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Contos Continuados

2024, Contos Continuados

Esta mensagem é importante porque abre a todos os possíveis leitores uma nova perspetiva sobre este livro. Resolvi fazê-lo para poder reunir mais uma forma de falar para muitos acerca de uma inquestionável verdade sobre NÓS mesmos.

Contos Continuados António Durval 2 Contos Continuados António Durval TÍTULO: Contos Continuados AUTOR: António Durval EDITOR: António Durval 2ª Edição em PDF – 2023 As Bibliotecas Municipais ou outras devidamente credenciadas poderão disponibilizar aos seus leitores cópias em papel fornecidas pelo autor. CORREÇÃO GRAMATICAL - I. A. GPT-3.5 / OpenAI PREFÁCIO: Conceição Paulino POSFÁCIO: João Torres Lima CAPA: Rui Gualberto DESENHOS: Rui Gualberto Reservados todos os direitos. Nos termos do código do Direito de Autor é expressamente proibida a reprodução total ou parcial desta obra por quaisquer meios incluindo a fotocópia e o tratamento informático sem a autorização expressa do titular do direito. A presente edição segue a grafia do Novo Acordo Ortográfico. https://adurval.wixsite.com/cultura 3 Contos Continuados António Durval 4 Contos Continuados António Durval À minha mulher e à família a que demos origem. A todos aqueles que desejem continuar a evoluir. 5 Contos Continuados António Durval 6 Contos Continuados António Durval Prefácio Entre o real e o sonho a vida acontece. Conheço o autor há 47 anos. Numa época de muita esperança fazíamos, em minha casa, sextas à noite, uma tertúlia de meia dúzia de amigos, onde, do pensamento em geral, à política, às artes, com destaque para a literatura, para as religiões, o planeta, o ambiente até ao fenómeno ovnilógico tudo era debatido. Todos nos questionamos sobre o sentido da vida na relação com todas as outras espécies neste planeta e a grande interrogação: o pós vida, ou, após a morte. Só física ou para além desta realidade? O autor cedo encontrou um caminho, uma crença, uma fé. É dessa busca que faz parte o seu viver, de si, do ”ser humano” que hoje fala, aqui a partilhando. Embarquem nesta aventura, nesta procura da humanidade em nós que despojadamente é ofertada. Conceição Paulino Conceição Paulino nasceu em Beja em 1945 e escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1945. 7 Contos Continuados António Durval 8 Contos Continuados António Durval Apresentação Enquanto a “LIBERDADE” existir não deixarei de afirmar o que penso. Escrevo o que me chega do espaço-interior, nunca esquecendo o que nasce no espaço-exterior. Os leitores apreciarão, com certeza, um livro de contos que não segue os métodos habitualmente utilizados. Estes serão diferentes! O que afirmo às pessoas deste planeta é que possuem a mesma possibilidade de encontrar respostas, seja em contos, poemas, ou qualquer outra forma de arte ou de expressão. Todos nascemos com um cérebro, podemos pensar ou mesmo escrever algo, semelhante ou diferente, apontados para o alto, ou melhor, para o interior de cada um. Não podemos continuar a ignorar a Vida que, longe de ser um exclusivo dos seres humanos, está perfeitamente ligada aos outros animais com quem temos de aprender a viver com amor. A Vida deve ser encarada na totalidade. Temos de reconhecer a sua importância e não a menosprezar ou destruir. Poderá existir em alguns leitores a aceitação deste princípio. Sabemos que muitos outros ainda não são sensíveis e viram as costas a esta causa. Também não podemos continuar a fugir à realidade que se encontra à nossa frente. Vivemos num planeta a desintegrar-se no solo, no mar e no ar. São várias as pandemias que estão a dizimar a população, a última das quais: a Covid 19, em sucessivas vagas. Já morreram milhões de pessoas em todo o mundo e não sabemos onde isto irá parar. Recentemente surgiu mais uma guerra, a qual , também não fazemos ideia de como acabará. Este é o mote para os “Contos continuados”. Começamos por escolher os temas que julgamos importantes para incutir nos leitores uma nova postura face a esta realidade em que vivemos. 9 Contos Continuados António Durval Quando a pandemia começou, percebemos que iríamos sofrer e que esta doença traria graves consequências para toda a humanidade. Dois anos depois o panorama não melhorou. Temos agora muito mais problemas a comprometer o nosso planeta. A guerra da Ucrânia começou com a invasão russa há quase um ano e, tal como outras guerras no planeta, pode a qualquer momento alastrar e tornar-se num conflito muito maior – uma nova guerra mundial. A guerra ilustra o que o Homem tem feito. A civilização que criamos é, sem dúvida, a origem de tudo o que está agora a acontecer. Temos de compreender a realidade perante as pandemias e outras tragédias que atualmente enfrentamos — somos Nós que as fabricamos, mais ninguém. Não podemos continuar a ser irresponsáveis com a natureza. Temos de parar! É evidente o resultado do nosso atraso. Não sabemos como resolver os nossos problemas sem atacar os que não pensam como nós. São milhões os que são forçados a partir para o outro mundo, sem terem cumprido a sua etapa neste, atrasando a sua ascensão para os superiores objetivos que são a nossa razão de existir. Se ainda podemos pensar com a liberdade e responsabilidade que a natureza nos deu, não podemos desistir. Alguns, ao lerem estes contos continuados superficialmente, podem reagir apressadamente. Aconselhamos, por isso, que sejam lidos pausadamente, de forma a que possamos ir mais além. A nossa existência tem certamente uma explicação científica e acessível aos biliões de seres humanos. Afastemos, para já, esse caminho. Escolhemos a procura corrente, a humana. Damos muita importância ao que pensa a pessoa comum, desde aqueles que passam por nós na rua, seja a mulher a dias, o canalizador, ou o professor. A opinião de cada um é aquilo que nos interessa para este livro que foi escrito para que todos sintam a necessidade de compreender o porquê da nossa existência. Pode ainda ser difícil ver uma panorâmica universal, mas em breve, começarão a compreender esta posição muito mais acessível. Não podemos compreender o Homem, sem sabermos primeiro porque dormimos e porque sonhamos. Em 2022 nunca pensaríamos que, afinal, 10 Contos Continuados António Durval aquilo que, por vezes, vemos no céu não são óvnis — somos Nós: Aqueles que já ultrapassaram a primeira fase da sua evolução partiram deste Cosmosexterior. Essa é a grande dificuldade que todos possuímos para entendermos a verdade sobre o que chamamos Vida. Possuímos quatro elementos que explicam a nossa existência: — O cérebro. — Os sonhos. — O Eu. — Os óvnis Estas quatro realidades completam o que precisamos para compreendermos melhor a nossa existência. Ao longo da vida observamos e estudamos o fenómeno óvni. – Existem, naturalmente, percursos diferentes que visam atingir o mesmo fim, os quais merecem o nosso respeito. São caminhos apontados para a mesma meta. O que interessa é chegar. Através deles podemos, com persistência e vontade, fazer evoluir o nosso cérebro para comunicarmos diretamente com o Cosmos-interior, o Universo que fica dentro de nós. Como podemos fazer avançar o nosso conhecimento? Este livro poderá ser uma dessas formas, mas haverá muitas outras. O cérebro Nele Incluímos não só a parte que está dentro da cabeça, mas toda a rede neural que se espalha por todo o corpo. Ele regista os pensamentos e ações, da nossa vida neste cosmos e grava no outro, para onde iremos um dia. Assim fica cumprida a Dualidade que constitui a nossa Vida. Esta ligação não pode ainda ser provada cientificamente, já que é uma visão interior, ainda difusa, na sua atual fase evolutiva e fundamenta-se na Psicologia uma disciplina que Carl Jung considerou como sendo o estudo sobre o inconsciente. É por aí que encontraremos o caminho. 11 Contos Continuados António Durval Os sonhos Os sonhos são experiências naturais que todos nós vivemos diariamente. Talvez por isso nunca os consideramos como algo de muito importante. No entanto, eles são uma porta de entrada sempre presente na nossa vida. Temos de olhar para eles, não como uma realidade pertencendo apenas à nossa vida quotidiana, mas fazendo parte da Dualidade: Cosmos-exterior / Cosmosinterior. Deverão os sonhos ser considerados como algo transcendente? A resposta é simples, só que ainda não nos apercebemos da indiferença com que olhamos para os sonhos. Isso revela o quanto estamos longe das duas realidades que se conjugam nesta Dualidade. Embora a ciência comece a olhar para os sonhos de outra forma e hoje pondere sobre a verdadeira importância dos mesmos. Não podemos de forma alguma ficar por uma abordagem superficial e passar à frente. Estacionar e ficar por aí não será a melhor atitude — temos de prosseguir a marcha até obtermos um conhecimento mais profundo. A partir de agora os leitores têm de considerar esta velhíssima realidade que sempre nos conduziu, mas o nosso cérebro ainda olha para isso de forma inconsciente. Precisamos de continuar a procurar através do nosso cérebro para descobrir aquilo que se encontra no mundo dos sonhos e começar a dialogar de forma mais direta com a realidade interior. Temos todos um cérebro destinado a evoluir. Ao longo dos tempos vamos avançando aos poucos, na compreensão de quem somos. O eu Tudo quanto nos acontece é registado na nossa memória que começa no exterior e vai até ao interior. Todas as respostas que damos ou ações que entendemos efetuar, também o são. Tudo em que nós atuamos vem do nosso interior, podemos afirmar que é o nosso EU a agir. O pensamento e a sua atuação é fundamental para marcar o que em determinado momento nos 12 Contos Continuados António Durval acontece, ou seja, a nossa aproximação ao Cosmos-interior. O nosso EU é fulcral para sabermos onde já estamos. Os óvnis Finalmente, os chamados óvnis que não são uma aparição de seres vindos de outro planeta ou de outra galáxia. Somos só Nós. Depois de atingirmos a necessária evolução, vimos aferir os conhecimentos que conseguimos atingir. Poderão vir de outros lugares, onde tiveram de evoluir, ser iguais, parecidos, ou muito diferentes de nós. Estabelecemos com Eles um conhecimento profundo. Devemos referir que, para nós, interessa sobretudo o contacto com aqueles que um dia partiram da Terra. São esses que vemos, muitas vezes no céu — os chamados Anjos da guarda. Depois de partirmos encontramo-nos num outro cosmos muito superior a este. Se quisermos conhecer melhor aquilo a que chamamos óvnis teremos de começar a entrar no campo dos sonhos de forma mais séria. Eles são a prova de que o Homem faz parte de uma existência infinita. Temos de começar a acordar. A Vida não pertence só aos humanos. Já que estamos perfeitamente ligados aos outros animais, microrganismos e plantas. É tempo de aprendermos a viver com amor e acabarmos com o nosso atraso evolutivo. A vida tem de ser observada na totalidade. Não podemos anular nem condenar ao extermínio, mesmo aqueles seres que nos podem ser prejudiciais. Isso só poderá ser feito com muita cautela. Julgo que, como princípio, não podemos exterminar nenhuma espécie, seja ela qual for. A luta existente entre diversos organismos faz parte da própria vida. Nós, os humanos, como seres mais evoluídos teremos de saber ultrapassar essa situação, ou seja, nunca perder a necessidade de encontrar um equilíbrio para a natureza sobreviver. Através da leitura destes contos tentaremos abrir a mente para perspetivas que estávamos longe de imaginar. Cada história é baseada em factos verdadeiros, apesar disso, quase nunca nos apercebemos deles. Esperamos que esta leitura vos possa ser útil. 13 Contos Continuados António Durval 14 Contos Continuados António Durval Onde me encontro Estamos em São Mamede de Infesta, uma cidade de Portugal, no concelho de Matosinhos que nos pareceu ser uma terra onde nos sentimos bem. Nesta cidade cruzam-se várias vias importantes que se dirigem para diferentes pontos do país. Será uma terra para muitos desconhecida, pois é sobretudo, um ponto de passagem. Para os que aqui vivem, por vezes, têm lugar alguns casos que nos fazem pensar. Lembramos, por exemplo, o MOJAF - Movimento Juvenil de Ajuda Fraterna, que apareceu em plena era da outra senhora, já lá vão bastantes anos. Esse acontecimento não poderá ser esquecido pois foi algo extraordinário e impensável naquela época de perseguição e de censura. Um sacerdote, o padre António Teixeira de Sousa, iniciou este movimento que construiu casas para os mais necessitados. Em pouco tempo conseguiu que centenas de pessoas de todas as classes sociais se unissem em perfeita comunhão a caminho dos locais de construção. Em onze meses foram construídas onze casas (1) Certo dia a senhora ‘B’ foi à porta da rua e retirou da caixa de correio um maço de prospetos publicitários, um envelope e também um papel amarrotado, ia jogá-lo fora, mas reparou que nele estava escrito a lápis de cor azul a seguinte frase — Nós somos irmãos. Muito admirada pousou tudo na mesa da sala de jantar. O seu marido, o senhor ‘M’, desceu as escadas que davam acesso ao andar inferior, ao ver aquele volume de papéis em cima da mesa, pegou neles e passou os olhos pelos prospetos publicitários, depois pegou no envelope, abriu-o, leu o seu conteúdo e finalmente no papel amarrotado. Ficou bastante admirado ao ler a mensagem escrita a lápis azul. Perguntou à esposa, que se encontrava na cozinha: 15 Contos Continuados António Durval 1 - Em 2010 o Doutor João Torres Lima, da Faculdade de Letras do Porto, publicou sobre este assunto o livro MOJAF - Movimento Juvenil de Ajuda Fraterna (1963 - 1970). — Já viste este papel? Não é nenhuma carta e está escrito à mão. Onde o encontraste? A esposa sem se voltar disse: — Estava na caixa de correio com as outras coisas, ia deitá-lo fora, mas li o que estava escrito e por isso deixei aí para veres. Que dizes a isso? Tem algum interesse? — É muito curioso! — Curioso porquê? — Não te recordas do sonho que tiveste ontem? Já falamos sobre isso hoje de manhã, lembras-te? — Sim perguntaste se me recordava de algum sonho quando estava a dormir esta noite. No entanto, não me recordo absolutamente de nada. Porque me perguntas? — Este papel parece apontar para uma resposta. — Mostrou à esposa o pedaço de papel que tinha na mão. Ela já se tinha virado para ele, e muito admirada perguntou: — Esse papel responde à tua pergunta? Porquê? — Lembras-te que perguntei o que querias dizer com a palavra Makasawe, ou algo parecido? Tu pronunciaste-a várias vezes, enquanto dormias. Disseste-me que não te recordas de qualquer palavra ou mesmo de um sonho. Não te recordas, mas eu recordo-me. Por isso fiz essa pergunta. — No entanto, porque dizes que essa palavra que ouviste da minha boca, enquanto estava a dormir, dá uma resposta ao que está escrito nesse papel amarrotado? Não estou a perceber. Explica-me, melhor. — Para já só tento adivinhar. Já te digo alguma coisa, com mais certeza. Vou à biblioteca fazer umas consultas. Volto já... O senhor ‘M’ foi novamente ao primeiro andar. Na sua sala de trabalho ligou o computador. Uns minutos depois voltou ao piso inferior e depois disse à sua mulher: 16 Contos Continuados António Durval — Já sei o que é essa palavra. — Já? O que foi que descobriste? Diz-me. — Eu conto-te. — Conta-me então. — Um dia li um livro que requisitei na Biblioteca Municipal, e que tinha o título: «Nós somos irmãos”. Nele, fazia-se referência a um chefe índio pele vermelha, que escreveu uma carta ao Presidente dos Estados Unidos reprovando a atitude dos caras pálidas em relação à Natureza. Na carta, entre outras coisas, ele escrevera a palavra: “MAASAW”. Aproxima-se da palavra que pronunciaste ontem enquanto sonhavas. Afinal, havia algo parecido a ligar essa palavra. Não era bem essa, mas soou-me parecida. Poderia não ter percebido muito bem, mas agora reconheço-a como sendo a que pronunciaste. Recentemente o senhor ‘M’ procurou novamente esse livro, na biblioteca, mas não o encontrou. Ficou sem confirmar se, de facto, essa palavra na língua indígena, quer dizer: — Nós somos irmãos. Recordou que nesse livro se contava como era a vida livre e como respeitava intimamente a natureza desses índios. Eles defendiam-se quando atacados, mas também cultivavam, comiam, caçavam e, sobretudo, sabiam viver com amor e em paz uns com os outros. Mais tarde descobriu na Internet uma interessante descrição sobre os índios peles vermelhas HOPI e as instruções do “MAASAW” o criador e zelador da Terra. Daí a semelhança com aquele Makasawe que sua mulher nessa noite pronunciou várias vezes, mas de forma pouco distinta. Com essa palavra afirmavam — Nós somos irmãos. 17 Contos Continuados António Durval 18 Contos Continuados António Durval O Espelho O senhor ‘C’ não se encontrava bem consigo nem com os outros. Andava de um lado para o outro na sua casa e quando saía à rua, não podia afirmar realmente o que sentia. Descobrira recentemente algo que, até ali não o incomodava, agora não saía da sua mente. De um momento para o outro tomou consciência do facto muito simples de que, quando olhava para o espelho, no seu quarto, a imagem refletida seria sem dúvida da sua pessoa, mas apresentava-se diferente já que acontecia um fenómeno ótico de reflexão. Nunca observara diretamente a sua cara, só indiretamente, como aquela que aparecia no espelho. Esta simples constatação introduziu na sua cabeça uma certa perplexidade. Nunca tinha reparado nesse pormenor ao longo dos seus anos de vida. Convivia com as suas amigas, e amigos e nunca verificaram existir um princípio fundamental que se apresentava entre o eu e os outros. A sua imagem estava ali, mas nunca a via diretamente. Os outros, através dos seus olhos voltados diretamente para a sua cara, podiam vê-lo mas, por outro lado, também não se podiam ver a eles próprios. Perguntava-se porque seria assim? Possuía dois olhos na sua cara, mas nunca os vira diretamente. Só quando olhava para o espelho ou observava uma sua imagem num papel, ou num ecrã. Constatou igualmente que se fechasse um olho, o que via com o outro dava uma sensação tridimensional muito limitada. Se fechasse esse olho e abrisse o outro, aconteceria o mesmo. Estivessem os dois abertos, a imagem era muito mais perfeita. Também aqui a dualidade se apresentava como sendo verdade. 