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ARTIGO ARTICLE
Adaptação transcultural do Female Sexual
Function Index
Cross-cultural adaptation of the Female Sexual
Function Index
Rodolfo de Carvalho Pacagnella 1
Elisabeth Meloni Vieira 1
Oswaldo Martins Rodrigues Jr. 2
Claudecy de Souza 3
Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto, Universidade
de São Paulo, Ribeirão Preto,
Brasil.
2 Instituto Paulista de
Sexualidade, São Paulo,
Brasil.
3 Centro de Estudos e
Pesquisas do Comportamento
e Sexualidade, São Paulo,
Brasil.
1
Correspondência
E. M. Vieira
Departamento de Medicina
Social, Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto,
Universidade de São Paulo.
Av. dos Bandeirantes 3900,
2 o andar, Ribeirão Preto, SP
14049-900, Brasil.
[email protected]
Abstract
Introdução
The epidemiology of female sexual dysfunctions
is still not well known. The Female Sexual Function Index (FSFI) is a short questionnaire specially designed to assess female sexual response.
This study aimed to evaluate the cross-cultural
equivalence of the Portuguese version of the
FSFI. The cross-cultural adaptation involved
five steps: translation, back-translation, formal
equivalence assessment, review by specialists
in sexuality, and pre-testing. After identification of semantic problems, agreements, and
disagreements, a brief version was proposed,
selecting and incorporating items from one of
the two Portuguese versions. Some changes were
made after pre-testing the questionnaire, most
of which to make the Portuguese version more
readily comprehensible and acceptable for the
target population, using ordinary words as options or to complement the scientific language.
Comparing more than one version of the instrument in the process of cross-cultural equivalence
allowed detecting problems and difficulties in
adapting the language, which would not have
been observed otherwise.
No século XX, o comportamento sexual tornouse objeto de estudo empírico, afastando-se da
classificação nosológica médica de crimes e
perversões sexuais que abundaram no século
anterior. Um desses marcos são os estudos de
Kinsey, que na década de 1950 promovem essa
ruptura ao desenvolver inquéritos populacionais sobre comportamento sexual na população
geral, deixando assim de lado a idéia de “desvios
sexuais” 1. No Brasil, as pesquisas sobre comportamento sexual sofrem um incremento e interesse especialmente após o advento da AIDS.
As mudanças sociais advindas após essa epidemia mobilizaram a comunidade acadêmica e
se tornaram prioridade de pesquisa no campo
sócio-antropológico 2.
Nesse aumento do interesse pelo tema, porém, prevaleceu, até o momento, o enfoque na
sexualidade masculina 3. A maior disponibilidade de tratamentos para disfunção erétil com intensa exposição da disfunção sexual masculina
aumentou a procura de homens por consulta e
tratamento, o que abriu caminho também para
discussão da sexualidade feminina 4. Contudo,
embora haja cada vez mais estudos, ainda hoje pouco se conhece sobre a epidemiologia das
disfunções sexuais femininas 5,6, e poucos tratamentos estão disponíveis para as mulheres em
comparação com os homens 7.
Physiological Sexual Dysfunction; Women’s
Health; Questionnaires
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 24(2):416-426, fev, 2008
ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL DO ÍNDICE DE FUNÇÃO SEXUAL FEMININA
Uma das barreiras para o desenvolvimento desses estudos é a falta de consenso sobre o
modelo ou paradigma para a compreensão da
resposta sexual feminina 4. Novos modelos não
lineares recentemente propostos contestam o
modelo de Masters & Johnson 8, que propunham
um ciclo de resposta sexual em seqüência definida e linear constituído por quatro fases comuns
para ambos os sexos: o estímulo sexual provocaria excitação fisiológica e, havendo continuidade na estimulação, o nível de tensão aumentaria
atingindo-se um platô da excitação podendo-se
em seguida chegar à fase de orgasmo, após o qual
haveria um período de resolução, refratário a um
novo estímulo sexual, com retorno do corpo a
uma fase pré-excitatória.
Os novos modelos sugerem que possivelmente a resposta sexual não seja comum a ambos os sexos 9, pois para a mulher haveria um
componente subjetivo. Se o estímulo é visto
potencialmente como positivo, a estimulação é
desfrutada; se é visto potencialmente como negativo, culpa, vergonha, embaraço ou medo são
disparados. De fato, essas inter-relações foram
observadas em estudos de validação de questionários e podem ser tomadas como evidência da
natureza multifatorial das disfunções sexuais femininas 10. Além disso, não há uma classificação
diagnóstica amplamente aceita e as que existem
atualmente não avaliam conjuntamente os aspectos subjetivos e objetivos da resposta sexual
das mulheres 4, mas há alguns anos o refinamento da classificação diagnóstica das disfunções sexuais femininas vem sendo objeto de estudo 7,11.
Até então, as medidas das alterações fisiológicas desempenharam importante papel na
avaliação da função sexual 6. Os métodos diretos
de medida da resposta sexual humana, no entanto, perdem em praticidade e não são capazes
de avaliar as questões subjetivas envolvidas 12,13.
