Benedito Rodrigues da Silva Neto
(Organizador)
Alicerces e Adversidades das Ciências da
Saúde no Brasil 2
Atena Editora
2019
2019 by Atena Editora
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(eDOC BRASIL, Belo Horizonte/MG)
A398
Alicerces e adversidades das ciências da saúde no Brasil 2 [recurso
eletrônico] / Organizador Benedito Rodrigues da Silva Neto. –
Ponta Grossa, PR: Atena Editora, 2019. – (Alicerces e
Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil; v. 2)
Formato: PDF
Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader
Modo de acesso: World Wide Web
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-7247-671-3
DOI 10.22533/at.ed.713190210
1. Ciências da saúde – Pesquisa – Brasil. 2. Saúde – Brasil.
I.Silva Neto, Benedito Rodrigues da. II. Série.
CDD 362.1
Elaborado por Maurício Amormino Júnior – CRB6/2422
Atena Editora
Ponta Grossa – Paraná - Brasil
www.atenaeditora.com.br
[email protected]
APRESENTAÇÃO
A coleção “Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2” é
uma obra composta de quatro volumes que tem como foco as bases e as interfaces
multidisciplinares dos trabalhos desenvolvidos em diversos locais do país que
compõe os diversos capítulos de cada volume. De forma categorizada os trabalhos,
pesquisas, relatos de casos e revisões tentarão demonstrar ao leitor os princípios de
cada área da saúde assim como suas peculiaridades.
Nesse primeiro volume apresentamos de forma clara diferentes estudos
desenvolvidos em várias instituições de ensino e pesquisa do país. Os capítulos
transitaram principalmente entre fundamentos da farmacologia, nutrição, educação e
pesquisa básica abordando: Uso da maconha, hiperêmese gravídica, Saúde Pública,
Diabetes Mellitus, Qualidade De Vida, Idoso, Tratamento Farmacológico, Câncer
de boca, Doença celíaca, Educação em Saúde, Formação em Saúde, Toxoplasma
gondii, Nefrose lipoide, Atividade antioxidante, interação medicamentosa, Ansiedade,
Terapia Cognitivo-Comportamental, Reprodução Humana, Glicose sanguínea,
Doenças crônicas não transmissíveis e Atenção farmacêutica.
A fundamentação, e o estabelecimento de conceitos e padrões básicos é muito
importante na ciências da saúde uma vez que novos estudos e pesquisas tanto de
revisão quanto experimentais sempre se baseiam em técnicas e fontes já publicadas.
Assim, destacamos a relevância deste material com informações recentes sobre
diversas temáticas da saúde.
Deste modo a obra “Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2”
oferece ao leitor teoria bem fundamentada aliada à resultados práticos obtidos pelos
diversos grupos de pesquisa em saúde do país, que arduamente desenvolveram seus
trabalhos aqui apresentados de maneira concisa e didática. A divulgação científica
de qualidade, em tempos de fontes não confiáveis de informação, é extremamente
importante. Por isso evidenciamos também a estrutura da Atena Editora capaz
de oferecer uma plataforma consolidada e confiável para estes pesquisadores
apresentarem e divulguem seus resultados.
Desejamos à todos uma excelente leitura!
Benedito Rodrigues da Silva Neto
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 ................................................................................................................ 1
A CONTRIBUIÇÃO DA MACONHA NA HIPERÊMESE GRAVÍDICA: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Joseane Ferreira Parente
Maria Aparecida Muniz Farias
DOI 10.22533/at.ed.7131902101
CAPÍTULO 2 ................................................................................................................ 8
A PERCEPÇÃO DOS PACIENTES PORTADORES DE DIABETES MELLITUS TIPO 2 SOBRE A
PATOLOGIA
Maria Alyne Lima dos Santos
Marcilene Barbosa de Oliveira dos Santos
Joseline Pereira Lima
Aldeiza Almeida Barros
Francisco Elves de Lima Silva
Flávia Sonaria da Silva
Ilza Íris dos Santos
Sammara Luizza de Oliveira Costa
Ayrton Silva Brito
Leyla Andrade Barbosa
Eguimara de Souza Borges Fernandes
Claudenisia de Freitas Lima Andrade
DOI 10.22533/at.ed.7131902102
CAPÍTULO 3 .............................................................................................................. 31
A UTILIZAÇÃO DE PROBIÓTICOS PARA O BENEFÍCIO À SAÚDE DOS PACIENTES IDOSOS
Maria Clara Feijó de Figueiredo
Francisco Douglas Dias Barros
João Matheus Ferreira do Nascimento
Athanara Alves de Sousa
Danielle Silva Araújo
Diêgo de Oliveira Lima
Flávia Vitória Pereira de Moura
Marlene Gomes de Farias
Taline Alves Nobre
Tamiris Ramos Silva
Joilane Alves Pereira-Freire
Ana Cibele Pereira Sousa
DOI 10.22533/at.ed.7131902103
CAPÍTULO 4 .............................................................................................................. 43
ADESÃO AO TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA HANSENÍASE NO MUNICÍPIO DE MISSÃO
VELHA – CE
Anna Karoline Pereira Macêdo
Emanuela Machado Silva Saraiva
José Leonardo Gomes Coelho
Régila Santos Pinheiro
Gabriella Gonçalves Feitosa
Hanyelle Felix Cruz Landim
Helenicy Nogueira Holanda Veras
DOI 10.22533/at.ed.7131902104
SUMÁRIO
CAPÍTULO 5 .............................................................................................................. 54
ATIVIDADES DA p53 NO EPITÉLIO ORAL COM CÂNCER DE OROFARINGE
Klinger Vagner Teixeira da Costa
Kelly Cristina Lira de Andrade
Aline Tenório Lins Carnaúba
Fernanda Calheiros Peixoto Tenório
Ranilde Cristiane Cavalcante Costa
Luciana Castelo Branco Camurça Fernandes
Thaís Nobre Uchôa Souza
Katianne Wanderley Rocha
Dalmo de Santana Simões
Pedro de Lemos Menezes
DOI 10.22533/at.ed.7131902105
CAPÍTULO 6 .............................................................................................................. 59
DOENÇA CELÍACA E A DIFICULDADE EM SEGUIR UMA DIETA COM RESTRIÇÃO AO GLÚTEN
Israel Sobreira Machado
Karina Morais Borges
Paloma Soares dos Santos
Mayara Fernandes Pereira
Raízza Barbosa Elói Mendes
Maria Auxiliadora Macedo Callou
Priscylla Tavares Almeida
Cicera Leticia da Silva
Maria Aparecida Nunes de Carvalho
Rejane Ferreira da Silva
Janice Alves Trajano
DOI 10.22533/at.ed.7131902106
CAPÍTULO 7 .............................................................................................................. 66
EDUCAÇÃO NUTRICIONAL COMO ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO DA SAÚDE NA TERCEIRA
IDADE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Helder Matheus Alves Fernandes
Daniele Cristina Alves Fernandes
Elane da Silva Barbosa
Gabrielle Cavalcante Barbosa Lopes
Márcia Jaínne Campelo Chaves
DOI 10.22533/at.ed.7131902107
CAPÍTULO 8 .............................................................................................................. 80
EFEITOS DO FENTANIL NA RIGIDEZ DA PAREDE TORÁCICA
Maria Larissa de Oliveira
Palloma Sobreira Barbosa Monteiro Penha
Ana Nagylla Figueiredo Leite
Terentia Batista Sá de Norões
DOI 10.22533/at.ed.7131902108
CAPÍTULO 9 .............................................................................................................. 83
ESTUDO RETROSPECTIVO DA INFECÇÃO POR Toxoplasma
ONCOLÓGICOS EM TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO
gondii
EM
PACIENTES
Patricia Riddell Millar
Raíssa Oliveira de Almeida
Maria Regina Reis Amendoeira
DOI 10.22533/at.ed.7131902109
SUMÁRIO
CAPÍTULO 10 ............................................................................................................ 92
FATORES ASSOCIADOS À BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DE PACIENTES
COM GLOMERULOPATIAS: REVISÃO INTEGRATIVA
Mônica de Oliveira Santos
Jordanna Mirelle Carvalho Pardinho
Carla Afonso da Silva Bitencourt Braga
Edna Regina Silva Pereira
Mônica Santiago Barbosa
Aroldo Vieira de Moraes Filho
DOI 10.22533/at.ed.71319021010
CAPÍTULO 11 .......................................................................................................... 101
IMPACTO DO USO DE AGENTES ANTIOXIDANTES PARA O REPARO TECIDUAL
Vithória Régia Teixeira Rodrigues
Emanuel Messias Silva Feitosa
Cosmo Alexandro da Silva de Aguiar
Vitória Alves de Moura
Ana Luiza Rodrigues Santos
Josivaldo Macêdo Silva
Luis Rafael Leite Sampaio
DOI 10.22533/at.ed.71319021011
CAPÍTULO 12 .......................................................................................................... 112
INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA ENTRE ANTICONCEPCIONAIS ORAIS E ANTIBIÓTICOS: A
IMPORTÂNCIA DA ORIENTAÇÃO
Yolanda Gomes Duarte
Natália dos Santos Almeida
Maria Eduarda Correia dos Santos
Mayara De Alencar Amorim
Alyce Brito Barros
José Leonardo Gomes Coelho
Renata Evaristo Rodrigues da Silva
DOI 10.22533/at.ed.71319021012
CAPÍTULO 13 .......................................................................................................... 118
INTERVENÇÃO
COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
E
FARMACOLÓGICA:
ATUAÇÃO
INTERDISCIPLINAR NA ADESÃO AO TRATAMENTO E SINTOMAS PSIQUIÁTRICOS EM PESSOA
SOROPOSITIVA
Kethelyn Nayara de Almeida Pereira
Bárbara Rocha Lima Mello
Sílvia Furtado de Barros
Eliane Maria Fleury Seidl
DOI 10.22533/at.ed.71319021013
SUMÁRIO
CAPÍTULO 14 .......................................................................................................... 132
LIGA ACADÊMICA DE REPRODUÇÃO HUMANA E EMBRIOLOGIA DA UFRGS: UMA PROPOSTA
MULTIDISCIPLINAR
Bárbara Mariño Dal Magro
Christofer da Silva Christofoli
Martina Caroline Stapenhorst
Giovanna Carello Collar
Vitória de Oliveira Batista
Ágata Dupont
João Paulo Duarte Witusk
João Pedro Ferrari Souza
Letícia Barbieri Caus
Simone D´ Ambros
Adriana Bos-Mikich
DOI 10.22533/at.ed.71319021014
CAPÍTULO 15 .......................................................................................................... 145
NÍVEIS DE GLICEMIA RELACIONADOS A PRÁTICA DE HANDEBOL AMADOR
Ronizia Ramalho Almeida
Elvis Alves de Oliveira
Gelbcke Félix Nogueira
Emanuel Belarmino dos Santos
Francisco Rodrigo da Silva
Yaskara Santos Lôbo
Francisca Alessandra Lima da Silva
Ana Karênina Sá Fernandes
Mônica Maria Siqueira Damasceno
Deborah Santana Pereira
Narcélio Pinheiro Victor
Mira Raya Paula de Lima
DOI 10.22533/at.ed.71319021015
CAPÍTULO 16 .......................................................................................................... 159
OBESIDADE, DIABETES E HIPERTENSÃO NA UNIVERSIDADE DE RIO VERDE, CAMPUS RIO
VERDE
Ana Luiza Caldeira Lopes
Ana Cristina de Almeida
Katriny Guimarães Couto
Nathália Marques Santos
Kênia Alves Barcelos
Cláudio Silva Teixeira
DOI 10.22533/at.ed.71319021016
CAPÍTULO 17 .......................................................................................................... 168
PREVALÊNCIA DE POLIFARMÁCIA EM USUÁRIOS DE UM SERVIÇO DE SAÚDE DE UMA CAPITAL
DO NORDESTE BRASILEIRO
Clemilson da Silva Barros
Ilka Kassandra Belfort
Mauricio Avelar Fernandes
Sally Cristina Moutinho Monteiro
DOI 10.22533/at.ed.71319021017
SUMÁRIO
CAPÍTULO 18 .......................................................................................................... 181
PROMOÇÃO EM SAÚDE SOBRE DOAÇÃO DE LEITE HUMANO NA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE
DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO: UMA ANÁLISE DOCUMENTAL EM DADOS OFICIAIS E
MÍDIAS SOCIAIS
Bárbara Maciel de Pinho
Cristiane Silva de Oliveira
Deise Cristina Pereira de Oliveira
Fabiana Ferreira Koopmans
Mayara Dias de Araujo
DOI 10.22533/at.ed.71319021018
CAPÍTULO 19 .......................................................................................................... 191
REDUÇÃO DA CHANCE DE PERDA AUDITIVA ASSOCIADA AO MONITORAMENTO TERAPÊUTICO
DE AMINOGLICÓSIDEOS NO TRATAMENTO DA TUBERCULOSE MULTIDROGA RESISTENTE:
UMA RESENHA CRÍTICA
Fernanda Calheiros Peixoto Tenório
Kelly Cristina Lira de Andrade
Andréa Rose de Albuquerque Sarmento-Omena
Cristhiane Nathália Pontes de Oliveira
Silvio Leonardo Nunes de Oliveira
Aline Tenório Lins Carnaúba
Klinger Vagner Teixeira da Costa
Luciana Castelo Branco Camurça Fernandes
Ana Amália Gomes de Barros Torres Faria
Renata da Rocha Soares Leão
Pedro de Lemos Menezes
DOI 10.22533/at.ed.71319021019
CAPÍTULO 20 .......................................................................................................... 196
TÉCNICAS NÃO FARMACOLÓGICAS PARA ALÍVIO DA DOR COMO ADJUVANTES NO
TRATAMENTO EM ONCOLOGIA PEDIÁTRICA
Karoliny Miranda Barata
Victor Hugo Oliveira Brito
Rubens Alex de Oliveira Menezes
Luzilena de Sousa Prudêncio
Rosana Oliveira do Nascimento
Nely Dayse Santos da Mata
DOI 10.22533/at.ed.71319021020
CAPÍTULO 21 .......................................................................................................... 206
TOXICIDADE ORAL AGUDA DO SEMISSINTÉTICO ÉTER N-BUTIL DILAPIOL EM CAMUNDONGOS
BALB/C
Daniel Luís Viana Cruz
Andressa Karina Leitão da Encarnação
Ana Cristina da Silva Pinto
Míriam Silva Rafael
DOI 10.22533/at.ed.71319021021
SUMÁRIO
CAPÍTULO 22 .......................................................................................................... 215
USO DE CAFEÍNA E SUAS PRINCIPAIS VANTAGENS, BENEFÍCIOS E EFEITOS ADVERSOS
PARA O ORGANISMO
Joanderson Nunes Cardoso
Lorena Alencar Sousa
Maria Jeanne de Alencar Tavares
Janaina Farias Rebouças
Cícera Janielly de Matos Cassiano Pinheiro
DOI 10.22533/at.ed.71319021022
CAPÍTULO 23 .......................................................................................................... 227
UTILIZAÇÃO DO GENGIBRE (Zingiber officinale) NO TRATAMENTO DE PACIENTES ONCOLÓGICOS
Maria Fernanda Larcher de Almeida
Jane de Carlos Santana Capelli
Laiz Aparecida Azevedo Silva
Rita Cristina Azevedo Martins
Edison Luis Santana Carvalho
Angelica Nakamura
Gilberto Dolejal Zanetti
DOI 10.22533/at.ed.71319021023
SOBRE O ORGANIZADOR ..................................................................................... 238
ÍNDICE REMISSIVO ................................................................................................ 239
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
A CONTRIBUIÇÃO DA MACONHA NA HIPERÊMESE
GRAVÍDICA: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Joseane Ferreira Parente
Centro Universitário Doutor Leão Sampaio
Juazeiro do Norte – Ceará
Maria Aparecida Muniz Farias
Faculdade de Juazeiro do Norte
Juazeiro do Norte - Ceará
RESUMO: INTRODUÇÃO: A maconha é
a terceira droga recreacional e a primeira
ilícita mais consumida em todo o mundo. Na
gestação traz perigo para o binômio mãe-feto.
A sua utilização pela gestante pode ocasionar
a síndrome da hiperêmese por canabinoide
que é a substância química presente em maior
quantidade na maconha. OBJETIVO: Este
estudo tem como objetivo analisar a hiperêmese
gravídica com o uso da maconha pela
gestante. Trata-se de uma revisão de literatura,
analisando estudos já publicados sobre o
assunto proposto. METODOLOGIA: Realizouse um levantamento de artigos no Medline,
Scielo, Lilacs e PubMed, a partir do uso dos
descritores: uso da maconha, drogas ilícitas e
hiperêmese gravídica. Os critérios de inclusão
foram artigos na língua portuguesa, espanhola
e inglesa, encontrando-se 30 artigos. Foram
feitas leituras para a identificação da coerência
do trabalho com o tema investigado, fizeram
parte deste estudo dez artigos. RESULTADOS
E DUSCUSSÃO: A síndrome da hiperêmese
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
por canabinoide em gestantes surge devido ao
consumo acentuado e crônico de pelo menos
um ano da maconha e tem como sintoma
característico a compulsão por banho quente. A
síndrome é constituída pelas fases prodrômica,
êmese e recuperação. CONCLUSÃO: O
consumo da maconha vem crescendo e esse
fato atrelado à gestação traz o risco de a
gestante apresentar a síndrome da hiperêmese
por canabinoide, tornando imprescindível
o conhecimento dessa patologia para um
diagnóstico correto e consequentemente para
o tratamento adequado. Sendo essencial que
novas pesquisas sejam desenvolvidas nessa
temática.
PALAVRAS-CHAVE: Uso da maconha,
hiperêmese gravídica, drogas ilícitas.
THE CONTRIBUTION OF MACONHA IN
GRAVID HYPERESMISSION: A LITERATURE
REVIEW
ABSTRACT: INTRODUCTION: Marijuana is
the third most widely used recreational drug
in the world. In pregnancy there is danger
to the mother-fetus binomial. Its use by the
pregnant woman can cause the cannabinoid
hyperemesis syndrome, which is the chemical
that is present in the greatest amounts in
marijuana. OBJECTIVE: The objective of this
Capítulo 1
1
study is to analyze pregnancy hyperemesis with the use of marijuana by pregnant
women. This is a review of the literature, analyzing studies already published on the
proposed subject. METHODOLOGY: A survey of articles in Medline, Scielo, Lilacs
and PubMed was carried out, using the descriptors: marijuana use, illicit drugs and
hyperemesis gravidarum. Inclusion criteria were articles in Portuguese, Spanish
and English, with 30 articles. Readings were made to identify the coherence of the
work with the researched subject, ten articles were part of this study. RESULTS AND
DUSCUSSION: The cannabinoid hyperemesis syndrome in pregnant women arises
due to the accentuated and chronic consumption of at least one year of marijuana and
has as a characteristic symptom the hot bath compulsion. The syndrome consists of
the prodromal phases, emesis and recovery. CONCLUSION: The use of marijuana has
been increasing and this fact linked to gestation carries the risk of the pregnant woman
presenting the hyperemesis syndrome by cannabinoid, making it essential to know this
pathology for a correct diagnosis and consequently for the appropriate treatment. It is
essential that new research be developed in this area.
KEYWORDS: Use of marijuana, hyperemesis gravidarum, illicit drugs.
1 | INTRODUÇÃO
A utilização de álcool e demais drogas segue sendo um problema de saúde
pública, refletindo de forma negativa na sociedade em que vivemos. Na gestação,
esse transtorno se torna mais importante, porquanto a exposição dessas clientes
às drogas pode comprometer irreversivelmente a integridade da mãe e do feto
(YAMAGUCHI et al., 2008).
O consumo de drogas ilícitas durante a gravidez é uma adversidade em todo o
mundo e de caráter social e de saúde pública. Está ligado ao crescimento dos riscos
e complicações na mãe e feto e efeitos adversos por um longo período de tempo em
crianças que tiveram contato com esse tipo de substância. A maconha se mantém
como droga ilícita mais utilizada, porém o uso de várias drogas de forma simultânea
é frequente (COUTINHO; COUTINHO; COUTINHO, 2014).
O diagnóstico do uso de drogas deve ser realizado através da anamnese na
consulta de pré-natal, porém, muitas das vezes acaba acontecendo somente durante
a investigação de infecções, como a hepatite e o vírus da imunodeficiência humana,
já que são exames que devem ser solicitados impreterivelmente durante a consulta
de pré-natal no Brasil e estas infecções estão bastante associada com o uso de
drogas (YAMAGUCHI et al., 2008).
Comumente, as usuárias de drogas possuem maiores índices de infecções
sexualmente transmissíveis (IST’s), violência doméstica e depressão quando
comparadas com as mulheres que não usam drogas. Como resultado essas
gestantes possuem menor adesão às consultas de pré-natal e assim um número
maior de problemas gestacionais (COUTINHO; COUTINHO; COUTINHO, 2014).
As gestantes tendem a ter uma maior motivação para mudar os comportamentos
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 1
2
que prejudicam a sua saúde e de seu filho e assim, a assistência pré-natal permiti
diversas oportunidade para identificar e tratar as usuárias de drogas ilícitas. Porém é
comum a omissão de dados relevantes para gestantes usuárias, os relatos naturais
e as informações sobre o uso de drogas ilícitas nem sempre são integralmente
confiáveis (COUTINHO; COUTINHO; COUTINHO, 2014).
Existe uma escassez de estudos relacionado ao uso de drogas durante a
gestação, dados epidemiológicos também são poucos, apesar de estar havendo um
crescimento desses casos, o que dificultou a pesquisa de estudos relacionado ao
tema. Sendo a maconha a droga ilícita mais consumida na gravidez (SILVA, 2014).
A investigação sobre o uso passado ou atual de drogas ilícitas pelas gestantes
deve ser feita diligentemente, independente da classe social, idade e etnia. A falta
de reconhecimento das gestantes usuárias está ligada a uma sucessão de fatores,
como falta de pesquisa pelos profissionais de saúde e a recusa das pacientes a
responderem as indagações. Esse ato pelas gestantes é movido pelo receio com
a estigmatização social, com as prováveis consequências legais ou até perda da
custódio do seu filho, compreendendo também o da gestação atual (COUTINHO;
COUTINHO; COUTINHO, 2014).
Foi retratada uma ligação estatística significativa entre o consumo da maconha
e a diminuição da percepção de risco relacionado ao consumo dessas substâncias,
o que pode estar relacionado à legitimidade que a maconha adquiriu em grandes
setores da população e à legalização do cultivo e consumo. Em um estudo de
caráter descritivo realizado durante o período de um ano no Centro Hospitalar de
Rosario-Rossell investigaram a percepção do risco de consumir maconha durante
a gestação, observou-se que 50% das gestantes mantiveram seu uso durante a
gravidez e reconheceram que é seguro consumi-lo durante a gestação (CASTRO et
al. 2016).
O cannabis e a terceira droga mais usada depois do fumo e do álcool a neuro
biologia presentes neste composto levaram a descoberta de sistema canabinoide
endógeno , o seu potencial terapêutico tem sido reconhecidos para uso dos
antieméticos , recentemente a síndrome de vômitos recorrentes em usuários de
cannabis associada a dor abdominal e com compulsão de banhos quentes tem sido
cada vez mais frequentes neste tipos de usuários , essas manifestações clinicas
com sintomas paradoxal ao papel terapêutico dos canabinoides. O uso abusivo e
prolongado promove uma toxicidade associada a afeito patológico comportamentais,
tendo em vista que suas propriedades terapêuticas estejam relacionadas as atividades
anticonvulsivante, analgésica, ansiolítica e antiemética também pode se tratar
anorexia em paciente com síndrome da imunodeficiência adquirida (SONTINENI et
al., 2009).
A maconha apresenta uma prevalência de quase 8% de uso por gestantes.
Após a legalização da maconha e autorização para uso medicinal e recreacional
sua utilização tem aumentado nos Estados Unidos. Esse crescimento traz novos
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 1
3
cenários patológicos, entre eles a Síndrome da Hiperêmese por Canabinoide (SHC)
(JUSTI et al., 2018).
Diante do exposto, temos como objetivo esclarecer sobre a Síndrome da
Hiperêmese por Canabinoide, ocasionada pelo uso excessivo da maconha durante a
gestação, evidenciando os principais sintomas e o mecanismo pelo qual o cannabis
atua no organismo desenvolvendo a síndrome.
2 | METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão sistemática da literatura, realizada por meio de
pesquisas nas bases de dados eletrônicos Medline, Scielo, Lilacs e PubMed, com
as respectivas palavras chaves: hiperêmese gravídica, uso da maconha e drogas
ilícitas. Os critérios de inclusão são, artigos com a abordagem sobre a hiperêmese
por canabinóide, relacionado com o uso da maconha pelas gestantes; e/ou com
informações epidemiológicas sobre o consumo de maconha pelas gestantes;
disponível na língua portuguesa, espanhola ou inglesa e publicados nos anos de
2008 a 2019. Sendo excluídos artigos que não abordam temas relacionados sobre o
consumo da maconha pelas gestantes e sua relação com a hiperêmese e que foram
publicados anteriormente a 2008. Da pesquisa nas quatro bases de dados foram
encontradas 30 publicações, foi realizado leitura dos resumos de forma individual,
confrontando com o objetivo proposto, sendo selecionados na triagem 10 estudos
que contemplaram o tema deste estudo.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
O principal psicoativo da maconha é o delta-9-tetraidrocanabinol (THC), que por
ser muito lipossolúvel, consegue atravessar a barreira placentária sem dificuldade.
Os resultados agudos da substância consistem em euforia, taquicardia, congestão
conjuntival e ansiedade. Estudos têm direcionado uma maior tendência para
distúrbios funcionais durante a vida da prole exposta à substância, como déficits
cognitivos, impulsividade, déficit de atenção, hiperatividade, sintomas depressivos,
distúrbios do sono e adição futura (COUTINHO; COUTINHO; COUTINHO, 2014).
O primeiro caso relatado de SHC foi em 2004 na Austrália, depois desse
caso sua incidência cresceu no mundo A cannabis é conhecida pelos seus efeitos
antieméticos; mais recentemente, o consumo de cannabis a longo prazo tem sido
associado a episódios cíclicos de náuseas, vómitos e dores abdominais. Dada a
prevalência do uso de cannabis em todo o mundo, o recente reconhecimento e a
escassez de literatura sobre a hiperêmese por canabinóide, é provável que esta
doença esteja sub-reconhecida e subdiagnosticada. A falta de consciência da doença
pode levar a testes diagnósticos invasivos e dispendiosos, bem como à frustração
do paciente e do médico por não saberem qual o diagnóstico clínico (SIMONETTO
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 1
4
et al., 2012)
Na síndrome os vômitos recorrentes vêm sendo associado com o uso abusivo
de cannabis o que promovem vômitos persistente associado a náuseas, seus efeitos
variam de acordo com severidade dos episódios dos vômitos e sua gravidade é
recorrente destes sintomas (VENKATESAN et al., 2019; SRIHARI et al., 2016))
. A SHC aparece devido a utilização elevada e crônica de maconha em um período
de pelo menos um ano, possuí como sintoma característico a compulsão por banho
quente. A síndrome é composta pelas fases prodrômica, êmese e recuperação. Na
fase prodrômica ocorre ansiedade, agitação e sintomas autonômicos como sudorese,
rubor e sede. Na fase de êmese, apresenta-se náuseas e vômitos irreprimível, sem
resolução com antieméticos convencionais, além de compulsão por banho quente.
Na fase de recuperação há resolução dos sintomas, na maior parte dos pacientes se
constata entre 24 e 48 horas. Esse desfecho acontece no tratamento conservador e
na ausência do consumo canábico. Porém, essa fase pode se prolongar até um mês
(JUSTI et al., 2018).
A fisiopatologia dessa síndrome é pouco conhecida e os estudos relacionam a
reação paradoxal tóxica ao consumo regular da maconha, que em consumo leve tem
efeitos antieméticos, mas em uso severo leva à hiperêmese. A maconha tem entre seus
compostos o delta-9-tetra-hidro-canabinol (THC), o canabidiol (CBD) e o canabigerol
(CBG). A literatura menciona a ação, dose-dependência e meia-vida do THC, CBD
e CBG nos receptores de canabinoides CB1 presentes no trato gastrointestinal e
cerebral (cerebelo, glândula pituitária, hipotálamo, gânglios da base e hipocampo).
No trato gastrointestinal, os componentes da maconha provocam a diminuição do
esvaziamento gástrico da secreção gástrica, da peristalse, do tônus do esfíncter
esofágico inferior e causam inapetência, náusea, vômito e dor visceral, enquanto
no cérebro controla, principalmente, a termorregulação. O comprometimento da
termorregulação fisiológica provocada pelo uso de cannabis pode explicar o alívio
dos sintomas com banhos quentes compulsivos que são vistos na maioria dos
pacientes com hiperêmese por canabinóide (JUSTI et al., 2018).
As mais importantes características diagnósticas individuais têm a maior
sensibilidade para identificar pacientes com SHC, como o uso de cannabis pelo
menos semanalmente por mais de 1 ano, náuseas e vômitos severos que se repetem
em um padrão cíclico durante meses e que normalmente é acompanhado por dor
abdominal. A resolução dos sintomas acontece após parar a cannabis e os banhos
quentes (SORENSEN et al, 2017)
4 | CONCLUSÃO
A SHC tem sintomas pouco específico e com resolução espontânea dos
eventos após interrupção do uso da maconha. Devido à falta de conhecimento entre
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 1
5
profissionais de saúde, a SHC é subdiagnosticada.
O retardamento para o diagnóstico deve-se a falta de conhecimento de sua
ocorrência e de sua fisiopatologia, ocasionando em espaço diagnóstico de meses
até anos.
Uma conversação livre de julgamentos prévios é um modo que possibilita a busca
de uma quantidade maior de gestantes usuárias de drogas ilícitas. A confirmação da
discrição profissional é fundamental.
É relevante não se minimizar a dependência e uso danoso de maconha como
condição principal para o diagnóstico correto da SHC. A síndrome com seus sintomas
característico ainda não foi incluída no CID-10 contribuindo para o sudiagnóstico.
REFERÊNCIAS
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Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 1
6
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v35s1/a10v35s1.pdf>. Acesso em: 28 fev. 2019.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 1
7
CAPÍTULO 2
A PERCEPÇÃO DOS PACIENTES PORTADORES DE
DIABETES MELLITUS TIPO 2 SOBRE A PATOLOGIA
Maria Alyne Lima dos Santos
Ayrton Silva Brito
Enfermeira pós-graduanda em Enfermagem
Obstétrica, Faculdade Integrada de Araguatins,
Aracati - Ceará
Enfermeiro especialista em UTI geral e em
Oncologia, Faculdade Metropolitana de Ciências
e Tecnologia – FAMEC, Mossoró - Rio Grande do
Norte
Marcilene Barbosa de Oliveira dos Santos
Enfermeira pós-graduanda em Enfermagem
Obstétrica, Faculdade Integrada de Araguatins,
Itaiçaba - Ceará
Joseline Pereira Lima
Enfermeira mestre em Gestão da Clínica no SUS,
Instituto Sírio Libanês de Ensino e Pesquisa –
IELEP, Mossoró – Rio Grande do Norte
Aldeiza Almeida Barros
Pós-graduanda em Enfermagem Obstétrica,
Faculdade Integrada de Araguatins, Itaiçaba Ceará
Francisco Elves de Lima Silva
Enfermeiro, União de Educação e Cultura Vale do
Jaguaribe – UNIJAGUARIBE, Itaiçaba - Ceará
Flávia Sonaria da Silva
Enfermeira, Faculdade de Enfermagem Nova
Esperança de Mossoró – FACENE, Mossoró – Rio
Grande do Norte
Leyla Andrade Barbosa
Enfermeira, Faculdade de Enfermagem Nova
Esperança de Mossoró – FACENE, Mossoró - Rio
Grande do Norte
Eguimara de Souza Borges Fernandes
Enfermeira especialista em Enfermagem Clinica,
Urgência e Emergência, Clínica e Unidade Terapia
Intensiva, Faculdade Metropolitana de Ciências e
Tecnologia – FAMEC, Mossoró – Rio Grande do
Norte
Claudenisia de Freitas Lima Andrade
Enfermeira especialista em Urgência e
Emergência, Faculdade Vidal de Limoeiro,
em Enfermagem do Trabalho, Geriatria e
Gerontologia Universidade Pitágoras UNOPAR,
Pós-graduanda em Obstetrícia, Faculdade
Integrada de Araguatins, Itaiçaba-Ceará.
Ilza Íris dos Santos
Enfermeira especialista em UTI geral e
neonatopediátrica, Faculdade Metropolitana de
Ciência e Tecnologia- CENPEX, Mossoró - Rio
Grande do Norte
Sammara Luizza de Oliveira Costa
Enfermeira especialista em Oncologia, Faculdade
Metropolitana de Ciência e Tecnologia- CENPEX,
Mossoró - Rio Grande do Norte
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
RESUMO: O Diabetes Mellitus tipo 2 é uma
síndrome decorrente dos distúrbios metabólicos
de carboidratos, proteínas, gorduras e pela
hiperglicemia, gerando uma deficiência de
secreção ou ação da insulina. É uma doença
que adquirida por um longo prazo, tende a ser
crônica e tem como resultados danos micro/
macrovasculares e neuropáticos. O artigo teve
Capítulo 2
8
como objetivo geral analisar a percepção dos diabéticos tipo 2 da Unidade de Saúde
da Família de Mossoró/RN sobre a patologia, objetivos específicos de caracterizar a
condição social dos entrevistados; verificar o conhecimento deles sobre o diabetes e
analisar sua opinião e dificuldades diante do diagnóstico. O presente estudo trata-se de
uma pesquisa descritiva e exploratória, com abordagem quanti-qualitativa, tendo sua
população de 10 entrevistados, através de um roteiro estruturado. Os dados coletados
apresentaram os seguintes resultados: 100% dos participantes estavam entre faixa de
51 a 60 anos; 20% eram do sexo masculino e 80% do feminino; 90% concluíram o 4°
ano do ensino fundamental; 80% eram casados e 70% moravam com 3 a 4 pessoas.
Com relação à percepção dos portadores sobre a patologia, constatou-se que alguns
entrevistados desconhecem, enquanto outros detectam como uma doença de mal
prognóstico. Segundo os entrevistados, o tratamento é feito através da terapêutica
medicamentosa e não farmacológica. As complicações relatadas foram déficits
vasculares e visuais, as dificuldades foram relacionadas às modificações alimentares
e restrições da vida social. Com relação aos profissionais de saúde, conclui-se que
devem orientar os pacientes quanto o autocuidado, visando assim o controle da doença
e a participação ativa.
PALAVRAS-CHAVE: Enfermagem, Saúde Pública, Diabetes Mellitus.
THE PERCEPTION OF DIABETES MELLITUS PATIENTS TYPE 2 ON PATHOLOGY
ABSTRACT: Type 2 Diabetes Mellitus is a syndrome resulting from metabolic
disorders of carbohydrates, proteins, fats and hyperglycemia, leading to a deficiency
of insulin secretion or action. It is a long-term disease that tends to be chronic and
results in micro/macro-vessels and neuropathic damage. The objective of the article
was to analyze the perception of type 2 diabetics of the Family Health Unit of Mossoró
/ RN about the pathology, specific objectives of characterizing the social condition of
the interviewees; check their knowledge of diabetes and analyze their opinion and
difficulties in the diagnosis. The present study is a descriptive and exploratory research,
with quantitative and qualitative approach, having its population of 10 interviewees,
through a structured script. The data collected presented the following results: 100% of
the participants were between 51 and 60 years old; 20% were male and 80% female;
90% completed the 4th year of elementary school; 80% were married and 70% lived
with 3 to 4 people. Regarding the perception of patients with the pathology, it was
found that some respondents are unaware, while others detect as a disease with poor
prognosis. According to the interviewees, the treatment is done through drug and nonpharmacological therapy. Complications reported were vascular and visual deficits,
difficulties were related to dietary changes and social life restrictions. With regard to
health professionals, it is concluded that they should guide patients regarding self-care,
thus aiming at disease control and active participation.
KEYWORDS: Nursing, Public Health , Diabetes Mellitus.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 2
9
1 | INTRODUÇÃO
O diabetes mellitus (DM) é uma doença crônica que atinge grande parte da
população. A cada dia surgem novos casos, sendo isso considerado um problema
de saúde pública, atingindo populações de todos os estágios de desenvolvimento
econômico e social (GRILLO; GORINI, 2007).
É uma doença que atua no metabolismo, marcada por níveis aumentados de
glicose no sangue (hiperglicemia), manifesta por sintomas como poliúria, polidipsia,
polifagia, visão turva e perda involuntária de peso. Existe até risco de perca de vida,
associado a complicações, disfunções e insuficiência de vários órgãos, principalmente
na retinopatia, nefropatia, neuropatia, infarto do miocárdio e pé diabético (BRASIL,
2006).
A cada dia vem crescendo o número de pacientes com Diabetes Mellitus. Em
1985, essa doença se manifestou em 30 milhões de adultos; em 1995, havia uma
perspectiva de que esse número estivesse em 135 milhões; em 2002, a patologia
atingiu a 137 milhões de pessoas; em 2030, espera-se uma evolução para 300
milhões (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2009).
No Brasil, estima-se que já são 11 milhões de pessoas diabéticas, sendo uma
das primeiras causas de hospitalização no sistema único de saúde. Dados mostram
que no Rio Grande do Norte existem 134.871 de diabéticos, sendo esse considerado
um número bastante elevado (RIO GRANDE DO NORTE, 2010).
O diabetes mellitus apresenta alta morbi-mortalidade, que pode ser causada
por insuficiência renal, amputação de membros inferiores, cegueira e doenças
cardiovasculares. Além disso, a qualidade de vida de cada paciente diminui, além de
e aumentarem os encargos para os sistemas de saúde (TOSCANO, 2004).
Smeltzer e Bare (2005) classificam essa patologia em Diabetes Mellitus
tipo 1 (insulino dependente), Diabetes Mellitus tipo 2 (não insulino dependente),
Diabetes Mellitus gestacional, Diabetes Mellitus acompanhada a outras condições
ou síndrome.
O diabetes mellitus tipo 2 é uma síndrome que acontece pelos distúrbios
metabólicos de carboidratos, proteínas, gorduras e pela hiperglicemia, e tem como
consequência uma deficiência de secreção ou ação da insulina. É uma doença que,
quando adquirida por um longo prazo, tende a ser crônica, e tem como resultados
danos microvasculares, macrovasculares e neuropáticos. (NASCIMENTO et al,
2003).
É uma doença que vai se agravando lentamente no paciente, sendo os mais
atingidos idosos e obesos. O diabetes mellitus se dá pela falha na secreção ou na
ação da insulina (NELSON; COX, 2006).
Smeltzer e Bare (2005) relatam que existem fatores que predispõem essa
doença, tais como história familiar de diabetes, mulheres com diabetes gestacional
passada e associada à hipertensão, idade, raça e nível aumentado de colesterol e
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 2
10
triglicerídeos.
Os autores supracitados referem ainda que o diagnóstico geralmente é feito por
dosagem da glicose em exames de rotina. Depois de um determinado tempo, podem
aparecer algumas manifestações que são clássicas, como fraqueza, formigamento,
dormência. Além disso, o processo de cicatrização fica lento, e podem ocorre
infecções recorrentes. O acontecimento desses fatos dá-se por causa do estado
catabólico induzido pela deficiência de insulina e clivagem de proteínas e lipídios.
O interesse em desenvolver este trabalho surgiu diante da curiosidade brotada
durante a vida acadêmica sobre essa patologia, uma vez que faz parte do histórico
familiar e, em especial, durante estágios realizados nas Unidades Básicas de Saúde,
onde foi possível presenciar vários pacientes portadores de diabetes mellitus com
níveis de glicose descompensados e que tinham dúvidas sobre como proceder
perante tal problema.
Diante dessa situação, questiona-se: qual a percepção dos pacientes portadores
de Diabetes Mellitus tipo 2 sobre a patologia?
Essa pesquisa é de suma importância para a vida pessoal e profissional do
pesquisador. Os conhecimentos adquiridos permitir-lhe-ão lidar com pacientes
diabéticos, prestando, assim, uma assistência mais qualificada. Para a área
acadêmica, servirá como fonte de pesquisa e estudos posteriores, e para os serviços
de saúde, será de grande valia, uma vez que os enfermeiros e os profissionais
da saúde obterão informações importantes sobre a patologia, fazendo com que
priorizem ações voltadas para a qualidade de vida e a promoção a saúde, tendo em
vista prevenir as possíveis complicações decorrentes do Diabetes Mellitus tipo 2,
assim como para que conheçam o que os pacientes portadores de diabetes mellitus
tipo 2 percebem sobre a patologia.
Acredita-se que os portadores de Diabetes Mellitus tipo 2 sabem que diabetes
mellitus é uma doença crônica e que vão conviver para sempre com essa patologia,
sendo que não conhecem totalmente as medidas cabíveis para seu tratamento.
Tendo em vista que na maioria das vezes os diabéticos não têm conhecimentos
sobre as possíveis complicações, porém mesmo sabendo do seu diagnóstico, eles
apresentam dificuldades em seguir uma dieta equilibrada e a pratica de exercícios.
No entanto, a pesquisa teve como objetivo geral analisar a percepção dos
pacientes portadores de Diabetes Mellitus tipo 2 da Unidade de Saúde da Família de
Mossoró/RN sobre a patologia, e como específicos caracterizar as condições sociais
dos entrevistados; verificar o conhecimento dos entrevistados sobre a patologia e
analisar suas opiniões e dificuldades enfrentadas.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 2
11
2 | REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Diabetes Mellitus
Smeltzer et al (2009) definem o Diabetes Mellitus (DM) como uma doença que
age no metabolismo dos carboidratos, lipídios e proteínas, aumentando os níveis
de glicose no sangue. Por isso, o paciente passa a sofrer uma ação ou um defeito
na secreção da insulina. O DM, com o passar do tempo, desencadeia algumas
disfunções e falências em vários órgãos, pincipalmente em rins, olhos, nervos,
coração e vasos sanguíneos.
Carvalho e Oliveira (2012) dizem que o diabetes mellitus pode ser classificado
em DM tipo 1, DM tipo 2 e DM gestacional, ainda relatam que no DM tipo 1 ocorre
a destruição das células beta pancreáticas, ocasionando deficiência absoluta de
insulina, podendo ser de natureza autoimune ou idiopática.
Segundo Marquenize e Mancini (2008), o diabetes mellitus tipo 1 é caracterizado
pela destruição das células beta-pancreáticas, causando uma deficiência absoluta
de insulina pancreática que, por sua vez, pode acarretar episódio de cetoacidose.
Smeltzer et al (2009) dizem que o DM tipo 1 também é conhecido como diabetes
juvenil ou DM insulino-dependente.
De acordo com Suplicy e Fiorin (2012), 5 – 10% dos pacientes têm essa
forma de DM, a qual gera destruição das células beta, podendo ser mais acelerada
em algumas pessoas, como bebês e crianças, e mais lenta em outras, como, por
exemplo, em adultos jovens.
Gross et al (2002) referem-se à diabetes mellitus tipo 1 como uma destruição
das células beta do pâncreas, comumente causada por uma ação autoimune, ou
por uma causa desconhecida, sendo que na forma autoimune há um processo de
insulite e estão presentes autoanticorpos circulantes (anticorpos anti-descarboxilase
do ácido glutâmico, anti-ilhotas e anti-insulina).
Outros tipos específicos de diabetes menos frequentes podem resultar de
defeitos genéticos da função das células beta, defeitos genéticos da ação da
insulina, doenças do pâncreas exócrino, endocrinopatias, efeito colateral de
medicamentos, infecções e outras síndromes genéticas associadas ao diabetes.
(BRASIL, 2006, p.12)
O DM tipo 2 é uma doença que ocorre por uma falha na insulina ou de uma ação
incapacitada da insulina de cumprir seus efeitos. Caracteriza-se por um excesso
de açúcar no sangue, onde ocorrem distúrbios do metabolismo dos carboidratos,
lipídios e proteínas. No decorrer dos anos, os pacientes portadores de DM tipo 2
podem sofrer alguns danos, disfunção e falência múltipla de órgãos, de maneira
especial rins, olhos, nervos, coração e vasos sanguíneos (BRASIL, 2006).
O Diabetes Gestacional é definido como aumento da glicemia durante a gestação,
de intensidade variada, sendo que, na maioria das vezes, a glicemia alterada volta
aos seus valores normais, logo após o período pós-parto. Porém, algumas pacientes
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 2
12
mantêm essa glicemia alterada, podendo indicar que a intolerância à glicose não era
reconhecida antes da gravidez (SUPLICY; FIORIN, 2012).
De acordo com Smeltzer et al (2009), a diabetes gestacional, cuja causa ainda
não está explicada, é muito comum encontrar. Geralmente é detectada nas consultas
do pré-natal e pode ser um estágio pré-clínico da patologia após a gestação.
2.2 Diabetes Melittus Tipo 2
O DM do tipo 2 ou DM insulino não dependente é um dos distúrbios mais
comuns em clínica médica, causado por uma resistência ou uma por falha na ação
da insulina. A pessoa com essa doença mostra suscetibilidade diminuída à insulina
e o comprometimento das células betas permanece danificado, portanto, continua
uma produção diminuída de insulina (Gross et al, 2002).
O diabetes mellitus caracteriza-se por resistência à insulina, obesidade,
dislipidemia e hipertensão arterial. A síndrome metabólica é responsável pela maior
morbi-mortalidade por doenças cardiovasculares, de maneira que acomete mais
obesos e diabéticos tipo 2 (ARAÚJO et al, 2000).
Gross et. al. (2002) dizem que as causas do DM tipo 2 ainda não estão
nitidamente estabelecidas, mais acredita-se que é por distúrbios da ação e secreção
da insulina.
Na maioria das vezes, o DM tipo 2 aparece em indivíduos obesos, com mais de
40 anos de idade, sendo que atualmente é comum haver jovens com essa patologia.
Isso ocorre em virtude dos maus hábitos alimentares, sedentarismo e estresse.
No diabetes tipo 2, a obesidade impede que a insulina faça sua ação, causando
assim hiperglicemia. Tem início gradual com sintomas vagos; muitas vezes fica sem
diagnóstico e sem tratamento, o que pode evoluir para complicações vasculares e
neurológicas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2009).
Ortiz e Zanetti (2001) relatam que hoje em dia o Diabetes Mellitus é considerado
como uma das principais doenças crônicas que afetam o homem moderno, atingindo
populações de países em todos os estágios de desenvolvimento econômico e social.
Estudos mostram que há uma grande prevalência do DM tipo 2 em todo o
território, de modo que cada dia vem crescendo o número de casos e em proporções
epidêmicas ( DUALIBI; VALENTE; DIB, 2009).
Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2006), está acontecendo uma
epidemia de DM tipo 2. As pessoas que adquiriram essa doença vivem nos países
em desenvolvimento, sendo que as mais afetadas são de grupos etários de 30 a 69
anos de idade.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (2008), esse aumento do
número de pessoas diabéticas se dá devido ao crescimento e ao desenvolvimento
da população, assim como à maior urbanização, ao número crescente de pessoas
obesas e sedentárias, bem como à maior sobrevida do paciente com DM. É importante
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 2
13
que se faça um rastreamento para quantificar a prevalência DM e o número de
indivíduos diabéticos no presente e no futuro. Isso é de suma importância para o
planejamento e locação de recursos.
Ha uma grande incidência de DM tipo 2, que corresponde à 90% dos casos de
diabetes, sendo uma das dez principais causas de mortes no mundo, ficando na
frente da hipertensão arterial e das doenças cardiovasculares (BRASIL, 2004).
Mesmo que não se saiba o mecanismo exato do desenvolvimento do DM tipo
2, pesquisas mostram características que são: resistência à insulina e secreção
de insulina comprometida, sendo que os fatores genéticos desempenham alguma
função ( SMELTZER; BARE, 2005).
A resistência à insulina refere-se a uma sensibilidade diminuída à insulina.
Normalmente, a insulina liga-se a receptores especiais nas superfícies celulares
e inicia uma série de reações envolvidas no metabolismo da glicose. No diabetes
tipo 2, essas reações intracelulares mostram-se diminuídas, tornando a insulina
menos efetiva na estimulação da captação da glicose pelos tecidos e na regulação
da liberação da glicose pelo fígado (SMELTZER et al, 2009, p.1163).
Existem alguns fatores que predispõe essa doença tais como (FRANCISCHI,
2001): idade acima dos 40 anos; histórico familiar com presença de DM; obesidade
com o IMC maior que 27kg/m2; aumento da circunferência da cintura e do quadril;
hipertensão arterial; histórico prévio de hiperglicemia ou glicosúria; diabetes
gestacional ou mães de recém-nascidos com mais de 4 kg; HDL- colesterol menor
ou igual a 35mg/dl; triglicérides maior ou igual a 200mg/dl e uso de medicamentos
como corticoides, anticoncepcionais e o sedentarismo.
As manifestações clínicas do DM tipo 2 incluem a micção frequente, fome
insaciável, sede intensa, perda de peso, visão borrada, náuseas e vômitos, fraqueza,
tontura, irritabilidade e cansaço extremo. Além dos sintomas acima, podem aparecer
formigamento ou dormências nas pernas, pés ou mãos, infecções frequentes ou
recorrentes da pele, gengiva ou bexiga e cortes ou escoriações que apresentam
cicatrização lenta. Em muitos casos, o início da diabetes mellitus tipo 2 dá-se após
os 30 anos de idade e aumenta regulamente com o avanço da idade (NEIMAN, 1999
apud PAGANI et al, 2009).
A análise exata e precoce do diabetes mellitus e das alterações da tolerância à
glicose é muito importante, uma vez que sejam tomadas medidas de tratamentos que
possam evitar o surgimento de complicações crônicas nos pacientes diagnosticados
com diabetes (GROSS et al, 2002).
Os pacientes com diabetes mellitus do tipo 2 podem retardar o diagnóstico por
apresentar uma história mais lenta, sendo algumas vezes oligossintomáticos, ou
descobrem a patologia quando se detecta alguma complicação, como insuficiência
coronariana, neuropatia periférica, retinopatia, nefropatia e infecção ginecológica
(MARQUEZINE; MANCINI, 2008).
Em 1997, alguns critérios de diagnóstico foram adotados pela American Diabetes
Association (ADA), e em seguida aceitos pela Organização Mundial de Saúde (OMS)
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 2
14
e pela Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), com o intuito de prevenir de maneira
eficaz as complicações micro e macro vasculares do DM. Assim, os critérios definidos
para diagnosticar o DM tipo 2 são os seguintes (DUALIBI; VALENTE; DIB, 2009):
glicemia (G) de jejum (de 8 horas) ≥ 126 mg/dL; G ≥ 200 mg/dL 120 minutos após
sobrecarga oral de 75g de glicose anidra e G ≥ 200 mgl/dL em medição casual (sem
considerar a última refeição) em indivíduo com sintomas sugestivos do diagnóstico
(poliúria, polidipsia, emagrecimento).
O rastreamento precisa ser realizado com a glicemia de jejum a partir dos 25
anos para pessoas com IMC ≥ 25kg/m2 ou que apresentem algum fator de risco para
DM2, e a partir dos 45 anos para o que não estão nessas categorias. Os resultados
normais precisam ser reavaliados após três anos. Nos indivíduos com glicemia de
jejum alterada entre (100 e 125mg/ dl), aconselha-se medir a glicemia 120 minutos
após a glicose anidra – teste oral de tolerância à glicose (TOTG) – para melhor
estabelecer o risco de diabetes (BRASIL, 2006).
O tratamento para os diabéticos propõe baixar os níveis de glicose no sangue
e evitar fatores de risco como complicações circulatórias observadas nos diabéticos,
para que possa obter melhora dos sintomas e normatização do estado nutricional
(MARQUEZINE; MANCINI, 2008).
Portanto, a terapêutica do paciente com DM tipo 2 baseia-se nas ações
educativas, nas mudanças do estilo de vida e, quando necessário, no uso de drogas.
Logo se torna importante o tratamento dos fatores de risco, para haver uma redução
das doenças cardiovasculares, sendo essencial para diminuição da mortalidade
(OLIVEIRA et al, 2008).
Torna-se necessária a educação em diabetes para que ocorram orientações
adequadas aos pacientes e seus familiares sobre a doença, em relação a aspectos
como sua cronicidade, de forma que todos façam parte desse tratamento e
permitam uma mudança para bons hábitos por longo período, evitando desse modo
as complicações e conscientizando-se sobre a importância da automonitorização
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2009).
É importante que ocorra orientação sobre uma dieta equilibrada para os
pacientes que são pré-diabéticos, portadores de diabetes com sobrepeso ou
obesos. Contudo, faz-se necessário que haja uma dieta hipercalórica, associada
a uma atividade física pelo menos três vezes na semana, junto com drogas orais
medicamentosas, até mesmo com combinações em um mesmo comprimido, para
que se aumente a aderência à terapêutica, gerando perda de peso e controle da
glicose (SUPLICY; FIORIN, 2012).
A insulinaterapia pode ser iniciada nas etapas precoces do tratamento, isso
ocorre quando as mudanças do estilo de vida associadas à metformina não forem
suficientes para obter controle glicêmico adequado após três meses de início da
terapia (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DIABETES, 2009).
Os diabéticos tipo 2
a longo prazo apresentam complicações micro e
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 2
15
macrovasculares que levam a disfunção, dano ou falência de vários órgãos. Dentre
as principais complicações, Smeltzer et al (2009) destacam: retinopatia diabética,
que chega a atingir cerca de 60% dos pacientes com diabetes mellitus do tipo 2,
com a possível perda de visão; nefropatia diabética, que pode acometer cerca de
40% dos pacientes, podendo acarretar falência renal; neuropatia periférica, que é
um grupo de doenças que acomete todos os tipos de nervos, inclusive os nervos
periféricos ou sensorimotores, atingindo mais os membros periféricos e neuropatias
autônomas, que afetam a quase todos os sistemas orgânicos do corpo, causando
sintomas gástricos, geniturinários, cardiovasculares e disfunção sexual.
2.3 Políticas públicas de saúde e o sistema único de saúde
O sistema de saúde do Brasil passou, ao longo de seu desenvolvimento, por
fatos marcantes que acompanharam as tendências politicas e econômicas de cada
movimento histórico (AGUIAR, 2011).
A construção da política de saúde acontece com a participação de aspectos
propostos em um exato momento, tais como aspectos populares, sociais, econômicos,
institucionais, estratégicos, ideológicos e teóricos, técnicos, culturais, entre outros.
Portanto, ação da política de saúde envolve estratégias, planos, instrumentos e
processos mediados por instituições e significados culturais (GIOVANELLA et al,
2012).
Segundo Fortinelle (2008), o movimento da reforma sanitária começou nos
anos 80, com a participação dos profissionais de saúde sobre as políticas de saúde
e reestruturação das organizações dos trabalhadores da saúde. Esse movimento
foi se ampliando e a ele foram se incorporando lideranças políticas, sindicais e
populares. No I Simpósio Nacional de Política de Saúde, em 1979, foram debatidas
publicamente propostas de reorganização do sistema de saúde.
No ano de 1986, houve a VIII conferencia Nacional de Saúde em Brasília, em
que estiveram presentes cerca de 5.000 pessoas, dentre as quais representantes de
vários movimentos, que participaram dos debates sobre os princípios e diretrizes da
Reforma Sanitária, destacando-se o conceito ampliado de saúde, o reconhecimento
da saúde como direito de todos e dever do estado e a criação do Sistema Único de
Saúde (através da unificação dos serviços do INAMPS e do Ministério da Saúde)
(AGUIAR, 2011).
Com “promessas e limites”, nos dizeres do autor, a constituição de 1988
estabeleceu que a saúde é parte da seguridade social (art.194), “um conjunto
integrado de ações de iniciativas dos poderes públicos e da sociedade destinado
a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”.
(ESCOREL, 2012 p. 359).
O Congresso Nacional, em 1990, confirmou a primeira versão da Lei Orgânica
da Saúde, de número 8.080/90, a qual trata das condições para promoção, proteção
e recuperação da saúde, e, além disso, regula as ações, a organização e o
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 2
16
funcionamento dos serviços de saúde em todo o país (BRASIL, 1990).
Sendo assim, os princípios éticos doutrinários do SUS são três: universalidade,
que garante a toda população os serviços de saúde; integralidade da atenção, que
inclui a assistência em todos os níveis de atenção do sistema de saúde, com um
olhar diferenciado sobre as diversas dimensões de necessidade de cada indivíduo e
do coletivo, com ações preventivas ou curativas; e equidade, que tem como intuito
garantir a disponibilidade de serviço de saúde que analise as alterações em meio
aos grupos populacionais e sujeitos de modo a priorizar aqueles que apresentam
maior necessidade relacionada a situação de risco e a condições de vida e saúde
(AGUIAR, 2011; BRASIL, 1999).
Algumas diretrizes foram colocadas de forma racional junto ao processo de
organização na assistência às necessidades dos cidadãos: descentralização,
regionalização e hierarquização. A descentralização se dá através das esferas
governamentais, que consistem na ação federal, estadual e municipal, de modo
que o município torne-se responsável pela organização de seu sistema local de
saúde. Regionalização se dá através da classificação de serviços para a promoção
da equidade de acesso, otimização dos recursos e racionalidade de gastos.
A Hierarquização diz que o sistema de saúde precisa organizar-se por níveis de
atenção de complexidade crescente com fluxos de assistências estabelecidos
entre os serviços, de modo a garantir assistência integral e resolutiva à população
(OHARA; SAITO, 2010).
Em 2006 surgiu, através dos pactos entre município, estado e união, no campo
da gestão do sistema e da saúde, o Pacto pela Saúde, a partir da portaria de número
399/GM, como ferramenta de responsabilidade pública de cada esfera governamental
na consolidação do SUS. Esse é composto por três partes: Pacto pela Vida, Pacto
em Defesa do SUS e Pacto de Gestão, descrevendo os papeis dos envolvidos a
partir das necessidades de saúde da população e no sentido de defender o controle
social (LOBO; LIMA; ACIOLI, 2011).
A Estratégia Saúde da Família (ESF) é uma inovação na estruturação dos
serviços, bem como para ações voltadas para promoção e proteção à saúde do
indivíduo, da família e da comunidade, utilizando o trabalho de equipe de saúde,
responsável pelo atendimento na unidade local de saúde e na comunidade, no nível
de atenção primário (RODRIGUES, 2011).
A Estratégia Saúde da Família veio para aproximar os usuários aos profissionais
da unidade básica de saúde, destacando-se os agentes comunitários, que são
“portas de entrada” à casa dos usuários. São os agentes que conseguem identificar
os problemas da população. Frente aos problemas, a equipe de saúde desenvolve
ações educativas de prevenção a doenças e promoção à saúde (KAWAMOTO, 2009).
A Estratégia Saúde da Família consiste em acrescentar melhorias aos
serviços de Atenção Primária à Saúde, com uma equipe composta por, no mínimo,
um médico clínico, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e de quatro a seis
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 2
17
agentes comunitários de saúde, podendo acrescentar-se ao grupo uma assistência
odontológica que é composta por dentista, auxiliar de consultório dentário e um
técnico de higiene bucal (FORTINELLE, 2008).
A ESF desenvolve-se em uma estratégia que prioriza as ações de promoção,
proteção e recuperação da saúde do indivíduo e da família, por meio de conhecimento
do perfil epidemiológico da população, diferenciando também as ações de caráter
individual e coletivo. Nela são desenvolvidos alguns programas como: Programa de
Atenção Integral à Saúde do Adulto (PAISA), Programa de Atenção Integral à Saúde
da Mulher (PAISM), Programa de Atenção Integral à Saúde da Criança (PAISC),
Programa de Atenção à Saúde do Adolescente (PROSAD), Programa de Assistência
Integral à Saúde do Idoso (PAISI), entre outros (PEREIRA et al, 2009).
O Programa de Atenção Integral à Saúde do Adulto (hiperdia) enfoca as
doenças que são chamadas de crônico degenerativas. São doenças modernas ou
enfermidades prolongadas que podem causar morbi-mortalidades na população
adulta no Brasil e no mundo (KAWAMOTO, 2009).
O Programa de Atenção Integral à Saúde do Adulto surgiu através de um plano
desenvolvido pelo Ministério da Saúde e implantado na ESF que teve como objetivo
implantar em todas as unidades ambulatórias do Sistema Único de Saúde um sistema
para cadastro e acompanhamento de hipertensos e diabéticos. Esse sistema gera
dados informativos para os gerentes locais, gestores das secretarias municipais,
estaduais e Ministério da Saúde (BRASIL, 2013)
O cadastro dos pacientes de Hiperdia é feito pelo sistema de informatização do
SUS. Toda e qualquer mudança deve ser enviada, seja mudança de endereço, de
Unidade Básica de Saúde, óbito ou complicações. Esse cadastro disponibiliza aos
usuários medicamentos, fitas de teste glicêmico capilar, aparelho para monitoramento
diário da glicemia, seringas e agulhas (BRASIL, 2010).
O programa Hiperdia incentiva que os portadores dessa doença venham para
a unidade básica de saúde e sejam acompanhados por consultas de enfermagem
minuciosas, para garantir a ausência de complicações crônicas ou agudas, orientando
sobre a modificação no estilo de vida, o autocuidado em sua residência, a distribuição
de medicamentos, e a redução dos custos sociais (BRASIL, 2013).
Vale salientar que os fatores emocionais devem ser observados em uma
consulta de enfermagem, uma vez que cada situação psicológica do paciente altera
seu tratamento. É, portanto, necessário que haja um acompanhamento da equipe
multiprofissional a da família (FERRAZ et al, 2000).
3 | METODOLOGIA
O presente estudo trata-se de uma pesquisa do tipo descritiva e exploratória,
com abordagem quanti-qualitativa.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 2
18
A pesquisa exploratória traz maiores informações sobre o assunto, define
os objetivos, avalia a probabilidade de desenvolver uma boa investigação sobre
determinado assunto (ANDRADE, 2010).
A pesquisa descritiva tem como principal característica aprofundar-se nos
atributos da população ou tipo de objetos (GIL, 2010).
O estudo quantitativo caracteriza-se pela análise da qualificação de coletas de
informações. O tratamento destas é feito por meio de análises estatísticas, desde
a forma mais simples à forma mais complexa. Tem como finalidade garantir, evitar
distorções e interpretação de análise dos resultados (RICHARDSON, 2010).
O estudo qualitativo é empregado para indagar as relações entre os indivíduos
como as relações das representações, crenças, percepções ou opiniões. Essa
pesquisa dispensa grandes amostras, porém produz grandes dados narrativos,
sendo que o pesquisador mantém-se no contexto naturalista (FIGUEIREDO, 2004).
A mesma foi realizada na Unidade Básica de Saúde Francisco Pereira Azevedo,
situada na Avenida Pedro Paraguai S/N, bairro Liberdade I, Mossoró - RN. O local foi
escolhido por ser acessível aos pesquisadores e por contar com um grupo composto
por pessoas cadastradas no HIPERDIA que são atendidas na unidade.
A população foi composta pelas pessoas que atendem os seguintes critérios
de inclusão: ser portador de diabetes mellitus do tipo 2; ser maior de 18 anos; estar
cadastrado no programa de hiperdia da referida Unidade de Saúde da Família; residir
na área de abrangência da unidade de saúde referida. A amostra foi composta por 10
pessoas que atendam os critérios anteriormente estabelecidos.
População é uma fração ou um conjunto total de seres animados que mostra
pelo menos uma qualidade em comum (MARCONI; LAKATOS, 2010). Amostra é
compreendida como uma parte da população escolhida, de acordo com uma norma
ou um plano pré-estabelecido (GIL, 2010).
A pesquisa foi realizada através de um roteiro de entrevista composta por
duas partes. A primeira contém perguntas fechadas sobre os dados relacionados à
situação sociodemográfica; a segunda apresenta perguntas abertas relacionadas à
percepção dos portadores de diabetes mellitus tipo 2 sobre sua patologia (Apêndice
A).
A coleta dos dados deu-se através de uma entrevista, que consiste em uma
conversa a dois, ou em meio a vários interlocutores, realizada por atuação do
entrevistador, designada a construir informações importantes para um objeto de
pesquisa (MINAYO, 2010).
Ocorreu no mês de setembro de 2013, após a aprovação do projeto pelo
Comitê de Ética e Pesquisa – CEP da Faculdade de Enfermagem Nova Esperança
(FACENE/FAMENE), conforme certidão em anexo.
Os entrevistados foram abordados na própria Unidade Básica de Saúde e
a entrevista foi realizada em um local reservado. Foi explicada a justificativa e os
objetivos da pesquisa e em seguida foi solicitada a autorização dos participantes
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 2
19
através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecimento – TCLE
(Apêndice B), documento elaborado em duas vias, sendo que uma foi retida pelo
participante da pesquisa ou por seu representante legal, enquanto a outra foi arquivada
pelo pesquisador. Foi garantindo o sigilo das informações dos participantes.
Cada entrevista foi gravada através de um aparelho de MP4, para garantir a
fidedignidade dos dados. Após a coleta, os dados foram transcritos na íntegra.
Os dados quantitativos foram analisados por meio da estatística descritiva
e expressos por uma tabulação de dados representada em gráficos. Os dados
qualitativos foram analisados através o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC).
O DSC consiste em uma modalidade de apresentação dos resultados obtidos
por pesquisas do tipo qualitativas que têm como matéria-prima depoimento dos
participantes, sob a forma de um ou vários discursos-síntese escritos na primeira
pessoa do singular em que o pensamento de um grupo aparece como se fosse
discurso individual (LEFÈVRE; LEFÈVRE; TEIXEIRA, 2000).
Foi extraído de cada entrevista realizada com resposta particular de cada
participante a respeito de determinada questão em que as expressões-chaves
mostram a ideia central ou ancoragem (JOHN; SOUSA; SALES, 2007)
No decorrer do estudo foram observados os aspectos éticos relacionados à
pesquisa com seres humanos, atendendo a Resolução 466/13 do Conselho Nacional
de Saúde, que assegura os direitos e os deveres dos participantes da pesquisa,
assim como o sigilo dos dados coletados e a preservação de sua identidade (BRASIL,
2013).
Atendeu também a Resolução 311/2007 do COFEN, que aprova a reformulação
do código de ética dos profissionais de enfermagem e aborda o ensino, a pesquisa e a
população técnico-científica dos profissionais da enfermagem, propondo-se atender
as normas vigentes para a pesquisa envolvida com seres humanos, garantindo
a interrupção da análise em caso de risco de perca de integridade da pessoa ou
perigo à vida, respeitando os princípios da honestidade e fidedignidade, bem como
os direitos autorais no processo de pesquisa, especialmente na divulgação dos seus
resultados (CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 2007).
O mesmo foi enviado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da
FACENE através do protocolo: 114/13, CAEE: 19014513.1.0000.5176 e parecer nº
374.009.
A pesquisa apresenta riscos mínimos, como, por exemplo, desconforto dos
participantes durante a coleta de dados. Porém, as atividades ou questionamentos
elementares são comuns no dia-a-dia, e em momento algum causam constrangimento
à pessoa pesquisada. No entanto, os benefícios superam os riscos.
