Interação de H, C, O e S com clusters de átomos de
níquel, ferro e zinco
Interaction of H, C, O, and S with nickel, iron, and zinc atom clusters
Interacción de H, C, O, y S con clústeres de átomos de níquel,
hierro y zinc
Eduardo Pires Cassús
Sérgio de Paula Machado
Francisco Manoel dos Santos Garrido
Marta Eloísa Medeiros
Juan Omar Machuca-Herrera
Resumo
Realizaram-se cálculos com uso da teoria do funcional de densidade (DFT) a fim de se estudar a interação de átomos
leves (H, C, O e S) com estruturas modelo de níquel, ferro e zinco de dois tamanhos diferentes. Observou-se que, para
os átomos adsorvidos, o sítio de adsorção envolve o maior número de vizinhos possível. Foram avaliadas as energias de
adsorção e as distâncias entre os átomos adsorvidos e seus primeiros vizinhos, bem como a influência do tamanho do
cluster sobre o fenômeno. Discute-se como os resultados obtidos explicam a adsorção de átomos leves sobre metais
usados como anodos de células a combustível do tipo óxido-sólido (SOFC). Tais resultados concordam com os dados
experimentais, indicando que o modelo teórico usado é adequado para as interpretações apresentadas.
palavras-chave: teoria do funcional de densidade
cluster química computacional
DFT
célula a combustível de óxido sólido
SOFC
anodo
metal de transição
Abstract
Calculations were performed using density functional theory (DFT) in order to study the interaction of light atoms (H, C, O,
and S) model structures with nickel, iron and zinc of two different sizes. It was observed that for the adsorbed atoms, the site of
adsorption involves the greatest possible number of neighbors. We evaluated the adsorption energies and distances between
the adsorbed atoms and their nearest neighbors, as well as the influence of the cluster size on the phenomenon. The results
explain the adsorption of light atoms on metals used as anodes for solid oxide type fuel cells (SOFC). These results agree with
the experimental data, indicating that the theoretical model used is suitable for the interpretations presented.
keywords:
density functional theory
DFT
solid oxide fuel cell
SOFC
anode
transition metal
cluster
computational chemistry
Boletim Técnico da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 54, n. 3, p. 47-58, dez. 2011
47
Interação de H, C, O e S com clusters de átomos de níquel, ferro e zinco
Resumen
Los cálculos se realizaron utilizando la teoría del funcional de densidad (DFT) para estudiar la interacción de los átomos ligeros (H, C, O, y S) con estructuras modelo de níquel, hierro y zinc de dos diferentes tamaños. Se observó que, para los átomos
adsorbidos, el sitio de la adsorción involucra el mayor número posible de vecinos. Se evaluaron las energías de adsorción y las
distancias entre los átomos adsorbidos y sus primeros vecinos, así como la influencia del tamaño del clúster en el fenómeno.
Se discute de qué manera los resultados obtenidos explican la adsorción de átomos ligeros sobre metales usados como ánodos
de células de combustible de tipo óxido sólido (SOFC). Estos resultados están de acuerdo con los datos experimentales, lo que
indica que el modelo teórico utilizado está adecuado para las interpretaciones presentadas.
palabras-clave: teoría del funcional de densidad
de transición química computacional
DFT
célula de combustible de óxido sólido
Introdução
O emprego de cálculos com uso da teoria do funcional de
densidade (DFT) se tornou uma ferramenta frequente em problemas de modelagem de materiais em Física, Química, Ciência
dos Materiais e Engenharia. Em diversos campos dessas ciências, o ponto-chave para o progresso científico e tecnológico
reside na compreensão e controle das propriedades da matéria no nível dos átomos e moléculas. A teoria do funcional de
densidade é uma abordagem bem-sucedida no que concerne à
busca de soluções para a equação fundamental que descreve o
comportamento quântico de átomos e moléculas, a equação de
Schrödinger, em situações de uso prático.
A localização dos átomos adsorvidos em uma superfície metálica é importante na descrição dos fenômenos que
dependem da adsorção. Por isso, espera-se que este parâmetro fundamental seja rigorosamente descrito. O nível atual
de desenvolvimento da Química Computacional permite uma
abordagem mais próxima da realidade. Os sítios de adsorção
em superfícies metálicas diferem principalmente no número
de primeiros vizinhos (número de coordenação) e simetria bidimensional. Como a interação é atrativa, espera-se que um átomo adsorvido interaja com o maior número de átomos metálicos, reduzindo a energia de interação.
