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Masculinidades queer no voleibol - revisitando The Iron Ladies

2016, Revista Textura

Trazemos neste artigo discussão sobre a película tailandesa The Iron Ladies, que mostrou em sua história o caso real de uma equipe que na década de 1990 disputou a liga nacional de voleibol masculino na Tailândia, composto por atletas com performatizações de gênero não normativas, que designamos no texto como masculinidades queer. Para tal, nos utilizamos dos estudos queer e operacionalizamos análise fílmica pela metodologia pós-estruturalista etnografia de tela. Reconhecemos que o longa-metragem tailandês problematizou importantes deslocamentos de sentidos sobre o masculino no esporte, através da performatização queer dos jogadores de voleibol, ponto principal da película que se utilizou de deboche e ironia como alavanca para a ruptura.

Masculinidades queer no voleibol - revisitando the iron ladies Leandro Teofilo de Brito1 Vanessa Silva Pontes2 Erik Giuseppe Barbosa Pereira3 Resumo Trazemos neste artigo discussão sobre a película tailandesa The Iron Ladies, que mostrou em sua história o caso real de uma equipe que na década de 1990 disputou a liga nacional de voleibol masculino na Tailândia, composto por atletas com performatizações de gênero não normativas, que designamos no texto como masculinidades queer. Para tal, nos utilizamos dos estudos queer e operacionalizamos análise fílmica pela metodologia pós-estruturalista etnografia de tela. Reconhecemos que o longa-metragem tailandês problematizou importantes deslocamentos de sentidos sobre o masculino no esporte, através da performatização queer dos jogadores de voleibol, ponto principal da película que se utilizou de deboche e ironia como alavanca para a ruptura. Palavras-chave: masculinidades, queer, voleibol, esporte, cinema Queer masculinities in volleyball - revisiting the iron ladies Abstract We analyze in this article the Thai film The Iron Ladies, that showed in its history the real case of a team that played in the 90s the national volleyball league in Thailand composed by athletes with unregulated gender performances, which we call in the text as queer masculinities. For this, we use the queer studies and film analysis by post-structuralist ethnography of the screen methodology. We recognize that the Thai film discussed important displacement of senses about the masculine in sports by queer performance of the volleyball players, main point of the film, using mockery and irony as a lever for break. Keywords: masculinities, queer, volleyball, sports, cinema 1 Doutorando do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e membro do Grupo de Estudos sobre Diferença, Desigualdade e Educação Escolar da Juventude. Professor EBTT Colégio Pedro II. 2 Bacharel em Educação Física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e Especialista em gênero e sexualidade pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Membro do Laboratório de Estudos e Pesquisas sobre Corpo, Esporte e Sociedade (GECOS/LabCoeso - EEFD/UFRJ). 3 Doutor em Ciências do Exercício e Esporte pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Professor Adjunto da Escola de Escola de Educação Física e Desportos - UFRJ. Líder do Laboratório de Estudos e Pesquisas sobre Corpo, Esporte e Sociedade (GECOS/LabCoeso – EEFD/UFRJ). Textura Canoas v. 18 n.38 p. 178-194 set./dez. 2016 AQUECENDO O campo do esporte durante décadas performatizou-se como um espaço heterocentrado e generificado, em especial no que concerne às masculinidades, significadas pelos modelos mais normalizadores, tais como virilidade, força, agressividade, coragem dentre outros atributos essencializados que se afastassem de qualquer aproximação com um suposto feminino. Entretanto, sujeitos não enquadrados em tais premissas, que escapam das normas e que buscam desestabilizar os sentidos mais estáveis do masculino, embora, muitas vezes invisibilizados e silenciados, não podem ser considerados inexistentes nas diferentes modalidades, em específico no voleibol, esporte que colocamos em discussão neste artigo, através do longa metragem tailandês The Iron Ladies. Com o título brasileiro As Damas de Ferro, o filme, datado do ano 2000 e com direção de Yongyooth Thongkonthun, trouxe em seu enredo a história de uma equipe de voleibol masculina do distrito tailandês de Lampang, composta por atletas que, por nosso olhar, se autoidentificavam como homossexuais (Mona, Jung e Nong), bissexual (Wit), transgênero (Pia) e heterossexual (Chai), com uma treinadora mulher e lésbica (Bee), e que venceu a liga nacional da Tailândia, no ano de 1996. Cabe colocar que, embora tenhamos feito o enquadramento das