,6%);
• Asdívidasareceberrepresentamapenas2,2%dototaldoActivo(cerca
de 520 milhões de euros), sendo no caso dos municípios de pequena
dimensãodeapenas0,5%.Noentanto,estacomponentedoActivoencontra-seemmuitomunicípios,subvalorizada,situaçãoquesedeveaofacto
demuitosmunicípiosreconheceremasreceitasapenasnomomentoda
cobrança(basedecaixa);
• As disponibilidades situam-se entre 0,03% e 30,93% do total do Activo,
numamédianacionalde2,15%doActivo(numtotalde545milhõesde
euros,incluindosaldosextra-orçamentais);
• Relativamenteaocumprimentodoprincípiodoacréscimo,186dosmunicípiosanalisadosincluemnoseuactivocustosdiferidose123acréscimos
de proveitos. Por outro lado, 243 municípios não apresentam proveitos
diferidosnopassivoeapenas194apresentamvaloresnacontadeacréscimosdecustos;
• ComparandoaestruturadosPassivosdosmunicípiosdepequena,média
egrandedimensão,verifica-sequeopassivodeMédioeLongoPrazotem
um maior peso na estrutura total do Passivo nos municípios de grande
dimensão, atingindo cerca de 57% do Passivo total. Nos municípios de
121
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
pequenadimensãoopesodestarubricaéinferior,ouseja40%doPassivo
total.Noentanto,emqualquerdoscasos,éarubricacommaiorpesono
Passivo,representandoemmédia50%dovalortotaldoPassivo;
• As dívidas totais dos municípios de Portugal continental são superiores
a5.500milhõesdeeurossendopróximode4.000milhõesdeeuroso
correspondenteadívidasàbanca.
11)Relativamenteaosresultadoseconómicosverificou-seque:
• 234 municípios apresentam resultados económicos positivos sendo, no
entantoainterpretaçãodesteindicadormuitosubjectivaecarecendode
umaanálisesimultâneadeoutrosindicadores.Osresultadoseconómicos
globaisdosmunicípiosdePortugalcontinentalsãodecercade695milhõesdeeuros,oquecorrespondeacercade60eurosporhabitante;
• Oscustoscompessoaltotalizamaimportânciade1.729milhõesdeeuros
sendo esta a maior componente dos custos. O peso nos municípios de
pequenaemédiadimensãoéde35,09%e33,48%respectivamente.Nos
degrandedimensãoopesoérelativamentemaior,atingindoos35,24%
dototaldoscustos;
• Asvendaseprestaçãodeserviçosnãotêmumpesorelevanteoquese
deveemgrandeparteaofactodemuitosdosserviçosseencontraremsob
aresponsabilidadedeserviçosmunicipalizadosouempresasmunicipais;
• Os impostos e taxas e as transferências recebidas são as duas grandes componentes dos proveitos. No entanto, estas duas componentes
de proveitos têm comportamento diferentes em função da dimensão do
município.Assim,quantomaioradimensãodomunicípiomaioréopeso
dosImpostoseTaxasnaestruturadosproveitostotais.Nosmunicípiosde
maiordimensão,estarubricarepresenta57,62%dosproveitostotais.Por
outrolado,quantomenorforadimensãodomunicípio,maioréopesodas
TransferênciaseSubsídios,tendocomorepresentaçãomáxima70,91%da
estruturadosproveitos,nosmunicípiosdepequenadimensão.
Face ao exposto, apresentamos um conjunto de recomendações que, no
nossoentender,seimplementadaspermitiriamaumentarnãosóograude
implementaçãodoPOCALcomotambémautilidade,fiabilidade,comparabilidadeeoportunidadedainformaçãoproduzida.Estasrecomendaçõespouco
diferem das apresentadas no Anuário Financeiro de 2003, destinando-se
essencialmenteaquemtemopoderlegislativo:
122
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
1.É fundamental a publicação de legislação que obrigue à consolidação
dascontasdasautarquiasdeformaaobter-seinformaçãoagregadapara
tododo“grupoautárquico”.VerificamosqueanovaLeidasFinançasLocais(emdiscussãoPública)prevêaobrigatoriedadedeapresentaçãode
contasconsolidadasparaasaautarquiasquepossuamserviçosmunicipalizadoseempresasmunicipais.Éumprimeiropassoparaumaconsolidaçãomaisalargada,ouseja,queincluaparticipaçõesmaioritáriasenão
apenasparticipaçõesde100%docapital.
2.A não aplicabilidade do POCAL às empresas municipais é questionável, pois dificilmente se entende que entre duas entidades que
tenhamamesmalógicadeprestaçãodeserviços(porexemplo,serviçodeágua)obedeçamasistemascontabilísticasdistintos(POCAL
nocasodosServiçosMunicipalizadosePOCnocasodasEmpresas
Municipais).
