INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES
INSTITUTO UNIVERSITÁRIO MILITAR
DEPARTAMENTO DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS
CURSO DE PROMOÇÃO A OFICIAL GENERAL
2019/2020
TRABALHO DE INVESTIGAÇÃO INDIVIDUAL
A EDIFICAÇÃO DA CAPACIDADE DE CIBERDEFESA NACIONAL
O TEXTO CORRESPONDE A TRABALHO FEITO DURANTE A
FREQUÊNCIA DO CURSO NO IUM SENDO DA RESPONSABILIDADE DO
SEU AUTOR, NÃO CONSTITUINDO ASSIM DOUTRINA OFICIAL DAS
FORÇAS ARMADAS PORTUGUESAS E DA GUARDA NACIONAL
REPUBLICANA.
Paulo Fernando Viegas Nunes
Coronel de Transmissões
INSTITUTO UNIVERSITÁRIO MILITAR
DEPARTAMENTO DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS
A EDIFICAÇÃO DA CAPACIDADE DE
CIBERDEFESA NACIONAL
COR TM Paulo Fernando Viegas Nunes
Trabalho de Investigação Individual do CPOG 2019/2020
Pedrouços 2020
INSTITUTO UNIVERSITÁRIO MILITAR
DEPARTAMENTO DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS
A EDIFICAÇÃO DA CAPACIDADE DE
CIBERDEFESA NACIONAL
COR TM Paulo Fernando Viegas Nunes
Trabalho de Investigação Individual do CPOG 2019/2020
Orientador: CALM António Gameiro Marques
Pedrouços 2020
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Declaração de compromisso Antiplágio
Eu, Paulo Fernando Viegas Nunes, declaro por minha honra que o documento intitulado
“A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional” corresponde ao resultado da
investigação por mim desenvolvida enquanto auditor do CPOG 2019/20 no Instituto
Universitário Militar e que é um trabalho original, em que todos os contributos estão
corretamente identificados em citações e nas respetivas referências bibliográficas.
Tenho consciência que a utilização de elementos alheios não identificados constitui grave
falta ética, moral, legal e disciplinar.
Pedrouços, 09 de junho de 2020
Paulo Fernando Viegas Nunes
COR TM
ii
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Agradecimentos
A elaboração deste trabalho de investigação, abordando um tema transversal, em
constante evolução doutrinária e tecnológica, constituiu um desafio tão gratificante como
exigente, beneficiando de um conjunto de prestimosos contributos, que importa aqui salientar.
As minhas primeiras palavras, de agradecimento e elevado apreço, dirigem-se ao meu
orientador, Contra-Almirante António Gameiro Marques, pelo saber partilhado, permanente
disponibilidade, rigor e amizade, sempre reiterados. O seu profundo conhecimento, integrador
das dinâmicas associadas à cibersegurança e ciberdefesa nacional, constituíram uma motivação
adicional para pensar “fora da caixa” e para ousar abrir novos caminhos ao longo deste trabalho.
A todos os que com a sua visão e experiência muito contribuíram para a construção de
um quadro de análise mais consistente e realista. Neste âmbito, salienta-se a gratificante troca
de ideias com muitos dos responsáveis pela operacionalização da estratégia nacional de
segurança no ciberespaço como Lino Santos, Capitão-de-Mar-e-Guerra Hélder Fialho de Jesus,
Carlos Cabreiro, Rogério Bravo e representantes dos Serviços de Informações de Segurança.
Pela disponibilidade demonstrada e visão enquadradora, apoiando a reflexão e debate
dos tópicos estruturantes deste trabalho, foi importante poder contar com os contributos do
Vice-Almirante Silvestre Correia, Tenente-General Martins Pereira, Major-General Xavier de
Sousa, Major-General Maia Pereira, Major-General (Reserva) Passos Morgado, BrigadeiroGeneral Bento Soares, Comodoro Bento Domingues e Brigadeiro-General João Rocha.
Aos auditores do terceiro Curso de Planeamento de Operações no Ciberespaço do
Instituto Universitário Militar, em especial ao Diretor do Curso Tenente-Coronel José Brito
Sousa, pelo pronto apoio e disponibilidade demonstradas na operacionalização da resposta
ao questionário e na organização do focus group realizado no âmbito desta investigação.
Uma referência especial é também devida ao Coronel Mário Álvares pela sua
permanente disponibilidade e apoio, instrumentais para o tratamento dos dados e
estruturação deste estudo.
Aos auditores do Curso de Promoção a Oficial General 2019/2020, pelo ambiente de
saudável convívio e camaradagem, debate de ideias e gratificante partilha de conhecimento,
que em muito facilitaram a conclusão do presente trabalho de investigação.
Um agradecimento muito especial à minha família, pelo apoio incondicional,
paciência e inspiração que constituíram o meu “Norte” ao longo desta viagem.
iii
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Índice
1. Introdução
..................................................................................................................... 1
2. Enquadramento teórico, metodologia e método ............................................................... 5
2.1. Estado da arte e modelo de análise ............................................................................ 5
2.1.1. Conceptualização estratégica do ciberespaço .......................................... 5
2.1.2. Ciberespaço e ambiente da informação ................................................... 6
2.1.3. Modelo de análise .................................................................................... 7
2.2. Metodologia e método ............................................................................................... 9
2.2.1. Metodologia............................................................................................. 9
2.2.2. Método, participantes e procedimento .................................................... 9
3. A estratégia militar para o ciberespaço ........................................................................... 13
3.1. Enquadramento nacional ......................................................................................... 13
3.2. Enquadramento internacional .................................................................................. 16
3.3. Definição da estratégia militar para o ciberespaço .................................................. 17
3.4. Síntese conclusiva .................................................................................................... 18
4. Estratégia operacional para o ciberespaço ...................................................................... 19
4.1. Revolução tecnológica, ciberespaço e impacto militar ............................................ 19
4.2. Novo paradigma operacional: operações não-cinéticas e multi-domínio ................ 20
4.3. Planeamento operacional ......................................................................................... 23
4.3.1. Processo de planeamento operacional ................................................... 23
4.3.2. Conceito de emprego e C2 das operações no ciberespaço .................... 25
4.3.3. Regras de empenhamento ...................................................................... 25
4.4. Síntese conclusiva .................................................................................................... 26
5. Estrutura nacional de ciberdefesa ................................................................................... 27
5.1. Estruturas e modelos de referência internacionais ................................................... 27
5.2. Situação nacional ..................................................................................................... 28
5.3. Alinhamento da resposta estrutural ......................................................................... 29
5.4. Estrutura nacional de ciberdefesa - visão futura ...................................................... 31
5.5. Síntese conclusiva .................................................................................................... 34
iv
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
6. Geração de capacidades: a edificação da capacidade nacional de ciberdefesa ............... 35
6.1. Enquadramento ........................................................................................................ 35
6.2. Processo de desenvolvimento da capacidade .......................................................... 35
6.3. Plano de implementação da capacidade de ciberdefesa........................................... 37
6.4. Cooperação internacional e sinergias nacionais ...................................................... 39
6.5. Avaliação do modelo de edificação da capacidade de ciberdefesa nacional .................. 40
6.5.1. Análise da situação atual ....................................................................... 40
6.5.2. Alinhamento estratégico ........................................................................ 40
6.5.3. Mapa da estratégia militar para o ciberespaço ...................................... 41
6.5.4. Critérios da avaliação estratégica .......................................................... 41
6.6. Plano de ação ........................................................................................................... 42
6.7. Síntese conclusiva .................................................................................................... 43
7. Conclusões ................................................................................................................... 45
Referências Bibliográficas ................................................................................................... 49
Índice de Apêndices
Apêndice A — Corpo de conceitos .......................................................................... Apd A-1
Apêndice B — Focus group e questionário exploratório ......................................... Apd B-1
Apêndice C — Análise estatística dos dados (questionário e entrevista) ...................... Apd C-1
Apêndice D — Entrevistas a entidades nacionais .................................................... Apd D-1
Apêndice E — Linhas orientadoras, requisitos e alinhamento estratégico .............. Apd E-1
Apêndice F — Operações no ciberespaço – responsabilidades de C2...................... Apd F-1
Apêndice G — Enquadramento jurídico das operações no ciberespaço .................. Apd G-1
Apêndice H — Desenvolvimento integrado da capacidade de ciberdefesa ............. Apd H-1
Apêndice I — Avaliação dos vetores da capacidade de ciberdefesa ........................Apd I-1
Apêndice J — Caracterização da envolvente da capacidade de ciberdefesa............ Apd J-1
Apêndice K — Objetivos e linhas de ação da capacidade de ciberdefesa nacional . Apd K-1
v
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Índice de Figuras
Figura 1 – “Pirâmide cognitiva” e utilização operacional do ciberespaço ............................ 7
Figura 2 – Modelo de desenvolvimento da CCDN ............................................................... 9
Figura 3 – Técnicas de recolha de dados e resultados obtidos ............................................ 10
Figura 4 – Enquadramento conceptual da EMCIBER......................................................... 14
Figura 5 – Formações de combate multi-domínio ............................................................... 21
Figura 6 – Áreas de responsabilidade no ciberespaço ......................................................... 21
Figura 7 – Gestão da resiliência operacional no ciberespaço .............................................. 22
Figura 8 – Enquadramento e contexto das operações no ciberespaço ................................. 22
Figura 9 – Fases do planeamento operacional ..................................................................... 24
Figura 10 – “Maturidade doutrinária” vs. “integração de capacidades operacionais” ........ 30
Figura 11 – Organização proposta para o COCIBER.......................................................... 31
Figura 12 – Estrutura nacional de ciberdefesa e sua articulação internacional ................... 33
Figura 13 – Ciclo de desenvolvimento da CCDN ............................................................... 36
Figura 14 – Linhas de ação estruturantes do desenvolvimento da capacidade ................... 37
Figura 15 – Modelo de implementação da CCDN .............................................................. 38
Figura 16 – Análise SWOT da CCDN ................................................................................ 40
Figura 17 – Mapa da EMCIBER ......................................................................................... 41
Figura 18 – Dispersão das respostas para todas as variáveis e grupos da amostra.... Apd C-2
Figura 19 – Estrutura da ciberdefesa nacional............................................................ Apd F-2
Índice de Quadros
Quadro 1 – Objetivos da investigação ................................................................................... 2
Quadro 2 – Modelo de análise ............................................................................................... 8
Quadro 3 – Resumo do processamento de casos (método listwise) .......................... Apd C-1
Quadro 4 – Estatística de confiabilidade ................................................................... Apd C-1
Quadro 5 – Estatística descritiva das variáveis ......................................................... Apd C-1
Quadro 6 – Análise da correlação das variáveis ........................................................ Apd C-1
Quadro 7 – Histograma descritivo e gráficos de frequência das variáveis ................ Apd C-2
Quadro 8 – Operações a desenvolver na resposta a crises ......................................... Apd F-3
Quadro 9 – Legislação internacional incorporada na ordem jurídica interna............ Apd G-1
Quadro 10 – Legislação associada à área da segurança e defesa do ciberespaço ..... Apd G-2
Quadro 11 – Legislação nacional associada à área da segurança da informação ...... Apd G-2
Quadro 12 – Resultado da análise interna (potencialidades e vulnerabilidades) ....... Apd J-1
Quadro 13 – Resultado da análise externa (oportunidades e ameaças) ...................... Apd J-1
vi
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Resumo
Fruto da revolução digital, as modernas sociedades tornaram-se dependentes da
internet e do ciberespaço, levantando novos riscos à Segurança e Defesa Nacional. De forma
a cumprir a sua missão, as Forças Armadas já assumiram o ciberespaço como um domínio
de operações, a par do mar, terra e ar.
Propondo a definição de uma Estratégia Militar para o Ciberespaço, alinhada com a
Estratégia Nacional de Segurança do Ciberespaço, este estudo analisa os desafios associados
ao desenvolvimento da capacidade de ciberdefesa das Forças Armadas. Para esse efeito,
utilizou-se um raciocínio dedutivo, alicerçado numa estratégia de investigação qualitativa,
no estudo de caso, na análise documental e nos dados recolhidos a partir de um questionário
e de entrevistas realizadas a especialistas ligados à cibersegurança e ciberdefesa nacional.
Dos resultados obtidos, concluiu-se que a dinamização da edificação da capacidade de
ciberdefesa nacional, passa pela materialização de uma Estratégia Militar para o Ciberespaço,
coerente, sinérgica e articulada nas suas dimensões operacional, estrutural e genética.
Este processo de transformação, assente numa nova visão estratégica e num plano de
desenvolvimento da capacidade de ciberdefesa, permitirá às Forças Armadas defender as
suas redes contra ciberataques e realizar operações militares no ciberespaço, contribuindo
desta forma para assegurar a ciberdefesa nacional.
Palavras-chave: Ciberespaço, Cibersegurança, Ciberdefesa, Estratégia Militar para o
Ciberespaço, Desenvolvimento da capacidade de ciberdefesa nacional.
vii
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Abstract
Driven by the digital revolution, modern societies became internet and cyberspace
dependent, raising new risks to national security and defence. In order to fulfil its mission,
the Armed Forces already incorporated cyberspace as a new domain of operations, side by
side with land, sea and air.
Proposing the definition of a cyberspace military strategy, aligned with the national
cyberspace security strategy, this study conducts an analysis of the main challenges raised
by the Armed Forces cyber defence capability development process. With this aim, it was
used a deductive reasoning, supported by a qualitative research strategy, a case study
approach, documental analysis and data collected from a questionnaire and an interview
addressed to cybersecurity and cyber defence experts.
From the results achieved, it was possible to conclude that the enhancement of the
national cyber defence capability building process, requires the adoption of a national
cyberspace military strategy, coherent, synergetic and articulated along its operational,
structural and genetic dimensions.
This transformational process, supported by a strategic vision and a cyber defence
capability development plan, will allow the Armed Forces to defend their networks against
cyberattacks and to conduct military operations in cyberspace, therefore assuring the
national cyber defence.
Keywords: Cyberspace, Cyber Security, Cyberspace Military Strategy, National Cyber
Defence Capability Development.
viii
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Lista de abreviaturas, siglas e acrónimos
A
Ameaças
ACO
Allied Command Operations (Comando Aliado para as Operações)
AJP
Allied Joint Publication (Publicação Aliada Conjunta)
BTID
Base Tecnológica e Industrial de Defesa
C2
Comando e Controlo
CAIH
Cyber Academia and Innovation Hub Project (Projeto integrador de inovação
e do meio académico na área do ciberespaço)
CCD
Centro de Ciberdefesa das Forças Armadas
CCDCOE
Cooperative Cyber Defence Centre of Excellence (Centro de Excelência
Cooperativo em Ciberdefesa)
CCDFFAA
Capacidade de Ciberdefesa das Forças Armadas
CCDN
Capacidade de Ciberdefesa Nacional
CDP
Capability Development Plan (Plano de Desenvolvimento de Capacidades)
CDM
Capability Development Mechanism (Mecanismo de Desenvolvimento de
Capacidades)
CEDN
Conceito Estratégico de Defesa Nacional
CEM
Conceito Estratégico Militar
CEMGFA
Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas
CERT
Computer Emergency Response Team (Equipa de Resposta a Emergências
Computacionais/Informáticas)
CIRC
Computer Incident Response Capability (Capacidade de Resposta a Incidentes
em Computadores)
CISMIL
Centro de Informações e Segurança Militar
CMCD
Comité de Monitorização da Ciberdefesa
CNCS
Centro Nacional de Cibersegurança
CNO
Computer Network Operations (Operações em Redes de Computadores)
CO
Comando Operacional
COCIBER
Comando de Operações no Ciberespaço
CONOPS
Conceito de Operações
COPD
Comprehensive Operations Planning Directive (Diretiva para o Planeamento
Integrado de Operações)
ix
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
CPDM
Ciclo de Planeamento de Defesa Militar
CPOCIBER
Curso de Planeamento de Operações no Ciberespaço
CSDC
Conselho Superior de Defesa do Ciberespaço
CSDN
Conselho Superior de Defesa Nacional
CSI
Comunicações e Sistemas de Informação
CSIRT
Computer Security Incidents Response Team (Equipa de Resposta a
Incidentes de Segurança Computacional/informática)
CSSC
Conselho Superior para a Segurança do Ciberespaço
CWIX
Coalition Warrior Interoperability, eXploration, eXperimentation, eXamination
eXercise (Exercício de Interoperabilidade de Forças NATO)
CyOC
Cyberspace Operations Center (Centro de Operações para o Ciberespaço)
DEEMGFA
Diretiva Estratégica do Estado-Maior-General das Forças Armadas
DF
Diretor Funcional
DGRDN
Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional
DIRCSI
Direção de Comunicações e Sistemas de Informação
DMPDM
Diretiva Ministerial de Planeamento de Defesa Militar
DN
Defesa Nacional
DOTMLPII
Doutrina, Organização, Treino, Material, Liderança, Pessoal, Infraestruturas
e Interoperabilidade
EMCIBER
Estratégia Militar para o Ciberespaço
EME
Estado-Maior do Exército
EMGFA
Estado-Maior-General das Forças Armadas
ENCD
Estratégia Nacional de Ciberdefesa
ENSC
Estratégia Nacional de Segurança no Ciberespaço
EUA
Estados Unidos da América
FED
Fundo Europeu de Defesa
FFAA
Forças Armadas
FND
Forças e elementos Nacionais Destacados
G4
Grupo dos Quatro (Centro Nacional de Cibersegurança, Centro de
Ciberdefesa, Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e Criminalidade
Tecnológica e Serviços de Informações de Segurança)
H
Hipótese
IDN
Instituto da Defesa Nacional
x
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
ID&I
Investigação, Desenvolvimento e Inovação
ISR
Intelligence, Surveillance and Reconnaissance (Informações, Vigilância e
Reconhecimento)
IUM
Instituto Universitário Militar
LA
Linha de Ação
LE
Linha Estruturante
LO
Linha Orientadora
LOENCD
Linhas Orientadoras para a Estratégia Nacional de Ciberdefesa
LPM
Lei de Programação Militar
MDN
Ministro da Defesa Nacional
MNCDE&T Multinational Cyber Defence Education and Training Project (Projeto
Multinacional de Educação e Treino em Ciberdefesa)
NAC
North Atlantic Council (Conselho do Atlântico Norte)
NATO
North Atlantic Treaty Organization (Organização do Tratado do Atlântico Norte)
NCI Academy NATO
Communications
and
Information
Academy
(Academia
de
Comunicações e Informação da NATO)
NCIRC
NATO Computer Incident Response Capability (Capacidade de Resposta a
Incidentes em Computadores da NATO)
NCRP
NATO Crisis Response Process (Processo de Resposta a Crises da NATO)
O
Oportunidades
OE
Objetivo Específico
OEE
Objetivo Estratégico Estruturante
OG
Objetivo Geral
OpCiber
Operações no Ciberespaço
P
Potencialidades
PDC
Processo de Desenvolvimento de Capacidades
PDCCD
Plano de Desenvolvimento da Capacidade de Ciberdefesa
PESCO
PErmanent Structured Cooperation (Cooperação Estruturada Permanente)
Q
Questão
QC
Questão Central
QD
Questão Derivada
RCM
Resolução do Conselho de Ministros
RE
Requisitos Estratégicos
xi
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
RH
Recursos Humanos
RO
Requisitos Operacionais
SCEPVA
Sovereign Cyber Effects Provided Voluntarily by Allies (Efeitos Soberanos
no Ciberespaço Produzidos Voluntariamente por Aliados).
SDN
Segurança e Defesa Nacional
SIC
Sistemas de Informação e Comunicação
SIS
Serviços de Informações de Segurança
SWOT
Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats (Forças, Fraquezas,
Oportunidades e Ameaças)
TII
Trabalho de Investigação Individual
U
Utilizadores
UE
União Europeia
UNC3T
Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica
V
Vulnerabilidades
xii
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
1.
Introdução
O desenvolvimento tecnológico e a transformação digital das sociedades conheceram
um forte impulso ao longo das últimas décadas. A internet, produto deste processo, estreitou
distâncias, criou redes, gerando uma interação à escala global, tanto no plano social,
económico como militar.
Estruturado com base na internet, o ciberespaço apresenta potencialidades, mas
também vulnerabilidades que podem ser exploradas por atores mal-intencionados. Novas
ameaças, muitas vezes de natureza híbrida, são cada vez mais frequentes e complexas. Pelas
vantagens oferecidas, os ciberataques lançados por atores hostis, geram novos riscos,
comprometendo a Segurança e Defesa Nacional (SDN).
A atuação das Forças Armadas (FFAA) depende funcionalmente da disponibilidade-e
fiabilidade dos seus Sistemas de Informação e Comunicação (SIC). Atendendo à elevada
sofisticação tecnológica dos modernos sistemas de armas, um ataque lançado através do
ciberespaço pode ter um efeito disruptivo e/ou destrutivo, de natureza cinética e não cinética.
O ciberespaço, não pode assim ser considerado um domínio marginal aos assuntos
militares, sendo de assinalar que, em 2016, na cimeira de Varsóvia, os chefes de estado e de
governo da Aliança Atlântica assinaram um compromisso destinado a reforçar a sua defesa
cibernética (cyber defence pledge) e assumiram formalmente o ciberespaço como um novo
domínio das operações, a par da terra, mar e ar (North Atlantic Treaty Organization [NATO],
2016a). Na cimeira de Bruxelas (NATO, 2018a), identificaram também a ciberdefesa como uma
das áreas prioritárias da defesa e dissuasão da Aliança, concordando com a possibilidade de a
NATO poder vir a contar com capacidades cedidas voluntariamente por algumas nações para
assegurar o cumprimento das suas operações no âmbito da ciberdefesa (NATO, 2018b).
Na recente cimeira em Londres, reforçando as conclusões da cimeira de Bruxelas, os
-
Aliados anunciaram o aumento das suas ferramentas “para responder a ciberataques,
fortalecer a sua capacidade de preparação, de dissuasão e defesa contra táticas híbridas que
-
procuram minar a segurança e as sociedades” (NATO, 2019a).
Na sequência deste processo de reconhecimento formal e desenvolvimento de
-
capacidades, várias nações aliadas, tal como Portugal, têm vindo a ser confrontadas com a
-
necessidade de levantar Comandos e estruturas operacionais, especialmente dedicadas à
-
proteção das suas redes e à condução de Operações no Ciberespaço (OpCiber).
1
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
As obrigações internacionais assumidas por Portugal ao nível da ciberdefesa, tanto no quadro
NATO como da União Europeia (UE), impõem também novos requisitos ao nível operacional,
estrutural e genético, a considerar na edificação da Capacidade de Ciberdefesa Nacional (CCDN).
Em linha com o prescrito na Estratégia Nacional de Segurança do Ciberespaço (ENSC) 20192023, publicada através da Resolução do Conselho de Ministros (RCM) n.º 92/2019, de 05 de junho,
e atendendo à Diretiva Estratégica do Estado-Maior-General das Forças Armadas (DEEMGFA) de
2018-2021 (EMGFA, 2018), este trabalho assume especial acuidade e oportunidade.
O objeto do presente estudo, face ao enquadramento apresentado, é assim a edificação
da CCDN.
Sem prejuízo da sua contextualização, este trabalho foi conduzido em linha com as
delimitações-de tempo, espaço e conteúdo (Santos & Lima, 2019, p.42), que a seguir se indicam.
Em termos temporais, o estudo é limitado à última década, estruturante do
levantamento de capacidades nacionais e, prospectivamente, até 2025, horizonte temporal
dos documentos de referência analisados.
Envolvendo esta investigação a definição de uma Estratégia Militar para o Ciberespaço
(EMCIBER), na recolha de dados segundo o método de entrevista, utilizou-se uma amostra
representativa dos decisores que influenciam o desenvolvimento da CCDN e/ou a
cibersegurança do Estado.
Ao nível do conteúdo, abordam-se essencialmente as implicações do tema ao nível da
EMCIBER. O seu impacto nas restantes áreas da estratégia militar será abordado apenas de
forma complementar, por não constituir o foco primário deste trabalho.
Face ao exposto, o Objetivo Geral (OG) e os Objetivos Específicos (OE) formulados
são apresentados no Quadro 1.
Quadro 1 – Objetivos da investigação
2
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Em linha com os objetivos elencados, foi definida a seguinte Questão Central (QC):
Qual o modelo a adotar para a edificação da Capacidade de Ciberdefesa das FFAA
(CCDFFAA), de forma a dinamizar a edificação da CCDN, dotando as FFAA com uma
capacidade acrescida para defender as suas redes contra ciberataques e realizar operações
militares no ciberespaço?
O estudo, para além da presente introdução (primeiro capítulo), estrutura-se em cinco
capítulos a que acrescem as conclusões. O segundo, apresenta a revisão da literatura, a
metodologia e o método. O terceiro, analisa o impacto estratégico do ciberespaço e propõe a
definição da EMCIBER. Este capítulo, faz a ponte com os seguintes, onde se caracterizam as
-
componentes-operacional (capítulo quarto), estrutural (capítulo quinto) e genética (capítulo
sexto) desta estratégia. Nas conclusões, sintetizam-se o procedimento metodológico e os
resultados obtidos, demonstrando a forma como será possível dinamizar a edificação da
CCDN. Como corolário deste trabalho, apresentam-se recomendações e sugestões para
investigações futuras.
3
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
4
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
2.
Enquadramento teórico, metodologia e método
O tema deste Trabalho de Investigação Individual (TII) enquadra-se no âmbito das Ciências
Militares, no domínio do “Estudo das Crises e Conflitos Armados” – subáreas “Estratégia
Militar” e “Planeamento Estratégico Militar”; e das “Técnicas e Tecnologias Militares” –
subáreas de “Ciberdefesa/Cibersegurança” e “Estudos de Componente” (Centro de Investigação
e Desenvolvimento do Instituto Universitário Militar, 2018).
2.1. Estado da arte e modelo de análise
O estado da arte, incluindo os fundamentos teóricos aqui referidos, enformou-a
realização deste trabalho.
2.1.1.