personagens4 em identificações de gênero e orientação sexual, há certa fluidez que desloca sentidos mais estáveis em algumas destas identificações e que explanaremos de modo mais claro ao longo das análises do filme. Baseado em fatos reais, The Iron Ladies foi um longa-metragem pioneiro em mostrar a circulação de pessoas LGBTs no espaço do voleibol, e, mesmo o filme sendo classificado como comédia e considerado “excessivamente caricatural”, em resenha publicada por Rojo & Melo (2006, p.1), problematizou de maneira inédita, especialmente naquela época, a presença de masculinidades não normativas e alternativas no contexto do esporte, questão chave que nos motivou ao revisitarmos a película tailandesa. Adentrando nesta discussão, enfatizamos que aqui no Brasil o voleibol também tem sido o principal esporte em que se observam frequentes deslocamentos de sentidos fixos e estabilizados sobre as masculinidades. O 4 Ao longo do texto estaremos nos referindo às personagens, jogadores do time de Lampang, tanto no feminino como no masculino, parafraseando Beatriz Preciado, na busca por dinamitar a verdade do sexo e do gênero a um binômio (AMELA, 2008), posição explicitamente assumida por The Iron Ladies em sua história. Textura, v. 18 n.38, set./dez.2016 179 primeiro caso de um atleta de voleibol brasileiro a se anunciar como homossexual foi em 1995, o jogador Lilico: o atleta criou polêmica no meio do esporte, pois afirmou diversas vezes em entrevistas que não era convocado para seleção principal – embora tenha participado de seleções de base – por ser gay. O atleta faleceu ainda jovem, aos 30 anos, em 2007, por complicações causadas por um AVC - acidente vascular cerebral (MARTINS, 2011). No decorrer da temporada 2010/2011, mais especificamente no primeiro jogo do playoff semifinal entre os times do Sada/Cruzeiro e do extinto Vôlei Futuro, a Superliga Masculina de Vôlei também foi palco de um caso de homofobia que envolveu o atleta Michael, jogador do Vôlei Futuro, e a torcida do Sada/Cruzeiro. Michael, durante o jogo, foi hostilizado pela torcida do time adversário, que atuava em casa, na cidade de Contagem/MG, com os xingamentos de “bicha” e “viado”. Logo após o episódio, Michael, com o apoio dos companheiros e da equipe, assumiu-se publicamente como gay, com o objetivo de divulgar de forma ampla a questão da homofobia no esporte brasileiro. O fato causou muita repercussão na mídia brasileira e internacional, gerando também pesquisas acadêmicas sobre o fato (BANDEIRA, 2013; ANJOS, 2015). Outro atleta brasileiro profissional, Vinicius Santos, com passagens pela seleção brasileira e que hoje atua no voleibol italiano, publicizou recentemente sua orientação como homossexual na mídia e fez pequeno relato sobre ser gay e negro no espaço do voleibol em um blog LGBT5, no ano de 2015. Um dos casos mais recentes e notórios é o da atleta brasileira transgênero Tiffany Abreu, atualmente jogadora de uma equipe masculina na Bélgica. Tiffany, que se chamava Rodrigo Pará quando jogava no Brasil, durante a temporada 2013/2014 atuava numa equipe em Amsterdã onde começou sua transição de gênero, sendo apoiada pelo clube holandês nesse processo de mudança (BRITO; PONTES, 2015). Torneios e campeonatos de voleibol, voltados especificamente para o público gay, também têm ocorrido constantemente aqui no Brasil, na Região Norte. A Liga Amazonense Gay (DANTAS, 2015), já denominada anteriormente de Superliga Gay (SERRÃO, 2011), ocorre anualmente em Manaus de forma oficial desde 1992, mas há registros de sua existência desde os anos de 1970, período da ditadura militar no país. Outro torneio é o Grand Prix LGBT (CASTRO, 2015), que teve sua quinta edição no ano de 2015, também em Manaus. Entretanto, a existência de 5 Blog Universo AA. Disponível em: <http://www.universoaa.com.br/opiniao/parada-uaa-um-jogador-devolei-carioca-que-deu-certo-na-italia-conta-como-venceu-no-esporte-mesmo-gay-e-negro/>. Acesso em: <9 de junho de 2016>. Textura, v. 18 n.38, set./dez.2016 180 ligas de voleibol para o público gay não se restringe apenas ao Brasil e países como República Dominicana6 e EUA7 também organizam campeonatos e torneios. No contexto desta discussão, Coelho (2009), antropóloga que realizou pesquisas em jogos de vôlei e etnografias virtuais em grupos que discutiam o esporte nas redes sociais, afirma que o voleibol se constitui como um espaço de socialização híbrida e homoerótica. Considerando o futebol como um esporte que historicamente excluiu mulheres e homossexuais de seu universo, a autora afirma que o voleibol absorveu tanto a presença de mulheres como de masculinidades não normativas entre torcedores/as e praticantes. Nas palavras da antropóloga: “O voleibol