19 Contos Continuados António Durval O nosso amigo ‘C’ andava em volta desta pequena, enorme pergunta: afinal porque é assim? Porque todos nós não vemos diretamente os nossos olhos? A nossa cara? As nossas costas? Para me ver tenho de olhar para um espelho onde vejo uma imagem virtual e nunca a imagem real? Ou então para um retrato, ou um filme? A resposta julgo que é evidente e muito simples. Neste mundo temos uma anatomia que só nos permite observar assim. A resposta é mesmo esta. Qualquer ser humano, seja qual for, não rejeitará isso mesmo. Observamos os pés, as pernas, a barriga, o peito, as mãos e pouco mais. As leis da física e a nossa anatomia explicam porque os nossos olhos só permitem ver diretamente esses pontos do nosso corpo. Se utilizarmos espelhos já podemos ver o resto. Não somos camaleões com os olhos a torcer uma curva para poder ver quase em 360°. Um movimento que lhes permite procurar as presas para se alimentarem. Será mesmo assim? Não haverá outra caraterística fundamental envolvida? Porque será que só estaremos completos quando existir ao nosso lado um ser, idêntico a nós, para nos completar? Como está bem presente na nossa vida, a começar pelo binómio Cosmos-exterior / Cosmos-interior, uma realidade patente. Essas duas expressões, unidas representam uma só: — Dualidade! Haverá, ainda, outra a uni-las: o cimento a que damos o nome de Amor. O senhor ‘C’ aprendeu, então, que a Dualidade fará sempre parte da nossa vida. A partir desta pergunta começou a adicionar outras que, entretanto, surgiram. Estava longe de ser um cientista, mas, talvez fosse isso que o permitia ir mais longe. Perguntava: – Para onde vou? Porque durmo? Porque sonho? Apercebe-se de que os cientistas faziam as mesmas perguntas, mas, não tinham as respostas concretas para elas. A vida que possuímos, sendo ainda rudimentar, é já algo na nossa consciência, mas temos muito que evoluir para a podermos compreender. 20 Contos Continuados António Durval Não sabemos se estas palavras poderão ser lidas por alguém daqui a mil ou dois mil anos. O nosso futuro será sempre difícil de antecipar. Só podemos fazer uma previsão sempre falível. O senhor ‘C’ foi às compras no centro da cidade de São Mamede de Infesta, tomou café na padaria do costume, sentiu o seu efeito revigorante a escorrer lentamente pela garganta. Era um sabor que já não podia dispensar. Saiu para o exterior e olhou para o céu sem nuvens. Entrou numa loja chinesa para comprar umas pilhas. A simpática empregada disse-lhe o preço. Pagou e foise embora. Nesta cidade diariamente cruzam-se pessoas que, por vezes, se cumprimentam e seguem cada uma para o seu destino. O sr. “C” não se encontrava muito bem, embrenhado na pergunta que começara a fazer acerca dos seus olhos, mas sobretudo preocupado com a evolução da pandemia e as notícias que diariamente lhe chegavam sobre o conflito entre a Rússia e a Ucrânia prendiam todo o mundo ao ecrã, tentando acompanhar as conversações, se as houvesse, para resolver esta guerra. Um conflito que podia até provocar o extermínio da vida na Terra. Por outro lado, a pandemia já nos perseguia há quase três anos e não nos permitia respirar. Umas vezes com altas incidências outras, quase adormecida, mas nunca deixava de se estar presente. Isto poderia querer dizer algo, porém, não sabia ainda explicar. No contexto da política internacional, a nova ameaça poderia transformar-se na Terceira Guerra Mundial. Repentinamente surge um desconfortável panorama que pensávamos estar muito longe da nossa vida. O que representa o Homem em relação ao seu habitat — a Terra? Será o seu construtor ou o seu destruidor? A Terceira Guerra Mundial o que será? O fim de tudo? Sabemos que existem armas atómicas mais que suficientes para acabar com toda a vida neste planeta. Os russos têm anunciado grandes progressos no fabrico de armas nucleares, e não só. Segundo os americanos, os invasores poderão ocupar totalmente a Ucrânia em poucas semanas. 21 Contos Continuados António Durval Não sabemos o que acontecerá. Um facto é certo, o Homem será sempre o responsável. Estaremos a assistir aos últimos retoques para esse horrível fim? O Cosmos-interior não ficará indiferente, antes pelo contrário. Eles têm vindo até cá, a todo o momento, para observar e ver o que será possível fazer. Não sei como será nem penso sequer nessa possibilidade. Sei, porém, que temos de ser nós a salvar-nos. Eles poderiam vir até cá dizer-nos para não avançarmos neste ou naquele sentido. Mas, temos de ser nós a decidir através da nossa própria ação e evolução. Se nos viessem dizer diretamente, como proceder, recuaria-mos de uma vez milhões de anos. A verdade não nos pode ser ensinada. Terá de ser aprendida letra a letra, sílaba a sílaba. Terá de ficar inscrita para sempre na nossa alma. As mensagens que nos enviam encontram uma humanidade ainda longe de entender o que os sonhos nos dizem. Eles, no entanto, insistem sempre. Estamos muito longe de entender a linguagem do inconsciente. É isso que Eles aguardam que aconteça. Esperamos que a paz possa acontecer rapidamente. O senhor ‘C’ andava muito preocupado com tudo isto. A humanidade, em vez de se reunir urgentemente para salvar o ambiente da Terra, prepara-se para o destruir. De um dia para o outro coloca-se à nossa frente um colapso que nunca imaginamos. A nossa cabeça já não está a funcionar plenamente. Tinha consciência do que estava a acontecer, não era preciso ser cientista, embora tivesse gostado de aprofundar os seus conhecimentos. Desejava acreditar que era possível reunir muita gente para a grande missão que seria salvar o planeta, mas ainda é grande a diferença que existe, em termos evolutivos. Muitos contestam a visão a que chegara depois de tantos anos a investigar. Sabia agora que os óvnis afinal não existem. Eles são uma coisa muito diferente do que os pesquisadores pensavam. Foi uma descoberta que fizera há poucos anos e considerava muitíssimo importante. Eram confundidos com extraterrestres quando, afinal, são o resultado da nossa atual interação com o que denominamos de inconsciente. 22 Contos Continuados António Durval O senhor ‘C’ já os vira muitas vezes no céu, mas, os seus amigos não acreditavam nem o compreendiam. Diziam ser uma mania que ele possuía, que eram simplesmente satélites artificiais e nada mais do que isso. Ele tentava por todos os meios dizer que uma pequena parte não eram satélites artificiais. Éramos simplesmente Nós. Dos biliões de seres humanos que terminaram a vida aqui na Terra, alguns já evoluíram e vêm até cá para nos alertar. Isso prova que afinal a Bíblia e as religiões tinham razão ao dizer — Nós somos imortais. Estamos aqui na Terra para descobrirmos isso através da aprendizagem evolutiva do nosso cérebro. Conhecemos o Cosmos-exterior: a parte que diz respeito ao mundo que observamos, mas a humanidade descobriu ainda muito pouco. Quando olhava para o céu à noite, tinha a certeza de que via esses visitantes provenientes do Cosmos-interior. Possuíam algumas particularidades que aprendeu a distinguir e foram poucas as vezes que o senhor ‘C’ não acertou. Começou também a utilizar outro caminho — os Sonhos. Aprendeu a deitarse com o seu cérebro o mais repousado possível. Assim conseguiu obter muitas interpretações dessa outra realidade que nunca alcançara através de cursos, livros, religiões, filosofias ou variantes do chamado ocultismo e esoterismo. Pensava pela sua cabeça e não se inclinava para qualquer crença estabelecida. Obviamente que as respeitava muito, e possuía uma ligação especial com a religião que a sua mãe lhe ensinara quando era pequenino. Um dia, ele e outros, viram pela primeira vez um óvni com a forma de um disco voador. Isso representou o início de uma procura que perdura até hoje e que, o levou a fazer parte de diversas associações e grupos que estudavam este assunto. O senhor ‘C’ acreditou nesse objetivo, mas não seguiu o mesmo método de investigação. Após os observar diretamente no céu muitas vezes, começou a escrever aquilo que se tornou numa convicção. Num outro tempo, no futuro, alguém poderá ler o que ele escreveu. O senhor ‘C’ começou a ficar mais descansado: aquilo que inicialmente o preocupava, acerca da impossibilidade de ver os seus olhos, afinal, não era 23 Contos Continuados António Durval importante. Poderia observá-los a partir do Cosmos-interior, quando o seu Eu criado no Cosmos-exterior estivesse mais perto e pudesse compreender o chamado inconsciente. Poderia casar-se e constituir a Dualidade, esse seria o caminho natural e importante. Temos de descobrir e avançar para esse universo fantástico que está à nossa espera. 24 Contos Continuados António Durval A Descoberta Ao abrir a janela do seu quarto olhou para as nuvens do céu e para a paisagem em redor. Por cima do telhado das casas, gaivotas esvoaçavam com agilidade. De repente ouviu ao longe um som que, infelizmente, era-lhe bastante familiar: – Uiiii, uiiii, uiiii! Uma ambulância dos bombeiros de São Mamede de Infesta apitava a caminho de prestar assistência a um acidente ou transportando uma pessoa doente para o hospital mais próximo. Nesse dia ouviria muitos sons idênticos aqui, ali, ou acolá com os mesmos propósitos. Era um som a que já se habituara e quase nem ligava, a menos que fosse ele a ser transportado. Preferia estar no meio do mar ou no espaço, longe destas convulsões que a realidade envolvente desta civilização transmite. Não era só isso que o preocupava, mas também, o ruído e outros estranhos sons que se repercutiam por todo o ambiente circundante: O começo de um enormíssimo quadro, como uma pintura esotérica de Hieronymus Bosch, que se pudesse ajustar à civilização em que vivemos. Ouvimos o uiiii, uiiii, uiiii! Sempre que vamos à janela ou à rua aparece-nos uma amostra sonora desta civilização em que vivemos. Mas, existem muito mais perturbações a envolver-nos. Numa simples frase diremos: o que perturba o ambiente deste planeta cava mais fundo o fosso, não só da humanidade, mas da própria Vida que se encontra em perigo. Infelizmente ainda poucos se dão ao conhecimento ou à descoberta desses problemas. Quando chegamos a esta Terra, a civilização que encontramos 25 Contos Continuados António Durval não está sincronizada com a Paz e a tranquilidade, necessárias para uma vivência pacífica. Somos, desde logo, bombardeados por uma vida descontrolada e, quando damos fé, já é tarde e não conseguimos mudar para uma outra atitude que aumente as possibilidades de viver em ação, mas em paz e harmonia. Os problemas que enfrentamos são imensos, ao tomarmos consciência disso, agarramos a nossa cabeça com força e ficamos paralisados. Quando começarmos a pensar melhor reagiremos com denodo e voltaremos a olhar para o Cosmos-interior onde temos a certeza de encontrar a ajuda que todos precisamos para avançar rumo a um futuro diferente. Mas o nosso cérebro não está ainda recetivo, ainda não chegou lá. Desejamos isso e, – já que desbravamos por entre a escuridão um caminho criativo, sem atropelar ninguém – podermos avançar para uma posição mais evoluída onde, em conjunto, seremos cada vez melhores. Isso é simplesmente a redescoberta de uma realidade que sempre existiu, mas que nós ignoramos. Julgámos-nos os seres superiores, mas, afinal temos de evoluir ainda muito para atingir o equilíbrio entre a realidade em que vivemos e a outra que está para além desta, ou seja: o Cosmos-interior. Alguma prova disso? Claro que sim! Todos possuímos uma cabeça dentro da qual transportamos uma máquina super fantástica, mas, estamos longe de conhecer todas as suas capacidades. A nossa evolução ainda não permitiu explorar todo o potencial do nosso cérebro. Através dele, poderemos ir aonde desejarmos, incluindo ao contacto com o Cosmos-interior. Para isso teremos de compreender, cada vez mais perfeitamente, o Cosmos-exterior. Existe, porém, outra realidade que não podemos continuar a ignorar — os nossos sonhos. Nós sonhamos todos os dias, mas, na maior parte das vezes, não nos recordamos. Isso deve-se, somente, ao nosso atraso evolutivo. Denominamos erroneamente por óvnis as luzes que, por vezes surgem nos céus à noite. Podem, na sua maioria, ser apenas satélites artificiais, mas, os verdadeiros existem mesmo. Mal começaram a ocorrer os primeiros sinais 26 Contos Continuados António Durval desta pandemia, Eles avisaram imediatamente para termos a certeza do perigo que estávamos a correr. Quando da rua nos chega o uiiii, uiiii, uiiii, ficamos tristes, pois é a prova de que a civilização onde vivemos está doente. Temos muito a fazer para baixar este som. O barulho perturba-nos. Apertemos as mãos e caminhemos resolutamente nesse sentido. Mantermo-nos saudáveis é algo que não devemos descurar. Os hospitais são necessários para ajudar o corpo e a mente nos problemas de saúde que são inevitáveis. As doenças existirão, mas, agora crescem de forma desmedida. Quando passamos por um hospital, fechamos os olhos e ficamos assim uns segundos, vemos uns flashes que se destacam no interior do nosso cérebro. Num hospital, seres humanos trabalham, outros sofrem e alguns partem para o outro cosmos sem nunca descobrirem o que é afinal esta civilização em que nos encontramos. Temos de fazer rápidas e profundas alterações ao nosso comportamento face ao escuro mundo onde a nossa vida se embrenhou. Abraçar com os dois braços uma nova realidade para mitigar as imperfeições que hoje nos atingem e ameaçam. Não foram os extraterrestres que vieram à Terra provocar a tremenda confusão que grassa neste mundo. Aproximamos, cada vez mais, de um fim para o qual não fomos criados e a culpa é só nossa — de mais ninguém! Ainda estamos a tempo de salvar e recuperarmos este planeta a que chamamos Terra? Confessamos que não o sabemos. A pandemia está aí e muitas pessoas continuarão a sofrer. Enquanto o Homem não introduzir as necessárias alterações no seu comportamento, e são muitas, esta espécie de doença continuará a vergastar-nos, cada vez mais assustadoramente. A Natureza sabe que terá de convencer o seu componente de vida, dita inteligente, a mudar a sua forma de agir. É indispensável começar a atuar de outra forma. Não podemos continuar a colocar as armadilhas onde um dia, já muito próximo, todos acabaremos por cair. Chegamos até aqui sem compreender como estamos às portas de mais uma guerra mundial, esta com caraterísticas ainda mais terríveis. 27 Contos Continuados António Durval Olhamos para o espaço já saturado de satélites e não compreendemos porque são necessários tantos e tantos correndo para todos os lados. Na sua maioria para espiar e preparar um possível confronto na Terra. 28 Contos Continuados António Durval O Ambiente na Terra e no Espaço Os acontecimentos negativos que enfrentamos só têm um culpado, NÓS. Através da Internet temos a possibilidade de descobrir, acompanhar e difundir muitos avanços da ciência e da tecnologia. Inovação Tecnológica, é uma das páginas através da qual podemos ter acesso a muitas dessas descobertas. Também evoluímos através da leitura de livros, cujas novidades vamos espreitar nos hipermercados ou nas livrarias e acabamos por comprar alguns deles. Por exemplo: O Jardim dos animais com alma de José Rodrigues dos Santos; Sonhos Lúcidos de Dylan Tuccillo, Jared Zeizel e Thomas Peisel; O Campo de Linne McTaggart; História Oculta do Mundo de Édouard Schuré, entre outros. Também podemos encontrar idênticos livros em Bibliotecas Municipais que estejam devidamente preparadas para proporcionar aos seus leitores essa leitura. A poluição ambiental gerada pelos transportes que utilizam ainda os combustíveis fósseis, mas também pela massificação dos que utilizam a energia elétrica: a fonte energética que se destaca como sendo uma alternativa que sendo melhor que os combustíveis fósseis não é, ainda, a solução que todos procuram. Esta tecnologia implica a necessidade de emprego de grandes quantidades de lítio para as baterias e a extração deste mineral é bastante poluente. Ficamos aterrados com a poluição de lama, e outros problemas ambientais que estas explorações acarretam para as populações que vivem nas suas proximidades. A discussão encontra-se neste pé, mas não favorece a observação da realidade que é o verdadeiro palco que está atualmente em equação: o nosso ambiente. Até agora só apontamos para a poluição dos transportes. No entanto, existem 29 Contos Continuados António Durval outros problemas, como, por exemplo, aquela que é provocada pela crescente corrida ao espaço. Ou ainda a terrível poluição com origem na agricultura e pecuária. Saberão porventura das enormes quantidades de dióxido de carbono e de metano que são diariamente lançados na atmosfera a partir dos campos? São biliões de litros com origem nos animais, incluindo o próprio Homem? Encontramo-nos numa situação muito perigosa que tem a ver com a nossa alimentação. Se desejarmos resolver os problemas ambientais do planeta temos de incluir, na solução, todas as suas origens que representam esta ameaça terrível à nossa sobrevivência. Existem satélites com finalidades científicas (e pacíficas), que nos podem ajudar a monitorizar os problemas ambientais, como a desflorestação. Também na pesquisa do universo, como é o caso dos telescópios espaciais; do Hubble, o Spitzer e, mais recentemente o James Webb, que no dia vinte e quatro de janeiro de dois mil e vinte e dois, chegou ao seu destino, entre a Terra e o resto do universo (no chamado ponto Lagrange 2, a um milhão e meio de quilómetros de distância). Esperamos observar muitas surpresas dos confins do universo, com este e muitos outros telescópios, graças à cooperação e conjugação de esforços de vários países. A construção deste telescópio pela NASA — National Aeronautics and Space Administration, iniciou-se em 2005 e colaboraram cerca de vinte países e mais duas agências: a ESA — Agência Espacial Europeia e a AEC — Agência Espacial Canadiana. Temos, porém, de realizar um outro projeto muito maior para evitar que acabemos dizimados pela pandemia ou por uma guerra mundial que poderá acontecer a todo o momento. Perante os enormes problemas que uma guerra poderá trazer façamos as malas para o outro mundo, pois, de certeza, não teremos outra oportunidade por cá. Se desejarmos evitar esta guerra e começar a enfrentar o produto da nossa acutilante devastação infligida à Vida, que não é só a nossa, teremos de decidir rapidamente. De uma vez por todas temos de nos aproximar do Cosmos-interior que está muito para além dos nossos olhos. Dar um empurrão muito grande, através do nosso cérebro, para subirmos até ao 30 Contos Continuados António Durval contacto com os nossos irmãos e de tentar evoluir o que nos falta, para podermos estar finalmente unidos. A Terra merece-o e nós, obviamente, o desejamos. Possuímos um cérebro potencialmente capaz de entender isso e descobrir que os sonhos não são somente o rés do chão de uma casa. São um edifício de vinte, trinta e muitos andares que terá de ser subido até ao cimo. Aquilo que vivemos aqui nesta terra é sem dúvida o desafio para essa ascensão que nos levará um dia a estar com os nossos amigos, irmãos e claro com nós próprios. Cada um por si e todos em conjunto, temos de desmontar e limpar a nossa mente para observarmos o que realmente somos e para onde caminhamos. Não será fácil, principalmente para aqueles que pensam em permanecer na Lua ou mesmo Marte e já possuem na sua cabeça muitas questões preocupantes. Temos em primeiro lugar de perceber que a Terra se encontra totalmente desgovernada e quase perdida. Por isso devemos fazer primeiro o essencial para dotarmos este planeta das condições capazes para a viabilidade da Vida e finalmente concretizar uma ligação perfeita para outras aventuras no espaço exterior e sobretudo no nosso interior. Temos de parar e pensar. Se efetuarmos um mau caminho teremos de corrigir nosso comportamento de acordo com o que sabemos que é mais correto. Não devemos entrar numa corrida pela exploração espacial e primeiro encontrar uma solução para os imensos problemas que estão aqui bem perto de nós, no planeta em que vivemos. Esta é uma fase de: parar para pensar antes de agir. Não devemos correr para outros objetivos. Temos de saber primeiro: quem somos e para onde vamos. Não podemos cair na primeira vala, onde não poderemos evitar as hecatombes que esse caminho possa encontrar. Este livro de contos tem um título dirigido à nossa ação futura. 