Como a pesquisa envolve seres humanos, foi apreciada pelo Comitê de Ética
em Pesquisa (CEP) da FACENE/FAMENE, sendo que os dados só foram coletados
após a sua aprovação.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 2
20
4 | ANÁLISE DOS DADOS
A primeira parte é referente a caracterização das condições sociais da amostra,
onde foi realizada uma análise quantitativa, a qual foram avaliadas as variáveis idade,
sexo, estado civil, nível de escolaridade, números de pessoas na residência. Serão
apresentados em forma de gráficos e em seguida discutidos à luz da literatura.
Logo após, serão apresentados os dados relacionados à percepção dos
portadores de DM tipo 2 sobre a sua patologia, os quais foram analisados
qualitativamente através do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC).
A amostra da pesquisa foi composta por 10 pessoas que atenderam os critérios
de inclusão estabelecidos anteriormente.
4.1 Caracterização das condições sociais da amostra
GRÁFICO 1: Caracterização dos sujeitos da pesquisa, referente à idade. Mossoró/RN.
Fonte: Pesquisa de campo, 2013.
No gráfico 1, observou-se que 100% dos pacientes estavam na faixa etária de
51 a 60 anos.
Segundo dados do Ministério da Saúde, (BRASIL, 2006), um dos principais
fatores indicativos para o desenvolvimento do DM é estar acima de 45 anos de idade,
o que mostra que a faixa etária pesquisada encontra-se dentro deste parâmetro.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 2
21
GRÁFICO 2: Caracterização dos sujeitos da pesquisa, referente ao sexo. Mossoró/RN.
Fonte: Pesquisa de campo, 2013.
O GRÁFICO 2 mostra que 20% dos entrevistados são do sexo masculino e
80% do sexo feminino.
Segundo dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças
Crônicas por Inquérito Telefônico de 2011, percebe-se que o sexo feminino é mais
propenso à doença, correspondendo a 6% dessa população feminina.(BRASIL,
2006)
GRÁFICO 3: Caracterização dos sujeitos da pesquisa, referente ao nível de escolaridade.
Mossoró/RN
Fonte: Pesquisa de campo, 2013.
O Gráfico 3 demonstra que nenhum dos participantes da pesquisa é analfabeto,
90% conseguiram concluir o 4° ano do ensino fundamental e 10% conseguiram
concluir a 8° ano do ensino fundamental.
Cazarini et al (2002) relatam que o fator escolaridade dos portadores de
diabetes influencia na melhoria da qualidade de vida. Portanto, a educação para a
saúde poderá auxiliar as pessoas portadoras de diabetes a alcançarem a qualidade
de vida e controle a DM TIPO 2, ao longo do processo doença.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 2
22
GRÁFICO 4: Caracterização dos sujeitos da pesquisa, referente ao estado civil e ao número de
pessoas na residência. Mossoró/RN.
Fonte: Pesquisa de campo, 2013.
No Gráfico 4 constata-se que 80% dos sujeitos da pesquisa são casados, 10%
viúvos, 10% solteiros e nenhum é separado, e no gráfico 5 foi observado que 20%
dos entrevistados moram com 2 pessoas, 70% dos pesquisados moram com 3 a 4
pessoas e 10% moram com 5 pessoas.
Conclui-se que o apoio da familia é muito importante para a motivação e
adesão ao tratamento dos pacientes diabéticos. Essa é uma das estratégias para a
modificação do estilo de vida e aceitação da doença (SANTOS et al, 2005).
4.2 Dados relacionados à percepção dos portadores de diabetes mellitus tipo 2
sobre a patologia
IDEIA CENTRAL I
Desconhecimento
IDEIA CENTRAL II
Doença de mal prognóstico
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO
“Não sei falar sobre ela. (...) Mas explicações
eu não sei. Pronto”. (E9,E6)
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO
“É uma doença muito ruim (...) leva muitas
pessoas a falecer”. (E3, E1)
Fonte: Pesquisa de campo, 2013.
Quadro1. Ideia Central e Discurso do Sujeito Coletivo relacionado ao questionamento: Qual o seu conhecimento
sobre diabetes mellitus?
No Quadro 1 observa-se, com a Ideia Central I, que os entrevistados apresentam
desconhecimento sobre diabetes mellitus, e com a Ideia Central II, que eles percebem
o diabetes como uma doença de mal prognóstico.
Segundo dados do Ministério da Saúde (BRASIL, 2013), a falta de informação
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 2
23
pode estar associada ao tempo de doença, à idade e à escolaridade e, portanto, existe
o complexo de processo de apreensão de conhecimentos relacionados à patogenia
do diabetes, bem como sua inclusão no cuidado. A problemática merece ênfase
para buscar ações inovadoras que visem a promover adesão dessa população ao
tratamento instituído, assim como maior participação nos programas educativos.
Apesar de os entrevistados mostrarem que o seu conhecimento sobre a doença
está relacionado ao mau prognóstico da patologia, Baquedano (2010 apud BRASIL,
2013) refere-se ao diabetes mellitus como uma condição crônica de saúde, exigindo
um cuidado permanente para manter um controle metabólico. No entanto para uma
qualidade de vida melhor, é necessário desenvolver habilidades de autocuidado
para manejo da doença, sendo essa uma maneira de prevenir as suas complicações
crônicas.
Torna-se necessário uma ação educativa para instruir e conscientizar o diabético
da importância do seu conhecimento sobre a DM como parte integral do cuidado,
proporcionando um melhor convívio com a doença, tornando-o protagonista de
seu tratamento e, assim, controlando a patologia e suas complicações (BRASIL,
2006).
IDEIA CENTRAL I
Terapêutica farmacológica
IDEIA CENTRAL II
Atividades físicas
IDEIA CENTRAL III
Reeducação alimentar
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO
“É feito com remédio (...) Com a medicação
que pego no posto (...) Com a medicação
bem direitinha”. (E2, E9, E10)
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO
“Com exercícios físicos (...), caminhada (...)
o doutor diz que eu vá caminhar”. ( E4, E9,
E10)
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO
“Com dietas (...). É feito com controle de
açúcar, gordura, eu sei que muitas coisa que
eu gosto de comer é pra mim não comer.
Não comer tudo (...) [O] mais importante [é a]
alimentação”. (E4, E5, E6 e E9)
Quadro 2. Ideia Central e Discurso do Sujeito Coletivo relacionado ao questionamento: Como é
feito o tratamento do diabetes mellitus tipo 2?
Fonte: Pesquisa de campo, 2013.
No quadro 2, a Ideia Central I mostra que a tratamento é feito através da
terapêutica farmacológica. A Ideia Central II faz referência às atividades físicas, e a
Ideia Central III, à reeducação alimentar.
A Associação Médica Brasileira recomenda que o tratamento se inicie pela
reeducação alimentar e atividade física. Se essas medidas não surtirem efeitos
para manter os níveis glicêmicos normais, será iniciado o tratamento farmacológico.
(BRASIL, 2006).
O tratamento farmacológico deve ser feito cuidadosamente. O paciente deve
tomar os hipoglicemiantes orais apenas uma vez por dia, pela manhã, embora outros
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 2
24
necessitem tomar 2 ou 3 doses. Quando os hipoglicemiantes orais não conseguem
controlar suficientemente a concentração sérica de açúcar, pode ser necessário o
uso injetável de Insulina Humana (NPH) e/ou Insulina Humana Regular combinado
com hipoglicemiantes orais (LEHNINGER; NELSON; COX, 1995).
A atividade física é uma das medidas para o controle da doença. Segundo
Gross et al (2002), é possível diminuir os valores glicêmicos por meio de medidas de
intervenção por meio da prática de atividades físicas.
Deve ser mostrado aos pacientes que as modificações alimentares podem ser
feitas de forma que não se altere o sabor dos alimentos, devendo-se diminuir o
consumo de açúcar. O importante é adotar uma alimentação diversificada, saudável
e saborosa (FRANCISCHI et al.2001).
As pessoas que têm um estilo de vida inadequado acompanhado de maus
hábitos alimentares, sedentarismo, tabagismo e estresse são mais propensas a
terem uma resistência à insulina (FERREIRA; OLIVEIRA; FRANCA, 2007).
Portanto, para o controle do Diabetes Mellitus tipo 2 é preciso que ocorra uma
mudança no estilo de vida, uma dieta adequada, junto a prática de atividades físicas.
É importante orientar e incentivar os pacientes diabéticos à reeducação alimentar
para o controle metabólico e a redução dos fatores de risco (MCLELLAN et al,2007).
IDEIA CENTRAL I
Complicações vasculares
IDEIA CENTRAL II
Déficit visual
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO
“São muitas, e eu sei muito bem, porque
perdi o meu dedão do pé direito (...) Perder
a perna... eu sei porque eu ia perdendo a
minha perna. Foi um milagre de Deus não ter
perdido. (...) [houve dificuldade de] cicatrizar
uma ferida”. (E2, E6 e E8)
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO
“É muita coisa, né?, cegueira (...) tenho
pouca visão (...) Ficar cega”. (E3, E6 e E9)
Quadro 3. Ideia Central e Discurso do Sujeito Coletivo relacionado ao questionamento: Quais
as complicações do diabetes mellitus tipo 2?
Fonte: Pesquisa de campo, 2013.
O Quadro 3 mostra, na Ideia Central I, que as principais complicações do
diabetes mellitus estão associadas às complicações vasculares e, na Ideia Central
II, a principal complicação é o déficit visual.
As alterações da tolerância à glicose associam-se a vários danos, assim como
a disfunção de vários órgãos, especialmente olhos, rins, nervos, coração e vasos
sanguíneos. Porém, ao mantém o controle glicêmico, é possível retardar o surgimento
de complicações micro e macrovasculares (BRASIL, 2006).
As pessoas na faixa etária entre 30 e 69 anos com diabetes mellitus em países
desenvolvidos são mais acometidas pelas causas de cegueira não traumática
(DUARTE, 2002).
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 2
25
É importante que seja feito o controle diabetes mellitus, porque os níveis
sanguíneos de glicose e a doença cardiovascular apresentam entre eles uma relação
direita e dependente (MOLITCH et al., 2003).
Assim, torna-se relevante que a equipe da atenção básica de saúde permaneça
atenta, não somente aos sintomas de diabetes, como também aos fatores de risco
como os hábitos alimentares não saudáveis, sedentarismo e obesidade (BRASIL,
2013).
IDEIA CENTRAL I
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO
Modificações alimentares
“Não poder comer tudo (...) a comida foi a
mais difícil (...) não posso comer o que mais
gosto” (...).
(E2, E5, E6).
IDEIA CENTRAL II
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO
Restrições para vida social
“Tomar minha cervejinha dia de domingo com
as amigas (...) mas a gente vai levando a
vida” (...).
(E9, E3)
QUADRO 4. Ideia Central e Discurso do Sujeito Coletivo relacionado ao questionamento: Quais
as dificuldades que você enfrenta devido ao diabetes mellitus tipo 2?
Fonte: Pesquisa de campo, 2013.
No quadro IV, a Ideia Central I mostra que as modificações alimentares estão
associadas às principais dificuldades enfrentadas devido ao diabetes mellitus. E na
Ideia Central II, essas modificações estão associadas às restrições para vida social.
Determinados fatores que interferem na prevenção ou no controle do diabetes
mellitus tipo 2 e seus agravos estão relacionados à alimentação. As modificações
alimentares consistem em um recurso para o controle glicêmico (BRASIL, 2013).
A alimentação da população brasileira é caracterizada pelo consumo excessivo
de carnes vermelhas, bebidas alcoólicas, refrigerantes. (MCLELLAN et al, 2007).
Portanto os pacientes diabéticos sofrem uma mudança brusca na vida social, através
do qual muitos hábitos sociais passam por um processo de modificações. Logo
eles param de comer alimentos que contenha gorduras e param de tomar bebidas
alcoólicas, passando a seguir uma dieta rigorosa, tendo até mesmo de evitar sair
com os amigos, tendo em vista evitar “tentações” de consumir esses alimentos.
O diagnóstico da doença causa um choque emocional em muitas pessoas que
não se sentem preparadas para conviver com as limitações decorrentes da condição
crônica da diabetes. A vivência com o diabetes implica em grandes restrições à vida
social, afetando a natureza das relações pessoais.
Ter que mudar hábitos de vida que já estão consolidados e assumir uma rotina
que envolve disciplina rigorosa do planejamento alimentar, da incorporação ou
incremento de atividade física, e uso permanente e contínuo de medicamentos
impõem a necessidade de entrar em contato com sentimentos, desejos, crenças
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 2
26
e atitudes. A modificação do estilo de vida não se instala magicamente, mas no
decorrer de um percurso que envolve repensar o projeto de vida e reavaliar suas
perspectivas de futuro de vida (PÉRES DS et al, 2007).
O paciente com diabetes mellitus tipo 2 está suscetível a enfrentar várias
dificuldades. Diante dessa problemática, a qualidade de vida tem um conceito
individual e é marcada por várias partes essenciais das condições humanas, seja
física, social, psicossocial cultural e espiritual (TRENTINI, 1990).
5 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
A construção deste trabalho possibilitou ver que o diabetes mellitus tipo 2 é
um problema grave de saúde pública, em que os portadores da doença trazem em
si uma ideia equivocada do que realmente se deve entender, compreender e ter
consciência do que a doença acarreta, além dos cuidados necessários e primordiais
que devem se ter.
O diabetes é uma doença silenciosa; atinge mais a pessoa que não faz exercício
físico, tem maus hábitos alimentares e estilo de vida precário. Portanto, associa-se
a diversos prejuízos à saúde, como obesidade, dislipidemias, problemas cardíacos,
dentre outros problemas.
Constatou-se que todos os objetivos deste trabalho foram alcançados sem
nenhum tipo de intercorrências, tendo em vista que os participantes da pesquisa não
tiveram nenhuma rejeição em participar.
Diante da análise e discussão dos dados da amostra da pesquisa, foi identificada
a situação socioeconômica em que 100% dos participantes estavam na faixa etária
de 51 a 60 anos, 20% eram do sexo masculino e 80% do sexo feminino. Já em
relação ao quesito escolaridade, descobriu-se que 90% concluiu o 4° ano do ensino
fundamental e 10% concluiu a 8° ano do ensino fundamental. No que se refere
ao estado civil, revelou-se que 80% são casados, 10% viúvos, 10% solteiros, por
fim, quanto ao número de pessoas numa mesma residência, percebeu-se que 20%
moram com 2 pessoas, 70% moram com 3 ou 4 pessoas e 10% moram com 5
pessoas.
Os profissionais de saúde devem ficar mais atentos aos pacientes com diabetes
mellitus tipo 2, porque nesse período de suas vidas eles estão mais frágeis, por
encontrar-se em grande mudanças no estilo de vida. Eles devem ser mais orientados
para o autocuidado e o autoconhecimento, visando assim ao controle do diabetes e
à participação nas consultas de enfermagem.
Todavia, faz-se necessário os profissionais de saúde desenvolverem ações
motivadoras para garantir a participação dos pacientes diabéticos nas atividades de
grupos e incentivá-los a conhecer melhor a doença e como conviver melhor com a
patologia.
Acredita-se que esta pesquisa tenha informações relevantes sobre o assunto
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 2
27
e possa contribuir para os profissionais de enfermagem, auxiliando na melhoria
da qualidade de vida dos diabéticos, e também ajudando a sociedade de forma a
mostrar que todos são responsáveis pela busca da saúde.
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WIDMAN, S.; LADNER, E. Diabetes. Série informação é saúde. São Paulo: Editora Senac, 2002.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 2
30
CAPÍTULO 3
A UTILIZAÇÃO DE PROBIÓTICOS PARA O BENEFÍCIO
À SAÚDE DOS PACIENTES IDOSOS
Maria Clara Feijó de Figueiredo
Universidade Federal do Piauí, Campus Senador
Helvídio Nunes de Barros, Graduanda em
Nutrição.
Picos – Piauí.
Francisco Douglas Dias Barros
Universidade Federal do Piauí, Campus Senador
Helvídio Nunes de Barros, Graduando em
Nutrição.
Picos – Piauí.
João Matheus Ferreira do Nascimento
Universidade Federal do Piauí, Campus Senador
Helvídio Nunes de Barros,
Helvídio Nunes de Barros, Graduanda em
Nutrição.
Picos – Piauí.
Marlene Gomes de Farias
Universidade Federal do Piauí, Campus Senador
Helvídio Nunes de Barros, Graduanda em
Nutrição.
Picos – Piauí.
Taline Alves Nobre
Universidade Federal do Piauí, Campus Senador
Helvídio Nunes de Barros, Graduanda em
Nutrição.
Picos – Piauí.
Graduando em Enfermagem.
Tamiris Ramos Silva
Picos – Piauí.
Universidade Federal do Piauí, Campus Senador
Helvídio Nunes de Barros, Graduanda em
Nutrição.
Athanara Alves de Sousa
Universidade Federal do Piauí, Campus Senador
Helvídio Nunes de Barros, Graduanda em
Nutrição.
Picos – Piauí.
Danielle Silva Araújo
Universidade Federal do Piauí, Campus Senador
Helvídio Nunes de Barros, Graduanda em
Nutrição.
Picos – Piauí.
Diêgo de Oliveira Lima
Universidade Federal do Piauí, Campus Senador
Helvídio Nunes de Barros, Graduando em
Nutrição.
Picos – Piauí.
Joilane Alves Pereira-Freire
Doutora em Biotecnologia em Saúde. Professora
do Departamento de Nutrição da Universidade
Federal do Piauí, Campus Senador Helvídio
Nunes de Barros.
Picos – Piauí.
Ana Cibele Pereira Sousa
Mestre em Nutrição, Professora do Departamento
de Nutrição da Universidade Federal do Piauí,
Campus Senador Helvídio Nunes de Barros.
Picos – Piauí.
Picos – Piauí.
Flávia Vitória Pereira de Moura
Universidade Federal do Piauí, Campus Senador
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
RESUMO: A microbiota intestinal é composta
Capítulo 3
31
por diferentes grupos bacterianos, essa flora pode ser alterada através do uso dos
probióticos que consistem em microrganismos vivos que vão auxiliar na modulação
intestinal, e em dosagens adequadas irão conferir diversos benefícios à saúde
dos indivíduos. Muitos pacientes idosos podem apresentar desequilíbrio nessa
microbiota, ocasionado pelas alterações biológicas decorrentes do envelhecimento.
Este estudo visou demonstrar a importância do uso de probióticos para melhoria de
qualidade de vida e saúde dos pacientes idosos. Trata-se de um estudo de revisão
integrativa, utilizando as bases de dados SciELO e MEDLINE, com os descritores:
qualidade de vida, idoso e probiótico. Utilizou-se artigos disponíveis na íntegra, nos
idiomas português, inglês e espanhol, referentes aos anos de 2009 a 2019. Foram
identificados 32 artigos, elegendo-se 13 artigos para análise. O envelhecimento
promove mudanças progressivas no organismo dos pacientes idosos. Provocando
alterações no aparelho digestório, como a baixa motilidade, diminuição das funções
secretoras e a redução das microvilosidades intestinais. Assim, essas modificações
propiciam o desequilíbrio entre as bactérias protetoras e as patogênicas da microbiota
intestinal, permitindo a hiperproliferação de bactérias maléficas, podendo resultar em
patologias gastrointestinais, a exemplo da disbiose. Dessa forma, o uso dos probióticos
por meio de alimentos ou suplementos nutricionais, poderão atuar estimulando o
crescimento de bactérias benéficas ao organismo, equilibrando a microbiota intestinal.
Desse modo, percebe-se que os probióticos podem trazer benefícios ao funcionamento
fisiológico do corpo e prevenir doenças intestinais, sendo fortes aliados no tratamento
e acompanhamento nutricional dos pacientes idosos.
PALAVRAS-CHAVE: Qualidade De Vida, Idoso, Probiótico.
THE USE OF PROBIOTICS FOR THE HEALTH BENEFIT OF ELDERLY PATIENTS
ABSTRACT: The intestinal microbiota is composed of different bacterial groups, this
flora can be altered through the use of probiotics consisting of live microorganisms
that will aid in intestinal modulation, and in appropriate dosages will confer several
health benefits to the individuals. Many elderly patients may present imbalance in this
microbiota, caused by biological changes due to aging. This study aimed to demonstrate
the importance of the use of probiotics to improve the quality of life and health of elderly
patients. It is an integrative review of literature, was selected the database SciELO and
MEDLINE, with the descriptors: quality of life, elderly and probiotic. We used articles
available in full, in the Portuguese, English and Spanish, publication year from 2009
to 2018. We identified 32 articles, choosing 13. Aging promotes progressive changes
in the body of elderly patients. It causes changes in the digestive tract, such as low
motility, decreased secretory functions and reduced intestinal microvilli. Thus, these
modifications lead to an imbalance between the protective and pathogenic bacteria of
the intestinal microbiota, allowing the hyperproliferation of harmful bacteria, which may
result in gastrointestinal pathologies, such as dysbiosis. Thus, the use of probiotics
through food or nutritional supplements, may act by stimulating the growth of bacteria
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 3
32
beneficial to the body, balancing the intestinal microbiota. Therefore, it is perceived that
probiotics can bring benefits to the physiological functioning of the body and prevent
intestinal diseases, being strong allies in the treatment and nutritional monitoring of the
elderly patients.
KEYWORDS: Quality of Life, Elderly, Probiotic.
1 | INTRODUÇÃO
A microbiota intestinal é composta por diferentes grupos bacterianos que
irão desempenhar importantes funções na saúde do indivíduo. Grande parte das
bactérias do intestino podem ser responsáveis por modular os efeitos de bactérias
com características nocivas, além de possuírem capacidade de afetar o trato
gastrointestinal, digestão e metabolismo do hospedeiro, bem como interferir na
realização das funções do sistema imunológico do mesmo (BINNS, 2013).
O equilíbrio da microbiota intestinal se dá através da quantidade de bactérias
protetoras e bactérias patogênicas, quando esse equilíbrio é perdido ocorre um
quadro definido como disbiose intestinal (CHAN et al., 2013). A disbiose intestinal é
caracterizada como qualquer alteração da composição da microbiota onde começa a
provocar efeitos prejudiciais, de forma tanto quantitativa quanto qualitativa, alterando
ainda o metabolismo e a distribuição local de bactérias (TOMASELLO et al., 2016).
Vários fatores podem facilitar o desenvolvimento de alterações indesejáveis
da microbiota, dentre eles, destaca-se a alimentação inadequada, estresse,
disponibilidade de material fermentável, utilização recorrente de antibióticos, estado
imunológico comprometido, má digestão, idade avançada, este último sendo um
fator comum devido principalmente, a alteração do pH estomacal que interfere na
destruição de bactérias patogênicas pela acidez gástrica (CONRADO et al., 2018).
O envelhecimento populacional é uma realidade mundial que está ocorrendo
em um ritmo acentuado e sem precedentes na história da humanidade (CORRAL,
2010). Com o aumento da expectativa de vida no Brasil, a população idosa passa
por um processo de alterações biológicas, funcionais e psicológicas, com isso
voltam-se os olhares para a garantia de uma melhor qualidade de vida desse grupo
populacional (TEIXEIRA, 2010).
A partir dessas mudanças no organismo do indivíduo idoso, as alterações
vão ocorrer de forma sistematizada, contemplando na maioria das vezes o sistema
estrutural e secretor, além de alterações de motilidade e de secreção gástricas
(MAHAN; STUMP, 2011). No intestino, ocorre a redução da superfície da mucosa
e das vilosidades, permitindo uma hiperproliferação de bactérias maléficas. Com
essas alterações, ocorrerá um meio propício para o aparecimento de doenças do
trato gastrintestinal (TGI) (CAVALLI et al., 2011).
Os probióticos são culturas de microrganismos vivos que ao serem ingeridos
em quantidades adequadas interferem na microbiota intestinal de forma benéfica ao
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 3
33
organismo humano. Atualmente, esses probióticos têm sido muito pesquisados e estão
sendo propagados e de fácil aceitação na alimentação para auxiliar na regulação da
flora intestinal (DOMINGO, 2017). Seus efeitos consistem em estimular a proteção
contra bactérias que podem causar danos, como diminuição da permeabilidade
intestinal e desempenho inadequado da atividade do sistema imunológico (PAIXÃO;
CASTRO, 2016).
Em idosos, especialmente, a utilização de probióticos proporciona inúmeros
benefícios como a modulação e reestruturação da microbiota intestinal após o uso
de antibióticos, que são muito utilizados por esse grupo populacional. Além disso,
atuam na promoção de resistência gastrintestinal e urogenital à colonização por
microrganismos patogênicos; melhora a constipação intestinal, trata alguns tipos de
diarreias e podem produzir algumas vitaminas (SANTOS; VARAVALLO, 2011).
Portanto, considerando que a expectativa de vida no Brasil aumentou e que
no decorrer do tempo seremos um país que terá mais idosos do que jovens, é
importante ter um olhar diferenciado para a qualidade de vida dessa população.
Assim, os probióticos surgem como uma alternativa para a promoção de um ambiente
intestinal saudável, o qual consequentemente garantirá uma melhora substancial na
saúde do idoso. No entanto, é necessário entender melhor a importância, tipos e
formas de utilização que impactam diretamente a qualidade de vida do idoso pelo
uso da cultura de microrganismos vivos benéficos, fato este que justifica a pesquisa.
Diante do exposto, o objetivo do presente trabalho foi demonstrar a importância
do uso de probióticos para melhoria da qualidade de vida e saúde dos pacientes
idosos.
2 | METODOLOGIA
Foi desenvolvido um estudo do tipo revisão integrativa da literatura, com o intuito
de analisar pesquisas já existentes sobre o assunto, para aumentar o conhecimento
e ampliar o entendimento sobre o conteúdo abordado. A revisão integrativa permite
ao pesquisador aproximar-se da problemática que deseja apreciar, traçando um
panorama sobre a sua produção científica, de forma que o pesquisador possa
conhecer a evolução do tema ao longo do tempo (BOTELHO; CUNHA; MACEDO,
2011).
A revisão integrativa da literatura é um instrumento da prática baseada em
evidências (PBE) que possibilita a síntese e análise do conhecimento produzido
acerca da temática investigada, constituindo-se em uma técnica de pesquisa com
rigor metodológico, aumentando a confiabilidade e a profundidade das conclusões da
revisão. A PBE incentiva o profissional de saúde a buscar o conhecimento científico
através do desenvolvimento de pesquisas ou aplicação na sua prática dos resultados
encontrados na literatura, de forma criteriosa e conscienciosa, buscando a melhor
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 3
34
evidência disponível. (COSCRATO; PINO; MELLO, 2010).
Essa revisão foi desenvolvida no período entre abril e junho de 2019 mediante
pesquisa nos bancos de dados SciELO e MEDLINE, os descritores utilizados na
plataforma de busca foram: qualidade de vida, idoso e probiótico. Foram adotados
como critérios de inclusão: artigos que abordassem o tema proposto, disponíveis e
na íntegra, nos idiomas português, inglês e espanhol publicados no período de 2009
a 2019 foram excluídos todos os artigos que não se enquadraram nos critérios de
inclusão pré-estabelecidos.
Após análise dos descritores foram encontrados 32 artigos, onde a partir de
leitura e ao implantar os critérios de inclusão restaram 13 publicações que foram
lidos na íntegra, com o propósito de utilizar apenas artigos relevantes e coerentes
com a problemática abordada no estado, conforme descrito na figura 1.
Figura 1 – Seleção de publicações para problemática discutida nesta obra.
Fonte: Próprios Autores.
3 | RESULTADOS
A análise literária derivou-se na produção da tabela 01 de um quadro para
melhor conformação das informações, caracterizando a metodologia de estudo e
principais resultados dos artigos que referem sobre o tema proposto: microbiota
intestinal, probióticos e pacientes adultos e idosos.
N
1
TÍTULO
Microbiota
intestinal e
probióticos:
implicações sobre
o câncer de cólon
REFERÊNCIA; PAÍS
DE PUBLICAÇÃO
BEDANI, R.; ROSSI,
E. A. Jornal Português
de Gastrenterologia,
Lisboa, v. 16, p. 19-28,
2009; Portugual.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
MÉTODO
Revisão
Bibliográfica.
RESULTADOS
Estudos apontaram que os
probióticos, quando administrados
em quantidades corretas podem
promover alívio dos sintomas
causados por intolerância à
lactose, tratamento de diarreias,
redução do colesterol e efeitos
anticarcinogênicos. Assim, a
alteração fisiológica adquirida
pelo uso dos probióticos atua na
prevenção do câncer de cólon.
Capítulo 3
35
2
3
4
5
6
Prebióticos,
probióticos e
simbióticos na
prevenção e
tratamento das
doenças alérgicas
Efeitos do
consumo de
probióticos,
prebióticos e
simbióticos para
o organismo
humano
A importância de
probióticos para
o controle e/ ou
reestruturação
da microbiota
intestinal
SOUZA, F. S. et al.
Rev Paul Pediatr.,v.
28, n. 1, p. 86-97,
2010; Brasil.
RAIZEL, R. et al. Rev.
Ciência & Saúde,
Porto Alegre, v. 4, n. 2,
p. 66-74, 2011.; Brasil.
SANTOS, T. T;
VARAVALLO, M. A. A.
Revista Científica do
ITPAC, v. 4, n. 1. P.
40-49, 2011.; Brasil.
Microbiota
autóctona,
probióticos y
prebióticos
SUAREZ, J. E. Rev.
Nutr. Hosp., v. 28, n.
1, p. 38-41, 2013.;
Espanha.
Probióticos e
alimentos lácteos
fermentados
WENDLING, L. K;
WESCHENFELDER,
S. Rev. Inst. Laticínios
Cândido Tostes, Juiz
de Fora, v. 68, n. 395,
p. 49-57, 2013.; Brasil.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Revisão
Bibliográfica
A partir do levantamento de dados
foi possível concluir a atuação dos
prebióticos, probióticos e simbióticos
no tratamento de doenças alérgicas,
já que esses contribuem para a
proliferação de bactérias benéficas
e aumento da imunidade do
organismo. No entanto, ainda há
necessidade de ampliar os estudos
sobre essas evidências.
Revisão
Bibliográfica.
Na atualidade diversas doenças
estão associadas aos padrões de
hábitos alimentares, sendo algumas
enfermidades amenizadas com o
consumo de alimentos saudáveis. O
consumo de prebióticos, probióticos
e simbióticos têm demonstrado
grandes benefícios à saúde dos
indivíduos, como estímulo à resposta
imunológica, modulação em reações
alérgicas e melhoria da saúde
urogenital feminina. No entanto, o
consumo desses pode acarretar
efeitos colaterais, o que mostra a
necessidade de maiores estudos dos
mesmos.
Relato de
caso.
A microbiota é formada por diversos
grupos bacterianos importantes, por
isso é essencial a manutenção de
seu equilíbrio. Os probióticos são
microrganismos vivos que trazem
benefícios à saúde do hospedeiro,
podendo restaurar a flora após
tratamentos com antibióticos. Assim,
os probióticos mantém o equilíbrio
da microbiota e previnem doenças.
Estudo
comparativo
descritivo.
A microbiota nativa é constituída
por um conjunto diversificado de
microrganismos que irão exercer
uma relação mutualística. Alguns
fatores como medicamentos,
envelhecimento e doenças podem
alterar o equilíbrio dessa microbiota.
Assim, os probióticos e prebióticos
irão exercer papéis fundamentais na
recuperação dessa flora danificada
e na manutenção do equilíbrio da
mesma.
Revisão
Bibliografica.
Os probióticos são considerados
alimentos funcionais, os quais
podem estar presentes em produtos
lácteos, como o Yakut. Assim, os
microrganismos vivos presentes
nos probióticos irão proporcionar
diversos benefícios à saúde de quem
os consome.
Capítulo 3
36
7
O uso terapêutico
dos simbióticos
8
Development
of chocolate
dairy dessert
with addition of
prebiotics and
replacement
of sucrose
with different
highintensity
sweeteners
9
10
11
Benefícios da
utilização de
prebióticos,
probióticos e
simbióticos em
adultos e idosos
Probióticas: an
update
Disbiose intestinal
em idosos e
aplicabilidade
dos probióticos e
prebióticos
FLESCH, A. G. T.;
POZIOMICK, A. K;
DAMIN, D. C. O. Rev.
ABCD Arq Bras Cir
Dig, v. 27, n. 3, p. 206209, 2014.; Brasil.
MORAIS, M. C. et
al. Journal of Dairy
Science, v. 95, n. 5,
p. 2600-2609, 2014.;
EUA.
PEREIRA, L. S. et
al. Rev. Geriatria e
Gerontologia, v .8,
n. 1, p. 78-80, 2014.;
Brasil.
VANDENPLAS, Y.;
HUYS, G.; DAUBE, G.
Journal de Pediatria,
Rio de Janeiro, v .91,
n. 1, p. 6-21, 2015.;
Brasil.
CONRADO, B. A. et
al. Cadernos UniFOA,
Volta Redonda, v. 1,
n. 36, p. 71-78, 2018.;
Brasil.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Revisão
Bibliográfica.
Os simbióticos são alimentos
funcionais que consistem da união
entre prebióticos e probióticos.
A combinação entre esses dois
faz com que o prebiótico sirva
de alimento aos probióticos,
auxiliando na proliferação de
bactérias benéficas. Além disso,
atua no controle glicêmico,
redução do colesterol e melhora da
permeabilidade intestinal.
Método de
superfície de
resposta.
A otimização na formulação de
um prebiótico sobremesa leiteiro
chocolate teve suas propriedades
sensoriais afetadas pela quantidade
do prebiótico adicionado, xantana
ou goma guar, proporcionando a
fabricação de alimentos funcionais
sem adição de açúcar.
Revisão
bibliográfica.
Prebióticos, probióticos e simbióticos
atuam estimulando a proliferação
de bactérias benéficas e inibindo
o crescimento de bactérias
patogênicas. Podem ser usados
no tratamento de doenças do trato
gastrointestinal e na prevenção
aos danos causados pela
antibioticoterapia. Assim, podem
ser grandes aliados no sucesso de
tratamentos de enfermidades do
trato digestório.
Revisão
Bibliográfica.
O desequilíbrio da microbiota
intestinal pode está associado a
diversos fatores relacionados ao
sistema gastrointestinal. Dessa
forma, vê-se a necessidade de se
estudar e utilizar os probióticos
como auxiliadores de tratamentos
de doenças gastrointestinais e
como fatores essenciais para a
manutenção do equilíbrio da flora
intestinal.
Revisão
Bibliográfica.
A disbiose consiste em uma
alteração entre o número de
bactérias benéfica e bactérias
patogênicas presentes na microbiota
intestinal, que podem causar
processos inflamatórios. A terapia
com uso de probióticos e prebióticos
podem ser eficazes no tratamento da
disbiose.
Capítulo 3
37
12
13
A influência
da microbiota
intestinal na
prevenção do
câncer de cólon
Potential
preventive effect
of Lactobacillus
acidophilus and
Lactobacillus
plantarum in
patients with
polyps or
colorectal cancer
MAIA, P. L; FIORIO,
B. C; SILVA, F. R. Rev.
Arq. Catarin Med., v.
47, n. 1, p. 182-197,
2018. Brasil.
ZINATIZADEH,
N. et al. Rev. Arq
Gastroenterol, v. 55,
n. 4, p. 407-410, 2018.
Brasil.
Revisão
Bibliográfica.
O câncer de cólon é uma doença
muito frequente na atualidade.
Observa-se que ela está diretamente
relacionada ao modo de vida e,
sobretudo, a dieta dos indivíduos.
É de extrema importância manter
o equilíbrio da microbiota intestinal
para a prevenção do câncer
de cólon. Assim, os probióticos
auxiliam indiretamente impedindo o
desenvolvimento desse câncer, já
que irão atuar em diversos fatores
bioquímicos e imunológicos do
hospedeiro.
Estudo
quantitativo
descritivo.
Resultados do estudo indicaram
que tomar Lactobacillus acidophilus
pode prevenir e tratar o câncer de
colorretal. Pois a magnitude dessa
doença está muito associada à flora
intestinal. Assim, o efeito probiótico
do Lactobacillo vai recompor as
bactérias saudáveis que estão
ausentes na microbiota do doente.
Não foram observadas diferenças
significativas entre idade e sexo
nos grupos citados (P=0,06). O
número de Lactobacillus em pessoas
enfermas mostrou-se bem inferior ao
de pessoas saudáveis.
Tabela 01: Caracterização dos artigos quanto o método e principais resultados relacionando
microbiota intestinal, probióticos e pacientes adultos e idosos. Picos, 2019.
Fonte: próprios autores.
4 | DISCUSSÃO
A microbiota intestinal é composta por distintos grupos de bactérias que irão
desempenhar funções cruciais sobre a saúde dos indivíduos. Dessa forma, existe
uma grande necessidade de manter a flora intestinal equilibrada, como uma forma de
preservar a qualidade de vida dos pacientes. Dentre alguns fatores que desregulam
a microbiota intestinal estão o uso de antibióticos. O tratamento com antibióticos
pode causar a proliferação de organismos resistentes, ou outros distúrbios intestinais
como diarreias (SANTOS; VARAVALHO, 2011).
O envelhecimento causa modificações progressivas no organismo dos
pacientes idosos. Dessa forma, pode culminar em alterações do aparelho digestório,
como a baixa motilidade, diminuição de importantes funções secretoras, redução
das microvilosidades intestinais e deficiências na absorção de nutrientes. Sendo o
sistema imunológico um dos mais afetado por essas mudanças, cujas alterações
podem aumentar o risco de prevalência de doenças autoimunes, câncer e doenças
crônicas, como aterosclerose, resistência à insulina e Alzheimer (MORAIS et al.,
2014).
Dessa forma, os casos de imunossupressão em pacientes idosos podem estar
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 3
38
associados ao desequilíbrio da microbiota intestinal, causado pela diminuição do
número de bactérias benéficas e o aumento do número de bactérias maléficas,
podendo resultar na redução da qualidade de vida dos idosos e em patologias
gastrointestinais, como a disbiose. Esta, pode ser ocasionada pela idade avançada,
requerimento nutricional, ph estomacal alterado, estresse ou uso de medicamentos.
Portanto, torna-se necessário a aplicação de intervenções nutricionais para minimizar
essas alterações e favorecer os indivíduos na fase idosa, por meio da melhoria do
trato gastrointestinal e recuperação do sistema imune (CONRADO et al., 2018).
Assim, diante dos malefícios enfrentados pelas modificações fisiológicas
decorrentes do processo de envelhecimento, o uso de probióticos através de alimentos
ou suplementos naturais se torna um método eficaz e muito viável no combate ao
desequilíbrio da microbiota intestinal. Pois, esse atuará estimulando o crescimento
de bactérias benéficas em detrimento das bactérias prejudiciais, equilibrando a
flora. Além disso, os probióticos reforçam os mecanismos de defesa do hospedeiro,
atuando na prevenção de diarreia aguda, no tratamento de H. pylori, da constipação,
doença intestinal inflamatória, alívio de alguns sintomas da síndrome do intestino
irritável, má absorção de lactose e na prevenção de infecções sistêmicas. Sendo
benéfico, ainda, para pacientes oncológicos (PEREIRA et al., 2014).
Atualmente, os probióticos têm sido muito utilizados em combinação com
os prebióticos, dando origem aos simbióticos. Os prebióticos são alimentos ou
ingredientes que resistem ao processo de digestão ou absorção, sendo carboidratos
não digeríveis, como a inulina, que são fermentados por bactérias. Assim, ajudam
na proliferação dessas, as quais irão atuar na regularização da função intestinal,
trazendo grandes benefícios à saúde dos pacientes idosos e adultos (SOUZA et al.,
2014; RAIZEL et al., 2011).
Os prebióticos são carboidratos não digeríveis presentes na dieta, esses são
representados por oligo ou polissacarídeos de frutose, pectina, as ligninas e inulinas,
os quais estão presentes em alimentos, como a cebola, tomate, maracujá, gergelim,
etc. O principal papel dos prebióticos é atuar no crescimento e na manutenção
dos probióticos na flora, pois favorecem o desenvolvimento de bifidobactérias, as
quais irão digerir carboidratos complexos. Dessa forma, atuarão na estimulação da
proliferação seletiva de bactérias desejáveis ao cólon, em detrimento de organismos
patogênicos. Além de contribuir com a atuação dos probióticos, eles podem ter
diversas outras funções, como o aumento da motilidade intestinal e a absorção dos
nutrientes (SUÁREZ, 2013).
Os simbióticos fazem com que a bactéria benéfica se alimente do prebiótico e
se mantenha na microbiota intestinal, possibilitando os seus efeitos benéficos por
um tempo maior, sobretudo na região do intestino grosso. Além disso, os simbióticos
aumentam a resistência das cepas contra diferentes tipos de patógenos, regulam o
controle glicêmico, auxiliam na constipação ou diarreia e aumentam a permeabilidade
intestinal (FLESH; POZIOMICK; DAMIN, 2014).
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 3
39
Dentre os diversos benefícios trazidos pelo uso de probióticos, destaca-se a
inibição de câncer de cólon, que está muito relacionado aos hábitos alimentares
dos indivíduos. Estudos in vitro e in vivo já indicaram a capacidade do probiótico de
modular de maneira positiva a microbiota intestinal e contribuir para a prevenção
do câncer de cólon. Ademais, eles podem induzir respostas pró-inflamatórias, antiinflamatórias e secretórias, atuando na inibição da carcinogênese (BEDANI; ROSSI,
2009; MAIA; FIORIO; SILVA, 2018).
Além das funções gastrointestinais, os probióticos podem trazer grandes
benefícios quando usados em outras áreas, como no trato reprodutivo e urinário,
auxiliando na redução e prevenção de infecções frequentes. Ademais, os probióticos
têm sido usados como grandes aliados no tratamento de doenças respiratórias e de
pele, sobretudo, devido ao seu efeito de restaurar o sistema imunológico. Portanto,
quando administrados possuindo outras regiões como alvo, eles podem ser muito
benéficos (VANDENPLAS; HUYS; DAUBE, 2015).
As bactérias presentes nos alimentos probióticos irão agir competindo
com outros micro-organismos e impedindo a proliferação de agentes patógenos.
Ademais, em casos de diarreias causadas por infecções alimentares, os probióticos
podem ser usados de forma terapêutica, atuando na recomposição da flora intestinal
desgastada. Já que as bactérias administradas podem atuar na liberação de
substâncias importantes, como o ácido lático, ácido acético, peróxido de hidrogênio
e diacetil, os quais irão ter papel bacteriostático, inibindo o crescimento de bactérias
maléficas ou/e efeitos bactericidas, ocasionando a morte de micro-organismos
patogênicos (WENDLING; WESCHENFELDER, 2013).
Por certo, os probióticos são essencialmente aliados no tratamento da disbiose
em pacientes idosos e na prevenção dos danos causados pelo envelhecimento, não
só ao sistema gastrointestinal, mas também aos outros processos fisiológicos do
corpo. Promovendo, assim, regularidade intestinal, auxílio na formação do bolo fecal
e no fortalecimento das diferentes funções imunológicas do organismo. Atuando,
pois, no combate de enfermidades intestinais muito frequentes, como a disbiose
intestinal e o câncer de cólon. Além de serem grandes coadjuvantes no tratamento
de infecções respiratórias, dérmicas e imunes (ZIDATIZADEH, 2018).
5 | CONCLUSÃO
Diante do que foi abordado, conclui-se que os probióticos podem influenciar
de maneira positiva na saúde dos pacientes idosos, pois atuam como importantes
auxiliadores do equilíbrio e da modulação intestinal, através da estimulação do
crescimento das bactérias benéficas em relação as maléficas. Também, os probióticos
se mostraram como melhoradores do sistema imunológico, promovendo o aumento
da resistência contra patógenos e prevenindo complicações no sistema digestório.
Além disso, pode-se perceber que os microrganismos presentes nos probióticos
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 3
40
atuam de forma positiva na melhora da motilidade intestinal, colaborando para
contornar a constipação, um dos principais problemas causados pela senescência.
Portanto, a utilização de probióticos é imprescindível para melhoria da qualidade de
vida de pacientes idosos, representando uma importante ferramenta a ser utilizada
como forma preventiva pela população, pois atualmente as fontes probióticas se
tornaram mais acessíveis e viáveis em tratamentos de patologias pelos profissionais
de saúde.
REFERÊNCIAS
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Capítulo 3
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Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 3
42
CAPÍTULO 4
ADESÃO AO TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA
HANSENÍASE NO MUNICÍPIO DE MISSÃO VELHA –
CE
Anna Karoline Pereira Macêdo
Faculdade de Juazeiro do Norte
Juazeiro do Norte - Ceará
Emanuela Machado Silva Saraiva
Faculdade de Juazeiro do Norte
Juazeiro do Norte - Ceará
José Leonardo Gomes Coelho
Faculdade de Juazeiro do Norte
Juazeiro do Norte - Ceará
Régila Santos Pinheiro
Faculdade de Juazeiro do Norte
Juazeiro do Norte - Ceará
Gabriella Gonçalves Feitosa
Faculdade de Juazeiro do Norte
Juazeiro do Norte - Ceará
Hanyelle Felix Cruz Landim
Faculdade de Juazeiro do Norte
Juazeiro do Norte - Ceará
Helenicy Nogueira Holanda Veras
Faculdade de Juazeiro do Norte
Juazeiro do Norte - Ceará
RESUMO: A Hanseníase é uma doença
infectocontagiosa crônica, que se caracteriza
inicialmente por lesões avermelhadas com
perda de sensibilidade, podendo evoluir para
lesões graves e incapacitantes quando não
diagnosticada e tratada adequadamente. O
objetivo deste estudo foi verificar a adesão
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
ao tratamento farmacológico por portadores
de Hanseníase no município de Missão Velha
– CE. Tratou-se de uma pesquisa descritiva
exploratória e retrospectiva com abordagem
quantitativa e epidemiológica de dados
contidos no Sistema de Informação Nacional
de Agravos e Notificação, referentes aos
casos de hanseníase notificados entre 2015 a
2018. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê
de Ética em Pesquisa da FJN, com parecer de
nº3.215.178. Foram identificados 36 casos de
hanseníase, sendo 25 homens e 11 mulheres.
Houve maior prevalência entre homens, com
faixa etária entre 30 e 59 anos de idade, de
baixa escolaridade e residentes de zona
rural. O número de altas por cura foi superior,
totalizando 20 casos, e apenas 3 abandonaram.
O município ainda exibe coeficiente médio
de endemicidade, o que foge das metas de
eliminação da doença. Entretanto a incidência
de altas por cura é elevada, totalizando
55,55% dos casos. A maior incidência entre
homens ainda é um fato, porém, outros fatores
socioeconômicos, culturais, educacionais e
de moradia ainda refletem a vulnerabilidade a
doença. Os profissionais de saúde envolvidos
nas ações de combate a hanseníase, em
especial o médico, enfermeiro e farmacêutico
tem papel fundamental nas ações de combate
à doença, podendo desenvolver de forma
sistemática ações voltadas para educação em
Capítulo 4
43
saúde, atendendo as singularidades dos indivíduos.
PALAVRAS-CHAVE: Adesão ao tratamento. Hanseníase. Tratamento Farmacológico.
ADHESION TO PHARMACOLOGICAL TREATMENT OF HANSENÍASE IN MISSÃO
VELHA – CE MUNICIPALITY
ABSTRACT: Leprosy is a chronic infectious contagious disease, characterized
initially by reddened lesions with loss of sensitivity, which can progress to severe
and incapacitating lesions when undiagnosed and treated properly. The objective
of this study was to verify adherence to pharmacological treatment by patients
with leprosy in the municipality of Missão Velha - CE. This was an exploratory and
retrospective descriptive research with a quantitative and epidemiological approach
of data contained in the National Information System of Aggravations and Notification,
referring to cases of leprosy reported between 2015 and 2018. This research was
approved by the Research Ethics Committee of FJN, with opinion nº3,215,178.
Thirty-six cases of leprosy were identified, of which 25 were men and 11 were
women. There was a higher prevalence among men, with ages ranging from 30 to
59 years of age, low schooling and rural residents. The number of discharges per
cure was higher, totaling 20 cases, and only 3 dropped out. The municipality still
exhibits average coefficient of endemicity, which escapes the goals of elimination
of the disease. However, the incidence of discharge due to cure is high, totaling
55.55% of the cases. The higher incidence among men is still a fact, however, other
socioeconomic, cultural, educational and housing factors still reflect the vulnerability
to disease. Health professionals involved in actions to combat leprosy, especially
the doctor, nurse and pharmacist have a fundamental role in actions to combat the
disease, and can systematically develop actions aimed at health education, attending
to the singularities of individuals.
KEYWORDS: Adherence to treatment. Leprosy. Pharmacological Treatment.
1 | INTRODUÇÃO
A Hanseníase é uma doença infectocontagiosa, crônica e de longo período de
incubação que até os dias atuais continua sendo considerada um grande problema
de saúde pública (MOURA et al., 2017). Seu agente etiológico é o Mycobacterium
leprae, um bacilo gram-positivo intracelular obrigatório, apresenta alto poder
infectante e baixa patogenicidade, é capaz de infectar células cutâneas e nervos
periféricos. A doença se caracteriza inicialmente por lesões avermelhadas com
perda de sensibilidade que podem progredir para lesões profundas ocasionando
incapacidades físicas (SANTOS, 2015).
A transmissão se dá pela eliminação do bacilo através de secreções das vias
respiratórias de pacientes multibacilares que não estão em tratamento, exigindo assim
que haja um contato direto e prolongado para que ocorra o contágio, acometendo
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 4
44
geralmente indivíduos de mesmo convívio familiar (SEGURADO; CASSENOTE;
LUNA, 2016).
O Brasil está em segundo lugar no ranking de países com maior índice de casos
de hanseníase, onde foram notificados mais de 151 mil casos novos da doença
entre 2012 e 2016. De acordo com o Sistema de Informação Nacional de Agravos
de Notificação – SINAN, em 2017, o país registrou mais de 26 mil novos casos de
hanseníase (BRASIL, 2018a; BRASIL, 2018b).
No Brasil, o tratamento da Hanseníase, integra o Componente Estratégico
da Assistência Farmacêutica, resguardado pela Portaria Conjunta nº 125, de 26
de março de 2009, que define as ações de controle da doença, baseando-se no
diagnóstico precoce e tratamento adequado para todos os casos diagnosticados
até a alta por cura, prevenindo incapacidades e mantendo-se vigilante aos contatos
domiciliares.
A poliquimioterapia tem duração de 6 ou 12 meses, e baseia-se no número de
lesões cutâneas, podendo ser paucibacilar ou multibacilar. O esquema paucibacilar
constitui doses dos medicamentos Rifampicina e Dapsona, enquanto no multibacilar
também é adicionado um terceiro antimicrobiano, a Clofamizina (BRASIL, 2009).
Antes, durante e depois do tratamento poliquimioterápico, o paciente hansênico
pode apresentar estados reacionais caracterizados por inflamação aguda,
agravamento e surgimento de novas lesões, neurites, entre outras complicações
decorrentes de resposta imunológica ao M. leprae, fazendo com que questione
a eficácia do tratamento (SOUSA et al., 2013). Nesse contexto, o paciente com
Hanseníase precisa sentir-se confiante no diagnóstico médico para aderir ao
tratamento e obter a cura, prevenindo incapacidades físicas e quebrando a corrente
de transmissibilidade da doença (LUNA et al., 2010).
Fatores como diagnóstico precoce e tratamento farmacológico adequado são
fundamentais para alcançar a remissão da doença. Entretanto apesar do tratamento
estar disponível gratuitamente por meio do SUS e da possibilidade de cura, a sombra
do desconhecimento, da vergonha e do preconceito ainda assolam os indivíduos
hansênicos, isso pode ocorrer pelo contexto social em que estão inseridos, a baixa
escolaridade, a situação econômica da região e o modo de vida bem como outros
fatores que influenciem o manejo adequado ou não da doença (PENHA et al., 2015).
O diagnóstico tardio e a não adesão ao tratamento farmacológico acarretam
diversos problemas não somente ao indivíduo, mas também a comunidade,
perpetuando a cadeia de transmissibilidade da doença. De acordo com esse contexto
a pesquisa de dados epidemiológicos e fatores interferentes são de suma importância
para elucidar a deficiência das ações de assistência e combate a Hanseníase,
sendo subsídio para implementações de políticas públicas de saúde que visem o
enfrentamento da doença, assim como melhorar a qualidade da assistência e garantir
o acesso ao tratamento adequado (BRASIL, 2018a).
Diante desta problemática, o objetivo desta pesquisa foi verificar o perfil da
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 4
45
adesão ao tratamento farmacológico de Hanseníase no município de Missão Velha
– CE, no período de 2015 a 2018, bem como traçar o perfil socioepidemiológico dos
pacientes acometidos.
2 | MÉTODO
Tratou-se de uma pesquisa descritiva exploratória e retrospectiva com
abordagem quantitativa e epidemiológica, realizada através de análise documental.
O estudo foi realizado em Missão Velha, município localizado na região metropolitana
do Cariri, ao sul do estado do Ceará.
O objeto de estudo foram os dados de pacientes com Hanseníase, coletados
no setor de vigilância epidemiológica da secretaria de saúde municipal, através do
Sistema de Informação Nacional de Agravos de Notificação (SINAN), considerando
os dados de todos os casos notificados de hanseníase no período de 2015 a 2018.
A coleta de dados foi realizada durante em março de 2019, após o consentimento
escrito da secretária municipal de saúde, bem como pela aprovação da execução da
pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Juazeiro do Norte –
FJN, por meio do parecer nº3.215.178.
Os aspectos éticos observados na execução dessa pesquisa atendem aos
preceitos estabelecidos pela Resolução CNS/MS N°466, de 12/2012 (BRASIL, 2016a)
que tratam de pesquisa envolvendo humanos, os quais determinam a garantia do
anonimato do participante da pesquisa mesmo na divulgação dos dados obtidos.
Os dados observados na análise da ficha de notificação disponibilizada pela
secretaria de saúde municipal trataram dos aspectos clínico-farmacológicos da
doença e do perfil etário, escolar, residencial e ocupacional dos indivíduos notificados
com Hanseníase no município de Missão Velha – CE no período de 2015 – 2018.
O instrumento de coleta baseou-se na ficha padrão do SINAN para notificação/
investigação de Hanseníase, e posteriormente foram organizadas e analisadas em
gráfico e tabelas no programa Microsoft Excel® versão 2016.
3 | RESUL TADOS E DISCUSSÃO
No período considerado na presente pesquisa, foram identificados 36 casos
notificados de hanseníase no município de Missão Velha- CE, os quais estão
distribuídos anualmente de acordo com o Gráfico 1.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 4
46
Gráfico 1 – Número de casos de Hanseníase no período de 2015 a 2018 no município de
Missão Velha – CE.
Fonte: Própria
Considerando o período estudado, o ano de 2015, representou 36,11% dos
casos notificados de hanseníase pelo município. Esse achado pode ter relação com
a uma intensificação nas ações do Ministério da Saúde relacionadas ao diagnóstico
precoce, tratamento oportuno e prevenção da doença (RIBEIRO; SILVA; OLIVEIRA,
2018), que se refletiu nos anos seguintes, com a redução do número de casos
notificados.
No penúltimo censo realizado em 2010, o município contabilizou 34. 274 mil
habitantes, e no último realizado no ano de 2018 a população aumentou para
35.662 mil pessoas. (IBGE, 2018). Segundo os parâmetros de classificação
endêmica preconizados na Portaria Conjunta nº 125/2009 do Ministério da Saúde
(BRASIL,2009), no período estudado o munícipio de Missão Velha manteve-se com
coeficiente “médio” de endemicidade da hanseníase, que varia entre 1,0 a 4,9/10.000
habitantes, contabilizando coeficiente anual de 3,79/10.000 habitantes em 2015,
2,33/10.000 habitantes em 2016, 2,04/10.000 habitantes em 2017 e 2,24/10.000 em
2018.
VARIÁVEIS
Feminino (n=11)
Masculino (n=25)
0-15
2
-
16-29
2
1
30-59
3
17
60 ou +
4
7
FAIXAS ETARIAS
ESCOLARIDADE
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 4
47
Analfabeto
1
1
EF Incompleto
6
13
EF Completo
-
1
EM incompleto
1
1
EM completo
-
-
Ignorado
3
9
Urbana
5
9
Rural
4
13
Ignorado
2
3
Coordenador Pedagógico
-
1
Dona de casa
2
-
Aposentado/Pensionista
1
3
Operador de trator florestal
-
1
Trabalhador Agropecuário em geral
-
1
Estudante
1
-
Agricultor (a)
1
1
Vendedor ambulante
-
1
Ignorado
6
17
ZONA RESIDENCIAL
OCUPAÇÃO
Tabela 1 – Perfil etário, escolar, residencial e ocupacional dos indivíduos notificados com
Hanseníase no município de Missão Velha – CE no período de 2015 – 2018.
Fonte: Própria
Observa-se na Tabela 1, que dos 36 casos identificados neste estudo, a maioria
são do sexo masculino. A faixa etária com maior número de casos evidenciados foi a
de 30-59 anos de idade. Segundo Souza et al. (2018) e Albuquerque et al. (2018), a
maior prevalência entre homens talvez se deva ao fato de haver um baixo índice de
autocuidado entre a população masculina comparado as mulheres, no que se refere
ao acesso as informações e aos serviços de saúde.
Quando a pessoa é infectada pelo bacilo, as manifestações clínicas da doença
só se iniciam depois de 2 a 7 anos, e isso é decorrente do longo período de latência
do micro-organismo e a fatores relacionados ao hospedeiro. A doença pode afetar
pessoas de todas as idades e de ambos os sexos, porém na maioria das regiões
do mundo há uma maior incidência de casos entre homens do que entre mulheres
(BRASIL, 2016b).
É necessário reconhecer as dificuldades do acesso aos serviços de saúde e da
efetividade das ações de controle da doença no que se refere ao gênero. É preciso
especificar as necessidades dos homens e das mulheres, intensificando as ações de
prevenção, diagnóstico e tratamento oportuno para a população masculina, e assim
reduzir a cadeia de transmissibilidade do bacilo (SOUZA et al., 2018).
A variável escolaridade evidenciou maior prevalência de notificações da doença
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 4
48
em pessoas com baixa escolaridade, das quais 52,7% possuem apenas o Ensino
Fundamental Incompleto. Complementar a essa informação vimos que mais da
metade das notificações, os pacientes residiam na zona rural do município. Quanto
à ocupação dos indivíduos acometidos, essa informação foi ignorada em quase 64%
das fichas de notificação.
No estudo de Abraçado e colaboradores (2015) que teve como objetivo avaliar
os fatores clínicos interferentes a adesão ao tratamento de portadores de reação
hansênica, a predominância de indivíduos com hanseníase foi maior na população
masculina, de baixa escolaridade, com ocupação laboral autônoma e de baixa renda,
evidenciando que a hanseníase ainda é endêmica em regiões de maior pobreza, e
fatores ambientais, socioeconômicos e educacionais podem favorecer a disseminação
da doença. Essa afirmação corrobora com os resultados encontrados na presente
pesquisa.
VARIÁVEIS
2015
2016
2017
2018
Indeterminada
3
2
-
-
Tuberculóide
3
2
-
3
Dimorfa
4
2
-
3
Virchowiana
-
-
-
-
Não classificado
3
2
7
2
Zero
7
1
1
-
Grau I
2
3
1
1
Grau II
1
2
-
-
Não avaliado
3
2
5
7
Paucibacilar (6 doses)
9
5
2
2
Multibacilar (12 doses)
4
3
5
6
Abandono
1
2
-
-
Cura
10
5
5
-
Transferência para outro município
-
1
1
-
Em acompanhamento
-
-
-
7
Óbito
1
-
-
-
Erro diagnóstico
1
-
1
1
FORMA CLINÍCA
GRAU DE INCAPACIDADE FÍSICA
CLASSIFICAÇÃO DO ESQUEMA TERAPÊUTICO
MOTIVO PARA FINALIZAÇÃO DO
TRATAMENTO
Tabela 2 – Caracterização clínico-farmacológica da notificação (2015 – 2018) – Missão Velha –
CE.
Fonte: Própria
Levando em conta a forma clínica da doença, de acordo com a Tabela 2,
houveram mais casos de hanseníase dimorfa, seguido da forma tuberculóide.
Entretanto, 14 das 36 notificações não continham informações sobre a forma clínica
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 4
49
da doença.
Estudo realizado por Gonçalves et al. (2014), realizado no município de Juazeiro
do Norte que também integra a região metropolitana do Cariri cearense, encontrou
que aproximadamente 23% dos casos notificados eram da tuberculóide e mais de
14% da forma dimorfa da hanseníase.
As formas clínicas indeterminada e tuberculóide são formas paucibacilares, não
contagiosas, enquanto as formas dimorfa e virchowiana são formas multibacilares.
As pessoas que possuem as formas paucibacilares apresentam resistência ao bacilo
e abrigam uma carga insuficiente, não sendo consideradas importantes fontes de
transmissão, inclusive podem evoluir para cura espontaneamente. Em contrapartida
as formas multibacilares são altamente contagiosas e responsáveis por manter a
cadeia de transmissão da doença, entretanto a partir do momento que iniciam o
tratamento quimioterápico os bacilos já são mortos desde as primeiras doses da
medicação, tornando-os incapazes de infectar outros indivíduos (BRASIL, 2017).
O maior número de casos de incapacidades físicas de Grau I e Grau II ocorreram
no ano de 2016, conforme a Tabela 2, onde foram registrados três e dois casos
respectivamente. Nos anos subsequentes, observa-se uma considerável redução de
casos incapacitantes.
De acordo com Moura et al. (2017), as incapacidades físicas são decorrentes
da desmielinização dos nervos periféricos causados pelas lesões decorrentes da
doença, levando a diminuição das atividades cotidianas desenvolvidas pelo indivíduo.
As incapacidades físicas decorrentes da hanseníase estão diretamente
ligadas ao diagnóstico tardio e/ou ao insucesso do tratamento poliquimioterápico,
que acarretam o agravamento da doença e o desenvolvimento de sequelas que
na maioria das vezes são permanentes, mesmo após a cura da doença, causando
dificuldade na elaboração de atividades do dia-a-dia e aumentando as chances de
o indivíduo incapacitado ser vítima de preconceito e do estigma social presente no
contexto histórico da hanseníase.
No que se refere a classificação do esquema terapêutico, contabilizando
todos os anos estudados, foram identificados 18 casos paucibacilares e 18 casos
multibacilares. Entretanto o ano de, 2018, apresentou um número de casos
multibacilares três vezes maior que o número de terapêuticas paucibacilares (Tabela
2). Um achado semelhante foi encontrado no estudo retrospectivo realizado por
Albuquerque et al. (2018), no município de Reriutaba-CE, onde 75% dos casos
notificados eram multibacilares.
Das notificações estudadas, 26 se tratavam de casos novos, 4 foram recidivas
e 6 foram transferências de outros municípios. De acordo com o Ministério da
Saúde, é considerado recidiva o caso que completar com sucesso o tratamento
poliquimioterápico e após a alta por cura eventualmente venham a desenvolver
novos sinais ou sintomas da hanseníase. O tratamento inadequado ou incorreto
é a principal causa das recidivas. Nesses casos o tratamento deverá ser repetido
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 4
50
integralmente de acordo com a classificação do esquema terapêutico até que se
complete as doses preconizadas (BRASIL, 2002).
O número de casos que finalizaram o tratamento por cura foi acentuadamente
maior que as demais motivações de término, entretanto 3 (8,33%) registros tratam
de abando do tratamento (Tabela 2). Em 1.594 altas do tratamento, Gonçalves et al.
(2014), encontrou que 96,4% se tratavam de cura e 1,9% de abandono.
Em estudo realizado em Belém do Pará, observou que os três esquemas
finalizados por abandono eram de indivíduos do sexo masculino, o qual afirma que
os homens possuem aproximadamente três vezes mais de chances de não aderirem
ao tratamento do que as mulheres. Os autores afirmam que cabe as unidades de
saúde, responsáveis pelo manejo desses indivíduos elucidar a necessidade de
comparecer as consultas e de alertá-los sobre as consequências advindas da falta de
acompanhamento e de não adesão ao tratamento (ABRAÇADO, CUNHA e XAVIER,
2015).
Considera-se alta por cura os esquemas completados dentro do prazo
estabelecido de acordo com o protocolo terapêutico específico. No caso dos
paucibacilares a duração do tratamento não deverá ultrapassar os 9 meses, enquanto
o multibacilar não deverá ultrapassar os 18 meses. Mesmo após alta por cura o
paciente deverá continuar sendo assistido pelos profissionais da unidade de saúde
a qual faz parte para o monitoramento de reações e/ou sequelas deixadas pela
doença (BRASIL, 2016b).
Observou-se na presente pesquisa que em todos os anos analisados, com
exceção do ano de 2016, houve um erro de diagnóstico por ano. De acordo com
o Guia para o Controle da Hanseníase elaborado pelo Ministério da Saúde, os
casos em que o diagnóstico de hanseníase for considerado inadequado devem ser
considerados como alta por erro diagnóstico (BRASIL, 2002).
Ressaltamos que as variáveis consideradas nessa pesquisa apresentaram
limitações, tendo em vista a incompletude e as inconsistências evidenciadas no
preenchimento das notificações. Também não é possível, através desta pesquisa,
apontar os motivos relacionados ao abandono do tratamento que, consequentemente,
interferiram na adesão terapêutica.
4 | CONCLUSÃO
Diante dos dados obtidos o município de Missão Velha – CE, apresenta um
coeficiente médio de endemicidade o que foge das metas de eliminação da doença
proposta pela Organização Mundial da Saúde, na qual determina um número de
casos menor que 1,0/10.000 habitantes para considerar a eliminação da doença. Por
outro lado, o número de altas por cura é elevado.
A maior incidência de hanseníase na população masculina, residente em zona
rural, com baixa renda e nível de escolaridade refletem a vulnerabilidade individual
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 4
51
e familiar relativa à doença. Para tanto, é preciso intensificar e qualificar as ações
de controle buscando sanar as iniquidades em saúde que ainda afetam esses
parâmetros.
Sugere-se que as ações de educação em saúde sejam adequadas ao perfil
encontrado, garantindo informações claras e compreensíveis. Havendo maior
efetividade dessas ações, espera-se um aumento da adesão ao tratamento
medicamentoso.
Nesse contexto o acompanhamento farmacoterapêutico torna-se imprescindível
para promover a adesão ao tratamento e, consequentemente, o sucesso da terapia.
Além disso, os profissionais de saúde envolvidos nas ações de combate e controle da
hanseníase, devem desenvolver ações voltadas para a busca ativa de casos novos
garantindo maior acessibilidade a um diagnóstico precoce e tratamento oportuno,
além de ações de educação em saúde dos pacientes acometidos e de seus contatos
intradomiciliares, atendendo as singularidades de cada indivíduo.
O desenvolvimento de estudos como esse fortalece as redes e os serviços
de atenção à saúde desses pacientes, principalmente ao considerar a necessidade
histórica de eliminar essa doença.
REFERÊNCIAS
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em pacientes com episódios hansênicos em uma unidade de referência. Revista Pan-Amaz Saúde,
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BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº510, de 07 de abril de 2016.
Trata sobre a Ética na Pesquisa na área de Ciência Humanas e Sociais. Diário Oficial da União,
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BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 4
52
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GONÇALVES, N.L.; DUARTE, M. J. F.; MAIA, A. J.; BARROS, L. M.; LIMA, F, G, A.; DUARTE, A. E.
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Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 4
53
CAPÍTULO 5
ATIVIDADES DA p53 NO EPITÉLIO ORAL COM
CÂNCER DE OROFARINGE
Maceió - AL
Klinger Vagner Teixeira da Costa
Universidade Federal de Alagoas, departamento
de química e biotecnologia.