3.Para o cumprimento dos objectivos da reforma da Contabilidade Autárquica,sobretudonoaspectodacomparaçãodainformaçãoentremunicípios,éfundamentalqueasentidadesresponsáveisdefinamumconjunto
deindicadoresobrigatórios,aseremapresentadospelosmunicípioscom
vistaàavaliaçãodaperformancedaautarquiaeaprestaçãoderesponsabilidades(Accountability).
4.DeformaamelhoraracomparabilidadedainformaçãoaCNCAP(ComissãodeNormalizaçãoContabilísticaparaaAdministraçãoPública)deveria
emitirmaisnormasinterpretativasouorientaçõesrelativasaalgunsaspectosquecarecemdeesclarecimento,nomeadamente:
• Bens de domínio público (o que deve ser reconhecido, critérios de
valorimetria,…)
• Cedênciasdeimobilizado(queentidaderegista);
• Acréscimosdecustos(nomeadamenteencargoscomfériasesubsídio
deférias)
• Contabilidadedecustos.
5.A CNCAP deveria adaptar as Normas Internacionais de Contabilidade
paraoSectorPúblicodoIPSASB(InternacionalPublicSectorAccounting
StandardsBoard)bemcomoadaptaralgumasnormasdaCNC(ComissãodeNormalizaçãoContabilística),contribuindoassimparaoaumen123
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
todacomparabilidadeanívelinternacionaldainformaçãofornecidapela
ContabilidadeAutárquicaeumamaiorproximidadeentreasnormasdo
sectorpúblicocomosectorempresarial.
6.Deveriaserexigidoquealgunsdosmapasdeprestaçãodecontasfossem
publicadosemjornaisdetiragemnacionalporformaaqueainformação
sejadivulgadapormaisutilizadores,nomeadamentecidadãos,melhorando,assim,atransparência.Tambémseriaútiloacessoàscontasatravés
doSITEdomunicípio.
7.Alguns mapas do subsistema de contabilidade de custos deveriam ser
inseridos nos documentos de prestação de contas, nomeadamente os
relativosaoscustosdecadabemouserviço.Estaobrigatoriedadecontribuiriaparaaumentaroníveldeimplementaçãodestesubsistemacontabilístico,degrandeutilidademascomumbaixoníveldeimplementação.
8.Melhoraraquantidadedeinformaçãoeaordemdeapresentaçãododossierqueconstituiaprestaçãodecontas,deformaafacilitarasualeitura
eacomparabilidadedainformaçãoentremunicípios;
9.EstudosrecentesconcluemqueexisteumnúmerosignificativodeTécnicosOficiaisdeContascomformaçãoadequadanaáreadacontabilidade
pública,adquirida,quernoscursosdegraduaçãoquefrequentaramquer
em formação complementar, como por exemplo, em formação eventual
daCTOC.Poroutrolado,dadoquepartedainformaçãocontabilísticaé
similaràcontabilidadedosectorempresarial,entendemosqueaobrigatoriedadedeumtécnicooficialdecontasnasautarquias,queseresponsabilizepelavalidaçãodaimagemverdadeiraeapropriadadascontaspúblicas,aumentariaograudeimplementaçãodossistemasdecontabilidade
patrimonialecontabilidadedecustos.
124
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
ANEXOI–GLOSSÁRIODETERMOSCONTABILÍSTICOS
ACTIVO
Naadministraçãopública,osActivossãorecursosqueumaentidadeé
proprietária ou administra em consequência de acontecimentos passadoseapartirdosquaisseesperaquefluamparaaentidadebenefícios
económicosousociaisfuturosousejampatrimóniohistóricoartísticoe
cultural.
O Activo corresponde à componente “positiva” do Balanço patrimonial
de uma autarquia. Conforme o modelo definido pelo POCAL, do Activo
obtém-seinformaçãodovalorbruto(AB),dosajustamentosacumulados
(actualmente“Provisões”)edesvalorizaçãodoImobilizado(AA)edovalor
líquido(AL)referentesaoanoNetambémdovalorlíquidodoexercício
anterior.
Oactivopodedividir-seem3gruposgerais:
•Activo Fixo (Imobilizado Corpóreo, Imobilizado Incorpóreo, Investimentos
FinanceiroseBensdeDomínioPúblico)
•ActivoCirculante(Existências,DívidasarecebereDisponibilidades)
•Acréscimosediferimentos
Ver:Balanço
ACTIVOSFINANCEIROS
Despesascomaaquisiçãodeactivos,emempresaspúblicas,associações,
fundações,sociedadesdeeconomiamista,entreoutras,deacordocoma
legislação em vigor e cláusulas contratuais. O valor das aquisições deste
tipodeactivosnumexercícioeconómicoencontra-senosmapasorçamentais(Despesa/ActivosFinanceiros)eovaloracumuladonoBalanço/Activo/
InvestimentosFinanceiros.
Quandoalienado,ovalorrecebidoéumareceita.
