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Livros para o programador
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Prefácio
Neste livro trataremos do Spring, um framework usado no desenvolvimento de aplicações corporativas baseado nos conceitos de inversão de controle, injeção de dependências e AOP. São palavras que muitas vezes soam alienígenas e muitas vezes não
adquirem signiicado na mente do desenvolvedor. Este livro possui dois objetivos:
clariicar o signiicado por trás destes conceitos e expor como sua aplicação acaba por
gerar sistemas de qualidade superior, mais fáceis de manter e que, com isto, acabam
por aumentar o valor agregado do nosso trabalho.
Mais que um framework para desenvolvimento de aplicações corporativas, vejo
o Spring como uma ferramenta disciplinadora. Conforme o desenvolvedor vai se habituando ao seu modo de trabalho começa a valorizar ainda mais qualidades como
uma melhor modularização do sistema, escrita de código mais simples, reaproveitamento de código legado e tecnologias já existentes, além da criação de interfaces
mais signiicativas. No Spring podemos ver de forma nítida o núcleo da arquitetura
de sistemas que é justamente o modo como componentes de sotware interagem entre si de uma maneira explícita. Para os que anseiam trilhar este caminho, é também
um auxílio em sua formação.
O livro é dividido em duas partes. Na primeira tratamos dos conceitos em que
se baseia o Spring. Veremos o que motivou sua criação, o que o framework trouxe
de ganho para o desenvolvimento de aplicações corporativas e como são aplicados
no núcleo do Spring que é seu container de inversão de controle/injeção de dependências. Com isto é fornecida ao leitor uma base sólida que pode ser aplicada tanto
dentro quanto fora do contexto do Spring.
Na segunda parte temos uma abordagem mais mão na massa. Veremos aplicações do framework em situações reais do dia a dia, como por exemplo na camada
de persistência, controle transacional, segurança e também criaremos uma aplicação
web real baseada no Spring MVC. A grosso modo, pode-se dizer que quando escrevi
a primeira parte do livro incluí o conteúdo que gostaria muito de ter aprendido na
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faculdade, enquanto na segunda estão as informações que teriam me poupado muito
tempo no meu cotidiano como desenvolvedor.
A quem se destina
Este livro se destina a todos aqueles que já possuem algum conhecimento da plataforma Java, que já terão uma bagagem mais rica para entender o que tento explicar
neste texto. Caso não seja o seu caso, tudo bem: os três primeiros capítulos contém
o conceitual que você poderá aplicar em práticamente qualquer plataforma.
Agradecimentos
Agradeço à coniança e ao apoio (isto sem mencionar a paciência!) dos meus
editores Paulo Silveira e Adriano Almeida sem os quais este livro não seria possível. Claro que eles não agiram sozinhos, Nanna - minha esposa - é fundamental por
ter conseguido me aguentar neste processo de tradução do Springolês para o Português. Também preciso agradecer aos meus colegas, em especial ao Matheus Eduardo
Moreira e o Felipe Zampa.
Os leitores tiveram participação extremamente importante: após o lançamento
da versão beta iquei maravilhado com a quantidade de pessoas interessadas neste
material, o que me motivou a concluí-lo mais rápido e com a melhor qualidade possível. Alguns entraram em contato direto comigo com dicas e sugestões, e a estes
ofereço meu agradecimento especial: Renan Reis, Rodrigo Monteiro, Adriano Faria
Alves e Willardy Tyrone de Oliveira. E ei, também não posso deixar de agradecer ao
apoio do Rodrigo Fernandes Moreira e Gabriela Corrêa da Eteg. Finalmente, para
evitar que eu sofra consequências imprevisíveis, à minha mãe, Selma Weissmann.
Infelizmente o espaço deste prefácio é limitado para conter todas as pessoas a quem
devo agradecer, assim como minha memória. Caso seu nome me tenha escapado,
por favor desculpe este mal agradecido: com certeza encontrarei alguma forma de
retribuí-lo no futuro ok?
Muito obrigado a todos vocês.
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Sumário
Sumário
Os conceitos por trás do Spring
1
1
Lide com o alto acoplamento de forma elegante
3
1.1 Problema essencial: acoplamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2 A famigerada inversão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2
Conheça o Spring Framework
2.1 Por que criaram o Spring? . . . . . . . . . . . . . . . .
2.2 O Mundo dos objetos em 2004 . . . . . . . . . . . . .
2.3 Os problemas do EJB em 2004 . . . . . . . . . . . . . .
2.4 Alternativas começam a surgir: IoC/DI e AOP . . . .
2.5 Container: o sujeito que torna tudo isto possível . . .
2.6 Do início ao im de um objeto, entenda o ciclo de vida
2.7 Spring em partes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2.8 O Container . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2.9 Trabalhando com AOP e Aspects . . . . . . . . . . . .
2.10 Instrumentação de código . . . . . . . . . . . . . . . .
2.11 Acesso a dados e integração . . . . . . . . . . . . . . .
2.12 Aplicações na Web com o Spring . . . . . . . . . . . .
2.13 E ainda mais componentes! . . . . . . . . . . . . . . . .
2.14 Resumindo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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22
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29
29
30
30
31
31
Conhecendo o Container
33
3.1 Preparando seu ambiente de desenvolvimento . . . . . . . . . . . . . . 34
3.2 Nosso sistema de exemplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3.3 Declarando beans . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
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Sumário
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3.4
Instanciação por factory method . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.5
Mapeando atributos complexos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.6
Usando o container . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.7
O ciclo de vida do container . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
3.8
Escopos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.9
Instanciação tardia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
3.10 Aproveitando o ciclo de vida dos beans . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
3.11 Quando o bean conhece seu container . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
3.12 Modularizando a coniguração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
3.13 Aplicando herança na deinição dos beans . . . . . . . . . . . . . . . . 64
3.14 Spring Expression Language (SpEL) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
3.15 Resumindo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
4 Minimizando o XML com autowiring, anotações e Java
5
71
4.1
Autowiring: automatizando a injeção de dependências . . . . . . . . . 71
4.2
Vantagens e limitações da injeção automática . . . . . . . . . . . . . . 76
4.3
Facilitando ainda mais com Anotações . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
4.4
Coniguração programática com Java . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
4.5
XML, anotações ou coniguração programática? . . . . . . . . . . . . 93
AOP: adicionando novos comportamentos aos beans
95
5.1
Como identiicar os interesses transversais . . . . . . . . . . . . . . . . 96
5.2
Entendendo AOP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
5.3
Preparando o ambiente de desenvolvimento . . . . . . . . . . . . . . . 100
5.4
A implementação do primeiro aspecto . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
5.5
Entenda os advices . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
5.6
Use os around advices . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
5.7
Use o advice before . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
5.8
E onde entra o Proxy nessa história? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
5.9
Entenda a execução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
5.10 Um uso interessante para AOP: Log de erros . . . . . . . . . . . . . . . 111
5.11 Declare aspectos com anotações AspectJ e esquemas XML . . . . . . 112
5.12 A sintaxe AspectJ de declaração de point cuts . . . . . . . . . . . . . . 116
5.13 Concluindo com um resumão conceitual . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
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Sumário
Spring Framework na prática
123
6 Colocando a mão na massa
125
6.1 Obtendo o código fonte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
6.2 Conigure seu ambiente de desenvolvimento . . . . . . . . . . . . . . . 127
6.3 O que vêm por ai . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
7
8
Desenvolva aplicações web com Spring MVC
7.1 A base para tudo: MVC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
7.2 Dispatcher Servlet: o maestro por trás do Spring MVC . . . . .
7.3 A preparação do projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
7.4 Como trabalhar com conteúdo estático . . . . . . . . . . . . . .
7.5 Nosso primeiro controlador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
7.6 A deinição da camada de visualização . . . . . . . . . . . . . .
7.7 Trabalhe com redirecionamentos e sessão do usuário . . . . . .
7.8 A deinição do método de acesso . . . . . . . . . . . . . . . . .
7.9 Receba parâmetros de entrada . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
7.10 Faça redirecionamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
7.11 Como lidar com a sessão do usuário e a classe ModelAndView
7.12 O chato e repetitivo trabalho de criar formulários . . . . . . . .
7.13 Ainda há mais de SpringMVC por vir . . . . . . . . . . . . . . .
Ações recorrentes com o SpringMVC
8.1 Faça a validação de formulários . . . . . . . . . . . . . . . .
8.2 Envie seus avatares para o servidor com upload de arquivos
8.3 Deina o corpo da resposta . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
8.4 Faça requisições assíncronas com AJAX . . . . . . . . . . .
8.5 Concluindo com uma surpresa . . . . . . . . . . . . . . . .
9 Acesso a dados
9.1 DAO: no centro da mentalidade Spring . . . . .
9.2 Conecte-se ao banco de dados . . . . . . . . . .
9.3 De volta ao DAO: o problema com as exceções
9.4 Templates: acabe com o código repetido . . . .
9.5 O trabalho com JDBC . . . . . . . . . . . . . . .
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Sumário
9.6
9.7
9.8
O trabalho com o Hibernate . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 200
Integre com a JPA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 207
Concluindo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 211
10 Gerenciando transações
10.1 Entendendo as transações . . . . . . . . . . . . . .
10.2 As políticas transacionais . . . . . . . . . . . . . . .
10.3 Preparando o ambiente de desenvolvimento . . . .
10.4 Como o Spring implementa o suporte a transações
10.5 Transações programáticas . . . . . . . . . . . . . .
10.6 Declarando transações . . . . . . . . . . . . . . . .
10.7 Concluindo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
11 Protegendo nossa aplicação com Spring Security
11.1 Entendendo autenticação e autorização . . . .
11.2 Os módulos do Spring Security . . . . . . . .
11.3 Conigurando os iltros de acesso . . . . . . .
11.4 Conigurando o contexto do Spring . . . . . .
11.5 O formulário de login . . . . . . . . . . . . . .
11.6 Escrevendo um provedor de autenticação . .
11.7 Usando SpEL . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
11.8 Protegendo invocação de métodos em beans .
11.9 Tags . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
11.10 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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243
244
245
12 E ai, gostou?
247
Bibliograia
252
Versão: 15.4.27
vi
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Parte I
Os conceitos por trás do Spring
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Capítulo 1
Lide com o alto acoplamento de
forma elegante
Todo objeto é carente: e aí o problema começa.
Spring Framework é um framework voltado para o desenvolvimento de aplicações corporativas para a plataforma Java, baseado nos conceitos de inversão de
controle e injeção de dependências. Esta é a descrição padrão que encontramos na
grande maioria dos materiais sobre o assunto.
Vamos fazer diferente? Que tal não simplesmente descrever o funcionamento da
ferramenta, mas sim apresentar os problemas que motivaram a sua criação? São problemas comuns no desenvolvimento de sistemas que ocorrem independentemente
da plataforma e o Spring no inal das contas é apenas uma ferramenta interessante
para tratá-los.
Estas diiculdades podem ser agrupadas em duas categorias: essenciais e especíicos da plataforma. Neste capítulo o objetivo é apresentá-las brevemente para, no
transcorrer deste livro, entender como o Spring nos ajuda a minimizá-las.
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1.1. Problema essencial: acoplamento
1.1
Casa do Código
Problema essencial: acoplamento
Problemas essenciais são aqueles que independem da plataforma. Fred Brooks no
seu texto clássico “No Silver Bullet” [2] aponta quatro diiculdades essenciais inerentes ao desenvolvimento de qualquer sotware:
• Conformidade: todo sotware precisa ser compatível com o ambiente no qual
será executado. Isto inclui conformidade com sistema operacional, acesso a
interfaces de sistemas legados e as próprias restrições físicas do ambiente.
• Invisibilidade: como podemos visualizar um sotware? Apesar dos avanços
em notações como a UML ainda não chegamos a uma solução deinitiva para
este problema. Boa parte do nosso raciocínio se baseia em metáforas visuais
que diicilmente se enquadram no desenvolvimento de projetos de sotware.
• Mutabilidade: os requisitos mudam constantemente e, com isto, faz-se necessário que a arquitetura de nossos sistemas seja projetada de tal forma que
possa se adequar com o mínimo de impacto possível a estas transformações.
• Complexidade: provavelmente a pior das diiculdades, pois está diretamente
relacionada aos limites do nosso intelecto. Conforme o sotware se desenvolve
a complexidade das regras de negócio e das integrações que este precisa fazer
evoluem até chegar a um ponto no qual os custos de manutenção se tornam
proibitivos (o livro clássico de Fred Brooks, “he Mythical Man-Month” [1]
pode ser resumido a esta questão).
A orientação a objetos quando bem aplicada consegue minimizar estes problemas essenciais através da metáfora do objeto. É uma ideia simples: se vivemos em
um mundo rodeado de objetos interagindo entre si, por que não metaforizá-los em
uma linguagem de programação que nos permita simular estas interações a im de
resolver problemas computacionais? Um plano perfeito no qual nada pode dar errado, não é? Claro que não.
Minimizamos o problema da conformidade a partir de interfaces bem deinidas,
com relação à invisibilidade, temos a UML, e a própria metáfora do objeto já é quase
visual. Mutabilidade? Sempre podemos adicionar mais uma classe pra modiicar
algum comportamento, e com relação à complexidade, bem, agora temos classes e
as coisas icaram mais simples, certo? Não.
Se ignoramos o fato de que este relacionamento entre objetos não é simples, terminamos reféns de uma armadilha complexa da qual possivelmente a única saída
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Capítulo 1. Lide com o alto acoplamento de forma elegante
normalmente é a reescrita total do nosso código. Se já há complexidade no desenvolvimento procedural, com objetos em cena acabamos por adicionar também
a complexidade inerente do gerenciamento de suas interações. Nosso plano perfeito
falhou, e Robert C. Martin (aka “Uncle Bob”) em seu texto “he Dependency Inversion Principle” [10] aponta alguns sintomas de que nosso projeto pode estar apodrecendo. Estes são:
• Fragilidade: altere um trecho, veja diversos outros se partirem.
• Rigidez: consequência da fragilidade, o sotware é difícil de ser modiicado.
Neste caso, tanto devido à sua fragilidade quanto por razões não técnicas. A
própria gerência da empresa começa a barrar mudanças no sistema por estar
traumatizada por um passado doloroso de bugs que surgem da solução de
outros.
• Imobilidade: há componentes maravilhosos no sotware, que poderiam ser
aproveitados em outros projetos. Infelizmente, sua remoção é tão custosa que
ica mais barato simplesmente reimplementar a funcionalidade (isto sem mencionar que agora você tem de dar manutenção em mais de um lugar)
O que torna um projeto frágil, rígido e imóvel é a maneira como se encontra
deinida a interdependência entre seus componentes [10]. A solução para evitar estes sintomas é desenharmos nosso sotware de tal forma que consigamos gerenciar
de maneira efetiva o modo como seus objetos se relacionam. Dizemos que um sistema possui alto acoplamento quando suas classes dependem muito umas das outras. Quanto mais uma classe sabe a respeito de outra, maior é o acoplamento entre
as duas e, consequentemente, alterações em uma normalmente acarretam em mudanças de comportamento em locais inesperados do sistema.
Para expor o problema, vou iniciar com um exemplo bastante simples: uma integração. Nosso integrador é composto por basicamente três classes: um DAO que
busca informações a partir de documentos no formato XML, o Integrador em si,
que possui algoritmos fantásticos de otimização (o que o torna um candidato para
reutilização) e um banco de dados relacional, que é o destino das informações que
extraímos do nosso DAO (neste exemplo iremos ignorar classes de domínio a im de
manter a simplicidade).
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1.1. Problema essencial: acoplamento
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O que é um DAO?
DAO signiica Data Access Object. É uma estratégia de implementação
que tem como objetivo separar a lógica de acesso a dados das regras de
negócio de sua aplicação. Eis a ideia: escreva o código de acesso a dados
em uma classe separada que implemente uma interface. Faça com que o
resto do seu sistema tenha acesso direto apenas a esta interface. Precisou
trocar a fonte de dados? Crie uma nova implementação desta interface e
pronto: não precisa mais alterar sua classe cliente.
Como seu sistema saberá qual implementação usar? É o assunto deste
livro!
Figura 1.1: A primeira versão de nosso integrador
Um termo muito comum quando falamos sobre o Spring Framework é dependência. Nosso Integrador possui duas, que são as classes DAO XML e Banco de
Dados, ou seja, para que nosso integrador exista, estas duas classes obrigatoriamente
precisam estar presentes.
Em um primeiro momento nosso sistema parece perfeito. O que poderia dar
errado? Nada, a não ser três das quatro diiculdades expostas por Fred Brooks:
• Conformidade: tanto a classe de acesso a banco de dados quanto nosso DAO
que acessa documentos XML precisam estar de acordo com as limitações impostas respectivamente pelo sistema gerenciador de banco de dados e pelas
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Capítulo 1. Lide com o alto acoplamento de forma elegante
restrições de esquema XML e do sistema de arquivos. Isto já era esperado, o
problema é que a classe Integrador possui acesso direto aos detalhes de implementação de suas dependências.
• Mutabilidade: e se no futuro houver a necessidade de buscarmos dados não
de arquivos XML, mas de outro banco de dados ou se o destino não for mais
um banco de dados, mas um web service? Ainda pior: e se o cliente quiser
decidir qual fonte e destino usar em tempo de execução?
• Complexidade: o Integrador além de lidar com as especiicidades do seu
maravilhoso algoritmo de processamento de dados também precisa lidar com
as idiossincrasias das fontes de origem e destino dos dados.
A classe Integrador possui alto nível de acoplamento em relação aos detalhes de
implementação tanto da origem quanto do destino dos dados. Qualquer mudança
em uma das dependências de Integrador e seu funcionamento pode ser comprometido. A qualidade de um sotware é inversamente proporcional ao grau de acoplamento de seus componentes.
Ainda há tempo de salvar este sistema. O que precisamos fazer é incluir abstrações. O que vêm a ser uma abstração? É o resultado do processo no qual, a partir da
análise dos diversos usos de uma categoria de objetos, começamos a observar comportamentos que sempre estão presentes. Podemos pensar em interfaces Java e classes abstratas como abstrações, pois estas entidades contém comportamentos (leia-se
métodos) que serão comuns a todas as classes que as implementem/realizem.
Vamos clarear o conceito de abstração, observando a segunda versão do nosso
sistema de integração facilite:
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1.1. Problema essencial: acoplamento
Casa do Código
Figura 1.2: A segunda versão de nosso integrador
As interfaces Origem e Destino são abstrações. A classe Integrador não precisa
conhecer detalhes sobre parseamento de arquivos XML ou a respeito de transações
em bancos de dados. Só precisa saber que existe uma função que lhe retorna uma
lista de registros a partir de uma origem e de um método que possa ser usado para
persistir o resultado do seu processamento. Repare que izemos uma abstração aqui
ao identiicarmos apenas o comportamento estritamente necessário para que uma
origem seja uma origem e um destino um destino. Como resultado, reduzimos signiicativamente o acoplamento em nosso sistema, visto que agora o Integrador só
tem acesso ao que de fato lhe interessa.
Você pode se perguntar neste momento: "como a complexidade do meu sistema foi reduzida se na prática acabaram de ser introduzidos dois elementos a mais
no design original?”. Bem, primeiro o encapsulamento está maior, pois a classe
Integrador não possui mais conhecimento a respeito de detalhes de implementação tanto da origem quanto do destino dos dados. Segundo, como o Integrador
não sabe com qual fonte/destino de dados está lidando, qualquer classe que implemente as interfaces Origem ou Destino pode ser usada e por último, a mudança de
comportamento em tempo de execução, onde na primeira versão do sistema, caso
fosse necessário incluir uma nova fonte de dados, era necessário recompilar nosso
código. Agora não mais, basta que nosso Integrador decida qual implementação
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Casa do Código
Capítulo 1. Lide com o alto acoplamento de forma elegante
deseja usar.
Na realidade, nosso sistema adquiriu uma lexibilidade até então inexistente.
Qualquer um pode implementar tanto uma fonte quanto uma origem de dados para
o sistema. Na imagem abaixo podemos ter uma noção desta lexibilidade.
Figura 1.3: Possibilidades ininitas para nosso sistema
O que izemos foi na realidade aplicar o “Princípio da Inversão de Dependências” [10], onde Módulos de alto nível não devem depender de módulos de baixo
nível, apenas devem depender de abstrações e Abstrações não devem depender
de detalhes e sim detalhes devem depender de abstrações.
Módulos de alto nível são aqueles que implementam o que realmente interessa
em nosso projeto, ou seja, a lógica de negócio. Em nosso exemplo, este corresponde à
classe Integrador. As classes que implementam as interfaces Origem e Destino são
de nível mais baixo, pois não estão diretamente relacionadas ao objetivo da nossa
aplicação, operando na prática a função de suporte à classe principal.
Ao mesmo tempo, vemos nas iguras 1.2 e 1.3 que as duas partes da regra se aplicam: tanto o Integrador como nossas fontes de dados dependem apenas de nossas
abstrações. E nossas abstrações, dependem de quem? Apenas de si mesmas.
Está resolvido o problema do alto acoplamento do ponto de vista estático. A
questão que sobra neste momento é: e do ponto de vista dinâmico, isto é, como é
feita a instanciação de nossas classes e como estas serão repassadas à classe cliente?
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1.2. A famigerada inversão
1.2
Casa do Código
A famigerada inversão
“Inversão de Controle”, “Princípio da Inversão de Dependências”, que inversão é esta?
É a aplicação do princípio de Hollywood, cujo nome é baseado em um clichê comum naquela cidade. Quando atores concorrem por um papel, os produtores responsáveis pela peça/ilme costumam dizer aos participantes do processo seletivo:
“não nos chame, deixe que nós chamamos você”. Assim os produtores evitam ter
suas linhas telefônicas inutilizadas por atores ansiosos por uma resposta.
Todo framework é na realidade a realização da inversão de controle. Pense em
um servlet: você não precisa se preocupar em implementar um loop que ique veriicando a todo momento a chegada de um sinal de uma porta. Tudo o que você precisa
fazer é implementar um método de callback que será executado sempre que a porta
for ativada. O mesmo princípio é aplicado na criação de uma interface gráica em
Swing: o desenvolvedor não precisa icar veriicando a todo momento se o usuário
clicou em um botão: basta que você implemente as ações a serem executadas quando
alguém o pressionar.
Quando aplicamos o conceito de inversão de controle, estamos na realidade
transferindo a responsabilidade de veriicar a ocorrência de eventos no sistema para
um sistema maior, implementado por alguém que muito provavelmente entende este
domínio estrutural muito melhor que eu ou você. E com isto escrevemos menos código, pois nos livramos deste fardo, passando a, em teoria, nos preocuparmos apenas
com o que realmente nos interessa que é a lógica de negócio.
Porém o termo inversão de controle, quando aplicado ao nosso caso que é o
Spring não é uma boa alternativa pois, como foi observado nos exemplos acima,
qualquer framework implementa este padrão. Sendo assim, a descrição que expus
no primeiro parágrafo se mostra completamente vazia: “(...) framework baseado nos
conceitos de inversão de controle/injeção de dependências (...)”. Quem aponta este
erro conceitual foi Martin Fowler no seu texto Inversion of Control Containers and
the Dependency Injection Pattern [5].
Se todo framework é a aplicação da inversão de controle, dizer que o Spring se
baseia neste princípio é um pleonasmo. Uma descrição melhor seria portanto a de
que é um framework baseado no conceito de injeção de dependências, que é uma
especialização da inversão de controle. Pronto: agora temos uma descrição mais
interessante. Na injeção de dependências, não é a classe cliente a responsável por deinir quais serão suas dependências. Esta responsabilidade é delegada a um container
de injeção de dependências.
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Capítulo 1. Lide com o alto acoplamento de forma elegante
Para entender melhor o que vêm a ser um container, vamos partir para a quarta
versão do nosso sistema, que pode ser vista na igura 1.4:
Figura 1.4: A quarta versão de nosso integrador
Nesta nossa nova evolução, foi incluído um novo elemento em nosso sistema: o
Service locator. Esta classe implementa um padrão de projeto do mesmo nome,
cuja função é localizar instâncias de classes que implementem determinados serviços (leia interfaces ou classes abstratas). Nesta nova roupagem do nosso sistema,
a classe Integrador delegaria ao Service Locator a função de encontrar a implementação correta dos serviços de Entrada e Saída de dados. Podemos imaginar que
nosso projeto possua um arquivo de coniguração que é lido em sua inicialização, e
seria o responsável por efetuar as buscas necessárias, tal como exempliicado abaixo:
public class Integrador {
public Integrador() throws Exception {
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1.2. A famigerada inversão
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Properties configuracao = new Properties();
InputStream stream =
new FileInputStream("configuracao.properties");
configuracao.load(stream);
String nomeOrigem = configuracao.getProperty("nome_origem");
String nomeDestino = configuracao.getProperty("nome_destino");
ServiceLocator locator = new ServiceLocator()
setOrigem(locator.getOrigem(nomeOrigem);
setDestino(locator.getDestino(nomeDestino);
}
// demais métodos
}
Não precisamos nos preocupar com como o Service locator encontra estas
instâncias. Ele simplesmente as encontra. Há a inversão de controle parcial aqui.
Nossa classe cliente delega a tarefa de instanciação para outro componente, mas
ainda participa ativamente na injeção. No entanto, ainda temos alguns problemas:
nossa classe Integrador está acoplada a uma nova entidade: o Service Locator
que apesar de nos fornecer as instâncias corretas de nossas dependências, a injeção
ainda é feita pela classe cliente. Temos portanto uma inversão de controle bem meia
boca.
O ideal seria que nossa classe Integrador não possuísse nenhuma dependência
além de Origem e Destino. Sai o Service Locator, entra o container de injeção de
dependências.
Todo container de injeção de dependências apresenta basicamente o mesmo
comportamento: a partir de conigurações que podem estar na forma de documentos XML, anotações Java ou mesmo código executável, este se encarrega de instanciar
corretamente as classes que deinimos nestas conigurações e a partir destas, fazer
todo o controle de ciclo de vida e injeção de dependências.
Simpliicando ao máximo, o Spring é um competente container de injeção de
dependências em cima do qual foram construídos diversos módulos com o objetivo
de facilitar o desenvolvimento de aplicações corporativas. No transcorrer deste livro
vamos aprender com detalhes o seu funcionamento.
E no meio deste, quando achar que a injeção de dependências resolveu todos os
seus problemas, irei lhe mostrar que isto é apenas parcialmente verdade. A tal da
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Capítulo 1. Lide com o alto acoplamento de forma elegante
programação orientada a aspectos resolve boa parte dos problemas restantes decorrentes do alto acoplamento. Espero que goste.
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Capítulo 2
Conheça o Spring Framework
Aonde os objetos se encontram.
Agora que sabemos quais os nossos problemas essenciais (acredite, os mais difíceis) chegou o hora de conhecermos o ferramental que irá minimizá-los e neste
processo, ser apresentados a uma série de diiculdades especíicas da plataforma Java
(SE e EE) que o Spring Framework ajuda a resolver.
Vamos falar mais agora sobre o Spring. Este é um capítulo fundamental para
quem nunca trabalhou com o framework. Veremos uma série de conceitos importantes para o bom uso da ferramenta como por exemplo beans, containers, ciclo de
vida e muitos outros. Caso já possua o conhecimento básico a respeito do Spring e
dos problemas que tratarei aqui, sugiro que pule para o próximo capítulo.
2.1
Por que criaram o Spring?
Os germes por trás do Spring aparecem pela primeira vez em 2002 com a publicação
do livro Expert One-To-One J2EE Design and Development[7] de Rod Johnson. É
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2.2. O Mundo dos objetos em 2004
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um marco na história do desenvolvimento de aplicações corporativas baseadas na
plataforma Java EE por apresentar uma crítica bastante convincente ao padrão de
desenvolvimento empurrado pela Sun Microsystems para implementação de lógica
de negócios: os EJBs (Enterprise JavaBeans).
Tal como apresentado por Rod Johnson, EJB é uma excelente opção para desenvolvimento de aplicações distribuídas, o que não necessariamente implica na melhor
solução a ser adotada para todos os casos, principalmente quando objetos distribuídos não são uma necessidade. Este é o argumento básico por trás do livro.
Em 2003 é iniciado o desenvolvimento do Spring Framework, porém ele só foi
apresentado oicialmente como versão inal ao público em 2004 com o livro Expert
One-To-One J2EE Development Without EJB [8]. Para melhor entender as razões que
motivaram a criação do Spring é interessante voltarmos para 2004 quando este foi
introduzido.
2.2 O Mundo dos objetos em 2004
A plataforma Java EE era bastante diferente da que encontramos em 2012. Para começar, esta era conhecida como J2EE (Java 2 Enterprise Edition) e o modelo de desenvolvimento para objetos de negócio incentivado pela Sun era o EJB, cuja versão
atual era a 2.1, lançada em novembro do ano anterior.
O segundo livro de Rod Johnson é lançado em junho de 2004. Dado a novidade da especiicação 2.1 do EJB, a versão dominante da plataforma ainda era a 2.0,
publicada em agosto de 2001.
A versão 5 da linguagem Java só seria lançada oicialmente em setembro de 2004.
Não podíamos contar com recursos tidos como básicos hoje como por exemplo anotações, generics, autoboxing e muitos outros. Curiosamente, estas funcionalidades
já existiam na linguagem C# da plataforma .net, a qual Rod Johnson conhecia a algum tempo e que menciona como ferramentas poderosas para desenvolvimento em
seu segundo livro [8].
O EJB se encontrava (e ainda se encontra) no centro da especiicação Java EE.
A ideia é realmente linda: desenvolver componentes que encapsulem as regras de
negócio em uma plataforma que facilite a implementação de aplicações distribuídas
de alto desempenho e escalabilidade.
Bastaria ao desenvolvedor implementar o que realmente interessava naquele EJB
e este seria gerenciado pelo servidor de aplicações que ofereceria toda a infra estrutura necessária para a execução deste componente, como por exemplo controle
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Capítulo 2. Conheça o Spring Framework
transacional declarativo, uma plataforma de persistência de dados, por exemplo, o
JDO, a primeira versão dos Entity Beans), pooling de threads, sistema de mensageria
e muitos outros recursos poderosos.
Outra promessa do EJB é que surgiria um mercado só de componentes terceirizados visto que em teoria, um EJB que fosse implementado seguindo as especiicações
da Sun poderia ser executado sem problemas em qualquer servidor de aplicações.
Ainal de contas, é um padrão, certo? Um mundo teórico perfeito: o desenvolvedor
só precisava se preocupar em implementar a sua lógica de negócio e se conseguisse
criar algo que fosse reaproveitável em outros sistemas, poderia inclusive icar rico
vendendo seus EJBs! Nada poderia dar errado!
Só havia um pequeno problema: o tempo gasto com requisitos não funcionais
muitas vezes era maior que com os funcionais. Como não haviam ainda anotações,
o desenvolvedor ao implementar seus EJBs precisava satisfazer uma série de interfaces e ainda gastava um bom tempo escrevendo arquivos de coniguração no formato
XML, como o famigerado ejb-jar.xml. O mais interessante é que das interfaces a
serem implementadas, na maior parte das vezes pouquíssimos métodos eram de fato
úteis: a maior parte se encontrava ali apenas ocupando espaço.
Para piorar ainda mais a situação, a portabilidade entre servidores era na prática um mito e o tal mercado maravilhoso que surgiria por causa daquela plataforma
nunca se concretizou. O surgimento de soluções como o XDoclet, EJB-Gen e diversas ferramentas desenvolvidas especiicamente para um ou outro servidor de aplicações (e que na prática eram apenas geradores de código) eram um sintoma claro de
que havia algo muito errado com a plataforma J2EE.
Sim, o EJB era maravilhoso para a construção de aplicações corporativas de
grande porte, que necessitavam realmente de objetos distribuídos, clusterização massiva e toda a parafernália que só é de fato útil para a menor parte dos projetos de TI.
Neste contexto a maior parte dos desenvolvedores se via de mãos atadas, tendo de
sacriicar sua produtividade em prol de uma série de tecnologias que, na prática,
raramente usava.
Pior: a maioria dos desenvolvedores sequer sabia pra que serviam os EJBs. O
mais interessante é que no horizonte víamos a emergência da plataforma .net da Microsot, que se mostrava muito mais pragmática apesar de não apresentar a alta portabilidade do Java.
O próprio Rod Johnson em seu segundo livro [8] acreditava que os EJBs seriam
em um futuro próximo considerados tecnologia legada. Como bem sabemos, não
foi isto o que aconteceu.
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2.3. Os problemas do EJB em 2004
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2.3 Os problemas do EJB em 2004
Um dos principais problemas com os EJBs nesta época é o fato de não poderem ser
executados fora de um servidor de aplicações. Com a emergência do desenvolvimento orientado a testes e a conirmação de que esta prática ampliava tanto a produtividade quanto a qualidade dos sistemas, a implementação de testes unitários e
integrados em EJBs sempre requeria malabarismos imensos por parte dos desenvolvedores.
Pior que isto: os servidores de aplicação sempre foram pesados (o que só começou a ser revertido recentemente em 2011, tendo como marco o lançamento do
JBoss AS 7), o que tornava o desenvolvimento e depuração destes componentes uma
tarefa bastante árdua mesmo para as estações de trabalho mais poderosas de 2004.
Na prática, como a maior parte dos desenvolvedores não precisava de aplicações distribuídas, pouquíssimos eram os que realmente entendiam o propósito de um EJB
real.
O leitor pode se perguntar neste momento a razão de tantos problemas com o
EJB nesta época. Basicamente foi o modo como a especiicação foi criada. Ao invés
de ser o resultado de uma evolução baseada na observação dos usos e desusos em
produção o EJB foi ditado por um comitê.
Comitês são ótimos quando o objetivo é garantir a longevidade de um padrão,
visto serem normalmente compostos por um grande número de participantes. O
problema é que o produto desenvolvido normalmente é criado antes que qualquer
um o ponha em prática no mercado, ao contrário do que ocorre em projetos desenvolvidos por um grupo menor de desenvolvedores ou comercial. Pior: como há
uma gama imensa de interesses envolvidos, normalmente este processo é lento, impedindo que adaptações sejam feitas em tempo hábil para que uma tecnologia se
mantenha competitiva.
O que todos desejavam era claro: as vantagens oferecidas pela plataforma Java EE
porém com a produtividade e clareza que o mercado exigia naquele momento. Uma
plataforma para o desenvolvimento de aplicações corporativas que fosse pragmática.
A plataforma J2EE tinha como objetivos resolver diversos requisitos que na prática eram apenas potenciais. Alguns exemplos são a necessidade de atender à maior
gama possível de tipos de clientes existentes: então o desenvolvedor implementava
os EJBs para serem externalizados via RMI, IIOP, etc. No entanto, no dia a dia, o
mais comum era haver apenas um tipo de cliente dentro da corporação, muitas vezes baseado em padrões bem mais interoperantes como o SOAP.
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Capítulo 2. Conheça o Spring Framework
Outro exemplo era o medo reinante na época de que, do dia pra noite, se izesse
necessária a troca do sistema gerenciador de banco de dados. Convenhamos: este
é o tipo de alteração que raríssimas vezes um desenvolvedor se vê obrigado a tratar
dentro de uma corporação ou mesmo dentro de uma sotware house responsável
pelo desenvolvimento de algum produto especíico. Dada esta constante necessidade
em atender todas as situações possíveis, o desenvolvedor se via na maior parte das
vezes guiando-se não pelos requisitos que deveriam atender seu cliente, mas sim aos
impostos pela tecnologia. Era nítido que havia algo de muito errado no reino da
Javolândia.
2.4
Alternativas começam a surgir: IoC/DI e AOP
Nesta mesma época começam a se popularizar entre os desenvolvedores Java os conceitos de inversão de controle (IoC - Inversion of Control)/Injeção de Dependências
(DI - Dependency Injection) e Programação Orientada a Aspectos (AOP - Aspect Oriented Programming).
As ideias por trás da IoC/DI foram tratadas no capítulo 1. Como já sabemos,
estas técnicas tem como objetivo atacar o problema do alto acoplamento entre os
componentes do nosso sistema. A AOP tem o mesmo objetivo, só que vai um passo
além, aonde a orientação a objetos não consegue entrar sem criar monstrinhos.
Com a injeção de dependências conseguimos identiicar os módulos mais facilmente visíveis de nosso sistema. Seguindo o paradigma de orientação a objetos,
separamos os comportamentos de nossa aplicação em classes que são referenciadas
em todos os pontos de nosso sistema que precisem usar a funcionalidade encapsulada. Este tipo de comportamento é perfeitamente aceitável quando as dependências
entre os objetos está diretamente relacionada à lógica de negócio implementada. Por
exemplo, o nosso integrador exposto na introdução, que precisava de um DAO para
receber os dados a serem processados e outro para enviar o resultado do processamento.
No entanto há alguns comportamentos que aparecem por toda a aplicação que
não estão necessariamente relacionados à lógica de negócio que estamos implementando. Observamos que este tipo de comportamento costuma gerar uma ininidade
de código repetitivo espalhado por todo o sistema. Chamamos este comportamento
secundário de aspecto.
Um bom exemplo de aspecto seria um controle de segurança. Vamos imaginar
que seja de nosso interesse permitir a execução de alguns métodos em nosso sistema
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2.4. Alternativas começam a surgir: IoC/DI e AOP
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apenas se o usuário corrente tiver permissão para tal. Poderíamos implementar a
funcionalidade em uma classe que encapsule a lógica de acesso e em seguida injetála em diversas outras classes do nosso sistema, tal como no exemplo abaixo:
public class ClasseMuitoImportante {
private ControleAcesso controleAcesso;
public ControleAcesso getControleAcesso() {
return controleAcesso;
}
public void setControleAcesso(ControleAcesso ca) {
controleAcesso = ca;
}
public void metodoImportante() {
if (getControleAcesso().possuiPermissaoParaTal()) {
// executa código incrivelmente importante
}
}
}
public class OutraClasseMuitoImportante {
private ControleAcesso controleAcesso;
public ControleAcesso getControleAcesso() {
return controleAcesso;
}
public void setControleAcesso(ControleAcesso ca) {
controleAcesso = ca;
}
public void apagarTudo() {
if (getControleAcesso().possuiPermissao()) {
// apaga TUDO
}
}
}
Repare como nas duas classes vemos o mesmo código sendo repetido:
private ControleAcesso controleAcesso;
public ControleAcesso getControleAcesso() {
return controleAcesso;
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Capítulo 2. Conheça o Spring Framework
}
public void setControleAcesso(ControleAcesso ca) {
controleAcesso = ca;
}
public void algumMetodo() {
if (getControleAcesso().possuiPermissao()) {
// faça algo
}
}
Este disco arranhado espalhado por todo nosso código é o que chamamos aspecto, ou seja, uma característica que é comum a vários pontos.
Enquanto a injeção de dependências modulariza nosso sistema usando o que a
Orientação a Objetos tem a nos oferecer, a AOP diminui ainda mais o acoplamento
isolando os aspectos que não são facilmente identiicáveis e isolados pela orientação
a objetos.
Identiicado e isolados os aspectos, tudo o que a AOP precisa fazer é interceptar em tempo de execução as chamadas aos métodos onde detectamos a necessidade
de aplicação do comportamento identiicado e, com base nisto, alterar o comportamento de nossas classes sem que estas sequer saibam disto.
Não se preocupe neste momento se não conseguiu compreender exatamente
como a AOP funciona: a explicação que dei é a mais supericial possível, apenas
para trazer o assunto a tona. Teremos um capítulo inteiro só para tratar este assunto.
O importante agora é saber que aplicando IoC + DI + AOP, o Spring consegue
evitar que precisemos de um servidor de aplicações Java completo. Usando um servidor de Servlets “simples”, como Jetty ou Tomcat, conseguiremos praticamente os
mesmos resultados que só poderiam ser obtidos anteriormente com um servidor de
aplicações como JBoss, WebLogic ou WebSphere.
Resumindo Inversão de Controle, Injeção de Dependências e Programação Orientada a Aspectos
A grosso modo, você pode pensar o seguinte: a IoC controla o ciclo de
vida de nossas aplicações, a DI deine quais classes iremos instanciar e
em quais lugares iremos injetá-las. Já a AOP vai além na modularização
que a DI nos proporciona, adicionando novos comportamentos às nossas
classes.
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2.5. Container: o sujeito que torna tudo isto possível
2.5
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Container: o sujeito que torna tudo isto possível
O servidor de aplicações Java também é chamado de Container EJB. No inal das contas o Spring irá apresentar um container alternativo no qual possa ser gerenciado o
ciclo de vida de nossos objetos de negócio. Chegou portanto o momento de apresentar uma série de conceitos fundamentais para a compreensão do restante deste
livro.
O átomo de toda a nossa história é o objeto de negócio. Este é a instância de uma
classe aonde implementamos nossos requisitos funcionais. O EJB é um objeto de
negócios e, no caso do Spring, nós o chamamos de bean.
Um bean é um objeto que possui seu ciclo de vida gerenciado pelo container de
IoC/DI do Spring. Uma boa maneira de entender como a inversão de controle se
aplica é descrever o que vêm a ser o tal do ciclo de vida.
2.6
Do início ao fim de um objeto, entenda o ciclo de
vida
O Ciclo de vida diz respeito às etapas de execução de um objeto. As fases pelas quais
um objeto de negócio passa durante a execução de um programa, são ilustrados na
igura 5.1.
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Capítulo 2. Conheça o Spring Framework
Figura 2.1: Ciclo de vida de um objeto
1) O objeto é instanciado;
2) Se houverem dependências a serem injetadas no objeto, estas devem ser injetadas;
3) Se após as dependências tiverem sido injetadas for necessário executar um método de inicialização, este deverá ser invocado;
4) O objeto já inicializado e com todas as suas dependências injetadas é enviado ao
cliente que dele necessita;
5) Uma vez não mais necessário, existindo um método destrutor, este deverá ser
invocado e o objeto descartado do container.
Não é difícil imaginar a execução de todo este procedimento programaticamente.
Com relação à ultima ação, bastaríamos escrever um método destrutor, algo como
um finalize, em nossa classe e rezar para que este seja executado no momento certo
pela JVM. Mas isso não é lá muito elegante, certo?
Voltando ao bean, este é mais que um mero JavaBean. Deve ser visto como um
componente. O que diferencia um componente dos demais objetos, como um JavaBean, por exemplo, são as seguintes características:
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2.6. Do início ao im de um objeto, entenda o ciclo de vida
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• Possui baixa granularidade, ou seja, seus clientes não precisam saber quais
as suas dependências internas;
• O que realmente importa para seus clientes é a interface disponibilizada pelo
objeto, que deine quais os serviços oferecidos pelo mesmo (é o seu contrato);
• São facilmente substituíveis por outras implementações que mantenham o
mesmo contrato (plugabilidade).
O que é um JavaBean?
Foi um padrão adotado pela Sun para a escrita de componentes reutilizáveis. Todo JavaBean deve satisfazer três condições:
1) Deve possuir um construtor público que não receba parâmetros
2) Todos os seus atributos visíveis devem ser declarados como privados
(ou protegidos) e acessados apenas por métodos get e set.
3) Deve implementar a interface java.io.Serializable
Exemplo de JavaBean:
class Pessoa implements java.io.Serializable {
// construtor publico sem argumentos
public Pessoa() {}
private String nome;
// getter
public String getNome() {return this.nome;}
// setter
public void setNome(String valor) {this.nome = valor;}
}
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Capítulo 2. Conheça o Spring Framework
Podemos dizer portanto que o container é o elemento arquitetural de nossa aplicação, responsável por gerenciar o ciclo de vida dos componentes do nosso sistema.
Todo container (EJB ou não) funciona basicamente da mesma maneira: são alimentados por alguma forma de coniguração e com base nelas, criam internamente as
regras de gerenciamento dos componentes ali descritos.
Um container pode ser intrusivo ou não. É intrusivo quando requer que
seus objetos gerenciados dependam de si de alguma maneira, como por exemplo,
obrigando-os a implementar alguma interface ou possuírem alguma anotação especíica.
O container EJB é um exemplo de intrusivo. Nas versões anteriores à 3.0 era
necessário que todo EJB implementasse uma série de interfaces para que pudessem
ser reconhecidos (isto além do arquivo de coniguração). Mesmo após a versão 3.0,
ainda podemos dizer que há um certo nível de intrusão pelo fato de serem necessárias
anotações Java para indicar pontos de injeção de dependências e métodos de callback
a serem chamados durante o ciclo de vida do objeto.
No caso do Spring temos um container com intrusividade mínima pois, ao contrário do EJB, trabalhamos com POJOs (Plain Old Java Object). Um POJO é uma
classe Java normal que não precisa implementar nenhuma interface ou possuir determinada anotação para que possa ser gerenciada por um framework. De certo modo
é a classe que implementa regras de negócio de uma forma ideal, ou seja, que se
preocupa única e exclusivamente com a execução de nossos requisitos funcionais.
Com intrusividade mínima, temos como ganho um maior reaproveitamento de
código, visto este não mais depender de uma plataforma especíica para que seja executado. Outra vantagem importante é facilitar a escrita de testes, dado a redução das
dependências externas ao objeto que até então precisaríamos simular, para conseguir
realizar testes.
Outra diferença importante entre containers diz respeito ao seu peso: podem ser
leves (“lightweight”, como o Spring) ou pesados (“heavy weight”, como o container
EJB). De acordo com Rod Johnson em seu livro Expert One-To-One J2EE Development Without EJB[8], todo container leve possui as seguintes características:
• Não são intrusivos ou são minimamente intrusivos;
• Possuem inicialização rápida e consomem poucos recursos computacionais;
• São independentes do ambiente de execução. O Spring por exemplo pode
ser executado tanto dentro quanto fora de um servidor de aplicações ou até
mesmo em applets;
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2.6. Do início ao im de um objeto, entenda o ciclo de vida
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• Deinem requisitos mínimos (praticamente inexistentes) para que um componente possa ser gerenciado.
Independente de ser intrusivo ou não, leve ou pesado, todo container deve satisfazer três requisitos: ser conigurável, controlar o ciclo de vida dos seus objetos e
prover métodos de obtenção, também conhecidos como lookup, de componentes de
negócio.
Dado que a principal falha do EJB anterior ao 3.0 foi o excessivo tempo que
gastávamos com requisitos não funcionais, devemos fazer uma pergunta inal sobre containers : realmente precisamos de um já que nosso objetivo é simpliicar a
arquitetura?
A resposta é sim. Um container nos oferece algumas vantagens que justiicam
seu uso. A primeira delas diz respeito à plugabilidade. Dado que as implementações
de nossos componentes são deinidas pela coniguração, ica muito fácil substituir
uma implementação por outra sem quebrar o sistema.
O que é um lookup?
Usamos esta expressão para designar a obtenção de objetos a partir de um
container. Todo container deve prover alguma interface que nos forneça
métodos que possibilitem obter objetos a partir do seu nome ou tipo.
Veremos no capítulo 3 como fazer um lookup no Spring. Mas para matar sua curiosidade, a especiicação JNDI da plataforma Java EE, muito
usado pelos EJBs na realidade é uma interface de lookup. No código
abaixo, quando executamos o método lookup no objeto Context, estamos executando a obtenção de um objeto já preparado pelo container
para execução.
Context ctx = InitialContext();
// Lookup em ação
Object objeto = ctx.lookup("meuObjeto");
Uniformidade de coniguração é outra vantagem importante: a partir do momento em que padronizamos como é o ciclo de vida e dependências de nossos com26
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Capítulo 2. Conheça o Spring Framework
ponentes em um único ponto, aumenta-se signiicativamente a manutenibilidade de
nossos projetos.
Costumo mencionar também como vantagem o argumento da autoridade. Em
grande parte dos casos, quem implementou o gerenciamento de ciclo de vida, injeção
de dependências e demais serviços oferecidos pelo framework possui uma experiência no meio muito maior que a minha ou sua.
Quando não estamos trabalhando com uma versão de testes, normalmente podemos ter certeza de que estamos lidando com um sotware devidamente testado
não só pelos desenvolvedores que o implementaram como que também pela comunidade que o usa. Quanto maior a comunidade, maior, em tese, é a quantidade de
testes em ambiente de produção pelos quais passou aquele código.
Finalmente, outra vantagem interessante oferecida pelos containers é o fato de
nos propiciarem um ponto único de acesso aos serviços que compõem nossa aplicação, garantindo assim uma maior padronização do projeto e consequentemente,
maior facilidade de adaptação de novos membros da equipe a este.
2.7
Spring em partes
Não seria exagero dizer que o Spring é a prova de que os conceitos de inversão de
controle e injeção de dependências realmente funcionam, dado que praticamente
todas as funcionalidades do framework são baseadas em seu container. Observando
os módulos básicos do framework é difícil não se maravilhar com o poder destas
técnicas.
É importante termos esta visão panorâmica dos módulos que compõem o framework para que ique claro o quão abrangente ele é: basicamente o Spring abrange
todas as necessidades de uma aplicação corporativa.