estaria mais aberto à pluralidade, ou seja, daria a estrutura simbólica para que a feminilidade feminina, a feminilidade masculina, a masculinidade masculina, a masculinidade feminina e outras combinações possíveis tivessem seu espaço esportivo” (p.91). Deste modo, para análise e discussão de The Iron Ladies/As Damas de Ferro, tomamos como base teórica a perspectiva queer. Buscando questionar a heterossexualidade como norma, assim como o binarismo presente nas categorias masculino/feminino e heterossexual/homossexual, a teoria queer emerge de uma aliança, segundo Salih (2012), até certo ponto incômoda entre teorias feministas, pós-estruturalistas e psicanalíticas na desconstrução da categoria sujeito, pouco se importando com definição, fixidez e estabilidade nas questões identitárias. A teoria queer pode ser considerada uma escola de pensamento com visão bastante heterodoxa de disciplina, pois abarca um leque diverso de práticas, tais como análises das relações de poder, sociais e políticas da sexualidade, críticas ao sistema sexo-gênero, estudos sobre pessoas transgêneros, assim como também leituras da representação do desejo pelo mesmo sexo em textos literários, filmes, músicas, imagens, dentre outros (SPARGO, 2006). O termo queer considerado xingamento, palavrão e injúria aos homossexuais no contexto estadunidense foi ressignificado durante o surgimento da epidemia de aids, na segunda metade da década de 1980, quando o movimento gay e lésbico Queer Nation se apropriou do termo como 6 Gay Volleyball league in Dominican Republic. Disponível em: <http://new-jerseynets21.blogspot.com.br/2011/07/gay-volleyball-league-in-dominican.html>. Acesso em: 21 de Junho de 2016. 7 North American Gay Volleyball Association. Disponível em: <http://www.nagva.org/>. Acesso em: 21 de Junho de 2016. Textura, v. 18 n.38, set./dez.2016 181 uma forma radical de oposição à rejeição sofrida naquele período. “A ideia por trás do Queer Nation era a de que parte da nação foi rejeitada, foi humilhada, considerada abjeta, motivo de desprezo e nojo, medo da contaminação. É assim que surge o queer, como reação e resistência a um novo momento biopolítico instaurado pela aids” (MISKOLCI, 2013, p.24). Essa ressignificação do termo queer, de um xingamento para uma posição política de contestação, é nomeada por Sedgwick (1993), tomando como referência Judith Butler, de performatividade queer. A força performativa do queer, segundo a autora, permite que pessoas LGBTs apropriem-se do termo através da inversão de um xingamento para uma posição política e epistemológica que abarque a afirmação de suas identidades, até então tidas como abjetas e excluídas. Butler (2015a), ao enunciar o gênero como performativo, aponta que a repetição de atos, gestos, atuações e encenações, permeados por aspectos linguísticos-discursivos, busca normatizar os sujeitos como masculinos ou femininos. Entretanto, o caráter contingente da performatividade permite tanto possibilidades de repetição das normas como de descolamentos de sentidos, pois, em suas palavras: “[...] seria um equívoco entender a operação das normas de maneira determinista. Os esquemas normativos são interrompidos um pelo outro, emergem e desaparecem dependendo de operações mais amplas de poder [...]” (BUTLER, 2015b, p.17). A noção de performatividade queer será importante para discussão que propomos sobre The Iron Ladies. Destacamos que a interlocução da teoria queer com o campo de estudos dos esportes ainda é incipiente e relativamente recente aqui no Brasil, mas já foi problematizada por autoras/es que colocaram em evidência identificações de gênero e sexualidades não normativas no contexto das diferentes práticas esportivas (CAMARGO, 2014; GRESPAN; GOELLNER, 2014; FRANCO, 2016), como também em análises de filmes que discutiam especificamente sexualidade e esportes (CHAVES; ARAÚJO, 2015a; CHAVES; ARAÚJO, 2015b). Para operacionalizar análise fílmica de The Iron Ladies à luz da perspectiva queer, utilizamos a proposta metodológica de Balestrin & Soares (2014) denominada etnografia de tela. Como um recurso metodológico que busca pesquisar com e sobre imagens em movimento, considerando filmes e programas de TV como telas a serem etnografadas, a etnografia de tela tece um olhar de múltiplos sentidos sobre seu alvo de análise, pois reconhece, através da perspectiva pós-estruturalista, uma leitura plural, dinâmica e até Textura, v. 18 n.38, set./dez.2016 182 mesmo conflitiva, o que a diferencia de outras abordagens de análise de imagens. Essa estratégia discursiva é interessante para uma leitura de filmes ou mesmo de outras imagens, como de programas televisivos. Em vez de imaginarmos o que seria real ou mentira, poderíamos