Conceptualização estratégica do ciberespaço
De acordo com Couto (1988, p.214-215), cabe à política a definição dos interesses
nacionais e a sua prossecução, procurando satisfazer os objetivos teleológicos do Estado, ou
seja, o progresso, bem-estar e segurança. Face a ações contrárias-à-satisfação dos seus
interesses, o Estado pode ter que impor a sua vontade de forma violenta. Segundo Clausewitz
(1976), o conflito é visto como uma consequência da condução da política por outros meios,
dando lugar à definição de uma estratégia.
Reconhecendo que a estratégia do Estado é una na sua conceção, unificando de forma
coerente todo o sistema estratégico, Beaufre (1965) define, ao nível político-estratégico, uma
“estratégia total”, agrupando todos os instrumentos de coação em estratégias gerais,
diferenciadas quanto aos seus campos de aplicação: interno (político), externo (diplomático),
psicológico (ambiente da informação), económico e militar. Segundo este autor, cada estratégia
geral decompõe-se em estratégias particulares, diferenciáveis nos instrumentos, cenários e
formas de emprego dos meios, procurando atingir fins específicos. À luz deste referencial
teórico, validado por Couto (1988, p.227), a definição de qualquer estratégia deve clarificar não
só o seu âmbito (domínio da ação) como também a sua finalidade (consequências a produzir).
Nos vários domínios da estratégia, “situa-se a charneira entre a conceção e a execução das
ações estratégicas, isto é, entre o que se pretende ou deve fazer e o que os meios possibilitam”
(Alves, 1998, p.121). Assim, como elementos distintos e essenciais para a materialização da
estratégia, importa distinguir os seus “aspetos operacionais (ligados à utilização dos meios),
genéticos (associados à geração e sustentação de meios) e os aspetos estruturais
(correspondentes à composição, organização ou articulação dos meios)” (Couto, 1988, p.230).
De acordo com este autor, a estratégia operacional trata da conceção e execução da manobra
estratégica (conceito de emprego/operações), refletindo a aplicação de uma doutrina específica
5
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
para aplicação dos meios (maturidade doutrinária). Relativamente à estratégia estrutural, esta tem
por objetivo a “criação de novas estruturas, que conduzam à eliminação ou atenuação das
vulnerabilidades, a um reforço das potencialidades e, em última análise a um melhor rendimento
dos meios e recursos” (Couto, 1988, p.232), consubstanciando-se essencialmente através de duas
vertentes: estruturas orgânicas e integração das capacidades operacionais. Finalmente, no que toca
à estratégia genética, esta define-se através de um processo de desenvolvimento de capacidades,
explorando sinergias e a cooperação internacional, sempre que ajustado.
Com base na missão atribuída às FFAA pela Constituição da República Portuguesa,
Resolução da Assembleia da República n.º 15/2005, de 07 de abril, alinhada com o Conceito
Estratégico de Defesa Nacional (CEDN), RCM n.º 19/2013, de 21 de março, a estratégia
militar é responsável pela aplicação da coação militar e articula-se através das suas
estratégias particulares (terrestre, naval e aeroespacial), envolvendo para esse efeito cada um
dos Ramos. O reconhecimento do ciberespaço, como novo domínio das operações, faz assim
surgir uma nova estratégia particular: a EMCIBER.
A definição desta estratégia, nas suas vertentes operacional, estrutural e genética, enquadra a
edificação da CCDFFAA, destinada a garantir a defesa dos SIC militares e a condução de OpCiber.
A CCDN decorre da CCDFFA e da sua articulação com a cibersegurança nacional.
2.1.2.
Ciberespaço e ambiente da informação
A utilização do ciberespaço e do ambiente da informação assume hoje um caráter
transversal e multidisciplinar, sendo evidente o seu contributo para a definição dos diversos
tipos de forças (tangíveis e intangíveis) de uma unidade política.
Segundo uma perspetiva operacional, a NATO entende o ciberespaço como “o domínio
virtual, de natureza global e comum, dentro do ambiente da informação, composto pelos sistemas de
comunicação, informação e outros sistemas de natureza eletrónica, incluindo a sua interação e a
informação, de natureza digital, que é armazenada, processada e transmitida através desses sistemas”
(NATO, 2018c, p.A-1). Em termos nacionais, conforme refere o ponto primeiro da ENSC, este é
também entendido como “um ambiente complexo, de valores e interesses, materializado numa área
de responsabilidade coletiva, que resulta da interação entre pessoas, redes e sistemas de informação”.
O ambiente da informação assume uma importância crescente, fruto das dinâmicas de
poder geradas no ciberespaço e a partir dele. Importa assim reconhecer o carácter dual da
informação, como recurso, no contexto dos processos de decisão, e/ou, como vetor de ataque,
enquanto instrumento de exercício do poder. Na Figura 1, a designada “pirâmide cognitiva”,
construída a partir dos seus quatro níveis de abstração (dados, informação, conhecimento e
6
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
sabedoria), reflete a natureza dos efeitos produzidos (físicos, de sintaxe/lógicos e
semânticos/cognitivos) e os diversos domínios onde os mesmos são aplicados.
Figura 1 – “Pirâmide cognitiva” e utilização operacional do ciberespaço
Face à doutrina existente, as FFAA atuam de forma articulada no domínio: físico –
destruição física e guerra eletrónica/guerra de sinais; da informação – guerra de Comando e
Controlo (C2)/guerra de informação; e, cognitivo – operações de informação/guerra
cognitiva e/ou gestão das perceções.
Relativamente às OpCiber, verifica-se que o seu enquadramento doutrinário, ainda em
consolidação, é indissociável do ambiente da informação. Desta forma, as Computer
Network Operations (CNO), de natureza iminentemente tática, produzem efeitos físicos e de
sintaxe/lógica. As OpCiber (Allied Joint Publication [AJP]-3.20, 2020), conduzidas ao nível
operacional, sem prejuízo de utilizarem efeitos físicos (e.g., negar o acesso ou exfiltrar
informação do oponente), podem atingir efeitos de sintaxe e de semântica. Finalmente, as
operações de informação (AJP-3.10, 2009), assumindo um papel de coordenação, planeiam
essencialmente efeitos no domínio cognitivo, ao nível operacional/estratégico.
Reconhecendo que o ciberespaço constitui um domínio global, dentro do ambiente da
informação, na taxonomia relativa às OpCiber (AJP-3.20, 2020), a NATO refere que estas
podem ser de natureza defensiva ou ofensiva. Estes dois tipos de operações, caracterizadas
no Apêndice A, materializam-se no e através do ciberespaço, para salvaguardar a liberdade
de ação das forças amigas e/ou para atingir objetivos operacionais.
2.1.3.
Modelo de análise
Esta investigação desenvolve-se em conformidade com o modelo de análise
-
apresentado no Quadro 2.
7
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Quadro 2 – Modelo de análise
Objetivo Geral (OG)
Avaliar o processo de desenvolvimento da capacidade de ciberdefesa das FFAA, de forma a dinamizar a edificação da capacidade de ciberdefesa nacional, e a
dotar as FFAA com uma capacidade acrescida para defender as suas redes contra ciberataques e realizar operações militares no ciberespaço.
Questão Central
Objetivos Específicos
Qual o modelo a adotar para a edificação da capacidade de ciberdefesa das FFAA, de forma a dinamizar a edificação da
capacidade de ciberdefesa nacional, e a dotar as FFAA com uma capacidade acrescida para defender as suas redes contra
ciberataques e realizar operações militares no ciberespaço?
Questões Derivadas (QD)
Hipóteses (H)
OE1
Propor, face ao impacto
estratégico do ambiente da
informação, a definição de uma
estratégia militar para o
ciberespaço.
QD1
Quais as componentes que, face ao
impacto estratégico do ambiente da
informação, deverão fazer parte da
definição de uma estratégia militar
para o ciberespaço?
OE2
Analisar, ao nível da estratégia
operacional, o impacto do
reconhecimento nacional do
ciberespaço como quarto
domínio operacional.
OE3
Analisar os constrangimentos dos
recursos humanos das FFAA e os
diferentes modelos orgânicos
existentes, de forma a promover
o levantamento da estrutura
nacional de ciberdefesa
(estratégia estrutural).
QD2
Qual é, ao nível da estratégia
operacional, o impacto do
reconhecimento nacional do
ciberespaço como quarto domínio
operacional?
H1
O impacto estratégico do ambiente da
informação obriga à criação da
estratégia militar para o ciberespaço
(componentes operacional, estrutural
e genética), sendo necessário definir o
seu âmbito e finalidade.
H2
A atuação das FFAA no ciberespaço
exige a existência de doutrina
específica e de um conceito de
emprego de forças/conceito de
operações.
OE4
Analisar o modelo de
desenvolvimento da capacidade
de ciberdefesa das FFAA
(estratégica genética).
QD3
De que forma se pode, atendendo
aos constrangimentos dos recursos
humanos das FFAA e aos diferentes
modelos orgânicos existentes,
promover o levantamento da
estrutura nacional de ciberdefesa
(estratégia estrutural)?
QD4
Qual o modelo de desenvolvimento
da capacidade de ciberdefesa das
FFAA a adotar (estratégica
genética)?
H3
O modelo orgânico da estrutura
nacional de ciberdefesa, inserindo-se
na estrutura das FFAA, deverá
articular-se com a estrutura nacional
de cibersegurança.
H4
A edificação da capacidade de
ciberdefesa das FFAA deverá estar
alinhada com o ciclo de
desenvolvimento de capacidades
nacional, NATO e da UE, de forma a
explorar sinergias e a potenciar a
cooperação internacional.
Conceitos/
constructos
Dimensões/
variáveis
Âmbito
Estratégia
militar para o
ciberespaço
Estratégia
operacional para
o ciberespaço
Estratégia
estrutural para o
ciberespaço
Estratégia
genética para o
ciberespaço
Indicadores
Questões (Q)
da Entrevista
Técnicas de
recolha de dados
Q1A
Entrevista
Revisão
bibliográfica
Finalidade
Q1B
Conceito de
operações
Q2, Q7A, Q7B
Entrevista
Revisão bibliográfica
Maturidade
doutrinária
Q3, Q7A, Q7B
Entrevista
Questionário
Estrutura
organizacional
Q4
Entrevista
Revisão bibliográfica
Integração de
capacidades
operacionais
Q5
Entrevista
Questionário
Processo de
desenvolvimento
da capacidade
Sinergias
nacionais
Cooperação
internacional
Q6
Q7A
Entrevista
Revisão bibliográfica
Q7B
8
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Na construção deste modelo, utilizaram-se os princípios e ferramentas da
conceptualização estratégica para analisar, propor e avaliar. A edificação da CCDN é
também equacionada neste contexto (Figura 2).
Figura 2 – Modelo de desenvolvimento da CCDN
Fonte: Adaptado a partir de EMGFA (2019b).
-
2.2. Metodologia e método
2.2.1.
Metodologia
O percurso metodológico estrutura as fases: exploratória, incluindo a revisão da
-
literatura e o procedimento metodológico (Quivy & Campenhoudt, 2003); analítica,
envolvendo a recolha de dados e análise dos resultados; e conclusiva, orientada para a sua
avaliação e discussão.
Metodologicamente, esta investigação seguiu um raciocínio de natureza hipotéticodedutiva (Freixo, 2011), testando teorias e utilizando a experiência para, a partir daí,
construir/reformular o quadro teórico de referência, explorando uma estratégia
essencialmente qualitativa e um desenho de pesquisa de tipo estudo de caso.
2.2.2.
Método, participantes e procedimento
O procedimento metodológico para a recolha de informação concretizou-se em várias
-
etapas, conforme se ilustra na Figura 3.
9
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Figura 3 – Técnicas de recolha de dados e resultados obtidos
10
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
A primeira fase, incluiu a análise da informação recolhida numa investigação anterior,
afim ao tema de estudo (Nunes, 2004), tendo a mesma sido atualizada e validada. Para esse
efeito, foi utilizado um focus group, envolvendo 21 auditores do terceiro Curso de
Planeamento de Operações no Ciberespaço (3.º CPOCIBER) do Instituto Universitário Militar
(IUM), considerados uma amostra empírica (Bryman, 2012, pp.201-203) válida. As
-
conclusões do focus group, encontram-se sintetizadas no Apêndice B. Adicionalmente,
aplicou-se um questionário a esta amostra com duas perguntas de escolha múltipla de
avaliação (Santos & Lima, 2019, p.79), cuja análise estatística é apresentada no Apêndice C.
A segunda fase, envolveu uma entrevista realizada a uma amostra representativa dos
decisores ligados ao desenvolvimento da CCDFFAA ou que, assumindo responsabilidades
na área da cibersegurança nacional, influenciam a edificação da CCDN. Foram
entrevistadas, presencialmente e por correio eletrónico, 12 personalidades de mérito
-
reconhecido, sendo oito militares e quatro civis, conforme Apêndice D. Utilizou-se uma
entrevista semiestruturada, constituída por oito perguntas, realizada no período entre 12 de
março e 30 de maio de 2020. Duas das questões formuladas foram objeto de tratamento
estatístico (Apêndice C).
Numa última fase, os dados recolhidos a partir de relatórios e por observação do
exercício de ciberdefesa “Ciber Perseu”1 (Estado-Maior do Exército [EME], 2015; 2018),
foram processados e utilizados no modelo de análise.
1
Simula situações reais, desenvolvendo cenários e ferramentas de planeamento associadas ao objeto de estudo.
11
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
12
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
3.
A estratégia militar para o ciberespaço
O ambiente internacional é hoje caracterizado como volátil, incerto, complexo e ambíguo,
exigindo a articulação funcional das organizações em rede (McChrystal, 2015). Face às
-
dinâmicas geradas e à sua contínua transformação, o ciberespaço condiciona profundamente o
-
desenvolvimento das nações, gerando uma forte interdependência entre o mundo real e o
-
ambiente virtual que o define.
Explorando a transversalidade de uma rede global, atores mal-intencionados como
grupos ativistas, criminosos, ou terroristas, podem lançar ataques disruptivos e/ou destrutivos,
contra indivíduos, organizações ou Estados. Na persecução dos seus interesses, as grandes
potências mundiais também se desafiam e confrontam no ciberespaço.
Só um esforço coletivo dos Estados permitirá controlar este fenómeno e salvaguardar ao
mundo digital o seu potencial virtuoso de transformação. Face ao espectro das novas ameaças, a
evolução do ciberespaço não pode ser dissociada do desenvolvimento de novos processos de
segurança, impondo a criação de uma Estratégia Nacional de Ciberdefesa (ENCD).
Atendendo a esta necessidade, pretende-se agora desenvolver um quadro de referência a
partir do qual se propõe a definição de uma EMCIBER.
3.1. Enquadramento nacional
Portugal tem vindo ao longo dos últimos anos, a desenvolver um conjunto de iniciativas
destinadas a garantir uma utilização mais livre, fiável e segura do ciberespaço. Para esse efeito,
estabelecendo um conjunto de prioridades estratégicas, o CEDN reconheceu a “informação e
a segurança do ciberespaço” como um dos seus pilares estruturantes.
Refletindo esta orientação estratégica, no quadro da reforma “Defesa 2020”, RCM n.º
26/2013, de 11 de abril, o Ministro da Defesa Nacional (MDN) determinou a criação de um Centro
de Ciberdefesa (CCD) no âmbito do EMGFA e definiu a sua orientação política para a ciberdefesa
(MDN, 2013), solicitando ao Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA) a
apresentação de um Plano de Desenvolvimento da Capacidade de Ciberdefesa (PDCCD). Nesta
sequência, conforme refletido na Figura 4, foi criado, em 2015, o CCD das FFAA.
Estes passos, foram também equacionados no quadro do levantamento de um Centro
Nacional de Cibersegurança (CNCS), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 69/2014, de 09 de maio,
da revisão e atualização da ENSC, e da necessidade de dinamizar a edificação da CCDN
(EMGFA, 2018). Neste âmbito, foram ainda considerados os esforços cooperativos já
lançados por outros países e pelas organizações internacionais de que Portugal faz parte
integrante (NATO e UE).
13
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Princípios, valores
e prioridades
Informação e segurança
do ciberespaço
(vetor estratégico)
Visão política para
a cibersegurança
(Visão conjunta NATO-UE)
(Visão NATO) (Visão UE)
Visão político-estratégica
para a ciberdefesa
Diretiva
iniciadora
Visão estratégica militar
para a ciberdefesa
Visão
orgânica
Enquadra e orienta a transformação
da componente organizacional,
operacional e genética
na área da Ciberdefesa
Visão
operacional
Initial Operational
Capability em 2015
Visão
genética
LPM (2019)
DMPDM
(2020)
Conceito
de operações
no ciberespaço
(CEMGFA)
Processo de
ajustamento/transformação
(dinamização da edificação)
Capacidade de
ciberdefesa nacional
(DOTMLPII)
Figura 4 – Enquadramento conceptual da EMCIBER
Fonte: Adaptado a partir de Nunes (2018, p.94).
Constituindo o CNCS um órgão com responsabilidade de coordenação operacional,
importa referir que, através da RCM n.º115/2017, de13 de julho, foi criado o Conselho
Superior para a Segurança do Ciberespaço (CSSC), assumindo este órgão responsabilidades
de coordenação estratégica da cibersegurança nacional, posteriormente consolidada através
14
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
do Art.º 5.o da Lei n.º 46/2018, de 13 de agosto, que estabelece o regime jurídico da segurança
do ciberespaço. A resposta a incidentes de cibersegurança decorre da atuação coordenada da
rede nacional de Computer Security Incident Response Teams (CSIRT) e do designado Grupo
dos Quatro (G4), composto pelo CNCS, CCD, Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e
Criminalidade Tecnológica (UNC3T) e Serviços de Informações de Segurança (SIS).
No que se refere ao domínio da ciberdefesa, o Conceito Estratégico Militar (CEM)
(Conselho Superior de Defesa Nacional [CSDN], 2014), ainda que de forma mitigada, incluiu a
ciberdefesa nos cenários de emprego das FFAA, contemplando “a aplicação de medidas de
segurança que garantam a salvaguarda da informação e a proteção das infraestruturas SIC das
FFAA contra ciberataques, bem como, no caso de um ciberataque, a proteção e defesa das
infraestruturas críticas nacionais e do governo eletrónico do Estado” (CSDN, 2014, p.19).
Tendo em vista o desenvolvimento de uma visão política para a ciberdefesa e a
consequente criação de uma ENCD, por iniciativa ministerial, foram desenvolvidos diversos
estudos (Nunes, 2018) e documentos de-trabalho (MDN, 2019a; EMGFA, 2019a). Reforçando
esta visão, através do seu Despacho n.º 52/2019, de 23 de outubro, o MDN aprovou as Linhas
Orientadoras para a ENCD (LOENCD), determinando que “seja desenvolvida a ENCD e
edificada a capacidade de condução de operações no, e através do, ciberespaço [...] de forma a
garantir o alinhamento com a ENSC” (MDN, 2019b).
Sublinhando este alinhamento, o CEMGFA identificou, na sua DEEMGFA 2018-2021,
a necessidade de atualizar o PDCCD e reforçar a edificação desta capacidade. A revisão da
Lei de Programação Militar (LPM), aprovada pela Lei Orgânica n.º 02/2019, de 17 de junho,
e a Diretiva Ministerial de Planeamento de Defesa Militar (DMPDM) do MDN (2020a),
vieram também reforçar o seu caráter prioritário no planeamento de defesa militar.
Mais recentemente, o MDN (2020b) criou um Comité de Monitorização da
Ciberdefesa (CMCD), na sua direta dependência, cuja missão é o acompanhamento
permanente de todos os assuntos relacionados com a ciberdefesa nacional, garantindo assim
a coerência e integração de esforços. Face às suas atribuições, o CMCD é responsável pelo
acompanhamento e monitorização do PDCCD 2019-2023, “assegurando a sua atualização
nos próximos triénios” (MDN, 2020b, p.2). Entre outras atribuições, o CMCD deverá
apresentar uma proposta de ENCD (em dois meses), um enquadramento jurídicoconstitucional da atuação das FFAA (em três meses) e uma proposta de política de Recursos
Humanos (RH) para a ciberdefesa (em três meses).
15
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
3.2. Enquadramento internacional
O número crescente de ciberataques, afetando vários Países, evidenciou a necessidade
de desenvolver políticas cooperativas de combate a todas as formas de ataque cibernético,
abordando de forma agregada as questões relacionadas com a cibersegurança e ciberdefesa.
A ciberdefesa surge pela primeira vez no conceito estratégico da NATO (2010),
aprovado na cimeira de Lisboa. Em 2014, na cimeira de Gales, a Aliança reconheceu a
aplicabilidade do direito internacional no ciberespaço (NATO, 2014a), identificando-o como
área de confrontação estratégica. Na sequência desta decisão, face ao aumento das ameaças
cibernéticas, a NATO (2014b) aprovou também a sua enhanced policy on cyber defence,
prevendo a adoção de uma resposta conjunta, face a ataques puramente cibernéticos ou
convencionais. Na sequência desta decisão, Portugal assinou em 2016 um memorando de
entendimento na área da ciberdefesa que permitiu implementar mecanismos de cooperação e
assistência ao nível da partilha de informação.
Na cimeira de Varsóvia, após o reconhecimento do ciberespaço como novo domínio das
operações, Portugal ratificou também o cyber defence pledge (NATO, 2016a), assumindo o
compromisso de reforçar a proteção das suas redes e infraestruturas, alocar recursos,
robustecer as suas capacidades de ciberdefesa e a partilha de informação, promovendo a
formação e o treino.
Na cimeira de Bruxelas (NATO, 2018a), no âmbito da revisão da sua estrutura de
-
comando, a Aliança decidiu criar um Cyberspace Operations Centre (CyOC), diretamente
-
dependente do Allied Command Operations (ACO), bem como a disponibilização voluntária de
efeitos operacionais por parte de alguns Aliados, no quadro das missões e operações NATO.
Também neste domínio, a UE (2009) desenvolveu um conceito de ciberdefesa, ampliado e
aprovado em 2012 (UE, 2012). De forma a reforçar a-capacidade para fazer face a ciberataques,
a UE divulgou um conjunto de medidas destinadas a incentivar os Estados-Membros a reforçar
as suas capacidades de ciberdefesa, incluindo a possibilidade de estes submeterem projetos
cooperativos no quadro da PErmanent Structured Cooperation (PESCO) e do Fundo Europeu de
Defesa (FED). Envolvendo as-universidades e os setores industriais e tecnológicos, salienta-se a
participação nacional em projetos europeus no domínio da ciberdefesa, nomeadamente, liderando
o Projeto Cyber Academia and Innovation Hub (CAIH).
Reconhecendo que 22 dos 30 países NATO fazem parte da UE, estas organizações
decidiram também reforçar a sua parceria estratégica nesta área e assinaram na cimeira de
Varsóvia uma declaração conjunta. A cibersegurança e a ciberdefesa foram assumidas como
16
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
áreas prioritárias de cooperação, sendo identificadas opções concretas, com efeito imediato:
“de forma a fortalecer a cooperação na área do treino, a partir de 2017, a UE e a NATO vão
harmonizar os requisitos de treino e abrir os respetivos cursos de formação à participação
mútua do seu staff ” (UE-NATO, 2016, p. A-6).
Para vencer este desafio, intimamente ligado à capacitação de quadros, importa referir
que Portugal ocupa uma posição central numa rede de centros de excelência e polos de
conhecimento nacionais e internacionais, decorrente da liderança do projeto NATO Smart
Defense Multinational Cyber Defence Education and Training (MNCDE&T), da coliderança da Cyber Defence Discipline da UE e da instalação da NATO Communications and
Information Academy (NCI Academy) em Oeiras.
Alinhada com estes esforços, importa agora definir uma visão estratégico-militar para a
ciberdefesa, orientadora da transformação organizacional, operacional e genética já em curso.
3.3. Definição da estratégia militar para o ciberespaço
O CEM e as LOENCD, refletindo a forma como o nível político-militar perspetiva a
integração do ciberespaço na estratégia militar, constituem os fundamentos da visão
estratégica-que se pretende estruturar neste domínio.
As LOENCD definem como nível de ambição para a ciberdefesa, no período 2019-2023,
que esta “assegura em permanência a proteção das infraestruturas da Defesa, a condução de
OpCiber em apoio ao Sistema de Forças, incluindo as Forças e elementos Nacionais Destacados
(FND), e contribui proactivamente para a segurança do ciberespaço de interesse nacional e a
projeção internacional de Portugal” (MDN, 2019b, p.14-15). Estas, estabelecem também
princípios, Linhas Orientadoras (LO) e Requisitos Estratégicos (RE), permitindo, a partir daí,
deduzir os objetivos a atingir pela EMCIBER, conforme quadro em Apêndice E.
A informação recolhida a partir das entrevistas realizadas, cuja síntese se documenta
no Apêndice D, permitiu percecionar tendências relativamente aos elementos (âmbito e
finalidade) e componentes da EMCIBER (operacional, estrutural e genética).
Atendendo à sua natureza complementar e supletiva relativamente à ENCD, como uma das
componentes da estratégia militar e a esta subordinada, a EMCIBER, pode ser definida como:
- A ciência e a arte de desenvolver e aplicar a coação militar no ciberespaço, com vista
à consecução dos objetivos fixados pela Defesa Nacional (DN).
Na sua implementação, esta estratégia articula-se com as restantes estratégias militares
particulares, respetivamente nos domínios naval, terrestre e aeroespacial.
17
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
3.4. Síntese conclusiva
Com base nas referências elencadas, elaborou-se uma síntese das características mais
marcantes do quadro teórico enformador, tendo em vista a sua inclusão como contributos
para a definição de uma EMCIBER.
Face à definição apresentada, conclui-se que a EMCIBER tem por âmbito: o emprego
da coação militar no ciberespaço, tendo por fundamentos a defesa da soberania nacional e a
salvaguarda dos interesses nacionais, conforme definido pelo poder político. Tendo por base
o-âmbito e as capacidades identificadas, considera-se que Portugal deve orientar a sua
EMCIBER de forma a assegurar a garantia da informação, condição essencial para assegurar
a resiliência e soberania nacional, estabelecendo como prioridade a defesa das redes militares
e a condução de OpCiber, conforme prescrito pelas LOENCD.