Em sua versão básica, o Spring é formado por seis componentes: o container
de inversão de controle, suporte a AOP, instrumentação, acesso a dados/integração,
suíte de testes e web, como pode ser visto na igura 2.2.
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2.8. O Container
Figura 2.2: Os componentes básicos do Spring
É interessante observar que como requisito básico de funcionamento não temos
um servidor de aplicações ou Servlets, mas apenas a JVM. Este foi um dos principais
diferenciais do Spring em seu lançamento: trazer para o desenvolvedor recursos de
computação corporativa que até então só eram oferecidos por servidores de aplicação
pesados.
Como exemplo destes recursos podemos citar controle transacional declarativo
e gerenciamento de ciclo de vida de componentes.
Um ponto importante que deve ser mencionado é o fato do Spring, ao contrário
de um container EJB, não ser uma solução tudo ou nada. Você usa apenas os componentes que interessam ao seu projeto, podendo ignorar tranquilamente aquilo que
não precisa. Consequentemente, temos como resultado uma arquitetura bem mais
enxuta e fácil de trabalhar.
Mas voltemos aos nossos módulos.
2.8
O Container
Se quiser trabalhar com o Spring, este provavelmente é o único módulo obrigatório.
Os módulos core e beans são o núcleo do framework aonde são implementados o
suporte à inversão de controle e injeção de dependências.
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Capítulo 2. Conheça o Spring Framework
Já no módulo context encontra-se a implementação do ApplicationContext. No
Spring há dois tipos de containers: BeanFactory e ApplicationContext.
O BeanFactory existe desde a primeira versão do framework. É basicamente uma
implementação soisticada do padrão Factory, baseada em coniguração. Fornece
apenas o suporte básico a IoC e DI e encontra-se implementado no módulo core.
A segunda versão é baseada no BeanFactory e oferece recursos corporativos mais
avançados, como por exemplo gerenciamento de recursos, internacionalização.
Na prática, raríssimas vezes o BeanFactory é usado, e seu uso é inclusive desencorajado pelo próprio pessoal da SpringSource [14], que é a equipe responsável pelo
desenvolvimento do framework. Na prática seu uso atualmente só faria sentido em
ambientes computacionais extremamente restritos, como por exemplo applets ou
dispositivos móveis.
Finalmente, temos também o módulo Expression Language (SpEL). Como veremos no próximo capítulo, a forma mais popular de coniguração do Spring é através
de documentos XML. A SpEL nos fornece uma linguagem muito parecida com a EL
que estamos acostumados a usar com JSPs, porém voltada para a coniguração do
container. Ela torna nossos arquivos de coniguração “vivos”, na medida em que a
partir do seu uso podemos deinir valores de coniguração em tempo de execução e
não em tempo de coniguração.
2.9
Trabalhando com AOP e Aspects
O Spring vêm acompanhado do seu próprio framework que implementa a programação orientada a aspectos. Este pode vir em dois “sabores”. Tradicional, que é a
primeira implementação de AOP do Spring ou Aspects, que é o uso do AspectJ como
motor de AOP do Spring, uma alternativa bem mais poderosa que a original.
Não se preocupe, como disse anteriormente, teremos um capítulo só para entendermos como a AOP realmente funciona no Spring.
2.10 Instrumentação de código
O projeto não acaba quando fazemos o deploy. É importante lembrar que a maior
parte do custo de um sotware é a sua manutenção e a equipe do Spring tinha plena
consciência disto. O módulo de instrumentação facilita a vida do pessoal de suporte oferecendo facilidades na implementação de JMX. Esta tecnologia nos permite acompanhar em tempo de execução tudo o que acontece com nossos sistemas,
gerando diversas estatísticas interessantes.
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2.11. Acesso a dados e integração
Casa do Código
2.11 Acesso a dados e integração
Toda aplicação corporativa que se preze, precisa acessar e escrever dados em alguma
fonte de dados. De cara, o Spring nos oferece suporte às principais tecnologias de
persistência adotadas por desenvolvedores Java. Há suporte para JDBC, ORMs como
Hibernate, iBatis, JPA, JDO e OXM. O suporte a estas tecnologias se da através de
templates, que reduzem signiicativamente a quantidade de código boilerplate, ou
seja, de infra estrutura, que precisamos escrever nestas situações, como por exemplo
abrir e fechar conexões, iniciar e inalizar transações etc.
Além do suporte a estas tecnologias, este módulo nos oferece também uma nova
hierarquia de exceções que é bem mais interessante do que as oferecidas originalmente pelas tecnologias que são abstraídas.
Um dos pontos de venda do framework encontra-se neste módulo: o controle
transacional. Spring nos oferece uma implementação de transações declarativas e
programáticas que vai além do que é oferecido hoje pelos servidores de aplicação.
Mais que isto: torna a necessidade destes coisa do passado.
Finalmente e não menos importante, há também suporte nativo a JMS. Tal como
ocorre com as diferentes fontes de dados abrangidas pelo framework, temos aqui a
aplicação de templates que tornam a vida do desenvolvedor muito mais tranquila no
momento de lidar com suas ilas JMS.
2.12
Aplicações na Web com o Spring
Quando você pensa que o Spring já faz coisas demais, não é raro os que estão começando com essa tecnologia, se surpreenderem ao descobrir que, “de brinde”, há
um framework que implementa o MVC de uma forma extremamente produtiva para
você. Trata-se do Spring MVC.
O interessante deste módulo é que não foi planejado, mas surgiu conforme a
equipe de desenvolvimento do framework foi aceitando o fato de que o Struts, framework que dominava o mercado, apresentava uma série de limitações que diicultavam bastante a separação de interesses entre as camadas de controle, negócio e
visualização.
Uma outra curiosidade sobre o Spring MVC é o fato dele ser a base de outro
projeto muito importante para a SpringSource: o framework Grails, que é baseado em
Groovy e apresenta o mesmo nível de produtividade oferecido pelo Ruby on Rails.
Além deste framework MVC, há também suporte básico para que o container do
Spring seja aplicado em uma aplicação Java web convencional, através de pequenas
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Capítulo 2. Conheça o Spring Framework
alterações no arquivo web.xml e suporte a alguns frameworks web de mercado como
JSF, Struts 1.x e 2.x, WebWork e Tapestry.
2.13
E ainda mais componentes!
O container do Spring é tão versátil que, pouco tempo após o seu lançamento, a
Spring Source, entidade responsável pelo desenvolvimento do framework, desenvolveu para ele uma série de componentes opcionais.
Dentre os mais famosos podemos citar o Spring Security, que cuida da segurança
da aplicação de uma maneira extremamente robusta e pode ser aplicado em qualquer
projeto Spring, além de ser uma maravilhosa aplicação do conceito de AOP.
Outro componente interessante é o Spring Data, usado para lidarmos com bases
de dados relacionais ou não, tal como é feito no módulo de acesso a dados/integração
do Spring, abstrai para o desenvolvedor aqueles detalhes tediosos e repetitivos de
implementação, através de templates muito fáceis de serem usados.
Se quiser integrar sua aplicação com redes sociais é possível usar o módulo
Spring Social, que torna muito fácil a comunicação com serviços consagrados como
Twitter, Facebook, LinkedIn e outros.
Para aqueles que trabalham com processamento em lote mais pesado há o Spring
Batch: uma biblioteca extremamente leve, que torna a vida de quem precisa trabalhar
com Spring e processamento pesado em lotes uma tarefa bem mais agradável.
E estes por mais incrível que pareça não são todos os módulos adicionais. Veremos esses e vários outros no decorrer desse livro!
2.14 Resumindo
Neste capítulo pudemos conhecer os conceitos básicos que nos guiarão no transcorrer deste livro a partir dos problemas que justiicaram a criação do Spring. Feito
isto, tivemos também uma visão panorâmica dos módulos básicos que compõem o
framework e inclusive conhecemos também alguns módulos opcionais que poderão
tornar nossa vida mais fácil daqui para frente.
Não se assuste se estes conceitos ainda não estiverem fazendo sentido para você.
A partir do próximo capítulo, quando começamos a por a mão na massa mesmo
com o Spring, veremos como tudo se encaixa em um quebra cabeças que, na prática, possui apenas um tipo e peça: o container de inversão de controle e injeção de
dependências.
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Capítulo 3
Conhecendo o Container
Chegou o momento de lidarmos diretamente com o Spring Framework. O ponto de
partida será o container de inversão de controle/injeção de dependências, chamado
na documentação oicial como “Core Container” [14]. Serão vistos quatro de seus
componentes fundamentais: Core, Beans, Expression Language (SpEL) e Context.
Figura 3.1: O que compõe o Core Container
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3.1. Preparando seu ambiente de desenvolvimento
Casa do Código
Na base do Core Container se encontra o módulo Core. Muitos acreditam erroneamente ser este o local aonde se encontra implementado o container do Spring, o
que é quase verdade. Na realidade ai se encontram as classes básicas que permitirão
a sua implementação no módulo Beans. Em Core são encontradas facilitadores no
gerenciamento de classloaders, relexão, tratamento de recursos, strings, etc. Resumindo, é neste módulo que se encontra toda a infraestrutura necessária que permite
a implementação do container. Na prática, entretanto, sempre trabalhamos com estes dois módulos juntos como se fossem um só.
Usando como base o Core temos o módulo Beans, onde encontramos a primeira
versão do container que é o BeanFactory. Este é uma implementação soisticada do
padrão de projetos factory que torna desnecessária a codiicação manual de singletons
e nos permite o desacoplamento total do gerenciamento de dependências e ciclo de
vida de nossos beans de nosso código fonte através do mecanismo de coniguração
implementado neste módulo.
Como veremos o mecanismo mais popular de coniguração do Spring é o XML.
Com o objetivo de adicionar maior dinamismo à coniguração do framework a
equipe de desenvolvimento do Spring criou a Spring Expression Language (mais
conhecida como SpEL), que é uma linguagem baseada em expressões que lembra
bastante à Uniied Expression Language (EL) presente no JSP. Esta linguagem nos
permite deinir valores e comportamentos aos nossos beans deinidos usando XML
ou anotações em tempo de execução, o que é impossível (ou ao menos bastante difícil) sem este recurso.
Finalmente, temos o módulo Context, aonde se encontra a implementação mais
avançada e comumente usada do container que é o ApplicationContext. Esta, baseada na base fornecida pelos módulos Core e Beans oferece recursos poderosos como
por exemplo internacionalização, propagação de eventos, AOP, gerenciamento de
recursos e acesso a funcionalidades básicas da plataforma Java EE.
3.1
Preparando seu ambiente de desenvolvimento
Para iniciar nosso trabalho é importante que seja descrito como deve ser feita a coniguração do seu projeto. Há basicamente duas maneiras de conigurar seu projeto:
usando ou não um gerenciador de dependências baseado no Maven.
Conigurando manualmente
Para adicionar manualmente as dependências do Spring baixe o framework em
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Casa do Código
Capítulo 3. Conhecendo o Container
http://www.springsource.org/download/community. Sempre há duas versões disponíveis para download: com ou sem a documentação. Dada a alta qualidade da
documentação do projeto e o fato de ainda hoje em 2012 nem sempre termos a Internet disponível, é recomendável escolher a versão que contenha a documentação
básica do framework.
Feito isto, basta adicionar ao seu classpath (ou usando sua IDE de sua
preferência) os seguintes arquivos jar: spring-core-3.1.1.RELEASE.jar, springcontext-3.1.1.RELEASE.jar, spring-beans-3.1.1.RELEASE.jar, spring-expression3.1.1.RELEASE.jar. Também é necessário adicionar a única dependência externa que
o Spring usará neste capítulo que é o Commons Logging da Fundação Apache que
deve estar na versão 1.1 ou posterior.
Conigurando com Maven
Sua vida será bem mais fácil caso esteja trabalhando com algum gerenciador de
dependências baseado em Maven. Como o módulo Context é baseado nos outros
três módulos que trataremos neste capítulo, apenas esta dependência deve ser incluída em seu projeto e consequentemente todas as demais virão por consequência.
O código abaixo expõe um exemplo desta coniguração usando Maven.
<dependency>
<groupId>org.springframework</groupId>
<artifactId>spring-context</artifactId>
<version>3.1.1.RELEASE</version>
</dependency>
Escolha da IDE
Atualmente as IDEs mais populares como por exemplo Netbeans, Eclipse e JetBrains IDEA oferecem suporte ao Spring através de plugins dada a popularidade do
framework. No entanto o melhor suporte atualmente é oferecido pelo SpringSource
Tool Suite.
O SpringSource Tool Suite (STS) é a distribuição customizada do Eclipse desenvolvida pela equipe da SpringSource e que pode ser baixada em http://www.
springsource.org/downloads/sts. É o ambiente ideal para o desenvolvedor habituado a trabalhar com o Eclipse pois já vêm com todos os plugins necessários para que
o desenvolvedor possa começar a trabalhar imediatamente sem que precise se preocupar com a instalação de complementos em sua IDE. Dentre os plugins destaca-se
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3.1. Preparando seu ambiente de desenvolvimento
Casa do Código
o suporte aos demais projetos da Spring Source como por exemplo Spring Batch,
Integration e MVC. O excelente suporte a outros projetos da empresa como Grails e
Roo também justiicam o seu uso.
Para os iniciantes há alguns recursos que auxiliam bastante o aprendizado, como
por exemplo o auto completar quando estamos a editar arquivos de coniguração e
a possibilidade de visualizar graicamente os relacionamentos entre nossos beans tal
como pode ser visto na imagem abaixo.
Figura 3.2: SpringSource Tool Suite
A instalação do STS é bastante simples: basta baixar o instalador adequado ao
seu sistema operacional em http://www.springsource.org/downloads/sts e executálo. Caso já possua o Eclipse instalado, é também possível instalar manualmente os
plugins presentes no STS. Para isto, basta seguir as instruções presentes no manual
de instalação da IDE [9].
É importante lembrar que a escolha da IDE é completamente opcional dado que
praticamente todas as mais adotadas pelo mercado oferecem suporte ao framework.
Sendo assim, caso não se sinta à vontade com o STS é importante que saiba que a
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Casa do Código
Capítulo 3. Conhecendo o Container
escolha da IDE em nada inluenciará seu aprendizado do Spring usando este livro.
3.2 Nosso sistema de exemplo
A melhor maneira de aprendermos como funciona um framework é usando-o.
Nosso ponto de partida é um sistema bastante simples tal como izemos no primeiro
capítulo. Este exemplo é ideal para começarmos pois é simples o suiciente para que
possamos ver o básico mas ao mesmo tempo nos oferece espaço para que possamos
transformá-lo em um monstro complexo e com isto evidenciar o poder que o Spring
nos fornece.
Trata-se de um sistema de BI inicialmente composto por três elementos: uma
fonte de dados, um processador responsável pela execução dos cálculos e, inalmente,
um impressor que irá formatar os resultados de tal forma que se tornem legíveis aos
usuários inais do sistema.
Inicialmente nosso processador será a parte imutável do nosso sistema e, como
pode ser observado no diagrama de classes abaixo possui duas dependências. Como
queremos máxima lexibilidade, já implementamos nosso código de acordo com o
princípio de Inversão de Dependências, segundo o qual nosso componente de nível
mais alto (Processador) possui como dependências diretas apenas abstrações que,
neste caso, são as interfaces FonteDados e Impressor.
Figura 3.3: Situação Inicial do nosso sistema
3.3 Declarando beans
Para que um bean exista são necessários três elementos: as conigurações, o container e a classe que o implementa. No caso do Spring as conigurações podem vir de
três fontes: XML, anotações ou código Java. Nosso foco inicial será o primeiro formato, pois este torna explícito de uma maneira bastante didática o funcionamento
do container. Como veremos no transcorrer deste capítulo, as fontes restantes tem
como objetivo principal a redução do XML ou mesmo sua eliminação, o que aumenta
bastante a produtividade do desenvolvedor.
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3.3. Declarando beans
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A conigurações devem nos fornecer os dados mínimos para que o container
consiga instanciar e gerenciar o ciclo de vida de nossos beans. A única informação que obrigatoriamente devemos fornecer é qual a classe que implementa o bean.
Usamos a tag <bean> para declarar um bean e nesta o único atributo obrigatório é
class. Sendo assim, para declaramos uma implementação de nossa interface FonteDados que obtenha nossos usuários usando um arquivo texto coniguramos o bean
tal como no exemplo abaixo:
<bean id="fonteDados" class="br.com.casadocodigo.FonteDadosArquivo"/>
O atributo id, como o próprio nome já diz, identiica unicamente um bean no
container. Caso o atributo não esteja presente, o bean seria instanciado e gerenciado
pelo Spring da mesma maneira. A diferença no caso seria quem nomearia o bean: o
próprio container. É interessante observar que um bean pode ter mais de um nome,
mas não se preocupe com isto por enquanto, este tema será abordado mais à frente
e só é de fato útil em projetos maiores que envolvam equipes muito grandes.
Se nosso bean já tem um nome, é fundamental deinirmos também qual a sua
origem, ou seja, qual classe o implementa. Para tal usamos o atributo class, o único
obrigatório, aonde devemos fornecer o nome completo da classe.
Quando nosso container for instanciado e alimentado com estas conigurações,
o bean será instanciado e em seguida estará disponível para uso pelo restante do
sistema.
No entanto nossa coniguração ainda está incompleta. Deinir quais objetos instanciar é ótimo, porém o padrão de projeto factory já resolveria nosso problema.
Neste momento nosso container ainda não passa de um factory conigurável por
XML, o que ainda não justiica a adoção do Spring. O leitor atento já deve ter observado que a classe que estamos instanciando se chama FonteDadosArquivo. Que tal se
também deiníssemos qual o arquivo em que se encontram os dados que queremos
instanciar? Entra em ação a tag <property>. Podemos deinir qual objeto carregar
modiicando nossa coniguração para que ique similar ao exemplo abaixo:
<bean id="fonteDados" class="br.com.casadocodigo.FonteDadosArquivo">
<property name="arquivo" value="/arquivos/pessoas.csv"/>
</bean>
Há dois atributos na tag <property>. Primeiro é necessário deinir qual atributo
de nosso objeto deverá ser modiicado, o que é feito com o atributo name, que faz
referência ao padrão JavaBean que deve, por convenção, ser adotado por todos os
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Casa do Código
Capítulo 3. Conhecendo o Container
nossos beans. De acordo com esta propriedade, deve haver implementado na classe
FonteDadosArquivo um método chamado setArquivo que receba como parâmetro
um objeto do tipo String. O valor a ser injetado encontra-se deinido no atributo
value. É interessante observar que não é necessário se preocupar com o tipo a ser
recebido pelo setter, pois o tipo é descoberto em tempo de execução pelo container.
Com base nesta coniguração mais rica, o container irá executar a sequência de
operações descrita abaixo:
1) Bean fonteDados do tipo br.com.casadocodigo.FonteDadosArquivo é instanciado
2) O valor da propriedade arquivo é deinido como sendo igual a
“/arquivos/pessoas.csv”
3) Bean instanciado e conigurado disponível para ser usado pelo resto do sistema
É interessante observar que o bean só é disponibilizado para uso após seu estado ter sido inicializado. Como “brinde” acabamos de ganhar a solução para toda
uma gama de problemas decorrentes da obtenção concorrente de objetos cuja inicialização do estado não foi totalmente concluída. E este sequer era nosso objetivo
inicial!
No entanto isoladamente um bean não é de grande utilidade. O poder do container começa a surgir a partir do momento em que a injeção de dependências começa
a entrar em ação. Podemos ver no código abaixo a coniguração completa do nosso
sistema tal como se encontra no estado atual.
<?xml version="1.0" encoding="UTF-8"?>
<beans xmlns="http://www.springframework.org/schema/beans"
xmlns:xsi="http://www.w3.org/2001/XMLSchema-instance"
xsi:schemaLocation="http://www.springframework.org/schema/beans
http://www.springframework.org/schema/beans/spring-beans.xsd">
<bean id="fonteDados" class="br.com.casadocodigo.FonteDadosArquivo">
<property name="arquivo" value="/arquivos/pessoas.csv"/>
</bean>
<bean id="impressor" class="br.com.casadocodigo.ImpressorImpl"/>
<bean id="processador" class="br.com.casadocodigo.Processador">
<property name="impressor" ref="impressor"/>
<property name="fonteDados" ref="fonteDados"/>
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3.3. Declarando beans
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</bean>
</beans>
A primeira novidade que vemos no arquivo completo é a inclusão da tag <beans>
que é o elemento raiz do documento. Não é necessário se intimidar com as declarações de namespaces presentes neste documento visto que atualmente a maior parte
das IDEs, com seu suporte ao Spring já oferecem a possibilidade de gerar automaticamente este documento para os novatos no framework. Como veremos mais adiante, o Spring oferece uma série de namespaces que tornam a vida do desenvolvedor
muito mais fácil ampliando a semântica do XML padrão.
Na versão completa de nossa coniguração, devemos focar nossa atenção sobre
o bean processador. Um novo atributo aparece na tag <property>: ref (abreviação
de reference), cujo valor é o nome de um dos beans deinidos na coniguração. Esta
é a tão falada injeção de dependências em ação. Novamente, é importante observar
que não precisamos nos preocupar com o tipo dos objetos que estamos injetando
pois o próprio container se encarrega desta tarefa. Caso haja algum problema com a
tipagem dos objetos, o container irá disparar uma exceção nos informando do erro
para que sejam feitas as alterações necessárias nas conigurações e os beans se tornem
disponíveis.
Novamente, no caso do bean processador, este só estará disponível após ter sido
instanciado e todas as suas dependências terem sido instanciadas, preparadas e injetadas. É importante observar que nosso container já pode ser visto como uma classe
factory melhor evoluída que não só decide quais classes instanciar e quais propriedades deinir em tempo de execução, como também já inicia o processo de injeção
de dependências. No transcorrer deste capítulo a distância entre o padrão factory
e nosso container tenderá a crescer até chegarmos ao ponto que serão vistos como
primos distantes.
Tipos de injeção
O Spring trabalha com dois tipos de injeção de dependências. A que expomos
acima é chamada injeção por setter (setter injection). Como o próprio nome diz, as
dependências são injetadas em nosso bean a partir de métodos setter que implementamos em nossas classes. Nossa outra opção é a injeção por construtor constructor
injection.
Para entender melhor a injeção por construtor, imagine que nossa classe Processador possua um construtor tal como o abaixo:
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Casa do Código
Capítulo 3. Conhecendo o Container
public Processador(FonteDados fonteDados, Impressor impressor) {
setFonteDados(fonteDados);
setImpressor(impressor);
}
Para executar a injeção por construtor, entra em ação a tag <constructor-arg>
que podemos ver em ação no exemplo abaixo:
<bean id="processador" class="br.com.casadocodigo.Processador">
<constructor-arg ref="fonteDados"/>
<constructor-arg ref="impressor"/>
</bean>
Assim como a tag <property>, <constructor-arg> pode receber como atributo
tanto value quanto ref. No exemplo acima, a ordem de digitação das tags importa.
Repare que coincide com a ordem em que os parâmetros são passados ao construtor
da classe. É importante mencionar que também é possível digitá-los fora da ordem,
mas neste caso faz-se obrigatória a presença do atributo index que deve receber um
valor numérico que represente a ordem do parâmetro a partir do zero no construtor,
tal como pode ser visto no exemplo abaixo:
<bean id="processador" class="br.com.casadocodigo.Processador">
<constructor-arg ref="impressor" index="1"/>
<constructor-arg ref="fonteDados" index="0"/>
</bean>
Uma pergunta pertinente neste momento é a respeito da razão pela qual existem
estas duas opções de injeção. Uma só não tornaria o aprendizado do framework
mais simples? Talvez, mas com certeza também o tornaria bem mais limitado. Deve
ser levado em consideração que um dos objetivos principais por trás do Spring é
o reaproveitamento de código legado de modo que sua integração seja a mais leve
possível. Por mais leve, como já mencionado, deve ser entendido com o mínimo
possível de dependências com relação ao código fonte do próprio Spring.
Existe uma longa discussão a respeito de qual seria a melhor forma de injeção.
Os mais puristas defendem a injeção por construtor como a melhor. O argumento
é que ao deinirmos em um construtor todas as dependências de uma classe tornamos evidente quais atributos não devem em hipótese alguma ser alterados após a
instanciação da classe. O problema desta abordagem é que conforme nosso código
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3.3. Declarando beans
Casa do Código
se desenvolve e novos atributos são incluídos em nossas classes, o número de parâmetros a ser passado para nossos construtores tende a crescer e, consequentemente,
sua manutenção vai se tornando mais complicada.
Em prol da injeção por setter estão dois argumentos: a de que permite a modiicação das dependências injetadas após a instanciação da classe e também o fato de
evitar problemas decorrentes de construtores com número excessivo de parâmetros.
No inal das contas, nem uma nem outra alternativa é a mais recomendada. Qual
opção usar deve sempre ser uma decisão tomada com base no bom senso, e não
apenas no que um guru ou outro airma a respeito do assunto.
Nada impede também que usemos também uma solução mista envolvendo os
dois tipos de injeção de dependências em um mesmo bean. A coniguração abaixo
é um exemplo disto:
<bean id="processador" class="br.com.casadocodigo.Processador">
<constructor-arg ref="fonteDados" index="0"/>
<constructor-arg index="1">
<null/>
</constructor-arg>
<property name="impressor" ref="impressor"/>
</bean>
Neste exemplo reaproveitamos o mesmo construtor passando o valor null para
o segundo argumento e injetando a dependência impressor via setter.
Dando nome aos beans
Assim como pessoas possuem apelidos, o mesmo podemos fazer com beans. Há
dois atributos da tag <bean> que podemos usar para nomearmos nossos componentes. O primeiro já conhecemos: trata-se de id. Usamos este atributo quando
precisamos deinir um nome único para nossos beans.
O novo atributo se chama name, que é usado quando deinimos mais de um nome
para o mesmo bean. Neste atributo podemos inclusive incluir uma lista de nomes,
que devem estar separados pelo caractere de espaço, ponto e vírgula ou vírgula. O
código abaixo expõe um exemplo de uso destes atributos:
<!-- Um bean com dois nomes: um definido por id, outro por name -->
<bean id="impressor" name="impressorArquivo"
class="br.com.casadocodigo.ImpressorImpl"/>
<!-- Um bean com dois nomes, todos definidos na tag name -->
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Capítulo 3. Conhecendo o Container
<bean name="impressor, impressorArquivo"
class="br.com.casadocodigo.ImpressorImpl"/>
A possibilidade de criar mais de um nome para o mesmo bean é um recurso
pouco usado na maior parte dos projetos. Normalmente esta possibilidade é explorada em projetos maiores nos quais times distribuídos desenvolvem partes do sistema que serão integrados posteriormente. É uma maneira interessante de manter
os padrões de nomenclatura adotados por times distribuídos. Se seu projeto não for
tão grande assim simplesmente não faz mais sentido, além de ser bem mais produtivo adotar um padrão de nomes uniicado.
Caso seu projeto não possua um padrão de nomenclatura, uma boa prática é usar
o adotado e sugerido pela equipe da SpringSource. Esta sugere que beans sigam o
padrão camel cased, no qual o nome sempre é inicialmente digitado em letras minúsculas. Caso o nome seja composto, cada palavra é separada digitando seu primeiro
caractere em letra maiúscula, tal como nestes exemplos: importador, importadorArquivo, importadorBancoDeDados.
3.4
Instanciação por factory method
Nem sempre é interessante que um bean seja instanciado por um construtor como izemos até o momento. Muitas vezes é necessário que estes sejam instanciados usando
um método presente em uma classe factory.
Factory é um padrão de projeto cuja descrição mais famosa se encontra no livro
“Padrões de Projeto: Soluções reutilizáveis de sotware orientado a objetos” da GoF
[4]. Esta prática de desenvolvimento consiste na implementação de uma classe, chamada factory (fabrica), cujo objetivo é a instanciação de novos objetos. Toda classe
factory possui pelo menos um método instanciador (factory method) responsável
pela instanciação (e talvez preparo) de novos objetos.
No sotware de exemplo que estamos usando neste capítulo poderíamos ter implementado uma classe factory tal como a exposta no diagrama abaixo:
43
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3.4. Instanciação por factory method
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Figura 3.4: Exemplo de aplicação do padrão Factory
Neste exemplo, a classe FactoryFonteDados possui um factory method chamado
criarFonteDados que recebe como parâmetro uma String representando o tipo de
FonteDados que o cliente deseja. A classe cliente obtém como resultado uma instância de FonteDados com base no parâmetro fornecido e, com isto, ica completamente
desacoplado de todas as implementações desta interface, além de também não precisar se preocupar com qualquer lógica que possa ser necessária na implementação
destes objetos.
Na API JDBC do Java também podemos ver uma aplicação deste padrão, tal
como no exemplo abaixo:
import java.sql.*
// Ignorando início do código
Class.forName("com.mysql.jdbc.Driver");
Connection con =
DriverManager.getConnection("jdbc:mysql://localhost/database");
O método getConnection da classe DriverManager é uma implementação do padrão Factory. É importante observar que factory methods não precisam receber parâmetros. Interessante observar a aplicação aqui do conceito de inversão de controle:
delegamos à classe factory a responsabilidade de escolher qual a implementação correta de FonteDados a ser obtida, o que, de outra maneira, caberia à classe cliente, cujo
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Capítulo 3. Conhecendo o Container
acoplamento às demais partes do sistema seria bem maior.
A instanciação de beans a partir de um factory method pode se dar de duas maneiras: usando um método estático ou não. Tendo como base o exemplo exposto
no box Factory podemos ver no código abaixo como declarar a instanciação de um
bean a partir de um método estático.
<bean id="fonteDadosEstatico"
class="br.com.casadocodigo.FactoryFonteDados"
factory-method="criarEstatico">
<constructor-arg index="0" value="arquivo"/>
</bean>
Em nossa classe FactoryFonteDados implementamos o método estático criarEstatico de tal modo que receba como parâmetro um nome que identiique qual tipo
de FonteDados deve ser instanciada. Se o valor for igual a arquivo, será retornada
uma instância de FonteDadosArquivo, e se for randômico, FonteDadosRandomico.
É importante observar que, apesar de nosso objetivo ser a obtenção de uma
instância de FactoryMethod, o atributo class da tag <bean> recebe como valor não
o nome de uma classe que implemente esta interface, mas sim o nome da nossa
classe factory. Dado que o método estático recebe parâmetros, reaproveitamos a tag
<constructor-arg>, passando como valor o tipo de bean que desejamos como retorno.
Usar um método não estático é igualmente simples. Basta que o factory method
a ser invocado esteja implementado em algum outro bean declarado em nosso arquivo de coniguração. No exemplo abaixo podemos ver um exemplo deste tipo de
coniguração.
<!-- O bean que contém nosso factory method -->
<bean id="factory" class="br.com.casadocodigo.FactoryFonteDados"/>
<bean id="fonteDadosInstancia" factory-bean="factory"
factory-method="criar">
<constructor-arg index="0" value="randomico"/>
</bean>
Observe que neste caso não é necessário incluir o atributo class na tag <bean>
quando declaramos o bean fonteDadosInstancia. A razão é simples: neste caso não
faz sentido, dado que o tipo será decidido em tempo de execução e o Spring não tem
como, de antemão, saber qual seria este.
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3.5. Mapeando atributos complexos
Casa do Código
Finalmente, para declarar um bean a ser instanciado por um factory method que
não receba parâmetros como valor, basta não incluir mais a tag <constructor-arg>,
como pode ser visto no exemplo abaixo:
<bean id="fonteDadosArquivo" factory-bean="factory"
factory-method="criar">
<property name="arquivo" value="/caminho/para/arquivo"/>
</bean>
É importante observar que a instanciação por métodos instanciadores não nos
impede de injetar valores nos atributos de nossos beans, como pode ser visto no
nosso último exemplo.
3.5
Mapeando atributos complexos
O formato XML nos permite deinir integralmente o estado inicial de nossos beans.
Isto implica que a tag <property> é bem mais que o que mostramos até este momento. Esta, além de possibilitar deinirmos o valor de atributos primitivos e strings
também possibilita o mapeamento de atributos complexos como listas, mapas, instâncias de java.util.Properties e arrays. E estas são apenas algumas das possibilidades
que iremos expor nesta seção.
Listas
Imagine uma implementação da interface FonteDados tal como a abaixo:
class FonteDadosArquivos implements FonteDados {
private List<String> arquivos;
public List<String> getArquivos() {return arquivos;}
public void setArquivos(List<String> lista) {arquivos = lista;}
// restante da classe ignorado para aumentar a clareza
}
Para mapear uma lista de strings, a tag <property> aceita em seu interior a tag
<list>, que podemos ser usada no código abaixo:
<bean class="br.com.casadocodigo.FonteDadosArquivos">
<property name="arquivos">
<list>
<value>/caminho/para/arquivo1.csv</value>
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Capítulo 3. Conhecendo o Container
<value>/caminho/para/arquivo2.csv</value>
<value>/caminho/para/arquivo3.csv</value>
</list>
</property>
</bean>
A tag <value> é usada para representar um valor primitivo ou String. Poderíamos também ter usado a tag <array> ao invés de <list> e obteríamos o mesmo
resultado. Ambas injetariam um objeto do tipo java.util.ArrayList no atributo arquivos do bean.
Imagine agora que tenhamos alterado nossa implementação da classe FonteDadosArquivos para que seu atributo arquivos não receba uma lista de strings, mas sim
uma lista de instâncias do tipo java.io.File tal como no snippet abaixo:
class FonteDadosArquivos implements FonteDados {
private List<java.io.File> arquivos;
//restante da classe ocultado para facilitar a leitura
}
A tag <list> também aceita em seu interior a tag <bean>. Sendo assim, é possível
declarar beans anônimos tal como no exemplo abaixo sem problema algum.
<bean class="br.com.casadocodigo.FonteDadosArquivos">
<property name="arquivos">
<list>
<bean class="java.io.File">
<constructor-arg value="/caminho/para/arquivo1"/>
</bean>
<bean class="java.io.File">
<constructor-arg value="/caminho/para/arquivo2"/>
</bean>
<bean class="java.io.File">
<constructor-arg value="/caminho/para/arquivo3"/>
</bean>
</list>
</property>
</bean>
Caso os beans não fossem anônimos, outra tag útil é a tag <ref>, que aponta para
a referência de um bean externo, tal como no exemplo abaixo:
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3.5. Mapeando atributos complexos
Casa do Código
<list>
<ref bean="beanArquivo1"/>
<ref bean="beanArquivo2"/>
</list>
Mapas
Uma outra implementação da interface FonteDados poderia ter suas fontes de dados mapeadas por tipo em uma estrutura do tipo java.util.Map tal como no exemplo
abaixo:
public class FonteDadosMapaArquivos implements FonteDados{
private Map<String, Object> mapa;
public Map<String, Object> getMapa() {return mapa;}
public void setMapa(Map<String, Object> valor) {mapa = valor;}
// restante oculto para maximizar a clareza do exemplo
}
Entra em ação a tag <map>, que usaríamos para mapear o atributo mapa da classe
acima da seguinte maneira:
<bean name="fonteDadosMapa"
class="br.com.casadocodigo.FonteDadosMapaArquivos">
<property name="mapa">
<map>
<entry key="arquivo">
<ref bean="arquivo"/>
</entry>
<entry key="arquivoString"
value="/caminho/para/arquivo.csv"/>
</map>
</property>
</bean>
No interior da tag <map> incluímos uma lista de elementos do tipo <entry> que,
como o próprio nome indica, representam uma entrada no mapa. O atributo key de
<entry> identiica sua chave. Em seu interior são aceitos elementos dos tipos <ref>,
<bean>, <value>, <list>, <array> e <map>.
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Capítulo 3. Conhecendo o Container
Properties
Um dos objetos mais usados da API Java padrão é a classe java.util.Properties.
Como já era de se esperar, o formato XML do Spring oferece suporte especial a esta
classe. Um exemplo prático é a classe SessionFactory do Hibernate para a qual o
framework, como veremos mais adiante no livro, integra-se muito bem.
O snippet XML abaixo é quase auto explicativo:
<bean id="sessionFactory"
class="org.springframework.orm.hibernate.LocalSessionFactoryBean">
<!-Restante oculto para que possamos
focar apenas no mapeamento de propriedades
-->
<property name="hibernateProperties">
<props>
<prop key="hibernate.dialect">
org.hibernate.dialect.MySQL5InnoDBDialect
</prop>
<prop key="hibernate.hbm2ddl.auto">update</prop>
</props>
</property>
</bean>
A tag <props> representa um objeto do tipo Properties. Em seu interior é aceita
a tag <prop> que, como o próprio nome já diz, é usada para mapear as propriedades aceitas pelo objeto. No interior da tag é incluído o valor da propriedade que
queremos mapear.
3.6
Usando o container
Com a deinição de nossos beans pronta chegou o momento de usá-los, ou seja, inalmente veremos como instanciar e usar nosso container. Mencionei anteriormente
que o container do Spring possui vêm em duas versões: BeanFactory e ApplicationContext. Qual usar?
A equipe da SpringSource já nos responde isto na própria documentação do projeto [14]: o uso do BeanFactory só se justiica em situações nas quais as restrições
computacionais sejam extremas como, por exemplo na implementação de applets
Java. Na prática, entretanto, a diferença no consumo de recursos entre as duas versões é mínima, o que torna seu uso desnecessário. Entra a pergunta: se posso ter
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Casa do Código
3.6. Usando o container
tudo, por que me restringir ao mínimo? Sendo assim, no decorrer deste livro usaremos apenas o ApplicationContext.
Atualmente BeanFactory ainda existe apenas para ins de retrocompatibilidade.
Dado que a interface ApplicationContext a estende e a própria SpringSource a desaconselha, usaremos apenas ApplicationContext como nosso container daqui para
frente.
Instanciando o container
Para usarmos o container nosso primeiro passo é instanciá-lo. Das diversas variações de ApplicationContext, nosso foco inicial será em apenas duas que são ClassPathXmlApplicationContext e FilePathXmlApplicationContext. A diferença entre os
dois está apenas na fonte que será usada para obter os documentos XML responsáveis
pela coniguração de nossos beans que são respectivamente o classpath da aplicação
e o sistema de arquivos local aonde nosso projeto será executado.
Figura 3.5: Hierarquia dos ApplicationContexts
O construtor mais usado recebe como parâmetro uma String representando a
localização do arquivo de coniguração. O exemplo abaixo instancia um container
que busca o arquivo spring.xml a partir do classpath da aplicação.
import org.springframework.context.ApplicationContext;
import
org.springframework.context.support.ClassPathXmlApplicationContext;
(...)
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Capítulo 3. Conhecendo o Container
ApplicationContext context =
new ClassPathXmlApplicationContext("spring.xml");
Obtendo beans (lookup)
A interface ApplicationContext não poderia ser mais simples: dada nossa coniguração anterior, se desejássemos obter o bean processador a partir do seu identiicador basta usar a função getBean como no exemplo abaixo:
ApplicationContext context =
new ClassPathXmlApplicationContext("spring.xml");
Processador bean = (Processador) context.getBean("processador");
bean.processe();
Existem basicamente duas versões do método getBean que podem ser usadas
quando nosso objetivo é obter um bean a partir do seu nome.
// a versão mais primitiva que nos obriga a fazer um type casting manual
Processador bean = (Processador) context.getBean("processador");
// Usando generics
Processador bean = context.getBean("processador", Processador.class);
Como mencionado acima, nem sempre damos nomes aos nossos beans. Nestes
casos, obtemos o bean sobre o qual iremos trabalhar passando como parâmetro a
classe ou interface do objeto desejado.
// buscando pela classe
Processador bean = context.getBean(Processador.class);
Há também situações em que por razões diversas precisamos de mais de um
bean que realizem uma mesma classe ou interface e precisamos processar algumas
ou todas estas instâncias. Entra em ação a variante getBeansOfType, que retorna um
mapa no qual a chave representa o identiicador único de cada um dos beans obtidos.
Map<String, Processador> beans =
context.getBeansOfType(Processador.class);
O leitor atento neste ponto pode se perguntar: o que ocorre quando pedimos
um bean que não exista? Nesta situação o container dispara uma exceção do tipo
org.springframework.beans.BeansException da qual podemos tirar algum proveito
como no seguinte trecho:
51
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3.7. O ciclo de vida do container
Casa do Código
Processador processador = null;
try {
processador = context.getBean("processador");
} catch (org.springframework.beans.BeansException ex) {
// instancie um processador de emergência
// caso nenhum esteja disponível no container
processador = new Processador();
// prepare-o a gosto :)
}
É importante mencionar que BeansException é uma exceção de tempo de execução (não checada) e, portanto, você não precisa incluir toda obtenção de um bean
dentro de um bloco try..catch. Caso ocorra algum erro durante a instanciação, injeção de dependências ou gerência de ciclo de vida dos beans normalmente é fatal.
E por mais incrível que pareça, conhecendo apenas estas variantes dos métodos
de lookup o desenvolvedor iniciante já consegue trabalhar (e bem) com o container
do Spring.
3.7
O ciclo de vida do container
Acabamos de ver de uma maneira bastante rústica como trabalhar com o Spring. Basicamente declaramos nossos beans em nosso arquivo de coniguração, instanciamos
nosso container com esta e em seguida executamos chamadas a funções de lookup
para que possamos trabalhar com nossos beans. Obviamente o funcionamento real
do Spring é bem mais rico e oferece uma gama bem maior de possibilidades ao desenvolvedor.
O funcionamento real do container pode ser melhor compreendido observando
o diagrama abaixo:
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Capítulo 3. Conhecendo o Container
Figura 3.6: O ciclo de vida de um container
O container assim como o bean possui seu próprio ciclo de vida que inicia-se no
momento em que este é instanciado e alimentado com nossas conigurações. Cada
declaração de bean que escrevemos dará origem a um objeto do tipo BeanDeinition.
Esta classe encontra-se implementada no módulo Beans e é a responsável por representar internamente o modo como deinimos a coniguração de cada um de nossos
beans.
Para facilitar a sua compreensão é interessante pensar na classe BeanDeinition
como a receita seguida pelo Spring no gerenciamento dos beans manipulados pelo
container. BeanDeinition diz ao container qual classe instanciar, quais atributos deverão ser preenchidos, as dependências a serem injetadas e como deve ser tratado o
ciclo de vida de cada bean.
Com todas estas informações em memórias e prontas para uso, inicia-se o ciclo
de vida dos próprios beans, que serão instanciados e destruídos conforme seja necessário. O leitor atento pode-se perguntar neste momento: quando um bean deve
ser criado ou destruído e como isto é deinido?, o que é o assunto da próxima seção.
3.8
Escopos
Quando um bean deve ser instanciado ou destruído e quantas instâncias podem ser
criadas é deinido pelo seu escopo (scope). Um dos objetivos do container é tirar das
mãos do desenvolvedor a responsabilidade pela instanciação dos objetos.
O escopo padrão do Spring é o singleton e, portanto, é aquele adotado em todos
os beans quando não deinimos nossos escopos explicitamente. Um bean declarado
com este escopo é instanciado uma única vez pelo container e mantido em memória
até que o container seja destruído. Antes de expor as opções oferecidas pelo Spring
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3.8. Escopos
Casa do Código
é interessante pensarmos em algumas questões que nos ajudam a escolher a opção
correta de escopo para nossos beans.
Quão cara é a construção de um bean? - Imagine um bean que represente um
objeto caro de ser instanciado e conigurado como por exemplo um pool de conexões
ou um EntityManager JPA. Estes são os tipos de objeto que queremos ver construídos
uma única vez durante a execução de nossos sistemas e não toda vez que se tornam
necessários por razões de performance.
O estado interno de um objeto pode ser compartilhado por mais de um usuário do
sistema? - No desenvolvimento de aplicações corporativas acesso concorrente é um
dos maiores problemas a ser resolvido. Em sua raiz está o estado compartilhado que
é a principal razão por trás de soluções como mecanismos de sincronização. Imagine que no exemplo de nosso capítulo cada instância de Processador para executar
seu trabalho para um usuário precise possuir um estado único para aquele usuário.
Agora imagine que a instância de um usuário seja compartilhada por outro. Uma
série de consequências inesperadas poderiam ocorrer. A escolha do escopo correto
para nossos beans evita este tipo de situação de uma forma bastante simples.
Quanto tempo uma instância realmente deve existir? - O que nos volta à primeira questão: objetos cuja instanciação seja cara normalmente duram o tempo de
execução do sistema. No entanto não é interessante que alguns objetos durem muito
mais que uma requisição. Por exemplo: um objeto que contenha os dados digitados
em um formulário web não é feito para que dure mais do que um conjunto inito (e
preferencialmente pequeno) de requisições.
Estes três questionamentos abrangem a maior parte dos problemas com os quais
precisamos nos preocupar no momento em que deinimos o escopo de nossos beans.
Mantendo-as em mente, é hora de apresentar os escopos que o Spring nos oferece
por padrão e como instruir nosso container a aplicá-los em nossos objetos.
Singleton
Trata-se do escopo padrão aplicado pelo Spring. Garante que apenas uma instância do bean seja instanciada pelo container e compartilhada por todos os outros
beans que a usem como dependência. É recomendada nos casos abaixo:
• A construção do objeto é cara, como por exemplo um pool de conexões, o objeto SessionFactory do Hibernate ou o EntityManager do JPA. Nestes casos, é
interessante manter a mesma instância do objeto compartilhada por todos os
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Capítulo 3. Conhecendo o Container
objetos clientes do sistema, garantindo assim que sua instanciação não prejudique a performance do sistema como um todo.
• O estado do objeto pode ser compartilhado por mais de um objeto cliente sem
problema ou então é interessante que o estado seja compartilhado por mais de
um objeto.
No nosso exemplo o bean fonteDados é um caso em que o escopo se aplica bem.
Como é uma fonte de dados, internamente esta classe poderia ter algum mecanismo
de cacheamento que favorecesse chamadas subsequentes aos métodos de pesquisa
implementados. É interessante observar que o escopo no entanto não foi aplicado ao
bean impressor, visto que não desejamos que seu estado interno seja compartilhado
por mais de um objeto cliente da mesma.
Para declarar um bean como um singleton há duas opções: você pode não fazer
nada visto ser o escopo padrão usado pelo Spring ou incluir na deinição deste o
atributo scope com o valor singleton tal como no exemplo abaixo:
<bean id="fonteDados" class="br.com.casadocodigo.FonteDadosArquivo"
scope="singleton">
<property name="arquivo" value="/arquivos/pessoas.csv"/>
</bean>
O código abaixo ilustra bem o comportamento do escopo singleton.
FonteDadosArquivo fonteDados1 =
context.getBean("fonteDados", FonteDadosArquivo.class);
FonteDadosArquivo fonteDados2 =
context.getBean(FonteDadosArquivo.class);
// O teste abaixo falharia caso fonteDados1
// e fonteDados2 fossem instâncias diferentes
assert fonteDados1 == fonteDados2;
Prototype
O escopo prototype garante que toda vez que o container receba uma requisição
por um bean uma nova instância seja criada. É normalmente adotado em situações
nas quais o bean tenha curta duração. Seu uso, de acordo com as questões que apresentamos acima se faz recomendado quando:
• A construção do objeto é barata.
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3.8. Escopos
Casa do Código
• O seu estado não deve ser compartilhado por mais de uma classe cliente
• O objeto seja útil por um curto espaço de tempo
Deinimos um bean como prototype passando o valor de mesmo nome do contexto para o atributo scope tal como no exemplo abaixo:
<bean id="processador" class="br.com.casadocodigo.Processador"
scope="prototype">
<property name="impressor" ref="impressor"/>
<property name="fonteDados" ref="fonteDados"/>
</bean>
Assim como no caso do escopo singleton, podemos escrever um teste bastante
simples para ilustrar seu funcionamento:
Processador processador1 =
context.getBean("processador", Processador.class);
Processador processador2 =
context.getBean(Processador.class);
// O teste abaixo falharia caso estivéssemos lidando
// com a mesma instância
assert processador1 != processador2
Request e Session
Para o ambiente web Spring nos oferece mais dois escopos bastante interessantes
que são request e session que mantém uma instância do bean durante a existência
respectivamente de uma requisição e de uma sessão de usuário. Como trataremos
do desenvolvimento para este ambiente apenas posteriormente neste livro, iremos
expor aqui apenas um exemplo de como declaramos beans neste escopo.
<!-- Usando o escopo de sessão -->
<bean id="processador" class="br.com.casadocodigo.Processador"
scope="session"/>
<!-- Usando o escopo de requisição -->
<bean id="processador" class="br.com.casadocodigo.Processador"
scope="request"/>
É um excelente exemplo de como o escopo evita problemas de acesso concorrente em nosso código. Usando o escopo de sessão, cada usuário do sistema possui
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Capítulo 3. Conhecendo o Container
sua própria instância do bean, cujo estado diz respeito apenas ao que aquele usuário
está fazendo naquele momento.
