Contos Continuados
António Durval
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Contos Continuados
António Durval
TÍTULO:
Contos Continuados
AUTOR:
António Durval
EDITOR: António Durval
2ª Edição em PDF – 2023
As Bibliotecas Municipais ou outras devidamente credenciadas poderão
disponibilizar aos seus leitores cópias em papel fornecidas pelo autor.
CORREÇÃO GRAMATICAL - I. A. GPT-3.5 / OpenAI
PREFÁCIO: Conceição Paulino
POSFÁCIO: João Torres Lima
CAPA: Rui Gualberto
DESENHOS: Rui Gualberto
Reservados todos os direitos.
Nos termos do código do Direito de Autor é expressamente proibida a
reprodução total ou parcial desta obra por quaisquer meios incluindo a
fotocópia e o tratamento informático sem a autorização expressa do titular do
direito.
A presente edição segue a grafia do Novo Acordo Ortográfico.
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À
minha mulher
e à família a que demos origem.
A todos aqueles que desejem
continuar a evoluir.
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Prefácio
Entre o real e o sonho a vida acontece.
Conheço o autor há 47 anos. Numa época de muita esperança fazíamos, em
minha casa, sextas à noite, uma tertúlia de meia dúzia de amigos, onde, do
pensamento em geral, à política, às artes, com destaque para a literatura, para
as religiões, o planeta, o ambiente até ao fenómeno ovnilógico tudo era
debatido.
Todos nos questionamos sobre o sentido da vida na relação com todas as
outras espécies neste planeta e a grande interrogação: o pós vida, ou, após a
morte.
Só física ou para além desta realidade?
O autor cedo encontrou um caminho, uma crença, uma fé. É dessa busca que
faz parte o seu viver, de si, do ”ser humano” que hoje fala, aqui a partilhando.
Embarquem nesta aventura, nesta procura da humanidade em nós que
despojadamente é ofertada.
Conceição Paulino
Conceição Paulino nasceu em Beja em 1945
e escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1945.
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Apresentação
Enquanto a “LIBERDADE” existir não deixarei de afirmar o que penso.
Escrevo o que me chega do espaço-interior, nunca esquecendo o que nasce
no espaço-exterior.
Os leitores apreciarão, com certeza, um livro de contos que não segue os
métodos habitualmente utilizados. Estes serão diferentes!
O que afirmo às pessoas deste planeta é que possuem a mesma possibilidade
de encontrar respostas, seja em contos, poemas, ou qualquer outra forma de
arte ou de expressão.
Todos nascemos com um cérebro, podemos pensar ou mesmo escrever algo,
semelhante ou diferente, apontados para o alto, ou melhor, para o interior de
cada um.
Não podemos continuar a ignorar a Vida que, longe de ser um exclusivo dos
seres humanos, está perfeitamente ligada aos outros animais com quem temos
de aprender a viver com amor. A Vida deve ser encarada na totalidade. Temos
de reconhecer a sua importância e não a menosprezar ou destruir. Poderá
existir em alguns leitores a aceitação deste princípio. Sabemos que muitos
outros ainda não são sensíveis e viram as costas a esta causa.
Também não podemos continuar a fugir à realidade que se encontra à nossa
frente. Vivemos num planeta a desintegrar-se no solo, no mar e no ar. São
várias as pandemias que estão a dizimar a população, a última das quais: a
Covid 19, em sucessivas vagas. Já morreram milhões de pessoas em todo o
mundo e não sabemos onde isto irá parar. Recentemente surgiu mais uma
guerra, a qual , também não fazemos ideia de como acabará. Este é o mote
para os “Contos continuados”.
Começamos por escolher os temas que julgamos importantes para incutir nos
leitores uma nova postura face a esta realidade em que vivemos.
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Quando a pandemia começou, percebemos que iríamos sofrer e que esta
doença traria graves consequências para toda a humanidade. Dois anos
depois o panorama não melhorou. Temos agora muito mais problemas a
comprometer o nosso planeta.
A guerra da Ucrânia começou com a invasão russa há quase um ano e, tal
como outras guerras no planeta, pode a qualquer momento alastrar e tornar-se
num conflito muito maior – uma nova guerra mundial.
A guerra ilustra o que o Homem tem feito. A civilização que criamos é, sem
dúvida, a origem de tudo o que está agora a acontecer. Temos de
compreender a realidade perante as pandemias e outras tragédias que
atualmente enfrentamos — somos Nós que as fabricamos, mais ninguém.
Não podemos continuar a ser irresponsáveis com a natureza. Temos de parar!
É evidente o resultado do nosso atraso. Não sabemos como resolver os
nossos problemas sem atacar os que não pensam como nós. São milhões os
que são forçados a partir para o outro mundo, sem terem cumprido a sua
etapa neste, atrasando a sua ascensão para os superiores objetivos que são a
nossa razão de existir.