Ademais, as sensações físicas da resposta sexual
feminina, mesmo quando conscientemente percebidas, nem sempre se traduzem em experiência sexual subjetiva 14,15.
Na prática clínica, as entrevistas estruturadas e abertas e inventários 16 oferecem o melhor
instrumento e método de avaliação dos componentes da função sexual. Todavia, para alguns
autores 17, a forma mais adequada de se avaliar a
função sexual em mulheres seria no contexto natural com questionários desenvolvidos particularmente para essa finalidade. Para Ciconelli 18,
os questionários transformam medidas subjetivas em dados objetivos, quantificáveis e analisáveis de forma global ou específica. Recente consenso recomenda o processo de padronização e
validação de questionários para a avaliação da
função e resposta sexual feminina 7.
Atualmente, grande variedade de questionários tem sido desenvolvida para avaliar a função
sexual de homens e mulheres. Questionários
breves e auto-aplicados 18,19,20,21, assim como
diários e registros de eventos 18,20,21, são usados
em larga escala em estudos clínicos. Para Althof
et al. 4, os homens têm a capacidade de relatar
com facilidade a ocorrência e a característica
da ereção, e isso seria a base dos estudos que
utilizam essa metodologia de registrar os eventos sexuais diariamente. Porém, segundo esse
autor, isso não pode ser considerado em relação
à excitação feminina, que é de difícil caracterização e apresenta importante componente
subjetivo.
Para alguns autores 17, os instrumentos mais
adequados para se avaliar a função sexual feminina, considerando-se a característica subjetiva
da resposta sexual feminina seriam os questionários auto-aplicados, que avaliam vários domínios no campo da sexualidade e apresentam alto
grau de confiabilidade e validade. Dentre os mais
estudados atualmente estão o Brief Sexual Function Index for Women e o Female Sexual Function
Index (FSFI; http://www.fsfi.questionnaire.com)
[Índice de Função Sexual Feminina]. Tais instrumentos seriam também sensíveis para avaliar
intervenções 6. Alguns autores 21, comparando
a pletismografia vaginal, registro de eventos e
o FSFI concluíram que este último foi o único
instrumento capaz de predizer melhora após o
tratamento.
Outra característica importante dos questionários auto-aplicados refere-se à escala de resposta que utilizam, pois são delineados para utilizar a escala ordinal e de intervalo, com a capacidade de detectar diferenças sutis em um nível
sofisticado de medida. Ao contrário, os diários e
calendários de eventos utilizam uma escala nominal que não permite obter nuances sutis nas
informações sobre o objeto de estudo 4.
No Brasil, alguns autores 22 desenvolveram
um instrumento com o objetivo de avaliar ampla
e detalhadamente hábitos, tendências e práticas
sexuais da população brasileira. Eles propõem
um questionário simplificado para detectar
possíveis portadores de dificuldades sexuais de
diferentes níveis, entretanto o instrumento não
se restringe à avaliação dos domínios da função
sexual, mas pesquisa outros aspectos do comportamento sexual.
Para Rosen et al. 17, problemas que afetam
um domínio da resposta sexual humana podem
interagir com outras desordens de uma forma
complexa, resultando potencial viés na categorização das disfunções. Assim, há necessidade de
instrumentos capazes de avaliar a relativa força
da disfunção em cada domínio.
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Pacagnella RC et al.
das questões, multiplicar essa soma pelo fator
de correção e, então, somar os valores de cada
domínio. No desenvolvimento do instrumento original, os autores propuseram essa forma
de homogeneizar a influência de cada domínio
no escore total, baseando-se em um algoritmo
computacional simples 17. Caso não houvesse
o fator de multiplicação, os domínios participariam com pesos diferentes na composição do
escore total.
Com base no valor do escore total, seria
possível discriminar entre as populações com
maior e menor risco de apresentar disfunção
sexual 10.
O presente estudo teve por objetivo avaliar
a equivalência semântica entre os itens constituintes do instrumento e o FSFI original em inglês e propor uma versão final. Além disso, foram
avaliados outros aspectos da adaptação transcultural como equivalência idiomática, cultural,
conceitual e de pontuação entre a versão original
e a versão final.
Um instrumento que congrega as características de ser prático para aplicação em estudos
de campo, avaliar a força relativa de cada domínio da resposta sexual feminina e transformar
medidas subjetivas em dados objetivos, quantificáveis e analisáveis, é o FSFI 17, validado para
a população de língua inglesa 10,23 e projetado
para ser um instrumento de avaliação em estudos epidemiológicos que respeitam a natureza
multidimensional da função sexual feminina.
O objetivo do instrumento é ser sumário, válido
e seguro na avaliação da função sexual feminina 17. Alguns ainda apóiam o uso do FSFI como
uma ferramenta de triagem: poucos questionários foram validados em amostras de múltiplas
disfunções e, além disso, nenhum ponto de corte foi desenvolvido ou validado para qualquer
dos questionários existentes 10,23.