31 Contos Continuados António Durval 32 Contos Continuados António Durval O Tempo no “Sol Poente” Da parte da manhã costumava ir ao café. Hoje o escolhido foi o «Sol Poente», situado na zona da Pedra Verde em São Mamede de Infesta. Entrou, cumprimentou as pessoas e dirigiu-se a sala interior. Sentou-se numa mesa disponível e tomou o café. Retirou o pequeno computador portátil e deu continuidade à escrita do seu livro de contos. Desta vez o tema seria o Tempo que passa continuamente e que nunca desaparece. Encontrava-se ainda numa fase primária da sua abordagem. Olhou para o teto durante uns segundos e observou a grande ventoinha que nessa altura não funcionava. Depois, para os vidros da grande janela que dá para o exterior. Viu através das vidraças passar algumas pessoas, espaçadamente. No entanto, as ideias para o seu trabalho é que não vinham. Estava ali com vontade de continuar a escrever um livro e tentava retomar esse trabalho, mas esbarrava sempre com um certo desequilíbrio dentro de si, pois, não conseguia entrar no tema que escolhera. Passou-se um minuto, dois, três, quatro, cinco e nada vinha à sua cabeça. Olhou para o relógio do pequeno computador, já caminhava para perto de seis minutos desde que o abrira. Disse então para consigo: — Ora! Se quero falar do Tempo, como devo fazer? Primeiro terei de clarificar se desejo ou não falar disso em termos puramente físicos. Quero falar do Tempo que passa a todo o momento marcado e contado nos relógios ou nas linhas circulares que as árvores registam no interior do seu tronco. É sobre isso que desejo escrever aqui neste livro. Se me for possível, claro. Olhou novamente para o relógio do computador. Já contava oito minutos desde que começou a tentar escrever, porém, ainda nem sequer tinha teclado a primeira sílaba. Estendeu o olhar através da janela para o exterior e continuou a ver pessoas a passar. No café via, por vezes, alguém chegar e sentar-se. O empregado perguntava-lhe: — O que deseja tomar? E voltava com o que o cliente pediu, recebia o dinheiro, dava o troco e regressava novamente ao balcão. 33 Contos Continuados António Durval Passam-se mais uns dois ou três minutos. Olhava para o relógio do computador que funcionava continuamente. Em determinada altura começou a rir para si mesmo. — Caramba! Envelheci mais dez minutos a caminho dos onze e ainda não consegui escrever nada sobre o tempo? Afinal em que mundo me encontro? Não poderei encontrar um período em que os relógios deixem de funcionar? Estou sempre a envelhecer e não consigo de forma alguma parar, cada vez mais próximo do fim da vida. Quando para mim, isto acabar que acontecerá? Dá-se o fim e tudo acaba? Aparece a escuridão, o silêncio? O Puff! A vida que vivi, segundo a segundo, minuto a minuto durante o tempo que estive aqui, não serve rigorosamente para nada? O relógio continuava sempre a avançar. Já lá vai quase um quarto de hora e os filhos da mãe dos relógios não param, continuam sempre a avançar. Entretanto, pensava: — Desejava falar sobre o Tempo. Desejava mesmo. Os relógios jamais se cansam de andar sempre para a frente. Porquê? Daqui a uns tempos já estou mais caquético e não posso retroceder para corrigir o desmazelo que aconteceu durante a minha vida. Não poderei corrigir absolutamente nada daquilo que fiz ou não fiz. Aconteceu, parou, acabou, já passou e de mim já ninguém se lembrará. Estava atrapalhado com aquele impasse que tolhia a sua respiração e também a inspiração. De repente lembrou-se: — Durante a noite anterior sonhei bastante. Parecia que estive a sonhar a noite inteira. Em determinada altura foi-me apresentado um senhor sentado no chão. Era nada mais, nada menos que um médico das estrelas. Falei com ele, respondeu-me bem disposto e sereno a tudo o que lhe perguntei. Disseme que poderia ir a um médico terreno mas, que nunca o esquecesse. Ele seria sempre o meu médico verdadeiro. De facto eu não andava muito bem ultimamente. Ele disse-me: 34 Contos Continuados António Durval “— Viverás mais uns anos. Não te preocupes, pois, estarei sempre atento e por perto.” De vez em quando recordava-se dessa conversa que tivera nesse sonho e nunca se esqueceu do seu médico das estrelas. Olhou para o relógio do computador e reparou que já tinham passado cerca de trinta e cinco minutos e continuava sem conseguir escrever algo de concreto sobre o tempo. O movimento no café continuava a processar-se da mesma forma. Enquanto isso, sentia que envelhecera ainda mais. Estava mesmo à rasca, pois não surgia nada de concreto para escrever sobre o assunto. Olhou mais uma vez para as pessoas que passavam naquela rua e pensou: — Aqueles que passam ou que entram neste café seguem a sua vida apoiados na mesma linha de tempo. Isto é inteiramente verdade. Um dia que partamos para outro lado vamos encontrar-nos outra vez? Neste Cosmos-exterior não ultrapassamos um certo valor: no máximo dos máximos cento e vinte anos de vida. Se quisesse viver mais tempo, isso não seria possível. As células do nosso corpo estão programadas para durar esse tempo aproximadamente, no Cosmos-exterior. Não temos por isso escolha. A vida terminará sempre, um dia, e a mente passará através da Linha da Vida para o Cosmos-interior ou voltará a reencarnar. Continuava a tecer estas perguntas para as quais não obtinha uma resposta concreta. Olhava para o relógio do computador e já lá iam mais de quarenta e cinco minutos após se ter sentado à mesa do café. Ia até começar a arrumar as coisas, deixaria para outro dia a tarefa de escrever sobre o Tempo. Subitamente, lembrou-se de um pequeno artigo que escrevera, já há alguns anos, sobre o mesmo tema. Traçou um risco num papel e depois colocou dois pontos, um no início e outro no fim. Para ele isso representava graficamente um segundo. Depois dividiu-o a meio com outro ponto. Cada parte representava meio segundo. Dividiu o meio segundo em dois e cada parte representava um quarto de segundo. Depois esse quarto de segundo foi dividido em dois e ficou um oitavo de segundo... Poderia fazer divisões de 35 Contos Continuados António Durval forma contínua e nunca mais acabar. Cada parte dividida ficaria sempre cada vez mais pequena. Teoricamente poderíamos continuar sempre. As divisões poderiam ir até ao infinito. Ficaria a dividir uma reta a vida inteira e jamais chegaria ao fim dessa operação. Estaria equivocado? Penso que os cientistas já se exprimiram sobre este problema. O tempo terá de ser representado de forma diferente para cada um dos cosmos? No Cosmos-exterior será na forma triangular, ou seja, todas as parcelas de tempo poderão ser divididas indefinidamente. Portanto, esse tempo é divisível. Depois, para nós, será o atravessar da chamada Linha da Vida, a passagem para o Cosmos-interior onde o tempo será indivisível. Chegara finalmente ao começo de uma resposta. Aqui neste Cosmos-exterior era tudo o que poderíamos entender. Para além das dimensões: comprimento, largura e altura existia também a dimensão tempo que poderíamos, neste 36 Contos Continuados António Durval cosmos, estender até quase ao infinito. Depois daquele tempo divisível, atravessaremos a linha da vida e, já não estaremos no Cosmos-exterior — começamos a entrar num outro mundo. Será um atrevimento estar aqui a falar deste mundo, do outro e também do Tempo? Durante imensos anos muito foi dito sobre este assunto, contributo de grandes pensadores que se debruçaram sobre estas questões. Todos temos uma íntima ligação com o Tempo, mesmo aqueles que não são cientistas. Para qualquer ser humano, desde a mulher a dias, o carpinteiro, o turista, ou alguém que viva na rua, o Tempo estará sempre presente. Sabemos que ele não pára e um dia acabará. É só esta verdade que desejamos aqui referir de forma vincada. O Tempo passa sempre até que um dia… 37 Contos Continuados António Durval 38 Contos Continuados António Durval O Autocarro 61 Ia muitas vezes a Valongo. A sua relação com essa povoação, que ficava relativamente próxima, começou quando, em 1978, resolveu ir até ao Monte de Valongo à noite para efetuar observações no céu. Mantinha relações estreitas com alguns grupos de ovniólogos, mas gostava de fazer as suas próprias investigações, o que se revelou muito útil. Quando estava bom tempo e tinha disponibilidade, lá ia para poder ver o brilho das estrelas, sempre na expectativa de que, entretanto, algo mais pudesse surgir. Escolhera este local pelas suas condições de observação e por só necessitar de utilizar um autocarro, o qual partia do centro de São Mamede de Infesta. Essas pequenas viagens estenderam-se até 1985, com o propósito de prosseguir as suas investigações sobre o que denominava por óvnis. Algumas vezes acompanhado por familiares ou alguns amigos, porém, isso acontecia apenas ocasionalmente. Foi uma aventura que durou sete anos. Deslocava-se de autocarro, já quase noite, na direção daquele lugar, saía numa paragem isolada no alto do Monte de Valongo, recuava cem metros e, numa zona mais baixa, entrava por um caminho que o levava ao local de observação, assinalado por um marco-geodésico. Acendia a lanterna que trazia no saco que levava às costas, para ver melhor entre as pedras, silvas e mato. Até ao alto, era um caminho com mais de trezentos metros que, por o ter percorrido quase sempre de noite, não conhecia muito bem. Já estava perto do alto quando o terreno ficava mais nivelado e aberto. Depois, lá estava o marco-geodésico a marcar o cimo do monte. Pousava o saco em cima do marco, colocava os pés numa pedra, fazia força e sentava-se na parte mais alta. Em redor o silêncio era quase total, apenas um longínquo eco da vida citadina. Sendo um local, por vezes, mal frequentado, tinha o cuidado de inspecionar os arredores para ter a certeza de que estava sozinho. Depois, olhava o céu límpido e observava o cintilar das estrelas, os planetas e, por vezes, um avião que passava. Pegava nos binóculos e espreitava para o lado do mar. Podia observar, ao longe, as luzes da Avenida do Conde em São Mamede de Infesta e mais além, para a direita, a refinaria da Sacor. Para os 39 Contos Continuados António Durval lados do sul, Gaia e as montanhas, picadas de luzes, que conduzem no seu vale o rio Douro. Observava no escuro as torres das igrejas, como a de Nossa Senhora da Conceição, a da Lapa e outras. A nascente surgiam as montanhas de São Miguel o Anjo e de São Pedro da Cova, com luzes a brilhar aqui e ali. No céu surgiam pontos luminosos como os que observava no pátio da sua casa. Não podia afirmar se eram satélites artificiais ou não. Uma vez, porém, não pôde duvidar — assustou-se mesmo. Um ponto luminoso passou muito próximo por cima dele, seguiu-se outro com o mesmo sentido e direção, ambos passaram muito baixo — ele nunca se esqueceu. Atualmente, a sua ligação a Valongo mantém-se, mas não com o Monte. A sua idade já não aconselha caminhos tão agrestes, e as vias de acesso sofreram grandes alterações. Agora passa à volta e vai até ao centro da cidade. No trajeto de ida senta-se do lado esquerdo do autocarro, e quando regressa, vem do outro lado. Ao passar próximo do Monte de Valongo, lembra-se dos tempos em que ia até ao marco-geodésico e, no seu assento, muitas vezes, fala interiormente para Eles — os tais óvnis, que afinal não são só de outro mundo, já que pertencem também a este. Esta é a opinião secreta que naturalmente se impôs na sua mente. Um dia, mais recentemente, entrou no autocarro 61 em Valongo, sentou-se num lugar à direita, como era seu costume no regresso. Eram poucos os passageiros, contudo, exatamente do outro lado, seguia uma jovem senhora, muito bonita e bem vestida. O autocarro arrancou, e a senhora olhou-o e sorriu. Ele correspondeu, tendo a senhora se levantado e foi sentar-se ao seu lado sem qualquer rodeio, deixando-o surpreendido. Não se lembrava de lhe ter acontecido nada igual em toda a sua vida. Uma linda mulher que se encontrava sozinha no autocarro ter feito aquilo? No seu íntimo algo lhe despertou a sua atenção. De repente chegou do seu cérebro a certeza de que Eles já estavam por cá há muito. Mas foi só um pensamento. Ela sorriu novamente, e ele correspondeu e disse-lhe: — Escolheu bem sentar-se à minha beira. Achou que deveria começar a falar sobre qualquer coisa, mas foi 40 Contos Continuados António Durval ela quem começou. Conversaram sobre os atentados atentados ambientais na Terra. (Possuía em casa, o livro “Espelho Secreto”, no qual a atriz norteamericana Shirley Maclaine, descreve uma viagem ao Peru com o seu amigo David. Na parte final da viagem o seu amigo revelou que um dia conhecera, naquele país, uma linda jovem, a Mayan, que se comportava como sendo uma extraterrestre.) A sua parceira de viagem falou sobre o que estava a acontecer por toda a parte neste planeta, causando uma enorme preocupação para aqueles que sentiam a proximidade de uma enorme tragédia, embora não houvesse uma reação forte contra isso. O ambiente estava em perigo. Havia uma luta cada vez mais evidente entre a grande indústria e os que defendiam a Paz e a Natureza. Falou também de muitos países com um conhecimento que achou invulgar. Estava a comunicar inteiramente com ele e sabia o que fazer para o fazer sentir-se à vontade. Era bonita, loira e trajava um vestido simples, lindo e fora do comum. Após os atentados à Paz e ao ambiente, falaram sobre outros temas. A certa altura, ele abordou a pesquisa que mantinha há anos sobre os óvnis. Disse-lhe que chegara à conclusão de que, afinal, Eles tinham origem em Nós próprios, mas estavam muitíssimo evoluídos. Que havia em cada ser humano uma Dualidade, mas esta ainda não era reconhecida, porque Nós nem sequer nos apercebemos disso. Já nas proximidades da sua saída, o assunto era o outro lado, enquadrado no estudo que fizera durante muitos anos, como membro de um grupo que estudava os óvnis, mas que isso terminara. Existia, agora, um impasse. Ela, sempre sorridente, concordou com ele e quando se aproximava a saída do autocarro, disse: — Deve tentar voltar a falar com eles, são um grupo amigo e, julgo que, com capacidades de evoluir na investigação. Tente novamente. Ficou admirado com a forma como ela falou: parecia conhecer muito bem 41 Contos Continuados António Durval esse grupo e, claro, a ele também. Na sua paragem, despediu-se com um expressivo sorriso. Aquele encontro no autocarro 61 ficou sempre a girar na sua memória. Lera que os óvnis estavam por cá há muito. Passados uns tempos recebeu o telefonema do seu amigo ‘N’ e colega do grupo ovnilógico. Tiveram uma longa conversa e acabaram por, mais tarde, se encontrar no Café Massa, perto do Monte de Valongo. Nesse encontro voltaram a ser colocados imensos assuntos recorrentes e alguns que estavam por abordar. O seu amigo manteve sua posição de que não deveria ir muito mais longe, ou seja: para além do que o seu entendimento concebia. Enquanto ele admitia também a possibilidade de se ultrapassar esse conhecimento, pelo menos a nível das hipóteses. Também falaram de um amigo comum ausente, mas esperavam que um dia pudessem estar com ele. Recentemente, a treze de outubro de 2021, depois de vários meses impossibilitados de se encontrarem devido à pandemia, os três amigos encontraram-se, às dez horas da manhã, num café junto a uma praia. Após tanto tempo, foi um encontro especial. Conversaram muito e também ralharam bastante, pois, era evidente que anteriores quezílias se mantinham bem vivas entre eles. Uma coisa, porém, era certa: acabavam sempre por dar um abraço quando o encontro terminava. No decorrer da animada conversa entre os amigos, o autor destes contos olhou para umas mesas, mais adiante, e reparou numa senhora loira que se encontrava de pé a olhar fixamente para ele. Ficou muito surpreendido, já que lhe pareceu ser a senhora que um dia se sentou ao seu lado no autocarro 61. Parecia estar rodeada de familiares ou amigos sentados ao seu lado. Ela continuou de pé a olhar para ele com uma insistência muito especial. Lembrou-se então que era dia 13 de outubro: o dia do Sol em Fátima. Bastante admirado, tentou não dar a perceber aos amigos o que acontecia. Em determinada altura, ela e os que a acompanhavam saíram do café. Hesitou em contar aos seus amigos que, nesse exato local em que eles se encontravam, acabara de viver um caso extraordinário. Percebeu que houve ali um momento muito especial, mas sabia que não era o momento 42 Contos Continuados António Durval para falar disso de uma forma qualquer. Teria de pensar como lhes contar um dia. Sabia que pelo menos um deles poderia reagir mal. Acreditava que a treze de Outubro Eles estiveram em Fátima — Isso dera-lhe força para ter pesquisado o tema durante muitos anos. Mas não admitia absolutamente mais nada. Existe mais um acontecimento relacionado com o marco-geodésico e o autocarro 61, e que incluímos neste livro de contos: Em 2022 sentiu a necessidade de voltar, não só para relembrar os tempos