Se ainda podemos pensar com a liberdade e responsabilidade que a natureza
nos deu, não podemos desistir. Alguns, ao lerem estes contos continuados
superficialmente, podem reagir apressadamente. Aconselhamos, por isso, que
sejam lidos pausadamente, de forma a que possamos ir mais além.
A nossa existência tem certamente uma explicação científica e acessível aos
biliões de seres humanos. Afastemos, para já, esse caminho. Escolhemos a
procura corrente, a humana. Damos muita importância ao que pensa a pessoa
comum, desde aqueles que passam por nós na rua, seja a mulher a dias, o
canalizador, ou o professor. A opinião de cada um é aquilo que nos interessa
para este livro que foi escrito para que todos sintam a necessidade de
compreender o porquê da nossa existência. Pode ainda ser difícil ver uma
panorâmica universal, mas em breve, começarão a compreender esta posição
muito mais acessível.
Não podemos compreender o Homem, sem sabermos primeiro porque
dormimos e porque sonhamos. Em 2022 nunca pensaríamos que, afinal,
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aquilo que, por vezes, vemos no céu não são óvnis — somos Nós: Aqueles
que já ultrapassaram a primeira fase da sua evolução partiram deste Cosmosexterior. Essa é a grande dificuldade que todos possuímos para entendermos
a verdade sobre o que chamamos Vida.
Possuímos quatro elementos que explicam a nossa existência:
— O cérebro.
— Os sonhos.
— O Eu.
— Os óvnis
Estas quatro realidades completam o que precisamos para compreendermos
melhor a nossa existência.
Ao longo da vida observamos e estudamos o fenómeno óvni.
– Existem, naturalmente, percursos diferentes que visam atingir o mesmo
fim, os quais merecem o nosso respeito. São caminhos apontados para a
mesma meta. O que interessa é chegar.
Através deles podemos, com persistência e vontade, fazer evoluir o nosso
cérebro para comunicarmos diretamente com o Cosmos-interior, o Universo
que fica dentro de nós.
Como podemos fazer avançar o nosso conhecimento? Este livro poderá ser
uma dessas formas, mas haverá muitas outras.
O cérebro
Nele Incluímos não só a parte que está dentro da cabeça, mas toda a rede
neural que se espalha por todo o corpo. Ele regista os pensamentos e ações,
da nossa vida neste cosmos e grava no outro, para onde iremos um dia. Assim
fica cumprida a Dualidade que constitui a nossa Vida.
Esta ligação não pode ainda ser provada cientificamente, já que é uma visão
interior, ainda difusa, na sua atual fase evolutiva e fundamenta-se na
Psicologia uma disciplina que Carl Jung considerou como sendo o estudo
sobre o inconsciente. É por aí que encontraremos o caminho.
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Os sonhos
Os sonhos são experiências naturais que todos nós vivemos diariamente.
Talvez por isso nunca os consideramos como algo de muito importante. No
entanto, eles são uma porta de entrada sempre presente na nossa vida. Temos
de olhar para eles, não como uma realidade pertencendo apenas à nossa vida
quotidiana, mas fazendo parte da Dualidade: Cosmos-exterior / Cosmosinterior.
Deverão os sonhos ser considerados como algo transcendente? A resposta é
simples, só que ainda não nos apercebemos da indiferença com que olhamos
para os sonhos. Isso revela o quanto estamos longe das duas realidades que se
conjugam nesta Dualidade. Embora a ciência comece a olhar para os sonhos
de outra forma e hoje pondere sobre a verdadeira importância dos mesmos.
Não podemos de forma alguma ficar por uma abordagem superficial e passar
à frente. Estacionar e ficar por aí não será a melhor atitude — temos de
prosseguir a marcha até obtermos um conhecimento mais profundo.
A partir de agora os leitores têm de considerar esta velhíssima realidade que
sempre nos conduziu, mas o nosso cérebro ainda olha para isso de forma
inconsciente.
Precisamos de continuar a procurar através do nosso cérebro para descobrir
aquilo que se encontra no mundo dos sonhos e começar a dialogar de forma
mais direta com a realidade interior. Temos todos um cérebro destinado a
evoluir. Ao longo dos tempos vamos avançando aos poucos, na compreensão
de quem somos.
O eu
Tudo quanto nos acontece é registado na nossa memória que começa no
exterior e vai até ao interior. Todas as respostas que damos ou ações que
entendemos efetuar, também o são. Tudo em que nós atuamos vem do nosso
interior, podemos afirmar que é o nosso EU a agir. O pensamento e a sua
atuação é fundamental para marcar o que em determinado momento nos
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acontece, ou seja, a nossa aproximação ao Cosmos-interior. O nosso EU é
fulcral para sabermos onde já estamos.