Escopos customizados
Os quatro escopos acima são os mais comumente usados pelo Spring Framework e conseguem atender à maior parte dos casos. Uma das características mais interessantes do Spring é sua lexibilidade. Sendo assim, caso ocorra
uma situação na qual os escopos oferecidos não lhe atendam, é possível criar
seu próprio escopo, bastando para tal escrever uma implementação da interface
org.springframework.beans.factory.conig.Scope.
A escrita de escopos customizados normalmente é feita por desenvolvedores responsáveis pela implementação de novos frameworks ou bibliotecas que desejem adicionar suporte especial ao Spring Framework. É muito útil em contextos nos quais
é necessário manter os beans somente enquanto determinado tipo de conversação
esteja ocorrendo como, por exemplo, em situações nas quais seja necessário tratar
transações distribuídas ou integração com sistemas remotos.
Trata-se de um uso bastante especíico que foge do objetivo deste livro e, portanto, ica aqui apenas a menção a esta possibilidade oferecida pelo framework.
3.9
Instanciação tardia
Por padrão as implementações de ApplicationContext inicializam todos os beans de
escopo singleton quando sua coniguração é parseada. Esta é uma prática bastante
sadia, visto que caso ocorra algum problema neste processo o desenvolvedor é imediatamente avisado do problema, o que torna este comportamento uma importante
ferramenta na etapa de desenvolvimento de nossos projetos. No ambiente de produção a história é diferente: há beans cuja inicialização no startup do sistema não é
necessária ou mesmo desejável. É o caso de beans cujo uso ocorre somente um bom
tempo após a inicialização do sistema se de fato chegarem a ser usados.
Nestas situações faz sentido postergar a inicialização do componente somente
para quando esta de fato se izer necessária. Com isto diminuímos o tempo de boot
do sistema e ainda economizamos memória. Beans com inicialização tardia são chamados pela equipe da SpringSource de lazy-initialized beans. No formato XML há
duas maneiras de deinir este comportamento. A primeira é adicionando o atributo
lazy-init na tag <bean> com o valor true como no código abaixo:
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3.10. Aproveitando o ciclo de vida dos beans
Casa do Código
<bean id="fonteDados" class="br.com.casadocodigo.FonteDadosArquivo"
lazy-init="true"/>
A segunda maneira consiste em deinir o comportamento padrão para todos os beans deinidos no arquivo de coniguração adicionando o atributo
default-lazy-init na tag <beans> tal como no código abaixo:
<beans xmlns="http://www.springframework.org/schema/beans"
xmlns:xsi="http://www.w3.org/2001/XMLSchema-instance"
xsi:schemaLocation="http://www.springframework.org/schema/beans
http://www.springframework.org/schema/beans/spring-beans.xsd"
default-lazy-init="true"
>
<!-- Conteúdo omitido para aumentar a clareza -->
</beans>
Deste modo, os beans só serão inicializados quando forem usados pela primeira
vez.
3.10 Aproveitando o ciclo de vida dos beans
O fato de delegarmos a responsabilidade pela instanciação e destruição de nossos
beans ao container não implica que não possamos ou devamos tirar proveito do ciclo
de vida dos mesmos. Todo bean tem “direito” a dois métodos de callback que são
executados pelo container logo após sua inicialização e antes de sua destruição tal
como pode ser visto no ciclo de vida ampliado que pode ser visto na imagem abaixo.
Figura 3.7: O ciclo de vida do bean
58
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Capítulo 3. Conhecendo o Container
Iremos ver duas maneiras de tirar proveito destes métodos: uma é a pesada através da implementação de interfaces, enquanto a outra é a leve usando apenas os mecanismos de coniguração do container.
Inicialização do bean
Talvez seja interessante que, uma vez tenham sido injetadas todas as dependências em seu objeto algum código de inicialização seja executado. Por exemplo: para
garantir um tempo de resposta menor, nosso bean fonteDados poderia, logo após ser
iniciado já carregar todos os registros presentes em um arquivo de nosso servidor.
Como mencionado, neste caso há duas alternativas.
A primeira alternativa é a que chamamos de pesada, visto que envolve a implementação da interface org.springframework.beans.factory.InitializingBean e, portanto, adiciona ao nosso projeto a dependência física a uma classe do Spring Framework. Podemos modiicar nossa classe FonteDadosRandomico portanto para que
ique similar ao código abaixo:
import org.springframework.beans.factory.InitializingBean;
public class FonteDadosArquivo implements FonteDados, InitializingBean {
// O método da interface que precisa ser implementado
public void afterPropertiesSet() throws Exception {
// Código responsável pelo pré-carregamento dos dados
}
// Restante da classe ignorado para facilitar a leitura
}
O nome do único método a ser implementado por esta interface é bastante instrutivo: aterPropertiesSet. Uma vez que o processo de preparo e injeção de dependências do bean esteja completo este método será invocado pelo container. Como
mencionado anteriormente, uma das vantagens obtidas a partir deste método de callback é que evitamos uma série de problemas que poderíamos enfrentar em situações
nas quais um objeto é usado antes de ser completamente inicializado. Nosso bean só
estará disponível para uso a partir do momento em que este método for executado.
A segunda alternativa, e a mais recomendável por manter nosso código completamente desacoplado do Spring envolve alterarmos apenas os nossos arquivos de
coniguração. Basta adicionarmos o atributo init-method à tag <bean> como é feito
no exemplo abaixo:
<bean id="fonteDados" class="br.com.casadocodigo.FonteDadosArquivo"
init-method="init"/>
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3.10. Aproveitando o ciclo de vida dos beans
Casa do Código
Há uma única regra neste caso: o método deve ser do tipo void e não receber
nenhum argumento como valor. Caso o método não exista uma exceção do tipo
org.springframework.beans.factory.BeanCreationException será lançada informando
a ausência do método declarado.
É possível minimizar a quantidade de conigurações a ser digitada e ainda
padronizar o comportamento do seu projeto inteiro adicionando o atributo
default-init-method à tag <beans> como no exemplo abaixo:
<beans xmlns="http://www.springframework.org/schema/beans"
xmlns:xsi="http://www.w3.org/2001/XMLSchema-instance"
xsi:schemaLocation="http://www.springframework.org/schema/beans
http://www.springframework.org/schema/beans/spring-beans.xsd"
default-init-method="init">
<!-- Ocultado o conteúdo para facilitar a leitura -->
</beans>
A mesma condição do atributo init-method é mantida. Caso o método exista
em qualquer um dos beans declarados, este será executado. Caso o método não
exista, nenhuma exceção será disparada. É importante mencionar que a presença
do atributo init-method em uma tag <bean> sobrescreve o comportamento padrão
que deinimos na tag <beans>.
Finalizando um bean
Há momentos em que é interessante executar algum código no momento em que
nossos beans são inalizados. Este normalmente é o ponto em que são executadas as
operações de limpeza como por exemplo liberação de recursos ou mesmo o envio
de mensagens para sistemas remotos informando o fato de determinado objeto estar
sendo deposto. Basicamente o mesmo procedimento que aplicamos no callback de
inicialização será repetido.
A primeira opção e menos recomendada é a implementação da interface
org.springframework.beans.factory.DisposableBean. Um exemplo de sua implementação pode ser visto no código abaixo:
import org.springframework.beans.factory.DisposableBean;
public class FonteDadosArquivo implements FonteDados, InitializingBean {
// O método da interface que precisa ser implementado
public void destroy() throws Exception {
// recursos são liberados e operação de limpeza executada
60
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Capítulo 3. Conhecendo o Container
}
// Restante da classe ignorado para facilitar a leitura
}
Há um único método a ser implementado que é o destroy. É interessante observar
que neste caso temos uma vantagem em cima do próprio comportamento padrão da
linguagem Java, na qual podemos até implementar métodos destrutores em nossas
classes, mas não temos certeza de quando e mesmo se este será de fato executado.
Temos aqui uma previsibilidade bem maior a respeito da execução do nosso método
destrutor.
A opção mais recomendada para obter é quase idêntica à que adotamos no caso
do callback de inicialização. Na tag <bean> adicionamos o atributo destroy-method
e, se quisermos padronizar a execução do método de inalização em todos os beans,
é incluído o atributo default-destroy-method à tag <beans>. As mesmas regras
mencionadas para o método de callback de inicialização se aplicam neste caso. O
código abaixo expõe um exemplo desta coniguração:
<beans xmlns="http://www.springframework.org/schema/beans"
xmlns:xsi="http://www.w3.org/2001/XMLSchema-instance"
xsi:schemaLocation="http://www.springframework.org/schema/beans
http://www.springframework.org/schema/beans/spring-beans.xsd"
default-destroy-method="destroy">
<bean id="fonteDados" class="br.com.casadocodigo.FonteDadosArquivo"
destroy-method="cleanup"/>
</beans>
É importante deixar aqui uma nota a respeito do comportamento dos métodos
de callback de destruição quando o bean possui escopo prototype. Estes beans não
possuem a sua inalização gerenciada pelo container: são apenas inicializados e em
seguida excluídos do mesmo, não sendo cacheados como ocorre com os demais escopos que foram apresentados anteriormente.
3.11 Quando o bean conhece seu container
Apesar de um dos objetivos principais do Spring é ser o mais desacoplado
possível de nossas classes de negócio, há momentos em que é interessante
a existência de algum acoplamento nesta direção. É muito fácil tornar um
61
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3.11. Quando o bean conhece seu container
Casa do Código
bean consciente de sua condição. Basta que sua classe implemente a interface org.springframework.context.ApplicationContextAware caso estejamos trabalhando com um container do tipo ApplicationContext ou implemente a interface
org.springframework.beans.factory.BeanFactoryAware caso estejamos lidando com
um container do tipo BeanFactory.
Ambas as interfaces possuem apenas um método que deve ser implementado tal
como exposto no código abaixo:
public interface ApplicationContextAware extends Aware {
void setApplicationContext(ApplicationContext applicationContext)
throws BeansException;
}
public interface BeanFactoryAware extends Aware {
void setBeanFactory(BeanFactory beanFactory) throws BeansException;
}
Um bom exemplo de uso deste comportamento ocorre quando um bean do tipo
prototype acidentalmente se torna um singleton, tal como pode ser observado na coniguração abaixo:
<bean id="impressor" class="br.com.casadocodigo.ImpressorImpl"
scope="prototype"/>
<bean id="processador" class="br.com.casadocodigo.Processador"
scope="singleton">
<property name="impressor" ref="impressor"/>
</bean>
Apesar do bean impressor ser declarado como prototype, uma de suas instâncias,
aquela a ser injetada no bean impressor será um “singleton acidental”, dado que todo
bean pertencente ao escopo singleton só é instanciado uma vez. E se nosso bean processador sempre precisar de uma nova instância de impressor? Uma solução para este
problema é torná-lo consciente do seu container implementando a interface ApplicationContextAware.
Dado que todo ApplicationContext na realidade estende a interface BeanFactory,
ao implementarmos a interface BeanFactoryAware estaremos tornando nossa classe
independente do tipo de container. Podemos alterar seu código fonte para que ique similar ao código abaixo o que, ao menos em teoria, resolveria o problema do
“singleton acidental”.
62
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Capítulo 3. Conhecendo o Container
public class Processador implements BeanFactoryAware {
private BeanFactory beanFactory;
public void setBeanFactory(BeanFactory bf) throws BeansException {
this.beanFactory = bf;
}
/* Resolvido o problema. Agora sempre será
retornada uma nova instância de Impressor,
e a declaração desta dependência em nosso arquivo de configuração
se torna desnecessária.*/
public Impressor getImpressor() {
return beanFactory.getBean(Impressor.class);
}
}
3.12
Modularizando a configuração
Conforme nosso sistema vai se desenvolvendo novos beans vão aparecendo e, consequentemente, o tamanho dos nossos arquivos de coniguração aumentam. É importante lembrar que a complexidade não se encontra apenas em nosso código fonte,
mas também nos nossos artefatos de coniguração. Se não houver uma solução adequada para que possamos melhor organizar o modo como declaramos nossos beans
com certeza a manutenção do nosso sotware será altamente comprometida.
O Spring nos permite modularizar nossos arquivos de coniguração. Assim podemos organizar nossos beans de maneira lógica facilitando a manutenção. É uma
prática comum, por exemplo, ter um arquivo apenas para a declaração de beans de
acesso a dados, outro para geração de relatórios e por assim em diante. Caso sua
coniguração seja modular, todas as implementações de ApplicationContext oferecem um construtor que recebe como parâmetro um array de strings representando
a localização dos seus arquivos de coniguração. No exemplo abaixo podemos ver
um exemplo deste construtor na classe ClassPathXmlApplicationContext.
ApplicationContext context =
new ClassPathXmlApplicationContext({"spring-daos.xml",
"spring-relatorios.xml", "spring-processamento.xml"});
Uma vez instanciado, o container irá mesclar internamente os três arquivos, de
tal forma que, na prática, todos se tornam na realidade um só. É também possível
63
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3.13. Aplicando herança na deinição dos beans
Casa do Código
que um arquivo de coniguração importe o conteúdo de outro. Para tal, usamos a tag
<import>. Esta preferencialmente deve ser incluída no início do arquivo que está a
importar um novo recurso, e possui um único atributo: resource, cujo valor deve
ser o caminho relativo ao arquivo a ser importado. Podemos ver um exemplo do seu
uso no código abaixo:
<!-- A definição do bean fonteDadosInstancia fica no
arquivo spring-factory.xml -->
<import resource="spring-factory.xml"/>
<bean id="impressor" class="br.com.casadocodigo.ImpressorImpl" />
<bean id="processador" class="br.com.casadocodigo.Processador">
<property name="fonteDados" ref="fonteDadosInstancia"/>
<property name="impressor" ref="impressor"/>
</bean>
3.13
Aplicando herança na definição dos beans
Para inalizar, podemos reduzir a quantidade de texto a ser digitado em nossos arquivos de coniguração aplicando o conceito de herança. A deinição de um bean pode
ser baseada em outra. Sendo assim, em situações em que dois beans são bastante parecidos, o grosso da coniguração é deinida em um destes e o segundo apenas herda
estas, sobrescrevendo as diferenças. Para obter este resultado usamos o atributo parent da tag <bean>, que deve ser preenchido com o nome do bean pai. No código
abaixo podemos ver um exemplo da aplicação deste recurso.
<bean id="impressor" class="br.com.casadocodigo.Impressor"/>
<bean id="fonteDadosArquivo"
class="br.com.casadocodigo.FonteDadosArquivo">
<property name="arquivo" value="/caminho/para/Arquivo"/>
</bean>
<bean id="fonteDadosRandomico"
class="br.com.casadocodigo.FonteDadosRandomico"/>
<bean id="processador" class="br.com.casadocodigo.Processador">
<property name="fonteDados" ref="fonteDadosArquivo"/>
64
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Casa do Código
Capítulo 3. Conhecendo o Container
<property name="impressor" ref="impressor"/>
</bean>
<!-- Aplicando herança -->
<bean id="processadorFilho" parent="processador">
<property name="fonteDados" ref="fonteDadosRandomico"/>
</bean>
O bean processadorFilho possui a mesma classe e a mesma dependência ao bean
impressor. A única diferença está na versão da fonte de dados a ser usada. Enquanto
processador usa uma baseada em arquivos, processadorFilho adota uma baseada em
dados randômica.
3.14 Spring Expression Language (SpEL)
Até este momento nossa coniguração é estática. Todos os valores de nossos atributos e dependências são conhecidos apenas em tempo de desenvolvimento. Sabemos
que o mundo não é tão simples assim, e em não raras situações precisamos adequar o funcionamento do nosso sotware às condições do ambiente em que este é
executado. Esta limitação foi a motivação por trás da criação da Spring Expression
Language (SpEL) que, como veremos nesta seção, adiciona dinamismo às nossas
conigurações.
Introduzida na versão 3.0 do framework, SpEL nos permite injetar valores tanto
por setter quanto construtores em nossos beans com base expressões que são executadas em tempo de execução. Trata-se de uma linguagem baseada em expressões
muito parecida com a Expression Language que vemos no JSP (foi inspirada nesta
aliás), de tal maneira que, assim como esta, fornece ao desenvolvedor uma curva de
aprendizado muito pouco acentuada.
Sintaxe básica
Como já era de se esperar, a sintaxe da SpEL é bastante similar à que encontramos
na EL, sempre seguindo a forma abaixo:
<property name="atributo" value="#{expressão a ser calculada}"/>
O conteúdo que estiver entre #{ e } sempre deve retornar um valor que pode ser
na sua forma um literal. No exemplo abaixo deinimos o atributo maxNumArquivos
do bean fonteDados com um literal inteiro simples.
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3.14. Spring Expression Language (SpEL)
Casa do Código
<bean id="fonteDadosArquivos"
class="br.com.casadocodigo.FonteDadosListaArquivos">
<property name="maxNumArquivos" value="#{5}"/>
</bean>
Obteríamos o mesmo resultado sem uma expressão, simplesmente digitando "5”
no atributo value. Este exemplo surgiu apenas para expor como declarar um literal
simples. Abaixo há alguns exemplos de como declarar outros literais com a SpEL:
<!-- Incluindo um valor inteiro -->
#{34}
<!-- Incluindo um valor de ponto flutuante -->
#{3.14}
<!-- Usando uma string como literal -->
#{'texto'}
<!-- Incluindo uma string com aspas duplas
quando usamos aspas simples no xml -->
value='#{"texto"}'
<!-- Incluindo um valor booleano -->
#{true}
Operações básicas e comparação
Usar literais isolados não trás vantagem alguma ao uso do Spring sem o SpEL.
O recurso começa a icar mais interessante quando começamos a aplicar operações
e comparações em nossas expressões.
Todas as operações matemáticas que usamos em Java estão disponíveis na SpEL:
soma (+), subtração (-), multiplicação (*), divisão (/), módulo (%) e, como brinde,
um novo operador para potenciação (^). Abaixo podemos ver alguns exemplos de
aplicação de aritmética no nosso bean fonteDadosArquivos.
<bean id="fonteDadosArquivos"
class="br.com.casadocodigo.FonteDadosListaArquivos">
<!-- Aplicando multiplicação -->
<property name="maxNumArquivos" value="#{5 * 3}"/>
</bean>
Há também operadores relacionais que retornam valores booleanos: menor que
(lt), maior que (gt), igual (eq), diferente (ne), maior ou igual (ge) e menor ou igual
(le). Abaixo podemos ver alguns exemplos de sua aplicação:
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Casa do Código
Capítulo 3. Conhecendo o Container
<!-- Retorna true -->
#{5 gt 3}
<!-- Retorna false -->
#{5 eq 3}
Como toda linguagem de expressão, operadores lógicos também existem: and,
or e not, cuja aplicação podemos ver abaixo:
<!-- Retorna true -->
#{(5 gt 3) and (5 lt 8)}
<!-- Retorna false -->
#{not true}
#{not ((5 gt 3) and (5 lt 8))}
Outro operador importante é o ternário condicional, que funciona exatamente
como o que estamos acostumados a usar em Java. Para os novatos, sua sintaxe é
bastante simples:
(expressão) ? (valor caso verdadeiro) : (valor caso falso)
Podemos ver um exemplo da aplicação deste operador no código abaixo:
<bean id="fonteDadosArquivos"
class="br.com.casadocodigo.FonteDadosListaArquivos">
<!-- O valor de maxNumArquivos será igual a 5 -->
<property name="maxNumArquivos" value="#{5 > 4 ? 5 : 3}"/>
</bean>
Referenciando outros beans
Os exemplos do SpEL expostos até agora são inúteis. O poder da linguagem
surge a partir do momento em que passamos a acessar atributos presentes em outros
beans. Imagine que tenhamos um segundo bean chamado fonteDadosArquivosCopia
que use as propriedades deinidas no bean fonteDadosArquivo tal como no código
abaixo:
<bean id="fonteDadosListaArquivos"
class="br.com.casadocodigo.FonteDadosListaArquivos">
<property name="arquivos">
<list>
<bean class="java.io.File">
<constructor-arg value="/opt/arquivos/arquivo1.csv"/>
</bean>
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3.14. Spring Expression Language (SpEL)
Casa do Código
<bean class="java.io.File">
<constructor-arg value="/opt/arquivos/arquivo2.csv"/>
</bean>
<bean class="java.io.File">
<constructor-arg value="/opt/arquivos/arquivo3.csv"/>
</bean>
<bean class="java.io.File">
<constructor-arg value="/opt/arquivos/arquivo4.csv"/>
</bean>
</list>
</property>
</bean>
<bean id="fonteDadosArquivosCopia"
class="br.com.casadocodigo.FonteDadosListaArquivos">
<property name="arquivos"
value="#{fonteDadosListaArquivos.arquivos}"/>
</bean>
A lista de arquivos de fonteDadosArquivosCopia será a mesma que deinimos no
bean fonteDadosArquivo. A sintaxe usada para acessar outros beans e seus respectivos atributos é igualmente simples:
(identiicador do bean).(nome do atributo/propriedade)
Na realidade, o nome do atributo ou propriedade é opcional. Podemos referir
apenas o bean se quisermos, substituindo assim o atributo ref se quisermos, como
no seguinte exemplo:
<property name="impressor" value="#{impressor}"/>
Também é possível usar como valor o resultado da invocação de um método. Poderíamos deinir o atributo numMaximoArquivos do bean fonteDadosArquivosCopia
da seguinte maneira:
<bean id="fonteDadosArquivosCopia"
class="br.com.casadocodigo.FonteDadosListaArquivos">
<property name="arquivos"
value="#{fonteDadosListaArquivos.arquivos}"/>
<property name="numMaximoArquivos"
value="#{fonteDadosListaArquivos.arquivos?.size()}"/>
</bean>
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Casa do Código
Capítulo 3. Conhecendo o Container
O valor do atributo será igual ao número de itens presentes no atributo arquivos
do bean fonteDadosListaArquivos. Há uma novidade neste ponto: o operador de
proteção de nulidade ?. Caso o atributo arquivos de fonteDadosListaArquivos fosse
nulo, não teríamos como resultado uma exceção do tipo NullPointerException.
Pesquisando listas
Um recurso avançado da SpEL é o processamento de listas. É possível com esta
linguagem retornar listas baseando-se em consultas feitas em outras listas. A melhor
maneira de entender esta possibilidade é com exemplos, sendo assim, segue abaixo
um bom exemplo deste tipo de aplicação:
<bean id="fonteDadosArquivosGrandes"
class="br.com.casadocodigo.FonteDadosListaArquivos">
<property name="arquivos"
value=
"#{fonteDadosListaArquivos.arquivos.?[exists() and size() ge 1024]}"/>
</bean>
O bean fonteDadosArquivosGrandes receberá uma nova lista, cujo conteúdo será
todos os arquivos deinidos no atributo arquivos de fonteDadosListaArquivos que
existam e, ao mesmo tempo, possuam tamanho maior ou igual a 1024 bytes.
Propriedades do ambiente de execução
Outro uso poderoso da SpEL é a possibilidade de obtermos informações a respeito do nosso ambiente de execução. Para tal usamos o objeto systemProperties
que sempre está implicitamente disponível a toda expressão, que corresponde a uma
chamada ao método getProperties() da classe java.lang.System. Sendo assim, se fosse
nosso objetivo deinir uma fonte de dados que sempre buscasse um arquivo dentro
do diretório home do usuário corrente poderíamos deinir nosso bean tal como no
exemplo abaixo:
<bean id="fonteDadosArquivoUsuario"
class="br.com.casadocodigo.FonteDadosArquivo">
<property name="arquivo"
value="#{systemProperties['user.home']}/arquivo.csv"/>
</bean>
Como pode ser observado neste exemplo, a SpEL nos permite inclusive concatenar strings. Neste caso, o valor da variável de ambiente user.home será con69
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3.15. Resumindo
Casa do Código
catenado ao restante do texto "/arquivo.csv”. O interessante é que a mesma sintaxe
que aplicamos ao objeto systemProperties pode ser aplicado a qualquer objeto do tipo
java.util.Properties::.
3.15 Resumindo
Este foi um capítulo bastante denso em que pudemos ver a maior parte do que está
por trás do mecanismo de inversão de controle e injeção de dependências do Spring.
Para tal apresentamos o formato de coniguração mais usado do Spring que é o XML
e, com ele, vimos o básico desde como declarar um bean, os modos que temos de
instanciá-los, como injetar dependências e valores de atributos até maneiras de tirarmos proveito tanto do ciclo de vida do container como do próprio bean. Para
inalizar, demos dinamismo às nossas conigurações apresentando a SpEL, uma linguagem baseada em expressões incluída no Spring 3.0 que, desde então, permeia
todo o restante do framework, incluindo conigurações baseadas em anotações.
Por falar em anotações, o leitor deve estar preocupado com a quantidade de XML
que digitamos neste capítulo. Espero ter provado o quão poderoso é este formato
(que ainda não foi completamente explorado neste capítulo), porém devemos nos
atentar ao fato de que todo este digitar de conigurações não é a maneira mais produtiva que temos de trabalhar. Sendo assim, preparo-o para o próximo capítulo,
aonde veremos como minimizar ao máximo a necessidade de digitarmos conigurações ao nosso container aumentando signiicativamente a produtividade oferecida
pelo framework.
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Capítulo 4
Minimizando o XML com
autowiring, anotações e Java
Neste ponto já conhecemos bastante a respeito do modo como a inversão de controle/injeção de dependências é implementada no Spring Framework. Até então só
usamos o formato mais popular de se conigurar o container, que é o XML. Chegou
a hora de aumentar a nossa produtividade minimizando o trabalho manual. Vamos
ver outras formas de coniguração oferecidos pelo framework, mas vale lembrar que
você encontrará a coniguração via XML em diversos projetos e até mesmo como
principal referência na documentação.
4.1 Autowiring: automatizando a injeção de dependências
Já nas primeiras versões do Spring icou claro que o formato XML pode facilmente se
tornar um gargalo na produtividade do desenvolvedor. A primeira solução encon-
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4.1. Autowiring: automatizando a injeção de dependências
Casa do Código
trada para o problema foi a inclusão da injeção automática de dependências, mais conhecida como autowiring. Este recurso possibilita ao container descobrir em tempo
de execução quais as dependências que devem ser injetadas em cada bean SEM que
o desenvolvedor precise instruí-lo para tal.
Para melhor entender seu funcionamento vamos apresentar um exemplo mais
elaborado que os anteriores. Trata-se de um sistema de gestão comercial composto
por três DAOs, todos derivados da classe AbstractDAO que, por sua vez, possui como
dependência um objeto do tipo DataSource que representa uma fonte de dados qualquer.
Figura 4.1: Visão geral do nosso sistema
Com base no que já sabemos, a primeira versão do nosso arquivo de coniguração poderia ser similar à descrita abaixo:
<beans xmlns="http://www.springframework.org/schema/beans"
xmlns:xsi="http://www.w3.org/2001/XMLSchema-instance"
xsi:schemaLocation="http://www.springframework.org/schema/beans
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Casa do Código
Capítulo 4. Minimizando o XML com autowiring, anotações e Java
http://www.springframework.org/schema/beans/spring-beans.xsd">
<bean id="dataSource" class="br.com.casadocodigo.DataSource">
<property name="connectionString"
value="jdbc:mysql://localhost/db"/>
</bean>
<bean id="daoProduto" class="br.com.casadocodigo.DAOProduto">
<property name="dataSource" ref="dataSource"/>
</bean>
<bean id="daoUsuario" class="br.com.casadocodigo.DAOUsuario">
<property name="dataSource" ref="dataSource"/>
</bean>
<bean id="daoVenda" class="br.com.casadocodigo.DAOVenda">
<property name="dataSource" ref="dataSource"/>
</bean>
<bean id="processador" class="br.com.casadocodigo.Processador">
<property name="daoProduto" ref="daoProduto"/>
<property name="daoUsuario" ref="daoUsuario"/>
<property name="daoVenda" ref="daoVenda"/>
</bean>
</beans>
Observando esta coniguração ica mais claro como o formato XML pode prejudicar nossa produtividade. A quantidade de código repetido é considerável. Note
que o bean dataSource, compartilhado por todos os DAOs do sistema foi injetada
manualmente todas as vezes que foi necessária. Dado que a plataforma Java possui um mecanismo de relexão bastante poderoso e há apenas um bean de cada tipo
necessário para o funcionamento do sistema, não é difícil imaginar um algoritmo
que descubra automaticamente quais dependências precisam ser satisfeitas com base
apenas nos tipos de beans declarados na coniguração.
Este recursos se chama autowiring. Aplicando-o na coniguração acima, obtemos um arquivo de coniguração signiicativamente menor, como pode ser observado no código abaixo:
<?xml version="1.0" encoding="UTF-8"?>
<beans default-autowire="byType"
73
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4.1. Autowiring: automatizando a injeção de dependências
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xmlns="http://www.springframework.org/schema/beans"
xmlns:xsi="http://www.w3.org/2001/XMLSchema-instance"
xsi:schemaLocation="http://www.springframework.org/schema/beans
http://www.springframework.org/schema/beans/spring-beans.xsd">
<bean class="br.com.casadocodigo.DataSource">
<property name="connectionString"
value="jdbc:mysql://localhost/db"/>
</bean>
<bean
<bean
<bean
<bean
</beans>
class="br.com.casadocodigo.DAOProduto"/>
class="br.com.casadocodigo.DAOUsuario"/>
class="br.com.casadocodigo.DAOVenda"/>
class="br.com.casadocodigo.Processador"/>
Na nova coniguração foi necessário digitar apenas 7 linhas descrevendo nossos
beans ao invés das 17 escritas anteriormente. Outro ponto interessante: dado que
o container descobrirá quais dependências precisam ser satisfeitas, não precisamos
sequer deinir nomes de nossos beans.
Para que o container aplique o autowiring podemos adotar dois caminhos. O
primeiro e menos trabalhoso é instrui-lo a aplicar esta técnica a todos os beans que
se encontrem declarados no mesmo arquivo. Como izemos na última versão de
nossa coniguração, basta adicionar o atributo default-autowire à tag <beans>. É
também possível aplicar o autowiring apenas a alguns beans deinidos no mesmo
arquivo. Como já era de se esperar, basta acrescentar o mesmo atributo à tag <bean>
que representa a deinição de bean em cima da qual a injeção automática deva ser
aplicada. Independente do local aonde o atributo seja incluído, este sempre pode receber um dos valores descritos abaixo, que descrevem qual a estratégia a ser adotada
pelo container:
• no: valor default adotado pelo container. Autowiring não será adotado.
• byType: uma dependência será injetada automaticamente caso seja encontrada apenas uma deinição do bean que possua tipo compatível.
• byName: o Spring irá injetar a dependência com base no nome. Serão buscados
beans que possuam o mesmo nome da propriedade a ser preenchida.
• constructor: similar ao algoritmo byType, com a diferença de que buscará
por construtores não padrão para executar a injeção ao invés de propriedades.
74
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Casa do Código
Capítulo 4. Minimizando o XML com autowiring, anotações e Java
• autodetect:
o container irá inicialmente tentar a injeção do tipo
constructor. Caso não seja encontrado um construtor no bean a ser injetado, procederá para a estratégia byType.
Evitando ambiguidades
Para que a injeção automática funcione é fundamental que o container não tenha
dúvidas a respeito de qual dependência injetar. Expondo melhor o problema, vamos
complicar nosso exemplo. Suponha que o bean DAOUsuario precise buscar seus dados de um banco de dados legado. Ingenuamente alteramos nossa coniguração para
que ique tal como no exemplo abaixo:
<beans default-autowire="byType"
xmlns="http://www.springframework.org/schema/beans"
xmlns:xsi="http://www.w3.org/2001/XMLSchema-instance"
xsi:schemaLocation="http://www.springframework.org/schema/beans
http://www.springframework.org/schema/beans/spring-beans.xsd">
<bean class="br.com.casadocodigo.DataSource">
<property name="connectionString"
value="jdbc:mysql://localhost/db"/>
</bean>
<bean id="dataSourceUsuarios"
class="br.com.casadocodigo.DataSource">
<property name="connectionString"
value="jdbc:mysql://localhost/users"/>
</bean>
<bean id="daoUsuario" class="br.com.casadocodigo.DAOUsuario">
<property name="dataSource" ref="dataSourceUsuarios"/>
</bean>
<bean class="br.com.casadocodigo.DAOProduto"/>
<bean class="br.com.casadocodigo.DAOVenda"/>
<bean class="br.com.casadocodigo.Processador"/>
</beans>
Observe que a dependência foi deinida explicitamente para o bean daoUsuario
mas não para os demais DAOs. Como consequência, quando o container for
iniciado não saberá qual fonte de dados injetar nos beans do tipo DAOVenda
75
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4.2. Vantagens e limitações da injeção automática
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e DAOProduto.
O resultado será o levantamento de uma exceção do tipo
org.springframework.beans.factory.UnsatisfiedDependencyException.
Há duas soluções para o problema: a primeira é deinir manualmente a fonte de
dados de cada DAO em nosso sistema. A solução mais inteligente é instruir o container a respeito de quais beans não são candidatos a serem injetados automaticamente.
Resolvemos este problema adicionando o atributo autowire-candidate com o valor false no bean a ser excluído. Em nosso exemplo, bastaria alterar a deinição do
bean dataSourceUsuarios tal como no exemplo abaixo:
<bean id="dataSourceUsuarios" class="br.com.casadocodigo.DataSource"
autowire-candidate="false">
<property name="connectionString"
value="jdbc:mysql://localhost/users"/>
</bean>
<bean id="daoUsuario" class="br.com.casadocodigo.DAOUsuario">
<property name="dataSource" ref="dataSourceUsuarios"/>
</bean>
Há um detalhe interessante a ser observado na coniguração acima: o bean
daoUsuario deine explicitamente qual bean deve ser injetado em sua propriedade
dataSource. A injeção de dependências automática é anulada em situações como
esta, em que a coniguração seja feita explicitamente.
4.2
Vantagens e limitações da injeção automática
A vantagem óbvia por trás do autowiring é a redução da coniguração. O ganho
oculto é a evolução natural e automática de nossa coniguração em tempo de desenvolvimento, visto que o programador não precisa atualizar constantemente seus
arquivos XML conforme progride no processo de criação do seu código.
A principal limitação da técnica é a substituição do explícito pelo implícito. Até
então sempre tínhamos certeza de como seria feita a injeção de dependências em
nossos beans pois o fazíamos manualmente. A partir do momento em que adotamos o autowiring delegamos esta responsabilidade ao container. Em projetos nos
quais o número de beans seja pequeno e o número de candidatos a serem injetados
seja o aceitável (1) o ganho de produtividade é garantido, mas conforme o projeto
evolui e o número de candidatos aumenta o desenvolvedor se verá constantemente
precisando excluir um ou outro candidato e, ainda pior, acabará voltando para o
modo manual de coniguração. Na esmagadora maioria dos casos os erros serão de76
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Casa do Código
Capítulo 4. Minimizando o XML com autowiring, anotações e Java
tectados em tempo de desenvolvimento, pois o container lançará uma exceção do
tipo org.springframework.beans.factory.UnsatisfiedDependencyException.
É importante salientar que há a possibilidade de erros sutis, em tempo de execução,
decorrentes da injeção equivocada de um bean ou outro pelo container.
Outra limitação do autowiring é o fato deste não injetar automaticamente propriedades do tipo primitivo, listas ou strings. Nestes casos o desenvolvedor deve
deinir seus valores explicitamente sempre, mesmo porque não há como o container
adivinhar seus valores.
A regra de ouro na adoção do autowiring é usá-lo apenas em projetos pequenos
ou, no caso de projetos maiores, naqueles em que sejam deinidas convenções rígidas
bem divulgadas e adotadas por toda a equipe de desenvolvimento.
4.3
Facilitando ainda mais com Anotações
A versão 2.0 do Spring trouxe um reforço importante para a tarefa de redução do
XML sob a forma de conigurações baseadas em anotações Java. Com a adição deste
recurso os desenvolvedores ganharam outro impulso em sua produtividade reduzindo a quase nada a necessidade de precisarmos escrever coniguração no formato
XML. Trata-se de uma ferramenta poderosa que serviu inclusive como uma das inspirações para a JSR-330 que deine o padrão de injeção de dependências adotado
como padrão pela plataforma Java EE a partir de sua versão 5.
Ao invés de simplesmente competir com esta JSR, a SpringSource optou por
abraçá-la, tornando seu container compatível com a mesma ao mesmo tempo que
possibilitando ao desenvolvedor tirar proveito das capacidades únicas do Spring.
Como veremos, há também suporte à JSR-250 (Common Annotations for the Java
Platform), que forma uma das bases do EJB 3.0.
A grosso modo temos aqui uma evolução da injeção automática por tipo com a
transferência de nossa coniguração dos arquivos XML para um contexto mais próximo de seu uso, que é a classe onde devem ser injetadas suas dependências.
Deinindo pontos de injeção
Ironicamente, o primeiro passo na redução do XML nesta seção será
incrementando-o com o namespace context. Para tal, modiicaremos a última versão
do nosso arquivo de coniguração para que ique tal como no exemplo abaixo:
<beans xmlns="http://www.springframework.org/schema/beans"
xmlns:xsi="http://www.w3.org/2001/XMLSchema-instance"
77
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4.3. Facilitando ainda mais com Anotações
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xmlns:context="http://www.springframework.org/schema/context"
xsi:schemaLocation="http://www.springframework.org/schema/beans
http://www.springframework.org/schema/beans/spring-beans.xsd
http://www.springframework.org/schema/context
http://www.springframework.org/schema/context/spring-context-3.0.xsd">
<context:annotation-config/>
<bean id="dataSource" class="br.com.casadocodigo.DataSource">
<property name="connectionString"
value="jdbc:mysql://localhost/db"/>
</bean>
<bean
<bean
<bean
<bean
</beans>
id="daoProduto" class="br.com.casadocodigo.DAOProduto"/>
id="daoUsuario" class="br.com.casadocodigo.DAOUsuario" />
id="daoVenda" class="br.com.casadocodigo.DAOVenda"/>
id="processador" class="br.com.casadocodigo.Processador"/>
Repare que o atributo default-autowire foi removido da tag <beans>, criando
a falsa impressão de que estamos desabilitando a injeção automática. Na realidade
estamos apenas modiicando sua forma. A tag <context:annotation-config/> informa o container de que nossa coniguração será deinida por anotações.
Neste momento a novidade é a forma como deiniremos os pontos de injeção
de dependências. Ao invés do XML convencional, usaremos agora duas anotações
fornecidas pelo Spring: @Required e @Autowired.
import org.springframework.beans.factory.annotation.Autowired;
import org.springframework.beans.factory.annotation.Required;
public abstract class AbstractDAO {
private DataSource dataSource;
public DataSource getDataSource() {return dataSource;}
@Required @Autowired
public void setDataSource(DataSource ds) {dataSource = ds;}
}
A anotação @Required (opcional) só pode ser aplicada em métodos e
setters. Possui a função de instruir o container a respeito da obrigatori78
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Casa do Código
Capítulo 4. Minimizando o XML com autowiring, anotações e Java
edade de uma dependência, forçando-o a disparar uma exceção do tipo
org.springframework.beans.factory.UnsatisfiedDependencyException
caso não seja encontrado um candidato que a satisfaça.
Já a anotação @Autowired, como o próprio nome diz, indica um ponto aonde
a injeção automática deve ser aplicada. Esta pode ser usada em métodos, atributos
e construtores (importante mencionar que apenas um construtor por classe pode
recebê-la). Caso opte por usá-la, é possível descartar o uso da anotação @Required,
tal como no exemplo abaixo:
@Autowired(required=true)
public void setDataSource(DataSource ds) {dataSource = ds;}
Como mencionado no início desta seção, o Spring também oferece suporte às
anotações da JSR-330. A principal vantagem em seu uso é o fato do código fonte
não ter dependência direta ao Spring e sim classes que sempre serão providas pela
plataforma Java EE.
A anotação mais popular neste caso é @Inject. Como por padrão seu código
fonte não vêm com o Spring, é necessário acrescentar a biblioteca necessária ao
classpath do seu projeto. Caso este seja baseado em Maven, basta adicionar a dependência exposta abaixo ou então fazer o download manual do arquivo jar em
http://code.google.com/p/atinject/.
<dependency>
<groupId>javax.inject</groupId>
<artifactId>javax.inject</artifactId>
<version>1</version>
</dependency>
Assim como @Autowired, @Inject pode ser usada em métodos, atributos ou
construtores (mantendo a limitação de só poder anotar um construtor por classe).
Comparada à anotação @Autowired, possui a desvantagem de não possuir o atributo
required.
@Inject
public void setDataSource(DataSource ds) {dataSource = ds;}
}
Outra opção é a anotação @Resource introduzida na JSR-250. Como era de se
esperar, seu uso é praticamente idêntico ao que encontramos nas anotações expostas
anteriormente. Um outro ponto importante é a possibilidade de usar as três anotações dentro de uma mesma classe, como pode ser visto no exemplo abaixo:
79
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4.3. Facilitando ainda mais com Anotações
Casa do Código
public class Processador {
@Resource
public void setDaoProduto(DAOProduto daoProduto) {
this.daoProduto = daoProduto;
}
@Autowired
public void setDaoUsuario(DAOUsuario daoUsuario) {
this.daoUsuario = daoUsuario;
}
@Inject
private DAOVenda daoVenda;
// Outros métodos do processador
}
Encontrando os beans
Até este momento a declaração dos beans ainda é feita diretamente em nosso
documento XML. A única diferença está no fato de termos movido as deinições
de injeção para nosso código fonte. A real redução do XML só ocorre quando instruímos o container a buscar as deinições de nossos beans varrendo o classpath do
nosso sistema em busca de classes devidamente anotadas, que possam ser reconhecidas como beans.
Modiicaremos mais uma vez nosso arquivo de coniguração de tal modo
que este tenha no inal apenas duas linhas signiicativas. Instruiremos o container a buscar nossas deinições de beans varrendo o classpath inserindo a tag
<context:component-scan/> em nosso arquivo XML como pode ser visto no exemplo abaixo:
<beans xmlns="http://www.springframework.org/schema/beans"
xmlns:xsi="http://www.w3.org/2001/XMLSchema-instance"
xmlns:context="http://www.springframework.org/schema/context"
xsi:schemaLocation="http://www.springframework.org/schema/beans
http://www.springframework.org/schema/beans/spring-beans.xsd
http://www.springframework.org/schema/context
http://www.springframework.org/schema/context/spring-context-3.0.xsd">
<context:annotation-config/>
<context:component-scan base-package="br.com.casadocodigo"/>
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Casa do Código
Capítulo 4. Minimizando o XML com autowiring, anotações e Java
</beans>
A tag <component-scan> possui o parâmetro base-package obrigatório que recebe como valor o nome do pacote que contém todas as nossas classes que implementam os beans de nosso sistema. Entra em cena o conceito de estereótipo. Uma
classe é reconhecida pelo Spring como uma coniguração de bean se possui uma
anotação que deina o tipo de bean (estereótipo) que esta representa.
O tipo mais básico de componente é identiicado no Spring pela anotação
@Component. Para identiicar uma classe como um componente, basta adicionar esta
anotação como pode ser visto no código abaixo:
@Component("processador")
public class Processador {
...
}
Como pôde ser visto, ainda com anotações é possível nomear nossos beans
passando como parâmetro sua identiicação. Caso este valor esteja ausente, o
nome do bean será deinido pelo container automaticamente. Além do estereótipo
@Component o Spring também oferece uma série de outras opções como por exemplo @Repository para identiicar DAOs, @Controller para controladores do Spring
MVC, @Service para controle transacional mais ino e muitos outros. A existência
de múltiplos estereótipos permite à equipe de desenvolvimento implementar comportamentos distintos para cada tipo de bean, enriquecendo assim ainda mais o poder da ferramenta.
Além das anotações do Spring usadas para identiicação de estereótipos, também podemos usar a anotação @Named deinida na JSR-330, que possuirá exatamente
o mesmo comportamento da anotação @Component. Abaixo podemos ver alguns
exemplos de sua utilização.
import javax.inject.Named;
@Named // Anotando um componente sem nome explícito
public class Processador {}
@Named("processador") // Definindo explicitamente o nome do bean
public class Processador {}
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4.3. Facilitando ainda mais com Anotações
Casa do Código
Filtrando componentes
Há situações nas quais não é interessante o carregamento de todas as deinições de beans presentes em um pacote. Em nosso documento XML quando incluímos apenas a tag <context:component-scan/>, estamos instruindo o container
a carregar todas as deinições de beans contidas no pacote deinido pelo atributo
base-package. Caso seja necessário incluir apenas parte destas deinições, entram
em ação as tags <context:include-filter> e <context:exclude-filter>, ambas
aninhadas dentro de <context:component-scan> e, como o próprio nome já diz,
deinem respectivamente quais deinições de beans devem ser incluídas e ignoradas
em nossa coniguração.
Tanto <context:include-filter> quanto <context:exclude-filter> possuem dois parâmetros obrigatórios que são type e expression. O primeiro identiica
o tipo de expressão usada para encontrar os componentes no classpath do sistema
enquanto o segundo deine a expressão que aplicaremos na iltragem.
Por padrão o Spring oferece os seguintes tipos de expressão:
• annotation: no parâmetro expression deverá estar presente o nome completo da anotação de identiicação de beans (estereótipo) que será incluída no
iltro.
• regex: passamos uma expressão regular que identiique o tipo de classe que
entrará na iltragem.
• assignable: deine qual a classe base ou interface implementada pelas classes
anotadas que deverá ser incluída no iltro.
• aspectj: uma expressão no formato AspectJ para identiicar os componentes.
• custom: é possível implementar iltros customizados na varredura do
classpath, que são basicamente classes que implementem a interface
org.springframework.core.type.TypeFilter.
No código abaixo podemos ver a aplicação de iltros na varredura customizada
do nosso classpath:
<context:component-scan base-package="br.com.casadocodigo.dao">
<!-Inclui todos os componentes cujo
nome da classe comece com DAO
82
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Casa do Código
Capítulo 4. Minimizando o XML com autowiring, anotações e Java
-->
<context:include-filter type="regex" expression="DAO*"/>
<!-- Exclui todos os componentes do estereótipo Controller -->
<context:exclude-filter type="annotation"
expression="org.springframework.stereotype.Controller"/>
</context:component-scan>
<context:component-scan base-package="br.com.casadocodigo.dao">
<!-- Inclui apenas classes com classe mãe DAOBase -->
<context:include-filter type="assignable"
expression="br.com.casadocodigo.DAOBase"/>
</context:component-scan>
Deinindo escopos
Deinimos o escopo de um bean usando a anotação @Scope provida pelo Spring.
Esta recebe como parâmetro o nome do escopo que são os mesmos apresentados no
capítulo anterior: singleton, prototype, request ou o nome do seu escopo customizado. No código abaixo podemos ver algumas aplicações desta anotação.
import org.springframework.context.annotation.Scope;
import org.springframework.stereotype.Component;
...
@Scope("prototype")
@Component
public class DAOUsuario {...}
@Scope("request")
@Component
public class DAOProduto {...}
Assim como na coniguração XML convencional, caso seja omitido o escopo de
um bean será adotado o padrão singleton.
Ciclo de vida
É possível deinir métodos de callback a serem executados após a injeção e antes
da destruição dos beans, tal como aprendemos a fazer no capítulo anterior. Para
tal usamos as anotações @PostConstruct e @PreDestroy deinidas na JSR-250. No
código abaixo podemos ver um exemplo de aplicação das mesmas:
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4.3. Facilitando ainda mais com Anotações
Casa do Código
import javax.annotation.PostConstruct; //JSR-250
import javax.annotation.PreDestroy; //JSR-250
import javax.inject.Named; //JSR-330
@Named
public class DAOProduto extends AbstractDAO {
@PostConstruct
public void init() {
System.out.println("\n\n\nDAO Produto iniciado\n\n\n");
}
@PreDestroy
public void destroy() {
System.out.println("\n\n\nDAO Produto Finalizado\n\n\n");
}
}
É importante mencionar que o desenvolvedor continua com a opção de
usar as interfaces org.springframework.beans.factory.InitializingBean ou
org.springframework.beans.factory.DisposableBean pra obter o mesmo resultado.
Limitando o número de candidatos
Dado que as anotações são uma evolução do conceito de autowiring apresentado
na seção anterior, o problema da ambiguidade de coniguração precisa ser tratado.
A solução no nosso caso se dá através da adoção de qualiicadores, que servem para
fornecer uma melhor identiicação aos nossos beans.