Dalmo de Santana Simões
Maceió - AL
Universidade Federal de Alagoas, faculdade de
medicina.
Kelly Cristina Lira de Andrade
Maceió – AL
Universidade Estadual de Ciências da Saúde de
Alagoas, departamento de fonoaudiologia.
Pedro de Lemos Menezes
Maceió – AL
Universidade Estadual de Ciências da Saúde de
Alagoas, departamento de fonoaudiologia.
Aline Tenório Lins Carnaúba
Maceió – AL
Centro Universitário Cesmac, Faculdade de
Medicina.
Maceió – AL
Fernanda Calheiros Peixoto Tenório
Universidade Federal de Alagoas, departamento
de química e biotecnologia.
Maceió – AL
Ranilde Cristiane Cavalcante Costa
Universidade Federal de Alagoas, departamento
de química e biotecnologia.
Maceió – AL
Luciana Castelo Branco Camurça
Fernandes
Universidade Federal de Alagoas, departamento
de química e biotecnologia.
Maceió – AL
Thaís Nobre Uchôa Souza
Universidade Federal de Alagoas, departamento
de química e biotecnologia.
Maceió – AL
Katianne Wanderley Rocha
Centro Universitário Cesmac, departamento de
otorrinolaringologia.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
RESUMO: O câncer de cabeça e pescoço (CCP)
corresponde de dois a três por cento de todos
os tipos de câncer e é o sexto mais frequente
em todo o mundo. Células geneticamente
alteradas, gradualmente proliferam-se e se
expandem para áreas vizinhas, ainda sem
neoplasias, têm potencialidade para evoluírem
para neoplasias, o que explicaria muitas
das situações de recidivas neoplásicas e de
ocorrência de um segundo tumor primário. O
objetivo deste trabalho foi realizar uma resenha
crítica sobre o estudo de Santos, Montovani e
Soares (Expression of p53 in the Tumor and
Oral Epithelium in Patients with Cancer of Mouth
and Pharynx) que descreveu as alterações
gênicas, especificamente da expressão da
p53, em lesões neoplásicas da mucosa oral
e faríngea e nas áreas adjacentes ao tumor,
normais a histopatologia, após a radioterapia,
em indivíduos com carcinomas espinocelulares
Capítulo 5
54
de boca e faringe. Como resultado os autores observaram aumento da expressão da
p53 tanto na região do tumor quanto na mucosa normal na maioria dos pacientes com
carcinoma da orofaringe antes e após o tratamento com radioterapia.
PALAVRAS-CHAVE: Câncer de boca; câncer de faringe; gene p53.
ACIVITIES OF p53 IN ORAL EPITELIUM WITH OROPHARYNX CANCER
ABSTRACT: Head and neck cancer (CCP) represents for two to three percent of all
cancers and is the sixth most frequent cancer in the world. Genetically altered cells
gradually proliferate and expand to neighboring areas, still without neoplasias, have
the potential to progress to neoplasias, which would explain many of the situations of
neoplastic recurrence and the occurrence of a second primary tumor. The objective of
this study was to perform a critical review of the study designed by Santos, Montovani
and Soares (Expression of p53 in the Tumor and Oral Epithelium in Patients with
Cancer of Mouth and Pharynx) that described the gene alterations, specifically p53
expression, in neoplastic lesions of the oral and pharyngeal mucosa and in areas near
to the tumor, normal histopathology, after radiotherapy, in individuals with squamous
cell carcinomas of the mouth and pharynx. As a result the authors observed increased
expression of p53 in both the tumor region and normal mucosa in most oropharyngeal
carcinoma patients before and after treatment with radiotherapy.
KEYWORDS: Mouth cancer; pharyngeal cancer; p53 gene.
INTRODUÇÃO
O câncer de cabeça e pescoço (CCP) corresponde de dois a três por cento
de todos os tipos de câncer e é o sexto mais frequente em todo o mundo. Ocorre
mais em pacientes do sexo masculino, entre a quinta e a oitava década de vida,
sendo menos comum abaixo dos 45 anos de idade. Quarenta por cento do câncer
de cabeça e pescoço se localizam na cavidade oral, 25% na laringe, 15% na faringe
e 20% ocorrem em outros sítios, incluindo as glândulas salivares (SANTOS et al.,
2011).
O câncer de cavidade oral em pacientes jovens tem uma etiologia e progressão
clínica particular, predominando fatores genéticos independentes de fatores exógenos
carcinogênicos, como o tabagismo e o alcoolismo (LLEWELLYN; JOHNSON;
WARNAKULASURIYA, 2001; MACKENZIE et al., 2000; SCHANTZ; YU, 2002).
Células geneticamente alteradas, gradualmente proliferam-se e se expandem para
áreas vizinhas, ainda sem neoplasias, mas já vulneráveis a mutações. Essas áreas,
normais ao exame clínico e a macroscopia óptica, têm potencialidade para evoluírem
para neoplasias, o que explicaria muitas das situações de recidivas neoplásicas e de
ocorrência de um segundo tumor primário. Um conceito bastante atual é que essas
células normais, adjacentes ao tumor, estariam apenas em estágios diferentes do
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 5
55
ciclo celular, dormentes, mas já com potenciais mutações nucleares para células
neoplásicas (LLEWELLYN; JOHNSON; WARNAKULASURIYA, 2001).
Um dos primeiros genes mais estudados sob esse ponto de vista é o Tp53 e sua
expressão, a proteína p53. Quando uma célula é exposta a agentes carcinogênicos,
há aumento dos níveis de proteína p53, que se ligam a fatores de transcrição,
impedindo que a célula entre na fase S do ciclo celular (VELCULESCU; EL-DEIRY,
1996). Nesse momento, o papel do gene Tp53 seria a do “guardião do genoma”, com
capacidade de controlar a qualidade da duplicação do DNA ao detectar um erro na
sequência do ciclo celular, provocando a apoptose celular, o que impediria a perda
do controle da diferenciação celular. A parada reversível do ciclo celular na transição
C1-S permite a reparação do DNA e o estabelecimento da integridade do genoma.
Quando as alterações do DNA excedem a capacidade de reparação, ocorre morte
celular por apoptose e, não raro, há perda do controle de crescimento celular. O que
se observa são células evolutivas, imaturas com grau acentuado de aneuploidia,
perda de heterozigose, expressão de DNA aberrante (REGEZI et al., 1995; SHIN et
al., 1994; WOOD et al., 1994).
O objetivo desse trabalho foi descrever as alterações gênicas, especificamente
da expressão da p53, em lesões neoplásicas da mucosa oral e faríngea e nas áreas
adjacentes ao tumor, normais a histopatologia, após a radioterapia, em indivíduos
com carcinomas espinocelulares de boca e faringe.
METODOLOGIA
Os autores acompanharam, por um ano, 24 pacientes portadores de carcinoma
espinocelular da boca e faringe (base da língua). Tais pacientes foram tratados
com cobaltoterapia e/ou quimioterapia. As variáveis estudadas foram idade, sexo,
tabagismo, ingestão de bebidas alcoólicas, classificação TNM do tumor, local do
tumor e presença ou ausência da expressão da p53. Foram feitas duas biópsias
iniciais em locais diferentes, sendo a primeira na lesão neoplásica (A1) e a segunda
biópsia distando um centímetro, em média, da neoplasia, em mucosa normal ao
exame clínico e histopatológico (A2). Após o término do tratamento radioterápico e
ou quimioterápico, foram feitas novamente duas novas biópsias, uma na neoplasia
ou no local demarcado antes de se iniciar o tratamento e a outra em mucosa normal.
O intervalo de tempo entre a primeira e a segunda biópsia foi de 12 meses. Foi
realizada a análise histológica e a graduação histológica: pouco, moderadamente ou
bem diferenciado.
A detecção do gene supressor tumoral TP53 foi realizada por meio de reação
de imunohistoquímica com o anticorpo monoclonal anti-p53. Os resultados foram
avaliados em microscopia óptica comum, sendo a reação positiva representada
pela deposição do cromógeno nos sítios de ligação antígeno-anticorpo, conferindo
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 5
56
marcação nuclear às células que expressam os antígenos estudados. O critério
positivo da expressão da p53 foi dado pela contagem de 10 ou mais células (10%),
num total de 100 células por retículo, contando-se as células em no mínimo três
retículos.
Foi feito estudo comparativo da expressão da p53 com as variáveis localização
do tumor, alcoolismo, tabagismo e estadiamento.
RESULTADOS
1. Expressão da p53 antes do tratamento:
Superexpressão da p53 em 14 das 24 amostras do tecido normal (MNA);
Superexpressão da p53 em 20 das 24 amostras de lesões neopláscicas.
2. Expressão da p53após o tratamento:
Das 14 amostras com superexpressão da p53 em tecidos normais (MNA), 6
mantinham superexpressão e 2 negativas;
3. Das 20 amostras com superexpressão da p53 em lesões neoplásicas, 7 se
mantinham positivas e 2 negativas.
4. Observou-se associação da p53 com o tabagismo e estadiamento do tumor
(p < 5%) mas não com o grau de diferenciação celular e alcoolismo.
CONSIDERAÇÕES
Trata-se de um trabalho que tenta fazer associações entre os níveis de expressão
da proteína p53 nas lesões neoplásicas do tipo carcinoma espinocelular em cavidade
oral/faringe e em tecidos normais adjacentes às lesões. Metodologicamente, o
trabalho apresenta algumas lacunas e equívocos que comprometem a análise dos
resultados. Na parte de “métodos”, segundo parágrafo, os autores descrevem a
varável “idade” da amostra; tal descrição deveria estar na parte de “resultados”.
Além disso, faltou o desvio-padrão da idade da amostra; se a mostra não apresentar
uma normalidade de distribuição, considerar a “média” é um equívoco. Tal falha
na análise da idade se extende ao segundo parágrafo na parte de “resultados”
quando os autores afirmam que “Observação importante é que cinco pacientes
com superexpressão da p53 tinham idade abaixo de 50 anos.”; para fazer qualquer
análise neste sentido, as características da amostra em relação à idade devem ser
descritas quanto à distribuição, pois não foi possível identificar se a maior parte dos
sujeitos estavam abaixo ou acima dos cinquenta anos apenas pela “média”.
Outra falha do trabalho é que 11 pacientes foram a óbito; tais pacientes não
podem ser considerados para o estudo. Na parte de resultados, os autores hora
relatam a amostra com 24 pacientes e depois com 13 pacientes, de forma que não há
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 5
57
uma concordância dos resultados, inviabilizando a análise dos níveis de expressão
da p53 antes e após o tratamento nas amostras A1 e A2.
A justificativa dos autores na elaboração de tal pesquisa é fundamentada em
conhecimentos profundos na área da biologia celular e molecular, especificamente o
ciclo celular nas células neoplásicas. No mecanismo do ciclo celular, há o sistema de
controle que é composto por 3 principais pontos de verificação. No primeiro ponto de
verificação, quando uma célula é exposta a agentes carcinogênicos, há aumento dos
níveis de proteína p53. Nesta condição, a p53 é fosforilada, ou seja, se torna ativa
e estável; a p53 ativa se liga à região reguladora do gene p21 que culminará com a
síntese da p21. Tal proteína é inibidora dos complexos G1/S-Cdk e S-Cdk. Sem os
picos destes complexos, o ciclo celular é interrompido. Assim, a p53 é considerada
uma proteína antitumoral. O aumento da expressão da p53 seria interpretado como
uma tentativa das células com material genético alterado, tanto por fatores genéticos
ou por substâncias carcinogênicas, não seguirem com o ciclo celular e gerar novas
células neoplásicas.
REFERÊNCIAS
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Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 5
58
CAPÍTULO 6
DOENÇA CELÍACA E A DIFICULDADE EM SEGUIR
UMA DIETA COM RESTRIÇÃO AO GLÚTEN
Israel Sobreira Machado
Discente do curso de Bacharelado em Nutrição,
Faculdade de Juazeiro do Norte – Juazeiro do
Norte – CE
Karina Morais Borges
Docente do curso de Bacharelado em Nutrição,
Faculdade de Juazeiro do Norte – Juazeiro do
Norte – CE
Paloma Soares dos Santos
Discente do curso de Bacharelado em Nutrição,
Faculdade de Juazeiro do Norte – Juazeiro do
Norte – CE
Mayara Fernandes Pereira
Discente do curso de Bacharelado em Nutrição,
Faculdade de Juazeiro do Norte – Juazeiro do
Norte – CE
Raízza Barbosa Elói Mendes
Discente do curso de Bacharelado em Nutrição,
Faculdade de Juazeiro do Norte – Juazeiro do
Norte – CE
Maria Auxiliadora Macedo Callou
Docente do curso de Bacharelado em Nutrição,
Faculdade de Juazeiro do Norte – Juazeiro do
Norte – CE
Priscylla Tavares Almeida
Nutricionista, Faculdade de Juazeiro do Norte –
Juazeiro do Norte – CE
Cicera Leticia da Silva
Discente do curso de Bacharelado em Nutrição,
Faculdade de Juazeiro do Norte – Juazeiro do
Norte – CE
Maria Aparecida Nunes de Carvalho
Discente do curso de Bacharelado em Nutrição,
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Faculdade de Juazeiro do Norte – Juazeiro do
Norte – CE
Rejane Ferreira da Silva
Discente do curso de Bacharelado em Nutrição,
Faculdade de Juazeiro do Norte – Juazeiro do
Norte – CE
Janice Alves Trajano
Nutricionista, Faculdade de Juazeiro do Norte –
Juazeiro do Norte – CE
RESUMO: A doença celíaca é caracterizada
pela sensibilidade ao glúten, fração proteica
encontrada no trigo, cevada e centeio,
causando inflamação no intestino delgado em
indivíduos que o ingere. Trata-se de uma revisão
integrativa de literatura de artigos publicados
nas bases de dados, Lilacs, pubmed e scielo,
usando as seguintes palavras-chave doença
celíaca, glúten, dieta, dificuldades. Foram
encontrados 225 artigos publicados no período
de 2001 a 2019, porém, apenas 14 artigos
serviram de base para realização do trabalho,
sendo usados como critérios de inclusão
artigos que descrevessem bem a doença e
que relatassem a dificuldade em seguir uma
dieta sem glúten. Verificou-se que a doença
é mal diagnosticada principalmente por falta
de preparo dos profissionais de saúde, e por
apresentar sintomas inespecíficos, podendo
ser confundidos com os de outras doenças.
Capítulo 6
59
Percebeu-se que crianças e adolescentes, tem dificuldade em alcançar e manter uma
dieta “zero glúten”, bem como pessoas com baixa renda, uma vez que esta dieta custa
mais caro do que uma dieta convencional, limita os pacientes socialmente e exibem
informações contraditórias em rótulos. A dieta sem glúten permanece como única
abordagem terapêutica, sendo capaz de reverter os sintomas e prevenir complicações.
A atuação multiprofissional, com envolvimento de médicos e nutricionistas, assim
como de outros profissionais da saúde, é importante para o diagnóstico da doença e
orientação do paciente para alcançar uma melhor qualidade de vida.
PALAVRAS-CHAVE: Doença celíaca, Glúten, Dieta, Trigo.
CELL DISEASE AND THE DIFFICULTY FOLLOWING A GLUTEN RESTRICTED
DIET
ABSTRACT: Celiac disease is characterized by gluten sensitivity, a protein fraction
found in wheat, barley and rye, causing inflammation in the small intestine in individuals
who eat it. This is an integrative literature review of articles published in the databases,
Lilacs, pubmed and scielo, using the following keywords celiac disease, gluten, diet,
difficulties. We found 225 articles published from 2001 to 2019, however, only 14
articles served as the basis for the work, being used as inclusion criteria articles that
describe the disease well and that reported the difficulty in following a gluten-free diet.
It was found that the disease is misdiagnosed mainly due to lack of preparation of
health professionals, and for presenting nonspecific symptoms, and may be confused
with those of other diseases. It has been found that children and adolescents have
difficulty achieving and maintaining a “zero gluten” diet as well as low-income people,
as this diet costs more than a conventional diet, socially limiting patients and displaying
conflicting information. in labels. Gluten-free diet remains the only therapeutic approach,
being able to reverse symptoms and prevent complications. Multiprofessional practice,
involving doctors and nutritionists, as well as other health professionals, is important for
the diagnosis of the disease and patient orientation to achieve a better quality of life.
KEYWORDS: Celiac disease, Gluten, Diet, Wheat.
INTRODUÇÃO
A doença celíaca é caracterizada como uma enteropatia crônica e permanente
do intestino delgado, mediada pela intolerância ao glúten, fração proteica encontrada
no trigo, malte, cevada e centeio. É desencadeada por mecanismo autoimune,
determinando uma resposta inflamatória na mucosa do intestino delgado em
indivíduos geneticamente susceptíveis. Dessa forma, o mecanismo de ativação para
a ocorrência da doença permanece obscuro. Nesse processo há uma destruição ou
atrofia das vilosidades intestinais, reduzindo a superfície de contato, dificultando a
absorção de nutrientes (LIU et al., 2014).
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 6
60
O quadro clínico da doença apresenta-se a partir de três formas, e dentre
elas destacam-se a clássica, muito comum na primeira infância, sendo observados
sintomas como diarreia crônica, distensão abdominal, anemia, atrofia de membros,
desnutrição; A não clássica, que apresenta menos sintomas gastrointestinais, logo, é
mais comum ocorrer constipação intestinal, e, a tipo 3 caracterizada como silenciosa,
reconhecida com maior frequência nas últimas duas décadas entre familiares de
primeiro grau (CAMPOS et al., 2018).
A hipótese diagnóstica da doença celíaca é realizada pelo profissional médico
a partir de relato da sintomatologia clínica exibida pelo paciente mediante sinais e
achados laboratoriais sugestivos de má absorção, confirmados pela histologia da
mucosa intestinal caracterizada como padrão ouro. Sendo assim, é fundamental o
diagnóstico precoce da doença, já que o início do tratamento adequado diminui o
risco de possíveis complicações que podem ocorrer naquelas pessoas não tratadas,
como linfoma intestinal, osteoporose, infertilidade, baixa estatura, entre outras
(PEDRO et al., 2009).
Atualmente o tratamento consiste na retirada completa, permanente e definitiva
do glúten da dieta, porém essa exclusão total traz dificuldades, visto que essa
proteína encontra-se em muitos alimentos processados, principalmente na farinha de
trigo, que é amplamente utilizada como espessante em muitos produtos comerciais
e comida de conveniência (NASCIMENTO, 2018).
O diagnóstico definitivo e precoce é essencial para iniciar o cuidado nutricional
dos alimentos consumidos entre o paciente, família e amigos. O acompanhamento
multiprofissional à pessoa portadora dessa doença se faz fundamental para
o alcance de metas e favorecer a melhoria do estado nutricional e qualidade de
vida, destacando a importância do nutricionista nesse cenário na promoção de
estratégias e orientações sobre a dieta, leitura de rótulos dos alimentos e alternativas
de substituição dos ingredientes que possam ser utilizados para melhor adesão ao
plano alimentar, evitando dessa forma, carências nutricionais (NASCIMENTO, 2018).
Dados epidemiológicos refletem média mundial de 01 (um) caso para cada
1000 (mil) nascidos vivos, afeta mais populações caucasianas, que tem ancestrais
comuns aos indivíduos que vivem na Europa. A maioria dos portadores apresenta a
forma silenciosa da doença, assintomática, e por esta razão, de difícil diagnóstico.
Essa doença pode acometer indivíduos de qualquer idade, mas a população adulta
apresenta maior incidência, com destaque mais frequente para o sexo feminino
em uma proporção de 2:1, enquanto na infância torna-se progressivamente menos
comum, o que pode estar relacionado à exclusão do glúten da dieta infantil, uma
prática comum em vários países a partir da década de 70. No Brasil, estima-se que
existam 300 mil brasileiros portadores da doença, com maior incidência na região
Sudeste (ARAÚJO et al, 2010).
Dessa forma, o presente artigo teve como objetivo identificar as dificuldades de
se manter uma dieta livre de glúten para celíacos.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 6
61
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, para a identificação de
produções sobre o tema: doença celíaca e a dificuldade em seguir uma dieta sem
glúten, sendo selecionados artigos entre 2001 a 2019. Adotou-se uma revisão
integrativa de literatura, uma vez que ela contribuiu para o processo de sistematização
e análise dos resultados.
A estratégia de identificação e seleção dos estudos foi a busca de publicações
nas bases de dados Medical Literature Analysis and Retrieval System Online
(Pubmed), Periodicos Capes, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências
da Saúde (Lilacs) e Scientific Electronic Library Online (Scielo), no mês de março
de 2019. Foram usadas as seguintes palavras-chave: doença celíaca, glúten, dieta,
dificuldades. Encontrou-se 225 artigos, e após a aplicação dos critérios de exclusão,
apenas 14 atenderam e serviram de base para realização do trabalho a partir de uma
leitura mais aprofundada.
Foram utilizados como critérios de inclusão artigos completos disponíveis
na integra, nos idiomas português, estudos clínicos, estudos de caso, estudos
qualitativos e quantitativos, que trouxessem como temática as dificuldades em seguir
uma dieta sem glúten. Como critérios de exclusão, foram artigos de revisão, ou que
não abordavam a temática, artigos incompletos, e trabalhos de conclusão de curso.
Os 225 artigos encontrados foram submetidos à leitura minuciosa, destacando
àqueles que responderam aos critérios de inclusão a fim de organizar e tabular os
dados. Para organização e tabulação desses dados, foram utilizados: título, objetivos,
tipo de estudo, ano de publicação, principais resultados e referências. Seguindo os
critérios, 14 estudos foram selecionados para analise, os quais são referenciados no
presente trabalho.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dos 225 artigos encontrados na busca inicial, foram selecionados 14 para leitura
e fichamento, os quais compuseram o estudo por abordarem a temática pretendida.
Foram selecionados artigos nos idiomas português e em inglês. O período de
publicação foi entre os anos de 2001 e 2019, sendo que os anos de 2013, 2014,
2016 e 2017 concentraram um maior número, respectivamente 2, 3, 2 e 2 artigos. Os
anos de 2001, 2006, 2010, 2015 e 2019 contaram com apenas 01 publicação cada.
Como resultado desta pesquisa destaca-se que muitos pacientes estudados
apresentaram ter problemas para seguir uma alimentação isenta de glúten, seja
por motivos de adaptação, financeiro ou dificuldades para encontrar os produtos
disponíveis no mercado. Entretanto, também tiveram estudos que mostraram que
o diagnóstico da doença e início do tratamento, fizeram com que os pacientes
diagnosticados com a doença celíaca expressassem uma preocupação com o
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 6
62
tipo de alimento que estão consumindo e isso fez com que eles obtivessem uma
alimentação saudável e consequentemente uma melhor qualidade de vida.
As dificuldades das pessoas portadores da doença celíaca ficam bem
expressas nesses estudos. Os principais relatos desses pacientes são a dificuldade
de encontrar alimentos que contemplem uma dieta sem glúten, o despreparo dos
estabelecimentos gastronômicos e a diminuição da convivência social, tendo em vista,
que a comensalidade é um ritual muito presente em nossa sociedade, e restrições
alimentares acabam influenciando esse convívio social. As condições financeiras
dos diagnosticados com a doença celíaca também influenciam em sua qualidade
de vida, devido os produtos sem glúten custarem mais caro (BRANCAGLIONI et al.,
2016).
O estudo ressaltou modificações psicológicas e emocional nos pacientes
celíacos após diagnóstico. Observaram-se dificuldades de convivência com a família
e conflitos gerados devido a obrigatoriedade de mudanças de hábitos de vida em
virtude da doença, e que o suporte, compreensão e envolvimento das famílias
no período de transição alimentar é extremamente importante para superação do
diagnóstico (ROCHA; GANDOLFI; SANTOS, 2016).
Em um estudo onde foram avaliados crianças e adolescentes celíacos, foi
contabilizado que 34% não consegue seguir a dieta sem glúten, sob a justificativa de
que os mesmos, na maior parte do tempo, se alimentavam fora de casa, haja vista os
restaurantes ainda não possuírem um cardápio específico para celíacos, dificultando
o consumo de alimentos sem glúten por parte desses pacientes. Outra justificativa
foi a transição física e psicossocial dessas crianças e adolescentes, pois são idades
transitórias e de difícil assimilação das mudanças de hábito (ANDREOLI et al.,2013).
Houve um estudo que mostrou que os pacientes portadores da doença celíaca
apresentaram um desequilíbrio na microbiota intestinal, pois os mesmos têm uma
menor incidência de bífidobacterias, o que pode favorecer o processo patológico da
doença. Em decorrência disso, faz-se ainda mais necessário ter uma alimentação
adequada, rica em prebióticos, probióticos, frutas, legumes, verduras e isenta de
produtos industrializados que podem agravar os problemas intestinais e não somente
ter uma alimentação com exclusão do glúten sem levar em consideração os outros
nutrientes (GOLFETTO et al., 2014).
Apesar da divulgação por parte das equipes de saúde pública, da realização de
campanhas, palestras, seminários e cartilhas de orientação sobre a doença celíaca,
percebe-se que ainda há uma parte da população de celíacos que são desinformados
sobre o assunto e há também um grande despreparo por parte dos profissionais
da área para lidar com referida patologia. É perceptível, que nos cursos na área
da saúde, essa doença é abordada timidamente, podendo ser uma justificativa
para o despreparo dessas equipes para com esse grupo específico, dificultando o
diagnóstico e o tratamento alimentar adequado e seguro para o paciente (PAULA;
CRUCINSKY; BENATI, 2014).
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 6
63
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Contudo, uma dieta isenta de glúten torna-se necessária para pacientes celíacos,
haja vista que o mal seguimento dessa conduta pode trazer sérios danos à saúde
do indivíduo, pela dificuldade de se alimentar corretamente devido a sintomatologia
apresentada pela doença e as interferências na absorção dos nutrientes da dieta.
E a dificuldade dessa adesão se dá por vários fatores, dentre eles, os aspectos
familiares e de relações sociais dos pacientes diagnosticados, assim como as funções
psicológicas e carência de profissionais realmente capacitados, que tenham uma
visão biopsicossocial para conduzir e orientar um paciente celíaco, o que mesmo
com o aumento de indivíduos diagnosticados com a DC, ainda é algo muito presente
na nossa realidade.
Outro fator bastante discutido é a escassez de produtos alimentícios específicos
para doentes celíacos, logo é importante fomentar na indústria alimentícia, o
desenvolvimento de produtos isentos de glúten e que tragam nos rótulos de suas
embalagens, informações claras sobre esses produtos, favorecendo o melhor
entendimento dos pacientes celíacos.
Diante desse cenário, torna-se indispensável o acompanhamento de um
nutricionista, tanto para um melhor seguimento das condutas dietoterápicas, como
também, evita a monotonia da dieta, pois é esse profissional que vai ofertar uma
diversidade adequada de nutrientes e formas mais atrativas para seguir a dieta, o
que evita também carências alimentares. Destaque-se também, o acompanhamento
de outros profissionais da saúde, para que haja um melhor manuseio e fidelidade
a esse novo hábito de vida, bem como a melhor conscientização e orientação não
apenas dos pacientes, mas dos familiares quanto a importância deles desses fatores
na vida do indivíduo.
REFERÊNCIAS
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Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 6
64
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Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 6
65
CAPÍTULO 7
EDUCAÇÃO NUTRICIONAL COMO ESTRATÉGIA DE
PROMOÇÃO DA SAÚDE NA TERCEIRA IDADE: UM
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Helder Matheus Alves Fernandes
Faculdade Nova Esperança de Mossoró –
FACENE/RN
Mossoró/RN
Daniele Cristina Alves Fernandes
Faculdade Nova Esperança de Mossoró –
FACENE/RN
Mossoró/RN
Elane da Silva Barbosa
Universidade Estadual do Ceará – UECE
Fortaleza/CE
Gabrielle Cavalcante Barbosa Lopes
Faculdade Nova Esperança de Mossoró –
FACENE/RN
Mossoró/RN
Márcia Jaínne Campelo Chaves
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte UERN
Mossoró/RN
RESUMO: A disciplina Seminários Integradores
entre Ensino/Serviço/Comunidade – SIESC
III, ministrada no terceiro período do curso de
Nutrição de instituição particular no interior do
Rio Grande do Norte, é constituída por intensa
semana de elaboração de estratégias e atividade
de educação em saúde, com a finalidade de
promover qualidade de vida para população
previamente definida. Portanto, o objetivo
deste estudo é relatar a experiência da ação de
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
educação nutricional com intuito de promover
saúde dos idosos, partindo das doenças
crônicas prevalentes que mais acometem essa
população. Nesse sentido, trata-se de relato de
experiência, que visa descrever as atividades
de planejamento e execução de atividade de
educação em saúde realizada com idosos,
na Casa da Nossa Gente, em Mossoró/RN. A
fim de apresentar os resultados e discussões,
foram elaboradas as seguintes categorias:
Intervenção nutricional acerca do consumo
alimentar; Promoção da saúde na terceira
idade e, por fim, Formação do profissional em
saúde. Os estudantes elaboraram materiais
educativos, sob perspectiva lúdica, para
sensibilizar acerca do consumo de alimentos
industrializados que contém grandes teores
de sódio, açúcar e gorduras. Por meio das
orientações nutricionais que foram construídas
com os participantes, a partir da valorização dos
seus saberes e do contexto em que se inserem,
constatou-se que se sentiram acolhidos e
tentaram se apropriar daqueles conhecimentos
para cuidar melhor de si próprios. Conclui-se,
então, a necessidade de que os profissionais
de saúde, ainda no processo de formação,
se apropriem da educação em saúde como
estratégia indispensável para a produção do
cuidado em saúde.
PALAVRAS-CHAVE: Educação em Saúde,
Idosos, Promoção em Saúde, Formação em
Capítulo 7
66
Saúde.
NUTRITIONAL EDUCATION AS A THIRD AGE HEALTH PROMOTION STRATEGY:
AN EXPERIENCE REPORT
ABSTRACT: The discipline Teaching / Service / Community Integrating Seminars SIESC III, minister of the third year of Nutrition of a particular institution in the interior
of Rio Grande do Norte, consists of a week of development of strategies and activities
of health education, with the intention of promoting the quality of life for the population.
This study aims to promote the health of the elderly, starting from the prevalent chronic
diseases that most affect this population. In this sense, it is experience-by-experience,
which the visa describes as activities for planning and conducting health education
activities at Casa da Nossa Gente, in Mossoró / RN. In order to present the results
and discussions, the following categories were elaborated: Nutritional intervention on
making food consumption; Health promotion in old age and, finally, health professional
training. Students have developed educational materials from a playful perspective to
raise awareness about the consumption of processed foods that contain high levels
of sodium, sugar and fat. Through the nutritional guidelines that were built with the
participants, from the valuation of their knowledge and the context in which they fit in,
people who felt unchallenged and tried to appropriate the knowledge to the best of their
own. Therefore, the need to prepare for the production of health care is concluded.
KEYWORDS: Health Education, Elderly, Health Promotion, Health Training.
INTRODUÇÃO
A disciplina intitulada Seminários Integradores
entre Ensino/Serviço/
Comunidade- SIESC constitui a matriz curricular dos cursos da área da saúde da
Faculdade de Enfermagem Nova Esperança de Mossoró – FACENE/RN, promove,
atividades intensivas realizadas durante uma semana, o desenvolvimento de
elaboração de uma ação na comunidade sob um determinado enfoque: Saúde
Mental, Saúde Ambiental, etc., tendo determinada população escolhida em cada
semestre: a geriátrica, infantil, os que utilizam substancias químicas ou portadores
de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), dentre outros e, por conseguinte,
determinado lócus para a sua realização.
Destaca-se que essa disciplina aborda, prioritariamente, os conteúdos
relacionados à ação social e promoção da saúde, subsidiando os elementos basilares
para que, posteriormente, possam ser construídos conhecimentos específicos de
cada área de atuação profissional. Com isso, visa o enriquecimento social que o
aluno tem em interagir com diversos setores da sociedade, além de procurar aguçar
o olhar crítico reflexivo dos alunos frente à situação-problema vivenciada e, com
base nessa reflexão, atuar na dificuldade identificada. Desse modo, como afirmam
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Brandão, Rocha e Silva (2013), disciplinas como essas, acabam tornando-se
indispensáveis para que os alunos possam desenvolver um pensamento e agilidade
com mais precisão, refletindo sobre o tipo de profissional que serão no futuro.
Nesse panorama, Brandão, Rocha e Silva (2013) continuam a argumentar
que os estudantes que participam de disciplinas que articulam os conhecimentos
aprendidos em sala de aula com a vivência na comunidade agregam para a sua
formação profissional e pessoal, um olhar para as diversidades, respeitando as
crenças e a cultura dos mais diversos tipos de população. Ao passo que procuram
conciliá-las com o conhecimento científico e desenvolvimento em sala de aula,
tornando a população escolhida, sujeito ativo na construção da sua própria saúde
mediado pelas atividades de educação em saúde.
Sobremais, entende-se que, ainda, um dos desafios na formação do profissional
da saúde trata-se da articulação entre os saberes acadêmicos com os saberes da
comunidade e a realidade dos serviços de saúde, isto é, a articulação entre instituição
formativa, a comunidade e os serviços, por isso o SIESC surge como uma proposta
institucional para essa aproximação e fortalecimento da formação crítica, reflexiva e
social do profissional de saúde.
Especificamente, no terceiro período do curso de Nutrição da FACENE/RN, o
componente curricular SIESC III reportou-se para os indivíduos que se encontram
na terceira idade, portanto a tarefa dos alunos foi planejar ação voltada para esse
público-alvo, valorizando as singularidades dessa fase da vida. Nesse ínterim, para
Aquino et al. (2018), é válido destacar a relevância do assunto ser melhor discutido
acerca da fase do envelhecimento humano, propiciando subsídios para que o idoso
vivencie essa etapa da sua trajetória, tendo possibilidade de realizar escolhas mais
saudáveis, bem como mais qualidade de vida, já que ele pode estar sujeito à redução
da capacidade funcional, algumas possíveis limitações que precisam ser superadas,
vulnerabilidade que possui por dependência de cuidados e assistência à saúde de
membros familiares ou do próprio cuidador contratado.
Portanto, o objetivo do presente estudo é relatar a experiência de ação de
educação nutricional com intuito em promover saúde dos idosos, partindo das
doenças crônicas prevalentes que mais acometem a população geriátrica.
MATERIAS E MÉTODOS
Esta pesquisa se constitui em um relato de experiência, envolvendo intervenções
e ação de educação em saúde desenvolvidas na disciplina Seminários Integradores
e Ensino/Serviço/Comunidade - SIESC III, a qual foi ministrada no terceiro período
do curso de Nutrição da FACENE/RN, que ocorreu de 10/06/2019 a 14/06/2019,
tendo a ação se realizado em 13/06/2019, na comunidade.
No que tange às ações desenvolvidas no referido componente curricular, teve
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como foco o desenvolvimento de conscientização de escolhas mais saudáveis,
elaboração de lanches, realização da classificação do índice de massa corporal (IMC),
orientação nutricional, planejamento das estratégias e como iram ser abordado esse
público, ocorre durante uma semana e é escolhido um dia específico para ocorrer
a intervenção nutricional com a população. Essa ação, por sua vez, aconteceu na
cidade de Mossoró/RN na comunidade Dom Jaime Câmara, bairro de classe média
baixa.
Mais especificamente o local escolhido para o desenvolvimento dessas
atividades foi a Casa Nossa Gente. Trata-se de instituição mantida pela Secretaria de
Desenvolvimento Social de município, a qual trabalha com o objetivo de estreitar os
vínculos com as famílias que são atendidas pelo Centro de Referência e Assistência
Social – CRAS, equipamento social, também localizada na mesma comunidade.
A Casa da Nossa Gente realiza atividades voltadas para o público idoso,
particularmente desenvolvendo atividades físicas e de lazer. No entanto, a intenção
desta instituição é de expandir serviços para outros públicos. Diante o foco do SIESC
III, a professora previamente já entrou em contato com essa instituição, entendendo
o seu contexto, as suas necessidades e como a IES poderia inserir-se para contribuir
com as ações que estavam sendo desenvolvidas.
Sendo assim, no que diz respeito ao SIESC III, a semana começou com um
seminário ministrado pela docente responsável pela disciplina, uma nutricionista,
apresentando o que seria realizado durante a semana. No segundo dia, a turma de
nutrição se organizou no planejamento de estratégia que seria utilizada no dia da
ação. No terceiro dia, foram preparados lanches saudáveis a serem distribuídos com
os participantes da ação, com a finalidade de incentivar a qualidade de vida por meio
da alimentação saudável para que no, quarto dia ocorresse a ação com o públicoalvo delimitado. Para encerrar a semana, na sexta feira, o quinto dia, foi realizada
uma roda de conversa com a experiência que os alunos obtiveram com a disciplina
durante a semana, culminando com a entrega de um relatório final.
Destaca-se, igualmente, que o local do planejamento das atividades ocorreu
nas dependências da própria FACENE/RN, pela facilidade em locomoção dos
estudantes para a respectiva IES, tendo em vista que se trata de disciplina, como as
demais do currículo, que exige presença e carga horaria.
Para a temática a ser trabalhada nessa ação na Casa da Nossa Gente, visando
à prevenção de doenças e à promoção da saúde na terceira idade por meio da
melhoria dos hábitos alimentares, foi definido que seria trabalhada orientações
sobre alimentação saúde, com foco na diminuição dos alimentos industrializados
que podem ser um dos principais fatores relacionados para o desenvolvimento de
doenças crônicas não transmissíveis (DCNT).
Para a realização dessa atividade de educação em saúde, optou-se pela
proposta de que os próprios alunos elaborassem os materiais educativos. Assim,
foram escolhidos determinados alimentos que são mais utilizados pelos idosos e,
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
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então, foram confeccionados, numa proposição lúdica, diversos saquinhos com sal,
açúcar e gordura, representando a quantidade desses componentes nutricionais nos
alimentos que eles frequentemente utilizam no cotidiano.
Desse modo, foram escolhidos os seguintes alimentos: mingau de aveia,
biscoitos integrais, sucos de caixinhas e em pó, temperos prontos, com a intenção
de, através da exibição da quantidade de sal, açúcar e gordura contida nos alimentos,
sensibilizar para prevenção e redução da ocorrência da obesidade e outras doenças
crônicas não transmissíveis (DCNT), como também orientando a optar por alimentos
in natura. Nesse sentido, como metodologia, também foi ofertado o próprio alimento
para análise sensorial e panfletos como material de apoio pedagógico contendo os
10 passos para alimentação saudável e balanceada.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A fim de apresentar de forma mais organizada as reflexões acerca da atividade
de educação nutricional desenvolvida na Casa Nossa Gente com os idosos, foram
elaboradas três categorias: Intervenção nutricional acerca do consumo alimentar, em
que é abordado de que modo os idosos costumam - se alimentar, quais as preferencias
e como isso pode influenciar no seu estado nutricional e no desenvolvimento de
DCNT; Promoção da saúde na terceira idade, na qual é abordada como foi realizada
a atividade de promoção a saúde para essa população. Por fim, em Formação do
profissional em saúde, em que se enfoca as contribuições que a disciplina visa
no enriquecimento do contato do aluno com o contexto social e como isso pode
contribuir para a sua formação. A seguir, será enfocada cada uma das categorias
mencionadas anteriormente.
INTERVENÇÃO NUTRICIONAL ACERCA DO CONSUMO ALIMENTAR
Durante o envelhecimento, o idoso acaba passando por constantes mudanças
e transformações internas (fisiológicas, bioquímicas e biológicas) e externas, com
isso há influências no estado nutricional desta população. Tais modificações acabam
afetando a diminuição do metabolismo basal, massa corpórea e força da deglutição
de alguns alimentos, somando-se à alteração do desempenho do trato-digestivo e
alterações na percepção sensorial e redução à sede (MARTINS et al., 2016)
Desse modo, esse grupo populacional, além de passar por constantes
modificações, a utilização de medicamentos contra as enfermidades típicas dessa
faixa etária, pode interferir no consumo de alguns alimentos e atrapalhar a absorção
dos nutrientes que seriam essenciais durante o envelhecimento (MARTINS et al.,
2016)
Diante esse contexto, foi trabalhada uma intervenção de educação em
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saúde, voltada especificamente para o campo nutricional, com uma atividade
de demonstração dos alimentos ultra e minimamente processados, pois, esses
alimentos correspondem a alimentos, que podem até ser retirado da natureza, sendo
submetido a diversos processos: de limpeza, extração, remoção de algumas partes
não comestíveis ou indesejáveis, fermentado, por algum processo de pasteurização
ou congelado, refrigerado ou por processos de adição de alguns elementos, sejam
sal, açúcar, óleos, enxofre ou outras substancias tóxicas ou não tóxicas.
Portanto, foi evidenciada a quantidade de açucares, gorduras e sódio que
continha nos alimentos que seriam alguns dos mais consumidos pelo público-alvo da
ação educação, de modo que, houvesse uma sensibilização sobre conscientização
da utilização dos mesmos e a relação diante das doenças mais presentes na terceira
idade.
Ao apresentar essa atividade, os idosos demonstraram ter conhecimentos
sobre o uso moderado do sal, açúcar e gordura, o que ocorria com a descoberta de
alguma doença crônica por grande parte do público alvo, mas ao mesmo tempo em
que demonstraram consciência, também relataram que não recebiam orientações
por um profissional de nutrição nem muito menos a dieta em si, que eles mesmos,
ou alguém da sua família, era responsável pela preparação e escolha dos alimentos
consumidos por eles, e alguns desses alimentos, eram destacados como fonte
principal de utilização, como retrata a fig. 01.
Figura 01 – Exibição de alguns dos alimentos mais consumidos pelos idosos, com a respectiva
quantidade de sal, açúcar e gordura, Mossoró-RN, 2019.
Fonte: autoria própria (2019).
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Ao serem encaminhados para a mesa em que se encontravam os alimentos
industrializados, com a respectiva quantidade de sal, óleo ou açúcar disposto
em saquinhos de plástico, o público se demonstrou realmente assustados sobre
as quantidades que continham nos alimentos que eles diariamente consumiam e
ainda acrescentavam mais açúcar e sal, isso incluindo os idosos que sofriam com
obesidade, diabetes, hipertensão ou colesterol alto ou alguma outra mais, DCNT.
Portanto, a literatura demonstra em estudos qualitativos que o consumo
alimentar dos idosos, é sempre maior em relação a carboidratos simples de rápida
absorção e de gorduras saturadas, sendo diretamente associado a obesidade,
diabetes e doenças cardiovasculares (SOUZA et al., 2016).
Igualmente, outros estudos demonstram o baixo consumo de frutas e hortaliças,
dando preferência aos carboidratos de simples absorção, que são mais conhecidos
como “refinados”, tais como: arroz branco e pão francês, mas com alto índice
glicêmico, grande fator de risco para quem tem resistência à insulina. Do mesmo
modo, os idosos demonstraram também o pouco consumo no leite e derivados,
sendo fonte essencial de cálcio e fosforo para diminuir os um dos quadros mais
prevalentes que acomete os idosos, a osteoporose (MALTA; PAPINI; CORRENTE,
2013).
É preciso ressaltar que, por meio dos alimentos dispostos na mesa, os idosos
demonstraram que teriam mais segurança para escolher seus alimentos, ao
mencionar alguns que consideravam mais saudáveis. Rolim et al. (2015), a esse
respeito, aponta que os idosos quando contam com orientações nutricionais têm mais
condições de escolher alimentos mais saudáveis, o que pode evitar ou pelo menos
minimizar complicações séricas, com picos de pressão elevada ou hiperglicemia.
PROMOÇÃO DA SAÚDE NA TERCEIRA IDADE
Muitos dos participantes da ação educativa que chegavam até a mesa na qual
estavam dispostos os alimentos, além de relatarem que consumiam alguns daqueles
mantimentos, o que acarretou, com o seu uso frequente, o surgimento das DCNT –
reflexão que faziam a partir do diálogo com os acadêmicos, descreviam a realização
de prática do exercício físico pela manhã e no final da tarde, uma caminhada leve
que fora preconizada por médicos em suas consultas.
Do mesmo modo, relatavam que os benefícios da atividade física são inúmeros,
os quais o faziam se sentir com a autoestima mais elevada e alegres, melhorando
a frequência cardiorrespiratória, diminuindo também os sintomas que alguns
apresentavam de situação de sofrimento psíquico: ansiedade, depressão e estresse,
dentre outros.
Ao perceber que os idosos ficaram muito apreensivos diante aquelas novas
informações sobre os malefícios daqueles mantimentos industrializados se teve
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a preocupação de orientar os idosos que não era equivocado consumir aqueles
alimentos altamente processados uma vez e outra, porém não poderiam fazer parte
de uma rotina alimentar devendo então passar a consumir mais comida in natura,
incluindo: frutas, verduras, hortaliças entre outras, e preparadas em casa, fazendo
substituições assim mais saudáveis, como utilização da cebola, coentro, manjericão
e alho como fontes de temperos naturais para substituir os temperos processados.
Somando ao que foi trabalhado durante a semana e as atividades presentes
na ação, é notório de que a percepção sobre o fato dos idosos constituírem-se em
público alvo que demanda cuidados especiais e de uma atenção integral, composta
por uma equipe multiprofissional em saúde, e que como profissionais dessa área,
os nutricionistas apresentam papel importante na prevenção primaria e secundaria
das DCNT e promover qualidade de vida por meio da alimentação, o que ocorre,
inevitavelmente, de forma particular por meio da educação em saúde.
Figura 02 – Realização de orientações nutricionais acerca do consumo alimentar, por meio da
classificação do índice de massa corporal (IMC), Mossoró-RN, 2019.
Fonte: autoria própria (2019).
Por isso, as orientações de educação em saúde no que tange às necessidades
nutricionais e a promoção da saúde devem ser um dos pilares da atenção à saúde
da pessoa idosa atendendo todos os seus estados do envelhecimento, uma vez que
a nutrição e a alimentação adequada, saudável e balanceada deve proporciona uma
qualidade de vida mais eficaz na prevenção de doenças, que muito das vezes, é
ocasiona por uma alimentação inadequada (FAZZIO, 2012).
A reeducação alimentar para população ambicionada pelos os nutricionista deve
atender as quatro leis da nutrição, as quais devem ser quantitativamente suficiente,
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qualitativamente completa com todos os nutrientes, além de ser harmoniosa em
seus componentes que interagem e adequada ao seu estado fisiológico, ciclo de
vida, bioquímico e social (FAZZIO, 2012).
As quatro leis da nutrição, além de apresentar em seus critérios subsídios para
um planejamento dietético eficaz, é pertinente tendo em vista de que, o que inclusive
foi constatado durante ação, os idosos não têm domínio em realizar as suas próprias
comidas, muito da vezes as comidas que eles ingerem já é preparada e comprada
sem nenhuma noção da quantidade do que se coloca.
Portanto, orientá-los sobre o seu consumo faz com que diante o ambiente em
que eles convivem, alertem aos responsáveis sobre o que utilizam nos alimentos e
comprem alimentos com maior custo-benefício e, ao mesmo tempo, mais saudáveis.
Isso porque, ao se realizar uma atividade educativa deve-se sempre levar o
contexto sócio-econômico-cultural em que o sujeito se insere. Logo, partindo da
perspectiva de que se realizava atividade educativa em região menos favorecida
social e economicamente, teve-se a preocupação em pensar em alimentos mais
saudáveis que pudessem ser adquiridos, sem comprometer o orçamento doméstico
dos idosos.
Sobremais, outro aspecto pertinente para ser destacado refere-se o fato de
que, diante da ação educativa, os idosos chegavam a relatar que seus médicos
e algumas consultas com os nutricionistas, orientavam a reposição de vitaminas
essenciais para a regulação e fortalecimento dos ossos, como a vitamina C, D e o
mineral cálcio e fosfato, já que a osteopenia e osteoporose é muito frequente nesta
população. Desse modo, conforme Tavares et al. (2012, p. 372-373), deve-se atentar
que as deficiências nutricionais são geradas ao longo da vida e realizar reposição de
alguns nutrientes que são essenciais para vitalidade.
Figura 03 – Uma das amostras das apresentações dos lanches saudáveis ofertados durante a
ação educativa: salada de frutas e creme de frango com ervas naturais, Mossoró-RN, 2019.
Fonte: autoria própria (2019).
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De acordo com as recomendações preconizadas pelo Ministério da Saúde, é
interessante abordar algumas diretrizes especiais para esta população, como na
cartilha publicada no ano de 2009, contextualiza exatamente que é necessário
dependendo do estado do idoso, utilizar um aparador para pratos, com o intuito de
aumentar a dependência de quem tem limitação na coordenação motora, talhares
com cabos mais grossos, para facilitar o manuseio dos utensílios durante a refeição
e suporte antiderrapante que auxilia a fixação de canecas, evitando deslizes de
substancia quente que desfavorece a segurança do idoso (BRASIL, 2009).
Por isso que na intervenção teve-se a preocupação em questionar aos idosos
como se alimentava e, a partir do que respondiam, eram construídos os conhecimentos
para que esses sujeitos tivessem mais condições de realizar suas refeições, levando
em consideração a realidade em que se inseriam.
FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SAÚDE
A experiência vivenciada através da disciplina SIESC III foi enriquecedora,
tanto no que concerne à contribuição da formação do profissional em saúde, como
também para construção e melhorias pessoais e espirituais, pelo fato de que ações
desenvolvidas com o intuito em trabalhar com os diversos contextos da sociedade
prepara os alunos para saber lidar com os diversos tipos de dificuldades que a
sociedade atual enfrenta, estando mais apto para trabalhar com as demandas,
valorizando a realidade dos indivíduos e assumindo o seu papel de agente
transformador dessa realidade.
Assim, conforme retrata Pinheiro et al. (2015), a disciplina
estimulou os alunos
à capacidade de analisar as situações de saúde, as principais doenças e quadros
prevalente naquela comunidade, dirigir e implementar atividades referentes de como
pode formular uma execução de uma ação em diminuir esses quadros, conhecer
os princípios e os conhecimentos adquiridos na própria sala de aula e aplica-las na
sociedade com intuito em promover saúde, sempre agindo em compromisso com a
ética e causas socais.
A importância de formar profissionais humanizados é retratada pela literatura,
quando se fala de um sistema que coopere para os mesmos, desde a restruturação
da matriz curricular dos profissionais, visando assim, um progresso empático com o
próximo, como retrata os autores:
Para que todo o sistema funcione de modo a considerar a diversidade de aspectos
envolvidos para que se garanta a atenção integral e humanizada à saúde,
todos os níveis e esferas de assistência e gestão e implementação das ações,
bem como a sociedade usuária dos serviços de saúde, devem estar atentos e
constantemente os envolvidos devem ser lembrados, cobrados e/ou solicitados
a atuar de forma a contemplar essa proposta de atuação, prestação de serviço e
trabalho no setor saúde, dependendo do ponto que se atua ou utiliza o serviço de
saúde (GOULART; CHIARI, 2010, p. 258).
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Essas habilidades que foram adquiridas por meio dessa intervenção são de
extrema valia para a formação no desenvolvimento e despertar do olhar humanizado
e integral em relação à população escolhida, que, a cada dia mais, sofre preconceito
e é excluída pela sociedade.
Figura 04 – Demonstra a conscientização dos alimentos com a quantidades de sal, açúcar
e gordura e a felicidade do discente em saber que estão promovendo saúde por meio da
alimentação saudável, Mossoró-RN, 2019
Fonte: autoria própria (2019).
Portanto, os discentes diante dessa disciplina obtiveram uma visualização
mais ampla acerca dos cuidados preventivos e integrais. As atividades propostas
diante da educação em saúde possibilitaram com que pudessem ouvir as principais
reclamações diante o momento, de como uma má alimentação afetou suas vidas
acerca do desenvolvimento da resistência à insulina, aterosclerose, hipertensão e
dentre outras. Contudo eles puderam desfrutar da escuta qualificada que é muito
discutida no ramo da saúde.
Ademais, a educação em saúde está muito além do que atender simplesmente a
população sob risco de saúde ou que já se encontra doente e necessita de orientações
sobre como se tratar; pelo contrário a essência da educação em saúde refere-se
aos cuidados integrais, preventivos envolvendo uma série de complexidade. Como
Machado et al. (2007, p. 339) discorrem:
Dessa forma, o conceito de educação em saúde está ancorado no conceito de
promoção da saúde, que trata de processos que abrangem a participação de
toda a população no contexto de sua vida cotidiana e não apenas das pessoas
sob risco de adoecer. Essa noção está baseada em um conceito de saúde,
considerado como um estado positivo e dinâmico de busca de bem-estar, que
integra os aspectos físicos e mentais (ausência de doença), ambiental, pessoal
e social. Uma educação em saúde nos moldes da integralidade inclui políticas
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
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públicas, ambientes apropriados para além dos tratamentos clínicos e curativos,
comprometidas com o desenvolvimento da solidariedade e da cidadania,
envolvidas na melhoria da qualidade de vida e na promoção do homem. Portanto,
os profissionais de saúde despertaram interesse crescente pela ampliação do
foco dos resultados terapêuticos e de cuidados em saúde, para além do estado
físico, elegendo a qualidade de vida como um construtor que engloba estados
subjetivos de satisfação das pessoas em seu viver diário. Esta atitude incorpora
o princípio da integralidade como uma dimensão do cuidar (MACHADO et al.,
2007, p. 339).
Portanto, destaca-se que a educação em saúde, é adotada por muitos
profissionais de saúde como estratégia de promoção da saúde, com um processo de
orientação, prevenção, conscientização individual ou coletivamente com uma equipe
multiprofissional. E foi possível perceber essa perspectiva nessa disciplina, muitos
trabalham em conjunto com seu grupo, mas ao mesmo tempo individualmente,
promovendo assim a responsabilidade nos cuidados integrais em saúde daqueles
sujeitos, participantes da ação.
A partir deste enfoque, eleger novos métodos inovadores e didáticos, se possível
lúdicos também, que dirigem a uma transformação dos indivíduos inseridos nos
diferentes contextos da sociedade, amplia no aluno a sua capacidade e compreensão
do tamanho da complexidade dos determinantes sociais em saúde e de ser saudável
por meio da alimentação e nutrição.
Por fim, permitiu também, o respeito com a população que é alvo de preconceito
constantemente por conta que não querem cuidar de pessoas que já não são
mais economicamente ativas, como se fossem meros “fardos” para a famílias, os
profissionais de saúde e à própria sociedade. Essa ação educativa foi, portanto, um
momento de sensibilização para os nutricionistas em formação, para que se sintam
mais preparados em saber lidar com os conflitos e grupos mais carentes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo relatou a experiência da disciplina de SIESC III, ministrada no
terceiro período do curso de Nutrição da FACENE/RN, a qual culminou na realização
de ação de educação em saúde realizada com a população idosa, em instituição
pública de assistência social, no município de Mossoró/RN.
Foi realizado, consoante citado anteriormente, uma semana bastante intensa
com um planejamento em promover qualidade de vida por meio da alimentação
saudável. Para tanto, de início, foi realizado, previamente, planejamento das
atividades a serem desenvolvidas, por parte dos alunos sob a orientação da
professora do referido componente curricular, nas dependências da própria IES.
Posteriormente, foi empreendida atividade de educação em saúde com os idosos,
na Casa da Nossa Gente, com orientação e sensibilização sobre o índice de sal,
açúcar e gordura em alimentos industrializados e como poderiam ser adotados
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
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outros hábitos de alimentação.
Sendo assim, por meio das orientações nutricionais que foram oferecidas e
apresentação dos alimentos que são ingeridos, os idosos souberam identificar que
uma das causas do desenvolvimento da sua doença, como: obesidade, diabetes
mellitus, aterosclerose, doenças cardiovasculares e hipertensão arterial sistêmica
ou de algum membro familiar, seria exatamente o grande consumo de alimentos
que contem alto teor de açúcar e sal, como: o refrigerante, suco em pó, mingau com
aveia, carne enlatada, entre outros.
A experiência de realização da atividade de educação em saúde, mediada pela
disciplina SIESC III, possibilitou aos alunos atender público que ainda é bastante
vulnerável e precisa de mais atenção, pois durante o envelhecimento necessita de
mais cuidados para repor diversos minerais e vitaminas para que eles se tornam
mais saudáveis, tendo qualidade de vida e bem-estar.
Assim, essa experiência favoreceu o crescimento profissional dos acadêmicos,
pois muitos ainda possuíam julgamentos, resistência, estigmas e preconceito em
trabalhar com a população geriátrica, sendo que através da ação, foi possível
visualizar que são pessoas afetuosas, observando tudo o que lhes é repassado,
sendo abertas ao diálogo, com bastantes saberes para compartilhar.
Argumenta-se que a promoção da qualidade de vida é amplamente discutida
com os estudantes de nutrição e, portanto, todo esse conhecimento adquirido na
faculdade, isto é, os saberes científicos podem dialogar com os saberes populares
influenciando para que os idosos possam, a partir das suas possibilidades, fazer
escolhas mais saudáveis para que não acarretasse o desenvolvimento de um agravo
ou distúrbio metabólicos. Desse modo, os idosos despertaram grande interesse em
possíveis áreas de atuação dos estudantes e de como os mesmos poderiam facilitar
a compreensão de forma mais clara e se possível lúdica, sempre incentivando a
escolher alimentos mais saudáveis, evitando alimentos industrializados.
Também é pertinente destacar que, ao realizar essa atividade de educação
em saúde, os estudantes puderam constatar a relevância desse tipo de prática
para a produção do cuidado em saúde e que se faz necessário se apropriar não só
dos conhecimentos específicos da Nutrição, bem como, com igual relevância, dos
saberes e das práticas pedagógicas para a o planejamento, execução e avaliação
de ação educativa, a qual possa subsidiar os indivíduos a cuidarem, com autonomia,
mais e melhor de si mesmos.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 7
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2019.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 7
79
CAPÍTULO 8
EFEITOS DO FENTANIL NA RIGIDEZ DA PAREDE
TORÁCICA
Maria Larissa de Oliveira
Centro Universitário Doutor Leão Sampaio,
UNILEÃO
Juazeiro do Norte – Ceará
Palloma Sobreira Barbosa Monteiro Penha
Centro Universitário Doutor Leão Sampaio,
UNILEÃO
Juazeiro do Norte – Ceará
Ana Nagylla Figueiredo Leite
Centro Universitário Doutor Leão Sampaio,
UNILEÃO
Juazeiro do Norte – Ceará
Terentia Batista Sá de Norões
Universidade Federal do Ceará, UFC
Fortaleza– Ceará
Este artigo objetiva identificar na literatura a
rigidez da parede torácica e o uso do fentanil.
Após os estudos feitos, foi possível concluir
que a rigidez da parede torácica foi relatada
em diversos casos em ambiente cirúrgico e em
pacientes internados na UTI, e o quadro clínico
observado da rigidez muscular é caracterizado
por assincronia ventilatória, hipercapnia e
insuficiência respiratória, e
na ventilação
mecânica (VM), o comportamento das variáveis
ventilatórias depende do modo ventilatório.
Todas as repercussões decorrem dos eventos
gerais que a droga tem no tronco cerebral.
PALAVRAS-CHAVE: Fentanil; Efeitos; Parede
Torácica; Rigidez.
EFFECTS OF FENTANIL IN THE RIGIDITY
RESUMO: O fentanil é um analgésico opióide
que possui ação potente e de curta duração no
sistema nervoso central, e é bastante utilizado
em associação com anestésicos em ambientes
cirúrgicos e na unidade de terapia intensiva
(UTI), apesar de induzir a efeitos adversos. Este
trabalho trata-se de uma revisão de literatura
nas bases de dados Scielo e Science direct,
utilizando os descritores Rigidez muscular/
Muscle Rigidity, Parede Torácica/Tocacica Wall
e Fentanil/Fentanyl, e selecionando os artigos
dos últimos cinco anos. Para isso foi aplicado
critérios de inclusão e exclusão que serão
mencionados durante o decorrer do trabalho.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
OF THE THORACIC WALL
ABSTRACT: Fentanyl is an opioid analgesic
that has potent and short-acting action on the
central nervous system, and is widely used in
association with anesthetics in surgical settings
and in the intensive care unit (ICU), despite
inducing adverse effects. This work deals with a
literature review in the Scielo and Science direct
databases, using the descriptors Muscle Rigidity
/ Muscle Rigidity, Thoracic Wall / Tocacica Wall
and Fentanyl / Fentanyl, selecting articles
from the last five years. For that, inclusion and
exclusion criteria were applied, and will be
Capítulo 8
80
mentioned during the course of the work. This article aims to identify, in the literature, the
chest wall stiffness and the use of fentanyl. After the studies, it was possible to conclude
that chest wall stiffness was reported in several cases in the surgical environment and
in ICU patients, and the observed clinical condition of muscular rigidity is characterized
by ventilatory asynchrony, hypercapnia and respiratory failure, and in the mechanical
ventilation (MV), the behavior of ventilatory variables depends on the ventilatory mode.
All the repercussions arise from the general events that the drug has in the brainstem.
KEYWORDS: Fentanyl; Effects; Thoracic wall; Rigidity.
1 | INTRODUÇÃO
O Fentanil é um analgésico opioide de ação potente e curta duração que atua
como agonista em receptores opioides µ no sistema nervoso central, inibindo o
trajeto do impulso doloroso. É bastante usado em associação com anestésico em
ambientes cirúrgicos e em pacientes da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), apesar
de induzir intensa rigidez na parede torácica.
2 | OBJETIVO
O estudo tem como objetivo analisar na literatura a relação entre rigidez na
parede torácica e o uso do Fentanil.
3 | METODOLOGIA
O presente trabalho trata-se de uma revisão de literatura nas bases de dados
Scielo e ScienceDirect, utilizando os descritores: Rigidez muscular/Muscle Rigidity,
Parede Torácica/Tocacica Wall e Fentanil/Fentanyl, utilizando as línguas portuguesa
e inglesa para obtenção de melhores resultados, selecionando artigos dos últimos
5 anos. Os critérios de inclusão foram artigos completos no tema do estudo, já os
critérios de exclusão foram artigos de revisão e que não atendessem ao tempo
estabelecido de 5 anos de publicação. Foram encontrados 8 artigos, dos quais,
após aplicação dos critérios, apenas 5 foram possíveis de análise e construção do
trabalho.
4 | RESULTADOS
Após estudo criterioso dos artigos, notou-se que a rigidez da parede torácica foi
relatada em diversos casos em ambiente cirúrgico, especialmente quando o Fentanil
foi administrado em altas doses na indução da analgesia, havendo também relatos da
sua ocorrência em pacientes internados na UTI e que recebiam infusão continua em
baixas doses. O quadro clínico da rigidez muscular é caracterizado por assincronia
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 8
81
ventilatória, hipercapnia e insuficiência respiratória. Na ventilação mecânica (VM), o
comportamento das variáveis ventilatórias depende do modo ventilatório: Ventilação
assistido controlado por pressão (PCV), no qual há tolerância de redução do volume
corrente, e ventilação com controle de volume (VCV), no qual ocorre aumento das
pressões de pico e platô (ROAM JP “et al”, MALIK I “et al” e ÇORUH “et al”).
5 | CONCLUSÃO
Dessa forma pode-se concluir que estes eventos decorrem dos efeitos gerais
que a droga tem no tronco cerebral, acarretando interferência em todo sistema
respiratório e a paralisia dos músculos da caixa torácica. (ROAM JP “et al”, MALIK I
“et al” e ÇORUH “et al”).
REFERÊNCIAS
ROAN, Jeffrey P. et al. Opioids and Chest Wall Rigidity During Mechanical Ventilation. Annals Of
Internal Medicine, [s.l.], v. 168, n. 9, p.678-679, 9 jan. 2018. American College of Physicians. http://
dx.doi.org/10.7326/l17-0612. Disponível em: <https://annals.org>. Acesso em: 16 jul. 2019.
MALIK, Imrana et al. Fentanyl-Induced Chest Wall Rigidity in the Intensive Care Unit. Journal
Of Clinical Anesthesia And Pain Medicine. Texas, p. 1-4. 06 jan. 2018. Disponível em: <http://
scientonline.org/journals/clinical-anesthesia-pain-medicine/32>. Acesso em: 16 jul. 2019.
ÇORUH, Başak; TONELLI, Mark R.; PARK, David R.. Fentanyl-Induced Chest Wall Rigidity. Chest,
[s.l.], v. 143, n. 4, p.1145-1146, abr. 2013. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1378/chest.12-2131.
Disponível em: <https://journal.chestnet.org/>. Acesso em: 16 jul. 2019.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 8
82
CAPÍTULO 9
ESTUDO RETROSPECTIVO DA INFECÇÃO POR
Toxoplasma gondii EM PACIENTES ONCOLÓGICOS
EM TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO
Patricia Riddell Millar
Universidade Federal Fluminense, Instituto
Biomédico/Departamento de Microbiologia e
Parasitologia, Niterói, RJ.
Raíssa Oliveira de Almeida
Universidade Federal Fluminense, Aluna do curso
de Medicina, Niterói, RJ.
Maria Regina Reis Amendoeira
Instituto Oswaldo Cruz/Fiocruz, Laboratório de
Toxoplasmose e outras Protozooses, Rio de
Janeiro, RJ.
RESUMO: A toxoplasmose é uma zoonose
causada pelo protozoário Toxoplasma gondii.
Diante da elevada prevalência da infecção
por T. gondii no Brasil e pela possibilidade
deste parasito produzir infecções oportunistas
muitas são as pesquisas correlacionando a
toxoplasmose nesses indivíduos. No entanto,
nos portadores de neoplasias poucos estudos
são descritos. Sendo assim, como esta
pesquisa propõe-se a realização de um estudo
transversal descritivo e retrospectivo, com
base na revisão de prontuário dos pacientes
oncológicos, que passaram por tratamento
quimioterápico em um hospital da rede
pública de saúde em Niterói/RJ. Buscou-se
a ocorrência de casos de toxoplasmose em
indivíduos com sorologia positiva durante o
tratamento oncológico. Do total de pacientes
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
atendidos, foram selecionados os que haviam
sido submetidos à sorologia para toxoplasmose,
obtendo-se um total de 85 pacientes. Dentre
estes, apenas 40 tiveram o diagnóstico de
câncer confirmado. Apesar de informados
acerca da realização do exame sorológico
para T.gondii no sistema de informática, 18
pacientes não possuíam em seus prontuários
tal exame, restando 22 pacientes com sorologia
contabilizada. Anticorpos IgG para T.gondii
foram encontrados em 40,9% (9/22) dos
pacientes. Com relação aos anticorpos IgM, não
foram encontradas amostras sororeagentes.
Não há registro de sintomatologia relacionada
à infecção toxoplásmica em nenhum desses
pacientes. A frequência da realização do exame
sorológico detectada neste estudo se mostrou
muito baixa. Infecções oportunistas, como a
causada pelo T.gondii, precisam ser levadas em
consideração, já que portadores de neoplasias
submetidos à terapia imunossupressora podem
sofrer reativação dessas infecções, sendo o
diagnóstico precoce de grande importância
evitando consequências graves e até mesmo
fatais.
PALAVRAS-CHAVE:
Toxoplasma
gondii,
câncer, prontuários, pacientes.
RETROSPECTIVE STUDY OF Toxoplasma
gondii INFECTION IN CANCER PATIENTS
Capítulo 9
83
UNDERGOING CHEMOTHERAPY
ABSTRACT: Toxoplasmosis is a zoonosis caused by the protozoan Toxoplasma gondii.