O FSFI é um questionário desenvolvido para ser auto-aplicado, e que se propõe avaliar a
resposta sexual feminina nos domínios (fases
ou componentes da resposta sexual): desejo sexual, excitação sexual, lubrificação vaginal, orgasmo, satisfação sexual e dor 6,17. Para isso, são
apresentadas dezenove questões que avaliam
a função sexual nas últimas quatro semanas e
apresentam escores em cada componente. Para
cada questão existe um padrão de resposta. As
opções de respostas recebem pontuação entre
0 a 5 de forma crescente em relação à presença da função questionada. Apenas nas questões
sobre dor a pontuação é definida de forma invertida. Deve-se notar que, se o escore de algum
domínio for igual a zero, isso significa que não
foi referida pela entrevistada relação sexual nas
últimas quatro semanas. Ao final é apresentado
um escore total, resultado da soma dos escores
de cada domínio multiplicada por um fator que
homogeneíza a influência de cada domínio no
escore total (Tabela 1). Assim, para se chegar ao
escore total deve-se proceder à soma dos valores
Método
Antes da adaptação transcultural obteve-se a
autorização do pesquisador principal que elaborou o instrumento 17. O processo de avaliação de equivalência semântica foi desenvolvido
segundo Guillemin et al. 24 e estudos similares
25,26,27,28,29,30 . A este modelo acrescentou-se
a etapa de apreciação formal de equivalência
semântica realizada por Reicheinhem et al. 26.
O estudo envolveu cinco etapas: tradução, retrotradução, apreciação formal de equivalência
semântica, crítica final por especialistas com
avaliação de outros aspectos além da questão
semântica e pré-teste do instrumento com incorporação de pequenas modificações.
Tabela 1
Escores de avaliação do Female Sexual Function Index.
Domínio
Desejo
Excitação
Questões
Variação do escore
Fator de multiplicação
Escore mínimo
Escore máximo
1, 2
1-5
0,6
1,2
6
3, 4, 5, 6
0-5
0,3
0
6
Lubrificação
7, 8, 9 ,10
0-5
0,3
0
6
Orgasmo
11, 12, 13
0-5
0,4
0
6
Satisfação
14, 15, 16
0 (ou 1)-5 *
0,4
0,8
6
Dor
17, 18, 19
0-5
0,4
0
6
* Questão 14 varia de 0,0 a 5,0. Questões 15 e 16 variam de 1,0 a 5,0.
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 24(2):416-426, fev, 2008
ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL DO ÍNDICE DE FUNÇÃO SEXUAL FEMININA
Etapa 1
Etapa 4
Consistiu de duas traduções independentes do
instrumento original (inglês) para o português.
A primeira tradução (T1) foi feita por um grupo de profissionais com experiência na área de
sexualidade humana e fluência em inglês. Um
profissional de nível superior formado em tradução (tradutor juramentado) procedeu à segunda
tradução (T2).
Três juízes com fluência nos dois idiomas e experiência na área temática participaram do processo no qual se realizou uma crítica das etapas
anteriores. A partir da identificação dos problemas e discordâncias entre as duas retrotraduções
foi proposta uma versão sintética, escolhendo e
incorporando itens de cada uma. O objetivo da
equipe foi escolher a melhor forma de se expressar o mesmo conceito de cada sentença simultaneamente nas duas línguas. Além do mais, procurou-se eliminar ambigüidades e redundâncias.
Essa etapa foi também responsável por avaliar
outros aspectos além da equivalência semântica.
Foram verificadas ainda a equivalência idiomática – relativa às expressões próprias do idioma
e coloquiais –, a equivalência cultural ou experimental – se as situações evocadas na cultura de
origem do instrumento têm a mesma referência
na cultura de destino –, a equivalência conceitual
– a manutenção da validade na versão final do
mesmo conceito explorado na versão original –,
e a equivalência de pontuação – da forma de
pontuação da versão final em comparação com
a versão original.
Etapa 2
As traduções T1 e T2 foram retrotraduzidas para
o inglês de forma independente por dois tradutores juramentados (R1 e R2).
Etapa 3
A avaliação da equivalência semântica foi realizada por um profissional com formação em
Letras e especialização em inglês, diferente dos
envolvidos nas Etapas 1 e 2. Duas questões foram
apreciadas:
• O significado referencial dos termos/palavras
constituintes: representa as idéias ou objetos do
mundo a que uma única palavra ou um conjunto
de palavras se refere. Assume-se que existe uma
correspondência literal entre os termos e se o significado referencial é o mesmo no original e na
respectiva versão 28.
• O significado geral de cada pergunta, instrução
ou opção de resposta. Esta correspondência vai
além do significado literal de termos e leva em
consideração seu impacto no contexto cultural
da população-alvo 28. A avaliação é importante
porque, mesmo que haja correspondência literal,
não significa que haja uma mesma significação
subjetiva em culturas diferentes.