No caso específico das células a combustível, o fato de
átomos como H, C, O e S serem adsorvidos sobre eletrodos
48
SOFC
ánodo
clúster
metales
metálicos é de vital importância, pois estas espécies estão
presentes em combustíveis (seja na forma de constituintes
ou de contaminantes) usados em células a combustível.
Este trabalho apresenta resultados do uso da abordagem
da teoria do funcional de densidade a fim de se estudar as
geometrias de equilíbrio e energias de adsorção de átomos
leves (H, C, O e S) sobre clusters de elementos da primeira
série de transição (Fe, Ni, e Zn). Os clusters-modelo possuem
sete e quatro átomos, respeitando as geometrias encontradas em bancos de dados cristalográficos. Além disso,
uma análise dos orbitais atômicos dos átomos leves e das
bandas eletrônicas dos metais é descrita a fim de se compreender os mecanismos que governam a quimissorção
sobre metais de transição.
Metodologia
computacional
No presente trabalho, clusters com quatro e sete átomos
de níquel, ferro e zinco foram criados para simular a adsorção de átomos em superfícies metálicas. A fim de se manter a consistência do modelo, as coordenadas dos átomos de
metal usadas foram obtidas a partir de bases de dados cristalográficas. Para o ferro, foi utilizada como base uma estrutura com simetria espacial Im-3m. No caso do níquel, a es-
Boletim Técnico da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 54, n. 3, p. 47-58, dez. 2011
Cassús et al.
trutura-base tem simetria Fm-3m. Os clusters de zinco foram
construídos a partir das coordenadas de uma amostra com
simetria espacial P63/mmc. Além disso, as coordenadas dos
átomos metálicos foram fixadas, e apenas as coordenadas
dos átomos adsorvidos foram otimizadas, seguindo-se a
metodologia usada por outros pesquisadores. A abordagem
empregada apresenta boa concordância com os experimentos e não requer grande esforço computacional.
A interação dos átomos leves (H, C, O e S) com diferentes clusters metálicos foi estudada por cálculos de primeiros princípios via teoria do funcional de densidade (DFT),
usando-se o funcional de troca-correlação B3LYP, como
implementado no pacote NWChem. Para os átomos metálicos, empregaram-se potenciais de caroço efetivo na descrição dos orbitais internos, e as camadas externas foram
descritas explicitamente utilizando-se a base LANL2DZ. Para
os átomos leves (ou seja, H, C, O e S), a base 6-31G foi empregada. Cálculos suplementares para análise dos orbitais
atômicos e moleculares das espécies estudadas foram realizados aplicando-se o método Hartree-Fock, como implementado no pacote Gaussian 09.
Energias de adsorção
Os resultados obtidos para as energias de adsorção
entre os átomos leves e os metais são apresentados nas
figuras 1 e 2. As energias de adsorção foram determinadas a partir da equação 1:
(1)
Onde:
A = átomo leve (H, C, O ou S);
E(MnA) = energia do cluster após a adsorção;
E(Mn) = energia do cluster sem o átomo adsorvido;
E(A) = energia do átomo livre.
Verifica-se que o comportamento dos átomos leves
adsorvidos sobre as superfícies metálicas corresponde ao
previsto pela teoria apresentada por Nørskov e Hammer
0
Fe
Ni
Zn
Figura 1 - Energia de
adsorção de átomos
leves sobre clusters
de ferro, níquel e zinco
metálico compostas por
sete átomos metálicos
determinada por B3LYP.
–0,1
–0,2
–0,3
H
C
–0,4
O
S
Figure 1 - Adsorption
energy of light atoms on
iron, nickel and metallic
zinc clusters made of
seven metallic atoms
calculated via B3LYP
functional.
–0,5
–0,6
–0,7
Figura 1 - Energía de
adsorción de átomos
pequeños en clústeres de
átomos de hierro, níquel y
zinc metálico compuestos
de siete átomos de metal
a través de B3LYP.
–0,8
Boletim Técnico da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 54, n. 3, p. 47-58, dez. 2011
49
Interação de H, C, O e S com clusters de átomos de níquel, ferro e zinco
0
Fe
Ni
Zn
Figura 2 - Energia de
adsorção de átomos leves
sobre clusters de ferro,
níquel e zinco metálico
compostas por quatro
átomos metálicos determinada por B3LYP.