Given the high prevalence of T. gondii infection in Brazil and the odds that it causes
opportunistic infections, many studies have already correlated toxoplasmosis in these
individuals. However, there are only a few studies in patients with cancer. Thus, this
research proposes to carry out a descriptive and retrospective cross-sectional study,
based on the review of the medical records of cancer patients who have underwent
chemotherapy treatment in a public health hospital in Niterói/RJ. We have searched for
cases of toxoplasmosis in individuals with positive serology during cancer treatment.
Among all patients attended, we have selected those who had been submitted
to toxoplasmosis serology, 85 in total. Only 40 patients out of 85 had a confirmed
cancer diagnosis. Despite the fact that they were informed of the serological exam
for T.gondii in the computer system, 18 patients had no results of such exam on their
medical records. Therefore, there were only 22 patients left with their serology took into
account. IgG antibodies to T.gondii were found in 40.9% (9/22) of patients. Regarding
IgM antibodies, no seroreactive samples were found. There was no recorded symptom
related to toxoplasmic infection in any of these patients. The frequency of serological
examination detected in this study was very low. The opportunistic infections, such
as those caused by T.gondii, must always be taken into account, since patients with
neoplasms and undergoing immunosuppressive therapy may suffer reactivation. Thus,
early diagnosis of the infection is extremely important and also avoids serious and even
fatal consequences.
KEYWORDS: Toxoplasma gondii, cancer, medical records, patients.
1 | INTRODUÇÃO
A toxoplasmose é uma zoonose de distribuição mundial que acomete o
homem e outros animais de sangue quente (mamíferos e aves). A infecção por
Toxoplasma gondii pode se disseminar entre os hospedeiros por meio dos mais
variados mecanismos de transmissão, tais como: a ingestão de oocistos eliminados
junto com as fezes de felídeos (hospedeiros definitivos), que se espalham pelo
ambiente, contaminando água, solo e alimentos (Ruiz e Frenkel, 1977); a ingestão
de cistos em tecidos e órgãos de animais infectados (Jacobs e Melton, 1957) e
por via transplacentária na transmissão congênita (Desmontes e Couvreur, 1974).
Além destes, pela ação de hospedeiros transportadores, como moscas e baratas,
ou alimentos por eles contaminados e por transfusão sanguínea (Amendoeira, 1995;
Camargo, 1995).
Considerado um parasito oportunista, estima-se que 8–22% das pessoas nos
EUA estejam infectadas pelo T.gondii, e prevalência semelhante ocorra no Reino
Unido (Dubey 2002; Dubey e Jones 2008; Aguirre et al., 2019). Na América Central,
América do Sul e Europa continental, as estimativas de infecção variam de 30 a 90%
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 9
84
(Dubey e Jones 2008; Dubey 2010; Minbaeva et al., 2013; Aguirre et al., 2019). Em
indivíduos saudáveis, a infecção é geralmente assintomática, mas pode ser fatal
nos imunocomprometidos, como portadores do vírus da Imunodeficiência Adquirida
(HIV), pacientes oncológicos e receptores de órgãos transplantados (Da Cunha et
al., 1994; Pott e Castelo, 2013; Agrawal et al., 2014; Lu et al., 2015; Abdel-Malek et
al., 2018 ). A toxoplasmose em indivíduos imunossuprimidos pode ser resultado da
reativação de uma infecção latente, promovendo a liberação de bradizoítos de cistos,
especialmente no encéfalo, órgão-alvo, devido ao neurotropismo do parasito ou de
uma infecção recente, resultando em doença aguda, com intensa multiplicação de
taquizoítos. Os sinais neurológicos, incluindo cefaleia, desorientação, sonolência,
hemiparesia, alterações reflexas e convulsões são os mais comuns (RobertGangneux e Darde, 2012), no entanto, pneumonia, retinocoroidite, e outras doenças
sistêmicas disseminadas também podem estar presentes, embora não sejam tão
comuns como a encefalite (Machala et al., 2015).
O câncer é uma das principais causas de óbitos no mundo e tem sido um grande
desafio para a saúde coletiva, ocupando o primeiro lugar entre todas as causas de
morte em muitas áreas urbanas, e o segundo em áreas rurais (Wei Cong et al., 2015).
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a estimativa mundial mostra que,
em 2012, ocorreram 14,1 milhões de casos novos de câncer e 8,2 milhões de óbitos.
Houve um discreto predomínio do sexo masculino tanto na incidência (53%) quanto
na mortalidade (57%). Enquanto, nos países desenvolvidos, predominam os tipos
de câncer associados à urbanização e ao desenvolvimento (pulmão, próstata, mama
feminina, cólon e reto), nos países de baixo e médio desenvolvimento, ainda é alta
a ocorrência de tipos de câncer associados a infecções (colo do útero, estômago,
esôfago, fígado). No Brasil, ainda segundo o INCA, no biênio 2018-2019, estima-se
a ocorrência de 600 mil casos novos de câncer, para cada ano. O desenvolvimento
de novas drogas imunossupressoras extensivamente utilizadas em pacientes com
neoplasias tem levado à reativação de doenças crônicas nesses pacientes, que, por
sua vez, estão predispostos a desenvolver uma infecção oportunista (Brasil, 2018).
De acordo com evidências clínicas e epidemiológicas, muitos relatos destacaram
uma possível associação entre infecção por T. gondii e câncer (Ahmed, 2012;
Cannon et al., 2012; Thomas et al., 2012; Abdel-Malek et al., 2018). Portadores
de neoplasias malignas são mais propensos a desenvolverem a toxoplasmose em
virtude da imunossupressão causada pelo tratamento realizado, como a radiação
e a quimioterapia, que poderiam levar a uma série de efeitos colaterais e resultar
em um estado de comprometimento imunológico. Como consequência da terapia, o
paciente pode apresentar uma resposta de anticorpos diminuída, imunidade celular
prejudicada, leucopenia, neutropenia, que pode constribuir para tornar este paciente
mais exposto à infecção por T. gondii (Imam et al., 2017)
Em indivíduos imunocompetentes, a infecção geralmente é autolimitada, pois um
controle imunológico eficiente limita a disseminação do estágio de taquizoítos, que se
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 9
85
multiplicam rapidamente e levam à infecção crônica onde os parasitos permanecem
viáveis em cistos teciduais durante toda a sua vida (Montoya e Liesenfeld, 2004). O
controle e a manutenção destes cistos teciduais são feitos pelo sistema imune do
hospedeiro, por meio da imunidade humoral, de anticorpos, e da imunidade celular
por macrófagos e linfócitos T (Shaw et al., 2009; Sroka et al.,2010; Daryani et al.,
2014).
A maioria dos dados publicados sobre a prevalência da infecção por T. gondii
no mundo, incluindo o Brasil, são sobre as mulheres em idade fértil e/ou gestantes.
No entanto, apesar da toxoplasmose estar relacionada a várias manifestações
graves em imunocomprometidos, quando essa baixa imunidade decorre da doença
neoplásica subjacente, esses pacientes têm recebido pouca atenção. Mundialmente,
anticorpos anti-T. gondii (IgG + IgM) têm sido relatados em pacientes com diversas
doenças oncológicas como leucemias e câncer de pulmão e laringe (Lu et al., 2015;
Xu et al., 2018)
Assim, como resultado desta análise, espera-se contribuir para o esclarecimento
da comunidade científica e da população em geral acerca da ocorrência da
toxoplasmose em pacientes oncológicos atendidos em um hospital da rede pública
de saúde. Busca-se demonstrar também a importância do monitoramento constante
desta infecção visando à prevenção e ao tratamento precoce das infecções agudas
e reativadas, a fim de evitar consequências graves e até mesmo fatais nestes
pacientes.
2 | METODOLOGIA
Está sendo realizado um estudo transversal descritivo e retrospectivo, com
base na revisão de prontuários dos pacientes oncológicos, que passaram por
tratamento quimioterápico em um hospital da rede pública de saúde em Niterói/RJ
no período de janeiro de 2011 a dezembro de 2018, para verificação dos padrões
da prevalência da toxoplasmose nos pacientes que apresentaram sorologia positiva
durante o tratamento. Os prontuários foram selecionados por meio da busca de casos
de pacientes em tratamento oncológico com pedido de exame para diagnóstico da
infecção toxoplásmica no arquivo do ambulatório de Oncologia Clínica do Hospital
participante. Foram incluídos no estudo indivíduos de ambos os sexos, de todas as
etnias e idades e que apresentem em seus prontuários sorologia positiva no Ensaio
Imunoenzimático (ELISA) para Toxoplasma gondii. Foram excluídos os pacientes
que tinham diagnósticos negativo ou inconclusivo para a infecção toxoplásmica.
3 | ASPECTOS ÉTICOS
Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 9
86
Medicina da Universidade Federal Fluminense CEP_UFF em 17 de Dezembro de
2017, com o registro 71021173.0000.5243.
4 | RESULTADOS
Até o momento, foram selecionados pelo sistema de informática do Hospital
participante 7 018 pacientes, atendidos no setor no período de 2011 a 2018. Deste
grupo, 85 indivíduos haviam sido submetidos à sorologia para toxoplasmose. Dentre
estes, apenas 40 foram pacientes com diagnóstico de câncer confirmado. Dentre
as amostras de pacientes oncológicos analisadas, 52,5 % (21/40) eram do sexo
masculino e 47,5 % (19/40) eram do sexo feminino. A distribuição da idade variou
de um mínimo de 12 anos a um máximo de 82 anos, com idade média de 42,6 anos,
sendo que a maior prevalência foi encontrada na faixa etária de 33 a 50 anos. Embora,
a realização da sorologia para T. gondii constasse no Sistema de informática, 18 dos
40 pacientes não possuíam em seus prontuários tal exame, restando 22 pacientes
com sorologia contabilizada. Anticorpos IgG para T. gondii foram encontrados em
40,9% (9/22) dos pacientes. A concentração desses anticorpos variou de 35,29
UI/mL a 564 UI/mL, sendo 88,8 % pertencentes ao sexo feminino, com apenas
um representante masculino com sorologia positiva. Para anticorpos IgM, não
foi encontrada soropositividade em nenhum dos pacientes analisados. Dentre os
pacientes Toxoplasma sororreagentes, as neoplasias relatadas foram Mieloma
Múltiplo, Linfoma de Hodgkin, Linfoma de Burkitt e Leucemia Mieloide Aguda. Ao
correlacionar a soropositividade de anticorpos IgG com os tipos de neoplasias
estudadas, não foi possível observar uma diferença estatisticamente significativa.
Em relação ao tratamento contra o câncer ao qual os pacientes com sorologia
positiva para T. gondii foram submetidos, 13,6% não possuíam essa informação
documentada em seu prontuário, 77,2% foram submetidos à QT (quimioterapia) e
9,2 % à QT + RT (quimioterapia + radioterapia). Não houve registro de sintomatologia
relacionada à infecção em nenhum desses pacientes.
5 | DISCUSSÃO
Nosso estudo tentou demonstrar a prevalência da infecção por T. gondii em
pacientes oncológicos, mas até o presente momento, a frequência da realização
do exame sorológico detectada se mostrou extremamente baixa, podendo estar
relacionada a fatores diversos. Primeiro, segundo alguns autores, o clássico
diagnóstico sorológico realizado para detecção da infecção toxoplásmica, em
pacientes oncológicos, é muitas vezes inconclusivo. A resposta imune alterada os
tornaria incapazes de produzir títulos significativos de anti-T. gondii (Machala et al.,
2015). Este fator poderia estar desmotivando os médicos a solicitar a sorologia em
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 9
87
seus pacientes. Outros motivos que poderiam justificar os resultados observados
são: insuficiência de recursos financeiros, já sabidamente escassos no nosso sistema
público de saúde e o desconhecimento das equipes de saúde acerca da infecção pelo
T. gondii. Moura et al (2017) relataram em sua pesquisa que profissionais de saúde
revelaram muitos erros e dúvidas, principalmente sobre as formas de transmissão,
prevenção e diagnóstico da toxoplasmose. O desconhecimento somado ao desinteresse
são preocupantes, pois são estes profissionais que deveriam repassar informações
aos pacientes, evidenciando a pouca importância dada à prevenção primária da
toxoplasmose. Quando a sorologia era solicitada, isso ocorria principalmente em
pacientes com neoplasias hematológicas, dando destaque ao Linfoma de Hodgkin e,
principalmente, ao Mieloma Múltiplo, o que talvez possa ser explicado pelo fato de se
tratar de um câncer com comprometimento mais específico do sistema imunológico,
em especial da imunidade humoral, e que, consequentemente, poder cursar com a
agudização de uma infecção latente e repercussões mais graves, o que, porém, não
foi observado em nenhum dos pacientes analisados até o momento.
Indivíduos com câncer que são soronegativos para infecção pelo T. gondii
poderiam se beneficiar de conselhos sobre medidas de prevenção para evitar uma
soroconversão, como descreveram Touahri et al. (2002), que relataram o caso
de uma paciente de 67 anos, com história há três anos de Linfoma Folicular, que
começou a desenvolver sintomas neurológicos e febre. Foi realizada uma tomografia
computadorizada, evidenciando-se múltiplas lesões cerebrais hipodensas, sendo
positiva para anticorpos IgG anti T. gondii. Após dois dias, a paciente foi a óbito
e, por meio da necropsia, foi diagnosticada toxoplasmose cerebral. Segundo
os autores, a toxoplasmose em pacientes com neoplasias hematológicas com
presença de sintomas neurológicos deve ser considerada de extrema importância.
Alguns medicamentos quimioterápicos possuem uma excelente atividade contra a
doença neoplásica, porém podem estar relacionados com uma série de infecções
oportunistas. Mesmo com os avanços terapêuticos, as doenças infecciosas
continuam tendo um importante papel na evolução clínica de pacientes oncológicos.
No Brasil, Rossi et al (2010) relataram um caso de toxoplasmose primária em um
paciente de 53 anos, portador de Mieloma Múltiplo, após realizar transplante de
células-tronco hematopoiéticas. O paciente começou a apresentar febre, mialgia e
cefaleia, acusando sorologia positiva para IgM, IgG e IgA anti-T. gondii, evidenciado
por meio da soroconversão desses anticorpos.
Outro fator que deve ser considerado é que, muito embora a etiologia do
câncer seja extremamente complexa e variável, tem sido demonstrado que muitos
agentes infecciosos, tais como vírus, bactérias e parasitos, podem estar envolvidos
no seu processo de formação (Liu et al., 2019). O T. gondii, especificamente, tem
sido apontado como responsável pela progressão de doenças malignas, inibindo
apoptose e aumentando a motilidade de células dendríticas e macrófagos. Sabe-se
que, embora sejam mecanismos complexos, o aumento da motilidade celular é um
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 9
88
fator que pode influenciar na metástase e invasão.
Thomas et al (2012) relataram que o risco de câncer cerebral em humanos
aumenta em pacientes com infecção por T. gondii e sugere que este protozoário
deva ser investigado como um possível patógeno oncogênico. Vittecoq et al. (2012)
mostraram que as taxas de mortalidade correlacionaram-se positivamente com
a soroprevalência do T. gondii na população. Os autores também afirmam que
encontrar um elo entre este parasito e o câncer cerebral mudaria radicalmente a
forma como consideramos esta infecção parasitária e forneceria um meio de reduzir
o risco de câncer cerebral, particularmente em países onde a incidência deste tipo
de enfermidade e a prevalência da infecção toxoplásmica são ambos elevados.
6 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por fim, é preciso ter o conhecimento de que pacientes portadores de
neoplasias malignas, sejam eles soropositivos ou negativos para T. gondii, devem
ser monitorados. Estes pacientes, de forma geral, são mais susceptíveis à infecção
toxoplásmica, devido à imunossupressão causada tanto pela própria condição, como
pelo tratamento quimio/radioterápico realizado. Alternativas precisam ser pensadas,
já que pacientes com doenças imunossupressoras, bem como aqueles submetidos
à terapia imunossupressora, podem sofrer uma reativação ou adquirir mais
facilmente a infecção por T. gondii. O rastreamento por meio do acompanhamento
sorológico, ou mesmo o diagnóstico molecular, com sondas específicas, realizados
nesses pacientes poderia facilitar a detecção precoce de uma possível infecção e
otimizar o esquema de tratamento para esta parasitose em benefício do paciente,
evitando consequências graves e até mesmo fatais, principalmente em países
em desenvolvimento como o Brasil, onde as neoplasias estão em ascensão e as
infecções parasitárias são tão comuns.
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Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 9
91
CAPÍTULO 10
FATORES ASSOCIADOS À BAIXA ADESÃO AO
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DE PACIENTES
COM GLOMERULOPATIAS: REVISÃO INTEGRATIVA
Mônica de Oliveira Santos
IPTSP- Universidade Federal de Goiás – UFG –
Goiânia (GO) – Brasil.
Jordanna Mirelle Carvalho Pardinho
Universidade Federal de Goiás – UFG – Goiânia
(GO) – Brasil
Carla Afonso da Silva Bitencourt Braga
Universidade Federal de São Carlos - UFSCar –
São Carlos (SP) - Brasil
Edna Regina Silva Pereira
Universidade Federal de Goiás – UFG – Goiânia
(GO) – Brasil
Mônica Santiago Barbosa
IPTSP-Universidade Federal de Goiás – UFG –
Goiânia (GO) – Brasil
Aroldo Vieira de Moraes Filho
Faculdade Alfredo Nasser - Aparecida de Goiânia
(Goiás) - Brasil
artigos em inglês e português publicados
no período de 1996 a 2018. Resultados
e Discussão: Os resultados dos artigos
selecionados apontam para uma variedade de
fatores que podem estar associados à baixa
adesão medicamentosa, os quais são eventos
adversos à farmacoterapia, dificuldade de
acesso aos medicamentos, a própria doença e
a equipe hospitalar. Conclusão: A identificação
e a minimização desses fatores apoiado por
uma equipe multiprofissional é de grande
importância e pode contribuir significativamente
com a otimização do tratamento.
PALAVRAS-CHAVE:
Nefrose
lipoide;
Glomerulonefrite membranosa; Tratamento
farmacológico; Cooperação e adesão ao
tratamento.
FACTORS ASSOCIATED WITH LOW
RESUMO: Objetivo: Investigar os principais
fatores que podem influenciar a adesão
medicamentosa
de
pacientes
com
glomerulopatias, levando-os a desistir ou à aderir
de forma ineficiente ao tratamento. Métodos:
Foi realizada a busca da literatura nas seguintes
bases de dados: MEDLINE, PubMed, LILACS e
SCIELO com os descritores “glomerulopatias”;
“tratamento famacológico com glomerulopatias”,
“baixa adesão ao tratamento e glomerulopatias”
e correspondentes em inglês. Foram incluídos
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
ADHERENCE TO PHARMACOLOGICAL
TREATMENT OF PATIENTS WITH
GLOMERULOPATHIES: INTEGRATIVE
REVIEW
ABSTRACT: Objective: To investigate the main
factors that may influence the drug adherence
of patients with glomerulopathies, leading them
to give up or adhere inefficiently to treatment.
Methods: A search literature was performed
in following databases MEDLINE, PubMed,
Capítulo 10
92
LILACS e ScIELO with descriptors “glomerulopathies”; “famacologic treatment with
glomerulopathies” and “low adherence to treatment and glomerulopathies”. Articles in
English and Portuguese published in the period from 1996 to 2018, were included.
Results: The results of the selected articles point to a variety of factors that may be
associated with poor drug adherence, which are adverse events to pharmacotherapy,
difficulty in accessing medications, the disease itself, and the hospital staff. Conclusion:
The identification and minimization of these factors supported by a multiprofessional
team is of great importance and can contribute significantly to the optimization of the
treatment.
KEYWORDS: Nephrosis lipoid; Glomerulonephritis membranous; Drug Therapy;
Treatment adherence and compliance.
1 | INTRODUÇÃO
Glomerulopatias são doenças renais que acometem os glomérulos lesionandoos. Quando associadas a outras patologias recebem o nome de glomerulopatias
secundárias e os casos isolados são chamados de glomerulopatias primárias (Brasil,
2018). Essas doenças, necessitam de tratamento individualizado e reavaliações
constantes do tratamento, pois tanto a doença como o próprio tratamento podem
levar o paciente à perda da função renal. É necessário o acompanhamento médico
e muita cautela na escolha e na posologia medicamentosa a fim de evitar possíveis
complicações (Vieira, Kirstajn, Tardivo, 2005; Ohashi et al, 2019).
As glomerulopatias apresentam-se por um conjunto de sintomas chamado
síndrome nefrótica (SN), que se caracteriza, principalmente, por proteinúria, edema,
hipoproteinemia e dislipidemia (Veronese et al., 2010; Königshausen; Sellin, 2017).
Deste modo, o tratamento medicamentoso consiste no uso de imunossupressores,
sendo a prednisona o fármaco de primeira escolha. É recomendado o uso de
ciclosporina ou ciclofosfamida associados a baixas doses de corticoides por pacientes
que possuem resistência ao tratamento apresentando recidivas regulares da doença
e em outros casos que o uso de corticoides é limitado (Ohashi et al, 2019). Para
tratar o edema indica-se o uso de diuréticos, inibidores da enzima conversora da
angiotensina para controle da proteinúria e ainda, estatinas para o tratamento da
dislipidemia (Veronese et al., 2010; Brasil, 2019).
No entanto, a não adesão à farmacoterapia é um tema que tem gerado bastante
discussão e chamado atenção dos profissionais de saúde nos últimos anos, assim
como outros fatores que dizem respeito ao uso racional de medicamentos (Leite;
Vasconcelos, 2003; Brasil, 2015). Acredita-se que o sucesso da terapia depende
diretamente da adesão ao tratamento medicamentoso e que este, é crucial no
cuidado com a saúde e qualidade de vida dos pacientes(Kara, Caglar e Kilic, 2007;
Brasil, 2015).
De acordo com a literatura, a adesão ao tratamento para diversas doenças pode
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 10
93
ser influenciada por vários fatores e não há uma única variável que irá determinar o
grau de adesão. Acredita-se que esses fatores possam estar relacionados a aspectos
sociodemográficos, à patologia, ao tratamento, a relação dos prestadores de serviço
de saúde com o paciente e também ao próprio paciente(Vermeire et al., 2001; WHO,
2003; Brasil, 2015). Estudos realizados em diferentes doenças indicaram frequência
de não adesão variando de 0 a 100% dos casos, tendo como média 50% (WHO,
2003; Nieuwlaat et al., 2014; Wilhelmsen NC, Eriksson, 2018). Tais dados revelam
que a não adesão apresenta uma elevada taxa, o que pode proporcionar sérias
complicações para a vida do paciente, os quais também envolve aspectos sociais e
econômicas (Nieuwlaat et al., 2014; Wilhelmsen NC, Eriksson, 2018).
Dessa forma, levando em consideração os problemas que a falta de adesão
ao tratamento medicamentoso podem acarretar ao paciente e ao sistema de saúde,
este trabalho teve como objetivo investigar, por meio de uma busca na literatura,
os principais fatores que possam estar associados à baixa adesão ao tratamento
farmacoterapêutico de pacientes com Glomerulopatias.
2 | MÉTODOS
Foi realizada busca da literatura nas bases de dados eletrônicas como: Medical
Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), Public Medline\ National
Center for Biotechnology Information (PubMed\NCBI), Literatura Latino-Americana
e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Eletronic
Library Online (ScIELO). Foram incluídos artigos em língua portuguesa, espanhola e
inglesa publicados em qualquer período. Para a busca foram utilizados os seguintes
descritores “glomerulopatias”; “tratamento famacológico com glomerulopatias”,
“baixa adesão ao tratamento e glomerulopatias”, “Adesão e tratamento de doenças
crônicas” e correspondentes em inglês (“glomerulopathies”; “famacologic treatment
with glomerulopathies”, “low adherence to treatment and glomerulopathies”
“Adherence and treatment of chronic diseases”).
Para serem incluídos na revisão os artigos deveriam se referir à terapia
medicamentosa do tratamento farmacoterapêutico de pacientes com Glomerulopatias,
ou doença crônica similar incluindo a avaliação da adesão. Estudos de revisão, carta
ao leitor, editorias, dissertações e teses foram excluídos, bem como estudos que não
avaliaram a adesão ao tratamento farmacológico nesta doença e que verificaram
adesão ao tratamento farmacológico em outras doenças não similares.
Na primeira etapa da busca, fez-se um levantamento dos artigos encontrados
em cada base de dados. Em seguida, os títulos e resumos destes artigos foram lidos
visando verificar os artigos que não atendiam a todos os critérios de inclusão. A partir
desta primeira busca, os artigos pré-selecionados foram lidos na íntegra visando
identificar os artigos que estavam incluídos nos critérios de inclusão ou exclusão. O
processo de seleção, análise e leitura dos artigos foi conduzido aos pares e, caso
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 10
94
houvesse uma discordância, um terceiro autor participava da discussão. Dados
relevantes dos artigos selecionados foram extraídos e uma análise crítica dos artigos
foi realizada.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Trinta e sete artigos foram encontrados nas bases de dados pesquisadas.
Após a leitura e análise de conteúdo utilizamos vinte e nove artigos para compor
essa revisão integrativa, sendo que treze são exclusivamente relacionados a
glomerulopatias.
Sabe-se que a baixa adesão às terapias medicamentosas as torna ineficientes
(Tavares et al., 2013). Devido a isto, os profissionais de saúde têm dado grande
atenção ao cumprimento da farmacoterapia prescrita, pois a baixa adesão também
pode diminuir a qualidade de vida dos pacientes, além de afetar negativamente o
tratamento (Maldaner et al., 2008; Borges; Porto, 2014).
3.1 Principais causas da baixa adesão
- Eventos adversos à farmacoterapia
Acredita-se que um dos fatores que possa colaborar com a baixa adesão
ao tratamento farmacológico em pacientes portadores de glomerulopatias, esteja
associado ao aparecimento de eventos adversos. A prednisona/prednisolona,
medicamento de primeira escolha, pode trazer grandes vantagens à terapia, no
entanto, também pode proporcionar algumas desvantagens à saúde dos pacientes
(Ohashi et al., 2019). Isso porque os corticoesteroides são capazes de apresentar
manifestações simples que podem ser reversíveis, até reações mais graves. De
modo geral, algumas reações, se manifestam conforme a duração do tratamento.
Dessa forma, a utilização em longo prazo desses fármacos se torna prejudicial e
preocupante (Cardozo Pereira et al., 2007; Ohashi et al., 2019).
Dentre os eventos adversos mais frequentes devido ao uso de prednisolona/
prednisolona pode-se citar aumento de peso, vulnerabilidade da pele, susceptibilidade
a infecções, aumento da pressão sanguínea, aumento da glicemia e aumento dos
níveis de lipídios no sangue (Schijvens et al., 2019). Além disso, pode ocorrer também
insuficiência adrenal, síndrome de Cushing, miopatia, osteoporose, dificuldade
no crescimento, trombose, vasculite, alterações de comportamento, sangramento
gastrointestinal, estrias violáceas, catarata, glaucoma, distúrbio no metabolismo de
sódio e potássio, e outros (Anti, Giorgi & Chahade, 2008).
Dessa forma, levando em consideração os inúmeros efeitos adversos que o
uso de corticosteróides podem proporcionar ao paciente, acredita-se que este, possa
apresentar como um obstáculo frente a adesão ao tratamento. Estudos mostram
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 10
95
a necessidade de estudar a farmacogenética para melhorar a individualização da
terapia com glicocorticoides (Schijvens et al., 2019).
- Dificuldade de acesso aos medicamentos
Outro fator que pode ser decisivo na adesão ao tratamento de qualquer doença
é a facilidade ou não no acesso aos medicamentos (Leite &Vasconcellos, 2003;
Tavares et al., 2016). Pesquisas demonstram que o gasto mensal com remédios dos
pacientes aderentes é mais alto do que o gasto dos pacientes não aderentes, o que
corrobora com a ideia de que o alto custo dos fármacos tem relação direta com o
insucesso da terapêutica (Tavares et al., 2013; Tavares et al., 2016).
O tratamento com prednisona/prednisolona é mais conveniente do ponto de
vista financeiro em relação a outros fármacos, devido seu custo mais acessível.
No entanto, nos casos em que a terapia com os corticoides é limitada, o esquema
terapêutico é modificado e adota-se outros fármacos, como por exemplo; ciclosporina
ou ciclofosfamida e, ainda, o micofenolato, caso o tratamento com os inibidores de
calcineurina não seja tolerado (Echeverri et al., 2013)
Outro fármaco que vem sendo bastante estudado é o rituximabe, anticorpo
monoclonal capaz de induzir uma depleção de células B. Seu uso pode colaborar
significativamente com a terapia, possibilitando um manejo mais amplo da patologia
e diminuindo o uso de imunossupressoras e corticosteroides (Couser, 2016). No
entanto, esse medicamento possui registro na ANVISA, faz parte da Relação Nacional
de Medicamentos Essenciais – RENAME e é disponibilizado pelo Sistema Único de
Saúde - SUS, por meio do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica
– CEAF, para o tratamento da Artrite Reumatóide, mas não para o tratamento de
glomerulopatias. Portanto, até que estudos assegurem o uso desse medicamento
para glomerulopatias o paciente não o conseguirá para essa finalidade no SUS e
sendo um medicamento de alto custo é inviável seu uso pelos pacientes.
- Características da própria doença
Estudos evidenciam que a própria doença também pode estar associada ao
grau de adesão ao tratamento, ou seja, a percepção do paciente sobre seu estado
de saúde e doença (Teixeira, Paiva & Shimma, 2000; Tavares et al., 2016).
Em doenças graves observa-se uma maior adesão ao tratamento por parte dos
pacientes (Leite &Vasconcellos, 2003). As glomerulopatias podem, às vezes, não
apresentar sintomas (Rychlíket al., 2004; Costa et al., 2017) e, o não aparecimento
de sintomas, pode ser um fator contribuinte com a não adesão à farmacoterapia,
como já descrito na Aids (Teixeira, Paiva & Shimma, 2000) e Tuberculose (Beraldo
et al., 2017).
Desse modo, a idéia de diminuição dos sintomas, ou até mesmo a ausência,
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 10
96
pode influenciar as atitudes do paciente em relação aos medicamentos, provocando
a escolha de abandonar o tratamento, pela idéia que não precisa mais continuar o
mesmo (Maldaner et al., 2008; Costa et al., 2017).
- Equipe hospitalar
Outro fator que pode ser determinante na adesão ao tratamento é a confiança que
o paciente tem nos profissionais de saúde. Estudos evidenciam que a maneira como
a equipe atua, como por exemplo, a linguagem acessível, atendimento respeitoso
e receptivo são fatores citados na literatura que podem facilitar a segurança do
paciente na equipe e, dessa forma, contribuir com o cumprimento da terapia (Leite,
2000; Maldaner et al., 2008).
Considera-se a adesão ao tratamento um comportamento que depende de
diversos fatores, embasado na cooperação entre profissional e paciente, o qual
se mantém certo vínculo que facilita o diálogo entre eles (Silveira & Ribeiro, 2005;
LUSTOSA, ALCAIRES e COSTA, 2011).
É indispensável oferecer ao paciente um suporte psicológico durante todo o
tratamento (Thomas & Alchieri, 2005; LUSTOSA, ALCAIRES e COSTA, 2011), que
pode ser ofertado não apenas por psicólogos, mas por toda a equipe de saúde
(Maldaner et al., 2008).
A equipe multiprofissional pode ser integrada por diversos profissionais,
como: médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, nutricionistas,
psicólogos, assistentes sociais, professores de educação física, fisioterapeutas,
musicoterapeutas e farmacêuticos. Estes, dentro de suas especialidades agem em
conjunto a fim de colaborar com o paciente oferecendo-lhe um suporte e motivação que
contribuirá com a otimização do tratamento. Sabe-se que atuação multiprofissional é
indispenssável nos cuidados com a saúde e que aos poucos vem ganhando espaço
incorporação nas unidades.
Neste contexto, o papel do farmacêutico é fundamental no que se refere
à assistência voltada ao paciente em uso de medicamentos. Este, pode
contribuir significativamente no planejamento, orientação e acompanhamento da
farmacoterapia, meio da prevenção, detecção e resolução dos problemas relacionado
a medicamentos, melhorando a qualidade de vida dos pacientes (Pereira e Freitas,
2008).
4 | CONCLUSÃO
Pela observação dos aspectos analisados, estima-se que a adesão ao tratamento
farmacoterapêutico de pacientes com glomerulopatias é um comportamento que
pode ser influenciado por diversos fatores. Acredita-se que aspectos como eventos
adversos, acesso aos medicamentos, elementos relacionados à própria doença e à
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 10
97
equipe pode ter associação direta com a tomada de decisão do paciente referente
à farmacoterapia. Destaca-se ainda a importância da equipe multiprofissional nos
cuidados com a saúde, com ênfase na atuação do profissional farmacêutico no
acompanhamento farmacoterapêutico desses pacientes.
Todavia, para a confirmação e melhor esclarecimento desses pressupostos, são
necessárias pesquisas complementares, visto a escassez de estudos que avaliam a
adesão medicamentosa em pacientes portadores de glomerulopatias.
CONFLITOS DE INTERESSE
Os autores não relatam conflitos de interesses.
FONTES DE FINANCIAMENTO
Esta pesquisa não recebeu apoio financeiro.
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Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 10
99
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Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 10
100
CAPÍTULO 11
IMPACTO DO USO DE AGENTES ANTIOXIDANTES
PARA O REPARO TECIDUAL
Vithória Régia Teixeira Rodrigues
Universidade Regional do Cariri – URCA, Crato CE.
Emanuel Messias Silva Feitosa
Universidade Regional do Cariri – URCA, Crato CE.
Cosmo Alexandro da Silva de Aguiar
Universidade Regional do Cariri – URCA, Crato CE.
Vitória Alves de Moura
Universidade Regional do Cariri – URCA, Crato CE.
Ana Luiza Rodrigues Santos
Universidade Regional do Cariri – URCA, Crato CE.
Josivaldo Macêdo Silva
Universidade Regional do Cariri – URCA, Crato CE.
Luis Rafael Leite Sampaio
Universidade Regional do Cariri – URCA, Crato CE.
RESUMO: O organismo humano, em seus
processos orgânicos e fisiológicos, produz
radicais livres, que exercem função de
carregadores de elétrons em diversas reações
bioquímicas no organismo. Entretanto, quando
produzidos em excesso podem provocar danos
oxidativos ao organismo. Agentes antioxidantes
são defesas naturais ou sintéticas contra radicais
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
livres, eles possuem a capacidade de diminuir
o nível de estresse oxidativo. A cicatrização de
feridas é um processo natural do organismo,
após uma lesão um conjunto de eventos
bioquímicos é iniciado, com o objetivo de reparar
o dano tecidual. Este estudo objetivou identificar
na literatura as propriedades terapêuticas dos
agentes antioxidantes no reparo tecidual. Tratase de uma revisão integrativa da literatura a
busca foi realizada em março de 2018 nas bases
de dados SciELO e LILACS. Foram utilizados
os descritores em inglês e operador booleano
AND: antioxidant AND healing na SciELO,
encontrando 29 estudos, e agents antioxidant
AND wound healing na LILACS, encontrando
17 estudos, totalizando 46 estudos. Após a
aplicação dos critérios de inclusão e exclusão,
foram selecionados cinco manuscritos. As
substâncias evidenciadas nas investigações
foram: Extrato hidroalcoólico de Ziziphus jujuba,
Ácido elágico, Extrato etanólico da Sideroxylon
obtusifolium, Rhizophora mangle L., Própolis de
origem britânica, Própolis de origem brasileira,
Romã, Sangue de dragão e Sálvia. 100%
das substâncias apresentaram propriedades
antioxidantes no reparo tecidual. Desta forma,
concluiu-se que os agentes antioxidantes na
cicatrização de feridas agem na redução da
inflamação e estresse oxidativo, através dos
seus compostos e metabólitos secundários.
PALAVRAS-CHAVE: atividade antioxidante,
Capítulo 11
101
cicatrização, radicais livres.
IMPACT OF USE OF ANTIOXIDANT AGENTS FOR TISSUE REPAIR
ABSTRACT: The human organismo in their organic and physiological processes,
produces free radicals, which perform function of chargers electrons in various
biochemical reactions in the body. However, when produced in excess can cause
oxidative damage to the body. Antioxidant agents are own or synthetic defenses against
free radicals, they have the ability to decrease the level of oxidative stress. The healing
of wounds in a process own of the body, after na injury a set of biochemical events is
started, with the aim if repairing the tissue damage. This study aimed to identify in the
literature the therapeutic properties of antioxidant agentes in tissue repair. This in na
integrative review of the literature, the search was carried out in march 2018 in the
databases: SciELO e LILACS. Descriptors were used in English and Boolean operator
AND: antioxidant AND healing na SciELO at SciELO, finding 29 manuscript, e agents
antioxidant at wound healing na LILACS finding 17 manuscript, totalizing 46 manuscript.
After applying the inclusion and exclusion criteria,five manuscripts were selected. The
substances evidenced in the invesigations were: hydroalcoholic extract of Ziziphus
jujuba, ellagic acid, ethanolic extract of Sideroxylon obtusifolium, Rhizophora mangle
L., propolis of British origin, propolis of Brazilian origin, pomegranate, dragon’s blood
and sage. All of the substances presented antioxidant properties in the tissue repair.
Thus it was concluded that antioxidant agents in wound healing act in the reduction of
inflammation and oxidative stress, through its compounds and secondary metabolites.
KEYWORDS: antioxidant activity, healing, free radicals.
1 | INTRODUÇÃO
O organismo humano, em seus processos orgânicos e fisiológicos, produz
radicais livres, esses que exercem função de carregadores de elétrons em diversas
reações bioquímicas no organismo. Quando são produzidos em quantidades
apropriadas, os radicais livres exercem várias funções, dentre elas destacam-se a
fertilização do óvulo, geração de ATP, ativação de genes, participação em mecanismos
de defesa quando há infecção, entre outras. Entretanto, quando produzidos em
excesso pode provocar danos oxidativos ao organismo (BARBOSA et al, 2010).
Agentes antioxidantes são defesas naturais ou sintéticas contra radicais livres,
eles possuem a capacidade de diminuir o nível de estresse oxidativo, sendo assim,
são compostos que diminuem ou evitam a oxidação de determinadas substâncias
(PESSOA, 2014). Múltiplos mecanismos são utilizados como linhas de defesa contra
a ação das substâncias oxidantes, como a glutationa (GSH), um tripeptídeo com ação
graças ao seu grupo sulfidrila (SH), tido como a primeira linha de proteção, agindo
como cofator de enzimas no processo contra a ação oxidativa; o superóxido dismutase
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 11
102
(SOD), a mais notável enzima antioxidante de tecidos dos mamíferos, captura o
ânion superóxido e o converte para peróxido de hidrogênio e a glutationa peroxidase
degrada o peróxido de hidrogênio. Além destas, outros compostos possuem atividade
antioxidante, como a vitamina E, e o ácido ascórbico (VASCONCELOS, 2016).
A constante síntese de radicais livres propicia o desenvolvimento de mecanismos
antioxidantes, como uma forma de defesa. Este mecanismo visa a diminuição dos
radicais livres dentro da célula, controlando os danos que estes podem provocar. O
estresse oxidativo dá-se em detrimento do aumento dos níveis dos radicais livres
ou a redução da quantidade dos antioxidantes, culminando, assim, em estado de
desequilíbrio, este que pode levar a danos na molécula de DNA, resultando em
apoptose (BARBOSA et al, 2010; PESSOA, 2014).
A cicatrização de feridas é um processo natural do organismo, após uma lesão
um conjunto de eventos bioquímicos é iniciado, com o objetivo de reparar o dano
tecidual. Tal processo é constituído naturalmente por fases, contanto que não haja
fatores que interfiram, o que poderia cronificar a cicatrização (AMORIM et al, 2017;
PESSOA, 2014).
Em condições adequadas para que a cicatrização ocorra normalmente, ela
é dividida em três etapas, sendo a primeira fase a inflamatória, constituída por
hemostasia, formação de coágulo e recrutamento de macrófagos e neutrófilos.
A presença de grande infiltrado de células inflamatórias estimula a produção de
proteases que destroem as células restantes e produzem as espécies reativas de
oxigênio (EROs) (PESSOA, 2014).
Segundo Pessoa (2014), a segunda etapa, a proliferação de tecido de
granulação, ocorre do 3º-5º dia após a lesão, onde ocorre a diminuição do infiltrado
inflamatório, bem como das EROs, sendo caracterizada pela migração e proliferação
de células do endotélio e angiogênese, além de produção de matriz extracelular
(MEC) e fatores de crescimento, diferenciação de miofibroblastos para contração do
ferimento e ativação de metaloproteinases da MEC.
A fase de remodelação, última etapa da cicatrização, há atenuação da atividade
das metaloproteases, apoptose de células endoteliais, assim como de queratinócitos,
troca do colágeno do tipo III pelo tipo I e reepitelização (CAMPOS et al, 2007;
PESSOA, 2014).
Os fatores que podem interferir no processo de reparação tecidual, são fatores
como, o desequilíbrio entre os radicais livres e os agentes antioxidantes, substâncias
estas com importante papel no combate desses radicais, favorecendo um melhor
processo de reparação tecidual.
Face ao exposto, a presente investigação teve por finalidade averiguar o papel
bioquímico dos agentes antioxidantes no reparo tecidual.
A importância desta pesquisa deve-se ao fato de que ao elucidar qual o impacto
exercido por agentes antioxidantes no processo de cicatrização de feridas, pode-se
identificar formas alternativas de tratar lesões. Este estudo objetivou identificar na
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 11
103
literatura as propriedades terapêuticas dos agentes antioxidantes no reparo tecidual.
2 | METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura (ERCOLE et al, 2014), já que
a atual investigação visa condensar os resultados encontrados em estudos que
relatam o impacto dos agentes antioxidantes sobre o processo de cicatrização de
feridas, fornecendo conhecimento abrangente a respeito desta temática.
A seguinte pergunta norteador foi utilizada para guiar esta revisão: Quais as
propriedades terapêuticas dos agentes antioxidantes no reparo tecidual?
A busca foi realizada em março de 2018 nas bases de dados Scientific Electronic
Library Online (SciELO) e Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da
Saúde (LILACS).
Para realização da busca, foram utilizados os seguintes descritores no idioma
inglês, provenientes dos Descritores em Ciências da Saude (DeCS), e operador
booleano AND: antioxidant AND healing na SciELO, sendo encontrados 29 estudos,
e agents antioxidant AND wound healing na LILACS sendo encontrados 17 estudos,
totalizando 46 estudos. Foram utilizados como critérios de inclusão: artigos
disponíveis nas bases nos idiomas português, inglês ou espanhol nos últimos 5 anos
e como critérios de exclusão: estudos não disponíveis para download ou para leitura
na íntegra, estudos repetidos e revisões da literatura.
Dos quais foram excluídos 30 artigos pela leitura do título, 2 por critério de
repetição 3 pela leitura do resumo, 5 por critério de tempo e 1 revisão de literatura.
Após a aplicação dos critérios, foram selecionados cinco estudos.
3 | RESULTADOS
No quadro 1 os artigos foram organizados quanto a título, ano, delineamento e
nível de evidência. Desta forma, quanto ao ano de publicação encontra-se (1) artigo
publicado no ano de 2015, representando 20,00% da amostra e em 2016 foram
publicados (4) artigos 80,00%. Para o tipo de estudo, (5) 100,00% encontrados foram
estudos pré-clínicos. Com relação ao nível de evidência, obteve-se que (5) 100,00%
dos artigos foram estudos experimentais com nível de evidência 5.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 11
104
Ano de
Publicação
Delineamento
Metodológico
Nível de
Evidência
1
Effects of hydroalcoholic extract of
Ziziphus jujube on acetic acid induced
ulcerative colitis in male rat (Rattus
norvegicus)
2016
Estudo
experimental
5
2
Therapeutic effects of ellagic acid on
L-arginin ınduced acute pancreatitis
2016
3
Avaliação das atividades cicatrizante,
anti-inflamatória tópica e antioxidante
do extrato etanólico da Sideroxylon
obtusifolium (quixabeira)
Artigo
Título
4
Actividad biológica y caracterización
química de los extractos de las hojas y
corteza de Rhizophora mangle L.
5
FTIR analysis and quantification
of phenols and flavonoids of five
commerciallyn available plants extracts
used in wound healing
Estudo
experimental
5
2015
Estudo
experimental
5
2016
Estudo
experimental
5
2016
Estudo
experimental
5
Quadro 1- Distribuição dos artigos quanto ao título, ano de publicação, delineamento
metodológico e nível de evidência. Crato-CE, 2019.
No quadro 2, encontra-se a distribuição dos estudos quanto a substância e
o efeito terapêutico no reparo tecidual. Assim, as substâncias evidenciadas nas
investigações foram: Extrato hidroalcoólico de Ziziphus jujuba, Ácido elágico, Extrato
etanólico da Sideroxylon obtusifolium, Rhizophora mangle L., Própolis de origem
britânica, Própolis de origem brasileira, Romã, Sangue de dragão e Sálvia. Para
efeito terapêutico 100% das substâncias apresentaram propriedades antioxidantes.
Artigo
1
2
3
Substância
Efeito Terapêutico
Extrato hidroalcoólico de Ziziphus jujuba
Estimulou a atividade antioxidante da
enzima glutationa peroxidase.
Ácido elágico (AE)
Corrigiu o aumento das interleucinas IL-1β
e IL-6 pró-inflamatórias, e do TNF-alfa.
Extrato etanólico da Sideroxylon
obtusifolium
Diminuiu o infiltrado leucocitário.
4
Rhizophora mangle L.
Sequestro de radicais hidroxilas.
5
Própolis de origem britânica, Própolis de
origem brasileira, Romã, Sangue de dragão
e Sálvia
Eliminou radicais livres através do método
DPPH, usado para avaliar a capacidade
antioxidante de produtos naturais.
Quadro 2- Distribuição dos artigos quanto a substância e o efeito terapêutico. Crato-CE, 2019.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 11
105
4 | DISCUSSÃO
Segundo Tanideh et al (2016), o extrato hidroalcoólico de Ziziphus jujuba
contém vários compostos polifenólicos, como ácido gálico, catequinas, ácido
cafeico, ácido clorogênico, ácido cinâmico, cumarina e ácido coumarico (MAHAJAN;
CHOPDA, 2009; LIU; CHEN; YAO, 2007). A Ziziphus jujuba é planta nativa da China,
distribuída principalmente nas regiões tropicais e subtropicais da Ásia e América.
Tem sido comumente utilizada para fins medicinais como analéptica, paliativa e
béquica (YAN; GAO, 2002).
Z. Jujuba é uma planta importante na medicina tradicional chinesa e é
recomendada para o tratamento de algumas doenças, tais como tumores e doença
cardiovascular relacionada com a produção de espécies de radicais resultantes do
estresse oxidativo (ZHANG et al, 2010). Os seus compostos expressam efeitos
antiinflamatórios e antioxidantes bloqueando a via do ácido tearaquidônico e inibindo
a fosfolipase-1, a ciclooxigenase e a lipooxigenase, como também podem conferir
atividade antimicrobiana e também adstringente por se ligarem a proteínas e
polissacarídeos, formando uma camada protetora sobre a lesão e estimulando a sua
reepitelização (MAHAJAN; CHOPDA, 2009; RODRIGUES et al, 2017).
O uso desse extrato hidroalcoólico, resultou na aceleração do efeito cicatricial
no tecido colônico lesionado, estimulando a atividade da glutationa peroxidase
(TANIDEH et al., 2016). A glutationa é essencial na defesa das células contra o
estresse oxidativo, em organismo aeróbicos (JOSEPH et. al. 1997).
A glutationa peroxidase em sua atividade se caracteriza por redução do peróxido
hidrogênio (H2O2), e outros peróxidos orgânicos, sua ação é dependente da glutationa
reduzida (GSH), que faz parte do sistema de defesa antioxidante enzimático celular
(KURAHASHI et.al. 2015).
O ácido elágico (AE) é um antioxidante conhecido, derivado do ácido gálico
(AG). Ele é um composto de ocorrência natural, encontrado em muitas frutas
(morango, romã, framboesa) e sementes (mirtilo, nozes), e sua estrutura consiste
basicamente em dois grupos lactonas e quatro grupos hidroxilas, sendo que os
grupos hidroxila podem atuar no organismo, defendendo as células contra o dano
oxidativo (SILVA, 2016). Os componentes químicos do AE resultam em sua atividade
antioxidante. Os quatro grupos hidroxila são conhecidos por aumentar a proteção
oxidante e reduzir a peroxidação lipídica bem como proteger as células do dano
oxidativo agudo e crônico (YILMAZ et al, 2016).
No estudo de Yilmaz et al (2016), foi possivel concluir que o AE reduziu a
inflamação e o estresse oxidativo na pancreatite e causou melhorias acentuadas no
dano biológico decorrente dos processos inflamatórios e oxidativos, como também
pode atuar diretamente na indução de sistemas de sinalização antioxidante celular
(BOYUK et al, 2011).
Os efeitos cicatrizantes do AE sobre o processo inflamatório e oxidativo foram
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 11
106
confirmados por avaliações histopatológicas e bioquímicas do tecido pancreico,
onde o AE corrigiu o aumento das interleucinas IL-1β e IL-6, pró-inflamatórias e do
TNF-alfa (YILMAZ et al, 2016). A natureza antioxidante do ácido elágico, comprovouse na sua habilidade em sequestrar espécies reativas de oxigênio como o radical
hidroxila (OH), o dióxido de nitrogênio (NO2), o peroxinitrito é (ONOO-) e radical
peroxil, que são espécies reativas envolvidas no estresse oxidativo (PRYADARSINI,
2002).
Sideroxylon obtusifolium conhecida como quixabeira, é uma espécie da flora da
caatinga (PEDROSA et al, 2012). As folhas e principalmente as cascas são usadas
geralmente na forma de chás, na terapia popular para vários fins terapêuticos como
adstringente tônica, anti-inflamatória, tratamento de úlcera duodenal, gastrite, entre
outros (AQUINO et al, 2015).
Leite et. al. (2015), demonstrou a atividade anti-inflamatória da Sideroxylon
obtusifolium (quixabeira), mostrando que a S. obtusifolium apresenta atividade anti-
inflamatória sobre lesões de pele no modelo experimental em ratos, onde através da
sua administração tópica, houve uma diminuição do infiltrado leucocitário, mostrando
a ação antioxidante deste extrato obtido da sua entrecasca.
O estudo também mostrou que S. obtusifolium apresenta de fenóis, taninos,
flavonóis, flavanonóis, flavanonas, xantonas, esteroides, triterpenóides e heterosídeos
saponínicos. Sendo ela também capaz de realizar sequestro de radical livre, inibindo
danos ao DNA e a peroxidação lipídica (LEITE et. al. 2015; DESMARCHELIER et al.
1999).
Sugerindo que estas atividades antioxidantes desempenham um papel
importante na atividade anti-inflamatória sobre lesões de pele, diminuindo o infiltrado
leucocitário, após administração tópica (LEITE et. al. 2015).
Em Monterrico, uma pequena cidade da Guatemala, foram realizas investigações
farmacológicas a respeito das propriedades cicatrizantes da Rhizophoramangle
L., que é comumente conhecida como mangue-vermelho, membro da família
Rhizophoraceae, sendo nativa da região do mangue, possuindo características
adaptativas a este tipo de ambiente (MARROQUÍN; CRUZ, 2016; FERREIRA et al,
2011).
A Rhizophora L. é abundante em fenóis e possui ação anti-inflamatória,
hipoglicêmica, antioxidante e cicatrizante (FERREIRA et al, 2011).
No estudo de Marroquín e Cruz (2016) foi observado que a forte presença
de taninos, substâncias que protegem a planta do ataque de herbívoros, e de
flavanóides, fazem com que a planta apresente ações anti-sépticas, adstringentes,
hemostáticas, antioxidantes e cicatrizante.
Eles observaram que as propriedades antioxidantes da Rhizophoramangle L.,
têm um relacionamento com o processo de cura em modelo experimental de lesões
de ratos considerando uma diminuição no tamanho da ferida, sendo demonstrado
pela capacidade de sequestrar radicais hidroxilas e de diminuir o dano a oxidativo
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 11
107
em moléculas de DNA, ajudando a melhorar o processo inflamatório da cicatrização
(MARROQUÍN; CRUZ, 2016)
Oliveira et. al. (2016), analisaram as quantidades de fenóis e flavanóides de
cinco extratos de plantas encontradas comercialmente para o uso na cicatrização
de feridas: A Própolis de origem britânica, a de origem brasileira, romã, o sangue de
dragão e a sálvia.
O própolis (Propolis melífera) é uma substância composta por flavonoides e
substâncias fenólicas com propriedades de defesa da colmeia contra microrganismos,
além de possuir ação antiviral, antifúngica, antibacteriana e anti-inflamatória
(OLIVEIRA et al, 2016).
A romãzeira (Punica granatum), é uma planta da família Punicaceae, sendo
caracterizado como um arbusto de até 3 metros, com flores vermelho-alaranjadas e
frutos do tipo baga e globoides com inúmeras sementes envoltas por arilo róseo com
líquido açucarado. Possui 28% de taninos gálicos na casca e nos frutos, com menor
quantidade nas folhas, com as sementes tendo 7% de óleos essenciais, que contém
ácidos graxos, dentre os quais há o ácido púnico (DEGÁSPARI, DUTRA; 2011).
A romã além de ter uso no tratamento de feridas, também é utilizada em
inúmeras aldeias contra doenças geniturinárias (OLIVEIRA et al, 2016; DEGÁSPARI,
DUTRA, 2011).
Segundo Oliveira et al (2016), o Sangue de Dragão, cujo nome científico é
Crotton lechleri, é uma resina vermelha, usada no tratamento de feridas na medicina
popular, constituído por numerosos compostos, suas substâncias ativas são
flavonoides, fenóis e terpenos, sendo os primeiros compostos antioxidantes porque
agem como agentes redutores e cedem hidrogênio para os radicais livres.
A Salvia officinalis, conhecida como sálvia, chá-da-frança, salva-das-boticas,
possui inúmeras substâncias bioativas, os polifenois e ácidos cafeico, ursólico e
rosmarínico, que a faz ter uso no tratamento de ferimentos na medicina popular,
possuindo atividades antissépticas, antifúngicas e anti-inflamatórias (OLIVEIRA et
al, 2016; ROMAN JUNIOR et al, 2015).
Oliveira et. al. (2016) realizaram análises e comparação entre os extratos
citados anteriormente, obtendo como conclusão que tanto a presença dos fenóis e
dos flavonóides pode conferir a esses compostos características antioxidantes.
Eles utilizaram o DPPH que é um método usado para avaliar a capacidade
antioxidante de produtos naturais, onde o radical 1,1-difenil-2-picrilhidrazil (DPPH),
deve ser eliminado. Tanto o DPPH, como a presença de fenóis e flavonóides, foram os
métodos usados para avaliar a capacidade antioxidante dos compostos (OLIVEIRA
et al, 2016).
Face ao exposto, pode-se averiguar na literatura que os produtos naturais
que interferiram no processo de reparação tecidual com propriedades antioxidantes
foram: Extrato hidroalcoólico de Ziziphus jujuba, Ácido elágico, Extrato etanólico
da Sideroxylon obtusifolium, Rhizophora mangle L., Própolis de origem britânica,
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 11
108
Própolis de origem brasileira, Romã, Sangue de dragão e Sálvia.
Essas substâncias possuem metabolitos secundários, que lhes conferiram
essas propriedades terapêuticas, além de compostos fenólicos e flavonóides, esses
que têm conhecida atividade antioxidante, eles interagem com as espécies reativas
de oxigênio (ROS), que podem levar ao estresse oxidativo e danos aos tecidos,
situações essas que podem retardar o processo de cicatrização de feridas. Assim,
eles atuam estimulando e acelerando o processo de reparo tecidual através das suas
propriedades terapêuticas e na inibição da formação de radicais livres, e restrição de
sua atividade (OLIVEIRA et. AL. 2016; DUARTE-ALMEIDA et al., 2006)
5 | CONCLUSÃO
De acordo os estudo encontrados, foi possível concluir que os agentes
antioxidantes são eficazes no processo de reparo tecidual por apresentarem
compostos polifenólicos, fenólicos e flavonoides, estes que possuem atividade
antioxidantes e são responsáveis por expressarem efeitos anti-inflamatórios, agindo
nos fagócitos dos tecidos inflamados e na redução do estresse oxidativo.
Os agentes antioxidantes estão presentes em vários processos que afetam a
vida dos organismos, podendo, inclusive, serem adquiridos a partir da alimentação
ou produzidos pelo próprio organismo. A constituição desses agentes antioxidantes
são os mais variados, podendo sofrer a interferência da alimentação, da expressão
de genes e das condições ambientais.
Portanto, vários são os compostos que agem na cicatrização de feridas e
na redução da inflamação e do estresse oxidativo, através dos seus compostos
e metabólitos secundários, e diante dessa perspectiva, pode-se perceber que os
antioxidantes podem promover uma proteção contra esse prejuízo, sendo inclusive,
relevante, a necessidade de mais estudos sobre esses agentes, afim de identificar
os pontos positivos como também pontos negativos, para que os mesmos possam
ser implementados no tratamento dessas enfermidades.
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Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 11
111
CAPÍTULO 12
INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA ENTRE
ANTICONCEPCIONAIS ORAIS E ANTIBIÓTICOS: A
IMPORTÂNCIA DA ORIENTAÇÃO
Yolanda Gomes Duarte
Centro Universitário Dr. Leão Sampaio, Juazeiro
do Norte – CE
Natália dos Santos Almeida
Faculdade de Juazeiro do Norte, Juazeiro do
Norte – CE
Maria Eduarda Correia dos Santos
Centro Universitário Dr. Leão Sampaio, Juazeiro
do Norte – CE
Mayara De Alencar Amorim
Centro Universitário Dr. Leão Sampaio, Juazeiro
do Norte – CE
Alyce Brito Barros
Faculdade de Juazeiro do Norte, Juazeiro do
Norte – CE
José Leonardo Gomes Coelho
Faculdade de Juazeiro do Norte, Juazeiro do
Norte – CE
Renata Evaristo Rodrigues da Silva
Centro Universitário Dr. Leão Sampaio, Juazeiro
do Norte – CE.
RESUMO: Os anticoncepcionais orais são
esteroides que possuem como principal
função inibir a maturação dos óvulos e,
consequentemente, impedir a fecundação,
sendo o método reversível de maior aceitação.
Eles são compostos por progesterona e/ou
estrógeno que ao serem ingeridos mantém
uma concentração constante no organismo, e
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
dessa forma, inibem a liberação do hormônio
luteinizante e folículo estimulante. Esse bloqueio
hormonal pode ser minimizado pelo uso conjunto
com outros classes de fármacos, dentre eles, os
antibióticos, medicamentos bastante utilizados
no tratamento de infecções. Objetivou-se
avaliar a ação antagonista na associação
anticoncepcionais e antibióticos. Trata-se
de uma revisão integrativa da literatura com
busca nas seguintes bases de dados: Medical
Literature Analysis and Retrieval Sistem Online (MEDLINE/PUBMED), SciELO (Scientific
Electronic Library onLine) e periódicos capes,
que tivessem sido publicados nos últimos treze
anos (2005 - 2018), O estudo foi realizado em
março de 2019. Neste processo, utilizou-se o
operador booleano AND, na associação dos
seguintes descritores em DeCS: contraceptivos
orais, interação medicamentosa e antibióticos.
Observou-se que os antibióticos de amplo
espectro que possuem maior interação
farmacológica com os anticoncepcionais orais
são as: rifampicinas, penicilinas e tetraciclinas.
Foi possível constatar que a ação antagonista
dos antimicrobianos e contraceptivos orais
existe, e pode resultar em diminuição ou perda
da eficácia contraceptiva. Portanto, torna-se
necessário o utilização de outros métodos de
barreiras e o esclarecimento por parte dos
profissionais de saúde quanto aos riscos, com
a finalidade de evitar efeitos indesejáveis.
Capítulo 12
112
PALAVRAS-CHAVE: Contraceptivos orais, interação medicamentosa, antibióticos.
DRUG INTERACTION BETWEEN ORAL AND ANTIBIOTIC CONTRACEPTIVES:
THE IMPORTANCE OF ORIENTATION
ABSTRACT: Oral contraceptives are steroids that have the main function to inhibit the
maturation of the ovules and, consequently, prevent fertilization, being the reversible
method of greater acceptance. They are composed of progesterone and/or estrogen
that, when ingested, maintains a constant concentration in the organism, thus inhibiting
the release of luteinizing hormone and stimulating follicle. This hormonal blockade can
be interfered by the joint use of other drugs, among them, antibiotics, medications
widely used in the treatment of infections. The objective of this study was to evaluate
the antagonistic action in the Association of contraceptives and antibiotics. This is an
integrative literature review with search in the following databases: Medical Literature
Analysis and Retrieval Sistem On-line (MEDLINE/PUBMED), SciELO (Scientific
Electronic Library onLine) Capes journals that had been published In the last 5 years
(2014-2018), the study was conducted in March 2019. In this process, we used the
Boolean operator AND, in the association of the following descriptors in DeCS: oral
contraceptives, drug interaction and antibiotics; It was observed that broad-spectrum
antibiotics that have greater pharmacological interaction with oral contraceptives are:
Rifampicins, penicillins and tetracyclines. It was possible to observe that the antagonistic
action of antimicrobials and oral contraceptives exists, and may result in reduction
or loss of contraceptive efficacy. Therefore, it is necessary to use other methods of
barriers and the clarification by health professionals regarding the risks, in order to
avoid undesirable effects.
KEYWORDS: oral contraceptives, drug interaction, antibiotics.
INTRODUÇÃO
No início do século XX, a Teoria neomalthusiana começa a se desenvolver
tendo como base a teoria Malthusiana de que a população crescia em progressão
geométrica. Os neomalthusianos defendiam que se aceleração da taxa de natalidade
não fosse reduzida, os recursos naturais seriam esgotados. Contudo, inúmeros foram
os métodos utilizados para tentar reduzir essa taxa, dentre eles, retardo do casamento
e abstinência sexual. No decorrer da história outros conhecimentos relacionados a
fecundidade foram se desenvolvendo, principalmente com os avanços da medicina.
Em 1950, tecnologias reprodutivas foram criadas, entre elas a contracepção oral nos
Estudos Unidos da América (EUA) (AMADO; CARNIEL; RESTINI, 2011).
Os contraceptivos orais são esteroides que tem como principal função inibir a
maturação do óvulo e, consequentemente, impedir a fecundação, sendo o método
de controle da taxa de natalidade mais difundido na população feminina (SOUZA,
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 12
113
2015). Compostos por estrogênio e/ou progesterona, atuam por meio de um
feedback negativo, ou seja, com o aumento da concentração de tais hormônios,
a liberação do hormônio luteinizante e folículo estimulante necessários para que
ocorra a liberação e desenvolvimento do óvulo, é inibida pela hipófise, além de
agirem provocando alterações no endométrio, espessando a camada e dificultado
implantação (MINISTERIO DA SÁUDE, 2010).
A eficácia dos contraceptivos está interligada ao seu uso correto, isso implica
em dia apropriado e horário regular. No entanto, essa eficácia pode ser reduzida com
o uso concomitante de outros fármacos, dentre eles, os antibióticos, medicamentos
bastante utilizados no tratamento de infecções que podem ser de origem natural ou
sintética, e agem provocando a morte ou inibindo o crescimento bacteriano, sendo
respectivamente bactericida e bacteriostático (SOUZA, 2015). Essa interação é do
tipo farmacocinética, onde um fármaco atua diminuindo a biotransformação de outro,
neste caso, dos contraceptivos orais (SOUZA et al, 2005).
No entanto, a falta de conhecimento por parte da população ainda é muito
presente, e associado com as práticas frequentes de automedicação, podem gerar
graves consequências à saúde individual e coletiva da população. É fundamental
que os profissionais de saúde tenham um aprofundamento maior sobre as interações
medicamentosas, buscando ainda estratégias de conscientização para o público
leigo sobre a interação medicamentosa dos fármacos (DOMINGUES et al, 2017).
MÉTODO
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, seguindo as seis etapas:
elaboração da pergunta norteadora, descrição dos critérios de inclusão e exclusão
dos artigos, busca na base de dados, análise dos dados obtidos, discussão e
apresentação dos resultados (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).
A pergunta norteadora foi: Quais são as evidências apresentadas na literatura
sobre avaliar a ação antagonista na associação de anticoncepcionais e antibióticos?
Os critérios de inclusão dos artigos foram: estar disponível na íntegra de forma
completa e gratuita, estudos em português e inglês. Pela falta de estudos recentes,
foram utilizados os artigos encontrados nos últimos treze anos (2005-2018). Foram
excluídos artigos inconclusivos e/ou replicados.
O período de busca foi realizado durante o mês de março contemplando as
bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO) Medical Literature
Analysis and Retrieval System Online (MedLine), Periódicos capes, ministério da
saúde, Livro farmacologia ilustrada 5º edição.
Na definição dos descritores foi empregado o DeCS (Descritores em Ciências
da Saúde), um dicionário de indexação de termos criado pela Bireme. Foi executado
um cruzamento com o operador boleano AND com os descritores: contraceptivos
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 12
114
orais, interação medicamentosa, antibióticos. Após a identificação da amostra,
prosseguiu-se com a análise dos dados por meio da leitura dos artigos na íntegra e
posteriormente, a inclusão na amostra final.
RESULTADOS
Após o emprego dos descritores selecionados com o cruzamento do operador
boleano AND, foram encontrados 560 artigos. Os mesmo foram analisados, e 24
estudos contemplaram a amostra, sendo realizado a leitura na integra. Destes,
12 foram excluídos pois não faziam referência ao tema central, e 2 mostravam-se
repetidos, restando 10 artigos.
Figura 1: Fluxograma descrevendo as etapas de seleção, inclusão e exclusão dos trabalhos.
DISCUSSÃO
O uso cotidiano de anticoncepcionais orais tem como principal finalidade a
redução do risco de uma gestação indesejada e associa-se ao controle de natalidade.
Entretanto, essas drogas podem sofrer interações medicamentosas, “alteração na
magnitude ou duração da resposta farmacológica a uma droga devido à presença
de outra droga e/ou alimento” (AMADO; CARNIEL; RESTINI, 2011). A interação
entre dois fármacos pode então levar ao antagonismo, onde agem diminuindo ou
anulando o efeito do agonista, e também provocar o sinergismo, que por sua vez,
uma substância age potencializando o efeito de outra (CLARK et al, 2013).
Algumas drogas sofrem interações com os anticoncepcionais orais, dentre
eles, os anticonvulsivantes, barbitúricos e os antibióticos. Os anticoncepcionais
por sua vez ao serem ingeridos terão seus compostos absorvidos, distribuídos via
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 12
115
circulação, e levados até o fígado para serem metabolizadas. Posteriormente, os
metabólitos estrogênicos serão conduzidos até a vesícula biliar onde serão excretados
juntamente com a bile para o trato gastrointestinal. Parte desses metabólitos sofrerão
hidrólise e voltarão a sua forma ativa, podendo ser reabsorvido e aumentando a
biodisponibilidade do fármaco (MATOS et al, 2014).
Com o uso conjunto dos antibióticos, principalmente os de amplo espectro,
que agem em bactérias gram-positivas e negativas, pode ocorrer destruição da
flora bacteriana intestinal e provocar diarreia antibiótico-induzida, ocasionando uma
redução da hidrolise estrogênica e do tempo de contato com a superfície de absorção
(MATOS et al, 2014).
