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ADMINISTRAÇÃO NOS NOVOS TEMPOS
Os Novos Horizontes da Administração
Idalberto Chiavenato
MANUAL DO PROFESSOR
A Administração constitui uma das áreas do conhecimento humano onde se depara com
urgentes necessidades de mudanças e inovações no sentido de elevar a eficiência e
eficácia das nossas organizações. Um formidável celeiro de oportunidades. Há muito que
se fazer na área. É que as mudanças que ocorrem no mundo dos negócios são
demasiado rápidas e intensas. Para acompanha-la as organizações requerem talentos
administrativos que reduzam o diferencial entre aquilo que se faz e aquilo que se deveria
fazer. Isso requer uma nova geração de idéias e de conceitos. E também novos talentos
que possam aplicar adequada e urgentemente nas nossas organizações.
A moderna Administração impõe a utilização de uma variedade de recursos instrucionais
a fim de implementar a aprendizagem e alavancar o conhecimento e a percepção crítica e
construtiva dos alunos. Este Manual do Professor do livro Administração nos Novos
Tempos foi elaborado para proporcionar meios didáticos e dinâmicos a fim de que o
professor possa delegar boa parte da tarefa de pesquisar, discutir e debater conceitos e
aplicações práticas diretamente aos alunos seja em atividade individual, como grupal. Os
recursos pedagógicos aqui apresentados incentivam a atividade grupal, o espírito de
equipe e o intercâmbio contínuo de informações entre os alunos. Trata-se de utilizar
multimeios didáticos capazes de tornar mais interessante ainda o estudo da moderna
Administração das Organizações.
Bom proveito!
Idalberto Chiavenato
www.chiavenato.com.br
PARTE I –INTRODUÇÃO À MODERNA ADMINISTRAÇÃO
Capítulo 1 –Natureza e Desafios Atuais da Administração
Capítulo 2 - Visão História da Administração
PARTE II –A ADMINISTRAÇÃO NO SÉCULO XXI
Capítulo 3 –O Ambiente das Organizações
Capítulo 4 –A Administração em um Contexto Globalizado
Capítulo 5 –Inventando e Reinventado as Organizações
Capítulo 6 –A Cultura Organizacional
PARTE III –PLANEJAMENTO
Capítulo 7 –Fundamentos do Planejamento
Capítulo 8 –Formulação de Objetivos
Capítulo 9 –Tomada de Decisões
Capítulo 10 –Administração Estratégica
PARTE IV –ORGANIZAÇÃO
Capítulo 11 –Fundamentos da Organização
Capítulo 12 –Desenho Departamental
Capítulo 13 –Desenho Organizacional
PARTE V –DIREÇÃO
Capítulo 14 –Fundamentos da Direção
Capítulo 15 –Comunicação e Negociação nas Organizações
Capítulo 16 –Liderança nas Organizações
Capítulo 17 –Motivação nas Organizações
PARTE VI –CONTROLE
Capítulo 18 –Fundamentos do Controle
PARTE VII –ASSUNTOS EMERGENTES
Capítulo 19 –Qualidade e Produtividade
Clique no botão da Parte ou do Capítulo desejado
PARTE UM
INTRODUÇÃO À MODERNA ADMINISTRAÇÃO
A PARTE I é constituída de dois capítulos introdutórios:
Capítulo 1
Natureza e Desafios
Atuais da
Administração
PARTE I
O administrador
A Administração
As organizações no mundo
moderno: tipos e
características, níveis
organizacionais
Processo administrativo:
planejamento, organização,
direção e controle
Papéis do administrador
INTRODUÇÃO
À MODERNA
ADMINISTRAÇÃO
Capítulo 2
Visão Histórica da
Administração
As eras organizacionais e as
respectivas teorias
administrativas
CAPÍTULO 1: NATUREZA E DESAFIOS ATUAIS DA ADMINISTRAÇÃO
Visão geral do capítulo:
Trata-se de um capítulo introdutório sobre a moderna Administração, envolvendo os
seguintes temas:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
O administrador e seu papel fundamental nas organizações.
A Administração como base para o sucesso das organizações.
As organizações no mundo moderno.
Os níveis organizacionais: institucional, intermediário e operacional.
O processo administrativo: planejamento, organização, direção e controle.
As habilidades do administrador.
Os papéis do administrador: interpessoais, informacionais e decisórios.
Fórum de Debates (para discussão intragrupal e debates intergrupais):
1. Como se poderia definir a Administração, sob um ponto de vista mais amplo,
envolvendo dirigentes, funcionários, clientes, fornecedores e concorrentes?
2. Afinal, como compatibilizar eficiência com eficácia?
3. Como você poderia classificar as organizações?
4. Dê exemplos de administradores situados nos níveis institucional, intermediário e
operacional.
5. Como você visualiza o processo administrativo nos três níveis organizacionais?
6. Discuta as características básicas do processo administrativo.
7. Como melhorar as habilidades (técnicas, conceituais e humanas) do
administrador?
8. Como melhorar as competências do administrador? Como fica a nossa santíssima
trindade?
9. Como melhorar os papéis do administrador?
10. Discuta as dicas para o administrador bem-sucedido.
Pesquisa de Mercado (trabalho de investigação de campo para grupos de
alunos):
1. Faça uma pesquisa sobre os vários tipos de organizações e dê exemplos
concretos.
2. Faça uma pesquisa sobre como as organizações têm os seus níveis
organizacionais definidos. Dê exemplos concretos.
3. Faça uma pesquisa sobre administradores bem-sucedidos e quais as
características principais de seus trabalhos.
4. Discuta o Código de Ética do Administrador. O seu CRA pode fornece-lo.
5. Dê exemplos concretos de organizações bem-sucedidas em seus vários campos
de ação.
Temas para Reflexão:
A Olimpíada Empresarial 1
Rosabeth Moss Kanter faz uma interessante comparação. Diz ela que a economia global
na qual operam agora os negócios se parece como uma olimpíada empresarial – uma
série de jogos disputados no mundo inteiro, do qual participam competidores nacionais e
internacionais. As provas olímpicas determinam não apenas a equipe vencedora como
também o país que vence globalmente. Essa metáfora nos lembra que a competição é
regida por regras. Nas combinações de jogos, os membros de uma equipe podem
competir individualmente em algumas provas, como competem em equipe em outras. A
colaboração tem, assim, um importante papel. Além disso, há muitos jogos diferentes
onde competir e que exigem habilidades especializadas e condições de competição muito
variáveis. Mas existem também características gerais comuns às equipes que competem
e ganham repetidas vezes, como: força, habilidade e disciplina do atleta, foco na
excelência individual, aliadas à capacidade de trabalhar bem dentro de uma equipe bem
integrada. A excelência individual não é mais suficiente; exige-se a responsabilidade pelo
desempenho de toda a equipe. O futebol é um bom exemplo disso.
Para muitas empresas, a competição na qual então inseridas parece-se cada vez mais
com o jogo de croquê de Alice no País das Maravilhas de Alexis Carrell – um jogo no qual
os participantes precisam lidar com mudanças constantes e inesperadas. Naquele jogo
fictício, nada permanecia estável por muito tempo, porque tudo estava vivo e se mexia em
volta do jogador – uma condição por demais real para muitos gerentes. O taco usado por
Alice era um flamingo, que tinha a tendência de virar a cabeça e olhar para outra direção
no momento em que Alice procurava atingir a bola. Esta, por sua vez, era um porcoespinho, outra criatura com vontade própria. Em lugar de ficar parado, esperando que
Alice o atingisse, o porco-espinho desenrolava-se, levantava-se, movia-se para outra
parte da quadra e sentava-se novamente. Era difícil saber onde ia parar. Os arcos eram
soldados de cartas comandados pela Rainha de Copas, que mudava a estrutura do jogo a
seu bel-prazer, gritando ordens aos arcos para que se reposicionassem na quadra.
Agora substitua a tecnologia pelo taco, funcionários e clientes pelo porco-espinho e o
ambiente externo pela Rainha de Copas e a analogia encaixa-se na experiência viva das
empresas. Está ficando cada vez mais difícil para executivos na posição de Alice ter
sucesso com métodos empresariais tradicionais quando a tecnologia, as preferências dos
clientes, a lealdade dos funcionários, as estratégias dos concorrentes, os regulamentos
do setor e a propriedade da empresa estão sempre se modificando. Em vez de
simplesmente manter seus olhos na bola, eles têm de observar simultaneamente todos os
vários elementos mutáveis do jogo.
Se o novo jogo dos negócios se parece mesmo com o croquê de Alice no País das
Maravilhas, para vence-lo são necessárias uma ação mais rápida, manobras mais
criativas, mais flexibilidade e parcerias mais próximas com funcionários e clientes do que
era típico na burocracia empresarial tradicional. Ele exige uma atuação gerencial mais ágil
e flexível, busca oportunidades sem deixar-se imobilizar por estruturas incômodas ou
procedimentos pesados que impedem a ação. Em resumo, os gigantes corporativos
precisam aprender a dançar.
A necessidade de ganhar o novo jogo está empurrando as empresas para direções cada
vez menos burocráticas e cada vez mais empresariais. Para tanto, as empresas tentam
desembaraçar-se da burocracia, eliminam níveis hierárquicos desnecessários e
estabelecem novos empreendimentos que se parecem pequenas empresas a fim de
mover-se rapidamente para novas áreas. Elas estão estabelecendo ligações mais
estreitas com funcionários, fornecedores e clientes para fortalecer sua capacidade de
competir. Elas estão reconsiderando sua forma de distribuir recompensas. E ao fazerem
tudo isto, elas aumentam as exigências sobre as pessoas.
O novo jogo traz consigo desafios incomuns. A louca corrida para melhorar o
desempenho e buscar excelência multiplicou as exigências sobre executivos, gerentes e
funcionários. Estas exigências vêm de todos os lados da vida pessoal e de negócios, e
elas parecem cada vez mais incompatíveis e impossíveis:
•
•
•
•
•
•
•
•
Pensar estrategicamente e investir no futuro – mantendo os números altos
de hoje.
Ser empreendedor e correr riscos – mas não onerar o negócio com um
fracasso.
Continuar a fazer tudo o que se está fazendo ainda melhor – e gastar mais
tempo comunicando-se com os funcionários, participando de equipes e
lançando novos projetos.
Conhecer cada detalhe do negócio – delegando mais responsabilidade aos
demais.
Dedicar-se com disposição às “visões” e comprometer-se fanaticamente
em realiza-las – sendo, contudo, flexível, responsivo e capaz de mudar
bem rápido de direção.
Falar francamente, ser um líder, determinar a direção – sendo porém,
participativo, bom ouvinte e cooperativo.
Assumir inteiramente o jogo empresarial e as longas horas que ele
consome – e permanecer em forma.
Ter sucesso, sucesso, sucesso – e criar filhos maravilhosos.
Também as empresas enfrentam demandas cada vez maiores e aparentemente
incompatíveis:
•
•
•
•
Gastar pouco e manter-se “enxuta” por meio de reestruturações – sendo ao
mesmo tempo uma ótima empresa para se trabalhar e oferecendo políticas
voltadas para o funcionário, como a segurança no emprego.
Encorajar a criatividade e a inovação que possam leva-la a novas direções
– mantendo-se firme no que faz de melhor.
Transmitir um sentido de urgência e forçar uma execução e resultados
mais rápidos – levando, contudo, mais tempo para deliberadamente fazer
planos para o futuro.
Descentralizar para delegar lucros e responsabilidade de planejamento
para unidades de negócios menores e autônomas – mas centralizando
para capturar eficiências e combinar recursos de formas inovadoras.
O que você acha disso tudo?
1
Extraído de: Rosabeth Moss Kanter, Quando os Gigantes Aprendem a Dançar: Dominando os
Desafios de Estratégia de Gestão e Carreiras nos Anos 90, Rio de Janeiro, Editora Campus,
1997, p. 4-7
Casos:
Motorola: Os Grandes Objetivos
Os melhores em qualidade são aquelas organizações que estabeleceram objetivos
extraordinariamente difíceis, que os alcançaram e ainda continuam a definir novos e mais
difíceis objetivos. Ao redor da década de 1980, a Motorola, como todo negócio norteamericano trilhava através de um índice de 8% de defeitos na sua produção. Isso não
significava que 8% dos seus produtos vendidos tinham algum defeito, mas que 8% das
partes produzidas para aqueles produtos eram defeituosas. A qualidade melhorou muito a
partir do momento em que a Motorola começou a medir seus defeitos em partes por
milhão e não mais por percentagens. Um índice de 8% de defeito, por exemplo, significa
80.000 defeitos por um milhão de partes. Em 1981, quando a Motorola começou o seu
primeiro impulso para a melhoria da qualidade ela estabeleceu um objetivo: reduzir seu
um índice de defeitos nos próximos cinco anos. Isso não foi bom suficiente. A situação
melhorou quando a Motorola decidiu melhorar seu índice em dez vezes. Isso significava
reduzir o índice de defeitos abaixo de oito em cada um milhão de partes.
Em 1987, a Motorola anunciou seu padrão de Seis Sigmas. Os estatísticos utilizam a letra
grega sigma como o símbolo do desvio padrão ao redor da media aritmética. Seis sigmas
significam 3,4 erros em cada um milhão de partes. Em 1992, a empresa alcançou a meta
de 150 partes por milhão (ppm). Em 1997, a margem de erros chegou a 20 ppm. Na velha
medida de percentagem, a Motorola havia alcançado um índice de falhas de .25%. O
vice-presidente de qualidade da companhia passou a explicar que 20 ppm não significa
que se a Motorola construísse um milhão de estações espaciais, somente 20 delas teriam
problemas. Isto significava que em cada etapa do processo de construir uma estação
espacial, os problemas chegavam a 20 vezes em cada um milhão de passos. Nenhuma
outra companhia no mundo alcançou este nível e muitas delas nem sequer conhecem o
que isto significa.
Com o objetivo de Seis Sigmas a Motorola mudou a sua escala global: os produtos e os
processos estão se tornando cada vez mais difíceis. No século XXI a empresa terá
semicondutores com um a 20 bilhões de partes. Assim, ela analisa as partes por um
milhão. O vice-preside de qualidade afirma que não alcançamos ainda o ponto ideal, pois
a qualidade custa dinheiro. Estamos preparando nosso futuro para reduzir cada vez mais
nossos custos.
Metade das falhas da Motorola vêm de suas portas a fora através dos fornecedores. Eles
ainda não estão sintonizados no seu cliente, embora a Motorola esteja trabalhando com
eles. A Motorola cortou o número de fornecedores de 10.000 para 1.000 preferenciais e
está exigindo deles um sério programa de melhoria da qualidade, além de desenvolver
um profundo trabalho de pesquisa para garantir o programa de Seis Sigmas.
Como muitas outras companhias, a Motorola está aumentando seu esforço para melhorar
a qualidade e tem alcançado grandes objetivos, como reduzir em 10 vezes o tempo para
desenvolver um novo produto nos últimos cinco anos. Antes, levava 36 meses para criar
um novo tipo de produto, o que leva agora apenas 3 ou menos meses. A Motorola está
tentando também compreender melhor o consumidor e está usando novas ferramentas
para isso. A companhia admite entrevistadores como terceiras-partes para falar com os
clientes sobre sua experiência com os produtos da Motorola. O que a empresa aprendeu
com isso levou-a a consolidar novos softwares para adequar seus produtos às
necessidades do mercado.
1
Jerry Yoram Wind & Jeremy Main, Driving Change: How the Best Companies are Preparing for
the 21st Century, Nova York, The Free Press, 1998, p. 216-218
Capítulo 2 - VISÃO HISTÓRICA DA ADMINISTRAÇÃO
Visão geral do capítulo:
Este capítulo é dedicado a um rápido passeio pelas diferentes eras organizacionais e as
diferentes teorias administrativas que nelas predominaram. Os principais temas são:
1. A Era Industrial Clássica, a Era Industrial Neoclássica e a Era da Informação.
2. As teorias administrativas na Era Industrial Clássica: a ênfase nas tarefas
(Administração Científica), a ênfase na estrutura (Teoria Clássica e Teoria da
Burocracia) e a ênfase nas pessoas (Teoria das Relações Humanas).
3. As teorias administrativas na Era Industrial Neoclássica: a ênfase na estrutura
(Teoria Estruturalista e Teoria Neoclássica), a ênfase nas pessoas (Teoria
Comportamental), a ênfase na tecnologia e a ênfase no ambiente (Teoria de
Sistemas e Teoria da Contingência).
4. Desdobramentos recentes da teoria administrativa.
5. As teorias administrativas na Era da Informação.
Fórum de Debates (para discussão intragrupal e debates intergrupais):
1. Faça uma comparação entre as principais características da Era Industrial
Clássica e Neoclássica com a Era da Informação.
2. Discuta as características da Administração Científica e seu papel na Era Industrial
Clássica.
3. Discuta as características da Teoria Clássica e seu papel na Era Industrial
Clássica.
4. Discuta as características da Teoria da Burocracia e seu papel na Era Industrial
Clássica.
5. Discuta as características da Teoria Estruturalista e seu papel na Era Industrial
Neoclássica.
6. Discuta as características da Teoria Neoclássica e seu papel na Era Industrial
Neoclássica.
7. Discuta as características da Teoria Comportamental e seu papel na Era Industrial
Neoclássica.
8. Discuta as características da Teoria de Sistemas e seu papel na Era Industrial
Neoclássica.
9. Discuta as características da Teoria da Contingência e seu papel na Era Industrial
Neoclássica.
10. Discuta a nova orientação das organizações em plena Era da Informação.
11. Discuta as oito características das organizações excelentes.
Pesquisa de Mercado (trabalho de investigação de campo para grupos de
alunos):
1.
2.
3.
4.
5.
Faça uma pesquisa sobre como as organizações estão fazendo planejamento.
Faça uma pesquisa sobre como as organizações estão organizando o trabalho.
Faça uma pesquisa sobre como as organizações são dirigidas.
Faça uma pesquisa sobre como as organizações estão fazendo controle.
Faça uma pesquisa sobre como a informatização está facilitando a vida dos
funcionários e dos clientes.
6. Faça uma pesquisa sobre como as organizações estão utilizando a tecnologia.
7. Dê exemplos de como a tecnologia da informação está modificando o trabalho das
pessoas.
Temas para Reflexão:
A Hora das Reformas Microeconômicas 1
A economia somente voltará a crescer com rapidez e de forma segura, no Brasil, se o
país consolidar mais que o equilíbrio fiscal e monetário. Esta primeira mudança é
indispensável, certamente, para qualquer projeto de expansão duradoura. Sem as contas
públicas ajustadas e reestruturadas, o país sempre estará arriscado a novas pressões
inflacionárias, exposto a turbulências externas e condenado ao desperdício do imposto
recolhido. Embora incontornável essa condição é, no entanto, insuficiente. Por isso é
preciso avançar numa série de reformas microeconômicas. Reformas microeconômicas
dizem respeito à operação dos mercados e às condições de atuação dos agentes –
empresas, trabalhadores, consumidores e poupadores – em cada segmento da economia.
Parte importante das mudanças tem sido realizada pelo setor privado, no esforço para se
adaptar ao ambiente criado pelo Plano Real e pela abertura de mercados. Nos anos 90, a
produtividade industrial aumentou 64%, segundo números organizados pelo Banco
Central. Esse ganho resultou de inovações administrativas, de modernização do
equipamento e de uma reorganização de cada ramo de atividade. Nesse processo, muitas
empresas quebraram, muitas se associaram a outras ou foram compradas e muitos
postos de trabalho foram fechados. O crescimento, agora, é retomado em bases muito
mais firmes que as de uma década atrás. Empregos vêm sendo criados, com essa
retomada, num ambiente produtivo com muito menos gordura e condições de competição
muito mais severas.
Essa transformação ocorreu em todos os grandes setores. Talvez sejam mais visíveis as
mudanças ocorridas na indústria e nos serviços, de modo especial na área financeira e no
grande comércio varejista. Mas também na agricultura e na pecuária houve alterações
consideráveis com adoção de processos e de tecnologias atualizadas. A expressão “setor
primário” pode ser muito enganadora quando se quer descrever a agropecuária brasileira.
Há muita mudança por fazer no setor empresarial, mas os ganhos obtidos são visíveis. O
produtor nacional hoje resiste ao competidor externo com muito maior sucesso do que
nos primeiros cinco ou seis anos da abertura. Estão surgindo os primeiros sinais de
reestruturação da pauta de exportações – ainda limitados, mas significativos. O efeito
mais sensível ocorre nos preços, próximos da estabilidade há vários anos.
Mas não basta reformar e modernizar o setor diretamente produtivo. É preciso mexer
ampla e profundamente no ambiente dos negócios. O poder de competir, num mercado
internacional cada vez mais integrado e dinâmico, depende de várias condições externas
à empresa industrial e à unidade agropecuária. A infra-estrutura é uma dessas condições.
Têm ocorrido melhoras nas telecomunicações e nos transportes, mas a mudança apenas
começou. O investimento ferroviário continua insuficiente e os serviços portuários ainda
são muito caros. Há o risco, além disso, de escassez de energia elétrica, se o
crescimento da economia se acelerar mais.
Outros fatores importantes são de ordem financeira e/ou institucional, como a reforma da
lei das sociedades anônimas, o aperfeiçoamento da previdência privada e a
regulamentação do mercado de capitais, entre outros exemplos – além do investimento
educacional, da política de tecnologia e da reforma tributária. Em muitos desses itens, o
governo poderia ser muito mais eficiente. No caso da reforma tributária, a história é mais
grave: o governo tem jogado contra – e essa seria, no entanto, uma inovação com
benefícios muito rápidos para todo o sistema produtivo.
1
“A Hora das Reformas Microeconômicas”, O Estado de São Paulo, 16 de Agosto de 2000, p. A3
Características da Organização do Século 21 1
Cada geração parece pensar que vive em um ambiente típico de desafios e mudanças.
Desde quando perceberam que podem ser melhores e mais competitivas, as
organizações passaram a se preocupar em se preparar continuamente para o futuro.
Muitas delas desenvolvem estratégias para aquilo que acreditam ser o século 21. É a
“Visão 2000” da General Motors e da Astra Merck e a “Ford 2000”, por exemplo. A “Xerox
2000” foi atualizada para “Xerox 2005” em 1997. Assim, a corporação que conhecemos e
que constituiu o engenho de prosperidade para o século 20, agora emerge como algo
diferente para o século 21. A transição para a próxima organização é mais visível nos
países adiantados, embora as forças de mudança sejam globais. Os mercados, a
tecnologia e as demandas dos funcionários, dos clientes e dos cidadãos estão
impulsionando as organizações a mudarem rápida e intensamente. Hoje, a inação passou
a constituir uma estratégia de alto risco. O resultado disso tudo é um conjunto de
características bastante marcantes, a saber:
Velhas características:
(Século XX)
* Orientação para objetivos
* Foco no preço
* Mentalidade de qualidade do produto
* Impulsionada para o produto
* Foco no acionista
* Orientação para finanças
* Eficiência e estabilidade
* Hierarquia rígida
* Baseada em máquinas
* Funcional
* Rigidez e atribuição
* Local, regional e nacional
* Integração vertical
Características emergentes:
(Século XXI)
* Orientação para a visão
* Foco no valor
* Mentalidade de qualidade total
* Impulsionada para o cliente
* Foco no parceiro
* Orientação para rapidez
* Inovação e espírito empreendedor
* Horizontalidade e empowerment
* Baseada em informação
* Funcional cruzada
* Flexibilidade e aprendizagem
* Global
* Rede e interdependência
No decorrer deste livro, todos estes aspectos serão abordados.
1
Baseado em Jerry Yoram & Jeremy Main, Driving Change: How the Best Companies Are
Preparing for the 21st Century, Nova York, The Free Press, 1998, p. 1-5.
Casos:
Xerox: Um Novo Modelo 1
Em 1982, a Xerox começou a rejuvenescer o seu centro de qualidade. O modelo
chamado “Liderança Através de Qualidade” funcionava bem, mas a empresa queria fazer
uma refocalização nele. Os executivos da área de qualidade da empresa criticavam a
abordagem de qualidade utilizada: havia um grande número de ferramentas e processos
de qualidade, mas as pessoas não as utilizavam consistentemente ou eficazmente. A
companhia estava sofrendo de um conceito de desordem e algazarra (concept clutter). O
presidente da empresa se queixava de que a Xerox não estava tirando vantagem das
oportunidades de mercado e de sua própria tecnologia por que estava orientada
funcionalmente e impulsionada burocraticamente e não conseguia usar seus processos
de qualidade para tornar-se mais produtiva.
O novo “modelo administrativo da Xerox” utilizado a partir de 1994 buscava aplicar maior
disciplina no uso de todas aquelas ferramentas e aumentar a rapidez da empresa sem a
necessidade de mudar produtos, mas melhorando a tomada de decisões. O foco da Xerox
passou a concentrar-se nos esforços de qualidade em dois objetivos críticos: crescimento
do retorno lucrativo e produtividade de classe mundial.
O perfil adotado pela Xerox coincidiu com os critérios estabelecidos pelo Malcolm Baldrige
National Quality Award, que estabeleceu em 1980 que a qualidade era considerada a sua
própria recompensa. Nenhuma justificativa externa era necessária. Melhorar a qualidade
era a coisa certa a fazer e, com isso, os negócios melhorariam naturalmente. Mas, a partir
na segunda metade da década de 1990, este idealismo passou a ser substituído por uma
insistência em resultados concretos e práticos. No último critério do Prêmio Baldrige, a
eficácia dos esforços de qualidade de uma empresa passou a ser julgada pela satisfação
do cliente. Em um total de 1000 pontos cerca de 300 estavam na categoria de foco no
cliente e na sua satisfação. Em 1997, o critério do Baldrige incluiu uma nova categoria
chamada de “resultados do negócio”, com um escore máximo de 450 pontos.
A estrutura do novo “modelo administrativo Xerox” enfatiza que cada iniciativa,
ferramentas e atividades da Xerox devem ser alinhadas para seis práticas de negócios, a
saber:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
liderança,
recursos humanos,
administração dos processos de negócios,
utilização da informação e ferramentas de qualidade,
foco no cliente e no mercado
resultados do negócio
A última categoria mensura o desempenho da companhia nas cinco categorias anteriores.
A idéia é que todo o que a Xerox faz deve ser alinhado dentro de seus objetivos de
qualidade e que todas as pessoas e unidades devem conhecer as ferramentas e métodos
para melhorar a qualidade.
1
Baseado em Jerry Yoram & Jeremy Main, Driving Change: How the Best Companies Are
Preparing for the 21st Century, Nova York, The Free Press, 1998, p. 219-220
PARTE II
A ADMINISTRAÇÃO NO SÉCULO
SÉCULO XXI
A PARTE II é constituída de quatro capítulos destinados a atualizar e
redimensionar conceitos básicos sobre organizações e seu contexto ambiental:
Capítulo 3
O Ambiente das
Organizações
Capítulo 4
PARTE II
A
ADMINISTRAÇÃO
Administração em um
Contexto Globalizado,
Dinâmico e Competitivo
Capítulo 5
NO SÉCULO XXI
Inventando e
Reinventando as
Organizações
Capítulo 6
A Cultura
Organizacional
Conceito de sistemas abertos
e de ambiente.
Ambiente geral e específico.
Dinamismo ambiental
Relações entre organização e
ambiente
Globalização e competitividade
Mudança tecnológica e
informação
O setor não-lucrativo
Responsabilidade social
Tendências do mundo atual
Reinventando organizações
Processo de mudança
Mudanças organizacionais
Como preparar as organizações
Organização formal e informal
Diversidade
D.O.
Espírito empreendedor e ética
Valores e leis
Capítulo 3 - O AMBIENTE DAS ORGANIZAÇÕES
Visão geral do capítulo:
Este capítulo aborda o contexto no qual as organizações estão inseridas e do qual
extraem suas oportunidades e enfrentam as ameaças decorrentes. Temas principais:
1. Conceito de sistemas e de sistemas abertos
2. Conceito de ambiente organizacional
3. Ambiente geral (macroambiente) e seus principais componentes
4. Ambiente específico (microambiente) e seus principais componentes
5. Dinâmica ambiental: previsibilidade versus imprevisibilidade
6. Relações entre organização e seu ambiente
Fórum de Debates (para discussão intragrupal e debates intergrupais):
1. Discuta o conceito de ambiente dentro da visão sistêmica
2. Discuta totalidade, abordagem teleológica, entropia e sinergia
3. Discuta a frase: o ambiente é um provedor de oportunidades, desafios e ameaças
4. Discuta a influência das condições econômicas sobre as organizações e viceversa
5. Discuta a influência das condições sociais sobre as organizações e vice-versa
6. Discuta a influência das condições legais sobre as organizações e vice-versa
7. Discuta a influência das condições políticas sobre as organizações e vice-versa
8. Discuta a influência das condições culturais sobre as organizações e vice-versa
9. Discuta a influência das condições demográficas sobre as organizações e viceversa
10. Discuta a influência das condições ecológicas sobre as organizações e vice-versa
11. Como as organizações podem “aproveitar” sinergisticamente os componentes de
seu ambiente específico?
12. Como adequar uma organização para conviver melhor em um ambiente dinâmico?
13. Como se poderia adaptar ambientalmente uma organização?
14. Como a organização poderia influenciar seu ambiente mais próximo?
Pesquisa de Mercado (trabalho de investigação de campo para grupos de
alunos):
1. Faça uma pesquisa de mercado sobre como as organizações visualizam e
acompanham as condições econômicas do ambiente
2. Faça uma pesquisa sobre como as organizações visualizam e acompanham as
condições sociais do ambiente
3. Faça uma pesquisa sobre como as organizações visualizam e acompanham as
condições legais do ambiente
4. Faça uma pesquisa sobre como as organizações visualizam e acompanham as
condições políticas do ambiente
5. Faça uma pesquisa sobre como as organizações visualizam e acompanham as
6.
7.
8.