–0,1
–0,2
–0,3
H
C
–0,4
O
S
–0,5
Figure 2 - Adsorption
energy of light atoms on
iron, nickel and metallic
zinc clusters made of
four metallic atoms
calculated via B3LYP
functional.
Figura 2 - Energía de
adsorción de átomos
pequeños en grupos de
átomos de hierro, níquel y
zinc metálico compuestos
de cuatro átomos de
metal a través de B3LYP.
–0,6
–0,7
–0,8
obtida pela abordagem em sistemas infinitos. Num metal
de transição típico, há uma banda s larga, bem como uma
banda d estreita. A ocupação das bandas d varia com o
metal de transição em questão à medida que elas se deslocam pelo nível de Fermi. As bandas d são mais estreitas como consequência do fato de o elemento da matriz
de acoplamento (Vdd) ser pequeno entre estados d localizados, e uma conclusão importante da teoria do tight
binding é o fato de a largura da banda ser proporcional a Vdd.
Como as bandas d são estreitas, a interação entre um estado do adsorbato com os elétrons d da superfície dá origem
a estados ligantes e antiligantes, como num simples caso
de dois orbitais. As figuras 2, 3 e 4 ilustram a situação, bem
como o que ocorre no caso da interação de uma banda larga,
tal como a s de um metal. O estado do adsorbato apenas se
alarga. O limite da banda larga com uma única ressonância é
chamado de quimissorção fraca, enquanto o caso no qual há
divisão entre estados ligantes e antiligantes é chamado de
quimissorção forte.
50
Nørskov et al. propuseram uma situação na qual um
único nível eletrônico do adsorbato foi acoplado com um
elemento matricial V de uma banda de estados. O valor de
V foi mantido fixo enquanto a banda era deslocada para
uma energia maior. O preenchimento da banda foi mantido fixo de modo que, à medida que o centro da banda
(εd) fosse erguido em direção ao nível de Fermi, a largura
da banda diminuísse. No caso de uma banda pequena e
larga, apenas uma única ressonância era vista na parte inferior da banda, mas, à medida que o centro da banda era
erguido, um estado nitidamente antiligante surgia sobre a
banda. Como o estado antiligante está acima do nível de
Fermi, eles ficam vazios, o que torna a ligação cada vez
mais forte à medida que o número de estados antiligantes
tende a aumentar. O princípio geral de ligação sobre
superfície é o seguinte: ligações fortes ocorrem quando os
estados antiligantes são deslocados para cima do nível de
Fermi (tornando-se vazios). O mesmo raciocínio é válido
para estados ligantes sendo deslocados para baixo do nível de Fermi (tornando-se preenchidos).
Boletim Técnico da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 54, n. 3, p. 47-58, dez. 2011
Cassús et al.
Δ (ε)
εa
Figura 3 - Densidade de
estados locais em um
adsorbato no caso no
qual um elétron interage
com uma banda metálica
estreita (banda d).
Figure 3 - Local density
of states in the adsorbate
when an electron interacts
with a narrow metal band
(d-type band).
Figura 3 - Densidad
local de estados en un
adsorbato cuando un
electrón interactúa con
una banda de metal
estrecha (banda d).
Tomando-se como exemplo o caso específico da adsorção do carbono, considera-se a projeção das bandas do
metal sobre os orbitais 2p do átomo leve. Supõe-se que a
formação da ligação se dê em duas etapas. Primeiramente,
o estado 2p do adsorbato interage com os elétrons s do
metal. Como dito acima, este processo produz uma única
ressonância. Todas as ressonâncias oriundas dos estados
2p ficarão bem abaixo do nível de Fermi e, portanto, completamente preenchidas. A seguir, considera-se o acoplamento com os elétrons d. Como as bandas d são estreitas,
uma forte interação surge; isto é, a ressonância do carbono
divide-se em duas: um estado ligante com respeito aos estados do adsorbato e d do metal, além de outro antiligante
acima das bandas d.
A interpretação das mudanças na estrutura eletrônica supracitada apresenta algumas consequências imediatas para a compreensão das tendências nas energias de ligação. Pode-se também supor que a energia de ligação seja composta de dois
componentes: um oriundo do acoplamento dos estados s do metal e outro devido ao acoplamento adicional com os estados d.