em que lá ia frequentemente, e também, com o propósito de tirar uma fotografia do Marco Geodésico. A que encontrara na internet não correspondia ao que se recordava. Não se encontrava muito bem do seu esqueleto e andava a ser tratado no hospital de uma doença da qual só sabia o nome. Um dia, em que teve uma visita de um dos filhos e sentindo-se um pouco melhor, perguntou se ele desejava ir com ele ao Monte de Valongo. Porém, ele tinha outros compromissos para esse dia. A sua filha, ouvira a conversa e ofereceu-se para ir. Assim foi: depois do almoço foram de automóvel até lá, para tirar a tal fotografia. No trajeto ela perguntou-lhe se conhecia o caminho até ao marcogeodésico. Hesitou na resposta porque sabia que os acessos foram profundamente alterados com a criação de novas vias e o desaparecimento de outras. Quando agora passava de autocarro podia dizer onde ficava o monte, mas o caminho para chegar ao marco já não o conhecia verdadeiramente. No alto, à sua esquerda existia uma estrada que, no seu início, tinha vários cartazes com o anúncio de empresas das imediações e até de um «dancing». Passaram muitos anos desde a última vez que lá estivera. Por isso avançaram com um certo cuidado. Atravessaram um conjunto de empresas que se encontravam à sua esquerda, mas tiveram de parar porque a via encontrava-se interrompida por um taipal. A construção de uma autoestrada ditou o corte da velha estrada. Voltaram para trás, e junto das empresas viram um caminho que os levava na direção de um pequeno bosque que as rodeava. O pai disselhe que parasse o carro, pois, com certeza, seria por ali que teriam de ir. Ela preferiu ir novamente para a via principal, ou seja, virar à direita e entrar no 43 Contos Continuados António Durval monte pelo lado inferior. Desceram a estrada que tinham subido anteriormente e depressa chegaram a uma pequena rua que lhes surgiu à direita, enfiou por aí, deu a volta e estacionaram. Do lado esquerdo existia um caminho pedregoso e que subia íngreme. Teria capacidade para subir por aquele caminho? Muito inclinado cheio de pedras soltas? Porém, com o amparo da sua filha, lá foi. Após subirem cerca de cinquenta metros o caminho virava à esquerda. Aí começou a subir muitíssimo mais. Olhou para o cimo e reparou que ainda estava muito longe. Continuou a subir, mas devagar. Andou cerca de vinte metros e acabou por se estatelar no chão. A filha deu-lhe a mão e mesmo assim não se levantou. Com esforço acabou por se erguer e continuar a ascensão. No entanto, era com extrema dificuldade que o fazia. A filha olhando então para ele, disse: — Pai não avances mais. Vamos pelo outro lado que tinhas falado. Pode ser? Olhou-a e acabou por concordar. O que ele desejava era chegar junto do marco-geodésico fosse por onde fosse. Por ali, com a sua idade, seria impossível continuar. — Ok. Não seguimos por aqui. Se não te importares vamos pelo outro lado. Agradeço-te. Voltaram à estrada e, mais acima, viraram novamente à esquerda pela rua que estava entaipada. Antes de se aproximarem do tal complexo de empresas, parou o carro e continuaram a pé. Ela perguntou se desejava tirar a samarra que levava. Concordou e entregou-a à sua filha, que a prendeu à cintura. Foram junto ao muro branco que rodeava as empresas, por um caminho na relva que, à frente se tornava mais íngreme. Viraram para a direita, por detrás desse complexo. A partir daí o caminho, também pedregoso, subia muito menos que aquele onde tinha caído. Nessa altura a sua filha parou junto a um conjunto de flores bonitas para tirar umas fotos. Ainda não viam o marco que achavam estar ainda distante. Começaram a subir uma encosta mais inclinada, muito lentamente. Aí, o muro das empresas, que estava do lado direito, tinha terminado. Olhou em frente, mas não conseguiu ainda vislumbrar aquilo que procurava. Depois de uma subida menos pronunciada, 44 Contos Continuados António Durval já livre de arbustos, viram finalmente o que buscavam — o marco-geodésico — escondido por entre arvoredo que, antes, não existia. Ambos sentiram-se satisfeitos por terem atingido o objetivo da longa jornada. Olhou para o marco e para toda a paisagem à sua volta. Parecia igual ao que sempre fora. Embora a vegetação, mais crescida, impedia de ver exatamente como antes: teve de espreitar entre os arbustos para conseguir distinguir os pontos de referência no horizonte. Depois olhou para o marco de cimento e contemplou-o. A sua filha brincou com as borboletas de várias cores e tamanhos que esvoaçavam por ali e tirou fotos. Sentiam-se bem ali naquele silêncio no alto do monte onde o sol pousava carinhosamente. De repente reparou no poste de eletricidade que, uns metros ao lado, sustentava três fios elétricos. Eram os mesmos que anos antes serviram de orientação nas suas observações. Uma noite vira dois pontos luminosos a baixa altitude muito próximos, um atrás do outro em grande velocidade. Seguiam exatamente a direção dos fios elétricos. Estava cumprido o objetivo daquela aventura. Iniciaram o caminho de regresso, já que o relógio não parava. Fizeram lentamente o trajeto inverso até ao carro. A sua filha trazia como recordação, uns pequenos galhos e plantas que recolhera junto ao marco. Então pensou: — Esta aventura e esta foto ficarão bem no livro Contos Continuados. 45 Contos Continuados António Durval O marco-geodésico 46 Contos Continuados António Durval Os Sonhos Os sonhos estão ligados ao Cosmos-interior, através do nosso inconsciente. Eles ocorrem diariamente com cada um de nós. Talvez seja por isso que sejam frequentemente considerados algo banal. No entanto, são uma porta de extrema importância, uma presença constante em nossas vidas. Devemos começar a encarar os sonhos não como fatos insignificantes, mas como uma realidade central em nossa existência. Deveríamos considerar os sonhos como algo transcendental? Se assim for, teremos que interpretá-los de maneira diferente. Tive a oportunidade de ler alguns livros que abordavam os sonhos. Alguns tentavam interpretá-los, enquanto outros se debruçavam sobre aspetos mais científicos. Um deles chamou minha atenção: "Sonhos Lúcidos," escrito por três autores americanos, em uma edição brasileira. Ao levantar a questão dos sonhos com alguns amigos, eles reagiram com ceticismo, afirmando que os sonhos são eventos comuns que todos experimentamos, mas que não têm significado algum. No entanto, os sonhos são, de fato, muito importantes. Eles fazem parte daquilo que ainda não conseguimos compreender plenamente, mas que um dia poderemos entender com certeza. Limitar-nos a uma visão superficial não é a melhor abordagem; precisamos aprofundar nosso entendimento. Daqui para frente, precisamos atribuir uma importância muito maior aos sonhos, pois eles nos revelam a Dualidade entre o Cosmos-exterior e o Cosmos-interior. Devemos dialogar diretamente com a realidade dos sonhos, pois eles sempre estiveram presentes em nossas vidas, mas nossa capacidade 47 Contos Continuados António Durval de compreendê-los ainda está longe de estar esgotada. Isso limita nossa compreensão completa de quem somos. Primeiro sonho — 09-03-2020 Naquela noite, eu estava com dificuldade para adormecer. Mudei de posição várias vezes na cama, mas nada parecia funcionar. Quando finalmente parei de me preocupar com isso, consegui adormecer. Ao acordar de manhã, lembrei-me de um sonho que tive e peguei imediatamente no celular para registar o que conseguia lembrar. No sonho, eu estava em uma cidade que parecia ser o Porto. Caminhava pelas ruas na companhia de um desconhecido, enquanto muitas pessoas passavam por nós, algumas apressadas, outras mais tranquilas, como é comum na vida urbana. Em determinado momento, entrei em um autocarro que subia uma rua que me pareceu ser a dos Clérigos. Nessa área mais elevada, havia algumas casas de dois andares, e percebi que uma delas estava soltando fumaça pelo telhado. Comentei com as pessoas ao meu redor que parecia ser o início de um incêndio. As chamas se espalharam rapidamente e engoliram todo o prédio. Os bombeiros demoraram a chegar, enquanto o autocarro e outros veículos ficaram parados. As pessoas observavam a cena. O incêndio não se limitou ao telhado; as chamas envolveram um material transparente semelhante a plástico, que derreteu sob o calor. Já fora do autocarro olhei para o céu através das nuvens e vi uma linha circular discreta. Pensei comigo mesmo: Eles estão lá em cima. As chamas consumiram a casa completamente, deixando os espetadores apreensivos. Os bombeiros chegaram e conseguiram evitar que o incêndio se alastrasse para as casas vizinhas. A área ficou vazia e fumegante, e a casa que estava lá tinha desaparecido completamente. As pessoas comentaram sobre o 48 Contos Continuados António Durval acontecimento, e os moradores da casa estavam na rua, lamentando apenas a demora dos bombeiros. Gradualmente, a situação se acalmou, e eu procurei um lugar vago no autocarro que ainda estava parado na fila. Assim terminou o meu sonho. Como explicar adequadamente esse sonho? Vou tentar: Estávamos numa cidade movimentada, e alguém estava dentro de um autocarro. O incêndio causou destruição, mas também abriu caminho para algo novo. Segundo sonho — 14-03-2020 Num outro sonho, encontrei alguém que me levou a um grande campo e, com uma voz firme, disse: "— Vês? Os humanos têm muitas doenças." Olhei para o chão e vi uma série de círculos que representavam os vírus dos seres humanos, com pontos coloridos dentro e ao redor deles. Concordando com o interlocutor, eu disse: "— Isso está realmente ruim." A voz continuou: "— Tudo precisa ser limpo! Caso contrário, a humanidade não conseguirá sobreviver e alcançar os objetivos que pretendemos para ela. Vês esses círculos e aqueles ali?" Havia círculos salpicados com pontos estranhos por toda parte. Fiquei preocupado com a situação, pois o cenário estava se tornando cada vez pior. A mesma voz acrescentou: "— Esperamos que, no final, as coisas melhorem e que os humanos sejam purificados, mas isso levará muito tempo." 49 Contos Continuados António Durval Havia material escuro dentro de cada círculo no chão, e dentro de cada um deles, estávamos nós. Então, eu acordei. Quando revi esse registo de sonho, percebi que se relacionava com a pandemia de Covid-19. Fiquei surpreso com o quanto o sonho parecia importante, considerando o que foi dito. Terceiro sonho — 04-08-2020 Num outro sonho, eu frequentava uma escola que me lembrou a de Raul Dória, próxima ao edifício do Jornal de Notícias. Havia concluído várias disciplinas com bom desempenho, exceto uma, que ficou para o ano seguinte. Com coragem, voltei à escola para falar com meu professor e explicar por que não havia comparecido a essa aula. Procurei por ele na secretaria, mas quem me atendeu foi outro professor. Eu disse: "— Não é com você que desejo falar." Ao mesmo tempo, percebi que meu verdadeiro professor estava atrás do meu interlocutor. Expliquei que havia frequentado essa aula por apenas meio ano e depois desisti. Desejava tentar concluir essa disciplina no próximo ano. O verdadeiro professor assistiu à conversa em silêncio, enquanto o outro disse que não podia continuar a conversa porque estava falando com o público, mas acrescentou: "— Depois nós conversamos. Está bem?" Então, eu acordei. Eu não sabia em que cidade estava, mas era parecida com o Porto. Ao descobrir que só faltava uma disciplina para concluir meu curso, fui até a escola para tentar falar com meu professor. Embora não tenha conseguido, pelo menos recebi uma resposta... 50 Contos Continuados António Durval Quarto sonho — 29-08-2020 Encontrava-me na Sonafi, numa sessão de recrutamento com vários outros candidatos. Lineu, que eu conhecia bem, era o subchefe da sala de desenho, e ele conversava com outros funcionários que não conseguia identificar. Eu estava lá, mas não sabia o que fazer. Pensei: "— Eles vão tentar um contrato com a Sonafi, e eu também, mas acho que não é a hora certa." Fui para a fila, mesmo sem ter documentos para apresentar, enquanto conversava com os outros. Alguém me perguntou: "— Você também vai tentar?" Respondi: “— Sim. Vou tentar." Em seguida, me aproximei do local de inscrição, subindo uma escada, mas percebi que não tinha nada para apresentar, enquanto os outros já tinham seus documentos. Entrei numa sala e pensei: "— Eles não vão me aceitar, porque ainda não tenho os documentos necessários." Então, eu acordei. Foi um aviso do meu inconsciente para aprender mais sobre os sonhos. Aprendi que estava num sonho e, com minha vontade, consegui superar os obstáculos. Quinto sonho — 28-10-2020 Caminhava pelo passeio de uma rua larga, que me pareceu ser a Avenida do Conde em São Mamede de Infesta. Senti alguém batendo nas minhas costas e, ao olhar para trás, vi um jovem barbudo sorridente que me disse: "— Olá, como estás?" 51 Contos Continuados António Durval Não me lembrei dele, mas disse que estava bem. O rapaz continuou: "— Queria te agradecer pelo trabalho que fizeste, a “Borboleta Grande”. Lembras disso? A malta gostou muito." Surpreso com o elogio, tentei me lembrar de ter desenhado uma “Borboleta Grande” pelo menos nos meus sonhos. Não consegui, mas parece que as pessoas que viram gostaram. Agradeci e ele disse: "— Temos que continuar a criar coisas." Eu concordei e nos despedimos. Acordei. Nesse sonho, encontrei alguém no mundo dos sonhos que me cumprimentou e elogiou uma obra minha: a "Borboleta Grande." Eu não me lembrava disso, mas parecia que tinha feito algo positivo em algum momento, talvez em outra vida. Sexto sonho — 21-01-2021 Nesse sonho, eu estava conversando com alguns amigos que não consegui reconhecer. Depois da conversa, comecei a caminhar. À minha esquerda, vi uma pequena escadaria com degraus não muito largos e uma altura de cerca de um metro e vinte centímetros. Subi com cuidado para não cair. No topo, o caminho continuava, mas estava muito danificado, com pedaços de solo presos a ferros enferrujados. Continuei andando sem cair, até chegar a um patamar de onde pude ver uma paisagem. Lá encontrei meu amigo 'S', que não disse nada. Após algum tempo, ele mencionou que tinha visto alguns óvnis (objetos voadores não identificados). Em seguida, conheci um jovem simpático e sorridente, mesmo que eu não me lembrasse dele. Conversamos com grande facilidade. Acordei. 52 Contos Continuados António Durval Tentando entender o significado desse sonho, pensei que a escada que subi poderia representar desafios difíceis que eu ainda teria que enfrentar. O amigo 'S', já me conhecia, pois estudamos juntos o fenómeno dos “óvnis” por 20 anos. Não me lembrei do jovem simpático, mas ele parecia ser alguém que eu conheci em outra vida. Sétimo sonho — 06-05-2021 Enquanto caminhava por uma rua, notei que algo estava faltando num prédio que eu conhecia. Tinha-me afastado bastante, mas decidi voltar. Ao fazer isso, acabei entrando em um autocarro lotado, onde tive que viajar em pé e era peculiar, com bancos transversais ocupando toda a largura. Isso me obrigou a passar por cima dos outros passageiros. O autocarro percorreu muitas ruas, e eu estava um pouco confuso, pois não estava familiarizado com aquele meio de transporte. Em um momento, toquei a campainha para descer, mas, ao me aproximar da porta, percebi um obstáculo: havia uma estrutura de ferro com pedras grandes prestes a cair na área de passagem dos passageiros. Sair poderia resultar em ser atingido por essas pedras. Pensei: "— Como vou sair daqui afinal?" Pensando nisso, eu já estava na rua. O autocarro continuou sua viagem. Eu não sabia como consegui sair, mas consegui. Estava longe do prédio que me fez voltar, mas gostei da caminhada que estava fazendo a pé. Depois, acordei. Oitavo sonho — 01-02-2022 Em outro sonho, eu estava deitado na cama, e minha esposa me acordou, dizendo que uma senhora ou uma menina havia entrado em nossa casa, alguém que eu inicialmente não reconhecia. 53 Contos Continuados António Durval Levantei-me da cama e passei pelo quarto onde nossos dois filhos estavam dormindo. Fechei a janela para não acordá-los, pois estava frio. No entanto, meu filho mais velho começou a acordar. Pensei: “— Como eles entraram? Talvez enquanto eu estava dormindo." Depois, acordei. Naquela noite, minha primeira bisneta nasceu neste planeta. 