9.
condições culturais do ambiente
Faça uma pesquisa sobre como as organizações visualizam e acompanham as
condições demográficas do ambiente
Faça uma pesquisa sobre como as organizações visualizam e acompanham as
condições ecológicas do ambiente
Faça uma pesquisa sobre como as organizações fazem sua adaptação ambiental
Faça uma pesquisa sobre como as organizações influenciam o ambiente
Temas para Reflexão:
Sintonizando o seu Radar Corporativo 1
Duas perguntas para início de conversa. A primeira: a empresa na qual você trabalha será
a mesma daqui a 5 ou 10 anos? Certamente, não. A segunda pergunta: na empresa na
qual você trabalha se discute intensamente o entorno (ambiente) que a envolve? Se isso
não acontecer, a sua empresa é cega, muda e surda. Perdida no espaço e isolada do
mundo em uma posição de inércia ou dependência. Seus órgãos sensoriais não estão
funcionando. Miopia ou cegueira, mudez e surdez empresariais podem ser solucionadas
ou curadas. Este é um trabalho para o administrador.
Quando se diz que todo empreendimento empresarial se parece com um navio que
navega por mares revoltos em direção a um destino definido, a metáfora não é totalmente
descabida. A tripulação deve manter a embarcação no curso adequado e repensar o
curso caso as circunstâncias mudem. A chave consiste em saber o que está à frente do
navio. Foi por isso que o Titanic afundou. E esta é a razão pela qual as embarcações
modernas utilizam o radar.
Também as empresas necessitam de um radar corporativo. O radar corporativo é um
processo disciplinado que consiste em investigar, estudar, analisar e pensar nas várias
dimensões do seu ambiente de negócios. Esse radar precisa estar permanentemente
ligado e fazer a exploração ininterruptamente.
Algumas empresas estão desligadas do mundo, por que seus executivos estão muito
preocupados com os problemas internos e questões operacionais e não têm tempo para
pensar em um âmbito mais amplo. Focalizam apenas o imediato e o mais próximo e não
se dão conta do ambiente. É por isso que as empresas que dirigem tendem a assumir
uma posição de inércia de vulnerabilidade e são as mais castigadas quando uma onda de
choque as atinge. Elas não estão preparadas para as mudanças e nem sabem para onde
se dirigir quando surge a ameaça ou perigo ambiental.
As empresas mais exigentes estão sempre constantemente plugadas ao que está
acontecendo fora de suas fronteiras. Algumas delas têm o que se pode chamar de
“inteligência ambiental”. As equipes de administradores que dirigem as empresas variam
quanto à maneira de estudar o cenário ambiental no qual suas empresas estão inseridas.
Muitas empresas definem uma equipe com a função exclusiva de detectar e ler os sinais e
tendências e alertar a cúpula quanto às suas implicações. O radar corporativo deve ser
usado para examinar o cenário ambiental e elaborar um quadro do ambiente de negócios
da empresa. Mas o segredo não está apenas em visualizar o macroambiente, mas,
principalmente, em compor todos os microambientes em um único quadro para compor
uma base sólida para especular sobre o que está acontecendo e o que deverá acontecer.
Na verdade, não se trata de apenas um radar, mas um conjunto integrado de radares
corporativos para “varrer” as condições ambientais em todas as suas nuances.
Sobre o macroambiente:
1. Ambiente econômico: é importante entender os fatores econômicos que podem
criar ou destruir as oportunidades de crescimento da empresa. A dinâmica de
mercados, capitais, matérias-primas, custos, preços, moeda, situação da
economia nacional e a situação do comércio internacional são fatores que podem
influenciar os padrões de compra dos clientes, o comportamento dos concorrentes
e as oportunidades atuais da empresa. Como o ambiente econômico é muito
complexo, pode ser útil dividir as várias mudanças (como flutuações cambiais,
taxas de juros, rendimentos dos investimentos, política de impostos, etc.) em
efeitos primários e secundários, de modo a permitir uma análise mais adequada.
2. Ambiente tecnológico: o radar tecnológico permite explicar os fenômenos dos
desenvolvimentos tecnológicos que podem criar ou destruir oportunidades para o
crescimento do negócio da empresa. Como perceber as mudanças tecnológicas
que estão afetando os clientes e em que medida essas alterações conduzem a
novas ameaças ou oportunidades para a empresa. Quais são as tecnologias que
estão surgindo rapidamente e quais estão sendo descartadas. Quais mudanças
terão efeito duradouro e quais são passageiras. Que tipo de novos produtos ou de
processos podem ameaçar a sobrevivência do negócio e que possíveis inovações
poderiam reestruturar todo o mercado.
3. Ambiente social: é importante conhecer parâmetros como opiniões, valores,
crenças, estilos, preferências, relações familiares, questões morais e religiosas,
heróis, vilões, etc., que habitam a cabeça das pessoas e que afetam o
comportamento dos clientes. Estes aspectos estão mudando o papel da
organização no mundo dos negócios.
4. Ambiente legal: trata-se de entender o emaranhado de leis que condicionam a
realização de negócios e o comportamento da organização.
5. Ambiente político: o radar político procura entender e explicar os processos de
governo federal, estadual e municipal, bem como os vários grupos de poder
político que podem afetar as regras dos negócios. Problemas da vida pública,
como lei e ordem, direitos civis, questões de ética são importantes aspectos
políticos que influenciam as organizações.
6. Ambiente cultural: é importante perceber o que está acontecendo com os valores
sociais das pessoas, como estilos e tendências, consciência quanto à saúde,
atitudes em relação a instituições como governo, política, corporações, valores
familiares, etc.
7. Ambiente demográfico: é necessário perceber como as realidades demográficas,
como sexo, idade, padrões conjugais, taxas de natalidade, padrões religiosos,
mobilidade social, estão influenciando o mercado.
8. Ambiente ecológico: o radar ecológico ou geofísico visualiza as vizinhanças da
organização, incluindo o ecossistema e recursos naturais, a disponibilidade de
matérias-primas, opções de transporte, proximidade de centros populacionais, a
suscetibilidade de desastres ambientais, etc.
Sobre o microambiente:
1. Ambiente de fornecedores: é necessário conhecer todas as opções de fontes de
insumos necessárias ao funcionamento da organização, seja para utilizar as
melhores e mais econômicas, seja para transferir a elas uma parcela da atividade
interna da organização, na forma de terceirização.
2. Ambiente de clientes: é necessário entender o comportamento, atitudes e as
necessidades dos clientes, usuários e consumidores. Com esse radar se pode
detectar os desejos, hábitos, valores e situações daqueles com quem a empresa
faz negócios, principalmente, os clientes finais.
3. Ambiente competitivo: tem por objetivo entender as intenções dos concorrentes e
as forças que moldam. Um competidor é qualquer entidade que ofereça aos
clientes opções que diminuam a atração das opções oferecidas pela empresa.
Como o atual ambiente competitivo é instável e caótico, está ficando cada vez
mais difícil saber a diferença entre aliados e inimigos. Em uma dada situação, uma
empresa pode ser aliada competitiva e em outra circunstância, pode ser a
fornecedora como a concorrente mais acirrada.
4. Ambiente regulador: é necessário conhecer os vários agentes controladores ou
regulamentadores da atividade da organização e sua função no ambiente para
lidar com eles, não como inimigos ou adversários, mas como parceiros no sentido
de agregar valor e satisfazer necessidades ambientais.
O radar corporativo deve ser usado para examinar todas as características e mudanças
ambientais e elaborar um quadro compreensivo do ambiente de negócios para que a
organização se mantenha competitiva e bem-sucedida. O radar deve funcionar
continuamente e oferecer informações capazes de suprir os processos decisórios da
organização e fundamentar sua estratégia global. E quem faz parte desse radar
corporativo? Todas as pessoas em todos os níveis da organização.
1
Karl Albrecht, Radar Corporativo: Como Entender os Cenários que Estarão Regendo o Futuro de
seus Negócios, São Paulo, Makron Books, 2000
Casos:
Firestone
1
As ações da empresa japonesa Bridgestone Corp., segundo fabricante mundial de pneus,
caíram 17% desde que as autoridades americanas anunciaram uma investigação sobre
acidentes de trânsito. A Firestone, divisão da Bridgestone, anunciou um gigantesco recall
(convocação em massa para troca de produto) envolvendo 6,5 milhões de pneus para
caminhões leves e veículos utilitários esportivos, suspeitos de terem causado mais de 300
acidentes, nos quais 45 pessoas morreram e 80 se feriram nos Estados Unidos.
Segundo a companhia, o recall inclui os modelos radiais ATX e ATXII e Wilderness AT.
Cerca de 14,4 milhões desses modelos de pneus saíram das fábricas nos últimos dez
anos. A empresa estima que o número de pneus ainda em uso e que farão parte do recall
é de 6,5 milhões. Os pneus serão repostos gratuitamente, independentemente do seu
desgaste. Para o vice-presidente da Firestone, “nada é mais importante do que a
segurança dos consumidores”. Na verdade, a decisão aconteceu devido à pressão
exercida por entidades de proteção à segurança no trânsito, revendedores de pneus e
advogados. A operação para trocar os pneus poderá custar cerca de US$ 553 milhões e
a companhia poderá perder participação no mercado.
As investigações da National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA) foram
iniciadas no início de 2000, depois que o governo americano recebeu inúmeros relatos de
acidentes, envolvendo ruptura de pneus, capotagem de veículos e desprendimento da
bandagem lateral de pneus descolada em movimento. Em alguns casos, o
desprendimento da bandagem foi tão grave que os pneus se desintegraram
completamente. A maioria das queixas relacionava-se com os veículos Explorer
fabricados pela Ford. Prevê-se que os relatos de acidentes e ferimentos poderão
aumentar na medida em que as investigações forem atraindo maior atenção e
publicidade. Em declarações públicas, a Firestone culpou a baixa calibragem e a falta de
manutenção dos pneus pelo descolamento da banda de borracha, citando ainda
condições de estradas e do tempo como causadoras do problema.
Cada vez mais irritada com a maneira como a Bridgestone/Firestone está lidando com
seu gigantesco recall de pneus, a Ford Motor Co. está tentando explicar claramente a
lógica por trás do problema. Sob pressão da Ford, a Firestone preparou uma campanha
de comunicação para explicar como são feitos os pneus e como eles funcionam. Uma
reportagem publicada no USA Today, cita especialistas que afirmam que a aplicação de
camadas de náilon entre as cintas de aço usadas nos pneus investigados poderia evitar
que as pontas das mesmas afetassem a borracha da banda de rodagem, contribuindo
para o seu desprendimento. Segundo esses especialistas, o custo é a única razão para o
náilon não ser usado. Cobrir as camadas de aço com náilon custaria no máximo US$ 1,00
por pneu.
A Bridgestone/Firestone do Brasil iniciou a convocação de proprietários de veículos com
pneus P 235/75R15, nos modelos ATX, ATX II e Wilderness AT para substituição gratuita.
A maioria equipa o Explorer, modelo importado pela Ford. Até agora, não há notícias de
acidentes em nosso país em razão de defeitos nos pneus.
O nível de preocupação dos consumidores sobre a segurança dos utilitários esportivos e
caminhonetes equipados com pneus Firestone continua alto. O número de processos
legais envolvendo os pneus também continua subindo. A qualidade de crédito da
Bridgestone começou a ser afetada. A agência Moody’s Investor Service mudou sua
classificação da dívida da empresa de positiva para negativa. A Standard & Poor’s
também reduziu sua classificação. Essa é a resposta do mercado.
Na verdade, nenhuma empresa está sozinha no mundo. Cada empresa opera em um
contexto onde estão seus clientes, fornecedores, concorrentes e suas operações. De um
lado, a empresa influencia seu ambiente; mas, por outro lado, é também profundamente
influenciada por ele.
1
“45 mortes. E a Firestone Recolhe 6,5 Milhões de Pneus”, Jornal da Tarde, Seção de Economia,
10 de Agosto de 2000, p. 8A
Robert L. Simison, Karen Lundegaard, Norihiko Shirouzu e Jenny Heller, “Como um Problema
de Pneu Virou uma Crise para Ford e Firestone”, The Wall Street Journal Americas, O
Estado de São Paulo, 10 de Agosto de 2000, p. B12
Robert L. Simison, “Ford Irrita-se com Firestone”, The Wall Street Journal Americas, O Estado
de São Paulo, 14 de Agosto de 2000, p. B9
“Firestone Vai Trocar 6,5 Milhões de Pneus”, Folha de São Paulo, Caderno Dinheiro, 10 de
Agosto de 2000, p. B20
“Firestone: Tropeço na Adminsitração da Crise?”, The Wall Street Journal Americanas, O Estado
de São Paulo, 11 de Agosto de 2000, p. B10
Capítulo 4 - ADMINISTRAÇÃO EM UM CONTEXTO GLOBALIZADO,
DINÂMICO E COMPETITIVO
Visão geral do capítulo:
Este capítulo aborda o complexo contexto de negócios que envolve as organizações. Os
temas principais são:
1. As megatendências do mundo moderno
2. A globalização e a competitividade como fatores de sucesso das organizações
3. A intensa mudança tecnológica e a informação
4. O novo perfil do emprego e as mudanças no mercado de trabalho
5. A crescente importância do setor não-lucrativo
6. Responsabilidade social das organizações
7. Os parceiros da organização
8. Organizações de classe mundial
Fórum de Debates (para discussão intragrupal e debates intergrupais):
1. Discuta as megatendências do mundo moderno e suas implicações para as
organizações
2. Discuta a nova ordem mundial: globalização e competitividade
3. Discuta os principais aspectos da globalização
4. Faça um debate sobre as oportunidades e desafios da globalização
5. Discuta o fenômeno das fusões e aquisições de empresas
6. Faça um debate sobre os meios de internacionalizar as organizações
7. Discuta as características das organizações multinacionais
8. Discuta a mudança tecnológica e a informação
9. Discuta o novo perfil do emprego
10. Discuta a importância do setor não-lucrativo no mundo moderno
11. Faça um debate sobre a responsabilidade social das organizações
Pesquisa de Mercado (trabalho de investigação de campo para grupos de
alunos):
1. Faça uma pesquisa de mercado sobre como as organizações estão enfrentando a
globalização
2. Faça uma pesquisa sobre como as organizações estão enfrentando a
competitividade
3. Faça uma pesquisa sobre fusões e aquisições de empresas
4. Faça uma pesquisa sobre como as organizações estão se internacionalizando
5. Faça uma pesquisa sobre como as organizações estão enfrentando a mudança
tecnológica
6. Faça uma pesquisa sobre as novas condições de emprego no mundo moderno
7. Faça uma pesquisa sobre programas de responsabilidade social das empresas
8. Faça uma pesquisa sobre organizações de classe mundial e suas características
Temas para Reflexão:
Os Quatro Processos de Globalização 1
A globalização é um processo de mudança que combina um número cada vez maior de
atividades através das fronteiras e tecnologia da informação, permitindo a comunicação
instantânea com o mundo. E permite dar a todas as pessoas em todos os lugares acesso
ao melhor do mundo.
Quatro processos abrangentes estão associados à globalização:
1. Mobilidade – capital, pessoas, idéias. Estes são os principais ingredientes de um
negócio e estão adquirindo mobilidade no seu fluxo pelo mundo todo permitindo
transações planetárias.
2. Simultaneidade. A globalização significa uma disponibilidade de bens e serviços
em muitos lugares ao mesmo tempo.
3. Desvio. Ou seja, múltiplas escolhas. A competição além das fronteiras apoiada em
um trânsito internacional, a desregulamentação e privatização de monopólios
estatais estão aumentando as alternativas. O desvio implica em inúmeras rotas
alternativas para atingir e servir os clientes.
4. Pluralismo. Ou seja, o declínio relativo dos centros monopolistas, quando as
atividades eram concentradas em alguns lugares e que agora se dispersam,
multiplicando os centros de especialização e influência. O centro não pode mais
dominar.
O que você acha disso tudo?
1
Rosabeth Moss Kanter, Classe Mundial: Uma Agenda para Gerenciar os Desafios Globais em
Benefício das Empresas e das Comunidades, Rio de Janeiro, Editora Campus, 1996, p. 2941
O Jeito McKinsey de Ser 1
A McKinsey & Company é uma grande, reconhecida e bem-sucedida empresa de
consultoria, apelidada de a “Firma”. Suas bem guardadas técnicas administrativas ajudam
seus consultores – e qualquer executivo - a identificar e resolver problemas e a enfrentar
situações complicadas, diferenciando-as de dificuldades “territoriais”. Rasiel faz um
passeio pela “Firma” e apresenta os seguintes tópicos no seu livro:
•
•
•
•
•
•
•
•
•
O problema nem sempre é o problema;
Usar a regra dos 80/20;
Usar o teste do elevador: por que você deve resumir sua idéia em 30
segundos ou menos;
Usar o mapa que o levará do problema à solução;
Utilizar dicas para conduzir entrevistas bem-sucedidas e coletar dados;
Cuidar das discussões com o cliente sobre os resultados antes da
apresentação, para garantir o seu sucesso;
Buscar os elementos fundamentais para criar uma comunicação eficaz;
Saber lidar com membros “passivos” ou difíceis do time;
Como obter apoio de toda a organização.
O que você acha disso?
1
Ethan M. Rasiel, O Jeito McKinsey de Ser, São Paulo, Makron Books, 2000
Casos:
Amazon.com 1
O valor de mercado da Amazon.com caiu em quase 70%, mas a empresa de varejo
eletrônico continua a valer bem mais do que alguns dos grandes nomes do mercado dos
Estados Unidos. Trata-se de uma das empresas mais admiradas daquele país. A ameaça
da Amazon preocupa muitas companhias. E ela fez tudo isso sem jamais ter obtido lucro
algum em toda a sua breve história. Mas isso não causou estranheza. A nova economia
alterou as regras dos negócios, fazendo com que as medidas tradicionais de desempenho
de uma empresa não fossem mais relevantes, embora tenham os seus méritos.
É que os proponentes da nova economia enfatizaram duas ideais básicas: externalidades
de rede e padrões de compatibilidade.
1. Em comparação com a produção física, na produção baseada no conhecimento,
quase todos os custos são incorridos no começo. Os custos marginais de
disseminação ficam perto de zero.
2. Assim que um padrão intelectual foi disseminado, a empresa que o controla
adquire vantagem invencível porque tudo precisa ser compatível com ele. A idéia é
que os monopólios serão endêmicos e as vantagens para os pioneiros serão
inatacáveis. Haverá poucos vencedores, eles serão todos grandes e é essencial
chegar cedo.
Os fatores econômicos da nova economia podem ser diferentes da velha economia, mas
não tão diferentes assim. Vejamos:
1. Externalidades de rede: na velha economia, os custos médio e marginal de
produção são semelhantes. É preciso a mesma quantidade de aço, a mesma
quantidade de borracha e quase a mesma quantidade de trabalho para produzir o
primeiro u o milionésimo carro. Na nova economia, os custos marginais de
produção ficam bem abaixo da média. Os custos da economia do conhecimento
estão relacionados ao desenvolvimento do conhecimento e os custos de
distribuição caem.
2. Padrões de compatibilidade: o sucesso da Microsoft é construído sobre esses
padrões. Assim que se tem em mente os padrões de compatibilidade, pode-se
encontra-los em toda parte. Eles determinam os idiomas que falamos, o lado da
estrada em que dirigimos, o formado das tomadas de nossos aparelhos elétricos.
Mas, ninguém tem a propriedade intelectual desses padrões. O resultado comum
do controle exclusivo de um padrão é que o mercado não o adote. Essa é a lição
que nos dá o desaparecimento do Betamax da Sony, a derrota do cartão de
crédito American Express pelo Visa e o destino da Apple no mercado de
computadores pessoais.
As realizações da Amazon não se baseiam nos padrões de compatibilidade ou nas
externalidades de rede e têm pouco a ver com a supostamente nova economia do
conhecimento. A fatia de mercado da Amazon depende de virtudes tradicionais em um
mercado competitivo: produto inovador, vendas e serviços eficientes e baixos preços.
Se a Amazon.com conseguir ganhar dinheiro com essas coisas, algo que ela ainda não
provou, será um bom negócio. Mas, como todos os bons negócios, ela continuará
vulnerável ao ataque de alguém que possa oferecer uma combinação ligeiramente melhor
de produto, eficiência, preços e serviço. As regras do sucesso na nova economia são
extraordinariamente semelhantes às que se aplicam à velha economia.
1
John Kay, “Nova Economia Tem as Mesmas Regras da Velha”, Financial Times, Folha de São
Paulo, Caderno Dinheiro, 14 de Agosto de 2000, p. B6.
Capítulo 5 - INVENTANDO E REINVENTADO AS ORGANIZAÇÕES
Visão geral do capítulo:
Este capítulo é dedicado às tendências e às incríveis mudanças do mundo atual e que
exigem novas respostas das organizações. Os temas principais são:
1. As tendências e mudanças no mundo atual de negócios
2. A necessidade de reinventar continuamente as organizações
3. O processo de mudança e suas características
4. As mudanças organizacionais
5. Como preparar as organizações para as mudanças necessárias
Fórum de Debates (para discussão intragrupal e debates intergrupais):
1.
2.
3.
4.
5.
Discuta como as tendências do mundo atual estão impactando as organizações
Discuta como a tecnologia está influenciando a vida moderna
Discuta a competitividade e seu impacto sobre as organizações
Discuta a globalização e seu impacto sobre as organizações
Faça um debate sobre a necessidade de reinvenção permanente das
organizações
6. Discuta como mudar as organizações a partir das mudanças individuais
7. Faça um debate sobre as organizações que aprendem
8. Discuta o processo de mudança
9. Faça um debate sobre o campo de forças que envolve qualquer mudança
organizacional
10. Faça um debate sobre os tipos de mudanças organizacionais
11. Discuta sobre como preparar as organizações para as mudanças necessárias
12. Discuta sobre como lidar com a resistência às mudanças
Pesquisa de Mercado (trabalho de investigação de campo para grupos de
alunos):
1. Faça uma pesquisa de mercado sobre como a tecnologia está influenciando as
organizações
2. Faça uma pesquisa sobre como as organizações estão tentando se reinventar
continuamente
3. Faça uma pesquisa sobre como as organizações estão fazendo mudanças a partir
das mudanças individuais das pessoas
4. Faça uma pesquisa sobre organizações que aprendem
5. Faça uma pesquisa sobre tipos de mudanças organizacionais
6. Faça uma pesquisa sobre como as organizações estão se preparando para fazer
mudanças organizacionais
7. Faça uma pesquisa sobre como as organizações estão lidando com a resistência
às mudanças
Temas para Reflexão:
Reinvente sua Empresa: Seis Regras Básicas 1
Você já viu um bando de gansos em revoada pelos céus? Nenhum deles lidera o grupo,
ninguém preside a passarada. Além disso, um ganso não tem acesso à tecnologia de
previsão do tempo. E nem pode prever os obstáculos que o bando vai enfrentar. Apesar
disso tudo, sua trajetória é segura e certeira – e grupal. A complexa interação dos muitos
mercados que compõem a economia global, a vibrante diversidade da Internet, o
comportamento de um formigueiro, a revoada organizada dos gansos são, todos,
exemplos da ordem que parece brotar na ausência de qualquer autoridade central. De
todos, é possível tirar lições sobre o surgimento de estratégias revolucionárias num
universo caótico e em constante evolução.
A ordem brota de normas sólidas, mas simples. Um número excessivo de executivos
gasta tempo demais burilando a estratégia e tempo de menos criando as condições
básicas para o surgimento de estratégias que gerem riqueza. Isso não quer dizer que o
alto comando seja irrelevante. Longe disso. Só que a função do alto comando não é traçar
estratégias. Sua função é montar uma organização capaz de produzir um fluxo constante
de conceitos empresariais inovadores. Sua contribuição está na criação do contexto, e
não na invenção do conteúdo. Seu papel é colocar em ação normas capazes de criar uma
organização profundamente inovadora – normas como as seis a seguir, que ajudaram
titãs como Enron, Charles Schwab e GE Capital a virar revolucionárias depois de velhas.
Regra No 1: Crie expectativas exageradas. Faça o seguinte teste: pergunte a 25 pessoas
em sua organização, qual seria uma expectativa razoável de crescimento para este ano.
Calcule a média. 10% ou 20%? Nenhuma empresa supera suas próprias expectativas. Se
a maioria dos seus colegas acredita que a faixa de crescimento da empresa é de 5% ou
10%, ela será. Uma meta ousada não vai produzir sozinha, de uma hora para outra, uma
enxurrada de estratégias insurgentes. Já sua ausência sempre resulta em estratégias
modestas, copiadas. Se o objetivo for o crescimento da receita, do lucro ou da eficácia, a
inovação não-linear sempre começa com a adoção de metas exageradas. Uma meta
difícil obriga as pessoas a encarar de forma diferente as oportunidades. Se a meta de
uma pessoa é 10% e a de outra 20%, essa segunda vai ter de agir de maneira distinta.
Regra No 2: Expanda a definição do seu negócio. Qual a nossa? Essa, talvez, seja a
questão mais fundamental que executivos e funcionários de uma empresa podem se
perguntar. É sua resposta que determina se a empresa persegue ou não oportunidades
fora da norma. Muita empresa se autodefine em virtude daquilo que faz, e não daquilo
que sabe (suas habilidades básicas) e daquilo que possui (seus ativos estratégicos). Um
revolucionário veterano não se prende aos limites de uma definição estreita.
A Virgin opera num elenco de setores como aviação comercial, turismo, comércio de
discos, operações bancárias e radiodifusão. Não há pressuposições sobre a presença da
Virgin neste ou naquele setor. A companhia vai investir numa área se acreditar que é
capaz de desafiar as normas atuais, oferecer algo mais vantajoso para o público, garantir
o maior entretenimento e incomodar quem se refestela na liderança. Em vez de “por
quê?”, a nossa cultura pergunta, “por que não? “ Comece agora a perguntar a seus
colegas o que cada um pretende, o que considera ser a meta da empresa. Reúna um
grupo e tente redefinir sua empresa com base n conhecimento e nos ativos que ela
possui, e não meramente naquilo que ela faz.
Regra No 3: Ouça o que novas vozes têm a dizer. Veja o exemplo de Ted Turner e o
telejornalismo (CNN), Anita Roddick e cosméticos (The Body Shop), Jeff Bezos e o varejo
(Amazon.com) e Pierre Omidyar e o leilão (eBay). Um setor, em geral, é reinventado por
forasteiros, gente livre do preconceito de veteranos da área. Só que, na maior parte das
empresas, a estratégia é um reduto da velha guarda, aquele pessoal que vem interagindo
entre si ano após ano. Não surpreende a insipidez das estratégias resultantes. A GE
Capital criou uma equipe jovem – todos abaixo de 30 anos – cuja missão é informar onde
estão as oportunidades. Ouça gente jovem, pessoas da periferia situadas próximas às
fronteiras geográficas da organização e forasteiros que vêem de diferentes setores.
Regra No 4: Crie um mercado aberto para idéias. Muitos líderes de empresas invejam o
sucesso do empresariado do Vale do Silício. Poucos, porém, pensam como atiçar o
espírito empreendedor de sua própria equipe. O que faz do Vale do Silício uma fonte
inesgotável de novas idéias não é uma super-raça de administradores visionários, mas a
existência de uma conexão íntima entre três mercados: o de idéias, o de capital e o de
mão-de-obra. Enquanto o Vale do Silício é um mercado vibrante, o protótipo da empresa
de grande porte é um planejamento centralizado. Não causa espanto que muito
empreendedor do Vale do Silício tenha fugido da indústria tradicional. Na meca
tecnológica americana, todo mundo sabe que uma idéia radical é a única forma de
geração de riqueza. Enquanto sua equipe não entender que uma idéia que rompa
padrões é o caminho mais Curt para a geração de riqueza, tanto para a empresa quanto
para o indivíduo, seu mercado de idéias vai continuar desabastecido. Na GE Capital, toda
semana a cúpula da empresa passa a metade de um dia reunida para discutir novas
idéias. Qualquer um pode participar.
Uma aeromoça da Virgin vivia ajudando as amigas a planejar festas de casamento em
uma lista infindável de providências. Daí a idéia de oferecer à noiva um serviço completo
de planejamento de casamento. Ela levou a idéia ao chefão Richard Branson. O resultado
é o maior empório britânico para noivas, com coordenadores especializados em toda a
logística do grande dia: Virgin Bride. Isso aconteceria em sua empresa? Uma funcionária
qualquer de vinte e poucos anos de idade teria chance de falar com o presidente e
conseguir permissão para abrir uma nova divisão na empresa?
Regra No 5: Reduza os riscos da “novidade”. Na hora de assumir riscos, o grosso das
empresas se divide entre a opinião majoritária da diretoria – que prefere seguir nos
calcanhares de uma tendência do que encarar riscos desnecessários – e a minoria, cuja
tese é que nenhuma empresa conquista novos mercados sem ousadia. Mas o meio-termo
– nem muita cautela, nem muito risco – pode render frutos. A GE Capital aposta em áreas
onde os obstáculos sejam pequenos. Ela não participa de megafusões, mas faz centenas
de aquisições.
Regra No 6: Aja como uma célula: a divisão faz a força. O embrião humano cresce por
meio de um processo de divisão celular. Uma célula se transforma em duas, depois em
quatro, em oito, e por ai vai. Certas células viram o pulmão, outras viram ossos, tendões e
tudo quanto é órgão do corpo humano. Divisão e especialização estão na essência do
crescimento. O mesmo vale para uma empresa. Quando cessam a divisão e a
especialização, a inovação morre e o crescimento perde embalo. A Illinois Tool Works
(ITW) fatura US$ 6 bilhões ao ano, mas é provável que você nunca tenha ouvido falar
dela. A matriz fica em Illinois, mas a ITW se espalha por mais de 400 divisões em todo o
mundo, cada uma com faturamento médio anual de apenas US$ 15 milhões. Cada divisão
tem o seu próprio gerente-geral, um executivo que desfruta a autoridade de um diretorpresidente enquanto a divisão estiver à frente da concorrência. Quando atinge a marca
dos US$ 50 milhões em faturamento, toda divisão é dividida em dois ou três braços. A
divisão em células motiva a inovação de várias formas. Primeiro, porque libera o capital
humano e o financeiro da ortodoxia tirânica de um modelo padronizado de negócios. Além
disso, a divisão celular cria oportunidades para o fomento do talento empreendedor das
pessoas. Em terceiro lugar, ao manter células pequenas e especializadas, a divisão
celular coloca a alta gerência próxima ao cliente. E, em quarto, ao diluir o poder, ela reduz
a capacidade de divisões fortes de aniquilar projetos que possam canibalizar suas fontes
de renda.