A julgar pelos resultados obtidos, duas conclusões surgem:
(i) o acoplamento aos estados d é essencialmente um
problema de dois níveis que gera um estado ligante e
um antiligante;
Energia
Energia
Δ (ε)
Figura 4 - Densidade de
estados locais em um
adsorbato no caso limite
no qual um elétron interage
com uma banda superficial
larga (banda s).
εa
Figure 4 - Local density of
states in an adsorbate in
the limit case in which an
electron interacts with a
large surface band (s-type
band).
Figura 4 - Densidad local
de estados en un adsorbato
en el caso límite en el que
un electrón interactúa con
una banda superficial ancha
(banda s).
(ii) as bandas d podem, em princípio, ser caracterizadas
somente pelo seu centro, εd. Para confirmar esta hipótese, realizaram-se cálculos Hartree-Fock de modo a
poder analisar os orbitais moleculares obtidos.
Clusters de ferro
Observou-se que, para o ferro metálico, as bandas s
e d estão misturadas, e a adsorção de um átomo de carbono desloca o orbital 2s levemente para cima, tanto no
caso do cluster de quatro, como no de sete átomos metálicos. Além disso, a banda mista s/d alarga-se. Com a adsorção, observa-se o abaixamento da energia dos níveis
ligantes e do centro da banda, bem como a elevação dos
níveis antiligantes acima do nível de Fermi, o que caracteriza uma situação energeticamente favorável (fig. 5).
a) Clusters de níquel
Novamente, as bandas s e d não são distinguíveis tanto
no cluster de sete quanto no de quatro átomos metálicos.
A adsorção de carbono também gera um alargamento da
banda, com um abaixamento dos níveis ligantes. No cluster
de sete átomos metálicos, verifica-se o abaixamento do
centro da banda, mas, no cluster de quatro átomos, este
Boletim Técnico da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 54, n. 3, p. 47-58, dez. 2011
51
Interação de H, C, O e S com clusters de átomos de níquel, ferro e zinco
Fe4C
Fe4
Energia
C
Energia
Zn4
Zn4C
C
Nível de Fermi
Nível de Fermi
Nível de Fermi
Nível de Fermi
Banda s
Banda s/d
2p
2p
2s
2s
Banda p
Banda d
Banda s
1s
1s
Figura 5 - Representação
esquemática (fora de escala)
do diagrama de níveis de
energia dos orbitais atômicos
do carbono, das bandas do
cluster de quatro átomos de
ferro e do carbono adsorvido
sobre o cluster. Regiões
preenchidas representam
regiões ocupadas com ao
menos um elétron.
Figure 5 - Schematic
representation (not to
scale) of the energy levels
diagram of atomic orbitals
of carbon, the bands of the
cluster made of four iron
atoms, and of the carbon
adsorbed on the iron
cluster. Filled regions are
those occupied by at least
one electron.
Figura 5 - Representación
esquemática (no a escala)
del diagrama de los niveles
de energía de orbitales
atómicos de carbono, bandas de clúster de cuatro
átomos de hierro y carbono
adsorbido en el clúster. Regiones rellenas representan
regiones ocupadas por al
menos un electrón.
centro eleva-se, o que explica por que a energia de adsorção para o cluster de sete átomos é mais favorável do que
a energia de adsorção no cluster de quatro.
b) Clusters de zinco
No caso do zinco, não se observa uma interação entre a
banda d do metal e os níveis do carbono, o que ocorre é apenas a interação com o nível s. Observam-se o alargamento da
banda s e a formação de níveis desocupados acima do nível
de Fermi. Nos dois casos, há elevação do centro da banda s.
As bandas d não sofrem alteração considerável. Isto explica por
que a interação com zinco é quase desprezível (fig. 6).
Oxigênio e enxofre possuem interações análogas, nas
quais os orbitais de fronteira interagem com as bandas de
maior energia dos metais. No caso específico do hidrogênio, deve-se levar em consideração que o único orbital
ocupado é o 1s.
52
Figura 6 - Representação
esquemática (fora de escala)
do diagrama de níveis de
energia dos orbitais atômicos
do carbono, das bandas do
cluster de quatro átomos de
zinco e do carbono adsorvido
sobre o cluster. Regiões
preenchidas representam
regiões ocupadas com ao
menos um elétron.