Outro mecanismo que pode ocorrer é a indução das enzimas citocromo P450
no fígado, que são enzimas responsáveis por oxidar as substâncias tornando-as
mais polares e hidrossolúveis, esse mecanismo por sua vez, acelera o metabolismo
dos contraceptivos. Com isso, a reabsorção diminuída e o metabolismo elevado,
favorece a depleção hormonal (AMADO; CARNIEL; RESTINI, 2011).
Em 1971, pesquisadores observaram a elevada incidência de sangramento
intermenstrual em mulheres que estavam em tratamento com o antibiótico Rifampicina
e que faziam uso concomitante de anticoncepcionais orais, esse sangramento
poderia ser indicativo para a falha do método (MATOS et al, 2014).
Denota-se que a rifampicina induz a degradação hepática dos contraceptivo
orais pelo aumento do metabolismo farmacocinético, sendo esse, o único mecanismo
comprovado cientificamente. Para os demais antibióticos, como as ampicilinas,
amoxicilinas e tetraciclinas, a redução da eficácia pode estar relacionada com a
diminuição da reabsorção dos compostos estrogênicos, provocada pela delimitação
da flora bacteriana intestinal (SOUZA, 2015).
IMPORTÂNCIA DA ORIENTAÇÃO
Visto que a interação medicamentosa entre os dois fármacos supracitados
existe, torna-se essencial a orientação. O acolhimento é o principal meio que
podemos utilizar para colher informações sobre o paciente, e a partir disso sabermos
conduzir o atendimento e as possíveis orientações. Deve-se enfatizar o fato de que
mesmo que alguns antibióticos não possuam comprovação científica da redução
da sua eficácia com o uso adjunto dos anticoncepcionais, a utilização de outros
métodos contraceptivos de barreira deve ser utilizado, com o objetivo de reduzir ao
máximo a probabilidade de gravidez indesejada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi possível constatar que a ação antagonista entre anticoncepcionais orais e
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 12
116
antibióticos existe, embora a existência de estudos recentes sobre tal temática seja
escassa, torna-se essencial que os profissionais de saúde possuam formações e
domínio farmacológico sobre os medicamentos prescritos, fornecendo as devidas
orientações evitando assim efeitos indesejados as usuárias do sistema de saúde.
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anticoncepcionais com antimicrobianos e alcool relacionando à prática de automedicação.
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Faculdade de Cências da Educação e Saúde Graduação em Biomedicina Brasília, 2015.
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Distrito Federal: estudo transversal de base populacional. Revista Epidemiologia e Serviços de
Saúde, Brasília, 2017
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 12
117
CAPÍTULO 13
INTERVENÇÃO COGNITIVO-COMPORTAMENTAL E
FARMACOLÓGICA: ATUAÇÃO INTERDISCIPLINAR
NA ADESÃO AO TRATAMENTO E SINTOMAS
PSIQUIÁTRICOS EM PESSOA SOROPOSITIVA
Kethelyn Nayara de Almeida Pereira
Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia
Brasília - Distrito Federal
Bárbara Rocha Lima Mello
Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia
Brasília - Distrito Federal
Sílvia Furtado de Barros
Hospital Universitário de Brasília
Brasília - Distrito Federal
Eliane Maria Fleury Seidl
Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia
Brasília - Distrito Federal
RESUMO: A redução de mortes pela Síndrome
de Imunodeficiência Adquirida (aids) e melhoria
da qualidade de vida de pessoas vivendo com
HIV/aids (PVHA) apontam para avanços no
processo de cuidado e na eficácia da terapia
antirretroviral (TARV), mas revelam ainda a
importância de maior atenção psicossocial a
pessoas soropositivas. O objetivo do trabalho
consiste em descrever efeitos psicológicos
decorrentes do diagnóstico em uma pessoa
vivendo com HIV/aids, a partir das variáveis
depressão, ansiedade, percepção da doença e
adesão ao tratamento antirretroviral, bem como
relatar a intervenção cognitivo-comportamental
realizada. Para tal, foi conduzido um relato de
caso de um paciente do sexo masculino, de
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
24 anos, atendido em ambulatório do Hospital
Universitário de Brasília (HUB), ao longo
de um total de 15 sessões de psicoterapia
breve, na abordagem da terapia cognitivacomportamental. Houve melhora clínica
relevante após a intervenção, com progressos
nos sintomas de ansiedade e depressão. Os
níveis de adesão à TARV aumentaram ao longo
da intervenção, entretanto, ainda foram relatadas
perdas de doses. Observou-se mudança nos
comportamentos e cognições relacionados ao
autoconceito e à percepção da soropositividade.
O estudo revela a importância da avaliação
cuidadosa dos aspectos psicossociais e da
presença de transtornos psiquiátricos em
PVHA, tendo em vista a interferência destes na
adesão à TARV e no enfrentamento adaptativo
do paciente. Por fim, o atendimento psicológico
de base cognitivo-comportamental combinado
à medicação psiquiátrica trouxe resultados
satisfatórios ao paciente.
PALAVRAS-CHAVE:
HIV,
Depressão,
Ansiedade, Adesão,
Terapia
CognitivoComportamental.
COGNITIVE-BEHAVIORAL AND
PHARMACOLOGICAL INTERVENTION:
AN INTERDISCIPLINARY APPROACH
TO ADHERENCE TO TREATMENT AND
Capítulo 13
118
PSYCHIATRIC SYMPTOMS IN A SEROPOSITIVE PERSON
ABSTRACT: Reduced death rates from Acquired Immune Deficiency Syndrome
(AIDS) and improved life quality of people living with HIV/aids point to advances in
care processes and effectiveness of antiretroviral therapy (ART), but they also reveal
the need of greater psychosocial attention to seropositive people. This study aims to
describe psychological effects resulting from the diagnosis in a person living with HIV/
aids, based on the variables of depression, anxiety, disease perception and adherence
to antiretroviral treatment, as well as to report a cognitive-behavioral intervention.
This case report relies on the assessment of a 24-year-old male patient assisted at
an outpatient clinic at University Hospital of Brasília (HUB). The patient was seen
in 15 sessions of brief cognitive-behavioral psychotherapy. Verified relevant clinical
improvement after the intervention, as well as progress in anxiety and depression
symptoms. Levels of ART adherence increased throughout the intervention, however,
dose losses were still reported. Changes in behavior and cognition related to selfconcept and the perception of seropositivity were observed. This study reveals the
importance in evaluating carefully psychosocial aspects and psychiatric disorders in
PLHA, due to their interference in adherence to ART and in the patient’s adaptive
coping. Finally, cognitive-behavioral approach combined with psychiatric therapy
brought satisfactory results to the patient.
KEYWORDS: HIV, Depression, Anxiety, Adherence, Cognitive-Behavioral Therapy.
1 | INTRODUÇÃO
A Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (Aids) é uma manifestação clínica da
infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). O HIV é um retrovírus que,
sem tratamento, ocasiona uma imunossupressão progressiva da imunidade celular,
afetando os linfócitos T CD4+ (DHALIA, 1998), o que torna o paciente suscetível a
doenças infecciosas oportunistas.
A Aids foi descrita pela primeira vez em 1981, nos Estados Unidos das
Américas, decorrente da percepção de uma série de sintomas, como pneumonia
severa, sarcoma de Kaposi e perda de peso repentina em um grupo de pacientes
homossexuais jovens do sexo masculino. Notificados ao Centers for Disease Control
and Prevention (CDC), agência responsável por fiscalizar a saúde pública do país, tais
sintomas foram caracterizados como parte de uma etiologia infecciosa, transmissível
e ainda não classificada à época.
Enquanto isso, no Brasil, entre 1999 e 2007, percebeu-se uma grande incidência
de casos nas regiões Sul e Sudeste (FERREIRA et al., 2017). Desde então, até
dezembro de 2017 foram notificados ao Ministério da Sáude, 882.810 casos novos
(BRASIL, 2017).
Estima-se que no mundo haja 36,7 milhões de pessoas vivendo com HIV
(UNAIDS, 2017). De acordo com o Boletim Epidemiológico da Secretaria de
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 13
119
Vigilância em Saúde – Ministério da Saúde – Brasil, nos últimos dez anos foram
referidos 194.217 pacientes novos, sendo 12.931 da região Centro Oeste. As
informações acerca da epidemiologia brasileira acusam o aumento dos casos em
jovens, externando a importância da contínua educação em saúde e prevenção ao
HIV-Aids, especialmente em regiões de níveis socioeconômicos mais baixos.
Segundo Catunda, Seidl e Lemétayer (2017), os dados divulgados pelo
Ministério da Saúde revelam os desafios no campo da prevenção, contudo, apontam
para o progresso da Medicina e da terapia antirretroviral (Tarv). Conforme registrado
pelo Governo do Brasil, em 2017, estima-se que cerca de 541 mil pessoas receberam
medicamentos, fator que contribui para a queda de mortes por aids (BRASIL, 2017).
Apesar dos importantes avanços biomédicos, ainda há desafios a serem
superados no âmbito psicossocial do paciente soropositivo, relacionados à doença e
aos demais aspectos da vida da pessoa. Demanda-se, então, a necessidade de uma
atenção multiprofissional que inclua o atendimento psicossocial à pessoa vivendo
com HIV.
O resultado de uma sorologia positiva, traz para alguns pacientes o medo de
uma morte rápida e dolorosa, receios referentes aos preconceitos e ao julgamento
social. A suscetibilidade a desenvolver crenças disfuncionais que aumentam a
vulnerabilidade a psicopatologias como depressão e ansiedade, provocam esquiva
social, sofrimento psíquico e debilitam o processo de enfrentamento e resiliência do
paciente, como aponta Seidl e Faustino (2014). O desconhecimento da patologia,
suas formas de transmissão e os medos dos estigmas e preconceitos relacionados à
doença levam a pessoa a experienciar sentimentos ambíguos durante a descoberta e
o andamento do tratamento, o que demanda a necessidade de intervenções eficazes
como estratégia de prevenção de má adesão e possíveis comorbidades.
Dentre as diversas abordagens psicológicas existentes, a Terapia Cognitiva
Comportamental (TCC) tem se mostrado altamente eficaz na atenção aos diversos
aspectos psicossociais envolvidos em pessoas com doenças crônicas, como o
HIV. Tal abordagem preconiza a noção de que cognições desempenham funções
essenciais no controle das emoções e do comportamento humano. Assim, devido
a seu caráter diretivo, estruturado, colaborativo e breve, a modalidade se encaixa
muito bem em atendimentos na área da saúde (SAGE et al, 2008 apud BRITO;
SEIDL, 2015).
Ademais, por ser de cunho educativo, a TCC impulsiona o desenvolvimento
de habilidades que auxiliam os pacientes no enfrentamento de suas condições de
saúde. Além disso, possui um arcabouço teórico e prático que permite verificar a
inter-relação entre fatores psicológicos como percepção de controle, adesão ao
tratamento, enfrentamento e crenças de saúde (BARROS, 2003; GEBO, KERULY e
MOORE, 2003; SUN, ZHANG e FU, 2007; TULDRÀ e WU, 2002, apud FAUSTINO;
SEIDL, 2010).
Com isso, pode-se destacar algumas técnicas amplamente utilizadas no
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 13
120
tratamento de doenças crônicas, tais como o registro de pensamentos automáticos,
o relaxamento, o balanço de vantagens e desvantagens, a reestruturação cognitiva,
o planejamento de tarefas graduais e o questionamento socrático (WRIGHT; BASCO;
THASE, 2009).
Ainda, pacientes soropositivos podem enfrentar, sobretudo na fase diagnóstica
inicial, impactos psicossociais marcantes no que diz respeito a suas perspectivas
de futuro, objetivos pessoais, profissionais, relacionamentos, fatores relacionados
ao tratamento e estreitamento de laços afetivos (CAMPO; CÉSAR; GUIMARÃES,
2009, apud CALVETTI et al., 2016). Consequentemente, alguns deles podem vir a
desenvolver sentimentos de ansiedade e sintomas de depressão no enfrentamento
à doença, estendendo-se a transtornos psiquiátricos. Em ambos os casos,
a
presença de pensamentos automáticos desadaptativos pode desencadear respostas
emocionais disfuncionais, fomentando os padrões negativos de pensamento que
alimentam a manifestação dos sintomas psiquiátricos. Portanto, a sua modificação
é uma técnica de grande valia em terapia cognitivo-comportamental realizada com
pacientes vivenciando quadros depressivos e ansiosos (WRIGHT; BASCO; THASE,
2009).
Ademais, quadros depressivos e ansiosos possuem estreita relação com a
adesão do paciente ao tratamento. A adesão pode ser descrita pela forma com que
o indivíduo associa o uso da medicação a hábitos de cuidado (REMOR; MILNERMOSKOVICS; PREUSSLER, 2007). O uso inadequado dos medicamentos é uma
ameaça individual e coletiva, tendo em vista a importância de se controlar a epidemia
a nível nacional.
Dentre os fatores que interferem na adesão à Tarv, a depressão e a ansiedade
podem vir a operar como fatores de agravamento da doença e mortalidade
(COUTINHO; O’DWYER; FROSSARD, 2018), por comprometer variáveis psicológicas
dos indivíduos, como a percepção de controle, autoeficácia, otimismo, habilidades
sociais e de enfrentamento do estresse, além das atitudes relacionadas à doença e
ao tratamento (BARROS, 2003; GEBO, KERULY e MOORE, 2003; SUN, ZHANG e
FU, 2007; TULDRÀ e WU, 2002, apud FAUSTINO; SEIDL, 2010).
Desse modo, o uso das técnicas da Terapia Cognitiva Comportamental
mostram-se bastante eficazes na elaboração de estratégias para alívio dos sintomas
da depressão e da ansiedade, adesão medicamentosa e melhora das habilidades
cognitivas e comportamentais, que tendem a beneficiar o paciente em sua capacidade
de enfrentamento, tomada de decisão e autocontrole sobre a condição de saúde.
Assim, este estudo visa evidenciar as formas pelas quais sintomas de
depressão e ansiedade influenciam na qualidade de vida da pessoa soropositiva,
em sua adesão ao tratamento e nas estratégias de resiliência e enfrentamento ao
diagnóstico, por meio de estudo de caso realizado em uma unidade específica de
atendimento à PVHA, em contexto ambulatorial no Hospital Universitário de Brasília.
O serviço especializado tem como objetivo prestar serviços à comunidade oferecendo
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 13
121
atendimentos interdisciplinares e promovendo acolhimento e educação em saúde
para pacientes e familiares em um panorama biopsicossocial.
2 | RELATO DO CASO
Participante
L., 24 anos, chegou ao serviço especializado na atenção a pessoas vivendo
com HIV/aids do Hospital Universitário por encaminhamento do Hospital Regional
do Gama, onde realizava o tratamento, com queixas referentes à humor rebaixado,
dificuldades no sono, ansiedade elevada, inibição social e desafios na manutenção
da adesão aos antirretrovirais.
História de vida
O paciente possui nível socioeconômico médio, é estudante de graduação e
reside sozinho. Mantém uma boa relação com a família nuclear, mas sua rede de
apoio mais consistente são os amigos. Possui histórico de tratamento psiquiátrico
com ansiolíticos e antidepressivos, com adesão regular, tendo em vista a dificuldade
de arcar com os custos dos medicamentos. O uso foi interrompido sem indicação
médica.
Materiais utilizados e procedimentos
O paciente assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido autorizando
o uso do seu caso para relato e contribuição científica. Os 15 atendimentos que
embasaram o presente estudo foram realizados por duas estagiárias de Psicologia
- sob supervisão - no ambulatório do Hospital Universitário de Brasília, utilizandose da abordagem cognitiva-comportamental. A estruturação das sessões durante o
processo terapêutico está apresentada no quadro 1 abaixo.
Sessões / Objetivos
Conteúdo
1ª Sessão / Avaliação inicial
Estabelecimento de vínculo; realização
da entrevista de acolhimento psicossocial;
acolhimento de queixas; levantamento
das demandas; aplicação da BAI e da
HADS.
2ª e 3ª Sessões / Intervenção
Psicoeducação em saúde a respeito do
HIV e da TARV; orientação a respeito
da higiene do sono e das atividades
passadas para casa.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 13
122
4ª a 6ª Sessões /Intervenção
Detecção de sintomas ansiosos e
de inibição social; identificação de
crenças e de pensamentos automáticos
desadaptativos; Auto-registro e
monitoramento de pensamentos como
tarefa de casa.
7ª a 8ª Sessões / Intervenção
Reestruturação cognitiva; relaxamento
muscular progressivo de Jacobson;
Solução de problemas; Balanço de
Vantagens e Desvantagens; Auto-registro
e monitoramento de pensamentos.
9ª a 10ª Sessões /Intervenção
Mindfulness; Respiração diafragmática;
Reestruturação cognitiva; Interconsulta
com Psiquiatria; Psicoeducação em saúde
a respeito da intervenção farmacológica.
11ª e 12ª Sessões/Intervenção
Investigação acerca dos comportamentos
relacionados à adesão à TARV; nova
aplicação da BAI e da HADS; uso da BDI
para avaliação qualitativa dos sintomas
depressivos e do CEAT-VIH para análise
do repertório referente ao uso dos
medicamentos antirretrovirais.
13ª e 14ª Sessões /Avaliação Final
Verificação de queixas iniciais; checagem
de novo repertório cognitivo e
comportamental; feedback da evolução do
tratamento.
15ª Sessão
Interconsulta com Psiquiatria; Verificação
da aquisição e manutenção de
novo repertório cognitivo-comportamental;
avaliação dos sintomas de ansiedade e
depressão.
Quadro 1: Conteúdo geral das sessões durante o processo terapêutico.
Fonte: Elaborado pelas autoras (2018).
Para fins de avaliação e monitoramento das queixas, foram utilizados os
seguintes instrumentos de avaliação psicológica: Inventário Beck de Depressão (BDI),
Inventário Beck de Ansiedade (BAI), Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão
(HADS), Questionário de adesão ao tratamento Antirretroviral (CEAT-VIH) e Escala
de percepção de doença (Brief IPQ), descritas no quadro 2 abaixo.
Instrumento
Descrição
Brief IPQ - Escala de percepção de doença
(WEINMAN et al., 1996)
Instrumento utilizado para investigar
de que forma o paciente percebe sua
doença, o quanto se sente informado e
responsável por ela.
Inventário Beck de Depressão – BDI
(BECK; STEER; BROWN, 1996)
Escala de autorrelato para levantamento
da intensidade dos sintomas depressivos.
Escala Hospitalar de
Ansiedade e Depressão – HADS
(ZIGMOND; SNAITH, 1983)
Instrumento de detecção de estados
de depressão e ansiedade em contexto
hospitalar.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 13
123
Questionário de adesão ao tratamento
Antirretroviral – CEAT-VIH
(REMOR; MILNER-MOSKOVICS;
PREUSSLER, 2007)
Avalia o grau de adesão dos pacientes
à TARV em três níveis: baixa (d <50%);
média (50 a 84%) e alta (e” > 85%).
Quadro 2: Tipo de instrumento utilizado e sua descrição.
Fonte: Elaborado pelas autoras (2018).
Foram adotadas técnicas da terapia cognitiva-comportamental para manejo
das emoções, crenças e comportamentos do paciente, visando reduzir pensamentos
automáticos negativos, alterar comportamentos disfuncionais e reforçar padrões
adaptativos.
Para modificação dos pensamentos disfuncionais relacionados aos autoconceitos,
a inibição social e à percepção de saúde e doença, utilizou-se das técnicas de Autoregistro e monitoramento de pensamentos, Reestruturação Cognitiva, Balanço
de Vantagens e Desvantagens e Solução de Problemas. Quanto aos sintomas
de ansiedade, dificuldades associadas ao sono, queda na produtividade, baixa
interação social e resolução de conflitos foram usadas as técnicas de Respiração
Diafragmática, Relaxamento muscular progressivo de Jacobson, Higiene do sono,
Mindfulness ou Atenção Plena e Solução de Problemas. As técnicas estão ilustradas
no quadro 3 abaixo.
Técnica
Descrição
Reestruturação Cognitiva
(CABALLO e BUELA-CASAL,
1996/1999 apud FAUSTINO e
SEIDL, 2010; FEILSTRECKER,
HATZENBERGER e CAMINHA,
2003 apud FAUSTINO e SEIDL,
2010)
Técnica direcionada à modificação de crenças
negativas e pensamentos catastróficos sobre a
doença e seu tratamento, de modo a desenvolver
cognições mais funcionais.
Balanço de Vantagens e
Desvantagens
Permite ao paciente avaliar os pontos fortes e fracos
de determinada situação, culminando em melhor
clareza mental e desenvolvimento de soluções
adaptativas para problemas enfrentados.
Auto-registro e monitoramento de
pensamentos
(WRIGHT; BASCO; THASE, 2009)
Realizado pelo paciente através dos registros
de pensamento disfuncionais (RPD), contendo
cinco eixos estruturantes: Situação; Pensamentos
automáticos; Emoção; Resposta racional e
Resultado.
Respiração Diafragmática
(BACON; POPPEN, 1985)
Consiste no exercício de controle da respiração por
meio da musculatura diafragmática.
Relaxamento muscular progressivo
de Jacobson
(JACOBSON, 1938)
Técnica de relaxamento para a redução de tensões
musculares, levando o paciente ao um estado de
bem-estar psicológico a partir de intervenções
corporais.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 13
124
Mindfulness ou Atenção Plena
(KABAT-ZINN; LIPWORTH;
BURNEY, 1985)
Estado mental em que a capacidade de
concentração nas experiências, atividades e
sensações do presente é controlada.
Para tal, são utilizadas técnicas de meditação, nas
quais o indivíduo deve focalizar sua atenção em
algo, seja um objeto ou suas reações corporais.
Solução de Problemas
(WRIGHT; BASCO; THASE, 2009)
Método comportamental para ajudar pacientes
no enfrentamento de estressores. O terapeuta
deve identificar se o paciente possui déficits nas
habilidades básicas de solução de problemas ou na
aprendizagem desses princípios. Tal técnica pode
impulsionar o nível de atividade, humor e efetividade
do indivíduo ao lidar com desafios e esperança para
o futuro.
Quadro 3: Técnicas da terapia cognitivo-comportamental.
Fonte: Elaborado pelas autoras (2018).
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Avaliação inicial
O processo teve início com a realização da entrevista de acolhimento
psicossocial, a fim de recolher dados sociodemográficos sobre o paciente, além de
avaliar aspectos essenciais de sua vivência com o HIV, levantar possíveis demandas,
rastrear suas redes de apoio e os elementos comportamentais adaptativos. O vínculo
terapêutico entre o paciente e as terapeutas-estagiárias foi estabelecido.
Nas primeiras sessões, L. apresentou queixas referentes ao sono, relatando
sua má qualidade, o que acarretou em prejuízos relacionados às atribuições diárias
e convívio social. Foram referidas também queixas referentes à ansiedade e à culpa,
resultantes dos problemas de sono que o deixavam “improdutivo” (sic). Durante essa
etapa inicial, atentou-se à motivação do paciente para o tratamento, bem como seu
engajamento, ambos avaliados como significativos.
L. apontou também dificuldades em inserir-se no mercado de trabalho,
insatisfação com a atual instituição de ensino de graduação e receio em relacionar-se
amorosamente. Tais percepções provocaram no paciente sentimentos de ansiedade,
culpa e angústia por sentir-se incapaz. Ainda, foi observado que L. possuía questões
a serem trabalhadas que estavam atreladas ao autoconceito. Este pode ser definido
como a percepção que o sujeito tem de si próprio e está diretamente ligado à
autoestima, que surge da autoavaliação das qualidades, desempenhos ou virtudes
do indivíduo. O autoconceito é importante na compreensão dos transtornos mentais
e psicopatologias, já que desempenha papel importante na vida psíquica do sujeito
(SERRA, 1988).
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 13
125
Intervenção
Como estratégia de intervenção em relação à dificuldade para dormir,
recomendou-se que L. praticasse a higiene do sono. Os fatores comportamentais
exercem importante papel nos distúrbios do sono e, deste modo, a higiene do
sono almeja promover comportamentos que favoreçam um sono reparador. As
recomendações desta técnica consistem em orientações que possam ajustar as
condições ambientais, os hábitos e outros fatores que estejam relacionados ao sono
e se apresentem de forma disfuncional. Sendo assim, algumas sugestões estão
relacionadas à não ingestão de estimulantes e restrição do consumo de álcool antes
do sono, prática de atividade física e a redução do uso de aparelhos eletrônicos na
cama pouco antes da tentativa de dormir.
Tendo em vista o alto nível de estresse de L. em função dos sentimentos
relacionados à culpa e aos fatores externos relacionados ao seu desenvolvimento
acadêmico e profissional, notou-se que o paciente possuía um repertório de
respostas biológicas que elevavam os sintomas de ansiedade. Desse modo, foi
apresentada ao paciente a técnica de relaxamento muscular progressivo de Jacobson
(JACOBSON, 1938), que teve como objetivo reduzir a tensão muscular, a frequência
cardiorrespiratória e promover um sono de melhor qualidade. Foi direcionado que a
prática estivesse associada à higiene do sono, de modo que os resultados fossem
mais significativos e reduzissem os comprometimentos externos constantes. Por
ser um método ativo, participativo e dinâmico (BRASIO et al., 2003), salientou-se a
importância do engajamento do paciente nos exercícios propostos.
No decorrer do processo terapêutico, novas demandas surgiram, como a
sensação de incapacidade ao realizar atividades cotidianas, ansiedade social e
comportamentos de evitação de situações ansiogênicas. Portanto, adotaram-se as
técnicas de identificação de crenças e de pensamentos automáticos desadaptativos,
auto-registro e monitoramento de pensamentos. A Técnica de Reestruturação
das Crenças Irracionais foi usada para reforçamento das cognições adaptativas e
enfraquecimento daquelas que se mostravam disfuncionais (BRASIO et al., 2003).
Para identificação dos principais sintomas ansiosos e depressivos, utilizou-se
o Inventário Beck de Ansiedade e de Depressão e foi aplicada a Escala Hospitalar
de Ansiedade e Depressão – HADS na primeira sessão e, em seguida, após
intervenções de reestruturação cognitiva. Na primeira aplicação, os escores obtidos
apontavam para depressão leve a moderada e ansiedade severa. Posteriormente,
apesar das intervenções da terapia cognitiva comportamental, notou-se aumento
quantitativo nos escores referentes ao quadro depressivo, que passou a ser severo,
e manutenção do escore de ansiedade. Quanto à análise qualitativa, houve redução
na pontuação dos itens marcados em ambos momentos de aplicação, mas maior
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 13
126
quantidade de itens com os valores 2 e 3 da escala.
Acredita-se que este resultado expresse como L. passou a perceber melhor
como se sentia e como seus comportamentos disfuncionais eram ativados conforme
os pensamentos automáticos. Em análise junto ao paciente, notou-se que ele havia
desenvolvido novas estratégias para manejar as situações referentes aos itens,
apesar de ainda sentir-se triste ou ansioso em relação às atividades e situações
colocadas pelos inventários e pela escala.
Tendo em vista a persistência dos sintomas ansiosos de L. e a dificuldade
de resolução de problemas cotidianos, resultando em consequente isolamento
social, utilizou-se a técnica de Mindfulness e a elaboração de repertório cognitivo-
comportamental mais significativo para desenvolvimento de funções executivas
importantes, como a metacognição, ou seja, a capacidade de pensar a respeito do
próprio comportamento e pensamentos e a habilidade de compreender e controlar
suas ações (STERNBERG, 2000).
Durante as sessões, percebeu-se que L. apresentava muito pensamentos
automáticos negativos. Estes costumam ser privativos e não-declarados, acontecendo
de forma rápida, gerando reações emocionais dolorosas e comportamentos
disfuncionais (WRIGHT; BASCO; THASE, 2009). Trabalhar tais pensamentos torna
possível que o paciente reconheça seus padrões cognitivos e comportamentais,
perceba o grau de realidade deles e possa ter atitudes mais ativas em relação a
isso. Para tanto, sugeriu-se o uso da técnica de respiração diafragmática e foco
no presente, para redução dos sintomas fisiológicos da ansiedade e, então, maior
capacidade de reflexão sobre as situações estressoras e as tomadas de decisão
necessárias frente a elas.
A Escala de Percepção de Doença foi aplicada na medida em que foram
percebidos déficits na adesão do paciente à terapia antirretroviral, referindo que,
em função do sono irregular, dos sentimentos de desesperança e da dificuldade
de tomar decisões, esquecia-se com mais frequência de tomar os comprimidos.
Contudo, atestou-se que ele possui informação regular acerca da doença e relação
satisfatória com a equipe médica. Ademais, L. referiu que vinha se sentindo mais
acolhido no serviço do Hospital Universitário de Brasília e que a consulta médica
havia sido diferente do que ele estava acostumado, tendo o feito se sentir muito bem
assistido.
Aplicou-se o Questionário de Avaliação da Adesão ao Tratamento Antirretroviral
– CEAT-VIH, instrumento que avalia o grau de adesão ao tratamento antirretroviral,
em dois momentos: na identificação de irregularidades na adesão e após uma
intervenção diretiva. O gráfico 1 abaixo apresenta os escores obtidos na primeira e
na segunda aplicação.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 13
127
Gráfico 1: CEAT-VIH - “Cuestionario para la Evaluación de la Adhesión do Tratamiento
Antiretroviral”.
Fonte: Elaborado pelas autoras (2019).
No que se refere ao Índice de adesão global, os resultados apontam uma
eficácia insuficiente, sem melhora quantitativa, apesar da intervenção realizada.
A Satisfação com o tratamento (81%) é resultado da percepção positiva de L. em
relação à eficiência do tratamento e da ação do antirretroviral.
O construto Crenças e expectativas sobre o tratamento demonstra as maneiras
pelas quais estas afetam diretamente a adesão do paciente. Assim, a presença de
crenças disfuncionais e de sintomas depressivos e ansiosos podem prejudicar o
engajamento no tratamento. O aumento do escore na reaplicação do questionário
pode ser explicado devido à melhor autopercepção das expectativas e crenças,
desenvolvidas durante o processo de intervenção. Quanto à Comunicação médicopaciente, houve melhora significativa na percepção do paciente, fator que pode
auxiliá-lo a melhor compreender seu quadro de saúde e as novas perspectivas de
tratamento.
O construto Cumprimento diz respeito à regularidade na adesão às medicações.
A partir da análise qualitativa realizada, notou-se que o paciente perdia algumas
doses devido ao esquecimento e atraso no horário da medicação. Após a identificação
dessas dificuldades, foram elaboradas estratégias junto ao paciente.
Apesar de L. demonstrar engajamento satisfatório ao processo da psicoterapia
breve, aderindo às atividades sugeridas fora do setting terapêutico e comparecendo
assiduamente às sessões, alguns sintomas mantiveram-se constantes em termos de
sua intensidade, por isso, solicitou-se interconsulta com a Psiquiatria do serviço. Foi
receitado um ansiolítico a fim de reduzir os sintomas e, apesar da presença inicial de
efeitos colaterais, o paciente apresentou boa adesão ao fármaco.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 13
128
4 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho mostra o impacto positivo de uma intervenção cognitivocomportamental realizada por meio de psicoterapia breve com um jovem vivendo
com HIV e sintomas de ansiedade e depressão, em contexto ambulatorial. Tal
sintomatologia pode afetar a adesão ao tratamento e impactar em demais aspectos
da vida do paciente. As técnicas cognitivo-comportamentais utilizadas mostraramse satisfatórias para redução dos sintomas de ansiedade e depressão, mudança
comportamental e cognitiva relacionada à soropositividade e promoção de saúde.
Notou-se, também, melhora nos níveis qualitativos de adesão à TARV, apesar da
perda de doses.
Salienta-se a importância da atenção psicossocial e da avaliação dos
transtornos psiquiátricos presentes, além da educação em saúde no que diz respeito
à conscientização da importância dos antirretrovirais no tratamento do HIV. A relação
médico-paciente no serviço de saúde mostrou ser um importante fator para maiores
expectativas positivas em relação ao tratamento.
Para futuros estudos, considera-se importante o rastreio mais adequado dos
possíveis gatilhos dos pensamentos automáticos, utilizando as tabelas de auto
registro como instrumento colaborativo entre o paciente e o terapeuta. O trabalho
realizado não contemplou fatores importantes como o follow-up das sessões. O
processo psicoterapêutico foi interrompido pelo próprio paciente, sem recomendação.
Considerando-se que este é um relato de caso que visa avaliar as intervenções
propostas de maneira individualizada, não é possível firmar generalizações. Apesar
disso, a literatura confirma a relação entre a dificuldade de adesão em pacientes que
apresentam quadros de ansiedade e depressão associados ao HIV, tal como redução
na qualidade de vida desses pacientes (NOGUEIRA e SEIDL, 2016; CALVETTI et al.,
2016). Deste modo, sugere-se a terapia cognitivo-comportamental como estratégia
adequada para minimização dos efeitos sintomáticos, prevenção de recaídas e
melhora dos aspectos biopsicossociais da pessoa que vive com HIV.
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Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 13
131
CAPÍTULO 14
LIGA ACADÊMICA DE REPRODUÇÃO HUMANA
E EMBRIOLOGIA DA UFRGS: UMA PROPOSTA
MULTIDISCIPLINAR
Bárbara Mariño Dal Magro
Graduada em Biomedicina, Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre –
RS.
Christofer da Silva Christofoli
Acadêmico do Curso de Enfermagem,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS), Porto Alegre – RS.
Martina Caroline Stapenhorst
Graduada em Biomedicina, Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre –
RS.
do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre –
RS.
Simone D´ Ambros
Acadêmica do Curso de Biomedicina,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS), Porto Alegre – RS.
Adriana Bos-Mikich
Professora Orientadora da Liga Acadêmica
de Reprodução Humana e Embriologia da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e
docente da mesma instituição Porto Alegre – RS.
Giovanna Carello Collar
Acadêmica do Curso de Biomedicina,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS), Porto Alegre – RS.
Vitória de Oliveira Batista
Acadêmica do Curso de Biomedicina,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS), Porto Alegre – RS.
Ágata Dupont
Acadêmica do Curso de Ciências Biológicas,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS), Porto Alegre – RS.
João Paulo Duarte Witusk
Graduado em Biomedicina, Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (UFRGS), PortoAlegre-RS
João Pedro Ferrari Souza
Acadêmico do Curso de Medicina, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto
Alegre– RS
Letícia Barbieri Caus
Graduada em Biomedicina, Universidade Federal
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Resumo: Introdução. Ligas acadêmicas
são entidades estudantis destinadas ao
aprofundamento de determinada área do
conhecimento objetivando sanar demandas
sociais. A Liga Acadêmica de Reprodução
Humana e Embriologia (LARHE) é vinculada
à Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (UFRGS) e foi fundada em 2018, se
fundamentando no tripé universitário de ensino,
pesquisa e extensão. É composta por membros
de diversos cursos da área da saúde, com o
enfoque principal de estudo sobre reprodução
humana e embriologia. O objetivo desse
trabalho é relatar experiências e atividades
executadas durante o primeiro ano de atividade
multiprofissional do projeto. Metodologia. A
LARHE desenvolve ações em saúde e educação
em saúde para a comunidade interna e externa
Capítulo 14
132
da UFRGS, possibilitando a imersão dos membros nos tópicos de Embriologia e
das técnicas de Reprodução Assistida em uma abordagem multidisciplinar, através
da promoção de encontros de estudo mensais para discussão de temas e artigos
científicos relacionados, produção científica e palestras com diversos profissionais da
área da saúde. Resultados e discussão. Em relação ao objetivo proposto, fomos
bem- sucedidos ao propor aulas e palestras que buscaram complementar e expandir,
de forma multidisciplinar, os conhecimentos sobre Embriologia e Reprodução Humana,
visto que obtivemos avaliações bastante positivas em nossas pesquisas de satisfação
realizadas em todos os eventos. Conclusões. O projeto é sustentável e cumpre com
a proposta de suplementar, através da prática e ensino, a formação de profissionais
especializados na área de Reprodução Humana e Embriologia.
PALAVRAS-CHAVE: Liga Acadêmica, Reprodução Humana, Embriologia, UFRGS,
projeto de extensão.
UFRGS’ ACADEMIC LEAGUE OF HUMAN REPRODUCTION AND EMBRYOLOGY:
A MULTIDISCIPLINARY APPROACH
ABSTRACT: Introduction. Academic leagues are associations of students focusing
on deepen the knowledge about a specific area. The Academic League of Human
Reproduction and Embryology (LARHE) is linked to Federal University of Rio Grande
do Sul (UFRGS) and was founded in 2018, according to the principles of the “university
tripod”: teaching, research and extension. It is composed by members from many health
courses, with the main focus on human reproduction and embriology. Aims. To report
all the activities executed during the first year of the league. Materials and methods.
LARHE is involved in actions of health education for the comunnity inside and outside
the university, making possible to the members the imersion on embriology topics and
assisted reproduction techniques in a multidisciplinary approach, through promoting
study meetings every month to discute scientific papers and embriology-related topics,
besides scientific production and lectures with many health professionals. Results
and discussion. Concerning the aims proposed here, LARHE was well-succeed
with all lectures and discussion groups, once they complemented and expanded, in
a multidisciplinary way, the knowledge of all LARHE members as well as university
community about embriology and human reproduction. LARHE had very positive
evaluations from satisfaction survey obtained after each event. Conclusions. LARHE
fulfills the proposed project and, through teaching, researching and doing extension,
contributes to the formation of specialized professionals in embriology and human
reproduction areas.
KEYWORDS: Academic League, Human Reproduction, Embriology, UFRGS, extension
project.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 14
133
1 | INTRODUÇÃO
Ligas Acadêmicas
Com mais de um século prestando serviços, as Ligas Acadêmicas (LA) tiveram
origem em São Paulo, em 1918, onde um grupo de estudantes da Faculdade de
Medicina de São Paulo decidiu oferecer tratamento gratuito para sífilis. Dois anos
após, esse projeto seria oficializado como “Liga de Combate à Sífilis”, sendo mantido
pelo Centro Acadêmico Oswaldo Cruz da Faculdade de Medicina e Cirurgia de São
Paulo. A partir da criação da primeira LA, muitas outras surgiram em diferentes
momentos do século XX, tendo sua atividade aumentada ou diminuída de acordo
com o momento político-social brasileiro. Inicialmente constituídas por alunos de
medicina de diferentes universidades país afora, as LA têm, recentemente, mudado,
sendo criadas por outros núcleos estudantis em diferentes áreas do conhecimento.
Atualmente, não existe consenso sobre a definição de uma LA; o único elo
comum entre as LA é a sua formação: compostas por estudantes e professores,
as LA funcionam de forma a unir o conhecimento e a prática, a teoria e a vivência
de cada área profissional. Não há, atualmente no Brasil, uma forma única para a
fundação e execução de LA. Entretanto, a Direção Executiva Nacional dos Estudantes
de Medicina (DENEM) criou uma cartilha de orientação para os interessados em
formar uma LA, sendo que cada universidade possui suas próprias orientações. Na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a criação de uma LA é orientada
pela Comissão das Ligas Acadêmicas da UFRGS (COMALI-UFRGS), situada na
Faculdade de Medicina da Universidade. Em 2018, a COMALI-UFRGS reuniu, em
um livro, relatos e experiências de LA de diferentes universidades da cidade de Porto
Alegre, no Rio Grande do Sul. O livro “Ligas Acadêmicas: definições, experiências
e conclusões” reúne relatos de 30 LA, distribuídas entre UFRGS, Universidade
Federal das Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). As LA constituem, atualmente, parte do tripé
universitário (ensino, pesquisa e extensão), onde os membros da LA promovem, em
forma de extensão, palestras, cursos ou aulas para outros alunos interessados, sempre
sob orientação de um professor de área afim. Antigamente funcionando como parte
extra do curso de Medicina, as LA da UFRGS se expandiram para além da faculdade
de Medicina. Fundada em 2016, a Liga Acadêmica de Enfermagem da UFRGS foi a
primeira LA originada além do curso de Medicina, buscando trazer palestras e tópicos
atualizados para os futuros profissionais, discentes da Universidade. Em um contexto
crescente de contingenciamento de verbas repassadas às universidades federais,
currículos de diferentes cursos ficaram defasados, seja pela falta de material para
aulas práticas ou atualização para componentes curriculares mais modernos. Neste
âmbito, tal empecilho se torna evidente próximo à finalização da graduação, durante
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 14
134
o estágio curricular. É neste contexto que surge a motivação para uma nova LA.
Ao se prepararem para o estágio curricular na área de Reprodução Assistida (RA)
e, consequentemente, mercado de trabalho, discentes do curso de Biomedicina da
UFRGS perceberam um distanciamento entre a teoria, promovida pela universidade,
e a prática exigida pelo campo profissional. Sem aporte curricular específico sobre
o tema, tais discentes, motivados pelas atividades oferecidas pela Liga Acadêmica
de Reprodução Assistida (LARA) da Universidade do Vale do Itajaí, encontraram, no
formato de LA, uma oportunidade de distribuir conhecimento a outros interessados,
em uma formação que seria realizada de alunos para alunos.
Reprodução humana assistida
Em 25 de julho de 1978, na Inglaterra, nascia o primeiro “bebê de proveta” da
humanidade: Louise Joy Brown, que veio ao mundo após os esforços do biólogo
Robert Edwards e do ginecologista Patrick Steptoe em fecundar um oócito com
um espermatozoide em laboratório. O feito introduziu mundialmente o conceito de
RA, ramo que utiliza técnicas de fertilização in vitro para formar embriões. Assim,
homens e mulheres em condições de infertilidade, casais homoafetivos e pais/mães
solteiros que querem realizar o sonho de ter filhos, podem recorrer a tratamentos
especializados. Nos serviços de RA, o atendimento dos pacientes é feito por uma
equipe multidisciplinar. Devido à complexidade do tratamento, um conjunto de
profissionais se coloca à disposição para melhor compreender a situação do paciente
que busca o serviço. Portanto, o médico conta com o trabalho de embriologistas,
enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, entre outros. Um profissional que deseja
se tornar embriologista, por exemplo, pode ser formada em Biomedicina, Biologia,
Biotecnologia, Farmácia e Medicina Veterinária. Considerando este aspecto, a
criação de uma LA que trata sobre RA não poderia ser restrita a um único curso de
graduação, ponto que foi estabelecido já nos primeiros esboços da sua formação e
que segue como um de seus pilares mais importantes.
2 | METODOLOGIA
Pensando em suprir uma necessidade do curso de Biomedicina, um grupo de
alunos se reuniu com a professora Adriana Bos-Mikich, docente de Embriologia de
diversos cursos da saúde na UFRGS, para criação de uma liga direcionada à RA.
Deste modo, surge a Liga Acadêmica de Reprodução Humana e Embriologia (LARHE)
da UFRGS. Ao promover a LARHE, os discentes encontraram a oportunidade ideal
de reunir conceitos e conhecimentos da área de RA para os futuros profissionais
interessados na área. Sendo a primeira LA desenvolvida pelo curso de Biomedicina da
UFRGS, a LARHE também se tornou a primeira a ter, como membros organizadores,
estudantes de diferentes cursos da área da saúde. Englobando discentes de
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 14
135
Biomedicina, Ciências Biológicas, Enfermagem e Medicina, os estudantes deram
início à formação da LA. Organizada sem hierarquia, os discentes optaram por não
ter uma diretoria composta por presidente e cargos afins, sendo todas as decisões
tomadas em conjunto, entre discentes e professora orientadora.
Com a escolha dos alunos organizadores, começa-se o processo para que a
LARHE seja reconhecida pela UFRGS. Por ser um projeto de extensão, todas as LA
da UFRGS necessitam ter aprovação da Comissão de Extensão da UFRGS COMEXUFRGS. O processo, iniciado em março de 2018, teve aprovação em meados de
junho do mesmo ano. Com a aprovação do projeto, a organização da LARHE passou
a buscar qual seria sua primeira atividade como LA. Pensando no que promover à
comunidade acadêmica e externa, a LARHE optou por se basear em dois tópicos
principais: organização de ciclos de palestras e grupos de estudos sobre o tema de
Embriologia e Reprodução Assistida. As atividades realizadas pela LARHE ocorrem
nas dependências da Universidade e no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA),
se concentrando em salas de aula e anfiteatros. Todas as atividades são gratuitas e
abertas ao público.
Atividades realizadas
Como primeira atividade, os membros decidiram promover um grupo de estudos
sobre RA e uma palestra sobre bioética em RA. No início de setembro de 2018, o
primeiro grupo de estudo, com o tema “Gametogênese e Fertilização“ (Figura 1)
foi ministrado por João Paulo Duarte Witusk, estudante de Biomedicina da UFRGS
e João Pedro Ferrari Souza, estudante de Medicina da mesma universidade,
organizadores da LARHE, com a participação de 12 discentes de diferentes cursos
da área da saúde, tanto da UFRGS quanto de outras universidades. O conteúdo
ministrado neste primeiro evento foi amplamente revisado pelos alunos, além de ser
avaliado e aprovado previamente pela professora orientadora do grupo.
Organizado em forma de questões de Embriologia, o primeiro grupo de estudos
funcionou como forma de revisão sobre temas da área, onde os participantes do
grupo responderam às questões e as respostas eram debatidas e explicadas.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 14
136
Figura 1 - Material distribuído pelas redes sociais da LARHE divulgando o primeiro grupo de
discussão realizado. Produzido por Vitória Batista, discente do curso de Biomedicina e membro
da LARHE.
O segundo evento promovido foi a palestra inaugural da LARHE, oferecida
a membros internos e externos da UFRGS, intitulada “Bioética em Reprodução
Assistida”, ministrada pelo professor doutor José Roberto Goldim (Figura 2). Com
lotação máxima do auditório Tuiskon Dick do HCPA, a palestra foi ministrada a alunos
dos cursos de Medicina, Biomedicina, Ciências Biológicas, Medicina Veterinária,
Enfermagem, bem como profissionais da área da saúde e comunidade externa.
Figura 2 - Material distribuído pelas redes sociais da LARHE divulgando a palestra inaugural da
LARHE. Produzido por Vitória Batista, discente do curso de Biomedicina e membro da LARHE.
No final de setembro de 2018, um segundo grupo de estudos foi organizado
(Figura 3), intitulado “Desenvolvimento Embrionário”, no qual se abordou as primeiras
semanas de desenvolvimento embrionário. O material foi preparado e ministrado
por Giovanna Carello Collar e Martina Caroline Stapenhorst, ambas estudantes de
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 14
137
Biomedicina da UFRGS e organizadoras da LARHE. O tópico foi discutido através
de vídeos, moldes de gesso representativos do tema e perguntas e respostas. Com
a participação de 7 estudantes, o encontro foi uma oportunidade riquíssima de troca
de conhecimento entre os alunos, tanto os discentes participando do grupo quanto
de seus idealizadores.
Figura 3. Material distribuído pelas redes sociais da LARHE divulgando o segundo grupo de
discussão realizado. Produzido por Vitória Batista, discente do curso de Biomedicina e membro
da LARHE.
A fim de mostrar aspectos práticos do cotidiano de um laboratório de RA, a
LARHE organizou o terceiro grupo de discussão, intitulado “Espermograma”, no
qual a teoria acerca da análise espermática foi contemplada (Figura 4). Focando em
aspectos utilizados na rotina laboratorial de uma clínica de RA, o conteúdo ministrado
demonstrou parâmetros e protocolos comumente adotados em serviços de RA,
baseados em guias disponibilizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O grupo de estudos foi ministrado por três organizadores da LARHE, estudantes de
Biomedicina: Bárbara Mariño Dal Magro, João Paulo Witusk e Simone Dambros.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 14
138
Figura 4. Material distribuído pelas redes sociais da LARHE divulgando o terceiro grupo de
discussão realizado. Produzido por Vitória Batista, discente do curso de Biomedicina e membro
da LARHE.
Em alusão à campanha Outubro Rosa, foi organizada uma palestra com o intuito
de conscientizar acerca da importância da saúde reprodutiva feminina. Ministrada
pela professora doutora Adriana Bos-Mikich, professora orientadora da LARHE,
e da enfermeira Fernanda Robin, a palestra demonstrou formas de preservação
da fertilidade feminina, além de ratificar multidisciplinariedade envolvida na RA,
destacando o ponto de vista vivido pelo profissional da enfermagem. Além disso,
uma estudante de Medicina participou do evento, em um relato de caso pessoal de
vitrificação de óvulos por motivo de doença, aproximando ainda mais o público com
o tema abordado. A palestra, ministrada a alunos dos mais diversos cursos da área
da saúde, foi intitulada “Outubro Rosa: preservação da fertilidade feminina” (Figura
5).
Em novembro, sob o tema “Novembro Azul”, houve a conscientização acerca
da saúde reprodutiva masculina, com palestras sobre preservação da fertilidade
masculina: aspectos laboratoriais e emocionais (Figura 5). Nesta ocasião, foram
convidadas a palestrar a embriologista e andrologista Letícia Schmidt Arruda
e a psicóloga Lia Maria Dornelles, que fizeram um contraponto entre a realidade
masculina no laboratório versus no consultório. Mais uma vez, a interdisciplinaridade
promovida pela LARHE se fez presente e o público pôde compreender diferentes
aspectos acerca da saúde do homem em meio à RA.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 14
139
Figura 5. Material distribuído pelas redes sociais da LARHE divulgando as palestras Outubro
Rosa e Novembro Azul. Produzido por Vitória Batista, discente do curso de Biomedicina e
membro da LARHE.
Em 2019, a LARHE sofreu algumas modificações nos tópicos de discussão
abordados, atualmente também englobando o tema da Gestação e Maternidade.
Os grupos de discussão introdutórios realizados em 2018 serviram como base para
a discussão de artigos pertinentes da área de Embriologia e Reprodução Assistida.
Até julho de 2019, foram discutidos os seguintes artigos: “The effects of overweight
and obesity on Assisted Reproduction Technology outcomes”, “Fertility preservation
in women with Turner Syndrome: a comprehensive review and practical guidelines”
e “Current controversies in Turner Syndrome: genetic testing, Assisted Reproduction
and cardiovascular risks”. Além disso, foi aberto espaço para os Ligantes: alunos de
diversos cursos da área da saúde tanto da UFRGS como de outras universidades
interessados no tema da LARHE. Os Ligantes participam das discussões de artigo
realizadas quinzenalmente pela LARHE e também podem auxiliar na divulgação das
palestras.
Em maio, foi realizada a quarta palestra da LARHE, intitulada “A tecnologia na
Reprodução Assistida: aonde podemos chegar?” (Figura 6), a qual foi ministrada pelo
médico Nilo Frantz. O médico, com anos de experiência em infertilidade conjugal e
tratamentos de reprodução assistida, apresentou um histórico geral e panorama sobre
a realidade brasileira da RA. Mencionando os primórdios da área, como o nascimento
do primeiro bebê da técnica em 1978, até as tecnologias mais modernas existentes,
a palestra foi crucial em demonstrar, aos discentes e profissionais presentes, qual o
caminho percorrido pela área e onde a tecnologia nos levará futuramente.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 14
140
Figura 6. Material distribuído pelas redes sociais da LARHE divulgando a primeira palestra de
2019. Produzido por Vitória Batista, discente do curso de Biomedicina e membro da LARHE.
Em junho, foi realizada a palestra que teve recorde de interessados:
vegetarianismo, veganismo, fertilidade e gravidez. A primeira palestra, ministrada pela
nutricionista Rosa Silvestrim, intitulada “A Importância da Nutrição na Reprodução
Humana: vegetarianismo, veganismo e fertilidade”, já a segunda palestra foi ministrada
pela nutricionista Maria Júlia Rosa, com o título “A Importância da Nutrição durante
a Gestação: vegetarianismo, veganismo e desenvolvimento embrionário” (Figura 7).
Figura 7. Material distribuído pelas redes sociais da LARHE divulgando a segunda palestra de
2019. Produzido por Vitória Batista, discente do curso de Biomedicina e membro da LARHE.
Questionário de satisfação
A LARHE desenvolveu um instrumento avaliativo nos encontros para avaliar o
curso, as instalações, o instrutor e uma avaliação geral do curso. Os participantes
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 14
141
responderam cada questão dentro de uma escala com os parâmetros “ruim”,
“insatisfatório”, “regular”, “bom” e “ótimo”. No período de pouco mais de um ano, a
LARHE recebeu, dentre os 168 ouvintes que participaram de nossas palestras, 138
avaliações. Aproximadamente 44% das pessoas avaliaram nossos eventos como
sendo “bom” e 66% como sendo “ótimo”.
Após todas as palestras e grupos de discussão, a LARHE aplicou um
questionário que avaliou a satisfação dos participantes em relação aos seguintes
tópicos: estrutura do local, conteúdo da palestra/grupo de discussão, qualidade dos
recursos multimídia, dentre outros.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir dos dados obtidos na aplicação dos questionários, foi possível
compreender o que era apreciado pelos participantes, o que poderia ser melhorado
para as palestras/grupos de discussão futuros, bem como o público- alvo das
atividades realizadas (Tabela 1)
Avaliação
Evento
Nº Participantes
Nº Avaliações
Ruim
Insatisfatório
Regular
Bom
Ótimo
Bioética
49
45
0
0
0
42
3
Outubro Rosa
15
14
0
0
0
1
13
Novembro
Azul
18
16
0
0
0
2
14
35
29
0
0
0
3
26
51
34
0
0
0
13
21
Tecnologia na
reprodução
assistida
Nutrição e
reprodução
humana
Tabela 1 Números gerais quanto à satisfação dos participantes em relação aos eventos de
acordo com o questionário de satisfação disponibilizado pela organização da LARHE.
As avaliações recebidas do público que compareceu aos eventos foram bastante
satisfatórias. No período de pouco mais de um ano, a LARHE recebeu, dentre os 168
ouvintes que participaram de nossas palestras, 138 avaliações. Aproximadamente
44% das pessoas avaliaram nossos eventos como sendo “bom” e 66% como sendo
“ótimo”. Não foram recebidas outras avaliações. Além dos resultados apresentados
acima, também recebemos algumas sugestões e comentários dos participantes
que foram levadas em consideração e ajudaram a melhorar a qualidade de nossos
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 14
142
eventos.
Além disto, um dos resultados mais promissores da LARHE é sua própria
criação, que, em um ano e meio em atuação ativa, já foi capaz de levar conhecimento
a mais de uma centena de alunos e profissionais interessados na área, abordando
os mais diversos temas de uma área multifacetada.
4 | CONCLUSÃO
Ao promover a criação de uma LA de RA, criou-se uma nova oportunidade,
dentro da universidade, de difundir conhecimento. Trazendo tópicos atuais entre
aulas e palestras, os discentes organizadores da LARHE puderam, de forma geral,
proporcionar experiências e conhecimentos diferentes do que é apenas apresentado
pelo currículo da universidade.
Ainda que se perceba a multidisciplinaridade da RA, alguns currículos
universitários são defasados em relação à área, suas oportunidades de trabalho e
suas responsabilidades. Desta forma, a LARHE abriu espaço para que estes alunos,
provenientes de currículos por vezes atrasados, pudessem ter contato com a área
e seus profissionais. Ainda que haja a necessidade de remodelação dos currículos
universitários das áreas afins à RA, é notória a capacidade da LARHE em difundir
conhecimento relacionado a RA para alunos interessados na temática, muitos dos
quais sonham em seguir sua vida profissional na RA. Cabe mencionar que o trabalho
realizado pelos alunos tem caráter voluntário, não sendo financiado por nenhuma
agência de fomento interna ou externa à universidade. Os alunos, professores e
palestrantes que auxiliam no desenvolvimento das atividades não recebem nenhum
tipo de fomento; estes contribuem com a liga apenas no intuito de compartilhar
conhecimento, sem haver compensação financeira alguma. Uma LA existe em
formato de projeto de extensão para auxiliar o ensino e a pesquisa promovidos
pela universidade, não os substituir. Com o crescente corte de verbas direcionados
à ensino e pesquisa nas universidades federais, demonstra-se claramente a
necessidade de projetos de extensão, tais como uma LA. Ao se avaliar o impacto de
LA de diversas áreas sobre o conhecimento dos discentes participantes, percebe-se
o benefício proveniente das mesmas. Fica claro o fato de que LA e outros projetos de
extensão podem, sem necessitar de recursos públicos, proporcionar atualizações e
trazer novos conhecimentos. Por proporcionar aos discentes da universidade meios
de estudo e aprendizagem, projetos de extensão devem sempre se amplamente
difundidos entre os cursos universitários, auxiliando, assim, no conhecimento e
formação de futuros profissionais brasileiros de todas as áreas.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 14
143
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Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 14
144
CAPÍTULO 15
NÍVEIS DE GLICEMIA RELACIONADOS A PRÁTICA DE
HANDEBOL AMADOR
Ronizia Ramalho Almeida
Deborah Santana Pereira
Instituto Federal de Educação Ciência e
Tecnologia do Ceará, Campus Juazeiro do Norte
Juazeiro do Norte – Ceará
Instituto Federal de Educação Ciência e
Tecnologia do Ceará, Campus Juazeiro do Norte
Juazeiro do Norte – Ceará
Elvis Alves de Oliveira
Narcélio Pinheiro Victor
Instituto Federal de Educação Ciência e
Tecnologia do Ceará, Campus Juazeiro do Norte
Juazeiro do Norte – Ceará
Instituto Federal de Educação Ciência e
Tecnologia do Ceará, Campus Juazeiro do Norte
Juazeiro do Norte – Ceará
Gelbcke Félix Nogueira
Mira Raya Paula de Lima
Instituto Federal de Educação Ciência e
Tecnologia do Ceará, Campus Juazeiro do Norte
Juazeiro do Norte – Ceará
Instituto Federal de Educação Ciência e
Tecnologia do Ceará, Campus Juazeiro do Norte
Juazeiro do Norte – Ceará
Emanuel Belarmino dos Santos
Instituto Federal de Educação Ciência e
Tecnologia do Ceará, Campus Juazeiro do Norte
Juazeiro do Norte – Ceará
Francisco Rodrigo da Silva
Universidade Leão Sampaio, Campus Saúde
Juazeiro do Norte – Ceará
Yaskara Santos Lôbo
Universidade Leão Sampaio, Campus Saúde
Juazeiro do Norte – Ceará
Francisca Alessandra Lima da Silva
Universidade Regional do Cariri, Campus Iguatu
Iguatu – Ceará
Ana Karênina Sá Fernandes
Universidade Regional do Cariri, Campus Iguatu
Iguatu – Ceará
Mônica Maria Siqueira Damasceno
Instituto Federal de Educação Ciência e
Tecnologia do Ceará, Campus Juazeiro do Norte
Juazeiro do Norte – Ceará
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
RESUMO: A atividade física pode ser praticada
de forma individual ou coletiva, com diferentes
tipos de intensidade, força e resistência. As
características dos exercícios depende da
modalidade escolhida e devem ser praticadas
com acompanhamento profissional, afim de
se evitar danos à saúde como: lesões e fadiga
muscular. O handebol pode ser considerado
um esporte intermitente por intercalar
períodos de pausa e intensidade no jogo, o
metabolismo deve estar apto para situações de
cansaço oferecido por uma partida e por isso
a importância de um planejamento especifico
para tal modalidade. Durante o exercício físico
o organismo requer uma obtenção de energia
rápida podendo ocasionar variações nos níveis
séricos de glicose. Diante desse contexto,
Capítulo 15
145
o objetivo foi analisar a variação na concentração de glicose sanguínea em atletas
amadores sob diferentes condições de treinamento na cidade de Juazeiro do Norte Ceará. Os valores foram observados no acompanhamento no pré e pós-treino. Para
análise dos resultados foi verificada a normalidade pelo teste de Shapiro-Wilk (n = 9)
e a esfericidade pelo teste de Mauchly. Para comparação dos resultados foi utilizado
o teste ANOVA Two-way com fatores tipo de treinamento e momento e a ANOVA Oneway para o fator treinamento. Em geral, foi observado uma estabilidade no que se
refere aos níveis glicêmicos, denotando boa adaptação glicêmica dos indivíduos.
PALAVRAS-CHAVE: glicose sanguínea, handebol, bioquímica do esporte.
LEVELS OF BLOOD GLUCOSE RELATED TO THE AMATEUR HANDBALL
ACTIVITIES
ABSTRACT: Physical exercises can be praticed both individually and colectivelly with
different kinds of intensity, strength and resistence. The characteristics of the trainings
depend on the chosen modality and must be practiced with professional assistance
in order to avoid health problems such as lesions and muscular fatigue. An example
is handball which is considered an intermittent sport due to intermittent pauses and
high intensity moments. the metabolism must be adjusted to stress situation during the
game which justify why specific planning is important for this modality. During physical
exercise the body requires a fast energy intake and can cause variations in serum
glucose levels. In view of this context, the objective was to analyze the variation in
blood glucose concentration in amateur athletes under different training conditions in
the city of Juazeiro do Norte – Ceará. These variable was measured by coaching an
amateur handball team in their trainings correlating the results before and after the
training. Normality was verified by Shapiro-Wilk test (n=9) for the analisys of the results
and the sphericity was determined by Mauchly. ANOVA two way test was applied for
results comparison with type of training and moment factors. ANOVA one way was
used for training factor. Stability regard to blood sugar was verified which suggests
certain satisfactory individual’s blood sugar adjustment
KEYWORDS: blood glucose, handball, sport biochemistry.
1 | INTRODUÇÃO
O homem necessita no seu cotidiano de uma série de recursos fisiológicos para
desempenhar de forma plena ações como se alimentar, trabalhar, conversar, ou seja,
ações que os levam a interagir com o meio. A maneira de realizar essas atividades
impacta diretamente na saúde do indivíduo, demandando assim um equilíbrio entre
três fatores. São eles: dieta, descanso e atividade física.
A atividade física pode ser caracterizada por todo movimento corporal que
possa tirar o corpo do repouso resultando em gasto calórico. Ela tem ganhado
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 15
146
espaço na rotina dos indivíduos, devido à relação com benefícios a saúde. Tem-se
como exemplo: prevenção de doenças degenerativas como diabetes, de obesidade,
de cardiopatia, de hipertensão e combatendo assim o sedentarismo. Esse último é
uma das principais causas para essas doenças. (BRASIL, 2014)
Segundo Stein (1999) existe evidências de que ao exercitar-se o indivíduo
assume uma postura positiva frente aos fatores de risco, ou seja, procura adotar um
hábito de vida mais saudável. Logo, ao engajar-se em um programa de atividade
física regular, o praticante passa a dispor de uma ferramenta eficiente e eficaz para
a manutenção da saúde corporal.
A prática de exercício físico pode ser executada de forma individual ou coletiva,
com diferentes intensidade de força e resistência. As características dos exercícios
depende da modalidade escolhida. Tem-se como exemplo o handebol que intercala
movimentos de baixa, média e alta intensidade. Essa organização entre períodos
de esforços e pausas caracteriza o handebol como uma modalidade intermitente,
tornando essencial um período de preparação e planejamento, principalmente
no handebol de alto nível. FRITZEN et al. (2010) colocam a importância do perfil
metabólico, morfológico e fisiológico que atendam às necessidades da modalidade
de maneira eficiente subsidiando as exigências físicas, técnicas e táticas para
o esporte. Para se alcançar os níveis desejáveis do perfil ideal de um atleta de
handebol é necessário que haja um treinamento especifico, alcançando resultados
favoráveis a modalidade porém respeitando os limites do corpo de cada indivíduo.
Frente a isso destaca-se a importância do estudo das concentrações sanguíneas de
indicadores bioquímicos afim de caracterizar e otimizar os efeitos do treinamento de
handebol.
Diante dos benefícios proporcionados a saúde por meio da atividade física,
vale ressaltar os cuidados necessários aos praticantes, sobretudo os principiantes,
pois poderão apresentar diversos danos à saúde como: fadiga muscular severa,
lesão grave aguda ou permanente. A fadiga muscular consiste na incapacidade
neuromuscular gerar força muscular ou mantê-la por um tempo prolongado. Tal
fenômeno é comum em músculos não habituados ao treino e submetidos a uma carga
de treino superior a sua rotina. Vale destacar que o indivíduo deve ser submetido
a um treino com um período inicial de adaptação, em que se deve associar cargas
leves e fases de descanso para recuperação da musculatura (NASCIMENTO et al.,
2014).
A fadiga muscular relacionada ao exercício físico pode depender do tipo, duração
e intensidade do exercício, da tipologia de fibras musculares recrutadas, do nível de
treino do sujeito e das condições ambientais de realização do exercício. Além do
exercício físico, há outros possíveis fatores que podem levar a fadiga muscular como
envelhecimento, diabetes melitus, anemia, problemas cardíacos, doenças renais e
falta de minerais, entre outras causas (ASCENÇÃO, 2003).
Diante desse contexto, tem-se como objetivo analisar a glicemia relacionada ao
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 15
147
treinamento de uma equipe amadora de handebol na cidade de Juazeiro do Norte CE.
2 | FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Saúde relacionada a atividade física
A ideia de saúde relacionada a atividade física vem cada vez mais sendo
difundida pelos meios de comunicações e redes sociais. São muitas informações
sobre métodos, locais e periodização de determinada atividade e esse universo de
conhecimentos pode se tornar confuso para o novo praticante.
Outro aspecto relevante sobre a atividade física é que quando realizada de
forma imprópria apresenta riscos graves de lesões como trauma, osteocondrose,
fratura e disfunção menstrual, ou seja, o planejamento de exercícios sem levar em
consideração a idade, o desenvolvimento motor e o estado atual de saúde torna-se
um danoso à saúde (ALVES; VILAS BOAS, 2009). Devem-se conhecer os limites do
próprio corpo para que não haja comprometimento severo da saúde física e mental.
A decisão de praticar qualquer atividade deve ser avaliada de maneira que o
indivíduo esteja minimamente suscetível a algum tipo de lesão. Um exemplo clássico
de lesão é a fadiga muscular que tem como principal característica a diminuição da
força muscular. Esse fenômeno ocorre devido às reações químicas locais ao realizar
algum tipo de tarefa com um grau intenso de esforço, ou devido à estimulação
tetânica. Após um período intenso de atividade física a fadiga surge como mecanismo
de defesa dando indicativos de cansaço e dores. Esse quadro corrobora que grande
parte de sua energia já foi consumida e o indivíduo deve suspender a atividade. O
ácido lático é removido do sangue e dos músculos sendo esse período denominado
recuperação. Em geral, são necessários 25 minutos de repouso-recuperação para
remover a metade da concentração do ácido lático acumulado.
2.2 Metabolismo energético
O metabolismo energético pode ser dividido conforme a presença de oxigênio
em três processos: anaeróbica alática, aeróbica e anaeróbica lática. Tais processos
são de obtenção de energia através do mecanismo da creatina-fosfato, respiração
celular e fermentação lática, respectivamente (CAPUTO et al., 2009).
No sistema alático ocorre uma reação dentro do músculo que é a degradação da
creatina fosfato (CP) e das moléculas de ATP. O sistema da creatina-fosfato (ATP-CP)
é utilizado pelo corpo para atividades intensas e de curta duração, por exemplo: tiros
de corrida, musculação e arremesso de peso. Esses exercícios requerem energia
rápida e o mecanismo ATP-CP já fornece nos primeiros 10 segundos de duração.
Durante os primeiros 2-3 segundos é utilizado a adenosina trifosfato armazenada no
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 15
148
músculo e após é utilizada a creatina fosfato para reesíntese de ATP, o que ocorre até
o esgotamento de estoque da CP. Ainda sendo necessária a produção de energia, o
mecanismo anaeróbico lático ou aeróbico passa a gerar ATP para o exercício .