Em certas empresas, as idéias de potencial bilionário brotam de baixo para cima. E é
assim que se reinventa a organização constantemente.
1
o
Gary Hamel, “Reinvente sua Empresa”, Fortune Américas n 60, O Estado de São Paulo, 17 de
Junho de 2000, p. 6-8
Casos:
Apple Computers: Reinventando uma Empresa Totalmente Nova 1
A remodelagem estratégica consiste em gerar vantagem competitiva fugindo do fazer as
mesmas coisas um pouco melhor. Isto significa que os lucros e vantagens competitivas
pertençam aos inovadores que transcendem os parâmetros existentes da concorrência
como um todo. Os remodeladores estratégicos forçam os seus concorrentes a seguir
novas regras que eles próprios elaboraram. E que logo adiante serão novamente
mudadas.
A forma mais pura de remodelagem estratégica é construir um negócio totalmente novo a
partir do início. Foi o que fizeram, em 1977, Steve Jobs e Stephen Wozniak, quando
começaram a construir os primeiros computadores de uso pessoal – os PC’s ou
microcomputadores – na garagem de sua casa. Assim começou a Apple Corporation,
fabricante do Macintosh, uma pequena empresa privada de dois sócios. Quinze anos
depois, era uma multinacional com faturamento de 8 bilhões de dólares anuais,
empregando cerca de 15 mil pessoas diretamente e gerando centenas de novas
empresas fornecedoras e de subprodutos. A história da Apple é muito instrutiva.
Ao comercializar um produto revolucionário, computadores pessoais, a Apple
democratizou a indústria da informática. Ao invés de produtos grandes, caros e inflexíveis
destinados a grandes empresas, a Apple focalizou os usuários individuais em seus lares,
pequenas empresas e escolas. O fantástico objetivo de adaptar computadores às
necessidades humanas, em vez de forçar as pessoas a aprender linguagens de
computador arcaicas, permaneceu numa marca registrada da estratégia e do sucesso da
Apple até hoje. A bandeira de pirata que tremula sobre a sede da Apple em Cupertino, na
Califórnia, é uma metáfora para representar a cultura explicitamente iconoclasta da
empresa. Mas, tanto a abordagem da empresa e suas as instalações altamente
automatizadas estavam focalizadas no produto. Exclusivamente no produto. E esse foi o
seu karma.
A abordagem da Apple garantiu novos clientes e forçou os concorrentes a seguirem as
suas regras. A utilização de ícones multicoloridos e a imagem rebelde da empresa atraiu
pessoas não-conformistas e agentes de mudança. Apesar de seus concorrentes –
incluindo a IBM, a maior rival – começarem a fornecer produtos mais acessíveis aos
usuários, a Apple manteve sua reputação própria de inovadora especializada em
informática centrada no usuário. Seus concorrentes foram forçados a perseguir a
tecnologia por mais de uma década. E até a Microsoft continua nessa briga.
O importante é que a Apple criou uma empresa totalmente nova desde a base. A indústria
de computadores pessoais – tanto hardware como software – tornou-se uma das três
empresas maiores e mais ricas do planeta. Antes da Apple, essa indústria nem existia.
Devido ao caminho aberto pela Apple, empresas como a Microsoft, Intel e Sun
Microsystems tornaram-se estrelas corporativas, criando milhares de novos empregos e
gerando bilhões de dólares.
Infelizmente, a saga da Apple não teve um final totalmente feliz. A liderança visionária e
iconoclasta, porém indisciplinada de Steve Jobs fez com que fosse substituído por John
Sculey, que se tornou o presidente da Apple a partir de 1985. Em 1993, ficou evidente
que a presidência deveria passar para Michael Spindler. Em 1996, a Apple sofreu uma
forte queda nas suas ações, prejuízos operacionais e a deserção de muitos executivos de
talento. Enquanto especialistas redigiam o atestado de óbito da empresa, Spindler foi
dispensado e substituído por Gilbert Amelio. Mais recentemente, Steve Jobs voltou à
direção do negócio. Como tudo isso acabou?
A Apple foi incapaz de transformar sua liderança técnica em domínio de mercado. A
causa imediata da decadência da Apple foi a ascensão do sistema operacional Windows
da Microsoft. Mas as sementes do declínio estavam no próprio Steve Jobs. Sua
iconoclastia proporcionou enorme energia dinâmica à empresa, mas seu excesso de
autoconfiança tecnológica desprezou totalmente a possibilidade de tornar o Macintosh
compatível com outras plataformas. Isso impediu a Apple de se tornar líder fora dos
nichos de mercado de softwares educacionais e de editoração eletrônica. Era a
oportunidade de dominar o mercado que ela própria havia criado. Até as inovações mais
arrebatadoras têm uma certa duração e o preço inevitável para se manter a liderança
comercial passou a ser inovação firme e repetida. O poder das inovações em produtos e
tecnologias de tirar o fôlego desapareceu e nada comparável apareceu para assumir o
seu lugar.
A lição da Apple mostra que apenas inventar um novo mercado não é mais uma garantia
de que se pode dominá-lo de maneira sustentável. No darwiniano universo de
hiperconcorrência global, a discussão agora passou a ser como inovar continua e
incessantemente. O jogo está cada vez mais arriscado. Já não se pode mais fazer
negócios como antigamente.
1
st
Baseado em: Matthew J. Kiernan, The Eleven Commandments of 21 Century Management,
Englewood Cliffs, N.J., Prentice-Hall, 1996, p. 14-15
Forrester Research 1
Como recomendava o escritor e humorista norte-americano Mark Twain: “quando todos
estão garimpando para encontrar ouro, um bom negócio é vender pás”. Você já deve ter
ouvido a analogia que compara o frenético desenvolvimento da Internet a uma corrida de
ouro, na qual os grandes ganhadores não são os garimpeiros, mas quem vende pás,
picaretas e enxadas para eles. Da mesma forma, no mundo virtual, quem está ganhando
rios de dinheiro são os gigantes que fornecem infra-estrutura para a Web, como a Cisco
System. Nenhuma corrida do ouro no passado deu tanto valor à assessoria e à
informação. Empresas que vendem pesquisas técnicas a outros grupos que gastam
bilhões de dólares na compra de equipamentos e até mesmo invertendo completamente
modelos de negócios estão registrando aumentos dramáticos de faturamento e lucros
nestes últimos tempos. E nenhuma dessas empresas conquistou a atenção das bolsas
como a Forrester Research, sediada em Cambridge, Massachusetts. A empresa começou
no porão da casa de George Colony, seu executivo-chefe, como uma consultoria de um
homem só, há 17 anos atrás. A participação acionária que ele ainda tem na empresa
(38,5% do capital) vale hoje perto de US$ 500 milhões. As ações da Forrester subiram
71% em 2000 e quase quadruplicaram de valor no último ano. Tiveram ganhos de perto
de 1.500% desde que o capital do grupo foi aberto, em 1996. Os investidores se deixam
atrair pelo intenso crescimento da Forrester e pelas perspectivas de ganhos ainda
maiores.
Mas, a Forrester não é a única empresa nesse caso. Companhias como International
Data, Júpiter Communications, Giga Information Group, the Yankee Group e a maior
delas, o Gartner Group, estão passando por uma fase de acentuado crescimento.
Contudo, a Forrester conquistou mais atenção dos investidores ao convence-los de que
suas pesquisas de base ampla oferecem a eles maior chance de se posicionar na frente.
Quer tenham maiores conhecimentos ou não, o fato de serem fontes bem informadas de
conhecimento sobre a nova economia é fundamental. Idéias, visibilidade e marketing
conduzem essa imagem. Os pesquisadores da Forrester são pagos com base em uma
complicada fórmula que leva em conta seu envolvimento o fechamento de vendas e suas
aparições na mídia. Há também a questão das previsões para o futuro, especialmente os
bilhões de dólares que um dia serão gastos nisso ou naquilo via Web. Até agora isso deu
muito certo para a Forrester. O valor da empresa em bolsa excede por margem modesta
o do Gartner Group, ainda que seu faturamento seja equivalente a apenas 20% do total
do concorrente. A Júpiter, a empresa vista como competidor mais direto, aceitou uma
proposta de aquisição que a avalia em cerca de um terço do valor de mercado da
Forrester.
A empresa garante parte do seu faturamento assessorando importantes clientes
corporativos sobre como transferir negócios para a Internet. Mas cerca de 75% das
receitas da Forrester são geradas pela venda de relatórios de pesquisa a cerca de 1.900
clientes em todo o mundo. A Forrester e a Júpiter estão se distinguindo de algumas das
outras empresas do ramo porque se concentram em mudar amplamente estratégias de
negócios, com estímulo da Internet e outras tecnologias. Outras empresas oferecem
informações mais táticas sobre fornecedores, produtos ou serviços individuais.
A Forrester não é uma empresa de informações de nenhuma maneira, diz Colony. Somos
uma fábrica de idéias. As idéias precisam existir em um nível convincente, para que se
difundam infecciosamente pela economia. Colony acredita que a Forrester se tornará uma
empresa multibilionária em meio a toda essa competição, na medida que se expande pela
Europa e no mundo.
1
Steven Syre & Charles Stein, “Consultoria Ganha Fortuna com Net”, The Boston Globe, Folha de
São Paulo, Caderno Dinheiro, 14 de Agosto de 2000, p. B6
Ericsson Consulting 1
A Ericsson, subsidiária da gigante multinacional da produção de equipamentos de
telecomunicações e telefones, decidiu diversificar e lançou uma divisão de consultoria de
negócios. A idéia é acompanhar a evolução dos serviços de telefonia e internet e facilitar
esse trajeto de evolução para o mercado. Entenda-se por mercado todo tipo de empresa,
do varejo à produção de aço.
O investimento inicial na criação da consultoria é de US$ 2 milhões, segundo o diretor da
nova divisão. Com outros 15 profissionais, todos trazidos de consultorias tradicionais
como Booz Allen Hamilton, McKinsey, ATKearney e outras, os planos da Ericsson são
utilizar todos os meios de que o grupo de origem sueca dispõe para alavancar os
negócios dos clientes e, por conseqüência, os seus também. Do hardware, passando pelo
software e desembocando nas soluções finais, tudo será objeto do fornecimento de
produtos e serviços da equipe de consultores da Ericsson. As perspectivas de retorno são
ambiciosas e o faturamento será compatível aos praticados pelas concorrentes.
Os clientes não se resumem às operadoras telefônicas fixas e celulares. A idéia da
Ericsson é ampliar o leque e atingir bancos, supermercados, seguradoras e outras
grandes corporações. Não se pretende atrair o cliente-consumidor, mas o clienteatacadista, pois o objetivo é o grande cliente corporativo.
Os consultores que compõem a nova divisão são especializados em vários segmentos e
podem, por isso, compreender as necessidades desses respectivos clientes e a partir
disso criar-lhes soluções tecnológicas adequadas dentro da Ericsson.
O primeiro serviço a ser ofertado é o de consultoria estratégica. Qual o instrumento
tecnológico que poderia ampliar a receita dos clientes. No caso de uma seguradora, por
exemplo, poderá ser sugerido um equipamento de rádio (espécie de celular mudo),
instalado na frota segurada para rastrear os veículos em caso de roubo, evitando o
sinistro e o conseqüente desembolso da seguradora. Se o cliente for uma cadeia
varejista, poderá ser desenvolvido um aplicativo segundo o qual o pagamento das
compras seria efetuado via celular.
Além do atendimento estratégico, a Ericsson pretende encaminhar o cliente ao negócio
proposto. A idéia não é entregar o serviço ou produto e deixar o cliente sozinho, mas
continuar no projeto. Por fim, como terceira etapa do processo, a nova empresa vai ajudar
o cliente a tirar o máximo proveito das novidades resultantes da iniciativa.
Ficha Técnica: Equipe de consultores no Brasil: 15
Equipe de consultores no mundo: 37
Concorrentes: Booz Allen Hamilton, ATKearney, McKinsey
Serviços: software, hardware e acompanhamento de projetos
Clientes: varejo, bancos, seguradoras e grandes corporações
1
Thaís Costa, “Ericsson Cria Consultoria de Negócios”, Gazeta Mercantil, Informática &
Telecomunicações, 16 de Agosto de 2000, p. C-2
Capítulo 6 - A CULTURA ORGANIZACIONAL
Visão geral do capítulo:
Este capítulo é dedicado à mentalidade que predomina na organização e que direciona as
ações e comportamentos. Os temas principais são:
1. Cultura organizacional, seus componentes e características
2. Uma nova visão sobre organização formal e organização informal
3. A diversidade nas organizações
4. Culturas conservadoras e culturas adaptativas
5. Desenvolvimento organizacional (DO), suas técnicas e aplicações para melhorar a
cultura organizacional
6. O espírito empreendedor como impulso básico para a organização
7. Ética organizacional e individual
8. Valores e leis
Fórum de Debates (para discussão intragrupal e debates intergrupais):
1. Discuta os aspectos formais e abertos e os aspectos informais e ocultos da cultura
organizacional
2. Faça um debate sobre os componentes da cultura organizacional
3. Discuta o HP Way
4. Discuta a organização formal e informal
5. Faça um debate sobre diversidade nas organizações e suas vantagens
6. Discuta as características das culturas bem sucedidas
7. Faça um confronto entre culturas conservadoras e culturas adaptativas
8. Discuta as características do DO
9. Discuta a aplicação das técnicas de DO
10. Discuta o processo de DO
11. Discuta a necessidade de espírito empreendedor
12. Discuta a ética e o comportamento ético
Pesquisa de Mercado (trabalho de investigação de campo para grupos de
alunos):
1. Faça uma pesquisa de mercado sobre a cultura organizacional característica de
certas empresas
2. Faça uma pesquisa sobre como as organizações estão lidando com a diversidade
3. Faça uma pesquisa da cultura organizacional em empresas bem-sucedidas
4. Faça uma pesquisa de empresas com culturas conservadoras
5. Faça uma pesquisa de empresas com culturas adaptativas e avançadas
6. Faça uma pesquisa sobre como as organizações estão utilizando o DO
7. Faça uma pesquisa sobre como as organizações estão incrementando o espírito
empreendedor nas pessoas
8. Faça uma pesquisa sobre como as organizações estão lidando com a ética
Temas para Reflexão:
Definindo uma Competência Distintiva 1
As organizações e seus gurus gastam um extraordinário volume de tempo e elaboração
de frases estabelecendo e debatendo as diferenças entre missões, visões e objetivos. As
frases são, então, impressas, distribuídas e afixadas, mas rapidamente esquecidas. É que
toda definição precisa ser clara, simples, específica e que prometa alguma mudança nos
negócios ou no mercado. Trata-se de estabelecer uma competência distintiva, uma razão
de ser do negócio e, principalmente, uma razão a mais para os clientes comprarem da
companhia. A missão e a visão não podem ser utópicas e nem vulgares. De um lado,
existem missões muito amplas e vagas, como a da Canon, baseada na filosofia kyosei:
“viver e trabalhar juntos para o bem comum”. Outras são mercenárias, como “maximizar o
valor para o acionista”. Empresas como a Marriott Corporation são mais envolventes:
“Marriott está comprometida em ser a melhor companhia de serviços de hotelaria e
alimentação no mundo através do tratamento de seus empregados de maneira que criem
um serviço extraordinário ao cliente e valor para o acionista”.
Além da missão e da visão, as organizações estabelecem um conjunto de valores que
guiam o comportamento das pessoas e a ética da companhia. Alguns valores básicos são
implícitos ou construídos através da tradição. Na Time Warner, os fortes valores
jornalísticos criados pelo fundador, Henry Luce, foram gradualmente transformados para
uma mentalidade de entretenimento pelos seus sucessores. Provavelmente, hoje, com as
fortes mudanças, um conjunto explícito de valores é mais importante do que o foi no
passado.
FATORES INTERNOS
FATORES EXTERNOS
O ambiente de negócios
e a natureza mutável
dos parceiros
Cultura organizacional,
valores, objetivos e
competências básicas
Tipo da organização
que possa ser bem
sucedido no cenário
esperado, criando a
“companhia ideal”
Aspirações, objetivos
e potencial da
organização
A Missão e a Visão escolhidas
para a organização
O mais famoso conjunto de valores foi definido por David Packard e William Hewlett e que
se transformaram no “HP Way”:
•
•
•
•
•
Temos confiança e respeito pelas pessoas
Focalizamos um algo nível de alcance e de contribuição das pessoas
Conduzimos nosso negócio com integridade descompromissada
Alcançamos nossos objetivos comuns através de equipes de trabalho
Encorajamos flexibilidade e inovação
Em algumas organizações, as pessoas ouvem a definição de valores e não dão muita
importância. Na HP, isso conta para o sucesso na companhia.
Na Microsoft, Bill Gates fala de valores e de ética, mas principalmente sobre padrões. Em
1992, Gates afirmou que as pessoas na Microsoft seriam avaliadas não somente pelo seu
desempenho, mas pela aderência aos valores. Para tanto, a Microsoft adotou seis valores
básicos (core values):
•
•
•
•
•
•
Visualizar a longo prazo, fazendo forte investimento em pesquisa e
desenvolvimento, admitindo pessoas jovens e desenvolvendo novos
mercados
Enfatizar resultados
Exigir excelência individual
Funcionar em equipes de trabalho
Obter retroação (feedback) do cliente
Ter uma verdadeira paixão por produtos e tecnologia
As pessoas na Microsoft não gastam tempo promovendo seus valores. Aqui nós não
encontramos slogans como na HP, mas os valores estão aqui. Eles fazem parte das
avaliações do desempenho das pessoas a cada seis meses.
1
Jerry Yoram Wind & Jeremy Main, Driving Change: How the Best Companies are Preparing for
the 21st Century, Nova York, The Free Press, 1998, p . 101-105.
Casos:
A GE 1
A General Electric (GE) fez um formidável esforço de transformação a partir da década de
1980, sob a batuta de Jack Welch. A fase inicial dessa transformação foi concentrada na
reestruturação das unidades, incluindo tanto a compra como a venda de empresas, o que
reduziu fortemente a força de trabalho. Uma década mais tarde e a GE estava
estrategicamente forte, com 13 unidades principais, todas enxutas, mundialmente
posicionadas e ocupando o primeiro ou segundo lugar em participação do mercado.
Na segunda fase, a GE concentrou-se em uma mudança mais fundamental de cultura. O
lema: agilização. Uma série de iniciativas envolveu os funcionários no desmantelamento
de burocracias, aceleração do processo de tomada de decisões, agilização no
atendimento aos clientes e eliminação do trabalho desnecessário. Os funcionários
passaram a trabalhar mais estreitamente com os gerentes para identificar e eliminar
trabalho desnecessário e utilizavam assembléias nos locais de suas filiais para trocas de
idéias. Com isso, a GE passou a incorporar à sua cultura organizacional os valores de
agilidade, simplicidade e autoconfiança. Na medida em que esses valores se firmavam, os
processos de trabalho precisavam ser modificados. Um grupo de desenvolvimento
comercial identificou seis processos críticos: preenchimento de pedidos, introdução de
novos produtos, informações rápidas sobre o mercado, produtividade, globalização e
gerenciamento dos fornecedores. Em cada uma das unidades da GE esses processos
foram auditados para descobrir áreas a serem melhoradas. As reformas desses
processos resultaram em melhoria do fluxo de caixa, atendimento ao cliente e moral dos
funcionários.
1
Extraído de: Dave Ulrich, Human Resources Champions, Harvard Business School Press, 1997,
p. 191-193.
Hewlett-Packard: Originalidade no Silicon Valley 1
Afinal, o princípio da inovação foi inventado recentemente? Não. As pirâmides do Egito
foram construídas com técnicas inovadoras na época. As legiões romanas conquistaram o
mundo usando técnicas inovadoras de ataque e escudos enormes. Os índios usavam
arco e flecha, uma inovadora arma poderosa. Mas, foi em 1938 que dois jovens
resolveram fundar uma empresa na garagem de sua casa, em Silicon Valley, no meio da
aflição da Grande Depressão: a Hewlett-Packard (HP). William Hewlett e David Packard
começaram sua empresa baseados no simples conceito de inovação, com cerca de 500
dólares e nenhum produto. O plano deles era “usar a tecnologia de maneiras novas”.
Pouco mais de seis décadas depois, a HP é uma empresa que fatura 20 bilhões de
dólares anualmente, operando continuamente conforme seu próprio e simples princípio de
inovação. Poucas empresas puderam se reinventar com tanto sucesso e consistência.
Até a década de 1970, a HP estava comprometida com a engenharia de instrumentos.
Mas, na medida em que foi diversificando para as tecnologias de informática, apostou na
proliferação do PC e posicionou-se como líder no setor da sua companheira mais
importante: a impressora. O que hoje constitui uma aposta segura, nos anos de 1980 era
chamado de risco. E o risco valeu a pena.
Usando os motores das impressoras a laser Canon, a HP vendeu mais de dez milhões de
impressoras a laser. Depois deu o único passo lógico para uma empresa voltada para a
inovação. Enfrentou a concorrência e começou a montar seu próprio negócio de
impressoras a laser. Usando a tecnologia de jato de tinta da Canon, que era mais barata,
a HP superou a Canon no mercado em um ano, conquistando uma fatia de 60% do novo
mercado de 1,6 bilhões de dólares por ano de impressoras de baixo custo. Com isso
obteve a base de conhecimento, reputação no mercado de impressoras e uma parcela de
88% no mercado das jato de tinta coloridas. A divisão de impressoras para PC fatura
sozinha 7 bilhões de dólares ao ano e constitui a principal fonte de crescimento e
faturamento da HP.
Lewis Platt, o presidente, diz que a capacidade da HP em considerar sua própria
tecnologia obsoleta antes do mercado faze-lo foi o que a salvou do destino de empresas,
como a IBM e a DEC. Diz ele: “precisamos estar dispostos a canibalizar o que estamos
fazendo hoje para assegurar nossa liderança no futuro. É contra a natureza humana, mas
é preciso matar sua criação enquanto ela ainda funciona.” É preciso movimentar-se
rapidamente para responder com agilidade às exigências do mercado e à concorrência de
rivais pequenos que vêem surgindo. E o que a HP fez? Ela não se comporta como um
gigante. Pelo contrário, ela se organiza em um grupo de divisões altamente autônomas
que, livres do gerenciamento top-down, são capazes de agir e reagir com a força das
pequenas empresas. Basta dizer que 70% das vendas da HP são de produtos
introduzidos ou desenvolvidos nos últimos dois anos. Essa velocidade de mudança
constitui o preço da sobrevivência na indústria da informática.
Contudo, a capacidade da HP para produzir inovação não se limita às práticas
tradicionais. A HP utiliza sua combinação de prever tendências, canibalizar produtos
antecipando-se ao mercado e sintetizar competências-chave em instrumentação de
medição, informática e comunicações. A empresa percebeu cedo que a indústria
americana de vídeo passaria de tecnologia analógica para digital. Em poucos anos, a HP
entrou nesse setor totalmente novo e se tornou um forte concorrente no mercado da TV
interativa.
Como a filosofia da empresa se baseia na inovação, a regra da canibalização se aplica,
não somente aos produtos, mas à própria estrutura organizacional. Platt percebeu que o
modelo operacional de pequenas divisões autônomas promove pouca colaboração entre
as várias divisões para permitir maximização de sinergias e capitalização em
competências centrais. O resultado foi a formação de um comitê, conhecido como
HP = MC2, constituído conforme suas três competências-chave, instrumentos de Medição,
Comunicação e Computação, convergindo representantes de todos os setores da
empresa.
O que o futuro reserva para a HP? Se o passado oferecer alguma indicação segura, a
única previsão que se pode fazer é que, provavelmente, a única coisa que
reconheceremos na futura HP será o seu nome.
1
st
Baseado em: Matthew J. Kiernan, The Eleven Commandments of 21 Century Management,
Englewood Cliffs, N.J., Prentice-Hall, 1996, p. 47-50
Black & Decker: A Tartaruga e a Lebre 5
O enorme sucesso mundial da Black & Decker (B&D) foi devido a uma única inovação:
uma furadeira manual que transformou muitas pessoas em marceneiros domésticos. A
B&D nasceu em 1910 no setor de ferramentas elétricas manuais, mas foi na década de
1980 que se viu, pela primeira vez, perdendo muito dinheiro. É que o ambiente mudou
drasticamente, e a B&D não havia percebido.
Grandes clientes varejistas, como o Wal-Mart exigiam prazos de entrega cada vez
menores para poder manter seus próprios estoques baixos e continuar reativos à
demanda dos clientes. E a B&D não conseguia acompanhar. Seu ciclo de produção era
de três meses e a entrega demorava uma semana ou mais. Se ela quisesse sobreviver
teria de modernizar todos os aspectos de suas operações, como desenvolvimento de
produto, manufatura, marketing, ciclo de entrega. E foi o que ela fez. Essa modernização
continua até hoje.
A B&D utilizou uma série de novas abordagens, como a “manufatura ágil”, just-in-time,
manufatura sincronizada e acrescentou seu próprio retoque. Os objetivos finais eram
muito claros: a B&D tinha de se tornar flexível, um fabricante com resposta rápida ou
então jogar a toalha. As antigas fórmulas não funcionavam mais. Muitas das mudanças
eram proporcionadas pela tecnologia de ponta trazida pela informática. Foi construído um
banco de dados computadorizado contendo informações sobre todo o funcionamento da
empresa. Isso ofereceu, pela primeira vez, uma imagem abrangente, integrada e
acessível de todas as engrenagens que colocavam a empresa em funcionamento. Assim
que pontos fracos específicos eram identificados, formavam-se equipes multifuncionais
para explorar e implementar as soluções. E o que é mais importante, as equipes eram
presididas pelos próprios funcionários, que se lidavam diretamente com o problema, não
por altos executivos distantes da situação. Isso delegou a responsabilidade final pela
execução das decisões do grupo às próprias pessoas que quebravam a cabeça para
tomar tais decisões. Essa estratégia encorajou uma aceitação mais rápida da mudança
por parte de todos os funcionários e, ao mesmo tempo, uma implementação mais rápida
do novo processo.
Os computadores também permitiram à B&D simular novas propostas de processos de
manufatura, para testar sua viabilidade antes de investir tempo e dinheiro que poderiam
ser desperdiçados. Foi também introduzido um novo sistema de projeto computadorizado
que ajudou a reduzir o ciclo do novo produto de dois anos para menos de 12 meses. O
presidente da B&D liderou pessoalmente todo o processo de modernização.
Além disso, os computadores também estão sendo usados para facilitar uma abordagem
just-in-time ao estilo Toyota, para a gerência de materiais e logística. Assim, as peças são
solicitadas e transportadas conforme a necessidade. Os computadores interligam as
operações da empresa em todo o mundo. Cada fábrica funciona com base em
programações computadorizadas diárias que podem ser alteradas em minutos em
resposta a problemas súbitos. A mecanização também foi computadorizada para
acompanhar o novo ritmo de produção e programação flexível e curta. Com os tornos
controlados por computador, esse investimento de tempo foi reduzido e a empresa pode
responder rapidamente às mudanças de pedidos e exigências.
A nova cultura corporativa de velocidade e responsividade permeia toda a empresa. O
objetivo original do enfoque da B&D na velocidade está relacionado à logística de
manufatura, mas os benefícios se espalharam pela área de inovação do produto, muito
mais crítica. Com isso, o recorde da empresa em criar novos produtos para o mercado
tornou-se assustador. A maior parte do faturamento da empresa é gerada por produtos
com três ou menos anos de idade. A “revolução da velocidade” na B&D se consolidou no
final da década de 1990: a empresa conseguiu lançar 40 produtos novos por ano, um feito
inimaginável apenas cinco anos antes.
Mas o objetivo final do esforço de modernização da B&D baseado na velocidade está
concentrado em desenvolver a capacidade de fabricar produtos feitos sob encomenda,
instantaneamente. A empresa é dona de uma fatia de 30% do mercado mundial de
ferramentas elétricas e ostenta uma taxa de crescimento mais de duas vezes acima da
média do setor, vendas anuais de 5 bilhões de dólares, uma avalanche de produtos
inovadores e o poder rejuvenecido do seu nome no mercado. Isso é pouco? A B&D pode
ser uma venerável e madura concorrente entre as empresas americanas, mas está
mudando e crescendo mais do que uma adolescente. A idade está na mentalidade e não
no tempo de existência de uma empresa.