Figure 6 - Schematic
representation (not to
scale) of the energy levels
diagram of atomic orbitals
of carbon, the bands of the
cluster made of four zinc
atoms, and of the carbon
adsorbed on the zinc
cluster. Filled regions are
those occupied by at least
one electron.
Figura 6 - Representación
esquemática (fuera de escala)
del diagrama de los niveles
de energía de orbitales
atómicos del carbono, de las
bandas de clúster de cuatro
átomos de zinc y carbono
adsorbido en el clúster. Las
regiones rellenas representan
regiones ocupadas por al
menos un electrón.
Geometrias de adsorção
a) clusters com sete átomos
As geometrias obtidas para clusters de sete átomos são
apresentadas na figura 7 e na tabela 1.
b) clusters com quatro átomos
As geometrias obtidas para clusters de quatro átomos
são apresentadas na figura 8 e nas tabelas 2 e 3.
A análise das geometrias obtidas após a adsorção indica que
o átomo adsorvido encontra maior estabilidade aproximando-se
do maior número de átomos possível, ocupando a posição de
vértice em uma pirâmide de base quadrada no caso dos clusters
de sete átomos e o vértice de uma pirâmide de base triangular
no caso dos clusters com quatro átomos (com exceção do
enxofre adsorvido sobre zinco). Pelos valores obtidos para as
distâncias entre átomos leves e primeiros vizinhos metálicos,
Boletim Técnico da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 54, n. 3, p. 47-58, dez. 2011
Cassús et al.
H
C
Fe
O
Fe
Fe
Fe
Fe
Fe
Fe
Fe
Fe
Fe
S
Fe
Fe
Fe
Fe
Fe
Fe
Fe
Fe
O
Fe
Fe
H
Fe
C
Fe
Fe
Fe
Fe
Fe
Fe
Fe
Fe
S
Ni
Ni
Ni
Zn
Ni
Zn
Ni
Zn
Ni
Ni
Ni
Ni
Ni
Ni
Ni Ni
H
C
Zn
Zn
Zn
Zn
Ni
Ni
Zn
Zn
Zn
Zn
Zn
H
Zn
Ni
Ni
Ni
Ni
Ni
Ni
Ni
Ni
Ni
Ni
O
Zn
Zn
Zn
Zn
Zn
Ni
Ni
S
Zn
Zn
Zn
Ni
Ni
Zn Zn Zn
Zn
Zn
Zn
Zn
Zn
O
C
S
Figura 7 - Geometrias de adsorção entre átomos
pequenos e clusters metálicos de sete átomos da primeira
série de transição obtidas via funcional híbrido B3LYP.
H
C
O
S
Tabela 1 - Distância
entre átomo leve
adsorvido e o primeiro
vizinho metálico em
ângstroms, obtida por
B3LYP para clusters
com sete átomos.
Figure 7 - Adsorption geometries between light atoms
and seven-atom metal clusters from the first transition
series obtained via a hybrid functional B3LYP.
Fe
Ni
Zn
1,841
1,825
1,877
2,395
1,852
1,767
1,930
2,301
2,019
2,158
1,971
2,477
Table 1 - Distance
between adsorbed
atom and nearest
metal neighbor in
angstroms, via B3LYP
for the seven-atom
clusters.
Tabla 1 - Distancia
entre el átomo ligero
adsorbido y el metal
vecino más cercano en
angstroms, obtenida
por B3LYP para clústeres con siete átomos.
H
C
O
S
Tabela 2 - Distância
entre átomo leve
adsorvido e o primeiro
vizinho metálico em
ângstroms, obtida por
B3LYP para clusters
com quatro átomos.
Figura 7 - Geometrías de adsorción de átomos pequeños y
clústeres de metal de siete átomos de la primera serie de
transición obtenidas a través de funcional híbrido B3LYP.
Fe
Ni
Zn
1,828
1,870
1,950
2,408
1,700
1,819
1,914
2,323
2,151
2,195
2,058
2,523
Table 2 - Distance
between adsorbed
atom and nearest
metal neighbor
in angstroms, via
B3LYP for four-atom
clusters.
Tabla 2 - Distancia
entre el átomo ligero
adsorbido y el metal
vecino más cercano en
angstroms, obtenido
por B3LYP para clústeres con cuatro átomos.