AMORTIZAÇÃOOUDEPRECIAÇÃODOIMOBILIZADO(amortizaçãoeconómica)
Parcelareferenteaovalordepreciadodoimobilizadosujeitoadesgasteou
depreciaçãoOvalordadepreciaçãodoexercíciodesigna-sepor“AmortizaçãodoExercício”.Ovaloracumuladodadepreciaçãodesigna-sepor“AmortizaçãoAcumulada”.Ovalordaamortizaçãodoexercícioencontra-senomapa
“DemonstraçãodeResultados”eovalordaamortizaçãoacumuladano“Balanço/Activo”,nacolunaAA(ouAP).
125
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
AMORTIZAÇÃODEEMPRÉSTIMOS(amortizaçãofinanceira)
Despesarelativaàquantiadispendidaparaamortizaçãodeumadívidacontraídaanteriormente.Ovalordasamortizaçõesfinanceirasencontra-seno
mapa de execução orçamental (Despesa/Passivos Financeiros). Por outro
lado,estevalorimplicadiminuiçãodoPassivonoBalanço.
BALANÇO
OBalançoéomapacontabilísticoquerelataaposiçãofinanceiraepatrimonialdeumaentidade,normalmentereportadoaofinaldoexercícioeconómicoeapresenta,devidamenteagrupadoseclassificados,osactivos,os
passivoseosfundosprópriosdaautarquia.
Ver:Activo,Passivo,FundosPróprios
Balanço
Activo
Ab
Fundosprópriosepassivo
Aa
Al(n)
Al(n-1)
AnoN
AnoN-1
Fundospróprios
Fixo–imobilizado
Património
Fixo–bensdedomínio
público
Reservaseresultadostransitados
Resultadolíquido
Circulante–
existências
Passivo
Circulante–dívidasa
receber
Dívidasapagar
–médio/longoprazo
Circulante–
disponibilidades
Dívidasapagar
–curtoprazo
Acréscimos
ediferimentos
Acréscimose
diferimentos
Total
A
B
A-b
Total
AB:ActivoBruto;AA:AmortizaçõeseAjustamentos;AL:ActivoLíquido
BASEDECAIXA
Diz-sequeumsistemacontabilísticoseencontraelaboradonabasedecaixaquandotemcomoobjectivoúnicoapresentarcontasnumaópticadecaixa,ouseja,tempreocupaçãopelaapresentaçãodasituaçãodetesouraria,
reconhecendo as transacções apenas quando recebidas ou pagas. Neste
sentido,nosistemacontabilísticosãoregistadasapenasentradasesaídas
defundos.OMapadeFluxosdeCaixaéodocumentodeprestaçãodecontasmaisimportanteelaboradonabasedecaixa.Ostermosmaisutilizados
126
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
numsistemacontabilísticoelaboradonestabasesão,Recebimentos,PagamentoseSaldodeTesouraria.
BASEDECAIXAMODIFICADA(BASEDECAIXAECOMPROMISSOS)
Diz-sequeumsistemacontabilísticoseencontraelaboradonabasedecaixa modificada quando tem como objectivo único apresentar contas numa
ópticadecaixa,registandoaindaasfasesanterioresdodireitoareceber
edoscompromissosapagar(situaçãofinanceira).Nestesentido,osistemacontabilísticoregistaoperaçõesdedireitoseentradasdefundosede
compromissosesaídasdefundos.OsMapasdeExecuçãoOrçamentalde
DespesaeReceitasãoexemplosdedocumentosdeprestaçãodecontas
elaboradosnumsistemaembasedecaixamodificada.Osprincipaistermos
utilizadosnumsistemacontabilísticoelaboradonestabasesão:Direitos(ou
Liquidações)eObrigações(ouCompromissos),Recebimentos,Pagamentos,
SaldodeTesouraria,CompromissosporPagareDireitosporCobrar.
BASEDEACRÉSCIMOOUDEESPECIALIZAÇÃODOSEXERCÍCIOS
Diz-se que um sistema contabilístico se encontra elaborado na base de
acréscimo quando permite apresentar contas numa óptica financeira, patrimonialeeconómica.Nestesentido,ossubsistemascontabilísticoscujos
mapassãoelaboradosnestaóptica(ContabilidadeFinanceira,Patrimonial
eContabilidadedeCustos)registamoperaçõesfinanceiras(direitoseentradasdefundoseresponsabilidadesesaídasdefundos)económicas(proveitos,custoseresultados)epatrimoniais(Activo,PassivoeFundoPróprio).O
Balanço,aDemonstraçãodeResultadoseosmapasdecustossãoexemplosdedocumentosdeprestaçãodecontaselaboradosnabasedoacréscimooudaespecializaçãodosexercícios.Designa-seporbasedoacréscimo
oudaespecializaçãodosexercícios(Accrualbasis,eminglês)porqueuma
despesaapenaséregistadacomocustoouperdanomomentoemquehá
consumodosrecursosouemquediminuiopatrimóniodaentidade;porseu
turno,umareceitaapenaséregistadacomoproveitoouganhonoexercício
emqueépercebidoobenefícioeconómico,noexercícioemqueesserecursofoiutilizadocomocusto(permitindo,destemodo,umbalanceamento
entrecustoseproveitos)ounomomentoemqueaumentaopatrimónioda
entidade.