pensar que são citações que põem em campo determinados significados. A tela seria uma das possibilidades concretas de apresentar e constituir a chamada realidade. A tela torna-se uma teia de discursos. Discursos esses que fazem as realidades existirem, persistirem e, por vezes, modificarem-se. Entre as possibilidades do fazer etnográfico a partir de uma tela, consideramos que o cinema é um campo fértil para analisarmos os diferentes processos de significação envolvidos na manutenção, na construção e na desconstrução de determinados discursos (BALESTRIN; SOARES, 2014, p.92). Empreendendo a proposta de etnografia de tela no referido filme, realizamos os seguintes procedimentos, tomando como base algumas das proposições das autoras: observação sistemática e variada sobre o filme, assistindo-o com o mínimo de interrupções, apenas com pausas para registro; uso de caderno de campo para registro de cenas, questões e pontos potencialmente relevantes para análises; e por fim, escolha das cenas. Sendo assim, após a imersão profunda na tela, selecionamos cenas que nos permitissem discutir como as personagens centrais do filme, atletas da equipe de Lampang, deslocavam/repetiam os sentidos mais normativos do masculino, ao performatizarem masculinidades que designamos neste artigo como queer. Pensar as masculinidades pela perspectiva queer, além da ruptura com qualquer estabilização identitária, significa reconhecer a infinitude nas identificações dos sujeitos para além da pluralidade e multiplicidade de sentidos atribuídos ao masculino. Ao nomearmos as masculinidades como queer, apontamos para a potencialização performativa de infinitas e incontáveis masculinidades nos processos de identificação dos sujeitos. MASCULINIDADES QUEER EM QUADRA E EM CENA A primeira cena do filme apresenta um teste para uma equipe de voleibol e Mona, preterida da lista, questiona o treinador após a divulgação dos nomes: “Não fui escolhido porque sou gay, certo?”. Sem a resposta do treinador, que desvia o olhar, o filme segue-se para a próxima cena, na apresentação de Jung, que, assim como Mona, vende bolinhos de arroz numa espécie de feira tailandesa. Em diálogo com Mona, Jung aborda o corte do Textura, v. 18 n.38, set./dez.2016 183 amigo da equipe de voleibol: “Você ainda não superou, não é Mona? Você devia saber que esses clubes idiotas não aceitam gays nos times! No máximo pegam uns enrustidos e é só isso”. Tanto Mona como Jung (talvez até mais Jung que Mona) apresentam no filme uma performatização de gênero que se aproxima do feminino, e, neste sentido, estas cenas retratam a dificuldade de aceitação de tal identificação não só no contexto do esporte, mas na sociedade de uma maneira geral. O enquadramento destas personagens em uma identificação de gênero mais estável (feminino ou feminilidade masculina, por exemplo) acreditamos não ser viável no que o filme busca problematizar em sua história e, neste sentido, parafraseando Beatriz Preciado em entrevista a Carrillo (2010), os deslocamentos identitários de Mona e Jung desestabilizam a naturalização da filiação e da diferença sexual, que sujeitos queer promovem com seus corpos através de suas performatizações subversivas. Ainda em Preciado (2011), a autora afirma que: “Desidentificação surge das ‘sapatas’ que não são mulheres, das bichas que não são homens, das trans que não são homens nem mulheres” (p. 15). É por este movimento de queerização das (des) identificações, que The Iron Ladies promove rupturas nos sentidos mais normativos do masculino. As cenas e as falas das personagens, descritas acima, também evidenciam a presença da heteronormatividade no contexto do esporte, seja pelo corte de Mona, no teste para a equipe, seja também pela fala naturalizada de Jung, que justifica a dificuldade de inserção de masculinidades não normativas nas equipes de voleibol. Miskolci (2013) afirma que a sociedade não nega por completo a homossexualidade, porém a mesma ainda exige o cumprimento das expectativas em relação ao gênero e a um estilo de vida em que a heterossexualidade seja um modelo inquestionável. Também analisamos a fala de Jung pelo que o autor nomeia de “regimes de normalização” (MISKOLCI, 2013, p. 45), pois sua fala repete e naturaliza a norma social que exclui masculinidades alternativas do meio esportivo, como se as mesmas, de fato, não pudessem estar presentes no espaço do voleibol. Chai, único atleta do grupo que se identifica como heterossexual e escolhido, posteriormente, como capitão do time é apresentado no filme pela sua participação em um treino de vôlei, quando o mesmo é rechaçado por um integrante misógino e homofóbico do time, Mann, em um erro de levantamento. O atleta, nesta cena, é interpelado