Usamos a anotação @Qualifier para guiar o container na seleção de qual dependência deverá ser injetada em determinado atributo ou parâmetro de construtor
ou método deinido em um bean, tal como pode ser visto no código abaixo:
import org.springframework.beans.factory.annotation.Qualifier;
@Named("daoUsuario")
public class DAOUsuario {
@Qualifier("dataSourceUsuario")
private DataSource dataSource;
}
O valor passado à anotação é o identiicador que ajuda na escolha de qual dependência deverá ser injetada naquele ponto. Por convenção, seu valor corres84
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Casa do Código
Capítulo 4. Minimizando o XML com autowiring, anotações e Java
ponde ao nome do bean a ser injetado. É possível também mesclar qualiicadores
com coniguração XML usando a tag <qualifier>. Sendo assim, o qualiicador
dataSourceUsuario exposto acima poderia ser identiicado na coniguração XML
da seguinte forma:
<!-- Este bean será injetado em DAOUsuario -->
<bean id="dsUsuario" class="br.com.casadocodigo.DataSource">
<qualifier value="dataSourceUsuario"/>
</bean>
<!-- Este bean não será injetado em DAOUsuario -->
<bean id="dsGeral" class="br.com.casadocodigo.DataSource">
<property name="connectionString" value="jdbc:database//meuDB"/>
</bean>
A anotação @Qualifier é a mais genérica possível. Se for de interesse do desenvolvedor, é possível evoluir seu código semanticamente criando sua própria anotação qualiicadora. Para tal, basta criar sua própria anotação aplicando-lhe a anotação
@Qualifier tal como em:
@Target({ElementType.FIELD, ElementType.PARAMETER})
@Retention(RetentionPolicy.RUNTIME)
@Qualifier
public @interface TipoDataSource {
String valor();
}
Em seguida, basta usar sua anotação customizada ao invés da padrão para limitar
o número de candidatos a serem injetados em seus beans. A anotação qualiicadora
também pode ser aplicada a parâmetros de construtores ou métodos, tal como no
exemplo abaixo:
public void setDataSource(@TipoDataSource("usuarios") DataSource ds) {
this.dataSource = ds;
}
Vantagens e limitações do uso de anotações
Há um debate sem im na comunidade a respeito da superioridade das anotações
em relação ao XML. A principal vantagem das anotações está no fato destas serem
incluídas diretamente nas classes, mais próximas portanto do contexto do desenvolvedor do que um arquivo separado. Outro benefício, como já dito, é o fato de reduzir
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4.4. Coniguração programática com Java
Casa do Código
signiicativamente o tamanho do nosso arquivo de coniguração que precisaríamos
escrever sem o recurso.
Entretanto, é importante salientar algumas limitações. A principal vantagem do
formato XML é o fato deste possibilitar alterar o funcionamento do nosso sistema
sem a necessidade de recompilarmos o código fonte. Em situações em que a customização seja um aspecto crítico, como por exemplo no desenvolvimento de produtos
de prateleira, a adoção das anotações podem acarretar mais perdas que ganhos. Apesar disto, é importante mencionar que qualquer coniguração feita usando anotações
pode ser sobrescrita em um arquivo XML. Por exemplo, é possível declarar um bean
especíico em XML e este será levado em consideração ao invés do mesmo deinido
usando anotações.
Outro ponto importante a ser levantado: a redução da coniguração muitas vezes
é ilusória quando usamos anotações, pois na prática na maior parte das vezes o que
realmente estamos fazendo é transferir informações do formato XML para dentro
de nossas classes.
4.4 Configuração programática com Java
A versão 3.0 do Spring trouxe como novidade a possibilidade de conigurarmos
nosso container com código Java, oferecendo possibilidades interessantes ao desenvolvedor como por exemplo coniguração programática e, inalmente, a eliminação
total da coniguração XML.
Os modos de coniguração até então apresentados são declarativos. O desenvolvedor descreve ao container o que instanciar e este se encarrega do trabalho de
injeção de dependências e inicialização dos beans. Com a coniguração baseada em
código Java o programador passa a agir imperativamente sobre o ciclo de vida dos
beans. Com base no que aprendemos até este momento, passo para o leitor um desaio: usando XML ou anotações, como deinir qual tipo de classe instanciar baseado
em algum fator de execução do sistema como por exemplo a hora corrente? Como
veremos, este tipo de problema é trivialmente resolvido usando coniguração baseada em código.
@Coniguration e @Bean
Nos formatos de coniguração apresentados anteriormente o ponto de partida sempre era um arquivo no formato XML. Com a coniguração programática
nosso ponto de partida passa a ser uma ou mais classes que possuam a anotação
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Capítulo 4. Minimizando o XML com autowiring, anotações e Java
@Configuration que, por baixo dos panos, consiste em mais um estereótipo (stere-
otype) oferecido pelo Spring.
Toda classe anotada com @Configuration é entendida pelo container como um
bean responsável por armazenar uma ou mais deinições de beans. Dado que estamos trabalhando com um estereótipo, seu uso é exatamente igual ao que já vimos na
seção anterior como pode ser visto no código abaixo:
import org.springframework.context.annotation.Configuration;
// Sem definir um nome explicitamente
@Configuration
public class JavaConfig {...}
// Definindo um nome explicitamente
@Configuration("configuracaoJava")
public class JavaConfig {...}
Se @Configuration deine um repositório de beans, em seu interior devemos
incluir a anotação @Bean, que deve ser inserida apenas em funções equivale à tag
<bean> que usamos na coniguração no formato XML. No código abaixo podemos
ver alguns exemplos de seu uso:
@Configuration
public class JavaConfig {
@Bean
public DAOUsuario daoUsuario() {
return new DAOUsuario();
}
// Definindo mais de um nome para o mesmo bean
@Bean(name={"daoProduto","produtoDAO"})
public DAOProduto criarDAOProduto() {
return new DAOProduto();
}
// Definindo o nome do bean explicitamente
@Bean(name="datasource")
public DataSource getDataSource() {
DataSource ds = null;
GregorianCalendar data = new GregorianCalendar();
if (data.get(GregorianCalendar.HOUR_OF_DAY) < 13) {
ds = new DataSourceUsuarios();
87
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4.4. Coniguração programática com Java
Casa do Código
} else {
ds = new DataSource();
}
return ds;
}
}
Vemos no exemplo anterior três usos da anotação @Bean. No primeiro caso, aplicamos a anotação sobre um método sem deinir explicitamente o nome do bean.
Nesta situação o nome do bean corresponderá ao nome do método que recebeu a
anotação. Assim como na coniguração XML, também é possível deinir múltiplos
nomes para um bean (aliases), que é o que fazemos no segundo caso da anotação,
passando como parâmetro um array de strings contendo estes nomes.
Como pode ser observado, tudo o que os dois primeiros métodos do nosso código anterior simplesmente criam uma nova instância do bean. O uso realmente
interessante pode ser observado no terceiro caso em que usamos a hora corrente do
sistema para escolher qual implementação deve ser instanciada.
Finalmente, dado que @Configuration na realidade é um estereótipo, isto é, uma
variação de @Component, poderíamos informar o container via XML a usar conigurações baseadas em anotações com um arquivo similar ao exposto abaixo, sabendo
que no pacote br.com.casadocodigo.java há apenas a classe JavaConfig :
<beans xmlns="http://www.springframework.org/schema/beans"
xmlns:xsi="http://www.w3.org/2001/XMLSchema-instance"
xmlns:context="http://www.springframework.org/schema/context"
xsi:schemaLocation="http://www.springframework.org/schema/beans
http://www.springframework.org/schema/beans/spring-beans.xsd
http://www.springframework.org/schema/context
http://www.springframework.org/schema/context/spring-context.xsd">
<context:component-scan base-package="br.com.casadocodigo.java"/>
</beans>
Ciclo de vida e escopo
A anotação @Bean possui dois atributos opcionais que nos permitem tirar proveito do ciclo de vida do bean por ela representado. Estes atributos são initMethod
e destroyMethod, que recebem como valor o nome do método a ser executado após
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Capítulo 4. Minimizando o XML com autowiring, anotações e Java
a instanciação e injeção de dependências no bean e antes de sua destruição pelo container. No código abaixo podemos ver um exemplo de seu uso:
@Bean(initMethod="iniciar", destroyMethod="destruir")
public DAOUsuario getDaoUsuario() {
return new DAOUsuario();
}
Também podemos deinir o escopo de um bean. Neste caso, adicionamos a anotação @Scope provida pelo Spring. No caso, seu uso é exatamente o mesmo que vimos
na coniguração baseada por anotações, a diferença é que iremos anotar o método
responsável pela instanciação do bean.
@Scope("prototype")
@Bean(initMethod="iniciar", destroyMethod="destruir")
public DAOUsuario getDaoUsuario() {
return new DAOUsuario();
}
@Scope("request")
@Bean
public DAOProduto daoProduto() {
return new DAOProduto();
}
Injetando dependências
Nos exemplos expostos até este momento todos os métodos construtores de beans expostos simplesmente instanciam objetos sem se preocupar com a injeção de
dependências. Isto porque na realidade estamos novamente aqui usando a coniguração baseada em anotações que, na prática, é o autowiring baseado em tipo.
Na coniguração baseada em Java, no entanto, é importante observar que, uma
vez que o método @Bean retorne seu valor, o container se encarrega de injetar todas
as dependências deste objeto, o que pode gerar algumas situações para os iniciantes,
como por exemplo a situação exposta no código abaixo:
@Configuration
public class JavaBuilder {
@Bean
public DataSource dataSource() {
return new DataSource();
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4.4. Coniguração programática com Java
Casa do Código
}
@Bean
public DAOProduto daoProduto() {
return new DAOProduto();
}
@Bean
public DAOProduto preConfigurado() {
DAOProduto dao = new DAOProduto();
dao.setDataSource(new DataSource());
return dao;
}
}
A primeira vista podemos ter a impressão de que o bean preConfigurado exposto acima recebe como dependência uma instância diferente da deinida pelo bean
dataSource, certo? Errado: uma vez obtida a instância do bean o container irá injetar como dependência o bean retornado pelo método dataSource(). A única maneira de se evitar este comportamento consiste em não implementar na classe DAOProduto um método setter para o atributo dataSource, injetando esta dependência
apenas pelo construtor.
Dado que uma classe anotada com @Configuration é em si um bean, esta também pode receber dependências. Sendo assim, poderíamos injetar uma dependência
nesta e em seguida reaproveitá-la nas deinições de beans que esta contenha, tal como
no exemplo abaixo:
@Configuration
public class JavaBuilderDependencia {
@Autowired
private DataSource dataSource;
@Bean
public DAOProduto daoProduto() {
DAOProduto daoProduto = new DAOProduto();
daoProduto.setDataSource(dataSource);
return daoProduto;
}
}
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Capítulo 4. Minimizando o XML com autowiring, anotações e Java
Excluindo a coniguração XML
Finalmente, como mencionado no início desta seção, veremos como tornar
o Spring 100% livre da coniguração XML. Para tal iremos usar uma implementação do ApplicationContext chamada AnnotationConfigApplicationContext,
presente no pacote org.springframework.context.annotation. Ao contrário
de ClassPathXmlApplicationContext e FileSystemXmlApplicationContext, esta
classe recebe como parâmetro uma ou mais classes que contenham deinições de
beans, ou seja, aquelas que possuem uma anotação que as identiiquem como implementadoras de algum estereótipo reconhecido pelo Spring.
Há apenas duas novidades neste tipo de container, seus construtores e o método
register. É possível instanciar este contexto de aplicação de qualquer uma das formas expostas no código abaixo:
import org.springframework.context.annotation.
AnnotationConfigApplicationContext;
...
AnnotationConfigApplicationContext context;
// Pelo construtor padrão
context = new AnnotationConfigApplicationContext();
/*
Passando apenas uma classe contendo definições de beans @Configuration
ou alguma classe que possua um estereótipo anotado
*/
context = new AnnotationConfigApplicationContext(JavaBuilder.class);
// Passando uma lista de classes anotadas
context = new AnnotationConfigApplicationContext(
JavaBuilder.class, DataSource.class);
// Passando o nome de um pacote base aonde buscar definições
context = new AnnotationConfigApplicationContext("br.com.casadocodigo");
// Passando o nome de mais de um pacote aonde buscar definições
context = new AnnotationConfigApplicationContext(
"br.com.casadocodigo.java", "br.com.casadocodigo.daos");
É interessante observar que, ao contrário da coniguração baseada em anotações
91
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4.4. Coniguração programática com Java
Casa do Código
com XML em que podemos usar iltros para deinir o que incluir e o que não incluir
em nosso container, não possuímos este recurso usando apenas os construtores fornecidos por esta classe. Para que possamos possuir um controle mais ino sobre
quais deinições incluir usamos o método register, que recebe como parâmetro
uma lista de classes anotadas a serem parseadas pelo container. É um método bastante útil quando queremos aplicar alguma lógica em cima de quais beans queremos
em nosso container com base em condições externas à nossa aplicação.
Um bom uso deste método pode ser visto no seguinte exemplo:
AnnotationConfigApplicationContext context =
new AnnotationConfigApplicationContext();
if (condição) {
context.register(DataSource.class);
} else {
context.register(DataSourceCustomizado.class);
}
context.register(DAOProduto.class, DAOUsuario.class);
// Atualiza a configuração do container após este ter sido alimentado
// com as classes acima
context.refresh();
Após termos invocado quantas vezes forem necessárias o método register é
importante que seja executado o método refresh do container, que irá atualizar
suas deinições internas de beans.
Para inalizar, outro método interessante deste contexto de aplicação é scan que
recebe como parâmetro uma lista de pacotes base aonde serão buscadas classes anotadas a serem incluídas em nosso container. Um exemplo do seu uso pode ser visto
no código abaixo:
AnnotationConfigApplicationContext context =
new AnnotationConfigApplicationContext();
if (condição) {
context.scan("br.com.casadocodigo");
} else {
context.scan("br.com.casadocodigo2", "br.com.dao");
}
// Atualizamos o estado interno do container
context.refresh();
92
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Capítulo 4. Minimizando o XML com autowiring, anotações e Java
Vantagens e limitações da coniguração Java
A grande vantagem da coniguração baseada em código fonte é a possibilidade
do desenvolvedor possuir maior controle sobre o modo como seus beans são instanciados e seus estados internos deinidos. Para os que não gostam do formato XML,
pode-se dizer que outra grande vantagem é a possibilidade de nos livrarmos completamente deste formato.
É importante observar no entanto que as conigurações baseadas em Java não foram feitas para substituir completamente o formato XML, mas sim para enriquecêlo, e, como toda ferramenta, deve ser usado sem excessos pois possui a grande desvantagem de sempre exigir recompilação de código fonte quando alguma coniguração precisa ser alterada, o que torna esta opção mais difícil de ser adotada em
ambientes nos quais customização seja uma prioridade alta.
4.5
XML, anotações ou configuração programática?
Uma das maiores críticas ao Spring Framework sempre foi o fato deste usar longos
arquivos de coniguração no formato XML que, como vimos neste capítulo, nem
sempre é o mais produtivo para se trabalhar. Sendo assim neste capítulo vimos algumas respostas a esta crítica. Para começar, fomos apresentados ao autowiring que
foi o nosso primeiro passo na redução da coniguração. Em seguida, conhecemos a
coniguração baseada em anotações que reduziu ainda mais o tamanho dos nossos
arquivos de coniguração transferindo a coniguração para classes ao invés de arquivos externos e, inalmente, para excluir completamente os arquivos de coniguração,
vimos a coniguração baseada em código Java que permite ao desenvolvedor aplicar
lógica na composição da deinição de nossos beans.
Qual das três formas de coniguração (XML, anotações e código Java) é a melhor não é uma pergunta factível de ser respondida dado que cada uma apresenta
vantagens e desvantagens únicas. Anotações e Java nos obrigam a recompilar nosso
código caso ocorram alterações, ao passo que documentos XML conforme evoluem
vão se tornando cada vez mais difíceis de serem mantidos. No inal das contas, o que
deve ser levado em consideração não é o uso individual de cada um destes formatos,
mas sim o uso combinado dos mesmos.
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Capítulo 5
AOP: adicionando novos
comportamentos aos beans
A grosso modo, pode-se dizer que dois fatores levam um desenvolvedor a adotar o
Spring Framework: a inversão de controle/injeção de dependências que vimos exaustivamente nos três capítulos anteriores e o suporte à programação orientada a aspectos - a tão falada AOP (Aspect Oriented Programming) - oferecido pelo framework.
É graças à AOP que o Spring fornece ao desenvolvedor acesso a recursos - serviços corporativos - até então disponíveis apenas em servidores de aplicações pesados
como WebLogic, WebSphere, JBoss e outros. Enquanto a IoC minimiza o problema
do alto acoplamento, ainda resta um tipo de funcionalidade que normalmente se
encontra pulverizada em nossos sistemas, de tal modo que a orientação a objetos
não nos permite isolar de uma forma tão limpa quanto gostaríamos. Este tipo de
funcionalidade é chamada no jargão da AOP de interesse transversal (cross-cutting
concern).
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5.1. Como identiicar os interesses transversais
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5.1 Como identificar os interesses transversais
A maior diiculdade enfrentada no primeiro contato com a AOP é a compreensão do
que vêm a ser um interesse transversal. Vamos expor este conceito escrevendo um
proilador (proiler) rudimentar. Um proilador é a ferramenta que usamos para descobrir gargalos de performance ou memória em nossos sistemas a partir da medição
do tempo de execução e recursos computacionais consumidos em trechos do nosso
sotware.
Não precisamos de um proilador completo para descobrir os gargalos de nossos
sistemas. O código abaixo expõe uma primeira versão que nos possibilitará obter a
mesma funcionalidade.
class DAO {
void persistirObjeto(Object obj) {
// obtenho o momento em que se iniciou a execução do código
long tempoInicial = System.currentTimeMillis();
// Executo o que realmente interessa neste método
getSessionFactory().currentSession().save(obj);
// Volto a obter o tempo total de execução
long tempoFinal = System.currentTimeMillis() - tempoInicial;
log.info("Método persistirObjeto levou " + tempoFinal + "ms");
}
}
A mesma estratégia poderia ser adotada em outros pontos do sistema, como por
exemplo em uma classe responsável pela emissão de relatórios:
class Relatório {
void gerarRelatorio() {
// obtenho o momento em que se inicia a execução do código
long tempoInicial = System.currentTimeMillis();
// executo o código que gera o relatório
// (...)
// obtenho o tempo final de execução
long tempoFinal = System.currentTimeMillis() - tempoInicial;
log.info("Método gerarRelatorio levou " + tempoFinal + "ms");
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Capítulo 5. AOP: adicionando novos comportamentos aos beans
}
}
Observando os dois trechos acima, ica nítido que a única variação é o objetivo
de cada método: pois o código que os envolve é basicamente o mesmo. Este código
duplicado é o que chamamos de interesse transversal. Uma primeira tentativa de
modularizá-lo poderia ser isolando-o em uma classe. Esta implementação é o que
no jargão da AOP chamamos de aspecto (aspect), que está para a AOP assim como
a classe está para a programação orientada a objetos.
Nossa primeira implementação deste aspecto rudimentar pode ser vista na classe
a seguir:
class Profilador {
private long tempoInicial;
private long tempoFinal;
// Obtém o tempo inicial de execução
public void iniciarMedicao() {
tempoInicial = System.currentTimeMillis();
}
// Obtém o tempo final de execução
public void finalizarMedicao() {
tempoFinal = System.currentTimeMillis();
}
// Retorna o tempo total de execução
public long tempoExecucao() {
return tempoFinal - tempoInicial;
}
}
Temos a impressão inicial de inalmente ter conseguido isolar a funcionalidade
alvo. Agora basta injetar a classe Proilador nas classes que pretendemos medir o
tempo de execução, isolando a chamada ao método e voilà:, modularidade obtida,
certo? Errado: tudo o que izemos foi adicionar mais uma dependência nestas classes e assim aumentar o problema do alto acoplamento. Além deste efeito colateral,
analisando melhor o problema percebe-se que o mesmo código repetido irá voltar
ao sistema, só que de outra forma, ou seja, temos uma solução ilusória para nosso
problema.
Como veremos no restante deste capítulo, a AOP nos permite implementar aspectos sem que se torne necessária a inclusão de mais dependências ao código fonte.
97
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5.2. Entendendo AOP
5.2
Casa do Código
Entendendo AOP
Quando estivermos falando em AOP sempre tenha em mente a ideia de que com
ela estamos na realidade interceptando a execução dos métodos presentes em nossos beans. A grosso modo, escreveremos interceptadores capazes de alterar o luxo
original de execução do nosso código. Os objetos cuja execução será interceptada
também possuem um nome dentro do jargão da AOP: objeto alvo (target objects).
Nos exemplos expostos anteriormente, nossos objetos alvo seriam as instâncias das
classes Relatório ou DAO.
O mais interessante é que o objeto alvo não precisa implementar alguma interface ou possuir o código repetido apresentado anteriormente, preocupando-se portanto apenas com a razão pela qual foi implementado. O leitor atento deve estar
se perguntando como isso é possível? Entra em cena outro conceito importante na
implementação AOP do Spring: os objetos proxiados (proxy objects).
Quando falamos em classes proxy, estamos nos referindo ao padrão de projeto
de mesmo nome que se tornou popular com o livro “Padrões de Projeto” [11] da GoF.
É um padrão estrutural com o objetivo de controlar o acesso a um objeto.
A solução propõe a existência de pelo menos três elementos: a classe cliente, o
proxy e a classe alvo. Aplicando-se a boa prática da programação orientada a objetos
de codiicarmos para interfaces, teremos as classes proxy e alvo implementando uma
interface em comum: interface esta que será a dependência da classe cliente como
pode ser visto no diagrama abaixo:
98
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Casa do Código
Capítulo 5. AOP: adicionando novos comportamentos aos beans
Figura 5.1: O padrão Proxy
Quando o objeto cliente invoca um método da interface, este na realidade estará
acessando o objeto proxy, que se encarregará de executar ou não, de acordo com as
regras de acesso que implementarmos em nosso proxy, o método original da classe
alvo. Um bom exemplo de aplicação de proxies são frameworks de segurança como
o Spring Security, que estudaremos mais a fundo ainda nesse livro, mas já podemos
adiantar que lá, o proxy é implementado de tal forma que a identiicação do usuário
permita ou não a execução dos métodos que desejamos proteger.
Na plataforma Java não é necessário que as classes alvo e proxy implementem a
mesma interface: para dizer a verdade, o proxy muitas vezes é gerado dinamicamente
usando-se bibliotecas de manipulação de bytecode como CGLIB, ASM ou mesmo o
suporte que o próprio Java SE oferece para este im.
99
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5.3. Preparando o ambiente de desenvolvimento
Casa do Código
Figura 5.2: Proxies
Graças aos proxies, não precisamos modiicar nossos objetos alvo. Neste momento outra dúvida surge: como se deine quais métodos devem ser interceptados?
O fazemos usando alguma regra ou linguagem de expressão que no jargão da AOP
chamamos de pontos de corte (point cuts). A propósito, os métodos interceptados também possuem um nome especial, são os pontos de junção (join points).
Sendo assim, eis como a AOP funciona no Spring: o objeto alvo é encapsulado
por um proxy, quando alguma classe cliente faz uma chamada a algum de seus pontos
de junção, o proxy executa o aspecto antes ou após os join points e estes, inalmente,
serão ou não executados de acordo com o aspecto implementado.
E sabe esta opção por executar o aspecto antes ou depois do join point? Também
tem um nome: se chama advice. Nesta sessão temos portanto uma descrição intuitiva
de como a AOP funciona. Nosso próximo passo será vê-la na prática.
5.3
Preparando o ambiente de desenvolvimento
Graças à natureza modular do Spring, é perfeitamente possível usar o framework
sem seu suporte à AOP, que atualmente vêm em duas opções: a tradicional baseada
na API do próprio Spring ou a baseada em esquemas XML e a sintaxe de deinição de point cuts do AspectJ, que é um projeto que tem como objetivo trazer para a
plataforma Java uma implementação completa deste paradigma de programação.
Quais componentes devem ser inseridos em seu projeto é portanto uma questão
determinada pelo caminho a seguir: API do Spring ou AspectJ?
Em ambos os casos, a dependência obrigatória é o spring-aop. Lembre-se de
se certiicar de que este possui a mesma versão dos demais módulos do Spring que
100
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Casa do Código
Capítulo 5. AOP: adicionando novos comportamentos aos beans
seu projeto faz referência. Caso esteja usando o Maven, basta inserir a coniguração
abaixo no seu arquivo pom.xml.
<dependency>
<groupId>org.springframework</groupId>
<artifactId>spring-aop</artifactId>
<version>3.1.1.RELEASE</version>
</dependency>
Em diversas situações os objetos alvo não implementarão uma interface especíica, tornando-se necessária portanto a geração de proxies dinamicamente. Torna-se
necessária a inclusão da biblioteca CGLIB 2 em seu projeto, cuja coniguração do
Maven segue a seguir:
<dependency>
<groupId>cglib</groupId>
<artifactId>cglib</artifactId>
<version>2.2.2</version>
</dependency>
Finalmente, caso seja feita a escolha pelo suporte ao AspectJ, algumas bibliotecas
deste framework também devem ser incluídas:
<dependency>
<groupId>org.aspectj</groupId>
<artifactId>aspectjrt</artifactId>
<version>1.6.12</version>
</dependency>
<dependency>
<groupId>org.aspectj</groupId>
<artifactId>aspectjweaver</artifactId>
<version>1.6.12</version>
</dependency>
Evite dores de cabeça com incompatibilidade de versões
Um problema comum aos que se iniciam no Spring Framework diz respeito
a conlitos de versão dos módulos do Spring. Muitas vezes topamos com exceções em tempo de execução do tipo LinkageError, NoClassDefFoundError,
NoSuchMethodError, NoSuchFieldError ou ClassNotFoundException. Na esmagadora maioria das vezes, este problema ocorre pois temos módulos do Spring com
versões diferentes no classpath do sistema.
101
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5.4. A implementação do primeiro aspecto
Casa do Código
Caso esteja usando Maven, uma boa solução para evitar este tipo de problema é
a inclusão de propriedades no arquivo de coniguração, cujo conteúdo corresponda
à versão do Spring em uso no projeto. Um exemplo do uso de propriedades pode ser
visto no arquivo pom.xml de exemplo a seguir:
<project>
(...)
<properties>
<!-Repare: o nome da tag corresponde ao nome da propriedade.
-->
<spring.versao>3.1.1.RELEASE</spring.versao>
</properties>
<dependencies>
<dependency>
<groupId>org.springframework</groupId>
<artifactId>spring-core</artifactId>
<!-- Usamos uma sintaxe similar à EL do
JSP para inserir a propriedade no conteúdo do XML -->
<version>${spring.versao}</version>
</dependency>
<dependency>
<groupId>org.springframework</groupId>
<artifactId>spring-aop</artifactId>
<version>${spring.versao}</version>
</dependency>
</dependencies>
(...)
</project>
5.4
A implementação do primeiro aspecto
A melhor maneira que conheço para entender a mecânica por trás da AOP é usando
a API do Spring. Apesar de ser uma opção bem menos popular atualmente, por não
tirar proveito das anotações e dos esquemas XML, é uma opção que ainda se mostra
bastante válida.
Iremos continuar o problema do nosso proilador que, desta vez, será aplicado à
classe DAOPessoas, que lê e persiste uma lista de objetos do tipo Pessoa e cuja implementação pode ser vista no código a seguir:
102
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Capítulo 5. AOP: adicionando novos comportamentos aos beans
public class DAOPessoas {
public void persistir(Pessoa[] pessoas, File arquivo)
throws IOException {
if (pessoas == null || pessoas.length == 0) {
throw new IllegalArgumentException(
"Lista de pessoas nula ou vazia");
}
if (arquivo == null) {
throw new IllegalArgumentException(
"Arquivo nulo passado como parâmetro");
}
ObjectOutputStream oos =
new ObjectOutputStream(new FileOutputStream(arquivo));
oos.writeObject(pessoas);
oos.close();
}
public Pessoa[] ler(File arquivo) throws IOException {
ObjectInputStream ois =
new ObjectInputStream(new FileInputStream(arquivo));
Pessoa[] resultado = null;
try {
resultado = (Pessoa[]) ois.readObject();
} catch (ClassNotFoundException ex) {
throw new IOException(
"Erro ao ler arquivo. ClassNotFoundException", ex);
}
return resultado;
}
}
5.5
Entenda os advices
Como mencionado acima neste capítulo, o advice é o componente da AOP responsável por deinir o momento em que um aspecto deve ser executado. O Spring oferece
alguns tipos de advices que podem ser implementados pelo programador. É importante mencionar que a implementação AOP do Spring não é tão completa quanto a
do AspectJ, pois só intercepta execução de métodos. Não há interceptação de modiicação de atributos ou construtores, como no AspectJ.
No entanto, esta limitação não é um problema para a esmagadora maioria dos
103
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5.6. Use os around advices
Casa do Código
projetos, pois raras vezes topamos com estes casos. Quando há uma deinição de atributos, poderíamos interceptar um método :setter ao invés do atributo diretamente, e
no caso do construtor, poderíamos interceptar um factory method::.
Abaixo seguem os tipos de advice suportados pelo Spring:
• before: é invocado antes da execução do método alvo (point cut);
• after throws: invocado caso seja disparada uma exceção após a execução do
método alvo;
• after returning: invocado quando determinado tipo de retorno ou valor é
retornado após a execução do método alvo;
• introduction: diz respeito à introdução de métodos em objetos proxy pelo
Spring (veremos mais sobre este advice em um capítulo a parte).
5.6 Use os around advices
Como nosso objetivo é medir o tempo de execução dos métodos da classe
DAOPessoas, nosso proilador deve executar três passos:
• Obter o momento em que a execução do método alvo é iniciada;
• Executar o método alvo;
• Obter o momento atual e subtraí-lo do momento inicial para descobrir quanto
tempo levou a execução do método alvo.
Precisamos portanto de um advice do tipo around, que é também o mais genérico possível, pois ele nos permitirá executar algo antes e após o método que será
interceptado.
Para que este seja implementado usando a API do Spring basta escrevermos
uma classe que implemente a interface org.aopalliance.intercept.MethodInterceptor,
tal como foi feito no código a seguir:
import org.aopalliance.intercept.MethodInterceptor;
import org.aopalliance.intercept.MethodInvocation;
public class AdviceAroundProfilador implements MethodInterceptor {
private List<Long> tempos = new ArrayList<Long>();
104
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Capítulo 5. AOP: adicionando novos comportamentos aos beans
public List<Long> getTempos() {return tempos;}
public Object invoke(MethodInvocation invocation) throws Throwable {
long momentoInicial = System.currentTimeMillis();
/*
O método proceed executa a invocação do método
que estamos interceptando nos fornecendo seu
valor de retorno.
Assim é possível, por exemplo, substituir o valor retornado
para a classe cliente do objeto proxiado ;)
*/
Object resultado = invocation.proceed();
long tempo = System.currentTimeMillis() - momentoInicial;
getTempos().add(tempo);
System.out.println("Tempo para executar " + tempo + "ms");
/*
Na linha abaixo retornamos o resultado da invocação do
método interceptado
*/
return resultado;
}
}
A interface MethodInterceptor requer a implementação de um único método,
invoke, que recebe como parâmetro um objeto do tipo MethodInvocation, que representa, como o próprio nome já nos diz, a invocação de um método. Neste objeto,
no entanto, o método que mais nos interessa é proceed, que retorna um objeto do
tipo java.lang.Object, que representa o retorno do método alvo.
Nossa implementação é portanto bastante simples: a única diferença é que
os tempos de execução são todos adicionados ao atributo tempos, do tipo
java.util.List para consulta futura.
Um ponto importante em nosso proilador é o fato deste ser completamente independente de qualquer tipo de objeto alvo. Tanto faz se estou interceptando a execução de um objeto do tipo DAOPessoas ou GeradorRelatorios, tudo o que realmente interessa para nosso aspecto é que o método seja executado e seu tempo de
resposta medido. Ainda mais importante, com esta nossa implementação do aspecto
garantimos que DAOPessoas não precise saber da existência de um proilador.
105
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5.7. Use o advice before
Casa do Código
5.7 Use o advice before
Finalizada a implementação de nossa classe DAOPessoas, surge um novo requisito:
precisamos evitar que esta classe sobrescreva arquivos já existentes. A solução imediata para este requisito poderia ser incluir mais um trecho de veriicação no método
persistir, como no exemplo a seguir:
public void persistir(Pessoa[] pessoas, File arquivo)
throws IOException {
if (pessoas == null || pessoas.length == 0) {
throw new IllegalArgumentException(
"Lista de pessoas nula ou vazia");
}
if (arquivo == null) {
throw new IllegalArgumentException(
"Arquivo nulo passado como parâmetro");
}
// Nossa nova validação
if (arquivo.exists()) {
throw new IllegalArgumentException(
"O arquivo já existe e não pode ser sobrescrito!");
}
(...)
}
Em um primeiro momento, esta parece ser uma ótima solução. Mas e se quisermos incluir ainda mais restrições como, por exemplo, limitar quais os diretórios
aonde nosso DAO possa gerar arquivos ou mesmo o número máximo de pessoas que
possam ser inseridas? Iremos aumentar indeinidamente nosso método persistir?
AOP salva nossa pele com o advice do tipo before, que é executado antes que o método alvo seja chamado.
Um objeto alvo pode ter quantos advices de determinado tipo quanto sejam necessários para um mesmo método. Sendo assim, poderíamos implementar um novo advice para cada nova restrição. Para mantermos a facilidade de compreensão deste texto, vamos implementar apenas um que veriique se o arquivo em cima do qual serão persistidos os objetos do tipo Pessoa
exista ou não. Para tal, basta escrevermos uma classe que implemente a interface
org.springframework.aop.MethodBeforeAdvice, como no código a seguir:
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Capítulo 5. AOP: adicionando novos comportamentos aos beans
import java.io.File;
import java.lang.reflect.Method;
import org.springframework.aop.MethodBeforeAdvice;
public class AdviceBeforeProfilador implements MethodBeforeAdvice {
public void before(Method method, Object[] args, Object target)
throws Throwable {
if (method.getName().equals("persistir") && args[1] != null) {
File arquivoAlvo = (File) args[1];
if (arquivoAlvo.exists()) {
System.out.println("Before Advice: arquivo já existe");
args[1] = null;
}
}
}
}
Como pode ser visto, esta interface requer que seja implementado um único
método chamado before, que recebe como parâmetros uma instância do objeto
Method, que representa o método interceptado, e um array de Object, representando os valores que serão passados ao método alvo e por último o objeto alvo que
foi interceptado. Para que nossa regra seja aplicável, tiramos proveito do comportamento padrão do método persistir de DAOPessoas, que sempre dispara uma exceção do tipo IllegalArgumentException, caso uma instância do tipo java.io.File
não seja passada como parâmetro.
Para tal, veriicamos se o método exists do atributo File que seria passado
ao método alvo retorna verdadeiro. Em caso positivo, nós substituímos seu valor
na matriz por null. Sim, você leu certo: nós podemos alterar quais os parâmetros
passados ao método alvo dentro do advice do tipo before, assim como também poderíamos fazer no advice do tipo around.
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5.8. E onde entra o Proxy nessa história?
Casa do Código
Cuidado com os aspectos que escreve
Imagine um programador dando manutenção na classe DAOPessoas e se
deparando com um bug do tipo: “O Sistema não permite persistir arquivos no diretório”. Uma de suas primeiras atitudes poderia ser a escrita
de um teste unitário no qual a situação descrita fosse reproduzida e, para
sua surpresa, o código naquele momento funcionaria perfeitamente.
Horas e horas de trabalho depois, nosso exausto programador se encontra com outro colega que, orgulhoso, descreve o seu trabalho na escrita
de um advice que altera o valor dos parâmetros passados para esta classe
usando AOP.
A possibilidade de modiicarmos o valor de parâmetros a serem enviados
a objetos alvo ou ainda lógicas mais complexas e intrusivas como a não
execução de métodos, são ferramentas poderosas que devem ser usadas
com cautela. Antes de executar este tipo de atividade, lembre-se de que o
objeto alvo normalmente é implementado tendo como base um cenário
original, diferente do que deu origem ao aspecto modiicador.
Como boa prática, sempre que a estratégia de modiicação de parâmetros
for necessária, certiique-se de documentá-la e informar toda a equipe a
seu respeito, pois isto pode salvar horas de trabalho dos desavisados e
talvez até mesmo algumas amizades. É possível minimizar ainda mais
o problema com a presença de testes integrados, que veriiquem o comportamento de nossos beans, ao invés de nossas classes isoladamente.
5.8 E onde entra o Proxy nessa história?
Isoladamente, os advices que implementamos não irão habilitar a AOP. Para que isto
ocorra faz-se necessário que declaremos nosso objeto proxy. Para tal, usaremos uma
instância da classe org.springframework.aop.framework.ProxyFactoryBean. A
maneira mais fácil de entender seu funcionamento é através da coniguração XML:
<beans>
<!-- O nosso objeto alvo -->
108
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Capítulo 5. AOP: adicionando novos comportamentos aos beans
<bean id="daoPessoasTarget" class="casadocodigo.DAOPessoas"/>
<!-- Nosso advice do tipo around -->
<bean id="aroundProfilador"
class="casadocodigo.api.AdviceAroundProfilador"/>
<!-- Nosso advice do tipo before -->
<bean id="beforeProfilador"
class="casadocodigo.api.AdviceBeforeProfilador"/>
<bean id="daoPessoas"
class="org.springframework.aop.framework.ProxyFactoryBean">
<property name="target" ref="daoPessoasTarget"/>
<property name="interceptorNames">
<list>
<value>aroundProfilador</value>
<value>beforeProfilador</value>
</list>
</property>
</bean>
</beans>
Como pode ser observado, declaramos nossos advices e objeto alvo como se
fossem beans convencionais a serem gerenciados pelo container. Logo em seguida,
o que fazemos é deinir duas importantes dependências do bean daoPessoas, que
será o proxy acessado pelas classes clientes: target, que recebe como valor o bean
daoPessoasTarget e interceptorNames, que possuirá como valor uma lista que
aponta para os dois advices que declaramos em nosso arquivo de coniguração.
Para ilustrar o uso da classe proxy por um cliente, escrevemos um pequeno teste
cuja implementação pode ser vista adiante:
DAOPessoas dao = (DAOPessoas) applicationContext.getBean("daoPessoas");
// Deve ser retornado o proxy, e não o objeto alvo
assert dao.getClass().equals(DAOPessoas.class) == false;
/* Suponha a existência dos objetos pessoas (do tipo Pessoa[])
e arquivo (do tipo File) */
dao.persistir(pessoas, arquivo);
// Obtenho a instancia do advice around
109
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5.9. Entenda a execução
Casa do Código
AdviceAroundProfilador around =
applicationContext.getBean(AdviceAroundProfilador.class);
/*
Se executei o método, o tempo de execução
obrigatoriamente precisa estar armazenado
na lista de tempos do advice around
*/
assert ! around.getTempos().isEmpty();
/*
Agora é testada a execução do advice before.
Tentaremos executar o método persistir no mesmo
arquivo usado anteriormente. Uma exceção do tipo
IllegalArgumentException deverá portanto ser disparada,
pois o parâmetro arquivo será substituído por null pelo
advice.
*/
try {
dao.persistir(pessoas, arquivo);
} catch (IllegalArgumentException ex) {
assert "Arquivo nulo foi passado".equals(ex.getMessage());
}
5.9
Entenda a execução
Com base no código produzido, até então possuímos a seguinte sequência de execução quando uma classe cliente acessa nosso proxy:
1) Cliente invoca método persistir no objeto proxy;
2) Proxy busca por algum advice do tipo before e, existindo, executa-o;
3) Proxy busca por algum advice do tipo around e, existindo, executa-o;
4) O proxy do tipo around executa o método do objeto alvo e o retorna para o proxy;
5) Proxy retorna valor retornado ao objeto cliente.
]
110
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5.10
Capítulo 5. AOP: adicionando novos comportamentos aos beans
Um uso interessante para AOP: Log de erros
Para inalizar nossa seção sobre o uso tradicional, que tal mais um exemplo prático?
Precisamos registrar o momento em que algum parâmetro inválido é fornecido ao
nosso DAO. Entra em ação o advice do tipo ater throws. Escrever um advice deste
tipo é bastante simples: basta que duas regras sejam seguidas:
• A classe deve implementar a interface org.springframework.aop.ThrowsAdvice;
• Devem ser implementados um ou mais métodos do tipo void cujo nome é
afterThrowing e que receba como parâmetro uma exceção de qualquer tipo.
A interface ThrowsAdvice é na realidade uma interface de marcação, ou seja,
esta não obriga o desenvolvedor a implementar nenhum método. Entra em ação a
convenção deinida pelo Spring, cuja aplicação podemos ver no exemplo:
import org.springframework.aop.ThrowsAdvice;
public class AdviceAfterThrows implements ThrowsAdvice {
// Restante da classe oculto para facilitar a leitura
// Interceptando exceções do tipo IllegalArgumentException
public void afterThrowing(IllegalArgumentException ex) {
enviarEmail("Parâmetros inválidos: " + ex.getMessage());
}
// Interceptando exceções do tipo IOException
public void afterThrowing(IOException ex) {
enviarEmail("IOException: " + ex.getMessage());
}
}
No código anterior vemos que o mesmo advice pode interceptar mais de um tipo
de exceção. Neste caso, as trataremos tanto do tipo java.io.IOException quanto
java.lang.IllegalArgumentException. Assim, sempre que um erro dos tipos tratados forem disparados por nossos objetos alvo, um e-mail será enviado para o administrador do sistema. Novamente, não há muito o que ser alterado em nossa coniguração XML, cujo resultado inal pode ser visto a seguir:
<beans xmlns="http://www.springframework.org/schema/beans"
xmlns:xsi="http://www.w3.org/2001/XMLSchema-instance"
111
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5.11. Declare aspectos com anotações AspectJ e esquemas XML
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xsi:schemaLocation="http://www.springframework.org/schema/beans
http://www.springframework.org/schema/beans/spring-beans.xsd">
<!-- O nosso target object -->
<bean id="daoPessoasTarget" class="casadocodigo.DAOPessoas"/>
<!-- Nosso advice do tipo around -->
<bean id="aroundProfilador"
class="casadocodigo.api.AdviceAroundProfilador"/>
<!-- Nosso advice do tipo before -->
<bean id="beforeProfilador"
class="casadocodigo.api.AdviceBeforeProfilador"/>
<!-- Advice do tipo after throws -->
<bean id="afterThrows" class="casadocodigo.api.AdviceAfterThrows"/>
<bean id="daoPessoas"
class="org.springframework.aop.framework.ProxyFactoryBean">
<property name="target" ref="daoPessoasTarget"/>
<property name="interceptorNames">
<list>
<value>aroundProfilador</value>
<value>beforeProfilador</value>
<!-- Inclusão do after throws -->
<value>afterThrows</value>
</list>
</property>
</bean>
</beans>
5.11
Declare aspectos com anotações AspectJ e esquemas XML
Finalmente, temos a forma mais moderna e atualmente mais popular de declararmos
nossos aspectos com Spring usando esquemas XML e AspectJ.
É importante esclarecer que quando nos referimos ao AspectJ, na realidade apontamos para um modo de declaração de aspectos baseado em anotações. Curiosa112
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Casa do Código
Capítulo 5. AOP: adicionando novos comportamentos aos beans
mente, por padrão o Spring não vêm com suporte à todos os recursos oferecidos
pelo AspectJ: usaremos apenas sua sintaxe para deinição de point cuts e as anotações a que este framework oferece suporte. Por trás dos panos temos na realidade
a mesma API do Spring para suporte à AOP que vimos na seção anterior, com a
diferença de que agora esta se encontra “disfarçada de AspectJ”.
Como veremos, há também um novo esquema XML a ser aprendido, que adiciona semântica especíica ao suporte a AOP. Com isto a leitura dos nossos arquivos
de coniguração ica mais fácil de ser compreendida e poderemos identiicar mais
claramente nesta quem são os beans convencionais e quais os nossos aspectos.
Incluindo o novo esquema em nosso arquivo de coniguração
Esquemas XML nos possibilitam adicionar novos elementos a nossos arquivos
de coniguração XML do Spring. Para oferecer suporte ao AspectJ devemos inserir a
deinição do namespace aop no elemento <beans> de nosso arquivo de coniguração,
tal como no exemplo abaixo:
<beans xmlns="http://www.springframework.org/schema/beans"
xmlns:xsi="http://www.w3.org/2001/XMLSchema-instance"
xmlns:aop="http://www.springframework.org/schema/aop"
xsi:schemaLocation="http://www.springframework.org/schema/beans
http://www.springframework.org/schema/beans/spring-beans.xsd
http://www.springframework.org/schema/aop
http://www.springframework.org/schema/aop/spring-aop-3.1.xsd">
(...)
</beans>
Caso esteja trabalhando com o SpringSource Tool Suite, a inclusão deste esquema
é ainda mais fácil. Basta abrir seu arquivo de coniguração do Spring e escolher a aba
Namespaces, tal como pode ser visto na imagem a seguir.
113
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5.11. Declare aspectos com anotações AspectJ e esquemas XML
Casa do Código
Figura 5.3: Usando o SpringSource Tool Suite para adicionar um novo esquema
Em seguida, basta selecionar o namespace aop no painel à esquerda que automaticamente a IDE modiicará o arquivo para você.
Declarando aspectos com @Aspect
Com o namespace aop incluído em nosso arquivo de coniguração, nosso próximo passo é instruí-lo a fazer duas coisas: a mais óbvia que é informá-lo de que
usaremos anotações para deinir nossos beans e habilitar o esquema de auto proxy
do AspectJ. Voltando ao exemplo que vêm nos acompanhado neste capítulo, nosso
arquivo de coniguração, excluindo as deinições de namespaces para facilitar a leitura, deve icar tal como no código adiante:
<beans>
<!-- Informamos o container que iremos usar anotações -->
<context:annotation-config/>
<!-- Habilitando o auto proxiamento do AspectJ -->
<aop:aspectj-autoproxy />
<!-- Em que pacote nossos aspectos se encontram -->
<context:component-scan
base-package="casadocodigo.aspectj.anotacoes"/>
114
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Capítulo 5. AOP: adicionando novos comportamentos aos beans
<!-- O objeto alvo -->
<bean id="daoPessoas" class="casadocodigo.DAOPessoas"/>
</beans>
A única alteração incluída em nosso arquivo de coniguração foi a tag
<aop:aspectj-autoproxy />. Podemos ver aqui aplicado o poder de simpliicação que anotações e esquemas XML nos fornecem de maneira imediata. Enquanto
usando a API padrão do Spring precisamos escrever 14 linhas signiicativas de coniguração, agora precisamos escrever apenas 4: nossa coniguração icou “apenas” 72%
menor.
Coniguração pronta, agora precisamos apenas escrever nossos aspectos. Para
começar, vamos ver como implementar o mais genérico dos advices que é o around.
Nossa nova implementação pode ser vista abaixo:
import
import
import
import
org.aspectj.lang.ProceedingJoinPoint;
org.aspectj.lang.annotation.Around;
org.aspectj.lang.annotation.Aspect;
org.springframework.stereotype.Component;
@Aspect // Identifica o bean como um aspecto
@Component // Identifica o aspecto como um bean
public class AdviceAroundProfiladorAnotacoes {
private List<Long> tempos = new ArrayList<Long>();
public List<Long> getTempos() {return tempos;}
@Around("execution(* casadocodigo.DAOPessoas.* (..))")
public Object profilar(ProceedingJoinPoint joinPoint)
throws Throwable {
long momentoInicial = System.currentTimeMillis();
Object resultado = joinPoint.proceed();
long tempo = System.currentTimeMillis() - momentoInicial;
tempos.add(tempo);
System.out.println("Tempo para executar = " + tempo + "ms");
return resultado;
}
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5.12. A sintaxe AspectJ de declaração de point cuts
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}
Fica claro que é basicamente a mesma implementação do nosso proilador. A
diferença está no fato de incluirmos duas novas anotações. @Aspect, como o próprio
nome diz, identiica um bean como um aspecto. Já a anotação @Around identiica
que o método profilar - que obrigatoriamente deve receber um parâmetro do tipo
ProceedingJoinPoint - é um advice do tipo around.
O mais interessante do uso das anotações é que podemos ter mais de um advice
do mesmo tipo - around - implementado em uma mesma classe: basta incluir mais
anotações @Around em seu corpo. O leitor deve estar curioso a respeito do signiicado
do parâmetro que passei para esta anotação, certo?
5.12 A sintaxe AspectJ de declaração de point cuts
Como mencionado, uma das maiores vantagens do AspectJ é a sua sintaxe para deinição de point cuts. Como visto em nosso último aspecto, a anotação @Around recebe
como parâmetro uma expressão. O assunto desta seção será justamente entender o
que esta signiica.
Caso você já tenha trabalhado com AspectJ, é importante mencionar que, como
o Spring não oferece suporte a 100% deste framework, e também pelo fato de nossa
AOP ser completamente baseada em proxies, não há suporte nativo para todas as
possibilidades que esta linguagem para deinição de point cuts nos oferece, o que não
é em si uma grande desvantagem, visto que o suportado dará conta da esmagadora
maioria das situações encontradas no desenvolvimento de aplicações corporativas.