Boletim Técnico da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 54, n. 3, p. 47-58, dez. 2011
53
Interação de H, C, O e S com clusters de átomos de níquel, ferro e zinco
H
C
O
Fe
Fe
Fe
Fe
S
Fe
Fe
Fe
Fe
Fe
Fe
Fe
H
Fe
Fe
Fe
Fe
C
O
Ni
Ni
Fe
Fe
S
Ni
Ni
Ni
Ni
Ni
Ni
Ni
Ni
Ni
Ni
C
H
Ni
Ni
Ni
Ni
Ni
O
S
Zn
Zn
Zn
Zn
Zn
Zn
Zn
Zn
Zn
Zn
Zn
Zn
Zn
Zn
Zn
Zn
Zn
S
H
C
Figura 8 - Geometrias de adsorção entre átomos pequenos
e clusters metálicos de quatro átomos da primeira série de
transição obtidas via funcional híbrido B3LYP.
54
Figure 8 - Adsorption geometries between light
atoms and four-atom metal clusters via a hybrid
functional B3LYP.
Fe
Ni
Zn
H
1,896
1,870
—
C
1,899
1,861
—
O
1,944
1,922
2,106
S
2,419
2,322
2,371
Tabela 3 - Valores
experimentais para a
distância entre átomo
leve adsorvido e o primeiro vizinho metálico
em ângstroms[3].
Table 3 - Empirical
distances for the
adsorbed atom
and the first metal
neighbor in angstroms[3].
O
Tabla 3 - Valores empíricos para la distancia
entre átomo ligero
adsorbido y el metal
vecino más cercano
en angstroms [3]
Figura 8 - Geometrías de adsorción de átomos pequeños y
clústeres de metal de cuatro átomos de la primera serie de
transición obtenidas a través de funcional híbrido B3LYP.
pode-se observar que o funcional B3LYP oferece boa reprodução
dos valores experimentais tanto para os clusters maiores quanto
para os menores.
Conclusão
O comportamento de átomos de hidrogênio, carbono,
oxigênio e enxofre sobre clusters metálicos de ferro, níquel
e zinco compostos de quatro e sete átomos foi analisado
via cálculos de química computacional. Os resultados obtidos podem ser resumidos da seguinte forma:
Boletim Técnico da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 54, n. 3, p. 47-58, dez. 2011
Cassús et al.
a) a adsorção de átomos leves é governada pela interação de orbitais atômicos de fronteira do átomo leve
com a banda ocupada de maior energia dos metais.
No caso de ferro e níquel, a banda é composta de
elétrons s e d. Para o zinco, a banda de interesse é
composta apenas de elétrons s. A distância entre o
centro da banda e o nível de Fermi antes e depois da
adsorção permite inferir a força da interação. Quanto
mais baixo ficar o centro da banda após a adsorção,
mais intenso será o fenômeno. Além disso, a formação de níveis antiligantes acima do nível de Fermi
torna a ligação mais estável, uma vez que estes níveis ficam desocupados;
b) os átomos adsorvidos encontram-se em geometrias
que minimizam a energia por intermédio da interação
com o maior número possível de vizinhos metálicos;
c) a existência de bandas de elétrons e sua influência no comportamento dos substratos metálicos são
observadas mesmo em clusters pequenos com apenas quatro átomos, o que indica que características
importantes dos metais na forma macroscópica podem ser modeladas de maneira eficiente mesmo em
sistemas extremamente simples.
Agradecimentos
Os autores agradecem o apoio financeiro do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) e da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à
Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).
Referências Bibliográicas
BLIGAARD, T.; NORSHOV, J. K.; DAHL, S.; MATTHIESEN, J.; CHRISTENSEN,
MENNUCCI, B.; PETERSSON, G. A.; NAKATSUJI, H.; CARICATO, M.;
C. H.; SEHESTED, J. The Brønsted–Evans–Polanyi relation and the volcano
LI, X.; HRATCHIAN, H. P.; IZMAYLOV, A. F.; BLOINO, J.; ZHENG, G.;
curve in heterogeneous catalysis. Journal of Catalysis, Amsterdam, v. 224,
SONNENBERG, J. L.; HADA, M.; EHARA, M.; TOYOTA, K.; FUKUDA,
n. 1, May 2004.