Exemplos:
ü Aaquisiçãodeumcomputadorserádespesanoexercícioeconómicodo
compromisso(compra),serápagamentonomomentodasaídadefundos
e será um custo diferido por vários exercícios à medida que o mesmo
perdevaloreconómico(ouseja,duranteoperíododeamortizações);
127
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
ü Um financiamento obtido para a aquisição desse computador, será receitanoexercícioemqueforatribuído(direitoareceber),recebimento
quandoforefectivamenterecebidoeproveitodeváriosexercícios,pela
percentagemdasamortizaçõesefectuadasaolongodasuavidaútil.
Conceitosutilizadosnestesistemacontabilístico:DireitoseObrigações;Recebimentos;Pagamentos;SaldodeTesouraria;DívidasaPagar;Dívidasa
Receber,CustoseProveitos.
BENSDEDOMÍNIOPÚBLICO
Segundooart.202ºn.º1doCódigoCivil,umacoisaétudoaquiloquepode
serobjectoderelaçõesjurídicas.Porsuavez,on.º2domesmoartigorefere
queseconsideramforadocomérciotodasascoisasquenãopodemserobjectodedireitosprivados,taiscomoasqueseencontramnodomíniopúblico
easquesão,porsuanatureza,insusceptíveisdeapropriaçãoindividual.
EmPortugal,podemosdizerquedeterminadosbensdodomíniopúblicoo
sãodeacordocomasuapróprianatureza,quealeiselimitaareconhecer
comoumarealidadepreexistente(sãoexemplos,oespaçoaéreo,aságuas
marítimasterritoriais,osrios,oslagosepraias).OutrosbenssãoconsideradospúblicosporvontadedaAdministração,porquejáexistiamouporque
foramadquiridosouconstruídosporumapessoacolectivadedireitopúblico
esódepoistornadosdominiais.Éoqueacontececomasauto-estradas,
linhas-férreas,aeroportos,entreoutros.
O art. 84.º da Constituição da República Portuguesa (CRP) refere no seu
n.º1quepertencemaodomíniopúblico:
a)“Aságuasterritoriaiscomosseusleitoseosfundosmarinhoscontíguos,
bemcomooslagos,lagoasecursosdeáguanavegáveisouflutuáveis,
comosrespectivosleitos;
b)Ascamadasaéreassuperioresaoterritórioacimadolimitereconhecido
aoproprietárioousuperficiário;
c)Osjazigosminerais,asnascentesdeáguasmineromedicinais,ascavidades
naturaisesubterrâneasexistentesnosubsolo,comexcepçãodasrochas,
terrascomunseoutrosmateriaishabitualmenteusadosnaconstrução;
d)Asestradas;
e)Aslinhas-férreasnacionais;
128
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
f)Outrosbenscomotalclassificadosporlei.”
AdefiniçãodepatrimóniodoEstadoédadapeloart.2ºdoDLn.º477/80,de
15deOutubro,ondeserefereque,paraefeitosdeinventáriodopatrimónio
doEstado,sedeveconsiderar“oconjuntodebensdoseudomíniopúblico
eprivado,edosdireitoseobrigaçõescomconteúdoeconómicodequeo
Estadoétitular,comopessoacolectivadedireitopúblico.”
Porsuavez,oart.4ºdoDLsupracitadoreferequaisosbensdedomínio
públicoquedevemfazerpartedoinventáriodoEstado,quesão:
“a)Aságuasterritoriaiscomosseusleitos,aságuasmarítimasinteriores
comosseusleitosemargenseaplataformacontinental;
b)Oslagos,lagoasecursosdeáguanavegáveisouflutuáveiscomosrespectivosleitosemargense,bemassim,osqueporleiforemreconhecidos
comoaproveitáveisparaproduçãodeenergiaeléctricaouparairrigação;
c)OsoutrosbensdodomíniopúblicohídricoreferidosnoDecreton.º5787-4I,
de10deMaiode1919,enoDecreto-Lein.º468/71,de5deNovembro;
d)AsvalasabertaspeloEstadoeasbarragensdeutilidadepública;
e)Osportosartificiaisedocas,osaeroportoseaeródromosdeinteressepúblico;
f)As camadas aéreas superiores aos terrenos e às águas do domínio
público,bemcomoassituadassobrequalquerimóveldodomínioprivadoparaalémdoslimitesfixadosnaleiembenefíciodoproprietário
dosolo;
g)Os jazigos minerais e petrolíferos, as nascentes de águas mineromedicinais,osrecursosgeotérmicoseoutrasriquezasnaturaisexistentesno
subsolo,comexclusãodasrochaseterrascomunsedosmateriaisvulgarmenteempregadosnasconstruções;
h)As linhas-férreas de interesse público, as auto-estradas e as estradas
nacionaiscomosseusacessórios,obrasdearte,etc.;
i)Asobraseinstalaçõesmilitares,bemcomoaszonasterritoriaisreservadasparaadefesamilitar;
j)Osnaviosdaarmada,asaeronavesmilitareseoscarrosdecombate,bem
comooutroequipamentomilitardenaturezaedurabilidadeequivalentes;
129
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
l)Aslinhastelegráficasetelefónicas,oscabossubmarinoseasobras,canalizaçõeseredesdedistribuiçãopúblicadeenergiaeléctrica;
m)Ospalácios,monumentos,museus,bibliotecas,arquivoseteatrosnacionais,
bemcomoospaláciosescolhidospeloChefedoEstadoparaaSecretariada
Presidênciaeparaasuaresidênciaedaspessoasdasuafamília;
n)Os direitos públicos sobre imóveis privados classificados ou de uso e
fruiçãosobrequaisquerbensprivados;
o)Asservidõesadministrativaseasrestriçõesdeutilidadepúblicaaodireito
depropriedade;
p)QuaisqueroutrosbensdoEstadosujeitosporleiaoregimedodomíniopúblico.”