A sintaxe aplicada é razoavelmente simples e a imagem abaixo nos ajudará a
entendê-la melhor:
116
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Capítulo 5. AOP: adicionando novos comportamentos aos beans
Figura 5.4: Deinindo um point cut
O primeiro elemento sempre é o gatilho responsável por disparar o aspecto. Na
esmagadora maioria das vezes este será do tipo execution que, como o próprio nome
já diz, identiica a execução do método alvo. Por esta razão neste capítulo daremos
muito mais atenção a este tipo.
Tipos de gatilho mais comuns
• execution(): identiica a execução do método alvo.
• within(): deine um join point dentro de um conjunto de tipos.
• this(): o aspecto será aplicado a objetos do tipo do bean declarado.
• annotation(): identiica join points de acordo com as anotações
passadas como parâmetro.
• args: identiica join points que recebam determinada lista de parâmetros.
O gatilho execution recebe como parâmetro a especiicação do método alvo,
que é composta por quatro componentes. O primeiro diz respeito ao tipo de retorno
117
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5.12. A sintaxe AspectJ de declaração de point cuts
Casa do Código
esperado, seguido do caminho completo até a classe, nome do método e, inalmente,
quais os parâmetros que este receberá.
É importante mencionar que podemos usar caracteres coringa na declaração do
nome da classe e método alvo, tal como podemos ver nos exemplos:
/*
O método pode retornar qualquer valor. A classe pode estar
em qualquer pacote, porém deve se chamar 'DAOPessoas'.
O método pode possuir qualquer nome, o que indica que pegaremos
todos os métodos, ignorando os parâmetros que estes possam receber.
*/
execution(* *.DAOPessoas.*(..))
/*
Todas as classes cujo nome comece com 'DAO', levando em consideração
apenas os métodos chamados 'ler' ignorando os parâmetros recebidos e
o tipo de retorno
*/
execution(* *.DAO*.ler(..))
/*
Todos os métodos do tipo void de qualquer classe do pacote casadocodigo
ignorando os parâmetros
*/
execution(void casadocodigo.*(..))
/*
Todos os métodos que recebam como parâmetro um objeto do tipo File
pertencentes ao pacote casadocodigo
*/
execution(* casadocodigo.*(java.io.File))
/*
Execução de qualquer método público de qualquer bean
*/
execution (public * *(..))
118
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Capítulo 5. AOP: adicionando novos comportamentos aos beans
Outro gatilho interessante é o @annotation, que nos permite criar join points
para todas as classes que possuam determinada anotação. O exemplo abaixo leva
em consideração todas as classes que possuam a anotação @Component do Spring.
@annotation(org.springframework.stereotype.Component)
O Spring também estende o conjunto de gatilhos com o tipo bean, que nos permite referenciar um bean por um nome especíico ou usando caracteres coringa
como nos exemplos abaixo:
/* Aponta para ao bean daoPessoas */
bean("daoPessoas")
/* Aponta para qualquer bean cujo nome comece com 'dao' */
bean("dao*")
É interessante mencionar que também podemos aplicar expressões lógicas na
deinição de nossos point cuts.
Escrevendo outros tipos de advices
Tirando proveito das anotações, podemos ver como implementar mais de um
tipo de advice em uma mesma classe, como no código a seguir:
@Aspect
@Component
public class AdviceAroundProfiladorAnotacoes {
private List<Long> tempos = new ArrayList<Long>();
public List<Long> getTempos() {
return tempos;
}
// Nosso advice do tipo around
@Around("execution(* casadocodigo.DAOPessoas.*(..))")
public Object profilar(ProceedingJoinPoint joinPoint)
throws Throwable {
long momentoInicial = System.currentTimeMillis();
Object resultado = joinPoint.proceed();
long tempo = System.currentTimeMillis() - momentoInicial;
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5.12. A sintaxe AspectJ de declaração de point cuts
Casa do Código
tempos.add(tempo);
System.out.println("Tempo para executar = " + tempo + "ms");
return resultado;
}
// Mais de um advice pode ser declarado na mesma classe
// quando usamos anotações
}
Os parâmetros passados aos advices de tipo before ou after throwing são opcionais. Para advices do tipo before, como podemos ver a seguir, é possível passar informações a respeito do join point deinindo um parâmetro de entrada do
tipo org.aspectj.lang.JoinPoint, que nos permite, como pôde ser visto anteriormente, interceptar os parâmetros que serão passados ao método alvo.
@Aspect
@Component
public class AdviceAroundProfiladorAnotacoes {
// acima está o nosso advice do tipo around
// Advice do tipo before
@Before("execution(* casadocodigo.DAOPessoas.persistir(..))")
public void coletarEstatisticas(JoinPoint joinPoint) {
File arquivo = (File) joinPoint.getArgs()[1];
obterEstatisticasArquivo(arquivo)
}
// restante da classe abaixo
}
No caso de um advice do tipo ater throwing, é importante uma nota adicional:
caso seja passado um parâmetro para este que corresponda à exceção disparada, na
anotação @AfterThrowing que vemos a seguir deve ser incluído o atributo adicional
throwing, cujo valor corresponde ao nome do parâmetro declarado no método que
implementa o advice.
@Aspect
@Component
public class AdviceAroundProfiladorAnotacoes {
// os advices que vimos anteriormente estão acima
120
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Casa do Código
Capítulo 5. AOP: adicionando novos comportamentos aos beans
// para facilitar a leitura
// Advice do tipo after throwing
@AfterThrowing(
pointcut="execution(* casadocodigo.DAOPessoas.*(..))",
throwing="ex")
public void informar(IOException ex) {
enviarEmail(ex)
}
// restante da classe ignorado para facilitar leitura
}
5.13
Concluindo com um resumão conceitual
Vimos como funciona o mecanismo de AOP implementado pelo Spring. Começamos com a forma mais primitiva oferecida pelo framework que é o uso direto de sua
API para, logo em seguida, passarmos ao uso dos recursos mais produtivos oferecidos pela ferramenta.
A grande diiculdade na introdução à AOP consiste em evitar o afogamento do
leitor na quantidade signiicativa de conceitos que acompanha este paradigma de desenvolvimento. Sendo assim, um bom resumo dos principais conceitos envolvidos,
podem ser elencados como:
• Interesse transversal: é a funcionalidade que encontramos em nosso sistema, espalhada como código repetitivo e que diicilmente conseguiríamos
isolar de maneira elegante e consistente usando a orientação a objetos;
• Aspecto: é a implementação do interesse transversal. Importante lembrar que
um aspecto não existe isolado, mas sempre na forma de um advice;
• Advice: é a forma que um aspecto é implementado. Corresponde ao momento
em que este será disparado: é na execução do método? É antes, depois ou após
dispararmos uma exceção?
• Point cut: é a expressão que identiica quais métodos deverão ser interceptados;
• Join point: é o método que queremos interceptar.
121
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5.13. Concluindo com um resumão conceitual
Casa do Código
E agora vamos para a parte prática, na qual veremos como aplicar todos os conceitos que vimos nesta primeira seção do livro!
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Parte II
Spring Framework na prática
Até o capítulo anterior, vimos praticamente toda a teoria necessária para o bom
entendimento do Spring Framework. A partir de agora colocaremos mais nossa mão
na massa. Usaremos como base uma aplicação real chamada Spring Forum escrita
especialmente para este livro. Esta é um gerenciador de fórum bem parecido com o
GUJ (http://www.guj.com.br), porém bem mais simpliicado para que não prejudique a didática deste livro.
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Figura 5.5: Página inicial do Spring Forum
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Capítulo 6
Colocando a mão na massa
Nosso modelo de domínio será simples, composto inicialmente por apenas quatro
classes: Usuario, Assunto, Topico e Resposta.
Todo o código fonte é altamente comentado, de tal modo que possa ser usado
como referência pelo leitor. Nos capítulos posteriores, sempre haverão menções a
esta base para que o leitor possa fazer experimentações em seu ambiente de desenvolvimento local.
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6.1. Obtendo o código fonte
Figura 6.1: Modelo de domínio inicial
6.1 Obtendo o código fonte
Usamos o Git (http://www.git-scm.com), que é um sistema de controle de versões distribuído bastante popular atualmente. Como muitos projetos, nosso código fonte encontra-se hospedado no GitHub (http://www.github.com) no endereço
http://www.github.com/loboweissmann/spring-forum. Há portanto duas maneiras
de se obter o código fonte. A primeira delas consiste em baixá-lo no formato zip
como pode ser visto na imagem abaixo:
126
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Casa do Código
Capítulo 6. Colocando a mão na massa
Figura 6.2: O link para baixar nosso código fonte no GitHub
A segunda opção a ser adotada por aqueles que possuem o git instalado em seus
computadores podem clonar o repositório executando o comando abaixo:
git clone https://github.com/loboweissmann/spring-forum.git [diretório
aonde será clonado o repositório]
Caso não seja fornecido o nome do diretório aonde será clonado o repositório,
será gerado um com o nome padrão: spring-forum.
Como instalo o Git?
A instalação do Git pode ser diferente de acordo com o sistema operacional que você utilizará. Recomendo que você assista os screencasts gravados pelo pessoal da Caelum, disponíveis em: http://blog.caelum.com.
br/passo-a-passo-para-comecar-com-git-e-novo-curso-online/
6.2
Configure seu ambiente de desenvolvimento
O projeto é baseado em Maven (http://maven.apache.org), sendo assim o leitor não
precisa se preocupar em baixar manualmente todas as dependências usadas. Além
de não precisarmos nos preocupar com este trabalho, também ganhamos a possibilidade de usarmos a IDE de nossa preferência, sem complicação nenhuma.
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6.3. O que vêm por ai
Casa do Código
Versão do Java
Todo o código fonte desenvolvido funciona perfeitamente no Java 1.5 ou posterior.
Instalando o Maven
Caso não possua o Maven instalado em seu computador, o procedimento de
instalação do mesmo é bastante simples e encontra-se sumarizado no passo a passo
abaixo:
1) Baixe a última versão do Maven em http://maven.apache.org ;
2) O Maven é distribuído em arquivos compactados no formato .zip ou .tar.gz.
Descompacte-o em um diretório de sua preferência;
3) Certiique-se de que exista uma variável de ambiente chamada JAVA_HOME em
seu computador que aponte para a sua instalação do JDK;
4) Adicione o diretório bin, presente na sua instalação do MAVEN ao path do seu
sistema.
Qual IDE usar
Atualmente praticamente todas as IDEs Java oferecem suporte ao Maven. Sendo
assim, para executar suas experimentações em nosso código fonte basta que você
abra o seu projeto Maven caso esteja usando Netbeans ou então importá-lo para o
seu workspace se estiver trabalhando com o Eclipse.
Dado o fato de existir o SpringSource Tool Suite que é uma distribuição do Eclipse
desenvolvida pela SpringSource, especiicamente para o Spring Framework e seus
subprojetos (incluindo Grails!), leva em consideração os recursos nesta presente para
lidar com arquivos de coniguração, anotações, beans e refatorações, portanto acredito que seja atualmente a melhor opção para aqueles que estão dando os primeiros
passos no framework.
6.3
O que vêm por ai
No capítulo 7 mostraremos o Spring MVC, que como o próprio nome já diz, é o
framework web MVC que acompanha o Spring. Veremos como funciona a orques128
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Casa do Código
Capítulo 6. Colocando a mão na massa
tração de requisições e respostas e como integrá-lo com o motor de templates Apache
Tiles 2.
Conhecendo bem o funcionamento do Spring MVC, podemos começar a nos
aprofundar na camada de negócios do nosso projeto, conhecendo os recursos que
o Spring nos oferece no capítulo 8, como por exemplo o suporte a Hibernate e JPA,
coniguração de fontes de dados e tudo o que precisamos para ter nosso ORM favorito funcionando por trás dos panos.
Sabendo como persistir nossas informações, iremos no capítulo 9 conhecer um
recurso do Spring que atrai diversos desenvolvedores: o suporte a transações do
Spring, assim daremos o controle transacional para nossa aplicação.
No capítulo 10 voltaremos ao Spring MVC explicando o projeto Spring Security,
um framework de segurança desenvolvido pela SpringSource bastante lexível e fácil
de usar.
Como hoje em dia é raro termos aplicações isoladas, aprenderemos também
como integrar nosso projeto com outros sistemas no capítulo 11, aonde veremos o
suporte que o Spring oferece a RMI, SOAP, APIs REST e muito mais.
Muitas atividades são executadas assincronamente em nossos projetos, como por
exemplo tarefas administrativas: iremos aprimorar a performance do nosso fórum,
agendando o seu indexador no capítulo 12.
No capítulo 13 iremos melhorar o modo como nos comunicamos com nossos
usuários expondo o suporte que o Spring oferece ao envio de e-mails além da sua
integração com o Twitter.
E a partir do capítulo 14 veremos alguns tópicos mais avançados do framework
que não serão abordados em nossa aplicação de exemplo.
Preparado? Então, é mão na massa a partir de agora!
129
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Capítulo 7
Desenvolva aplicações web com
Spring MVC
O objetivo inicial da primeira versão do Spring era fornecer “apenas” o container
de IoC/DI e uma implementação da AOP para a plataforma Java, mas conforme o
framework ia tomando forma a equipe de desenvolvimento percebeu que, estando
com a faca e o queijo na mão, poderiam sem muito esforço criar uma alternativa ao
framework web mais popular da época e que muito os incomodava: Struts. E assim,
meio que por acidente foi incluído no projeto um componente que com o tempo se
mostrou vital para a popularização do framework: o Spring MVC.
Como veremos neste capítulo, o Spring MVC é mais que um framework web:
é também a aplicação de todas as boas práticas de projeto que vimos nos capítulos
anteriores deste livro, o que o torna uma alternativa bastante viável na criação de
novas aplicações web para a plataforma Java EE.
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7.1. A base para tudo: MVC
7.1 A base para tudo: MVC
Atualmente o padrão de projeto mais popular adotado pelos frameworks de desenvolvimento de aplicações web, trata-se de uma estratégia que nos permite isolar completamente - ao menos em teoria - as camadas de negócio (Modelo) e Visualização
através da inclusão de uma intermediária: o Controlador. A compreensão deste padrão se tornará mais clara conforme descrevemos estas camadas.
O modelo diz respeito à toda a parte do sistema responsável pela lógica de negócio e seus componentes auxiliares, como persistência, cacheamento, integração com
outros sistemas etc.
A visualização, como o próprio nome já nos diz, é a parte visível ao usuário
inal. Quando nos deparamos com uma janela ou página HTML, estamos lidando
diretamente com o resultado desta camada.
Finalmente, temos a camada menos óbvia que é o controlador, que orquestra
a interação entre as duas camadas acima citadas. Quando o usuário clica em um
link, o controlador é acionado. Este transforma os parâmetros de entrada para um
formato que seja compatível com a interface disponibilizada pela camada de negócio,
cujo resultado do processamento é recebido pelo controlador, que o modiica caso
necessário e em seguida o envia à camada de visualização para que seja contemplado
pelo usuário inal.
Figura 7.1: O padrão MVC
No inal das contas, o que observamos no padrão MVC é mais uma solução ao
problema do alto acoplamento. Como a camada de visualização não possui acesso
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Capítulo 7. Desenvolva aplicações web com Spring MVC
direto à camada de negócio e vice-versa, a substituição de uma ou outra se torna mais
fácil. Além disto, vemos também ganhos imensos na manutenibilidade de nosso
modelo. Dado que este não sabe da existência de uma camada de visualização, o
desenvolvedor precisa lidar com menos dependências e, consequentemente acabará
produzindo código de maior qualidade, mais facilmente testável e como objetivamos
desde o primeiro capítulo, com acoplamento signiicativamente mais baixo.
7.2
Dispatcher Servlet: o maestro por trás do
Spring MVC
O componente responsável por orquestrar o funcionamento do Spring MVC é o
Dispatcher Servlet. Este é na realidade a implementação do padrão Front Controller, muito usado na escrita de frameworks voltados para a criação de aplicações
web. O objetivo deste padrão de projeto é fornecer um ponto de entrada central
para todas as requisições direcionadas à nossa aplicação. É seu trabalho interpretar
estes requisitos e decidir qual o componente responsável por seu processamento e
eventual retorno para o usuário.
A igura a seguir, inspirada na documentação oicial do projeto, nos ajuda a ter
uma visão global do modo como este padrão se encaixa dentro do contexto do Spring
MVC.
Figura 7.2: O padrão Front Controller no contexto do Spring MVC
Apesar de raríssimas vezes precisarmos interagir diretamente com este componente - que não foi projetado para isto - conhecê-lo é fundamental para trabalharmos
com o framework pois interage diretamente com os principais componentes por trás
do funcionamento do Spring MVC.
Toda chamada ao servidor inicia-se sob a forma de uma requisição e termina
como uma resposta enviada ao cliente. Durante esse caminho ocorrem cinco eventos
133
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7.2. Dispatcher Servlet: o maestro por trás do Spring MVC
Casa do Código
esquematizados na igura a seguir, que expõem os componentes fundamentais por
trás do Spring MVC. Em um primeiro momento o leitor pode se sentir assustado
com este número, no entanto é importante mencionar que dos quatro elementos que
serão descritos só precisaremos lidar com dois destes após inalizada a coniguração
da aplicação.
Figura 7.3: O ciclo de vida de uma requisição
Como mencionado, tudo começa no momento em que uma requisição chega
ao Dispatcher Servlet. Esta terá sua assinatura analisada e enviada ao Mapeador
de requisições (Handler Mapping), que é o componente responsável por descobrir
qual controlador deve ser acionado.
Uma vez obtido o controlador alvo, este é executado e um nome lógico do template de visualização a ser renderizado como resposta ao usuário (view) é retornado
ao Dispatcher Servlet e o conjunto de variáveis (model) que serão expostas nesta
renderização.
Com o nome lógico da visualização e o modelo obtidos, entra em cena o
Gerenciador de visualização (View Resolver), que possui a função de, com base
no nome da view, retornar ao Servlet Dispatcher qual elemento de visualização mais comumente uma página JSP - deverá ser renderizada de volta ao usuário que
fez a requisição.
134
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Casa do Código
Capítulo 7. Desenvolva aplicações web com Spring MVC
7.3 A preparação do projeto
Após toda esta teoria vamos à prática. Nosso primeiro passo será criar um projeto
web no padrão Java EE (5 ou posterior). Uma das maneiras mais padronizadas e
produtivas atualmente é usando o Maven, que criará a estrutura de diretórios básica e toda a estrutura que usaremos na declaração de nossas dependências. Além
disto, projetos baseados em Maven também possuem a grande vantagem de serem
agnósticos em relação à IDE, o que permitirá ao leitor trabalhar com a sua opção
favorita.
Crie o projeto com Maven
Não é um exagero dizer que todas as IDEs atualmente oferecem suporte à criação
de projetos web com Maven, mas o modo como cada uma implementa esta funcionalidade vai além do objetivo deste livro, razão pela qual será exposto apenas como
criar um novo projeto a partir de um arquétipo padrão pela linha de comando. No
caso, o comando usado para criar o projeto Spring Fórum com Maven é o seguinte:
mvn archetype:generate -DgroupId=br.com.itexto -DartifactId=spring-Forum
-Dversion=1.0.0-SNAPSHOT -DarchetypeArtifactId=maven-archetype-webapp
Durante a execução do Maven, será perguntado qual o nome do pacote padrão
usado pelo projeto. No nosso caso escolhemos br.com.itexto.springForum. E
com isto criamos um projeto identiicado pelo grupo br.com.itexto e identiicador spring-Forum com a versão 1.0.0-SNAPSHOT.
Incluindo as dependências fundamentais
Com o projeto criado, nosso próximo passo será incluir as dependências fundamentais: neste primeiro momento só precisamos nos preocupar com uma que é o
pacote spring-webmvc que deverá ser declarada na tag <dependencies> do arquivo
pom.xml, como a seguir:
<dependency>
<groupId>org.springframework</groupId>
<artifactId>spring-webmvc</artifactId>
<version>3.1.2.RELEASE</version>
</dependency>
Observe que não precisamos declarar outros componentes do Spring como por
exemplo spring-core, spring-context e outros, pois todos são dependências tran135
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7.3. A preparação do projeto
Casa do Código
sitivas do spring-webmvc. Para facilitar o uso da IDE, outra dependência importante
a ser incluída é o JSTL 1.2, cuja dependência é exposta a seguir:
<dependency>
<groupId>jstl</groupId>
<artifactId>jstl</artifactId>
<version>1.2</version>
<scope>provided</scope>
</dependency>
Com esta dependência o recurso de preenchimento automático de código pela
IDE se tornará mais fácil quando estivermos trabalhando com tags JSTL em nossos
arquivos JSP.
Como template, o leitor pode usar o arquivo pom.xml presente na raiz do projeto
Spring Fórum.
A coniguração do Dispatcher Servlet
Se o núcleo do Spring MVC é o Dispatcher Servlet nada mais natural que nosso
próximo passo seja sua coniguração. Precisamos declará-lo no arquivo web.xml,
presente no diretório src/main/webapp/WEB-INF do nosso projeto. O primeiro trecho de código que precisamos declarar é o do Servlet em si:
<servlet>
<servlet-name>DispatcherServlet</servlet-name>
<servlet-class>
org.springframework.web.servlet.DispatcherServlet
</servlet-class>
<load-on-startup>1</load-on-startup>
</servlet>
A tag <servlet> é usada para declarar um servlet disponibilizado por nossa
aplicação. Atenção especial deve ser dada ao nome que usaremos para identiicar
o servlet (<servlet-name>). Uma vez iniciado, o Servlet irá carregar um container do Spring conigurado via XML por um arquivo chamado WEB-INF/[nome do
servlet]-servlet.xml. Sendo assim, de acordo com o código anterior o Servlet
buscará pelo arquivo DispatcherServlet-servlet.xml.
É possível customizar o nome do arquivo de coniguração, para isto basta adicionar o parâmetro de inicialização contextConfigLocation à declaração do Servlet:
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Capítulo 7. Desenvolva aplicações web com Spring MVC
<servlet>
<servlet-name>DispatcherServlet</servlet-name>
<servlet-class>
org.springframework.web.servlet.DispatcherServlet
</servlet-class>
<init-param>
<param-name>contextConfigLocation</param-name>
<param-value>/WEB-INF/spring/spring-servlet.xml</param-value>
</init-param>
<load-on-startup>1</load-on-startup>
</servlet>
Declarado o Servlet, o próximo passo será o mapeamento das URLs a este direcionadas. Para tal usamos a tag <servlet-mapping>:
<servlet-mapping>
<servlet-name>DispatcherServlet</servlet-name>
<url-pattern>/</url-pattern>
</servlet-mapping>
Atenção especial deve ser dada à tag <url-pattern>. No caso do Spring Fórum,
optamos pelo mapeamento /. Assim instruímos o Servlet Container a tratar nosso
Servlet Dispatcher como o padrão a ser invocado para todas as requisições recebidas
pela aplicação. Este não é o único mapeamento possível: na realidade qual opção a
ser adotada irá variar de acordo com a situação e o gosto do desenvolvedor.
Podemos ter algumas outras opções interessantes de mapeamento que poderiam
ser adotadas sem qualquer problema:
• /**: indica que qualquer requisição independente da URL será direcionada
ao nosso servlet.
• *.jsp:
toda URL terminada com
www.springFórum.com.br/entrada.jsp
.jsp.
• /spring/**:
toda URL iniciada com spring.
//www.springFórum.com.br/spring/entrada
Exemplo:
Exemplo:
http://
http:
137
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7.3. A preparação do projeto
Casa do Código
Evite chateações com JSP
A tecnologia de visualização mais adotada por programadores Spring é o JSP. É
importante lembrar que nem sempre a Expression Language (EL) vêm habilitada por
padrão, tal como ocorre nas versões anteriores à especiicação Servlet 2.5, o que pode
levar um desenvolvedor distraído ou pouco experiente a gastar horas do seu tempo
tentando entender a razão pela qual estas simplesmente não funcionam.
Uma solução bastante ingênua seria incluir a diretiva de página isELIgnored no
início de todo arquivo JSP do nosso projeto:
<%@ page isELIgnored="false" %>
<html>
...
</html>
Esta não é uma solução interessante, pois prejudica a produtividade do desenvolvedor, além de poder ser facilmente esquecida. Uma alternativa mais viável é ativar
a Expression Language por padrão no arquivo web.xml:
<web-app
xmlns:xsi="http://www.w3.org/2001/XMLSchema-instance"
xmlns="http://java.sun.com/xml/ns/javaee"
xmlns:web="http://java.sun.com/xml/ns/javaee/web-app_2_5.xsd"
xsi:schemaLocation="http://java.sun.com/xml/ns/javaee
http://java.sun.com/xml/ns/javaee/web-app_2_5.xsd"
id="SpringForum"
version="2.5">
<display-name>Spring Fórum</display-name>
<jsp-config>
<jsp-property-group>
<url-pattern>/**</url-pattern>
<el-ignored>false</el-ignored>
</jsp-property-group>
</jsp-config>
<!-- Declaração dos servlets abaixo --!>
</web-app>
A tag <jsp-config> deve ser deinida antes da declaração dos Servlets. Atenção
especial deve ser dada à versão do web.xml declarada: 2.5 no mínimo. Outro ponto
138
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Capítulo 7. Desenvolva aplicações web com Spring MVC
de atenção é a tag <url-pattern>: esta deine a qual grupo de arquivos JSP estamos nos referindo com este bloco de conigurações. Neste caso, todos os arquivos
receberão este tratamento.
Prepare o container do Spring
Com toda a estrutura fundamental pronta, nosso último passo na preparação do
ambiente será a coniguração do container IoC. No caso do Spring Fórum, o principal arquivo de coniguração é o arquivo spring-servlet.xml, presente no diretório
src/main/webapp/WEB-INF/spring.
Entra em cena um novo namespace, chamado mvc, que será usado para alimentarmos o Dispatcher Servlet com conigurações adicionais. É neste ponto da aplicação
que são incluídas as deinições de componentes como o Handler mapping e o View
resolver por exemplo. A seguir podemos ver a declaração deste namespace:
<beans xmlns="http://www.springframework.org/schema/beans"
xmlns:xsi="http://www.w3.org/2001/XMLSchema-instance"
xmlns:context="http://www.springframework.org/schema/context"
xmlns:mvc="http://www.springframework.org/schema/mvc"
xsi:schemaLocation="http://www.springframework.org/schema/beans
http://www.springframework.org/schema/beans/spring-beans.xsd
http://www.springframework.org/schema/context
http://www.springframework.org/schema/context/spring-context-3.1.xsd
http://www.springframework.org/schema/mvc
http://www.springframework.org/schema/mvc/spring-mvc-3.1.xsd">
<!-- Conteúdo ignorado para facilitar leitura -->
</beans>
Apenas a criação do arquivo de coniguração não é suiciente para que o Spring
MVC seja ativado: é necessário incluirmos algumas instruções básicas neste:
<beans ...>
<mvc:annotation-driven />
<context:annotation-config />
<context:component-scan
base-package="br.com.itexto.springForum.controladores"/>
</beans>
A única novidade é a tag <mvc:annotation-driven/>, que instrui o Servlet Dispatcher a buscar seus controladores a partir de anotações: a forma mais popular (e
139
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7.4. Como trabalhar com conteúdo estático
Casa do Código
produtiva) de se trabalhar com o Spring MVC. Sozinha, no entanto, esta não possui
muita serventia, é necessário instruir o container de que este buscará a deinição de
nossos beans a partir de anotações - o controlador é um bean diferenciado pelo estereótipo @Controller - e quais os pacotes que devem ser varridos para tal: voltam
as tags <context:annotation-config/> e <context:component-scan> que vimos
no capítulo 4.
7.4
Como trabalhar com conteúdo estático
Toda aplicação web precisa enviar a seus clientes conteúdo estático sob a forma de
imagens, JavaScript, CSS etc. No caso do Spring Fórum, vamos optar por salvar todos
estes recursos no diretório webapp/recursos. Em um primeiro momento poderíamos
pensar em conigurar um Servlet apenas para enviar estes recursos, talvez até mesmo
implementando algum mecanismo de cacheamento HTTP. Isto é desnecessário, pois
desde a versão 3.0.4 do Spring uma nova funcionalidade foi incluída no framework
justamente para resolver essa situação. Trata-se da tag <mvc:resources />.
Usar esta tag é bastante simples:
<beans>
<mvc:resources mapping="/recursos/**"
location="/recursos/"
cache-period="120"/>
</beans>
O parâmetro mapping identiica o padrão de URL usado quando desejamos obter
um recurso estático. Em nosso caso optamos por um mapeamento no qual toda URL
possua o preixo recursos. Sendo assim, quando o browser acessa um endereço
como por exemplo http://localhost:8080/spring-forum/recursos/css/main.css, será
enviado para ele o arquivo main.css, presente no diretório webapp/recursos/css.
Os dois asteriscos incluídos no inal do valor indica qualquer subcaminho após o
preixo.
Para deinir qual o local de armazenamento dos recursos estáticos usa-se o atributo location. Por padrão, este apontará sempre para algum diretório presente na
raiz da aplicação. É interessante observar que também é possível deinir como caminho alguma localização no classpath ou mesmo um diretório presente no sistema de
arquivos:
<!-- A partir de um diretório -->
<mvc:resources mapping="/recursos/**"
140
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Capítulo 7. Desenvolva aplicações web com Spring MVC
location="file:/arquivos"/>
<!-- A partir do classpath -->
<mvc:resources mapping="/recursos/**"
location:"classpath:springForum.imagens"/>
Finalmente, temos o único parâmetro opcional desta tag - e nem por isto menos
importante - que é o cache-period. Este recebe como valor o tempo em segundos de
cacheamento do recurso estático enviado. Será incluído na resposta HTTP enviada
ao browser um cabeçalho do tipo Expires cujo valor será a hora corrente acrescida
do número de segundos que deinimos no atributo.
Cache HTTP com o cabeçalho Expires
Um dos requisitos não funcionais mais importantes de qualquer aplicação é performance. No caso de aplicações web, um gargalo bastante
conhecido é a transmissão de conteúdo estático. Os navegadores tentam minimizar este problema cacheando o resultado das solicitações,
evitando assim a ocorrência de solicitações repetidas a um mesmo recurso. É uma estratégia interessante e que pode icar ainda melhor se
fornecermos uma dica ao browser sobre quando aquele recurso estará
desatualizado.
O protocolo HTTP nos permite fazer isto com o cabeçalho Expires. No
caso, este fornece uma data de expiração para o recurso baixado, possibilitando ao navegador só repetir a consulta caso esta já se encontre no
passado. A título de curiosidade, este cabeçalho segue a seguinte sintaxe:
"Expires" ":" HTTP-date
Um valor válido para a expiração deste livro seria, por exemplo:
Expires: Thu, 01 Dec 2024 16:00:00 GMT
Com isso, o navegador pediria essa informação novamente para o servidor apenas em 1 de Dezembro de 2024. Antes disso, usaria o que já estava
cacheado e foi buscado na primeira requisição.
141
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7.5. Nosso primeiro controlador
Casa do Código
O uso desta tag também facilita muito a escrita de nossos arquivos JSP. A seguir
podemos ver um pequeno trecho de um arquivo JSP, no qual declaramos o acesso a
alguns arquivos CSS do nosso projeto.
<head>
<link rel="stylesheet"
href="recursos/stylesheets/foundation.min.css"/>
<link rel="stylesheet" href="recursos/stylesheets/main.css"/>
</head>
7.5
Nosso primeiro controlador
Para este capítulo inicialmente iremos nos preocupar com apenas cinco beans, ilustrados com suas respectivas dependências na imagem a seguir:
Figura 7.4: Os beans que tomarão nossa atenção
Três destes beans são controladores: HomeController, responsável pela página inicial e o formulário de cadastro do sistema, AutenticacaoController
que usaremos temporariamente como nosso mecanismo de autenticação e
UsuarioController, para listar o cadastro de usuários do sistema. Estes usam como
dependências dois DAOs: DAOUsuario e DAOAssunto, usados respectivamente para
obter e persistir instâncias de objetos do tipo Usuario e Assunto.
O primeiro controlador que veremos é também o mais simples: trata-se de
HomeController, cujo código fonte responsável por processar a visualização da página inicial do site é listado a seguir:
142
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Capítulo 7. Desenvolva aplicações web com Spring MVC
import org.springframework.stereotype.Controller;
import org.springframework.web.bind.annotation.RequestMapping;
@Controller
public class HomeController {
@Autowired
private DAOUsuario daoUsuario;
@Autowired
private DAOAssunto daoAssunto;
@RequestMapping("/")
public String index(Map<String, Object> model) {
model.put("assuntos", getDaoAssunto().list());
model.put("usuarios", getDaoUsuario().list());
return "index";
}
// getters e setters
}
As linhas acima nos dizem bastante a respeito do modo como controladores são
escritos para o Spring MVC. Nosso primeiro ponto de atenção diz respeito a anotação @Controller, que na realidade é uma especialização de @Component que vimos
no capítulo 4.
Temos aqui um bean como outro qualquer, gerenciado pelo container - observe que possui algumas dependências - que será encontrado pela instrução
<component-scan> incluída no arquivo spring-servlet.xml descrito no início do
capítulo.
A anotação @RequestMapping, uma vez aplicada a uma função de nosso controlador o transforma em uma action, isto é, em um método responsável pelo processamento da URL mapeada. Observe que nossa action recebe como parâmetro um
mapa. Este possui um nome especial dentro do Spring MVC: se chama modelo (model), e representa o conjunto de dados que são transportados do controlador para a
camada de visualização.
Como pode ser observado, incluímos dois atributos no mapa: assuntos e usuarios, representando respectivamente a listagem de assuntos e últimos usuários cadastrados no sistema, tal como pode ser visto em destaque na imagem a seguir:
143
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7.6. A deinição da camada de visualização
Casa do Código
Figura 7.5: Aonde será exposto o conteúdo dos atributos ::assuntos:: e ::usuarios::
incluídos no modelo
O último ponto a ser observado é o valor de retorno do nosso método: a String
index aponta para o nome lógico do template de visualização que será renderizado
como resposta ao usuário que originou a requisição. Entenderemos com detalhes o
mecanismo de renderização no transcorrer do capítulo.
7.6 A definição da camada de visualização
Assim que uma requisição é tratada e processada, uma resposta deve ser devolvida
para o usuário. O responsável por essa tarefa é a camada de Visualização, onde temos
diversas ferramentas que podem no auxiliar, que são gerenciadas pelo View Resolver.
Alguns dos Resolvers mais populares são:
• InternalResourceViewResolver: encontra o arquivo de visualização (normalmente JSP) no classpath da aplicação e o renderiza como resposta;
• FreeMarkerViewResolver: visualização baseada no projeto FreeMarker (http:
//freemarker.sourceforge.net), que é um motor de templates que se mostrou
bastante popular no passado;
• JasperReportsViewResolver: visualização baseada no gerador de relatórios
Jasper Reports (http://jasperforge.org);
• TilesViewResolver: uma das opções mais populares adotada em projetos
Spring MVC. Permite a criação de interfaces mais elaboradas através de tem144
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Capítulo 7. Desenvolva aplicações web com Spring MVC
plates. Veremos mais a respeito do seu uso neste capítulo;
• VelocityLayoutViewResolver: usa o Apache Velocity (http://velocity.
apache.org) como tecnologia de visualização;
• XsltViewResolver: uma opção bastante interessante para projetos que usem
transformações XSLT na sua camada de visualização.
Estas são apenas algumas das opções que acompanham o Spring MVC e
há muitas outras escritas por desenvolvedores independentes disponibilizadas
para a comunidade. Caso seja de interesse do leitor, para implementar o seu
próprio View Resolver basta escrever uma classe que implemente a interface
org.springframework.web.servlet.ViewResolver.
Vamos tratar das opções mais populares entre os programadores.
InternalResourceViewResolver
A opção mais simples é o InternalResourceViewResolver e seu uso é bastante similar ao de outras implementações como FreeMarkerViewResolver e o
VelocityLayoutViewResolver. Sua estratégia consiste em localizar o template de
visualização a partir de um preixo e suixo deinidos pelo desenvolvedor.
Para melhor entender seu funcionamento leve em consideração a opção de coniguração abaixo:
<!-Não é preciso definir um nome para este bean, pois
o Spring MVC busca beans do tipo ViewResolver pelo tipo
-->
<bean class=
"org.springframework.web.servlet.view.InternalResourceViewResolver">
<property name="viewClass"
value="org.springframework.web.servlet.view.JstlView"/>
<property name="prefix" value="/views"/>
<property name="suffix" value=".jsp"/>
</bean>
As propriedades que realmente nos interessam são preix e suix, que são usadas para deinir a convenção adotada pela aplicação na localização dos templates de
visualização. Levando em consideração o valor de retorno do nosso primeiro Controller, index, de acordo com a estratégia deinida na coniguração do nosso View
145
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7.6. A deinição da camada de visualização
Casa do Código
Resolver o template a ser renderizado seria /views/index.jsp. Se o nome lógico
do componente de visualização fosse usuario/show, a view obtida seria o arquivo
/views/usuario/show.jsp.
A última propriedade deinida no bean acima se chama ::viewClass:,
que usamos para deinir qual o tipo de renderização adotada. No caso,
org.springframework.web.servlet.view.JstlView, que tira proveito do
JSTL padrão da plataforma Java EE, o que faz bastante sentido visto estarmos
trabalhando com arquivos JSP.
Tiles 2 para interfaces mais elaboradas
Um dos requisitos do Spring Fórum é sua uniformidade visual. Todas as páginas do sistema devem possuir alguns elementos, como por exemplo formulário de
autenticação, logotipo e rodapé. Ainda mais importante que isto, estes elementos
devem ser implementados de tal modo que nossa produtividade seja garantida, ou
seja, devem ser reaproveitáveis para que evitemos assim os riscos do copiar e colar.
Na imagem a seguir podemos ver um exemplo de como estes blocos se repetem nas
páginas do site:
Figura 7.6: Uniformidade visual do Spring Fórum
Toda página do Spring Fórum possui a mesma estrutura organizada em três grandes blocos: cabeçalho, aonde se encontra o formulário de login e o logotipo do site,
conteúdo aonde é exposto o tema de cada página visitada e, inalmente, rodapé, para
informações não menos importantes, como créditos, links para contato etc. Na igura a seguir podemos ver a estrutura seguida pelas páginas:
146
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Capítulo 7. Desenvolva aplicações web com Spring MVC
Figura 7.7: Esquema visual de nossas páginas
Para obter este resultado, implementamos as seções reaproveitáveis como trechos
JSP, muitas vezes chamados de templates (ou view helpers) que serão inseridos no
corpo principal da página conforme a ordem exposta na imagem acima. Usando
JSP convencional obtemos este resultado com JSTL adotando uma estratégia similar
à exposta a seguir:
<!DOCTYPE html>
<%@taglib prefix="c" uri="http://java.sun.com/jsp/jstl/core" %>
<html>
<!-- Incluo o cabeçalho -->
<c:import url="templates/cabecalho.jsp"/>
<body>
<!-- O conteúdo entraria aqui -->
<c:import url="templates/rodape.jsp"/>
</body>
</html>
Os arquivos cabecalho.jsp e rodape.jsp são os componentes a serem inseridos
em nossa página. O problema é que precisaríamos repetir o esquema exposto no
exemplo acima em cada página JSP do sistema que seguisse este layout, o que além
147
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7.6. A deinição da camada de visualização
Casa do Código
de não ser uma técnica produtiva, ainda vêm com o risco do esquecimento. Pior: se
no futuro for necessário modiicar o layout básico da aplicação, teríamos de alterar
todos os arquivos aonde aplicamos a formatação original.
Entra em cena o Apache Tiles (http://tiles.apache.org), que é um motor de templates baseado em composição (composite view) [3]. Inicialmente desenvolvido
como um componente do Jakarta Struts (http://struts.apache.org) por Cédric Dumoulin, com o tempo se tornou tão popular que acabou se transformando em um
projeto independente adotado por diversos frameworks dentre os quais se encontra
o Spring MVC.
Ao pensar em um “motor de templates baseado em composição”, lembre-se daqueles jogos de encaixe infantis. Assim como seu análogo físico, ele é composto por
uma moldura e as peças que nesta encaixamos. No jargão do Tiles, a moldura se
chama deinição (::deinition:), e as peças serão os atributos ou templates.
Figura 7.8: O Tiles é um jogo de encaixe, só que pra web
Coniguramos o Tiles através de um arquivo XML aonde serão incluídas as deinições e seus respectivos componentes.
Podemos ver um
exemplo desta coniguração no código a seguir, que ica no arquivo
/src/main/webapp/tiles/tiles-config.xml do Spring Fórum.
<!DOCTYPE tiles-definitions PUBLIC
"-//Apache Software Foundation//DTD Tiles Configuration 2.0//EN"
"http://tiles.apache.org/dtds/tiles-config_2_0.dtd">
<tiles-definitions>
<!-- Definição básica -->
<definition name="main" template="/views/templates/main.jsp">
148
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Capítulo 7. Desenvolva aplicações web com Spring MVC
<put-attribute name="titulo" value="Spring Fórum"/>
<put-attribute name="cabecalho"
value="/views/templates/cabecalho.jsp"/>
<put-attribute name="rodape"
value="/views/templates/rodape.jsp"/>
</definition>
<definition name="index" extends="main" >
<put-attribute name="conteudo" value="/views/index.jsp"/>
</definition>
<definition name="signup" extends="main">
<put-attribute name="conteudo" value="/views/signup.jsp"/>
<put-attribute name="titulo" value="Bem vindo(a)!"/>
</definition>
<!-- restante omitido -->
</tiles-definitions>
A tag <tiles-definition> deine o template e possui um único parâmetro obrigatório: name, que o identiica. A “moldura” usada para agrupar os componentes do
template é deinida no parâmetro template, cujo valor deve apontar para o arquivo
JSP relacionado.
Como pode ser visto na coniguração, os componentes não necessariamente
apontam para arquivos JSP. Também podem apontar para String, como por exemplo o atributo titulo, usado para deinir o título da página.
Nossa primeira deinição, main, é a base para todas as outras do sistema. Tiles
nos permite usar a herança que estamos acostumados a aplicar em nossas classes.
Para tal, usamos o atributo extends da tag <definition> tendo como valor o nome
da deinição pai. A partir de então basta o programador deinir quais atributos deseja sobrescrever em cada descendente (o que é opcional) ou mesmo adicionar novos
caso ache necessário. O interessante do Tiles é que, conforme pode ser observado
em nosso exemplo, a partir do momento em que escrevemos o template pai o desenvolvedor só precisará escrever o trecho JSP referente ao conteúdo de cada página.
Nosso template inicial lembra bastante o que escrevemos com JSTL anteriormente, a diferença está no uso da biblioteca de tags oferecida pelo Tiles:
<%@taglib prefix="tiles" uri="http://tiles.apache.org/tags-tiles" %>
<%@taglib prefix="c" uri="http://java.sun.com/jsp/jstl/core" %>
149
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7.6. A deinição da camada de visualização
Casa do Código
<html>
<head>
<link rel="stylesheet"
href="<c:url value="/recursos/stylesheets/estilo.css"/>" />
<!-- Inclusão do título pelo Tiles -->
<title>
<tiles:getAsString name="titulo" />
</title>
</head>
<body>
<!-- Inclusão do cabeçalho -->
<tiles:insertAttribute name="cabecalho"/>
<!-- Inclusão do conteúdo -->
<tiles:insertAttribute name="conteudo"/>
<!-- Inclusão do rodapé -->
<tiles:insertAttribute name="rodape"/>
</body>
</html>
As tags do Tiles são muito simples. Se quisermos incluir atributos que não sejam
arquivos, basta incluir uma tag como por exemplo <tiles:getAsString/> e para
incluir conteúdo dinâmico, use <tiles:insertAttribute/>. E isto termina nosso
curso básico de Tiles, nosso próximo passo agora será conigurá-lo em nossa aplicação e entender como seu View Resolver funciona.
Incluindo o suporte a Tiles em nosso projeto
Precisamos adicionar como dependência em nosso projeto o Apache Tiles. Até
a versão corrente deste livro, o Spring ainda não oferece suporte nativo para a versão
3 do framework. Sendo assim, teremos de nos contentar por enquanto com a último release da família 2.0. Podemos modiicar o pom.xml para adicionar essa nova
dependência:
<dependency>
<groupId>org.apache.tiles</groupId>
<artifactId>tiles-core</artifactId>
<version>2.2.2</version>
</dependency>
<dependency>
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Capítulo 7. Desenvolva aplicações web com Spring MVC
<groupId>org.apache.tiles</groupId>
<artifactId>tiles-jsp</artifactId>
<version>2.2.2</version>
</dependency>
Estas dependências correspondem ao core do Tiles e seu suporte a JSP. Claro,
isto não é o suiciente, precisamos também incluir o View Resolver especíico para o
Tiles em nosso arquivo de coniguração, tal como exposto a seguir:
<bean id="tilesViewResolver"
class="org.springframework.web.servlet.view.UrlBasedViewResolver">
<property name="viewClass"
value="org.springframework.web.servlet.view.tiles2.TilesView"/>
</bean>
Como pode ser visto, estamos usando um view resolver do tipo
UrlBasedViewResolver. O atributo viewClass deine qual a classe responsável por renderizar nossas respostas de volta ao usuário inal. Esta coniguração
não está completa: precisamos adicionar mais um bean em nosso sistema que
instrua o Tiles a respeito de quais arquivos de coniguração deverão ser levados em
consideração durante sua execução. Entra em cena mais um bean: TilesConigurer,
cuja declaração é exposta a seguir:
<bean class=
"org.springframework.web.servlet.view.tiles2.TilesConfigurer">
<property name="definitions">
<list>
<value>/tiles/tiles-config.xml</value>
</list>
</property>
</bean>
Observe que não é necessário deinir o nome do bean: nosso View Resolver conigurado via Tiles sempre buscará outro bean do tipo TilesConfigurer para que
funcione corretamente. Há um único atributo que precisamos deinir neste bean:
definitions, que recebe como valor uma lista de strings representando o caminho
em nosso projeto aonde as conigurações deverão ser encontradas.
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7.7. Trabalhe com redirecionamentos e sessão do usuário
Casa do Código
Como o View Resolver do Tiles funciona
Todo nome lógico de view retornado por nossos controladores corresponderá a
uma deinição presente nos arquivos de coniguração do Tiles. É importante mencionar que o nome lógico de uma visualização pode conter caminhos, como por
exemplo usuario/show, o que é inclusive boa prática, pois possibilita a equipe de
desenvolvimento no futuro optar por algum outro tipo de camada de visualização,
como o InternalResourceViewResolver, que busca os templates a partir do caminho deinido por seus preixo e suixo.
7.7 Trabalhe com redirecionamentos e sessão do
usuário
Faremos agora um controlador um pouco mais elaborado: aquele responsável pela
autenticação de usuários no Spring Fórum, que neste primeiro momento ainda é excessivamente rudimentar, mas que já nos fornece a base para que possamos entender
melhor o funcionamento da camada de controle do Spring MVC.
A marcação HTML usada em nosso formulário é a mais simples possível e é exposta a seguir. O único aspecto que talvez seja novidade é o uso da tag JSTL <c:url/>
para garantir que a URL da tag action do formulário sempre aponte para o endereço
correto, no caso, o endereço relativo da nossa URL de autenticação.
<form action="<c:url value="/login"/>" method="post">
<input type="text" name="login"/>
<input type="password" name="senha"/>
<input type="submit" value="Entrar"/>
</form>
Uma vez feita a submissão, nosso Handler Mapping irá identiicar o controlador
de autenticação pelo fato deste possuir a anotação @RequestMapping apontando para
o mesmo endereço e em seguida executará o truque:
@Controller
public class AutenticacaoController {
@RequestMapping(value="/login", method=RequestMethod.POST)
public String login(@RequestParam("login") String login,
@RequestParam("senha") String senha,
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Capítulo 7. Desenvolva aplicações web com Spring MVC
HttpSession sessao) {
Usuario usuario = daoUsuario.getUsuario(login, senha);
if (usuario == null) {
return "loginFalho";
} else {
usuario.setUltimoLogin(new Date());
daoUsuario.persistir(usuario);
sessao.setAttribute("usuario", usuario);
return "redirect:/";
}
}
}
7.8 A definição do método de acesso
A primeira novidade que o leitor encontrará em nosso controlador é a inclusão do
parâmetro method na anotação @RequestMapping. Este determina que nossa ação
somente reconhecerá o acesso a URL de autenticação se o método HTTP for um
POST. Ao tentar acessar o mesmo endereço pelo navegador, por exemplo, seremos
saudados pelo erro HTTP 405 nos informando que o método não é suportado pelo
Spring Forum, já que o navegador envia uma requisição GET, como pode ser visto na
imagem a seguir.
Figura 7.9: Tentar se autenticar no sistema pela URL não irá funcionar.
153
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7.9. Receba parâmetros de entrada
Casa do Código
É possível também passar mais de um método de acesso ao parâmetro method.