com a afirmação homofóbica de que é melhor sair rebolando do que jogar vôlei. Em cena posterior, Chai afirma que a vinda da treinadora Bee para a equipe pode ensinar algo bom para o time e novamente é interpelado por Mann: “parece que você quer ser amigo Textura, v. 18 n.38, set./dez.2016 184 da ‘sapata’”. No teste para a reformulação da equipe, mais uma vez Chai é interpelado com adjetivações homofóbicas por Mann e seus amigos, por compor a mesma equipe que Mona e Jung, que também estão inscritos no teste. Estas cenas iniciais de Chai mostram como os efeitos da heteronormatividade, muitas vezes, cerceiam os sujeitos independente de sua orientação sexual. O atleta, no primeiro momento, apresenta resistência em fazer parte de uma equipe com sujeitos que performatizam masculinidades não normativas, mas ao longo do filme tal questão mostra ser superada, em especial pelos diversos embates com Mona, que se mostra sempre incomodada com a postura do colega, mas que consegue fazê-lo refletir sobre variados pontos nas discussões que travam no filme. Problematizamos a mudança de comportamento de Chai, a partir do que Schlichter (2007) nomeia de heterossexuais queer: sujeitos que se identificam como heterossexuais e envolvem-se na crítica e subversão de práticas heteronormativas, em coligação com gays, lésbicas e pessoas transgêneros, tornando-se afiliados de um projeto queer. Chai, neste contexto, ao jogar em um time composto por sujeitos que encenam performatizações queer, assumindo ao longo do filme sua posição de parceria com os companheiros, engaja-se politicamente não só na luta pela visibilidade das diferenças de pessoas LGBTs no contexto do esporte, mas na sociedade como um todo. Os outros componentes da equipe de Lampang: Nong, Wit e Pia, serão escolhidos após debandada de Mann e alguns de seus amigos, inicialmente selecionados no teste por Bee, depois de constatarem que Mona e Jung também farão parte do time para a disputa do campeonato nacional tailandês. Mann não admitia fazer parte de um time composto por “bichas”, como ele mesmo afirma, e abandona o time com outros jogadores. Assim, ao conversarem com Bee, Mona e Jung tem a ideia de convidar colegas de um extime da faculdade para compor a equipe de Lampang. O militar do exército Nong é o primeiro a ser convidado, e, na primeira cena, fica evidente sua performatização de masculinidade queer: alto e forte, chega a estourar uma bola numa cortada em um jogo de vôlei, ao mesmo tempo que está com maquiagem no rosto, a unha grande e pintada com esmalte verde, o cabelo com um desenho de um coração feito à máquina e duas trancinhas. Em uma de suas primeiras falas, se coloca no feminino “estou toda machucada”, após ser ovacionado e jogado para o alto pelos outros militares ao fim do jogo de vôlei. Complementamos que Mona, Jung e Pia também, assim como Nong, dialogam identificando-se pelo feminino em grande parte do filme, além de que os termos “bicha”, “drag queen”, “travesti”, “gay” e Textura, v. 18 n.38, set./dez.2016 185 “viado”, enunciações queer que tanto as personagens se nomeiam como as pessoas se referem a elas (como uma injúria), mostram-se como sinônimos na película. A performatização queer dos jogadores de voleibol da equipe de Lampang é a tônica do filme que, em tom de deboche, desestabilizam os sentidos mais normatizadores e regulatórios do gênero, que se fazem presentes no esporte, promovendo rupturas. Para Butler (2015c): O termo queer emerge como uma interpelação que levanta a questão do lugar que ocupa a força e a posição, a estabilidade e a variabilidade dentro da performatividade. O termo “queer” opera como uma prática linguística com o propósito de envergonhar o sujeito que nomeia, ou melhor, produz um sujeito através dessa interpelação humilhante. A palavra “queer” leva sua força justamente da invocação repetida que ligou o termo à acusação, à patologização e ao insulto (p.318, tradução nossa8). Pia, a próxima jogadora a ser convidada para a equipe de Lampang, apresenta de forma mais explícita a identificação feminina e, por suas falas iniciais, enfatizando as mudanças que fez em seu corpo, pode ser identificada como uma pessoa transgênero. A personagem reluta inicialmente em dar resposta sobre sua participação na equipe de vôlei, já que no momento atual de sua vida dança em um cabaré, mas no fim aceita. Enfatizamos que, de acordo com decisão do Comitê Olímpico Internacional9, a partir dos Jogos Olímpicos de 2016, atletas transgêneros já podem competir no naipe (masculino e feminino) com o qual se identificam, sem a necessidade de cirurgia de readequação sexual. Até recentemente, uma pessoa que nasceu biologicamente homem e que passa a se identificar como