54 Contos Continuados António Durval Óvnis no Céu Brasileiro Naquela noite, ocorreu algo misterioso nos céus brasileiros, onde aproximadamente 20 óvnis surgiram. Foi um acontecimento que muitas pessoas observaram e que motivou a intervenção de cinco aviões da Força Aérea Brasileira. Não é fácil incluir nesta obra uma notícia que, na realidade, não pertence ao seu autor e na qual sua experiência pessoal não se aplica. No entanto, poderia ele expressar algo sobre o assunto? É óbvio que sim, como qualquer um dos bilhões de habitantes deste planeta, pode ter sua opinião sobre esse acontecimento. Não podemos garantir a total veracidade do relato, mas isso é uma questão a ser abordada posteriormente. Os chamados óvnis merecem a nossa atenção cuidadosa, e muitas pessoas, sem dúvida, podem contribuir de forma válida para esse assunto. Por mais de 60 anos, examinei muitos casos que foram observados em Portugal entre os anos de 1908 e 2004, registados nos arquivos do CTEC Centro Transdisciplinar de Estudos da Consciência da Universidade Fernando Pessoa. Não podemos nos basear apenas nos estudos em que participei, mas também nos testemunhos e análises realizados em outros países, como o caso apresentado a seguir: Todos os dias, surgem na internet notícias sobre avistamentos de óvnis, nas quais não é possível verificar sua veracidade. No entanto, o caso que apresentamos, ocorrido no Brasil em 19 de maio de 1986, testemunhado por muitas pessoas ligadas à aviação e amplamente divulgado na mídia da época, deixa poucas dúvidas quanto à sua autenticidade. Nesse episódio, estiveram envolvidas pessoas amplamente conhecidas pelos brasileiros, como o Professor Urbano Ernesto Stumpf, o ufólogo Edison Boaventura e o coronel Ozires Silva, que voltava de uma reunião com o presidente da República José 55 Contos Continuados António Durval Sarney, além de ter sido testemunhado por mais de 2000 militares, entre cadetes e oficiais da Escola de Especialistas da Aeronáutica. Este caso, além dos nomes reconhecíveis pelos brasileiros, apresenta-nos com precisão os locais e horários dos acontecimentos. É um dos casos mais bem documentados em todo o mundo. Dentre as inúmeras referências disponíveis na internet sobre esse acontecimento, compartilhamos o que podemos encontrar na página da internet a partir da qual extraímos os seguintes trechos: "Quando chegou para trabalhar no dia 19 de maio de 1986 no Aeroporto Internacional Professor Urbano Ernesto Stumpf em São José dos Campos (SP), o controlador de tráfego aéreo Sérgio Mota da Silva não imaginava que aquele plantão entraria para a história da ufologia como a 'A Noite Oficial dos OVNIs'. Na noite daquela segunda-feira, 20 objetos voadores não identificados, alguns deles com até 100 metros de diâmetro, foram avistados por dezenas de testemunhas civis e militares em quatro Estados: São Paulo, Rio, Minas e Goiás. Só no interior de São Paulo foram registados avistamentos em Caçapava, Taubaté e Mogi das Cruzes. Em Guaratinguetá (SP), o avistamento foi coletivo. Quem conta é o ufólogo Edison Boaventura Júnior, presidente do Grupo Ufológico do Guarujá (GUG). Por volta das 20h, cerca de dois mil militares entre cadetes e oficiais da Escola de Especialistas da Aeronáutica (EEAR) testemunharam o fenómeno a olho nu ou com binóculos. Os óvnis, sigla usada para designar objetos voadores não identificados, foram detetados por radares do Centro Integrado de Defesa Aérea e de Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta). Isso significa que, em outras palavras, esses objetos eram sólidos." Cinco caças da Força Aérea Brasileira (FAB) foram acionados pelo Centro de Operações da Defesa Aérea (CODA) para intercetar os supostos invasores. Segundo os pilotos, os pontos multicoloridos conseguiram realizar, entre outras manobras, pairar estáticos no céu, voar em ziguezague, 56 Contos Continuados António Durval fazer curvas em ângulos retos, mudar de cor, de trajetória e de altitude, e atingir velocidades de até 15 vezes a do som. (…) Contactos imediatos Em São José dos Campos (SP), a "A Noite Oficial dos OVNIs" teve início por volta das 20h quando o sargento Sérgio Mota da Silva começou a gerenciar a decolagem do voo 703 da extinta empresa aérea Rio Sul com destino ao Rio de Janeiro (RJ). Foi quando avistou uma estranha luz semelhante a um farol parado no céu. Intrigado, ligou para a torre do Aeroporto Internacional de Guarulhos para verificar se alguma aeronave seguia em direção a São José dos Campos. A resposta foi negativa. Enquanto os dois conversavam, o objeto desapareceu e, pouco depois, reapareceu com um brilho ainda mais intenso. Sérgio pegou um binóculo para observá-lo melhor. Era cintilante e multicolorido, recorda. A certa altura, o sargento reduziu a intensidade das luzes da pista de pouso e decolagem do aeroporto. Nisso, entretanto, os artefatos se aproximaram. Quando ele aumentou o brilho, eles se afastaram. "Se estavam tentando interagir comigo, não sei. O que sei é que se comportaram de maneira inteligente", observa. (…) Pânico a bordo Pelo menos três aeronaves relataram avistamentos naquela noite. A primeira foi um modelo Bandeirante da TAM que fazia a rota de Londrina (PR) a São Paulo (SP). O piloto chegou a informar ao Centro de Controle de Área de Brasília (ACC-BS) que havia um artefato se aproximando dele em aparente rota de colisão. A segunda, da Transbrasil, também avistou um UFO (sigla em inglês para Unidentified Flying Object ou objeto voador não identificado) sobre a região de Araxá, no interior de Minas. O voo seguia de Guarulhos (SP) para Brasília (DF). A terceira e última foi um avião bimotor 57 Contos Continuados António Durval Xingu prefixo PT-M BZ que voltava de Brasília (DF) com destino a São José dos Campos (SP). A bordo estavam o coronel Ozires Silva, que voltava de uma reunião com o presidente da República José Sarney, e seu piloto, Alcir Pereira da Silva. Às 21h04, Sérgio entrou em contato com o piloto do bimotor. Perguntou se ele tinha avistado algo de estranho no ar. Pelo radar, o controlador tinha detectado três OVNIs sobre São José dos Campos. Quando avisou que tentaria fazer uma manobra de aproximação do objeto descrito como "ponto luminoso" e "muito grande", Ozires ouviu de Alcir, visivelmente apavorado: "Todo mundo que tenta perseguir uma coisa dessas acaba desaparecendo, sabia?" Desta vez, quem desapareceu, para alívio do copiloto, foi a luz misteriosa. Ela sumiu assim que o piloto começou a manobrar a aeronave. Não é necessário incluir todo o documento para manter a consistência do que aconteceu. Quem desejar pode acessar a descrição completa, pois está disponível na internet. Limitamo-nos, portanto, a transcrever parcialmente essa notícia. Como conclusão, podemos ainda ler o seguinte: "Nós, seres humanos, somos muito presunçosos. Achamos que somos os donos do universo", declarou o coronel Ozires Silva no programa 95 Online da rádio 957 FM de Curitiba em 2014. Por meio de nota, a Aeronáutica informou que todo o material disponível sobre OVNIs já foi encaminhado ao Arquivo Nacional. E mais: não dispõe de profissionais especializados para realizar investigações científicas ou emitir parecer a respeito deste tipo de fenômeno aéreo.” Em Portugal, em 2 de novembro de 1982, foi observado um caso bastante semelhante na zona da Ota. Também aqui foram coletados testemunhos e elaborado um detalhado dossier pelo PUFOI - Portuguese UFO Internacional, disponível enquanto existiu na página da internet dessa organização. O caso 58 Contos Continuados António Durval teve como principal protagonista o tenente Júlio Guerra que, naquele dia, viveu uma experiência extraordinária que ficou gravada para sempre. O caso brasileiro é importante, não só pela diversidade das fontes disponíveis, mas sobretudo pelo número de testemunhos que não deixa qualquer dúvida quanto à sua veracidade. Estão registados avistamentos de óvnis em todo o mundo; no entanto, muitas pessoas ainda duvidam. Serão seres extraterrestres muito avançados que visitam a Terra? Ou algo mais? Não devemos restringir nossas hipóteses a um único pensamento dominante, mas sim explorar caminhos alternativos desde que sejam fundamentados. Portanto, perguntamos: - O que vemos no céu, não seremos nós mesmos? Esta é uma pergunta fundamental. Desde que a nossa vida começou, bilhões de seres humanos terminaram sua experiência no Cosmos exterior. Alguns deles podem ter a capacidade de voltar para observar o que está acontecendo e tentar alertar para a necessidade de corrigirmos nosso comportamento? Acredito sinceramente que sim. Também coloco a hipótese de que seres de outras origens possam participar desse objetivo de alerta. Eles utilizam os sonhos e os óvnis como formas de se comunicarem connosco. Essa pergunta é crucial e precisamos compreendê-la. Após o fim da vida terrena, iremos para o outro lado, que pode ser provisório ou definitivo, dependendo de nossa evolução. Pode ser difícil acreditar, mas precisamos fazer esse esforço. Na Terra, estamos sempre aprendendo e evoluindo, e quando chegarmos ao fim desta vida, continuaremos do outro lado. A Dualidade, Cosmos-exterior / Cosmosinterior, será sempre a expressão final do que alcançamos com nosso esforço e aprendizado. Apresentar neste livro o episódio ocorrido no Brasil é mais uma evidência de que não estamos sozinhos. Eles aparecem com frequência nos céus deste Cosmos-exterior, caso ainda não tenhamos percebido. No Cosmos-interior, todos acabaremos um dia. No entanto, precisamos vencer a escuridão para continuar. Não podemos nos concentrar apenas em dominar o espaço — um dia, precisaremos alcançar a claridade. 59 Contos Continuados António Durval 60 Contos Continuados António Durval Conversa sensível Quando está a dormir, existe um ser que, por vezes, surge nos sonhos, numa ligação que desenvolveu com o Cosmos-interior, para onde um dia iremos. É um ser muito evoluído, e qualquer um de nós poderá conhecê-lo. Podíamos designá-lo como um Anjo, mas ele prefere que o identifiquemos como "Ser do espaço". Neste diálogo, que ocorreu um certo dia, ele fala por si e pelos outros que se encontram no Cosmos-interior. Na Terra, temos de evoluir o suficiente para encontrar as respostas necessárias para enfrentar a grave situação na Terra da qual somos responsáveis. Conversa entre um “Ser do espaço” e uma “Pessoa”. Ser do espaço: — Espero que te encontres bem aí no Cosmos-exterior. Estou aqui para conversar contigo. Pessoa: — Obrigado, caro amigo. Conheço-te bem; já temos falado noutras ocasiões. Nunca rejeito a possibilidade de contactar alguém que venha desse Cosmos. Precisamos da vossa orientação para podermos evoluir. Não sei como equacionar certas questões ligadas à Vida e ao Cosmos-interior. Estamos pressionados pela pandemia que surgiu há três anos na Terra e parece que se manterá por muito tempo. Poderíamos falar sobre isso. Pode ser? Ser do espaço: — Claro que sim. Eu também vivi na Terra há muito tempo e sei como é difícil ultrapassar esses obstáculos sem ter qualquer orientação. Nessa altura eu queria avançar, mas estava mergulhado no tumulto de uma vida, sem conseguir progredir. Enfrentei imensos obstáculos, vivi vários começos. Até chegar à situação em que me encontro agora no Cosmosinterior. Tive de evoluir muito, mas, com imenso esforço, consegui. Agora, 61 Contos Continuados António Durval neste Cosmos muito diferente, poderei ajudar para que a Vida neste planeta possa, de facto, avançar. Atualmente, vive-se na Terra uma enorme hecatombe a que vocês dão o nome de pandemia. A juntar a isso, começou uma guerra terrível que pode pôr em causa a própria sobrevivência da humanidade. Sabemos disso e continuamos ligados a vocês, apesar de separados por uma distância infinita. Todos possuem uma cabeça, um cérebro e um sistema nervoso central com milhões de ramificações que ligam todos os órgãos do corpo. Só com o uso desse equipamento associado à ligação permanente com o Cosmos-interior terão a possibilidade de vencer os terríveis obstáculos. Muitos não acreditam na possibilidade de diminuir a distância que separa os dois cosmos. No entanto, isso já aconteceu várias vezes desde o princípio dos tempos. Percorrer essa colossal distância implica fazer um enorme esforço. Sabemos que alguns o conseguiram. A Humanidade avançou muito na melhoria da vida no Cosmos-exterior, com inovações científicas e tecnológicas. Porém, não conseguiu sair da penumbra que sempre a envolveu. Era um facto natural, mas que podia ser ultrapassado pela ação do cérebro, concebido para superar essa barreira. Esse nevoeiro continua a envolver-vos. Ainda não descobriram verdadeiramente a Dualidade, que sempre existiu, ou seja, a ligação entre o Cosmos-exterior e o Cosmos-interior. Esse objetivo ficou à espera de uma clarificação que foi sempre adiada. Se São Francisco de Assis e outros, um pouco por todo o mundo, conseguiram aproximar-se desse entendimento, com muita insistência e renascimentos, como foi o meu caso, a grande maioria ficou sempre na ignorância do caminho que ainda lhes faltava. Encontro-me aqui juntamente com outros originários da Terra. Por vezes visitamos os nossos irmãos, para os alertar da necessidade de acordarem para esta realidade e somos, por vezes, acompanhados por seres de outras origens, mas somos nós que estamos envolvidos verdadeiramente nesta missão. Analisando com cuidado os desequilíbrios na vossa vida, eles são o resultado de um comportamento anómalo do Homem para com a Natureza. Desde o aparecimento da pandemia até à guerra que eclodiu há meses, vocês 62 Contos Continuados António Durval estão a colher os frutos das vossas ações incongruentes ao longo de centenas de anos. A forma como lidam com os animais; a incorreta exploração agropecuária; a utilização dos combustíveis fósseis; a utilização excessiva dos transportes — acabaram por transformar a Terra num planeta cada vez mais tóxico, no solo, na atmosfera, no mar e agora no espaço. Quem chegar de outro planeta ou mesmo de outra galáxia ficará espantado com os milhares de satélites artificiais que envolvem o planeta Terra. O cérebro é capaz de reconhecer antecipadamente os perigos desse comportamento, mas ainda não se encontra no momento certo para o evitar e acabará por ser-lhe muito prejudicial. Estivessem ligados ao Cosmos-interior e compreendessem os nossos avisos, enviados através dos sonhos, poderiam ter evitado cair na atual situação. Pessoa: — Meu caro, só agora começo a ver melhor a verdadeira dimensão do problema. Este planeta não pode, de forma alguma, suportar esta situação que resulta do nosso atraso. Continuamos envolvidos numa penumbra que dificulta o nosso crescimento e, até agora, não permitiu atualizar-nos. Os que têm consciência do perigo e tentam alertar-nos para mudarmos o rumo que estamos a seguir, depressa são silenciados pela grande maioria que só vê os interesses imediatos. Para esses, só interessam os benefícios que podem obter rapidamente. Não se apercebem da outra dimensão deste problema, ou seja, de tudo aquilo que pode acontecer no futuro. Ser do espaço: — Sim! Os cérebros ainda não estão livres da penumbra e, por isso, não conseguem entender esse problema. Aqueles que se ocupam em decidir sabem qual a forma de garantir o sucesso imediato das suas ambições. Utilizam para isso todas as suas ferramentas e, de forma aparente, obtêm sucesso. Não possuem uma visão do futuro para ver mais longe e antever o que pode acontecer ao planeta, que continua a evoluir pelo espaço. Vocês só conhecem a vossa vida inteligente entre planetas do vosso sistema solar. Encontram-se, portanto, praticamente sozinhos, abandonados e, aparentemente, sem qualquer orientação sobre o vosso futuro. Têm portanto 63 Contos Continuados António Durval um longo caminho a percorrer. O vosso cérebro tem a capacidade de evoluir na direção do contacto com o Cosmos-interior, mas é necessário estabelecer a ligação através da Dualidade que é permanente. Nós não podemos ficar indiferentes. Tivemos origem, um dia, convosco. Porém, não podemos intervir — são vocês que terão de descobrir através do vosso esforço e evolução. Pessoa: — Para além do atual problema ambiental, estou preocupado porque desconhecemos como atuar para resolver a guerra na Ucrânia. Como ela irá evoluir? Estender-se-á a todo o planeta? Poderá este conflito acabar com o mundo? Como poderemos no Cosmos-exterior resistir? Esta situação perturba o meu pensamento. O que podes dizer-me acerca disso? Ser do espaço: — O que afirmaste poderá acontecer. É preciso que os políticos avaliem acertadamente essa guerra e nunca se esqueçam dos valores que se encontram em jogo. Não são só os humanos; é mesmo a VIDA na Terra que está em risco. O que afirmei em relação ao ambiente inclui as relações entre seres humanos e destes com a restante vida animal. Há muito a fazer entre todos. Vós sois o produto de um ato de amor e isso nunca poderá ser esquecido. Sabemos que a pandemia irá perdurar enquanto a perturbação do Homem, na sua relação com a Natureza, se mantiver. Na vossa lenta evolução, tereis de encontrar mais acerto nas decisões para alcançar o equilíbrio nas relações entre indivíduos, entre as sociedades e a natureza. Através da Dualidade, podeis corrigir a vossa atuação. Nunca esqueçam os sonhos que vos surgem todas as noites. Eles são uma das poucas ligações naturais que vocês possuem para fazer evoluir o vosso cérebro. Este meio de contacto aperfeiçoado será muito importante para a vossa vida e, será através deles que enviaremos as nossas mensagens. Tendes de saber interpretar a sua linguagem — estejam sempre atentos. Através da sua interpretação, poderão conhecer muito melhor o caminho que percorrem. 64 Contos Continuados António Durval Pessoa: — Estás num outro espaço cósmico, mas andaste pela Terra durante muito tempo. Isso faz com que o teu conselho mereça a nossa melhor atenção. Tu, como muitos outros, já atingiste a meta a que todos os homens alimentam a esperança de, um dia, chegar. Não podemos continuar sozinhos neste enormíssimo espaço, quando possuímos dentro de nós uma ligação permanente que ainda não a usamos porque desconhecemos simplesmente que ela existe. Falaste, e muito bem, em sonhos. Julgo que eles são a resposta a muitas das nossas dúvidas, embora para muitos humanos o seu significado não tenha esta dimensão de contacto com a realidade do Cosmos-interior. Poderei contar um sonho que considero interessante? Ser do espaço: — Claro que sim! Pessoa: — Nessa noite tive vários sonhos. Só me recordo do último que aconteceu já perto da manhã. Passo a contar: “Encontrava-me num escritório onde tentava ordenar uma lista de nomes escritos numa página. Conhecia alguns. Tentei dar um sentido àquilo, mas não o consegui totalmente. Olhei para o relógio e disse para comigo que teria de deixar esse trabalho e ir até casa. Lá possuía elementos mais concretos para continuar a ordenar a lista. Peguei nos papéis e dirigi-me para casa. Reparei, entretanto, que uma bonita mulher com uns canudos nos braços me acompanhava. Contei-lhe para onde me dirigia e o que ia fazer. Ela sorriu e retorquiu que lhe acontecera algo parecido e também ia para sua casa para melhor concluir a tarefa que estava a fazer. Entretanto, passamos por uma praça onde nos deparamos com algo insólito. Havia, num largo, um grande buraco coberto por uma malha de ferro apodrecida que ameaçava ruir. Uma camioneta de passageiros desviara-se da sua rota, e uma roda encontrava-se em cima dessa malha que parecia prestes a ceder. Não era certo que o motorista fizesse bem a manobra para o evitar. Atravessei para o outro lado para observar melhor aquela situação. A camioneta encontrava-se muito desequilibrada. Reparei que a arquiteta que me acompanhava já não se encontrava ali. Procurei-a com o olhar mas não 65 Contos Continuados António Durval a encontrei. Fiquei bastante embaraçado. Acordei. Foi este o sonho. Tentei descobrir o seu significado e logo começaram a surgir na minha mente algumas conclusões. Ser do espaço: — Seria uma tarefa fácil de executar. Muitas vezes o Cosmosinterior não usa um inconsciente difícil de interpretar e desta vez não usou mesmo. Pessoa: — Interpretei o sonho da seguinte forma: encontrava-me ao computador num escritório a ordenar uma determinada lista. Tentava verificar se os nomes estavam corretos. Julguei que talvez em casa pudesse fazer esse trabalho com mais facilidade. A arquiteta foi uma voz amiga que me acompanhou, julgo que representava o Cosmos-interior. O que significa o grande buraco na Praça? Coberto pela rede de ferro em mau estado? Poderia ser o suporte da civilização onde me encontro? A camioneta que teve o acidente são os biliões de seres humanos que estão prestes a cair nesse buraco? A situação era complicada, já que a rede de ferro não resistiria por muito tempo e todos cairíamos no precipício. Vejo uma grande semelhança com a situação que vivemos atualmente. Ser do espaço: — Interpretaste esse sonho de forma correta. No essencial é isso mesmo. Não é preciso dizer mais nada. De certeza que haverá muitos sonhos que refletem a nossa apreensão sobre a situação que vivemos hoje em dia. Pessoa: — Obrigado caro Ser do espaço. Desejava, se possível, colocar outra questão. Durante os últimos séculos surgiram diversas religiões e filosofias a que uma grande maioria de nós está mais ou menos ligado. Elas designam Deus, ou Deuses, de formas diferentes. Por isso pergunto: Como poderemos fazer uma leitura correta das religiões e filosofias que existem atualmente no mundo? 