Os três formulários foram submetidos à apreciação; dois formulários continham perguntas,
instruções ou opções de resposta do original,
posicionadas lado a lado das duas versões. Um
terceiro formulário continha pares com as assertivas das retrotraduções, que serviu como estratégia de mascaramento.
Na parte usada para apreciar o significado referencial, a equivalência entre pares de assertivas
foi avaliada numa escala analógico-visual, contínua, entre 0% e 100%. Na avaliação do significado geral, utilizou-se uma avaliação qualitativa
em quatro níveis: inalterado (IN), pouco alterado
(PA), muito alterado (MA) ou completamente alterado (CA).
Etapa 5
Pré-teste do instrumento: foram entrevistadas
dez mulheres com idade entre 20 e 44 anos (mediana 32 anos) recrutadas no ambulatório de ginecologia de uma unidade básica de saúde. As
entrevistas ocorreram ao final da consulta médica
de retorno, cuja anamnese contempla questões
sobre a função sexual das pacientes. Após a abordagem, o questionário foi aplicado face a face
no consultório médico por ginecologista àquelas
que aceitaram participar da entrevista. Ao final
da entrevista, as mulheres foram perguntadas
sobre a clareza das perguntas do questionário da
seguinte forma: “Existe alguma palavra ou questão que eu lhe disse e que você não entendeu, não
conhece ou gostaria de perguntar?”. Além dessa
resposta foi anotado o tempo de duração da entrevista – que variou entre 8 e 23 minutos (média
14,2 minutos).
Após o pré-teste do questionário, outras modificações foram realizadas. A maioria pretendeu
tornar a versão em português mais coloquial
e aceitável para a população alvo e envolveu a
substituição de pronomes e a utilização de termos mais corriqueiros em nosso meio. Em algumas situações, as modificações visaram ampliar
a equivalência de significado geral dos termos.
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Resultados
A avaliação do processo e a revisão bibliográfica sugerem que os conceitos utilizados na versão original do instrumento eram adequados ao
contexto cultural brasileiro. Porém, optou-se por
adaptar algumas palavras para oferecer mais clareza dos termos utilizados.
De forma geral, as duas versões mostraramse semelhantes. De 32 itens de assertivas (instruções, questões e respostas), 20 eram similares
segundo a Etapa 3 do processo. Dos 12 itens que
apresentaram divergências na avaliação do significado geral e referencial, alguns pares de assertivas apresentaram grande divergência. Nas instruções, ambas retrotraduções da definição de
ato sexual (sexual intercourse) receberam pontuação MA e 40 na avaliação do significado geral e
referencial, respectivamente. A mesma situação
ocorreu na comparação da opção de resposta da
Questão 1. Outros pares de assertivas que apresentaram divergência na comparação foram:
Questão 2, que recebeu notas MA e 60 na R2 e IN
e 100 na R1; Questão 4, com notas MA e 60 na R1
e IN e 100 na R2; opção de resposta da Questão 5,
com notas CA e 0 na R2 e IN e 100 na R1; opção
de resposta da Questão 13 com notas PA e 80 na
avaliação dos significados geral e referencial na
R1 e IN e 100 na R2.
Os demais pares receberam notas PA para
significado geral e notas entre 60 e 80 no significado referencial. Quando houve discordância
entre as retrotraduções quanto ao significado
referencial ou geral, optou-se pela de maior
pontuação. No entanto, quando não houve discordância, essa escolha foi feita segundo julgamento dos juízes, levando-se em conta aspectos
estilísticos e de clareza dos termos, optando-se
ora por uma tradução, ora por outra e ora se modificando ou mesclando termos similares nas
duas traduções.
A avaliação da Etapa 4 objetivou ainda, conforme sugerem Guillemin et al. 28, avaliar as equivalências idiomática, cultural, conceitual e de
pontuação entre a versão original e a versão final
para montar a versão final com sentenças curtas,
evitando-se o uso de pronomes, voz passiva, metáforas e palavras de significado amplo ou vago.
Como no caso da tradução de sexual intercourse,
em que se optou pelo termo ato sexual. Entende-se que “relação sexual” seja percebida pelos
brasileiros como algo além do ato da penetração
vaginal. Assim, ato sexual seria o mais próximo
da definição utilizada pelo instrumento original,
que o define como: quando há penetração do pênis na vagina.
Da mesma forma, a expressão carícias preliminares foi preferida em relação ao termo jogos
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amorosos preliminares, visto que este último pode não ser entendido como estimulação erótica.
Na definição de estímulos sexuais, optou-se por
modificar a tradução feita pelo tradutor (T2) e introduzir a palavra pensamentos entre parênteses
a fim de diferenciar o termo fantasia sexual de
objeto de fetiche sexual.