mulher, para atuar em uma equipe esportiva feminina, era obrigada a passar pela terapia de hormonização (para readequação dos níveis de testosterona), além da cirurgia de transgenitalização. No contexto do filme, Pia, em momento algum reinvindicava sua participação em uma equipe feminina de vôlei ou mesmo se 8 “El término queer emerge como uma interpelación que plantea la cuestión del lugar que ocupan la fuerza y lá oposición, la estabilidade y la variabilidade, dentro de la performatividad. El término ‘queer’ opero como uma práctica lingüística cuyo propósito fue avergonzar al sujeito que nombra o, antes bien, producir um sujeito a través de esa interpelación humillante. La palavra ‘queer’ adquire su fuerza precisamente de lá invocación repetida que terminó vinculándola com la acusación, lá patologización y el insulto”. 9 Disponível em: https://stillmed.olympic.org/Documents/Commissions_PDFfiles/Medical_commission/201511_ioc_consensus_meeting_on_sex_reassignment_and_hyperandrogenism-en.pdf. Acesso em: 26 de junho de 2016. Textura, v. 18 n.38, set./dez.2016 186 mostrava constrangida em jogar torneios masculinos, ficando naturalizado que, mesmo identificando-se como mulher, sua inserção no esporte continuaria a ser com homens. Reconhecemos que no período do filme, início dos anos 2000, a luta de pessoas transgêneros por inclusão social visibilidade era bem mais silenciada que no momento atual. De todo modo, a presença de Pia compondo uma equipe masculina de voleibol em The Iron Ladies produziu deslocamentos importantes dentro de um espaço que se reconhece como reduto de masculinidades normativas, como é o campo do esporte. [...] certos tipos de identidades de gênero parecem ser meras falhas do desenvolvimento ou impossibilidades lógicas, precisamente por não se conformarem às normas da inteligibilidade cultural. Entretanto, sua persistência e proliferação criam oportunidades críticas de expor os limites e os objetivos reguladores desse campo de inteligibilidade e, consequentemente, de disseminar, nos próprios termos dessa matriz de inteligibilidade, matrizes rivais e subversivas de desordem de gênero (BUTLER, 2015a, p.44). O último jogador convidado a integrar a equipe é Wit, que na primeira cena de aparição no filme está ficando noivo de uma moça. O futuro atleta da equipe de Lampang recebe na festa de noivado, além de Pia, a presença de Jung, Mona e Nong, que nas imagens apresentam performatizações normativas de masculinidade, possivelmente para não chocar sua família que encontra-se presente no evento. Os amigos aparecem na festa justamente para lhe fazer o convite de voltar a jogar voleibol. No decorrer da história, fica mais claro que Wit performatiza a identificação heterossexual para sua família, possivelmente por não ter coragem de se assumir como homossexual/bissexual publicamente. A cena final de Wit apresenta como informação a seguinte frase: “E Wit finalmente decidiu viver sua própria vida”, enfatizando que o atleta seguiu seu caminho sem se preocupar com as pressões familiares. Neste sentido, Butler (2015a) afirma que incoerências das práticas heterossexuais, homossexuais e bissexuais operam como lugares de intervenção, denúncia e deslocamentos das repetições mais normativas da sexualidade, colocando em evidência seu caráter não naturalístico. Wit é mais um atleta da equipe de Lampang que desestabiliza uma identificação fixa, neste caso de orientação sexual, transitando entre as identificações hetero-homo-bissexual, mesmo que dentro de um contexto de pressão da sociedade. A treinadora Bee ainda completa a equipe com os reservas nomeados como Abril, Maio e Junho, que também performatizam masculinidades não normativas ou alternativas. A equipe inicia os treinamentos dirigidos por Bee e Textura, v. 18 n.38, set./dez.2016 187 tornam-se logo conhecidos na cidade local, em alguma medida até por certo escárnio, quando, pelas cenas, se vê as pessoas rindo e debochando das performatizações de gênero dos atletas, o que parece não ser um problema para os mesmos. Como afirma Sedgwick (1993) pessoas que se autoidentificam como queer são aquelas cuja sua subjetividade se coloca contrária tanto à autoridade do Estado, à lógica do suplemento heterossexual e, principalmente, à aceitação dos outros. O primeiro torneio disputado e vencido pela equipe, antes da participação no campeonato nacional, causou grande repercussão na mídia e em entrevista concedida à televisão, Bee é interpelada pelo repórter com a seguinte pergunta: “Mas eles venceram 3 times realmente masculinos. Isso diz algo sobre seu talento?”