Em resposta à QD1 (Quais as componentes que, face ao impacto estratégico do ambiente
da informação, deverão fazer parte da definição de uma EMCIBER?), conclui-se que a definição
da EMCIBER obriga à clarificação do seu âmbito de aplicação e da finalidade a atingir (nível de
ambição), elementos que orientam e enquadram as suas componentes operacional, estrutural e
genética. Resulta assim validada a H1 formulada.
18
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
4.
Estratégia operacional para o ciberespaço
Combinando a existência de ameaças provenientes de atores Estado e não-Estado, o
ciberespaço
expõe
vulnerabilidades
civis
e
militares,
requerendo
respostas
multidimensionais nos domínios civil-militar e nacional-internacional. Atendendo à
utilização frequente do ciberespaço pelas ameaças híbridas e ao impacto crescente dos
ciberataques, as FFAA necessitam de levantar uma capacidade credível para assegurar, de
forma eficaz, a defesa do País neste domínio.
A proteção das redes da Defesa e a condução de OpCiber, constituem os “pilares” da
componente operacional da EMCIBER. A compreensão da sinergia e interdependência existente
entre estes elementos, permite deduzir um conceito de emprego operacional das FFAA e, a partir
daí, alinhar a resposta estrutural (forças) e genética (meios) associada à sua ação.
Tendo a NATO assumido o ciberespaço como um novo domínio de operações em
2016, no âmbito da caracterização da EMCIBER, importa identificar qual o impacto desta
decisão na condução das operações das FFAA, tanto sob o ponto de vista doutrinário como
operacional. O objetivo a atingir é o de promover uma visão coerente, sinérgica e cooperativa
da atuação das FFAA no ciberespaço, apoiando e integrando as atividades a desenvolver pelos
diversos atores, nomeadamente, em situações de crise ou conflito.
4.1. Revolução tecnológica, ciberespaço e impacto militar
O paradigma social da era industrial, deu lugar a uma sociedade da informação,
descentralizada e aberta, caracterizada pela incerteza. As estruturas em rede têm um forte efeito
desagregador nas organizações hierarquizadas como as FFAA, originando a emergência de novos
poderes. Estes, desafiam o poder do Estado tanto no plano interno como externo, provocando a
sua “erosão”, condicionando o exercício da cidadania, da governação e até da sua soberania.
Apesar de a ciberdefesa estar naturalmente ligada à segurança das redes e dos SIC,
elemento estruturante e vital do C2 das operações militares, estes não constituem o único
alvo dos ciberataques. A maior parte das capacidades militares e sistemas de armas depende,
cada vez mais, do funcionamento em rede, constituindo também um alvo.
O nível de inovação e sofisticação, que caracteriza os novos vetores de ataque, com uma
forte ligação aos “objetos da internet”, à supercomputação (computação quântica) e à
inteligência artificial, faz crescer exponencialmente a superfície de ataque e o nível da ameaça,
introduzindo riscos difíceis de quantificar e avaliar em toda a sua extensão.
A agregação ao ciberespaço da robótica e das novas perspetivas e modelos de interação
oferecidos pelas redes semânticas, terá também inevitáveis e fortes consequências no domínio
19
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
militar. Tal como já acontece no caso dos drones e das aeronaves não tripuladas, será expetável
que, em breve, os combatentes venham progressivamente a ser substituídos por veículos e sistemas
não tripulados. Nos conflitos do futuro, a intervenção do ser humano (o combatente) terá
essencialmente lugar de forma remota, com uma limitada presença física no campo de batalha.
Impondo-se a utilização segura destas tecnologias emergentes, a proteção das redes
amigas e a capacidade para assegurar a disrupção dos SIC do adversário, assume um papel
crítico e central. O acompanhamento desta evolução será vital para o sucesso das FFAA nos
futuros domínios de conflito, sejam estes de natureza física ou virtual.
4.2. Novo paradigma operacional: operações não-cinéticas e multi-domínio
Os conflitos entre Estados, de natureza simétrica, deram lugar a conflitos assimétricos, de
curta duração, baixa intensidade e envolvendo múltiplos contendores. Caracterizados pelo uso
limitado da força, estes assumem tendencialmente um carácter híbrido, explorando a produção
simultânea de efeitos em vários domínios militares e não-militares, utilizando sobretudo meios não
cinéticos que potenciam a utilização do ciberespaço.
Face ao atual quadro de empenhamento das FFAA e às características do ambiente
operacional, existe um claro desajuste entre as capacidades e meios militares da era industrial,
predominantemente cinéticos, e as requeridas pelos conflitos da era moderna. Estes, requerem,
cada vez mais, a mobilização de capacidades de natureza não-cinética para a sua resolução, onde
o desenvolvimento de OpCiber pode ser instrumental e decisivo, afetando outros domínios
operacionais, muitas vezes sem a utilização de meios cinéticos.
Conforme refere a DMPDM, o “número crescente de atores com capacidade para
intervir nos domínios terrestre, aéreo, marítimo, espacial e do ciberespaço (ambiente multidomínio) representa um desafio adicional para a capacidade de resposta dos Estados e das
organizações multilaterais de segurança” (MDN, 2020a). Esta nova visão doutrinária do
ambiente de segurança, altera profundamente o conceito de operações conjuntas vigente,
introduzindo a necessidade de cada componente perspetivar a sua ação não só no seu domínio,
mas também nos restantes, obrigando a um planeamento de natureza transversal e interagência
(Pires, 2018, p.16).
Sem prejuízo de atuar como componente combatente ou sinérgica, conforme ilustrado
na Figura 5, o ciberespaço desempenha permanentemente o papel de força de proteção. Todas
as atividades das FFAA, exigem assim uma aproximação multi-domínio, onde as restantes
componentes, mesmo atuando de forma individualizada, devem incluir no seu planeamento
a proteção no ciberespaço.
20
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Figura 5 – Formações de combate multi-domínio
Fonte: Adaptado a partir de Fox (2017, p.34).
Transcendendo a sua componente infraestrutural (física), o ciberespaço estende
também o seu impacto para o domínio virtual que, pela sua natureza, ultrapassa os limites
geográficos do tradicional teatro de operações. A “área de interesse” no ciberespaço (Figura
6), revela-se muito mais extensa do que a área de operações conjunta, incluindo as redes das
FFAA e da Defesa, redes nacionais e redes não-nacionais, onde também se encontram
sistemas adversários e de não-aliados.
Figura 6 – Áreas de responsabilidade no ciberespaço
O reconhecimento do ciberespaço como novo domínio das operações consubstancia
assim uma alteração do paradigma operacional, levando as FFAA a focar a sua atenção na
21
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
garantia do cumprimento da missão (mission assurance) em todos os domínios de atuação.
Conforme a Figura 7, face ao impacto das OpCiber, uma postura essencialmente passiva e
defensiva, orientada para a resiliência dos SIC e para a proteção do ciberespaço (resiliência
Ciber), deve agora dar lugar a uma postura mais proativa (defensiva e ofensiva), assegurando
a resiliência operacional das FFAA (garantia da missão).
Figura 7 – Gestão da resiliência operacional no ciberespaço
Fonte: AJP-3.20 (2020, p.5).
Neste contexto, envolvendo redes e sistemas internos e externos às FFAA, as OpCiber
envolvem medidas passivas e ativas (Figura 8), cobrindo diversas áreas, de âmbito e natureza
diferenciada, de caráter defensivo e/ou ofensivo, exclusivo e específico das FFAA.
Figura 8 – Enquadramento e contexto das operações no ciberespaço
Fonte: Adaptado a partir de EMGFA (2019b) e NLD-MOD (2018).
De espectro alargado, estas medidas oferecem aos comandantes militares mais
meios/ferramentas operacionais, maior flexibilidade/proporcionalidade na resposta e uma
maior liberdade de ação.
22
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Relativamente à maturidade doutrinária, demonstrada para apoiar este conceito de
emprego de forças, a perceção dos entrevistados é a de que a situação atual ainda revela uma
visão tática/técnica, de natureza puramente defensiva, focalizada essencialmente na
resiliência dos SIC. Relativamente à situação desejável, a atingir futuramente, a tendência
recolhida foi a de que deveria ser adotada uma visão doutrinária de nível estratégico-militar
(resiliência operacional das FFAA) ou de nível político-estratégico (resiliência nacional). O
facto de existir uma diferença assinalável entre a perceção da situação atual e futura,
demonstra a urgência de uma alteração substantiva dos fundamentos doutrinários vigentes.
4.3. Planeamento operacional
O ciberespaço é, pela sua construção antrópica, um domínio de operações diferente
dos restantes domínios naturais (terra, mar, ar e espaço). As OpCiber conferem vantagens
significativas, nomeadamente, porque conseguem produzir efeitos imediatos, capazes de atingir,
simultaneamente e à escala global, todos os domínios e níveis operacionais. Essencialmente por
esta razão, as OpCiber são hoje perspetivadas como um multiplicador de forças.
No contexto do planeamento conjunto, o ciberespaço oferece assim novas possibilidades
operacionais, produzindo efeitos de natureza dual física/virtual. Conforme ilustrado na Figura
1, enquanto algumas OpCiber suportam a condução de operações de informação, outras
apoiam ações cinéticas, atingindo objetivos específicos nos domínios físicos.
Na utilização de OpCiber, caracterizadas pelas suas três dimensões (física, lógica e
cognitiva) deve evitar-se o impulso de simplificar e limitar o seu planeamento e execução à
dimensão física. Ao não considerar a sua componente lógica e cognitiva, reduzir-se-á
drasticamente a probabilidade de sucesso e a capacidade de sobrevivência das FFAA num
campo de batalha iminentemente digital.
O planeamento de OpCiber segue os mesmos princípios do processo de planeamento
operacional NATO (AJP-5.0, 2019).
4.3.1.
Processo de planeamento operacional
Com a inclusão do ciberespaço na estratégia militar, a articulação operacional das
FFAA, nos vários domínios e áreas de responsabilidade, deverá ser reequacionada. Devido
à sua natureza transversal/multidimensional e aos riscos de “fratricídio” no ambiente da
informação, o ciberespaço impõe a necessidade de garantir, permanentemente, a
coordenação estratégica e operacional de todas as ações nele produzidas. Daqui decorre que
os “efeitos no ciberespaço são melhor planeados e executados ao nível estratégico e
operacional, através de um C2 centralizado” (NATO, 2019d, A-4).
23
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
O processo de planeamento de OpCiber dá resposta à necessidade de integrar capacidades e
efeitos neste domínio, contrariando a sua livre utilização por adversários, defendendo redes críticas
e atingindo objetivos essenciais para o cumprimento da missão das FFAA. Pretende também
assegurar a “operação num ambiente degradado, a utilização de recursos limitados e consolidar os
requisitos operacionais para a utilização de efeitos no ciberespaço” (AJP-3.20, 2020, p.23).
Apesar dos seus aspetos específicos, o planeamento de OpCiber não difere muito do
de outras operações, seguindo, na sua articulação, a Comprehensive Operations Planning
Directive (COPD) NATO (2013). Os seus princípios orientadores podem ser aplicados a
todos os níveis de planeamento (estratégico, operacional e tático), em todas as fases da
COPD e a todos os tipos de OpCiber (defensivas e ofensivas).
O planeamento operacional segue o planeamento do nível estratégico-militar e é
conduzido essencialmente ao nível do Comando Conjunto e dos Comandos de Componente
que o apoiam ou que a este se encontram subordinados. Este processo compreende seis fases,
conforme se apresenta na Figura 9.
Figura 9 – Fases do planeamento operacional
Fonte: NATO (2013).
Articuladas sequencialmente, estas fases garantem a estreita colaboração entre todos
os níveis de comando, durante as diferentes etapas de gestão de uma crise. O alinhamento
deste processo assegura também que a orientação estratégica é estabelecida de forma a
assegurar o sucesso operacional.
A dimensão cibernética dos “conflitos híbridos”, cujos atores envolvidos e vetores de
ataque são pouco visíveis, vem reforçar a necessidade de adoção de uma aproximação
interagência, assegurando a cooperação civil-militar aos vários patamares de decisão,
nomeadamente, para enfrentar o novo espectro da ameaça.
24
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
4.3.2.
Conceito de emprego e C2 das operações no ciberespaço
O reconhecimento do ciberespaço como novo domínio das operações pelas FFAA,
traduz-se no desenvolvimento da sua capacidade militar para assegurar a Defesa do País
neste domínio de uma forma tão eficaz como o fazem no mar, terra ou ar, mantendo
permanentemente a sua capacidade de C2 e a liberdade de ação, assegurando assim a
condução de operações militares em todos os domínios e circunstâncias.
Decorrendo da sua visão operacional para o ciberespaço (NATO, 2017), a Aliança
desenvolveu um Conceito de Operações (CONOPS), definindo um conjunto de princípios
orientadores para o exercício do C2 (NATO, 2019c). Em linha com este documento, definese no Apêndice F um conceito de emprego das FFAA no ciberespaço. Este conceito,
genericamente detalhado, caracteriza a articulação das FFAA na condução de OpCiber e as
relações de C2 entre todos os níveis de comando, facilitando assim a elaboração de um
CONOPS específico para cada missão, tarefa ou operação.
Uma vez que as OpCiber transcendem os limites físicos do território nacional e envolvem
áreas fora do controlo das FFAA, a implementação do conceito de emprego e das relações de C2
formuladas, requer-uma-estreita coordenação com os outros instrumentos do poder nacional e
domínios de operações das FFAA. O conjunto de respostas a adotar pode também ultrapassar a
esfera militar tendo, neste caso, que respeitar a soberania de outros Estados e o direito internacional.
4.3.3.
Regras de empenhamento
Na condução de OpCiber, o comandante operacional terá que considerar todas as limitações
e/ou constrangimentos existentes, nomeadamente, os de natureza política ou legal. Neste contexto,
deverá existir um claro entendimento da legislação internacional e nacional aplicável e das regras
de empenhamento associadas à utilização de efeitos no ciberespaço.
No âmbito NATO, o quadro legal aplicável e a autoridade para conduzir OpCiber
depende da natureza e contexto das ações a desenvolver (AJP-3.20, 2020, p.19), incluindo:
− um plano de operações aprovado pelo NATO Allied Council (NAC), que inclui
regras de empenhamento para as OpCiber, conforme aplicáveis;
− a autoridade conferida ou política existente;
− os efeitos esperados com a condução das OpCiber;
− a indicação do seu enquadramento, referindo se estas operações são conduzidas
durante um conflito armado, num contexto de legítima defesa, ou no âmbito de outras
-
operações ou missões que se situem abaixo do limiar de um conflito armado; e
− identificação do tipo de operações, especificando se estas são defensivas ou ofensivas.
25
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Face ao enquadramento apresentado, um ataque militar só será legítimo e legal-se-for
dirigido-a-objetivos militares. A condução de OpCiber deve assim ter em conta que alguns
SIC são de uso duplo (militar e civil), tornando difícil identificar a sua elegibilidade como
alvos militares. Entre outros aspetos, uma prévia estimativa dos danos colaterais, a aplicação
dos princípios da neutralidade e da distinção/descriminação dos alvos, será determinante
para assegurar a legitimidade destas operações.
A atribuição da responsabilidade legal pela condução de ciberataques revela-se também
especialmente difícil, nomeadamente, devido à elevada probabilidade de serem utilizados
métodos dissimulados, explorando técnicas de deceção que apontam para entidades terceiras.
Os desafios associados à atribuição apresentam importantes implicações legais, influenciando
decisivamente a formulação de uma resposta militar.
Respeitando as responsabilidades e competências legais atribuídas às várias entidades
envolvidas na cibersegurança e ciberdefesa nacional, sempre que necessário, deverá ser realizada
uma avaliação conjunta da sua atuação no contexto de-uma-operação militar no ciberespaço. Se
aplicável, no quadro da defesa coletiva e de uma atuação cooperativa no contexto das
organizações internacionais de que Portugal faz parte, deverá também ser tido em consideração
o possível envolvimento de outras nações aliadas.
Pela sua importância para a atuação das FFAA, aprofunda-se no Apêndice G o
enquadramento legal do uso da força no ciberespaço e-o-seu enquadramento jurídico nacional.
4.4. Síntese conclusiva
Confirmando a natureza das implicações operacionais do reconhecimento do
ciberespaço como novo domínio das operações para as FFAA, foi possível constatar que
para a-generalidade-dos responsáveis pela ciberdefesa nacional (ver Apêndice D), situados
aos diversos níveis de planeamento, o ciberespaço é fundamental para a realização de
qualquer tipo de operação militar, independentemente da conjuntura e/ou situação. Neste
contexto, as OpCiber devem ser planeadas ao nível estratégico-operacional e executadas ao
nível operacional e tático, envolvendo a condução de operações defensivas e ofensivas.
Em resposta à QD2 (Qual é, ao nível da estratégia operacional, o impacto do
reconhecimento nacional do ciberespaço como quarto domínio das operações?), conclui-se que
o reconhecimento e formalização da componente operacional da EMCIBER requer a definição
de um quadro doutrinário orientador-e-de um conceito de emprego operacional-de-forças-e meios
no ciberespaço (CONOPS). Desta conclusão decorre-a-validação-da H2.
26
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
5.
Estrutura nacional de ciberdefesa
Assim como existe uma estreita ligação entre a Segurança e a DN, também a cibersegurança
se revela indissociável da ciberdefesa do Estado, exigindo não só o desenvolvimento de estruturas
-
especificas, mas também uma visão integrada e sinérgica. Como elemento estruturante da
implementação da EMCIBER, indissociável deste processo, encontra-se a definição das relações de
C2 a estabelecer (Apêndice F) e a revisão orgânica, já em curso no EMGFA (2018b).
Procurando garantir o alinhamento entre a componente estrutural e operacional da
EMCIBER, caracterizam-se as estruturas orgânicas existentes e o nível em que decorre a
integração de capacidades operacionais. Com base na perceção recolhida a partir das
entrevistas realizadas e do tratamento qualitativo e quantitativo dos dados obtidos, definemse tendências e formulam-se propostas.
5.1. Estruturas e modelos de referência internacionais
A cena internacional no domínio da ciberdefesa é dominada por um conjunto de atores
particularmente poderosos, onde se distinguem os países anglo-saxónicos (Estados Unidos,
Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia), a Rússia, China, Israel, Alemanha e a
França. A maioria destes países iniciou, essencialmente a partir de 2000, uma reflexão estratégica
estruturante que gerou, à escala mundial, uma dinâmica de desenvolvimento de capacidades neste
domínio. No ciberespaço, as potências são assim pouco numerosas, mas facilmente identificáveis.
Na cimeira de Bruxelas, a NATO (2018a) reconheceu a necessidade de estabelecer uma
estrutura de comando ajustada ao atual ambiente de segurança, incluindo a criação do CyOC, no
ACO. Decorrendo dos compromissos internacionais assumidos, Portugal enfrenta também o
desafio de edificar as suas capacidades e estruturas nacionais, reforçando não só a resiliência
nacional, mas também a cibersegurança e ciberdefesa cooperativa.
De forma a melhor enquadrar a visão estrutural a adotar na implementação da
EMCIBER, optou-se por analisar a aproximação seguida por um conjunto de países que,
pela sua dimensão e afinidade com a situação nacional, permitissem recolher referências
úteis para este estudo. Nos aspetos relacionados com a transformação orgânica operada no
contexto NATO (2018a; 2019a) e noutras nações aliadas, foi analisado o caso dos Estados
Unidos da América (EUA) (Pernik & Verschoor-Kirss, 2016), Alemanha (Hoffmann, 2019),
Reino Unido (Osula, 2015), França (Brangetto, 2015), Itália (ITA-CS, 2017), Espanha
(Cendoya, 2016) e Holanda (Wieriks, 2018).
Como denominador comum a todos os países, constatou-se que foram criados
Comandos para as OpCiber, diretamente dependentes do comandante das FFAA (nível
27
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
CEMGFA). Com autonomia para realizar OpCiber e produzir efeitos estratégicos e
operacionais, estas estruturas assumem-se como Comando de Componente (apoiante ou
apoiado) num contexto operacional conjunto.
Relativamente à estrutura orgânica, é adotada uma lógica semelhante ao nível das áreas
de estado-maior e operações, alinhada com as melhores práticas NATO. À exceção do caso
dos EUA2 e da Alemanha3, os restantes países apresentam uma organização muito idêntica
(EMGFA, 2019b), contemplando a existência de:
− um centro de operações: assegura a defesa dos SIC e do C2 das FFAA e da DN,
funcionando em permanência segundo uma lógica de Computer Emergency
Response Team da Defesa (CERT.DEF);
− um estado-maior: garante a gestão/coordenação das atividades de planeamento e
execução, incluindo o desenvolvimento de capacidades e a sua articulação operacional
tanto ao nível nacional como internacional, no quadro da ciberdefesa cooperativa;
− uma estrutura técnica: coordena a análise de incidentes e o exercício da autoridade
técnica no âmbito da ciberdefesa nacional e da cibersegurança na área da Defesa;
− uma componente operacional: com capacidade ofensiva e dotada de equipas
permanentes, orientadas para: a execução de CNO (nas suas várias vertentes),
complementando as capacidades do CERT.DEF; ligação aos restantes Comandos de
Componente e ao Comando Conjunto das operações militares.
Esta análise, permitiu identificar o enquadramento institucional, a articulação
operacional e as áreas funcionais estruturantes que, concorrendo para um novo modelo
organizacional,
constituem
elementos
de
referência
a
ter
em
conta
na
-
adaptação/transformação das estruturas nacionais existentes.
5.2. Situação nacional
Na sequência da aprovação da reforma “Defesa 2020”, na estrutura orgânica do
EMGFA, foi criado, em 2015, o CCD das FFAA. Dependente da Direção de Comunicações
e Sistemas de Informação (DIRCSI), o CCD constitui o ponto focal da CCDFFAA e da
estrutura nacional de ciberdefesa.
Através das entrevistas realizadas e da informação recolhida, constatou-se que este
posicionamento institucional, refletindo uma visão essencialmente técnica, não favorece a
2
OUS Cyber Command constitui um comando combatente desde 2010, cujo comandante é também o Diretor da
National Security Agency.
3
Criou em 2016 um novo Ramo das FFAA designado por Cyber and Information Domain Service.
28
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
integração da área da ciberdefesa no planeamento conjunto. Apesar da responsabilidade pela
integração de capacidades operacionais estar atualmente centralizada no CCD, a sua
coordenação é realizada de forma distribuída através dos Ramos, sem permitir a necessária
unidade de comando e esforço.
As estruturas existentes nos Ramos, afetas às áreas da cibersegurança e da ciberdefesa,
apresentam também estruturas e enquadramento funcional diferente, não permitindo assegurar
uma operação continua (24 horas/sete dias). Este facto, associado à não existência de doutrina
e procedimentos técnicos consolidados, dificulta a integração e articulação operacional das
capacidades existentes. A condução eficiente e eficaz de todo o espetro das CNO (defensivas,
exploração e ofensivas), é considerada um pré-requisito para o desenvolvimento de OpCiber,
requerendo um alinhando da resposta genética e operacional da ciberdefesa.
Tanto ao nível do CCD como das estruturas Computer Incident Response Capability (CIRC)
dos Ramos, assinala-se a existência de um número reduzido de RH qualificados, registando-se
também dificuldades de recrutamento e retenção de quadros, essencialmente devido a
constrangimentos na gestão de carreiras e na progressão horizontal. Estas limitações/lacunas são
comuns tanto às estruturas nacionais de cibersegurança como de ciberdefesa.
Face aos novos desafios operacionais e às implicações doutrinárias daí decorrentes
(nacionais, NATO e UE), torna-se necessário, com a maior brevidade possível, ajustar as
estruturas orgânicas existentes, promovendo um incremento quantitativo e qualitativo de
pessoal de forma a reforçar as capacidades CNO das FFAA. O PDCCD (EMGFA, 2019b),
recentemente aprovado, perspetiva esta evolução, tendo o CCD adotado uma estrutura
transitória até 2020-2021.
5.3. Alinhamento da resposta estrutural
Complementando a análise da situação atual, importa agora perceber como promover a
adaptação da estrutura nacional de ciberdefesa aos requisitos operacionais existentes. Neste
âmbito, através das perceções recolhidas (Apêndice D), foi possível identificar tendências,
refletindo a necessidade de garantir o alinhamento da estrutura orgânica com o nível em que se
materializa doutrinariamente a integração das capacidades operacionais de ciberdefesa.
No contexto das FFAA, conforme reconhecido pelos entrevistados, a dependência de
uma entidade técnica (DIRCSI) limita o âmbito de atuação e a condução de OpCiber. A
resposta estrutural da EMCIBER deve, por esta razão, ser conjunta, autónoma e situar-se na
dependência direta do CEMGFA, assumindo a forma de um Comando de Operações no
Ciberespaço (COCIBER), incluindo militares e civis.
29
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Ainda segundo os entrevistados, o objetivo da edificação da CCDFFAA não será atingido
sem pessoal qualificado, capaz de assegurar a condução de todo o espetro de CNO,
comprometendo esta situação a capacidade de as FFAA conduzirem OpCiber. É, por esta razão,
proposta a criação de um quadro especial de pessoal para a ciberdefesa, acautelando a progressão
de carreiras, o recrutamento e a retenção de quadros, assegurando a formação e qualificação dos
RH. Em linha com a ENSC, a atuação das FFAA deve ser também articulada de forma
colaborativa com as restantes entidades com responsabilidades na segurança do ciberespaço.
A Figura 10 ilustra a correlação existente entre a média das respostas obtidas do
questionário aplicado ao 3.º CPOCIBER e à Q3 (maturidade doutrinária) e Q5 (integração de
capacidades operacionais) da entrevista, refletindo a perceção recolhida dos diferentes grupos ao
nível: tático/técnico; operacional; estratégico-militar e estratégico nacional.
Figura 10 – “Maturidade doutrinária” vs. “integração de capacidades operacionais”
Relativamente à convergência dentro de cada grupo e intergrupal (Apêndice C),
importa salientar que, apesar das divergências respeitantes à situação atual, existiu uma
assinalável convergência relativamente à situação futura que se pretende promover.
-
30
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Confirmando oenquadramento orgânico apresentado, em linha com a visão doutrinária
-
proposta, os decisores situados aos níveis mais elevados, consideram que a integração de
-
-
capacidades operacionais, atualmente centralizada no EMGFA, mas coordenada através dos
-
Ramos, deverá evoluir para um modelo integrado, ao nível conjunto (Comando de
Componente) ou até de forma autónoma (novo Ramo).