Basta incluí-los em uma matriz, tal como no exemplo a seguir, que possibilita agora
autenticação também pelo método PUT.
@RequestMapping(value="/login",
method={RequestMethod.POST, RequestMethod.PUT})
7.9
Receba parâmetros de entrada
Um ponto interessante no Spring MVC é a total liberdade oferecida ao desenvolvedor
no que diz respeito à assinatura de nossas ações:
@RequestMapping(value="/login", method=RequestMethod.POST)
public String login(@RequestParam("login") String login,
@RequestParam("senha") String senha,
HttpSession sessao) {
...
}
Surge uma nova anotação: @RequestParam, que mapeia os parâmetros do formulário (ou URL) para os de nossa ação. O valor fornecido para a anotação corresponde ao nome do parâmetro de entrada deinido pelo formulário ou URL. Seu uso
é opcional porém recomendado. Caso omitida, o Spring MVC fará o mapeamento
de parâmetros com base no nome dos mesmos deinidos no método.
É importante observar que no bytecode, o nome dos parâmetros só se encontra
presente quando o código é compilado com informações de depuração. Dado que
nem sempre podemos ter esta garantia, adota-se a prática de anotar os parâmetros
dos métodos como uma boa prática a ser seguida.
7.10
Faça redirecionamentos
Há um último ponto interessante em nossa classe AutenticacaoController.
Quando é encontrado um usuário com o login e senha fornecidos, o valor retornado pela action é redirect:/. Esta instrução diz ao Spring MVC que deve ser feito
um redirecionamento para a visualização cujo nome lógico é /.
Outra forma interessante de redirecionamento poderia ser deinir como valor de
retorno o resultado do processamento de outro método presente em um controlador.
Hipoteticamente, poderíamos refatorar a função login que vimos acima para aplicar
154
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Capítulo 7. Desenvolva aplicações web com Spring MVC
esta técnica, tal como no exemplo a seguir, em que outra função, loginFalho() executaria alguma lógica de negócio e retornaria o nome lógico da View, representando
uma autenticação mal sucedida.
@RequestMapping(value="/login", method=RequestMethod.POST)
public String login(@RequestParam("login") String login,
@RequestParam("senha") String senha,
HttpSession sessao) {
Usuario usuario = daoUsuario.getUsuario(login, senha);
if (usuario == null) { // Nenhum usuario encontrado
return loginFalho();
} else {
// autentica usuario
}
}
7.11
Como lidar com a sessão do usuário e a classe
ModelAndView
Vimos como acessar diretamente a sessão do usuário na action login, implementada
na classe AutenticacaoController. Basta incluir como parâmetro um atributo do
tipo javax.servlet.http.HttpSession. Também é possível acessar atributos de
sessão de forma transparente, isto é, sem a necessidade de manipulação direta de
objetos HttpSession de forma declarativa usando anotações.
Para exempliicar este recurso, nosso foco agora será o controlador
UsuarioController, onde implementaremos uma ação responsável por retornar os detalhes do usuário atualmente autenticado no sistema. Relembrando, na
action login, quando a autenticação é bem sucedida criamos um novo atributo
de sessão chamado usuario. Este comportamento é o gancho para a action
infoAutenticado cujo código fonte podemos ver a seguir:
@Controller("usuario")
@SessionAttributes("usuario")
public class UsuarioController {
@RequestMapping("/usuario/autenticado")
public ModelAndView infoAutenticado(
@ModelAttribute("usuario") Usuario usuario) {
155
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7.11. Como lidar com a sessão do usuário e a classe ModelAndView
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ModelAndView mav = new ModelAndView("usuario/show");
mav.getModel().put("usuario", usuario);
return mav;
}
}
A técnica contém dois passos: o primeiro consiste na inclusão da anotação @SessionAttributes na classe que implementa nosso controlador. Esta
pode receber dois tipos de valores, uma String, tal como izemos na classe
UsuarioController ou no caso de precisarmos de mais de um atributo de sessão,
um array de String. O valor destas String deve corresponder ao nome do atributo
com o qual queremos trabalhar.
Usaremos os atributos de sessão no segundo passo: anotamos os parâmetros
de nossas actions @ModelAttribute, que recebe como valor o nome da chave correspondente ao valor presente na sessão do usuário, tal como foi feito na action
infoAutenticado exposta acima.
Por trás dos panos, o funcionamento do Spring MVC é simples. Após a requisição ser recebida pelo Dispatcher Servlet, este irá buscar o controlador responsável
por seu processamento. Estando a anotação @SessionAttributes presente, este passará à action os atributos de sessão deinidos pelas anotações @ModelAttribute e em
seguida continuará sua execução normal.
É interessante observar que, ao contrário do que vimos até o momento, o valor de
retorno da action infoAutenticado não é uma String, mas sim um objeto do tipo
org.springframework.web.servlet.ModelAndView, que é uma classe utilitária do
framework, usada para encapsular duas entidades que vimos sendo trabalhadas individualmente no decorrer deste capítulo: o nome lógico da visualização que será
renderizada de volta ao usuário (view) e os dados embutidos nesta presentes no modelo (model).
Nas primeiras versões do Spring MVC este era o valor de retorno obrigatório
de todas as actions, pois tornava a implementação do Spring mais fácil de ser feita.
Passado algum tempo, com a introdução das anotações no Java 5 tornou-se mais fácil
a obtenção das duas entidades encapsuladas por este objeto, o que fez com que esta
convenção caísse por terra.
Apesar de não ser mais um tipo de retorno obrigatório, ainda é um objeto bastante útil e possui alguns métodos, como os listados abaixo, que facilitam bastante a
vida do desenvolvedor:
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Capítulo 7. Desenvolva aplicações web com Spring MVC
• String getViewName(): retorna o nome da view;
• void setViewName(String valor): deine o nome da view a ser renderizada;
• ModelAndView addObject(String nome, Object valor):
novo atributo ao modelo;
adiciona um
• ModelMap getModelMap(): retorna um objeto do tipo ModelMap representando o modelo. Esta classe por baixo dos panos é uma implementação da
interface Map<String, Object> do Java;
• void clear(): limpa o modelo.
7.12
O chato e repetitivo trabalho de criar formulários
Diicilmente encontramos uma aplicação web com interface gráica que não precise
lidar com algum tipo de formulário. Vimos como tratar formulários bastante simples no controlador AutenticacaoController, mas o exemplo visto não relete a
realidade, pois convenhamos, são muito raros formulários com tão poucos campos.
Nesta sessão conheceremos o suporte oferecido pelo Spring na manipulação e validação de formulários.
Processando formulários
Faremos o formulário de cadastro de usuários do Spring Fórum, que usa como
controlador a classe HomeController.
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7.12. O chato e repetitivo trabalho de criar formulários
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Figura 7.10: O formulário de cadastro
Os campos presentes no formulário correspondem aos atributos deinidos na
classe de domínio Usuario que tem parte de sua implementação listada a a seguir:
public class Usuario {
private String nome;
private String email;
private String login;
private String senha;
// getters e setters
}
Parte do nosso objetivo no preenchimento do formulário é também o preenchimento dos atributos da classe Usuario. Para obter este resultado, entra em cena
a biblioteca de tags do Spring para o processamento de formulários, cuja aplicação
vemos na marcação do nosso formulário de registro a seguir:
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Capítulo 7. Desenvolva aplicações web com Spring MVC
<%@taglib prefix="sf" uri="http://www.springframework.org/tags/form"%>
<sf:form modelAttribute="usuario" action="executarRegistro">
<label for="nome">Nome:</label>
<sf:input path="nome"/>
<label for="email">Email:</label>
<sf:input path="email"/>
<label for="login">Nome do usuário (login):</label>
<sf:input path="login"/>
<label for="senha">Senha:</label>
<sf:password path="senha"/>
<input type="submit" value="Faça parte!"/>
</sf:form>
O Spring MVC vem com uma biblioteca de tags especiicamente desenvolvida
para processamento de formulários. Esta é de fácil aprendizado para os desenvolvedores, pois possui semântica muito próxima ao subconjunto de tags presentes no
HTML para o mesmo im.
Como veremos, para praticamente todas as opções presentes no HTML há uma
tag feita pela equipe de desenvolvimento do Spring, usada para fazer a ligação entre
os objetos presentes no modelo fornecido à visualização e os campos deinidos no
formulário.
Como pode ser visto na listagem acima, para iniciarmos a implementação de
nossos formulários na marcação começamos com a tag <sf:form> (você possui liberdade total para escolher o preixo que quiser). Esta corresponde à tag de mesmo
no HTML e possui como principal diferencial o atributo modelAttribute, onde o
valor aponta para o objeto no modelo e cujas propriedades serão expostas ou ligadas
aos campos do formulário.
No caso do formulário anterior, o objeto usuario não surge como mágica.
Este foi incluído no modelo pela action registro, implementada no controlador
HomeController:
@RequestMapping("/registro")
public String registro(Map<String, Object> model) {
if (model.get("usuario") == null) {
model.put("usuario", new Usuario());
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7.12. O chato e repetitivo trabalho de criar formulários
Casa do Código
}
return "registro";
}
No formulário, podemos ver duas tags de ligação fornecidas pelo framework:
<sf:input> e <sf:password>, usadas respectivamente para campos textuais e senha.
O atributo mais importante presente nestas tags é path, cujo valor aponta para o
nome da propriedade do objeto representado aonde será feita a ligação.
É importante mencionar que o valor do atributo path não precisa ser uma propriedade direta do objeto. Se hipoteticamente quiséssemos deinir um atributo do
tipo Assunto na classe Usuario, poderíamos ligá-lo ao formulário sem problema
algum tal:
<label for="Assunto favorito">Assunto favorito:</label>
<!-- Referenciando uma propriedade indireta -->
<sf:input name="assunto" path="assunto.nome"/>
Além das tags listadas acima, também podemos contar com uma série de outras,
cujas principais encontram-se listadas a seguir:
• checkbox: usada para renderizar campos do tipo caixa de seleção;
• checkboxes: usada para renderizar uma lista de caixas de seleção;
• radiobutton: para radio buttons;
• select: para caixas de seleção. E sim, há também uma option para que possamos deinir com maior controle as opções presentes nesta;
• textarea: para caixas de texto de múltiplas linhas;
• hidden: usada para campos ocultos.
Submissão de formulários
Conhecidas as tags básicas de ligação, o próximo passo é a submissão. Muitos ao
iniciarem o aprendizado do Spring MVC a partir da documentação oicial sofrem diiculdades em entender como proceder, justamente por ser um passo incrivelmente
simples. A melhor maneira de entendê-lo é na prática, sendo assim, veja a implementação da action executarRegistro, implementada na classe HomeController:
160
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Casa do Código
Capítulo 7. Desenvolva aplicações web com Spring MVC
@RequestMapping(value="/executarRegistro", method=RequestMethod.POST)
public String executarRegistro(Usuario usuario, HttpSession sessao) {
getDaoUsuario().persistir(usuario);
sessao.setAttribute("usuario", usuario);
return "redirect:/";
}
O desenvolvedor precisa apenas incluir um parâmetro na assinatura do método
alvo, cujo tipo corresponda ao objeto inicialmente presente no modelo e todo o processo de ligação é feito de forma transparente pelo framework.
No caso da página de registro, a entidade Usuario possui todas as suas propriedades diretamente relacionadas ao formulário. Nem sempre este será o caso. Para
estas outras situações a prática mais comum é a criação de uma classe especial cujos
atributos possam ser diretamente mapeados para o formulário em questão.
7.13
Ainda há mais de SpringMVC por vir
Vimos muito do funcionamento do SpringMVC e com o conhecimento que temos, já
conseguimos criar qualquer aplicação web. No entanto, no mundo real, gostaríamos
de facilitar muitas das tarefas que temos ao criar uma aplicação, por exemplo facilitar
a validação dos dados, poder fazer upload de arquivos de forma descomplicada e
outros recursos interessantes. No próximo capítulo, vamos ver como poder usar
outras bibliotecas para aumentar o poder do SpringMVC e ver como ele pode nos
ajudar nessa integração.
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Capítulo 8
Ações recorrentes com o
SpringMVC
Há muito trabalho repetitivo a ser feito quando desenvolvemos aplicações web. Validação é um caso bem clássico. Qual desenvolvedor nunca se pegou escrevendo diversos if aninhados e repetidos? Upload de arquivos também pode ser considerado
uma dessas tarefas chatas que temos que lidar quando desenvolvemos aplicação. Ficar manipulando bytes e arquivos é algo bastante trabalhoso. Será que não há uma
maneira de deixar tudo isso mais fácil?
Nesse capítulo vamos estudar a integração do SpringMVC com diferentes bibliotecas e ver como elas podem atuar em conjunto para nos ajudar a criar uma aplicação
web rica e de fácil desenvolvimento e manutenção.
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8.1. Faça a validação de formulários
8.1
Casa do Código
Faça a validação de formulários
Um aspecto fundamental do desenvolvimento de qualquer aplicação diz respeito à
validação dos dados de entrada. Se mal planejada, a validação de formulários pode
se mostrar uma das tarefas mais tediosas e trabalhosas durante o processo de desenvolvimento.
Graças à equipe de desenvolvimento do Spring, não precisamos nos preocupar
com isto, pois devido à própria natureza do framework de se integrar a outras tecnologias, este oferece suporte à JSR-303 (Bean Validation), que nos permite adicionar
regras de validação aos nossos formulários ou classes de domínio através de anotações de uma forma bastante produtiva.
Conigure as dependências necessárias
A implementação de referência para a JSR-303 é o projeto Hibernate Validator.
Ao contrário do que possa parecer a alguns, trata-se de um projeto independente
do ORM (Object Relational Mapping) de mesmo nome, podendo ser usado sem a
necessidade de incluí-lo entre as dependências do projeto. Basta incluir o Hibernate
Validator na lista de dependências no seu pom.xml:
<dependency>
<groupId>org.hibernate</groupId>
<artifactId>hibernate-validator</artifactId>
<version>4.2.0.Final</version>
</dependency>
Deinindo as validações
Usar o Hibernate Validator no contexto do Spring MVC é razoavelmente simples.
Basta anotar os atributos da classe na qual queremos aplicar validações tal como
izemos com a classe Usuario listada a seguir:
public class Usuario {
@Size(max=128) @NotNull @NotEmpty
private String nome;
@Email(message="Isto não é um e-mail válido") @NotNull @NotEmpty
private String email;
@NotNull
164
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Casa do Código
Capítulo 8. Ações recorrentes com o SpringMVC
private Date dataCadastro = new Date();
@NotNull @NotEmpty
@Size(min=8, max=32, message="Login muito curto ou muito longo")
private String login;
// getters e setters
}
O nome das anotações já nos diz bastante a respeito do tipo de validação a ser
aplicado em nossa classe. Das validações listadas acima, a única que não faz parte
do conjunto padrão da JSR-303 é @Email, pertencente ao Hibernate Validator, usada
para veriicar se o valor corresponde a um endereço de e-mail válido.
É possível deinir qual a mensagem de erro a ser exibida ao usuário no caso de
uma validação falha, através do parâmetro value, presente em todas as anotações
compatíveis com a JSR-303. A seguir como referência rápida segue uma listagem das
anotações de validação mais comumente usadas pelos desenvolvedores:
• @NotNull: garante que o atributo anotado não possua valor nulo.
• @NotEmpty: aplicável a coleções ou strings, veriica se o texto digitado está em
branco ou se a lista está vazia.
• @Size: usada para garantir que o tamanho de um texto esteja dentro dos parâmetros limitadores min ou max. Importante salientar que não é necessária
a presença dos dois parâmetros, mas sim ao menos um.
• @Email: especíica do Hibernate MVC, é usada para garantir que o valor do
atributo seja um endereço de e-mail válido formalmente.
• @Pattern: recebe como parâmetro obrigatório regexp representando uma expressão regular contra a qual será validado o atributo anotado. Talvez seja
a anotação mais poderosa da JSR-303 devido à grande lexibilidade oferecida
pelas expressões regulares.
Validação do lado servidor
Para entender como a validação do lado servidor é feita, vamos modiicar a ação
executarRegistro. Sua lógica de funcionamento é simples: primeiro é veriicado
se há algum erro de validação. Caso existam, será feito o redirecionamento para o
formulário de cadastro, aonde os mesmos serão expostos para o usuário:
165
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8.1. Faça a validação de formulários
Casa do Código
@RequestMapping(value="/executarRegistro", method=RequestMethod.POST)
public String executarRegistro(@Valid Usuario usuario,
BindingResult bindingResult,
HttpSession sessao) {
if (bindingResult.hasErrors()) {
Map<String, Object> model = new HashMap<String, Object>();
model.put("usuario", usuario);
return registro(model);
}
getDaoUsuario().persistir(usuario);
sessao.setAttribute("usuario", usuario);
return "redirect:/";
}
Há detalhes importantes no corpo desta ação, a começar pela presença da anotação @Valid aplicada sobre o parâmetro usuario, que instrui o Spring MVC a executar
os testes de validação sobre o objeto anotado no momento de execução da ligação
dos parâmetros. Encontrando problemas, estes são armazenados em um objeto do
tipo org.springframework.validation.BindingResult, que é a interface interna
do framework responsável por representar o resultado da execução do processo de
ligação (binding).
É importante mencionar que nem sempre a validação termina com a execução
da função hasErrors() de BindingResult. Esta interface também nos permite iterar sobre os erros encontrados, de tal forma que possamos aplicar alguma regra de
negócio em cima da validação. Por exemplo: imagine que tenhamos convencionado
que, caso o host do e-mail não tenha sido fornecido o valor padrão seja @gmail.com.
Poderíamos tirar proveito de BindingResult:
List<FieldError> erros_email = bindingResult.getFieldErrors("email");
for (FieldError erro : erros_email) {
if (erro.getCode().equals("Email") &&
contemEmail(usuario.getEmail())) {
// aplico a convenção do sistema
usuario.setEmail(usuario.getEmail() + "@gmail.com");
}
}
166
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Casa do Código
Capítulo 8. Ações recorrentes com o SpringMVC
A classe FieldError representa um erro encontrado durante a validação em algum campo da classe avaliada. Esta possui um atributo chamado code, cujo valor
normalmente corresponde ao nome da anotação de validação. No código anterior,
tudo o que izemos foi iterar em cima da coleção de erros associados ao campo email
em busca da validação Email. Encontrando-a, veriicamos se o usuário havia digitado algum valor e em caso positivo, simplesmente adicionamos o suixo @gmail.com
ao valor até então incorreto.
Exiba os erros de validação
Encontrar erros de validação do lado servidor de nada vale se não fornecermos
ao nosso usuário a possibilidade de corrigi-los. Para fazer essa exibição, podemos
usar a mesma biblioteca de tags utilizada para gerar o formulário, e que já vimos
anteriormente.
Para expor as mensagens de erro de volta ao usuário usamos a tag <sf:errors/>,
obtendo resultado similar ao exposto na imagem a seguir:
Figura 8.1: Expondo mensagens de validação
O atributo path iltra os erros por campo. Já o atributo cssClass deine o nome
do seletor CSS que deine a formatação a ser visualizada pelo usuário. Podemos
ver um exemplo de seu uso no código a seguir, extraído do formulário de cadastro
apresentado acima:
<%@taglib prefix="sf" uri="http://www.springframework.org/tags/form"%>
...
167
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8.2. Envie seus avatares para o servidor com upload de arquivos
Casa do Código
<sf:form modelAttribute="usuario" action="executarRegistro">
<label for="nome">Nome:<sf:errors path="nome" cssClass="erro"/>
</label>
<sf:input path="nome"/>
<!-- Restante omitido, pois é basicamente o
mesmo código aplicado a outros campos -->
</sf:form>
O único atributo obrigatório é path, que quando omitido, simplesmente não renderizará saída alguma para o usuário. Abaixo segue uma lista com os outros atributos
que o desenvolvedor pode tirar proveito em seus projetos:
• element: deine qual elemento HTML que irá envolver cada mensagem de
erro;
• cssStyle: permite ao desenvolvedor incluir estilo CSS customizado para uma
localização especíica;
• delimiter: que texto será usado para separar as mensagens de erro expostas.
Seu valor padrão é <BR/>.
8.2
Envie seus avatares para o servidor com upload
de arquivos
Faremos agora a evolução inal do nosso formulário de registro incluindo a possibilidade de fazer o upload de avatares, o que possibilitará aos membros do Spring
Fórum se expressarem visualmente através destas imagens. Até o momento izemos
o binding apenas de classes simples como Usuario, porém ao lidar com upload de
arquivos estamos trabalhando com uma criatura bastante diferente.
Conigurando o projeto
Infelizmente o Spring MVC não vem pronto para lidar com upload de arquivos,
porém a coniguração do projeto para tal é bastante simples, composta por apenas
dois passos: inclusão de novas dependências e a deinição do bean responsável por
lidar com este tipo de operação, o MultipartResolver.
Duas dependências precisam ser incluídas em nosso projeto: Commons IO
e Commons File Upload, ambas pertencentes ao projeto Apache Commons (http:
//commons.apache.org). Com isso, podemos adicionar as duas no pom.xml:
168
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Casa do Código
Capítulo 8. Ações recorrentes com o SpringMVC
<dependency>
<groupId>commons-fileupload</groupId>
<artifactId>commons-fileupload</artifactId>
<version>1.2.2</version>
</dependency>
<dependency>
<groupId>commons-io</groupId>
<artifactId>commons-io</artifactId>
<version>2.1</version>
</dependency>
O
passo
inal
para
em nosso projeto é
habilitarmos
a declaração
o
de
upload
de
arquivos
um bean do tipo
org.springframework.web.multipart.commons.CommonsMultipartResolver,
responsável por interceptar requisições de formulário com enctype do tipo
multipart/form-data. Atenção especial deve ser dada ao nome do bean: este
obrigatoriamente deve ter o nome multipartResolver, pois o Dispatcher Servlet
buscará um bean com este nome para lidar com upload de arquivos.
<bean id="multipartResolver" class=
"org.springframework.web.multipart.commons.CommonsMultipartResolver">
<property name="maxUploadSize" value="1048576"/>
</bean>
A única propriedade deinida no bean é maxUploadSize, que recebe um número
inteiro como valor representando o tamanho máximo em bytes que o projeto permitirá o upload. A deinição desta propriedade do ponto de vista de segurança é
altamente recomendada, pois por default seu valor é -1, indicando a possibilidade
de recebermos arquivos de qualquer tamanho.
A atualização do formulário
As modiicações que precisamos fazer ao formulário são exatamente as mesmas
que faríamos a um formulário HTML convencional: apenas inclusão do atributo
enctype e de um campo do tipo file. Importante observar que, ao contrário dos
demais tipos de campo de entrada que foram expostos neste capítulo, não é possível
fazer o binding com campos do tipo file. A seguir podemos ver os únicos trechos
alterados em sua marcação e o resultado inal após estas modiicações:
<sf:form modelAttribute="usuario"
action="executarRegistro" enctype="multipart/form-data">
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8.2. Envie seus avatares para o servidor com upload de arquivos
Casa do Código
<!-- Restante oculto -->
<label for="avatar">Avatar:</label>
<input type="file" name="avatar"/>
<!-- Restante oculto -->
</sf:form>
Figura 8.2: A versão inal do nosso formulário de cadastro
Conigure o controlador
De nada adianta alterar as conigurações do projeto e evoluir o formulário de
cadastro se a action executarRegistro, responsável pelo processamento dos parâmetros submetidos pelo formulário não for melhorada também. A seguir podemos
ver como icou a versão inal deste método:
@RequestMapping(value="/executarRegistro", method=RequestMethod.POST)
public String executarRegistro(@Valid Usuario usuario,
BindingResult bindingResult, HttpSession sessao,
@RequestParam(value="avatar", required=false) MultipartFile avatar){
170
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Casa do Código
Capítulo 8. Ações recorrentes com o SpringMVC
if (bindingResult.hasErrors()) {
Map<String, Object> model = new HashMap<String, Object>();
model.put("usuario", usuario);
return registro(model);
}
getDaoUsuario().persistir(usuario);
if (! avatar.isEmpty()) {
processarAvatar(usuario, avatar);
}
sessao.setAttribute("usuario", usuario);
return "redirect:/";
}
A modiicação mais importante é a inclusão do parâmetro avatar, do tipo
org.springframework.web.multipart.MultipartFile, responsável por representar o arquivo recebido pelo controlador na requisição. Como podemos ver na implementação desta action, o único método desta classe que nos interessa é isEmpty(),
que retorna true caso não tenha sido transmitido junto com a requisição um arquivo
anexado.
Outro método foi incluído em nosso controlador apenas para lidar com o arquivo recebido. Trata-se de processarAvatar, cuja implementação resumida pode
ser vista a seguir:
private void processarAvatar(Usuario usuario, MultipartFile avatar) {
byte[] conteudo = avatar.getBytes();
persistirConteudo(usuario, conteudo);
}
Para obter o conteúdo do arquivo recebido, executa-se o método getBytes do
objeto MultipartFile, que retorna um byte[], que é o conteúdo recebido a partir
da submissão do formulário de cadastro.
8.3
Defina o corpo da resposta
Até este momento, nossas ações retornaram ou o nome da visualização a ser renderizada ou um objeto do tipo ModelAndView. Como uma action retornaria o conteúdo
dos arquivos que o Spring Fórum agora está habilitado a receber?
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8.3. Deina o corpo da resposta
Casa do Código
Antes de responder a esta pergunta, nosso primeiro passo será evoluir a página
de visualização de detalhes do usuário, para que ique similar à imagem a seguir:
Figura 8.3: Expondo o avatar dos usuários
Tudo o que precisamos fazer é deinir o atributo src da tag <img/> apontando
para a ação responsável por retornar um array de bytes representando o conteúdo do
avatar, tal como izemos no trecho a seguir:
<img class="avatar"
src='<c:url value="/usuario/avatar/${usuario.login}"/>'/>
Usamos a tag <c:url> do JSTL para garantir que a URL alvo esteja sempre de
acordo com o contexto da aplicação. Cabe então o último ponto desta sessão que é
a nossa action, que encontra-se implementada na classe UsuarioController, cujo
código fonte podemos ver listado a seguir:
@RequestMapping("/usuario/avatar/{login}")
@ResponseBody
public byte[] avatar(@PathVariable("login") String login) {
/*
Obtém um array de bytes representando o
172
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Casa do Código
Capítulo 8. Ações recorrentes com o SpringMVC
avatar relacionado ao login
*/
return obterConteudo(login);
}
A primeira novidade que podemos ver na implementação da action, diz respeito
ao valor passado à anotação @RequestMapping. Trata-se da variável login na URL,
o que nos permite receber mapear URLs como as abaixo para esta action:
http://localhost:8080/spring-forum/usuario/avatar/kicolobo
http://localhost:8080/spring-forum/usuario/avatar/mccarty
Outro ponto de destaque é a inclusão da anotação @ResponseBody. Repare
que nossa action retorna um array de bytes e não uma String ou um objeto
ModelAndView como izemos anteriormente. A presença desta anotação instrui o
Spring MVC a enviar o valor de retorno diretamente ao navegador do usuário.
8.4 Faça requisições assíncronas com AJAX
Atualmente presente na caixa de ferramentas de todo desenvolvedor web, é importante compreendermos como usar Ajax no Spring MVC.
Infelizmente, na versão atual do framework ainda não há uma biblioteca de tags
que facilite a vida do desenvolvedor na escrita da camada de visualização, porém esta
ausência não deve ser vista como uma grave limitação do framework dado a difusão
de bibliotecas JavaScript como jQuery ou Dojo, que suprem a esmagadora maioria
das necessidade dos programadores neste quesito.
Para os não iniciados, AJAX é um acrônimo para Asynchronous Javascript and
XML. A técnica foi documentada pela primeira vez por Jesse James Garrett, no ano
de 2005 em seu blog [6] e se consagrou ao ser aplicada na implementação do Google
Maps. Não é exagero dizer que a técnica se tornou língua franca entre os desenvolvedores web.
Os fundamentos por trás da técnica vão além do objetivo deste livro, porém o
leitor ainda não familiarizado com o conceito pode ter acesso a material de melhor
qualidade sobre o assunto no post de Garrett [6] acima citado ou em livros inteiramente dedicados ao assunto como por exemplo Use a Cabeça - AJAX, de Brett
McLaughlin [12].
Resumidamente, AJAX é usado no desenvolvimento de aplicações para dois objetivos: renderizar trechos especíicos de nossas páginas ou na obtenção de informações que serão processadas do lado cliente, ou mesmo na mistura destes dois usos.
173
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8.4. Faça requisições assíncronas com AJAX
Casa do Código
Renderização local
A técnica de renderização local (ou in loco) consiste na execução de uma consulta
assíncrona ao servidor, cuja resposta será renderizada em algum local pré-deinido
da página, por exemplo dentro de uma tag <div> com identiicador especíico.
No Spring Fórum esta técnica foi aplicada na página que exibe os detalhes do
usuário. Quando o link Expor posts é clicado, uma requisição assíncrona, disparada
através do jQuery, é feita ao servidor. Este executa a action relacionada como se
fosse uma requisição convencional e retorna ao navegador um trecho em HTML
que simplesmente é exposto na div que anteriormente estava vazia, conforme pode
ser visto na imagem a seguir que esquematiza seu funcionamento.
Figura 8.4: Renderização in loco
Do lado servidor, a action é exatamente como todas as outras que vimos anteriormente. Esta apenas busca todos os tópicos criados pelo usuário, cujo login é
passado como parâmetro. Encontra-se implementada na classe UsuarioController
conforme pode ser visto no código a seguir:
@RequestMapping("/usuario/posts/{login}")
public String topicosUsuario(@PathVariable("login") String login,
Map<String, Object> model) {
model.put("topicos",
getDaoTopico().
getTopicosPorAutor(getDaoUsuario().getUsuario(login)));
return "usuario/posts";
}
Se o leitor bem se lembra, no Spring Fórum é usado o Tiles como camada de
visualização. Como nosso objetivo é apenas renderizar um trecho HTML, a deinição
174
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Capítulo 8. Ações recorrentes com o SpringMVC
de template incluída no arquivo tiles-config.xml pode ser vista a seguir. Não há
componentes a serem incluídos em nosso template, apenas este já é necessário para
o que precisamos.
<definition name="usuario/posts"
template="/views/usuario/postsUsuario.jsp"/>
E o trecho HTML inserido em nossa página também não poeria ser mais simples,
conforme conferimos no trecho abaixo:
<%@taglib uri="http://java.sun.com/jsp/jstl/core" prefix="c"%>
<table>
<thead>
<th>Assunto</th>
<th>Título</th>
</thead>
<tbody>
<c:forEach items="${topicos}" var="post">
<tr>
<td>${post.assunto.nome}</td>
<td>${post.titulo}</td>
</tr>
</c:forEach>
</tbody>
</table>
Retorne o JSON
A outra forma de aplicarmos Ajax consiste em enviar conteúdo no formato JSON
para o usuário, o que é assustadoramente simples com Spring MVC. Nativamente, o
framework não oferece suporte a este formato, sendo assim nosso primeiro passo
consistirá em incluir a biblioteca Codehaus Jackson ao classpath de nosso projeto.
Basta incluir a coniguração abaixo na lista de dependências do arquivo pom.xml do
projeto.
<dependency>
<groupId>org.codehaus.jackson</groupId>
<artifactId>jackson-mapper-asl</artifactId>
<version>1.7.1</version>
</dependency>
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8.5. Concluindo com uma surpresa
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Para exempliicar como retornar JSON ao usuário, a mesma action exposta no
exemplo anterior foi reescrita, conforme pode ser visto no código a seguir:
@RequestMapping("/usuario/postsJSON/{login}")
@ResponseBody
public List<Topico>
topicosUsuarioJson(@PathVariable("login") String login) {
Usuario usuario = getDaoUsuario().getUsuario(login);
return getDaoTopico().getTopicosPorAutor(usuario);
}
Não há novidades no código acima. Incluindo a anotação @ResponseBody,
uma vez que nossa action seja executada, o resultado será automaticamente convertido para JSON pelo Jackson. Ao acessar a url http://localhost:8080/spring-forum/
usuario/postsJSON/kicolobo a seguinte saída obtida é exposta abaixo:
[{"titulo":"Spring MVC", "assunto":{"nome":"Web"}},
{"titulo":"Como eu configuro o Spring?", "assunto":{"nome":"IoC"}}]
8.5 Concluindo com uma surpresa
Ao longo deste capítulo, conhecemos a solução oferecida pela SpringSource para o
desenvolvimento de aplicações web. Como pode ser visto, trata-se de uma solução
incrivelmente lexível, que possibilita ao programador customizar cada aspecto do
seu funcionamento. Finalizado este capítulo o leitor talvez se sinta assustado com a
quantidade de conigurações que precisamos alterar durante este capítulo conforme
novos recursos eram apresentados.
Acontece que os usuários do SpringSource Tool Suite não precisam deinir estas
conigurações manualmente. Na realidade, a IDE fornece a possibilidade de criar um
projeto baseado em Spring MVC já pré-conigurado. Para tal, basta acessar o menu
File > New > Spring Template Project. Será exposta a janela a seguir, aonde tudo o
que o usuário deve fazer é selecionar a opção Spring MVC Project e voilà, o projeto
está pré-conigurado e pronto para uso.
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Capítulo 8. Ações recorrentes com o SpringMVC
Figura 8.5: SpringSource Tool Suite
Um ponto importante a ser mencionado a respeito do aparente excesso de conigurações é o fato destas atividades, mesmo com o auxílio da IDE, são executadas
normalmente apenas no momento de criação do projeto. A partir deste momento, o
luxo básico consistirá basicamente apenas em implementar os controladores e templates de visualização relacionados, associados às técnicas apresentadas no capítulo
4 deste livro fornecem à equipe de desenvolvimento um framework de altíssima produtividade, com eicácia comprovada em inúmeros projetos pelo mundo [15].
A história do Spring MVC não termina por agora. Lacunas, como por exemplo a
ausência de bibliotecas de tag que facilitem a vida do desenvolvedor que precise lidar
com AJAX estão em desenvolvimento. Além disto, de forma bastante discreta o MVC
vive uma vida dupla sob a forma do Grails, um framework para desenvolvimento de
aplicações web baseado na linguagem Groovy tendo como base o MVC, que tem
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8.5. Concluindo com uma surpresa
Casa do Código
se mostrado uma das formas mais produtivas de se criar aplicações web dentro da
plataforma Java EE.
Mas já falamos demais sobre o MVC. Nos próximos capítulos nosso foco será
nos ganhos que o framework oferece na camada de negócios.
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Capítulo 9
Acesso a dados
Diicilmente encontramos uma aplicação que não precise lidar com algum tipo de
banco de dados. Apesar deste tipo de interação fazer parte do cotidiano do desenvolvedor, sua implementação possui uma série de diiculdades inerentes de sua própria
natureza, que consomem uma boa parte das horas de desenvolvimento em um projeto. O Spring oferece um rico suporte nativo às tecnologias de acesso a dados mais
populares atualmente como JDBC, Hibernate e JPA.
Como veremos, este suporte, assim como tudo no Spring, baseia-se na aplicação
de boas práticas e padrões de projeto de eicácia comprovada. O mais interessante é o
fato de que, apesar de lidarmos neste capítulo de tecnologias distintas como JDBC e
Hibernate, o modo de trabalho é praticamente o mesmo, facilitando assim a vida do
desenvolvedor caso precise executar uma migração tecnológica em algum momento.
Neste capítulo abordaremos as três tecnologias com suporte nativo do framework mais populares na escrita de aplicações: JDBC, Hibernate e JPA e, no descrever destas, serão apresentadas as soluções oferecidas pelo Spring aos problemas
que costumam assombrar os desenvolvedores na escrita e manutenção da camada
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9.1. DAO: no centro da mentalidade Spring
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de persistência.
9.1 DAO: no centro da mentalidade Spring
Ao optarmos pelo Spring estamos sempre de uma forma ou outra lidando com o
problema do alto acoplamento. No que diz respeito à escrita da camada de persistência, vemos como conceito central o DAO - Data Access Object - que abordamos
brevemente no primeiro capítulo e trataremos com maior riqueza de detalhes agora.
Este é um padrão de projeto cujo principal objetivo é isolar o máximo possível o
código responsável por interagir com nossas bases de dados do restante do sistema.
O DAO é um objeto que oferece às classes clientes uma interface abstrata aonde são
expostas as operações básicas que possuem a inalidade de alterar ou pesquisar a base
de dados.
A camada de persistência do projeto Spring Fórum adota o padrão DAO e na
imagem a seguir podemos ver um exemplo de como o padrão se encontra implementado. DAOAssunto é a interface abstrata visível às classes clientes do sistema responsável por interagir com tudo em nosso sistema que diga respeito a objetos do
tipo Assunto. À nossa classe cliente HomeController não interessa saber se usamos
JDBC, Hibernate ou alguma base de dados NoSQL: tudo o que lhe interessa é que
seja possível listar todos os assuntos possíveis através do método list().
180
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Capítulo 9. Acesso a dados
Figura 9.1: Parte da camada de persistência do Spring Fórum
O leitor já deve ter observado a repetição de um padrão: novamente vemos os
ganhos vindos da aplicação da injeção de dependências/inversão de controle, que
permitem ao desenvolvedor programar voltado para interfaces e não para implementações.
Guarde bem este padrão, pois todo o suporte oferecido pelo Spring às tecnologias de acesso a dados baseia-se neste. Mas antes de mergulharmos nas facilidades
oferecidas pelo Spring na adoção desta prática, vamos descobrir como o Spring lida
com um problema fundamental a todo DAO.
9.2
Conecte-se ao banco de dados
Todo DAO precisa de uma fonte de dados (data source). As três tecnologias de acesso
a dados abordadas neste capítulo têm como fonte de dados um objeto que implemente a interface javax.sql.DataSource que é responsável pela obtenção de objetos do tipo java.sql.Connection através da invocação do getConnection. No caso
do Spring, tudo o que precisamos fazer é declarar um bean. A principal decisão a ser
tomada pelo desenvolvedor diz respeito a qual implementação usar.
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9.2. Conecte-se ao banco de dados
Casa do Código
Há três formas de obter uma fonte de dados no Spring: usando JNDI, criando
uma fonte de dados baseada em drivers ou através de um pool de conexões. Na preparação de nosso ambiente faz-se necessária a inclusão de uma nova dependência.
No caso, estamos falando do módulo de suporte a JDBC do Spring, cuja dependência
no formato Maven é listada a seguir:
<dependency>
<groupId>org.springframework</groupId>
<artifactId>spring-jdbc</artifactId>
<version>3.1.2.RELEASE</version>
</dependency>
JNDI
Talvez seja a forma mais interessante de se obter uma fonte de dados. Aos que
não conhecem, JNDI (Java Naming and Directory Interface) é uma API presente na
plataforma Java EE que permite ao desenvolvedor obter objetos ou recursos através
de um nome. Caso sua aplicação seja executada em um servidor de aplicações, é
grande a probabilidade deste oferecer suporte à criação de fontes de dados disponibilizadas às aplicações hospedadas usando esta API.
Há duas grandes vantagens no JNDI. A primeira vem do fato de se tratar de uma
coniguração externa à aplicação, o que possibilita ao desenvolvedor alterar seus parâmetros sem a necessidade de que esta seja recompilada ou instalada novamente no
servidor. Dependendo do setup do servidor e da aplicação, muitas vezes o desenvolvedor sequer precisa reiniciar o sistema para que as alterações surtam efeito.
Há duas formas de se obter um data source desta maneira. O caminho mais fácil
se da através do namespace jee, que pode ser declarado tal como no trecho a seguir:
<beans default-autowire="byType"
xmlns="http://www.springframework.org/schema/beans"
xmlns:xsi="http://www.w3.org/2001/XMLSchema-instance"
xmlns:jee="http://www.springframework.org/schema/jee"
xsi:schemaLocation="http://www.springframework.org/schema/jee
http://www.springframework.org/schema/jee/spring-jee-3.1.xsd">
<!-- Restante do arquivo oculto para facilitar a leitura -->
</beans>
A tag que nos interessa é <jee:jndi-lookup/>, que obtém um recurso qualquer
pelo JNDI. Seu uso é muito simples como pode ser visto no código a seguir:
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Capítulo 9. Acesso a dados
<!-- Obtém uma fonte de dados identificada como 'dataSource -->
<jee:jndi-lookupid="dataSource"
id="dataSource"
jndi-name="/jdbc/SpringForumDS"/>
Esta é usada para obter qualquer recurso JNDI. Seu único atributo obrigatório
é jndi-name, que indica o nome do recurso a ser buscado. O segundo atributo,
resource-ref, quando não fornecido, indica que o nome do recurso será buscado
com base apenas no valor deinido em jndi-name.
Outro atributo interessante nesta tag é cache, cujo valor default é false.
Deinindo-o como true, o recurso será cacheado evitando assim novas consultas
ao diretório JNDI, o que pode propiciar um ganho de performance à aplicação. O
único ponto negativo de deinir este atributo como verdadeiro é o fato de que assim
perdemos a possibilidade de alterarmos as conigurações de nossas fontes de dados
sem a necessidade de reiniciarmos a aplicação.
Como JNDI normalmente é usado em servidores de aplicação, outro parâmetro
que deve ser levado em consideração é resource-ref que, caso omitido, tem seu
valor padrão como true. Por consequência, o identiicador JNDI receberá sempre o
preixo java:comp/env/, valor padrão usado por servidores de aplicação, minimizando assim a quantidade de coniguração a ser digitada.
Cada servidor de aplicações/servlet possui modos distintos de conigurar recursos JNDI, o que fugiria do escopo deste livro. É bom icar atento à documentação
oicial do ambiente que você estiver utilizando.
Fonte de dados baseada em driver
Se JNDI é discutivelmente a melhor opção de fonte de dados para produção,
há também a pior que é a baseada em driver. Por padrão o Spring vêm com uma
implementação chamada DriverManagerDataSource, que é a mais simples possível,
que sempre cria uma nova conexão com o banco de dados quando necessária. Não
é recomendável para ser usada no ambiente de produção por ser um fato conhecido
que a obtenção de conexões com o banco de dados é uma atividade bastante cara do
ponto de vista computacional.
Se é uma opção tão ruim assim, por que incluí-la no Spring? Por que é uma solução bastante interessante para casos mais simples, como a escrita de testes integrados
ou aplicações mais simples nas quais o preço a se pagar pela obtenção de uma conexão com o banco de dados compense. A deinição deste bean dentro do arquivo de
coniguração é bastante simples, como podemos ver no exemplo listado a seguir:
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9.2. Conecte-se ao banco de dados
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<bean id="dataSource"
class="org.springframework.jdbc.datasource.DriverManagerDataSource">
<property name="username" value="springbrasil"/>
<property name="password" value="springbrasil"/>
<property name="driverClassName" value="com.mysql.jdbc.Driver"/>
<property name="url"
value="jdbc:mysql://localhost:3306/springbrasil"/>
</bean>
O desenvolvedor precisa deinir apenas quatro parâmetros: username e
password para autenticar-se ao servidor, driverClassName deinindo o driver responsável pela obtenção de conexões com o banco de dados e, inalmente, a URL
de conexão, cujo valor irá variar de acordo com o sistema gerenciador de banco de
dados escolhido (no nosso exemplo usamos o MySQL).
Há uma outra variante desta implementação que obtém uma única conexão com
o banco de dados. É ainda menos recomendada que DriverManagerDataSource pelo
fato de poder causar problemas em aplicações multi-threaded. Sua coniguração é
praticamente igual à da versão anterior, variando-se apenas o nome da classe a ser
instanciada:
<bean id="dataSource"
class=
"org.springframework.jdbc.datasource.SingleConnectionDataSource">
<property name="username" value="springbrasil"/>
<property name="password" value="springbrasil"/>
<property name="driverClassName" value="com.mysql.jdbc.Driver"/>
<property name="url"
value="jdbc:mysql://localhost:3306/springbrasil"/>
</bean>
Deinindo um pool de conexões
Se a coniguração via JNDI estiver fora de mão e o leitor ouviu meu conselho de
não usar uma fonte de dados baseada em driver, uma opção intermediária é adotarmos alguma implementação de pool de conexões. Um pool consiste em uma estratégia de programação que nos permite obter ganhos signiicativos de performance,
minimizando nossa necessidade de instanciar objetos cuja construção seja cara.
A estratégia é simples: ao invés de a cada requisição criar um novo objeto, criar
mais de uma instância de uma vez, liberando-as para os objetos clientes conforme
estas sejam requisitadas. Quando a instância não for mais necessária, a classe cliente
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Capítulo 9. Acesso a dados
a devolve para o pool aonde será reaproveitada por outra classe cliente, caso seja
requisitada. Para a plataforma Java, há diversas implementações disponíveis, como
o C3P0 (http://www.mchange.com/projects/c3p0/), DBCP, usado pelo Tomcat (http:
//commons.apache.org/dbcp/) e muitas outras.
Estas implementações possuem basicamente as mesmas conigurações. Apenas
para ilustrar, será exposto a seguir como usar o C3P0. O primeiro passo é incluí-lo
no classpath do projeto. Basta adicionar sua dependência no arquivo pom.xml do
projeto:
<dependency>
<groupId>c3p0</groupId>
<artifactId>c3p0</artifactId>
<version>0.9.1.2</version>
</dependency>
Finalmente, basta declarar o bean tal como no código a seguir. Sua coniguração
é bastante similar à que precisamos fornecer para DriverManagerDataSource.
<bean id="dataSource" class="com.mchange.v2.c3p0.ComboPooledDataSource"
destroy-method="close">
<property name="driverClass" value="com.mysql.jdbc.Driver"/>
<property name="user" value="sf"/>
<property name="password" value="sf"/>
<property name="jdbcUrl"
value="jdbc:mysql://localhost:3306/spring_forum"/>
<property
<property
<property
<property
<property
</bean>
name="maxPoolSize" value="10"/>
name="acquireIncrement" value="1"/>
name="maxIdleTime" value="120"/>
name="acquireRetryAttempts" value="10"/>
name="initialPoolSize" value="10"/>
As primeiras quatro propriedades equivalem respectivamente à classe do driver
do nosso banco de dados, dados de autenticação sob a forma de nome do usuário e
senha e, inalmente, a URL de conexão. A novidade está por conta das cinco propriedades seguintes, cuja descrição detalhada podemos ver a seguir:
• maxPoolSize: deine o número máximo de conexões a ser armazenado no
pool.
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9.3. De volta ao DAO: o problema com as exceções
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• acquireIncrement: a cada requisição por uma conexão, deine quantas novas
conexões devem ser incluídas no pool caso este não possua mais conexões
disponíveis até atingir o número máximo deinido em maxPoolSize.
• maxIdleTime: deine o tempo máximo em segundos que uma conexão não
usada deve ser armazenada no pool.
• acquireRetryAttempts: deine o número de retentativas na obtenção de uma
nova conexão por parte do pool.
• initialPoolSize: deine o número inicial de conexões que devem existir
quando a primeira conexão for solicitada por alguma classe cliente.
Atenção especial deve ser dada ao atributo destroy-method, incluído na deinição do bean. O método close fechará todas as conexões abertas pelo pool quando
seu bean for inalizado pelo container.
9.3
De volta ao DAO: o problema com as exceções
A exceção SQLException em um primeiro momento parece uma solução bastante
elegante adotada pela equipe de desenvolvimento do JDBC. Infelizmente toda esta
elegância cai do salto a partir do momento em que pensamos nas situações em que
esta exceção é disparada:
• Quando não conseguimos obter uma conexão com o banco de dados;
• Comando SQL mal formado;
• Falha de conexão com o servidor;
• Violação de integridade;
• Problemas na liberação de recursos;
• Deadlocks;
• E qualquer outro problema decorrente do acesso a dados.
Como pode ser visto, é uma exceção aplicável a qualquer situação que fuja da
execução normal de nosso programa. Se quisermos dar algum tratamento especial,
temos de lidar com códigos de erro especíicos do desenvolvedor do driver/banco de
dados, tal como no exemplo a seguir:
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Capítulo 9. Acesso a dados
try {
//faço algo que pode disparar uma SQLException
} catch (SQLException ex) {
switch (ex.getErrorCode()) {
case 1022:
// chave duplicada no MySQL
break;
case 1037:
// falta de memória no MySQL
break;
}
}
De repente SQLException se mostrou manca também, pois além de ser excessivamente genérica, ainda nos obriga a escrever código voltado para um fornecedor
especíico, jogando no lixo toda aquela história de portabilidade usada para vender
o Java.
A situação melhora um pouco com o Hibernate, que possui uma hierarquia de exceções bem mais rica e nos possibilita tratar erros com maior granularidade. Há exceções como QueryException, OptimisticLockException,
ObjectNotFoundException e muitas outras.
Em um primeiro momento temos a impressão de que nosso problema foi resolvido, principalmente porque não são exceções checadas e, portanto, não precisam
ser incluídas nas declarações de métodos das nossas interfaces. Mas e se no futuro
precisarmos por alguma razão voltarmos para o JDBC em um ponto ou outro da
aplicação? Nossas classes cliente já estarão infectadas com referências a classes especíicas do Hibernate. Pior ainda: e se estivermos implementando um componente
reaproveitável?