66 Contos Continuados António Durval Ser do espaço: — Não vou obviamente entrar pelo caminho de uma análise científica. Estou a falar para um campo muito alargado de pessoas onde toda a gente terá de me entender. O que interessa, realmente, é que vocês entendam o que é essencial: Existem muitas religiões e crenças que desde os tempos antigos apontam para uma, ou várias, forças espirituais no Universo. Algo idêntico se passa com a Filosofia. Atualmente existem de facto muitas religiões e filosofias. Isso é o resultado da vossa evolução ainda envolvidos na tal penumbra, que aos poucos julgo se irá dissipar. Isso será feito, se entretanto não ocorrer uma tragédia, ambiental ou bélica que acabe com a Vida no planeta. Nós não desejamos que isso aconteça. Tudo faremos para que vocês deem os passos necessários para o evitar. Pessoa: — Compreendo-te. Aquilo que vem a seguir poderá ser terrível. Esperemos encontrar uma solução a tempo. Ser do espaço: — Existem sociedades que se encontram ainda numa fase primária da sua evolução e gradualmente o seu comportamento será corrigido. Poderá levar ainda tempo. É necessário que o intercâmbio entre todos os povos avance sem violentar o processo de evolução. Não podem impor aos outros a vossa forma de pensar, pelo contrário, têm de se relacionar com mais justiça e amor. Por exemplo, terão vocês de continuar a matar animais para se alimentarem? O homem acabará por criar o seu alimento, sem ser obrigado a sacrificá-los. Acabar com o sofrimento que inflige às outras espécies deve ser uma meta a atingir, embora sabendo que na fase evolutiva em que vos encontrais, ainda é muito difícil. Terá de haver um esforço sério para que todos possam compreender essa necessidade. Nunca atacamos nenhuma religião ou filosofia mesmo numa fase primária da vossa evolução. O necessário é que se atinja o entendimento de que existem outros caminhos. Que têm de procurar. Nunca vos esqueçais que, um dia, teremos de estar perfeitamente inseridos na Natureza da qual todos fazem parte integrante. Poderão evoluir muito mais rapidamente com o auxílio dos vossos 67 Contos Continuados António Durval sonhos e assumir a Dualidade para que um dia possamos falar uns com os outros livremente. Tens mais perguntas? Pessoa: — Desejava ainda falar sobre alguns assuntos que me continuam a preocupar. Ser do espaço: — Podes apresentar os casos que consideras mais prementes. Não poderei falar de assuntos que ultrapassam o teu cosmos, mas haverá outros que precisam de uma resposta rápida. Com Amor, não com guerras, é essa a grande mudança que tereis de fazer. Pessoa: — Sempre afirmei, não como cientista, mas como uma pessoa comum, que o que importa é saber se existe outro caminho a percorrer. O cérebro é fantástico e um dia será capaz de gerir integralmente a vida. Até lá, 68 Contos Continuados António Durval ainda há muito a transformar em nosso comportamento. Todos os estímulos sobre esse assunto são bem-vindos. Nesta imagem, represento a totalidade da vida. Podemos observar o Cosmosinterior e o Cosmos-exterior em duas situações: a vida na Terra atual e no futuro. A vida futura na Terra representa um ideal a ser alcançado. A vida atual é a que temos agora. Cada uma dessas duas hipóteses está separada por uma linha que chamamos de Linha da Vida. A passagem entre os dois cosmos só pode acontecer em certas circunstâncias, e a linha só pode ser atravessada pela nossa parte mental ou alma. Teremos que atravessá-la um dia, depois que esta vida terminar, e passar para aquela onde vocês continuam a evoluir. Parece pouco, mas é imenso! É a mesma distância entre estar acordado e estar dormindo — quase nada, mas representa tudo o que está associado à nossa vida. Todas as noites, quando dormimos, atravessamos para o outro lado. Vislumbramos outro mundo, mas não totalmente, apenas através do nosso inconsciente. Quando tivermos evoluído o suficiente, entraremos conscientemente nesse lado. As artes, as invenções, e tudo o que marca o avanço intelectual são alcançados com a ajuda dessa ligação com o nosso interior. Os artistas estão sempre conectados com esse lado, e isso se reflete em suas obras. A vida futura na Terra representa o ideal a ser alcançado nos tempos que um dia acontecerão. Na parte referente à vida na Terra atual, o Cosmos exterior encontra-se em uma espécie de caos, como o nosso mundo contemporâneo. A ameaça de explosões atómicas lembra o que pode acontecer a qualquer momento se o ser humano perder o controle - o que seria terrível. Devemos encontrar uma fórmula para evitar a produção e o uso dessas armas. Isso é realmente muito importante. Agradeço as tuas considerações. Ajudas-te a compreender as fases da vida. Para mim, nossas conversas são como um tipo de vinho do Porto, apreciado 69 Contos Continuados António Durval apenas em momentos muito especiais, que nos obrigam a pensar com maturidade. Ser do espaço: — Ótimo, meu caro amigo. Apresentas-te o problema de maneira perfeita. Não podemos intervir diretamente, como entenderá, mas o que você afirma corresponde basicamente ao que acontece em termos humanos. O ser humano terá que fazer um esforço para encontrar o caminho por si mesmo. Pessoa: — Compreendo, meu caro amigo. Posso fazer mais uma pergunta, se me permitir? Ser do espaço: — Claro que sim. Pessoa: — Às vezes, tenho dificuldade em discutir esses assuntos com outras pessoas. Não consigo sempre chamar a atenção delas, mesmo daquelas que me acompanharam no estudo da ovnilogia. Embora alguns me compreendam, a maioria não. Acredito que essa situação possa ser superada. Nossa evolução não avançará se tivermos uma visão única. Posso estar enganado, e você pode ajudar-me, sem dúvida. Estou convencido de que essa nova visão é um caminho válido a seguir. Há milhares de anos, as civilizações egípcia, grega, romana, maia e muitas outras estudaram o tema dos sonhos. Às vezes, vejo você no espaço e saúdo-o com alegria. Sei que tenho muitas imperfeições, mas tento avançar em direção ao Cosmos interior, pois é lá que um dia nos encontraremos. Ser do espaço: — Sim, sem dúvida, mas ainda tens muito a evoluir. Não importa se são ricos ou pobres, muito ou pouco inteligentes. O que importa é a evolução que cada um alcança, para si e para a humanidade. Cada ser humano compartilha o mesmo destino desde o nascimento. Todos caminham em direção ao mesmo objetivo de um dia atingir o Cosmos- interior. Claro que podem ocorrer acidentes ou atrasos, mas quando nascem, são todos 70 Contos Continuados António Durval iguais. No final da vida, às portas do Cosmos-interior, farão uma avaliação completa de seu percurso. O que importa é o valor do que fizeram pela humanidade, independentemente do reconhecimento ou fama que alcançaram. Neste cosmos, é tão importante quem projeta quanto quem executa. Sabemos que existem muitos percalços pelo caminho que podem complicar bastante o que dissemos anteriormente. Pessoa: — Prezado amigo, ainda nem pensamos nisso, mas a necessidade de ampliar o conceito de sabedoria está se tornando evidente — uma espécie de revolução. Não para atribuir méritos a este ou àquele, mas para avançar em direção ao verdadeiro progresso. No campo científico, há muitos desvios que, em vez de aprofundarem o conhecimento, se afastam dele. Felizmente, outros se esforçam para contribuir para a felicidade geral. Ser do espaço: — O que acabaste de afirmar está correto. Certamente, continuarás a aperfeiçoar-te nesse sentido. Não posso dizer muito mais, pois principalmente aguardamos a tua evolução. Oferecerei a ajuda possível, mas serão vocês que avançarão com suas ações. Em uma situação em que estivermos unidos, nossa cooperação indireta pode ser mais eficaz. Não tenho nada a acrescentar ao que já disse. Sempre que precisares, não hesites. Pessoa: — Agradeço tuas palavras, que vêm de uma grande alma. Temos muito a evoluir para podermos conversar de maneira diferente. Se os habitantes deste planeta conseguirem, um dia, dialogar entre si e com os seres deste espaço, estaremos contribuindo para levar o planeta Terra ao seu verdadeiro destino. Até lá, temos muito que nos esforçar. 71 Contos Continuados António Durval 72 Contos Continuados António Durval Facebook Cósmico Será possível conversarmos com alguém do Cosmos interior? No imenso espaço que denominamos Universo, tudo pode acontecer, inclusive a existência de uma espécie de Facebook Cósmico que um dia poderá nos conectar com o outro lado. Poderemos falar diretamente com alguém do Cosmos interior? Só precisamos evoluir nosso cérebro, pois essa máquina natural incrível com a qual nascemos tem a capacidade de se aperfeiçoar constantemente. Quando nascemos, todos possuímos um cérebro semelhante, mas ao longo da vida, recebemos inúmeros estímulos que nos ajudam a avançar em direção a uma compreensão mais profunda. Isso é crucial, pois nos ajuda a interpretar a realidade com mais precisão e a conhecer melhor nossa verdadeira essência, superando as disfunções que podem obscurecê-la. Durante a vida, podemos ter a oportunidade de atravessar o espaço infinito e alcançar qualquer destino desejado, recorrendo, por exemplo, aos Sonhos Lúcidos ou à Meditação. Se seguirmos esse caminho, um dia poderemos observar o espaço mais de perto e dialogar com aqueles que vêm de outro mundo, que eu chamo de Cosmos-interior, e que outros ainda designam como óvnis (Objetos Voadores Não Identificados). No entanto, com a evolução natural do nosso cérebro, seremos capazes de identificá-los claramente, pois Eles somos Nós. Sabemos que muitos leitores podem não concordar com a teoria apresentada neste capítulo do Facebook Cósmico. Nem todos estão familiarizados com as ideias de alguns psicólogos que intuíram, estudaram e nos revelaram essa hipótese. Após 60 anos de pesquisa, eu aceitei essa proposta que, afinal, se alinha perfeitamente com as minhas observações no céu. A possibilidade de atravessar para o Cosmos-interior também é sugerida na Bíblia, embora seus 73 Contos Continuados António Durval fundamentos ainda não sejam totalmente claros. Aos poucos, podemos continuar a desvendar nossa verdadeira natureza. As religiões refletem essa dificuldade, pelo menos em parte. Elas surgiram em um período de profunda obscuridade que afetava a todos. Suas formas de atuação estavam imersas na mesma limitação. Estamos conectados ao Cosmos-interior e temos a capacidade de compreendê-lo, já que visitamos esse lugar todas as noites através dos sonhos. Perguntamos: você possui amigos que já partiram para o outro lado? Poderá conversar com eles sempre que desejar! Eles estão sempre disponíveis para sua amizade, mas não a qualquer momento, apenas quando sua evolução mental permitir. Alguns podem já tê-los encontrado em sonhos ocasionais e até terem conversado com eles, mas a maioria das pessoas ainda não está mentalmente preparada para isso, até que seus cérebros tenham evoluído o suficiente. Alguns já conseguem, mas a grande maioria ainda não. A realidade mostra imensas diferenças em todo o mundo quanto à nossa evolução. O Facebook, fundado por Mark Zuckerberg e seus colegas da faculdade, começou como uma rede social inicialmente voltada para estudantes da Universidade de Harvard e, posteriormente, se expandiu para outras universidades. Hoje, ele é usado em todo o mundo, conectando milhões de pessoas. Sua utilização permite que as pessoas expressem livremente seus pensamentos e oferece a oportunidade de trocar ideias a qualquer momento. Antes, as pessoas comuns não tinham uma presença na Internet, mas agora, com uma conta nesta rede social, podem participar do mundo virtual, compartilhando textos, sons, imagens, fotos e vídeos sobre uma ampla variedade de tópicos, além de interagir com muitas pessoas. É uma pena que ainda não seja usado para explorar mais profundamente o verdadeiro propósito de nossa existência. 74 Contos Continuados António Durval A novidade que apresentamos neste livro é a possibilidade de existir um "Facebook Cósmico". Chegará o dia em que teremos uma aplicação semelhante, mas com um alcance muito mais amplo. Imaginem, meus caros amigos, que além de termos uma rede social como a que temos atualmente na Terra, possamos criar outra que nos permita explorar outras dimensões do espaço, tanto deste Cosmos-exterior quanto do Cosmos- interior. Por que não? Meus caros amigos. Se um dia nossa evolução nos permitir entrar em contacto com seres que já partiram desta Terra ou de outros lugares em direção ao Cosmos-interior, por que não estabelecer esse contacto sempre que desejarmos? Existem religiões, como o Espiritismo, que há muito tempo tentam se conectar com aqueles que já partiram. Pode haver outras que compartilhem da mesma premissa, e todas são importantes nessa jornada em direção a uma unidade universal no futuro. Desejo apenas mencionar que, quando estabelecermos um processo mais amplo e preciso para conversarmos sempre que desejarmos com aqueles que já partiram, isso pode ser chamado de Facebook Cósmico. Por que não? 75 Contos Continuados António Durval 76 Contos Continuados António Durval A Quinta Investida Encontramo-nos na quinta investida de uma pandemia que insiste em não nos deixar em paz. Para aqueles que até agora conseguiram superar esta doença, faço votos não apenas para que possam escapar dela, mas também para que considerem traçar um novo rumo para o futuro. Quando a pandemia começou, cerca de três anos atrás, ela abalou a União Europeia. A China inicialmente conseguiu conter esse terrível vírus com diretrizes rigorosas, mas diante dos surtos mais recentes, teve que impor restrições severas novamente. Estamos agora enfrentando outra onda (dizem que é a sexta ou até mesmo a sétima). A estirpe dominante, chamada Ómicron e originária da África, é mais transmissível, mas geralmente causa consequências menos graves do que as anteriores. Não sabemos quando essa epidemia deixará de nos afligir ou quando a população mundial finalmente terá acesso às vacinas. Podemos adotar duas atitudes em relação aos planos de vacinação das autoridades de saúde: sim ou não. A maioria optou por aceitar a vacinação, enquanto outros a recusaram. Quem estará certo? Não temos dúvidas de que aqueles que seguiram a vacinação resistiram melhor até agora, mas não podemos afirmar que sempre será assim. Encontramo-nos no Cosmos-exterior, onde, embora não saibamos qual é a melhor abordagem, temos nos esforçado para minimizar os danos causados pela COVID-19, enquanto buscamos uma solução para erradicar a doença. Até agora, avançamos principalmente sob a influência do Cosmos-exterior, mas por que não prestarmos mais atenção ao Cosmos-interior para orientação? Devemos tentar interpretar adequadamente o que nosso inconsciente nos comunica. Somente com ambas as realidades operando simultaneamente, podemos avançar com segurança. 77 Contos Continuados António Durval Esperamos que finalmente surja uma vacina que seja eficaz contra todos os casos que surgem. Embora estejamos no Cosmos-exterior,* temos a capacidade de ir muito além. Dentro de nossas possibilidades, precisamos nos esforçar para acessar o Cosmos-interior. * Como estão aqueles que foram afetados pela pandemia e se recuperaram? Eles não podem considerar o caso encerrado, pois existe a possibilidade de voltarem a ser infetados. É uma pergunta difícil, senão impossível de responder. Diante dessa situação, o que devemos fazer? Devemos apenas observar e ver o que acontece? Precisamos persistir em nossos esforços para buscar a verdade, na certeza de que, à medida que nos conectarmos mais profundamente com o Cosmos-interior, estaremos mais protegidos contra essa doença. Esse caminho nos ajudará a superar nossas imperfeições e a nos conectar de forma mais profunda com a natureza, praticando o verdadeiro amor entre nós e os outros seres. Suponho que só podemos ter sucesso combinando os esforços do Cosmosexterior, onde nos encontramos, como o do Cosmos-interior. __________ * As expressões Cosmos-exterior e Cosmos-interior representam aquilo que chamamos de dois mundos complementares e que formam uma Dualidade. O Cosmos-exterior é o “Mundo exterior” que conhecemos ainda timidamente, mas que que nós sentimos diretamente desde que nascemos. Neste mundo a vida tem um limite de tempo e sabemos que é uma experiência que cada um estará a fazer para preparar a entrada no Cosmos-interior. O Cosmos-interior é o outro mundo que fica para além deste e cuja ligação é feita sobretudo pelo nosso inconsciente. Os sonhos também representam uma ligação do Cosmos-exterior ao Cosmos-interior e que terá de ser descoberto através do nosso cérebro. Será um objetivo que aos poucos será mais visível mas cuja visualização plena permanecerá no infinito. Obviamente, esses nomes tiveram e têm há muito outros nomes. Aqui, porém, adotamos estes que serão aqueles que adotamos. 