Neste quadrante (ver Figura 10), é percetível uma tendência doutrinária de futura
-
aproximação civil-militar, de onde poderá vir a surgir a opção de co-localizar o centro de
-
operações do COCIBER com o CNCS.
5.4. Estrutura nacional de ciberdefesa - visão futura
Tendo por base a visão expressa nas LOENCD (2019) e na DEEMGFA (2018), será de
esperar que, no curto prazo, a atual estrutura do CCD (transitória) evolua para um COCIBER.
Neste contexto, o modelo orgânico, conforme proposto e em aprovação pelo CEMGFA
(Figura 11), reflete um nível de ambição ajustado à realidade nacional e encontra-se alinhado
com as melhores práticas implementadas por outros Países Aliados.
Figura 11 – Organização proposta para o COCIBER
Fonte: Adaptado de EMGFA (2019b).
-
-
-
-
31
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
De forma a garantir os RH adequados às necessidades estruturais da capacidade de
ciberdefesa e a ultrapassar os constrangimentos identificados (EMGFA, 2019b), tanto ao nível
do EMGFA como dos Ramos, propõe-se:
− a criação de um quadro especial para pessoal que integre a ciberdefesa, de forma a
garantir a capacidade CNO e acautelar a progressão vertical (satisfação das
condições especiais de promoção) e horizontal na carreira;
− o reforço do recrutamento de pessoal, explorando diferentes formas de prestação de
serviço, incluindo a possibilidade de contratação de civis;
− a retenção de pessoal, alargando o período de inamovibilidade (até cinco anos),
definindo um plano de incentivos e assegurando a formação e qualificação dos quadros;
− a definição de programas de formação e qualificação orientados para o desempenho de
-
funções técnicas e para a condução de CNO, explorando a celebração de protocolos
com instituições de Investigação, Desenvolvimento e Inovação (ID&I), instituições
académicas e com a indústria;
− a constituição de uma reserva nacional para a ciberdefesa, integrando voluntários,
militares e civis, tecnicamente qualificados.
Requerendo mecanismos de governação transversais, capazes de garantir a necessária
articulação entre a cibersegurança e a ciberdefesa nacional, a atuação eficaz das FFAA no
-
ciberespaço só será possível através da criação de uma cooperação alargada, ao nível
público-privado, civil-militar e nacional-internacional. Conforme se apresenta na Figura 12,
importa perspetivar as estruturas existentes segundo um modelo agregado, capaz de explorar
sinergias nacionais e a cooperação internacional (NATO e UE).
A partir da observação deste modelo, em que o COCIBER assume um papel central
na ciberdefesa nacional, as FFAA relacionam-se com várias entidades externas, criando aos
vários níveis e patamares de decisão (estratégico, operacional e tático) comunidades de
interesse horizontais.
Para assegurar o sucesso na condução de OpCiber, deve existir ao nível operacional
uma ligação permanente do COCIBER (CERT.DEF) ao NATO CIRC (domínio da
ciberdefesa) e do CNCS (CERT.PT) ao CERT.EU (domínio da cibersegurança). Ao nível
tático/técnico, o CERT.DEF e o CERT.PT, integrando ambos a Rede Nacional de CSIRT,
atuam de forma sinérgica tanto no âmbito da cibersegurança como da ciberdefesa.
32
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
—
Coordenação da
resposta operacional
Figura 12 – Estrutura nacional de ciberdefesa e sua articulação internacional
Fonte: Adaptado a partir de Nunes (2018, p.72).
Analisadas as várias estruturas existentes ao nível político-estratégico, tanto no âmbito
nacional como internacional (NATO e UE), identificam-se aproximações diferentes. No contexto
NATO, a relação entre as várias entidades e estruturas orgânicas é definida com maior clareza tanto
ao nível estratégico (CyOC, NCIRC Coordination Center e Task Force Cyber) como político
(Cyber Defence Committee e Cyber Defence Management Board). No contexto nacional, esta
ligação é assegurada pelo CSSC, conforme artigos 5.º e 6.º da Lei n.º 46/2018, de 13 de agosto.
Com base neste enquadramento orgânico, a estrutura de ciberdefesa das FFAA deve
ser capaz de assegurar a transição de uma situação de normalidade para uma situação de
crise ou conflito/guerra de forma flexível, com um tempo de alerta e transição reduzidos. As
relações de C2, devem por isso ser ajustadas a cada situação, variando de acordo com as
responsabilidades e autoridade atribuídas a cada entidade/organização do Estado.
Essencialmente por esta razão, como ponto central de coordenação político-estratégica
da ciberdefesa nacional, conforme ilustrado na Figura 12, deverá ser criado um Conselho
Superior de Defesa do Ciberespaço (CSDC). Em coordenação permanente com o CSSC, ao
CSDC competirá promover a necessária articulação de esforços ao nível político-estratégico,
acompanhar a implementação da ENCD, monitorizar o PDCC e facilitar a cooperação
internacional na área da ciberdefesa, tanto no âmbito NATO como da UE.
33
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
A título de referência adicional, importa salientar que a estrutura agora proposta foi
adotada no contexto do exercício “Ciber Perseu” (EME, 2015; 2018), tendo a mesma sido
aplicada com sucesso no contexto da resposta nacional a uma situação de crise no ciberespaço4.
5.5. Síntese conclusiva
A resposta estrutural apresentada, assegurando a necessária unidade de comando e
esforço, dá resposta aos requisitos levantados pela componente operacional da EMCIBER.
A nova ambição, partilhada por esta investigação, passa pela melhoria da eficiência dos
processos associados à proteção dos SIC e à garantia da resiliência operacional das FFAA,
reforçando substantivamente a sua eficácia operacional em prol da ciberdefesa nacional.
Em resposta à QD3 (De que forma se pode, atendendo aos constrangimentos dos RH
das FFAA e aos diferentes modelos orgânicos existentes, promover o levantamento da
estrutura nacional de ciberdefesa?), conclui-se que, em linha com os modelos orgânicos de
referência e a transformação organizacional já em curso nas FFAA, será necessário
estabelecer uma nova organização conjunta, autónoma, na dependência direta do CEMGFA,
capaz de assegurar as funções de comando de componente/domínio operacional. A estrutura
a adotar deverá incluir militares e civis. Para ultrapassar os constrangimentos de RH existentes
nas FFAA e as dificuldades que estes colocam ao pleno desenvolvimento das capacidades
CNO, propõe-se: a criação de um quadro especial para a ciberdefesa, de forma a acautelar a
progressão de carreiras; o reforço do recrutamento e da retenção de talentos, assegurando a
formação e qualificação do pessoal afeto a esta área. Adicionalmente, deverá ser pensada a
constituição de uma reserva nacional para a ciberdefesa, integrando voluntários, militares e
civis tecnicamente qualificados.
Ao nível da coordenação político-estratégica da ciberdefesa nacional, considera-se
relevante a criação de um CSDC. Através das alterações estruturais propostas, a implementar
no curto-prazo, será possível obter benefícios operacionais e genéticos concretos na condução
de OpCiber, explorando para esse efeito sinergias e a cooperação com entidades externas às
FFAA, tanto no plano nacional como internacional.
Confirma-se assim a H3 levantada.
4
Ciberataque de larga escala lançado por um Estado sobre as infraestruturas críticas nacionais.
34
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
6.
Geração de capacidades: a edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
6.1. Enquadramento
A Diretiva Ministerial de Orientação Política para o Investimento na Defesa (MDN,
2018) definiu, como linha orientadora, o “investimento decisivo nos RH e materiais, para dotar
as FFAA de uma capacidade nacional de ciberdefesa de excelência, como dimensão
operacional prioritária e fundamental das FFAA”. Incorporando esta orientação, a
DEEMGFA 2018-2021 estabeleceu como objetivo estratégico o reforço e dinamização desta
capacidade.
No quadro do esforço nacional de modernização das FFAA, a revisão da LPM (2019)
priorizou também o investimento na edificação da CCDN. Como princípios orientadores,
foram identificados a interoperabilidade, a flexibilidade, a adaptabilidade e o duplo-uso. A
necessidade de reforçar as sinergias nacionais e a competitividade da indústria nacional, foi
também salientada como requisito fundamental.
A edificação da CCDN, decorrendo da implementação da EMCIBER, deverá estar
alinhada com as suas componentes genética, operacional e estrutural. Tendo por base este
princípio enquadrador, o modelo proposto (ver Figura 2) analisa os vários vetores de
desenvolvimento da capacidade segundo estas três perspetivas.
6.2. Processo de desenvolvimento da capacidade
O Processo de Desenvolvimento de Capacidades (PDC) NATO (NATO Defense Planning
Process, 2020) e da UE (Capability Development Plan [CDP], 2018), é idêntico e encontra-se
alinhado. Assegurando a convergência e potenciando os esforços a desenvolver por Portugal no
quadro destas organizações, a DMPDM (2019-2022) assume que “o Ciclo de Planeamento de
Defesa Militar (CPDM), orientado para o desenvolvimento de capacidades militares, deverá
ser sincronizado e articulado com o ciclo de planeamento NATO e com o PDC da UE”
(MDN, 2020a).
Atendendo ao nível de ambição estratégica definido e às diretivas/orientações existentes,
o ciclo de desenvolvimento da CCDN é genericamente caracterizado na Figura 13.
Num esforço para assegurar a relevância e eficácia operacional no ciberespaço, as FFAA
são continuamente confrontadas com a necessidade de melhorar as suas capacidades e
preencher as lacunas existentes, reduzindo assim o risco operacional a que estão sujeitas.
Atendendo às vulnerabilidades existentes, será necessário definir um PDC.
35
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Figura 13 – Ciclo de desenvolvimento da CCDN
Fonte: Adaptado a partir de CDM (2003).
Tendo por fundamento os princípios formulados (Capability Development Mechanism
[CDM], 2003; CDP, 2018), o desenvolvimento da CCDN pode ser articulado ao longo de
quatro Linhas Estruturantes (LE):
−
Identificação de lacunas e análise do seu risco operacional (LE A);
− Visão estratégica e tendências futuras (LE B);
− Planos e projetos de desenvolvimento de capacidades (LE C);
− Lições identificadas/aprendidas (LE D).
Apesar das LE identificadas se desenvolverem em paralelo, estas não podem ser
equacionadas de forma isolada e desenquadrada. Em conjunto, constituem os blocos
estruturantes do processo de desenvolvimento da CCDN. Conforme refletido no exemplo da
Figura 14, a execução de uma determinada tarefa operacional pode ser influenciada pelas
lições identificadas/aprendidas (LE D) e condicionada, ao longo do tempo, pelas restantes LE.
Interagindo de forma integrada, as LE estabelecem a ponte entre o planeamento e a realidade,
ao mesmo tempo que se conciliam os objetivos de curto com os de longo prazo.
36
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Linha Estruturante C
Linha Estruturante B
Identificação de lacunas
Análise do risco
operacional
Planos e projetos
desenvolvimento
de capacidades
Visão estratégica
Tendências Futuras
Curto prazo
Médio prazo
Longo prazo
2019-2011
2022-2025
2025-2030
• Devido à falta de
meios adequados e
pessoal treinado, …
Exemplo:
Conduzir
operações
defensivas
em redes
de computadores
• As operações correntes
mostram que as
operações defensivas
constituem um fatorchave da resiliência
operacional …
• X Programas de
aquisição de
equipamento ativo
seguro de Rede;
• Y Programas de
treino específico;
• Z Programas para
melhorar a
segurança das redes
de computadores.
• Crescente
disponibilidade de
meios informáticos
seguros;
• Crescente
utilização de
hardware e
software comercial.
Relevância
Capacidade de
ciberdefesa
Linha Estruturante A
Linha Estruturante D
Lições identificadas/
Lições aprendidas
Figura 14 – Linhas de ação estruturantes do desenvolvimento da capacidade
Fonte: Adaptado a partir de CDP (2018) e Nunes (2015,-p.243).
Este “mecanismo”, materializando um conjunto de passos sequenciais, permitirá atingir
o nível de ambição estratégico definido, com os requisitos da capacidade preenchidos,
reduzindo o risco operacional associado às lacunas existentes. Tendo como referência o que
se pretende atingir e os recursos disponíveis, considera-se que este processo permitirá
identificar, priorizar e gerir os desafios associados ao desenvolvimento da CCDN.
6.3. Plano de implementação da capacidade de ciberdefesa
É hoje consensualmente assumido que uma capacidade militar resulta da combinação de
diversos elementos materiais e não-materiais, tradicionalmente designados como vetores de
capacidade: Doutrina, Organização, Treino, Material, Liderança, Pessoal, Infraestruturas e
Interoperabilidade (DOTMLPII). Facilitando a implementação do processo de gestão de
lacunas, este modelo permite equacionar diferentes possibilidades para o seu preenchimento.
Este processo holístico (Figura 15), identifica de forma mais clara e realista os elementos/áreas
que estão na génese das lacunas existentes, assim como as suas dependências (horizontais) e
37
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
influências (verticais). Uma análise horizontal, permite perspetivar a possibilidade de
preencher/compensar uma lacuna, atuando apenas no mesmo domínio ou, em alternativa, numa ou
mais áreas associadas a outros vetores de desenvolvimento da capacidade. Por outro lado, esta visão
matricial evidencia também o impacto vertical (influência) destas alterações no conjunto das
restantes lacunas, assegurando a sua gestão mais eficiente e eficaz.
Figura 15 – Modelo de implementação da CCDN
Fonte: Adaptado a partir de Nunes (2015, p.252).
Este tipo de análise, abre também espaço para a criação de planos sectoriais/específicos
para cada um dos vetores de desenvolvimento (DOTMLPII) que concorrem para a
implementação da capacidade que se pretende edificar. Face à necessidade de garantir uma
gestão racional deste processo, muitas vezes caracterizado pela escassez de recursos, a-adoção
desta metodologia facilitará o estabelecimento criterioso de prioridades, nos vários domínios
em que decorre a edificação da CCDN.
Neste aspeto em concreto, atendendo às tendências de evolução da capacidade de
ciberdefesa (LE B), a identificação dos programas/projetos de ID&I em curso (LE C), poderá
permitir explorar sinergias nacionais e estruturar esforços cooperativos. Conforme se procura
demonstrar no apêndice H, o desenvolvimento da CCDFFAA, pode contribuir decisivamente
para reforçar a Base Tecnológica e Industrial de Defesa (BTID), tendo um forte impacto noutras
áreas tão importantes como o plano de ID&I e o próprio planeamento de DN.
38
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
6.4. Cooperação internacional e sinergias nacionais
As áreas de cooperação estratégica no ciberespaço, têm vindo a aprofundar-se através
de iniciativas nacionais e internacionais de relevância estratégica, operacional e económica
para a edificação de capacidades nacionais.
Nesta matéria, Portugal tem reiteradamente defendido o reforço da cooperação NATOUE e sublinhado a necessidade da complementaridade das iniciativas a desenvolver, evitando
assim a duplicação de esforços (MDN, 2019b). A participação nacional no desenvolvimento da
Defesa europeia, nomeadamente em projetos financiados no âmbito PESCO e do FED, tem vindo a
potenciar a área da ciberdefesa, promovendo o desenvolvimento de sinergias com a indústria, centros
de investigação e universidades.
Portugal tem-se vindo internacionalmente a afirmar como polo de excelência na área
da educação, treino e exercícios, nomeadamente, através da liderança do projeto
MNCDE&T, da coliderança da Cyber Defence Discipline da UE e da instalação da NCI
Academy em território nacional. Para este reconhecimento contribui também: a adesão, em
2017, ao Cooperative Cyber Defence Center of Excellence (CCDCOE), em Tallinn; a
participação em exercícios NATO como o Coalition Warrior Interoperability eXploration,
eXperimentation, eXamination eXercise (CWIX) e o Cyber Coalition.
Neste contexto, ao nível da DN, surge como iniciativa agregadora o CAIH,
estabelecendo pontes com a área académica e com a BTID, aprofundando a colaboração
militar-civil no contexto da segurança do ciberespaço.
No quadro da implementação da ENSC, identificam-se como áreas de cooperação
operacional a rede nacional de CSIRT e o G4.
A ligação a empresas, universidades e instituições de ID&I poderá também reforçar a
formação de especialistas na área técnica e das CNO, facilitando a constituição de uma
“reserva nacional para a ciberdefesa”, favorecendo o acesso das FFAA a tecnologias de duplouso e a conhecimento de ponta, de forma estruturada e num tempo relativamente reduzido. Em
linha com este objetivo, a cooperação internacional no quadro NATO e UE, traz vantagens
operacionais acrescidas, nomeadamente, quando for necessário enfrentar um ciberataque de
larga escala.
39
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
6.5. Avaliação do modelo de edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
6.5.1.
Análise da situação atual
Face aos objetivos a atingir pelo PDCCD (2019), já em curso, caracterizou-se o nível
de maturidade de cada vetor de desenvolvimento e analisou-se o seu impacto na edificaçãoda capacidade. O Apêndice I reflete os resultados obtidos.
6.5.2.
Alinhamento estratégico
Complementando a caracterização da situação atual, analisou-se o ambiente
envolvente à CCDN (apêndice J), tendo em vista o desenvolvimento de uma análise
Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats (SWOT). Nesta análise (Figura 16),
identificaram-se as Potencialidades (P), Vulnerabilidades (V), Oportunidades (O) e
Ameaças (A) mais relevantes.
Figura 16 – Análise SWOT da CCDN
Fonte: Adaptado a partir de EMGFA (2019b).
Como produto da análise SWOT desenvolvida, no Apêndice K, identificam-se 12
Objetivos Estratégicos Estruturantes (OEE) e as correspondentes Linhas de Ação (LA), a
desenvolver para assegurar a edificação da CCDN.
40
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
6.5.3.
Mapa da estratégia militar para o ciberespaço
Seguindo a metodologia estabelecida na DEEMGFA 2018-21, consubstanciando uma
resposta às LOENCD, elaborou-se um “mapa da EMCIBER” (Figura 17). Garantiu-se assim
o alinhamento dos resultados deste trabalho com as orientações e diretivas estratégicas
existentes, incorporando o valor dos esforços já em curso.
Figura 17 – Mapa da EMCIBER
Fonte: Adaptado a partir de DEEMGFA (2018).
6.5.4.
Critérios da avaliação estratégica
Na sequência do exercício de alinhamento estratégico realizado, utilizam-se agora os
critérios da adequabilidade, exequibilidade e aceitabilidade para avaliar o modelo proposto.
Na aplicação do critério da adequabilidade, verifica-se que o presente trabalho se
encontra alinhado com o CPDM, propõe um processo de gestão integrada de lacunas,
estabelece um modelo para o PDCCD, alinhado com a EMCIBER, identifica
lacunas/fragilidades decorrentes da análise interna, reconhece as oportunidades e ameaças
ao desenvolvimento da CCDN, decorrentes da análise do ambiente externo, e apresenta OEE
e LA concretas para responder a estas situações. Desta forma, considera-se que o modelo
proposto responde aos objetivos definidos, pelo que se afigura adequado.
41
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Relativamente ao critério da exequibilidade (visão DOTMLPII), encontra-se em
preparação um corpo doutrinário, alicerçado na doutrina NATO e dos EUA, tendo sido aprovada
uma estrutura transitória, em linha com a nova visão orgânica. A criação de um COCIBER, está
prevista ocorrer até 2021. Com algumas limitações, foi, entretanto, preparado um plano de
formação e um programa de exercícios. Os requisitos associados às áreas do
material/equipamentos e infraestruturas poderão ser satisfeitos, conforme previsto no PDCCD
(EMGFA, 2019b), com base no financiamento previsto na última revisão da LPM (2019). Na
área do pessoal, subsistem lacunas tanto ao nível do EMGFA como dos Ramos. Neste contexto,
preconizam-se medidas específicas, condição essencial para a sustentação desta capacidade
prioritária das FFAA. Em linha com a ENSC, o CCD tem vindo a aprofundar a cooperação com
as entidades ligadas à ciberdefesa e à cibersegurança nacional, melhorando a sua
interoperabilidade funcional e operacional. Deste modo, apesar de se reconhecer o risco associado
à carência de RH qualificados e à necessidade de garantir no curto prazo uma capacidade CNO
mais robusta e eficaz, afigura-se que o proposto pelo presente modelo é exequível.
Salientando-se o alinhamento do trabalho desenvolvido com as orientações políticas,
diretivas estratégicas e planos estabelecidos, considera-se que o modelo proposto satisfaz
também-o-critério da aceitabilidade.
6.6. Plano de Ação
Oferecendo a EMCIBER o quadro estratégico enquadrador da edificação da CCDN,
importa converter a visão em ação, atingindo os OEE definidos através da materialização
das LA identificadas. Para tal, será necessário monitorizar e controlar a sua execução de
forma a facilitar o alinhamento estratégico.
Face às metas estabelecidas, devem assim ser deduzidas métricas e indicadores que
permitam avaliar, para cada LA, o grau de concretização dos OEE. Mais do que definir
métricas relativas ao que já foi atingido (log indicators), importa elencar indicadores
“indutores” (led indicators), capazes de medir a capacidade de sustentação futura dos
resultados (DEEMGFA, 2018, p.39). Este último conjunto de indicadores, influencia
normalmente os primeiros, estabelecendo a ligação entre o curto e o longo prazo.
Com base nos OEE a atingir e nos pontos sensíveis/críticos identificados na avaliação
estratégica realizada (critério da exequibilidade), será possível revisitar o apêndice K e
diferenciar, de forma lógica e coerente as diversas LA, priorizando o que se afirma como
mais crítico para a agilização do desenvolvimento da CCDN (OEE: 6, 8, 9 e 12).
42
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
A existência de um plano de ação, concretizando a visão estratégica formulada,
permitirá realizar a ponte entre o conceito e a ação, reforçando a credibilidade das FFAA,
contribuindo decisivamente para dinamizar a edificação da CCDN.
6.7. Síntese conclusiva
Cabe essencialmente à componente genética da EMCIBER a geração e criação dos
meios necessários à edificação da CCDN. No entanto, a forma como estes meios são utilizados
(visão operacional) e integrados (visão estrutural) influencia substantivamente a edificação
desta capacidade.
Com base no modelo de análise, incorporando a visão das entidades entrevistadas, foi
possível recolher tendências e confirmar a relevância das variáveis associadas à componente
genética da EMCIBER. Na avaliação do nível de maturidade dos vetores de
desenvolvimento da capacidade de ciberdefesa, contrastando a situação atual com a
desejável, identificaram-se lacunas que importa em tempo colmatar.
Promovendo o alinhamento estratégico do PDCCD no quadro da EMCIBER, realizouse uma análise SWOT, de onde se derivaram 12 OEE e LA. Este passo, foi complementado
com a construção do mapa da EMCIBER e com a avaliação do modelo proposto segundo os
critérios da avaliação estratégica (adequabilidade, exequibilidade e aceitabilidade).
Neste contexto, verifica-se que a edificação de um quadro doutrinário, a
disponibilidade de RH qualificados, a consolidação das capacidades CNO e o correto
posicionamento orgânico da ciberdefesa na estrutura das FFAA são considerados como
fatores críticos de sucesso, uma vez que a sua harmonização se revela desafiadora, pelo
desfasamento da situação atual relativamente à situação desejável. A definição de um plano
de ação, incorporando os resultados desta avaliação, garantirá a monitorização e controlo da
execução estratégica, permitindo assegurar o alinhamento com o estado final pretendido.
Em resposta à QD4 (Qual o modelo de desenvolvimento da CCDFFAA a adotar?),
conclui-se que, conforme determinado pela DMPDM (2019-2022), será adotado um PDCCD
das FFAA segundo o modelo DOTMLPII.
Na sua implementação, alinhada e sincronizada com o CPDM nacional, NATO e da
UE, devem, sempre que possível, ser exploradas sinergias nacionais e potenciados esforços
cooperativos internacionais.
O modelo proposto afigura-se adequado, exequível e aceitável. Estas conclusões, confirmam a H4 levantada.
43
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
44
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
7.
Conclusões
Para Portugal, a informação e a segurança do ciberespaço constituem um vetor estratégico
prioritário, não alienável, de afirmação de valores, salvaguarda de interesses e defesa de
soberania. Face ao impacto deste novo ambiente operacional na SDN, a construção de uma
sociedade digital e a garantia da resiliência operacional das FFAA exige o desenvolvimento de
uma EMCIBER, capaz de assegurar uma ciberdefesa credível.
Este TII teve assim como objeto a edificação da CCDN, sendo delimitado nos domínios:
temporal, ao período compreendido entre o início do levantamento desta capacidade e o
horizonte temporal dos estudos estratégicos analisados; espacial, ao conjunto de decisores
militares e civis que, direta ou indiretamente, influenciam o desenvolvimento da CCDN; e de
conteúdo, ao domínio da EMCIBER, de onde deriva esta capacidade.
Neste âmbito, norteou-se pela QC de investigação: Qual o modelo a adotar para a
edificação da CCDFFAA, de forma a dinamizar a edificação da CCDN, e a dotar as FFAA
com uma capacidade acrescida para defender as suas redes contra ciberataques e realizar
operações militares no ciberespaço?
No que concerne ao procedimento metodológico, esta investigação desenvolveu-se em três
fases (exploratória, analítica e conclusiva), seguindo um raciocínio hipotético-dedutivo, assente
numa estratégia de investigação essencialmente qualitativa e num desenho de estudo de caso.
No que à estrutura diz respeito, o TII ancora sete capítulos: introdução, enquadramento
teórico e conceptual (com a revisão da literatura, metodologia e método), análise do impacto
estratégico do ciberespaço e definição de uma EMCIBER, caracterização das suas componentes
operacional, estrutural e genética, de onde decorre a edificação da CCDN, e conclusões.