1
st
Baseado em: Matthew J. Kiernan, The Eleven Commandments of 21 Century Management,
Englewood Cliffs, N.J., Prentice-Hall, 1996, p. 81-83
PARTE III
PLANEJAMENTO
A PARTE III é constituída de quatro capítulos cobrindo vários aspectos do
planejamento:
Capítulo 7
Fundamentos
do
Planejamento
Capítulo 8
PARTE III
Formulação
de
Objetivos
PLANEJAMENTO
Capítulo 9
Tomada
de
Decisão
Capítulo 10
Administração
Estratégica
Processo de planejamento
Benefícios do planejamento
Tipos de planejamento
Planejamento estratégico,
tático e operacional
Missão, visão e objetivos
Natureza e hierarquia dos
objetivos
APO
Conceito e racionalidade
Processo decisorial
Ambientes de decisão
As decisões nas organizações
Solução de problemas
Administração estratégica
Modelos estratégicos
Aplicação de modelos
Implementação
Capítulo 7 – FUNDAMENTOS DO PLANEJAMENTO
Visão geral do capítulo:
Este capítulo é inteiramente dedicado ao planejamento. Seus temas básicos são:
1. O planejamento como função administrativa
2. O processo de planejamento
3. Os benefícios do planejamento
4. Tipos de planejamento
5. Planejamento estratégico
6. Planejamento tático
7. Planejamento operacional
Fórum de Debates (para discussão intragrupal e debates intergrupais):
1. Discuta os vários conceitos sobre planejamento
2. Discuta o planejamento como uma função administrativa
3. Faça um debate sobre o processo de planejamento
4. Tome uma empresa como exemplo e discuta os seus fatores críticos de sucesso
5. Faça um debate sobre benchmarking
6. Discuta os benefícios do planejamento
7. Discuta o planejamento estratégico
8. Discuta o planejamento tático
9. Discuta o planejamento operacional
10. Discuta as políticas organizacionais
11. Discuta os vários tipos de procedimentos
12. Discuta os vários tipos de orçamentos
13. Discuta os vários tipos de programas
14. Discuta os vários tipos de regras e regulamentos
Pesquisa de Mercado (trabalho de investigação de campo para grupos de
alunos):
1. Faça uma pesquisa de mercado sobre benchmarking
2. Faça uma pesquisa sobre planejamento estratégico de empresas
3. Faça uma pesquisa sobre planejamento tático de empresas
4. Faça uma pesquisa sobre planejamento operacional de empresas
5. Faça uma pesquisa sobre política organizacional
6. Faça uma pesquisa sobre procedimentos
7. Faça uma pesquisa sobre orçamentos
8. Faça uma pesquisa sobre programas
9. Faça uma pesquisa sobre regras e regulamentos
Temas para Reflexão:
Encarando os Parceiros da Organização 1
A organização do século XXI deve se constituir em um círculo integrado de capacidades e
ativos que são conectados uns aos outros para alcançar o máximo de sinergia. Os
parceiros da organização – acionistas, clientes, empregados, etc. – cuja ordem de
importância varia de uma organização para outra, precisam estar devidamente integrados
entre si. Isso significa mudar toda a arquitetura organizacional tradicional para juntar todas
essas diferentes peças em um só tabuleiro.
A
H
Medidas de
Desempenho
e Incentivos
Missão, Visão,
Objetivos e
Estratégias
B
Cultura
Organizacional
Parceiros da
Organização:
Clientes
Empregados
Acionistas
Fornecedores
Governo
Comunidade
etc.
G
Tecnologia e
outras
Competências
C
Estrutura
Organizacional
D
F
Recursos
Processos
E
Pessoas
A. Missão, visão e objetivos organizacionais, bem como as estratégias a
adotar para alcança-los adequadamente. É o primeiro passo para
estabelecer a bússola que determinará os rumos a seguir.
B. Cultura organizacional. Trata-se de analisar e determinar qual é a espécie
de cultura que o negócio necessita e linca-la com os valores da
organização. Cada empresa define e cria a sua própria cultura. A 3M
desenvolve uma cultura com um clima inovador e a disposição de
intercambiar informação para desenvolver novos produtos. O HP Way
envolve um ambiente interno onde as pessoas são respeitadas e onde se
espera um desempenho de alto nível de todos os membros das equipes. A
Microsoft trabalha como uma organização de aprendizagem. Em muitas
empresas se nota que a velha cultura está sendo eliminada e substituída
por uma mentalidade competitiva e aberta.
C. Estrutura organizacional. As hierarquias e cadeias de comando tendem a
desaparecer. Equipes podem tomar decisões melhores sem que alguém do
topo tenha de dar ordens todas às vezes. O papel mais importante da
estrutura é reforçar as estratégias da empresa, sofrendo mudanças quando
necessário. Enquanto a estratégia é orientada para o mercado, a estrutura
deve estar voltada para os setores de mercado para ficar mais próxima do
cliente. Quando as organizações se tornam globais, elas requerem uma
estrutura globalizada.
D. Processos. O movimento para melhorar a qualidade focaliza principalmente
os processos administrativos para eliminar suas fragilidades e reforçar seus
pontos fortes. É o que fez a Motorola: reduziu defeitos de 80.000 partes por
milhão (ppm) em 1980 para apenas 25 ppm em 1996 através do seu
programa de Seis Sigmas ou 3.4 ppm. A idéia de estabelecer objetivos
para melhorar a organização também começou na área de qualidade e se
espalhou por toda a empresa. Ser competitivo hoje significa criar valor,
desde o início da chegada da matéria prima até o consumidor final através
da melhores processos.
E. Pessoas. As organizações estão admitindo as melhores pessoas para se
manterem competitivas e eficazes. A Era da Informação enfatiza níveis
elevados de habilidades e desempenho para as pessoas, que precisam se
preparar melhor para assumir maiores responsabilidades, enquanto as
organizações cortam níveis hierárquicos, põem abaixo a autoridade e
reduzem custos. As organizações precisam desenvolver um número maior
de líderes para assumirem diferentes papéis e enfrentarem a incerteza e a
complexidade. A lealdade do cliente, especialmente nas empresas
dedicadas a serviço e ao conhecimento, dependerá cada vez mais de
funcionários satisfeitos e motivados.
F. Recursos. A alocação de recursos é uma das responsabilidades críticas da
administração. Lidar com recursos caros e escassos toma tempo dos
executivos. As pessoas que conduzem organizações estão assumindo
novas responsabilidades – seja para instilar a visão, liderar esforços de
melhoria da qualidade, incrementar a abordagem de equipes, socializar
com os parceiros, compreender o cliente e lidar com outros parceiros.
Como não há substituto adequado para o contato face-a-face, o tempo do
executivo está se tornando mais valioso do que nunca.
G. Tecnologia. Os executivos da organização precisam conhecer e
compreender a tecnologia utilizada, os investimentos necessários em
desenvolvimento tecnológico e os riscos decorrentes de má escolha ou de
obsolescência. Eles precisam estudar a atual tecnologia, benchmarks de
sua tecnologia em relação ao disponível ou utilizável no mercado. Eles
necessitam conhecer suas próprias necessidades e problemas, bem como
as soluções adequadas aos seus clientes. Também precisam enfrentar o
dilema “fazer ou comprar”. E, desenvolver uma visão, objetivos e
estratégias para as tecnologias de suas organizações.
H. Medidas e incentivos. Tanto os que são aplicados para indivíduos como
para organizações, estão passando por sérias mudanças. Novas medidas
para melhorar a qualidade e produtividade, a satisfação do cliente, o
desempenho das equipes, a aderência a valores, etc. Focalizar novos
objetivos, medir o desempenho em relação a eles e recompensar pessoas
e equipes de acordo com o desempenho. Mais do que nunca isso está se
tornando imprescindível.
Todos esses elementos da arquitetura organizacional devem estar intimamente
relacionados com a missão, visão, objetivos organizacionais e estratégias.
1
Baseado em: Jerry Yoram Wind & Jeremy Main, Driving Change: How the Best Companies are
Preparing for the 21st Century, Nova York, The Free Press, 1998, p. 303-308
Casos:
Silicon Graphics: O Esforço para chegar ao pódio do Ciberespaço 1
Poucas são as empresas que conseguem ser inovadoras, ágeis e ditar as regras do
mercado, tal como a Silicon Graphics (SG). Tudo o que nela se faz é feito tendo em
mente um objetivo: manter a empresa sempre à frente da concorrência. Diz o presidente,
Ed McCracken: “nossa filosofia e nosso segredo para obtermos vantagem competitiva não
é reagir ao caos; mas gerar o caos. E o segredo para um gerador de caos é ser um líder
em inovação”.
Em 1982, o fundador da empresa, James H. Clark, trouxe o primeiro chip de silício do
mundo contendo um código gráfico. Esse chip forneceu a velocidade necessária para as
imagens computadorizadas tridimensionais. Desde então, a SG vem mantendo sua
posição, recusando totalmente a ortodoxia que governa a indústria da informática.
Empresas bem estabelecidas – e ameaçadas – como a IBM e a DEC tradicionalmente
perseguiam mercados massivos e economias de escala para superar tempos difíceis de
recessão. Isso levou a baixas margens, redução de investimentos em pesquisa e
desenvolvimento (P&D) e conseqüente diminuição na capacidade de inovar. A SG
escolheu uma estratégia totalmente nova. Atacou um nicho de mercado com muito valor
agregado e quase customizado para produzir estações de computador para cientistas,
engenheiros e outros profissionais na fronteira de P&D. Com vendas de 1,5 bilhões de
dólares e uma margem de lucros 10% superior à dos concorrentes, a SG cometeu a
luxúria de gastar 12% do faturamento em P&D.
Isso não significa que a empresa não esteja interessada em mercados massivos. Ela
introduziu o Indy, um computador para o mercado de consumo, que custava menos de 5
mil dólares. Para assegurar que o hardware da SG sempre estabeleça o padrão para a
indústria, a empresa seleciona os clientes mais exigentes e sofisticados que encontra
para contribuições sobre o que o equipamento atual não pode fazer e o que a próxima
geração deve tornar possível. Dessa forma, a SG não responde às tendências de
mercado. Ela as dita. Para reforçar essa estratégia, o feedback do cliente é incorporado à
ponta do ciclo de desenvolvimento, para assegurar que sua tecnologia esteja sempre na
porta de entrada. A capacidade de conceber inovações extremamente modernas,
repetidas vezes, é a arma mais formidável da empresa para gerar o caos entre os
concorrentes. E parece que está funcionando.
A SG mantém os funcionários constantemente envolvidos, criando uma cultura de
diversão e liberdade, e fazendo o elitismo ser parte da mitologia. O recado é: se você é o
melhor na sua área, somos a empresa certa para você.
A constante inovação provoca a canibalização de produtos existentes, o que não tem
nada de errado para McCracken. Ele declara: não prestamos muita atenção no fato de
determinado produto ainda estar ou não ganhando aceitação no mercado quando
decidimos lançar um produto novo. Esta abordagem é a única maneira de assegurar que
ninguém chegue ao mercado primeiro com um produto mais rápido, melhor e mais barato.
Quando alguém nos supera no mercado, o que ocorreu algumas poucas vezes, ficamos
muito constrangidos.
Pode ser difícil acreditar que uma empresa com pouco mais de uma década de existência
já teve de reinventar a si própria, mas a vida será assim no mundo do século XXI, onde irá
imperar a hiperconcorrência global. Assim como muitas outras empresas, a SG havia se
concentrado em vender para o departamento de defesa americano computadores de
milhões de dólares com capacidade tridimensional para simular testes de hardware
militar. Mais adiante, a empresa voltou-se ao maior simulador de todos: Hollywood. A
tecnologia tridimensional da SG garantiu aos filmes Jurassic Park: Parque dos
Dinossauros, O Máscara e Os Flintstones uma boa parte da venda de ingressos.
A SG procura preservar as virtudes de se manter pequena, mesmo crescendo. Qualquer
trabalho não considerado uma competência essencial é rapidamente dispensado.
Parcerias com a Time Warner e Nintendo permitiram entrar nos mercados de videogame
e TV interativa, sem acrescentar nada de substancial para si. Mas ninguém, nem mesmo
a SG terá uma carona garantida para o futuro. A concorrência da Hewlett-Packard é muito
forte. Haja coração!
1
st
Baseado em: Matthew J. Kiernan, The Eleven Commandments of 21 Century Management,
Englewood Cliffs, N.J., Prentice-Hall, 1996, p. 38-40
Capítulo 8 – FORMULAÇÃO DE OBJETIVOS
Visão geral do capítulo:
Este capítulo é dedicado à maneira como as organizações focalizam o futuro e
estabelecem e formulam objetivos. Seus temas principais são:
1. Missão e valores organizacionais
2. Visão organizacional
3. Objetivos individuais e organizacionais
4. Natureza dos objetivos organizacionais
5. Hierarquia de objetivos: estratégicos, táticos e operacionais
6. Administração por Objetivos (APO): sistemas de APO e benefícios da APO
Fórum de Debates (para discussão intragrupal e debates intergrupais):
1. Discuta a necessidade de formular a missão da organização
2. Discuta a necessidade de substituir controles externos por valores organizacionais
3. Discuta a necessidade de formular a visão organizacional
4. Discuta os principais objetivos individuais
5. Faça um debate sobre a compatibilidade entre objetivos organizacionais e
objetivos individuais das pessoas
6. Discuta a hierarquia dos objetivos organizacionais. Dê exemplos.
7. Discuta os principais objetivos estratégicos
8. Discuta os principais objetivos táticos
9. Discuta os principais objetivos operacionais
10. Discuta o que é estratégico, tático e operacional em sua atividade pessoal
11. Discuta o processo de APO
Pesquisa de Mercado (trabalho de investigação de campo para grupos de
alunos):
1. Faça uma pesquisa de mercado sobre como as organizações definem sua missão
2. Faça uma pesquisa sobre como as organizações definem seus valores
3. Faça uma pesquisa sobre como as organizações definem sua visão
4. Faça uma pesquisa sobre como as organizações definem seus objetivos
estratégicos
5. Faça uma pesquisa sobre como as organizações definem seus objetivos táticos
6. Faça uma pesquisa sobre como as organizações definem seus objetivos
operacionais
7. Faça uma pesquisa sobre organizações que adotam APO
8. Faça uma pesquisa sobre como as pessoas definem seus objetivos individuais
Temas para Reflexão:
Afinal, qual é o negócio da sua empresa? 1
Peter Drucker sempre fazia essa pergunta. Por que? Por uma simples razão: as
empresas geralmente têm dificuldade para definir sua atividade principal. Vejamos.
1. Uma das maiores fabricantes de dutos do mundo, a americana Williams Cos., fabrica
tubulações de aço para o transporte de gás natural e de fibra óptica para abrigar o
tráfego de informações da Internet. Para a empresa, é tudo, essencialmente, a mesma
coisa. O seu presidente diz que “há muita analogia entre uma rede de aço e uma de
fibra de vidro. Tanto no caso do aço como no do vidro, os custos caem na medida em
que o volume transportado aumenta”. A empresa utiliza uma curva de custos em
declínio para impulsionar os lucros. Isto significa apostar na fórmula de grandes
produtos e grandes clientes, na qual, a economia de escala é fundamental.
A Williams sabe qual é a sua vocação, o seu forte. Num momento em que muitas
empresas estão se debatendo numa discussão para definir seus nichos – sobretudo
com a Internet apagando antigas demarcações – isso faz dela uma companhia de
sorte. O que se vê, em grande parte do mundo, são empresas tentando voltar ao
mínimo essencial. O chamado core business.
2. Mas vamos à Tektronix Inc. como exemplo. No passado, era a maior fonte de
empregos do estado americano do Oregon. Hoje, a Tektronix vem podando suas
operações desde a década de 1990. Depois de anos de pressão para gerar mais
lucros, a empresa ficou com apenas duas divisões: a de impressoras em cores e a de
instrumentos técnicos. Foi então que decidiu separar as duas divisões restantes.
Qual delas ficaria com o nome Tektronix? Ou, em outras palavras, qual era a principal
área de atuação da empresa? O dilema teve seu fim, quando a empresa concordou
em vender por US$ 950 milhões a sua divisão de impressoras para a Xerox Corp.,
Com isso, a empresa voltou a ser o que era no início: uma fabricante de osciloscópios
e outros aparelhos científicos.
O presidente da Tektronix diz: “acredito na teoria do pêndulo. Em oito ou dez anos,
com nosso crescimento, o enfoque voltará a se fixar sobre o conglomerado. Mas, o
pêndulo hoje aponta para a especialização”. Ele é adepto da especialização das
empresas. Trata-se de uma moda nos Estados Unidos e outros países. Uma moda
passageira ou definitiva? Daí surge uma dúvida complicada: como definir o forte de
uma empresa? Será ele um produto? A posse de patentes ou de direitos autorais? Um
processo? Ou um modelo de negócios como o adotado pela McDonald’s. Ou pela
varejista virtual Amazon.com Inc., que pode ser utilizado indistintamente em vários
setores?
3. Nos Estados Unidos, as grandes empresas se debatem com a questão da
especialização. Na Dun & Bradstreet Corp., que se intitula uma empresa de
informações creditícias, a diretoria está às voltas com um projeto para desmembrar a
sua divisão de classificação de crédito: a Moody’s Investors Service Inc. Já a
canadense Laidlaw Inc., recentemente colocou à venda sua divisão de ambulâncias,
depois de ter concluído que as operações tinham mais a ver com o setor de saúde do
que com o forte da empresa, que é o transporte rodoviário.
4. A Wall Street está apostando na especialização. Mas há um paradoxo. Atualmente,
qualquer empresa tem muito mais liberdade para escolher o que gostaria de ser, nos
Estados Unidos, onde há dinheiro de sobra no mercado e empresas de todo tamanho
à venda. Qualquer companhia saudável poderia praticamente dobrar de tamanho com
uma única aquisição. Fusões e consolidações varrem indústrias de telecomunicações,
de energia, automobilística e financeira. Os partidários da especialização dizem que
mesmo no mais dinâmico dos setores, como o de telecomunicações, é vital se
concentrar em um nicho. E é esse o mantra na Williams Cos. Também é a estratégia
forçada goela abaixo da Tektronix por seus acionistas. Uma dúvida, no entanto,
persiste: Como descobrir o forte, o “core business” de uma empresa? A questão tem
urgência particular agora, com a ascensão da Internet, que ameaça desestabilizar
grande parte da indústria e do comércio tradicionais. Uma instituição de crédito virtual
poderia, por exemplo, destruir bancos reais. Classificados via Internet poderiam roubar
a maior fonte de receitas de grande parte dos jornais. Para muitas empresas, o motivo
maior para alarme é o advento de empresas de Internet, cujo forte não é um produto
específico, mas um modelo de operação. É o caso da Amazon.com que começou com
livros, diversificou-se e, hoje, se especializou na arregimentação de clientes pela
Internet e no processamento da venda de produtos diversos como brinquedos,
eletrônicos e CD’s. Uma companhia dessas, que pode facilmente mudar seus
negócios e se redefine completamente dá uma idéia do que é a principal atividade de
uma empresa.
5. Outra empresa que usa essa nova abordagem é a Capital One Financial Corp.,
pioneira do marketing de cartões de crédito pré-aprovados nos Estados Unidos.
Desmembrada do Signet Bank, a Capital One ergueu um enorme negócio, com mais
de 20 milhões de portadores de seus cartões. Ainda assim, seus principais executivos
negam que a instituição seja uma empresa de cartão de crédito. Aliás, ela começou a
fazer marketing direto de financiamento para compra de automóveis e até mesmo de
serviços de telefonia celular. O presidente da Capital One diz: “um telefone celular é
só um cartão de crédito com uma antena”. O principal negócio da empresa não é um
produto, mas um sistema informatizado de marketing, apoiado num processo de
coleta de dados. Pode?
O mundo dos negócios está mudando rapidamente!
1
Extraído de: Bernard Wysocki Jr., “Mas afinal, qual é o seu negócio?”, The Wall Street Journal of
Americas/O Estado de São Paulo, 10 de Novembro de 1999, p. B2
Mercado Latino de PCs Atrai Gigantes 1
A América Latina está ganhando cada vez mais peso na disputa pela hegemonia mundial
do mercado de computadores pessoais (PCs). Compaq, Dell e Hewlett-Packard (HP), as
três maiores nessa briga, sabem disso. Estão de olho nos 47,8% de crescimento de
vendas que a região registrou no primeiro trimestre do ano. É mais que o triplo da média
mundial (14,5%) e dos Estados Unidos (15%) no mesmo período.
Dell e HP não são nem um pouco humildes nos seus objetivos. As duas querem ser a
empresa líder no mundo. Nos Estados Unidos, a Dell cumpriu a meta. Está em primeiro
lugar desde o final de 1999. A Compaq manteve-se na vice-liderança, mas sua fatia está
diminuindo: de 17% para 14,5% no mesmo período do ano. Enquanto isso, a HP registrou
a maior taxa de crescimento, de 44%, saindo de um market share de 8,1% para 10,4%.
Mas a liderança norte-americana parece ser pouco para a Dell. Ela está disposta a sair da
sexta posição no mercado latino-americano para brigar com a Compaq, líder na região.
Nossa estratégia para a América Latina é ser a empresa número um nos próximos anos,
afirma o vice-presidente da divisão Américas International da Dell, que envolve Canadá,
América Latina e Brasil.
Se depender da líder latino-americana, será uma disputa e tanto. É na região que a
Compaq registra o seu maior índice de crescimento e participação de mercado. Suas
vendas aumentaram 76% no primeiro trimestre em relação ao primeiro trimestre do ano
anterior, o que deu à Compaq confortáveis 22,1% de liderança. A segunda colocada
latina, a IBM, tem distantes 6,6% de participação. A HP vem logo em seguida, com 6,3%.
A Dell está mais longe ainda, com 3,6%, mas essa diferença parece não incomodá-la. No
Brasil, nosso foco em clientes com valor agregado, instituições de ensino e segmento
corporativo nos levou da decida para a quarta posição em nove meses de operação, diz o
vice-presidente da Dell. E a HP, seria uma ameaça? Estamos preocupados com todos os
competidores, diz ele. Cada vez que vemos alguma empresa ganhando
momentaneamente mercado, nos concentramos no nosso modelo de negócios original e
pensamos como poderemos reconquistar perdas temporárias.
2o Trimestre de 2000
No mundo: Vendas (em milhões de unidades) (participação do mercado em %)
Compaq
3,98
12,6
Dell
3,34
10,6
Hewlett-Packard
2,25
7,1
IBM
2,24
7,1
NEC
1,39
4,4
Gateway
1,17
3,7
Outros
17,20
54,5
Mercado Total
31,62
100,0
Um sinal da prioridade que a Dell está dando à América Latina é o Brasil, com sua fábrica
do Rio Grande do Sul. O objetivo para os próximos 12 meses é iniciar exportações para
Argentina e Chile. O investimento programado para o mercado brasileiro, incluindo a
fábrica, é de US$ 70 milhões nos próximos quatro anos. Entretanto, a concorrência
parece não estar muito preocupada. Na verdade, a Dell compete em um mercado
diferente do nosso, diz o vice-presidente mundial da Compaq.
No ranking mundial, a briga promete. A Compaq está perdendo pontos, enquanto a Dell e
a HP estão ganhando. A Compaq reconhece que está perdendo pontos. A justificativa é
que a empresa quer recuperar uma posição financeira sólida, mesmo que para isso tenha
de sacrificar alguns pontos na briga pela liderança de mercado. Nessa briga sobram
farpas para todos os lados e a HP, que pretende passar do seu terceiro lugar para o
primeiro, não deixa por menos. Se a Dell perder mercado nos Estados Unidos, estará
complicada, diz o gerente de marketing da HP para o Mercosul. Qual sua opinião a
respeito de tudo isso?
1
Alberto Komatsu e Lia Vasconcelos, “Mercado Latino de PCs Atrai Gigantes”, Gazeta Mercantil,
Caderno de Negócios, 14 a 20 de Agosto de 2000, p. 3.
Casos:
Hewlett-Packard Quer Ser a 1a do Mundo 1
Em um sólido terceiro lugar nas vendas mundiais de PCs, de acordo com recente ranking
do Dataquest, a HP está decidida a se tornar a número 1 do mercado. Queremos ser
líderes nesse mercado. Só não anunciamos quando, diz o gerente de marketing da
companhia para o Mercosul.
Para alcançar esse objetivo, a HP pretende apoiar-se em dois vetores que define como
fundamentais: crescimento consistente e lucratividade. Procuramos crescer sempre por
meio de políticas estruturais, não conjunturais, diz ele. No mercado americano, no qual a
informática movimenta cerca de US$ 365 bilhões anualmente, as maiores oportunidades
de crescimento não estarão lá, mas sim nos mercados emergentes como a América
Latina, principalmente em países como o Brasil e a Argentina. Só no Brasil, os negócios
de informática movimentam cerca de US$ 20 bilhões por ano. Essa região está crescendo
no volume de negócios e nas linhas de produtos. O potencial é enorme. Assim, a
estratégia de crescimento da HP na América Latina está apoiada em dois fatores: a
reorganização da própria HP e os investimentos específicos que serão feitos na região. A
empresa, que era orientada para produtos, passou a focalizar seus negócios em soluções
integradas. A meta é estar mais próxima dos clientes. E os investimentos na América
Latina permitirão a construção de novas fábricas e o lançamento de novas linhas de
produtos.
Além disso, é apontado como fator essencial de crescimento o gerenciamento dos
diferentes modelos de venda adotados pela companhia. Vendemos por meio de vários
canais de distribuição – varejo, vendas diretas e internet. Esse elemento representa para
nós uma vantagem competitiva em relação às demais empresas, diz ele. Para sermos
número 1, não é necessário que nos tornemos líderes em todos os produtos e em todos
os países, mas o mercado norte-americano, apesar de maduro, é fundamental para
alcançarmos essa posição. Por ser um mercado já estabilizado, a estratégia para os
Estados Unidos difere da adotada na América Latina. Lá, a vantagem competitiva se
apóia no atendimento ao cliente. A estratégia é o que chamamos de “go to market”, ou
seja, ir direto ao consumidor. O desafio para nós é como oferecer diretamente ao cliente
várias linhas de produtos com a mesma eficiência. O segredo será ter bons produtos a
preços competitivos e ter canais de relacionamento para que o cliente tenha acesso à HP
da forma que julgar mais conveniente. Por meio, é claro, dos canais que a própria
empresa criou.
Outra área que merece especial atenção da companhia é a que reúne os chamados
“e-services”. Ou seja, são as nossas soluções de B2B, ERP, CRM, SCM, sistemas de
inteligência e base de dados. Esse segmento promete grande crescimento, uma vez que,
com a explosão da internet, a arquitetura das empresas está ficando cada vez mais
complexa, diz ele. A estratégia da HP para ser a número 1 do mundo também inclui o
marketing. Estamos fazendo um trabalho mundial de fortificação e unificação da marca.
Tínhamos várias submarcas pulverizadas e a idéia é concentrar todas elas por trás do
nome HP Invent.
1
Lia Vasconcelos, “Objetivo da HP é ser a Número 1 do Mundo”, Gazeta Mercantil, Caderno de
Negócios, 14 a 20 de Agosto de 2000, p. 4
Compaq e Dell Disputam Liderança Mundial de PCs 1
O duelo entre a Compaq e a Dell pela liderança do mercado latino-americano de PCs
mostra um confronto de estratégias bem diferentes. De um lado, a Dell reduz seus custos
com as vendas diretas feitas pela internet e aposta forte na sua primeira fábrica brasileira
inaugurada em 1999. Do outro lado, a Compaq vive um momento peculiar. Está se
reestruturando financeiramente, buscando foco no segmento de serviços para poder se
fortalecer principalmente nas vendas ao usuário doméstico.
Há uma decisão clara na empresa de não ganhar em participação de mercado, mas, sim,
de ter uma posição financeira sólida, diz o presidente da Compaq do Brasil. Segundo ele,
no primeiro trimestre de 2000, as perdas mundiais foram de US$ 17 milhões. No final do
segundo trimestre, o lucro operacional foi de US$ 63 milhões. É o primeiro sinal de
recuperação após a companhia ter enfrentado dificuldades em 1999, com seus altos
custos operacionais e a integração com a Digital – empresa de soluções empresariais
adquirida em 1998.
A Compaq está mudando seu perfil. Há cerca de três anos, sua receita vinha somente da
venda de PCs. Atualmente, essa atividade perdeu peso e tem 46% de participação.. A
maior parte do faturamento da companhia, ou 54%, vem do setor de serviços, servidores
e consultoria. Entretanto, isso não significa que a comercialização de PCs está sendo
deixada de lado. A Compaq tem investido em novos canais de vendas, como interent e
call center. Também lançou recentemente o IPAC, um PC compacto com desenho
moderno e vocação para vencer: em apenas três meses após seu lançamento, 100 mil
unidades foram vendidas em todo o mundo.
Se o foco da Compaq passou a ser serviços para depois poder crescer em PCs, esse
seria o momento certo para a Dell avançar na América Latina? Os latino-americanos têm
dificuldade de comprar pela internet. Eles a usam, mas na hora das compras preferem os
canais tradicionais de venda. Aí, a Compaq está muito mais presente, diz o diretor da
consultoria A. T. Kearney.
De qualquer forma, o modelo de comércio eletrônico da Dell tem obtido sucesso. Seu
foco, ou 85% dos negócios, é o segmento corporativo, principalmente de grande e médio
portes. Em qualquer país, nosso modo direto de fazer negócios elimina os intermediários
reduzindo custos, diz o vice-presidente da divisão Américas International da Dell.
Diariamente, a empresa comercializa US$ 40 milhões pela Web,ou 50% do seu
faturamento total. No Brasil, as vendas eletrônicas respondem por 30% dos negócios da
filial, segundo o diretor de assuntos corporativos da Dell do Brasil. Segundo ele, o usuário
doméstico também está nos planos, mas num segundo momento, em até dois anos.
1
Alberto Komatsu, “Compaq e Dell Disputam Liderança Mundial de PCs”, Gazeta Mercantil,
Caderno de Negócios, 14 a 20 de Agosto de 2000, p. 4.
Capítulo 9 – TOMADA DE DECISÃO
Visão geral do capítulo:
Este capítulo é inteiramente dedicado ao processo decisorial nas pessoas e nas
organizações. Seus temas básicos são:
1. Conceito de decisão
2.
3.
4.
5.
6.
7.