Seria ótimo se houvesse uma hierarquia de exceções que fosse agnóstica em relação ao mecanismo de persistência, não é mesmo? Algo que vá além da deselegância
de nossa amiga SQLException mas que também não nos amarrasse a algum ORM
especíico como Hibernate. Esta hierarquia existe e é fornecida pelo Spring.
No diagrama abaixo podemos ver quão abrangente e genérica esta é, abordando
os principais problemas enfrentados pelos desenvolvedores. E sabe o que mais? Todas tem como base DataAccessException, que não é checada e portanto não precisa
ser incluída na declaração throws de nossa interface.
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9.4. Templates: acabe com o código repetido
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Figura 9.2: Hierarquia de exceções de acesso a dados do Spring
Internamente o Spring possui um mecanismo de tradução de exceções: há um
para cada tecnologia suportada pelo Spring. Sendo assim, encontramos classes como
SQLExceptionTranslator, HibernateExceptionTranslator e uma série de [sua
tecnologia de acesso favorita]ExceptionTranslators à disposição do desenvolvedor. O
mais interessante é que não precisamos lidar com estas classes diretamente: basta
usarmos os templates fornecidos pelo Spring.
9.4 Templates: acabe com o código repetido
Já reparou que em diversas situações repetimos sempre o mesmo script? Tome uma
atualização de dados ou consulta JDBC por exemplo. Temos um algoritmo que sempre segue a mesma sequencia de passos:
1) Obtenha uma conexão;
2) Inicie uma transação;
3) Execute uma consulta ou atualização de dados;
4) Comite a transação ou execute o rollback caso algo dê errado;
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Capítulo 9. Acesso a dados
5) Libere recursos fechando a conexão.
Sempre precisamos executar na ordem acima os dois primeiros e últimos passos
do algoritmo. Um template é um padrão de projeto que se popularizou com o livro
Padrões de Projeto [4]. Seu objetivo é delegar para uma subclasse um callback a parte
do algoritmo cuja execução seja customizada, mantendo assim intactos os passos
do algoritmo que normalmente não sofrem modiicações. Observando a imagem
a seguir, ica claro que os templates a que me reiro não são muito diferentes do
Tiles que vimos no capítulo 7: a diferença é que ao invés de lidarmos com marcação
HTML/Javascript estaremos lidando com código Java.
Figura 9.3: Exemplo de template
Templates desempenham um papel fundamental dentro do suporte a dados oferecido pelo Spring. Cada tecnologia suportada pelo framework possui seu próprio
template, responsável por encapsular os passos imutáveis do algoritmo, executarem
a transformação das exceções disparadas e reduzir a quantidade de código que o
desenvolvedor precisa escrever.
Nossa compreensão deste padrão se tornará mais clara na prática, sendo assim
convém tratarmos da API básica de persistência que o Spring suporta.
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9.5. O trabalho com JDBC
9.5
Casa do Código
O trabalho com JDBC
Talvez o JDBC seja o mecanismo de persistência que mais receba melhorias a partir
do Spring. Talvez não seja exagero dizer que o framework revitaliza esta API com
seus templates e classes de suporte de tal forma que o desenvolvedor possa sentir no
futuro um forte mal estar ao usá-la sem o Spring. Com ferramentas de mapeamento
tão avançadas como Hibernate, Toplink ou JPA muitos se questionam se realmente
vale à pena usarmos JDBC diretamente para manipularmos nossas bases de dados
relacionais. A verdade é que há diversos casos nos quais esta é a melhor opção:
• A equipe não precisa aprender outra API de acesso, apenas JDBC.
• Você precisa ter acesso rápido a funcionalidades especíicas do seu gerenciador
de banco de dados.
• É necessário tunar as consultas ou instruções de manipulação com granularidade máxima em seu projeto.
• Performance: apesar dos ORMs já otimizarem as consultas feitas ao banco de
dados, sempre há um caso ou outro que a ferramenta não consegue alcançar.
E nestes casos JDBC cai como uma luva.
• Você simplesmente prefere JDBC.
Quando lidamos com JDBC ica clara a quantidade de código duplicado que precisamos escrever. Como exemplo, veja o código abaixo responsável por listar todos
os assuntos do projeto Spring Fórum usando a abordagem tradicional:
class JdbcAssunto implements DAOAssunto {
public List<Assunto> listJDBC(int offset, int max) {
List<Assunto> resultado = new ArrayList<Assunto>();
Connection conexao = null;
try {
conexao = getDataSource().getConnection();
PreparedStatement stmt =
conexao.prepareStatement
("select id, nome from assunto limit ? offset ?");
stmt.setInt(1, max);
stmt.setInt(2, offset);
ResultSet rs = stmt.executeQuery();
while (rs.next()) {
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Capítulo 9. Acesso a dados
resultado.add(
new Assunto(rs.getLong(1), rs.getString(2)));
}
} catch (SQLException ex) {
// tratamento
} finally {
if (conexao != null) {
try {
conexao.close();
} catch (SQLException ex) {
// trate o erro
}
}
}
return resultado;
}
}
E o código usado para persistir um assunto não é muito diferente, conforme
podemos ver a seguir:
public void persistirJDBC(Assunto assunto) {
Connection conexao = null;
try {
conexao = getConnection();
conexao.setAutoCommit(false);
PreparedStatement stmt =
conexao.prepareStatement("insert into assunto (nome) values (?)");
stmt.setString(1, assunto.getNome());
stmt.executeUpdate();
conexao.commit();
} catch (SQLException ex) {
try {
conexao.rollback();
} catch (SQLException ex2) {
// não deu pra fazer rollback
}
} finally {
if (conexao != null) {
try {
conexao.close();
} catch (SQLException ex2) {
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9.5. O trabalho com JDBC
Casa do Código
// não consegui liberar o recurso
}
}
}
}
Vemos nitidamente que há um código replicado que “emoldura” o que realmente
interessa em cada método e que ocupa a maior parte do código que precisamos escrever. Entram em cena os templates oferecidos pelo Spring que facilitam nossa vida.
Templates JDBC
No desenvolver do Spring, três tipos de template surgiram para dar suporte
ao JDBC. No centro encontra-se JdbcTemplate, que oferece todas as funcionalidades básicas oferecidas pelo framework. NamedParameterJdbcTemplate que nos
oferece facilidades ao lidar com consultas que possuam parâmetros nomeados e
SimpleJdbcTemplate, que por algum tempo foi visto como o caminho a ser seguido
pelos desenvolvedores.
A história por trás do SimpleJdbcTemplate é curiosa. Esta classe aparece na versão 2.0 do Spring como uma conveniência que basicamente encapsula um objeto do
tipo JdbcTemplate e provê uma API mais simples de ser usada por ser baseada na
nova sintaxe oferecida pelo Java 5. A grosso modo, chamadas a esta API eram transformadas internamente e repassadas à instância JdbcTemplate para serem processadas.
Até a versão 3.0 do Spring era vista como a implementação que deveria ser adotada pelos desenvolvedores, visto que versões anteriores ao Java 5 não seriam mais
suportadas pelo Spring no futuro e também por possuir suporte a parâmetros nomeados. Na terceira edição do livro Spring em Ação [16] o autor chega a dizer que
as duas outras opções sequer precisam ser usadas, pelo fato de SimpleJdbcTemplate
oferecer todos os seus recursos. Todo este prestígio acaba com a versão 3.1 do Spring,
que passa a considerá-lo uma classe depreciada. Como?
Isto mesmo: olhando com maior atenção à classe JdbcTemplate, os desenvolvedores por trás do Spring perceberam que, pelo fato desta já possuir suporte ao Java
5 e estar no centro do suporte ao JDBC, não há razão em se manter três tipos de
template.
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Capítulo 9. Acesso a dados
O uso do JdbcTemplate
Com JdbcTemplate, o programador não precisa se preocupar com obtenção e
liberação de recursos, pois estes já são implementados pelo template. Precisamos nos
preocupar somente com o que realmente importa, que é implementação de nossos
comandos SQL e extração dos resultados. Além disto, esta classe também possui a
função de transformar exceções especíicas do JDBC para a hierarquia oferecida pelo
Spring que vimos no início deste capítulo.
Uma vantagem de JdbcTemplate é o fato desta classe ser thread safe após conigurada, o que nos possibilita ter uma única instância desta compartilhada por todos
os nossos beans que precisem de seus serviços. Há casos em que uma nova instância
só é criada caso seja necessário lidar com fontes de dados distintas.
Por falar em instanciação, a sua é bastante simples: basta usar seu construtor
que receba como parâmetro um objeto do tipo javax.sql.DataSource ou então
simplesmente injetar uma fonte de dados por setter. Podemos ver no exemplo a
seguir como declará-la em um arquivo de coniguração XML:
<!-- por setter -->
<bean id="jdbcTemplatePorSetter"
class="org.springframework.jdbc.core.JdbcTemplate">
<property name="dataSource" ref="dataSource"/>
</bean>
<!-- por construtor -->
<bean id="jdbcPorConstrutor"
class="org.springframework.jdbc.core.JdbcTemplate">
<constructor-arg ref="dataSource"/>
</bean>
<!-- ou por auto wiring -->
<bean id="jdbcAutoWired"
class="org.springframework.jdbc.core.JdbcTemplate"
autowire="byType"/>
Normalmente, JdbcTemplate é injetado em nossos DAOs que o usam como base
para todas as suas operações. Surgiu inclusive um padrão para este tipo de classe.
Neste padrão, que ainda não possui um nome, uma nova instância do template é
gerada no momento em que injetamos um objeto do tipo DataSource. Podemos ver
um exemplo de implementação deste padrão no código a seguir:
public abstract class BaseJdbcDAO {
private JdbcTemplate jdbcTemplate;
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9.5. O trabalho com JDBC
Casa do Código
@Autowired
public void setDataSource(DataSource ds) {
/*
Não precisamos de uma instância real do DataSource
se todas as nossas operações serão feitas usando o
JDBCTemplate, certo?
*/
jdbcTemplate = new JdbcTemplate(ds);
}
}
Este padrão é tão comum que no Spring já vêm uma implementação bastante similar ao exemplo exposto anteriormente. Trata-se da classe
org.springframework.jdbc.core.support.JdbcDaoSupport. Não é necessário
implementar o código descrito acima para encapsular seu JdbcTemplate, basta que
suas classes estendam JdbcDaoSupport.
Consultando com JdbcTemplate
Como mencionado, ao lidarmos com os templates do Spring, só precisamos nos preocupar com a deinição de nossas consultas e na extração de dados.
JdbcTemplate nos oferece uma série de métodos incrivelmente úteis quando precisamos buscar apenas um campo de nossas consultas. Abaixo podemos ver um
exemplo extraído do Spring Fórum que pode chocar o leitor acostumado ao modo
de trabalho tradicional JDBC:
public class JdbcAssunto extends JdbcDaoSupport {
public int getTotalAssuntos() {
return getJdbcTemplate()
.queryForInt("select count(*) from assunto");
}
}
Uma linha de código! O ganho de produtividade se mostra mais evidente quando
comparamos o exemplo acima com uma implementação mais tradicional como a
seguir em que foi necessário escrever no mínimo 17:
public int getTotalAssuntosJDBC() {
Connection conexao = null;
ResultSet rs = null;
194
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Capítulo 9. Acesso a dados
try {
conexao = .getConnection();
rs = conexao.createStatement()
.executeQuery("select count(*) from assunto");
rs.next();
return rs.getInt(1);
} catch (SQLException ex) {
// trato o erro de alguma forma
} finally {
try {
if (rs != null) rs.close();
if (conexao != null) conexao.close();
} catch (SQLException ex) {
// trata o erro
}
}
}
Para consultas nas quais pretendemos obter apenas um campo JdbcTemplate,
o desenvolvedor não precisa se preocupar com a extração dos dados, visto que o
próprio template já executa este trabalho para nós. Há uma série de funções para este
im implementadas em JdbcTemplate, cujas mais populares podemos ver na lista a
seguir, que sempre possuem duas assinaturas: uma que contém apenas a consulta, e
outra que contém, além da consulta, uma lista no formato varargs do Java 5. Dentre
estas destacam-se queryForInt, queryForLong, queryForString, queryForObject
e outras, cujo tipo retornado já se encontra descrito no próprio nome da função.
Buscar um único valor passando parâmetros é também igualmente simples, tal
como pode ser visto no exemplo a seguir:
public long getIdUsuario(String login, String nome) {
getJdbcTemplate()
.queryForLong("select id from usuario where login = ? and nome = ?",
login, nome);
}
Na prática sabemos que os dois exemplos acima são casos raros. É muito mais
comum precisamos que nossas consultas nos retornem entidades totalmente preenchidas (daí a popularidade das ferramentas ORM). Este processo de obter os dados a
partir da consulta e em seguida transformá-los em objetos complexos é o que chamamos de extração. Para ilustrar o processo iremos mais uma vez recorrer ao projeto
195
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9.5. O trabalho com JDBC
Casa do Código
Spring Fórum. O código a seguir retorna uma lista com os assuntos presentes no
banco de dados usando paginação:
public List<Assunto> list(int offset, int max) {
Integer[] parametros = {max, offset};
return getJdbcTemplate().query(
"select id, nome from assunto limit ? offset ?",
parametros,
new RowMapper<Assunto>(){
public Assunto mapRow(ResultSet rs, int rowNum) throws SQLException {
Assunto assunto = new Assunto();
assunto.setId(rs.getLong(1));
assunto.setNome(rs.getString(2));
return assunto;
}});
}
A função query de JdbcTemplate recebe três valores: nossa consulta, a lista de
parâmetros que passaremos à nossa consulta sob a forma de uma matriz de objetos e
uma implementação de org.springframework.jdbc.core.RowMapper, que é a interface de callback responsável por ler os campos de cada registro obtido por nossa
consulta e retornar um objeto baseado nestes valores.
Observe que RowMapper usa generics. Com isto conseguimos escrever código
bem limpo, como o exposto. Precisamos implementar um único método, mapRow,
que possui por objetivo mapear os campos presentes no registro corrente de nossa
consulta para o objeto de nossa escolha. Este método recebe dois parâmetros: um
objeto do tipo java.sql.ResultSet e outro do tipo inteiro, usado para representar
a posição do registro dentro do resultado obtido.
Importante: quem itera sobre os registros é a classe JdbcTemplate, e não nossa
implementação de RowMapper, sendo assim, em hipótese alguma o desenvolvedor
deve invocar o método next() do objeto ResultSet dentro desta classe. Este é um
erro comum que pode ocasionar consequências imprevisíveis de acordo com o driver
do banco de dados usado em sua aplicação.
Atualizando a base de dados
As mesmas facilidades que vimos para a obtenção de dados, também se aplica
à sua atualização. Se para a obtenção de registros o JdbcTemplate nos oferece a
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Capítulo 9. Acesso a dados
função query, a função básica que usaremos agora é update. Seu funcionamento é
praticamente idêntico ao que já vimos anteriormente, o que pode ser conirmado no
código a seguir que atualiza os dados da entidade Assunto passada como parâmetro:
public void update(Assunto assunto) {
getJdbcTemplate().update("update assunto set nome = ? where id = ?",
assunto.getNome(), assunto.getId());
}
Vemos exatamente a mesma assinatura do método query: uma string representando o comando a ser executado contra o banco de dados e os parâmetros passados
em ordem usando a sintaxe varargs do Java 5. Na versão anterior do JdbcTemplate
em que o suporte à nova sintaxe da linguagem Java não estava presente, seria passada
uma matriz de objetos tal como no exemplo a seguir:
public void update(Assunto assunto) {
Object[] parametros = {assunto.getNome(), assunto.getId()};
getJdbcTemplate()
.update("update assunto set nome = ? where id = ?", parametros);
}
Executar comandos DDL (Data Deinition Language) contra a base de dados segue a mesma linha. A diferença é que usamos a função execute, que vemos em
prática no exemplo a seguir:
String ddl = "create table assunto(" +
"id long auto_increment not null, " +
"nome varchar(255) not null, " +
"primary key(id))";
getJdbcTemplate().execute(ddl);
O interessante desse método é que ele pode ser usado para executar qualquer
tipo de instrução SQL, por exemplo, para executar registros de atualização de banco
de dados em seus projetos, tal como no exemplo a seguir:
public void atualizarBD(File arquivo) {
/*
Obtém um java.io.BufferedReader a partir do arquivo
Código omitido para facilitar a leitura do exemplo
*/
BufferedReader reader = obterBufferedReader(arquivo);
197
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9.5. O trabalho com JDBC
Casa do Código
String comando = null;
while ((comando = reader.readLine()) != null) {
getJdbcTemplate().execute(comando);
}
// Restante omitido
}
Inserção facilitada: obtenha os valores gerados de forma automática
Na versão 2.5 do Spring uma nova classe foi adicionada ao arsenal JDBC do
framework. Apesar de pouco divulgada e usada, é uma ferramenta muito interessante quando enfrentamos problemas ao lidar com a inserção de registros. Estou
falando de SimpleJdbcInsert, uma classe que basicamente é um invólucro para o
JdbcTemplate.
Apesar de parecer simples a inserção de registros é uma tarefa que carrega alguns
desaios. Tome por exemplo a obtenção do valor de um campo gerado automaticamente como no caso de chaves primárias, que será o que veremos nesta seção. Assim
como JdbcTemplate, SimpleJdbcInsert também é thread safe uma vez que tenha
sido conigurado, porém sua construção é mais interessante, pois baseia-se no padrão builder. No código a seguir podemos ver um exemplo de seu uso.
public void inserir(Assunto assunto) {
HashMap<String, Object> parametros = new HashMap<String, Object>();
parametros.put("nome", assunto.getNome());
long id = new SimpleJdbcInsert(getDataSource())
.withTableName("assunto")
.usingGeneratedKeyColumns("id")
.executeAndReturnKey(parametros).longValue();
assunto.setId(id);
}
O exemplo insere um novo registro na tabela assunto e, logo em seguida, retorna
o valor da chave primária da tabela, no caso, um campo auto incremental. A primeira
parte do código cria um mapa aonde se encontrarão presentes os valores de todos os
campos que pretendemos inserir em nossa tabela, levando como chave o nome do
campo a ser preenchido.
A novidade está no modo como instanciamos nosso SimpleJdbcInsert. Seu
construtor pode receber como valor tanto um objeto do tipo JdbcTemplate
quanto um DataSource. Caso seja o segundo caso, será criado internamente um
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Casa do Código
Capítulo 9. Acesso a dados
novo objeto JdbcTemplate encapsulado. Em seguida são invocadas as funções
withTableName, usada para deinir o nome da tabela na qual será feita a inclusão e
usingGeneratedKeyColumns, que irá instruir SimpleJdbcInsert a respeito de quais
campos auto gerados devem ser monitorados.
Finalmente, a função executeAndReturnKey, que recebe como parâmetro o
mapa criado anteriormente irá executar a inserção na tabela e retornará como resultado um objeto do tipo java.lang.Number representando o valor gerado para o
campo id deinido pelo método usingGeneratedKeyColumns.
Processamento em lote
Como mencionado, uma das possíveis razões pelas quais os desenvolvedores optam pelo JDBC é performance. Um dos maiores vilões nesta área é o tráfego na rede.
Se formos executar N inserções ou edições em nossa base de dados em série e cada
uma requerer uma conexão remota, com certeza pagaremos um alto preço neste requisito. Para minimizar este problema diversos fornecedores de bancos de dados
incluem seus drivers JDBC a possibilidade de processamento em lote.
Por processamento em lote entenda a possibilidade de enviar grupos de comandos SQL em uma única transmissão ao banco de dados. Com isto o tráfego
pela rede diminuirá signiicativamente e nossa performance sofrerá melhorias expressivas. Novamente aqui o Spring salva nossa pele com a interface de callback
org.springframework.jdbc.core.BatchPreparedStatementSetter. Para ilustrar
seu uso, vamos expor a implementação de uma classe que importa deinições de
usuários armazenadas em arquivo para o nosso banco de dados conforme veremos
a seguir:
public void importarUsuarios(File arquivo) {
// Obtém uma lista de usuários a partir do arquivo de entrada
final List<Usuario> usuarios = obterUsuarios(arquivo);
// Nosso BatchPreparedStatementSetter
BatchPreparedStatementSetter batch =
new BatchPreparedStatementSetter() {
public void setValues(PreparedStatement ps, int i) {
Usuario usr = usuarios.get(i);
ps.setString(1, usr.getNome());
ps.setString(2, usr.getLogin());
ps.setString(3, usr.getSenha());
}
199
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9.6. O trabalho com o Hibernate
Casa do Código
public int getBatchSize() {
return usuarios.size();
}
}
// Executa o processamento em lote
jdbcTemplate.
batchUpdate(
"insert into usuario (nome, login, senha) values (?,?,?)",
batch);
}
A função getBatchSize retorna um valor inteiro representando o tamanho do
lote. Em nosso caso, esta retorna como valor o número de instâncias da classe
Usuario que a função obterUsuarios recebeu. Atenção especial deve ser dada
ao método setValues que recebe dois parâmetros de entrada: um objeto do tipo
java.sql.PreparedStatement e um inteiro indicando a posição do comando dentro do lote.
O programador deverá apenas deinir os valores dos parâmetros dentro da consulta e mais nada. Lembre-se que o responsável por executar o lote de operações não
é o BatchPreparedStatementSetter - repare no nome da classe - mas sim o nosso
JdbcTemplate.
9.6 O trabalho com o Hibernate
Como JDBC é a base de toda a infraestrutura, nada mais natural que seja também
a opção mais primitiva, o que justiica o fato da maior parte deste capítulo ter sido
voltada a esta tecnologia. Quando lidamos com um ORM, estamos encarando uma
criatura bem mais evoluída: no caso do Hibernate, por exemplo, praticamente todas
as facilidades referentes a manipulação e pesquisa de dados se encontram presentes
na interface org.hibernate.Session.
Caso o leitor já tenha trabalhado com o Hibernate, já está familiarizado com o
SessionFactory, que é o objeto responsável por criar, abrir e fechar sessões. E com
as sessões contextuais, esta entidade consegue liberar o desenvolvedor da necessidade
de implementar código responsável pela obtenção e fechamento de sessões.
Neste ponto é importante lembrarmos das três principais responsabilidades dos
templates de acesso a dados do Spring:
200
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Casa do Código
Capítulo 9. Acesso a dados
• Facilitar a implementação de consultas e atualizações da base de dados;
• Gerenciar recursos de forma transparente ao programador. Por recurso, entenda a unidade básica responsável pela persistência. No caso do JDBC, estamos falando de conexões, para o Hibernate, sessões;
• Transformar exceções especíicas de uma tecnologia para a hierarquia do
Spring.
Levando em consideração que das três responsabilidades de um template de
acesso a dados do Spring, as duas primeiras já foram resolvidas pelo próprio Hibernate em sua evolução, a existência de um template especíico para esta tecnologia
só serviria para atender a terceira necessidade.
Coloque-se no lugar de um dos responsáveis pela evolução do Spring: há um ganho real em manter um template especíico para o Hibernate só para lidar com exceções especíicas de plataforma? Não. Será que não estaríamos poluindo o código dos
desenvolvedores que usam nosso framework só para suprir esta necessidade? Sim.
Valeria à pena? Não. Há alguma solução alternativa para o problema das exceções?
Sim!
Existe um HibernateTemplate!
Nem sempre o Hibernate ofereceu o recurso de sessões contextuais. Nesta época a forma mais popular de lidar com o Spring
era através da classe HibernateTemplate, disponível no pacote
org.springframework.orm.hibernate3, que funcionava exatamente
como JdbcTemplate que vimos na primeira parte deste capítulo.
Já no pacote org.springframework.orm.hibernate4 esta classe não
existe, e tentar usar HibernateTemplate com a versão 4 do Hibernate
é altamente não recomendado, pois esta simplesmente não funcionará
como esperado. Sendo assim, o melhor caminho a se seguir é simplesmente ignorar esta classe, que ainda é distribuída junto com o Spring
apenas para ins de retro compatibilidade.
201
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9.6. O trabalho com o Hibernate
Casa do Código
Preparando o ambiente
Para ativar o suporte ao Hibernate precisamos adicionar uma nova dependência
ao nosso projeto. Trata-se do pacote spring-orm, que nos fornecerá suporte aos
principais ORMs do mercado suportados pelo Spring: Hibernate (3, e 4), iBatis, JDO
e JPA. Abaixo segue como esta dependência deve ser incluída no arquivo pom.xml.
<dependency>
<groupId>org.springframework</groupId>
<artifactId>spring-orm</artifactId>
<version>3.1.2.RELEASE</version>
</dependency>
Como lidar com exceções
Como mencionado, não precisamos de templates para lidarmos com as transformações de exceções especíicas de plataforma para as da hierarquia uniforme do
Spring. A solução é bastante simples: basta anotarmos nosso DAO com @Repository
ao invés de @Component como izemos até então. Esta é uma solução interessante
que pode ser aplicada a qualquer DAO, inclusive JDBC. Esta anotação é um estereótipo que permite ao container do Spring aplicar funcionalidades mais interessantes
a DAOs, pois os diferencia dos demais beans deinidos em seu contexto.
A seguir podemos ver um exemplo de aplicação desta anotação, no caso, na versão Hibernate do nosso DAOAssunto.
import org.springframework.stereotype.Repository;
@Repository
public class HibernateAssunto {
// conteúdo omitido
}
Apenas a presença da anotação não é suiciente:
faz-se necessário também incluir a deinição de um novo bean do tipo
PersistenceExceptionTranslationPostProcessor. O que este bean faz é criar
um aspecto do tipo after throw para todos os beans anotados com @Repository.
A exceção será interceptada e automaticamente convertida para outra presente
na hierarquia de exceções uniformizada do Spring. Abaixo podemos ver como a
declaração deste bean - que sequer precisa de um nome - é trivial em XML:
202
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Capítulo 9. Acesso a dados
<bean class="org.springframework.dao.annotation.
PersistenceExceptionTranslationPostProcessor"/>
E com isto os templates se tornam completamente desnecessários não só para o
Hibernate mas também para qualquer outro ORM que seja nativamente suportado
pelo Spring.
O trabalho com a SessionFactory
Assim como o primeiro passo ao lidarmos com JDBC é a coniguração da fonte
de dados, nosso segundo passo ao conigurarmos o Hibernate é a deinição da nossa
implementação da SessionFactory. Há dois pacotes que devem ser levados em
consideração no suporte ao Hibernate: org.springframework.orm.hibernate3 e
org.springframework.orm.hibernate4, que contém respectivamente as classes de
suporte às versões 3 e 4 do ORM.
Qual implementação de SessionFactory escolher depende de duas condições:
a versão do Hibernate usada em seu projeto e qual a opção de mapeamento adotada:
XML ou anotações.
No caso de estarmos lidando com Hibernate 3, temos duas implementações
a escolher: LocalSessionFactoryBean, caso tenhamos optado por conigurações
no formato XML ou AnnotationSessionFactoryBean, implementada no pacote
org.springframework.orm.hibernate3.annotation para anotações.
Começaremos com LocalSessionFactoryBean, pois sua coniguração básica
será muito similar à de AnnotationSessionFactoryBean. Podemos ver abaixo um
exemplo de sua declaração:
<bean
class="org.springframework.orm.hibernate3.LocalSessionFactoryBean">
<property name="dataSource" ref="dataSource"/>
<property name="hibernateProperties">
<props>
<prop key="hibernate.dialect">
org.hibernate.dialect.MySQL5InnoDBDialect
</prop>
<prop key="hibernate.hbm2ddl.auto">update</prop>
</props>
</property>
</bean>
203
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9.6. O trabalho com o Hibernate
Casa do Código
O trecho exposto é comum a todas as implementações de SessionFactory. Duas
são as propriedades que sempre devem ser preenchidas: dataSource, apontando
para a fonte de dados a ser usada e hibernateProperties, contendo todas as chaves
de coniguração que normalmente incluiríamos no arquivo hibernate.cfg.
O restante da coniguração dirá respeito ao modo como mapeamos nossas classes. Caso nossa opção tenha sido por arquivos XML, podemos incluir os arquivos a
serem levados em consideração um a um como no código a seguir:
<bean
class="org.springframework.orm.hibernate3.LocalSessionFactoryBean">
<!-- restante oculto para facilitar leitura -->
<property name="mappingResources">
<list>
<value>springforum.entidades.Assunto.hbm.xml</value>
<value>springforum.entidades.Topico.hbm.xml</value>
<!-- os demais arquivos seguiriam a mesma regra -->
</list>
</property>
</bean>
Mas o desenvolvedor também pode se preferir apontar quais os caminhos dentro do classpath ou sistema de arquivos aonde devem ser buscados os arquivos de
coniguração a serem lidos como no exemplo a seguir:
<bean class="org.springframework.orm.hibernate3.LocalSessionFactoryBean">
<!-- restante oculto para facilitar leitura -->
<property name="mappingLocations">
<list>
<value>classpath:br.com.itexto.springforum.entidades</value>
<value>file:///home/kicolobo/mapeamentos</value>
</list>
</property>
</bean>
Caso nosso objetivo seja lidar com anotações com Hibernate 3, conforme mencionado, LocalSessionFactoryBean não mais se encaixa. A partir deste momento passaremos a usar AnnotationSessionFactoryBean. A diferença entre
esta implementação e a que vimos anteriormente é que não temos mais as propriedades mappingResources e mappingLocations, mas sim annotatedClasses
aonde deinimos individualmente cada classe anotada com a qual trabalharemos
204
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Capítulo 9. Acesso a dados
e annotatedPackages, usada para deinir quais os pacotes em nosso classpath que
contém as entidades anotadas em nosso sistema.
A seguir podemos ver dois exemplos de deinição deste bean:
<bean class="org.springframework.orm.hibernate3.annotation
.AnnotationSessionFactoryBean">
<!-- Definindo classes anotadas individualmente -->
<property name="annotatedClasses">
<list>
<value>br.com.itexto.springforum.entidades.Assunto</value>
<value>br.com.itexto.springforum.entidades.Topico</value>
</list>
</property>
<!-- Ou definindo apenas os pacotes aonde se encontram nossas
classes anotadas -->
<property name="annotatedPackages">
<list>
<value>br.com.itexto.springforum</value>
</list>
</property>
</bean>
E sim, é possível misturar os dois tipos de caminho na mesma deinição para
obter máxima lexibilidade.
Quando formos trabalhar com Hibernate 4 nossa vida se torna mais simples, pois não temos mais duas implementações distintas de SessionFactory, mas
apenas uma: org.springframework.orm.hibernate4.LocalSessionFactoryBean,
que pode lidar tanto com conigurações no formato XML quanto anotações. E ainda
mais interessante, ainda nos possibilita misturar os dois formatos caso assim quiséssemos. Abaixo podemos ver um exemplo de deinição deste bean:
<bean class="org.springframework.hibernate4.LocalSessionFactoryBean">
<!-- DataSource -->
<property name="dataSource" ref="dataSource"/>
<!-- As configurações específicas do Hibernate -->
<property name="hibernateProperties">
<props>
<prop key="hibernate.dialect">
org.hibernate.dialect.MySQL5InnoDBDialect
</prop>
<prop key="hibernate.hbm2ddl.auto">update</prop>
205
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9.6. O trabalho com o Hibernate
Casa do Código
</props>
</property>
<!-As opções de mapeamento que são exatamente as
mesmas que vimos para o Hibernate 3
-->
<property name="annotatedClasses">
<list>
<value>br.com.itexto.springforum.entidades.Assunto</value>
<value>br.com.itexto.springforum.entidades.Topico</value>
</list>
</property>
<property name="annotatedPackages">
<list>
<value>br.com.itexto.springforum</value>
</list>
</property>
<property name="mappingResources">
<list>
<value>springforum.entidades.Assunto.hbm.xml</value>
<value>springforum.entidades.Topico.hbm.xml</value>
</list>
</property>
</bean>
DAOs com Hibernate
Ao adotarmos uma ferramenta ORM como Hibernate a escrita da camada de
persistência se torna muito mais simples porque é ordens de magnitude mais fácil
escrever DAOs genéricos, ou seja, ao invés de escrevermos uma implementação do
DAO para cada entidade, é possível escrever uma única que seja capaz de lidar com
o maior número de situações possível e, para lidar com os casos em que situações
peculiares ocorram, bastaria escrever uma subclasse desta.
Com essa classe genérica, poderíamos criar um método que encapsule a obtenção da Session, dessa forma, todos os outros DAOs que a herdarem terão essa funcionalidade.
public class GenericDAO<T> {
@Autowired
206
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Capítulo 9. Acesso a dados
private SessionFactory sessionFactory;
protected Session getSession() {
return sessionFactory.getCurrentSession();
}
// restante oculto para facilitar a leitura
}
Por via de regra, sempre obtenha uma sessão de SessionFactory a partir da
função getCurrentSession, pois assim temos a garantia de que estaremos sempre
lidando dentro do contexto transacional correto - para tal, você deve ativar o suporte
a transações do Spring como veremos no próximo capítulo, caso contrário uma exceção será disparada dizendo que nenhuma transação está ativa. Porém, uma vez
conigurado o desenvolvedor não precisa mais se preocupar com isto, tal como é
exposto no exemplo a seguir:
public class GenericDAO<T> {
public void persistir(T objeto) {
getSession().saveOrUpdate(objeto);
}
}
9.7 Integre com a JPA
Finalmente, temos o JPA. O modo como Spring lida com esta tecnologia é exatamente o mesmo que vimos com Hibernate. Enquanto na versão 3.0 do framework
tínhamos a classe JpaTemplate, este perde sua função na versão 3.1 pelas mesmas
razões que levaram à obsolência de HibernateTemplate. Sendo assim, as mesmas
práticas se aplicam:
• Anote seus DAOs com @Repository para que o Spring possa fazer a transição
das exceções especíicas do JPA para as padrão do Spring;
• Templates não são mais necessários porque EntityManagerFactory já cuida
da criação e destruição das instâncias de EntityManager;
• As facilidades para pesquisa e persistência esperadas em um template já estão
presentes em EntityManager.
Sendo assim, tudo o que precisamos saber para trabalhar com JPA é como instanciar o EntityManagerFactory correto. A mesma coniguração de ambiente aplicada
207
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9.7. Integre com a JPA
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no caso do Hibernate, a inclusão da dependência spring-orm aplica-se no caso do
JPA.
Existe um JpaTemplate!
Na realidade existe um JpaTemplate, porém desde a versão 3.1 do Spring
seu uso é não recomendado e aplica-se apenas à primeira versão do
JPA, sem planos de ser desenvolvido no futuro. As razões pelas quais
esta classe foi marcada como depreciada pela equipe de desenvolvimento do framework são exatamente as mesmas que tornaram obsoleto
o HibernateTemplate.
Obtendo o EntityManagerFactory
Sempre que iniciamos um projeto baseado em JPA a primeira escolha que precisamos fazer diz respeito ao tipo de EntityManagerFactory com o qual trabalharemos. Há dois tipos de acordo com quem o gerencia: a aplicação ou o servidor de
aplicações. Quando gerenciado pela aplicação, esta é a responsável por controlar o
contexto transacional e como serão criadas novas instâncias do EntityManager, já
no caso em que o container o gerencia, a aplicação de forma alguma deveria interagir
diretamente com esta entidade.
Para você que trabalha com Spring, não importará qual EntityManagerFactory
será usado, pois o Spring será sempre o responsável por gerenciar o contexto transacional e o modo como novas instâncias do EntityManager serão instanciados. O
único momento em que esta questão se apresentará será quando deinirmos qual
bean declararemos como nossa implementação de EntityManagerFactory.
Assim como no caso do suporte ao Hibernate 3, o Spring nos oferece duas implementações a escolha do desenvolvedor:
• LocalEntityManagerFactoryBean: para os casos em que a própria aplicação
gerencia o EntityManagerFactory;
• LocalContainerManagerFactoryBean: no caso de estarmos lidando com um
servidor de aplicações.
Para começar, veremos como conigurar o JPA quando este é gerenciado pela
aplicação. Ao contrário do que ocorre no caso do Hibernate em que toda a coniguração é movida para o container do Spring, quando lidamos com JPA é necessário
208
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Capítulo 9. Acesso a dados
que as convenções deste mecanismo de persistência sejam respeitadas. Isto quer dizer que ainda se faz necessária a presença do arquivo persistence.xml dentro do
diretório META-INF do seu projeto, o que nos traz como vantagem o fato de não precisarmos digitar estas conigurações dentro do container do Spring. A seguir podemos
ver um exemplo de como deinir o bean LocalEntityManagerFactoryBean.
<bean class="org.springframework.orm.jpa.LocalEntityManagerFactoryBean">
<property name="persistenceUnitName" value="springForumPU" />
</bean>
Repare que só precisamos deinir uma propriedade neste caso, que é
persistenceUnitName. Seu valor deve corresponder à mesma unidade de persistência que deinimos no arquivo persistence.xml. Esta é também a versão mais
primitiva oferecida pelo Spring, pois não nos permite deinir uma fonte de dados
customizada como izemos com Hibernate e JDBC, além de também não possuir
suporte a transações globais. Deve ser usado apenas em ambientes de teste ou aplicações que sejam executadas stand alone, ou seja, fora de um servidor de aplicações.
Caso estejamos trabalhando com um servidor de aplicações, também podemos
obter um EntityManagerFactoryBean via JNDI. Para tal, basta procedermos exatamente como izemos para obter uma fonte de dados a partir desta API usando o
namespace jee que vimos no início deste capítulo.
<jee:jndi-lookup id="emf"
jndi-name="persistence/unidadePersistenciaSpringForum"/>
Neste caso o pré-requisito é de que toda a coniguração JPA seja gerenciada unicamente pelo servidor de aplicações responsável pela detecção das unidades de persistência. No caso é importante lembrar que o nome JNDI deve corresponder ao
nome da unidade de persistência especíico de sua aplicação.
E inalmente temos o LocalContainerEntityManagerFactoryBean:: como
opção, que é a mais poderosa oferecida pelo Spring e nos permite
configurar com um nível de granularidade bem maior o modo como
nosso EntityManagerFactory deve se comportar. Este possui como
principais vantagens a possibilidade de trabalhar com fontes de dados
customizadas pelo Spring e o fato de estar habilitado para lidar com
transações locais e globais, ao contrário de LocalEntityManagerFactory-
Bean
209
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9.7. Integre com a JPA
Casa do Código
Uma adição bastante útil é a presença da propriedade packagesToScan, que é
muito útil quando encontramos mais de um arquivo persistence.xml no classpath
de nossa aplicação.
<bean id="emf"
class="org.springframework.orm.jpa.
LocalContainerEntityManagerFactoryBean">
<property name="dataSource" ref="dsSpringForum"/>
<property name="packagesToScan">
<list>
<value>br.com.itexto.springforum.dao.jpa</value>
</list>
</property>
</bean>
Escrevendo DAOs
Basicamente a mesma estratégia que aplicamos ao Hibernate é repetida para o
JPA. Basta que implementemos nossos DAOs de tal forma que nestes possa ser injetado nossa instância de EntityManagerFactory. Neste caso, podemos inclusive tirar
proveito da anotação @PersistenceUnit do JPA, tal como pode ser visto na listagem
a seguir:
@Repository
public class GenericDAO<T> {
private EntityManagerFactory emf;
@PersistenceUnit
public void setEntityManagerFactory(EntityManagerFactory emf) {
this.emf = emf;
}
protected EntityManager getEntityManager() {
return emf.createEntityManager();
}
// restante do código omitido
}
E assim como izemos no caso do Hibernate, o mesmo se aplica ao JPA. Trabalhamos com este motor de persistência exatamente como faríamos normalmente, tal
como ilustrado no código a seguir:
210
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Capítulo 9. Acesso a dados
publci class GenericDAO<T> {
public void persistir(T objeto) {
getEntityManager().persist(objeto);
}
}
9.8 Concluindo
Neste capítulo vimos o suporte que o Spring oferece a três das mais populares opções
de persistência adotadas por desenvolvedores Java: JDBC, Hibernate e JPA. Na primeira parte deste capítulo vimos como a API JDBC, apesar de tão sólida é limitada,
fornecendo assim possibilidades de melhorias que são muito bem implementadas a
partir dos templates do Spring.
É importante observar as mudanças que o framework sofreu do seu release anterior (3.0) para o atual (3.1) no que diz respeito ao seu suporte a ORMs, deixando de
lado os templates e adotando como solução uma menor dependência entre nossas
classes e as do framework.
Fica clara a tendência de redução do escopo do Spring nesta área conforme estas ferramentas evoluem. Esta tendência exibe uma característica muito positiva da
equipe responsável pelo desenvolvimento do Spring, que é o seu pragmatismo. Não
há razões para reinventar a roda quando a tecnologia subjacente já possui boas alternativas para os problemas apresentados.
211
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Capítulo 10
Gerenciando transações
Um dos requisitos fundamentais por trás de toda aplicação é garantir a consistência
das nossas bases de dados. No capítulo anterior aprendemos como o Spring facilita a
escrita da camada de persistência. Com isto resolvemos boa parte dos nossos problemas, porém ainda não garantimos a integridade dos nossos dados. Muitos sistemas
atuais possuem um alto nível de concorrência e processamento paralelo, e não há
como garantir esta necessidade sem o auxílio do contexto transacional que o Spring
praticamente trivializa.
10.1
Entendendo as transações
A grosso modo, uma transação representa um conjunto de operações no qual ou
todas são executadas com sucesso ou nenhuma é. Como exemplo vamos imaginar
que no projeto Spring Fórum seja implementada uma loja. Sempre que um cliente
comprar um produto, o seguinte conjunto de operações é executado:
1) O estoque é decrementado;
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10.1. Entendendo as transações
Casa do Código
2) É feito o débito no cartão do cliente;
3) Um e-mail de conirmação de compra é enviado;
4) É enviada uma solicitação de envio para a transportadora.
Agora imagine que o segundo passo apresente algum problema e não seja feito
o débito no cartão do cliente: teremos decrementado nosso estoque, enviado um email de conirmação de compra e o produto talvez já esteja inclusive a caminho. Este
conjunto de atividades possui um nome dentro do jargão transacional: unidade de
trabalho (unit of work).
A grosso modo, o que uma transação realmente faz é transformar um conjunto
de tarefas em uma unidade de trabalho, uniicando-as e assim garantindo que ou
todas dão certo ou que, em caso de erro nossa base de dados volte a um estado consistente. Voltando ao exemplo anterior, caso um erro ocorresse no momento em que
o débito no cartão do cliente fosse acontecer, o estoque voltaria para o seu estado anterior e os passos seguintes simplesmente não seriam executados, garantindo assim
a integridade do nosso sistema.
Transações são ACIDas
Toda transação deve satisfazer quatro condições que formam o acrônimo ACID:
• Atomicidade: o conjunto de operações que formam a unidade de trabalho devem ser vistas como uma única operação artiicialmente indivisível. Ou todos
os passos são executados com sucesso ou nada é feito;
• Consistência: se a transação for executada com êxito, o estado inal da nossa
base de dados deve sempre estar em um estado consistente. Aliás, esta é a
razão pela qual transações existem, certo?
• Isolamento: diicilmente encontramos sistemas mono usuário atualmente. É
incrementalmente comum - na realidade, a norma - a ocorrência de mais de
uma transação simultânea sendo executada. É necessário que a execução de
uma transação seja independente das demais, garantindo assim a execução de
código concorrente e a integridade dos dados ao inal do seu processamento.
• Durabilidade: inalizada a transação, os dados devem estar permanentemente persistidos na base de dados. Para melhor entender este conceito, é interessante observar que diversos mecanismos transacionais mantém o estado
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Casa do Código
Capítulo 10. Gerenciando transações
da base de dados durante a execução de uma transação em memória. Após a
sua execução, estes obrigatoriamente devem estar salvos em um mecanismo
de armazenagem durável, como por exemplo o disco rígido, ita etc.
É importante observar que quando falamos destes quatro atributos estamos nos
referindo na maior parte das vezes a bases de dados relacionais. Com o surgimento
de bancos de dados NoSQL, a situação tem se mostrado um pouco diferente, pois
estes costumam oferecer suporte incompleto ao ACID. É fundamental que o leitor
leve este aspecto em consideração caso esteja a trabalhar com este tipo de tecnologia.
10.2 As políticas transacionais
O Spring oferece suporte a dois tipos de transações: programáticas ou declarativas.
No caso das transações programáticas, está nas mãos do desenvolvedor a responsabilidade de deinir aonde começa e termina uma unidade de trabalho. Já no caso das
transações declarativas, tenha em mente que estamos na realidade deinindo regras
que ditarão ao container quais os limites que devem ser aplicados a cada unidade de
trabalho.
O suporte a transações declarativas do Spring tem como inspiração o CMT (Container Management Transactions) da plataforma Java EE. É interessante observar que
até o aparecimento do Spring não havia como tirar proveito deste recurso sem a presença de um servidor pesado de aplicações. Como veremos, o Spring supera o CMT
ao permitir uma personalização de maior granularidade através da possibilidade de
podermos deinir através das políticas transacionais qual o comportamento das unidades de trabalho.
Na implementação do Spring das transações declarativas há cinco políticas que
podem ser manipuladas pelo programador.
Propagação
A política de propagação deine os limites de uma transação. Pense como a
resposta à seguinte pergunta: “dado que um método inicia uma transação e este
evoca ou é chamado por outros, qual a propagação da transação por ele criada?”. O
Spring nos oferece algumas respostas a esta pergunta sob a forma de constantes deinidas na interface org.springframework.transaction.TransactionDefinition
que podemos ver listadas a seguir:
• PROPAGATION_MANDATORY: o método só pode ser executado dentro de uma
215
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10.2. As políticas transacionais
Casa do Código
transação. Se uma transação não estiver em execução, quando o método for
invocado uma exceção será disparada;
• PROPAGATION_NESTED: caso o método seja executado a partir de uma transação, uma nova será criada para este método e seu commit ou rollback não
afetará a que o encapsulou. Caso seja invocado sem que uma transação exista,
uma nova será criada somente para si;
• PROPAGATION_NEVER: o método jamais deve ser executado dentro de uma transação. Caso isto ocorra, uma exceção será disparada;
• PROPAGATION_NOT_SUPPORTED: o método não deve ser executado dentro de
uma transação. Caso seja chamado a partir de uma transação, esta será paralisada até que sua execução termine para em seguida voltar à sua execução
normal;
• PROPAGATION_REQUIRED: o método só pode ser executado em uma transação.
Caso seja invocado a partir de uma, então fará parte desta, ou seja, será parte
da sua unidade de trabalho. Se não existir uma transação em execução, uma
nova será criada;
• PROPAGATION_REQUIRES_NEW: o método só pode ser executado dentro da sua
própria transação. Se for invocado a partir de uma transação, então uma nova
será criada exclusivamente para seu processamento e a que o encapsulou será
paralisada até que este inalize;
• PROPAGATION_SUPPORTS: tanto faz para o método se é ou não executado dentro de uma transação. Caso seja executado dentro de uma, fará parte da sua
unidade de trabalho como um método qualquer.
Isolamento
Esta política deine qual o nível de isolamento de nossa transação declarativa. A
pergunta por trás desta política é como minha transação é inluenciada pela existência
de outras sendo executadas paralelamente? Há três problemas clássicos envolvendo
esta questão. Caso esteja enfrentando uma situação familiar em seu projeto talvez
esta seja a solução para a sua diiculdade.
O primeiro problema é chamado de leitura suja (dirty reads). Ocorre quando
uma transação tem acesso a dados de outra que ainda não tenha inalizado sua exe216
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Capítulo 10. Gerenciando transações
cução. Voltando ao exemplo inicial deste capítulo, uma transação concorrente poderia ler o nosso estoque com a quantidade de um item igual a zero porque a transação
responsável pela atualização daquele registro ainda não terminou sua execução.
Outro problema são as leituras diferentes (non repeatable reads), que é quando
uma mesma consulta, executada com os mesmos parâmetros sempre retorna resultados diferentes quando isto não deveria ocorrer. Normalmente a causa do problema
é alguma outra transação que naquele mesmo instante esteja alterando os mesmos
registros da base de dados.
Similar ao problema das leituras diferentes é o das leituras fantasmas (phantom
reads), em que nossa transação espera ler um número de registros e acaba lendo um
número maior porque outra transação se encontra incluindo novos registros na base
de dados.