A respiração celular compreende um processo de oxidação das moléculas
orgânicas para produção de Adenosina Trifosfato (ATP), A respiração transcorre em
três etapas: Glicólise, Ciclo de Krebs e Cadeia Transportadora de Elétrons (C.T.E.).
Tal mecanismo ocorre com somente na presença do oxigênio. Na primeira etapa,
glicólise, uma molécula de glicose é degradada e convertida a duas moléculas de
ácido pirúvico, tendo como saldo final duas moléculas de ATP e duas moléculas
de NADH. Na segunda etapa, ciclo de Krebs ou ciclo do ácido cítrico, a molécula
de ácido pirúvico é inicialmente convertida a Acetil-COA e esse último composto
inserido no ciclo de oito reações consecutivas gerando assim seis moléculas de
NaDH, duas moléculas de FaDH2 e duas moléculas de Guanina Trifosfato (GTP).
E por fim tem-se a etapa de cadeia transportadora onde todos os aceptores de
elétrons transferem seus elétrons para as moléculas de ATP apresentando um saldo
de aproximadamente 32 moléculas (KOOLMAN; RÖHM, 2013; GALANTE; ARAÚJO,
2014).
A fermentação lática consiste em um processo anaeróbico de conversão de
glicose em ácido lático. Tal composto foi descoberto pelo químico sueco Carl Wilhelm
Schelle, em amostras de leite, em meados de 1780. Posteriormente, Otto Meyerhof
compartilhou o prêmio Nobel em Fisiologia e Medicina, em 1922, com Archibald
V. Hill, devido à descoberta da produção do lactato durante a contração muscular
(BERTUZZI et al., 2009). Esse processo de obtenção de energia ocorre em duas
grandes fases. São elas: glicólise e conversão de piruvato à ácido lático (NELSON;
COX, 2014).
A glicólise é considerada um dos principais eventos fisiológicos durante a
contração muscular pois essa conversão de energia química para energia mecânica
é um evento determinante para o desempenho esportivo. Em outras palavras pode
se dizer que os esforços de curta duração com altas intensidade, a molécula de
adenosina trifosfato (ATP) é ressintetisada, predominantemente, pela degradação
da fosfocreatina e do glicogênio muscular. Esse último processo é sucedido pela
formação de lactato (BERTUZZI et al.,2009).
A glicólise consiste em um conjunto de 10 reações que se organizam em dois
estágios. O primeiro estágio apresenta 5 reações onde se prepara para a transferência
de elétrons e ocorre a fosforilação da adenosina difosfato. Esse estágio requer a
utilização de duas moléculas de adenosina trifosfato (ATP) e atuação de algumas
enzimas como a hexoquinase e fosfohexoseisomerase. O produto final desse estágio
são duas moléculas de gliceraldeído-3-fosfato. Já no segundo estágio, o gliceraleído3-fosfato é convertido à piruvato requerendo para isso fosfato inorgânico (Pi), NAD+
e ADP, sendo catalisado por diversas enzimas como enolase e piruvato quinase
(NELSON; COX, 2014). A equação 01 é o balanço final da glicólise.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 15
149
Sob condições de ausência ou baixas concentrações de O2, o piruvato (forma
ionizada do ácido pirúvico) é reduzido pelo NaDH e íons H+ gerando assim o lactato.
A enzima reguladora dessa segunda etapa é a lactato desidrogenase (HARVEY;
FERRIER, 2012).
Esse mecanismo é comum em grupos celulares que apresentam um menor
número de mitocôndrias e/ou necessitam de energia rápida para desempenhar
trabalho. Um exemplo de estruturas no corpo humano que apresentam essa rota são
os eritrócitos. O lactato é característico no suprimento de necessidades energéticas
do metabolismo após uma pratica de grande intensidade. No entanto é importante
destacar que o organismo é capaz de produzir lactato mesmo ele em repouso,
porém em quantidades menores do que quando estimulado durante a atividade física
(ALBUQUERQUE et al., 2016; TRIBESS; VIRTUOSO JUNIOR, 2005).
2.3 Handebol
A bola é um instrumento desportivo, sendo um dos objetos de lazer mais antigo
do mundo. O jogo de “Urânia” que era praticado no período clássico é um exemplo
de uso desse objeto. Esse esporte é praticado com uma bola de dimensões de uma
maçã usando as mãos mas sem balizas e tinha como objetivo de ultrapassar seu
adversário através de passes, foi uma das primeiras citações do esporte descrito
por Homero na Odisseia. O médico romano Cláudius Galenos (130-200 DC) relatou
um jogo praticado na Idade Média que se utilizava as mãos, “Hasparton”. Esse era
um jogo com bola que servia de lazer para rapazes e moças (NEUENFELDT, 2013)
O primeiro registro de um jogo de Handebol moderno foi na Dinamarca, em
1897 com ascensão na década de 1910, com o surgimento do Handebol a 11,
estimulado pelos parlamentares da Dinamarca, Alemanha e Suécia. Esta maneira
de praticar handebol com 11 atletas começou a ser praticado através da iniciativa de
alguns professores de Educação Física alemães. A modalidade de Handebol passou
por diversas adaptações ao longo do tempo (ARANTES, 2013).
O alemão Karl Schelenz adaptou e lançou o Handebol na Europa, apresentando
novas regras no jogo. Nos jogos olímpicos de Amsterdam, em 1928, foi criada
a Federação Internacional de Handebol Amador (IAHF) e, em 1946, foi criada a
Federação Internacional de Handebol (IHF). Com o passar do tempo foi criado o
Handebol de quadra, com 7 jogadores, sendo que o primeiro campeonato mundial
aconteceu em 1957 na Iugoslávia. Esta modalidade foi criada com o intuito de fugir
do inverno rigoroso europeu e ganhar com agilidade (ARANTES, 2013).
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 15
150
2.4 Handebol e demandas fisiológicas
A importância de se ter um olhar mais crítico com relação a preparação
dos atletas, enfatizando os sistemas anaeróbicos de fornecimento de energia
pois os mesmos são os mais requisitados durante uma partida de handebol em
momentos decisivos como arremesso ao gol, defesa e ataque (ALVES; BARBOSA;
PELLEGRINOTTI, 2008).
Alguns esportes de quadra se qualificam pela alternância de períodos de
atividades de curta duração e alta intensidade intercalados com períodos de
recuperação. Esse mecanismo pode ser observado em um jogo de handebol onde
encontra-se alguns esforços próximos ao nível máximo de intensidade, alternados
com esforços de baixa intensidade e momentos de repouso (FERREIRA, 2010).
Como as demais modalidades coletivas o handebol requisita um fornecimento misto
para a obtenção de energia, onde a própria combinação dos esforços realizados
durante o jogo permite o envolvimento das três vias metabólicas. Assim, o trabalho
intermitente acarreta menor fadiga e permite uma maior intensidade de exercício
durante os períodos ativos (BARBOSA; OLIVEIRA, 2008).
3 | MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Caracterização da pesquisa
O estudo caracteriza-se como uma pesquisa quantitativa de caráter longitudinal,
de campo transversal apresentando um delineamento quase experimental, onde
foi avaliado os perfis de produção de lactato e glicemia em condições normais de
treinamento (THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2007).
3.2 População e amostra
A amostra foi composta por 9 atletas do sexo masculino componentes de uma
equipe amadora de handebol do município de Juazeiro do Norte, Ceará. A faixa
etária analisada foi entre 18 e 50 anos. A participação na pesquisa teve um caráter
voluntário caracterizando a amostragem como não probabilística aleatória e os
participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, obedecendo
assim a Resolução nª 466 de 12 de dezembro de 2012 do Conselho Nacional de
Saúde.
3.3 Processo de amostragem
Uma reunião inicial foi realizada com os atletas e equipe técnica afim de explanar
os objetivos, procedimentos pertinentes e duração da pesquisa. A coleta ocorreu
durante os treinos da equipe em quadra coberta na cidade de Juazeiro do Norte com
dimensões próximas as medidas oficiais que são 40 metros de comprimento por 20
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 15
151
metros de largura. O período total de coleta foi de 1,5 (um e meio) mês possibilitando
avaliação das variáveis em um mesmo ciclo de treinamento.
O parâmetro avaliado foi a glicose sanguínea. Além disso, foi identificado
e também acompanhado os tipos de treinamento através de uma ficha de
acompanhamento para avaliação das respostas fisiológicas posteriores.
3.4 Critério de exclusão e inclusão
Os indivíduos deviam estar com idade entre 18 e 50 anos, ser do sexo masculino,
ser praticante de handebol de forma regular e assídua. Foram excluídos da pesquisa
atletas que não atendam aos requisitos indicados e/ou não assinem o termo de livre
consentimento para participarem da pesquisa.
3.5 Métodos e equipamentos
A glicemia foi mensurada com a utilização do aparelho Accu-Chek de modelo
Ative da marca Roche®. Foram coletadas amostras sanguíneas, 01 gota, na polpa
da ponta do dedo médio, sendo o sangue posto diretamente sobre fitas reagentes
compatíveis com o aparelho. A higienização do processo ocorreu através do uso
de luvas látex pelo avaliador e limpeza do dedo com algodão embebido em álcool
(GUERRA, 2013).
3.6 Análise estatística
Inicialmente a distribuição dos dados foi verificada pelo teste de Shapiro-
Wilk (n = 9). A esfericidade dos dados foi verificada pelo teste de Mauchly e foi
utilizada a correção de Greenhouse e Geisser quando necessária. Foram utilizados
procedimentos descritivos (média e desvio padrão) e inferenciais. Para comparação
dos resultados foi utilizado o teste ANOVA Two-way de medidas repetidas, adotando
como fatores o tipo de treinamento e momento (pré e pós treinamento). As diferenças
de concentrações sanguíneas de glicose foram comparadas pelo teste ANOVA Oneway (Fator treinamento). Para representar o tamanho do efeito foi utilizado o eta
parcial ao quadrado (ɳ2p). O nível-α adotado foi de 0,05 e todos os procedimentos
foram realizados no SPSS versão 22.0.
4 | RESULTADOS E DISCUSSÕES
Na Tabela estão apresentados os valores de média e desvio padrão para as
concentrações de glicose sérica ao longo do estudo.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 15
152
Tipo de Treino/Momentos de avaliação
Treino 1
Treino 2
Treino 3
Treino 4
Treino 5
Média
DP
Pré
118,56
23,80
Pós
124,22
27,08
Pré
109,00
15,62
Pós
115,67
15,59
Pré
105,44
12,65
Pós
109,00
15,16
Pré
108,78
11,70
Pós
102,78
13,62
Pré
105,11
13,41
Pós
104,33
21,46
Tabela 1 - Média e desvio padrão da concentração de Glicemia sanguínea de praticantes de
Handebol amador na cidade de Juazeiro do Norte.
Fonte: Autor (2017).
Na tabela 01 observa-se que a média dos níveis glicêmicos pré-treino nas cinco
avaliações está na faixa ideal para o início do exercício, maiores que 100 mg/dL,
sendo esse limite um valor seguro para os todos indivíduos, inclusive os diabéticos
(CAMHI; KATZMARZYK, 2014). No que se refere aos valores pós-treino, a média
não indica quadro de hipoglicemia ou hiperglicemia, sugerindo uma manutenção
desse metabólito pelo organismo sob situação de treinamento aplicado (CIELO et al.,
2007; SILVA et al., 2008) . Em relação ao desvio padrão, ele representou no máximo
20% (vinte por cento) do valor da média. Esse alto desvio se dá pelas diferentes
condições dos atletas em relação a fatores como rotina, alimentação, atividades
físicas e condicionamento físico.
A seguir estão apresentados os resultados dos níveis de glicemia e lactato
nos diferentes Tipos de Treinamento e Momentos (pré e pós). Os resultados não
indicam Interação Tipo de Treinamento × Momento para a Glicemia, F (4,32) = 1,13,
p = 0,36, ɳ2p = 0,12. Com relação aos resultados de efeitos simples, o fator Momento
(pré e pós) também não apresentou diferenças estatisticamente significativas para
Glicemia, F (1,8) = 0,15, p = 0,71, ɳ2p = 0,02. Contudo, para o fator Tipo de treinamento,
as concentrações sanguíneas apresentaram diferença estatística para Glicemia, F
(4,32) = 3,95, p = 0,01, ɳ2p = 0,33 como apresentado na figura 01.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 15
153
Figura 01 - Concentrações de Glicemia (mg/dL) nos momentos antes e após os diferentes tipos
de treinamento, dos praticantes de handebol amador (n = 9) na cidade de Juazeiro do Norte.
Fonte: Autor (2017).
Em uma avaliação individual, os treinos 1 e 2 apresentaram um aumento
de valores para glicemia, caracterizando assim como dois treinamentos de alta
intensidade. Silva et al. (2011) destacam que exercícios resistidos além de aumentarem
os níveis de lactato, contribuem no aumento da glicemia. Esse comportamento é
mais evidente em exercícios anaeróbicos que aeróbicos, embora ocorram nas duas
condições Esses treinos tiveram uma intensidade mais elevada se comparado aos
demais, pois apresentou exercícios de pliometria, sprinter aliados a exercícios de
deslocamento lateral e arremesso ao gol. Pode-se observar que mesmo a equipe
passando por um ciclo de treinamento físico onde prevaleceram exercícios aeróbicos,
atividades anaeróbicas se destacaram em curtos instantes do treinamento como em
chute ao gol, defesas, saltos e entre outros. Tais condições de treino se assemelham
a condições reais de jogo tendo as atividades desempenhadas durante a partida
favorecem a melhoria do condicionamento aeróbio, que podem proporcionar a
regeneração das fontes energéticas anaeróbicas e conservar valências como esforço
e intensidade (SILVA et al., 2011).
Pode-se inferir que a equipe não apresentou fatores bioquímicos que pudessem
acarretar problemas fisiológicos agudos ou crônicos como: fadiga muscular e
diabetes. De acordo com Silva e Azevedo (2007), o comportamento glicêmico
apresenta uma redução do metabólito no início do treino podendo atingir índices
próximos a hipoglicemia e em seguida esses valores se restabelece alcançando
níveis próximos ao estado de repouso. Tal mecanismo se dá para impossibilitar que
o indivíduo fique hiperglicêmico.
Já nos treinamentos 3 e 4 ocorre uma quase estabilização da glicemia, visto que
no treino 3 ela aumenta e no treino 4 diminui. No entanto essa variação da glicemia
não foi relevante, caracterizando assim etapa de transição, onde o atleta começar a
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 15
154
apresentar uma recuperação metabólica através de uma remoção do lactato. Esse
cenário é um indicativo de prevalência da glicogênese hepática a qual acontece
através do Ciclo de Cori. Silva et al. (2008) afirmaram que as moléculas de lactato
podem ser convertidas a piruvato e em seguida em glicose no fígado. Esse processo
forneceria níveis de glicose no sangue suficiente para a utilização no exercício. No
treino 5 ocorreu uma baixa significância na diferença nos níveis de glicemia..
Pode-se inferir que a equipe de handebol está em um mesociclo com previsão de
tempo total de 3 (três) meses, sendo esse um período de pre temporada de preparação
para uma competição inter estadual. Nesse contexto o time teve predominância
nos 5 treinos de exercícios aeróbicos com curtos e intensos períodos na zona
anaeróbica, mas não acarretando variações severas nos níveis de glicemia. Alves,
Barbosa e Pellegrinotti (2008) afirmam que a ideia difundida de que o metabolismo
aeróbio é mais importante no handebol do que o anaeróbio pode comprometer a
preparação e consequentemente o desempenho do atleta tendo em vista que as
características intermitentes da modalidade requerem um preparo físico oriundo das
atividades aeróbicas, como velocidade e agilidade, embora demandem também as
particularidades do treinamento anaeróbicos, explosão e força. Um equilíbrio entre
os dois tipos de treinamento podem levar o atleta a uma melhoria significante da
técnica de execução das atividades propostas dentro de uma partida handebol.
Para os resultados de variação de concentrações sanguíneas, não foram
encontradas diferenças estatísticas, para ΔGlicemia, F(1,8) = 1,13, p = 0,36, ɳ2p =
0,12.
Figura 2 - Variação de concentração de Glicemia (mg/dL) durante os diferentes tipos de
treinamento de atletas amadores de handebol (n=9) na cidade de Juazeiro do Norte.
Fonte: Autor (2017).
Na Figura 02 está apresentado um perfil da variação glicêmica. Inicialmente
mostra-se ascendente, em seguida ocorreu queda brusca dessa variação e
crescimento suave. Esse comportamento se deve a resposta fisiológica de adaptação
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 15
155
e manutenção dos níveis afim de minimizar quadros hipoglicêmicos.
5 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos resultados obtidos foi possível concluir que não houve diferenças
estatísticas significativas na glicemia Esse fenômeno foi atribuído ao tipo de
intervenção sob a qual a equipe participou.
Vale ressaltar que sob treinamento de velocidade, resistência, recuperação
e tático tanto existe relevância do metabolismo aeróbico quanto do metabolismo
anaeróbico. A combinação entre os dois tipos de treino contribui diretamente para
otimização das condições fisiológicas de cada atleta.
Pode-se inferir que o acompanhamento e controle das variáveis bioquímicas
estudadas são importantes para um bom planejamento dos ciclos de treinamentos.
Considerando-se a modalidade intermitente notou-se que os treinos puderam seguir
as características de um jogo oficial, pois apresentaram momentos de intensidade
intercalando com pausas.
É importante que novos estudos sejam feitos com outra variáveis, sejam elas
bioquímicas ou fisiológicas, afim de colaborar para a melhoraria da performance dos
atletas evitando um maior desgaste.
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Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 15
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Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 15
158
CAPÍTULO 16
OBESIDADE, DIABETES E HIPERTENSÃO NA
UNIVERSIDADE DE RIO VERDE, CAMPUS RIO
VERDE
Ana Luiza Caldeira Lopes
Acadêmica de Medicina, Faculdade de Medicina,
Universidade de Rio Verde (FAMERV/UniRV)
Rio Verde – Goiás
Ana Cristina de Almeida
Acadêmica de Medicina, Faculdade de Medicina,
Universidade de Rio Verde (FAMERV/UniRV)
Rio Verde – Goiás
Katriny Guimarães Couto
Acadêmica de Medicina, Faculdade de Medicina,
Universidade de Rio Verde (FAMERV/UniRV)
Rio Verde – Goiás
Nathália Marques Santos
Acadêmica de Medicina, Faculdade de Medicina,
Universidade de Rio Verde (FAMERV/UniRV)
Rio Verde – Goiás
Kênia Alves Barcelos
Professora da Faculdade de Medicina,
Universidade de Rio Verde (FAMERV/UniRV)
Rio Verde – Goiás
Cláudio Silva Teixeira
Professora da Faculdade de Medicina,
Universidade de Rio Verde (FAMERV/UniRV)
pública. Por isso, pesquisas nessa área são
fundamentais. Este foi um estudo transversal
descritivo realizados com 150 servidores
técnico administrativos da Universidade de
Rio Verde, campus Rio Verde. Foi avaliada
a prevalência relatada e medida in loco
relacionadas as doenças em questão. Entre
os entrevistados 32% afirmaram se considerar
obesos. O IMC indicou taxa de sobrepeso em
42,6% e obesidade 33,2%. A Diabetes mellitus
foi referida em 17% dos servidores. Porém,
apenas 5 deles possuíam um nível glicêmico
acima de 180 mg/dl. A hipertensão foi relatada
em 18% e presente em 23,5% quando aferido.
Esses dados indicam a alta prevalência dessas
doenças nos servidores. Portanto, é necessário
que se desenvolva medida de controle e
prevenção dessas doenças na Universidade de
Rio Verde.
PALAVRAS–CHAVE: Doenças crônicas não
transmissíveis, Funcionários de uma Instituição
de Ensino Superior, Prevalência.
Rio Verde – Goiás
OBESITY, DIABETES AND HYPERTENSION
AT THE UNIVERSITY OF RIO VERDE, RIO
RESUMO: As doenças crônicas não
transmissíveis, especialmente a Obesidade, o
Diabetes Mellitus tipo 2 e a Hipertensão são
altamente prevalentes na sociedade moderna
e são um importante problema de saúde
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
VERDE CAMPUS
ABSTRACT:
Chronic
noncommunicable
diseases (NCD), especially Obesity, Type 2
Diabetes Mellitus, and Hypertension are very
Capítulo 16
159
prevalent in modern society and are a major public health problem. As a result, it is
necessary to carry out research in this area. This was a descriptive cross-sectional
study carried out with 150 technical and administrative staff members of the University
of Rio Verde, Rio Verde campus. The prevalence of NCD was assessed and measured
in loco. 32% of the participants declared themselves to be obese. The Body Mass Index
(BMI) indicated rates of overweight and obesity in, respectively, 42.6% and 33.2% of
the participants. Diabetes mellitus was reported in 17% of the public servant. However,
only 5 of them had a glycemic level above 180 mg / dl. Hypertension was reported in
18% and present in 23.5% when measured. These data indicate the high prevalence
of chronic NCD in public servants. Therefore, it is necessary to develop a measure of
control and prevention of these NCD at the University of Rio Verde.
KEYWORDS: Chronic noncommunicable diseases, Employees of a Higher Education
Institution, Prevalence.
INTRODUÇÃO
As transformações sociais do último século alteraram profundamente o
estilo de vida da sociedade. A dieta passou a ser composta por comidas rápidas e
hipercalóricas. Os equipamentos tecnológicos que poupavam energia e tempo foram
desenvolvidos e se popularizaram. Desta forma, os novos hábitos de vida passaram
a contribuir com a etiologia de algumas doenças. Dentre ela a Obesidade, o Diabetes
Mellitus tipo 2 e a Hipertensão Arterial Sistêmica (Machado et al, 2016).
Essas doenças são as principais doenças crônicas não transmissíveis. Possuem
alta prevalência em todo o mundo, principalmente nos países em desenvolvimento, e
podem acarretar complicações cardiovasculares, cerebrovasculares como o Infarto
Agudo do Miocárdio e o Acidente Vascular Encefálico, dentre outros. Portanto,
compõem um grave quadro de epidemia nacional e mundial, sobrecarregando
hospitais, ambulatórios e representando um alto custo para os sistemas de saúde,
sejam eles privados ou públicos (Abeso, 2016).
Uma questão importante é que a obesidade, o diabetes mellitus tipo 2 e a
hipertensão arterial sistêmica são doenças que podem sem evitadas e controladas,
uma vez que, sua etiologia é fundamentada nos hábitos de vida relacionados a
alimentação e a atividade física.
Muito além da medicação, o tratamento dessas doenças perpassa por uma
mudança de estilo de vida, reeducação alimentar e atividade física. No entanto, essa
transformação no estilo de vida não é simples, exige disciplina e esforço pessoal
(Machado et al, 2016). Outro fator intrínseco a essas doenças que dificulta o seu
tratamento, especialmente o não farmacológico, é a própria fisiopatologia e curso
dessas doenças. Elas possuem em comum uma patogenicidade a longo prazo e
muitas vezes relacionadas a doenças secundárias. Isso resulta, geralmente, em uma
baixa adesão ao tratamento ou uma adesão parcial, nos períodos de agudização da
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 16
160
doença (Pinho et al, 2014).
Portanto, este trabalho teve o objetivo de compor um estudo vertical sobre
a prevalência de Obesidade, Diabetes Mellitus tipo 2 e Hipertensão Arterial na
Universidade de Rio Verde, campus Rio Verde. Um estudo direcionado dessa forma
torna-se importante, pois fornece informações regionalizadas sobre essas doenças
e contribuirá para a elaboração de estratégias para controle dessas doenças.
MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de um estudo transversal, observacional descritivo, quantitativo,
desenvolvido nos meses de fevereiro e março de 2017 com os servidores técnicoadministrativos comissionados e efetivados de uma instituição de ensino superior, do
município de Rio Verde - Goiás, a Universidade de Rio Verde. A amostra foi composta
por 150 servidores de ambos os sexos e diferentes faixas etárias que se dispuseram
a contribuir com essa pesquisa mediante leitura e assinatura de um Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido que explicava os objetivos e procedimentos da
pesquisa, além de assegurar o sigilo e a confiabilidade das informações coletadas
conforme a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS).
A coleta de dados ocorreu por meio da aplicação de um questionário, avaliação
antropométrica, aferição de pressão arterial, glicemia capilar e frequência cardíaca.
O questionário foi composto pelo perfil sociodemográfico da população em estudo,
rastreio sobre prevalência de obesidade, diabetes e hipertensão, além de histórico
familiar para essas doenças e nível de adesão ao tratamento quando presentes.
Foi avaliado também histórico de tabagismo, nível de atividade física e hábitos
alimentares.
A avaliação antropométrica foi composta de peso corporal e estatura para
o cálculo do índice de massa corpórea (IMC) e mensuração da circunferência
abdominal. Essas medidas foram criteriosamente avaliadas pelos pesquisadores
mantendo o rigor técnico conforme recomendações do Manual de Antropometria
do IBGE, desenvolvido pelo Laboratório de Avaliação Nutricional de Populações –
LANPOP.
A pressão arterial foi aferida com auxílio de esfigmomanômetro e estetoscópio.
A glicemia capilar foi medida com material descartável, luvas, caixa de descarte para
perfuro-cortante, seguindo as regras da NR-32. E por fim, a frequência cardíaca
avaliada por meio da pulsação radial.
Foram incluídos da pesquisa todos os indivíduos acima de 20 anos que
exercem as funções técnicas administrativas na Universidade de Rio Verde e que
se voluntariaram a participar da pesquisa. E excluídos os indivíduos que relataram
fobia em relação a qualquer etapa da coleta de dados ou aqueles que desistiram
durante a pesquisa. Os dados obtidos foram analisados com base nas ferramentas
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 16
161
da estatística descritiva e inferencial. A análise estatística dos dados foi feita no
software Minitab 17®, sendo calculados média e taxas populacionais.
Esse estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade de Rio Verde (CEP/UniRV) Rio Verde – GO, sob o número de protocolo
CAAE: 59374916.9.0000.5077.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Este estudo analisou dados de 150 funcionários de uma Instituição de Ensino
Superior, sendo 74 (49%) funcionários do sexo feminino e 76 (51%) do sexo
masculino. A distribuição por idades foi variável, com predominância da faixa de 35
a 39 anos (18,12%), seguido pela faixa de 25-29 anos (17,54%). Os menores de 20
anos corresponderam a 0,67% dos entrevistados. E os maiores de 60anos, 2,6%.
Em relação a obesidade 32% dos funcionários relataram se considerar obesos,
enquanto 60% relataram não serem obesos. O cálculo do IMC (Índice de massa
corpórea) indicou que 42,6% dos funcionários estavam com IMC de 25-29,9 kg/
m², correspondente a sobrepeso, 22% estavam com IMC entre 30- 34,5 kg/m²,
correspondente a obesidade grau I; 8,6% entre 35-39,9 kg/m², que seria obesidade
grau II e 2,6 com obesidade grau III. Esses dados também indicam uma certa
negligência dos entrevistados com o controle de peso e sua saúde. No entanto, o
fator obesidade foi o parâmetro em que a percepção autorreferida mais se aproximou
da avaliada.
Gráfico 1- Prevalência de Obesidade autorreferido
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 16
162
Gráfico 2- IMC avaliado
Não apenas o peso e o IMC são levando em conta no cálculo dos riscos da
obesidade, mas também a distribuição da gordura armazenada, que pode ser central
ou periférica. A obesidade central é aquela na qual a gordura está acumulada no tronco
e na cavidade abdominal, no mesentério e ao redor das vísceras e está associada
a um maior risco de doenças cardiovasculares (Abeso, 2016). Por isso, o cálculo
da circunferência abdominal é essencial para se avaliar os risco de comorbidades.
Nas mulheres os riscos são aumentados com uma uma circunferência abdominal
acima de 80 cm e substâncialmente aumentados acima de 88 cm. Nos homens
os riscos são aumentados com uma circunferência abdominal acima de 94 cm e
substancialmente aumentados acima 104 cm.
Entre o sexo feminino 32,85% tinham circunferência abdominal até 80 cm, em
27,14% a circunferencia abdominal estava entre 80-88 cm, e 40% acima de 88 cm.
Entre os homens 46,1% tinham circunferência abdominal abaixo de 94 cm, 18,42%
entre 94-104 cm e 35,53% acima de 104 cm.
A partir desses desses dados, observamos um alto risco de doenças
cardiovasculares, caracterizado por um alto IMC e circunferencia abdominal. Apesar
desses índices 44% dos entrevistados relataram realizar atividade física de pelo
menos 30 minutos, duas vezes por semana.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 16
163
Gráfico 3– Frequência dos valores de circunferência abdominal
Em relação a prevalência de Diabetes Mellitus tipo 2, no questionários 17%
dos funcionários relataram serem portadores dessa patologia. Segundo dados do
DATASUS/ 2012 a taxa de Diabetes Mellitus na população brasileira é de 8%. No
entanto, em outro estudo mais recente, realizado com funcionários de Instituições de
Ensino Superior em seis capitais brasileiras, demonstrou uma prevalência de 20%, e
metade dos casos sem diagnóstico prévio (Schmidt et al, 2014).
De acordo com a Diretriz da Sociedade Brasileira de Diabetes (2016) os novos
parâmetros para glicemia pós prandial são um valor glicêmico ideal de até 160 mg/
dl, tolerável até 180 mg/dl. Na avaliação de nível glicêmico casual (glicemia de jejum,
pré prandial ou pós prandial) apenas 5 funcionários entre a população entrevistada
apresentaram glicemia maior que 160 mg/dl. Em relação ao parâmetro limítrofe
de180 mg/dl não houve alteração da prevalência. Além disso, observou-se que 78,
67% dos funcionários apresentavem uma glicemia inferior 110 mg/dl, valor ideal em
jejum.
A partir desses dados pode-se inferir que ao servidores portadores de Diabetes
Mellitus tipo 2 realizam um adequado controle glicêmico.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 16
164
Gráfico 4- Prevalência de Diabetes Mellitus autorreferida
Gráfico 5- Nível glicêmico aferido
Apenas 18% dos entrevistados relataram serem portadores de Hipertensão
Arterial Sistêmica. No entanto, os dados colhido pelos pesquisadores demonstram
que apenas 60% dos entrevistados possuiam uma pressão arterial dentro dos
padrões aceitáveis. Sendo que 18% possuiam valores comaptíveis com Hipertensão
tipo I, 2,5 % Hipertensão tipo II, e 3 % hipertensão tipo III. A prevalência nacional de
hipertensão, segundo dados do DATASUS/ 2012 é de 22% na populçao brasileira.
E de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde de 2013, realizada pelo IBGE, a
prevalência de Hipertensão Arterial é de 21,4%.
Esses dados indicam que a hipertensão está subdiagnosticada ou não está bem
controlada na população em estudo. A hipertensão também compõem um importante
fator de risco para doenças cardiovasculares e cerebrovasculares. Estima-se que em
2030 as doenças cardiovasculares serão responsáveis por 23,6 milhões de mortes
(Radovanovic et al, 2014).
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 16
165
Gráfico 6-Prevalência de Hipertensão Arterial Sistêmica autorreferida pelos funcionários
Gráfico 7- Pressão Arterial avaliada
O tabagismo está relacionado a um hábito de vida que juntamente com a
hipertensão arterial sistêmica potencializa o risco para doenças cardiovasculares e
cerebrosculares. A prevalência de tabagismo observada nos funcionários foi de 19%,
valor bem acima da média nacional (7,2%) encontrada em estudo recente (Ministério
da Saúde, 2017).
Gráfico 8- Índice de tabagismo presente na amostra
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 16
166
Nos questionários sobre Hipertensão arterial, Diabetes Mellitus e Obesidade,
uma parcela significativa dos servidores optaram pela resposta “não sei”. A frequência
desse tipo de resposta pode ser atribuido a dois fatores. Primeiro, a uma negligência
em relação aos cuidados de saúde, um acompanhamento médico distante, falta de
informação e conhecimento sobre a própria saúde. E segundo, uma falta de interesse
de alguns participantes por essa parte da pesquisa.
CONCLUSÃO
Este estudo avaliou a prevalência de Obesidade, Diabetes Mellitus tipo 2 e
Hipertensão no servidores técnico-administrativos na Universidade de Rio Verde,
campus Rio Verde. De uma forma geral os índices de Obesidade, Diabetes Mellitus
tipo 2 e Hipertensão Arterial Sistêmica encontrada nos funcionários da Universidade
de Rio Verde se encontram acima dos parâmetros nacional. Portanto, faz-se
necessário criar políticas e campanhas na universidade que estimulem a melhora
dos hábitos alimentares, a prática de exercícios físicos, um bom controle da pressão
arterial e glicemia capilar.
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Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 16
167
CAPÍTULO 17
PREVALÊNCIA DE POLIFARMÁCIA EM USUÁRIOS
DE UM SERVIÇO DE SAÚDE DE UMA CAPITAL DO
NORDESTE BRASILEIRO
Clemilson da Silva Barros
Farmacêutico. Msc em Saúde do Adulto e da
Criança. UFMA. São Luís, MA – Brasil.
Ilka Kassandra Belfort
Enfermeira. Msc em Saúde Materno Infantil.
UFMA. São Luís, MA – Brasil.
Mauricio Avelar Fernandes
Farmacêutico. Msc em Saúde Saúde do Adulto e
da Criança. UFMA. São Luís, MA – Brasil.
Sally Cristina Moutinho Monteiro
Docente do Departamento de Farmácia. UFMA.
São Luís, MA – Brasil. Doutorado em Biociências
e Biotecnologia Aplicada a Farmácia pela
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita
Filho.
E-mail:
[email protected]
RESUMO: Objetivo: avaliar a frequência de
polifarmácia em pacientes assistidos pela
Estratégia de Saúde da Família em uma
capital do nordeste brasileiro (São Luís,
Maranhão, Brasil). Metodologia: estudo do
tipo transversal, focado em atingir resultados
terapêuticos com melhores custo-efetividade
para a saúde dos participantes. A amostra foi
composta por 171 pacientes, de ambos os
sexos, maiores de 18 anos e portadores de
hipertensão arterial e/ou diabetes mellitus, do
tipo 2, vinculados a uma Unidade Básica de
Saúde (UBS) da capital em estudo supracitada.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Buscou-se avaliar a prevalência de polifarmácia
e seus fatores associados. Resultados:
esse estudo contou com 11,11% (19/171) de
usuários polimedicados, com predomínio do
sexo feminino 73,68% (15/19), destacando-se
ainda os sedentários (78.95%) e os que não
se consideram saudáveis (73.68%). Obteve-se
resultados estatisticamente significativos para
as variáveis situação conjugal (p-valor 0.045)
e diabético (p-valor < 0.001). Com relação
aos medicamentos, destacaram-se aqueles
referentes ao sistema cardiovascular (27,05%).
Conclusão: A prevalência de polifarmácia
encontrada neste estudo foi considerada baixa
em comparação com outros estudos; no entanto,
conhecer o perfil da comunidade usuária da
polifarmácia nos permite adequar as ações de
saúde existentes e desenvolver novas, a fim de
melhorar os indicadores de morbimortalidade,
incapacidade e qualidade de vida dos pacientes
com doenças crônicas não transmissíveis por
meio de medicação.
PALAVRAS-CHAVE: Atenção farmacêutica.
Diabetes. Hipertensão. Atenção primária à
saúde.
PREVALENCE OF POLYPHARMACY IN
USERS OF A HEALTH SERVICE IN A
Capítulo 17
168
CAPITAL OF THE BRAZILIAN NORTHEAST
ABSTRACT: Objective: to evaluate the frequency of polypharmacy in patients with
hypertension and /or diabetes who are assisted by the Family Health Strategy in a capital
of the Brazilian northeast (São Luís, Maranhão, Brazil). Methodology: the study is of
the transverse type, focused on achieving more cost-effective therapeutic results for the
participants’ health. The sample was composed of 171 patients, both men and women,
over 18 years of age and with arterial hypertension and/or diabetes (type 2), linked to
a Basic Health Unit. Results: This study had 11,11% (19/171) of polymedicated users,
with a predominance of females 73.68%, standing out the sedentary ones (78.95%)
and those who did not consider themselves healthy 73.68%. We obtained statistically
significant results for the variables marital status (p-value 0.045) and diabetic (p-value
<0.001). Regarding the medicines, the ones referring to the cardiovascular system
were highlighted (27.05%). Conclusion: The prevalence of polypharmacy found in
this study was considered low compared to other studies; however, knowing the profile
of the community using polypharmacy allows us to adjust existing health actions and
develop new ones, in order to improve indicators of morbidity and mortality, disability
and quality of life of patients with chronic non-transmissible diseases using medication.
KEYWORDS: Pharmaceutical care. Diabetes. Hypertension. Primary health care.
INTRODUCTION
There are different conceptual trends in literature about what can be characterized
as polypharmacy, in these, there is one common aspect, which is that polypharmacy
is understood as the concomitant usage of multiple pharmacies by one individual. The
condition of polypharmacy is classified in three (03) ways: light, moderate and acute,
having the number of medicines being used as a quantitative standard. Knowing
this, the light classification is defined with the use of two or three pharmaceutics, the
moderate is the use of four to five and acute, the use of more than five medicines and
defining polypharmacy purely by an arbitrary number of medicines, however, fails to
acknowledge that the potential risk of adverse effects of medicines can vary widely. It
is also known as appropriate or inappropriate (TROMBIM et al., 2016).
Not transmissible chronicle diseases such as arterial hypertension and mellitius
diabetes, isolated or associated, justify the need of using multiple daily pharmaceutics,
aiming to reach clinical and metabolic standards, reduce the negative impacts of the
disease, prolong the patients’ longevity and act in a better life quality of them. In this
situation, the risk/benefit evaluation of polypharmacy reveals that these practices are
a strategy of the pharmacological intervention as positives aspects to the user health,
since well monitored and manipulated. It is important to highlight that polypharmacy
do not has only negative points and that its positive impacts can be realized, as well
as evaluated and sometimes are more important than negatives (TROMBIM et al.,
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 17
169
2016).
Having few studies evaluated polypharmacy in primary care and in public health,
this study aimed to evaluate the frequency of polypharmacy in patients with systemic
arterial hypertension and/or mellitus diabetes, assisted by the Family Health Strategy
in a Brazilian northeast capital (São Luís, Maranhão, Brazil).
METHODS
Transversal development study, made at a Family Health Unity in a Brazilian
northeast capital (city of São Luís, Maranhão State, Brazil). Part of the population of
this study were attend to a Basic Health Unit quoted above, which belongs to a Family
Health Strategy (FHS), diagnosed confirmed of Systemic Arterial Hypertension (SAH)
and/or Mellitus Diabetes (MD), aged equal or superior to eighteen of medicine usage
to diseases quoted above, without gender or ethnic distinction.
For the standard of polypharmacy prevalence on the Brazilian population a
study was made, that shows a polypharmacy prevalence between 14,3% to 35,4%
(Santos et al., 2013). The following estimative were used: total of registered people
in registered in the single health system of the Family Health Strategy; polypharmacy
prevalence in the Brazilian population: maximum of 32% (p); Sample error: 5% (e);
Trust pause: 95% (Z). Thus, the calculated sample were 155, accessed by 5% for
possible lost or refuses, totalizing 163 necessary participants for the sample, however,
we obtained a final total of 171 participants.
All the users that must had attended the following criteria, were included: to have
a confirmed diagnosis of SAH and/or MD and to be registered at FHS; be equal or
older than 18 and to attend the Basic Health Unit regularly (at least once in a month).
As non-inclusion criteria, there are: cognitive incapacity that disable the
comprehension and answer to the questionnaires; to be institutionalized (hospitalized,
shelter or in privative state of freedom) at the moment of data collection by the
questionnaire (script) application and pharmaceutics support.
The data collection was made through direct observation and the Script of
Pharmaceutics Services proposed by the Caring Notebook from the Health Department
(2014), adapted. The method had the following stages: invitation to participate in the
study, study stage and situational analysis; and global health evaluation.
The actions occurred at Basic Health Unit and during the domiciliary visits, with
the participation of the health team (medic, pharmaceutical, nurse and communitarian
health agents) and the researchers. The interviews/visits were made respecting the
routine from the communitarian health agents, aiming to systematize the activities.
The questionnaire was directed to investigate the following independent variables:
gender, age, auto declared skin color, familiar income, schooling, engagement
situation, exercise practices (at least 03 times/week), beer consume, smoking
(was considered the use at least once last month), health auto perception, arterial
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 17
170
hypertension, mellitus diabetes, familiar antecedents of cardiovascular diseases,
acute myocardial infarcts and regular medicine use. The dependent variable was
polypharmacy.
About the hemodynamics, the arterial pressure was checked, obtained by two
checks, made by only one evaluator (according to the Cardio Brazilian Society)
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2013), using the calibrated mercury
column aneroid sphygmomanometer and stethoscope, with a 5 minutes break
between each measure at least and not using the auscultatory technic.
The medicine classification used was based in the first and third level of the
Nordic Council on Medicine Anatomical Therapeutic Chemical (ATC) classification
system (VIEIRA, CASSIANI, 2014; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2016).
All data were registered in number codified questionnaire, aiming to maintain
the identity secret just as a way of the data organization while the tabulation (with
double typing). The Ethics and Researches Committee of the Presidente Dutra
Academic Hospital approved the study numbered 289.937 and had the financing by
the Support for Researches Foundation (FAPEMA) – Research for the SUS: shared
health management, FAPEMA Edictal 016/2013.
The database was always filled at the end of each domiciliary visit counting
with the support of the software Microsoft Office Excel® (2013 version). The data
analysis involved the descriptive statistics application, which for categorical variable
were frequently relatives and absolutes and for regular variables were expressed
as average and standard deflection. The diagnoses of normality were done with the
Shapiro-Wilk Test, done with the support of statistics program Stata® (version 14).
For the analysis of the associated polypharmacy facts was applied the Chi-square
test. For the statistics results interpretation, in all tables and tests were adopted
significance alpha level inferior to 0.05 and trust pause of 95%.
RESULTS
This study had the participation of 171 participants, both genders, average age
of 60.54 (± 11,41) years old, auto-declared skin color as not white (85.38%), with 08
years of study (48.54%), with partners (52.05%), receiving less than 1 basic salary
(59.65%) (Basic Brazilian Salary of R$ 957.00 – converted in nowadays euros prize
is € 250,53. Base for the calculations: 1 € = 3,74 R$) (Table 1).
POLYPHARMACY
Variables
YES
n (%)
p-value1
NO
n (%)
0,576
Gender
Male
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
5 (26.32)
47 (30.92)
Capítulo 17
171
Female
14 (73.68)
105
(69.08)
0.416
Age group
<60 years old
7 (36.84)
71 (46.71)
≥ 60 years old
12 (63.16)
81 (53.29)
0.878
Auto declared skin color
White
3 (15.79)
22 (14.47)
Not white
16 (84.21)
130
(85.53)
No income
2 (10.53)
3 (1.97)
<1
12 (63.16)
90 (59.21)
1 to 2
5 (26.32)
50 (32.89)
>2
0 (0.00)
9 (5.92)
0.132
Income
0.144
Schooling
Never studied
7 (36.84)
27 (17.76)
Until 8 years
7 (36.84)
76 (50.00)
> 8 years
5 (26.32)
49 (32.24)
Marital situation
0.045*
Without partner
5 (26.32)
77 (50.66)
With partner
14 (73.68)
75 (49.34)
Table 1: Socio-demographic variables associated to polypharmacy in assisted users by one
Health Family Strategy in a northeast Brazilian capital (São Luís), 2015.
1Test X², * Statistical significance p< 0,05.
About the health data, 84,80% are only hypertensive; 42,69% only diabetics
and 27.49% have both. The majority does not present familiar antecedents for
cardiovascular diseases (59,65%). And the health general auto perception showed
that 56,14% does not consider themselves healthy (Table 2).
POLYPHARMACY
Variable
p-value1
YES
n (%)
NO
n (%)
No
17 (89.47)
118 (77,63)
Yes
2 (10.53)
34 (22,36)
0.278
Alcohol drinker
0.355
Smoker
No
18 (94.74)
133 (87.50)
Yes
1 (5.26)
19 (12.50)
0.837
Exercise Practice
No
15 (78.95)
123 (80.92)
Yes
4 (21.05)
29 (19.08)
0.102
Health auto-perception
No
14 (73.68)
82 (53.95)
Yes
5 (26.32)
70 (46.05)
0.201
Hypertension
No
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
1 (5.26)
25 (16.45)
Capítulo 17
172
Yes
18 (94.74)
127 (83.55)
< 0.001*
Diabetes
No
2 (10.53)
100 (65.79)
Yes
17 (89.47)
52 (34.21)
Familiar Antecedents
Cardiovascular Disease
0.741
No
12 (63.16)
90 (59.21)
Yes
7 (36.84)
62 (40.79)
No
15 (78.95)
116 (76.32)
Yes
4 (21.05)
36 (23.68)
0.798
Chronic Kidney Disease
0.071
Stroke
No
9 (47.37)
103 (68.21)
Yes
10 (52.63)
49 (32,23)
0.626
Myocardial Infarction
No
13 (68.42)
112 (73.68)
Yes
6 (31.58)
40 (26.32)
Table 2: Health conditions profile associated to polypharmacy in assisted users by one Health
Family Strategy in a northeast Brazilian capital (São Luís), 2015.
1Test X², * Statistical significance p< 0,05.
About the use of medicines, those who belongs to the cardiovascular system
represents the pharmacologic group of antihypertensive and diuretics were prevalent
(classification ATC 1º and 3º level: C02; C07; C08; C09; C03) with 27,05%; followed
by those who belongs to the alimentary and metabolic treatment, represented by the
oral anti-diabetics (classification ATC 1º and 3º level: A10B) with 7,06%; the active
in the central nervous system (SNC) represented by the anti-depressives (N06A);
anti-convulsing (N03A); anti-psychotics and neuroleptics (N03A) and at last, the
musculoskeletal actives system represented by the anti-inflammatory (M01) all these
with 4,70% of the total use of medicine (Table 3).
Medicine group (ATC
Pharmacological group
1)
C - Cardiovascular
System
A - Alimentary and
metabolic treat
B- Blood and
hematopoietic organs
n (%)
Related to the
group total ATC 1
ATC
3rd level
Antihypertensive and
Diuretics
C02; C07; C08;
C09; C03
23 (27,05)
Antilipemic
C10
1 (1,17)
Vasoprotectant and
venotonic
C05B
1 (1,17)
Anti-diabetics
A10B
6 (7,06)
Antidiarrhoeal opioids
(Antiemetic)
A04
1 (1,17)
Antisecretors
(Antiulcerous)
A02B
3 (3,53)
Antiplatele agents and
antithrombotic
B01; B02
2 (2,35)
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 17
173
Anti-depressive
N06A
4 (4,70)
Anti-convulsing
N03A
4 (4,70)
Antiparksonian
N04A
1(1,17)
Antipsychotics and
Neuroleptics
N05A
4 (4,70)
Imidazopyridine
(Non-Benzodiazepine)
N05C
1 (1,17)
Antivertiginous
N07C
1 (1,17)
D- Antifungaldermatological of
systemic use
Antifungal
D01B
2 (2,35)
L-Immunomodulator
and antineoplastic
agents
Antineoplastic
L01
1 (1,17)
Antirreumatic
(Anti-inflammatory action)
M01
1 (1,17)
Anti-inflammatory
M01
4 (4,70)
Muscular relaxant
M03
1 (1,17)
R- Respiratory system
Anti-histaminic
R06A
3 (3,53)
Others
Others
-
21 (24,70)
C- Nervous system
M- Musculoskeletal
system
Total
85 (100)
Table 3: Medicine Anatomical Therapeutic Chemical classification system (1st level) and
pharmacological (3rd level) of the used medicine by one Health Family Strategy in a northeast
Brazilian capital (São Luís), 2015.
Font: The author himself; WHO, 2016; ATC, 2017.
The evaluation of the relation between polypharmacy and socio-demographic
variables showed that 11.11% (19/171) participants use five or more medicines,
predominant in the female gender (73.68%); age higher or equal to 60 years old
(63.16%); auto-declared skin color as not white (84,21%); with partner (73,68%);
income less than 1 basic salary (63,16%); prevail those who does not have schooling
or have until 8 years of study (36,84%); This analysis obtained some significant
statistical association (p-value 0.045) only for the situational engagement variable
(Table 1).
About the health variables, verified that 73.68% of those who are using multiple
medicines does not consider themselves healthy; does not drink (89.47%) and
smoke (94.74%). Had the verification even bigger of sedentary people in this group
(78.95%), highlighting for the arterial hypertension (94,74%), compared to mellitus
diabetes (89.47%). Besides the missing of chronicle kidney diseases in both groups
(78.95%) and (76.32%) respectively and myocardial infarcts (68.42%) and (73.68%)
respectively. However, prevailing differences were detected on the studied group to
the stroke variables, obtaining a bigger prevalence of poly-medicine usage (52.63%)
(Table 2).
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 17
174
DISCUSSION
The prevalence of polypharmacy observed in this present study (11.11%)
was similar Nascimento et al. (2017) and to that of primary care in Germany (10%)
(GRIMMSMANN, HIMMEL, 2009) and below 20.8% in adults primary care in Scotland
(GUTHRIE et al., 2015). Studies on polypharmacy in primary health care, including the
general population, are scarce, and the incidence and prevalence of this phenomenon
is strongly linked to multiple factors such like: social, economic, geographic; healthy
situation; health auto-perception; intervention approach; interaction between the
professional that prescripts and the patient; prescription quality; age; quantity of
pathologies; marital state; income; schooling and auto-medication. All this factor can
justify the fact this practice be characterized as a high impact around the world.
Raising the chances to occur the inadequate medicine prescription, potentially
unnecessary and dangerous for the user; precipitating possible adverse reactions
and creating bigger wastes with non-pharmaceutics and pharmaceutics treatment
(SALES, SALES, CASOTTI, 2017).
The polypharmacy has a relation with the risk raising and the seriousness of
developing and adverse reaction to the medicine; negative medicinal interaction;
cumulative toxicity; morbid-mortality raising; spent with health and loss of life quality
(RILL, 2016). The poly-medication when done irrationally can end up in negative
consequences to the treatment, for the public treasure and for the user safety (RIKER,
SETTER, 2013). However, is worthy to register that besides what was quoted above,
the polypharmacy when need, previously evaluating the risk/benefit, used rationally
and monitored, contributes positively for the pathological control and for the better
clinical state and raise of the user life quality (MARIN et al., 2008).
Although most studies investigate polypharmacy in the elderly, the present study
an important percentage among people under 60 years of age. In this way, these data
need to be better understood to and qualify care in primary care.
When the effect of polypharmacy was tested in the socio-demographic variables
was possible to find a statistically significant association (p-value 0.045) only for
the marital situation. Nevertheless, there is a tendency of polypharmacy influence
other variables, affecting even the treatment quality and the users lives that does not
receive orientation and effective support from the health professionals and are not
actives participants in the therapeutic process.
So, it is necessary to stimulate the pharmacological support to help directed
orientations for the individual, the population e to the professionals involved at the
caring and promoting health through actions like the rational use of medicines;
adverse reactions; the collateral effects; the possible drug interaction; the promotion
and following up the therapeutic adhesion and effective articulations of inter-subject
in developed health in this scenario (VIEIRA, CASSIANI, 2014).
The active and positive familiar participation in the procedure referred to the caring
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 17
175
and pharmacological treatment and non-pharmacological is essential and represents
a difference at the treatment results. Just as those who are using multiple medicines
and suffer of cognitive deficit must have the family support aiming to remember then
to use the medicines and help the treatment adhesion and It is important to register
that according to the literature, the majority of the researches point that being married
(to have a partner) represents a factor of harm protection and collaborates to bigger
adhesion taxes of the treatment (ALMEIDA et al., 2017).
The way how the patient perceives his or her mental state has a direct relation
with the ways him or her face questions of auto-care and with their attitudes related
to health and adhesion of the medicinal and non-medicinal treatment (CONFORTIN,
GIEHL, ANTES, 2015). Some studies associated that the negative health autoperception weakens the practices of auto-caring and correct attitudes in the treatment,
what complicates the clinical condition and collaborate to development of new harms
to the health.
The health perception is a very useful instrument to personal evaluations in
researches about health profile data collection, especially about the need of medicine
as the most used resources on diseases treatment and represents a good indicator
of the population health (CONFORTIN, GIEHL, ANTES, 2015). In the population are
using multiple medicines does not consider themselves healthy is consistent because
it is obvious the connection between health problem and use of medicines. This
technique is useful, even, for the preparation and application of health strategies that
may help the interventions pointing to a positive health perception and promotion
of strategies that supports the people health quality, especially those who are polymedicated.
The study analysis presented a statistically significant result (p-value<0,001)
for the diabetes variable, obtained in comorbidity evaluations and pharmaceutics
therapy data associated to polypharmacy among the research’s patient. This result
is in line with other and coherent about the non-transmissible chronicle diseases
epidemiological profile in Brazil, where diabetes is recognizing as an important public
health problem with relevant biopsychosocial impacts (SCHMIDT et al., 2011) and
whose control and treatment presuppose the use of various medications. However,
one of the limitations of this work refers to the analyzed as the concomitant use of
multiple drugs (concept of polypharmacy), without taking the checked the reasons for
the prescription of the medicinal products, in order to enable the evaluation of the of
the use of each medicinal product.
The majority of the population using medicines that have an action on the
cardiovascular system (TAC1-C) and alimentary and metabolic treat (TAC1-A) like
antihypertensives and oral anti-diabetics observed in this investigation is a reflex of
the sample distribution which is basically formed by porters of both diseases. Other
pharmacological groups also appear distinguished in this study, the anti-depressives;
the anti-convulsing; the antipsychotics and neuroleptics and anti-inflammatory.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 17
176
Medicines that belong to the list of drugs potentially inappropriate for use in the
elderly, according to Beers criterion (AMERICAN GERIATRICS SOCIETY, 2015).
The Beers criterion is an important health care for the elderly population and
should be incorporated into the (medical records) to support the prescribing process
and to identify situations that impair the patient’s safety or that non-pharmacological
measures may be more appropriate (AMERICAN GERIATRICS SOCIETY, 2015).
In a research done with elders in Goiânia (n=418) that obtained a bigger
participation of the female gender very aged and a polypharmacy prevalence of 28%
were detected similar prevalence to those found in the actual research about the
use of medicines and its classification about the following results: cardiovascular
(49,2%), alimentary and metabolic treat (18.0%) and nervous system (12.2%) (PAIVA
et al., 2014).
The expressive polypharmacy prevalence can be configured as a phenomenon
really perceived in the communities and independent hospitals of the location and
depend on socioeconomic aspects, cultural, psychological and the installed diseases
quantitative. For instance, a study done in Barbacena/MG obtained 32,4% of
polymedicated (≥ 5 medicines) for cardiovascular pathologies (PAIVA et al., 2014).
In Santa Caratina, in a studied of medicine use with 104 participants pointed 28,8%
in a situation of polymedication (≥ 5 medicines) (GALATO, SILVA, TIBURCIO, 2010).
In other case with 78 participants of SAH or MD listed in an FHS of Santo Ângelo
city, in the State of Rio Grande do Sul, obtained 36,5% of polymedicated (AMES et
al., 2016). In São Paulo, a research about the use of medicine was done with 209
participants and obtained 46,4% of polymedicated (LUCCHETTI et al., 2010).
In Curitiba, researchers analyzed the dietary consume, health state, population
health condition and other standards in different neighborhood and observed the
prevalence of 70% of less than 5 medicines used (1 to 4 drugs) daily and at Bahia,
in the urban zone of Aiquara analyzed factors associated to polypharmacy in user
attended by the local FHS and verified a prevalence of 55,1% of 272 participants
in total and a 499 total medicines (classification ATC) (SALES, SALES, CASOTTI,
2017).
In Belém, authors studying polypharmacy and medicine interactions, evaluated
258 prescriptions of 85 interned patients and obtained an average value of 9,2 (DP±
3,75) drugs by patient, configuring polypharmacy. An epidemiological study promoted
in urban sectors of the Brazilian northeast, pointed a prevalence of polymedication
consume of 11% (Neves et al., 2013).
In all these studies, about the medicine classifications was observed that the most
highlighted in this polymedication scenario were those which acts is the cardiovascular
system, diuretics, hypoglycemics and in few cases the psychotropics. The presence
of these classifications in prescriptions evidences the need of therapeutic monitoring
and general caring of this therapeutic resource, aiming to avoid undesirable events
that may corroborate to leaving the treatment or to non-adhesion to it (RAMOS et al.,
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 17
177
2016).
The more complex is the prescription the bigger are the chances of having
problems during its execution, it is necessary to stimulate moments of reflection
by multiple looking that may be possible to discuss and adopt actions to rational
medicine use to stimulate the correct prescription, functional and based not only on
patient clinics, but also in socioeconomics and psychosocial factors originated of
each situation is the user. This attitude can collaborate to make the multiprofessional
in health field teamwork stronger, articulated and more effective. As important as
the education stimulation by the prescriber, the augment of health services, the
pharmacoepidemiological study and the adoption of measures about pharmacological
assistance that fit to real and preponderant demands of the individual and or assisted
communities (NEVES et al., 2013).
This research’s participant population is under medicine influence and need
to be under active medicinal monitoring to do regular evaluations of polymedicated
health and thus, do, always it is necessary, the interventions about the adequate
doses, how to and time to use, taking away and/or substitutions of actives, aiming
to reach the hoped results and bring more rationality and safety to the use. In this
pharmaceutics process, the most indicated to support the multiprofessional heath
team involved in the caring of the user with associated pathologies and that’s why
the use of multiple medicines (polypharmacy) for using effectively and capably
to guarantee that the medicines present good performance and the results of the
therapeutic plan be reached efficiently and with quality without any great harm for the
user, in case it happens.
Moreover, about this, it is possible to verify in literature works that defend the
opportune idea of needing to develop strategies to strengthen the pharmaceutics
actuation at clinical field, social and educational, developing actions based in science
and safe, focusing on the patient and his/her major needs, filling the lack of information,
overall about medicine, because when used correctly configure an protection element
and a strong ally in the treatment, but, if used irrationally can present a threat to the
user health and a fragility in the therapeutic plan.
Finally, this study has limitations, for example the sample size and the
regionalism; although, all information obtained in this research are relevant and serve
as base to trace new actuations plans of the multiprofessional team competently and
that answer positively the need of major health in the assisted population.
CONCLUSION
The prevalence of polypharmacy found in this study was considered low
compared to other studies; however, knowing the profile of the community using
polypharmacy allows us to adjust existing health actions and develop new ones, in
order to improve indicators of morbidity and mortality, disability and quality of life of
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 17
178
patients with chronic non-transmissible diseases using medication.
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Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 17
180
CAPÍTULO 18
PROMOÇÃO EM SAÚDE SOBRE DOAÇÃO DE
LEITE HUMANO NA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE
DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO: UMA ANÁLISE
DOCUMENTAL EM DADOS OFICIAIS E MÍDIAS
SOCIAIS
Bárbara Maciel de Pinho
Estudante, Discente do curso de Enfermagem no
Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM).
Rio de Janeiro - RJ.
Cristiane Silva de Oliveira
Estudante, Discente do curso de Enfermagem no
Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM).
Rio de Janeiro - RJ.
Deise Cristina Pereira de Oliveira
Estudante, Discente do curso de Enfermagem no
Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM).
Rio de Janeiro - RJ.
Fabiana Ferreira Koopmans
Enfermeira. Mestre. Docente do curso de
Enfermagem no Centro Universitário Augusto
Motta (UNISUAM) e da Faculdade de
Enfermagem da Universidade Estadual do Rio de
Janeiro (UERJ).
Rio de Janeiro - RJ.
Mayara Dias de Araujo
Estudante, Discente do curso de Enfermagem no
Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM).
Rio de Janeiro - RJ.
RESUMO: Introdução: O presente trabalho
tem como objetivo de estudo a promoção
de saúde sobre doação de leite humano.
Objetivos: Identificar as ações de promoção
de saúde sobre doação de leite humano,
através de documentos realizados de Clínicas
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
da Família e/ou Unidades de Saúde da Família
do município do Rio de Janeiro. Metodologia:
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, utilizando
análise documental sobre o processo de
doação de leite humano. Para levantamento
de dados foi realizado busca no Diário Oficial
do Município Rio de Janeiro – RJ por meio de
um aplicativo desenvolvido para celular Android
“Diário Oficial PCRJ” e também nas mídias
sociais das USF/ Clínicas de Família. Resultado
e Análise: Para os resultados foram utilizados
quatro quadros e um gráfico para analisar as
produções realizadas pelas Unidades Básicas
de Saúde que são Postos de Recolhimento de
Leite Humano (PRLH). Constatou-se que a Área
Programática que possui maior quantidade de
PRLH foi a que mais contabilizou atividades
relacionadas a doação de leite humano.
Conclusão: O trabalho conclui-se que há pouca
publicação sobre doação de leite humano nos
serviços de saúde. Desta forma é reconhecível
que as Unidades Básicas ainda carecem de
atividades e informações em prol da doação
de leite humano. Talvez seja motivo pela não
captação de doadoras e consequentemente
não consegue abastecer os BLH. Sendo assim
percebe-se que para ampliar a divulgação
de BLH e captação de doadoras torna-se
necessário a promoção em saúde, visto que
muitas mulheres não tem conhecimento da
prática de doação de leite.
Capítulo 18
181
PALAVRAS-CHAVE: Banco de leite, doação de leite e posto de recebimento de leite
humano.
HEALTH PROMOTION ON THE DONATION OF HUMAN MILK INPRIMARY HEAL
CARE IN THE CITY OF RIO DE JANEIRO: A DOCUMENTARY ANALYSIS ON
OFFICIAL DATA AND SOCIALMEDIA
ABSTRACT: Introduction: The present work aims to study the promotion of Health
on the donation of human milk. Objectives: To identify health promotion actions on the
donation of human milk, through documents made by family clinics and/or family health
units in the city of Rio de Janeiro. Methodology: This is a qualitative research, using
documentary analysis on the process of donation of human milk. For data collection, a
search was conducted in the Official Journal of the city of Rio de Janeiro - RJ through
an application developed for Android mobile phone “Official journal PCRJ” and also in
the social media of the FHU/family clinics. Results and Analysis: Four tables and a
graph were used to analyze the productions performed by the basic healt units that are
Human Milk Collection Posts (HMCP). It was found that the programmatic Area that
has the highest amount of HMCP was the most accounted for activities related to the
donation of human milk. Conclusion: The study concludes that there is little publication
on the donation of human milk in health services. In this way it is recognizable that the
basic units still lack activities and information in favor of the donation of human milk.
Perhaps it is reason not to attract donors and consequently cannot supply the Human
Milk Banks. Thus, it is perceived that in order to increase the dissemination of HMB and
donor uptake, it is necessary to promote health, since many women are unaware of the
practice of milk donation.
KEYWORDS: milk bank, milk donation and human milk receiving post.
1 | INTRODUÇÃO
Trata-se de um trabalho de conclusão de curso (TCC), realizado com a finalidade
de adquirir título em Bacharel em Enfermagem, desenvolvido por acadêmicos do
Centro Universitário Augusto Motta. A temática perpassa pela promoção de saúde
sobre doação de leite humano na Atenção Básica à saúde do Município do Rio de
Janeiro.
A doação de leite humano é definida como uma ação realizada por nutrizes
saudáveis que apresentam excesso de produção de leite, além das necessidades
normais da criança, e que se dispõe a doá-lo por livre e espontânea vontade (BRASIL,
2008). Essa prática ganhou notoriedade com o surgimento dos Bancos de Leite
Humano (BLH). O primeiro BLH foi inaugurado, no Brasil, 1943, na cidade do Rio de
Janeiro, e hoje é considerado o Centro de Referência Nacional para os BLH do país
(VINAGRE et al., 2001).
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 18
182
O leite humano tem importância fundamental para o crescimento, desenvolvimento
e manutenção da saúde da criança, que vem sendo cada vez mais reconhecida.
Hoje, a recomendação do leite materno para crianças recém-nascidas, incluindo
os recém-nascidos pré-termo e de baixo peso, é unânime. Nesse contexto
ganham espaço as discussões sobre a temática dos Bancos de Leite Humano
(LUNA et al., 2014:2).
Gestantes que recebem informações e são bem orientadas sobre aleitamento
e doação de leite humano compreendem melhor a relevância em termos de saúde
pública do ato de doar e desenvolvem a capacidade de reconhecer condições que
potencializam a doação (LUNA et al., 2014).
Como aponta Alencar e Seidl (2009), os motivos mais citados para a doação
de leite foram altruísmo e excesso de produção lática, porém o comportamento das
nutrizes durante o processo de decisão pelo ato de doar sofre também influência
direta das orientações fornecidas pelos profissionais de saúde (MAIA et al., 2006).
A captação e doação de leite materno em UBS mostram-se como uma eficaz
ampliação do trabalho realizado pelos BLH, uma vez que acompanha e orienta no
próprio domicílio da nutriz o manejo da amamentação, identificando precocemente
possíveis situações de risco ao aleitamento materno. As ações educativas e de
acolhimento nos serviços de pré-natal realizadas com qualidade e humanização,
são fundamentais para a captação de doadoras de leite humano. (PELLEGRINE
et al., 2014:4).
Acredita-se que, com parcerias efetivas entre estes diversos profissionais
das UBS, o número de doadoras poderia aumentar, proporcionando a manutenção
e a melhoria da atuação dos BLH’s graças ao aumento da doação de leite e da
estocagem, o que, por consequência, garante a melhoria da atenção à saúde das
crianças (LUNA et al., 2014).
2 | OBJETIVO GERAL
Analisar ações e estratégias de promoção à saúde sobre doação de Leite
Humano na Atenção Básica à Saúde, do Município do Rio de Janeiro, através de
documentos oficiais e mídias sociais.
3 | METODOLOGIA
Este estudo trata-se de uma pesquisa qualitativa do tipo descritiva, utilizando a
temática de pesquisa documental sobre promoção de doação de leite humano.
Conforme GIL (2007) Pesquisa documental equipara-se à pesquisa bibliográfica,
porém o que difere as mesmas é a essência da sua origem. A pesquisa bibliográfica
utiliza documentos já analisados, enquanto na pesquisa documental os materiais
não possuem tratamento analítico.
O desenvolvimento da pesquisa documental segue os mesmos passos da pesquisa
bibliográfica. Apenas há que se considerar que o primeiro passo consistente na
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 18
183
exploração das fontes documentais, que são em grande número. Existem, de um
lado, os documentos de primeira mão, que não receberam qualquer tratamento
analítico, tais como: documentos oficiais, reportagens de jornal, cartas, contratos,
diários, filmes, fotografias, gravações etc. De outro lado, existem os documentos
de segunda mão, que de alguma forma já foram analisados, tais como: relatórios
de pesquisa, relatórios de empresas, tabelas estatísticas etc. (GIL, 2008:51).
Para levantamento de dados foi realizado busca no Diário Oficial do Município
do Rio de Janeiro – RJ por meio de um aplicativo desenvolvido para celular Android
“Diário Oficial PCRJ” e também através da publicação de atividades e ações nas
mídias sociais, como Facebook e Blogs das Unidades de Saúde da Família/Clínica
de Família do Município do Rio de Janeiro.
Foram utilizadas as seguintes palavras chaves: “banco de leite”, “doação de
leite” e “posto de recebimento de leite humano”.
Foi definido como critério de inclusão documentos com delimitação de um
período entre 01.01.2013 até 18.12.2018. Como critério de exclusão assuntos que
não coincidem com o objetivo da pesquisa, publicação anterior ao ano de 2013.