Emgeral,osbenssãoadministradospeloEstado,podendotambémseadministradospeloMunicípioeFreguesiaepelasRegiõesAutónomas.
Odomíniopúblicodomunicípioedafreguesiagozadosmesmosatributos
dodomíniopúblicodoEstado,desdelogopelasuaidênticamatrizconstitucional.Odomíniopúblicoautárquicopodeserdefinidocomo“oconjunto
das coisas públicas pertencentes às autarquias locais submetidas a um
regimejurídicoespecíficoquevisagarantirasuautilidadepública”(Almeida
eLopes,1998,p.6).
Carvalhoetal.(1999,p.346)definemBensdeDomínioPúblicocomoaquelesque“sãodestinadosaousopúblico,taiscomocaminhos,estradas,portosepontesconstruídaspeloEstado,parquesejardins,etc.”.Porsuavez,
paraCaiadoePinto(2002)“osbensdedomíniopúblicosãobensdoEstado
aoserviçodoscidadãos,podendonoentanto,algunsapoiaraentidadepúblicanaprestaçãodeserviços”.
AinclusãodosbensdedomíniopúbliconoBalançodeumaentidadepública
temsubjacentesdoisconceitos:
a)Benefício – apesar de poderem não implicar a obtenção de benefícios
futurosdirectosàentidade(nocasodebensdedomíniopúblicoquenão
apoiemaentidadenaprestaçãodosseusserviços),proporcionambenefíciosàcomunidadeaolongodediversosanos;
b)Controlo–aentidadepúblicadeveráterpoderesecapacidadeparagerir
emanteressebem.
130
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
OPOCPprevêumanovacontadeImobilizado,aconta45,paraosdenominadosBensdeDomínioPúblico.
BENSDEDOMÍNIOPRIVADO
Odomínioprivadopodeserdefinidocomooconjuntodebensquenãoencontramintegradosnodomíniopúblico,ouseja:
a)Estão, em princípio, sujeitos ao regime de propriedade estatuído na lei
civil e, consequentemente, submetidos ao comércio jurídico correspondente(acepçãoobjectiva);
b)Sãolivrementeadquiridosenãoobedecemausotipificado;
c)Sãoalienáveis,penhoráveis,prescrevíeiseexpropriáveis.
CNCAP–ComissãodeNormalizaçãoContabilísticadaAdministraçãoPública
AComissãodeNormalizaçãoContabilísticadaAdministraçãoPública(CNCAP)foicriada,noâmbitodoMinistériodasFinanças,peloartigo4ºdoDecreto-Leinº232/97,de3deSetembro,diplomaqueaprovouoPlanoOficial
deContabilidadePública(POCP).
É constituída por uma Comissão Executiva e um Conselho de Normalização Contabilística, sendo o seu funcionamento regulado pelo Decreto-lei
nº68/98,de20deMarço.
ACNCAPtempormissãoasseguraranormalizaçãoeacompanharaaplicação
eaperfeiçoamentodoPOCPedosplanossectoriais,deumaformagradual,de
modoagarantiranecessáriasegurançaeeficácia.Ver:www.mf.dgo.cncap
CONTABILIDADEORÇAMENTAL
Éosubsistemacontabilísticoondeseregistamaaprovaçãoemodificações
doOrçamentoeasfasesdeexecuçãodomesmo.Osprincipaisdocumentos
extraídosdestesistemacontabilísticosãooMapadeControloOrçamental
daDespesa,oMapadeControloOrçamentaldaReceitaeoMapadeFluxos
deCaixa.
Osregistoscontabilísticosaquiefectuadosassentamnabasedecaixaena
basedecaixamodificada.