Os óvnis
Finalmente, os chamados óvnis que não são uma aparição de seres vindos de
outro planeta ou de outra galáxia. Somos só Nós. Depois de atingirmos a
necessária evolução, vimos aferir os conhecimentos que conseguimos atingir.
Poderão vir de outros lugares, onde tiveram de evoluir, ser iguais, parecidos,
ou muito diferentes de nós. Estabelecemos com Eles um conhecimento
profundo. Devemos referir que, para nós, interessa sobretudo o contacto com
aqueles que um dia partiram da Terra. São esses que vemos, muitas vezes no
céu — os chamados Anjos da guarda.
Depois de partirmos encontramo-nos num outro cosmos muito superior a
este. Se quisermos conhecer melhor aquilo a que chamamos óvnis teremos de
começar a entrar no campo dos sonhos de forma mais séria. Eles são a prova
de que o Homem faz parte de uma existência infinita. Temos de começar a
acordar.
A Vida não pertence só aos humanos. Já que estamos perfeitamente ligados
aos outros animais, microrganismos e plantas. É tempo de aprendermos a
viver com amor e acabarmos com o nosso atraso evolutivo.
A vida tem de ser observada na totalidade. Não podemos anular nem
condenar ao extermínio, mesmo aqueles seres que nos podem ser
prejudiciais. Isso só poderá ser feito com muita cautela. Julgo que, como
princípio, não podemos exterminar nenhuma espécie, seja ela qual for.
A luta existente entre diversos organismos faz parte da própria vida. Nós, os
humanos, como seres mais evoluídos teremos de saber ultrapassar essa
situação, ou seja, nunca perder a necessidade de encontrar um equilíbrio para
a natureza sobreviver.
Através da leitura destes contos tentaremos abrir a mente para perspetivas
que estávamos longe de imaginar. Cada história é baseada em factos
verdadeiros, apesar disso, quase nunca nos apercebemos deles.
Esperamos que esta leitura vos possa ser útil.
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Onde me encontro
Estamos em São Mamede de Infesta, uma cidade de Portugal, no concelho de
Matosinhos que nos pareceu ser uma terra onde nos sentimos bem. Nesta
cidade cruzam-se várias vias importantes que se dirigem para diferentes
pontos do país. Será uma terra para muitos desconhecida, pois é sobretudo,
um ponto de passagem.
Para os que aqui vivem, por vezes, têm lugar alguns casos que nos fazem
pensar. Lembramos, por exemplo, o MOJAF - Movimento Juvenil de Ajuda
Fraterna, que apareceu em plena era da outra senhora, já lá vão bastantes
anos. Esse acontecimento não poderá ser esquecido pois foi algo
extraordinário e impensável naquela época de perseguição e de censura.
Um sacerdote, o padre António Teixeira de Sousa, iniciou este movimento
que construiu casas para os mais necessitados. Em pouco tempo conseguiu
que centenas de pessoas de todas as classes sociais se unissem em perfeita
comunhão a caminho dos locais de construção. Em onze meses foram
construídas onze casas (1)
Certo dia a senhora ‘B’ foi à porta da rua e retirou da caixa de correio um
maço de prospetos publicitários, um envelope e também um papel
amarrotado, ia jogá-lo fora, mas reparou que nele estava escrito a lápis de cor
azul a seguinte frase — Nós somos irmãos. Muito admirada pousou tudo na
mesa da sala de jantar.
O seu marido, o senhor ‘M’, desceu as escadas que davam acesso ao andar
inferior, ao ver aquele volume de papéis em cima da mesa, pegou neles e
passou os olhos pelos prospetos publicitários, depois pegou no envelope,
abriu-o, leu o seu conteúdo e finalmente no papel amarrotado.
Ficou bastante admirado ao ler a mensagem escrita a lápis azul. Perguntou à
esposa, que se encontrava na cozinha:
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1 - Em 2010 o Doutor João Torres Lima, da Faculdade de Letras do Porto, publicou sobre este
assunto o livro MOJAF - Movimento Juvenil de Ajuda Fraterna (1963 - 1970).
— Já viste este papel? Não é nenhuma carta e está escrito à mão. Onde o
encontraste?
A esposa sem se voltar disse:
— Estava na caixa de correio com as outras coisas, ia deitá-lo fora, mas li o
que estava escrito e por isso deixei aí para veres. Que dizes a isso? Tem
algum interesse?
— É muito curioso!
— Curioso porquê?
— Não te recordas do sonho que tiveste ontem? Já falamos sobre isso hoje de
manhã, lembras-te?
— Sim perguntaste se me recordava de algum sonho quando estava a dormir
esta noite. No entanto, não me recordo absolutamente de nada. Porque me
perguntas?