4 | RESULTADO E ANÁLISE
4.1 Publicações em Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro sobre promoção
da doação de Leite Humano na Atenção Básica à Saúde.
De acordo com a publicação do Diário Oficial “Ano XXXII – Nº105” de 20 de
agosto de 2018 (Quadro 2), o Município do Rio de Janeiro detém 6 bancos de leite
humano (BLH) e 22 postos e recolhimento de leite humano (PCLH). Os Bancos de
leite estão distribuídos em 5 Áreas Programáticas: AP 1.0, 3.2, 3.3, 4.0 e 5.2. Os
postos de recolhimento de L.H estão distribuídos em 7 Áreas Programáticas, com
exceção de AP 2.2, 3.2 e 5.3. A AP que mais detém PCLH é a AP 3.1, que faz parte
da Região da Leopoldina do Município do Rio de Janeiro.
A.P
Banco de leite humano
Posto de recolhimento de
leite humano
1.0
1
1
2.1
-
2
2.2
-
-
3.1
-
13
3.2
1
-
3.3
2
3
4.0
1
1
5.1
-
1
5.2
1
1
5.3
-
-
TOTAL
6
22
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 18
184
QUADRO 1: Banco de Leite Humano e Postos de Recolhimento por Área Programática do
Município do Rio de Janeiro.
Fonte: Diário Oficial do MRJ.
A seleção documental constitui em 12 documentos do Diário Oficial do Município
do Rio de Janeiro (DOMRJ), conforme Quadro 2.
Palavra chave
Documentos encontrados
Documentos selecionados
“banco de leite”
106
3
“doação de leite”
19
5
“posto de recebimento de
leite humano”
6
4
TOTAL
131
12
QUADRO 2: Documentos selecionados relacionado à doação de Leite Humano.
Dentre os 12 documentos selecionados em DO (Quadro 3) após a seleção e
leitura, foram identificadas atividades e ações interna e externamente em diversas
unidades de saúde, sendo descritas por área programática – A.P e listando as
atividades/ações.
Documento
Ativ/
ações
Ano
A.P.
Ano XXVII ● Nº 112
2013
1.0
Ano XXIX ● Nº 93
2015
-
1
Campanha de doação de L.H e
arrecadação de potes para L.H.
Campanha de doação de L.H.
Ano XXIV ● Nº 102
2015
3.1
1
Caminhada do Aleitamento
2017
5.2
1
Campanha de doação de L.H.
2017
4.0
1
Grupo Educativo
1.0
1
2.1
2
5.2
1
2017
4.0
1
2017
3.1
1
2017
1.0
1
1.0
1
3.1
1
3.2
1
Ano XXX ● Nº 235
Ano XXXI ● Nº 37
Ano XXXI ● Nº 94
Ano XXXI ● Nº 105
Ano XXXI ● Nº 112
Ano XXXI ● Nº 138
Ano XXXII ● Nº 96
2017
2018
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
2
Atividades/ ações
Sala de espera / Mamaço / Grupo
educativo / Caminhada do aleitamento
Grupo educativo
Mamaço
Campanha de doação de L.H
Grupo educativo/ ação de
arrecadação de potes para L.H/
sala de espera/ Mamaço/
Capítulo 18
185
QUADRO 3: Atividades e ações relacionadas a promoção de doação de Leite Humano,
publicado em DOMRJ, 2013-2018.
Fonte: Diário Oficial do MRJ, produzido pelas autoras.
* O documento não cita Área Programática e Clínica da Família.
As atividades realizadas em Unidades de Saúde relacionadas a doação de leite
humano publicadas no Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro detiveram um
total de 21 ações. De acordo com quadro 3 a região que captou maior número de
atividades/ações e, portanto, maior publicações no DOMRJ foi A.P. 1.0 e 4.0, nos
anos de 2017 e 2018.
4.2 Ações sobre doação de Leite Humano, publicadas em mídias sociais, pelas
Unidades Básicas de Saúde.
O Quadro 4 apresenta o número de ações publicadas em Blogs e Facebook
das UBS/AP, produzidas no período de 5 anos, totalizando 272 publicações no geral.
Entretanto foi possível observar que a maioria das publicações aconteceu nas UBS
da Área Programática 3.1, que faz parte da Região da Leopoldina do MRJ.
Nº de ações*
A.P
Posto de recolhimento
Facebook
Blog
8
3
REGIÃO ZONA SUL
2.1
CMS Doutor Albert Sabin
2.1
Clínica da Família Santa Marta
-
2
TOTAL
8
5
Clínica da Família Estácio de Sá
2
-
TOTAL
2
-
3.1
CMS Nagib Jorge Farah
4
9
3.1
CMS Américo Veloso
11
6
3.1
CMS João Cândido
15
3
3.1
Clínica da Família Adib Jatene
9
1
3.1
CMS Iraci Lopes
26
10
3.1
Clínica da Família Joãozinho Trinta
30
2
3.1
Clínica da Família Aloysio Augusto Novis
21
5
3.1
Clínica da Família Heitor dos Prazeres
8
3
3.1
Clínica da Família Nilda Campos de Lima
2
-
3.1
Clínica da Família Eidimir Thiago de Souza
16
-
3.1
Clínica da Família Diniz Batista dos Santos
-
-
3.1
Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva
7
-
3.1
Clínica da Família Augusto Boal
41
11
190
50
REGIÃO CENTRAL
1.0
TOTAL
REGIÃO DE MADUREIRA E ADJACÊNCIAS
3.3
CMS Flávio do Couto
-
-
3.3
Clínica da Família Sylvio Frederico Braunner
2
1
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 18
186
3.3
CF Ana Maria Conceição dos Santos Correia
TOTAL
1
-
3
1
2
-
2
-
6
5
6
5
-
-
-
-
211
61
REGIÃO DE JACARÉPAGUÁ E ADJACÊNCIAS
4.0
Clínica da Família Bárbara Mosley Souza
TOTAL
REGIÃO DE BANGU E ADJACÊNCIAS
5.1
Clínica da Família Antônio Gonçalves
TOTAL
REGIÃO DE CAMPO GRANDE E ADJACÊNCIAS
3.3
CMS Edgard Magalhães Gomes
TOTAL
TOTAL GERAL
272
QUADRO 4: Ações sobre doação de Leite Humano publicadas em mídias sociais por A.P. do
MRJ do ano de 2013-2018.
*As ações são relativas a MAMAÇO, Caminhadas, Sala de Espera, Campanhas de Doação de Leite,
Arrecadação de Potes e etc.
Os postos de recolhimento de leite humano e suas ações publicadas em mídias
sociais deteve um total de 272 ações. Conforme o Gráfico 1, a Área Programática
que mais publicou foi a AP 3.1 onde se concentra o maior número de PCLH, região
essa que abrange bairros como: Penha, Vigário Geral, Maré, Parada de Lucas,
Jardim América entre outras. A Clínica da Família que deteve o maior número de
publicações foi uma dentre as primeiras CF à iniciar atividades em prol à doação
de leite humano. Mas observou-se também que algumas Unidades desta AP não
publicaram.
Gráfico 1: Quantidades de ações sobre promoção de Leite Humano publicadas em mídias
sociais por Área Programática no MRJ dos anos de 2013-2018.
Observa-se que a AP 3.1, que é a Região da Leopoldina do MRJ obteve maior
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 18
187
número de publicações em mídias sociais, sendo 240 publicações com 13 Postos
de Recolhimento de Leite Humano. Estima-se uma média de 18,46 publicações por
Unidade Básica. Sabendo-se que é a região com maior número de PCLH e que
uma das Clínicas da Família precursora das atividades relacionadas a doação de
leite humano pertence a essa mesma área, ainda assim não detém nenhum Banco
de leite humano, sendo observado nas publicações parceria dessa área com um
Banco de Leite Humano da área programática 3.3, a mesma possui 2 BLH conforme
mostra quadro 1, região do MRJ com maior número de BLH. Entretanto esta área
(AP 3.3) não deteve números satisfatórios de publicações relacionadas a doação de
leite humano mesmo tendo 3 PCLH, obtendo 4 publicações com uma média de 1,33
publicações por UBS.
A segunda Área Programática a ter maior número de ações foi a 2.1, com 13
publicações, contabilizando 6,5 para cada Unidade Básica de Saúde, em sequência
a AP 5.1 deteve um total de 11 publicações, com apenas um PCLH. As Áreas
Programáticas 1.0 e 4.0 tiveram 2 publicações cada, ambas com apenas 1 UBS. As
demais AP’s não possuem publicações em mídias sociais, sabendo-se que apenas
a 5.1 possui 1 PCLH.
Poucos trabalhos são produzidos sobre esta temática, igualmente a pouca
publicação dos serviços de saúde públicos do MRJ. Conforme os quadros 3 e 4,
percebe-se que somente alguns serviços produzem e publicam sobre a promoção
de doação de leite humano.
Conforme aponta Ferreira (2016) o leite humano é extremamente importante
para proteção e desenvolvimento dos sistemas de um prematuro, diminuindo
aparecimento de patologias, melhorando o padrão de crescimento, evitando sepse
e ainda evitando futuras complicações e patologias na vida adulta. Sendo assim
se torna imprescindível a doação de leite para os BLH. Desta forma ressalta-se a
importância da promoção de doação de Leite Humano.
Segundo Pellegrine et al. (2014) as ações em prol a doação de leite nas
Unidades Básicas de Saúde se configuram como uma ampliação do trabalho dos
BLH. Sendo assim tendo a chance de aumentar o número de doadoras.
De acordo com Ferreira (2016) as mulheres que tinham conhecimento sobre
o trabalho realizado na Unidade para recolhimento de leito doado, se envolviam
no processo, tendo em vista que se torna relevante a divulgação, apontando a
necessidade de valorização por parte das mídias atentando para a captação de
doadoras.
Porém ainda é escassa essa visão de promover o aumento da doação de leite
humano nas comunidades, visto que muitas das unidades nomeadas como PRLH
quase não divulgam o trabalho realizado na unidade.
Conforme Alencar e Seidl (2009) descrevem por forma de relatos que as
doadoras de leite humano não possuem conhecimento sobre a doação, e assim as
mesmas que possuem o interesse em doar por altruísmo ou condições físicas foram
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 18
188
buscar de algum modo as informações necessárias para a doação.
Comportamentos como: 1) visita ao BLH para busca de informação com intuito
de doar; 2) contato telefônico para Corpo de Bombeiros; 3) busca de informação
(internet, em outra mídia ou serviços específicos) e; 4) apoio institucional na
maternidade onde teve bebê (iniciando doação quando ainda internada) também
foram relatados como ações para efetivar o ato de doar, após a tomada de
decisão quanto a essa conduta. Os relatos que se seguem exemplificam cada
uma das quatro categorias supracitadas (ALENCAR E SEIDL, 2009:74).
Deste modo, como relata Ferreira (2016) “O Rio de Janeiro ainda não alcançou
a autossuficiência em leite humano ordenhado, portanto demanda estratégias para
manter aceitável seu estoque, a fim de atender os pré-maturos”.
Nesse contexto, o profissional de enfermagem pode exercer papel formidável
para a manutenção do Banco de Leite, anunciando o serviço para as mulheres
independentemente de serem gestantes, além de estimular a nutriz a amamentar
seu filho e doar o leite excessivo (GALVÃO et al., 2006).
5 | CONCLUSÃO
Conclui-se que há pouca publicação sobre doação de leite humano nos serviços
de saúde. Em cinco anos tiveram serviços que só publicaram uma vez, locais que
nunca publicaram e só foi visto uma área que teve grande quantidade de publicação.
Desta forma é reconhecível que mesmo recebendo título de Posto de
Recebimento de Leite Humano, as Unidades Básicas ainda carecem de atividades
e informações em prol da doação de leite humano para as mulheres lactantes, com
isso não captam doadoras e consequentemente não consegue abastecer os BLH.
Nesse sentido sabe-se que na atualidade as mídias sociais alcançam a
maioria da população, com isso seria de grande importância as Unidades Básicas
de Saúde utilizarem destes meios para informar e captar maior parte da população
desejada, uma vez que estas mídias são capazes de promover maior interesse na
população brasileira, assim conseguiria melhorar o quantitativo de doações, que
levariam a melhor qualidade de vida dos recém-natos prematuros que se encontram
na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e em diversos Alojamentos Conjuntos das
maternidades.
Percebe-se que para ampliar a divulgação de BLH e captação de doadoras
torna-se necessário a promoção em saúde tendo em vista sobre aleitamento materno
e doação de leite humano. Muitas mulheres não tem conhecimento da prática de
doação de leite, com isso é preciso captar essas possíveis doadoras desde o prénatal com todas as informações importantes que sensibilize as mesmas, enfatizando
a importância desse leite doado para os prematuros na UTI Neonatal e os benefícios
desse ato voluntário (PELLEGRINE et al., 2014).
Observa-se o quão relevante é esta pesquisa, evidenciado por possibilitar uma
visão holística de vários fatores que interferem na comunicação até essa possível
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 18
189
doadora. Valoriza-se desta forma como é importante o vínculo com as usuárias e a
divulgação de atividades a fim de voltar à atenção de toda a comunidade para esse
ato que salva tantas vidas prematuras.
REFERÊNCIAS
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Revista de saúde pública, v. 43, p. 70-77, 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.
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FERREIRA, J, V, et al. O papel do nível local no desafio do fortalecimento da Rede Brasileira
de Bancos de Leite Humano a experiência de uma unidade de saúde na família. 2016. Tese de
Doutorado.
GALVÃO, M. T. G.; VASCONCELOS, S. G.; PAIVA, S. S. Mulheres doadoras de leite humano. Acta
Paulista de Enfermagem, v. 19, n. 2, p. 157-161, 2006.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2002.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. Ed. São Paulo: Atlas, 2008.
LUNA, F. D. T.; OLIVEIRA, J. D. L.; SILVA, L. R. M. Banco de leite humano e Estratégia Saúde da
Família: parceria em favor da vida. Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, v. 9, n.
33, p. 358-364, 2014. Disponível em: https://www.rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/824/663. Acesso em
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MAIA, P. R. S.; ALMEIDA, J. A. G.; NOVAK, F. R.; SILVA, D. A. Rede Nacional de Bancos de Leite
Humano: gênese e evolução. Rev. Bras. Saúde Mater. Infant. 2006, vol.6, n.3, pp.285-292. ISSN 15193829. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1519-38292006000300004&script=sci_
abstract&tlng=pt. Acesso em: 23/06/2018.
MINAYO, M. C. S. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 22 ed. Petrópolis: Vozes, 2003.
PELLEGRINE, J. B.; KOOPMANS, F. F.; PESSANHA, H. L.; RUFINO, C. G.; FARIAS, H. P. S.
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em: 01/06/2018.
VINAGRE, R. D.; DINIZ, E. M. A.; VAZ, F. A. C. Leite humano: um pouco de sua história. São Paulo:
Atheneu; 2001.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 18
190
CAPÍTULO 19
REDUÇÃO DA CHANCE DE PERDA AUDITIVA
ASSOCIADA AO MONITORAMENTO TERAPÊUTICO
DE AMINOGLICÓSIDEOS NO TRATAMENTO DA
TUBERCULOSE MULTIDROGA RESISTENTE: UMA
RESENHA CRÍTICA
Fernanda Calheiros Peixoto Tenório
Maceió, Alagoas
Universidade Federal de Alagoas
Ana Amália Gomes de Barros Torres Faria
Doutorado em Biotecnologia em Saúde
Instituto Federal de Alagoas
Maceió, Alagoas
Maceió, Alagoas
Kelly Cristina Lira de Andrade
Renata da Rocha Soares Leão
Centro Universitário CESMAC
Centro Universitário CESMAC
Universidade Estadual de Ciências da Saúde
Maceió, Alagoas
Maceió, Alagoas
Pedro de Lemos Menezes
Andréa Rose de Albuquerque SarmentoOmena
Centro Universitário CESMAC
Mestrado Pesquisa em Saúde
Centro Universitário CESMAC
Maceió, Alagoas
Mestrado Pesquisa em Saúde
Maceió, Alagoas
Cristhiane Nathália Pontes de Oliveira
Instituto Federal de Alagoas
Maceió, Alagoas
Silvio Leonardo Nunes de Oliveira
Centro Universitário CESMAC
Mestrado Pesquisa em Saúde
Maceió, Alagoas
Aline Tenório Lins Carnaúba
Centro Universitário CESMAC
Universidade Estadual de Ciências da Saúde
Maceió, Alagoas
Klinger Vagner Teixeira da Costa
Universidade Federal de Alagoas
Doutorado em Biotecnologia em Saúde
Maceió, Alagoas
Luciana Castelo Branco Camurça
Fernandes
Universidade Estadual de Ciências da Saúde
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
RESUMO: O uso de aminoglicosídeos pode
desencadear efeitos cócleo e/ou vestíbulotóxicos
permanentes, uma vez que comprometem as
células ciliadas da cóclea e/ou do labirinto. A
Tuberculose Multirresistentes (TB-MR) e casos
especiais (com reações adversas) são tratadas
mediante resultado de teste de sensibilidade,
com uso de aminoglicosídeos em seu esquema
de tratamento. O objetivo do referido trabalho
foi avaliar os parâmetros farmacocinéticos (PK)
da amicacina e canaminica para a detecção de
parâmetros preditores, bem como a eficácia e
toxicidade destes. Os resultados evidenciaram
que a dosagem precisou ser ajustada em 18
pacientes, sendo aumentada em 100 mg para
três pacientes e diminuída em 15 pacientes
com média de 102 mg. Destaca-se ainda que
35 pacientes (67,3%) tiveram sucesso no
Capítulo 19
191
tratamento, 15 pacientes (28,8%) perderam o seguimento e dois (3,8%) morreram
no período de seguimento de 2 anos. Nenhum deles apresentou falha ou recidiva
de tratamento documentada. Os autores concluem que uma dosagem mais baixa de
aminoglicosídeo guiada por TDM mostrou um resultado de tratamento aceitável com
porcentagens relativamente baixas de perda auditiva, devendo esta abordagem ser
validada em um estudo prospectivo randomizado.
PALAVRAS-CHAVE: Tuberculose multirresistente; Aminoglicosídeo; Perda auditiva;
REDUCED CHANCE OF HEARING LOSS ASSOCIATED WITH THERAPEUTIC
DRUG MONITORING OF AMINOGLYCOSIDES IN THE TREATMENT OF
MULTIDRUG-RESISTANT TUBERCULOSIS: A CRITICAL REVIEW
ABSTRACT: The use of aminoglycosides may trigger the exercise of permanent and
/ or vestibulotoxicosis, since they are like hair cells of the cochlea and / or labyrinth.
Tuberculosis Multiresistant (TB-MR) and special cases (with adverse reactions) are
treated through the use of aminoglycosides in their treatment regimen. The evaluation
of canary data to the detection of parameters predictors, as well as and the toxicity
these. The results showed that a measure needs to be adjusted in 18 patients, being
increased in 100 mg for three patients and decreased in 15 patients with a mean of
102 mg. It was also noted that 35 patients (67.3%) were successful in the treatment,
15 patients (28.8%) lost demand and two (3.8%) died in the 2-year follow-up period.
None of them were applied or documented treatment relapse. The authors concluded
that one of the lowest aminoglycoside rates due to MDD had a lower triple chance of
hearing loss, and this approach should be validated in a prospective randomized study.
KEYWORDS: Multidrug-resistant tuberculosis; Aminoglycoside; Hearing Loss;
INTRODUÇÃO
O uso de aminoglicosídeos pode desencadear efeitos cócleo e/ou
vestíbulotóxicos permanentes, uma vez que comprometem as células ciliadas
da cóclea e/ou do labirinto. A perda auditiva encontrada em pacientes que fazem
uso desses medicamentos é do tipo sensorioneural e se dá em vários graus
(VASCONCELOS et al., 2012). A Tuberculose Multirresistentes (TB-MR) e casos
especiais (com reações adversas) são tratadas mediante resultado de teste de
sensibilidade, com uso de aminoglicosídeos em seu esquema de tratamento.
O estudo desenvolvido por Van Altena et al. (2017), pesquisadores do
Universidade de Groningen, do Labortório Nacional Referência em Mycobactéria e
do Centro Médico da Universidade de Radboud localizados no Reino dos Países
Baixos, demonstrou bastante relevância na área de atuação da audiologia, tendo
em vista que mostra uma inovação no quesito de monitoramento da ototoxicidade e
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 19
192
nefrotoxicidade do paciente durante o tratamento para Tuberculose Multirresistentes
(TB-MR) e Extensivamente Resistente (TB-XDR). O foco do estudo foi a diminuição
dos efeitos tóxicos causados pelos aminoglicosídeos amicacina e Canamicina, por
meio da aplicação da Monitorização de Fármacos Terapêuticos (TDM).
O objetivo do referido trabalho foi avaliar os parâmetros farmacocinéticos (PK)
da amicacina e canaminica para a detecção de parâmetros preditores, bem como a
eficácia e toxicidade destes. A justificativa se dá em razão da problemática de que os
aminoglicosídeos são altamente tóxicos, o que leva à perda auditiva e nefrotoxicidade,
sendo estas condições agravadas quando o tratamento é prolongado e a dosagem
das medicações são elevadas. A monitorização regular destes pacientes por meio da
audiometria, teste vestibular, teste de Romberg e função renal, permitiu modificação
quanto à terapêutica dos fármacos, durante o tratamento, quando necessário.
METODOLOGIA
Tratou-se de um estudo retrospectivo, no qual foram avaliados 80 pacientes
submetidos a tratamento para TB-MR e TB-XDR com dados obtidos por meio de
prontuários, sendo 37 do sexo feminino e 43 do sexo masculino, com idade média de
30,5 anos. O teste de sensibilidade ao fármaco foi realizado em todos os pacientes,
enquanto os níveis sanguíneos foram recuperados em 57 pacientes e os resultados
das audiometrias estavam disponíveis em 70 pacientes. No entanto, os dados
de seguimento ao tratamento foram encontrados em apenas 37 prontuários. Os
pacientes iniciaram um regime de tratamento com mediana de dose de 400 mg/dia
e duração média de 85 dias, sendo a dose ajustada, para mais ou para menos, com
base nas concentrações do soro. A audiometria foi realizada no início do tratamento
e em seguida mensalmente. A função renal também foi dosada no início e seguiu
sendo medida semanalmente, através dos níveis de creatinina sangue.
A análise estatística foi realizada com a ajuda do programa Statistical Package
for the Social Sciences (SPSS) versão 20.0. Foram utilizados diversos testes para
análise das variáveis do estudo, dentre eles o Teste de Mann-Whitney U para avaliar
os determinantes de nefrotoxicidade e ototoxicidade e o coeficiente de Spearman
para calcular as relações entre a extensão da nefrotoxicidade e a ototoxicidade e os
fatores contínuos ou categóricos. Os valores de p abaixo de 0,05 foram considerados
significativos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados evidenciaram que a dosagem precisou ser ajustada em 18
pacientes, sendo aumentada em 100 mg para três pacientes e diminuída em 15
pacientes com média de 102 mg. Mostraram ainda que a Concentração Máxima
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 19
193
(Cmax) do aminoglicosídeo e a Área Acumulada sob a Curva (AUC) não foram
significativamente diferentes entre ambos os aminoglicosídeos, que a dose média
por quilograma (Kg) de peso foi ligeiramente maior em homens (6,7 mg/Kg) em
relação ao sexo feminino (6,0 mg/Kg) para ambos os aminoglicosídeos e que as
durações dos tratamentos (166 dias para amicacina e 124 dias para Canamicina)
não foram significativamente diferentes entre os aminoglicosídeos ou entre os
sexos. Destaca-se ainda que 35 pacientes (67,3%) tiveram sucesso no tratamento,
15 pacientes (28,8%) perderam o seguimento e dois (3,8%) morreram no período de
seguimento de 2 anos. Nenhum deles apresentou falha ou recidiva de tratamento
documentada.
A estratégia de TDM consiste na medida do nível sérico de uma droga de forma
a garantir uma concentração dentro do intervalo terapêutico e consequente eficácia
desta. É um assunto pouco abordado nos estudos e não se configura como uma
realidade clínica para o tratamento de TB-MR TB-XDR, tendo em vista a precariedade
na infraestrutura dos centros de tratamento do agravo, em especial nos países em
desenvolvimento.
O tratamento para tuberculose foi realizado conforme preconiza a Organização
Mundial de Saúde (OMS) e o paciente recebeu a dosagem de 15 mg/Kg/dia de
aminoglicosídeo, porém o controle dos níveis séricos de creatinina e a audiometria
não são realizados com a frequência abordada no estudo e na maioria das vezes,
são realizados quando o paciente apresenta alguma queixa clínica.
Estudos que abordam o tratamento convencional para Tuberculose com
aminoglicosídeos revelam níveis de perdas auditivas muito mais elevados,
comparados com o tratamento com TDM. As perdas auditivas encontradas
correspondem a 65% na população estudada, e classificadas do tipo sensorioneural,
bilateral e em vários graus (RIBEIRO et al., 2015). Muito importante seria a replicação
deste estudo em grupos de crianças e idosos, pois estes, devido às particularidades
inerentes à idade e condição global de saúde, necessitam de doses menores de
medicamentos, tanto no tratamento para tuberculose quanto em outras patologias.
Para as crianças, em especial, a perda auditiva, mesmo que de grau leve, interfere
diretamente no desenvolvimento e uso da linguagem, enquanto que para os idosos
potencializa o isolamento social e expõe essa população a doenças secundárias
como a depressão, por exemplo. Não escutar os sons em sua plenitude influencia
diretamente na qualidade de vida dos pacientes, assim como desenvolvimento e na
manutenção da comunicação (SANTOS, TOCHETTO, 2007).
Observou-se que o texto apresenta omissão de alguns dados, no tocante ao
relato dos autores de que não houve recidiva ou falha no tratamento. A informação
destoa dos dados informados acerca de que 15 pacientes (28.8%) perderam o
seguimento do tratamento e dois (3,8%) morreram. Não foi evidenciado quais as
causas do abandono ao tratamento, muito menos quanto a causa das mortes, o
que deixa uma lacuna para o leitor. Entende-se que o abandono ao tratamento
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 19
194
consequentemente leva à recidiva da doença, com maior resistência bacteriana e
tratamento mais complexo e mais longo. As mortes, por sua vez, podem ter ocorrido
devido a falha no tratamento e consequente agravamento da própria doença.
Evidenciamos também que, apesar de ser informado que o número total de pacientes
é de 80 (n=80), a análise realizada a partir dos resultados dos níveis sanguíneos e de
audiometrias não correspondem ao total de pacientes e sim dos dados encontrados
nos prontuários, os quais correspondem a 57 e 70 pacientes respectivamente.
CONCLUSÃO
Os autores concluem que uma dosagem mais baixa de aminoglicosídeo
guiada por TDM mostrou um resultado de tratamento aceitável com porcentagens
relativamente baixas de perda auditiva, devendo esta abordagem ser validada em
um estudo prospectivo randomizado
A temática abordada no referido estudo merece maior exploração e
aprofundamento, uma vez que a TDM se configura como uma medida objetiva e
segura para o manejo do paciente durante o tratamento da Tuberculose, tendo em
vista que se mostrou eficaz para redução dos efeitos colaterais como a ototoxicidade
e nefrotoxicidade e consequente melhoria na qualidade de vida dos pacientes.
Os procedimentos da prática clínica, a partir dos resultados de pesquisa nestas
perspectivas e de suas evidências científicas, podem e devem ser sempre aprimorados
no sentido de propiciar maiores benefícios e evitar riscos desnecessários à saúde
auditiva dos pacientes em uso de aminoglicosídeos.
REFERÊNCIAS
RIBEIRO, Leandro et al. Evaluation of hearing in patients with multiresistant tuberculosis. Acta
medica portuguesa, v. 28, n. 1, p. 87-91, 2015.
SANTOS, Sinéia Neujahr; TOCHETTO, Tania Maria.. Implante auditivo de tronco encefálico:
revisão de literatura Revista CEFAC, v. 9, n. 4, p. 543-549, 2007.
VAN ALTENA, R. et al. Reduced chance of hearing loss associated with therapeutic
drug monitoring of aminoglycosides in the treatment of multidrug-resistant
tuberculosis. Antimicrobial agents and chemotherapy, v. 61, n. 3, p. e01400-16, 2017.
VASCONCELOS, Karla Anacleto et al. Avaliação audiométrica de pacientes em tratamento para
tuberculose pulmonar. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v. 38, n. 1, p. 81-87, 2012.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 19
195
CAPÍTULO 20
TÉCNICAS NÃO FARMACOLÓGICAS PARA ALÍVIO
DA DOR COMO ADJUVANTES NO TRATAMENTO EM
ONCOLOGIA PEDIÁTRICA
Karoliny Miranda Barata
Universidade Federal do Amapá (Unifap).
Graduanda do Curso de Enfermagem. Macapá Amapá.
Victor Hugo Oliveira Brito
Universidade Federal do Amapá (Unifap).
Graduando do Curso de Enfermagem. Macapá Amapá.
Rubens Alex de Oliveira Menezes
Universidade Federal do Amapá (Unifap), Docente
de Enfermagem, Doutor em Biologia de Agentes
Infecciosos e Parasitários. Macapá, AP - Brasil.
Luzilena de Sousa Prudêncio
Universidade Federal do Amapá (Unifap). Docente
de Enfermagem e Doutora em Saúde Coletiva.
Macapá - Amapá.
Rosana Oliveira do Nascimento
Universidade Federal do Amapá (Unifap). Docente
de Enfermagem e Mestre em Saúde Coletiva.
Macapá - Amapá.
Nely Dayse Santos da Mata
Universidade Federal do Amapá (Unifap). Docente
de Enfermagem e Doutora em Ciências - Área
Cuidado em Saúde. Macapá - Amapá.
RESUMO: Ador está profundamente relacionada
ao câncer e, além de ser incomoda, ainda pode
ser recorrente e temporariamente incapacitante,
por isso se deve avaliá-la corretamente e aplicar
medidas de conforto que levarão ao bem-estar
do paciente. Os recursos não farmacológicos
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
podem ser utilizados como método para alívio da
dor durante o difícil processo de hospitalização.
O presente estudo tem por objetivo: analisar
as técnicas não farmacológicas para alívio da
dor, que auxiliam no tratamento em oncologia
pediátrica. Trata-se de uma revisão integrativa
da literatura. Realizou-se busca na Biblioteca
Virtual em Saúde com os Descritores em
Ciências da Saúde “Cuidados de Enfermagem”
AND Oncologia AND Criança. Adotaramse como critérios de inclusão: artigos, texto
completo disponível em português ou inglês,
publicados entre 2014 e 2018 e indexados
nas bases de dados MEDLINE, LILACS e
BDENF. A partir dos critérios de inclusão
e exclusão e leitura dos títulos e resumos,
foram selecionados 10 artigos. Emergiram
três categorias de discussão: 1)Técnicas não
farmacológicas para alívio da dor; 2) Atuação do
enfermeiro na minimização da dor oncológica e
3) Dificuldades na implementação dos métodos
não farmacológicos. Pôde-se evidenciar que
as técnicas não farmacológicas para alívio da
dor auxiliam minimizando a percepção dolorosa
das crianças e distraindo-as da sua situação
de saúde atual. Elas são importantes para a
redução dos impactos da hospitalização e da
patologia, bem como no emocional/psicológico
da criança. No entanto, essas técnicas não
são amplamente empregadas pela equipe
multiprofissional, o que deve ser repensado e
Capítulo 20
196
modificado na rotina hospitalar.
PALAVRAS-CHAVE: Cuidados de Enfermagem. Oncologia. Criança. Pediatria.
TÉCNICAS NÃO FARMACOLÓGICAS PARA ALÍVIO DA DOR COMO ADJUVANTES
NO TRATAMENTO EM ONCOLOGIA PEDIÁTRICA
ABSTRACT: Pain is deeply related to cancer and, besides being bothersome, can
still be recurrent and temporarily incapacitating, so it should be correctly evaluated
and comfort measures that will lead to the patient’s well-being. Non-pharmacological
resources can be used as a method for pain relief during the difficult hospitalization
process. The aim of the present study is to analyze non-pharmacological pain relief
techniques that assist in the treatment of pediatric oncology. It is an integrative literature
review. We searched the Virtual Health Library with the Health Sciences Descriptors
“Nursing Care” AND Oncology AND Child. Inclusion criteria were: articles, full text
available in Portuguese or English, published between 2014 and 2018 and indexed
in the MEDLINE, LILACS and BDENF databases. From the inclusion and exclusion
criteria and reading of titles and abstracts, 10 articles were selected. Three discussion
categories emerged: 1) Non-pharmacological pain relief techniques; 2) Nurse’s role in
minimizing cancer pain and 3) Difficulties in implementing non-pharmacological methods.
Non-pharmacological pain relief techniques help to minimize children’s pain perception
and distract them from their current health situation. They are important for reducing the
impacts of hospitalization and pathology, as well as on the emotional / psychological
child. However, these techniques are not widely used by the multidisciplinary team,
which should be rethought and modified in the hospital routine.
KEYWORDS: Nursing Care. Oncology. Kid. Pediatrics.
1 | INTRODUÇÃO
Segundo o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA,
2017, p. 14),“o câncer se caracteriza pela perda do controle da divisão celular e pela
capacidade de invadir outras estruturas orgânicas” e pode afetar qualquer parte do
corpo. Dados epidemiológicos referem que é a segunda causa principal de morte
por doença em crianças de 1 a 14 anos de idade, sendo os tipos mais comuns a
leucemia, cânceres do Sistema Nervoso Central (SNC), linfoma e neuroblastoma
(NETTINA, 2014).
As manifestações clínicas do câncer podem ser focais ou sistêmicas, pois
variam de acordo com o tipo da patologia e o tecido afetado, sendo a dor um sintoma
frequentemente associado (ROCHA et al., 2015). De acordo com Nettina (2014, p.
151), “a dor relacionada com o câncer pode ser causada pela infiltração tumoral
direta de ossos, nervos, vísceras ou tecidos moles, ou por medidas terapêuticas
anteriores (cirurgia, radiação)”.
Além de estar intimamente relacionada ao câncer e ser desagradável, a dor
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 20
197
ainda pode ser recorrente e temporariamente incapacitante, por isso se deve avaliála corretamente de acordo com as devidas escalas de mensuração e aplicar medidas
de conforto que levarão ao bem-estar do paciente. Chotolli e Luize (2015) relatam
que o enfermeiro é o ator principal durante a avaliação da dor e integração da equipe
multidisciplinar para controle da mesma, ratificando assim a importância desse
profissional na prescrição correta de métodos não farmacológicos como adjuvantes
no tratamento em oncologia pediátrica.
Na perspectiva de cuidados paliativos diante do câncer, o objetivo se torna
atingir a melhor qualidade de vida possível para os pacientes e suas famílias. Os
recursos não farmacológicos são utilizados como métodos para alívio da dor durante
o difícil processo de hospitalização. Sua diversidade, mesmo não impedindo que a
criança vivencie momentos dolorosos, possibilita que ela extravase sentimentos de
raiva e hostilidade provocados pelo tratamento e por suas consequências, portanto,
a manutenção da qualidade de vida e a valorização do tempo que resta a esses
pacientes constituem-se nos princípios fundamentais do cuidado (MONTEIRO et
al.,2014).
A importância deste estudo se reflete na necessidade do contínuo aprimoramento
da assistência à criança com câncer, visto que a mesma é particularmente vulnerável
a fontes da doença geradoras de estresse (WILSON; HOCKENBERRY; RODGERS,
2014). Dessa forma, o objetivo desta revisão integrativa da literatura é analisar
as técnicas não farmacológicas para alívio da dor que auxiliam no tratamento em
oncologia pediátrica.
2 | METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, realizada nos meses de
outubro e novembro de 2018, com base na questão de pesquisa “De que forma as
técnicas não farmacológicas para alívio da dor auxiliam no tratamento em oncologia
pediátrica?”. Foi realizada a partir da pergunta norteadora, por meio de busca na
Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) utilizando os Descritores em Ciências da Saúde
(DeCS) “Cuidados de Enfermagem” AND Oncologia AND Criança, que mostraram
205 resultados.
Foram utilizados os seguintes critérios de inclusão para melhor delimitação dos
estudos: artigos com texto completo disponíveis em português ou inglês, publicados
no período de 2014 a 2018 e que estivessem indexados nas bases de dados
Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), Literatura
Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Base de Dados em
Enfermagem (BDENF). Foram obtidos 34 artigos.
A análise dos artigos foi realizada em três etapas: 1) leitura geral dos títulos
dos resultantes da busca para selecionar quais possivelmente seriam incluídos; 2)
leitura seletiva dos resumos e exclusão de artigos duplicados ou que não tivessem
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 20
198
afinidade com a temática do estudo, perfazendo-se um total de 11 artigos para
inclusão nos resultados; e 3) leitura dos artigos na íntegra para elaboração de síntese
interpretativa, relacionando os achados com a pergunta de pesquisa desta revisão
para apresentar na discussão da mesma. As etapas da pesquisa estão ilustradas na
Figura 1.
Figura 1 - Fluxograma das etapas da metodologia.
Fonte: Os autores.
3 | RESULTADOS
Foram incluídos 10 artigos na amostragem final para discussão no estudo,
todos publicados nos últimos cinco anos (2014-2018) e, portanto, mais atualizados
presentes na literatura científica. Destacam-se, no Quadro 1, as características
de cada artigo quanto ao ano de publicação, título, autor(es), base de dados e
modalidade da pesquisa.
Estudo/Ano de
publicação
E01/2014
E02/2014
Título/Autor(es)
Relationships Established by Nursing
Professionals When Caring for Children
with Advanced Cancer/REIS, Thamiza L.
da Rosa dos et al.
A atuação do enfermeiro junto à criança
com câncer: cuidados paliativos/
MONTEIRO, Ana Claudia Moreira et al.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Base de
dados
LILACS
BDENF
Modalidade da
pesquisa
Descritiva, com
abordagem
qualitativa.
Descritiva com
abordagem
qualitativa.
Capítulo 20
199
E03/2015
E04/2015
E05/2015
Non-pharmacological approaches to
control pediatric câncer pain: nursing team
view/CHOTOLLI, Mayara Ruiz; LUIZE,
Paula Batista.
O lúdico como estratégia no cuidado à
criança com câncer/LIMA, Kálya Yasmine
Nunes de; SANTOS, Viviane Euzébia
Pereira.
Criança com câncer em processo de
morrer e sua família: enfrentamento da
equipe de enfermagem/CARMO, Sandra
Alves do;OLIVEIRA, Isabel Cristina dos
Santos.
E06/2015
Cuidados paliativos em oncologia
pediátrica: percepções, saberes e práticas
na perspectiva da equipe multiprofissional/
SILVA, Adriana Ferreira da et al.
E07/2016
Cuidados paliativos em oncologia
pediátrica na percepção dos acadêmicos
de enfermagem/GUIMARÃES, Tuani
Magalhães et al.
E08/2016
Terapia assistida com cães em pediatria
oncológica: percepção de pais e
enfermeiros/MOREIRA, Rebeca Lima et al.
E09/2017
Cuidado paliativo em oncologia pediátrica
na formação do enfermeiro/GUIMARÃES,
Tuani Magalhães et al.
E10/2017
Cuidados paliativos em oncologia
pediátrica: revisão integrativa/
SEMTCHUCK, Ana Letícia Dias;
GENOVESI, Flávia Françoso; SANTOS,
Janaína Luiza dos.
LILACS
BDENF
LILACS
BDENF
LILACS
Descritiva
exploratória
qualiquantitativa.
Exploratória
descritiva e
qualitativa.
Descritiva com
abordagem
qualitativa.
Qualitativa do
tipo exploratóriodescritivo.
Exploratória
com abordagem
qualitativa.
Qualitativa.
BDENF
LILACS
LILACS
Exploratória
com abordagem
qualitativa.
Revisão
integrativa de
literatura.
Quadro 1 - Características dos artigos quanto ao ano de publicação, título, autor(es), base de
dados e modalidade da pesquisa
Fonte: Os autores
Anteriormente à discussão dos resultados obtidos a partir da pesquisa na BVS,
houve a necessidade de organizar, também em quadro, a catalogação da síntese dos
principais resultados e as considerações finais dos artigos, estando esses elencados
no Quadro 2.
Estudo
Principais resultados
Considerações finais
E01
Profissionais de enfermagem fazem
tentativas de não estreitar laços com as
crianças em tratamento a fim de se proteger
do sofrimento e sobrecarga emocional.
No entanto, enfrenta vivência como um
prendizado. A família precisa de cuidados
para enfrentar aquele momento de tristeza.
Cuidar de câncer é difícil, e em se
tratando de criança com câncer é
maior e intenso. Os profissionais de
enfermagem vivenciam um desgaste
emocional em consequência das
relações estreitas com a criança e
sua família.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 20
200
E02
A família torna-se fundamental para os
cuidados necessários à criança, e, também,
para ter espaço de expressão e escuta do
seu sofrimento e aprendizado. O enfermeiro
ressalta o cuidado na assistência prestada à
criança como método que reforça seu lado
humano frente às situações por ele vividas.
Diante da criança em cuidados
paliativos e sua família, os
enfermeiros agem através do
carinho e atenção, favorecendo a
realização de desejos, desde que
não lhe causem prejuízos, além de
apoio emocional e espiritual.
E03
Participaram do estudo 35 profissionais, dos
quais 82,9% afirmaram que “sempre” ao
verificar os sinais vitais avaliam a dor de uma
criança. Os métodos não farmacológicos
mais utilizados: medidas de conforto (n=22),
massagem (n=18), alterações no ambiente
e calor (n=16).
A
principal
dificuldade
dos
participantes da pesquisa foi a
mensurar a dor em crianças de 0 a 2
anos. Houve também a baixa adesão
à Sistematização da Assistência de
Enfermagem-SAE e envolvimento
da dor no processo de enfermagem.
E04
As principais atividades lúdicas destacadas
pelas crianças: assistir à televisão, utilizar
o computador, jogar, desenhar e interagir
com o palhaço. Para as crianças, essas
atividades as distraem, as deixam alegres e
melhoram a interação social.
Os profissionais ainda não participam
dessas atividades de forma efetiva.
As autoras reforçam a necessidade
do desenvolvimento de novas
investigações em outras instituições.
E05
Evidenciou-se que a morte é entendida como
uma perda e, por vezes, um alívio, porém
a equipe tem dificuldade em vivenciar o
processo de morrer da criança e estabelece
estratégias de enfrentamento: separar o
profissional do emocional, neutralizar os
sentimentos e nunca demonstrar fraqueza.
A equipe de enfermagem apresenta
dificuldades em lidar com a morte da
criança com câncer em processo de
morte e em apoiar sua família, essas
dificuldades estão relacionadas
à falta de entendimento sobre os
cuidados paliativos.
E06
A dor total não é relacionada somente à
patologia: inclui aspectos físicos, emocionais
e espirituais; diante disso, a equipe procura
prestar uma assistência à criança em sua
totalidade. Relata-se que a experiência dos
que trabalham há mais tempo na oncologia
pediátrica é passada aos profissionais
recém-chegados.
O cuidar de uma criança com câncer
exige mais do que conhecimento
científico, é um ato de carinho
e humanidade. Os profissionais
constroem laços afetivos com a
criança e sua família, inserindo essa
última na construção do Projeto
Terapêutico Singular-PTS.
E07
Para os acadêmicos, cuidados paliativos em
oncologia pediátrica são: controle de sinais
e sintomas, conforto, apoio e promoção de
bem-estar; porém alguns entendem como
prolongar o tempo de vida.
A complexidade e os múltiplos
aspectos envolvidos no cuidado
paliativo exigem que o assunto seja
abordado durante a graduação em
enfermagem.
E08
Antes da visita do cão, as mães descreveram
que os filhos apresentavam medo, estresse
e desânimo. Após a visita do cão, as crianças
ficavam mais alegres e comunicativas. Esse
contato com o animal diminui a percepção
da dor e ameniza o clima tenso do hospital.
É promissora a participação de cães
no cuidado de crianças, no entanto,
ainda há pouca compreensão do
funcionamento e dos objetivos da
Terapia Assistida por Animais-TAA.
E09
Os acadêmicos apontaram dificuldades no
cuidado e a falta de contato com a temática
na graduação; citando como o tema deve
ser abordado na grade curricular.
Torna-se necessária a ampliação
da discussão sobre os cuidados
paliativos em oncologia pediátrica
durante a graduação do enfermeiro.
E10
Percebe-se que grande parte dos médicos
sente dificuldade em estabelecer contato.
Porém a enfermagem possui outro
enfrentamento e acaba indo ao domicílio
oferecer cuidado à família da criança.
A comunicação entre profissional
e criança deve ser pautada na
clareza; a criança precisa confiar na
enfermagem. Também é ofertado
suporte para os familiares.
Quadro 2 - Síntese dos resultados e considerações finais dos estudos.
Fonte: Os autores
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 20
201
4 | DISCUSSÃO
Após leitura inicial e completa dos artigos selecionados, emergiram três
categorias de discussão: 1)Técnicas não farmacológicas para alívio da dor; 2) Atuação
do enfermeiro na minimização da dor oncológica e 3) Dificuldades na implementação
dos métodos não farmacológicos, organizados e apresentados da seguinte forma:
1) Técnicas não farmacológicas para alívio da dor
O profissional ao depara-se com o diagnóstico de uma criança com câncer e sem
chances de tratamento, ele se vê diante de um grande conflito, porém é necessário
se atentar ao fato de que o cuidado da criança com câncer transcende questões
técnicas, rotineiras e pessoais, sendo necessário que o profissional desenvolva
competências técnicas e científicas para sanar as particularidades de cada criança
e sua família (SEMTCHUCK; GENOVESI; SANTOS, 2017)
Um dos objetivos da assistência de enfermagem em oncologia pediátrica é
voltado para a minimização da dor através de outras técnicas, além da administração
de analgésicos. O emprego de medidas não farmacológicas para alívio da dor inclui:
a Terapia Assistida por Animais (TAA), alterações no ambiente, o assistir televisão,
uso de aparelhos tecnológicos (celulares, notebooks), a interação com um palhaço
(voluntário para essa atividade no hospital), medidas de conforto, massagem, entre
outras.
Anteriormente à implementação das técnicas não farmacológicas, faz-se
necessária a avalição da dor por meio da utilização de escalas de mensuração.
Um estudo realizado em um Hospital de Câncer Infanto-Juvenil de Barretos-SP,
foi identificado que as escalas de mensuração mais utilizadas, segundo as idades,
foram: Neonatal Infant Pain Scale-NIPS (0 a 2 anos), Escala de Faces (3 a 6 anos) e
a Escala Numérica (a partir de 7 anos). A partir das mensurações, as técnicas mais
utilizadas, foram: medidas de conforto, alterações no ambiente, massagem e calor
(CHOTOLLI; LUIZE, 2015)
Uma ferramenta de grande importância na comunicação e interação com as
crianças em cuidados paliativos é o brincar, sua utilização pode ser realizada de
várias formas, entre elas, disponibilização de brinquedos no leito para tranquilização
e distração das mesmas, orientação para procedimentos, bem como salas de
recreação, brinquedoteca, além da presença de contadores de histórias e demais
voluntários. A brinquedoteca é muito importante no tratamento da criança em
cuidados paliativos, pois acaba se tornando um local de encontro de pacientes, onde
eles podem esquecer, mesmo que por um pequeno momento, sua dor e sofrimento
(SEMTCHUCK; GENOVESI; SANTOS, 2017)
Nos serviços de cuidado em saúde de crianças com câncer, em que a Terapia
Assistida por Animais é utilizada, o cão é, geralmente, o animal de escolha (Terapia
Assistida por Cães-TAC), tendo em vista a melhora do quadro de saúde, nesse caso,
da criança admitida em clínica de oncologia pediátrica.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 20
202
Estudo realizado em um hospital de referência para câncer infantil foi relatado
pelos profissionais que a terapia é válida e contribui efetivamente para o enfrentamento
da criança no ambiente hospitalar, além das mães terem percebido a evidente
melhora no quadro emocional e de saúde de seus filhos em tratamento (MOREIRA et
al., 2016). Assim como favorece a comunicação, integração e formação de vínculos
do paciente com a equipe de enfermagem.
Situações como o uso da brinquedoteca e a TAC são exemplos de atividades
lúdicas entendidas como “aquelas que visam ao brincar, divertir-se e, também,
ao desenvolvimento psicossocial, experimentam-se novas sensações, criam-se e
recriam-se situações e descobre-se o mundo” (LIMA; SANTOS, 2015, p. 77). Outras
atividades são o uso de celulares, notebooks, o ato de desenhar e a interação com
um palhaço, que permitem a experimentação da alegria, contentamento e distração
das crianças internadas no hospital.
2) Atuação do enfermeiro na minimização da dor oncológica
O enfermeiro oncológico deve avaliar e abordar os sintomas físicos e psicológicos
do paciente e da família, as implicações psicossociais, a resposta emocional e os
aspectos espirituais que envolvem o câncer. Aspectos culturais do cuidado também
devem ser considerados e incluem a integração de crenças e rituais no cuidado
oncológico. Utilizando a qualidade de vida como foco de conversação que orienta o
cuidado, podem-se conduzir discussões sobre os objetivos do cuidado e da terapia
com considerações de qualidade de vida (DAHLIN, 2015).
O enfermeiro ao fechar o diagnostico relacionado à dor, poderá prescrever
as terapias complementares de sua competência sustentada em conhecimentos
científicos protegendo os pacientes e a si enquanto profissional (CHOTOLLI; LUIZE,
2015). De acordo com Carmo e Oliveira (2015) a meta do cuidado para as crianças
durante a doença deve ser integrada à tecnologia leve, leve-dura e dura, pois são
saberes estruturados que operam no processo de trabalho em saúde, ou seja,
deve-se valorizar tanto os aparelhos e medicamentos quanto o acolhimento e a
comunicação.
No que diz respeito à atuação do profissional junto à criança, vale destacar a
importância que a comunicação, verbal ou não verbal, tem na relação com a criança
que vivencia o processo de terminalidade. Através da comunicação, a equipe se
mostra disponível para estar com a criança, podendo compreendê-la e ajudá-la
(GUIMARÃES et al., 2016). Ressalta-se ainda que diversos instrumentos possam
ser utilizados para a avaliação da dor em pediatria, alguns utilizam a comunicação
para as crianças que já verbalizam e conseguem relatar a dor, ajudando assim na
prestação da assistência.
3) Dificuldades na implementação dos métodos não farmacológicos
Existe, por grande parte dos profissionais de saúde, dificuldade no
redirecionamento do cuidado de crianças em fase final de vida, o que reflete na opção
errônea pelo prolongamento da vida, em vez da indicação de cuidados paliativos e
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 20
203
assim adiando a implementação dos métodos não farmacológicos.
Comportamento tal que pode ser justificado pela falta de ensino e treinamento
para lidar com os aspectos que envolvem o fim da vida nos cursos de graduação
e pós-graduação, principalmente pela ausência de discussão sobre os cuidados
paliativos, apesar de estes serem vistos como uma prioridade pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) (GUIMARÃES et al., 2016).
A formação do profissional também vai além da base acadêmica, os valores
repassados por familiares de como lidar com a finitude pode interferir a sua posição
nesse contexto, e que algumas vezes se torna muito difícil para se adaptar na rotina
laboral. Outra dificuldade é o tempo curto e a alta carga de trabalho dos profissionais
de saúde, fatores esses que impossibilitam uma assistência mais detalhada e
prolongada, e consequentemente a não utilização dos métodos não farmacológicos
para alívio da dor (CHOTOLLI; LUIZE, 2015).
5 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo possibilitou reforçar o entendimento de que as técnicas não
farmacológicas para alívio da dor auxiliam minimizando a percepção dolorosa das
crianças e distraindo-as da sua situação de saúde atual. Elas são importantes para a
redução dos impactos da hospitalização e da patologia sobre o emocional/psicológico
da criança.
No entanto, por motivos descritos anteriormente, essas técnicas não são
amplamente empregadas pela equipe multiprofissional, mais especificamente
pela equipe de enfermagem, o que deve ser repensado e modificado na rotina
hospitalar. Nesse sentido, ressalta-se a importância da realização de novos estudos
evidenciando a implementação das técnicas não farmacológicas para alívio da dor,
tendo em vista os poucos resultados encontrados sobre essa temática na literatura
científica disponível.
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Capítulo 20
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Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 20
205
CAPÍTULO 21
TOXICIDADE ORAL AGUDA DO SEMISSINTÉTICO
ÉTER N-BUTIL DILAPIOL EM CAMUNDONGOS
BALB/C
Daniel Luís Viana Cruz
Programa de Pós-Graduação em Genética,
Conservação e Biologia Evolutiva – PPG GCBEv
/ Laboratório de Citogenética, Genômica e
Evolução de Mosquitos Vetores da Malária e
Dengue, Coordenação de Sociedade, Ambiente e
Saúde – COSAS, Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA,
Manaus, AM
Andressa Karina Leitão da Encarnação
Laboratório Temático, Bioterrorismo Central /
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia –
INPA, Manaus, AM
Ana Cristina da Silva Pinto
Coordenação de Sociedade,
Ambiente e Saúde – COSAS, Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA,
Aedes albopictus e, portanto, pode ser utilizado
em ações estratégicas para o controle destes
mosquitos, que são vetores do vírus da dengue
e apresentam resistência aos inseticidas
sintéticos. Porém o efeito tóxico deste composto
em mamíferos ainda é desconhecido. O presente
estudo teve como objetivo avaliar a toxicidade
oral aguda do 1KL43-C em camundongos
Balb/C. Os resultados deste estudo indicam
que o 1KL43-C em altas concentrações é tóxico
na espécie avaliada, sendo necessárias novas
avaliações sobre a genotoxicidade do composto
e sua aplicação em água potável, em baixas
concentrações.
PALAVRAS-CHAVE:
Controle
biológico,
Aedes aegypti, Roedores, Toxicidade aguda.
Manaus, AM
Míriam Silva Rafael
Programa de Pós-Graduação em Genética,
Conservação e Biologia Evolutiva – PPG GCBEv
/ Laboratório de Citogenética, Genômica e
Evolução de Mosquitos Vetores da Malária e
Dengue, Coordenação de Sociedade, Ambiente e
Saúde – COSAS, Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA,
Manaus, AM
RESUMO: O éter n-butil dilapiol (1KL43-C)
é um derivado semissintético do dilapiol com
potencial efeito inseticida em Aedes aegypti e
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
ACUTE ORAL TOXICITY OF THE
SEMISYNTHETIC DILLAPIOLE N-BUTYL
ETHER IN BALB/C MICE
ABSTRACT: The n-butyl dillapiole ether
(1KL43-C) is a semisynthetic derivative of
dilapiol with a potential insecticidal effect in
Aedes aegypti and Aedes albopictus and can
therefore be used in strategic actions to control
these mosquitoes, which are vectors of the
dengue virus and are resistant to synthetic
insecticides. But the toxic effect of this compound
on mammals is still unknown. The present study
Capítulo 21
206
aimed to evaluate the acute oral toxicity of 1KL43-C in Balb / C mice. The results
of this study indicate that 1KL43-C in high concentrations is toxic in the evaluated
species, being necessary new evaluations on the genotoxicity of the compound and its
application in drinking water, in low concentrations.
KEYWORDS: Biological control, 1KL43-C, Aedes aegypti, rodents, Acute toxicity.
1 | INTRODUÇÃO
Aedes aegypti e Aedes albopictus são vetores de várias arboviroses, como a
febre amarela urbana, chikungunya vírus (CHIK), zika vírus (ZIKV) e dengue vírus
(DENV) (HONÓRIO, et al., 2015). A primeira espécie é encontrada em áreas urbanas,
enquanto que a segunda são localizadas em áreas peri-urbanas (CUSTÓDIO, et al.,
2019).
A transmissão vetorial de arbovírus ocorre por meio do o hospedeiro, o vírus e
o vetor. Sendo que no caso do CHIK, ZIKV e DENV ainda não existe a produção de
vacinas eficazes para uso em larga escala e drogas específicas. Portanto, estratégias
voltadas ao controle de vetores de mosquitos são atualmente as principais formas de
combate a esses problemas de saúde (SAN MARTÍN, et al., 2010).
Embora o Brasil apresente diretrizes gerais do Ministério da Saúde, os gestores
públicos e a iniciativa privada de diferentes regiões realizam diferentes pressões
sobre as populações de vetores. Além disso, estes mosquitos possuem diferentes
origens genéticas a depender da região em que habitam. Portanto, provavelmente,
vários mecanismos de resistência a inseticidas sintéticos podem ser selecionados
em diferentes regiões geográficas (AZAMBUJA GARCIA, et al., 2018).
No Brasil, o organofosforado temefós e o piretróide deltametrina foram bastante
empregados no combate ao A. aegypti (BELLINATO, et al., 2016). Entretanto, a
constante utilização destes inseticidas resultou em pressão seletiva (AZAMBUJA
GARCIA, et al., 2018). Uma vez que o emprego de controle químico confere a
fixação de alelos de resistência, o resultado desta ação está no aumento acentuado
nos níveis de resistência (GARCIA, et al., 2009). Além disso, a crescente utilização
destes inseticidas contamina o meio ambiente causando danos à saúde de humanos
e demais animais, contribuindo para o surgimento de novas doenças (MARONI, et
al., 2000; NASCIMENTO; MELNYK, 2016).
Piper aduncum L. (Piperaceae), é um arbusto chamado popularmente de
“pimenta-de-macaco” (Figura 1). A espécie é predominantemente encontrada nas
Américas Tropicais, com predominância em locais com alto teor de matéria e umidade.
(FAZOLIN, et al., 2006, LORENZI; MATOS, 2008). Esta planta possui interesse
econômico devido à alta quantidade de óleo essencial (2,5 a 4,0%) contido em suas
folhas, que proporciona propriedades biológicas úteis (GAIA, et al., 2010, SILVA, et
al., 2013). A aplicação do dilapiol em larvas de A. aegypti culminou em anormalidades
nucleares e alta mortalidade (RAFAEL, et al. 2008). Estas propriedades podem ser
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 21
207
atribuídas ao fenilpropanoide dilapiol, componente de maior abundancia no óleo
essencial desta espécie. Estudos com larvas de A. aegypti e A. albopictus mostraram
o potencial de derivados semissintéticos do dilapiol como inseticida (DOMINGOS, et
al., 2014; LIMA, et al. 2015; MEIRELES, et al., 2016; SILVA et al., 2019).
Figura 1: Planta da espécie Piper aduncum.
Entretanto, dentre os diferentes derivados testados em larvas de A. aegypti e
A. albopictus, o éter n-butil dilapiol (1KL43-C) apresentou melhor atividade inseticida
(DOMINGOS, et al., 2014; MEIRELES, et al., 2016) e, portanto, é de extrema
importância estudos relacionados a aplicabilidade desta substância em água potável
para consumo humano. Desta forma, o objetivo do trabalho foi avaliar a toxicidade
oral aguda do 1KL43-C em camundongos Balb/C.
2 | MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Química
O semissintético 1KL43-C foi sintetizado a partir de reação de mercuriação do
dilapiol (Figura 02) e caracterizado por ressonância magnética nuclear (RMN) de
acordo com Pinto, 2008.
Figura 02: Processo reacional do dilapiol na preparação do derivado 1KL43-C. Fonte: Pinto,
2008.
2.2 Animais
Camundongos Balb/C de ambos os sexos com 8 semanas de idade e
pesando aproximadamente 25 g no início dos experimentos foram obtidos a partir
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 21
208
do Biotério Central do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Todos
os procedimentos experimentais em animais foram realizados conforme protocolos
aprovados pela Comissão de Ética em Uso de Animais (CEUA) do INPA, por meio
do parecer n° 020/2017. Os animais foram mantidos em ambiente com temperatura
de 22ºC, umidade relativa de 60 ± 10%, com um ciclo de 12 horas claro/escuro.
Alojados em microisoladores de polissulfona com acesso a água e ração ad libitum,
exceto pelo curto período de jejum antes e depois da administração oral do extrato.
2.3 Ensaio de toxicidade oral aguda
Foram escolhidos aleatoriamente 42 machos e 42 fêmeas nulíparas e não
grávidas, divididos em sete grupos, cada grupo com 6 machos e 6 fêmeas. Foi
realizado um tratamento único, por meio de sonda esofágica (gavagem). O volume
de tratamento foi de 0,1 mL para cada 10 gramas de peso corporal. O período de
jejum foi de uma hora antes e uma hora depois da administração do composto. O
primeiro grupo recebeu apenas água filtrada e foi denominado controle negativo. No
segundo grupo foi administrado o solvente/veículo de diluição do 1KL43-C, o DMSO a
5% e foi denominado controle solvente. Do semissintético 1KL43-C foram usadas as
concentrações de 50, 100, 200, 400 e 600 mg/kg. Após o tratamento, os animais foram
observados por um período de 14 dias. A observação das unidades experimentais
foi realizada no tempo de 30 minutos, 1, 2, 4, 6 e 24 horas e diariamente até o 14º
dia para sinais e sintomas tóxicos ou morte. A intensidade dos eventos foi semiquantificada de acordo com Brito (1994). Os animais foram pesados diariamente. No
final do período experimental os sobreviventes foram eutanasiados e uma necropsia
completa foi feita. Na necropsia, anormalidades macroscópicas foram registradas.
A determinação da DL25, DL50 e DL80 foi obtida de acordo com Litchfield e Wilcoxon
(1949) e o “Screening Hipocrático”, conforme Malone e Ribichaud (1962).
2.4 Análise estatística
A análise de regressão linear por meio do software R, versão 3.5.1. A análise
de probit para a determinação da DL25, DL50 e DL80 foi feita por meio do software
PoloPlus1.0. A avaliação ponderal foi realizada por meio de analise de variância
(ANOVA), seguida do teste de Tukey a 5% para comparação múltipla. O Screening
hipocrático foi realizado por meio do Kruskal-Walis, seguido do teste de Dunn para
comparações múltiplas. As análises estatísticas foram realizadas utilizando o software
R, versão 3.5.1. O p <0,05 valor foi considerado estatisticamente significante.
3 | RESULTADOS
Utilizando o 1KL43-C (50, 100, 200, 400 e 600 mg/kg), registrou-se a morte de
16,67%, 33,33%, 50%, 83,33%, e, por fim, 100% dos animais, respectivamente. Não
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 21
209
houve diferença de mortalidade entre machos e fêmeas. A partir dos resultados de
mortalidade foram obtidos os valores da análise probit, referentes às DL25, DL50 e
DL80, com os seus respectivos limites de confiança (Tabela 1).
Dose letal (DL) (mg/kg)
Limite de confiança (mg/kg)
DL25
80,100
38,913 a 117,156
DL50
149,983
99,029 a 216,276
DL80
328,061
226,051 a 653,077
Tabela 01: valores da análise probit referentes às DL25,DL50 e DL80 e respectivos limites de
confiança do 1KL43-C, administrado via oral em camundongos Balb/C, de ambos os sexos.
Foi realizada a análise da regressão linear, cujo coeficiente de correlação (R²)
demonstrou correlação positiva entre o número de óbitos e a dose utilizada (R² =
0,9670) (Figura 3).
Figura 3: percentual de mortalidade de camundongos Balb/C, em relação à dose de 1KL43-C
(mg/kg).
Em relação à avaliação ponderal, em ambos os sexos, observou-se diferença
estatisticamente significativa entre os animais dos grupos controle negativo e solvente
e os animais que receberam o 1KL43-C, nas concentrações de 50, 100 mg/kg e 200
mg/kg. Notou-se acentuada redução de peso nos grupos (média ± DP) tratados com
as diferentes concentrações do 1KL43-C, principalmente nos primeiros dias após o
tratamento, recuperando parcialmente o peso ao longo dos dias. O grupo referente
à concentração de 400 mg/kg não foi incluído na análise de comparação de médias,
pois não possui erro padrão da média, uma vez que não teve repetições desse
grupo. O grupo da concentração de 600 mg/kg também não foi incluído na análise,
pois todos os animais morreram antes do final do experimento.
Os camundongos tratados com o 1KL43-C apresentaram sinais de intoxicação
dose-dependentes, no estado de consciência e disposição (aparência geral), atividade
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 21
210
e coordenação do sistema motor (atividade geral, resposta ao toque, resposta
ao aperto de cauda, contorção abdominal, marcha e reflexos de endireitamento),
tônus muscular (tônus das patas, tônus do corpo, força para agarrar e ataxia)
reflexos (corneal e auricular), atividades sobre o sistema nervoso central (tremores,
estimulações, sedação, hipnose, anestesia e paresia) e sobre o sistema nervoso
autônomo (lacrimação, ptoses, piloereção, diarreia, hipotermia e respiração). Após
a aplicação da substância teste, os sinais de toxicidade surgiram nos primeiros 20
minutos e desapareceram a partir do 8º dia nos machos e 6º dia nas fêmeas. A
elevada quantidade de óbitos, nas concentrações de 400 e 600 mg/kg do 1KL43-C,
impossibilitou a inclusão de dados estatísticos dos grupos testados.
4 | DISCUSSÃO
Neste estudo, a DL50 do 1KL43-C em camundongos Balb/C tratados por via oral
foi de 150 mg/kg , a qual foi inserida na categoria 3, de substâncias com toxicidade
aguda média, segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas, para o sistema
de classificação de perigo (ABNT, 2009). Essa substância apresentou um aumento
significativo da toxicidade, se comparado ao seu precursor, o óleo essencial da P.
aduncum, cuja DL50 calculada por Sousa et al. (2008) é de 2.400 mg/kg. Tal resultado
ressalta a melhor atividade do dilapiol combinado a algumas moléculas sintéticas,
citado por Gaertner et al. (1998), no que tange o aumento da toxicidade.
Costa et al. (2010), estudaram o efeito tóxico de P. aduncum em larvas de A.
aegypti e, registraram que a CL50 foi de 30,19 μg/mL. Além desses autores, Santana
et al. (2015), demonstraram que o efeito do óleo essencial da P. aduncum em larvas
de A. aegypti na CL50 foi de 46 μg/mL e na CL90 de 156 μg/mL. Domingos et al. (2014)
analisaram os efeitos tóxicos do 1KL43-C, nas concentrações de 12,5, 20, 25, 30
e 40 μg/mL. Após 24 horas de exposição, foi observado que 100% dos ovos foram
inviabilizados, mesmo nas menores concentrações. A CL50 e CL90, em larvas de 3º
estádio, após 24 horas de exposição, foram de 18 e 27 μg/mL, respectivamente,
para o 1KL43-C. O mesmo derivado foi estudado por Meireles et al. (2016) em ovos
e larvas de A. albopictus, cuja toxicidade foi de 100% em ovos. A CL50 foi de 25 μg/
mL, enquanto que a CL90 foi de 41 μg/mL. Portanto, os resultados obtidos nas CL50
e CL90 e demonstraram a eficácia da atividade do dilapiol combinado a sintéticos.
Em relação ao desenvolvimento ponderal, com exceção dos machos
tratados com a menor concentração (50 mg/kg), no geral, observou-se diferença
estatisticamente significativa entre os animais tratados com o 1KL43-C e os animais
do grupo controle negativo e solvente. Todavia, nossos resultados mostram que este
parâmetro não é dose-dependente. Tais resultados são reforçados por Sousa et al.