78 Contos Continuados António Durval Somente com essa dualidade poderemos alcançar nosso objetivo. Por um momento, vamos explorar outro tema que não está estritamente relacionado às pandemias, mas diz respeito à saúde de forma geral. Recentemente, li o livro "Curados" do Dr. Jeffrey Rédiger, médico e psiquiatra na Harvard Medical School, na Inglaterra. O livro explora de forma interessante casos de remissão espontânea de muitas doenças, seguindo abordagens totalmente diferentes das convencionais. O autor começou a investigar esses casos após observar melhorias notáveis em pacientes em uma pequena cidade no interior do Brasil, Abadiânia, onde os tratamentos eram baseados em métodos naturais simples, desde mudanças na dieta até a adoção de uma atitude relaxada e práticas de meditação. A partir desse momento, o Dr. Jeffrey concentrou sua atenção nessa pesquisa, que sem dúvida se relaciona com o Cosmos-interior. Os fenómenos da Vida Natural merecem ser estudados pelos cientistas, como este autor faz com tanto empenho. Recomendo este livro a todos que desejam ampliar seu conhecimento nessa área. Voltando ao tema das vacinas, nosso cérebro tem a capacidade de encontrar maneiras de resistir às infeções, mas isso requer preparação cuidadosa. Devemos evoluir o suficiente para utilizar plenamente suas capacidades, incluindo a capacidade de interagir com ambos os cosmos. Atualmente, nosso cérebro parece estar envolto em uma espécie de torpor, incapaz de enxergar a realidade claramente. Precisamos aprender a ir além dessa névoa para descobrir um mundo diferente, como alguns cientistas sugerem. Todos nós temos a responsabilidade de considerar os procedimentos necessários para combater essa pandemia e outras doenças. O que sabemos sobre esse vírus faz parte do Cosmos-exterior. Para a maioria das pessoas, existe apenas o mundo em que vivem, e poucos percebem que a pandemia só pode ser eficazmente combatida com a ajuda do outro lado. Ao longo dos tempos, o homem hesitou em relação à continuidade da vida. No entanto, nosso cérebro tem a capacidade de interagir com o outro Cosmos 79 Contos Continuados António Durval por meio dos sonhos. Por que não explorar ao máximo essa possibilidade para nos conhecermos melhor e combater adequadamente os vírus que enfrentamos? Se todos soubéssemos interpretar corretamente o que nosso inconsciente nos diz, nosso ambiente provavelmente seria muito melhor e o problema da guerra talvez nem existisse. Essas perguntas são feitas por alguém que faz parte da humanidade e acredita que a orientação para esses casos e outros pode surgir por meio dos sonhos, levando-nos a caminhos alternativos em busca das respostas que nos faltam. Todos podem buscar orientação sobre sua saúde por meio de suas intuições interiores. Isso não significa que devemos deixar de consultar médicos, centros de saúde e hospitais. Pelo contrário, a dualidade deve sempre ser mantida. No entanto, não devemos negligenciar a possibilidade de aprender mais por meio de nossas intuições oníricas, o que pode ser aplicável a todas as doenças, incluindo, é claro, as pandemias.* ____________ * Aconselhamos a ler o livro “Sonhos Lúcidos” de Dylan Tuccillo, Jared Zeizel e Thomas Peisel. 80 Contos Continuados António Durval A Nossa Realidade O nosso corpo possui uma energia que o mantém a funcionar e que se encontra muito além do Cosmos-exterior. Esta bivalência coloca os dois cosmos em espécie de diálogo. Nós temos, em primeiro lugar, de aprender a funcionar com essa realidade para encontrar o caminho da perfeita harmonia, de forma a que o nosso cérebro evolua continuamente. O inconsciente aparece-nos porque ainda não acordamos totalmente o nosso consciente. Para superarmos esta importante limitação ao nosso entendimento, temos de continuar a evoluir. Ao avançar, esbarramos com algo que não compreendemos muito bem, mas se vislumbramos o Cosmos-interior, isso já é muito importante. Na nossa opinião, não de cientista, mas de ser humano, quando a nossa Vida chegar ao fim, temos três caminhos possíveis: Seguir em direção ao Cosmos-interior; repetir a experiência, neste ou noutro planeta; ou fazer uma espécie de limpeza e voltar para o início de tudo, ou seja, para o repositório geral de onde saímos um dia. Se seguirmos em frente para o Cosmos-interior, atravessaremos a Linha da Vida com a força da nossa vontade. A nossa energia permite-nos dar esse salto para a outra realidade. Todos os EUS têm a possibilidade de entrar nesse mundo, desde a humanidade; os peixes; os répteis; as moscas; os cães; os gatos; as árvores; os micro-organismos, etc. Os Homens e os outros animais que constituem a Vida irão ocupar, cada um, o lugar a que tem direito, em conformidade com o caminho percorrido. Terão sempre uma nova experiência num patamar mais elevado. Esta é a realidade que nos envolve a todos. Fazemos parte dela, mas temos de a descobrir com o cérebro que possuímos. 81 Contos Continuados António Durval Voltemos a nossa atenção para todos os que um dia chegaram às portas do Cosmos-interior. Eles representam um número quase infinito. A partir do momento em que partiram, tiveram de escolher duas rotas: regressar novamente a este planeta, ou outro semelhante onde podem aperfeiçoar-se, ou seguir para o Cosmos interior. A certeza é que todos continuam a fazer parte da humanidade através do que chamamos Dualidade. A realidade que temos vivido incita-nos a prosseguir, enquanto pudermos escrever. Estamos plenamente convencidos do caminho que percorremos, sem poder garantir que aquilo que afirmamos está plenamente certo. Sei, no entanto, que é este o melhor caminho. Nada poderá restringir esta liberdade de podermos escrever um livro para afirmar o que pensamos sobre estes casos. Podemos não possuir toda a verdade, mas as nossas conclusões baseiam-se no que observamos e sentimos. Todos, sem exceção, podemos falar ou escrever acerca do que nos rodeia ou de algo mais distante. Pertencemos à natureza, mas continuamos a encontrar dificuldades em assumir o mundo em que vivemos. Recebemos cada vez mais notícias que atingem as nossas mentes, obstruindo a visão e o pensamento de coisas importantes que nunca devíamos esquecer. Acordamos tarde, mas, julgo, ainda a tempo de caminhar resolutamente numa outra direção. O que nos chega do passado, do presente e do futuro obriga-nos a pensar, sentir e, sobretudo, a agir. “Acabou a hora do almoço e estou em casa. Sinto a idade. Continuamos apostados em lidar com a pandemia, à qual se junta, agora, a guerra da Ucrânia. O dia esteve bonito e quando a noite chegou, não deixei de me sentar numa cadeira no terraço nas traseiras da minha casa. Fechei os olhos e, por momentos, consegui imaginar-me a caminhar à noite por uma floresta. Estamos a vinte e um de março de dois mil e vinte, são dezanove horas. Abri os olhos e observei tudo o que me envolvia. Do lado sul, a casa e o quintal 82 Contos Continuados António Durval onde existem três árvores com algum porte. A norte, por detrás do terraço, é patente a presença de uma grande camélia que se expande para o céu. Observei no azul escuro as estrelas, os planetas, os satélites artificiais, os aviões e algo mais: vi passar mais de 40 pontos brilhantes em muitas direções cruzadas num frenesim impressionante. Fiquei mesmo espantado, nunca tinha feito uma observação assim. Tenho a certeza que não eram satélites artificiais. Ao fim de aproximadamente 15 minutos surgiu um ponto maior e muito brilhante, como que a dizer — terminou. E terminou mesmo." Observar o que acontece no céu à noite é um exercício que muitos não atribuem importância. Desde os vinte anos que o faço. Uma parte daquilo que avistamos no céu apresenta características bem diferentes e pertence a outra realidade! Entre os casos que observei durante a vida, destaco o de uma bola vermelha que fez uma trajetória ondulante no céu. Noutra altura, alguns pontos luminosos desceram para a superfície da Terra. De uma forma geral, foram muitos os pontos luminosos que durante mais de 60 anos se comportaram de forma totalmente diferente dos satélites artificiais. Foram estes os casos que me levaram até uma idade avançada a escrever este livro. Quando partimos, o nosso EU vai para outro espaço a caminho do Cosmosinterior, onde se realizará um julgamento para decidir o seu novo futuro. Enquanto vivemos na Terra, nem sempre estamos atentos e não observamos, com precisão, o que acontece. Porém, depois da partida e libertos da névoa que nos envolve, podemos observar muito melhor o trajeto que percorremos. Muitas vezes, ficamos surpreendidos com o caminho enviesado que seguimos. Por isso, voltamos novamente à Terra para tentarmos não falhar novamente. Aqueles cujo percurso de vida esteja mais de acordo com os superiores valores da Vida entrarão para o Cosmos- interior, iniciando um percurso que os incitará a evoluir ainda mais. Poderíamos usar outras palavras como Além; Jardim do Paraíso; Céu ou outros, mas usamos Cosmos-interior porque entendemos que teria de estar ligado a outra dimensão que pudesse contribuir para a Dualidade. Temos, além disso, os 83 Contos Continuados António Durval sonhos que são a porta natural, inteiramente à nossa disposição, enquanto dormimos e encontram-se no nosso interior, dando acesso a outro fantástico cosmos. O termo Cosmos-exterior foi escolhido por ser aquele onde nos encontramos, atuamos e sentimos. Se fossemos cientistas, poderíamos sugerir outros termos, mas somos apenas seres humanos normais. O tempo aqui conta sempre, já que é onde realizamos esta experiência de Vida. Esta espécie de conclusão pareceu-me entendível, mas está longe de o ser. Continua encoberta por mitos fabricados pelo Homem ao longo da sua vida. Para reconhecermos essa verdade, temos que começar a perspetivar o que realmente isso representa. Poderão ser, na realidade, outros os nomes, mas a nossa existência está aqui representada de forma bem clara. A Bíblia afirma que Nós não desaparecemos mesmo depois do fim da experiência terrena que estamos a fazer. Quando chegamos ao final desta vida, o nosso EU fica próximo do Cosmos-interior onde acontece o julgamento. É uma ideia que está presente em muitas religiões. Afirmam que se a avaliação do que fizemos durante a vida for positiva, entraremos nesse mundo superior, caso contrário, voltamos a repetir a experiência no Cosmos-exterior. Não precisamos, porém, de aderir a nenhuma religião para avançar. Bastará não rejeitarmos a ideia que continuaremos a existir após a vida terrena. Durante a vida na Terra, podemos evoluir e alcançar uma visão mais perfeita do inconsciente. O nosso consciente, neste processo, poderá atingir a sabedoria necessária para gerir esta Vida. Nesse momento, o inconsciente e o consciente atingirão o mesmo patamar — serão iguais. O nosso cérebro é uma máquina extraordinária que, através da nossa vontade, pode evoluir gradualmente e avançar no diálogo com o Cosmos- interior. Um resultado dessa ascensão acontece enquanto dormimos: são os Sonhos-lúcidos. 84 Contos Continuados António Durval "Miguel Ângelo retratou no teto da Capela Sistina do Vaticano uma imagem que simboliza a conexão entre o Homem e Deus. Este trabalho magnífico representa tudo o que foi discutido até agora. Independentemente da religião que cada indivíduo siga, não podemos ignorar a Dualidade: Cosmos exterior e Cosmos interior. O ser humano, assim como os animais e muitos outros seres vivos, sonham. Isso é uma parte intrínseca da vida, assim como dormir, ver, cheirar e ouvir. Os sonhos têm sua importância, pois mantêm uma ligação com a vida e vão além, alcançando a Dualidade. Alguns seres humanos trilharam esse caminho com cuidado, respeitando a Natureza, e ao final de suas vidas experimentais, conseguiram acessar o Cosmos interior. Agora, eles se manifestam como pontos luminosos nos céus, que chamamos de óvnis, e por muito tempo serão conhecidos assim. Entretanto, nós, que ainda estamos na Terra, não nos conhecemos completamente. Tentamos enxergar além desse tipo de nevoeiro que nos envolve desde nossa origem, a fim de descobrir quem realmente somos. Cientistas, psicólogos e muitos outros têm procurado uma explicação científica para os sonhos. Contudo, em nossa perspetiva, essas explicações 85 Contos Continuados António Durval não abrangem a essência dos sonhos e as vantagens que eles podem trazer para nossa vida. Esse desafio monumental continua a nos provocar. Nosso cérebro, quando devidamente ativado, pode nos conduzir pelo cosmos até o infinito. Os sonhos representam uma linguagem cifrada que devemos, aos poucos, desvendar mais profundamente. Nossos irmãos do espaço visitam a Terra para nos lembrar da necessidade de elevarmos nossos níveis de consciência. O caminho não é fácil, pois muitas vezes confundimos essas visitas com avistamentos de óvnis, que na verdade são interpretações equivocadas. Possuímos tudo o que é necessário para nos conhecermos melhor e alcançarmos patamares mais elevados. Quanto mais evoluímos, melhor podemos compreender o inconsciente, mas até agora tem sido uma jornada árdua. Somente através desse processo desvendaremos nossa verdadeira realidade. 86 Contos Continuados António Durval No Terraço O meu terraço está mais bonito; remodelei-o: pintei os muros e revesti o chão com tijoleira. Gosto de estar neste local, sobretudo após o pôr do sol. Durante a minha vida, tive sempre um pátio para observar a esfera celeste, as miríades de estrelas, planetas, asteroides, cometas e toda a gama de objetos naturais que a todo momento atravessam o céu. Vejo os satélites artificiais lançados para o espaço por muitas nações, nem todas com objetivos científicos. Começam a ser um problema para a humanidade, pois conjugam o verbo espiar em vez de amar. Sempre que venho ao meu terraço, tenho na cabeça um enorme e potente telescópio apontado, não só para o exterior, mas também para o interior. Já que vou para aquele estado natural que existe depois de adormecer — os Sonhos. O que afirmo não é ficção nem inspiração poética. Como qualquer outro ser humano, tenho na minha cabeça um cérebro com o qual procuro encontrar as respostas para as dúvidas. Um dia chegamos à conclusão de que a melhor forma de ir mais longe e não ficar apenas com o pensamento dos nossos cientistas era fazer as nossas próprias observações. Aquilo que chamamos de óvnis, que vemos no céu, deve alegrar-nos, pois Eles estão a dizer que um dia estaremos ao seu lado. Eles são exatamente Nós. Alguns pensadores já se referiram à origem dessas luzes que vêm do Cosmos-interior (Carl Jung e outros). Nada nos repugna em pensar que esses pontos luminosos, que por vezes passam no céu, afinal, somos Nós. Teremos também de admitir que o Homem é o conjunto de realidades paralelas que constituem a Dualidade, mas ainda não sabemos o que é exatamente. Só a continuidade da nossa evolução poderá um dia explicar. 87 Contos Continuados António Durval Na Terra, teremos de continuar a evoluir física e espiritualmente, até um dia entrarmos nesse outro cosmos. Encontramo-nos aqui para um objetivo que teremos um dia de alcançar — seguir o caminho que nos leve para outros destinos. O que contamos a seguir exemplifica o que afirmamos: O meu terraço é, sem dúvida, o meu equilíbrio e harmonia na equação a que cheguei nesta idade. Iniciei este caminho bastante tarde. Através dos Sonhos, estou sempre com Eles e, sempre que posso, vou ao terraço para receber as mensagens dos nossos amigos do espaço. Os satélites artificiais passam, e nem sempre descubro aqueles que nos interessam. Felizmente, Eles sabem como afirmar — Estamos aqui! Um dia, um dos meus filhos visitou-me com a sua esposa. Recebo-os sempre com muito agrado. Aproveitamos para conversar sobre imensos assuntos. Um deles, como não podia deixar de ser, é a pesquisa de ovnilogia que faço há muitos anos. Tento transmitir aos meus amigos e família o resultado desta permanente investigação sobre o espaço e os sonhos. Falei-lhe sobre aquilo que por vezes vejo no céu, com a intenção de que ele o quisesse observar. O meu filho não pensava da mesma forma, e cada um fazia a sua interpretação seguindo a própria evolução. À hora apropriada para poder observar o céu, fui até ao terraço. Ao passar pela sala de jantar, com binóculos a tiracolo, cruzei-me com os meus familiares sentados no sofá a conversar. Convidei-os a irem comigo, se o desejassem, até ao terraço. Ninguém, nessa altura, se manifestou. Sentei-me na cadeira do costume e fiquei a olhar para as estrelas e a magnificência do céu. Estive ali uns minutos, embevecido com essa maravilha que é o azul polvilhado de estrelas. Entretanto, reparei que o meu filho se encontrava também ali, e fiquei contente, como seria de esperar. 