CONTABILIDADEPATRIMONIAL
Éosubsistemacontabilísticoondesecontabilizamtodasasoperaçõesque
alteram a estrutura patrimonial, económica e financeira de uma entidade,
131
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
quer em termos qualitativos quer quantitativos. Os principais documentos
extraídosdestesistemacontabilísticosãooBalanço,aDemonstraçãode
Resultados por natureza e vários Balancetes das diferentes massas que
compõemoBalanço,oscustoseosproveitos.
Osregistoscontabilísticosaquiefectuadosassentamnabasedoacréscimo
ouespecializaçãodosexercícios.
CONTABILIDADEDECUSTOS
Éosubsistemacontabilísticoondeseapuramoscustos(oucustoseproveitos,designando-se,nestecaso,porContabilidadeAnalítica)porcadafunção,actividadeecadabem.OsprincipaisdocumentosextraídosdestesubsistemacontabilísticosãoosmapasCC(ContabilidadedeCustos)definidos
noponto12doPOCAL.
Osregistosaquiefectuadosassentamnabasedoacréscimoouespecializaçãodosexercícios.
DIGRAFIA
Atécnicaderegistodigráficoresultadaaplicaçãododesignado“princípiodaspartidasdobradas”,queestabelecequeototaldosmovimentos
a débitonascontas deveigualarototal dos movimentos a crédito. Assim,quandoumsistemacontabilísticoregistaqualqueroperaçãocontabilística debitando uma ou várias contas por contrapartida (crédito) de
outra(s),diz-sequeseutilizaométododeregistodigráficooudepartidas
dobradas.
AsprincipaisregrasdadigrafianaContabilidadePatrimonialouFinanceirasão:
a)AscontasdoActivodebitam-sepelosaumentosecreditam-sepelasdiminuições;
b)AscontasdoPassivoeFundosPrópriosdebitam-sepelasdiminuiçõese
creditam-sepelosaumentos;
c)Ascontasdecustos(Classe6)debitam-sepelosaumentosecreditam-se
pelasdiminuiçõesOsaldodestascontasdeveserdevedorounulo;
d)Ascontasdeproveitos(Classe7)debitam-sepelasdiminuiçõesecreditam-sepelosaumentos.Osaldodestascontasdevesercredorounulo;
132
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
e)Ascontasdeapuramentoderesultados(Classe8)debitam-sepeloscustosecreditam-sepelosproveitos.Umsaldodevedorsignificaprejuízo;um
saldocredorsignificalucro.
AsprincipaisregrasdadigrafianaContabilidadeOrçamentalsão:
a)As contas de despesas (contas 02 e 04) creditam-se pelos aumentos
edebitam-sepelasdiminuições,peloqueterãosempresaldocredorou
nulo(idênticaàregradascontasdoPassivo);
b)Ascontasdereceitas(03)debitam-sepelosaumentosecreditam-sepelasdiminuições,peloqueterãosempresaldodevedorounulo(idênticaà
regradascontasdoActivo);
c)Aconta251-Devedorespelaexecuçãodoorçamento,debita-seecreditase no momento da cobrança de receitas, encontrando-se, deste modo,
sempresaldada;
d)A conta 252-Credores pela execução do orçamento, credita-se pela autorizaçãodopagamentoedebita-senomomentodopagamentodeuma
obrigação.Oseusaldodeverásercredorounulo.
NãoestãodefinidasregrasdadigrafiaparaaContabilidadedeCustosepara
as“ContasdeOrdem”(09)daclasse0.
CUSTOSEPERDASVERSUSPROVEITOSEGANHOS
Umcustoéumconsumoenquantoqueumaperdarepresentaumadiminuiçãodovalordeumrecurso(geralmentedecarácterextraordinário).
São custos e perdas de uma entidade todas as operações registadas na
Classe6:
61–Custodasmercadoriasvendidasematériasconsumidas(momentodo
consumoouvenda)
62–Fornecimentoseserviçosexternos(porregra,nomomentodaobrigação)
63–Transferênciasesubsídioscorrentesconcedidoseprestaçõessociais
(momentodaautorização)
64–CustoscomoPessoal(momentodaobrigação)
65–Outroscustoseperdasoperacionais(momentodaobrigação)
66–Amortizações(momentododesgaste,normalmenteregistadasunicamenteem31deDezembro)eajustamentosdoexercício(momentoda
desvalorizaçãodasexistênciaseinvestimentosfinanceiros,bemcomo
133
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
da provável não cobrança de direitos já registados como proveitos;
normalmenteregistadasem31deDezembro)
67–Provisõesdoexercício(momentodoreconhecimentodepossíveis–não
certos–outroscustos;asprovisõessãonormalmenteregistadasou
actualizadasem31deDezembro);
68–Custoseperdasfinanceiros(anodereconhecimentocomocusto)
69–Custoseperdasextraordinários(anodereconhecimentocomocusto)
Umproveito(ourédito)éumaumentodovalordopatrimónioderivadoda
venda, prestação de serviços, cobrança de impostos e taxas e de outras
receitas.Umganhoéumavariaçãopatrimonialpositiva,geralmentedecarácterextraordinário.