Na definição de desejo sexual, a comparação semântica mostrou-se mais adequada na
tradução realizada pelos profissionais da área
(T1), entretanto a definição foi adaptada ao se
substituírem os termos do parceiro por de um
parceiro(a). A modificação foi proposta por se
observar que na língua inglesa não há definição
de gênero na palavra partner, dessa forma, traduzindo-se apenas por parceiro poderíamos excluir da definição os estímulos homossexuais.
Sobre a definição de excitação sexual, a tradução literal de tingling por formigamento oferecia uma idéia de parestesia ou dormência nos
genitais, o que não era a intenção original do instrumento, assim foi proposta a substituição pela
palavra swelling (inchaço).
Nas perguntas
Substituições semelhantes às realizadas nos termos da introdução foram realizadas nas perguntas, assim, o termo sexual intercourse foi substituído pelo termo ato sexual nas Questões 3, 4, 5,
6, 7, 8, 9, 10, 11, 12 e 13. A modificação dos termos
parceiro por parceiro(a) também foi proposta nas
Questões 14 e 15.
Notou-se inicialmente que a escala de freqüência de respostas utilizadas nas Questões 1, 3, 6, 7,
11, 17 e 18 apresentava algumas dificuldades nas
traduções. A dificuldade principal foi combinar
a noção de quantas vezes (ocasiões individuais)
com a noção de tempo (período global). Para facilitar a compreensão, optou-se por introduzir
entre parênteses a expressão quantas vezes após
a palavra freqüência.
Para a tradução da palavra level, optou-se por
grau, pois esta palavra oferece melhor significado de divisões de uma escala de medidas que a
palavra nível. Essa modificação foi proposta nas
Questões 2, 4, 5 e 19.
Na Questão 5, a palavra confident foi mais
bem traduzida por segurança do que por convicção. Tal escolha se originou da comparação
entre as retrotraduções em inglês, mas a palavra
segurança também oferece idéia de confiança
em si mesmo, o que se aproxima mais da idéia
proposta pelo texto original.
Nas Questões 8, 10, 12, 13, 14, 15 e 16, optouse por não utilizar a palavra quão, que por ser
menos coloquial e poderia ser de difícil entendimento para as camadas menos instruídas da
ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL DO ÍNDICE DE FUNÇÃO SEXUAL FEMININA
população; desse modo, nessas questões foram
utilizadas expressões equivalentes (qual foi, o
quanto).
A substituição da expressão estimulação sexual por estímulo sexual foi realizada nas Questões 11 e 12 por oferecer a forma mais adequada
em relação às instruções iniciais.
Na Questão 19, a palavra rate traduzida por
classificar ofereceu a melhor comparação entre
as traduções e o texto original.
Nas respostas
Da mesma forma que nas Questões 1, 3, 6, 7,
11, 17 e 18, um grupo de respostas apresentava
algumas dificuldades nas traduções referentes
à escala de freqüência. No original, a palavra
times é colocada na sentença (o que pode ser
traduzido por vezes) e time entre parênteses (o
que pode ser traduzido por tempo). Como nenhuma das versões contemplou essa nuance,
modificou-se a versão final e se incluiu a palavra
“tempo”, já que nas questões relativas ao desejo
sexual não se avalia o desejo em relação a um
evento específico, mas em relação ao tempo.
No grupo de respostas da Questão 5, manteve-se o mesmo padrão da pergunta ao se traduzir confident por segurança, e da mesma forma,
a tradução da palavra slightly por ligeiramente
foi a melhor opção encontrada no grupo de respostas das Questões 8,10 e 12.
Inclusão de termos corriqueiros da
linguagem popular
A partir do pré-teste do questionário, alguns
termos corriqueiros da linguagem foram incluídos na versão final com a pretensão de facilitar
o entendimento. Essa inclusão se fundamentou
em outros estudos 22 e não substitui a linguagem
técnico-científica, mas coloca no questionário
uma opção para substituir o termo técnico pela linguagem popular em caso de não-entendimento do primeiro. Para masturbação, incluiu-se
a sinonímia popular “punheta” ou “siririca”. Da
mesma forma, para lubrificação vaginal foram
acrescentados os sinônimos “vagina molhada”
e “tesão vaginal”, e para orgasmo foi incluída a
expressão “gozar”. O uso da palavra “tesão” foi
evitado, pois poderia ter como sinônimos, tanto
desejo como excitação ou prazer sexual, o que
poderia trazer mais confusão que clareza. A versão finalizada da tradução para o português encontra-se apresentada na Tabela 2.
Discussão
No campo da sexualidade busca-se desenvolver
instrumentos para avaliação da função sexual
com finalidade de transformar medidas subjetivas em dados objetivos 18. Basson et al. 7, em
recente consenso sobre disfunção sexual feminina, recomendam a padronização e a validação
desses instrumentos. Entretanto, a maior parte
dos questionários desenvolvidos para avaliação
da função sexual foi formulada na língua inglesa e direcionada para a população que fala esse
idioma.