Relativamente aos objetivos desta investigação, no que se refere ao OE1 (Propor, face
ao impacto estratégico do ambiente da informação, a definição de uma EMCIBER),
concretizado através da resposta à QD1, este foi satisfeito através da revisão bibliográfica,
análise documental e da realização de uma entrevista a decisores ligados à ciberdefesa das
FFAA e à cibersegurança nacional. A partir da análise de conteúdo das entrevistas realizadas,
foi possível recolher tendências relativamente aos elementos (âmbito e finalidade) e componentes
caracterizadoras da EMCIBER (operacional, estrutural e genética), sendo apresentada a sua
definição. Tal confirmou a H1 formulada.
A concretização do OE2 (Analisar, ao nível da estratégia operacional, o impacto do
reconhecimento nacional do ciberespaço como quarto domínio das operações), decorrendo da
resposta à QD2, foi também materializada através da análise documental da doutrina NATO e da
45
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
recolha da perceção dos entrevistados relativamente à maturidade doutrinária nacional, relevante
para apoiar um conceito de emprego de forças. Confirmando a natureza das implicações
operacionais do reconhecimento do ciberespaço como novo domínio das operações, seguindo uma
lógica multi-domínio, a generalidade dos responsáveis pela ciberdefesa nacional considera o
ciberespaço fundamental para a realização de qualquer tipo de operação militar,
independentemente da conjuntura e/ou situação. Neste contexto, as OpCiber devem ser planeadas
ao nível estratégico-operacional e executadas ao nível operacional e tático/técnico, envolvendo a
condução de operações defensivas e ofensivas. Confirmou-se assim-a-H2 levantada.
Tendo por foco o OE3 (Analisar os constrangimentos dos RH das FFAA e os diferentes
modelos orgânicos existentes, de forma a promover o levantamento da estrutura nacional de
ciberdefesa), promoveu-se a sua consecução através da resposta à QD3. Para esse efeito,
analisou-se num primeiro passo a organização existente em diversos países aliados,
identificando princípios comuns, passíveis de aplicação à realidade nacional. Com base na
situação atual, conforme percebida, desenhou-se uma resposta estrutural para a EMCIBER,
alinhada com a visão operacional antes definida: Comando conjunto e autónomo, na
dependência direta do CEMGFA, incluindo militares e civis. De forma a facilitar a
coordenação político-estratégica da ciberdefesa em situações de crise, propôs-se também a
criação do CSDC. Reconhecendo-se a existência de constrangimentos ao nível dos RH das
FFAA, condicionadores da eficácia das capacidades CNO, foram identificadas medidas
concretas, destinadas a colmatar as fragilidades existentes, ao nível da gestão de carreiras,
desenvolvimento de competências/conhecimento especializado, recrutamento e retenção de
quadros qualificados. Entre as medidas elencadas, salienta-se a proposta de criação de um
quadro especial para pessoal afeto à ciberdefesa, o desenvolvimento de protocolos para o
reforço das capacidades CNO e a constituição de uma reserva nacional de ciberdefesa,
permitindo potenciar sinergias nacionais (e.g., ID&I, indústria e academia), garantir uma
maior capacidade de resposta e reforçar a resiliência nacional. Foi assim confirmada a H3.
O OE4 (Analisar o modelo de desenvolvimento da capacidade de ciberdefesa das
FFAA), foi concretizado através da resposta à QD4. Para esse efeito, foram analisados o PDC
e a gestão integrada de lacunas, associados ao CPDM nacional, NATO e da UE. Com base
neste enquadramento, validado pela perceção recolhida dos entrevistados, foi definido um
PDCCD, seguindo um modelo baseado no desenvolvimento integrado dos vetores da
CCDFFAA. Em linha com a ENSC, este processo deverá ser articulado com os esforços em
curso na área da cibersegurança, explorando sinergias nacionais e a cooperação internacional,
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A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
dinamizando assim a edificação da CCDN. Resulta assim também confirmada a H4.
Como corolário da investigação, relativamente ao OG (Avaliar o processo de
desenvolvimento da CCDFFAA, de forma a dinamizar a edificação da CCDN, e a dotar as
FFAA com uma capacidade acrescida para defender as suas redes contra ciberataques e
realizar operações militares no ciberespaço), em resposta à QC que dele decorre, o processo
de desenvolvimento da CCDN foi avaliado quanto ao grau de consecução dos objetivos
traçados para cada um dos vetores de capacidade, ao seu alinhamento e à verificação dos
critérios da avaliação estratégica (adequabilidade, exequibilidade e aceitabilidade).
Facilitando a implementação da EMCIBER, o modelo proposto consolida o processo de
edificação da CCDFFAA, estimula o desenvolvimento de sinergias nacionais e a cooperação
internacional. Desta forma, responde aos objetivos definidos, pelo que se considera
adequado. Apesar dos riscos identificados, não negligenciáveis, afigura-se que o proposto
por este modelo é exequível. Refletindo este estudo o alinhamento com as orientações
políticas, diretivas estratégicas e planos estabelecidos, o critério da aceitabilidade foi
igualmente satisfeito.
Decorrendo da avaliação realizada e do plano de ação delineado para assegurar o
alinhamento da execução estratégica, ancorado na consecução dos OE definidos, considerase o OG desta investigação atingido.
Tem-se, assim, como principais contributos para o conhecimento a definição de
uma EMCIBER e de um processo integrado de desenvolvimento da CCDFFAA, alinhado
com as suas componentes estruturantes. Preenchendo um hiato existente na articulação da
estratégia militar do País, a EMCIBER, conforme definida nas suas vertentes operacional,
estrutural e genética, oferece o enquadramento conceptual necessário para dinamizar a
edificação da CCDN. Neste âmbito, os resultados deste estudo constituem também um
contributo para os esforços de desenvolvimento da ENCD, ainda em curso.
Como possível limitação da investigação elenca-se o facto de o tratamento do tema
ter exigido a contextualização prévia do objeto de estudo. De forma a contrariar o risco de
enviesamento, o percurso metodológico foi sustentado em documentos de referência e nas
perceções dos especialistas entrevistados.
No que concerne a estudos futuros, afigura-se interessante aplicar os resultados desta
investigação, a título de subsídio, aos trabalhos de definição da ENCD e na futura revisão do
CEM, nomeadamente, pelas suas implicações diretas na conceptualização da EMCIBER.
Complementando esta investigação, apresenta-se ainda como importante a formulação de um
47
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
plano de ação mais detalhado para a EMCIBER, permitindo fazer face a eventuais desvios ou
alterações
conjunturais
imprevistas
da
sua
implementação.
Promovendo
uma
contextualização estratégica mais alargada, considera-se também uma mais-valia estudar o
impacto da EMCIBER nas restantes áreas da Estratégia Militar.
A principal recomendação de ordem prática que decorre deste trabalho, prende-se
com a necessidade de criar e operacionalizar, com a maior brevidade possível, uma
EMCIBER. Tal constitui um imperativo para as FFAA, nomeadamente, porque se torna
necessário preencher as lacunas existentes no edifício da estratégia nacional que, neste
momento, ainda não contextualiza com a devida propriedade a dimensão cibernética dos
conflitos na sua estratégia militar. Sem uma EMCIBER credível, o desenvolvimento da
CCDN corre o risco de não refletir o seu desígnio.
Reconhecendo que as FFAA contribuem de forma cooperativa e supletiva para a
segurança do ciberespaço, intervindo ativamente nos seis eixos de atuação da ENSC,
recomenda-se também a criação de um sétimo eixo no plano de ação desta estratégia,
designado por “salvaguarda da soberania nacional no ciberespaço”, de forma a melhor traduzir
o papel específico da DN neste domínio.
Atendendo às opções estratégicas a assumir no curto-prazo, salvo melhor opinião,
considera-se relevante seguir as melhores práticas, já consolidadas e adotadas por outros Países,
impondo-se uma alteração da atual cultura e paradigma operacional.
De forma realista, olhar o futuro é a melhor forma de inspirar a transformação do presente.
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A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
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A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
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A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
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54
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Apêndice A — Corpo de conceitos
Ambiente da informação – “O espaço físico e virtual em que a informação é recebida, processada e
partilhada. Consiste nos sistemas de informação e na própria informação” (AJP-3.10, 2009, p. Lex-6).
Conceptualmente, considera-se que o ambiente da informação é algo maior do que o próprio ciberespaço (de
natureza digital) pois inclui a informação em formato digital e não digital.
Capacidade militar – “aptidão requerida a uma força ou organização militar para que possa cumprir
determinada tarefa ou missão” (CSDN, 2014, p.38). No âmbito do processo de desenvolvimento e melhoria de
capacidades NATO, são considerados diversos vetores de desenvolvimento, como sejam a Doutrina,
Organização, Treino, Material, Liderança, Pessoal, Instalações e Interoperabilidade (DOTMLPII).
Ciberdefesa – consiste na “atividade que visa assegurar a Defesa Nacional no, ou através do, ciberespaço”
(ENSC, 2019). Traduz também o conjunto de atividades e meios “através dos quais se atingem e executam medidas
defensivas para fazer face a ciberataques e mitigar os seus efeitos, preservando e restaurando assim a segurança do
ciberespaço e permitindo assegurar a garantia da missão (mission assurance)” (NATO, 2018c, p.A-1).
Cibersegurança – consiste no “conjunto de medidas e ações de prevenção, monitorização, deteção,
reação, análise e correção que visam manter o estado de segurança desejado e garantir a confidencialidade,
integridade, disponibilidade e não repúdio da informação, das redes e sistemas de informação no ciberespaço,
e das pessoas que nele interagem” (RCM n.º 92/2019, de 05 junho).
Ciclo de desenvolvimento de capacidades – processo cíclico associado ao desenvolvimento de capacidades
que, partindo do nível de ambição estratégica e com base na identificação das necessidades daí decorrentes, permite
determinar a existência de eventuais lacunas, avaliar o seu impacto e promover o seu preenchimento de forma a
reduzir o risco operacional por elas originado (CDP, 2018).
Defesa Nacional – “constitui uma estratégia integrada que o Estado põe em prática para garantir uma situação de
“segurança” nacional. A Defesa Nacional inclui essencialmente duas componentes: uma de natureza militar e outra de
natureza não militar. A defesa militar, consubstancia essencialmente a defesa contra-ameaças externas e agressões armadas.
Por outro lado, a defesa civil (não militar), apresenta uma natureza mais ampla, abrangendo áreas como a proteção civil, a
segurança interna, a defesa económica, social e cultural do País” (Ramalho, 2000, p.171-172).
Estratégia – é “a ciência e a arte de desenvolver e utilizar as forças morais e materiais de uma unidade
política ou coligação, a fim de se atingirem objetivos políticos que suscitam, ou podem suscitar, a hostilidade de
uma outra vontade política” (Couto, 1988, p.209).
Estratégia operacional – “trata da conceção e execução da manobra estratégica nos vários domínios,
competindo-lhe conciliar o objetivo a atingir com as possibilidades permitidas pela organização, pelas táticas
e técnicas do domínio considerado, mas também orientar a evolução daquelas de forma a adaptá-las às
necessidades da estratégia” (Couto, 1988, p.231).
Estratégia estrutural – “tem por objeto, em todos os domínios, o estudo e análise das estruturas
existentes, identificando as suas vulnerabilidades e as suas potencialidades, tendo em vista a determinação das
medidas mais adequadas para reforçar as suas possibilidades e atenuar as suas lacunas, conduzindo a um melhor
rendimento dos meios e recursos” (Couto, 1988, p.232).
Apd A-1
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Estratégia genética – “visa pôr à disposição dos diversos sectores e áreas da estratégia operacional os meios
necessários para a sua consecução, no momento adequado, de forma a que suportem o conceito estratégico adotado.
O nível de ambição da estratégia operacional, deverá assim ser identificado de forma realista, atendendo à
disponibilidade dos meios necessários” (Couto, 1988, p.231- 232).
Estratégia militar – constituindo uma das componentes da estratégia total e a esta subordinada, enquanto
estratégia geral, a estratégia militar pode ser definida como “a ciência e arte de desenvolver as Forças Armadas
com vista à consecução de objetivos fixados pela Política” (Couto, 1988, p.229). A responsabilidade pela
condução da estratégia militar é do Ministro da Defesa Nacional.
Garantia da informação (Information Assurance) – salientando uma “postura defensiva relativamente à defesa
da informação e dos sistemas de informação e comunicação, compreende todos os aspetos relacionados com a proteção,
verificação e garantia da disponibilidade da informação e dos sistemas que armazenam, processam e transportam essa
informação” (NATO, 2018b, p.A-1).
Garantia da missão (Mission Assurance) – constitui um “processo destinado a garantir a proteção ou a
assegurar o funcionamento contínuo e a resiliência de capacidades e recursos, incluindo pessoal, equipamento,
instalações, redes, informação e sistemas de informação, infraestruturas e cadeias de abastecimentos, críticas para a
execução das funções essenciais para o cumprimento da missão em qualquer condição ou ambiente operacional.
Evidencia o impacto operacional da ocorrência de incidentes e ataques no ciberespaço” (NATO, 2018c, p.A-1).
Informação – “é um conjunto de dados em contexto, cuja forma e conteúdo são apropriados para uma aplicação
particular, a partir dos quais é possível conhecer um determinado aspeto ou parte da realidade” (Nunes, 2015, p.34).
Operações em redes de computadores (Computer Network Operations) – são “ações conduzidas em redes
de computadores e no ambiente de informação para produzir efeitos em redes e computadores” (AJP-3.10, 2009, p.2A6). “A oportunidade e eficácia das Computer Network Operations (CNO) é proporcional à dependência do adversário
relativamente às tecnologias da informação. As CNO integram três elementos: Computer Network Attack (CNA),
Computer Network Exploitation (CNE) e Computer Network Defense (CND)” (AJP-3.10, 2009, p.1-11).
Operações defensivas no ciberespaço – são “ações defensivas desenvolvidas no e através do ciberespaço
para preservar a liberdade de ação das forças amigas” (NATO, 2018c, p. A-2-3).
Operações multi-domínio – consistem no “conjunto de operações em que se encontram envolvidas entidades
ou atores que operam e/ou geram efeitos em mais do que um domínio” (SAS-143, 2019).
Operações no ciberespaço – consistem no “conjunto de ações desenvolvidas no e através do ciberespaço,
com a intenção de preservar a liberdade de ação das forças amigas e/ou criar efeitos no ciberespaço para atingir os
objetivos definidos pelo comandante” (NATO, 2018c, p. A-2-1).
Operações ofensivas no ciberespaço – são “atividades desenvolvidas no e através do ciberespaço para
projetar poder e gerar efeitos destinados a atingir objetivos operacionais” (NATO, 2018c, p. A-2-5).
Redes da Defesa Nacional – são as redes e SIC do Ministério da Defesa Nacional, Secretaria Geral,
Centro de Dados da Defesa, Ramos das FFAA e EMGFA.
Segurança da informação – é o conjunto de atividades destinadas a “assegurar a proteção da
informação (armazenada, processada ou transmitida), assim como dos sistemas de armazenamento, contra a
perda de confidencialidade, integridade e disponibilidade, através da adoção de diversas medidas de controlo
de natureza procedimental, técnica ou administrativa” (AJP-3.10, 2009, p. Lex-6).
Apd A-2
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Apêndice B — Focus group e questionário exploratório
1.
Enquadramento e estabelecimento do focus group
Atendendo aos objetivos deste estudo, considerou-se importante recolher numa fase inicial da
investigação dados da realidade a estudar. Neste âmbito, foram realizadas diversas conversas/entrevistas
preliminares com reconhecidos especialistas nacionais e internacionais de forma a recolher tendências, obter
uma maior sensibilidade para a abordagem do tema e avaliar a coerência das hipóteses levantadas.
Neste âmbito, foram também tidos em consideração os resultados de um questionário utilizado no âmbito de
um trabalho de investigação, subordinado ao tema “A conflitualidade da informação: da guerra de informação à
estratégia da informação” (Nunes, 2004), onde se procurou analisar o impacto da utilização da informação na
atividade das FFAA, evidenciando as suas implicações ao nível estratégico e operacional. Neste questionário, o
processo de amostragem, não teve por base uma amostra aleatória e consequentemente não manteve a
proporcionalidade em relação ao universo estudado5. No entanto, apesar disso, permitiu recolher tendências e obter
dados importantes relativamente a alguns dos indicadores e variáveis do presente estudo.
De forma a promover a revisão, atualização e validação das conclusões deste estudo, foi estabelecido
um focus group com base nos auditores do 3.º CPOCIBER. Este grupo, composto por 21 Oficiais (Marinha,
Exército, Força Aérea e Guarda Nacional Republicana), com o posto de Capitão a Tenente-Coronel, reunindo
conhecimento específico na área da segurança da informação e da ciberdefesa, constitui uma amostra empírica,
válida e representativa da realidade a estudar.
Aproveitando esta oportunidade, procurou-se também testar a coerência de algumas das questões a incluir no
guião da entrevista realizada no âmbito deste TII. Com esse intuito, foi aplicado a todos os participantes um questionário
com duas questões múltiplas de avaliação (Santos & Lima, 2019, p.79), relacionadas com o nível de maturidade
doutrinária e o nível de integração operacional de capacidades de ciberdefesa. Foi assim possível obter
sugestões/observações pertinentes que motivaram a realização de alterações pontuais no guião da entrevista.
Após o preenchimento deste questionário, foi efetuada a sua codificação e compilados os dados
recolhidos, realizando uma análise estatística do tipo descritivo. Foram depois determinadas as médias e
frequências de cada categoria para as variáveis em análise. Os questionários preenchidos, encontram-se nos
arquivos do autor do presente TII.
A reunião do focus group decorreu no dia 12 de dezembro de 2019, nas instalações do IUM.
2.
Metodologia seguida
A condução dos trabalhos do focus group decorreu ao longo de quatro fases: i) preparação e
apresentação de dados; ii) contextualização; iii) discussão; iv) síntese e conclusões.
A primeira fase, antecedendo a reunião plenária do focus group, envolveu a análise dos resultados
obtidos no estudo anterior (Nunes, 2010, pp. 357-369) e a sua compilação numa apresentação, destinada a
sistematizar e facilitar a sua posterior discussão. A fase da contextualização, tendo lugar no início da reunião,
permitiu clarificar o objetivo do focus group, os princípios utilizados na construção do estudo a analisar, o seu
enquadramento no contexto deste TII, e as várias fases da condução dos trabalhos.
5
A amostra foi constituída por 72 pessoas que desempenhavam cargos de direção e gestão de áreas funcionais de
organizações militares e civis. No contexto militar, a amostra integrou Oficiais do Quadro Permanente dos três Ramos
das FFAA, com o posto de Coronel/Capitão de Mar-e-Guerra ou Major/Capitão-Tenente.
Anx B-1
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Na fase da discussão, foram apresentadas e discutidas sequencialmente as perceções formuladas com base
nas respostas a cada grupo de questões, contidas no questionário em análise. Neste contexto, foram recolhidas as
observações/comentários formulados pelos participantes. Num último passo, foram sintetizados, revistos e
integrados todos os comentários recebidos na síntese conclusiva que a seguir se apresenta.
3.
Síntese conclusiva
Com base nos resultados da discussão do focus group, na análise dos contributos recebidos e após a sua
síntese, foram recolhidas as perceções que a seguir se apresentam.
A rede é a base de funcionamento da organização, sendo considerada respetivamente como muito
elevada e elevada a sua importância e o nível de dependência gerada relativamente ao seu funcionamento
correto. Considera-se como importante ou muito importante o acesso à internet e a utilização dos sistemas de
informação, assumindo estes uma importância acrescida no funcionamento das atividades primárias da
organização e na tomada de decisão ao nível da gestão de topo e intermédia.
As quebras de segurança são consideradas como uma das ameaças à utilização da informação no âmbito
estratégico e operacional da organização, sendo a segurança reduzida face às ameaças que se colocam aos SIC e à
exploração das redes das FFAA. As violações de segurança da informação afetam fundamentalmente a disponibilidade
dos recursos, sendo considerados os ataques de software malicioso como a principal e mais perigosa ameaça externa
(forma de ataque) e a nível interno a má preparação técnica dos utilizadores da rede. Deste modo, face à utilização
conflitual da informação, foi possível reforçar a perceção para a necessidade imperiosa de existir uma política
de segurança da informação que, ao nível operacional, garanta a implementação de mecanismos específicos de
proteção e segurança das redes das FFAA.
Face à perceção dos decisores para a má preparação técnica dos utilizadores, verifica-se existirem necessidades de
formação que devem ser colmatadas. Neste contexto, sai reforçado o desempenho de funções de acordo com o perfil de
competências do colaborador. Face ao desconhecimento técnico relativamente à utilização de software, é reconhecido que
alguns utilizadores podem inadvertidamente pôr em risco a segurança da informação e a própria organização. De salientar
o facto desta situação poder vir a configurar as condições necessárias para o lançamento de ataques de engenharia social,
explorando a dimensão humana de forma a atingir a dimensão aplicacional dos SIC e a capacidade operacional da
organização. Neste contexto, sendo estabelecida uma estrutura dedicada à ciberdefesa, importa garantir o
alinhamento organizacional, de acordo com o perfil de competências dos quadros existentes, para fazer face à
necessidade de as FFAA disporem de RH qualificados neste domínio. Devem ser também reforçadas as ações de
sensibilização para a cibersegurança nas FFAA e no âmbito da Defesa. Devido à possível ocorrência de ciberataques,
devem ser levantadas ações defensivas, nomeadamente, destinadas a reforçar a proteção e segurança das redes das
FFAA e da Defesa. O parque informático e as ferramentas de segurança da informação devem ser continuamente
atualizados. Afirma-se assim a perceção da necessidade de estabelecer uma estratégia para o ciberespaço/ambiente
da informação nas suas vertentes operacional, estrutural e genética.
Em conclusão, este inquérito exploratório permitiu validar a pertinência da formulação da QC e QD, evidenciando
também a coerência das hipóteses que a estas se encontram associadas. Adicionalmente, a análise das conclusões recolhidas
do focus group ofereceu importantes indicadores que se procurarão explorar ao longo deste estudo.
Anx B-2
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Apêndice C — Análise estatística dos dados (questionário e entrevista)
1. Enquadramento
Este apêndice sintetiza a análise estatística dos dados recolhidos a partir da aplicação de um questionário aos 21
auditores do 3.º CPOCIBER. As duas questões formuladas (fechadas de avaliação), foram também incluídas no guião da
entrevista (Questão 3. e 5.) realizada a doze especialistas, conforme se apresenta no Apêndice D.
A análise quantitativa dos dados recolhidos foi efetuada de forma agregada, com recurso ao Statistical Package
for the Social Sciences (SPSS 23.0) e ao IBM SPSS AMOS (versão 23), conforme aqui se apresenta.
Neste âmbito, para além da estatística descritiva (e.g., média, desvio padrão, entre outras), foram estimados:
coeficientes de correlação, utilizando o “r de Pearson” (Hill & Hill, 2002, p.219), a consistência interna dos
instrumentos, utilizando o “alfa de Cronbach” (Hill & Hill, 2002, p.149) e histogramas para comparação de frequências.
2. Validação do questionário e confiabilidade (valor do questionário)
Este questionário foi validado por método “listwise” (Maroco, 2003), conforme se apresenta no Quadro 3.
Quanto à confiabilidade dos resultados, o valor obtido para o “alfa de Cronbach”6 foi 0,626 (Quadro 4). Como
se procuram recolher perceções dos grupos da amostra e definir tendências relativamente às quatro variáveis,
considera-se que, sob o ponto de vista qualitativo, o valor obtido é aceitável.
Quadro 4 – Estatística de confiabilidade
Quadro 3 – Resumo do processamento de casos (método listwise)
N
Casos
Válido
33
Excluídos
Total
Estatísticas de confiabilidade
%
Alfa de Cronbach
100,0
0
,0
33
100,0
com base em itens
Alfa de Cronbach
padronizados
,626
,629
N de itens
4
3. Descrição das Variáveis
Foram identificadas quatro variáveis e realizado o seu tratamento estatístico, conforme se apresenta no Quadro 5.
Quadro 5 – Estatística descritiva das variáveis
VAR01
N
Válido
Omisso
Média
Mediana
Moda
VAR02
VAR03
33
33
33
0
2,0909
2,0000
3,00
0
4,4545
4,0000
6,00
0
2,0000
3,0000
3,00
VAR04
Legenda:
33 VAR01 – Maturidade doutrinária (situação atual);
0 VAR02 – Maturidade doutrinária (situação desejável/futura)
4,8182
VAR03 – Integração de capacidades operacionais (situação atual)
5,0000
5,00 VAR04 – Integração de capacidades operacionais (situação desejável/futura)
4. Correlação entre Variáveis
Foi analisada a correlação entre as variáveis, nomeadamente, quanto ao seu distanciamento/proximidade utilizando
para esse efeito a análise da correlação de Pearson (Quadro 6). Os resultados obtidos apontam para a existência das
seguintes relações de proximidade: VAR01-VAR03 e VAR02-VAR04. Esta situação, reflete a existência de um nível
de maturidade atual (baixo) e futuro (mais elevado) semelhante para estas variáveis. Regista-se uma relação de
distanciamento entre: VAR01-VAR02 e VAR03-VAR04.
Quadro 6 –Análise da correlação das variáveis
VAR00001
VAR00001
,084
,006
,641
33
33
33
33
Correlação de Pearson
,250
1
,187
,539**
Sig. (bilateral)
,160
,297
,001
N
33
33
33
33
,464**
,187
1
,261
,006
,297
33
33
33
33
Correlação de Pearson
,084
,539**
,261
1
Sig. (bilateral)
,641
,001
,142
33
33
33
Correlação de Pearson
Sig. (bilateral)
N
VAR00004
VAR00004
,160
N
VAR00003
VAR00003
,464**
1
Sig. (bilateral)
VAR00002
VAR00002
,250
Correlação de Pearson
N
,142
33
**. A correlação é significativa no nível 0,01 (bilateral).
Conclui-se assim que o relacionamento entre a situação atual e futura é muito reduzido o que prova uma clara
perceção da amostra em termos da necessidade de mudança.
5. Histograma (Frequência)
De forma a melhor analisar a variação das respostas às diversas variáveis, dentro de cada grupo e entre
grupos, apresenta-se o seu histograma e os respetivos gráficos de frequência (Quadro 7).