A organização como um sistema de decisões
Racionalidade organizacional
Elementos do processo decisorial
O processo decisorial
Ambientes de decisão: certeza, risco e incerteza
Tipos de decisão do administrador: decisões programadas, não-programadas e a
heurística
8. As decisões nas organizações
9. Solução de problemas
Fórum de Debates (para discussão intragrupal e debates intergrupais):
1. Decisões como partes integrantes do cotidiano de nossas vidas
2. Faça uma distinção entre problemas e oportunidades
3. Discuta a racionalidade organizacional
4. Faça um debate sobre otimização e satisfação
5. Discuta os elementos do processo decisorial
6. Discuta o próprio processo decisorial e como poderia ser melhorado
7. Discuta os ambientes de decisão e como podem influenciar o tomador de decisão
8. Discuta os tipos de decisão do administrador
9. Discuta as decisões nas organizações
10. Faça um debate sobre solução de problemas
11. Faça um debate sobre técnicas de solução de problemas
Pesquisa de Mercado (trabalho de investigação de campo para grupos de
alunos):
1. Faça uma pesquisa de mercado sobre como as organizações estão lidando com o
processo decisorial
2. Faça uma pesquisa sobre como são tratadas as decisões programadas
3. Faça uma pesquisa sobre como são tratadas as decisões não programadas
4. Faça uma pesquisa sobre como são tratados os tipos básicos de decisão, côo
computação, compromisso, julgamento e inspiração
5. Faça uma pesquisa sobre a utilização do brainstorming
6. Faça uma pesquisa sobre a utilização do gráfico de Ishikawa
Temas para Reflexão:
Atributos de Sucesso 1
O envolvimento das pessoas no processo decisorial das organizações está sendo
gradativamente feito através do trabalho em equipe. Cada equipe – o melhor tamanho é o
de cinco ou seis pessoas – que trabalha na Microsoft tem líderes que apresentam três
atributos: são bons em fixar objetivos, bons em planejar e bom em fazer follow-up. Se um
dos três atributos falha, os membros da equipe buscam outro líder. Na American
Telephone and Telegraph (AT&T), as equipes precisam ter os três seguintes atributos:
clareza de objetivos, boas comunicações e treinamento nos objetivos do negócio para que
a equipe compreenda o plano geral de negócios da empresa. Outras empresas adicionam
um outro atributo: cada equipe deve seguir um processo explícito e específico. Se as
equipes não sabem discutir um processo, elas perdem sua essência.
A idéia de pedir aos gerentes e funcionários que tomem maiores responsabilidades e
tomem mais decisões é central à organização do século XXI. É que as pessoas hoje são
mais educadas e mais liberadas do que antigamente para tomar suas próprias decisões.
O ambiente de mudança e de competição que caracteriza o mundo atual requer decisões
melhores e mais rápidas do que a antiga organização rígida e burocrática exigia.
1
Jerry Yoram Wind & Jeremy Main, Driving Change: How the Best Companies are Preparing for
st
the 21 Century, Nova York, The Free Press, 1998, p. 151-152
Perfil do Administrador do Século 21 1
Veja a tabela abaixo e reflita:
Habilidades Centrais:
(core skills)
Implicações Gerenciais:
Perspectiva
multidimensional
Experiência extensive multiprodutos, multi-indústrias, multicompanhias, multi-países
Proficiência em
posições de linha
Experiência em unidades estratégicas de negócios e em projetos
variados
Habilidade de
tomar decisões
Competência em tomar decisões estratégicas adequadas
Adaptabilidade cultural Fácil adaptação a diferentes culturas estrangeiras, diversidade e
experiências diferentes
Sensibilidade cultural
Habilidades pessoais para lidar com várias culturas, raças, sexos, religiões,
nacionalidades e sensibilidade para diferenças culturais
Habilidade de construir Facilidade em lidar com grupos e alcançar missões, visões e objetivos
equipes integradas
através de conjuntos de pessoas
Disposição física e
maturidade mental
Vigor e saúde física para enfrentar demandas rigorosas e exaustivas
Habilidades Expandidas:
Computação
Implicações Gerenciais:
Facilidade em trabalhar com microcomputadores e sistemas de informação
Habilidade de negociação Facilidade em iniciar, conduzir e implementar negociações estratégicas
em ambientes multiculturais
Habilidade como agente Facilidade em iniciar e implementar mudanças organizacionais
de mudança
estratégicas
Habilidades visionárias Facilidade em reconhecer e responder a oportunidades estratégicas de
negócios e potencialidade política e econômica para conduzi-las
Habilidades de delegar Estilo de administração participativa e facilidade em delegar
1
Baseado em: C.G.Howard, “Profile of the 21st Century Expatriate Manager”, HRMagazine, June
1992, p. 93-100
Casos:
IBM
A International Business Machines (IBM) é uma empresa conhecidíssima no mundo todo.
Ela começou produzindo máquinas de calcular e de escrever, entrou no ramo eletrônico e
fixou-se no campo dos grandes computadores (mainframes). Dominou tranqüilamente
esse mercado. Isso foi a sua glória. Mas, pouco depois, foi o seu sofrimento. A IBM
ignorou por muito tempo o emergente mercado de computadores pessoais. Demorou para
perceber a nova onda e só introduziu o seu famoso PC em 1981, quando a Apple de
Steve Jobs e Stephen Wosniak já ofereciam o Macintosh desde 1974. Além disso, a
arquitetura do PC era aberta, o que permitiu a entrada de clones que os concorrentes
como Digital Equipment e outros lançavam para competir no mercado. Além disso,
resolveu concentrar-no apenas no hardware e deixar o software para terceiros. Foi onde
entrou a Microsoft com seu DOS e, posteriormente, com o Windows e outros programas
aplicativos. Graças ao downsizing dos antigos CPD’s – centros de processamento de
dados das grandes empresas - o mercado de mainframes no qual a IBM participava com
uma fatia de 80% começou a minguar. A nova moda passou a ser as redes internas
corporativas de microcomputadores. Em 1994, a IBM perdeu a liderança mundial no
mercado mundial de microcomputadores, pois havia subestimado a demanda do mercado
e produziu menos do que o mercado desejava. Isto levou varejistas e consumidores a
migrar para outras marcas, indicando que o colosso não estava andando suficientemente
rápido. E, não foi de se estranhar que no início da década de 1990, a Big Blue – tal como
a IBM é conhecida nos Estados Unidos – tenha amargado um enorme prejuízo de 16
bilhões de dólares. Louis Gerstner, o novo presidente, com um salário anual de quase 8
milhões de dólares começou cortando 3 bilhões em despesas e demitindo 40.000
empregados para adequar a organização aos novos tempos. Era a receita tradicional para
tais casos.
Ao assumir, Gerstner descartou a alternativa de desmembrar a IBM, como pretendia seu
antecessor, que achava que unidades estratégicas autônomas e independentes seriam
mais ágeis e fáceis de manejar como têm feito a maioria das megaempresas americanas.
Optou-se por manter o gigante intacto, na presunção e que a companhia é mais
competitiva como um conjunto uníssono. Mas, como despertar o sentido de urgência e
mudança numa gigantesca organização composta de 216.000 funcionários formados
dentro de uma rígida cultura setuagenária que se pretende agora destruir? Mesmo para
um líder obstinado, como o novo presidente, tal desafio pode estar além do seu alcance.
Botar ordem na casa e fazer a companhia andar (ou correr) no ritmo e na direção que se
pretende não é fácil. A IBM identificou os problemas e está fazendo o que é necessário
para resolvê-los. A pergunta é se ela conseguirá ser suficientemente rápida nisso. A IBM
é uma companhia que desenvolveu um tremendo know-how em tecnologia de
computadores, mas que não está conseguindo fazer com que isto reverta como sucesso
em seus negócios e traga lucros.
Contudo, quatro evidências, em meio a esta confusão, mostram indícios de uma nova
estratégia a longo prazo para a IBM. A primeira é uma guinada em direção aos serviços,
que já respondem por uma boa parcela do seu faturamento mundial. A segunda é a
adoção progressiva de novos chips – através de uma associação entre IBM, Apple e
Motorola – para uniformizar toda a linha de micros de mesa até os grandes
computadores, para baratear e liberar a dependência da empresa dos chips da Intel. Isto
permitirá o uso de programas de todas as principais linhas de software existentes. Parece
que a IBM cansou-se de proporcionar sucesso à Intel e à Microsoft. A terceira evidência é
a direção para um sistema operacional comum a ser construído para toda a sua linha de
produtos, tornando-os intercambiáveis para dar coerência à sua linha de computadores e
reforçar seu caminho para o software, um vasto segmento de mercado tranqüilamente
dominado pela Microsoft, de Bill Gates. A quarta é o mergulho de cabeça na Internet e
Intranet para aproveitar todas as oportunidades oferecidas pela Web.
Capítulo 10 – ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA
Visão geral do capítulo:
Este capítulo é dedicado à estratégia organizacional e seus desdobramentos. Os
principais temas são:
1. Estratégia organizacional e seus componentes básicos
2. Administração estratégica como forma de comportamento sistêmico
3. Formulação da estratégia organizacional
4. Modelos estratégicos
5. Aplicação dos modelos estratégicos
6. Implementação da estratégia organizacional
Fórum de Debates (para discussão intragrupal e debates intergrupais):
1. Faça um debate sobre objetivos organizacionais e estratégias para alcança-los
2. Discuta a administração estratégica como forma de comportamento organizacional
3. Discuta os cinco pilares da administração estratégica
4. Discuta os componentes básicos da estratégia organizacional
5. Discuta a análise ambiental
6. Discuta a análise organizacional
7. Discuta a formulação da estratégia organizacional
8. Discuta o modelo de análise de questões críticas
9. Discuta o modelo de análise FF/AO
10. Discuta o modelo de análise de portfólio de negócios através da Matriz BCG
11. Discuta o modelo de análise de portfólio multifatorial da GE
12. Discuta o modelo de análise da indústria de Porter
13. Discuta a aplicação dos modelos estratégicos de crescimento, estabilização,
entrincheiramento, desinvestimento e estratégias combinadas
14. Discuta a implementação da estratégia organizacional
Pesquisa de Mercado (trabalho de investigação de campo para grupos de
alunos):
1. Faça uma pesquisa de mercado sobre estratégias adotadas por organizações
2. Faça uma pesquisa sobre como as organizações fazem a análise ambiental
3. Faça uma pesquisa sobre como as organizações fazem a análise organizacional
4. Faça uma pesquisa sobre como as organizações fazem a formulação de
estratégias
5. Faça uma pesquisa sobre organizações que adotam o modelo de análise de
questões críticas. Dê exemplos
6. Faça uma pesquisa sobre organizações que adotam o modelo de análise FF/AO
7. Faça uma pesquisa sobre organizações que adotam o modelo de análise de
portfólio de negócios através da Matriz BCB
8. Faça uma pesquisa sobre organizações que adotam o modelo de análise do
portfólio multifatorial
9. Faça uma pesquisa sobre organizações que adotam o modelo de análise da
indústria de Porter
10. Faça uma pesquisa sobre como as organizações implementam a estratégia
organizacional
Temas para Reflexão:
O Campo de Batalha da Competição 1
Em seu artigo “Sinais fracos e paradigmas fortes” 2 , Prahalad assinala que a maior parte
dos conceitos usados em estratégia organizacional foram desenvolvidos entre as décadas
de 1970 e 1980, quando as condições competitivas começavam a delinear-se até
transformar-se no que é hoje: um ambiente complexo, dinâmico e mutável. Mais do que
nunca, hoje, as empresas precisam compreender as forças globais, reagir rapidamente e
inovar em relação aos modelos de negócios.
É que os modelos conceituais e os processos administrativos usados por administradores
se tornam rapidamente obsoletos em função do que ocorre no ambiente de negócios. Ë
necessário tempo de pesquisa para identificar novos problemas e soluções emergentes
antes de produzir uma teoria a respeito deles. Depois, há um espaço de tempo entre o
desenvolvimento dessas teorias e sua conversão à prática de fazer negócios. Tudo isso
leva tempo e está inserido em um contexto de rápidas e ininterruptas mudanças na área
econômica, tecnológica, social, política, etc. A defasagem entre ambos pode ser fatal. As
ferramentas mais utilizadas nas análises estratégicas são: strengh weakness (perda de
força), opportunities ad threats (SWOT) analysis (análises de oportunidades e riscos),
industry structure analysis (análise da estrutura industrial), análise da cadeia de valor,
estratégias genéricas, análise de estratégia de grupo, barreiras à entrada e outros do
gênero. Todos esses conceitos foram simplificados e instrumentalizados para o uso dos
administradores. Porém, a maioria desses conceitos foi desenvolvida há mais de 20 anos
atrás. A década de 1990 foi uma década de mudanças significativas no que se refere ao
ambiente de competitividade. A privatização, a crescente desregulamentação, a
convergência tecnológica entre o setor químico e eletrônico, computação, comunicação e
eletrônica; comida e farmacêuticos; cosméticos e farmacêutico, por exemplo, estão
destruindo as estruturas industriais tradicionais. Os administradores precisam entender o
fato de que a convergência tecnológica e a digitalização acontecerão, cedo ou tarde, em
suas empresas, ainda que o impacto da Web e da Internet esteja começando a se
manifestar. Sensibilidades ecológicas e o crescimento das organizações nãogovernamentais (ONGs), como o Greenpace, também constituem um exemplo da nova
dimensão das bases competitivas. Será que essas descontinuidades estão mudando a
natureza da estrutura industrial, mudando o relacionamento entre consumidores,
concorrentes, colaboradores e investidores? Será que elas estão desafiando a posição de
estabilidade competitiva, permitindo a entrada de novos competidores e o surgimento de
uma nova base para competição?
Precisamos reconhecer os sinais (mesmo os mais fracos) do surgimento de um novo
cenário competitivo, onde as regras de compromisso talvez não sejam as mesmas das
décadas de 80 e 90. Os estrategistas precisam fazer a transição da pergunta “De que
forma devo estruturar minha companhia e ganhar posicionamento numa estrutura
industrial já conhecida?”. E passar a se perguntar: “De que forma se deve enfrentar as
mudanças numa indústria que está sempre desenvolvendo sua estrutura e as regras de
compromisso neste novo jogo?”.
Quatro transformações estão em andamento:
1. A crescente desregulamentação. Todas as empresas de serviços básicos – gás,
energia, água, telecomunicações – já foram, algum dia, similares, com suas
extensões de operações reguladas pelas leis de utilidade pública e pelos órgãos
regulamentadores do governo. Devido à desregulamentação, elas estão se
transformando em empresas privadas e adotando níveis de integração
diferenciados e competitivos.
2. Os negócios serão globais. Cada vez mais, a distinção entre negócios globais e
locais irá ficar mais estreita. Empresas globais, como McDonald’s e Coca-Cola dão
os exemplos. Na Índia, o McDonald’s não usa carne de boi, mas carne de
carneiro, além de incluir menus vegetarianos. A Coca-Cola foi obrigada a
reconhecer o poder de uma marca local, a Thums Up, e promover o produto. A
globalização está forçando os estrategistas a se acostumar com adaptações
geográficas múltiplas às necessidades locais, culturas múltiplas e colaboração
entre as fronteiras nacionais e regionais.
3. A rapidez será um elemento crítico. A mutável natureza das mudanças
competitivas está exigindo rapidez nas reações e decisões. O planejamento
estratégico tradicional nas grandes empresas começava com um processo de
discussão estratégica ao redor de outubro de cada ano, cobrindo o próximo
calendário anual e os três ou quatro anos seguintes. Agora, na era digital, qual é a
utilidade deste processo para empresas como GM, Ford e outras que estão
ingressando no e-commerce? A rapidez das reações não está mais amarrada a
um calendário rígido. A estratégia passou a ser um assunto para discutir e debater
o tempo todo, não apenas durante sessões de planejamento. A rapidez significa a
agilidade de uma empresa em aprender uma nova tecnologia, integrando-a com
as suas antigas tecnologias. A capacidade de aprender e agir rapidamente tornouse uma importante vantagem competitiva.
4. A inovação é a fonte da vantagem competitiva. A inovação sempre foi uma fonte
de liderança competitiva. Mas os conceitos de inovação ainda estão limitados a
produtos e a processos. Nas grandes companhias, o processo de inovação é
ainda chamado de processo de criação de produto. Os marcos das companhias
inovadoras sempre foram reduzir o tempo do ciclo, aumentar a modulação,
incentivar vendas de novos produtos e lançar produtos globais. Agora, o foco da
inovação precisa mudar para uma inovação rumo ao modelo de negócio.
As formas de aproximação gradativa não serão mais suficientes. Os conceitos de
estratégia e do processo de formulação de estratégias deverão passar por mudanças
devido a duas premissas básicas:
1. A administração é capaz de influenciar o ambiente competitivo. As empresas
produzem forte impacto no desenvolvimento industrial. Isto não se refere apenas a
grandes empresas, como IBM, Citicorp, General Motors, Microsoft, Cisco, mas
também a pequenas empresas. Veja o caso da Amazon.com e da Price.com,
novas empresas do comércio eletrônico criadas pela expansão da Internet e que
servem como benchmarks para as empresas tradicionais já estabelecidas.
2. Não é possível influenciar o ambiente competitivo, se não se começa com um
ponto de vista sobre o mundo. Não um ponto de vista sobre como melhorar o que
já está disponível, mas sim um ponto de vista procurando mudar o já estabelecido
de forma radical. É essencial imaginar um novo espaço competitivo e agir de
forma a influenciar a migração rumo ao futuro. A estratégia, portanto, é um
exercício de imaginar e desenvolver o futuro. Esse processo precisa de um ponto
de partida diferente. Reconhecer as ondas – os desejos de mobilidade, acesso à
informação, popularização da Web e a crescente dependência de todos os países
na troca global. O problema não é a informação sobre o futuro, mas o insight
(discernimento) sobre estas ondas que transformarão as indústrias e
disponibilizarão novas oportunidades.
Também o processo de implementar estratégias está passando por uma faxina, com a
quebra das formas tradicionais de hierarquia. Antigamente, era a alta administração (top
managers) que desenvolvia estratégias e os administradores abaixo dela (middle
managers) se responsabilizavam pela sua implantação. Atualmente, os middle managers
– mais próximos das tecnologias, dos competidores e consumidores – possuem a
informação, a urgência e a motivação para agir. São eles também que possuem o
controle direto dos recursos físicos. O envolvimento dos middle managers no processo
estratégicos hoje é fundamental para o sucesso da organização. Assim, a nova visão
estratégica contrasta com a visão tradicional. A mudança de ênfase entre o conceito de
estratégia e o processo de formulação estratégica é dramática. E as forças que aceleram
estas mudanças são cada vez maiores. É hora dos administradores abandonarem o
conforto do tradicional e começarem a testar ferramentas e conceitos novos. A
competitividade moderna irá mudar o status quo. Aqueles que aceitarem o desafio irão
criar um futuro promissor.
1
2
Gary Hamel & C.K.Prahalad, Competindo pelo Futuro: Estratégias Inovadoras para Obter o
Controle do seu Setor e Criar os Mercados de Amanhã, Rio de Janeiro, Editora Campus, 1998
C.K.Prahalad, “Sinais Fracos e Paradigmas Fortes”, Journal of Marketing Research, august 1996
Casos:
PriceWaterhouseCoopers 1
Texto de um anúncio de recrutamento de candidatos publicado no jornal O Estado de São
Paulo, Caderno de Empregos, de 18 de junho de 2000, na página Ce17:
STRATEGIC CHANGE
CONSULTANTS AND PRINCIPAL CONSULTANTS
PricewaterhouseCoopers is the world’s largest professional services organization. Drawing
on the knowledge and skills of more than 150.000 people in 150 countries, we help our
clients solve complex business problems and measurably enhance their ability to build
value, manage risk and improve performance in an Internet-enabled world.
Corporate Strategy is the development of value-creating, enterprise-wide business and
market strategies that address where to complete (products, markets, channels and
customers) and how to compete (competencies and sources of advantages), as well as
addresses economic, regulatory, environmental and technological drivers.
Organisation Strategy is the development of organizations which align culture, people
and structures with strategy, products, processes and Information Technology. This
includes organization design, culture and people change, performance management and
leadership coaching.
IT Strategy is focused on alignment with the business and defines opportunities to
transform the business for sustained competitive advantage. Value creation is obtained by
identifying IT changes that are operationally feasible considering time, resources and
investments limits.
We require experience in specific skills on:
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Corporate and Operations Strategy
Information Technology Strategy
Defined Shared Service models and implementation
Organisation Design
Knowledge Management
Change Management
Human Resources Management
Solid academic background
Fluent English
Availability to travel locally and abroad
Acknowledged capability and flexibility to interrelate and to work with teams
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If you have the ambition, motivation and ability to be part of a professional team that
delivers enterprise-wide business solutions, this opportunity is for you. Those interested
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[email protected].
Be part of our team! See: www.pwcglobal.com. Join us. Together we can change the
world. PricewaterhouseCoopers
1
O Estado de São Paulo, Caderno de Emprego, 18 de Junho de 2000, p. Ce17
PARTE IV
ORGANIZAÇÃO
A PARTE IV é constituída de três capítulos sobre diversos aspectos da
organização:
Capítulo 11
Fundamentos
da
Organização
PARTE IV
Capítulo 12
ORGANIZAÇÃO
Desenho
Departamental
Capítulo 13
Desenho
Organizacional
Estrutura organizacional
Estrutura vertical e hierarquia
Amplitude administrativa
Centralização/descentralização
Desenho departamental
Abordagem funcional, divisional,
matricial, em equipes, em
redes e híbridas
Organizações virtuais
Diferenciação e integração
Desenho organizacional
Fatores que afetam
O que determina?
O miolo do negócio
Capítulo 11 – FUNDAMENTOS DA ORGANIZAÇÃO
Visão geral do capítulo:
Este capítulo é totalmente dedicado à organização como função administrativa e à
maneira como as organizações lidam com sua estrutura vertical. Os principais temas são:
1. Conceito de organização
2. Estrutura organizacional e suas características
3. Estrutura vertical
4. Hierarquia administrativa: divisão do trabalho, cadeia de comando, autoridade,
responsabilidade e delegação
5. Amplitude administrativa
6. Centralização / descentralização
Fórum de Debates (para discussão intragrupal e debates intergrupais):
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
Discuta o conceito de organização e suas conseqüências
Discuta o conceito de estrutura organizacional
Discuta a estrutura vertical das organizações
Discuta a hierarquia administrativa
Faça um debate sobre divisão do trabalho e suas conseqüências
Faça um debate sobre cadeia de comando e suas conseqüências
Faça um debate sobre autoridade, responsabilidade e delegação
Discuta como se poderia melhorar a capacidade de delegação
Discuta a autoridade de linha e a autoridade de staff e suas características
10. Discuta a amplitude administrativa e suas conseqüências
11. Discuta a centralização versus descentralização
Pesquisa de Mercado (trabalho de investigação de campo para grupos de
alunos):
1. Faça uma pesquisa de mercado sobre estruturas organizacionais de empresas
conhecidas
2. Faça uma pesquisa sobre como as organizações estão fazendo downsizing
3. Faça uma pesquisa sobre organizações altas e organizações achatadas
4. Faça uma pesquisa sobre como as organizações estão lidando com a delegação
5. Faça uma pesquisa sobre linha e staff nas organizações e como se relacionam
entre si
6. Faça uma pesquisa sobre amplitude administrativa nas organizações
7. Faça uma pesquisa sobre como as organizações estão lidando com centralização
versus descentralização
Temas para Reflexão:
Já Não se Fazem mais Organizações como Antigamente 1
Verdade! No passado, as empresas bem-sucedidas apresentavam uma estrutura
organizacional digna de admiração. Seus organogramas pareciam majestosos obeliscos,
com uma hierarquia prussiana e uma divisionalização abrangente que cobria todos os
possíveis aspectos do negócio da empresa: como produção, vendas, finanças, RH. E, de
lambuja, departamentos de contabilidade, compras, manutenção, processamento de
dados, etc. As divisões abriam um leque para conter todas as atividades relacionadas
direta ou indiretamente com as operações da empresa de modo que ela pudesse se
integrar vertical e horizontalmente para tornar-se totalmente autônoma e auto-
suficiente. A autoridade formal dos diretores e gerentes era ampla e irrestrita. Imperava a
centralização e a verticalização. Além disso, tudo era devidamente padronizado e todo o
comportamento humano sujeito a regras e regulamentos. A idéia era homogeneizar para
facilitar o controle. Nada era omitido. As pessoas eram tratadas de acordo com
regras e critérios padronizados. Os cargos tinham sua descrição de funções e cada tarefa
o seu método de trabalho no sentido de alcançar a máxima eficiência possível. A
organização tinha de perpetuar-se, malgrado a rotatividade das pessoas que entravam e
saiam da organização. A seleção e o treinamento de pessoal buscavam ajustar as
pessoas às tarefas recorrentes da organização.
Além disso, todas as comunicações internas eram escritas e formalizadas através de
formulários específicos e memos, para que nada ficasse sem a devida documentação e
comprovação. O papelório decorrente garantia que todos os envolvidos estivessem a par
dos principais acontecimentos. Quase sempre, as comunicações ocorriam no sentido
vertical: preferivelmente de cima para baixo, ou seja, da chefia para os subordinados e
transportando ordens e instruções. O planejamento era centralizado na cúpula da
empresa, o que tomava considerável tempo dos dirigentes para projetar o futuro de
acordo com o perfil do passado. E o controle se incumbia de avaliar o desempenho atual
e passado da organização e de todos os seus participantes. Nos seus mínimos detalhes.
Eis aí uma maravilhosa e racional construção da humanidade. A maior invenção do gênio
criativo do ser humano. Esse era o modelo organizacional predominante no qual nossos
pais e avós viveram durante a maior parte do século XX. E que, até certo ponto, nos
envolveu também, em boa parte de nossas vidas profissionais.
Um modelo voltado para a permanência, estabilidade, solidez, perpetuação, conservação
e previsibilidade. E até nos acostumamos a ele, pois era o modelo universalmente
utilizado pela quase totalidade das empresas. Vamos chamá-lo de modelo burocrático ou
hierarquizado.Baseava-se na minuciosa divisão do trabalho organizacional, na
especialização de funções e na integração das partes através da hierarquia controladora.
Em suma, uma das grandes invenções sociais da humanidade após a Revolução
Industrial.
Costumamos admirar os produtos físicos e tangíveis – como as maravilhosas invenções
da tecnologia moderna, o computador, a nave espacial, o celular, etc. – mas nos
esquecemos da invenção maior que os criou, projetou e construiu: as organizações
sociais, sejam elas, fábricas e indústrias, empresas, universidades, bancos e financeiras,
comércio em geral, serviços, etc.
Hoje, podemos afirmar que já não se fazem mais organizações empresariais como
antigamente. O mundo mudou e as empresas também não ficaram atrás. Mudança
significa transformação. Vivemos na Era da Informação onde a única constante é a
mudança. Os progressos da tecnologia da informação e do desenvolvimento
tecnológico estão impactando fortemente a sociedade, as empresas e as pessoas. E a
velha e rígida estrutura organizacional não foi feita para mudar e nem se adaptar ao
contexto externo e nem às diferenças individuais das pessoas que trabalham nelas. Ela é
totalmente avessa à inovação. E o que estão fazendo as empresas bem-sucedidas?
Simplesmente, abandonando as velhas concepções de estrutura organizacional e
migrando rapidamente para novas soluções que privilegiam a mudança e a inovação. O
velho organograma foi parar no museu e os tradicionais departamentos – estáveis e
definitivos – estão sendo substituídos por equipes multifuncionais ou interdisciplinares –
mutáveis, flexíveis e esporádicas – voltadas para tarefas e missões que envolvem o
espírito empreendedor e a iniciativa própria. A flexibilização e desregulamentação é
progressiva. A velha ênfase nos meios – como os antigos e rígidos regulamentos, regras,
horários, disciplina, etc. – está sendo trocada pela ênfase nos fins – como resultados,
metas, objetivos, contribuição para o negócio, atendimento ao cliente, etc. Os cargos
individuais – solitários e confinados socialmente – estão cedendo espaço para o trabalho
conjunto e em equipe – solidariedade e responsabilidade conjunta. A autoridade formal e
hierárquica que controla as pessoas está sendo substituída pela liderança democrática e
participativa que impulsiona as pessoas.
A avaliação do desempenho dos funcionários deixa de privilegiar aspectos como
obediência, pontualidade e assiduidade para enfatizar aspectos como criatividade,
inovação, inconformismo com o statu quo, contribuição para o negócio da empresa,
resultados e metas alcançados. A centralização das decisões na cúpula está perdendo
lugar para a descentralização das decisões na base da organização onde as coisas
acontecem. Neste novo cenário que serve de vestibular para o novo milênio, a rigidez
cede lugar à flexibilidade, o comando para a condução das pessoas, a centralização pelo
compartilhamento das responsabilidades. Tudo está mudando com uma rapidez incrível.
É a corrida para a sobrevivência em ambiente extremamente mutável e competitivo.
E como fica a nova estrutura organizacional das empresas que estão se defrontando com
a globalização e os novos desafios dos negócios? Certamente, muito diferente do que era
antes. E, escondida no meio da nova organização do trabalho e entrelaçada nos novos
processos empresariais, uma revolução silenciosa e definitiva está acontecendo:
uma nova cultura organizacional, trazendo em seu bojo uma nova mentalidade dos
dirigentes e dos funcionários. Uma nova e diferente maneira de trabalhar. Mudança de
estrutura e mudança de cultura. Temos muito que aprender no novo milênio a respeito da
estruturação das empresas
1
Extraído do artigo: Idalberto Chiavenato, Já Não se Fazem mais Organizações como
Antigamente, Revista IOB, Março 2000
Casos:
Made in Toyota
2
A Toyota não inventou a concorrência baseada no tempo e na velocidade, mas conseguiu
transformá-la em uma espécie de arte. Mostrou que, por incrível que pareça, tornar-se a
empresa mais rápida do mundo pode levar algum tempo. Desde a década de 1970, a
Toyota vem aperfeiçoando suas operações baseadas no tempo, o copiadíssimo Sistema
Toyota de Produção (TPS).