Em virtude do crescente número de ensaios
multicêntricos, faz-se necessária a padronização
e tradução desses instrumentos para sua aplicação em outras populações cujo idioma não seja o
inglês. O processo, porém, vai além de uma simples tradução, é necessário um rigoroso processo
de adaptação cultural do instrumento para que
ele possa reproduzir suas características em uma
cultura diferente. Ainda que seja possível argumentar que o questionário apresente conceitos
genuinamente universais para a sociedade ocidental, há nuances e características peculiares a
cada população que devem ser respeitadas 25.
Nesse sentido, existe grande discussão na literatura sobre os métodos apropriados para se
realizar adaptações transculturais de instrumentos de avaliação da qualidade de vida. Alguns autores 24,27,28 iniciaram essa discussão e trouxeram
à baila questões sobre a confusão terminológica
e uma real carência de sistemática na avaliação
de equivalência transcultural entre instrumentos
desenvolvidos em determinado idioma e sua(s)
versão(ões) 27. O grande questionamento seria
quanto ao comprometimento da validade da informação, fato que levaria à perda das características originais do instrumento. Por isso alguns
autores oferecem instruções padronizadas que
tentam minimizar essas perdas decorrentes da
mudança do idioma 24,25,26,27,28,29.
Assim, o presente trabalho considerou esses
aspectos e se orientou pelo modelo sugerido por
Guillemim et al. 28 no desenvolvimento da versão
em português do FSFI. Nesse processo, algumas
das dificuldades foram semelhantes às encontradas na tradução para o português do International Index of Erectile Function 29, sobretudo
em relação à escala de freqüências utilizada em
algumas questões com a inclusão da expressão
“quantas vezes” após a expressão “com que freqüência” a fim de facilitar a compreensão.
À guisa do observado por outros autores
25,26,30, foi grande a importância da etapa de julgamento por comitê na elaboração da versãosíntese. Nessa etapa, verificou-se que, ao se confrontar mais de uma versão do instrumento, foi
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Tabela 2
Versão final do Female Sexual Function Index em português.
Perguntas
Opções de respostas e
pontuação
1- Nas últimas 4 semanas com que freqüência (quantas vezes) você
5 = Quase sempre ou sempre
sentiu desejo ou interesse sexual?
4 = A maioria das vezes (mais do que a metade
do tempo)
3 = Algumas vezes (cerca de metade do tempo)
2 = Poucas vezes (menos da metade do tempo)
1 = Quase nunca ou nunca
2- Nas últimas 4 semanas como você avalia o seu grau de desejo
5 = Muito alto
ou interesse sexual?
4 = Alto
3 = Moderado
2 = Baixo
1 = Muito baixo ou absolutamente nenhum
3- Nas últimas 4 semanas, com que freqüência (quantas vezes)
0 = Sem atividade sexual
você se sentiu sexualmente excitada durante a atividade sexual
5 = Quase sempre ou sempre
ou ato sexual?
4 = A maioria das vezes (mais do que a metade
do tempo)
3 = Algumas vezes (cerca de metade do tempo)
2 = Poucas vezes (menos da metade do tempo)
1 = Quase nunca ou nunca
4- Nas últimas 4 semanas, como você classificaria seu grau de
0 = Sem atividade sexual
excitação sexual durante a atividade ou ato sexual?
5 = Muito alto
4 = Alto
3 = Moderado
2 = Baixo
1 = Muito baixo ou absolutamente nenhum
5- Nas últimas 4 semanas, como você avalia o seu grau de
0 = Sem atividade sexual
segurança para ficar sexualmente excitada durante a atividade
5 = Segurança muito alta
sexual ou ato sexual?
4 = Segurança alta
3 = Segurança moderada
2 = Segurança baixa
1 = Segurança muito baixa ou Sem segurança
6- Nas últimas 4 semanas, com que freqüência (quantas vezes)
0 = Sem atividade sexual
você ficou satisfeita com sua excitação sexual durante a atividade
5 = Quase sempre ou sempre
sexual ou ato sexual?
4 = A maioria das vezes (mais do que a metade
do tempo)
3 = Algumas vezes (cerca de metade do tempo)
2 = Poucas vezes (menos da metade do tempo)
1 = Quase nunca ou nunca
7- Nas últimas 4 semanas, com que freqüência (quantas vezes) você
0 = Sem atividade sexual
teve lubrificação vaginal (ficou com a “vagina molhada”) durante a
5 = Quase sempre ou sempre
atividade sexual ou ato sexual?
4 = A maioria das vezes (mais do que a metade
do tempo)
3 = Algumas vezes (cerca de metade do tempo)
2 = Poucas vezes (menos da metade do tempo)
1 = Quase nunca ou nunca
8- Nas últimas 4 semanas, como você avalia sua dificuldade em ter
0 = Sem atividade sexual
lubrificação vaginal (ficar com a “vagina molhada”) durante o ato
1 = Extremamente difícil ou impossível
sexual ou atividades sexuais?