6 Conforme Hill e Hill (2002, p. 149) o coeficiente “alfa de Cronbach” é considerado: inaceitável, se ≤0.6; fraco, se [0.6, 0.7[; razoável,
se [0.7, 0.8[; bom, se [0.8, 0.9[; e excelente, se ≥0.9.
Anx C-1
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Quadro 7 –Histograma descritivo e gráficos de frequência das variáveis
VAR00001
Média
95% Intervalo de Confiança
para Média
Estatística
2,0968
Limite inferior
1,7639
Limite superior
2,4297
5% da média aparada
2,1434
Mediana
2,0000
Variância
,824
Desvio Padrão
,90755
Mínimo
,00
Máximo
3,00
Amplitude
3,00
Amplitude interquartil
VAR00002
Assimetria
Curtose
Média
95% Intervalo de Confiança
para Média
2,00
Limite inferior
-,486
-,951
4,4516
3,9892
Limite superior
4,9140
5% da média aparada
4,0000
Variância
1,589
Desvio Padrão
1,26065
Mínimo
2,00
Máximo
6,00
Amplitude
4,00
Amplitude interquartil
Assimetria
Curtose
Média
95% Intervalo de Confiança
para Média
Limite inferior
3,00
-,097
-1,322
1,9677
1,5088
Limite superior
2,4267
5% da média aparada
3,0000
Variância
1,566
Desvio Padrão
1,25124
Mínimo
,00
Máximo
4,00
Amplitude
4,00
Amplitude interquartil
Assimetria
Curtose
Média
95% Intervalo de Confiança
para Média
2,00
-,372
-1,397
4,7742
Limite inferior
4,3756
Limite superior
5,1728
5% da média aparada
4,8405
Mediana
5,0000
Variância
,421
,821
,19515
1,181
Desvio Padrão
1,08657
Mínimo
2,00
Máximo
6,00
Amplitude
4,00
Amplitude interquartil
Assimetria
Curtose
,421
,821
,22473
1,9839
Mediana
VAR00004
,421
,821
,22642
4,4821
Mediana
VAR00003
Erro Padrão
,16300
2,00
-,851
,134
,421
,821
Em seguida, analisa-se a dispersão das respostas dentro de cada grupo e entre grupos, evidenciando também as diferenças
entre a “situação atual” e “situação desejável/futura” para cada uma das variáveis em análise (Figura 18). No caso do grupo
mais numeroso (U - utilizadores dos sistemas), para as situações analisadas, a dispersão das respostas é maior, evidenciando
uma menor homogeneidade na perceção da realidade. Por esta ordem, o grupo dos Diretores Funcionais (DF), Grupo dos 4
(G4) e grupo dos Comandos Operacionais (CO), apresenta uma visão agregada mais próxima, nas duas situações.
.
Figura 18 – Dispersão das respostas para todas as variáveis e grupos da amostra
6. Síntese conclusiva
Da análise realizada, conclui-se que:
− A correlação entre a situação “atual” e “futura” é muito reduzida, o que prova uma clara perceção da
amostra em termos da necessidade de mudança.
− A relação entre as variáveis caraterizadoras da situação “atual” e “futura” é significativa. Tal reflete a
existência de um nível de maturidade atual (baixo) e futuro (mais elevado) semelhante nas duas variáveis.
− A dispersão das respostas dentro de cada grupo é mais significativa ao nível tático/técnico (utilizadores
dos sistemas) e mais aproximada ao nível operacional (Diretores Funcionais CSI). A convergência entre
grupos é mais evidente e mais positiva no caso da variável “integração de capacidades”, a promover.
Anx C-2
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Apêndice D — Entrevistas a entidades nacionais
Foram realizadas entrevistas presenciais, por correio eletrónico e mistas (entrevista presencial seguidas
de respostas escritas) a entidades nacionais ligadas à cibersegurança e ciberdefesa do Estado. A ordem com
que são listadas e apresentadas reflete a data de realização/receção da entrevista. Segue-se: resumo do texto e
questionário enviado, lista dos entrevistados e os principais resultados obtidos, acrescentando-se, quando
possível, a confirmação das dimensões/variáveis e indicadores do modelo de análise.
Nota: as transcrições completas das respostas às questões encontram-se nos arquivos do autor do presente TII.
Texto do guião da entrevista:
Excelentíssimo Senhor,
Chamo-me Paulo Viegas Nunes, Coronel do Exército, e encontro-me a frequentar o Curso de Promoção
a Oficial General (CPOG) 2019-2020 no Instituto Universitário Militar (IUM), em Pedrouços.
Integrado no plano de curso, os auditores desenvolvem temas de investigação onde abordam questões
relevantes para o futuro das Forças Armadas (FFAA) Portuguesas. Neste contexto, estou a investigar o seguinte
tema: “A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional”.
Sendo Vossa Excelência um reconhecido especialista na matéria que se pretende desenvolver,
nomeadamente, no que se refere à caracterização do quadro onde decorre a possível intervenção das várias
Entidades nacionais na área da segurança e defesa do ciberespaço, vinha desta forma solicitar a sua resposta
sucinta a oito questões que a seguir se apresentam. Se para além das questões apresentadas entender propor
outras áreas e linhas de investigação que considere relevantes, ficaríamos profundamente agradecidos.
1.
Face ao impacto estratégico do ciberespaço no ambiente de segurança internacional e à necessidade
das FFAA defenderem as suas redes e realizarem operações militares neste domínio, importa definir
uma estratégia militar para o ciberespaço. Qual considera ser:
a) O seu âmbito?
b) A finalidade a atingir?
2.
Tendo a North Atlantic Treaty Organization (NATO) assumido o ciberespaço como o seu quarto
domínio das operações na cimeira de Varsóvia (julho 2016), qual considera ser o impacto desta
decisão na condução de operações das FFAA, tanto em tempo de Paz/normalidade como numa
situação de crise/conflito?
3.
De acordo com a alteração doutrinária operada pela NATO em 2016, qual considera ser o nível de
maturidade doutrinária existente e qual deveria ser, em seu entender, a situação a promover no futuro?
Por favor, utilize a seguinte tabela na sua resposta, assinalando apenas a opção que considera mais
ajustada na situação atual/real e na situação futura/desejável.
Maturidade Doutrinária
Natureza
Inexistente
Visão Técnica
Visão Tática
Visão
Operacional
Visão
Estratégica
Descrição
Segurança SIC – sem reconhecimento do ciberespaço e
do ambiente da informação
Segurança da informação (INFOSEC), atendendo aos
desafios técnicos do ciberespaço
Segurança da informação e operações defensivas em
redes de computadores (INFOSEC+CNO defensivas)
Distribuída (EMGFA + Ramos – Centro de Ciberdefesa)
Centralizada (EMGFA – Centro de Operações)
Militar conjunta
(Comando Componente – novo Ramo)
Autónoma nacional
(Centro de Cibersegurança e Ciberdefesa Nacional)
Situação
Situação
atual/ real futura/desejável
4.
Apd D-1
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
4.
Face aos constrangimentos existentes, nomeadamente, ao nível dos recursos humanos das FFAA,
atendendo aos diferentes modelos orgânicos existentes noutros Países e Organizações Internacionais
de que Portugal faz parte (NATO e União Europeia), qual considera ser a estrutura a adotar pelas
FFAA no levantamento da sua capacidade de ciberdefesa?
5.
Relativamente ao nível da organização em que tem lugar a integração das capacidades existentes, qual
considera ser a situação atual e a promover no futuro? Por favor, utilize a seguinte tabela na sua
resposta, assinalando apenas a opção que considera mais correta na situação atual/real e na situação
futura/desejável.
6.
Integração de Capacidades Operacionais
Natureza
Não
Coordenada
Coordenada
Centralizada
Integrada
Situação
atual/ real
Descrição
Situação
futura/desejável
Nível de coordenação residual/inexistente
Nível de cada Ramo
Nível conjunto
Com coordenação distribuída (EMGFA+Ramos)
Com coordenação centralizada (EMGFA)
Nível conjunto
(Comando Conjunto - EMGFA+Ramos)
Autónoma
(novo Ramo e de natureza conjunta)
6.
Tendo por base o processo de desenvolvimento de capacidades militares (estratégia genética), qual
considera ser o modelo de desenvolvimento da capacidade de ciberdefesa a adotar pelas FFAA?
7.
Atendendo ao facto de a cibersegurança e a ciberdefesa do País exigirem uma estreita cooperação entre
todas as Entidades envolvidas, como considera que estas Entidades podem contribuir para dinamizar a
edificação da capacidade de ciberdefesa nacional, no plano:
a) Das sinergias nacionais (e.g., Centro Nacional de Cibersegurança, Centro de Ciberdefesa das FFAA,
Polícia Judiciária e Serviços de Informações e Segurança)?
b) Da cooperação internacional (e.g., NATO e União Europeia)?
8.
Deseja apresentar algum comentário ou sugestão?
Muito obrigado por ter respondido às questões formuladas.
#
N1
Entidades
Engenheiro Lino Santos
Função
Coordenador do Centro Nacional de
Cibersegurança
Chefe do CCD das FFAA
N3
Comandante-de- Mar e Guerra
Hélder Fialho de Jesus
Inspetor-Chefe Carlos Cabreiro
N4
Inspetor-Chefe Rogério Bravo
UNC3T
N5
Representante SIS
Serviços de Informações e Segurança
N6
Brigadeiro-General João Rocha
Diretor CSI /EMGFA
N7
Comodoro Bento Domingues
Superintendente SSI / Marinha
N8
Brigadeiro-General Bento Soares
Diretor CSI /Exército
N9
Major-General Passos Morgado (Reserva) Diretor CSI /Força Aérea (2017-2020)
N10
Vice-Almirante Silvestre Correia
Comandante Naval
N11
Major-General Xavier de Sousa
2º Comandante das Forças Terrestres
N12
Major-General Maia Pereira
Chefe da Divisão de Planeamento Estratégico
Militar do EMGFA (2018-2020) e atual
Diretor Coordenador do EME
N2
Coordenador da UNC3T
Principais resultados obtidos de acordo com o modelo de análise:
Apd D-2
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Conceitos/
Constructos
Dimensões/
Variáveis
Âmbito
Estratégia
militar
para o
ciberespaço
Finalidade
Maturidade
doutrinária
Estratégia
operacional
para o
ciberespaço
Estratégia
estrutural
para o
ciberespaço
Conceito de
operações
Estrutura
organizacional
Ideias-chave
O âmbito da EMCIBER é a “proteção das infraestruturas da Defesa e a condução de operações no/e através do
ciberespaço em apoio do Sistema de Forças, incluindo as Forças e Elementos Nacionais Destacados, nos
vários domínios de emprego operacional (terra, mar, ar e ciberespaço)” (N2, N10-N12); “desenvolver a
CCDN, articulada com a ENSC, e contribuir para a segurança do ciberespaço de interesse nacional” (N8, N9, N10,
N11). “O foco não deve ser a ENCD mas a resiliência das FFAA” (N12).
A finalidade a atingir é: a “garantia da informação” (N2-N4, N11, N12); “perspetivar a superioridade da
informação”(N3-N5); “assegurar a Defesa Nacional no ciberespaço e a liberdade de ação das FFAA” (N1, N6,N7);
“proteção, em permanência, das infraestruturas da Defesa; produção de efeitos no e através do ciberespaço;
proteção do ciberespaço de interesse nacional” (N8-N11); “proteção e defesa das infraestruturas críticas
nacionais e do governo eletrónico” (N2, N11).
Alinhamento ao nível G4 (N1-N5), DF (N6-N9) e CO (N10-N12) relativamente ao nível da maturidade
doutrinária: Situação atual: Visão técnica/tática (INFOSEC+CNO defensivas) (G4) (CO); Visão operacional
distribuída (EMGFA + Ramos – Centro de Ciberdefesa) (DF);
Situação futura: Visão estratégica autónoma nacional (Centro Cibersegurança e Ciberdefesa Nacional
integrados) (N2, N4, N7-N9); Visão Estratégica Militar Conjunta (Comando Componente –novo Ramo) (N1,
N5, N10); Visão operacional centralizada (EMGFA–Centro Operações) (N3, N6, N11, N12).
O reconhecimento do Ciberespaço como 4.º domínio operacional pela NATO tem o seguinte impacto nas FFAA:
“adoção do ciberespaço como um domínio para a condução de operações, à semelhança do ar, terra e mar
(sendo o 4.º domínio)” (N2-N5, N6, N7); “nestes domínios temos os três níveis de planeamento: tático,
operacional e estratégico. Coordenação centralizada e execução descentralizada, segundo uma lógica multidomínio” (N2, N10, N12); “esta decisão tem um impacto essencial e estruturante, já que o domínio do espaço
cibernético é fundamental para a realização de qualquer tipo de operação militar, independentemente da
conjuntura e/ou situação” (N1, N5, N6, N10); “prioridade ao desenvolvimento da capacidade de ciberdefesa a par
dos Países aliados, sendo o ciberespaço utilizado desde o tempo de Paz/normalidade até uma situação de
conflito/crise” (N1, N3, N7, N8, N10-12); “Prosseguir desenvolvimento das capacidades de segurança de
sistemas e da informação militar e de defesa e criar, separadamente uma capacidade autónoma de condução
de operações ofensivas no ciberespaço” (N1). “Impõe-se uma alteração da cultura e do paradigma
operacional” (N11, N12).
Face aos constrangimentos identificados, essencialmente ao nível dos RH, a estrutura organizacional a adotar
pelas FFAA deverá ser a seguinte: “Estrutura mista entre militares e civis” (N1, N6); “capacidade deve ser
erigida de forma centralizada no EMGFA, consolidando assim a CCDN” (N3, N8, N10, N11); “Existência de
um comando irá dar corpo a esta realidade, seguindo as boas práticas internacionais, a dependência de
uma entidade técnica (DIRCSI) limita âmbito de atuação e a condução de operações, no e a partir do
ciberespaço”, “estrutura conjunta, autónoma e na dependência direta do CEMGFA” (N2, N3, N8, N9,
N10); “atuação das FFAA deve ser articulada de forma colaborativa com os restantes elementos com
responsabilidades no ciberespaço, concretamente o CNCS, a UNC3T e o SIS” (N1-N5, N11); “modelo deve
ser síncrono com o de países da nossa dimensão” (N12).
“Adotar um modelo capaz de assegurar no médio prazo (3 a 5 anos) uma capacidade autónoma de formação
das FFAA, formando civis para captação de talentos. Protocolos com indústria e meio académico para ações de
formação pontuais/específicas” (N7, N9, N10); “equacionar a criação de um quadro/estatuto especial para o
pessoal que integre a ciberdefesa, de forma a acautelar a progressão de carreiras e, consequentemente, o
recrutamento e a retenção de pessoal” (N1, N7, N10); “o objetivo da edificação da capacidade não vai ser
atingido sem RH qualificados, comprometendo a capacidade para conduzir operações no ciberespaço” (N9,
N11, N12).
Indicadores
Domínio de aplicação
Condução de operações no/e através do ciberespaço em apoio do Sistema de
Forças, incluindo as Forças e Elementos Nacionais Destacados, nos vários
domínios de emprego operacional (terra, mar, ar e ciberespaço).
Nível de ambição:
Garantia da informação e perspetivar a superioridade da informação.
Objetivo a atingir
Proteção, em permanência, das infraestruturas da Defesa; produção de efeitos
no e através do ciberespaço; proteção do interesse nacional.
Nível de maturidade doutrinária:
Situação atual (média):
Visão técnica/tática (INFOSEC+CNO defensivas).
Situação futura (média):
Visão estratégica militar conjunta (Comando Componente –novo Ramo).
Conceito de emprego de forças:
Ciberespaço é fundamental para a realização de qualquer tipo de operação
militar, independentemente da conjuntura e/ou situação, desde o tempo de
Paz/normalidade até situação de crise/conflito”.
Conceito de operações:
Adoção do ciberespaço como um domínio para a condução de operações,
envolvendo três níveis de planeamento: tático, operacional e estratégico.
Coordenação centralizada e execução descentralizada, segundo uma lógica
multi-domínio.
Segurança dos SIC das FFAA e da Defesa e capacidade autónoma de
condução de operações defensivas e ofensivas no ciberespaço.
Modelo organizacional:
A estrutura a adotar deve conjunta, autónoma e na dependência direta do
CEMGFA, assumindo a forma de um comando operacional. Estrutura mista
incluindo militares e civis.
Dependência de uma entidade técnica (DIRCSI) limita âmbito de atuação e a
condução de operações, no e a partir do ciberespaço.
Em linha com a ENSC, a atuação das FFAA deve ser articulada de forma
colaborativa com os restantes elementos com responsabilidades no
ciberespaço (CNCS, a UNC3T e o SIS).
Quadros orgânicos:
Equacionar criação de quadro especial para pessoal que integre a ciberdefesa,
de forma a acautelar progressão de carreiras, o recrutamento e a retenção de
pessoal. Assegurar formação e qualificação do pessoal afeto à área da
ciberdefesa. Objetivo da edificação da capacidade não será atingido sem
pessoal qualificado; afeta capacidade condução operações no ciberespaço.
Apd D-3
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Conceitos/
Constructos
Estratégia
estrutural
para o
ciberespaço
Estratégia
genética
para o
ciberespaço
Dimensões/
Variáveis
Integração de
capacidades
operacionais
Ideias-chave
Relativamente à integração de capacidades operacionais verifica-se que existe um alinhamento ao nível G4 (N1N5) e DCSI (N6-N9):
Situação atual: Centralizada com coordenação distribuída (EMGFA+Ramos) (N1, N2, N5-N9, N10);
coordenada ao nível de cada Ramo (N4, N11) ou ao nível conjunto (N12)
Situação futura: Integrada ao nível conjunto (comando conjunto - EMGFA+Ramos). (N1, N3-N8, N11);
Integrada e autónoma (novo Ramo e de natureza conjunta) (N2, N9, N10 e N7 – dupla escolha).
Indicadores
Nível da integração de capacidades operacionais:
Situação atual (média):
Centralizada com coordenação distribuída (EMGFA+Ramos).
Situação futura (média):
Integrada ao nível conjunto (Comando Conjunto - EMGFA+Ramos) ou
integrada e autónoma (novo Ramo e de natureza conjunta).
Relativamente ao processo de desenvolvimento de capacidades: “Devem ser salvaguardados dois pilares
fundamentais: Visão (que deve ser objetiva, abrangente e pragmática) e Missão (que deve garantir a utilização do
espaço Ciber)” (N9); “Já existe um modelo de desenvolvimento dos vetores de capacidade assente no
DOTMLPII da NATO e o plano de implementação está aprovado pelo CEMGFA”. “Deve ser integrado no
CPDM” (N6-N9, N10- N12);“Modelo deverá ter: Doutrina nacional para a ciberdefesa (adaptada da doutrina
aliada) (N11, N12); Organização com forte componente técnica/científica, um estado-maior; um centro de
Processo de
operações de ciberdefesa (N2, N11); Liderança ao nível OF6/OF7 (N2); Equipamento e ferramentas HW e
desenvolvimento SW “state of art” (N2, N11); “Recursos Humanos com elevado nível de formação, vocação e inamovíveis por
da capacidade períodos mínimos de 5 anos; (N1-N5); Quadro especial (N11, N12); “Infraestruturas adequadas à dimensão do
órgão, dotadas de elevados níveis de segurança física e eletrónica” (N2, N11, N12); Interoperabilidade total
com o CNCS e atores externos civis e militares.” (N8, N11); “Recurso a modelo centralizado, que depende da
decisão política” (N3). “Capacidade de recrutar de forma complementar aos Ramos. Sendo esta uma área
nova e onde existem poucos RH, tem de existir uma valorização dos militares e civis afetos à ciberdefesa”.
(N2, N9, N12)
Plano de implementação da capacidade:
Modelo de desenvolvimento de capacidades DOTMLPII, de acordo com o
plano de implementação aprovado pelo CMGFA e integrado com o CPDM.
Neste processo deve ser sempre salvaguardada a visão estratégica formulada,
e a missão a cumprir (garantir utilização espaço Cyber).
Vetores de desenvolvimento da Capacidade:
Doutrina nacional para a ciberdefesa (adaptada da doutrina aliada);
Organização com forte componente técnica/científica, um Estado-Maior; um
Centro de Operações de Ciberdefesa; Liderança ao nível OF6/OF7;
Equipamento e ferramentas HW e SW “state of art”; Pessoal com elevado
nível de formação, vocação e inamovíveis por períodos mínimos de 5 anos;
quadro especial; Infraestruturas adequadas à dimensão do órgão, dotadas de
elevados níveis de segurança física e eletrónica; Interoperabilidade total
com o CNCS e atores externos civis e militares.
As sinergias nacionais (e. g., CNCS, CCD, PJ e SIS) podem contribuir para dinamizar a edificação da capacidade
de ciberdefesa através de: “protocolos de colaboração e de partilha de informação interagência” (N1, N10,
N3-N5, N7, N8, N11); “Cooperação deve passar pela integração de RH em equipas multidisciplinares e
intersectoriais (oficiais de ligação), podendo, ainda, estender-se à participação /integração de elementos, fora do
âmbito da Defesa, em exercícios onde participam as FFAA” (N1-N5, N10, N11); “podem ser consideradas
formações combinadas, agregando setores/grupos heterogéneos” (N2, N3, N10, N11); “a criação de plataformas
comuns de partilha de informação, permite também assegurar a interoperabilidade, potenciando, assim,
respostas em tempo e consequentemente uma melhor segurança do ciberespaço” (N1-N3, N5, N6, N8, N10).
Nos 8 vetores de desenvolvimento da capacidade, os aspetos mais importantes são o “Treino, Material e
interoperabilidade (agrega os dois anteriores)” (N2, N10, N11).
A cooperação internacional (e. g., NATO e UE) podem contribuir para dinamizar a edificação da capacidade de
ciberdefesa através de: “presença em fóruns, organizações e participação em exercícios é fundamental para a
dinamização e alinhamento da capacidade” (N2, N6, N10, N11); Garantir a presença nacional no NCIRC,
CCDCOE, NCI Academy, em exercícios como o Cyber Coalition, CWIX ou Locked Shields e em fóruns como o
Cyber Defence Research & Technology da EDA - permitem melhorar procedimentos, garantir
interoperabilidade e criar melhor conhecimento na segurança do ciberespaço” (N2, N10, N11). “A utilização
de plataformas comuns de trabalho e de partilha de informação, beneficia a interoperabilidade e a reação em
uníssono a eventos” (N2, N6, N10, N11). “Potencia o desenvolvimento de Doutrina, da Organização, do
Treino e da Liderança” (N10, N11). Portugal tem vindo a afirmar-se nas áreas: E&T- liderança do Projeto
NATO de Smart Defence MNCDE&T; liderança da Cyber Defence Discipline da UE; da adesão ao CCD CoE;
Exercícios: liderança da focus area de ciberdefesa (desde 2018) no exercício CWIX da NATO; no fórum iberoamericano de ciberdefesa, onde propôs a adoção de uma plataforma de partilha de informação para esta
comunidade (em concretização) (N1, N6, N7).
Organizações nacionais:
Protocolos de cooperação e adoção de modelo de cooperação operacional
interagência - C4 (CNCS, CCD, UNC3T e SIS). Explorar a possibilidade da
integração de quadros em equipas multidisciplinares (oficiais de ligação) ao
nível de atividades operacionais e exercícios.
Projetos de ID&I:
Potenciar a interoperabilidade, adotando plataformas comuns sempre que
ajustado como a plataforma de partilha de informação entre o C4 (Projeto
NATO MISP). Potencia rapidez na resposta e reforça a cibersegurança
nacional.
Organizações internacionais:
Cooperação internacional pode contribuir para reforçar o desenvolvimento de
capacidades, nomeadamente ao nível NATO e da EU.
Projetos internacionais:
Portugal tem tido reconhecimento internacional significativo nas áreas:
educação e treino, através da liderança do Projeto NATO de Smart Defence
MNCDE&T, da liderança da Cyber Defence Discipline da UE; da adesão ao
CCDCOE, na liderança da focus area de ciberdefesa (desde 2018) no
exercício CWIX (o maior exercício de interoperabilidade da NATO); no
fórum ibero-americano de ciberdefesa, onde propôs a adoção de uma
plataforma de partilha de informação para esta comunidade (em
concretização).
Sinergias
nacionais
Cooperação
internacional
.
Apd D-4
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Apêndice E — Linhas orientadoras, requisitos e alinhamento estratégico da EMCIBER
Proteção e
Sustentação
Proporcionalidade
e Credibilidade
Parceria e
Cooperação
Nível de
Ambição
Assegurar em permanência a proteção das infraestruturas de Defesa, a condução de operações
no ciberespaço em apoio ao Sistema de Forças, incluindo as Forças e Elementos Nacionais
Destacados e contribuir proactivamente para a segurança do ciberespaço de interesse nacional e
a projeção internacional de Portugal
Valores
Linhas Orientadoras (LO)
LO1
Prosseguir
o
desenvolvimento da capacidade
de ciberdefesa nacional, tendo
em vista maximizar a resiliência
das FFAA para fazer face a
incidentes
ou
ciberataques
significativos que afetem os
interesses e a soberania nacionais.
Requisitos Estratégicos (RE)
RE1 - Reforçar a capacidade de
ciberdefesa nacional, garantindo a
proteção, a resiliência e a segurança das
redes e dos SIC da Defesa contra
ciberataques.
LO2 - Reforçar o potencial
militar de conduzir operações
no ciberespaço, assegurando a
liberdade de ação do país no
ciberespaço, em salvaguarda da
defesa do interesse nacional e da
afirmação da soberania nacional
neste domínio.
RE2 - Desenvolver a capacidade militar
de conduzir operações no ciberespaço, a
fim de salvaguardar a defesa do interesse
nacional, a afirmação da soberania nacional
neste domínio e contribuir para a dissuasão.
LO3
Incrementar
a
cooperação
nacional
e
internacional, tendo em vista a
colaboração para garantir a
segurança do ciberespaço.
RE4 - Intensificar a cooperação nacional
e internacional, afirmando Portugal como
coprodutor de segurança internacional,
contribuindo de forma cooperativa e
sinérgica para a segurança do ciberespaço.
LO4
–
Aprofundar
o
conhecimento do ciberespaço,
promovendo
a
formação,
autonomia tecnológica e a
retenção de talentos.