O TPS é muito simples: quanto menor uma operação, tanto mais rápido ela pode moverse. Em geral, as pequenas empresas são mais competitivas porque podem responder
mais rapidamente aos desafios do mercado. As grandes empresas que devem muito do
seu sucesso à agilidade do pequeno porte precisam manter distâncias enormes para
manter aquela mesma agilidade inicial na medida em que crescem e se tornam mais
complexas. Grandes empresas, como a Hewlett-Packard (HP) dividem suas operações
em unidades menores para poderem correr na pista da esquerda.
Na década de 1970, as três maiores montadoras americanas de automóveis – The Big
Three: General Motors, Ford e Chrysler – reinavam supremas e prevalecia a teoria de que
o grande era sinônimo de sucesso. O tamanho dava músculo para derrotar a
concorrência, embora tornasse a empresa mais lenta. As fábricas operavam com
programações inflexíveis de manufatura. Os lotes eram de enorme tamanho e, como na
União Soviética, as vendas baseavam-se mais no que era produzido do que naquilo que o
cliente queria. O espírito da famosa linha de produção do modelo T de Henry Ford que
proclamava: “você pode escolher a cor que quiser, contando que seja preto”, ainda
prevalecia. Mas, foi a Toyota – e não a Ford – que teve uma idéia melhor.
A estratégia revolucionária da Toyota baseada na velocidade tinha um triplo segredo:
1. estender a flexibilidade para toda a programação de manufatura;
2. criar equipes pequenas e autônomas para gerenciar todos os aspectos de
desenvolvimento do produto;
3. usar processos paralelos em vez de lineares/seqüenciais para projeto e
manufatura.
Os fornecedores eram envolvidos na etapa mais inicial possível, de modo que todos os
participantes da cadeia de desenvolvimento do produto sabiam o que seria necessário
com antecedência, para evitar atrasos desnecessários. Os tamanhos de lote da
manufatura foram reduzidos em até 95%, para que os estoques fossem mantidos em
níveis mais baixos, conforme o necessário. Quando o estoque chegava, era usado
imediatamente e não ficava parado ocupando espaço e tempo. As fábricas foram
totalmente reorganizadas e reequipadas para criar células de produção flexíveis que
pudessem responder rapidamente aos padrões de vendas emergentes. O resultado geral
dessa estratégia foi uma drástica redução no tempo de manufatura: o intervalo de tempo
entre a chegada da matéria-prima na fábrica e o veículo como produto acabado foi
reduzido de 15 para apenas 1 dia. No final da década de 1970, a Toyota havia alcançado
uma vantagem em produtividade cinco vezes superior à dos principais concorrentes, os
Big Three. Isso permitiu que a Toyota resistisse melhor aos efeitos da recessão global do
que suas rivais.
A abordagem revolucionária da Toyota ficou conhecida como sistema de manufatura justin-time (JIT). Os elementos básicos do JIT – manufatura paralela, simultânea, células de
produção autônomas, participação do fornecedor no início do processo e no projeto de
produto, minimização do estoque – continuam sendo conceitos poderosos e modernos.
Na prática, a ética do JIT expandiu-se para além da manufatura, abraçando o setor de
serviços. Com o JIT surgiu o conceito de fábrica enxuta, sem estoques iniciais,
intermediários ou finais.
Após reinventar o lado da manufatura em suas operações, a Toyota passou a reinventar
seus sistemas de vendas e distribuição para manter o ritmo com ganhos incríveis. Em
primeiro lugar, a Toyota Motors Sales foi incorporada à Toyota Motor Manufacturing para
remover quaisquer barreiras organizacionais, visando espalhar a cultura JIT da área de
manufatura para vendas. Em segundo lugar, tudo obedeceu a uma seqüência: o pessoal
de vendas passou a vincular-se diretamente às fábricas para que as programações de
manufatura correspondessem imediatamente aos pedidos dos clientes. Os fornecedores
também foram ligados por computador para receber informações sobre a programação da
fábrica em tempo real: somente o estoque especificado era entregue no local exato do
processo que precisava dele. Isso produziu uma veloz rede de comunicação, cujo
subproduto mais valioso foi a maior capacidade de resposta corporativa. Em outros
termos, agilidade.
A Toyota passou a responder mais rapidamente às solicitações dos clientes, pacotes de
opções e disponibilidades de modelo. Henry Ford teria ficado impressionado: você podia
escolher a cor e as opções que quisesse e teria o carro mais prontamente do que
qualquer concorrente poderia oferecer. Na verdade, dois terços mais rápidamente.
Essa notável reestruturação da Toyota levou-a ao patamar da “pós-manufatura enxuta” na
década de 1990. Reduziu seus custos de forma indolor e eliminou impiedosamente o
desperdício em seus processos de projeto, produção e manufatura. Hoje, a base de custo
da Toyota está tão enxuta que o seu presidente Tatsuro Toyoda afirma que seus
concorrentes começam a imaginar e copiar suas inovações com 10 ou 15 anos de atraso,
enquanto a Toyota está ativa e produzindo mais inovações pela frente.
2
st
Baseado em: Matthew J. Kierman, The Eleven Commandments of 21 Century Management,
Englewood Cliffs, N.J., Prentice-Hall, 1996, p. 71-74
Capítulo 12 – DESENHO DEPARTAMENTAL
Visão geral do capítulo:
Este capítulo é dedicado à maneira como as organizações lidam com sua estrutura
horizontal. Os principais temas são:
1. Desenho departamental e suas características
2. Abordagem funcional
3. Abordagem divisional: produtos/serviços, clientes, localização geográfica e
processos. Reengenharia
4. Abordagem matricial
5. Abordagem de equipes: características, vantagens e limitações
6. Abordagem de redes: características, vantagens e limitações
7. Organizações híbridas
8. Organizações virtuais
Fórum de Debates (para discussão intragrupal e debates intergrupais):
1. Discuta os quatro passos tradicionais para organizar uma empresa
2. Discuta o desenho departamental e suas características
3. Discuta a abordagem funcional, características, vantagens e limitações
4. Discuta a abordagem divisional, características, vantagens e limitações
5. Discuta a estrutura baseada em produtos/serviços
6. Discuta a estrutura baseada em clientes
7. Discuta a estrutura baseada em localização geográfica
8. Discuta a estrutura baseada em processos
9. Discuta a reengenharia
10. Discuta a abordagem matricial, características, vantagens e limitações
11. Discuta a abordagem de equipes
12. Discuta a abordagem de redes
13. Discuta as organizações híbridas
14. Discuta as organizações virtuais
Pesquisa de Mercado (trabalho de investigação de campo para grupos de
alunos):
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
Faça uma pesquisa de mercado departamentalização nas organizações
Faça uma pesquisa sobre organizações que utilizam a abordagem funcional
Faça uma pesquisa sobre organizações que utilizam a abordagem divisional
Faça uma pesquisa sobre organizações que utilizam a abordagem matricial
Faça uma pesquisa sobre organizações que utilizam a abordagem de equipes
Faça uma pesquisa sobre organizações que utilizam a abordagem de redes
Faça uma pesquisa sobre organizações virtuais
8. Faça uma pesquisa sobre organizações que utilizam departamentalização por
produtos/serviços
9. Faça uma pesquisa sobre organizações que utilizam departamentalização por
clientes
10. Faça uma pesquisa sobre organizações que utilizam departamentalização por
localização geográfica
11. Faça uma pesquisa sobre organizações que utilizam departamentalização por
processos
12. Faça uma pesquisa sobre organizações que utilizam ou utilizaram a reengenharia
Temas para Reflexão:
O Reino dos Computadores 1
O custo e a velocidade das novas tecnologias de informação levam-nos a pensar em
nossos negócios de maneira diferente. A idéia de uma empresa era sempre influenciada
pelo fluxo de informação. Velocidade crescente e custos decrescentes de informação
gerencial agora nos levam a pensar em aumentar a vantagem de nossa empresa. A
informação realmente representa os elementos discretos de nosso negócio. Nós podemos
relacionar cada elemento de novas maneiras, criando um fluxo integrado de atividades
que promove uma melhoria significativa para acompanhar as necessidades dos clientes.
Ativos, clientes, produtos e funcionários são, na verdade, sites de informação que geram,
recebem e enviam dados e idéias. A descrição mais útil de uma empresa hoje, é, de fato,
uma descrição do conteúdo e fluxo da informação entre dois sites. A organização da
informação permite redefinir a estrutura da empresa, bem como as descrições de cargos,
sistemas de recompensas, e finalmente, a distribuição do poder, autoridade e
responsabilidade. Reposicionar a firma ao redor do processo de informação, de fato, vem
se tornando a ferramenta crítica para adequar a velocidade do desenvolvimento dos
produtos e relacionar os produtos com as necessidades dos consumidores. O sistema de
informação, de fato, não é um aspecto adjunto ao negócio. Toda a companhia deve estar
organizada ao redor dele e impulsionada por ele. O fluxo de informação é a base. O
sistema de informação é a própria empresa.
1
Baseado em Jerry Yoram & Jeremy Main, Driving Change: How the Best Companies Are
Preparing for the 21st Century, Nova York, The Free Press, 1998, p. 22-23.
Por que as Equipes Falham 1
Muitas empresas criaram equipes de trabalho como simples unidades organizacionais. Da
mesma maneira como fizeram com os círculos de qualidade no chão da fábrica, essas
empresas supunham que esta providência melhoraria suas operações. Contudo,
verificaram que os obstáculos para a melhoria residia não dentro das unidades, mas nas
ligações com as outras unidades. A necessidade de equipes funcionais cruzadas tornouse imprescindível. A velha hostilidade existente desde os tempos da Administração
Científica entre gerência e trabalho foi outra razão das falhas. Os erros elementares
foram:
1. Falha em preparar os trabalhadores. As organizações assumiam primeiro que as
pessoas deveriam trabalhar em grupos e que depois elas deveriam ser treinadas
para trabalhar conjuntamente e para lidar com colegas e alcançar resultados.
2. Falha em preparar a gerência. As organizações deixaram de preparar os gerentes
médios na nova abordagem. Os trabalhadores somente se entusiasmam em
trabalhar de maneira conjunta e diferente quando confrontados com gerentes e
supervisores que têm as mesmas idéias.
3. Falha em proporcionar direção. As equipes necessitam trabalhar em uma zona
não ambígua e onde tenham autonomia para tomar decisões. Sem liderança ou
uma visão corporativa, ou um conjunto de objetivos ou prioridades, as equipes se
perdem em assuntos triviais ou irrelevantes.
4. Falha em acompanhamento. O follow up é importante. Nada provoca entusiasmo
de uma equipe sem que haja resposta ou resultados de seu trabalho. As equipes
precisam ver e sentir que seu trabalho provoca resultados.
5. Falha em proporcionar apoio consistente. A alta direção deve apoiar
sistematicamente o trabalho em equipe e participar ativamente dele.
6. Falha em recompensar os esforços da equipe. Se as avaliações de desempenho e
os planos de remuneração não reconhecem e encorajam os esforços das equipes,
o resultado será ruim. A equipe deve sentir apoio em todos os aspectos
administrativos, como planejamento, organização, direção e controle.
1
Baseado em Jerry Yoram & Jeremy Main, Driving Change: How the Best Companies Are
Preparing for the 21st Century, Nova York, The Free Press, 1998, p. 132-135
Casos:
Astra Merck 1
Quando duas gigantescas empresas farmacêuticas – a americana Merck & Company e a
sueca Astra AB – se juntaram, elas formaram a Astra Merck, uma empresa criada para o
século XXI. A fusão das duas empresas foi assessorada pelos 120 consultores da
Andersen que passaram quase quatro anos preparando a nova companhia. O principal
dos fatores críticos de sucesso foi a interconectividade global através de uma estrutura
mundial de comunicações. Foram criados grupos de discussões sobre assuntos
específicos. A Andersen originalmente queria ajudar a Astra Merck no desenho de uma
rede de informações, mas acabou se envolvendo no desenho da própria companhia, no
sentido de revolucionar a indústria farmacêutica.
O resultado foi que a empresa se transformou em uma companhia de informação que
também vende produtos farmacêuticos. A abordagem foi chamada de “pens, pads, and
pizza” para mostrar que a empresa não somente proporciona instruções, mas sobretudo
informações sobre assuntos relacionados com seus produtos que hospitais, médicos e
pacientes deveriam necessitar. Ao proporcionar “soluções para o cliente”, a empresa
patrocinou reuniões com consumidores, programas de alternativas econômicas para
tratamentos médicos, seminários para mostrar aos médicos como negociar com entidades
governamentais sobre assuntos de acidentes no trabalho.
A Astra Merck focalizou tanto a informação para o mercado, que a sua estrutura
organizacional em grade mostra três dos seus seis negócios ou “áreas de processo”
relacionadas com a informação. Na matriz situada em Wayne, nos Estados Unidos, a
“área de processo” chamada Informação de Serviços e Educação. Os seis servidores
Unix de negócios podem distribuir eletronicamente informação para os escritórios de
campo e para os laptops dos propagandistas e representantes. Metade do volume de
informações está relacionado com produtos; a outra metade proporciona serviços gerais e
treinamento. Isso inclui fichas de informação de pacientes, como linhas de dieta ou como
realizar endoscopias, monografias, fichas de resultado de medicações, estudos clínicos,
literatura sobre pesquisas e outros matérias para os médicos. O sistema total está ligado
à National Library of Medicine americana.
Cada um dos escritórios de campo está equipado com equipamento de desktop e
impressoras para criar seu próprio material ou informação impressa através de download
do sistema central. O staff da organização inclui especialistas em gráficos que podem
adaptar os materiais para os médicos e hospitais, adicionando nomes, logos e
informações específicas. Os escritórios de campo são encorajados a pensar em
“soluções” para os clientes e incluem seus próprios staffs médicos que podem falar
igualmente com os clientes profissionais.
A Astra Merck é uma organização farmacêutica tem uma organização matricial assentada
sobre a tecnologia da informação. Contudo, seus seis processos fundamentais estão
direcionados para servir ao cliente e três deles baseados na tecnologia da informação.
Administração Tecnologia
e Planejamento
da
Estratégico Informação
Recursos
Humanos
Finanças
Assuntos
Legais e
Externos
Desenvolvimento
de Licenças
e Negócios
Desenvolvimento
de Produtos
C
L
Operações
de Produtos
e Clientes
I
Administração
de Soluções
Farmacêuticas
N
Serviços de
Informação
e Educação
Serviços e
Comunicação
ao Cliente
E
T
E
S
A pergunta que paira no ar é: isto tudo ajuda a Astra Merck a vender seus medicamentos?
Claro que sim. As vendas da companhia ultrapassaram US$ 2.1 bilhões, o dobro do ano
anterior. Para tanto, dobrou sua força de vendas e adicionou mais nove centros voltados
para o consumidor.
1
Baseado em Jerry Yoram & Jeremy Main, Driving Change: How the Best Companies Are
Preparing for the 21st Century, Nova York, The Free Press, 1998, p. 164-167
Capítulo 13 – DESENHO ORGANIZACIONAL
Visão geral do capítulo:
Este capítulo é dedicado ao desenho organizacional adotado para manter diferenciação e
integração necessárias ao negócio da organização. Os temas básicos são:
1. Diferenciação e integração
2. Desenho organizacional e suas características
3. Desenhos mecanísticos e organizações burocráticas
4. Desenhos orgânicos e organizações adaptativas
5. Fatores que afetam o desenho organizacional
6. Quem determina o desenho organizacional
7. O miolo do negócio (core business)
Fórum de Debates (para discussão intragrupal e debates intergrupais):
1. Discuta sobre os meios de diferenciação utilizados pelas organizações
2. Discuta sobre os meios de integração utilizados pelas organizações
3. Discuta a corporação modular
4. Faça um debate sobre desenhos mecanísticos e organizações burocráticas
5. Discuta os vários modelos de burocracias
6. Faça um debate sobre desenhos orgânicos e organizações adaptativas
7. Faça um debate sobre os fatores que afetam o desenho organizacional
8. Discuta sobre como o ambiente influencia o desenho organizacional
9. Discuta sobre como a tecnologia afeta o desenho organizacional
10. Discuta sobre como o tamanho e ciclo de vida afetam o desenho organizacional
11. Discuta sobre como as pessoas afetam o desenho organizacional
12. Faça um debate sobre as organizações visionárias
13. Faça um debate sobre quem determina o desenho organizacional
14. Discuta o miolo do negócio
Pesquisa de Mercado (trabalho de investigação de campo para grupos de
alunos):
1. Faça uma pesquisa de mercado sobre como as organizações lidam com a
diferenciação e a integração
2. Faça uma pesquisa sobre organizações que adotam o modelo modular
3. Faça uma pesquisa sobre organizações burocratizadas
4. Faça uma pesquisa sobre organizações adaptativas
5. Faça uma pesquisa sobre organizações visionárias
6. Faça uma pesquisa sobre como as organizações estão lidando com seu miolo do
negócio
Temas para Reflexão:
Tendências das Organizações no Mundo Moderno 1
As tendências que caracterizam o mundo das modernas organizações são:
1.
Cadeias de comando mais curtas: A velha cadeia escalar de comando está na
berlinda. A tendência é de enxugar níveis hierárquicos na busca de organizações
não-hierárquicas, enxutas e flexíveis. Compressão ou eliminação da hierarquia para
proporcionar estruturas horizontais ou achatadas, que permitam vantagem
competitiva em termos de fluidez e flexibilidade.
2.
Menos unidade de comando: O tradicional princípio do comando único está sendo
questionado. A ascendência vertical (subordinação ao chefe) está cedendo lugar
para o relacionamento horizontal (em direção ao cliente, seja ele interno ou externo).
A ênfase horizontal no processo está ocupando o lugar da hierarquia vertical. A
tendência atual é de utilizar equipes funcionais cruzadas, forças-tarefas e estruturas
horizontais para aproximar o funcionário do cliente.
3.
Amplitudes de controle mais amplas: As organizações estão partindo para amplitudes
administrativas mais amplas, que reduzem a supervisão direta e facilitam a
delegação de responsabilidade e maior autonomia às pessoas.
4.
Mais participação e empowerment: A participação é o processo de transferir
responsabilidades e decisões às pessoas. Os gerentes estão delegando mais meios
para fortalecer as pessoas em todos os níveis para que elas possam tomar todas as
decisões que afetam o seu trabalho. Com o empowerment, proporciona-se maior
responsabilidade e autonomia às pessoas, que passam a trabalhar mais livremente e
com um mínimo de supervisão direta.
5.
Staff como consultor e não como executor: O staff executava serviços técnicos
especializados ou assessoria na solução de problemas para a organização,
assumindo muitas vezes, o papel da linha. A tendência é de transformar o staff de
prestador e executor de serviços em consultor interno. Quem deve executar é a linha.
A função do staff é orientar a linha para que ela faça todo o seu trabalho e não
substitui-la em certas atividades.
6.
Ênfase nas equipes de trabalho. Os antigos departamentos estão cedendo lugar a
equipes de trabalho, definitivas ou transitórias. Essa aparente “desorganização” do
trabalho significa uma orientação rumo à flexibilidade, agilidade, mudança e
inovação.
7.
A organização como um sistema de unidades de negócios interdependentes. As
organizações estão se estruturando sobre unidades autônomas e auto-suficientes de
negócios, cada qual atuando como um centro de lucro específico, com metas e
resultados a alcançar. Para tanto, torna-se necessário um sistema de informação que
proporcione a integração do todo organizacional.
8.
Infoestrutura. A nova arquitetura organizacional está interligada através da TI. A
infoestrutura permite uma organização integrada sem estar concentrada em um único
local. As pessoas podem trabalhar em suas casas ou em qualquer lugar e em
qualquer tempo. Ela dispensa a antiga hierarquia pois a informação está
instantaneamente disponível no formato eletrônico e é oferecida para toda a
organização para a tomada de decisões e ações competitivas. Cada equipe ou
unidade de negócio funciona como um cliente ou fornecedor (ou servidor) ligada em
rede e trabalhando em uma estrutura molecular ágil e flexível.
9.
Abrandamento dos controles externos sobre as pessoas. As organizações estão
preocupadas com os fins (alcance de objetivos, resultados ou metas) e não mais com
o comportamento das pessoas ou com os meios. Isso significa que os antigos
controles externos (regras, regulamentos, procedimentos, horário de trabalho, etc.)
estão sendo substituídos por conceitos como valores organizacionais, missão da
organização, foco no cliente e que permitem orientar (e não fiscalizar ou bitolar) o
comportamento das pessoas.
10. Foco no negócio essencial (core business) e conseqüente eliminação do acessório,
supérfluo ou acidental. Programas de enxugamento e terceirização são realizados
para eliminar as aparas e reorientar a organização para aquilo que realmente ela foi
criada: o seu negócio e o seu cliente.
11. Consolidação da economia do conhecimento. A economia do conhecimento envolve
uma porcentagem cada vez maior da força de trabalho. Significa a presença maior do
trabalho mental e cerebral, onde predomina a criatividade e a inovação na busca de
soluções novas, produtos novos, processos novos para agregar valor à organização
e oferecer soluções criativas às necessidades do cliente. Significa que as pessoas
deixam de ser fornecedoras de mão-de-obra para serem fornecedoras de
conhecimentos capazes de agregar valor ao negócio, à organização e ao cliente.
1
Idalberto Chiavenato, artigo não publicado.
Administrando a Informação
O desenho organizacional deve ser eminentemente integrativo e sistêmico. Veja abaixo
se ele cumpre essa função globalizadora e totalizadora da organização:
•
•
•
•
•
•
•
•
•
O sistema de informação unifica a organização inteira, conectando
atividades desde o fornecedor até o cliente final?
O sistema de informação é administrado centralmente e é compatível com
os resultados finais?
O sistema de informação está desenhado para as pessoas que devem
utiliza-lo?
A rede de informação é acessível e fácil de usar?
Pode-se capturar a informação necessária sobre um determinado
segmento de mercado com precisão?
O sistema de informação permite conhecer os clientes, acompanhar seu
comportamento e construir um relacionamento a longo prazo com eles?
O sistema de informação proporciona base para decisões rápidas,
acuradas e baseadas em fatos?
O sistema de informação está alinhado com sua estrutura organizacional,
relações de poder, carreiras, remuneração, treinamento e habilidades?
Como o número de pessoas e as habilidades necessárias na tecnologia da
informação mudam rapidamente, o sistema de informação permite
terceirização e atribuição de serviços a terceiros?
Casos:
SAP: Parceiros às Centenas 1
Enquanto muitas organizações estão desenvolvendo parcerias (como joint ventures) para
continuar a crescer, outras estão buscando novas formas e novos usos para alianças
estratégicas. A SAP, companhia alemã de software, está avançando no mundo dos
negócios através de centenas de alianças atingindo um nível fenomenal de crescimento.
As suas 500 ou mais alianças estratégicas no mundo inteiro quintuplicou seu volume de
negócios entre 1991 e 1996. Hoje, a SAP lidera o fornecimento de “software corporativo”
ou seja, grandes sistemas cliente-servidor que substituem os antigos mainframes e
permitem flexibilidade e eficiência organizacional. Em 1996, a SAP havia instalado 9.000
de seus sistemas cliente-servidor R/3 ao redor do mundo. “Fizemos isso tudo sem fusões,
aquisições, joint ventures, royalties ou negócios intermediários”, diz o vice-presidente para
parcerias estratégicas. A SAP utiliza alianças em quatro sentidos:
1. Para ajudar firmas de consultoria a implementar e instalar sistemas de R/3 para
seus clientes. Como as alianças não são exclusivas, os consultores são livres para
recomendar aos seus clientes concorrentes da SAP, como Oracle, PeopleSoft ou
Baan. Todavia, os consultores em geral escolhem a SAP.
2. Para ajudar empresas de hardware como IBM ou HP a desenvolver plataformas
que trabalham com sistemas R/3.
3. Para trabalhar com parceiros de tecnologia que desenvolvem software e
aplicações. A SAP trabalha com a Microsoft para fazer o R/3 correr com o sistema
operacional Microsoft NT e com fornecedores de data base como a Informix ou
Oracle para tornar o R/3 compatível com eles.
4. Para encorajar universidades a usar o R/3 para pesquisa em seus cursos ou
atividades acadêmicas.
Entre os 500 parceiros da SAP, 13 estão classificados como globais, como as Big Six
empresas americanas de consultoria, a consultoria européia Cap Gemini, bem como
Electronic Data Systems (EDS), IBM e HP. A HP é um triplo parceiro, seja como cliente
para R/3, como fornecedor de hardware e como firma de consultoria que ajuda outras
empresas com o R/3. Oracle é simultaneamente uma concorrente e uma parceira. Um
dos aspectos que faz da SAP um parceiro atrativo para essas companhias é que a
instalação do SAP é complexa, cara e demorada. Leva anos para uma companhia como a
HP fazer rodar o R/3 adequadamente. A Arthur Andersen, por exemplo, tem 3.000
consultores treinados para fazer isso. E a SAP treina todos esses consultores. Além
disso, ela cria um mercado para seus parceiros no valor de US$ 20 bilhões por ano.
1
Extraído de: Jerry Yoram Wind & Jeremy Main, Driving Change: How the Best Companies are
st
Preparing for the 21 Century, Nova York, The Free Press, 1998, p. 255-256
PARTE V
DIREÇÃO
A PARTE V é constituída de quatro capítulos sobre diversos aspectos da direção:
Capítulo 14
Fundamentos
da
Direção
Capítulo 15
PARTE V
Comunicação e
Negociação nas
Organizações
DIREÇÃO
Capítulo 16
Liderança
nas
Organizações
Capítulo 17
Motivação
nas
Organizações
Conceito e estilos de direção
Sistemas administrativos
O papel da direção
A direção e as pessoas
Programas de envolvimento
Comunicação e o administrador
Processo de comunicação
Consonância e barreiras
Canais de comunicação
Comunicações organizacionais
Negociação
As bases do poder
Teorias sobre liderança
Estilos de liderança
Teorias situacionais
O que é motivação?
Teorias de conteúdo
Teorias de processo
Modelos integrados
Aplicações práticas
Capítulo 14 – FUNDAMENTOS DA DIREÇÃO
Visão geral do capítulo:
Este capítulo é totalmente dedicado à direção como função administrativa. Os temas
básicos são:
1. Conceito de direção e características
2. Os estilos de direção adotados pelas organizações
3. Os sistemas administrativos adotados pelas organizações
4. O papel da direção no mundo moderno
5. A direção e sua influência sobre as pessoas
6. Programas de envolvimento das pessoas
Fórum de Debates (para discussão intragrupal e debates intergrupais):
1.
2.
3.
4.
5.
Discuta os vários conceitos de direção
Discuta os estilos de direção
Discuta os sistemas administrativos
Faça um debate sobre o que se espera de um executivo
Faça um debate sobre o papel da direção em uma organização
6. Discuta a influência da direção sobre as pessoas
7. Discuta o conceito de grupo social e o de equipe
8. Discuta o papel da cultura na gestão participativa
9. Faça um debate sobre programas de envolvimento das pessoas
10. Discuta o conceito de empowerment
Pesquisa de Mercado (trabalho de investigação de campo para grupos de
alunos):
1. Faça uma pesquisa de mercado sobre os níveis de direção, gerência e supervisão
adotados pelas organizações
2. Faça uma pesquisa em várias organizações para definir em que nível
administrativo elas se encontram
3. Faça uma pesquisa sobre organizações que adotam a administração participativa
4. Faça uma pesquisa sobre organizações que adotam a participação representativa
5. Faça uma pesquisa sobre organizações que adotam forças-tarefas
6. Faça uma pesquisa sobre organizações que adotam círculos de qualidade
7. Faça uma pesquisa sobre organizações que adotam programas de aquisição de
ações da companhia
Temas para Reflexão:
O Que Está Acontecendo com a Contabilidade Tradicional? 1
O venerável monge Nicola Paccíolo deve estar se remoendo no túmulo. O velho método
das partidas dobradas que está completando 500 anos de vida começou a ser seriamente
contestado. É que a tradicional contabilidade empresarial não está mais permitindo
acompanhar as céleres mudanças que estão ocorrendo atualmente no mundo dos
negócios. Está havendo uma forte necessidade de reavaliar a maneira e a metodologia de
apreciar e avaliar o desempenho empresarial.
Seis são as principais razões que estão por trás desse revisionismo:
1. A contabilidade convencional é necessária, sem a menor sombra de dúvida. Não
podemos administrar adequadamente as empresas sem ela. Mas, ela está se
tornando insuficiente. Nem tudo o que ocorre nos negócios das empresas pode hoje
ser reduzido ou traduzido em números ou em moeda corrente. A tradicional
contabilidade está sendo questionada por não permitir uma visão sistêmica e
abrangente do estado da empresa. Ela se restringe ao desempenho financeiro, a
aspectos patrimoniais e a transações correntes e passadas. A empresa da atualidade
não é somente um conjunto de coisas físicas e de intercâmbio de valores financeiros.
Ela ultrapassa de longe essa visão limitada, numérica e materialista. Ela é muito mais
do que um simples conjunto de edifícios, máquinas, equipamentos, instalações,
matérias-primas e processos de trabalho. Como levar em conta toda a abrangência do
fenômeno empresarial em seus aspectos tangíveis e intangíveis? A organização hoje
não tem fronteiras e nem bandeiras.
2. Além dos tradicionais ativos tangíveis e físicos – como prédios, edifícios, máquinas,
etc. – existem hoje ativos intangíveis – como clientes, sistemas, marcas e patentes,
pessoas, conhecimento, talento, criatividade, imagem, etc. Muitas empresas têm
ativos intangíveis cujo valor ultrapassa de longe os seus ativos tangíveis.
Em plena Era da Informação, empresas e negócios virtuais estão florescendo na base
de componentes não-físicos e virtuais que dispensam a dimensão física de espaço,
reduzem a dimensão de tempo e que buscam a inovação e novas formas de fazer
negócios. Como contabilizar todos esses diferentes ativos intangíveis? Em que tipo de
moeda?