Sãoproveitoseganhosdeumaentidadetodasasoperaçõesregistadasna
Classe7:
71–Vendaseprestaçãodeserviços(momentodoreconhecimentododireito)
72–Impostosetaxas(momentodaliquidaçãooureconhecimentododireito)
73–Proveitossuplementares(momentodoreconhecimentododireito)
74–Transferênciasesubsídiosobtidos(momentodoreconhecimentododireito)
75–Trabalhosparaaprópriaentidade(momentodaconclusãodobemou
nofimdoexercício)
76–Outrosproveitosouganhosoperacionais(momentodoreconhecimento
dodireitoouem31deDezembro)
78–Proveitoseganhosfinanceiros(anodereconhecimentocomoproveito)
79–Proveitoseganhosextraordinários(anodereconhecimentocomoproveito)
A diferença entre os Proveitos e Ganhos e Custos e Perdas representa a
ResultadoEconómico(lucroouprejuízo).
DESPESASVERSUSRECEITAS
Umadespesaéumaaquisiçãodeumbemouserviçoemqueaúltimafase
doprocessoéopagamento.
NaAdministraçãoPúblicaasdespesasdividem-seemdoisgrandesgrupos:
despesasdecapitaledespesascorrentes.
Asdespesaspodemsãotransformadosemcustosquandoforemconsumidosoudesvalorizados.Porexemplo,quandoseadquireumcomputador,estamosperanteumadespesanomomentodasuaaquisiçãoeserá
custoduranteosanosemquesedesvaloriza(amortizações),combase
no princípio da especialização dos exercícios (o computador vai gerar
134
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
proveitosváriosexercícios,logoocustoserádiferidotambémporesses
exercícios).
Estamosperanteumareceitaquandoéreconhecidoodireitoocobrardeterminadaimportância.
As receitas são transformadas em proveitos no exercício económico que causaramcustosoufoinecessáriooconsumoderecursosparaaobtençãodesse
proveito.Porexemplo,umatransferênciacorrenterecebidaserácustonesseexercícioumavezquesedestinaàaquisiçãoepagamentodebenseserviços(custos)Umatransferênciadecapital,éumareceitanoexercícioquesereconheceo
direitoacobrar,masumproveitodiferidopelosexercíciosemqueaaquisiçãodo
bemfinanciadovaidesvalorizando(duranteosanosemqueseamortizaobem).
Ver:custoseperdasversusproveitoseganhos
EXERCÍCIOECONÓMICO
Períodocorrespondenteàexecuçãoorçamentária,financeiraepatrimonial.
EmPortugaloexercícioeconómicocoincidecomoanocivil.
FUNDOSPRÓPRIOS
ÉadiferençaentreoActivoeoPassivodoBalançonumadeterminadadata.
NasempresasprivadasestacomponentedoBalançodesigna-sepor“Capitalpróprio”ou“Situaçãolíquida”ou“capital,reservaseresultados”.
Ver:Activo,Passivo,Balanço
PASSIVO
NaNormaInternacionaldeContabilidadenº1,oconceitodePassivoédefinidodaseguinteforma:“Passivos-obrigaçõespresentesdaentidadeprovenientesdeacontecimentospassados,cujaliquidaçãoseesperaqueresulte
numexfluxoderecursosdaentidadequeincorporambenefícioseconómicos
ouserviçopotencial.”
OPassivoéconstituídoporduasgrandescomponentes:
a)Ospassivosexigíveis,istoé,asobrigaçõespresentesdaentidadeprovenientes de acontecimentos passados, cuja liquidação se espera que
resultenumfluxodesaídaderecursosfinanceirosdaentidade;
b)Osacréscimosdecustoseosproveitosdiferidosemobediênciaaoprincípiodaespecializaçãodosexercícios.Dadooelevadovalornestacompo135
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
nente(nomeadamenteProveitosdiferidos)nascontasdosMunicípios,o
totalPassivopodeserbastantesuperioràsdívidasapagar.
SATAPOCAL
OSub-grupodeApoioTécnicoàaplicaçãodoPOCAL–SATAPOCAL,foicriado
peloDespachon.º4839/99,de22deFevereiro,doSecretáriodeEstadoda
AdministraçãoLocaleOrdenamentodoTerritório,publicadonoD.R.n.º57,II
Série,de9deMarçoeaditadopeloDespachon.º19942/99,de28deSetembro,publicadonoD.R.245,IISérie,de20deOutubro,comoobjectivo
desalvaguardarauniformidadeinterpretativadasquestõessuscitadaspelasautarquiaslocais,propondonotastécnicasepropostasdemodificações
legislativas,emarticulaçãocomasorientaçõesdaComissãodeNormalizaçãoContabilísticadaAdministraçãoPública.