RE5 - Valorizar o conhecimento do
ciberespaço e das ameaças associadas
reforçando o potencial humano.
RE6 - Promover a ID&I no ciberespaço,
incentivando o duplo uso, estabelecendo
uma posição de conhecimento, de iniciativa
no ciberespaço de interesse nacional.
Objetivos a atingir – Requisitos Operacionais (RO)
(aspetos a considerar pela EMCIBER)
RO1 - Reforçar o efetivo dos RH afetos às estruturas de ciberdefesa.
RO2 – Modernizar e sustentar a atualização periódica do parque
informático e das soluções de rede da Defesa Nacional, de forma a
aumentar a resiliência das FFAA face a ciberataques.
RO3 – Garantir a evolução futura das plataformas e ferramentas de
segurança de forma a reforçar a defesa dos sistemas de C2, dos sistemas
de armas e das infraestruturas da Defesa.
RO4 – Consolidar as condições das infraestruturas afetas à ciberdefesa
nacional, tendo em vista as necessidades futuras.
RO5 – Adequar a estrutura da ciberdefesa nacional de forma a reforçar a
capacidade para conduzir OpCiber.
RO6 - Levantar uma capacidade eficiente e eficaz de CNO (defensivas,
exploração e ofensivas), garantindo a liberdade de ação do País e negar o
seu uso hostil contra o interesse nacional.
RO7 – Assegurar treino coletivo e individual de forma a atingir níveis de
atuação ajustados à gestão de crises.
RO8 – Incrementar o nível de sensibilização para a ciberdefesa.
RO9 – Satisfazer a resposta estrutural e operacional da ciberdefesa face
aos desafios futuros, adotando uma abordagem integrada, abrangente e
articulada às ameaças e riscos do ciberespaço.
R10 - Incrementar a coordenação e cooperação entre as diversas entidades
nacionais e internacionais na segurança do ciberespaço.
R11 – Sendo o vetor militar relevante para apoio à política externa, importa
incrementar a participação e integração em exercícios e em organismos
internacionais relevantes na segurança do ciberespaço.
R12 - Potenciar uma maior maturidade da ciberdefesa nacional e contribuir
para a segurança dos nossos parceiros estratégicos.
Alinhamento
DEEMGFA ENSC 2019-2023
2018-2021
(Eixos)
Melhorar
capacidade
ciberdefesa
nacional
(LA2.02)
Melhorar
capacidade
ciberdefesa
nacional
(LA2.02)
Incrementar
sensibilização
ciberdefesa
(LA2.04)
Estrutura de
segurança do
ciberespaço
(Eixo 1)
Proteção do
ciberespaço
(Eixo 3)
Resposta às
ameaças
(Eixo 4)
Contribuir
para ENCD e
Cooperação
Plano de Ação
nacional e
(LA2.01)
internacional
Reforçar
(Eixo 6)
ligações do
CCD (LA2.03)
Incrementar
Prevenção,
RO13 - Fomentar a formação e o conhecimento específico em ciberdefesa.
envolvimento
educação e
RO14 - Potenciar ligação às estruturas de ensino e formação nacionais e
do IUM
sensibilização
internacionais.
(LA2.05)
(Eixo 2)
RO15 - Fomentar sinergias nacionais e esforços cooperativos em curso nas
organizações internacionais de que Portugal faz parte para, em colaboração Incrementar
envolvimento
com as universidades, os institutos e a indústria, desenvolver soluções
do IUM
tecnológicas para duplo uso, civil e militar.
(LA2.05)
RO16– Incentivar/reforçar interoperabilidade da ciberdefesa com atores externos.
Fonte: MDN (2019b), EMGFA (2019b) e ENSC (2019).
Apd E-1
ID&I
(Eixo 5)
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Apd E-2
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Apêndice F — Operações no ciberespaço – responsabilidades de C2
No âmbito da condução de OpCiber, tendo por base as relações de C2 existentes e a estabelecer no
futuro, importa identificar as responsabilidades e a autoridade a exercer pelos órgãos das FFAA, aos diferentes
níveis (estratégico, operacional e tático/técnico). Sem prejuízo de um aprofundamento posterior, tendo por base
a doutrina NATO (2013; 2019a; 2019b), especialmente o AJP-3.20 (2020), este apêndice reflete a articulação
entre as componentes estrutural e operacional da EMCIBER, conforme ilustrado na Figura 19.
1. Nível estratégico
O CEMGFA, como em todas as operações das FFAA, assume o papel de Comandante de nível estratégico
das OpCiber e, apoiado pelo Comando Conjunto das FFAA, assume a autoridade da sua coordenação em todos os
teatros de operações. O CEMGFA assegura também o comando operacional das FND quando empenhadas em
operações ou missões de cariz multinacional. O comandante do COCIBER constitui o principal conselheiro do
CEMGFA para este domínio operacional.
O COCIBER assume o papel de Comando de Componente de teatro para o ciberespaço, estabelecendo a
fronteira entre o planeamento de efeitos de nível estratégico e operacional. Este Comando, constitui o ponto focal para
todas as operações neste domínio, assumindo o papel de autoridade coordenadora da ciberdefesa. O COCIBER assume
também o papel de integrador de forças e capacidades militares no ciberespaço, assim como o de autoridade de gestão
dos serviços de Comunicações e Sistemas de Informação (CSI) para a rede de operações das FFAA e da Defesa.
2. Nível operacional
O COCIBER garante a coesão da articulação e atuação operacional das FFAA no ciberespaço. Apoia todos os
elementos de nível operacional e tático (CSI do EMGFA e Ramos) no planeamento, preparação e condução de
atividades e operações conjuntas. Garantindo o conhecimento situacional no ciberespaço, o COCIBER apoiará e será
apoiado por todos os elementos de nível operacional com a troca de informações e relato de eventos no ciberespaço.
Neste contexto, assume especial importância a existência de uma ligação permanente e sinérgica com o Centro de
Informações e Segurança (CISMIL) das FFAA, permitindo assegurar uma eficaz Intelligence Surveillance and
Reconnaissance (ISR) no ciberespaço e a manutenção de uma cyber common operational picture, consistente e tão
precisa quanto possível. O desenvolvimento de sinergias entre as diferentes capacidades (CSI e ISR) e uma cooperação
próxima na preparação e execução das missões atribuídas ao COCIBER serão decisivas para o seu sucesso operacional.
Todos os Comandos Operacionais e eventuais Quartéis-Generais dos Comandos de Componente, no cumprimento
das suas missões, planeiam, preparam e conduzem atividades e operações na área/domínio que lhes for atribuído, tendo
em conta os aspetos ligados à sua proteção no ciberespaço e resiliência operacional. Desta forma, para além das estruturas
CSI necessárias ao seu C2, estes Comandos deverão integrar uma célula de ciberdefesa na sua orgânica. Para além de
operações de proteção CSI e defensivas, estas células podem receber autoridade delegada do COCIBER para a condução
de outras atividades operacionais no ciberespaço, assumindo para esse efeito o papel de gestor de serviços de segurança
CSI na sua área de operações. Em particular, quando se trate de uma FND, no âmbito de uma operação multinacional ou
fora de área, a ciberdefesa da Força poderá ser assegurada por um destacamento de ciberdefesa.
Em caso de empenhamento operacional do COCIBER numa operação conjunta, este Comando assume a
coordenação operacional de todos os SIC e órgãos de ciberdefesa das FFAA (nível EMGFA, Ramos e Defesa). No
contexto da cibersegurança nacional, assumindo o papel de autoridade nacional para a ciberdefesa, o COCIBER
assegura também ao nível operacional uma coordenação permanente com o CNCS, a UNC3T e o SIS.
3. Nível tático/técnico
A DIRCSI do EMGFA, assumindo o papel de autoridade técnica, é responsável pela coordenação técnica
dos SIC que apoiam o C2 do EMGFA e das FND. As operações CSI das FFAA (EMGFA e Ramos), para além de
integradas ao nível conjunto, devem ser estreitamente coordenadas com o COCIBER, nomeadamente, para assegurar
a necessária unidade de comando e esforço no âmbito da realização de OpCiber.
Apd F-1
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
<<<<<<<<<<<<<<<<<<
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Nível
Político
Nível
Estratégico
Nível
Operacional
Nível
Tático
LEGENDA:
CEMA – Chefe do Estado-Maior da Armada; CEMFA – Chefe do Estado-Maior da Força Aérea; CEMA – Chefe do Estado-Maior do Exército; CEMGFA – Chefe do Estado-Maior-General FFAA;
CERT – Computer Emergency Response Team; CIRC – Computer Incident Response Capability; CISMIL – Centro de Informações Militares; CLAFA – Comando Logístico da Força Aérea;
DCSI/DIRCSI – Direção de Comunicações e Sistemas Informação; EM – Estado-Maior; SSTI – Superintendência de Sistemas e Tecnologias de Informação.
Figura 19 – Estrutura da ciberdefesa nacional
Anx F-2
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Todos os Ramos possuem uma Direção CSI, responsável pela gestão integrada das suas redes e pelo
planeamento do emprego dos respetivos SIC orgânicos (fixos e projetáveis). Os órgãos responsáveis pela ciberdefesa
dos Ramos, onde se inserem os núcleos CIRC, dependem das respetivas Direções CSI. A segurança da informação
que circula nas redes das FFAA é coordenada pelo COCIBER que, através do seu CERT.DEF e dos CIRC dos Ramos,
assegura a resposta a incidentes de segurança. Para esse efeito, integrando a rede nacional de CSIRT, o CERT.DEF
mantém também uma ligação permanente ao CERT.PT e ao NCIRC, garantindo assim uma resposta sinérgica e
cooperativa tanto no plano nacional como internacional.
4. Execução – visão geral
Constituindo a Aliança Atlântica a fonte doutrinaria das FFAA portuguesas, no que se refere às operações CSI
e às operações defensivas no ciberespaço, importa reconhecer que os seus fundamentos (NATO, 2016b), se encontram
intimamente ligados ao planeamento, desenvolvimento e gestão de redes operacionais e serviços C2, definidos no
quadro da implementação do conceito de Federated Mission Networking, em curso tanto no contexto NATO como
nacional. Relativamente à condução de operações ofensivas no ciberespaço, a NATO é relativamente omissa porque,
assumindo uma postura defensiva e atendendo aos constrangimentos políticos e operacionais das OpCiber, considera
apenas a possibilidade de integrar na sua resposta operacional os efeitos produzidos por nações aliadas, a título nacional
e voluntário, os designados Sovereign Cyber Effects Provided Voluntarily by Allies (SCEPVA).
A condução de operações ofensivas constitui assim uma capacidade soberana e inalienável de cada nação aliada.
Isto significa que, para garantir às FFAA uma capacidade acrescida para defender as suas redes contra ciberataques e
realizar operações militares no ciberespaço, o COCIBER terá que dispor de uma capacidade CNO credível, dissuasora
e eficaz. Quando aplicável, num cenário de defesa coletiva, as capacidades nacionais podem ser reforçadas pelos efeitos
SCEPVA. Neste caso, estas operações serão coordenadas e conduzidas como parte do ciclo de targeting conjunto da
Aliança, obedecendo aos procedimentos e requisitos existentes para esse efeito. De forma similar, para a gestão da
recolha de informação ISR, as OpCiber utilizarão o sistema conjunto ISR e o ciclo de recolha de informação NATO.
Conforme se ilustra no Quadro 8, os quatro tipos de atividades operacionais envolvidas nas OpCiber, antes apresentados,
são desenvolvidos ao longo das diversas fases do NATO Crisis Response Process (NCRP) (NATO, 2019e). Com os
necessários ajustamentos, atendendo à natureza do empenhamento das FFAA no ciberespaço, considera-se que estes
princípios e processos doutrinários também se aplicam à realidade nacional.
Quadro 8 – Operações a desenvolver na resposta a crises
Federated Mission Networking
Fases do NCRP
Atividade
Operações CSI
Fase 1:
Indicações
e alerta
Fase 2:
Avaliação
da situação
Fase 3:
Desenvolvimento
da resposta
Fase 4:
Planeamento
Fase 5:
Execução
Fase 6:
Transição
Minimum Level of Command and Control Service Capabilities in Support of
Combined Joint NATO Led Operations (NATO, 2016b)
Operações Defensivas
Operações Ofensivas
Operações ISR
no ciberespaço
Sovereign Cyber Effects Provided Voluntarily by Allies
Joint Intelligence, Surveillance and Reconnaissance
Fonte: Adaptado de NATO (2019a, p.6).
As relações de C2, na transição para uma situação de crise/conflito, devem ser ajustadas, variando de acordo com
as responsabilidades e autoridades associadas a cada entidade/organização do Estado, respeitando o papel que lhes é
atribuído pela Constituição da República Portuguesa. Numa situação de normalidade, as FFAA desenvolvem
essencialmente operações CSI e defensivas ao nível estratégico, operacional e tático/técnico. As operações de intelligence,
ISR e outras atividades desenvolvidas no ambiente de informação pelas FFAA, apoiam também estas operações. Numa
situação de crise e conflito/guerra estas atividades são ampliadas e reforçadas pelas operações ISR e ofensivas.
O ambiente de segurança atual, exige às FFAA uma capacidade permanente para deter ciberataques de larga
escala, garantindo a ciberdefesa do País e o cumprimento da sua missão (mission assurance). A sua estrutura de
ciberdefesa, envolvendo a capacidade para conduzir de forma eficaz todos os tipos de CNO (defesa, exploração e ataque),
deve assim estar preparada para se ajustar e fazer face a uma situação de crise/conflito, com tempos de alerta e transição
mínimos.
Anx F-3
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Anx F-4
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Apêndice G —
Enquadramento jurídico das operações no ciberespaço
1. Enquadramento
A transversalidade das áreas relacionadas com o ciberespaço e a complexidade associada à condução de operações
militares neste domínio, faz com que o quadro jurídico-constitucional aplicável seja relativamente extenso, se encontre
disperso e que o ordenamento jurídico tenha que se adaptar à contínua evolução da realidade a regular. Reconhecendo as
limitações apontadas, analisou-se a situação internacional e nacional referente ao quadro do levantamento da EMCIBER,
incluindo a condução de OpCiber e a própria utilização do ambiente da informação pelas FFAA.
2. Considerações legais sobre o uso da força no ciberespaço
Enquanto global common, o ciberespaço não apresenta espaços de soberania claramente definidos. Aproveitando
as lacunas legais existentes e as dificuldades de regulamentação daí decorrentes, o aumento dos ciberataques,
essencialmente os de natureza mais disruptiva e/ou destrutiva, potencia o uso da força e a ocorrência de conflitos armados
no ciberespaço. Esta situação, requer um esforço concertado da comunidade internacional, capaz de promover o
ajustamento do direito internacional e fazer convergir o quadro legal nacional de forma articulada. Como parte deste
esforço, Portugal já incorporou na ordem jurídica interna acordos/diretivas NATO e legislação da UE, conforme se
apresenta no Quadro 9.
Quadro 9 – Legislação internacional incorporada na ordem jurídica interna
Tipo de Legislação
Legislação Internacional - NATO
Identificação do documento legal
Acordo sobre a Segurança da Informação Resolução da Assembleia da República n.º 15/2000, de 6 de março. Promulgado pelo Decreto do
entre os Estados Parte da NATO
Presidente da República n.º 3/2000, de 6 de março. Ratifica o acordo concluído a 06 de março de 1997.
C-M (2002)49 - Security within NATO
Public Disclosure – PDN (2004)0001 dated 10 Sep.2004
AC-35-D/2000-REV7 Directive on Personnel Security.
AC-35-D/2001-REV2 Directive on Physical Security.
AC-35-D/2002-REV4 Directive on the Security of Information.
AC-35-D/2003-REV5 Directive on Industrial Security.
AC-35-D/2004-REV3 Primary Directive on CIS Security.
AC-35-D/2005-REV2 INFOSEC Management Directive for CIS.
Legislação Internacional - UE
Proteção das Informações Classificadas Resolução da Assembleia da República n.º 125/2012, de 26 de setembro. Promulgado pelo
Trocadas no Interesse da UE
Decreto do Presidente da República n.º 152/2012, de 26 setembro. Ratifica o Acordo entre os
Estados membros da UE, reunidos no Conselho, assinado em Bruxelas em 25 de maio de 2011.
Regras de segurança aplicáveis à Proteção das Decisão n.º 2013/488/UE, do Conselho, de 23 de setembro. Decisão (UE/EURATOM) n.º
Informações Classificadas da UE
2015/444, da Comissão, de 13 de março de 2015.
Luta contra as formas graves de Criminalidade
Decisão n.º 2002/187/JAI, do Conselho, de 28 de fevereiro de 2002-criação da Eurojust
Identificando o ciberespaço como área de confrontação estratégica, a NATO (2014a) reconheceu, na Cimeira de Gales,
a aplicabilidade do direito internacional no ciberespaço e que “um ciberataque pode constituir um ataque armado suscetível de
desencadear a ativação do artigo 5.º do Tratado de Washington, devendo a sua aplicação ser apreciada, caso a caso, pelo NAC”
(NATO, 2014b). Os ciberataques conduzidos contra a Aliança, por atores Estado e não-Estado, que se situem abaixo do limiar
de um ataque armado, serão enquadrados numa resposta articulada no contexto do artigo 4.º da Aliança.
Devido às suas implicações estratégicas, as OpCiber conduzidas em tempo de Paz e no contexto das missões NATO,
terão também que ser aprovadas pelo NAC, nomeadamente, quanto à sua legitimidade. Reconhecendo a aplicação do direito
internacional, a NATO defende que os princípios da necessidade militar, humanidade, proporcionalidade e distinção se aplicam
às OpCiber (AJP-3.20, 2020, p.22). Neste âmbito, os conflitos entre Estados são regulados pela Carta da Organização das Nações
Unidas ([ONU],1945), que legitima no seu artigo 51.º o recurso ao uso da força (jus ad bellum), e pela principal fonte de direito
humanitário internacional, a Convenção de Genebra ([CG], 1949), que regula a condução dos conflitos armados (jus in bello).
Como ação de contornos agressivos, um ciberataque pode traduzir-se numa utilização da força e constituir um ato
de violência não cinética e/ou cinética. Para caracterizar uma situação de uso efetivo da força no ciberespaço, o Manual
de Tallinn 2.0 (Schmitt, 2017) analisou a aplicação de um leque alargado de princípios e regras do direito internacional.
Este manual doutrinário, reconhece que um ataque armado é a forma mais grave de uso da força, mas que nem todo o uso
da força constitui um ataque armado. Um ciberataque que cause uma interrupção pontual de serviços não essenciais não
pode ser considerado um ataque armado. No entanto, se este tiver um impacto destrutivo e/ou disruptivo de longo prazo,
afetando infraestruturas críticas ou serviços essenciais para a sobrevivência de um Estado, tal consubstancia um ataque
armado no ciberespaço, aplicando-se a legislação que rege os conflitos armados (jus in bello).
3. Enquadramento jurídico nacional das operações no ciberespaço
Numa sociedade em rede, diversas funções e operações das FFAA dependem de recursos privados e sistemas
comerciais sobre as quais estas não detêm qualquer controlo direto ou autoridade. De forma a mitigar os riscos
associados a esta dependência, as FFAA terão que estabelecer parcerias e desenvolver sinergias com os seus
fornecedores de serviços de forma a reforçar a sua postura defensiva no ciberespaço. Para esse efeito, as FFAA devem
respeitar a legislação em vigor, tanto em tempo de Paz/normalidade como numa situação de crise ou guerra.
Pela sua importância para o enquadramento jurídico-constitucional da atuação das FFAA no ciberespaço, no âmbito
nacional, para além da legislação avulsa existente, salientam-se os diplomas legais apresentados nos Quadros 10 e 11.
Apd G-1
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Quadro 10 – Legislação associada à área da segurança e defesa do ciberespaço
Tipo de Legislação
Constituição da República Portuguesa
Estratégia Nacional de Segurança do Ciberespaço
Conselho Superior de Segurança do Ciberespaço
Centro Nacional de Cibersegurança.
Identificação do documento legal
VII Revisão Constitucional, de Resolução da Assembleia da República n. º15/2005, 07 abril.
Revisão da Constituição da República, aprovada pela Assembleia Constituinte, 02 de abril de 1976.
Resolução do Conselho de Ministros n.º 92/2019, de 05 de junho. (2019) - Diário da República, 1.ª Série,
108. Aprova a Estratégia Nacional de Segurança do Ciberespaço 2019-2023.
Resolução do Conselho de Ministros n.º 115/2017, de 13 de julho - Diário da República, 1.ª Série,
163/2017. Cria o grupo de projeto denominado «Conselho Superior de Segurança do Ciberespaço»
Decreto-Lei n.º 69/2014, de 09 de maio de 2014. Aprova a criação do CNCS.
Legislação Nacional - área da Defesa
Resolução do Conselho de Ministros n.º 19/2013, de 21 de março – Diário da República, n.º 67, 1.ª Série,
05 de abril. Aprova o Conceito Estratégico de Defesa Nacional.
Lei de Defesa Nacional
Lei Orgânica n.º 05/2014, 29 de agosto. 1.ª alteração à Lei, aprovada pela Lei Orgânica n.º 1-A/2009, de 07 de julho.
Lei Orgânica de Bases da Organização das Forças Armadas Lei Orgânica n.º 06/2014, 01 de setembro. Alteração da Lei, aprovada pela Lei Orgânica n.º 1-A/2009, de 7 de julho.
Conceito Estratégico de Defesa Nacional
Lei de Programação Militar
Reforma da “Defesa 2020”
Missões Internacionais e Cooperação TécnicoMilitar
Estatuto dos Militares das Forças Armadas
Serviço Militar
Disciplina e Justiça Militar
Mobilização e requisição no interesse da Defesa
Nacional
Autoridade Nacional de Emergência e Proteção
Civil (ANEPC)
Regime do Estado de Sítio e do Estado de Emergência
Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP)
e Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED)
Segredo de Estado
Lei n.º 02/2019, de 17 de junho – Diário da República, n.º 114, 1.ª Série -A, 17 de junho de 2019.
Aprova a Lei de programação militar e revoga a Lei Orgânica n.º 7/2015, de 18 de maio.
Resolução do Conselho de Ministros n.º 26/2013, de 11 de abril – Diário da República n.º 77, 1.ª Série, de 19 de abril.
Aprova as linhas orientadores para execução da reforma estrutural da Defesa Nacional e das FFAA, Reforma "Defesa 2020".
Lei n.º 46/2003, de 22 de agosto – Diário da República, n.º 193, I Série -A, 22 de agosto de 2003. Regula
o acompanhamento, pela AR, do envolvimento de contingentes militares portugueses no estrangeiro.
Decreto-Lei n.º 90/2015, de 29 de maio – Diário da República, n.º 104, 1.ª Série, 29 de maio de 2015.
Aprova o Estatuto dos Militares das Forças Armadas.
Lei Orgânica n.º 1/2008, de 06 de maio - Diário da República, n.º 87, 1.ª Série, de 06 de maio de
2008.Primeira alteração à Lei do Serviço Militar, aprovada pela Lei n.º 174/99, de 21 de setembro.
Lei n.º 100/2003, de 15 de novembro - Diário da República, n.º 265, I Série -A, de 15 de novembro de
2003.Aprova o novo Código de Justiça Militar e revoga a legislação existente sobre a matéria
Lei n.º 20/95, de 13 de julho - Diário da República, n.º 160, I Série -A, de 13 de julho de 1995.
Regula a mobilização e a requisição no interesse da Defesa Nacional.
Decreto-Lei n.º 45/2019, de 01 de abril - Diário da República. n.º 64, 1.ª Série, de 01 de abril de 2019.
Aprova a orgânica da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
Lei Orgânica n.º 1/2012, de 11 de maio - Diário da República, n.º 92, 1.ª Série, de 11 de maio de 2012.
Lei Orgânica n.º 4/2014, de 13 de agosto - Diário da República, n.º 155, 1.ª Série, de 13 de agosto de 2014.Quinta alteração
à Lei n.º 30/84, de 05 de setembro, que aprova a Lei Quadro do Sistema de Informações da República Portuguesa.
Lei Orgânica n.º 12/2015, de 28 de agosto – Diário da República, n.º 168, 1.ª Série, de 28 de agosto de
2015.Alteração à Lei Orgânica n.º 3/2014, de 6 de agosto; cria Entidade Fiscalizadora Segredo de Estado.
Resolução do Conselho de Ministros n.º 26/2002 de 05 de fevereiro. Posteriormente revogada pela RCM
n.º 56/2003 de 08 de abril, Despacho n.º 16205/2005, de 26 de julho RCM n.º 74/2006 de 12 de junho
Resolução do Conselho de Ministros n.º 45/2007 de 19 de março.
Sistema Integrado das Redes de Emergência e
Segurança de Portugal (SIRESP)
Aprovação das opções fundamentais do Sistema Integrado
de Segurança Interna da República Portuguesa (SISI)
Atividades de comércio e indústria de bens e Decreto-Lei n.º 56/2017, de 09 de junho – Diário da República, n.º 112, 1.ª Série, de 09 de junho de 2017.Altera (sexta alteração)
tecnologias militares
a Lei n.º 37/2011, de 22 de junho, transpõe para ordem jurídica interna a Diretiva (UE) 2017/433, da Comissão, de 07Mar17.
Quadro 11 – Legislação nacional associada à área da segurança da informação
Tipo de Legislação
Identificação do documento legal
Lei das Comunicações Eletrónicas
Lei de Bases das Telecomunicações
Lei do Cibercrime
Lei n.º 05/2004 de 10 de fevereiro.
Lei n.º 29/2002 de 06 de dezembro.
Lei n.º 109/2009, de 15 de setembro. Transpõe para a ordem jurídica interna a Decisão Quadro n.º
2005/222/JAI, do Conselho, de 24 de fevereiro, relativa a ataques contra sistemas de informação, e
adapta o direito interno à Convenção sobre Cibercrime do Conselho da Europa. Revoga a Lei n.º 109/91.
Regulamento Geral de Proteção de Dados
Lei n.º 58/2019, de 09 de agosto de 2019. Transpõe para a ordem jurídica interna o Regulamento (UE)
2016/679 do Parlamento e do Conselho, de 27 de abril de 2016, relativo à proteção das pessoas
singulares no que diz respeito ao tratamento de dados pessoais e à livre circulação desses dados.