3. Os tradicionais fatores de produção – como natureza, capital e trabalho – já exauriram
a sua contribuição aos negócios atuais. Matéria-prima, dinheiro e mão-de-obra barata
não seduzem mais o mercado, como antigamente. Os investidores estão procurando
outros ativos mais dinâmicos e valiosos que agregam valor à empresa. Hoje, os
negócios estão dependendo de outros aspectos como inovação, agilidade, adequação
às necessidades do mercado, satisfação do cliente, flexibilidade, aproveitamento da
tecnologia da informação, etc. E são estes novos aspectos que dão a dinâmica ao
negócio e conduzem a empresa ao sucesso. Como envolvê-los na apreciação
contábil da empresa?
4. Em épocas passadas de estabilidade, continuidade e previsibilidade a contabilidade
gerencial permitia a elaboração de projeções a médio e longo prazo para o futuro em
função dos eventos contábeis atuais e passados. O trabalho maior era encontrar a
equação adequada para retroprojetar o presente e o passado em direção ao futuro,
que certamente continuaria igual com alguns acréscimos inerentes ao tipo do negócio.
Contudo, na Era da Informação, as intensas mudanças que estão ocorrendo não são
mais contínuas e lineares, o que significa que projetar e extrapolar ocorrências
passadas para o futuro representa uma miopia inaceitável e um risco muito sério nos
tempos modernos. Pois o futuro será completamente diferente do presente e do
passado. E então? Como elaborar projeções contábeis confiáveis em tempos de
turbulência? Como lidar com o futuro das empresas?
5. O valor de mercado das empresas no mundo dos negócios de hoje nem sempre
guarda relação com o seu valor patrimonial e físico. O que as empresas hoje valem
nas bolsas de valores está diretamente associado com sua função de mercado e com
o seu capital intelectual e não mais com seus tradicionais ativos patrimoniais. E o valor
de mercado das empresas varia enormemente em função das expectativas de seu
desempenho e da criação de valor e riqueza, independentemente do lucro. Como
dimensionar essa cambiante situação?
6. A vantagem competitiva em termos de custos está cedendo lugar para a vantagem
competitiva em termos de tempo e agilidade. Antigamente, reduzir custos e oferecer
preço competitivo era a estratégia utilizada pela maioria das empresas para conquistar
o mercado. Hoje, as empresas procuram ser competitivas, seja através da agilidade
em novas soluções, inovação rápida, ciclo operacional cada vez mais curto,
velocidade na oferta de novos produtos e serviços, etc. A competição em função da
velocidade na oferta de novos produtos/serviços/soluções no tempo está substituindo
a competição em função de custos e formação de preços. Como medir essa
potencialidade de inovação e traduzir em termos de valores de negócio?
Há muito tempo, está sendo percebida uma certa fadiga na metodologia contábil. Apesar
de todo o avanço feito, a sua tradicional racionalidade mantida inalterada ao longo dos
séculos agora está em jogo. Provavelmente, a contabilidade comece a deixar de lado a
exatidão numérica e o determinismo metodológico que a caracterizaram durante a
totalidade do século XX e abrace um pouco a subjetividade humana e o probabilismo
atual dos negócios. Afinal, as empresas são organizações humanas e que atuam em um
contexto predominantemente humano e social. Os mercados são constituídos de pessoas
e os investidores são, acima de tudo, seres humanos que tomam decisões na base da
sua racionalidade e das informações que possuem. Como envolver todos esses aspectos
em jogo? Eis aí, uma boa pergunta para estimular nossa criatividade e aquecer novas
preocupações!
1
Extraído de: Idalberto Chiavenato, “O Que Está Acontecendo com a Contabilidade Tradicional?” ,
Revista IOB, Junho de 2000
Uma Pequena Conversa com Executivos de Empresas
Você já ouviu falar do Papaleoeleco? Certamente, ainda não. Trata-se de um bicho
imaginário horrível e desajeitado que tem bico de papagaio, juba de leão, pés de elefante
e corpo de cobra. E o pior, canta como uma gralha, pula como um macaco e tem um
cérebro extremamente minúsculo. Um verdadeiro monstrinho. A Família Adams gostaria
de tê-lo por perto. Você poderia perguntar: por que esta alusão tão estranha e
rudimentar? É que no mundo dos organismos vivos existem exemplos que lembram o
papaleoleco. E como organismos vivos, algumas empresas se parecem muito com esse
bicho burro, feio e medonho. De maneira tragicamente parecida, falta em muitas
empresas a harmonia de traços, a adequação de estratégias, a integração de recursos, a
sinergia das partes, a adaptabilidade ao meio ambiente e a flexibilidade para aprender e
inovar. Existem muitos papaleolecos no mundo empresarial. E o pior é que, sem
perceber, estamos nos acostumando a eles.
Uma Estranha Tentativa de Tentar Integrar Coisas Estranhas
No limiar do novo milênio já não é mais possível às empresas implementar estratégias de
terceira geração (feitas para enfrentar os enormes desafios da Era da Informação e que
buscam mudanças radicais) com executivos de segunda geração (treinados e preparados
para trabalhar na Era Industrial Neoclássica e que sabem apenas fazer mudanças
meramente adaptativas) com estruturas organizacionais de primeira geração (concebidas
ainda na Era Industrial Clássica, onde não havia mudanças e feitas para a permanência e
estabilidade). É um contra-senso juntar todas essas coisas para tentar obter resultados
que não deverão acontecer. Mas é o que muitas empresas ainda estão tentando fazer. O
mundo mudou e elas ainda não perceberam.
Devemos Continuar Projetando o Passado para Criar o Futuro?
Estamos entrando em um novo milênio vestindo as mesmas indumentárias e usando os
mesmos hábitos. Em um novo século diferente do século anterior. No século XX nasceu a
Administração e no século XXI ela está atingindo a sua maturidade com novas e
diferentes feições. As empresas não podem se esquecer de que a Era da Informação está
trazendo desafios totalmente diferentes daqueles que existiram na Era Industrial em suas
fases clássica e neoclássica. Antes, o ambiente era estático e previsível. Agora, dinâmico
e mutável. Isso representa necessidade de mudar e inovar para adaptar e ajustar às
novas condições ambientais. Antes, os recursos principais eram coisas, como máquinas,
equipamentos e hardware. Agora, os recursos principais são processos, como idéias,
conceitos, conhecimento e software. Isso representa necessidade de lidar com ativos
intangíveis, pois o capital financeiro está cedendo espaço para o capital intelectual. Antes,
os agentes principais da empresa eram a fábrica e a organização burocratizada. Agora,
os agentes principais são os computadores e a moderna tecnologia da informação. Isso
significa que estamos deixando para trás um mundo de átomos para ingressar em um
novo mundo de bytes. Antes, o tipo de comunicação predominante nas empresas era
formal, vertical, hierárquica e escrita. Agora, é informal, horizontal, pareada e falada. Não
dá mais tempo para depender de canais de comunicação lentos e indiretos limitados pela
cadeia escalar da hierarquia. A rapidez e a velocidade nas reações exigem comunicações
onde o conteúdo básico deixa de ser ordens, comandos e instruções para focalizar a
missão da empresa, a visão do seu futuro, valores e princípios fundamentais. composto
de ordens em um mundo diferente. Antes, a finalidade da comunicação era impor
controle, ordem e obediência das pessoas envolvidas. Agora, é a difusão do
conhecimento, a colaboração e o comprometimento das pessoas. Tudo mudou e tudo
está mudando cada vez mais rapidamente. Não dá mais para analisar o passado e
projetá-lo para a frente a fim de criar o futuro.
E Como Está a sua Empresa?
E aí decorre uma pergunta direta, mas indiscreta e necessária: a sua empresa está
realmente preparada para a Era da Informação? Ou seja, para os tempos atuais? Quais
são as armas que ela possui? Quais são as suas forças e seus pontos fortes? Quais são
suas fragilidades e pontos fracos? Em suma, quais são as suas vantagens competitivas
em um mundo de negócios fortemente competitivo e mutável? Não dá mais para tentar
vencer um ralie com um velho Fusca de 1000 cilindradas quando as outras empresas
estão deixando a poeira para trás com bólidos velozes. A menos que você queira sempre
conseguir o último lugar na corrida e ganhar o prêmio de lanterninha. A globalização é um
jogo agradável para quem está preparado, mas amargo e duro para quem não se
preparou. Avaliar o desempenho da empresa não é apenas interpretar balanços e
demonstrações financeiras. Isso é necessário, mas não suficiente para os tempos atuais.
É importante avaliar o passado, mas sobretudo, as condições para o presente e futuro da
organização. O passado se foi e não se pode mais adotar uma posição passiva ou de
omissão quanto ao que virá.
E o seu Pessoal?
Seus empregados estão preparados para os tempos atuais e para utilizar as novas
tecnologias? Eles sabem qual é a missão da sua empresa? Qual a finalidade e para que
serve sua empresa? Conhecem a visão do futuro que sua empresa almeja alcançar nos
próximos anos? Conhecem os valores e princípios básicos que norteiam o seu negócio?
Conhecem o seu cliente e suas características? Quais os produtos e serviços que a
empresa oferece a eles? Será que seus empregados dão idéias e sugestões sobre como
adequar produtos e serviços em direção à maior satisfação dos clientes? Em um mundo
mutável, as competências pessoais de seus empregados precisam ser aprendidas e
reaprendidas continuamente, sob pena de se tornarem rapidamente obsoletas e
ultrapassadas, se não é que isso já aconteceu há algum ou muito tempo atrás. . .
Você não pode mais continuar administrando seus empregados como fazia antigamente.
Antes, eles eram contratados para exercer um cargo mediante um salário fixo. O
importante era a pontualidade e a assiduidade – não importava o que fizessem durante
todo o dia – e que respeitassem o regulamento interno. O que interessava era a
disponibilidade em tempo integral e que executassem tarefas. Agora, isso não basta. Os
velhos conceitos de emprego e de cargo – que vêm desde a Revolução Industrial e foram
importantes na Era Industrial – estão sendo aposentados. O que interessa agora é que as
pessoas agreguem valor aos negócios da empresa e ao cliente. O importante é que as
pessoas contribuam com idéias, sugestões, conhecimentos e inovação para melhorar
continuamente a empresa e faze-la evoluir e crescer. É que a moeda da Era da
Informação é o conhecimento – o recurso mais importante do mundo atual. O ativo
intangível mais valioso. E onde está o conhecimento? Em que lugar ele se esconde? Na
cabeça das pessoas. Não ocupa lugar e nem pode ser roubado. As pessoas vêm e vão,
entram e saem da empresa e carregam consigo esse valioso patrimônio invisível onde
quer que elas estejam. E o que você está fazendo com toda essa riqueza intangível?
Seguramente, você está pensando em desperdício. Mas é o que está realmente
acontecendo. Você não pode mais contar com simples empregados, mas com
verdadeiros parceiros e colaboradores que, independentemente de suas ordens,
comandos e instruções, toquem a empresa, administrem os recursos e focalizem o
cliente. Você não pode mais ficar se preocupando com meios – como horários,
comportamentos, métodos e ações – mas cada vez mais com fins – como resultados
alcançados, metas atingidas e clientes satisfeitos. Não visualize mais seus empregados
como mão-de-obra – fornecedores de trabalho braçal e rotineiro – mas como parceiros e
colaboradores – fornecedores de conhecimento e de atividades para sua empresa. Para
tanto, invista em capacitação, treinamento e gestão do conhecimento. E, para manter
esse capital humano e intelectual, não se esqueça de tornar a sua empresa um bom lugar
para trabalhar e capaz de atrair e reter talentos. Faça com que as pessoas trabalhem em
equipes e delegue a solução de problemas para elas. Veja o que elas podem fazer por
sua empresa. Afinal, se elas são dotadas do mesmo corpo e cérebro que você tem, elas
podem fazer o mesmo ou melhor do que você poderia fazer. Invista pesadamente nelas e
avalie o retorno do investimento. As empresas bem-sucedidas deixaram de investir no
cliente para investir naqueles que o atendem diretamente. Resultado: o cliente ficou mais
satisfeito e os empregados também. Uma questão de foco. Ao invés de orientar-se para
cima e para o chefe, cada empregado deveria orientar-se para o lado e para seu clienteinterno, no sentido de satisfazer seus requisitos e facilitar sua vida. Na ponta final está o
cliente-externo, o maior beneficiário dessa cadeia de valor agregado.
Afinal, Quanto Vale a sua Empresa?
Seria interessante fazer uma outra pergunta: quanto vale realmente a sua empresa no
mercado? Se ela vale apenas o valor escritural e contábil das coisas físicas e concretas
como prédios, instalações, máquinas, equipamentos e inventários, então você nada
agregou ao seu negócio. Você apenas fez adições e subtrações em um mundo
quantitativo de átomos. Seu trabalho teve apenas resultados vegetativos. O importante
hoje não é apenas somar ou subtrair, mas alavancar e catapultar resultados. Juntar
intimamente as peças, multiplicar efeitos e obter sinergia. Multiplicar é a palavra de
ordem. E isso somente pode ser conseguido através da gestão do conhecimento:
trabalhar com idéias, criatividade e inovação e agregá-las rápida e incessantemente aos
seus produtos e serviços e ao atendimento ao cliente. Isso envolve uma mentalidade de
mudança e de aperfeiçoamento constantes onde as pessoas se sentem sempre
desejosas de melhorar métodos e processos, produtos e serviços e focalizar as
necessidades dos clientes. Veja o exemplo das empresas com maior valor de mercado.
Elas não são necessariamente as que possuem maior valor patrimonial físico e concreto,
mas que possuem invejável valor de ativos intangíveis e invisíveis, que ultrapassam de
longe o valor meramente contábil do negócio. O capital intelectual está por trás disso
tudo. Afinal, como vai o seu capital intelectual? Você se esqueceu dele? Então, você está
perdendo dinheiro.
1
Extraído de: Idalberto Chiavenato, “Uma Pequena Conversa com Executivos de Empresas”,
Revista IOB, julho de 2000
Casos:
Walt Disney Company
1
A Disney é uma empresa megagigante do setor de entretenimento. É criadora e
controladora de alguns dos personagens mais venerados do mundo. Seu valor de
mercado é maior do que muitas grandes indústrias. As empresas vinculadas à Disney
ajudam a vender os produtos umas das outras, incluem quatro parques temáticos
(Disneyland, Disneyworld, Disney na França e no Japão), vários estúdios de cinema, uma
cadeia de hotéis, um time de hóquei, quase trezentas lojas de varejo (que vendem
produtos da marca Disney) e a rede de televisão de maior audiência dos Estados Unidos
(ABC). Trata-se de uma máquina mágica de fazer dinheiro.
Qual é o principal produto da Disney? A magia, que transborda nos parques temáticos, na
tela de cinema e nos seus demonstrativos financeiros. O que poderia explicar a habilidade
quase alquímica da empresa de transformar US$ 50 milhões em quase US$ 2 bilhões? A
Disney gastou US$ 50 milhões para produzir um desenho animado. Esse investimento
gerou mais de US$ 700 milhões em receita de bilheterias no mundo inteiro e mais de US$
1 bilhão em receitas adicionais geradas com a venda de produtos de varejo baseados nos
personagens desse filme. Quando o número de expectadores estava chegando ao
máximo, o filme saiu de cartaz nos cinemas e, após um curto período de tempo de
expectativa, a empresa lançou o filme em vídeo. No primeiro dia em que chegou às lojas,
vinte milhões de cópias do vídeo foram vendidas. O filme? O Rei Leão.
Tudo na Disney é feito com extremo carinho e cuidado. Tudo é quase perfeito. Poucas
ruas de pequenas cidades norte-americanas na virada do século eram tão bem traçadas e
tão limpas quanto a Main Street. Nenhum rato parece tão caloroso, amigável e amistoso
quanto Mickey. O objetivo da Disney é entreter e não iludir. Mas, a habilidade essencial
da Disney é o controle. Ela faz com seus funcionários o que fez com a imagem do Mickey:
as extremidades bruscas são suavizadas, a impulsividade é transformada em
complacência e a raiva convertida em amizade. Para trabalhar na Disney, as pessoas
precisam abrir mão de parte de sua identidade pessoal. Para progredir na Disney deve
haver uma firme disposição de fundir uma parte significativa da personalidade com a
personalidade da empresa. A missão da empresa torna-se assim, a sua missão pessoal;
as metas da empresa suas metas e os caminhos da empresa seus caminhos. Quando
ingressam na Disney, as pessoas passam por um longo processo de integração para
aprender o comportamento desejado. A Disney não tem clientes. Tem convidados. Os
funcionários são membros do elenco, cada um desempenhando um papel e não um
cargo. Um uniforme pode ser desmerecedor, mas uma fantasia pode ser divertida. Ao
invés de um turno de oito horas, há o espetáculo. Não há descrição de cargos, mas
roteiro. Os funcionários utilizam um vocabulário de teatro e de cinema no dia-a-dia para
os contatos com os convidados. A empresa exerce um alto grau de controle sobre cada
funcionário, cujos contatos com os convidados pode reforçar ou destruir a magia da
Disney. Essa linguagem e a visão especial do mundo são ensinados em programas de
treinamento rigidamente elaborados na Universidade Disney. A empresa só permite a
entradas daqueles que são aprovados em uma bateria de testes e entrevistas
exploratórias. Após o treinamento de orientação, os novos contratados são associados a
colegas mentores – também cuidadosamente selecionados – como modelos de
comportamento.
1
Baseado em: Robert T. Tomasko, Crescer – Não Destruir: Cinco Maneiras de Implementar na
sua Empresa uma Nova Dinâmica de Crescimento, Rio de Janeiro, Editora Campus, 1997, p.131135
Capítulo 15 – COMUNICAÇÃO E NEGOCIAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES
Visão geral do capítulo:
Este capítulo é dedicado à comunicação e negociação nas organizações. Os principais
temas são:
1. A comunicação e o administrador
2. Conceito de comunicação
3. O processo de comunicação e seus componentes básicos
4. A busca de consonância na organização
5. Comunicação entre pessoas
6. Barreiras à comunicação e suas conseqüências
7. Canais de comunicação e sua utilização
8. Comunicações organizacionais
9. Negociação, conceito e características
Fórum de Debates (para discussão intragrupal e debates intergrupais):
1. Faça um debate sobre o tema: saber dirigir é saber comunicar
2. Faça um debate sobre quanto tempo o administrador despende em comunicação
3. Discuta o conceito de dados, informação e comunicação
4. Discuta a influência do e-mail
5. Faça um debate sobre o processo de comunicação e como melhora-lo
6. Discuta sobre como melhorar a comunicação através da retroação
7. Discuta a respeito da importância da consonância em uma organização
8. Faça uma experiência. Isole seis alunos da classe fora dela, como testandos; a
seguir, um aluno chama o primeiro testando para dentro da classe e lhe transmite
a seguinte informação: um general chama o capitão para lhe dar uma ordem no
sentido de que na próxima sexta-feira todo o regimento deverá estar em prontidão
no páteo da companhia às 12:00 horas em ponto para assistir ao eclipse do sol,
coisa que não acontece normalmente e que faz questão de que todos assistam.
Quem faltar será severamente punido com dois dias de reclusão. O primeiro
testando chama o segundo para dentro da classe e lhe repete a informação. O
segundo chama o terceiro e lhe diz o que ouviu, e assim por diante. No final, o
sexto testando deverá explicar o que ouviu do quinto. A seguir, a classe deverá
fazer uma avaliação das distorções e da subjetividade inerente a toda
comunicação humana.
9. Discuta as barreiras à comunicação e como evita-las
10. Discuta a influência de estereótipos na comunicação
11. Faça um debate sobre os canais de comunicação utilizados nas organizações
12. Discuta as comunicações organizacionais e como melhora-las
13. Discuta a comunicação em equipes e como melhora-la
14. Faça um debate sobre a negociação dentro das organizações
Pesquisa de Mercado (trabalho de investigação de campo para grupos de
alunos):
1. Faça uma pesquisa de mercado sobre como as organizações estão lidando com
e-mails entre funcionários
2. Faça uma pesquisa sobre como as organizações estão lidando com a
comunicação interna
3. Faça uma pesquisa sobre canais de comunicação dentro das organizações
4. Faça uma pesquisa sobre jornais internos utilizados por organizações
5. Faça uma pesquisa sobre comunicações formais nas organizações
6. Faça uma pesquisa sobre comunicações verticais (descendentes e ascendentes)
e laterais nas organizações
7. Faça uma pesquisa sobre como a tecnologia da informação está influenciando as
comunicações organizacionais
8. Faça uma pesquisa sobre como as organizações estão incentivando canais
informais de comunicação
9. Faça uma pesquisa sobre como as organizações estão lidando com a negociação
Temas para Reflexão:
Aprendendo a Aprender
Treinar indivíduos é uma coisa. Ensinar a organização inteira a aprender é outra – bem
mais difícil, mais complexa e sujeita a muita discussão sobre muitos ângulos diferentes.
Existe hoje uma necessidade imperiosa de criar organizações que aprendem. Não se
trata de um conceito vago e impreciso. Uma organização de aprendizagem abre a si
própria para adquirir, desenvolver e distribuir o conhecimento rapidamente de maneira
que cada pessoa integrante possa ter acesso a novas e melhores idéias, práticas e
produtos. A organização de aprendizagem consegue examinar seus próprios processos
internos sistematicamente no sentido de melhora-los continuamente.
As velhas burocracias não são organizações de aprendizagem. Elas são resistentes à
aprendizagem. Elas se fecham a si mesmas em relação ao entorno; elas não aprendem
através de seus próprios erros e suas pessoas não aprendem uma das outras. Apesar de
considerarem o conhecimento como um ativo que aumenta de valor na medida em que é
compartilhado pelas pessoas, as burocracias consideram o conhecimento como uma
arma a ser guardada em segredo, tanto dos que estão dentro como fora delas.
Já não se visualiza uma organização como uma máquina de processar informação e que
é construída como um hardware de dados de maneira formal e sistemática. Hoje, a
organização é vista como um organismo vivo que processa a informação e que aprende
continuamente novas maneiras de comportamento e ação. O benchmarking, por exemplo,
é utilizado como uma maneira de ensinar como as outras organizações funcionam no
sentido de fazer as pessoas perceberem como fazer melhor ainda. Mais: que o
conhecimento é parte importante da aprendizagem. Quando equipes juntam pessoas de
diferentes partes de uma organização, diferentes especialidades, diferentes níveis, elas
servem para espalhar conhecimento e quebrar velhas atitudes insulares. O conceito de
organização “boundaryless” promovido pela General Electric tem o mesmo efeito de
quebrar barreiras para espalhar o conhecimento. .
Casos:
Honda
1
A Honda Motor Company foi considerada a empresa mais bem gerenciada do mundo.
Ironicamente, a Honda alcançou essa posição utilizando um sistema de inovação
organizacional que pode ser classificado como antigerencial.
Dentre os princípios operacionais da Honda estão as metas: “Aprenda, Pense, Analise,
Avalie e Aperfeiçoe” e “Ouça, Pergunte e Fale”. Mas veja, se todos os 60 mil funcionários
da Honda atendessem às expectativas da empresa simultaneamente, ficaria um tanto
barulhento e confuso, sem falar nas divergências.
E esse é exatamente o problema. O questionamento constante de idéias, de decisões e
do gerenciamento é encorajado, e até exigido, de cada funcionário. Motivo pelo qual a
Honda se tornou um dos praticas exemplares do mundo daquilo que se chama de
“contenção construtiva”. O co-fundador da Honda, Takeo Fujisawa, explica a contenção
construtiva da seguinte maneira: “há dissonâncias em toda empresa. Como presidente eu
devo orquestrar os sons dissonantes para criar certa harmonia. Mas nunca se deseja
harmonia em excesso. É importante cultivar a satisfação em encontrar harmonia nas
divergências ou então se estará desviando das forças que mantêm uma empresa viva.”
Em uma cultura empresarial e social japonesa dominada pela conformidade e não
questionamento em relação aos mais velhos e superiores, a cultura de autocrítica e
diversidade intelectual da Honda se destaca visivelmente. Mas foram exatamente esses
valores que permitiram à Honda transformar-se em apenas 20 anos, de um pequeno
fabricante local de motocicletas, no fabricante de automóveis que substituiu a Chrysler
dentre as Três Grandes.
Não é somente a gerência que tem ouvidos para todos. Essa inovadora exaltação à
discordância é sistêmica na Honda. Perspectivas diferentes entre os vários
departamentos funcionais da Honda são ativamente encorajadas, lembrando-se de que a
concorrência intelectual só irá lapidar e aperfeiçoar o produto final. Jovens engenheiros
recebem responsabilidades extraordinárias e são encorajados a questionar seus
superiores energicamente em debates ou sessões regulares. Há alguns anos, um novato
levou essa tarefa longe demais. Ele teve a audácia de envolver-se em uma discussão
com o co-fundador da empresa, Soichiro Hona, quanto aos motores refrigerados a ar e a
água. Ele estava tão resoluto que fez greve por um mês, retirando-se em um mosteiro
Zen. Impressionado pela convicção apaixonada do rapaz, Soichiro Honda reconsiderou e
mudou sua opinião a respeito. O rapaz se chamava Tadashi Kume e hoje ocupa o cargo
de presidente da Honda.
1
st
Baseado em: Matthew J. Kierman, The Eleven Commandments of 21 Century Management,
Englewood Cliffs, N.J., Prentice-Hall, 1996, p. 45-47
Capítulo 16 – LIDERANÇA NAS ORGANIZAÇÕES
Visão geral do capítulo:
Este capítulo é dedicado à liderança e à condução das pessoas nas organizações. Os
principais tópicos são:
1. A liderança nas organizações
2. As bases do poder nas organizações
3. Conceito e características da liderança
4. Teorias sobre liderança
5. Teorias de traços de personalidade
6. Teorias sobre estilos de liderança: estilos de liderança, liderança focada na tarefa
ou nas pessoas e managerial grid
7. Teorias situacionais de liderança: padrões de liderança, modelo contingencial e
teoria caminho-meta
8. Aplicações práticas das teorias de liderança
Fórum de Debates (para discussão intragrupal e debates intergrupais):
1. Discuta sobre a importância da liderança nas organizações
2. Discuta o tema: a organização bem-sucedida é aquela composta de liderança de
lideranças
3. Discuta os vários tipos de poder e como fundamentar a liderança sobre eles
4. Discuta o conceito de carisma
5. Discuta a teoria de liderança assentada em traços de personalidade
6. Discuta os três estilos de liderança segundo White e Lippitt
7. Discuta as funções do líder moderno
8. Discuta a liderança orientada para as tarefas ou para as pessoas
9. Discuta a grade gerencial (managerial grid)
10. Discuta a escolha de padrões de liderança segundo Tannenbaum e Schmidt
11. Discuta o modelo contingencial de Fiedler
12. Discuta a teoria do caminho-meta
13. Faça um debate sobre os cinco princípios da liderança visionária
14. Discuta as aplicações práticas da liderança
15. Faça um debate a respeito da inteligência emocional
Pesquisa de Mercado (trabalho de investigação de campo para grupos de
alunos):
1. Faça uma pesquisa de mercado sobre como as organizações escolhem seus
líderes
2. Faça uma pesquisa sobre líderes empresariais e suas características
3. Faça uma pesquisa sobre organizações que utilizam a grade gerencial
4. Faça uma pesquisa sobre organizações visionárias e comportamento de seus
líderes
5. Faça uma pesquisa sobre organizações que utilizam a teoria caminho-meta
6. Faça uma pesquisa junto aos seus colegas de estudo sobre quais são os aspectos
mais importantes em um líder
Temas para Reflexão:
Qual a principal responsabilidade gerencial?
Dee Hock, o fundador da Visa, costuma perguntar aos gerentes qual é a sua principal
responsabilidade e invariavelmente, eles dizem que é gerenciar as pessoas que estão
abaixo deles. Essa percepção está completamente errada, diz Hock. A primeira e principal
responsabilidade é gerenciar a si próprio. A segunda responsabilidade é gerenciar
aquelas pessoas que têm responsabilidade sobre nós. A terceira responsabilidade é
gerenciar nossos pares ou colegas. A quarta responsabilidade é óbvia, ou seja, gerenciar
aqueles sobre os quais nós temos autoridade.
Todavia, alguns aspectos básicos da liderança jamais mudam. Considere a visão ou os
valores que um líder tem, a maneira como ele os incorpora em suas próprias palavras ou
ações e as idéias que utiliza para alcança-los. Na verdade, alguns pontos básicos são
fundamentais, como:
•
•
•
•
•
•
•
•
1
O estilo de liderança da organização está passando por uma mudança, da
liderança pelo comando para uma liderança pelo exemplo e pelos valores?
O líder consegue articular adequadamente a visão e juntar todas as forças
da organização para alcança-la?
O presidente da organização está engajado em reinventar a companhia
para o século 21 e reinventar sistematicamente o seu próprio papel?
O comportamento do líder incorpora os valores da companhia?
As habilidades humanas e sociais do líder estão tão bem desenvolvidas
quanto as suas habilidades intelectuais?
Os líderes gerenciam a si próprios tão bem quanto gerenciam seus
subordinados?
Existe continuidade no topo da organização, se não em termos de
pessoas, mas em termos de valores?
A organização consegue desenvolver líderes e lideranças?
Jerry Yoram Wind & Jeremy Main, Driving Change: How the Best Companies Are Preparing for
the 21st Century, Nova York, The Free Press, 1998, p. 107-109
Casos:
General Electric 1
A liderança baseada em valores está tomando o lugar da liderança autocrática e
carismática. E a liderança centrada em valor funciona melhor quando os valores do líder e
os valores da organização se fundem. Não é surpresa que muitas organizações bemsucedidas tendem a ter líderes por longo tempo. O cuidadoso desenvolvimento de
lideranças de lideranças é praticado por muitas organizações.