SISTEMADECONTROLOINTERNO
Anormanº6daIFAC(InternacionalFederationofAccountants)dispõeque“
OsistemadeControloInternoéoplanodeorganizaçãoetodosemétodos
eprocedimentosadoptadospelaAdministraçãodeumaentidadeparaauxiliaraatingiroobjectivodegestãoeassegurar,tantoquantoforpraticável,
ametódicaeeficientecondutadosseusnegócios,incluindoaaderênciaàs
políticasdaadministração,salvaguardadosactivos,aprevençãoedetecção
defraudeseerros,aprecisãoeplenitudedosregistoscontabilísticosea
atempadapreparaçãodeinformaçãofinanceirafidedigna”.
OPOCALapresentanoponto2.9osmétodoseprocedimentosdecontroloa
incluirnanormadecontrolointernoaaprovarporcadaórgãoexecutivo.
136
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
ANEXOII–BIBLIOGRAFIA
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138
AUTORES
✤JoãoBaptistadaCostaCarvalho(jcarvalho@eeg.uminho.pt)
ProfessorAssociadonaEscoladeEconomiaeGestãodaUniversidadedoMinho.Licenciado
emGestãodeEmpresaspelaUniversidadedoMinho.
DoutoradoemCiênciasEmpresariais,especializaçãoemContabilidade,
pelaUniversidadedeSaragoça,Espanha.
Co-autordosseguinteslivros:POCALComentado;POC-EducaçãoExplicado;
TemasdeContabilidadePública;CIBE–Comentado.
DirectordoMestradoemContabilidadeeAuditoriadaUniversidadedoMinho.
PresidentedaComissãoparaaContabilidadePúblicadaCâmaradosTécnicosOficiaisdeContas.
PresidentedaDirecçãodaADCES–AssociaçãodeDocentesdeContabilidadedoEnsinoSuperior.
Autordediversaspublicaçõesecomunicaçõesinternacionais.
Áreasdeinteresseparainvestigação:ContabilidadeemespecialreferênciaaContabilidadePública.
✤ MariaJoséFernandes(
[email protected])
LicenciadaemGestãodeEmpresaspelaUniversidadedoMinho.MestreemAdministração
PúblicatambémpelaUniversidadedoMinho.DoutoradaemCiênciasEmpresariaispela
UniversidadedeSantiagodeCompostela,Espanha(2004).ProfessoraAdjuntanaEscola
SuperiordeGestãodoInstitutoPolitécnicodoCávadoeAve,ondeleccionaasdisciplinas
deContabilidadePúblicaaoníveldoscursos
delicenciaturaepós-graduação.Autoradediversaspublicações,bemcomo
decomunicaçõesapresentadasemcongressosnacionaiseinternacionaissendo
asuaáreadeinvestigaçãoaContabilidadePública.
✤ PedroCamões(
[email protected])
LicenciadoemAdministraçãoPúblicapelaUniversidadedoMinho(1992).
MestreemAdministraçãoPúblicatambémpelaUniversidadedoMinho(1996).
DoutoradoemAdministraçãoPúblicapelaUniversidadedaCarolinadoSul,EUA(2004).
ÉProfessorAuxiliardaEscoladeEconomiaeGestãodaUniversidade
doMinho,ondeleccionadisciplinasdeFinançasPúblicaseFinançasLocaisaonívelde
licenciatura,eAdministraçãoOrçamentaleAdministraçãoAutárquicaaoníveldepósgraduação.MembrodoNEAPP(NúcleodeEstudosemAdministraçãoePolíticasPúblicase
InvestigadorResponsáveldoProjectoPOCI/CPO/58391/2004FinanciadopelaFundaçãopara
aCiênciaeTecnologia,intituladoAEficiêncianoUsodosRecursosPúblicoseaQualidadeda
DecisãoMunicipalPortuguesa.
✤ SusanaMargaridaFaustinoJorge(
[email protected])
LicenciadaemOrganizaçãoeGestãodeEmpresaspelaFaculdadedeEconomiada
UniversidadedeCoimbra(1994).MestreemGestãodeEmpresas,naespecialidadede
FinançasEmpresariais,pelaEscoladeEconomiaeGestãodaUniversidadedoMinho(1998).
DoutoradaemContabilidadeeFinanças,naespecialidadedeContabilidadedosGovernos
Locais,pelaBirminghamBusinessSchooldaUniversidadedeBirmingham,Inglaterra(2003).
ProfessoraAuxiliarnaFaculdadedeEconomiadaUniversidadedeCoimbra,ondelecciona
asdisciplinasdeContabilidadePública,ContabilidadedeGestãoeContabilidadeFinanceira.
Autoradediversaspublicaçõesecomunicaçõesinternacionais.
MembrodoComitéCientificodaredeinternacionaldeinvestigaçãoCIGAR–Comparative
InternationalGovernmentalAccountingResearch.
Áreasdeinteresseparainvestigação:ContabilidadePública,comespecialpreferência
porContabilidadeAutárquica.