2 = Muito difícil
3 = Difícil
4 = Ligeiramente difícil
5 = Nada difícil
(continua)
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 24(2):416-426, fev, 2008
ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL DO ÍNDICE DE FUNÇÃO SEXUAL FEMININA
Tabela 2 (continuação)
Perguntas
Opções de respostas e
pontuação
9- Nas últimas 4 semanas, com que freqüência (quantas vezes)
0 = Sem atividade sexual
você manteve a lubrificação vaginal (ficou com a “vagina molhada”)
5 = Quase sempre ou sempre
até o final da atividade ou ato sexual?
4 = A maioria das vezes (mais do que a metade
do tempo)
3 = Algumas vezes (cerca de metade do tempo)
2 = Poucas vezes (menos da metade do tempo)
1 = Quase nunca ou nunca
10- Nas últimas 4 semanas, qual foi sua dificuldade em manter a
0 = Sem atividade sexual
lubrificação vaginal (“vagina molhada”) até o final da atividade ou
1 = Extremamente difícil ou impossível
ato sexual?
2 = Muito difícil
3 = Difícil
4 = Ligeiramente difícil
5 = Nada difícil
11- Nas últimas 4 semanas, quando teve estímulo sexual ou ato
0 = Sem atividade sexual
sexual, com que freqüência (quantas vezes) você atingiu o
5 = Quase sempre ou sempre
orgasmo (“gozou”)?
4 = A maioria das vezes (mais do que a metade
do tempo)
3 = Algumas vezes (cerca de metade do tempo)
2 = Poucas vezes (menos da metade do tempo)
1 = Quase nunca ou nunca
12 - Nas últimas 4 semanas, quando você teve estímulo sexual
0 = Sem atividade sexual
ou ato sexual, qual foi sua dificuldade em você atingir o orgasmo
1 = Extremamente difícil ou impossível
(“clímax/gozou”)?
2 = Muito difícil
3 = Difícil
4 = Ligeiramente difícil
5 = Nada difícil
13- Nas últimas 4 semanas, o quanto você ficou satisfeita com
0 = Sem atividade sexual
sua capacidade de atingir o orgasmo (“gozar”) durante atividade
5 = Muito satisfeita
ou ato sexual?
4 = Moderadamente satisfeita
3 = Quase igualmente satisfeita e insatisfeita
2 = Moderadamente insatisfeita
1 = Muito insatisfeita
14- Nas últimas 4 semanas, o quanto você esteve satisfeita
0 = Sem atividade sexual
com a proximidade emocional entre você e seu parceiro(a)
5 = Muito satisfeita
durante a atividade sexual?
4 = Moderadamente satisfeita
3 = Quase igualmente satisfeita e insatisfeita
2 = Moderadamente insatisfeita
1 = Muito insatisfeita
15- Nas últimas 4 semanas, o quanto você esteve satisfeita com
5 = Muito satisfeita
o relacionamento sexual entre você e seu parceiro(a)?
4 = Moderadamente satisfeita
3 = Quase igualmente satisfeita e insatisfeita
2 = Moderadamente insatisfeita
1 = Muito insatisfeita
16- Nas últimas 4 semanas, o quanto você esteve satisfeita com
5 = Muito satisfeita
sua vida sexual de um modo geral?
4 = Moderadamente satisfeita
3 = Quase igualmente satisfeita e insatisfeita
2 = Moderadamente insatisfeita
1 = Muito insatisfeita
(continua)
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 24(2):416-426, fev, 2008
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424
Pacagnella RC et al.
Tabela 2 (continuação)
Perguntas
Opções de respostas e
pontuação
17- Nas últimas 4 semanas, com que freqüência (quantas vezes)
0 = Não tentei ter relação
você sentiu desconforto ou dor durante a penetração vaginal?
I = Quase sempre ou sempre
2 = A maioria das vezes (mais do que a metade
do tempo)
3 = Algumas vezes (cerca de metade do tempo)
4 = Poucas vezes (menos da metade do tempo)
5 = Quase nunca ou nunca
18- Nas últimas 4 semanas, com que freqüência (quantas vezes)
0 = Não tentei ter relação
você sentiu desconforto ou dor após a penetração vaginal?
1 = Quase sempre ou sempre
2 = A maioria das vezes (mais do que a metade
do tempo)
3 = Algumas vezes (cerca de metade do tempo)
4 = Poucas vezes (menos da metade do tempo)
5 = Quase nunca ou nunca
19- Nas últimas 4 semanas, como você classificaria seu grau de
0 = Não tentei ter relação
desconforto ou dor durante ou após a penetração vaginal?
1 = Muito alto
2 = Alto
3 = Moderado
4 = Baixo
5 = Muito baixo ou absolutamente nenhum
Instruções:
Este questionário pergunta sobre sua vida sexual durante as últimas 4 semanas. Por favor, responda às questões de forma
mais honesta e clara possível. Suas respostas serão mantidas em absoluto sigilo.
Assinale apenas uma alternativa por pergunta.