Instruções para a Segurança Nacional, Salvaguarda e Resolução do Conselho de Ministros n.º 13/93, de 06 de março. Altera a RCM n.º 50/88, de 03 de
Defesa das Matérias Classificadas (SEGNAC 1)
dezembro.
Normas para a Segurança Nacional, Salvaguarda e Resolução do Conselho de Ministros n.º 37/1989 de 24 de outubro.
Defesa das Matérias Classificadas, Segurança Industrial,
Tecnológica e de Investigação (SEGNAC 2)
Instruções para a Segurança Nacional, Segurança Resolução do Conselho de Ministros n.º 16/1994 de 22 de março.
das Telecomunicações (SEGNAC 3)
Normas para a Segurança Nacional, Salvaguarda e Defesa das Resolução do Conselho de Ministros n.º 16/1990 de 28 de fevereiro.
Matérias Classificadas, Segurança Informática (SEGNAC 4)
Comércio Eletrónico
Decreto-Lei n.º 7/2004 de 07 de janeiro
Práticas Comerciais Desleais
Decreto-Lei n.º 57/2008 de 26 de março
Utilização das plataformas eletrónicas de contratação pública Lei n.º 96/2015, de 17 de agosto.
Sistema de Certificação Eletrónica do Estado - Decreto-Lei n.º 116-A/2006, de 16 de junho. Designa a Autoridade Nacional de Segurança como
Infraestrutura de Chaves Públicas
autoridade credenciadora nacional (republicado).
Código Penal
Decreto-Lei n.º 48/95, de 15 de março – artigo 383.º.
Luta contra as formas graves de criminalidade
Lei n.º 20/2014, de 15 de abril. Estabelece normas de execução da decisão do Conselho UE que cria a
EUROJUST e regula estatuto e competências do respetivo membro nacional.
Constituem ainda referências a considerar, os diplomas legais que, no âmbito do ordenamento jurídico nacional e europeu, procuram
regulamentar a sociedade de informação, as comunicações e as áreas conexas que se lhe encontram associadas.
Apd G-2
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Apêndice H — Desenvolvimento integrado da capacidade de ciberdefesa
Processo Desenvolvimento
Linha
de Capacidades (PDC) Estruturante
OBJETIVOS:
• Tornar as orientações para o
desenvolvimento da CCDN,
contidas na visão estratégica
de longo prazo, mais
específicas e por isso mais
claras e úteis;
• Identificar prioridades para
o desenvolvimento de
capacidades;
• Identificar oportunidades de
cooperação entre os atores
envolvidos no PDC,
qualquer que seja o seu
âmbito (público ou privado,
nacional ou internacional)
ou tipo de solicitação (topdown ou bottom-up).
PERMITE ainda:
• Enquadrar e orientar os
esforços de todos aqueles
que participam no PDC;
• Orientar atividades de ID&I
e programas da indústria;
• Definir métricas para avaliar
a evolução do progresso da
edificação da CCDN.
Linha
Estruturante
A
Objetivos
Resultados
Responsabilidade
de coordenação
Identificar
as
lacunas
de
capacidades e avaliar o seu risco
operacional, tendo em vista o
estabelecimento da sua prioridade
relativa
face
aos
objetivos
estratégicos
(garantia
da
informação) a atingir no curto prazo
(2019-2021).
• Base de referência para desenvolvimento e melhoria das capacidades
necessárias para cumprir os objetivos da EMCIBER no curto prazo
(Proteção da Redes das FFAA e condução de OpCiber);
• Lista de lacunas de capacidades e lista de riscos resultantes das lacunas
identificadas;
• Orientação do MDN relativa às prioridades a seguir na gestão das lacunas;
• Catálogo de requisitos e catálogo de recursos;
• Ministério da
Defesa Nacional;
• EMGFA
(papel apoio).
• Elaboração de Cenários;
• Identificação de Missões no ciberespaço;
• Nomenclatura e taxonomia das capacidades
de ciberdefesa;
• Estrutura de referência das capacidades;
• Análise de lacunas egestão do risco
(categorização e priorização).
• Ministério da
Defesa Naciona;
• EMGFA
(papel apoio).
• Análise estratégica;
• Tendências de evolução das tecnologias
associadas à ciberdefesa;
• Tendências das capacidades ligadas à
Defesa e ao planeamento de forças;
• Plano ID&I ligado à ciberdefesa.
• Relatório de progresso com priorização das lacunas identificadas (input
Linha
Estruturante
B
Linha
Estruturante
C
Linha
Estruturante
D
para o processo de gestão de lacunas de capacidades).
Determinar o impacto da visão • Tendências de evolução das tecnologias emergentes na área da ciberdefesa;
estratégica de longo prazo no PDC.
• Lista de potenciais tendências de evolução da capacidade e características
das missões e das operações a desenvolver no âmbito da componente
operacional da EMCIBER no horizonte temporal 2025-2030;
• Indicação de como um potencial risco (colocado por uma ameaça
emergente no curto prazo) se pode desenvolver ao longo do tempo.
Coligir em base de dados os projetos • Base de dados contendo uma listagem de todos os programas, projetos ou
e planos de desenvolvimento de
outras necessidades dos diversos atores envolvidos no desenvolvimento de
recursos (materiais e não-materiais),
capacidades de ciberdefesa (plano nacional e internacional);
para identificar oportunidades de
•
Uma ferramenta que permitirá a avaliação global do desenvolvimento da
cooperação e sinergias no médioárea de capacidades de ciberdefesa desde o curto até ao longo prazo.
longo prazo.
Identificar lições recolhidas da • Análise das lições identificadas fornecendo dados relevantes para o
experiência em operações que
Planeamento e melhoria das capacidades de ciberdefesa existentes;
poderão influenciar o futuro
•
Identificação de futuras tendências no desenvolvimento de capacidades.
desenvolvimento de. capacidades.
Relação com
o planeamento de Defesa
• Direção-Geral de
• Plano de reequipamento e modernização
Recursos da Defesa
das FFAA;
Nacional (DGRDN); • Estratégia de ID&I das Indústrias de
• Ligação ao sistema
Defesa;
de ID&I nacional e à • Ligação do plano ID&I de Defesa à Lei de
base industrial de
Programação Militar.
Defesa.
• COCIBER/CNCS; • Identificação de alterações no emprego
operacional de Forças e no tipo de Missões;
• EMGFA
• Tendências de evolução da capacidade de
(papel apoio).
ciberdefesa.
PROJEÇÃO PARA O FUTURO
• Integração das quatro LE na implementação do PDC;
• Desenvolvimento de ferramenta de apoio à gestão do PDC para ajudar o Ministério
da Defesa Nacional e o EMGFA a lidar com a gestão das lacunas de capacidades;
• Elaboração de lista de conclusões que serão na prática ações para dar seguimento ao
trabalho do PDC (e.g., novos projetos, estudo aprofundado de capacidades,
investigação das novas necessidades de tecnologias, etc.).
Lista de tarefas a realizar
• Elaborar uma lista genérica de
tarefas baseada no conjunto de
capacidades definidas no contexto da
Estratégia Nacional de Ciberdefesa.
2019-2021
• Avaliação do risco a curto prazo,
derivado da LE A,
e influenciado pelas lições
identificadas na LE D.
2022-2025
• Eventuais mudanças na
avaliação do risco a médio
prazo devido aos projetos em
curso (LE C).
Até 2030
• Com base na informação da LE B
(tendências para o futuro), projetase a forma como as capacidades
vão ser influenciadas.
Fonte: Adaptado a partir de CDM (2003) e Nunes (2015, p.257)
Apd H-1
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Apd H-2
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Apêndice I — Avaliação dos vetores da capacidade de ciberdefesa nacional
Vetor de
capacidade
Componente
EMCIBER
Objetivos a atingir
(EMGFA, 2019b)
Nível de
Análise da situação atual
Impacto
Cf. ponto situação referido a 21 de janeiro de 2020 (EMGFA, 2020) Maturidade
Avaliação do impacto/ implicações
Elaborada uma proposta de ENCD (Out2019). Doutrina nacional para a
Edifício doutrinário para a ciberdefesa nacional, ainda em fase de
ciberdefesa em consolidação (CCD e Ramos) – analisada doutrina Médio/Baixo Elevado consolidação; impõe limitações na continuidade dos processos;
NATO e dos EUA.
influencia reestruturação organizacional e edificação da capacidade.
Adotada estrutura orgânica base. Elaborada descrição de funções e
Adequar a estrutura orgânica da ciberdefesa qualificações como base para seleção de pessoal para o CCD (IOC-2021).
As dificuldades de integração e consolidação orgânica da estrutura
nacional e as suas relações organizacionais Harmonização das estruturas dos Ramos. Identificados problemas em atingir
de ciberdefesa, face às novas solicitações estratégicas, operacionais
quantitativos mínimos de pessoal. Participação do CCD em exercícios
face às novas solicitações.
Estrutural
Baixa
Elevado
Organização
e doutrinárias (nacionais e NATO), poderá limitar bastante/impedir
Promover a representação e cooperação da conjuntos - subsistem dificuldades em consolidar essa integração. CCD
o natural desenvolvimento da capacidade de ciberdefesa das FFAA.
participa em diversos fóruns: G4 (CNCS, CCD, UNC3T e SIS), Grupo Ciber
ciberdefesa nacional.
Resiliência do Instituto da Defesa Nacional (IDN) e Rede Comissão
Interministerial de Política Externa - ameaças híbridas.
Desenvolvida plataforma para campanhas de sensibilização dos utilizadores
A formação, educação e treino especializado, desempenha um papel
Dinamizar sensibilização, educação e
dos domínios das FFAA e da Defesa. Estabelecidos contactos com empresas
crucial tanto no desenvolvimento de competências dos quadros como
formação em ciberdefesa.
de formação–propostas em avaliação. Colaboração em diversas ações de
na manutenção dos níveis de prontidão desejados/impostos pelas CNO.
Operacional Promover o treino coletivo e individual.
Médio/Baixo Elevado
Treino
formação (IDN, IUM, CNCS e NCI Academy). Promoção de ações de treino
Subsiste a necessidade de identificar um perfil de competências,
coletivo e individual-NATO (Cyber Coalition, Locked Shields, CWIX), 5+5
constituir um plano de formação e nivelar o ensino da ciberdefesa. –
e nacional (Lusitano, CiberDEx e Ciber Perseu).
Fator condicionador do desenvolvimento da capacidade de ciberdefesa.
Modernizar e sustentar os parques informáticos Estabelecidos contactos com empresas e instituições do meio académico
A transformação tecnológica e a adoção de novos conceitos
e as soluções tecnológicas da Defesa.
para avaliar ofertas de I&D nesta área e lançar desafios para o
emergentes e inovadores na área dos SIC e da ciberdefesa, impõe
Genética
Médio/Baixo Médio
Material
Garantir a evolução futura das soluções desenvolvimento de produtos e ferramentas inovadoras para a
limitações na continuidade dos processos de reequipamento e
tecnológicas para a ciberdefesa nacional.
ciberdefesa.
influencia o desenvolvimento de capacidades.
Satisfazer resposta estrutural e operacional
Ao nível da gestão de topo, a falta de sensibilização para a
Operacional
Participação em diversas conferências, eventos e atividades de
Baixo
Elevado importância da cibersegurança e para o emprego operacional da
da ciberdefesa nacional face aos desafios
Liderança
Estrutural
promoção e sensibilização das lideranças para a ciberdefesa.
futuros, com o foco na gestão da mudança.
ciberdefesa, impõe limitações à edificação da capacidade CNO.
Constituição de grupo de trabalho (EPR: Divisão de Recursos/EMGFA,
A reduzida quantidade de pessoal qualificado na área da ciberdefesa
participação dos Ramos) para estudar propostas para a captação, sustentação
constitui uma lacuna crítica, condicionando decisivamente o processo
Adequar a realidade dos RH afetos à e motivação dos quadros afetos à ciberdefesa das FFAA. Proposto modelo
de edificação desta capacidade. A inclusão de civis na estrutura de
ciberdefesa para os desafios futuros.
de formação especializada e aumento do período de exercício de funções
Genética
Médio/Baixo Elevado ciberdefesa das FFAA, numa primeira fase, só poderá ser
Pessoal
técnicas na área da ciberdefesa – inamovibilidade 5 anos. Dificuldades na
concretizada com recurso às existências no âmbito da administração
progressão vertical na carreira - satisfação condições especiais de promoção.
pública. A contratação de especialista será uma situação a contemplar
Proposto modelo de carreira de progressão horizontal. Recrutamento nas
no futuro, em função das necessidades a identificar.
FFAA e captação de talentos em universidades.
Consolidar condições de utilização da
As obras de adaptação das infraestruturas constituem um fator
capacidade de ciberdefesa nacional.
Identificada a necessidade de adaptação e melhoria das infraestruturas
condicionador das condições de utilização da capacidade de
Identificar infraestruturas para acomodar a atuais do CCD. Iniciado o processo administrativo relacionado com a
Média
Médio
Infraestruturas Genética
ciberdefesa, permitindo criar condições para acomodar a nova
nova organização a criar, sendo considerado empreitada a realizar. Fonte de financiamento identificada.
organização a criar.
o aproveitamento das já existentes.
Utilização de ferramenta comum de partilha de informação de
Dinamizar
os
processos
de ciberdefesa (EMGFA e Ramos) e cibersegurança (CCD, CNCS e SIS).
O nível de interoperabilidade deverá ser reforçado na sua máxima
Interoperabilidade Operacional interoperabilidade da ciberdefesa com Participação em exercícios nacionais e internacionais. Envolvimento
Média
Médio
extensão. Não apresenta neste momento impacto visível na
em fóruns internacionais e em projetos e grupos de trabalho ao nível
atores externos.
edificação da capacidade.
NATO e da UE (projetos PESCO).
Doutrina
Criar uma base doutrinária para a ciberdefesa
Operacional a nível nacional, enquadrada pelo normativo
das organizações a que Portugal pertence.
Apd I-1
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Apd I-2
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Apêndice J — Caracterização da envolvente da capacidade de ciberdefesa
Como resultado da análise da envolvente em que decorre a edificação da CCDFFAA (Quadros 12 e 13), conforme percecionada ao nível dos seus vectores de capacidade (DOTMLPII), apresenta-se
neste apêndice uma caracterização do seu ambiente interno (potencialidades e vulnerabilidades) e externo (oportunidades e ameaças). Neste contexto, salienta-se o facto de na análise do ambiente externo ter
sido realizada uma análise Política, Económica, Social, Tecnológica, Ambiental e Legal (PESTAL). Foram incluidos nesta análise os resultados do trabalho elaborado pelo Grupo de Trabalho-Capacidade de
Ciberdefesa das Forças Armadas (EMGFA, 2019b).
Quadro 12 – Resultado da análise interna (potencialidades e vulnerabilidades)
Vetor Capacidade
Potencialidades (Strengths)
Vulnerabilidades (Weaknesses)
Doutrina
Doutrina técnico-tática multissectorial. Doutrina limitada ou desarticulada.
Existência de uma estrutura-base para Estrutura orgânica atual (CCD) inadequada face às
a ciberdefesa edificada (CCD).
novas solicitações.
Integração da componente de ciberdefesa nas
Organização
operações conjuntas – não se verifica.
C2 da ciberdefesa – não integrado, heterogéneo e
limitado junto dos Ramos.
Oportunidades de treino operacional. Plataformas de treino (coletivo e individual).
Integração do ciberespaço no
Ciberdefesa não integrada na formação de base dos
exercício conjunto (Lusitano).
quadros (Academias).
Treino
Reconhecimento internacional da
Formação técnica especializada – limitada,
capacidade em exercícios.
dispendiosa e longa.
Sensibilização para a cibersegurança na Defesa
Nacional (cyber awareness) – limitada.
Financiamento disponível para o
Ferramentas de monitorização – cobertura nacional
limitada/deficitária.
desenvolvimento da capacidade
Material
Capacidades baseadas em
Parte do parque informático das FFAA obsoleto /
plataformas tecnológicas edificadas
sem suporte.
Compromisso da estrutura de topo
Desconhecimento estratégico da utilização da
para desenvolvimento da capacidade. capacidade cibernética.
Liderança
Vontade demostrada de apostar na
Dificuldades em transmitir a necessidade de ser
capacitação dos RH.
adotada uma aproximação holística à ciberdefesa.
Dificuldade de operacionalização do novo domínio.
Inamovibilidade dos quadros - período Mecanismos de captação e retenção de pessoal
de 5 anos (na 1.ª colocação no CCD). externo às FFAA – inexistência.
Pessoal
Mecanismo de fixação dos militares à Gestão de carreiras do pessoal técnico - impacto da
carreira militar.
inamovibilidade na carreira dos militares.
Valorização dos RH das FFAA.
Gestão de carreiras - falta de regulamentação
Infraestruturas de operação adequadas Atuais instalações do CCD não comportam
aumento planeado dos RH e das áreas técnicas.
Infraestruturas face às necessidades atuais.
Infraestrutura dos Ramos- Núcleos CIRC.
Relutância das nações / organizações na partilha de
Protocolos de cooperação com
Interoperabilidade
entidades externas.
vulnerabilidades, comprometimentos e soluções.
Fonte: Adaptado a partir de EMGFA (2019b, pp. 16-17).
Quadro 13 – Resultado da análise externa (oportunidades e ameaças)
Vetor Capacidade
Doutrina
Organização
Oportunidades (Opportunities)
Doutrina NATO (OpCiber) disponível
e participação nacional no CCDCOE.
Ameaças (Threats)
Diferentes abordagens nacionais limitam entendimento
geral para uma doutrina comum (NATO).
Existência de diversos organismos, setor Potenciais adversários (estatais e não-estatais) possuem
público/privado, ligados ao ciberespaço. estruturas organizadas e ágeis na adaptação ao ambiente.
Aparecimento de novas ameaças de atores Estado e nãoEstado (terrorismo, hacktivismo, corporações, etc.).
Projeto MNCDE&T liderado por PT e Formação técnica especializada de duração extensa e
coliderança do Cyber Discipline da UE. custos elevados.
Edificação do CAIH na Academia
Treino
Militar e da NCI Academy (Oeiras).
Existência de formação geral nas áreas
da cibersegurança em Portugal.
Novas tecnologias com aplicabilidade na Espetro de ciberameaças complexo, com rápida evolução
ciberdefesa (possibilidade de automatizar e sofisticação, não sendo este processo sempre
Material
processo resposta a incidentes, inclui IA). acompanhado pelas soluções de segurança adequadas.
Utilização crescente ciberespaço de natureza assimétrica.
Alinhamento de vontades nacionais e
Assimetrias tecnológicas, financeiras e de RH entre
internacionais com maior financiamento
nações.
de projetos na área da ciberdefesa.
Procura crescente da criação de sinergias Insuficientes parcerias com entidades públicas e privadas
Liderança
Nacionais e Cooperação Internacional. limitam aproximação interagência.
ENSC 2019 -2023 (V2.0).
Ciberespaço – Novo domínio Operações.
Vontade de integrar a componente de
Captação RH especializados a curto/médio prazo, depende
ciberdefesa das FFAA.
de alterações legislativas para garantir suporte orçamental.
Processos de captação de RH a longo prazo pendente;
reestruturação da formação de base dos militares, e criação
Pessoal
de mecanismos para a gestão das carreiras.
Falta de perfis de carreiras com a respetiva formação.
RH reduzidos – Indústria oferece melhores condições.
Dificuldades na partilha de informação e na cooperação
operacional no combate a ameaças sofisticadas, complexas
Interoperabilidade Partilha de informação com Aliados.
híbridas e dissimuladas.
Fonte: Adaptado a partir de EMGFA (2019b, pp. 23-24).
Apd J-1
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Apd J-2
A edificação da capacidade de ciberdefesa nacional
Apêndice K — Objetivos estratégicos e linhas de ação da CCDN
Vetor Capacidade
Doutrina
Organização
Treino
EMCIBER
Objetivos Estratégicos Estruturantes
Genética
Criar um edifício doutrinário para a
OEE ciberdefesa (nível nacional), tendo como
9 referência as organizações internacionais a
que Portugal pertence.
Estrutural
Adequar a estrutura orgânica da
OEE
ciberdefesa nacional e a sua integração
6
orgânica face às novas solicitações.
Operacional
Garantir a condução eficiente e eficaz de
OEE
CNO, alinhando a resposta genética e
12
operacional da ciberdefesa
Estrutural
OEE Promover a representação e cooperação da
7 ciberdefesa nacional.
Operacional
Genética
OEE Promover a sensibilização, educação e
05 formação em ciberdefesa.
OEE
Potenciar o treino coletivo e individual.
10
Modernizar e sustentar os parques
OEE
informáticos e as soluções tecnológicas das
1
redes da Defesa Nacional.
Material
Genética
OEE Dinamizar a evolução futura das soluções
4 tecnológicas para a ciberdefesa nacional.
Liderança
Genética
Alinhar a resposta estrutural e operacional
OEE
da ciberdefesa nacional face aos desafios
3
futuros.
Pessoal
Genética
OEE Adequar a realidade dos RH afetos à
8 ciberdefesa aos desafios futuros.
Infraestruturas
Genética
OEE Consolidar infraestruturas e condições de
2 utilização da capacidade da ciberdefesa nacional.
OEE Consolidar processos de interoperabilidade
Interoperabilidade Operacional 11 da ciberdefesa com atores externos.
9.01
9.02
9.03
9.04
6.01
6.02
6.03
6.04
12.01
12.02
12.03
7.01
7.02
7.03
7.04
5.01
5.02
5.03
5.04
10.01
10.02
1.01
1.02
1.03
4.01
4.02
4.03
4.04
3.01
3.02
3.03
8.01
8.02
8.03
2.01
2.02
11.01
11.02
11.03
Linhas de Ação
Elaborar a doutrina estratégica da ciberdefesa
Elaborar a doutrina operacional para a ciberdefesa
Elaborar a doutrina tática para a ciberdefesa
Elaborar normas e regras de empenhamento para condução de OpCiber
Propor uma estrutura orgânica para o COCIBER
Otimizar a estrutura dos núcleos CIRC dos Ramos, EMGFA e Defesa
Consolidar a relação do COCIBER com o CISMIL
Integrar a componente cibernética nas operações conjuntas
Reforçar capacidade de Computer Network Defence
Incrementar capacidade Computer Network Exploitation
Desenvolver capacidade Computer Network Attack
Promover a representação da ciberdefesa em organismos nacionais
Dinamizar a cooperação com o setor público e privado
Potenciar a cooperação com os aliados e organizações internacionais
Promover criação de um órgão (nível do CSDC) para acompanhar plano de ação ENSC 2.0
Elaborar plano de formação do COCIBER
Adaptar planos de formação dos estabelecimentos de ensino militares (área da ciberdefesa)
Promover envolvimento dos diferentes níveis da Defesa no esforço contínuo de sensibilização
Elaborar protocolos bilaterais para potenciar a formação – foco áreas técnicas e CNO
Dinamizar o treino coletivo e individual
Apoiar a realização de cursos através de formadores do COCIBER
Consolidar os parques informáticos das redes da Defesa Nacional
Harmonizar as soluções tecnológicas das redes da Defesa Nacional
Integrar todos os ativos das redes da Defesa Nacional nas plataformas de monitorização
Estudar, propor e adquirir plataformas de treino individual e coletiva
Elaborar um plano de sustentação da infraestrutura tecnológica da ciberdefesa
Garantir a atualização tecnológica das plataformas da capacidade de ciberdefesa
Fortalecer sinergias com a indústria e academia na procura de novas soluções tecnológicas
Garantir o processo de gestão estratégica da mudança
Garantir as fontes de financiamento adequadas para o desenvolvimento da capacidade
Promover a liderança nacional em iniciativas internacionais
Gerir carreiras
Obter RH
Manter efetivos
Identificar infraestruturas necessárias para acomodar o COCIBER (capacidades requeridas)
Aproveitar a utilização de infraestruturas externas ao COCIBER
Otimizar o processo de partilha de informação ao nível da Defesa
Dinamizar a partilha de informação
Dinamizar o intercâmbio de RH
Fonte: Adaptado a partir de EMGFA (2019b).
EPR
DIPLAEM
COCIBER
COCIBER
CCOM
COCIBER
COCIBER
COCIBER
COCIBER
COCIBER
COCIBER
COCIBER
COCIBER
COCIBER
COCIBER
COCIBER
COCIBER
IUM
COCIBER
COCIBER
COCIBER
COCIBER
DIRCSI
DIRCSI
COCIBER
COCIBER
COCIBER
COCIBER
COCIBER+DGRDN
DIPLAEM
DIPLAEM
COCIBER
DIREC
DIREC
DIREC
COCIBER
COCIBER
COCIBER
COCIBER
COCIBER
Decisão
CCEM
CEMGFA
CEMGFA
MDN
CEMGFA
CEMGFA+MDN
CEMGFA
CEMGFA
CEMGFA
CEMGFA
CEMGFA
CEMGFA
CEMGFA
Prazo Observação
Out19
Atraso
Jun20 Em curso
Mar21
Jun21
Mai19
Atraso
Jul19
Atraso
Out20
Abr20
Atraso
Jun20 Em curso
Jan21
Jun21
Set19
Continuo
CEMGFA+MDN Continuo
CEMGFA
CEMGFA
CEMGFA
MDN
CEMGFA
CEMGFA
CEMGFA
CEMGFA+CEM
CEMGFA+CEM
CEMGFA
CEMGFA
CEMGFA
CEMGFA
CEMGFA
CEMGFA
CEMGFA
Aprovar
Aguardar
Mai19
Dez19
Nov19
Atraso
Atraso
Continuo
Continuo
Continuo
Dez19
Dez20
Dez21
Dez19
Set20
Atraso
Atraso
Continuo
Continuo
Continuo
Continuo
CEMGFA+MDN Continuo
Continuo
MDN
MDN
MDN
CEMGFA
CEMGFA
MDN
CEMGFA
CEMGFA
Dez19
Continuo
Jul20
Continuo
Dez21
Continuo
Continuo
Apd K-1
Atraso