O presidente, Jack Welch criou visões e valores na General Electric. Antes, a GE estava
preocupada em sobreviver. Agora, a GE está apoiada em negócios, dos quais ela é a
número 1 ou número 2 nos mercados globais. Welch eliminou a velha burocracia e
definiu valores como auto-confiança, simplicidade e velocidade, aspectos típicos das
empresas de pequeno tamanho. A partir daí, Welch desenvolveu os comportamentos
fronteiriços para encorajar as pessoas na GE a ver e compartilhar idéias em um ambiente
fresco, aberto e anti-paroquial. Ele conduziu as pessoas a alcançar seus objetivos e não a
simplesmente a focalizar seu trabalho e seus orçamentos.
A GE utiliza avaliação do desempenho com dois componentes: um para o desempenho e
outro para a aderência aos valores da companhia. Na parte relacionada com os valores
da empresa, os gerentes são avaliados em sua habilidade de comunicar e criar uma visão
clara, abertura para a mudança, habilidade de construir e liderar equipes, sua integridade,
confiabilidade e rapidez. Com a ajuda da avaliação do desempenho, a GE divide seus
gerentes em quatro tipos. Gerentes do tipo I apresentam alto resultado no desempenho e
nos valores dirigidos para grandes coisas. Tipo II não desempenham e nem compartilham
os valores da GE e são desligados. Gerentes do tipo III tem aderência aos valores, mas
não desempenham bem. Ganham outra oportunidade. Líderes do tipo IV apresentam
resultados, mas não aderem aos valores da empresa. Eles têm outra oportunidade. Como
evidência de seu compromisso com valores, a GE começou a mostrar a porta do tipo IV: o
gerente do velho estilo e ainda não adaptado aos novos tempos.
Welch participa de conferências sobre liderança para o centro avançado de treinamento
de gerentes da GE em Crotonville e passa um dia inteiro em cada ano para rever os
líderes potenciais e suas necessidades de treinamento na companhia.
As organizações têm se esforçado em desenvolver líderes por várias razões. Elas
necessitam preparar os próximos executivos. A organização do século XXI exigirá
liderança em profundidade devido ao espalhamento da responsabilidade e poder através
de vários líderes, e não em apenas um. Além disso, as organizações precisam treinar
líderes para enfrentar as mudanças que vêm por ai.
1
Jerry Yoram Wind & Jeremy Main, Driving Change: How the Best Companies Are Preparing for
the 21st Century, Nova York, The Free Press, 1998, p. 105-107
Capítulo 17 – MOTIVAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES
Visão geral do capítulo:
Este capítulo é dedicado à motivação e sistemas de incentivos e recompensas utilizados
pelas organizações. Seus principais tópicos são:
1. Conceito e características da motivação
2. Teorias de conteúdo da motivação: pirâmide de necessidades, teoria dos dois
fatores, teoria ERC e teoria das necessidades aprendidas
3. Teorias de processo da motivação: teoria do estabelecimento de objetivos
4. Modelos integrados de motivação das pessoas
5. Aplicações práticas das teorias da motivação
Fórum de Debates (para discussão intragrupal e debates intergrupais):
1. Discuta a motivação como fonte propulsora do comportamento humano
2. Discuta os vários conceitos relacionados com a motivação
3. Faça um debate sobre a hierarquia das necessidades e suas satisfações
4. Faça um debate sobre os dois fatores: higiênicos e motivacionais
5. Discuta sobre a satisfação dos fatores higiênicos e motivacionais
6. Discuta a teoria ERC
7. Discuta a teoria das necessidades aprendidas
8. Discuta a teoria do estabelecimento de objetivos
9. Discuta a teoria do reforço
10. Discuta a teoria da eqüidade
11. Discuta a teoria da expectância
12. Discuta os modelos integrados de motivação
13. Discuta as aplicações práticas das teorias da motivação, como recompensas
monetárias, enriquecimento de tarefas e flexibilização do horário de trabalho
Pesquisa de Mercado (trabalho de investigação de campo para grupos de
alunos):
1. Faça uma pesquisa de mercado sobre como as organizações estão atendendo às
necessidades humanas de seus empregados
2. Faça uma pesquisa sobre como as organizações se preocupam com a satisfação
no trabalho
3. Faça uma pesquisa sobre como as organizações se preocupam com a satisfação
fora do trabalho
4. Faça uma pesquisa sobre as empresas consideradas como os melhores lugares
para se trabalhar
5. Faça uma pesquisa sobre os meios de motivação e incentivo mais utilizados pelas
organizações
6. Faça uma pesquisa com seus colegas de estudo sobre quais são os aspectos
mais importantes que eles consideram no seu trabalho, em sua escola e no lar
Temas para Reflexão:
A Lógica da Retroação
Afinal, o que é uma organização que aprende? É uma organização que constantemente
melhora a si própria através da análise dos resultados de suas ações. As novas técnicas
administrativas ajudam uma organização a aprender, mas não criam uma organização de
aprendizagem. Isto envolve uma completa mudança cultural e atitudinal.
A simples idéia de retroação constitui uma poderosa ferramenta para medir a lógica de
uma organização e, ao mesmo tempo, transforma-la em uma organização de
aprendizagem. As pessoas utilizam a retroação para aprender. Se uma criança toca
alguma coisa quente ela aprende a não mais toca-la para não se queimar. Trata-se de um
processo natural de aprendizagem. Nas organizações, a retroação torna-se mais
complexa. John Dewey já havia expressado a idéia de um ciclo repetitivo de invenção,
observação, reflexão e ação como base para a aprendizagem humana. A idéia retornou à
teoria administrativa através de W. Edwards Deming, com seu ciclo para atingir melhoria
contínua: planejar, fazer, verificar e agir (plan, do, check, act).
A retroação de circuito fechado (closed-loop feedback) não pode funcionar se as pessoas
não sabem como usa-lo. Para remover falsos modelos, Chris Argyris da Harvard Business
School propôs a idéia de um duplo circuito de aprendizagem. Apesar de termos certos
modelos mentais, a segunda parte do circuito permite examina-los criticamente. Da
mesma maneira, quando a organização adquire novos conhecimentos e novos métodos
de aprendizagem, ela precisa utilizar a retroação para evitar variáveis e distorções.
O Círculo da
Aprendizagem
Planejar
Agir
CIRCUITO
SIMPLES
Planejar
Fazer
Agir
Verificar
Fazer
Verificar
Examinar
processos
1
CIRCUITO
DUPLO
Modelos
mentais
Baseado em Jerry Yoram & Jeremy Main, Driving Change: How the Best Companies Are
Preparing for the 21st Century, Nova York, The Free Press, 1998, p. 280-282
Casos:
3M: O Mundo da Inovação 1
A lendária reputação da 3M em inovação é merecida. Desde sua criação, a cultura
corporativa da 3M abraçou a inovação dos produtos com fervor quase evangélico. Esse
foi o espírito que transformou a 3M no gigante de produtos industriais e de consumo que
hoje fatura 14 bilhões de dólares ao ano. Simplesmente declarar a intenção da sua
empresa ser inovadora não é suficiente; o caminho para a falência está repleto de
intenções inovadoras. Então, como é que se pode fazer?
A 3M conseguiu criando a cultura organizacional, as estruturas e o pool de recursos
humanos necessários para suportar e nutrir um clima de constante criatividade e
inovação. Sua essência é uma característica rara em corporações que faturam bilhões de
dólares por ano: a 3M é extremamente flexível. Novas idéias e novas táticas são
abraçadas, observadas, desenvolvidas e testadas continuamente. Se não funcionarem, a
3M rapidamente as descarta e segue adiante. Esta flexibilidade começa no topo e
espalha-se por todos os níveis da estrutura organizacional da empresa.
A arquitetura estratégica de inovação da 3M tem uma série de componentes-chave.
Talvez, o mais famoso seja a política corporativa de que 30% do faturamento devem
provir de produtos introduzidos nos últimos quatro anos. (Antes, eram 25% em cinco
anos.) O que mais pode haver em termos de incentivo estrutural para inovar?
É claro que muitas empresas estabelecem metas nobres, mas poucas as atingem com
repetido e surpreendente sucesso. Então como é que uma empresa que tem 85 mil
funcionários em todo o mundo move-se com a velocidade e a agilidade de um receptor de
alcance amplo para se manter à frente da concorrência? A resposta é simples e, ao
mesmo tempo, complicada. Da alta gerência para baixo, a 3M contrata as melhores
pessoas e então respeita, apoia e, na verdade, insiste em seus esforços de pensar,
aprender e criar – em resumo, inovar. E no mundo empresarial, isto é uma raridade.
Na 3M, os técnicos têm a liberdade de gastar entre 15% e 50% do seu tempo
pesquisando sobre seus projetos preferidos. Conceitos particularmente promissores
recebem a recompensa de 50 mil dólares em “Genesis Grants”, para ajudar a desenvolvêlos na etapa seguinte. A criatividade individual é aperfeiçoada por meio da colaboração
entre diferentes disciplinas. O pessoal de vendas conversa constantemente com os
clientes para descobrir o que eles precisam ou querem, de preferência antes mesmo que
o próprio cliente saiba. Depois, o pessoal de vendas conversa com os técnicos para
iniciarem a criação de novos produtos. Essa ênfase em uma mentalidade de equipe e o
compartilhamento simultâneo de idéias é um princípio fundamental da cultura da 3M.
A criação do Post-it Notes se tornou um clichê corporativo e ilustra a reunião das
melhores práticas na 3M. Um funcionário da 3M, Art Fry precisava de uma maneira
conveniente de marcar páginas individuais do seu livro de hinos, para referência rápida na
igreja – um pequeno e simples problema que exigia uma solução potencialmente
lucrativa. Ele conversou com um rapaz de outro departamento, Spence Silver, que já tinha
desenvolvido um novo adesivo para a 3M. O resto todo mundo já sabe. A 3M vendeu
mais de 100 milhões de dólares em Post-it Notes em 1994. Mark Twain certa vez afirmou
que um especialista “é algum palerma de outro lugar”. A genialidade da 3M está em
reconhecer que o palerma que a empresa precisava para um novo produto de estrondoso
sucesso podia estar sentado em um escritório de outro departamento. Tudo o que a 3M
tinha de fazer era eliminar as barreiras.
E o que é que ganham os funcionários que compartilham suas idéias e ajudar a gerar
grandes lucros para a 3M? Incentivos e reverências em radiantes comemorações da
empresa não são um mau começo. Mas o que muitas pessoas valorizam ainda mais é
saber que a 3M não irá abandoná-los à toa quando a maré subir. A 3M não demite
funcionários. Em vez de dispensar pessoas, ela aumenta o orçamento em pesquisa e
desenvolvimento (P&D) e eleva ainda mais suas expectativas em relação às capacidades
inovadoras do seu pessoal. O resultado? Novos produtos são identificados e mais da
metade colocada no mercado em tempo recorde. A 3M é uma das empresas mais
inovadoras do mundo. A cada semana lança três produtos novos no mercado. Pode?
1
st
Baseado em: Matthew J. Kiernan, The Eleven Commandments of 21 Century Management,
Englewood Cliffs, N.J., Prentice-Hall, 1996, p. 36-37
PARTE VI
CONTROLE
A PARTE VI é constituída de um capítulo sobre controle:
PARTE VI
Capítulo 18
CONTROLE
Fundamentos
do
Controle
Conceito
Processo de controle
Controle como um sistema
cibernético
Características
Controle estratégico, tático
e operacional
Capítulo 18 – FUNDAMENTOS DO CONTROLE
Visão geral do capítulo:
Este capítulo é totalmente dedicado ao controle como função administrativa. Seus
principais tópicos são:
1. Conceito e características do controle
2. O processo de controle e seus componentes
3. Estabelecimento de objetivos e padrões de desempenho
4. Avaliação do desempenho
5. Comparação do desempenho com o objetivo ou padrão estabelecido
6. Ação corretiva
7. O controle como um sistema cibernético
8. Características básicas do controle
9. Tipos de controle utilizados pelas organizações
10. Controles estratégicos
11. Controles táticos
12. Controles operacionais
Fórum de Debates (para discussão intragrupal e debates intergrupais):
1. Discuta os vários significados da palavra controle
2. Discuta os vários conceitos de controle como função administrativa
3. Discuta o controle nos vários níveis organizacionais
4. Discuta o processo de controle
5. Faça um debate sobre como estabelecer objetivos ou padrões
6. Discuta os padrões de desempenho da GE
7. Faça um debate sobre a avaliação do desempenho
8. Discuta o que medir em uma organização
9. Faça um debate sobre a comparação do desempenho com o padrão
10. Faça um debate sobre a ação corretiva e programas de ação corretiva
11. Discuta o controle como um sistema cibernético
12. Discuta as características do controle
13. Faça um debate sobre controles estratégicos
14. Faça um debate sobre controles táticos
15. Faça um debate sobre controles operacionais
Pesquisa de Mercado (trabalho de investigação de campo para grupos de
alunos):
1. Faça uma pesquisa de mercado sobre como as organizações lidam com o controle
2. Faça uma pesquisa sobre controles estratégicos como balanço e relatórios
financeiros utilizados por organizações
3. Faça uma pesquisa sobre controles estratégicos como lucros e perdas
4. Faça uma pesquisa sobre controles estratégicos como análise do retorno sobre o
investimento utilizados por organizações
5. Faça uma pesquisa sobre controles táticos como controle orçamentário
6. Faça uma pesquisa sobre controles táticos como contabilidade de custos
7. Faça uma pesquisa sobre controles operacionais como disciplina, controle de
estoques, programação JIT, planejamento de requisitos de materiais ou controle
de qualidade
Temas para Reflexão:
Fundamentos do Controle
As atividades de controle se situam antes, durante e depois dos processos administrativos
ou dos processos operacionais. Desse ponto de vista processual, o controle pode estar
relacionado com insumos (entradas), processos (processamento) e saídas (produtos ou
resultados). Assim:
Controles de Processo
Controles de Insumo
•Avaliação do Desempenho
•Controle de Qualidade
•Controle da Produção
•Planos Contingenciais
•Produtividade
•Orçamentos
•Planos de APO
•Desenho do Produto
•Planejamento da Produção
•Especificações de Materiais
•Técnicas
•Horários
Insumos
Controles de Produto
•Controle de Qualidade
•Avaliação da APO
•Auditorias
Produção
ou
Operações
Produto
Quais os exemplos de controles que você poderia incluir em cada um desses três tipos?
Casos:
Hewlett-Packard: Um Assunto Emocional 1
A Hewlett-Packard (HP) é uma benchmarking em matéria de qualidade. Mas para chegar
a esta posição, teve de suar bastante a camisa. O diretor de qualidade corporativa
começou utilizando as mesmas idéias que nortearam muitas empresas ganhadoras de
prêmios de qualidade – como o Prêmio Deming no Japão, o Prêmio Baldrige nos Estados
Unidos e o Prêmio Europeu de Qualidade. Inicialmente, foi montado um plano
denominado “Qualidade 1 sobre 1” para descartar o velho conceito de qualidade que
enfatizava processos métricos e administrativos e que pouco agregava em termos de
aprendizado sobre as experiências e necessidades dos clientes. O hábito usual era
pensar em qualidade como um produtor faz, focalizando os processos e controles nas
atividades diárias de produção. Para o diretor, a qualidade é incompleta até que faça uma
impressão em alguém.
O antigo padrão da abordagem de qualidade do “produtor” se baseava em “conformidade
com os requisitos” e “adequação ao uso” e a HP desenvolveu itens sofisticados para
medir a qualidade. Mas a HP não conseguia vender mais itens ao consumidor. Tornavase necessário mudar o conceito de qualidade. Na medida em que a evolução da
tecnologia da HP seguia adiante, notou-se que era necessário conhecer mais
profundamente as reações emocionais do consumidor na utilização dos seus produtos.
Não somente vendedores, mas administradores, engenheiros, funcionários, operários e
gerentes gerais começaram a acompanhar o cliente face a face através de reuniões com
clientes, individualmente ou em grupos, cinco ou seis vezes por semana. A idéia geral é
proporcionar ao produtor uma visão mais racional da qualidade através da visão subjetiva
e emocional do cliente. Em outras palavras, um conhecimento mais profundo e direto do
cliente e de suas expectativas.
1
Baseado em: Jerry Yoram Winn & Jeremy Main, Driving Change: How the Best Companies are
Preparing for the 21st Century, Nova York, The Free Press, 1998, p. 220-222
PARTE VII
ASSUNTOS EMERGENTES
A PARTE VII é constituída de um capítulo sobre assuntos emergentes:
PARTE VII
ASSUNTOS
EMERGENTES
Capítulo 19
Qualidade
e
Produtividade
O que é qualidade?
Ênfase na qualidade
Qualidade e melhoria contínua
Qualidade total
Técnicas de QT
Vantagem competitiva
Ênfase na competitividade
Capítulo 19 – QUALIDADE E PRODUTIVIDADE
Visão geral do capítulo:
Este capítulo é dedicado a assuntos de qualidade e produtividade nas organizações. Seus
principais tópicos são:
1. O que é qualidade
2. A ênfase na qualidade
3. O pontapé inicial de Deming e Juran
4. Qualidade e melhoria contínua
5. Qualidade total
6. Técnicas de qualidade total
7. A vantagem competitiva através da qualidade
8. Ênfase na competitividade
Fórum de Debates (para discussão intragrupal e debates intergrupais):
1. Faça um debate sobre os vários significados da palavra qualidade
2. Discuta a diferença entre qualidade interna e qualidade externa
3. Faça um debate sobre os vários conceitos de qualidade
4. Faça um debate sobre o Prêmio Nacional de Qualidade (PNQ)
5. Por que qualidade é consonância?
6. Discuta a contribuição de Deming e Juran
7. Por que se deve substituir o controle burocrático pelo controle pelas pessoas?
8. Discuta as nove condições do sucesso empresarial
9. Faça um debate sobre qualidade e melhoria contínua
10. Faça um debate sobre qualidade total
11. Faça um debate sobre o modelo de avaliação do Prêmio Baldrige de Qualidade
12. Faça um debate sobre o modelo de avaliação do Prêmio Europeu de Qualidade
13. Discuta o programa dos cinco “s”
14. Faça um debate sobre o benchmarking
15. Faça um debate sobre terceirização
16. Faça um debate sobre redução do ciclo de tempo
17. Discuta a vantagem competitiva através da qualidade
18. Faça um debate a respeito da ISO 9000
19. Discuta a ênfase na competitividade
Pesquisa de Mercado (trabalho de investigação de campo para grupos de
alunos):
1. Faça uma pesquisa de mercado sobre como as organizações que utilizam
programas de melhoria contínua
2. Faça uma pesquisa sobre organizações que utilizam programas de qualidade total
3. Faça uma pesquisa sobre organizações que participam do Prêmio Nacional de
4.
5.
6.
7.
8.
9.
Qualidade (PNQ)
Faça uma pesquisa sobre empresas que utilizam programas relacionados com os
cinco “s”
Faça uma pesquisa sobre empresas que utilizam o benchmarking
Faça uma pesquisa sobre empresas que utilizam a terceirização
Faça uma pesquisa sobre empresas que utilizam a redução do ciclo de tempo
Faça uma pesquisa sobre empresas credenciadas pela ISO 9000
Faça uma pesquisa sobre as empresas mais competitivas e suas características
Temas para Reflexão:
Quem se Apropria da Produtividade? 1
Em todo o mundo, na medida em que o produto industrial aumenta em uma ponta, o
emprego diminui na outra. Na década de 1990, a produtividade do trabalho nos Estados
Unidos cresceu 2,3% ao ano, enquanto a participação relativa do emprego industrial caiu
de 19% para 16%. No Brasil, a produtividade ficou acima dos 7% e a participação caiu de
19% para 14%. O salário médio aumentou nos primeiros anos do Plano Real e diminuiu
depois.
Quem se apropriou dos ganhos de produtividade no Brasil? Estudos realizados pelo IBGE
(Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelam que nos últimos anos,
os ganhos de produtividade da indústria foram apropriados pelos consumidores (na forma
de redução de preços dos bens industriais) e pelas empresas (na forma de lucro). Sobrou
pouco para os trabalhadores. No frigir dos ovos, os trabalhadores teriam sido os grandes
perdedores de uma modernização que eles ajudaram a construir.
Essa posição começa a polarizar as discussões nas mesas de negociação e deverá
ganhar centralidade nas pautas de reivindicação dos sindicatos.
Os empregadores argumentarão, por seu turno, que os trabalhadores são também
consumidores e, nessa condição, tiveram um aumento de seu poder de compra, ao se
beneficiarem da redução de preços dos produtos industriais, o que significou uma
apropriação indireta dos ganhos de produtividade.
No que tange ao emprego, a reorganização da produção industrial transferiu para fora das
empresas tudo aquilo que não fazia parte do “core” industrial (padarias, restaurantes,
gráficas, serviços administrativos e outros), provocando uma migração dos postos de
trabalho que passaram a ser computados em outros setores.
Portanto, defenderão os empregadores, a modernização da indústria não foi causa do
desemprego da sociedade. Os empregos industriais têm forte efeito multiplicador. Um
posto de trabalho gerado ou preservado em uma siderúrgica, por exemplo, estimula a
criação de centenas de postos de trabalho em outros setores. Além disso, é na indústria
que ocorrem os grandes progressos técnicos que, por sua vez, instigam a modernização
dos demais setores. O avanço no comércio e serviços é devido ao avanço da indústria.
Em outras palavras, a expansão do emprego nos outros setores e a preservação dos
trabalhadores que continuaram na indústria, ocorreram porque o setor industrial
modernizou-se e manteve-se competitivo em um cenário crescentemente concorrencial.
O que você acha disso?
1
Baseado em: José Pastore, “Quem se Apropria da Produtividade?”, O Estado de São Paulo,
Caderno de Economia, 15 de Agosto de 2000, p. B2
Adivinha Qual Será a Próxima?
É impressionante a quantidade de novidades e modismos que surgem a cada momento
em Administração, cada qual acompanhada de siglas e coisas parecidas. A enumeração
pode ser exaustiva. Eis algumas delas:
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APO – Administração por Objetivos
Benchmarking
Reengenharia
Downsizing
TQM – Total Quality Management
Planejamento de Cenários
Missão / Visão
Core competence
Core business
Return on Investment (ROI)
ABC – (Activity Based in Cost) Atividade Baseada em Custo
ABM – (Activity Based in Management) Administração Baseada em
Atividades
Learning Organizations
Vantagem Competitiva
Planejamento Estratégico
Capital Intelectual
Negociação Win-Win
Turnaround
Empresa 1:1
Groupware
BSC – Balanced Scoregard
SVA – Shareholder Value Analysis
Empowerment
DBM – DataBase Marketing
Alianças Estratégicas
IVC – Integrated Value Chain
e-Business
e-Commerce
EVA – Economic Value Added
ERP – Enterprise Resource Planning
Equipes multifuncionais e autodirigidas
KM – Knowledge Management
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Terceirização
Quarteirização
Remuneração por Competências
Remuneração por Desempenho
AQSP (Adivinhe Qual Será a Próxima?).
Cansou de ler? A todo momento surge um novo guru na mídia e que afirma
peremptoriamente que se deve apagar tudo o que existe em Administração e adotar
imediatamente as suas idéias mágicas. Cada qual aporta em uma praia diferente e afirma
ter descoberto o paraíso. Qual será a próxima praia a ser explorada? Vamos à procura
dela? AQSP será a nova sigla.
O problema fundamental é que todas essas mágicas soluções estão predominantemente
voltadas para os processos organizacionais no sentido de melhora-los e fortalece-los.
Quase sempre omitem as pessoas. Privilegiam as organizações, com pouquíssimo foco
nas pessoas que as constituem. Como a mudança está em jogo, a tendência é buscar
desenvolver aspectos que a concorrência não consiga copiar ou copie com algum atraso.
Hoje, na Era Digital, tudo se copia. E rapidamente.
Mas, como dizia o velho Protágoras, o homem é a medida de todas as coisas. E a única
área que ainda não foi suficientemente explorada é o imenso potencial das pessoas.
Principalmente, o que elas levam em suas cabeças. Imagine quando as organizações
descobrirem que o seu sucesso ou fracasso depende das pessoas! Terão a sensação de
quem descobriu a roda!
Casos:
Sun Microsystems: Faça Rápido ou Então Nem Faça 5
A Sun Microsystems é a criadora da Java, a linguagem de computador para a Internet
utilizada pelas empresas de primeira linha em tecnologia da informação. O sucesso da
Java ameaça a hegemonia corporativa da Microsoft e o paradigma que esta representa
em informática. Isso, porque a Java tem o potencial de livrar milhões de usuários de
computadores da tirania do sistema operacional de propriedade da Microsoft, o Windows.
Para Scott McNealy, o presidente da Sun, isto é apenas mais um triunfo da empresa,
desde sua fundação, em 1982. A Sun consegue transformar rapidamente inovação e
execução em uma obra de arte. Daí, o seu faturamento anual de 6 bilhões de dólares.
Em um mercado – estações de trabalho (workstations) de engenharia de alto
desempenho – onde o ciclo de vida do produto dos concorrentes era de três a cinco anos,
a Sun concentrou-se em dobrar o desempenho de suas estações de trabalho a cada 12
meses. Com isso, a Sun está preparada para lançar novos produtos em níveis de preço e
desempenho capazes de eliminar suas linhas existentes. Qual é o raciocínio? É melhor
fazer seus próprios produtos obsoletos do que deixar que alguém fazer isso por você. A
Sun foi uma das primeira empresas a praticar a virtude do auto-canibalismo. Quando a
questão é velocidade, aniquilar seus próprios produtos constitui a melhor forma de se
ocupar. A vantagem de fazer isso você mesmo é que você passa a ditar o momento e as
circunstâncias.
A Sun foi uma das primeiras empresas em Silicon Valley a reconhecer a importância
competitiva da velocidade. O que a torna excepcional é sua capacidade de traduzir aquele
insight em ação e execução. O insight da essência da estratégia competitiva da Sun
reside no seguinte: em um setor dinâmico e interdisciplinar, como a informática, ninguém
pode estar à frente de todas as tecnologias relevantes. O ponto forte da Sun está em
reconhecer uma verdade fundamental: a mudança tecnológica no mercado da informática
acelera continuamente. Nenhuma empresa pode estar à frente de qualquer quebra de
paradigma importante, e as que tentam fazê-lo por si só inevitavelmente ficam para trás.
Então, a Sun focalizou no que fazia melhor – projetar hardware e software para estações
de trabalho de alto desempenho – e passou tudo para os especialistas que são os
melhores no mundo naquilo que fazem. A própria Sun não fabrica quase nada; seus
circuitos integrados, drives, chips de memória, monitores, teclados e mesmo a torres de
computadores são comprados de fornecedores externos. Até a montagem final dos
componentes é terceirizada. Um dos resultados dessa fanática concentração em algumas
competências-chave é uma extraordinária produtividade. Os 1.300 funcionários da Sun
geram quase 300 mil dólares em vendas por funcionário, quase duas vezes mais que a
IBM. Os detratores dizem que ao usar componentes já prontos, a Sun coloca-se em uma
posição vulnerável a plagiadores de clones com baixo custo. A resposta da Sun é:
confiança em velocidade superior. Copiar algo que evolui mais rápido do que você copia
não é um negócio promissor.
A Sun utiliza outra técnica interessante para fortalecer sua capacidade de inovação
rápida: ela licencia suas tecnologias a outros com a mesma rapidez que as desenvolve.
Esta estratégia apresenta vários benefícios:
1. Licenciando as tecnologias para parceiros poderosos, como a Toshiba e a Digital, a
Sun dissemina suas tecnologias ampla e rapidamente, contando pontos para criar
novos padrões de mercado.
2. Os licenciados aperfeiçoam ainda mais as tecnologias e a Sun colhe benefícios
técnicos e financeiros.
3. A Sun usa sua estratégia de licença para pressionar a si mesma para as inovações
seguintes. Saber que os concorrentes logo irão compartilhar suas tecnologias mais
recentes motiva os funcionários da Sun a se concentrar no que fazem, inovando ainda
mais rápido.
Contudo, o crescimento do mercado de estações de trabalho está começando a
desacelerar. A fatia de mercado da Sun está sendo comprimida: por um lado, pelas
máquinas mais baratas e de alto desempenho da Hewlett-Packard (HP) e da Silicon
Graphics e, de outro, por PCs Pentium. Daí, a nova batalha da informática – a dos PCs
em rede frente a duas tendências mundiais opostas: downsizing e upscaling. Na primeira
tendência, as grandes empresas estão se desfazendo de mainframes de vários milhões
de dólares para adquirir redes mais baratas e mais acessíveis com máquinas menores.
Na segunda, as unidades e departamentos pequenos estão indo na direção inversa,
elitizando os sistemas leves de PC. A Sun planeja soluções para ambas as tendências:
estações de trabalho mais baratas e servidores de médio porte para rodar redes de PCs.
Essa nova estratégia exigirá melhorias de escala no atendimento e serviço ao cliente, o
que nunca foi o forte da Sun. Mesmo para uma empresa com a agilidade da Sun,
reinventar um grande elemento de sua cultura corporativa não será algo rotineiro. Mas, a
Sun apresenta quatro atributos poderosos a seu favor:
1. Uma enorme fatia de 37% do mercado de estações de trabalho que movimenta 10
bilhões de dólares. Uma base financeira nada mal para se começar.
2. A iconoclastia resoluta do seu presidente: “Eu quero que a Sun seja controversa. Se
todos acreditassem na sua estratégia, a chance de você lucrar seria zero”.
3. O oportuno surgimento da Internet como o meio dominante da informática. A Sun foi
feita para a Internet e vice-versa. As máquinas da Sun foram projetadas e
caracterizadas para esse tipo de plataforma com tecnologia para rede.
4. Não há qualquer sinal de que a empresa mais rápida de Silicon Valey esteja
desacelerando o passo.
1
st
Baseado em: Matthew J. Kiernan, The Eleven Commandments of 21 Century
Management, Englewood Cliffs, N.J., Prentice-Hall, 1996, p. 76-79