Para responder às questões use as seguintes definições: atividade sexual pode incluir afagos, carícias preliminares, masturbação (“punheta”/“siririca”) e ato sexual; ato sexual é definido quando há penetração (entrada) do pênis na vagina; estímulo sexual inclui situações como carícias preliminares com um parceiro, auto-estimulação (masturbação) ou fantasia sexual
(pensamentos); desejo sexual ou interesse sexual é um sentimento que inclui querer ter atividade sexual, sentir-se receptiva
a uma iniciativa sexual de um parceiro(a) e pensar ou fantasiar sobre sexo; excitação sexual é uma sensação que inclui aspectos físicos e mentais (pode incluir sensações como calor ou inchaço dos genitais, lubrificação – sentir-se molhada/“vagina
molhada”/“tesão vaginal” –, ou contrações musculares).
possível detectar problemas e dificuldades que
poderiam ter sido minimizados caso não se observassem todas as fases do processo.
Quanto à avaliação das equivalências idiomática, cultural e conceitual, na Etapa 4, foram
julgadas adequadas para a equivalência das versões as modificações propostas de forma que se
procurou preservar e adequar tanto equivalência
no significado das palavras, quanto na equivalência de expressões, situações culturalmente
evocadas pelos termos e manutenção do conceito do instrumento original. Com base nisso, em
relação à equivalência de pontuação, o comitê
de juízes considerou adequada a conservação da
mesma escala de pontuação do instrumento original, dado que não houve inclusão ou retirada
de itens presentes no questionário em inglês.
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 24(2):416-426, fev, 2008
Quanto ao modo de aplicação, estudos posteriores poderão demonstrar se há equivalência.
Originalmente o instrumento propõe que seja
auto-aplicado; no entanto, em estudos populacionais, essa forma de aplicação do instrumento
pode trazer viés de resposta, já que parte considerável de nossa população pode ter dificuldade
de leitura dos enunciados. Assim, o modo de aplicação utilizando entrevistas pode ser preferível.
Muito embora as propriedades psicométricas
do instrumento original já tenham sido estabelecidas, é necessário determiná-las na versão em
português. Embora haja controvérsia a respeito
da manutenção das propriedades de medida do
instrumento adaptado, visto que alguns autores
pressupõem que a adequada adaptação transcultural de um instrumento possa trazer consi-
ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL DO ÍNDICE DE FUNÇÃO SEXUAL FEMININA
go as propriedades de medida do instrumento
original, outros autores argumentam que a própria tradução para outro contexto confere propriedades desconhecidas ao instrumento. Nesse
sentido, a disponibilização do instrumento para
pesquisas só deverá ser feita após a apresentação
da análise de suas qualidades de medidas para o
Brasil, o que inclui a distribuição dos domínios
da resposta sexual. Isso deve ser objeto de estudos próximos.
Resumo
Colaboradores
Ainda hoje pouco se conhece sobre a epidemiologia das
disfunções sexuais femininas. O Female Sexual Function Index (FSFI) [Índice de Função Sexual Feminina]
é um questionário breve, que pode ser auto-aplicado, e
que se propõe avaliar a resposta sexual feminina. Este
estudo teve por objetivo avaliar a adaptação transcultural da versão em português do FSFI. O processo
envolveu cinco etapas: tradução, versão, apreciação
formal de equivalência, revisão crítica por especialistas em sexualidade e pré-teste do instrumento. Após a
identificação de problemas semânticos, concordâncias
e discordâncias, foi possível propor uma versão sintética, escolhendo e incorporando itens de uma das duas
versões em português. Algumas mudanças foram realizadas após o pré-teste do questionário, para tornar a
versão em português mais coloquial e aceitável para a
população-alvo ao utilizar termos mais corriqueiros,
como opção ou complemento à linguagem científica.
Ao se comparar mais de uma versão do instrumento,
no processo de equivalência transcultural, foi possível
detectar problemas e dificuldades na adaptação da
linguagem que poderiam ter passado despercebidos,
caso não se observassem todas as fases do processo.
R. C. Pacagnella revisou a literatura, participou do desenho do estudo, do pré-teste do questionário, da análise dos dados e da elaboração deste artigo. E. M. Vieira
orientou o desenho do estudo, a análise de dados, o préteste do instrumento, fez revisão crítica dos resultados
e elaboração deste artigo. O. M. Rodrigues Jr. e C. Souza
participaram da discussão dos resultados na análise dos
dados e da elaboração deste artigo.
Disfunção Sexual Fisiológica; Saúde da Mulher; Questionários
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 24(2):416-426, fev, 2008
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Pacagnella RC et al.
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Adaptação transcultural para o português do instrumento “Revised Conflict Tactics Scales (CTS2)”
utilizado para identificar violência entre casais.
Cad Saúde Pública 2002; 18:163-76.
Recebido em 20/Out/2006
Versão final reapresentada em 11/Jul/2007
Aprovado em 24/Ago/2007
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 24(2):416-426, fev, 2008