R.; HASEGAWA, J.; ISHIDA, M.; NAKAJIMA, T.; HONDA, Y.; KITAO,
O.; NAKAI, H.; VREVEN, T.; MONTGOMERY, JR., J. A.; PERALTA, J. E.;
BYLASKA, E. J.; JONG, W. A.; GOVIND, N.; KOWALSKI, K.;
OGLIARO, F.; BEARPARK, M.; HEYD, J. J.; BROTHERS, E.; KUDIN, K. N.;
STRAATSMA, T. P.; VALIEV, M.; WANG, D.; APRA, E.; WINDUS,
STAROVEROV, V. N.; KOBAYASHI, R.; NORMAND, J.; RAGHAVACHARI,
T. L.; HAMMOND, J.; NICHOLS, P.; HIRATA, S.; HACKLER, M. T.;
K.; RENDELL, A.; BURANT, J. C.; IYENGAR, S. S.; TOMASI, J.; COSSI,
ZHAO, Y.; FAN, P.-D.; HARRISON, R. J.; DUPUIS, M.; SMITH, D. M.
M.; REGA, N.; MILLAM, N. J.; KLENE, M.; KNOX, J. E.; CROSS, J. B.;
A.; NIEPLOCHA, J.; TIPPARAJU, V.; KRISHNAN, M.; WU, Q.; VAN
BAKKEN, V.; ADAMO, C.; JARAMILLO, J.; GOMPERTS, R.; STRATMANN,
VOORHIS, T.; AUER, A. A.; NOOIJEN, M.; BROWN, E.; CISNEROS,
R. E.; YAZYEV, O.; AUSTIN, A. J.; CAMMI, R.; POMELLI, C.; OCHTERSKI,
G.; FANN, G. I.; FRUCHTL, H.; GARZA, J.; HIRAO, K.; KENDALL, R.;
J. W.; MARTIN, R. L.; MOROKUMA, K.; ZAKRZEWSKI, V. G.; VOTH, G.
NICHOLS, J. A.; TSEMEKHMAN, K.; WOLINSKI, K.; ANCHELL, J.;
A.; SALVADOR, P.; DANNENBERG, J. J.; DAPPRICH, S.; DANIELS, A. D.;
BERNHOLDT, D.; BOROWSKI, P.; CLARK, T.; CLERC, D.; DACHSEL, H.;
FARKAS, Ö.; FORESMAN, J. B.; ORTIZ, J. V.; CIOSLOWSKI, J.; FOX, D. J.
DEEGAN, M.; DYALL, K.; ELWOOD, D.; GLENDENING, E.; GUTOWSKI,
Gaussian 09: revision A.1, Wallingford, 2009.
M.; HESS, A.; JAFFE, J.; JOHNSON, B.; JU, J.; KOBAYASHI, R.;
KUTTEH, R.; LIN, Z.; LITTLEFIELD, R.; LONG, X.; MENG, B.; NAKAJIMA,
HAMMER, B.; NØRSKOV, J. K. Theoretical surface science and cataly-
T.; NIU, S.; POLLACK, L.; ROSING, M.; SANDRONE, G.; STAVE, M.;
sis: calculations and concepts. Advances in Catalysis, Amsterdam, v. 45,
TAYLOR, H.; THOMAS, G.; VAN LENTHE, J.; WONG, A.; ZHANG, Z. A
p. 71-129, 2000.
Computational Chemistry Package for Parallel Computers. NWChem:
NEUROCK, M. Perspectives on the first principles elucidation
version 5.1, Washington, 2006.
and the design of active sites. Journal of Catalysis, Amsterdam,
FRISCH, M. J.; TRUCKS, G. W.; SCHLEGEL, H. B.; SCUSERIA, G.
E.; ROBB, M. A.; CHEESEMAN, J. R.; SCALMANI, G.; BARONE, V.;
v. 216, n. 1-2, p. 73-88, May-June 2003. 40th Anniversary Commemorative Issue.
Boletim Técnico da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 54, n. 3, p. 47-58, dez. 2011
55
Interação de H, C, O e S com clusters de átomos de níquel, ferro e zinco
PARREIRA, R. L. T.; CARAMORI, G. F.; GALEMBECK, S. E.; HUGUENIN, F.
WANG, G.; JIANG, L.; CAI, Z.; PAN, Y.; GUAN, N.; WU, Y.; ZHAO, X.;
The nature of the interactions between Pt4 cluster and the adsorbates H,
LI, Y.; SUN, Y.; ZHONG, B. Interaction of the atoms (H, S, O, C) with
OH, and H2O. The Journal of Physical Chemistry A, Washington, v. 112,
the Cu(111) surface. Journal of Molecular Structure: THEOCHEM,
n. 46, p. 11731-11743, Oct. 2008.