(2008), que evidenciaram diferença significativa no desenvolvimento ponderal de
camundongos Swiss albinos, tratados com 120 e 240 mg/kg do óleo essencial da P.
aduncum mostrando, também, que este óleo essencial não é dose-dependente.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 21
211
Nossos achados apontam que o 1KL43-C, em altas concentrações, afetou o
sistema nervoso central (SNC) e sistema nervoso autônomo (SNA) de camundongos
Balb/C. Resultados similares são relatados na literatura, pelo uso de organofosforados,
cujo mecanismo de ação ocorre pela inibição de várias enzimas, dentre elas a
acetilcolinesterase, que catalisa a hidrólise do neurotransmissor acetilcolina. Sem
a ação da acetilcolinesterase, há um acúmulo de acetilcolina, gerando um colapso
no SNC, ataxia, convulsões e morte (CREMLYN, 1991). Entretanto, o mecanismo de
ação do 1KL43-C ainda é desconhecido.
Além dos testes de toxicidade em mosquitos vetores, utilizando semissintéticos
do dilapiol, estudos relacionados à expressão dos genes de resistência a inseticidas
são de extrema importância. Lima et al. (2015) testaram o efeito do derivado
semissintético isodilapiol quanto à expressão dos genes Glutationa S transferases
(GSTE7) e Citocromo P450 (CYP6N12), em larvas de A. aegypti, expostas durante
quatro horas, nas concentrações de 20 e 40 µg/mL, por quatro gerações sucessivas.
A maior concentração de 40 µg/mL gerou diminuição dos níveis de expressão destes
genes neste mosquito, sugerindo que as larvas podem ter sofrido estresse metabólico
dessa substância de origem vegetal.
Sousa et al. (2008), estudaram a toxicidade sub-aguda do óleo essencial da P.
aduncum em ratos albinos de ambos os sexos, durante 30 dias, os quais receberam
as doses de 1/10 e 1/20 da DL50 (2.400 mg/kg), constataram que não houve
alteração no comportamento, nem na alimentação dos mesmos. Tais resultados não
corroboram com os resultados encontrados no presente estudo, uma vez que houve
alterações comportamentais e na alimentação dos indivíduos. Estes mesmos autores
testaram a toxicidade aguda do óleo essencial da P. aduncum em camundongos
Swiss albinos, machos, receberam por via oral doses de 1000, 2000, 2350, 2500,
2700 e 3000 mg/kg, provocaram perda de equilíbrio e ausência de coordenação
motora em todas as doses. Tal estudo é consistente com os nossos dados, uma vez
que os camundongos Balb/C apresentaram todos os sintomas acima descritos.
O uso intensificado dos organofosforados no controle de insetos está associado a
problemas de saúde em humanos e animais, demonstrados por sintomas de hipotensão,
bradicardia, bronco constrição e acúmulo de líquido brônquico, incapacidade contrátil
dos músculos respiratórios, cianose, depressão, neurotoxicidade, arritmia e morte
por asfixia (KALLEL et al., 2007). É extremamente necessário o desenvolvimento
de produtos com atividade ovicida e larvicida, que reduzam os danos causados em
outros organismos e ao meio ambiente (GUILHERMINO et al., 2016).
5 | CONCLUSÕES
O 1KL43-C é tóxico em altas concentrações, em camundongos Balb/C. Porém,
é necessário o desenvolvimento de estudos sobre a genotoxicidade e aplicabilidade
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 21
212
desta substância em água potável, em baixas concentrações, para ampliar o
entendimento sobre os riscos à saúde humana, de outros animais e seu impacto ao
meio ambiente.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos o apoio financeiro do CNPq, Projeto INCT ADAPTA II / INPA, Proc.
nº 465540/2014-7, Coordenador - Dr. Adalberto Luis Val; e à FAPEAM / SEPLANCTI
/ Governo do Estado do Amazonas – POSGRAD, Res. No. 002/2016.
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Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 21
214
CAPÍTULO 22
USO DE CAFEÍNA E SUAS PRINCIPAIS VANTAGENS,
BENEFÍCIOS E EFEITOS ADVERSOS PARA O
ORGANISMO
Joanderson Nunes Cardoso
Faculdade Estácio de Juazeiro do Norte, Juazeiro
do Norte – Ceará
Lorena Alencar Sousa
Faculdade Estácio de Juazeiro do Norte, Juazeiro
do Norte – Ceará
Maria Jeanne de Alencar Tavares
Faculdade Estácio de Juazeiro do Norte, Juazeiro
do Norte – Ceará
Janaina Farias Rebouças
Faculdade Estácio de Juazeiro do Norte, Juazeiro
do Norte – Ceará
Cícera Janielly de Matos Cassiano Pinheiro
Faculdade Estácio de Juazeiro do Norte, Juazeiro
do Norte – Ceará
RESUMO: O uso de cafeína tem se tornado
frequente entre as pessoas. O que ainda não
foi provado com certeza, é o que o excesso
desta substância pode ocasionar no organismo.
Assim estudos que buscam identificar os efeitos
da cafeína no organismo, podem favorecer para
disseminar resultados importantes referente
ao controle deste consumo desenfreado.
Objetivou-se identificar na literatura vigente
as vantagens e benefícios da cafeína e seus
efeitos adversos para o organismo. Através
de uma Revisão integrativa, onde buscouse artigos na Biblioteca Virtual em Saúde
(BVS) indexados nas bases: Literatura LatinoAlicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
americana e do Caribe em Ciências da Saúde
(LILACS) e Medical Literature Analysis and
Retrieval System Online (MEDLINE). A busca
ocorreu no período de agosto a setembro
de 2018. Chaves de buscas: “café” AND
“cafeína” AND “efeitos adversos”. Critério de
inclusão: artigos na língua portuguesa, inglesa
e espanhola; publicados na integra entre 2013
a 2018. Critérios de exclusão: artigos pagos,
que não abordassem o tema, repetidos e
editoriais. Desta forma através dos critérios,
foram selecionados 6 artigos. Observou-se
que alguns autores concordam que a cafeína
pode ocasionar dependência, ansiedade e/ou
estresse. Outros autores discordam, e afirmam
que a cafeína pode deixar o indivíduo alerta e
vigilante, além de ser utilizado como finalidade
medicinal para diminuição dos sintomas da
diabética. Entretanto, a falta de conhecimento a
respeito dos diversos alimentos que contém este
alcaloide, faz com que os indivíduos ingiram um
teor elevado desta substância. Em virtude dos
fatos mencionados acima, os efeitos adversos
da cafeína estão relacionados ao seu excesso
no organismo. Porém, o número de trabalhos
encontrados sobre a temática ainda é escasso,
o que implica dizer que muito ainda se tem para
estudar sobre o assunto.
PALAVRAS-CHAVE: Fatores de risco. Cafeína.
Café. Efeitos adversos.
Capítulo 22
215
CAFFEINE AND ITS MAIN ADVANTAGES, BENEFITS, AND ADVERSE EFFECTS
FOR THE ORGANISM
ABSTRACT: Caffeine use has become common among people. What has not been
proven for certain is what the excess of this substance can cause in the body. Thus
studies that seek to identify the effects of caffeine on the body, may favor to disseminate
important results regarding the control of this unbridled consumption. The objective
was to identify in the current literature the advantages and benefits of caffeine and its
adverse effects on the body. Through an integrative review, we searched for articles
in the Virtual Health Library (VHL) indexed in the databases: Latin American and
Caribbean Health Sciences Literature (LILACS) and Medical Literature Analysis and
Retrieval System Online (MEDLINE). The search took place from August to September
2018. Search keys: “coffee” AND “caffeine” AND “adverse effects”. Inclusion criteria:
articles in Portuguese, English and Spanish; published in full between 2013 and 2018.
Exclusion criteria: paid articles that did not address the theme, repeated and editorial.
Thus through the criteria, 6 articles were selected. It has been noted that some
authors agree that caffeine can lead to addiction, anxiety and / or stress. Other authors
disagree, and claim that caffeine can make the individual alert and vigilant, as well as
being used as a medicinal purpose to reduce diabetic symptoms. However, the lack of
knowledge about the various foods that contain this alkaloid, makes individuals ingest
a high content of this substance. Due to the facts mentioned above, the adverse effects
of caffeine are related to its excess in the body. However, the number of works found on
the subject is still scarce, which implies that there is still much to study on the subject.
KEYWORDS: Risk factors. Caffeine. Coffee. Adverse effects.
1 | INTRODUÇÃO
O café além de ser uma das bebidas de maior consumo ao redor do mundo e
possuir um grande número de apreciadores também impulsiona a economia mundial,
o que implica dizer que possui um valor significativo do Produto Interno Bruto de
cada país. Por exemplo em Portugal, boa parte da população é consumidora desta
bebida; estimasse que seja um número aproximado de 80%, porém na Europa o seu
consumo é considerado baixo, sendo 4,73kg de café ao longo do ano (FEDERATION
EUROPEAN COFFEE, 2013).
O uso da cafeína ultimamente vem se intensificando entre seus consumidores,
sendo que esta substância está presente em diversos produtos que consumimos
diariamente. Mesmo que muitos não tenham esta informação ingerem diariamente
grandes quantidades deste alcaloide. Santos (2013) pontua que esta substância
provoca a estimulação do sistema nervoso central e pode ocasionar dependência
em alguns casos do seu uso prolongado, fazendo assim o consumo de café ser
apreciado de forma deleitável pelo o ser humano.
Santos (2013) comenta que em tempos mais remotos o café já foi motivo
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 22
216
para muitas guerras, e de mudanças bruscas dentro da economia, no período da
escravidão a principal fonte de renda para as famílias eram as grandes plantações de
cafés. Onde, com a vinda dos portugueses para o Brasil, proporcionou a destruição
de grandes áreas florestais para dá lugar a cafeicultura, fortalecido pelo o trabalho
escravo. O prazer de deliciasse com esta substância tão valiosa naquela época por
causa dos altos lucros, era sustentado pelo o vício da população de querer está
sempre consumindo café.
A cafeína pode ser utilizada como psicoestimulante, de acordo com o seu
consumo diário, sendo igual ou superior a três xicaras ao longo do dia em pelo
menos uma semana, com o propósito de intensificar a capacidade de raciocínio
rápido e prolongar o período de vigília (MORGAN et al., 2017).
A cafeína estimula o sistema nervoso central aumentando deste modo o
aumento da excitabilidade do centro respiratório do bulbo para a recepção de dióxido
de carbono, consequentemente elevando-se as contrações musculares (CAPUTO et
al., 2013). O aumento da atividade neuronal ocasiona consequentemente o aumento
da eficácia da energia mental que pode ser constatado pela melhora significativa da
capacidade funcional de desenvolver atividades cognitivas, deixando o indivíduo mais
vigilante, melhorando a capacidade de concentração e de escolhas das melhores
possibilidades de se resolver determinadas situações (SZCZEPANIK; PREDIGER,
2015).
Ainda de acordo com Morgan e colaboradores (2017), alguns efeitos benéficos
da cafeína sobre as funções mentais podem ser apontados como a potencialização
do desempenho acadêmico, pelo menos de forma incorpórea. Por outro lado, pode
haver o aumento do nível de estresse, ocasionar ansiedade e reduzindo deste modo
a qualidade de vida dos discentes, podendo se propagar esses sintomas ao longo
da vida.
Existem diversos efeitos adversos que ainda são desconhecidos pela ciência,
por ainda estar em processo de estudos que possam comprovar estes efeitos.
Entretanto a cafeína quando utilizada com moderação poderá diminuir a fadiga mental
e melhorar a atenção e concentração. O alcaloide citado acima, estimula a liberação
de dopamina o que acaba impulsionando uma melhora significativa do humor e
da produtividade. O uso indiscriminado de cafeína poderá acarretar problemas de
dependência aos seus consumidores (SOUZA; SICHIERI, 2005).
As principais queixas relatadas pelos os consumidores de cafeína é a sensação
de azia, sendo desta forma não recomendada para indivíduos com problemas
gastrointestinais, podendo também elevar os riscos de úlceras, entretanto na
literatura atual não existem estudos que comprovem este tipo de ligação do café e a
formação de úlceras (GÓRNICKA et al., 2014).
O desejo pelo o conhecimento instigou os pesquisadores a ter como objetivo
a busca dentro da literatura vigente sobre as vantagens e benefícios da cafeína
bem como os seus efeitos adversos no organismo, afim de sanar dúvidas sobre as
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 22
217
hipóteses levantadas anteriormente a pesquisa, sendo elas: Que talvez a população
não tenha conhecimento acerca dos efeitos da cafeína dentro do organismo; e que o
consumo indiscriminado desta substância, pode estar interligado ao fato da escassez
de informação acerca dos alimentos que contenham cafeína em sua composição e
que são ingeridos rotineiramente.
2 | METODOLOGIA
O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa, que pode ser definida
como uma extensa abordagem ampla estrutural referente as revisões, que desta
forma permite incluir diversos tipos de estudos experimentais e não-experimentais,
para compreender melhor o estudo analisado. Além do mais há uma combinação de
conteúdos teóricos e empíricos, além de explanar diversas finalidades por exemplo
a revisão de teorias e evidências, definições de conceitos, junto a uma análise mais
minuciosa de problemas metodológicos de uma dada pesquisa (SOUZA; SILVA;
CARVALHO, 2010).
A revisão integrativa determina o conhecimento atual sobre uma temática
específica, já que é conduzida de modo a identificar, analisar e sintetizar resultados
de estudos independentes sobre o mesmo assunto, contribuindo, para uma possível
repercussão benéfica na qualidade dos cuidados prestados ao paciente.
A união em meios eletrônicos de diversas informações é um grande progresso
para os diversos pesquisadores, antes levava-se um certo período para coletar
informações necessárias para realizar uma pesquisa, a democracia do acesso a
esses informes proporciona agilidade e atualizações frequentes das pesquisas
(BREVIDELLI e SERTORIO, 2010).
Para o levantamento dos artigos incluídos dentro da pesquisa, foi utilizada a
busca seletiva dentro da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) indexados nas bases de
dados Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e
Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE).
A construção de uma revisão integrativa deve seguir seis etapas importantes
sendo passível de comparação ao processo de desenvolvimento da pesquisa
convencional: Primeiro: Criação de uma hipótese ou mais; Segundo: estabelecimento
da amostra ou busca na literatura escolhida; Terceiro: Categorizar os estudos;
Quarto: Avaliar os estudos incluídos na pesquisa; Quinto: Interpretar os resultados
colhidos dentro dos artigos; Sexto: súmula dos resultados ou apresentação da
revisão propriamente dita (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).
Na primeira etapa ocorreu a elaboração do tema mediante a pergunta
norteadora: O que há produzido na literatura nos últimos cinco anos sobre o uso de
cafeína? De acordo com este questionamento foi possível estabelecer as palavraschave; na segunda etapa: foram criados os critérios de inclusão e exclusão dos
estudos que seriam incluídos dentro da pesquisa para que posteriormente fosse feita
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 22
218
a busca nas bases de dados; na terceira etapa: foram determinadas as informações
que seriam extraídas dos estudos selecionados; quarta etapa: foi executada uma
análise mais aprofundada com processo crítico dos estudos incluídos; na quinta
etapa: foi realizada a discussão acerca dos resultados obtidos; na sexta etapa: foi
finalizada a conclusão da revisão e elaboração do resumo com os indícios existentes.
Para a busca dos artigos, foram agrupados dados de pesquisas através da
Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), onde o principal objetivo baseava-se na coleta de
artigos que abordassem a temática. Foi realizada a busca no DeCS para selecionar os
descritores relacionados ao tema, obtendo êxito com os seguintes: “café”, “cafeína” e
“efeitos adversos”. Em buscas realizadas dentro da BVS, através da combinação do
booleano AND, ao qual utilizou-se para união dos descritores: “café” AND “cafeína”
AND “efeitos adversos”. Foram localizados 559 documentos que possuíam uma ou
duas palavras combinadas no título, resumo ou assunto. Os critérios de inclusão:
Artigos na língua portuguesa, inglesa e espanhola, artigos publicados na integra
no período de 2013 a 2018. Após aplicação desses critérios obteve-se 41 artigos
disponíveis. Para os critérios de exclusão utilizou-se os subsequentes: Artigos
pagos, que não abordassem o tema em questão, artigos repetidos e editoriais.
Por meio de uma análise mais aprofundada, efetuando a interpretação dos títulos
e resumos de tais referências coletadas, foram selecionados 6 artigos. Logo após
esse processamento os artigos foram agrupados no Word 2013.
A pesquisa mesmo tratando-se de uma revisão integrativa, salienta que todos
os artigos analisados e utilizados dentro da mesma, atenderam as determinações da
resolução 510/16. Deste modo este trabalho respeita os preceitos éticos e legais das
pesquisas na área da saúde.
Fluxograma 1 - Estratégia de busca com os descritores: “café”, “cafeína” e “efeitos adversos”
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 22
219
Para a coleta foi utilizado o instrumento adaptado de Ursi (2005) que inclui o
título do estudo, o ano, os principais resultados e as conclusões para a coleta de
dados dos artigos selecionados, sendo organizado e categorizado as informações de
forma precisa. Os resultados estão organizados em tabelas a seguir, apresentados
de forma descritiva e analisados com base na literatura ao tema em questão.
3 | RESULTADOS
Mediante as informações obtidas e verificadas das fontes coletadas, criou-se
uma tabela que foi preenchidoa com informações de cada obra. Logo após organizouse em: título, autor/ano, objetivos, principais resultados, conclusão.
Titulo
Consumo
de cafeína e
auto-avaliação
de estresse,
ansiedade e
depressão em
escolares do
ensino médio.
Consumo de café
atenua o fígado
a curto prazo
induzido por
frutose
resistência
à insulina
em homens
saudáveis.
Autor
/Ano
Objetivos
Richards e
Smith, 2015
Investigar as associações entre
a cafeína (tanto seu consumo
total quanto o
separadamente de bebidas
energéticas, coca-cola, chá
e café) e medidas individuais
de estresse, ansiedade e
depressão em uma grande
coorte de escolas secundárias.
crianças do sudoeste da
Inglaterra.
Lecoultre et
al., 2014
Avaliar se o consumo de
compostos clorogênicos
café rico em ácido atenua os
efeitos da sobrealimentação a
curto prazo da frutose,
condições alimentares
conhecidas por aumentar o
nível intra-hepatocelular
lipídios (IHCLs) e
concentrações de triglicérides
no sangue e diminuir
sensibilidade à insulina
hepática em humanos
saudáveis.
Fatores
Associados
à Síndrome
Metabólica
Grosso et
numa população
al., 2014
mediterrânica:
Papel das bebidas
com cafeína.
Principais resultados
No entanto, o café foi
considerado o principal
contribuinte para a alta
ingestão de cafeína,
explicando por que os
efeitos relacionados a
essa fonte também eram
aparentes.
Em comparação com a
dieta controle, a dieta
rica em frutose aumentou
significativamente IHCLs
em 102-636% e HGP
em 16-36% e diminuiu
a oxidação de lipídios
em jejum por 100-6%
(todos P, 0,05). Todos
os 3 cafés diminuíram
significativamente o HGP.
Aumento da oxidação
lipídica em jejum com
C-HCA e D-RCA (P, 0,05).
A adesão à dieta
mediterrânea foi associada
à SM. Triglicérides foram
Avaliar se o consumo de uma
inversamente associados
variedade de bebidas contendo
consumo de café expresso
cafeína estava associado ou
e chá. Os efeitos sobre
não a componentes da SM em
a saúde dessas bebidas
uma população italiana.
foram mais evidentes em
indivíduos
com hábitos alimentares
pouco saudáveis.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Conclusão
Os achados do presente
estudo aumentam nosso
conhecimento sobre
as associações entre
ingestão de cafeína e
estresse, ansiedade e
depressão em crianças do
ensino médio.
Consumo de café
atenua a resistência
à insulina hepática,
mas não o aumento
de IHCLs induzido por
superalimentação de
frutose.
Embora não tenha sido
observada associação
direta entre a ingestão
de cafeína e SM ou
seus componentes, o
consumo de café e chá
foi significativamente
relacionado à redução
na chance de Sindrome
Metabolica.
Capítulo 22
220
Consumo de
Cafeína e
Frequência
Cardíaca e
Bitar et al.,
Resposta da
2015
pressão arterial ao
Regadenoson.
Café total, café
cafeinado e
descafeinado e
risco de câncer
gástrico:
resultados do
estudo de coorte
EPIC.
Sanikini et
al., 2014
Efeitos da redução
do consumo
de cafeína no
Figueiredo
zumbido
et al., 2014
percepção.
Examinar o efeito da cafeína
consumo e tempo da
última dose em efeitos
hemodinâmicos após
administração de
regadenosona
para teste de estresse do
coração.
Alterações na pressão
arterial sistólica, frequência
cardíaca alterada, foram
significativamente maiores
em pessoas que não
tomavam café do que
naquelas que tomavam
café 12 a 24 horas antes do
teste.
Investigar a associação
entre café (total, cafeinado e
descafeinado) e chá o risco
de câncer gástrico por sítio
anatômico e tipo histológico na
Investigação Prospectiva
Européia em Câncer e Estudo
Nutricional.
Não encontramos
associação significativa
entre o risco global de
câncer gástrico e
de café total. Quando
estratificados por sítio
anatômico, observamos
associação positiva
significativa entre risco de
câncer cardíaco e consumo
total de café por 100 mL /
dia.
Avaliar os efeitos da redução
do consumo de café na
sensação de zumbido e
identificar subgrupos mais
propensos a se beneficiar
dessa estratégia terapêutica.
Desenho do estudo:
prospectivo.
Nos subgrupos com idade
inferior a 60 anos, zumbido
bilateral e consumo diário
de café entre
150 e 300 mL
apresentaram maior
redução dos escores THI e
EVA.
Exposição à cafeína
12-24 horas antes
da administração de
regadenosona atenua a
ação vasoativa
efeitos da regadenosona,
como evidenciado por
um aumento abrupto da
frequência cardíaca e da
pressão.
Consumo total de cafeína
cafeinada e descafeinada
café e chá não estão
associados com o risco
global de câncer gástrico.
No entanto, o consumo
total e cafeinado de café
pode ser
associado a um risco
aumentado de câncer
cardíaco.
Em pacientes com
idade inferior a 60 anos,
zumbido bilateral e
consumo diário de
café entre 150 e 300
mL apresentaram
benefícios com a redução
no consumo diário de
cafeína.
Tabela 1 - Resultados da pesquisa, de acordo com: Título, autor/ano, objetivos, principais
resultados
Fonte: Elaboração própria (2018).
Em relação aos artigos utilizados neste trabalho, quatro artigos foram elaborados
em 2014 e dois produzidos em 2015. As áreas temáticas observadas no estudo
julgadas importantes e relevantes para pesquisa, foram categorizadas a seguir:
Benefícios da cafeína para o organismo, as vantagens da utilização da cafeína no
dia a dia e os efeitos adversos da cafeína no organismo.
4 | DISCUSSÃO
Após a leitura dos artigos incluídos na pesquisa, optou-se por agrupar a opinião
dos autores dentro de três categorias apresentadas a seguir: Benefícios da cafeína
para o organismo; As vantagens da utilização da cafeína na alimentação diária e os
Efeitos adversos causados pelo o uso indiscriminado de cafeína.
4.1 Benefícios da cafeína para o organismo
Para Richards e Smith (2015) o consumo da cafeína pode ser benéfico quando
comparado aos seus efeitos adversos referentes a abstinência. Os níveis de cafeína
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 22
221
ingerida por consumidores de refrigerante de cola, está intrinsicamente associado
com a diminuição do estresse nestes indivíduos. Desta forma torna-se benéfico
aos estudantes que possuem alta carga de estresse relacionada a demanda que a
faculdade carece, terminando recorrendo de produtos cafeinados para redução do
estresse.
Quando levantado os fatores benéficos da cafeína para pacientes diabetes,
Sanikini e colaboradores (2014) afirmam que o chá cafeinado consumido ao longo do
dia proporciona a redução do Índice de Massa Corpórea dos indivíduos diabéticos,
bem como este grupo especifico possuem bem menos chances de não serem
fumantes e apresentam uma maior aptidão para realização de exercícios físicos
e menos sintomas ocasionados pela diabete, quando comparados com outros
pacientes que não consumiam este tipo de chá.
Os dois autores citados anteriormente traz dois grupos interessantes de se
analisar os benefícios da cafeína, sendo um deles os estudantes universitários que
ingerem constantemente produtos à base de cafeína dentro da faculdade, o que
podem estar colocando em risco a sua saúde, e os pacientes diabéticos, que por
sinal é um grupo bem significante visto que é uma doença que tem crescido ao
longo dos anos, sendo assim comprovada os benefícios da cafeína para esse grupo
poderá ser um grande avanço para área da saúde.
Em relação a Síndrome Metabólica, evidenciou-se que o café assim como
o chá cafeinado possuem poderes medicinais associados a redução significativa
do número de componentes da síndrome metabólica, bem como a diminuição do
aparecimento desta síndrome entre os indivíduos propícios a desenvolver a mesma
(GROSSO et al., 2014).
A ação estimulante que a cafeína ocasiona sobre o sistema nervoso central,
pode melhorar significativamente a excitabilidade das vias auditivas, sendo desta
forma benéfica para os indivíduos que apresentam dificuldade de auscultar ou
apresentam algum tipo de zumbidos (FIGUEIREDO et al., 2014). Apesar desta
informação ser relevante para a pesquisa, não houve uma informação precisa da
quantidade de cafeína adequada para garantir tal efeito benéfico.
Grosso e colaboradores (2014) relatam que o café e o chá cafeinado podem
proteger os indivíduos que têm predisposição a fatores de riscos de problemas
cardiovasculares, entretanto não existem ainda evidências suficientes para identificar
qual substância favorece à isso, supondo deste modo que sejam as propriedades
antioxidantes dos polifenóis presentes na cafeína. Para fortalecimento desta hipótese
constata-se que todos os tipos de polifenóis são potentes, e podem ser preventivos
para evitar os danos ocasionados pelos radicais livres aos tecidos cardíacos.
4.2 Vantagens da utilização da cafeína no dia a dia
O público adolescente é um dos que mais sentem a necessidade de manterse alerta para realizar as diversas atividades diárias, alguns conseguem fazer isso
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 22
222
naturalmente, outros terminam por se apropriar de medicamentos ou substâncias
que possam atrasar o início do sono, como também proporcionar a neutralização
dos efeitos da sonolência ao longo do dia (RICHARDS e SMITH, 2015). Mais uma
vez observa-se a insuficiência de informação por parte dos autores da quantidade
adequada que estes adolescentes podem ingerir para realizar suas atividades, sem
gerar nenhum dano a sua saúde.
Lecoultre e colaboradores (2014) relatam que consumir café pode diminuir
os riscos de diabetes e alterações de distúrbios metabólicos. Analisando mais
profundamente as substâncias presentes no café é possível concluir que polifenóis
presentes no mesmo, protegem contra o estresse oxidativo e a esteatose hepática;
além de diminuir a resistência à insulina que pode ter sido induzida pelas dietas
hipercalóricas feitas pelo o paciente. Ou seja uma pequena xicara de café após uma
dieta hipercalórica pode contribuir para a diminuição da resistência da absolvição da
insulina pelo o organismo.
As pessoas que costumam ingerir chá cafeinado fazem uma maior ingestão
de vegetais e fibras, além de apresentar um menor consumo do álcool e alimentos
processados (Sanikini et al., 2014). Assim percebe-se que a cafeína tem influência
indireta sobre a mudança de hábitos por parte dos indivíduos, favorecendo a adaptação
de uma vida mais saudável, um ponto bem positivo para a nossa sociedade atual
que vive regada a alimentos maléficos a saúde.
4.3 Efeitos adversos causados pelo o uso indiscriminado de cafeína
Através das pesquisas foram possíveis compreender que a ansiedade, a
depressão e o estresse ocasionados pelo excesso de cafeína no organismo, está
mais significativamente presente em mulheres do que em homens (RICHARDS
e SMITH, 2015). Fato este que pode haver uma pequena discrepância, já que
comprovadamente homens ingerem com mais frequência cafeína do que as mulheres.
O café quando consumido indiscriminadamente acima de 400mg por dia pode
ocasionar mudanças na frequência cardíaca e pressão arterial sistólica. Este aumento
da pressão pode ser explicado pela longa meia-vida da cafeína no organismo de
alguns indivíduos, sendo que seu nível total de meia-vida pode ser atingindo dentro
de 15 a 45 minutos após a ingestão. Além disso, alterações na frequência cardíaca,
podem estar ligadas diretamente a alterações do tônus simpático, ou até mesmo aos
efeitos vasodilatadores ocasionados pela cafeína (BITAR et al., 2015).
Até mesmo o consumo mediano de café e chá cafeinado podem incidir nos
casos de câncer gástrico. Pesquisas confirmam que 100ml/por dia de café implica
ligeiramente no risco aumentado de câncer de cárdia gástrica. Apesar de ser bem
comum para os dois sexos, existe uma prevalência maior entre homens consumidores
de café do que em mulheres (SANIKINI et al., 2014). Assim sendo, individuos que
possuem predisposição de cancêr na familia, devem optar por ingerir o miminimo de
café possivel, e assim como a pesquisa citada anteriormente, este autor apenas fala
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 22
223
sobre a quantidade de café e não diretamente a quantidade de caféina.
Quanto maior o consumo de café ao longo da vida, maior a dificuldade para
cessar esta substância. Estes tipos de indivíduos estão mais expostos aos efeitos da
abstinência após a retirada abrupta da cafeína. Desta forma implica dizer que quanto
maior o consumo deste alcaloide, maior será os danos ocasionados pela redução
ou suspensão desta substância no organismo. O que pode ser eventualmente um
problema para os pacientes que apresentam zumbidos bilaterais, ocasionando uma
piora significativa por causa da abstinência da cafeína. Para evitar tais problemas, é
necessário que seja realizado uma redução gradativamente da cafeína (FIGUEIREDO
et al., 2014).
Ainda se observa no estudo relatado anteriormente que o melhor a se fazer
é ter uma redução gradativa da cafeína para se evitar seus efeitos de abstinência,
entretanto não foi apontado pelo o estudo um parâmetro que possa ser utilizado
pelos os consumidores, para mensurar os valores de redução, o que poderia ter sido
feito apresentando uma situação hipotética.
Bitar e colaboradores (2015) apontam que existem algumas substâncias
que terminam por prolongar o tempo de meia-vida da cafeína, exemplo disso:
contraceptivos orais e a cimetidina. Bem como algumas mudanças hormonais
ocasionadas pela gravidez e doença hepática alcoólica. O que implica dizer que
mulheres grávidas, devem procurar evitar o consumo de cafeína, estas orientações
podem serem realizadas durante o planejamento familiar e saúde reprodutiva no
caso de mulheres que fazem uso de contraceptivos.
5 | CONCLUSÃO
O estudo possibilitou a síntese de informações sobre os efeitos da cafeína no
organismo, os quais dependendo de cada situação pode ser benéfica ou não para
os indivíduos. O objetivo da pesquisa foi alcançado mediante os achados dentro da
amostra coletada.
Sendo encontrado como principais vantagens o controle dos sintomas
diabéticos, efeitos preventivos para pacientes que possuem predisposição a
problemas cardiovasculares. Como benefícios, a cafeína pode proporcionar um
estado de alerta para o organismo, e dependendo da quantidade pode diminuir
os picos de ansiedade, entretanto em nenhuma das pesquisa foi mencionada a
quantidade que pode proporcionar tal efeito. Referente aos efeitos adversos para o
organismo, destacam-se os problemas cardiovasculares, o que termina sendo um
controverso entre a pesquisa que afirma que a cafeína pode ter um efeito preventivo
para estes problemas, entretanto se houvesse informações referente a quantidade
adequada a ser ingerida, era passível de entender esta discrepância.
Considera-se ainda um número pequeno de amostra relacionada a temática
do estudo, onde as publicações se limitaram entre os anos de 2014 e 2015, o que
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 22
224
sugere que a temática ainda é pouco debatida. Apesar dos autores relatarem que o
excesso de cafeína pode gerar danos à saúde, apenas dois trabalhos trouxeram em
seus resultados a quantidade aproximada de café que pode ser ingerido diariamente,
embora que não seja diretamente ligada a quantidade de cafeína ainda é uma
informação relevante.
Diante disso destaca-se a necessidade de estudos sobre a temática do presente
estudo, buscando fornecer a população subsidio sobre informações referente aos
alimentos que contém cafeína em sua composição, para evitar o consumo excessivo
de cafeína ocasionado por falta de informação.
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Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 22
226
CAPÍTULO 23
UTILIZAÇÃO DO GENGIBRE (Zingiber officinale) NO
TRATAMENTO DE PACIENTES ONCOLÓGICOS
Maria Fernanda Larcher de Almeida
Curso de Nutrição da Universidade Federal do
Rio de Janeiro/Campus UFRJ-Macaé Professor
Aloísio Teixeira, Macaé, Rio de Janeiro.
Jane de Carlos Santana Capelli
Curso de Nutrição da Universidade Federal do
Rio de Janeiro/Campus UFRJ-Macaé Professor
Aloísio Teixeira, Macaé, Rio de Janeiro.
Laiz Aparecida Azevedo Silva
Curso de Nutrição da Universidade Federal do
Rio de Janeiro/Campus UFRJ-Macaé Professor
Aloísio Teixeira, Macaé, Rio de Janeiro.
Rita Cristina Azevedo Martins
Curso de Farmácia da Universidade Federal do
Rio de Janeiro/Campus UFRJ-Macaé Professor
Aloísio Teixeira, Macaé, Rio de Janeiro.
Edison Luis Santana Carvalho
Curso de Farmácia da Universidade Federal do
Rio de Janeiro/Campus UFRJ-Macaé Professor
Aloísio Teixeira, Macaé, Rio de Janeiro.
Angelica Nakamura
Curso de Nutrição da Universidade Federal do
Rio de Janeiro/Campus UFRJ-Macaé Professor
Aloísio Teixeira, Macaé, Rio de Janeiro.
Gilberto Dolejal Zanetti
Curso de Farmácia da Universidade Federal do
Rio de Janeiro/Campus UFRJ-Macaé Professor
Aloísio Teixeira, Macaé, Rio de Janeiro.
tipos de tratamentos podem afetar o estado
nutricional do paciente por apresentar
alterações metabólicas ao organismo. O
tratamento do câncer engloba: cirurgia,
radioterapia e quimioterapia. Náuseas, vômitos,
estomatite, mucosite são alguns dos sintomas
decorrentes desses tratamentos. Assim, o
objetivo do presente estudo é analisar os efeitos
da utilização do Zingiber officinale (gengibre)
em pacientes oncológicos submetidos ao
tratamento quimioterápico. A metodologia
utilizada será revisão de literatura dos últimos
vinte anos, tendo como base de dados Pubmed,
Lilacs, Bireme, Scielo nos idiomas português,
inglês e espanhol. A desnutrição calórico
proteica em indivíduos com câncer é comum
e está relacionada a progressão da doença
aos efeitos do tratamento como a redução
do apetite, disfagia, alterações no paladar,
náuseas, vômitos, diarreias. O gengibre, possui
componente conhecido como [6]-gingerol que
possui atividades antieméticas, antiinflamatórias
e espasmolíticas, auxiliando, desta forma, no
tratamento de pacientes oncológicos tratados
com quimioterapia, reduzindo a incidência de
sintomas como náuseas e vômitos.
PALAVRAS-CHAVE:
Zingiber
officinale,
gengibre, quimioterapia, câncer.
RESUMO: O câncer é uma enfermidade que
abrange a população mundial, os diversos
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 23
227
USE OF GINGER (Zingiber officinale) IN THE TREATMENT OF ONCOLOGICAL
PATIENTS
ABSTRACT: Cancer is a disease that covers the world population, the various types
of treatments can affect the nutritional status of the patient by presenting metabolic
changes to the body. The treatment of cancer includes: surgery, radiotherapy and
chemotherapy. Nausea, vomiting, stomatitis, mucositis are some of the symptoms
resulting from these treatments. Thus, the objective of the present study is to analyze
the effects of the use of Zingiber officinale (ginger) on cancer patients submitted to
chemotherapy. The methodology used will be literature review of the last twenty years,
based on Pubmed, Lilacs, Bireme, Scielo in the Portuguese, English and Spanish
languages. Caloric protein malnutrition in individuals with cancer is common and is
related to disease progression to treatment effects such as reduced appetite, dysphagia,
changes in taste, nausea, vomiting, diarrhea. Ginger has a component known as [6]
-gingerol that has antiemetic, anti-inflammatory and spasmolytic activities, thus helping
in the treatment of cancer patients treated with chemotherapy, reducing the incidence
of symptoms such as nausea and vomiting.
KEYWORDS: Zingiber officinale, ginger, chemotherapy, cancer.
1 | INTRODUÇÃO
O câncer pode ser definido como conjunto de mais de cem tipos diferentes de
doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células anormais com
potencial invasivo, sendo oriundo de condições multifatoriais e seus fatores causais
podem agir em conjunto ou em sequência para iniciar ou promover a carcinogênese
(ERSON & PETTY, 2006).
Estimativas mundiais, revelam cerca de 18,1 milhões de novos casos, com 9,6
milhões de morte por câncer mundialmente em 2018. Segundo o Instituto Nacional
do Câncer estima-se, para o Brasil, biênio 2018-2019, a ocorrência de 600 mil casos
novos para cada ano. As estimativas nacionais, ainda segundo o instituto, refletem o
perfil de um país que possui os cânceres de próstata, pulmão, mama feminina, cólon
e reto entre os mais incidentes, sendo essa doença a segunda causa de morte, após
as doenças cardiovasculares (INCA, 2018).
A Organização Mundial de Saúde estimou que no ano de 2030, haverá 21,4
milhões de novos casos de câncer em todo o mundo. A proliferação do câncer
continuará aumentando nos países em desenvolvimento se medidas preventivas
não forem amplamente aplicadas. O câncer tem se tornado uma questão de saúde
pública sendo inserido no grupo das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT).
O aumento da sua incidência está relacionado a mudança do estilo de vida da
população proporcionado pelo processo de industrialização.
O desenvolvimento da maioria dos tipos de câncer requer múltiplas etapas que
ocorrem ao longo dos anos podendo certos tipos serem evitados pela eliminação da
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 23
228
exposição aos fatores determinantes. Se o potencial de malignidade for detectado
antes das células tornarem-se malignas, ou numa fase inicial da doença, tem-se uma
condição mais favorável para seu tratamento e, consequentemente, para sua cura.
(INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2014).
Dentre os fatores que podem causar câncer, a dieta inadequada tem se destacado
como um dos principais motivos, bem como o sedentarismo, tabagismo, obesidade e
a exposição a substâncias como o amianto e produtos derivados do carvão. Estudos
mostram que 35% das neoplasias diagnosticadas tem como fator etiológico o hábito
alimentar (GUERRA et al, 2005). A desnutrição calórica e proteica em indivíduos com
câncer é muito frequente e estão relacionados ao curso da doença como: redução do
apetite, dificuldades mecânicas para mastigar e engolir alimentos, efeitos colaterais
do tratamento, tais como, alterações no paladar, náuseas, vômitos, diarreias, jejuns
prolongados para exames pré ou pós-operatórios. Como agravantes, pode-se citar
ainda as condições socioeconômicas precárias dos pacientes contribuindo para uma
alimentação inadequada (JURETI et al., 2004; RAVASCO et al., 2005; SHANG et al.,
2006; ISENRING, 2007).
Dentre os principais tratamentos para o câncer destacam-se a cirurgia,
radioterapia e quimioterapia. O sucesso da terapêutica empregada está diretamente
relacionado com o estado nutricional (EN) do paciente oncológico. A agressividade,
a localização do tumor, os órgãos envolvidos, as condições clínicas, imunológicas, o
diagnóstico tardio são fatores que podem comprometer o EN com graves implicações
prognósticas, e interferir diretamente no tratamento. Sintomas como náuseas e
vômitos são comuns no tratamento quimioterápico e podem causar grandes prejuízos
em relação à saúde como redução da qualidade de vida, baixa adesão ao tratamento,
desequilíbrios metabólicos, depleção de nutrientes, anorexia, entre outros.
Uma detecção precoce das alterações nutricionais no paciente oncológico
adulto permite intervenção em momento oportuno. Essa intervenção nutricional
inicia-se no primeiro contato do profissional nutricionista com o paciente, por meio
da percepção crítica, da história clínica e de instrumentos adequados que definirão
um plano terapêutico ideal. Ao indivíduo com câncer tem-se buscado tratar sinais e
sintomas da doença e do tratamento oncológico utilizando substâncias antioxidantes
e fitoterápicos cujas práticas atuais merecem considerações de especialistas.
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NUTROLOGIA, 2011).
O gengibre é uma das especiarias muito utilizadas em alimentos, sendo
reconhecido por suas propriedades curativas na medicina tradicional. Sua variedade
em usos medicinais se deve a aplicação no tratamento de doenças ou sintomas
gastrointestinais, como náuseas, vômitos, desconfortos abdominais, diarreia,
tratamento de artrite, reumatismo, desconforto muscular, para a alívio de várias
doenças cardiovasculares e doenças metabólicas. Estudos científicos sugerem que
o gengibre possui propriedades anticancerígenas e auxilia na diminuição de sintomas
gastrointestinais em uma ampla variedade de modelos experimentais. Neste sentido,
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 23
229
o presente estudo visa investigar na literatura científica a eficácia da utilização do
gengibre (Zingiber officinale) em pacientes oncológicos, submetidos a quimioterapia.
2 | MÉTODOS
Uma revisão estruturada da literatura em bancos de dados eletrônicos foi realizada
utilizando como parâmetro o modelo de revisão sistemática de Cook e colaboradores
(1995). Esse modelo aplica estratégias científicas para limitar tendenciosidades ou
viés na revisão sistemática. Esta revisão foi dividida em três etapas, a primeira foi
o estabelecimento da fonte dos dados e origem dos artigos, a literatura pesquisada
está composta por artigos publicados sobre o Gengibre nos últimos vinte anos, entre
agosto de 1999 a julho de 2019, nas seguintes fontes eletrônicas de busca: Scientífic
Eletronic Library On-line (SciELO), Literatura Latino-Americana e do Caribe em
Ciências da Saúde (LILACS) e sistema de busca BIREME, PUBMED, além de serem
incluídos artigos relevantes ao tema e livros com tradicionalidade de uso. Foram
utilizadas para a busca a partir da inclusão de palavras-chave nas diferentes bases
mencionadas, a seguir: Gengibre; Zingiber officinale; Neoplasia; Êmese; Náusea;
Quimioterapia. As buscas foram classificadas para os idiomas português, inglês e
espanhol. A segunda etapa é a caracterização destes artigos segundo as variáveis
selecionadas (data de publicação, idioma, indexação, fonte de busca, desenho de
estudo e país de origem) e a terceira etapa a seleção dos artigos baseando-se nos
critérios de inclusão como, os estudos fitoquímicos; estudos pré-clínicos; estudos
clínicos; relatos de casos e os critérios de exclusão estão os estudos comparativos
e artigos de revisão.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
O gengibre
O gengibre (Zingiber officinale Roscoe), é uma erva da família Zingiberaceae,
nativa na Ásia tropical e cultivada em todo o mundo. Seus rizomas são apreciados
como especiaria devido o sabor acre e aromático. Esta planta foi descrita como
medicinal por Dioscórides há 2.000 anos e, previamente, já havia sido citada como
planta medicinal por Confúcio e também no Corão. Em sua composição química
destaca-se a presença de diterpenos (galanolactona), óleos voláteis (1-3%) ricos em
zingibereno e beta-bisaboleno, além de canfeno, cineol, citral, borneol, zingerona e
zingerol. O óleoresina é rico em gingerol (cerca de 33%) responsável pelo aroma e
sabor picante.
Esta planta possui raízes adventícias e caule subterrâneo carnoso, espesso,
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 23
230
achatado e ramificado. É reptante, articulado, com aproximadamente 2 cm de
espessura e revestimento fino e pardacento. Deste rizoma saem muitas folhas, com
disposição dística, de forma que o conjunto das bainhas foliares constitui pseudocaules aéreos, retos, que podem atingir pouco mais que meio metro de altura. A
lâmina foliar é simples, lanceolada, apresenta entre 15 e 30 cm de comprimento.
Possui nervuras secundárias finas, peniparalelinérveas, obliquas em relação ao
ápice da folha. As flores, branco-amareladas, são hermafroditas e encontram-se
protegidas por uma bráctea suborbicular, que são invaginantes, imbricadas uma as
outras, decrescentes para o ápice. Reúnem-se em espigas fusiformes formadas no
ápice por pedúnculos florais que se originam nos rizomas. O fruto é uma cápsula
trivalvar que abriga sementes de albume carnoso.
O gengibre foi introduzido no Brasil desde o começo da colonização,
provavelmente trazido da Ilha de São Tomé, recebendo o nome comum de
mangaratai e similares. Prefere solos arenosos e clima quente e úmido. O cultivo
exige o transplante dos rizomas a cada 10-12 meses, período em que se faz a
colheita para fins comerciais. A produção é calculada em 20 toneladas de rizomas
frescos por hectare.
Tratamento Antineoplásico
Entre os vários tratamentos antineoplásicos existentes, a quimioterapia se
destaca no controle do câncer, como o de mama, e objetiva eliminar as células
cancerígenas pela combinação de medicamentos. Durante o tratamento, podem
desencadear efeitos colaterais que podem comprometer o peso corporal do paciente.
A avaliação nutricional, quando realizada da maneira adequada, é um método útil
no acompanhamento e recuperação de indivíduos com câncer (CARO et al., 2007)
A quimioterapia pode ser classificada em quatro tipos, de acordo com os objetivos
desejados. Pode ser curativa, quando objetiva a eliminação total do tumor; adjuvante,
quando realizada após a cirurgia a fim de controlar metástase; neoadjuvante, para
reduzir parcialmente o tumor e facilitar o tratamento antineoplásico posterior (cirurgia
e/ou radioterapia) ou paliativa, sem intenção curativa para minimizar os sintomas da
doença (ANELLI, 1996). Neste processo terapêutico são utilizados medicamentos que
eliminam as células tumorais (WOODLOCK & LOUGHNER, 1995). É considerado um
tratamento eficaz, mas efeitos colaterais são relatados pelos pacientes submetidos
a esse procedimento. Mulheres com câncer de mama submetidas à quimioterapia
apresentam resultados positivos quanto ao tratamento, mas os efeitos gerados pela
terapia são comuns e levam a consequências como a perda ponderal (TREDAN et
al., 2010). Os efeitos colaterais mais comuns encontrados na literatura são: náuseas,
vômitos, mucosite, estomatite, disfagia e como consequência, levam a redução da
ingestão calórica. Ocorrem alterações em relação ao padrão alimentar, diminuição do
apetite e da ingestão de alimentos. Várias causas são atribuídas ao surgimento destes
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 23
231
efeitos colaterais, entre eles os aspectos psicológicos como ansiedade, estresse e
nervosismo e as consequências da ação dos medicamentos no organismo. Outros
efeitos relacionados a esta terapêutica são alterações no paladar e olfato, além de
xerostomia (BENARROZ et al., 2009).
A toxicidade que ocorre no trato gastrointestinal relacionada aos quimioterápicos
manifesta-se como náuseas e vômitos, mucosite, anorexia, diarreia e constipação
intestinal. Estas variam de intensidade entre leve, moderada e severa, podendo
ainda sobrepor-se ou seguir-se umas as outras.
As náuseas e vômitos constituem
o efeito colateral mais incômodo e estressante referido pelos pacientes submetidos
à quimioterapia antineoplásica. Os fármacos estimulam o centro controlador do
vômito (centro emético) localizado no sistema nervoso central, na região bulbar, e
sua intensidade guarda relação com o potencial emético da droga utilizada, bem
como, com fatores adicionais como dose, via de administração, velocidade de
aplicação, combinação de drogas administradas (ANELLI,1998). A mucosite que
aparece após a quimioterapia se deve à destruição das células de revestimento do
trato gastrintestinal pela ação deletéria dos quimioterápicos nestes tecidos uma vez
que essas células apresentam um ciclo de vida curto e rápida proliferação com alta
taxa de atividade mitótica. Esta agressão surge através de ulcerações da mucosa
do trato gastrointestinal, de intensidades variadas. Pode surgir entre dois a dez dias
após a aplicação do quimioterápico facilitando o surgimento de infecções, necrose
entre outras alterações (MENDONÇA et al., 2004).
A anorexia é outro efeito relacionado a quimioterapia e radioterapia. A presença
de náuseas e vômitos, presentes na mucosite da cavidade oral, além de alterações
no paladar e distúrbios psicológicos (medo, ansiedade, depressão, estresse) podem
acarretar em anorexia por déficit nutricional e caquexia que o predispõe ao risco de
vida (MARIN et al., 2007).
O gengibre é uma das especiarias mais utilizadas em alimentos sendo também
reconhecido por suas propriedades curativas na medicina tradicional, fitoterapia
e medicina chinesa. Sua variedade em usos medicinais é destinada ao uso no
tratamento de doenças ou sintomas gastrointestinais, como náuseas, vômitos,
desconfortos abdominais, diarreia, tratamento de artrite, reumatismo, dor, cefaleia,
desconforto muscular e alívio de várias doenças cardiovasculares e doenças
metabólicas (GONLACHANVIT et al., 2003; BOTSARIS, 2002).
Descrito pela primeira vez em 1807 pelo botânico inglês William Roscoe, o
Gengibre (Zingiber officinale Roscoe) é uma planta herbácea da família Zingiberaceae,
originária do sudoeste da Ásia, provavelmente do sul da China ou Índia. No entanto,
a localização precisa de sua origem não pôde ser determinada devido ao histórico
de extenso cultivo e utilização nessa região há milênios. Desenvolve-se bem em
clima tipicamente tropical e seu cultivo requer solos arenosos, bem drenados e ricos
em matéria orgânica. Atualmente é amplamente cultivado para fins comerciais no
mundo e é um cultivo bastante comum na África, América Latina e Sudoeste Asiático.
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 23
232
No Brasil, o maior estado produtor é o Paraná. Seu rizoma é a parte de interesse,
sendo largamente produzido e comercializado devido ao seu uso na alimentação e
na indústria (ELPO & NEGRELLE, 2004).
Indicações clínicas para uso do gengibre
De acordo com Barreto e cols. (2011), o Gengibre (Zingiber officinale) tem sido
usado para tratar várias condições clínicas, incluindo aquelas que afetam o trato
digestório, tais como dispepsia, flatulência, náuseas e dor abdominal. É consumido
em todo o mundo como uma especiaria e um agente aromatizante. Têm uma
longa história de uso culinário e medicinal, com muitos benefícios terapêuticos. É
utilizado na medicina oriental tradicional contra sintomas como inflamação, doenças
reumáticas, e desconfortos gastrointestinais (NATIONAL COMPREHENSIVE
CANCER NETWORK, 2011; BOTSARIS, 2002).
Tais efeitos podem ser atribuídos a diversos compostos bioativos que estão
presentes no rizoma como os gingerois, zingibereno e shogaois. Os gingerois são
um grupo de compostos fenólicos voláteis que são responsáveis pelo sabor pungente
do rizoma in natura. O [6]-gingerol está presente em maior concentração que os
demais: [4]-, [8]-, [10]- e [12]-gingerol. Esses compostos são termolábeis e, em
altas temperaturas, são transformados em shogaois que são ainda mais pungentes.
Em alguns casos, o [6]-shogaol demonstrou ter melhor atividade biológica quando
comparado ao [6]-gingerol (SEMWAL et al., 2015; KRÜGER et al., 2018).
A ciência ocidental confirmou muitas das indicações tradicionais do gengibre e
constatou que este possui atividades antieméticas, antiinflamatórias e espasmolíticas;
estimula secreção gástrica e a salivação; estimula a circulação periférica e aumenta
a motilidade gástrica. Os mecanismos de ação do gengibre para as náuseas não
são plenamente compreendidos, mas podem resultar da capacidade do gengibre
de evitar arritmias gástricas por meio da inibição da produção das prostaglandinas,
embora não haja inibição da função destas (NATIONAL COMPREHENSIVE CANCER
NETWORK, 2011).
Um dos principais componentes do gengibre, o [6]-gingerol (1-40-hidroxi30-methyoxyphenyl-5-hidroxi-3-decanone), apresenta efeitos diversos, incluindo
atividades antioxidantes e anti-inflamatórias. Ele também inibe a promoção de tumor
mediada, indução de ornitina e TNF-α na pele de ratos. Além disso, inibe fator de
crescimento epidérmico (EGF) induzido por transformações neoplásicas em células
epidérmicas de rato experimentais. Assim ele é considerado com um potencial
quimiopreventivo e antitumoral. É conhecido por inibir o Fator Nuclear Kappa-Beta
(NF-kB) e a Proteína ativada-1 (AP-1, fator que regula a expressão de vários genes
que estão envolvidos na diferenciação e proliferação celular na tumorigênese)
processo de ativação, 6-gingerol e pode causar uma supressão significativa da
proliferação celular e sensibiliza as células para apoptose (BARRETO et al., 2011;
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 23
233
ROSA, 2016).
O gengibre demonstrou possuir várias propriedades que podem beneficiar o
tratamento de náuseas e vômitos na quimioterapia, incluindo a reversão do efeito
inibitório da cisplatina no esvaziamento gástrico de ratos, como o 5-HT3, e como
antagonista do receptor, além da ação antioxidante (ZICK et al., 2009).
Uma pesquisa com 644 pacientes oncológicos demonstrou que a suplementação
de 0,5 a 1g/dia de gengibre por seis dias, iniciado três dias antes da quimioterapia,
diminuiu a incidência de náusea aguda quando comparado a placebo (RYAN et al.,
2009).
Com o propósito de determinar o mecanismo por meio do qual o gengibre diminui
as náuseas, aventou-se a teoria de que o gengibre evita perturbar o ritmo de ondas
lentas por hiperglicemia aguda via inibição da produção de prostaglandinas. Vinte e
dois voluntários receberam gengibre (1g) ou placebo e depois foram submetidos à
eletrogastrografia de jejum durante clampeamento hiperglicêmico até 250 a 290mg/
dl. Foi averiguado que o gengibre conseguiu evitar arritmia de ondas lentas induzidas
pela hiperglicemia aguda embora não influenciasse as arritmias induzidas pelo
análogo de prostaglandinas E1. Esse trabalho confirmou que o gengibre consegue
inibir a produção de algumas prostaglandinas, mas não sua ação (RYAN et al., 2009).
Pillai e cols. (2011) encontraram que o gengibre reduz a intensidade de náuseas
e vômitos em crianças e adultos jovens. Em um estudo randomizado e duplo-cego
Hu e cols. (2011), demonstraram que o gengibre na dose de 1,2g (dividido em 03
cápsulas) aumentou a taxa de esvaziamento gástrico em pacientes com dispepsia
funcional quando comparado com placebo em 11 pacientes diagnosticados pelo
critério de Roma III.
Melo e cols. (2011) ao investigarem o efeito inibitório do óleo essencial de
gengibre na migração de leucócitos in vivo e in vitro, relataram que muitos constituintes
deste óleo são potentes inibidores de citocinas pró-inflamatórias tais como TNF-α e
IL-1b, da produção de leucotrienos e prostaglandinas E2 B4, ácido araquidônico e
outros metabólitos. Os resultados demonstraram os efeitos anti-inflamatórios do óleo
essencial de gengibre em modelos experimentais de inflamação.
Park e Pezzuto (2002) estudaram 20 pacientes em tratamento para leucemia
e mostraram que os que receberam gengibre tiveram náuseas significativamente
menos grave no dia da quimioterapia e também no dia seguinte quando comparados
com o grupo placebo. Da mesma forma, Sontakke mostrou que 1g de gengibre
antes e após a quimioterapia apresentaram efeitos bastantes positivos comparados
a utilização da metoclopramida no controle da náusea (SONTAKKE et al., 2003).
Em contraste, o trabalho de Zick não apresentou melhora quanto ao surgimento de
náuseas com o uso de gengibre (ZICK et al., 2009).
Levine e seu grupo mostraram que uma dieta rica em proteínas e com 1,0
g de gengibre por dia reduziu a severidade da náusea e o uso de medicamentos
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 23
234
antieméticos foi adiado. No entanto, o estudo contribuiu para a redução da dieta rica
em proteínas e não necessariamente para a suplementação de gengibre (LEVINE
et al., 2008).
Desta forma, pode sugerir que o gengibre (Zingiber officinale), na dose de
0,5 g a 1,0 g por dia, auxilia significativamente na redução de náuseas agudas em
pacientes que receberam antieméticos padrão. O gengibre tem demonstrado um
efeito benéfico sobre a náusea aguda decorrente da quimioterapia, no entanto,
a eficácia para a náusea associada com outras condições médicas necessita de
estudos controlados.
4 | CONCLUSÃO
Os estudos analisados demonstram que o gengibre (Zingiber oficinale) é capaz
de auxiliar o tratamento de pacientes oncológicos submetidos à quimioterapia e
reduzir os sintomas eméticos, dentre outros efeitos benéficos, constituindo uma
terapia auxiliar do manejo do câncer com ação fitoterápica suavizando as ações
terapêuticas alopáticas convencionais.
Doses orientadas de gengibre prescritas na quantidade entre 1,0g e 2,0g são
consideradas seguras alcançando efeitos desejáveis no grupo oncológico.
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Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Capítulo 23
237
SOBRE O ORGANIZADOR
BENEDITO RODRIGUES DA SILVA NETO - Possui graduação em Ciências Biológicas pela
Universidade do Estado de Mato Grosso (2005), com especialização na modalidade médica
em Análises Clínicas e Microbiologia (Universidade Candido Mendes - RJ). Em 2006 se
especializou em Educação no Instituto Araguaia de Pós graduação Pesquisa e Extensão.
Obteve seu Mestrado em Biologia Celular e Molecular pelo Instituto de Ciências Biológicas
(2009) e o Doutorado em Medicina Tropical e Saúde Pública pelo Instituto de Patologia
Tropical e Saúde Pública (2013) da Universidade Federal de Goiás. Pós-Doutorado em
Genética Molecular com concentração em Proteômica e Bioinformática (2014). O segundo
Pós doutoramento foi realizado pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências
Aplicadas a Produtos para a Saúde da Universidade Estadual de Goiás (2015), trabalhando com
o projeto Análise Global da Genômica Funcional do Fungo Trichoderma Harzianum e período
de aperfeiçoamento no Institute of Transfusion Medicine at the Hospital Universitatsklinikum
Essen, Germany. Seu terceiro Pós-Doutorado foi concluído em 2018 na linha de bioinformática
aplicada à descoberta de novos agentes antifúngicos para fungos patogênicos de interesse
médico. Palestrante internacional com experiência nas áreas de Genética e Biologia Molecular
aplicada à Microbiologia, atuando principalmente com os seguintes temas: Micologia Médica,
Biotecnologia, Bioinformática Estrutural e Funcional, Proteômica, Bioquímica, interação
Patógeno-Hospedeiro. Sócio fundador da Sociedade Brasileira de Ciências aplicadas à Saúde
(SBCSaúde) onde exerce o cargo de Diretor Executivo, e idealizador do projeto “Congresso
Nacional Multidisciplinar da Saúde” (CoNMSaúde) realizado anualmente, desde 2016, no
centro-oeste do país. Atua como Pesquisador consultor da Fundação de Amparo e Pesquisa do
Estado de Goiás - FAPEG. Atuou como Professor Doutor de Tutoria e Habilidades Profissionais
da Faculdade de Medicina Alfredo Nasser (FAMED-UNIFAN); Microbiologia, Biotecnologia,
Fisiologia Humana, Biologia Celular, Biologia Molecular, Micologia e Bacteriologia nos cursos
de Biomedicina, Fisioterapia e Enfermagem na Sociedade Goiana de Educação e Cultura
(Faculdade Padrão). Professor substituto de Microbiologia/Micologia junto ao Departamento
de Microbiologia, Parasitologia, Imunologia e Patologia do Instituto de Patologia Tropical
e Saúde Pública (IPTSP) da Universidade Federal de Goiás. Coordenador do curso de
Especialização em Medicina Genômica e Coordenador do curso de Biotecnologia e Inovações
em Saúde no Instituto Nacional de Cursos. Atualmente o autor tem se dedicado à medicina
tropical desenvolvendo estudos na área da micologia médica com publicações relevantes em
periódicos nacionais e internacionais. Contato:
[email protected] ou
[email protected]
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Sobre o organizador
238
ÍNDICE REMISSIVO
A
Adesão 2, 23, 24, 28, 43, 44, 45, 46, 49, 51, 52, 53, 61, 64, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 99,
100, 118, 120, 121, 122, 123, 124, 127, 128, 129, 130, 160, 161, 179, 201, 220, 229
Adesão ao tratamento 23, 43, 44, 45, 46, 49, 51, 52, 53, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 99, 118,
120, 121, 123, 124, 127, 129, 130, 160, 161, 229
Aedes aegypti 206, 207, 213, 214
Aminoglicosídeo 192, 194, 195
Ansiedade 4, 5, 72, 118, 120, 121, 122, 123, 124, 125, 126, 127, 129, 130, 131, 215, 217,
220, 223, 224, 232
Antibióticos 33, 34, 36, 38, 112, 113, 114, 115, 116, 117
Atenção farmacêutica 168
Atenção primária à saúde 53, 168
Atividade antioxidante 101, 103, 105, 106, 109, 110
B
Banco de leite 182, 184, 185, 188, 190
Bioquímica do esporte 146
C
Café 215, 216, 217, 219, 220, 221, 222, 223, 224, 225, 226
Cafeína 215, 216, 217, 218, 219, 220, 221, 222, 223, 224, 225, 226
Câncer 35, 38, 40, 41, 54, 55, 83, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 196, 197, 198, 199, 200, 201, 202,
203, 204, 205, 221, 223, 225, 227, 228, 229, 231, 235, 236
Câncer de boca 55
Câncer de faringe 55
Cicatrização 11, 14, 101, 102, 103, 104, 108, 109, 110
Contraceptivos orais 112, 113, 114, 117, 224
Controle biológico 206
Cooperação 92, 97
Criança 18, 168, 182, 183, 196, 197, 198, 199, 200, 201, 202, 203, 204, 205
Cuidados de Enfermagem 196, 197, 198
D
Depressão 2, 72, 100, 110, 118, 120, 121, 123, 126, 129, 131, 194, 212, 220, 223, 232
Diabetes 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 19, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 64, 72, 78, 79,
147, 154, 159, 160, 161, 164, 165, 167, 168, 169, 170, 171, 173, 174, 176, 222, 223
Diabetes Mellitus 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 19, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 78, 79, 159,
160, 161, 164, 165, 167, 168
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Índice Remissivo
239
Dieta 11, 15, 25, 26, 38, 39, 59, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 71, 146, 160, 220, 223, 229, 234, 235
Doação de leite 181, 182, 183, 184, 185, 186, 187, 188, 189, 190
Doença celíaca 59, 60, 61, 62, 63, 64, 65
Doenças crônicas não transmissíveis 67, 69, 70, 159, 160, 167, 168, 179, 228
Drogas ilícitas 1, 2, 3, 4, 6
E
Educação em Saúde 41, 43, 52, 66, 68, 69, 70, 73, 76, 77, 78, 79, 98, 120, 122, 129, 132
Efeitos 2, 4, 5, 12, 24, 29, 33, 34, 35, 36, 39, 40, 42, 80, 82, 85, 95, 106, 109, 111, 112, 117,
118, 128, 129, 130, 147, 153, 191, 192, 193, 195, 211, 215, 217, 218, 219, 220, 221, 223,
224, 225, 226, 227, 229, 231, 232, 233, 234, 235, 236
Efeitos adversos 2, 80, 95, 215, 217, 219, 221, 223, 224
Embriologia 132, 133, 135, 136, 140
Enfermagem 6, 8, 9, 17, 18, 19, 20, 27, 28, 29, 30, 31, 41, 53, 67, 79, 97, 99, 117, 132, 134,
136, 137, 139, 167, 181, 182, 189, 190, 196, 197, 198, 200, 201, 202, 203, 204, 205, 225,
226, 238
F
Fatores de risco 15, 25, 26, 28, 147, 167, 215
Fentanil 80, 81
Formação em Saúde 66
Funcionários de uma Instituição de Ensino Superior 159
G
Gene p53 55
Glicose sanguínea 146, 152
Glomerulonefrite membranosa 92
Glúten 59, 60, 61, 62, 63, 64, 65
H
Handebol 145, 146, 147, 148, 150, 151, 152, 153, 154, 155, 156, 157
Hanseníase 43, 44, 45, 46, 47, 48, 49, 50, 51, 52, 53
Hiperêmese gravídica 1, 4
Hipertensão 10, 13, 14, 30, 72, 76, 78, 79, 147, 159, 160, 161, 165, 166, 167, 168, 180
HIV 85, 90, 91, 118, 119, 120, 122, 125, 129, 130, 131
I
Idoso 18, 32, 33, 34, 35, 68, 69, 70, 75
Interação medicamentosa 112, 113, 114, 115, 116, 117
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Índice Remissivo
240
L
Liga Acadêmica 132, 133, 134, 135
N
Nefrose lipoide 92
O
Oncologia 8, 86, 196, 197, 198, 200, 201, 202, 204, 205, 235, 236, 237
P
Pacientes 3, 5, 8, 9, 10, 11, 12, 14, 15, 18, 21, 23, 25, 26, 27, 30, 31, 32, 34, 35, 38, 39, 40,
41, 44, 46, 49, 52, 53, 55, 56, 57, 60, 62, 63, 64, 65, 80, 81, 83, 85, 86, 87, 88, 89, 92, 93,
94, 95, 96, 97, 98, 99, 100, 119, 120, 121, 122, 124, 125, 129, 130, 135, 168, 179, 191, 192,
193, 194, 195, 198, 202, 203, 221, 222, 224, 227, 229, 230, 231, 232, 234, 235, 236
Parede Torácica 80, 81
Pediatria 37, 42, 197, 200, 203, 205
Perda auditiva 191, 192, 193, 194, 195
Prevalência 3, 4, 13, 38, 43, 48, 83, 84, 86, 87, 89, 117, 155, 159, 160, 161, 162, 164, 165,
166, 167, 168, 179, 223, 225
Probiótico 32, 35, 38, 40
Projeto de extensão 133, 136, 143
Promoção em Saúde 66, 181, 189
Prontuários 83, 86, 87, 193, 195
Q
Qualidade De Vida 10, 11, 22, 24, 27, 28, 32, 33, 34, 35, 38, 39, 41, 60, 61, 63, 64, 65, 66,
68, 69, 73, 77, 78, 79, 93, 95, 97, 118, 121, 129, 168, 189, 194, 195, 198, 203, 217, 229
R
Radicais livres 101, 102, 103, 105, 108, 109, 222
Reprodução Humana 132, 133, 135, 141
Rigidez 80, 81
Roedores 206
S
Saúde Pública 2, 9, 10, 27, 30, 44, 52, 53, 63, 64, 99, 119, 131, 159, 179, 183, 190, 214,
226, 228, 235, 236, 238
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Índice Remissivo
241
T
Terapia Cognitivo-Comportamental 118, 121, 125, 129, 131
Toxicidade aguda 206, 211, 212
Toxoplasma gondii 83, 84, 86, 90, 91
Tratamento Farmacológico 24, 43, 44, 45, 46, 92, 94, 95
Trigo 59, 60, 61
Tuberculose multirresistente 192
U
UFRGS 6, 132, 133, 134, 135, 136, 137, 138, 140, 144
Uso da maconha 1, 4, 5
Alicerces e Adversidades das Ciências da Saúde no Brasil 2
Índice Remissivo
242