. A treinadora responde: “Fisicamente são todos homens. Não há nenhuma diferença. Mentalmente meus garotos deram tudo de si em quadra”. Discutimos tal questão, a partir de Anderson (2005), que aponta o campo do esporte como um local marcado por questões relacionadas à homofobia e, neste contexto, a homossexualidade é reiterada como sinônimo de fraqueza e fragilidade emocional entre atletas, fato, justamente, que causa espanto ao repórter, quando o mesmo afirma que o time de Lampang venceu times “realmente masculinos”. A situação também se repete em reunião de treinadores no campeonato nacional, quando Bee ouve dos técnicos: “Não vamos ser duros com eles”; “Ou eles vão sair todos machucados”; “Por que não transferem o time para a liga feminina? Assim podem ter a chance de ganhar”. Anderson (2005) também levanta que a homofobia cultural e institucionalizada, presente no esporte, possui estreita ligação com a misoginia. Há neste contexto, para o autor, certo policiamento de comportamentos tidos como femininos nos atletas, pelo entendimento binário e hierarquizado de que o que é feminino contrapõe-se ao masculino no esporte. Entretanto, Anderson reconhece que o coming out de atletas gays de diferentes modalidades tem sido um ponto de contestação e resistência em relação aos efeitos gerados pela homofobia e pela misoginia no campo esportivo. Se a suavização da masculinidade continuar, a forma conservadora mais antiga da masculinidade talvez se torne menos sedutora, e o contexto masculinizante do esporte pode ter que se ajustar para uma nova versão da masculinidade ou arriscar perder seu efeito sobre a socialização de meninos e homens na cultura como um todo. Em outras palavras, se tudo muda em torno do esporte, o esporte terá de mudar ou vai perder a sua importância social e ser visto como um vestígio de um Textura, v. 18 n.38, set./dez.2016 188 modelo arcaico de masculinidade (ANDERSON, 2005, p.16, tradução nossa10). O campeonato nacional masculino tailandês de vôlei, disputado na cidade de Nakhon Jawam, apresenta a equipe de Lampang vivenciando diversos desafios em quadra e extra quadra: a primeira rodada com três jogos disputados no mesmo dia, conflitos que surgem no convívio pessoal com o decorrer dos jogos, pressão dos dirigentes esportivos com a performatização de gênero não normativa dos atletas e problemas pessoais e familiares que ocorrem com Pia (término de relacionamento) e Wit (que o pai exige que saia da equipe ao descobrir sua orientação sexual). Conseguindo superar tais questões quadra e extra quadra, ao seguir no campeonato, uma das cenas mais emblemáticas se dá no jogo de semifinal, quando a equipe perdia por dois sets a zero e após pedido de tempo de Bee, Chai permite que todos se maqueiem (o capitão do time havia imposto, após divergência com a equipe em uma derrota, que o time se “comportaria” mais nas partidas) ocorrendo assim a virada no placar, com consequente vitória e ida para a final do campeonato nacional tailandês. Há, nesta cena, deslocamentos importantes na mudança de pensamento de Chai: o capitão reflete rapidamente sobre sua tentativa de regulação das masculinidades de seus companheiros de equipe ao analisar o placar do jogo e constatar que a imposição da repetição de sentidos normativos do masculino, pela consequente negação da performatização queer dos integrantes de sua equipe, poderia leválos a derrota. A superação e a ressignificação dessa concepção normativa por Chai¸ ainda que ocorrida em um momento decisivo do jogo, não foi apenas um ato de desespero. O capitão do time percebeu que não poderia exigir a fixidez e estabilidade nas performatizações de gênero de seus colegas de equipe, situação que perdura em sua relação com os jogadores até as cenas finais do filme - sobretudo com Mona, de quem ficou amigo e com quem dividiu a intimidade de sua família nos anos que se seguiram (imagem final das personagens no filme). Tomando como base Schlichter (2007), Chai performatizou a identificação heterossexual queer quando se permitiu à parceria com os companheiros de equipe, desconstruindo assim suas concepções discriminatórias com pessoas LGBTs. 10 “If the softening of masculinity continues, the older conservative form of masculinity may be less alluring, and the masculinizing context of sport may have to adjust to the new version of masculinity or risk losing its effect on socializing boys and men in the culture as a whole. In other words, if everything changes around sport, sport will either have to change or it will lose its social significance and be viewed as a vestige of an archaic model of masculinity”. Textura, v. 18 n.38, set./dez.2016 189 O jogo final é marcado, inicialmente, pela resistência de um dirigente em tentar desclassificar a equipe, situação que é contornada, em grande parte, pelo apoio da torcida com o time, que ovacionada grita “Damas de ferro! Damas de ferro!”