88 Contos Continuados António Durval Continuamos os dois a olhar o céu, na esperança de que Eles aparecessem. Em determinada altura, um ponto luminoso cruzou o firmamento de sudoeste para nordeste. Chamei a atenção do meu filho e emprestei-lhe os binóculos para ver melhor. Ele olhou e não manifestou grande admiração. Para ele, não passava de um satélite artificial. Nada disse, pois não podia afirmar se era ou não. Surgiu outro ponto com uma trajetória ligeiramente diferente à do anterior. Ele nada me disse, e eu também não sabia o que era aquele ponto. Estivemos assim mais uns minutos. Passado algum tempo, observei um ponto luminoso maior e mais brilhante que seguia de norte para sul. Era bastante visível e passou exatamente por cima de nós e da minha casa. Ele olhou e viu-o perfeitamente. No entanto, nada disse. Perguntei-lhe se observara este último; ele respondeu que sim, mas não fez qualquer comentário. Passados uns dez minutos, viemos embora, pois entendi que nada mais haveria para ver. Ao entrarmos em casa, a família estava sentada no sofá e voltou-se para nós com uma inesperada expressão de admiração nos seus rostos. Perguntei-lhes: — O que aconteceu? Estão a olhar para nós assim admirados? Então uma delas disse: — Há pouco ficou tudo às escuras. As lâmpadas, a televisão, tudo se apagou muito suavemente. Uns segundos depois acenderam novamente e também com muita suavidade. Quem foi?" 89 Contos Continuados António Durval 90 Contos Continuados António Durval Olho e Vejo Se observamos um ser humano a caminhar, raramente nos ocorre o que isso realmente representa. Todos os dias vemos muitas pessoas nas ruas, estradas e avenidas; se nos dirigirmos para o mar, encontramos muitas outras a passear na areia ou nos barcos. Também no espaço, em breve, encontraremos muitos seres humanos. O que representa cada uma destas pessoas, para mim, para ti, ou para o outro? Estamos simplesmente a viver e nem sempre conseguimos apreciar o que isso realmente significa para cada um de nós? — O que é para ti o meu corpo, o teu, o dela, o dele, o de todos os outros? Que representam todos os que estão em casa, no trabalho, na rua, no café, enfim, em todo o lado? Temos pensado bastante sobre a vida, mas não sabemos se esta interpretação está correta: A vida que vivemos é uma experiência muito interessante, uma vez que resultou de um ato de amor, a partir do qual duas realidades se uniram. Não é preciso pensar muito para reconhecer que cada ser humano que vemos passar por nós, seja em terra, no mar ou no espaço, nasceu após a concretização de mais uma Dualidade. De uma forma geral, os animais reproduzem-se através do sexo. Nasceram porque um dia existiu uma conexão íntima entre macho e fêmea que se uniram e deram origem a novos seres. Os humanos, de um modo geral, vêm a este mundo após dois seres se encontrarem, se amarem e se ligarem intimamente através do sexo. A Dualidade estabeleceu-se para o mundo avançar — nunca morrer. Seja qual for a origem, o importante é a ideia de que a nossa vida começou a partir desse ato essencial de amor que um dia aconteceu: 91 Contos Continuados António Durval — Um homem e uma mulher unem-se e constituem a Humanidade. Raramente pensamos como isso é fundamental para a nossa existência; no entanto, merece a máxima atenção e respeito. Encontramo-nos aqui porque ocorreu um ato de amor entre um homem e uma mulher. Os milhões de seres humanos nasceram porque existiu essa união. Quase nunca nos recordamos desse momento, que é, no entanto, fundamental. Com a união de um espermatozóide de um homem e um óvulo de uma mulher, acontece a fecundação. A seguir, vem a gestação durante cerca de nove meses, e depois nascemos neste mundo. Os milhares de seres humanos que passam todos os dias por nós nasceram a partir desse ato natural. Temos de perceber esse facto que constituiu a íntima união. A vida emerge neste mundo enquanto o nosso cérebro continua a evoluir, com dificuldade, para alcançar uma plena compreensão da vida. Olhamos para ti, para ele e para aquele, mas temos de ver muito mais longe, nos olhos de uma mulher, vislumbrar o Cosmos-interior, de onde o espírito partiu, mas nunca o conseguimos totalmente. Ao olharmos para um estádio repleto de pessoas a acompanhar um jogo de futebol, não temos a perceção do que isso realmente representa. Raramente pensamos que cada ser humano que se encontra ali teve origem numa expressão de amor. E todos: pessoas, animais e outros seres, nascem e viverão para sempre, fazendo parte da Dualidade. Fazemos parte do grupo dos seres inteligentes. Alguns triliões de outros seres ocupam diferentes patamares de inteligência, classificada como instintiva, cada qual, porém, com suas próprias regras. Desde a sua origem, nasceram, viveram e partiram biliões e biliões de seres humanos, mas não entraram imediatamente para o Cosmos-interior. Após a partida, ocorreu o auto-julgamento, onde foram decididos seus destinos. Uns voltaram novamente para este planeta ou outros similares, neste ou noutros universos, para repetirem a experiência. Um dia estarão em condições de 92 Contos Continuados António Durval entrar no Cosmos-interior, a partir do qual vêm até nós para nos alertar para a necessidade de acordarmos. Ao passearmos por uma rua com muita gente, não podemos deixar de pensar que cada ser humano nasceu dessa união, e ninguém pode negar isso. A humanidade cresce todos os dias, mas esquecemos como começamos a pensar, a agir e a viver. Somos todos iguais, sem qualquer dúvida, no entanto, ainda não conseguimos observar verdadeiramente o caminho através do nevoeiro que ainda nos envolve. Há muito ainda para enxergar nesta espécie de indefinição, que o inconsciente vai assumindo. No século XIX, os filósofos Karl Marx e Friedrich Engels personificaram a luta das classes operárias. Iniciaram esse épico combate que se espalhou por todo o mundo, contra o capitalismo. Não sei se podemos afirmar que o capital venceu ou que o comunismo acabou. Só sei que isso faz parte da nossa evolução. É necessário que o Homem assuma o seu lugar para acabar com as agressões à Natureza e, sobretudo, para viver em harmonia com todos. Quando nos encontrarmos com a nossa família, teremos de compreender, de forma clara, o ato de amor que lhes deu origem. O nosso cérebro é capaz de, conscientemente, observar e agir a partir do Cosmos-exterior. Aquilo que não entendermos, o inconsciente assumirá o seu lugar. Temos de continuar a evoluir para que a nossa consciência possa compreender as perspetivas incomensuráveis deste e do outro Cosmos. Assim, estaremos no caminho evolutivo que teremos de seguir. Nunca devemos esquecer que cada ser humano que passa por nós representa um ato de amor. 93 Contos Continuados António Durval 94 Contos Continuados António Durval Na Padaria “Cheguei à padaria onde costumo comprar pão, dirigi-me ao pequeno balcão em frente à entrada e preparei-me para tomar o café. A simpática empregada perguntou qual o pão que desejava levar depois do café. Disse-lhe que era o habitual: — Um do dia, dois da noite, dez da avó e mais algo. Uma receita que ela já conhecia muito bem. Riu-se e depois de me servir o café, foi preparar a encomenda. Ao balcão onde já tinha o meu saco de pano cheio de pão, preparava-me para efetuar o pagamento. Nessa altura, lembrei-me: — Há! Desejo também oito bolinhos de amêndoa. Paguei a conta, despedi-me de toda a gente e dirigi-me para a porta de saída, quando, do meu lado direito, fui surpreendido por um expressivo: — Bom dia! Proferido por uma senhora que conhecia. Admirado, cumprimentei-a sorrindo. Ela, acompanhada pela filha, enviou para a minha família um apertado abraço e para a minha mulher um coração muito especial pois são muito amigas. Disse-lhe que estivesse descansada, transmitiria à minha mulher os cumprimentos. Agradeceu e falou sobre o cuidado que teríamos de ter pois estávamos a sofrer com uma pandemia. Dizia estar pronta para o que viesse, incluindo a partida para o outro lado, se fosse caso disso. Concordei e disse que o outro lado era muito melhor que este dependendo, claro, da nossa evolução. Ela reagiu e afirmou que a outra vida não era igual a esta, o que concordo inteiramente. Porém, segundo ela, não teríamos nenhuma ligação com a vida que agora levávamos. Reagi dizendo-lhe que possivelmente isso não seria bem assim. Insistiu em dizer que quando partíssemos nada restaria desta vida, pois, nenhuma 95 Contos Continuados António Durval recordação nos ligaria. Discordei, no entanto acabei por aceitar a sua opinião que era sincera. Sempre sorridentes nos separamos. Saí para o exterior a pensar naquela conversa. Quando cheguei a casa deixei a encomenda na sala de jantar e subi ao andar superior para a pequena sala a que chamo escritório. Sentei-me ao computador e os meus dedos começaram a teclar. Não somos iguais na aceitação da verdade daquilo que nos cerca. Aquela amiga aceita sem qualquer dificuldade o que a sua religião lhe ensina nos seus encontros espirituais. Tive sempre uma opinião crítica, mas nunca totalmente oposta, em relação à doutrina que meus pais me ensinaram. Havia uma observância dos preceitos religiosos, mas isso não significava uma inteira aceitação. Recordando a conversa na padaria não posso deixar de perguntar: — Quando partir, nada saberei sobre mim e os outros? Afinal que andei a fazer durante os anos que vivi aqui na Terra? Não foi para possuir uma consciência mais perfeita? Não teria, qualquer lembrança acerca dos anos de vida que passei por cá? Um dia observei com nitidez um óvni de tamanho apreciável. Fiquei perturbado porque nada me tinha preparado para tal. Era uma situação que nunca tinha enfrentado. No entanto, com mais três amigos, vimo-lo no céu de forma inconfundível. Foi o primeiro que vira. Atravessou o firmamento e tinha várias cores com predominância da dourada. Fazia um som que lembrava areia a cair numa chapa. Esse disco luminoso, fez uma curva e passou por cima de nós, na estrada da Circunvalação na cidade do Porto. 96 Contos Continuados António Durval Uns tempos depois li na Bíblia relatos de acontecimentos que me impressionaram bastante. * Face ao que descobrimos, durante as dezenas de anos que investigamos sobre os óvnis, concluímos que praticamente todo este livro se refere a uma ligação contínua com o Cosmos-interior e que ficou registado no velho testamento. Comecei a investigar os chamados óvnis e essa atitude foi crescendo com o tempo. Havia sempre essa centelha a persistir, à qual se juntaram outras perguntas. Nessa altura pensava que seriam talvez extraterrestres que viajassem no espaço. Intrigado com os óvnis, dediquei-me ao seu estudo. É a partir do momento em que comecei a entender melhor os sonhos, que aos poucos me ajudaram a compreender esse mistério. Comecei a fazer um esforço para saber em primeiro lugar quem eu era. Saber muito mais acerca de mim e de tudo quanto me envolvia. Para investigar qualquer caso, estranho ou não, teria em primeiro lugar de me conhecer. Os anos foram passando, hoje já conto com mais de sessenta anos de persistente pesquisa sobre essas misteriosas aparições. Observara aquele disco no céu e sei que sou um humano, tenho um nome, um bilhete de identidade e sou o produto de um longo processo de evolução que continua. Admito que as religiões e as filosofias ainda estão longe de estar completas e que possuem muito caminho para andar, mas apontam numa direção – para cima. Tudo o que faz parte da nossa vida: regimes políticos, sociedade, evolução tecnológica, enfim, tudo está em evolução. Temos de conquistar * - Haverá casos em que o relato bíblico poderá ser mais óbvio como por exemplo: Ezequiel 1: 4,5; 21, 22.; Salmos 19: 1.; 2 Tessalonicenses 2: 9,10; Genesis capitulo 2; Genesis capitulo 6 a 19; O Livro de Ezequiel 1, 8, 26; Efésios 6: 12. Face ao que descobrimos, durante as dezenas de anos que investigamos sobre os óvnis, concluímos que praticamente todo este livro se refere a uma ligação contínua com o Cosmos-interior e que ficou registado no velho testamento. 97 Contos Continuados António Durval a liberdade para corrigir os desvios, nestes períodos de sombra, a caminho da claridade. Houve muitos combates e guerras mundiais, no entanto, sabemos que a próxima poderá ser a última, já que com as armas atómicas de hoje, o planeta poderá deixar de existir. Estamos a aproximar-nos de um período crítico para o homem e para a Vida na Terra. Não é aceitável a situação a que chegamos através da continuidade do desrespeito pela Natureza. Essa atitude está a criar uma reação cada vez mais difícil de conter. Existe uma verdade que nunca poderemos esquecer: A Paz, a Harmonia e o Amor deveriam ser a nossa real preocupação. Teremos de deixar para trás as armas e avançar para o diálogo. A conversação aberta e sincera será o primeiro passo para todos se aproximarem. Temos de evitar, por todos os meios, que um astrónomo vivendo noutro planeta no espaço, possa um dia observar pelo telescópio o aparecimento de uma luz longínqua que logo em seguida desapareça. Ao registar esse facto no seu mapa celeste poderá ser algo de inexplicável ou, então, o registo do nosso fim. Esperamos que isso nunca aconteça. Mas os sinais começam a ser muito preocupantes e podem ser o prenúncio da tragédia final: Há dois anos surgiu de forma surpreendente a Pandemia, provocada, em última análise, pela ação humana. Motivo para uma grande apreensão, tendo já provocado a morte a milhões de pessoas e, não sabemos quando nos veremos livres dela. Também rebentou uma guerra, na qual uma nação poderosa invadiu outra sua vizinha por razões incompreensíveis. Esta guerra seria para durar quinze dias, já se estende por mais de um ano com consequências terríveis em todo o mundo. Por agora limitada geograficamente, pode a qualquer momento, alastrar ao resto do mundo e transformar-se numa guerra atómica. Multiplicam-se aqui e ali as reações da Natureza, cada vez mais intensas. A atmosfera está mais poluída, o mar aquece e avança em direção à terra. As 98 Contos Continuados António Durval complicações climáticas estão aí e dizem que se adivinham factos brutais que poderão ir muito para além das nossas previsões. A pandemia, a guerra serão consequência do nosso desamor generalizado pela Natureza e os nossos constantes ataques ao ambiente só nos poderiam direcionar para este caminho. Afinal, a conversa que tive na padaria com a amiga da minha mulher, está longe de ter sido em vão. E se tiver de fazer correções ao meu comportamento? Só assim poderemos clarificar melhor o nosso caminho rumo ao futuro. Nada há que não possa ser falado e discutido — terá de acontecer nos quatro cantos deste planeta, mas claro é preciso que muitos mais concordem. Entretanto, os seres humanos que se encontram há muito no Cosmos-interior tudo farão para que a Vida neste planeta sobreviva. Eles estão, também, nos “CONTOS CONTINUADOS” 99 Contos Continuados António Durval 100 Contos Continuados António Durval Posfácio (escrito segundo o acordo ortográfico 1990) Caríssimo António Durval é, será sempre, um enorme prazer e uma não menor honra poder participar, mais uma vez, com a minha humilde opinião num projecto seu. Assim sendo, antecipo os meus sinceros agradecimentos pelo convite. Falando de si, meu caro amigo, da sua obra, estou perante mais um excelente contributo para reflexão. Nele faz questão em manter o mesmo rigor a que nos habituou. Quanto ao Contos Continuados nunca será demais realçar a forma muito cuidadosa como expõe o seu pensamento. Ao longo de todo o texto mantém presente a intenção e o escrúpulo de poder chegar a todos, numa comunicação simples e clara. Nunca é demais realçar o esforço conseguido de não impor, nem ferir, estimulando um diálogo próprio de uma conversa entre bons amigos, alheia a preconceitos e conflitos, postura reiterada e que se tornou hábito, numa espécie imagem de marca muito pessoal em toda a sua caminhada literária. Como tem acontecido, ao longo da já extensa obra, Durval mantém a preocupação de ser rigoroso, ciente de que estamos perante uma temática complexa, não recorrendo a métodos constrangedores, deixando ao leitor toda a liberdade de interpretação, de aceitação ou, quiçá, rejeição ou contestação, aceitando de bom agrado o contraditório. Os diversos sonhos, de que nos fala, continuam a ser um dos focos principais, são responsáveis pela sua duradoura meditação, direi mesmo, uma fonte de introspecção. Na análise dessas viagens e na respectiva interpretação, António Durval procura respostas. Questões pertinentes dominam o pensamento, a reflexão. Se me permite, cito-o mais uma vez. Este sonho poderá ser interpretado como sendo um aviso do inconsciente para a aprendizagem relativa aos sonhos lúcidos. 101 Contos Continuados António Durval Gostava de saber para já se estava num sonho desses e depois se posso só com a minha vontade ultrapassar os obstáculos que apareçam. A cogitação do autor apoia-se nos óvnis, que diz ter visto, e que não se trata de imaginação. Afinal, segundo Durval, somos NÓS, o Cosmos-exterior, relevantes suportes para a ajuda na obtenção de resposta para esclarecimento de dúvidas pertinentes para nós Humanos. Quem somos? Para onde vamos? São questões pertinentes que nos coloca e preocupam, a seu ver, os próprios cientistas. A degradação ambiental, também está presente neste livro. António Durval refere as guerras constantes, as epidemias, as devastações permanentes, a falta de valores, sem esquecer o tempo solto que nos foge sem darmos conta e que nos envelhece rapidamente. Na linha do tempo! O autor alerta para o seguinte: Não poderei corrigir absolutamente nada daquilo que fiz ou não fiz. Aconteceu, parou, acabou, já passou e, de mim, já ninguém se lembrará. A sua excelente e invejável memória está sempre patente, mantendo com clareza a capacidade com que expõe as suas ideias e descreve as diversas passagens, que são o testemunho claro de que não envelheceu de facto. Estou certo de que, Bom Amigo, a lembrança permanecerá. Obrigado por nos apresentar mais um excelente trabalho. Já tenho saudades do próximo. Abraços. João Torres Lima 102 Contos Continuados António Durval O Autor António Durval nasceu em 1938 no Hospital de Sto. António, freguesia de Miragaia da Cidade do Porto. Entre 1965 e 1970 foi colaborador do Centro Ramalho Ortigão fundado pelo insigne pedagogo, Dr. Ferrão Moreira. Foi também diretor do Jornal Juvenil desse centro — O Meu Amigo. Tirou um curso industrial na Escola Infante D. Henrique. Frequentou o Instituto Superior Técnico e a Universidade Fernando Pessoa. Durante 20 anos foi desenhador da empresa de São Mamede de Infesta, Sonafi (1974 a 1994). Colaborou nas obras da MOJAF que se desenvolveram em São Mamede de Infesta sob a orientação do Dr. António Teixeira de Sousa (1963-1970). Depois do 25 de Abril, desempenhou vários cargos autárquicos sendo responsável pela edição de publicações sobre temática política local da Junta de Freguesia de São Mamede de Infesta. Foi desenhador dos Serviços Municipalizados de Matosinhos. Desempenhou durante seis anos as funções de Secretário da Presidência da Câmara Municipal de Matosinhos. Publicou artigos sobre vários temas nos jornais “Matosinhos Hoje” e “Algarve Press”. Foi colaborador do CTEC da Universidade Fernando Pessoa. Foi dirigente durante cerca de 20 anos da Direção do Grupo Dramático e Musical Flor de Infesta. Participou, ocasionalmente, nas sessões de poesia organizadas por essa coletividade onde durante alguns anos foi bibliotecário. Teve um papel importante nas obras de remodelação e ampliação das suas instalações que duraram dez anos. Em 1977 publicou o seu primeiro livro o ensaio “Discurso Directo”. Durante vinte anos foi o webmaster da PUFOI. Entre 2005 e 2009 foi o responsável pelo boletim da junta de Freguesia de São Mamede de Infesta. A convite do 103 Contos Continuados António Durval seu Presidente, o Sr. António Moutinho Mendes, publicou a abordagem monográfica “À Descoberta de São Mamede de Infesta”. Colaborou no livro da autoria de João Torres Lima intitulado: “MOJAF, Movimento Juvenil de Ajuda Fraterna” (1963-1970) Publicou os seguintes livros: “Quem se interroga está vivo”, “Uma hipótese à mesa do café”, “Sombra e Claridade”. Colaborou ainda noutros livros, como: “De Outros Mundos” do CTEC da Universidade Fernando Pessoa (organizado por Joaquim Fernandes). A convite da coletividade, foi o autor do livro comemorativo dos 100 anos do Flor de Infesta. Publicou em PDF os livros: “Prosseguindo” (2019), “Aparecendo em quarentena”(2020), “Para Além da Pandemia” (2020), e “Contacto Vertical”(2021). Em 2022 publica o livro em PDF, “Contos continuados”. Atualmente, está revisando gramaticalmente seus livros em PDF através do I. A. GPT-3.5 da OpenAI e possui cópias atualizadas em papel na Biblioteca Municipal de São Mamede de Infesta, que podem ser solicitadas. 104 Contos Continuados António Durval Índice 7 Prefácio 9 Apresentação 15 Onde me encontro 19 O espelho 25 A descoberta 29 O Ambiente na Terra e no Espaço 33 O Tempo no Sol Poente 39 O Autocarro 61 47 Os Sonhos 55 óvnis no Céu Brasileiro 61 Conversa sensível 73 Facebook Cósmico 77 A Quinta Investida 81 A Nossa Realidade 87 No Terraço 91 Olho e Vejo 95 Na Padaria 101 Posfácio 103 O Autor 105 Contos Continuados António Durval 106