Os problemas decorrentes de uma má política de isolamento são difíceis de serem resolvidos, mas facilmente evitáveis quando deinimos o comportamento adequado. No caso do Spring, há quatro comportamentos distintos à disposição do
programador que também se encontram representados como constantes na interface org.springframework.transaction.TransactionDefinition:
• ISOLATION_DEFAULT: a transação adotará o comportamento padrão da base
de dados. É o que fornece maior portabilidade de código, porém requer que a
equipe conheça bem o banco de dados com o qual está trabalhando, visto que
o comportamento padrão varia bastante de fornecedor para fornecedor;
• ISOLATION_READ_UNCOMMITED: trata-se da opção mais perigosa, pois permite à
transação ler registros que ainda não tenham sido comitados por outras transações. Facilita bastante a ocorrência de erros do tipo leitura suja;
• ISOLATION_READ_COMMITED: deine que a transação só terá acesso a registros
que já tenham sido comitados por outras transações. Evita a ocorrência de
erros do tipo leitura suja, mas também acarretam um maior peso de performance, visto que podem gerar locks nas tabelas ou registros do sistema durante
a sua execução;
• ISOLATION_REPEATABLE_READ: usado para evitar erros do tipo leituras diferentes e fantasmas. No caso, a transação só obterá resultados diferentes caso sejam
registros alterados durante a sua execução;
• ISOLATION_SERIALIZABLE: é o nível de isolamento mais caro do ponto de vista
217
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10.2. As políticas transacionais
Casa do Código
computacional, visto que garante a não ocorrência de todos os erros acima
mencionados.
Muita atenção deve ser dada a qual política ser adotada, pois quanto mais branda,
maior a possibilidade de erros, e quanto mais rígida maior será a penalidade sobre a
performance do sistema como um todo devido à criação de novos locks sobre registros ou tabelas no banco de dados.
Somente leitura
Esta política é usada para deinir se a transação não efetuará nenhuma escrita na
base de dados subjacente, permitindo que esta execute algumas otimizações para a
sua execução. O principal ganho desta política é o ganho de performance, pois se
nenhum dado será alterado durante a execução de uma transação que implemente
esta política, então o acesso aos dados é otimizado.
É importante mencionar que caso ocorra alguma tentativa de alteração de dados
durante sua execução uma exceção será disparada pelo sistema.
Tempo de espera (timeout)
Muitas vezes, devido ao estado de um sistema, uma transação pode demorar
muito para que seja executada ou volte do estado de paralisação, como por exemplo
nos casos em que inicia acidentalmente uma nova transação ou está aguardando
a inalização de outra. Nestes casos, para se evitar uma paralisação do sistema é
interessante deinirmos uma política de tempo de espera. Caso o tempo exceda o
que foi deinido, a instrução de rollback é executada, mantendo a base de dados em
seu estado consistente.
Política de rollback
Por padrão uma transação declarativa executa a operação de rollback apenas se
uma exceção de tempo de execução for disparada. A razão por trás desta convenção
é o fato de que este tipo de exceção ao ser disparada não possibilita a implementação
de estratégias de resgate. O Spring nos permite deinir quais os tipos de erro que
deverão ser usados para disparar o procedimento de rollback.
218
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Casa do Código
Capítulo 10. Gerenciando transações
10.3 Preparando o ambiente de desenvolvimento
Para habilitar o suporte a transações do Spring é necessária a inclusão de uma nova
dependência em nosso projeto que é o módulo spring-tx. Basta adicionar a dependência no arquivo pom.xml do seu projeto:
<dependency>
<groupId>org.springframework</groupId>
<artifactId>spring-tx</artifactId>
<version>3.1.2.RELEASE</version>
</dependency>
Caso seu projeto já tenha incluído o módulo spring-orm ou spring-jdbc, esta
nova dependência não precisa ser incluída, pois ambos já a tem como dependência
transitiva.
10.4
Como o Spring implementa o suporte a transações
Agora que toda a teoria foi exposta, podemos começar a colocar este conhecimento
em prática, entendendo como o Spring oferece suporte ao gerenciamento transacional. No centro deste suporte temos o Gerenciador de Transações (Transaction Manager). Como o próprio nome já diz, este é o componente responsável por gerenciar
as transações e não é necessariamente baseado na API padrão do Java para tal, que
é a JTA (Java Transaction API), mas sim a tecnologia por trás do armazenamento,
como por exemplo JDBC, Hibernate, JPA, JDO e outras.
Por padrão o Spring vêm com uma lista bem grande de gerenciadores de transação, e nós focaremos nos que abordamos no capítulo 9, ou seja, JDBC, Hibernate
e JPA. A deinição de qual implementação usar é fundamental, pois trata-se do primeiro passo a ser tomado pelo programador na coniguração do suporte transacional
do framework.
Transações com JDBC
Caso seu projeto use JDBC como mecanismo de persistência, o Spring oferece
o DataSourceTransactionManager, que atua diretamente sobre a fonte de dados do
seu sistema. Por trás dos panos, este é o bean responsável por chamar os métodos
setAutoCommit, commit e rollback das conexões obtidas através da fonte de dados
em caso de sucesso ou erro de suas transações.
219
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10.4. Como o Spring implementa o suporte a transações
Casa do Código
A seguir podemos ver um exemplo de declaração deste bean. Para que possa
atuar, a única propriedade a ser deinida é dataSource, que deve apontar para o
bean que representa a fonte de dados do seu sistema.
<bean id="transactionManager" class=
"org.springframework.jdbc.datasource.DataSourceTransactionManager">
<property name="dataSource" ref="dataSource"/>
</bean>
Transações com Hibernate
Quando lidamos com Hibernate, a escolha por trás de qual gerenciador de transações varia de acordo com a versão do ORM, ou seja,
caso esteja lidando com a versão 3, a classe do bean a ser declarado será
org.springframework.orm.hibernate3.HibernateTransactionManager, e se
for 4, org.springframework.orm.hibernate4.HibernateTransactionManager.
A coniguração dos dois beans é idêntica: ambos devem deinir a dependência
sessionFactory apontando para o SessionFactory do seu projeto, conforme
pode ser visto no exemplo a seguir que expõe a coniguração do gerenciador de
transações para o Hibernate 4:
<bean id="transactionManager" class=
"org.springframework.orm.hibernate4.HibernateTransactionManager">
<property name="sessionFactory" ref="sessionFactory" />
</bean>
JPA
O mesmo comportamento adotado nos dois gerenciadores de transação se aplica também ao caso do JPA. No caso, usamos a classe
org.springframework.orm.jpa.JpaTransactionManager, a qual devemos injetar a
propriedade entityManagerFactory apontando para o Entity Manager Factory
default do nosso projeto, conforme pode ser visto no exemplo a seguir:
<bean id="transactionManager"
class="org.springframework.orm.jpa.JpaTransactionManager">
<property name="entityManagerFactory" ref="emf"/>
</bean>
220
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Casa do Código
10.5
Capítulo 10. Gerenciando transações
Transações programáticas
O controle transacional de maior granularidade é o programático,
no qual o próprio desenvolvedor deine manualmente a sua unidade
de trabalho.
Para que isto ocorra entra em cena mais um template:
org.springframework.transaction.support.TransactionTemplate, que deve ser injetado nos beans aonde seja de nosso interesse aplicar a técnica. Lembrando do
exemplo inicial deste capítulo, poderíamos injetá-lo dentro do nosso bean Loja,
tal como exposto na coniguração a seguir, que usa como base o gerenciador de
transações do Hibernate 4:
<bean id="transactionManager" class=
"org.springframework.orm.hibernate4.HibernateTransactionManager">
<property name="sessionFactory" ref="sessionFactory"/>
</bean>
<bean id="loja" class="br.com.itexto.springforum.Loja">
<property name="transactionTemplate">
<bean class=
"org.springframework.transaction.support.TransactionTemplate">
<property name="transactionManager"
ref="transactionManager"/>
</bean>
</property>
</bean>
Dado que sempre que lidamos com transações o isolamento é fundamental, não é interessante ou seguro ter uma instância compartilhada por
mais de um bean, razão pela qual declaramos nosso template como um
bean embutido. Com a injeção pronta, tudo o que precisamos fazer é alimentar nosso template com alguma implementação da interface de callback
org.springframework.transaction.support.TransactionCallback tal como
podemos ver no exemplo a seguir:
public class Loja {
private TransactionTemplate txTemplate;
public void setTransactionTemplate(TransactionTemplate tx) {
this.txTemplate = tx;
221
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10.5. Transações programáticas
Casa do Código
}
public void executarVenda(Cliente cliente, Produto produto)
throws ErroSpringForum {
txTemplate.execute(new TransactionCallback<Void>(){
public void doInTransaction(TransactionStatus st) {
try {
decrementarEstoque(produto);
efetuarDebito(cliente, produto.getValor());
enviarEmailCompra(cliente, produto);
enviarTransportadora(cliente, produto);
} catch (ErroSpringForum erro) {
st.setRollbackOnly();
throw erro;
}
return null;
}
});
}
// restante da classe omitido
}
O que realmente nos interessa é o método executarVenda, aonde deinimos nossa unidade de trabalho, composta pela execução em sequência dos métodos decrementarEstoque, efetuarDebito, enviarEmailCompra e
enviarTransportadora, executados dentro do corpo do método doInTransaction,
da nossa implementação da interface TransactionCallBack.
O primeiro passo do gerenciamento programático de transações é a execução
do método execute de TransactionTemplate. Este recebe como parâmetro uma
implementação da interface TransactionCallback, que obriga o desenvolvedor a
implementar um único método: doInTransaction, que deine como parâmetro de
entrada um objeto do tipo TransactionStatus.
TransactionStatus possui um único método que nos interessa:
setRollbackOnly. Caso uma exceção do tipo ErroSpringForum seja disparada no corpo do método doInTransaction, este será invocado, informando à
transação corrente que todas as operações anteriormente executadas deverão ser
desfeitas.
222
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Casa do Código
10.6
Capítulo 10. Gerenciando transações
Declarando transações
O problema das transações programáticas é que se quisermos replicar o mesmo comportamento em mais de um ponto no sistema, o programador precisará suar bastante
a camisa. Uma alternativa mais interessante para situações genéricas é a possibilidade oferecida pelo Spring de deinirmos declarativamente o controle transacional.
Trata-se de um uso bastante interessante do conceito de AOP, pois o que realmente irá ocorrer por trás dos panos é a aplicação de um advice do tipo around em
todos os beans sobre os quais desejemos adicionar este controle transacional.
Há dois caminhos a serem seguidos na deinição declarativa de transações. O
primeiro é menos intrusivo e consiste na deinição dos pontos transacionais apenas
via coniguração, enquanto o segundo é a maneira mais produtiva existente atualmente através de anotações.
Declarando transações via coniguração XML
Como mencionado, a opção menos intrusiva para adicionarmos o controle transacional declarativo é via coniguração XML. Dado que o suporte a transações declarativas do Spring é baseado em AOP, faz-se necessária a inclusão do namespace
aop em nosso arquivo de coniguração em conjunto, com uma novidade que é o namespace tx, conforme pode ser visto no exemplo a seguir:
<beans default-autowire="byType"
xmlns="http://www.springframework.org/schema/beans"
xmlns:xsi="http://www.w3.org/2001/XMLSchema-instance"
xmlns:context="http://www.springframework.org/schema/context"
xmlns:jee="http://www.springframework.org/schema/jee"
xmlns:tx="http://www.springframework.org/schema/tx"
xsi:schemaLocation="http://www.springframework.org/schema/jee
http://www.springframework.org/schema/jee/spring-jee-3.1.xsd
http://www.springframework.org/schema/beans
http://www.springframework.org/schema/beans/spring-beans.xsd
http://www.springframework.org/schema/tx
http://www.springframework.org/schema/tx/spring-tx-3.1.xsd
http://www.springframework.org/schema/context
http://www.springframework.org/schema/context/spring-context-3.1.xsd">
</beans>
Dentro do namespace tx há uma tag chamada <tx:advice>, usada para deinir
223
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10.6. Declarando transações
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quais os métodos em que nosso controle transacional se aplica. Nosso primeiro passo
será a sua declaração em nosso arquivo de coniguração tal como pode ser visto no
trecho a seguir:
<tx:advice id="txAdvice" transaction-manager="transactionManager">
<tx:attributes>
<tx:method name="executar*" propagation="REQUIRED"
isolation="SERIALIZABLE"/>
<tx:method name="*" propagation="SUPPORTS"/>
</tx:attributes>
</tx:advice>
A tag <tx:attributes> é usada para deinir todos os métodos que irão receber o nosso controle transacional. No caso, estamos deinindo que todo método
que comece com executar receberá a política de propagação REQUIRED com o mais
alto nível de isolamento e todos os demais métodos com a política de propagação
SUPPORT, ou seja, caso sejam executados dentro de uma transação, farão parte da sua
unidade de trabalho.
O atributo transaction-manager deine qual o gerenciador de transações a ser
usado por este advice. Caso omitido, seria usado como padrão o bean cujo identiicador fosse igual a transactionManager.
O próximo passo agora é deinir quais os pointcuts aonde o advice será aplicado.
Volta à cena a tag <aop:config> que vimos no capítulo 5 que fechará o nosso círculo
tal como pode ser visto no trecho a seguir:
<aop:config>
<aop:advisor pointcut="execution(* *..Loja.*(..))"
advice-ref="txAdvice"/>
</aop:config>
Com isto o aspecto é aplicado em todos os métodos do bean loja e nosso controle transacional esta concluído usando XML.
Declarando transações com anotações
O problema com a coniguração no formato XML é que esta tende a crescer bastante conforme o projeto evolui. A segunda alternativa que, como mencionei, é também a mais produtiva se da através de anotações. Para habilitá-la só é necessário
adicionar uma linha de coniguração tal como no trecho a seguir:
224
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Capítulo 10. Gerenciando transações
<tx:annotation-driven transaction-manager="transactionManager" />
A tag <tx:annotation-driven> instrui o container a aplicar as regras de transacionalidade a todos os beans que possuam a anotação @Transactional inserida na
deinição da classe (aplicando a regra a todos os métodos da mesma) ou a métodos
especíicos.
O atributo transaction-manager, como no caso da tag <tx:advice>, é opcional: caso omitido será usado o primeiro bean encontrado cujo nome seja
transactionManager.
A seguir podemos ver um exemplo de classe anotada com @Transactional:
@Component
public class Loja {
@Transactional(propagation=Propagation.REQUIRES_NEW,
isolation=Isolation.SERIALIZABLE,
timeout=120)
public void executarVenda(Produto produto, Cliente cliente) {
//conteúdo oculto, agora sem o TransactionTemplate
}
}
10.7
Concluindo
Neste capítulo vimos como o Spring implementa seu suporte a transações. Ela é uma
solução de altíssima produtividade devido à sua facilidade de uso, o que tornou este
suporte uma das principais razões pelas quais desenvolvedores do mundo inteiro
começaram a se interessar pelo framework. Justamente, o ponto mais importante é
você entender a diferença entre as diferentes estratégias de transação e qual o impacto
que elas podem ter em seu projeto.
Caso queira se aprofundar em mecanismos de transação em geral, recomendo a
leitura do livro Java Transaction Design Strategies, de Mark Richards [13] que pode
inclusive ser obtido gratuitamente no site da InfoQ - http://www.infoq.com.
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Capítulo 11
Protegendo nossa aplicação com
Spring Security
O Spring Security é um framework de controle de acesso, que nos permite deinir
de forma declarativa quem acessará o quê em nossos sistemas. Muitos o descrevem
como um framework de segurança, mas esta é uma deinição muito imprecisa e que
pode levar desenvolvedores à falsa impressão de que com ele conseguiríamos construir projetos invulneráveis a ataques, o que não é verdade.
O controle de acesso é parte fundamental na segurança de qualquer projeto, porém segurança não se limita a “apenas” este aspecto. Há outros problemas que também devem ser tratados pelo desenvolvedor que não são resolvidos pelo Spring Security, como por exemplo, ataques de negação de serviço (DOS: Denial of Service),
entradas maliciosas, injeção de código e muitas outras ameaças que assolam sistemas pelo mundo.
O controle de acesso do Spring Security pode ser aplicado em dois níveis: nas requisições que chegam à nossa aplicação, caso estejamos lidando com um projeto web
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11.1. Entendendo autenticação e autorização
Casa do Código
e na invocação de métodos dos beans gerenciados pelo contexto do Spring. Como
veremos, não é acidentalmente que usei a palavra aspecto no parágrafo anterior: controlar o acesso é um interesse transversal que é resolvido pelo framework através do
suporte a AOP. Mas antes da prática é necessário conhecermos os dois conceitos
principais por trás do seu funcionamento.
11.1 Entendendo autenticação e autorização
Todo controle de acesso possui dois procedimentos: autenticação e autorização. O
primeiro tem por objetivo garantir que um usuário realmente é quem diz ser, enquanto o segundo veriica se este, uma vez autenticado, possui permissão para executar determinada tarefa no sistema.
Todo processo de autenticação se inicia com o usuário apresentando-se ao sistema, entregando suas credenciais, que são seus dados de identiicação, como o login
e senha ou dados biométricos. O sistema autenticador então gera uma assinatura
única com estas credenciais e, com base nesta, veriica a existência ou não do usuário em suas bases de dados.
Existindo o usuário, não raro as credenciais estão associadas a dados cadastrais
relativos a este, como por exemplo nome completo, data da última autenticação, endereço etc. A estas informações os frameworks de controle de acesso costumam dar
o nome de principal (sujeito). Lembre-se: um usuário não necessariamente é um ser
humano, pode ser outro sistema também.
Outro conjunto de informações associadas às credenciais são suas permissões
de acesso, normalmente chamadas de papéis (roles) ou autoridades (authorities), que
informam ao sistema quais os limites de atuação do indivíduo. O processo de veriicação das permissões do usuário é a autorização, que ocorre sempre após a autenticação no sistema.
228
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Capítulo 11. Protegendo nossa aplicação com Spring Security
Acegi e Spring Security são a mesma coisa?
Em 2003, um grupo de usuários entusiastas do Spring iniciaram um projeto chamado Acegi Security System for Spring baseado no suporte a AOP
oferecido pelo framework. Com o passar do tempo, este foi se tornando
cada vez mais popular até que sua primeira versão oicial foi lançada em
2006. No ano seguinte o projeto foi adotado como parte do portfólio do
Spring e em sua segunda versão foi rebatizado como Spring Security.
A resposta à pergunta é que o Spring Security que temos hoje é na realidade a evolução do antigo projeto Acegi.
11.2 Os módulos do Spring Security
Assim como o Spring, o framework é composto por uma série de componentes semi
independentes que possibilitam ao programador usar apenas aqueles que serão úteis
ao seu projeto. A versão 3.1 é composta pelos módulos a seguir:
• spring-security-core: o único módulo obrigatório por se tratar da essência
do framework. Encontram-se aqui implementados os mecanismos de autorização e autenticação, além de todas as interfaces básicas que são reaproveitadas
por todos os demais módulos e componentes terceirizados desenvolvidos para
o framework;
• spring-security-config: a partir da versão 2.0, o framework passou a oferecer um namespace próprio que reduziu dramaticamente a quantidade de
coniguração que o desenvolvedor precisava digitar. Dado o ganho de produtividade deve ser considerado obrigatório por todos os não masoquistas;
• spring-security-web: toda a infraestrutura necessária para o desenvolvimento de projetos web. Neste módulo é que se encontra presente o código
responsável por lidar com a interceptação de requisições a projetos web e portanto de uso obrigatório em projetos deste tipo;
• spring-security-taglibs: contém uma biblioteca de tags que nos permite
deinir quais áreas de nossas páginas serão acessíveis aos usuários do sistema
com base em suas permissões. Assim como o módulo spring-security-conig,
229
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11.2. Os módulos do Spring Security
Casa do Código
apesar de ser opcional acaba sendo usado sempre por todos aqueles que projetem suas páginas com alguma tecnologia baseada em JSP;
• spring-security-remoting: provê integração com o Spring Remoting;
• spring-security-ldap: suporte a autenticação a partir de servidores LDAP;
• spring-security-cas: suporte a autenticação/autorização por servidores de
single sign on CAS;
• spring-security-openid: suporte a OpenID.
Assim como izemos em toda a segunda parte deste livro, usaremos o projeto
Spring Fórum como nosso guia. Nossa primeira atividade será a inclusão de quatro
dependências no arquivo pom.xml tal como listadas a seguir:
<!-- Spring Security Core -->
<dependency>
<groupId>org.springframework.security</groupId>
<artifactId>spring-security-core</artifactId>
<version>3.1.3.RELEASE</version>
</dependency>
<!-- Spring Security Config -->
<dependency>
<groupId>org.springframework.security</groupId>
<artifactId>spring-security-config</artifactId>
<version>3.1.3.RELEASE</version>
</dependency>
<!-- Spring Security Web -->
<dependency>
<groupId>org.springframework.security</groupId>
<artifactId>spring-security-web</artifactId>
<version>3.1.3.RELEASE</version>
</dependency>
<!-- Spring Security Taglibs -->
<dependency>
<groupId>org.springframework.security</groupId>
<artifactId>spring-security-taglibs</artifactId>
<version>3.1.3.RELEASE</version>
</dependency>
230
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Capítulo 11. Protegendo nossa aplicação com Spring Security
11.3 Configurando os filtros de acesso
Primeiro iremos tratar do modo como o Spring Security atua sobre o recebimento de
requisições HTTP. Para ativar este suporte, teremos de declarar um iltro no arquivo
web.xml do nosso projeto que será o responsável por lidar com todas as chamadas
externas que nossa aplicação receberá e cuja coniguração podemos ver a seguir:
<filter>
<filter-name>springSecurityFilterChain</filter-name>
<filter-class>
org.springframework.web.filter.DelegatingFilterProxy
</filter-class>
</filter>
<filter-mapping>
<filter-name>springSecurityFilterChain</filter-name>
<url-pattern>/*</url-pattern>
</filter-mapping>
Este iltro é o DelegatingFilterProxy e seu funcionamento consiste em encaminhar todas as requisições para um componente fundamental do Spring Security
que é o Filter Chain (iltro encadeador), o real responsável pela coniguração de
acesso às URLs do sistema, e é executado como um bean gerenciado pelo contexto
de aplicação do Spring.
Uma aplicação protegida pelo Spring Security pode ter mais de um iltro encadeador, sendo assim é necessário conigurar o DelegatingFilterProxy de tal forma
que este saiba qual o bean com o qual deve interagir. Fazemos isto através da deinição do seu nome pela tag <filter-name>, que deve corresponder ao identiicador
deste bean.
Como veremos mais à frente neste capítulo, esta coniguração é feita de forma automática pelo Spring Security minimizando o trabalho do programador. Por convenção do framework, o nome padrão deste bean é springSecurityFilterChain,
o que torna uma boa prática sempre o adotarmos neste ponto da coniguração do
nosso projeto.
A partir deste ponto do livro faz-se necessária outra alteração em nosso projeto.
No capítulo 7 deinimos o arquivo básico de coniguração do container Spring através
da declaração do servlet DispatcherServlet tal como no trecho a seguir:
<servlet>
<servlet-name>DispatcherServlet</servlet-name>
231
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11.3. Conigurando os iltros de acesso
Casa do Código
<servlet-class>
org.springframework.web.servlet.DispatcherServlet
</servlet-class>
<init-param>
<param-name>contextConfigLocation</param-name>
<param-value>/WEB-INF/spring/spring-servlet.xml</param-value>
</init-param>
<load-on-startup>1</load-on-startup>
</servlet>
O Spring Fórum era apenas o contexto deste servlet. A situação mudou agora
pois precisamos conigurar o contexto do Spring para que seja compartilhado pelo
DispatcherServlet e nosso iltro. A solução para o problema é a declaração de um
listener do tipo ContextLoaderListener no arquivo web.xml tal como exposto no
trecho a seguir:
<listener>
<listener-class>
org.springframework.web.context.ContextLoaderListener
</listener-class>
</listener>
<context-param>
<param-name>contextConfigLocation</param-name>
<param-value>
/WEB-INF/spring/spring-servlet.xml
/WEB-INF/spring/spring-data.xml
/WEB-INF/spring/spring-security.xml
</param-value>
</context-param>
Este listener é responsável por carregar um contexto do Spring para a nossa aplicação usando como arquivos de coniguração o valor que deinimos para o parâmetro de contexto contextConfigLocation. Não é necessário alterar a coniguração
do DispatcherServlet que vimos antes.
232
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11.4
Capítulo 11. Protegendo nossa aplicação com Spring Security
Configurando o contexto do Spring
Daqui para frente só precisamos nos preocupar com as conigurações padrão do
Spring. Uma das grandes novidades que o Spring Security trouxe em relação ao
Acegi foi o seu esquema XML que reduziu bastante a quantidade de coniguração que
o programador precisava escrever. Na época do Acegi, não eram raros os casos em
que nos víamos dando manutenção em centenas de linhas de coniguração. Graças
à equipe da SpringSource esta é hoje apenas uma triste recordação.
Para garantir a modularidade de nosso sistema vamos criar um novo arquivo de
coniguração onde declararemos o namespace security usado pelo Spring Security.
O corpo do nosso arquivo será similar ao listado a seguir:
<beans xmlns="http://www.springframework.org/schema/beans"
xmlns:xsi="http://www.w3.org/2001/XMLSchema-instance"
xmlns:security="http://www.springframework.org/schema/security"
xsi:schemaLocation="http://www.springframework.org/schema/beans
http://www.springframework.org/schema/beans/spring-beans.xsd
http://www.springframework.org/schema/security
http://www.springframework.org/schema/security/spring-security-3.1.xsd">
<!-- Conteúdo oculto no momento -->
</beans>
Nossa primeira coniguração é a inclusão da tag <security:html> que será a responsável por deinir 50% do que o Spring Security precisa para funcionar. Podemos
ver sua declaração inicial listada a seguir:
<security:http auto-config="true">
<security:intercept-url
pattern="/post/publicar/**" access="ROLE_MEMBRO"/>
<security:intercept-url
pattern="/usuario/editar/**" access="ROLE_ADMIN,ROLE_MEMBRO"/>
<security:intercept-url pattern="/**" access="ROLE_ANONYMOUS"/>
</security:http>
É incrível a quantidade de tarefas executadas com tão pouco código:
<security:http> com o atributo auto-config deinido como true faz bastante
coisa:
• Criará um formulário de autenticação de forma automática.
• Deine as URLs de logout e autenticação a partir de convenções que veremos
mais a frente.
233
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11.4. Conigurando o contexto do Spring
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• Conigura o iltro encadeador (SpringSecurityFilterChain).
Isto sem mencionar que ainda aproveitamos para deinir as regras de acesso para
três padrões de URL!
Usamos <security:intercept-url> para deinir as regras de acesso às URLs
do sistema. A ordem em que são declaradas é importante, pois sempre que uma requisição chega ao Filter Chain esta é validada contra todas as regras de cima para
baixo. O atributo pattern deine o padrão da URL usando a sintaxe do Ant, enquanto access contém as regras de autorização. Neste primeiro momento usamos a
notação mais simples possível que consiste na mera listagem de todas as permissões
(roles) separadas por vírgula.
Atenção especial deve ser dada à terceira declaração de
<security:intercept-url>. Observe o valor que deinimos para o atributo
access: ROLE_ANONYMOUS. Este é um valor especial para o Spring Security que indica
a situação na qual o usuário tentando acessar nossa aplicação não se encontra autenticado. Sendo assim, imagine que invertêssemos a ordem em que declaramos as
tags <security:intercept-url>. Neste caso, teríamos acesso liberado a qualquer
um, pois o teste de autorização passaria para a url representada: /* *, que aponta
para qualquer endereço que comece a partir da raiz do projeto.
Com <security:intercept-url/> também podemos habilitar suporte a
HTTPS, que normalmente é aplicado em seções sensíveis do site, como por exemplo
no checkout de compras em uma loja virtual, aonde dados conidenciais do usuário
são enviados. Para tal, basta adicionar o atributo requires-channel, que atualmente
recebe três possibilidades de valor: https, http e any (tanto faz se a URL for acessada
por HTTP ou HTTPS). Podemos ver alguns exemplos de sua aplicação na listagem
a seguir:
<!-- HTTPS aplicado -->
<intercept-url pattern="/checkout/**"
access="ROLE_MEMBRO" requires-channel="https"/>
<!-- HTTP padrão -->
<intercept-url pattern="/**"
access="ROLE_MEMBRO" requires-channel="http"/>
<!-- Tanto faz -->
<intercept-url pattern="/posts/**"
access="ROLE_MEMBRO" requires-channel="any"/>
Caso o usuário acesse uma URL com o canal pré-deinido com o protocolo errado - http ao invés de https por exemplo - o Spring Security fará o redirecionamento
234
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Capítulo 11. Protegendo nossa aplicação com Spring Security
de forma automática.
Como dito no início desta seção, a tag <security> resolve 50% do nosso problema ao deinir as regras de autorização das requisições recebidas pela aplicação e
conigura o básico por trás do controle de acesso neste nível. Sabemos o quê está a
ser acessado, resta saber por quem. Entram em cena dois componentes importantes
do framework: o provedor e o gerenciador de autenticação (authentication provider
e authenciation manager).
O Gerenciador e o provedor de autenticação
O gerenciador de autenticação é o responsável por receber as credenciais de um
usuário e veriicar sua autenticidade, o que é feito testando-as contra um ou mais
provedores de autenticação a que tem acesso. Esta veriicação é feita sequencialmente, ou seja, o primeiro provedor de autenticação que conirmar a existência de
um usuário com estas credenciais valida-o como autêntico.
Pense no provedor de autenticação como uma fonte de dados feita especiicamente para armazenar informações de usuários capaz de executar uma única consulta que recebe como parâmetro as credenciais retornando informações do usuário
caso existam (incluindo suas permissões de acesso).
No contexto do controle de acesso a URLs o Chain Filter acessa apenas o gerenciador de autenticação, não precisando portanto se preocupar com a origem dos
dados de autenticação do usuário tal como pode ser visto no esquema a seguir:
Figura 11.1: Chain Filter, Authentication Manager e seus Authentication Providers
Há inúmeros provedores de autenticação disponíveis para o Spring Se235
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11.4. Conigurando o contexto do Spring
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curity atualmente. Como exemplos podemos citar o suporte a LDAP, bancos de dados, registros em memória, além do suporte a redes sociais como
Twitter, Facebook, Linkedin, Google+ e outras. Por trás da cortina, um
provedor de autenticação é apenas uma classe que implementa a interface
org.springframework.security.authentication.AuthenticationProvider,
sendo assim caso não exista um que atenda suas necessidades, facilmente podemos
criar um, tal como faremos mais a frente neste capítulo.
Indo para a parte prática, é necessário que declaremos em nosso arquivo de coniguração nosso gerenciador de autenticação. Para tal usamos
<security:authentication-manager>, que receberá como ilhos um ou mais elementos do tipo <security:authentication-provider>, representando os provedores de autenticação usados em nosso projeto tal como na listagem a seguir:
<security:authentication-manager>
<security:authentication-provider>
<security:user-service>
<security:user name="bruce"
password="lee" authorities="ROLE_MEMBRO"/>
<security:user name="admin"
password="admin" authorities="ROLE_MEMBRO,ROLE_ADMIN"/>
</security:user-service>
</security:authentication-provider>
</security:authentication-manager>
A tag <security:user-service> representa o provedor de autenticação mais
simples disponibilizado pelo Spring Security: este armazena os dados dos usuário
em memória com base na declaração de uma ou mais tags <security:user>, que
deinem o nome, senha e permissões dos usuários gerenciados.
.
Como podemos ver,
este é declarado dentro da
tag
<security:authentication-provider>
no
interior
de
<security:authentication-manager>. Posteriormente iremos adicionar nossa
própria implementação neste gerenciador de autenticação e assim inalmente
veremos como estes atores interagem entre si por trás dos panos.
A interação entre nosso iltro e o gerenciador de autenticação se da em dois momentos:
• Usuário tenta se autenticar no sistema: há um mapeamento oculto na
tag <security:html> que liga a URL do formulário de login por esta conigurado e o nosso gerenciador de autenticação. Quando este recebe as credenciais
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Capítulo 11. Protegendo nossa aplicação com Spring Security
do usuário, veriica se existe um registro de usuário que corresponda a estas e
o autentica no sistema, em seguida o retornando ao iltro.
• Usuário já está autenticado no sistema: o gerenciador de autenticação
retornará as permissões do usuário, que serão veriicadas contra as regras deinidas pelo mapeamento da URL que corresponda ao padrão desejado pelo
usuário.
Este é o nosso primeiro contato com estas entidades, para clarear um pouco as
coisas, agora que estamos com nosso projeto inteiramente conigurado, vamos tentar
acessar a url de padrão /post/publicar/* * sem estarmos autenticados e ver o que
acontece.
11.5
O formulário de login
Iniciando o projeto e acessando a URL http://localhost:8080/spring-forum/post/
publicar somos saudados pelo formulário de login gerado automaticamente pelo
Spring Security:
Figura 11.2: Formulário de login gerado pelo Spring Security
O iltro ao veriicar que não existia um usuário autenticado e uma regra se
aplicava à URL em questão faz um redirecionamento para o endereço padrão
/spring_security_login, que aponta para o página que contém o formulário de
autenticação gerado automaticamente pelo Spring Security. Caso o usuário forneça
o login e senha corretos e o usuário encontrado possua as permissões necessárias
para acessar o recurso, este se tornará disponível a este sem problema.
É interessante dar uma olhada no código fonte deste formulário listado no trecho
a seguir pois nele veremos algumas convenções adotadas pelo framework:
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11.5. O formulário de login
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<form name='f' action='/spring-forum/j_spring_security_check'
method='POST'>
<table>
<tr>
<td>User:</td>
<td><input type='text' name='j_username' value=''></td>
</tr>
<tr>
<td>Password:</td>
<td><input type='password' name='j_password'/></td>
</tr>
<tr>
<td colspan='2'>
<input name="submit" type="submit" value="Login"/>
</td>
</tr>
</table>
</form>
A primeira destas convenções diz respeito à URL de autenticação:
j_spring_security_check. Em seguida, observamos também o nome dos
parâmetros incluídos no formulário: j_username e j_password, usados para
representar o login e senha do usuário. Tudo o que o programador precisa fazer é
copiar esta marcação, alterá-la para que ique de acordo com o layout do seu site e
alterar algumas conigurações básicas do formulário de autenticação no contexto
do Spring tal como izemos no caso do Spring Fórum listado a seguir:
<security:http auto-config="true" use-expressions="true">
<security:form-login
login-page="/"
default-target-url="/"
authentication-failure-url="/"/>
<!-- Restante omitido -->
</security:http>
Adicionamos a nossa própria coniguração do formulário de login usando
<security:form-login/>, que antes era gerada de forma automática pelo fra-
mework. A primeira alteração feita diz respeito à URL aonde será exposto o formulário de login. Em nosso projeto este é exposto em todas as páginas, mas padronizamos
o redirecionamento para a página inicial caso algum usuário não autenticado tente
238
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Capítulo 11. Protegendo nossa aplicação com Spring Security
acessar uma área restrita. Abaixo podemos ver como icou o nosso formulário de
autenticação em destaque:
Figura 11.3: Nosso formulário de login
Outro atributo importante que alteramos foi default-target-url, que deine qual a URL a ser acessada caso a autenticação seja bem sucedida, e
authentication-failure-url, que deine qual a URL a ser exposta em caso de um
login mal sucedido. No caso do Spring Fórum, ambas apontam para a página inicial.
E isto é tudo o que precisamos saber neste momento a respeito do formulário de
autenticação.
11.6
Escrevendo um provedor de autenticação
De volta aos provedores de autenticação, a criação de um customizado nos ajudará a entender melhor o mecanismo por trás do Spring Security. Precisamos
conhecer apenas três interfaces: AuthenticationProvider, Authentication e
GrantedAuthority. O modo como estas se relacionam com o provedor de autenticação é ilustrado no diagrama de classes a seguir:
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11.6. Escrevendo um provedor de autenticação
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Figura 11.4: Nosso provedor de autenticação
A principal interface é AuthenticationProvider, que como o próprio nome já
nos diz, representa um provedor de autenticação para o Spring Security. Como pode
ser visto no diagrama, esta é bastante simples, forçando o programador a implementar apenas dois métodos. Comecemos pelo mais simples que é a função supports,
que recebe como parâmetro um valor do tipo java.lang.Object que representa um
objeto de autenticação suportado pelo nosso provedor.
Um objeto de autenticação é o responsável por armazenar as credenciais do
usuário. O Spring Security já vêm com alguns, sendo o mais popular a classe
UsernamePasswordAuthenticationToken, que representa um objeto de autenticação do tipo login e senha: exatamente o usado por formulários de autenticação.
A seguir podemos ver como implementamos esta função na classe
SFAuthenticationProvider:
public boolean supports(Class<?> authentication) {
return (UsernamePasswordAuthenticationToken.
class.isAssignableFrom(authentication));
}
A outra função a ser implementada é authenticate, que retorna um objeto do
tipo Authentication, que é o responsável por armazenar os dados de autenticação
do usuário, o que inclui sua lista de permissões. É interessante observar que este
objeto é usado em dois momentos: no primeiro contém apenas as credenciais do
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Capítulo 11. Protegendo nossa aplicação com Spring Security
usuário que veriicaremos contra nossa base de dados, e no segundo, caso o teste dê
positivo, é usado internamente pelo framework no processo de autorização.
A seguir podemos ver a listagem da nossa implementação desta função:
public Authentication authenticate(Authentication auth)
throws AuthenticationException {
UsernamePasswordAuthenticationToken token =
(UsernamePasswordAuthenticationToken) auth;
String username = token.getName();
String senha
= token.getCredentials().toString();
Usuario usuario = getDaoUsuario().getUsuario(username, senha);
/*
Não encontrei um usuário, retornar null indica
uma autenticação falha.
*/
if (usuario == null) return null;
List<PermissaoUsuario> permissoes = getDaoPermissao().
getPermissoesUsuario(usuario);
SFAuthentication resultado =
new SFAuthentication(usuario, permissoes);
resultado.setAuthenticated(usuario != null);
return resultado;
}
Em nosso caso,
criamos nossa própria implementação da interface
Com ela apenas encapsulamos duas informações: a nossa instância da classe Usuario e a lista de permissões relativas a
este, que são obtidas através do DAO DAOPermissao, que nos retorna uma lista de
objetos do tipo PermissaoUsuario.
A classe PermissaoUsuario implementa a interface GranthedAuthority, que
possui apenas uma função, chamada getAuthority, que retorna um valor do tipo
String, que é o nome da permissão dentro do sistema.
Para inalizar o nosso provedor de autenticação, tudo o que precisamos fazer é
declará-lo no arquivo de conigurações tal como é feito na listagem a seguir:
Authentication: SFAuthentication.
<!-- O bean que representa nosso provedor -->
<bean id="sfAuthenticationProvider"
autowire="byType"
class="br.com.itexto.springforum.security.SFAuthenticationProvider"/>
241
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11.7. Usando SpEL
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<security:authentication-manager>
<!-- Nosso provedor -->
<security:authentication-provider ref="sfAuthenticationProvider"/>
<!-- Provedor baseado em memória -->
<security:authentication-provider>
<security:user-service>
<security:user name="jimmy" password="hendrix"
authorities="ROLE_MEMBRO"/>
</security:user-service>
</security:authentication-provider>
</security:authentication-manager>
Usando o atributo ref da tag <security:authentication-provider> basta referenciar o bean correspondente ao nosso provedor de autenticação e pronto, este se
encontra na lista de provedores usadas pelo gerenciador de autenticação do sistema.
11.7 Usando SpEL
Até este ponto do capítulo vimos apenas como deinir estaticamente as permissões
aos recursos da aplicação, o que é uma solução bastante limitada. Há outro modo
caminho: assim como SpEL trouxe dinamismo para os nossos arquivos de coniguração, este também se aplica ao Spring Security e o que é melhor: foi estendido para
que nos ofereça máxima lexibilidade.
Podemos aplicar as expressões em todos os pontos do framework: nos arquivos
de coniguração, assim como nas anotações e taglibs que veremos mais adiante neste
capítulo. Para habilitar seu uso no arquivo de coniguração, tudo o que precisamos
fazer é adicionar o atributo use-expressions com o valor true como foi feito no
trecho a seguir:
<security:http auto-config="true" use-expressions="true">
<!-- Restante omitido -->
<security:intercept-url pattern="/post/publicar/**"
access="hasRole('ROLE_MEMBRO')"/>
<security:intercept-url pattern="/**"
access="isAnonymous()"/>
</security:http>
A função mais comum é hasRole, que recebe uma string representando o nome
242
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Capítulo 11. Protegendo nossa aplicação com Spring Security
da permissão, e é excelente para quando queremos lidar com apenas uma permissão,
mas a coisa ica meio complicada quando precisamos combinar mais de uma como
no exemplo abaixo:
<security:intercept-url pattern="/membro/gerenciar"
access="hasRole('ROLE_MEMBRO') or hasRole('ROLE_ADMIN')"/>
Neste caso, usamos hasAnyRole, que recebe uma lista de papéis separadas por
vírgula como em:
<security:intercept-url pattern="/membro/gerenciar"
access="hasAnyRole('ROLE_MEMBRO','ROLE_ADMIN')"/>
E claro, podemos combinar estas duas expressões também se quisermos, como
no exemplo a seguir:
<spring:security-url pattern="/membro/gerenciar"
access="hasAnyRole('ROLE_ADMIN','ROLE_MODERADOR')
and ! hasRole('ROLE_MEMBRO')"/>
Além destas funções embutidas, há a listagem abaixo que o desenvolvedor pode
usar de acordo com a sua necessidade:
• principal: aponta para o principal do usuário autenticado.
• authentication: nos fornece acesso ao objeto Authentication corrente.
• permitAll: sempre retorna true, permitindo que qualquer um acesse o recurso.
• denyAll: sempre retornará falso, negando sempre o acesso.
• isAnonymous(): veriica se estamos lidando com um usuário não autenticado.
• isAuthenticated(): veriica se estamos lidando com um usuário autenticado.
11.8 Protegendo invocação de métodos em beans
Como dito no início deste capítulo, o Spring Security se aplica a dois níveis:
requisições e invocação de métodos. A maneira mais produtiva de tirar proveito deste recurso se da através da anotação @Secured, deinida no pacote
org.springframework.security.access.annotation. Podemos ver um exemplo
da sua aplicação no código a seguir:
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11.9. Tags
public class UsuarioService {
// Usando SpEL
@Secured("hasRole('ROLE_ADMIN')")
public void banir(Usuario usuario) {
...
}
// Passando uma lista de permissões
@Secured({"ROLE_ADMIN", "ROLE_MODERADOR"})
public void advertir(Usuario usuario, String mensagem) {
...
}
}
Como já era de se imaginar, o Spring Security exerce o controle de acesso através
do suporte a AOP. Sendo assim, faz-se necessário que adicionemos uma única linha
em nosso arquivo de coniguração, tal como exposto no código a seguir:
<security:global-method-security secured-annotations="enabled"/>
Difícil pensar em uma solução mais simples: agora todo bean gerenciado pelo
container do Spring que possua a anotação @Secured em seus métodos ou na sua
declaração de classe (o que irá aplicar a regra a todos os métodos do bean) terá seu
acesso gerenciado pelo Spring Security.
O interessante do suporte a invocação de métodos é que o horizonte de aplicação
do Spring Security se amplia: aplicações desktop poderão tirar proveito dos mesmos
recursos.
11.9
Tags
O Spring Security também atua na camada de visualização através da sua biblioteca
de tags que podem ser aplicadas a páginas JSP ou tecnologias derivadas. Estas irão
executar basicamente duas funções: liberar/negar acesso e expor informações sobre
o usuário corrente.
Para tirar proveito destas tags, o primeiro passo a ser dado pelo programador é
declará-la no topo do arquivo JSP exatamente como no trecho a seguir:
<%@taglib prefix="sec"
uri="http://www.springframework.org/security/tags" %>
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Capítulo 11. Protegendo nossa aplicação com Spring Security
De longe a tag mais usada é <sec:authorize>, que libera a renderização do trecho JSP que envolve de acordo com as permissões deinidas no atributo access tal
como listado a seguir:
<sec:authorize access="isAnonymous()">
<%-- Exibe o formulário de login --%>
</sec:authorize>
<sec:authorize access="isAuthenticated()">
<%-- Exibe conteúdo para o usuário autenticado --%>
</sec:authorize>
Outra tag a nossa disposição é <sec:authentication/>, que exibirá na página o
valor da propriedade do objeto Authentication do usuário autenticado. Na página
inicial do Spring Fórum usamos isto para expor a mensagem de boas vindas e o link
de logout, tal como no exemplo a seguir:
<sec:authorize access="isAuthenticated()">
Bem vindo(a) <sec:authentication property="principal"/> <a href="<c:url value="/j_spring_security_logout"/>">Sair</a>
</sec:authorize>
11.10 Conclusão
O Spring Security é um dos melhores exemplos práticos de aplicação da AOP. Como
o leitor pode comprovar no transcorrer deste capítulo, em momento algum precisamos modiicar nosso código fonte - com exceção da inclusão de uma anotação - para
controlar seu acesso. É interessante observar também que sua coniguração foi feita
de uma forma bastante simples: ao inal escrevemos algo em torno de 10 linhas em
nosso arquivo de coniguração e pronto: nosso controle de acesso estava pronto.
É muito importante que o leitor procure por componentes desenvolvidos por terceiros voltados ao Spring Security. Não seria exagero airmar que há 90% de chance
de alguém já ter escrito um provedor de autenticação que atenda às suas necessidades e caso este não exista, bom: já vimos que escrever o próprio não é uma tarefa
difícil.
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Capítulo 12
E ai, gostou?
No transcorrer deste livro foi exposto o básico por trás do funcionamento do Spring
Framework. Meu projeto inicial para sua escrita foi dividi-lo em duas partes: na primeira meu objetivo foi descrever os conceitos por trás da ferramenta - inversão de
controle, injeção de dependências, AOP e outros - como eu gostaria de tê-los conhecido em um primeiro momento: expondo as razões que justiicam sua existência.
Coisas que gostaria muito de ter aprendido na faculdade.
Na segunda parte incluí os assuntos que gostaria que tivessem me sido apresentados no ambiente de trabalho. O suporte a dados do Spring é um bom exemplo:
assim como diversos usuários do framework, iquei anos sem tirar proveito deste
suporte porque, apesar de ter ouvido falar de sua existência em livros, raríssimas vezes encontrei material que me apresentasse aquelas funcionalidades de forma clara.
Se tiver atingido os objetivos acima, dou-me por satisfeito, porém o seu caminho
no aprendizado do Spring não termina nestas últimas páginas, mesmo porque as
limitações deste livro me impediram de incluir todas as possibilidades existentes.
Basicamente o que posso dizer ao leitor é: toda classe pode ser tratada como um
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bean no Spring, o que torna o trabalho por trás da integração de qualquer tecnologia
com o framework consiste apenas em sua declaração como tal.
A meta-prática: o código fonte do livro
Para facilitar o aprendizado do leitor, conforme ia escrevendo este livro desenvolvi um projeto paralelo chamado Spring Fórum, que ainda é bastante rudimentar no momento em que entreguei a versão inal deste livro aos editores - a
quem agradeço pela incrível paciência - mas que contém as aplicações referentes
à toda a segunda parte do livro. Seu código fonte está disponível no GitHub em
https://github.com/loboweissmann/spring-forum
Já com relação ao código fonte da primeira parte do livro, você encontra o código
fonte do livro no github: https://github.com/loboweissmann/spring-forum.
Futuro do Spring
Com o passar do tempo é inegável o fato de que a plataforma Java EE acabou se
tornando a padronização da clássica dobradinha Spring + Hibernate. Muitos leitores
se perguntam portanto se ainda vale à pena dedicar-se ao aprendizado do Spring.
Sei que sou suspeito para falar a respeito, mas minha opinião é a de que sim, é um
aprendizado válido e continuará a sê-lo por muitos anos.
É nos frameworks que surgem as inovações. Observando a evolução da plataforma Java EE podemos ver que a esmagadora maioria das “novidades” que nesta
vão sendo incorporadas são na realidade o fruto da inluência destes frameworks. E
a grande diferença entre ser um inovador e ser um padrão é que o segundo normalmente se baseia no menor denominador comum, deixando os recursos mais especíicos - e normalmente mais poderosos - presentes na fonte original.
Outra razão, e talvez a mais importante, seja o fato do Spring ser uma ferramenta
disciplinadora. Com ele podemos ver nitidamente o poder de uma boa abstração
através da implementação de interfaces, divisão de responsabilidades, tudo baseado
no conceito de inversão de controle/injeção de dependências. Por si só, mesmo que
o leitor jamais use o Spring na prática, este já justiicaria seu aprendizado.
Obrigado
Pra inalizar, agradeço ao leitor que tenha chegado a esta última página do livro.
Espero que com este trabalho tenha tornado mais claro o que está por trás do Spring
(e talvez qualquer framework) e como tirar proveito desta ferramenta para tornar
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Capítulo 12. E ai, gostou?
seu trabalho mais fácil. Agradeço também ao Paulo Silveira e Adriano Almeida,
editores deste trabalho pela sua paciência, coniança e dedicação na inalização deste
trabalho, pois sem estes nada seria possível.
E até a próxima, pois não parei por aqui! :)
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Referências Bibliográicas
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