. Desde o início do campeonato, quando o time começou a se destacar e ter visibilidade, houve um esforço do dirigente da liga tailandesa em prejudicar a equipe de Lampang, explicitamente pelo incomodo com as performatizações de gênero subversivas dos atletas. A equipe de voleibol consegue conquistar a torcida, em parte pelo seu carisma, em parte pela performatização queer, que naquele contexto, “diverte” a torcida, mas que também promove ressignificações nos sentidos mais estabilizadores que permeiam o esporte. Conforme aponta Sedgwick (1993), os efeitos gerados pela performatividade podem ser tanto hegemônicos como subversivos, reafirmando o caráter contingente do gênero performativo pelas proposições de Judith Butler, potencializando assim o imprevisível pelas performatizações queer assumidas pelos atletas de voleibol. O ponto final no jogo se dá por um bloqueio em um ataque de Mann. Esse ponto também representou uma resposta às provocações que Mann fez na partida inteira e que deu o título do campeonato nacional tailandês às Damas de Ferro. Os créditos finais do filme mostram cenas reais da equipe de voleibol tailandesa em jogos e em programas de TV, já que os atletas ficaram famosos em seu país após toda a visibilidade que tiveram. FINALIZANDO O JOGO Nosso olhar sobre o longa-metragem tailandês The Iron Ladies aponta, principalmente, para deslocamentos de sentidos sobre o masculino no espaço do esporte, através da performatização queer dos jogadores de voleibol da equipe do distrito de Lampang, ponto principal da película, que se utilizou do deboche e da ironia como alavanca para a ruptura. Tal questão permitiu que desestabilizações dos sentidos mais normatizadores e regulatórios do gênero masculino, fortemente presentes no esporte, pudessem ser problematizados pelo enredo do filme. Todavia, a dificuldade de aceitação das identificações queer dos atletas, que fogem do masculino normativo, também foi evidenciada na película através da resistência que o time de voleibol sofreu até se sagrar campeão tailandês. Repetições nas performatizações dos atletas não estiveram ausentes em suas encenações, porém acreditamos que, em alguma medida, estabilizações normativas do masculino, em especial no contexto do esporte, também foram colocadas em questão e discutidas ao longo do filme. Textura, v. 18 n.38, set./dez.2016 190 The Iron Ladies promoveu deslocamentos importantes nos modos de reconhecimento e classificação dos sujeitos em esquemas heteronormativos, potencializando o desvio como uma forma de desconstrução das imposições sociais. Uma produção cinematográfica queer que não só deu visibilidade aos sujeitos LGBTs no campo do esporte, como também trouxe resistência aos modos regulatórios que aprisionam os sujeitos em essencializações e classificações tidas como sedimentadas. As masculinidades queer, performatizadas pelos atletas tailandeses de voleibol, potencializam como incontáveis (para além da pluralidade e multiplicidade, conforme afirmado anteriormente) as identificações do gênero e do desejo sexual, assim como qualquer fixidez identitária não contingente, colocando a heteronormatividade em xeque. A subversão queer das masculinidades opera como possibilidade teórico-política de contestação das normatizações e regulações sociais, promovendo abertura para o questionamento de estabilizações que pairam sobre os sentidos do que é “ser homem”. Preferimos pensar em “desidentificações” como uma forma radical de reconhecimento das diferenças de gênero e orientação sexual, que The Iron Ladies trouxe ao queerizar as masculinidades em um campo tão normativo como o espaço do esporte através do cinema. REFERÊNCIAS AMELA, V. Entrevista con Beatriz Preciado, filósofa transgénero y pansexual. Jornal La Vanguardia, v. 1, 2008. ANDERSON, E. In the game: gay athletes and the cult of masculinity. New York: State University of New York, 2005. ANJOS, L. A. “Vôlei masculino é pra homem”: representações do homossexual e do torcedor a partir de um episódio de homofobia. Movimento, v. 21, n. 1, p. 11-24, 2015. BALESTRIN, P.; SOARES, R. “Etnografia da tela”: uma aposta metodológica. In: MEYER, D.; PARAISO, M. (Orgs.). Metodologias de pesquisas pós-críticas em educação. 2ª edição. Belo Horizonte: Mazza, 2014, p. 89-111. Textura, v. 18 n.38, set./dez.2016 191 BANDEIRA, G. A. Homofobia, masculinidade e esporte: o caso Michael. 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Roteiro: Visuthichai Bunyakamjana, Jira Malikul, Youngyooth Thongkonthun. Tailândia: Tai Entertainment Co. Ltd., 2000. 100 min, son., color.,1 DVD. Recebido em 05/07/2016 Aprovado em 12/09/2016 Textura, v. 18 n.38, set./dez.2016 194