Amsterdam, v. 589-590, p. 371-378, Aug. 2002.
Webgraia
CRYSTALLOGRAPHY Open Database (COD): an open-access collection
of crystal structures and platform for world-wide collaboration. Disponível
em: <http://www.crystallography.net>. Acesso em: 12 set. 2010.
Autores
Eduardo Pires Cassús
Sérgio de Paula Machado
Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes)
P&D de Gás, Energia e Desenvolvimento
Sustentável
Gerência de Química
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Instituto de Química
Laboratório de Química Inorgânica
Computacional
[email protected]
[email protected]
Eduardo Pires Cassús formou-se em Engenharia Química
pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 2000
e concluiu o mestrado em Química Inorgânica pela UFRJ
em 2003. Obteve o doutorado em Química pela mesma
instituição em 2011. É químico de petróleo no Cenpes e
foi professor de Química Inorgânica na Fundação TécnicoEducacional Souza Marques entre 2007 e 2012. Atua na
área de Química, com ênfase nos seguintes temas: Atividade
Antitumor, Compostos de Estanho, Métodos Semiempíricos,
Química Computacional, Catálise, Células a Combustível,
Eletrodos, Hidrogênio, Nanociências e Nanotecnologia, DFT
e Hartree-Fock.
56
Sérgio de Paula Machado possui graduação em Química
Industrial pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em
1985, mestrado e doutorado, ambos em Química pela
UFRJ em 1989 e 1994, respectivamente. É professor
do Departamento de Química Inorgânica do Instituto
de Química da UFRJ, concursado em 1988. Ministra
aulas na graduação e na pós-graduação (Programa de
Química). Orienta dissertações de mestrado, teses de
doutorado e alunos de iniciação científica. É conselheiro
do Conselho Regional de Química (Mandatos 2004-2012)
e membro efetivo da Sociedade Brasileira de Química
(SBQ), ocupando a Diretoria da Divisão de Química
Inorgânica (2008-2012) e da American Chemical Society.
Atua principalmente nos seguintes temas: Modelagem
Molecular, Bioinorgânica, Compostos de Coordenação,
DFT, Ensino de Química e Orbital Molecular.
Boletim Técnico da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 54, n. 3, p. 47-58, dez. 2011
Cassús et al.
Francisco Manoel dos
Santos Garrido
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Instituto de Química
Laboratório de Química de Materiais
Avançados
[email protected]
Francisco Manoel dos Santos Garrido possui bacharelado, mestrado e doutorado, ambos em Qímica pela
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), nos
anos de 1985, 1989 e 1995, respectivamente. Fez
pós-doutorado em Química de Materiais na University
of Manchester Institute of Science and Technology
(Umist), na Inglaterra, em 2001. É professor-adjunto
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Tem
experiência na área de Química de Materiais e de Estado
Sólido, atuando principalmente nas áreas de Materiais
para Pilhas a Combustível, Síntese de Materiais
Cerâmicos pelo Método Sol-Gel e Química de Minerais.
Juan Omar Machuca Herrera
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Instituto de Química
Laboratório de Química Inorgânica
Computacional
[email protected]
Juan Omar Machuca Herrera possui licenciatura em
Química pela Universidad de Concepción (UDEC), em 1978,
doutorado em Química pela Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp) em 1982 e pós-doutorado também
pela Unicamp, em 1989. É professor-adjunto da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Tem experiência na área
de Química, com ênfase em Química Inorgânica. Atua
principalmente nos seguintes temas: Mecânica Molecular,
Campo de Força, Complexos.
Marta Eloísa Medeiros
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Instituto de Química
Laboratório de Química de Materiais
Avançados
[email protected]
Marta Eloísa Medeiros é bacharel em Química, Mestre
em Química Inorgânica e Doutora em Ciências, ambos pela
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), nos anos
de 1986, 1991 e 1995, respectivamente. É professora da
UFRJ. Tem experiência na área de Química Inorgânica,
atuando principalmente nos seguintes temas: Eletrólito
Sólido, Pilha a Combustível, Química de Minerais, Materiais
Lamelares e Compostos Supramoleculares.
Boletim Técnico da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 54, n. 3, p. 47-58, dez. 2011
57