— Este papel parece apontar para uma resposta. — Mostrou à esposa o
pedaço de papel que tinha na mão.
Ela já se tinha virado para ele, e muito admirada perguntou:
— Esse papel responde à tua pergunta? Porquê?
— Lembras-te que perguntei o que querias dizer com a palavra Makasawe,
ou algo parecido? Tu pronunciaste-a várias vezes, enquanto dormias.
Disseste-me que não te recordas de qualquer palavra ou mesmo de um sonho.
Não te recordas, mas eu recordo-me. Por isso fiz essa pergunta.
— No entanto, porque dizes que essa palavra que ouviste da minha boca,
enquanto estava a dormir, dá uma resposta ao que está escrito nesse papel
amarrotado? Não estou a perceber. Explica-me, melhor.
— Para já só tento adivinhar. Já te digo alguma coisa, com mais certeza. Vou
à biblioteca fazer umas consultas. Volto já...
O senhor ‘M’ foi novamente ao primeiro andar. Na sua sala de trabalho ligou
o computador. Uns minutos depois voltou ao piso inferior e depois disse à
sua mulher:
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— Já sei o que é essa palavra.
— Já? O que foi que descobriste? Diz-me.
— Eu conto-te.
— Conta-me então.
— Um dia li um livro que requisitei na Biblioteca Municipal, e que tinha o
título: «Nós somos irmãos”. Nele, fazia-se referência a um chefe índio pele
vermelha, que escreveu uma carta ao Presidente dos Estados Unidos
reprovando a atitude dos caras pálidas em relação à Natureza. Na carta, entre
outras coisas, ele escrevera a palavra: “MAASAW”. Aproxima-se da palavra
que pronunciaste ontem enquanto sonhavas. Afinal, havia algo parecido a
ligar essa palavra. Não era bem essa, mas soou-me parecida. Poderia não ter
percebido muito bem, mas agora reconheço-a como sendo a que
pronunciaste.
Recentemente o senhor ‘M’ procurou novamente esse livro, na biblioteca,
mas não o encontrou. Ficou sem confirmar se, de facto, essa palavra na
língua indígena, quer dizer: — Nós somos irmãos.
Recordou que nesse livro se contava como era a vida livre e como respeitava
intimamente a natureza desses índios. Eles defendiam-se quando atacados,
mas também cultivavam, comiam, caçavam e, sobretudo, sabiam viver com
amor e em paz uns com os outros.
Mais tarde descobriu na Internet uma interessante descrição sobre os índios
peles vermelhas HOPI e as instruções do “MAASAW” o criador e zelador da
Terra. Daí a semelhança com aquele Makasawe que sua mulher nessa noite
pronunciou várias vezes, mas de forma pouco distinta.
Com essa palavra afirmavam — Nós somos irmãos.
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O Espelho
O senhor ‘C’ não se encontrava bem consigo nem com os outros. Andava de
um lado para o outro na sua casa e quando saía à rua, não podia afirmar
realmente o que sentia. Descobrira recentemente algo que, até ali não o
incomodava, agora não saía da sua mente.
De um momento para o outro tomou consciência do facto muito simples de
que, quando olhava para o espelho, no seu quarto, a imagem refletida seria
sem dúvida da sua pessoa, mas apresentava-se diferente já que acontecia um
fenómeno ótico de reflexão.
Nunca observara diretamente a sua cara, só indiretamente, como aquela que
aparecia no espelho. Esta simples constatação introduziu na sua cabeça uma
certa perplexidade.
Nunca tinha reparado nesse pormenor ao longo dos seus anos de vida.
Convivia com as suas amigas, e amigos e nunca verificaram existir um
princípio fundamental que se apresentava entre o eu e os outros. A sua
imagem estava ali, mas nunca a via diretamente. Os outros, através dos seus
olhos voltados diretamente para a sua cara, podiam vê-lo mas, por outro lado,
também não se podiam ver a eles próprios.
Perguntava-se porque seria assim? Possuía dois olhos na sua cara, mas nunca
os vira diretamente. Só quando olhava para o espelho ou observava uma sua
imagem num papel, ou num ecrã.
Constatou igualmente que se fechasse um olho, o que via com o outro dava
uma sensação tridimensional muito limitada. Se fechasse esse olho e abrisse
o outro, aconteceria o mesmo. Estivessem os dois abertos, a imagem era
muito mais perfeita. Também aqui a dualidade se apresentava como sendo
verdade.
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O nosso amigo ‘C’ andava em volta desta pequena, enorme pergunta: afinal
porque é assim? Porque todos nós não vemos diretamente os nossos olhos? A
nossa cara? As nossas costas? Para me ver tenho de olhar para um espelho
onde vejo uma imagem virtual e nunca a imagem real? Ou então para um
retrato, ou um filme?
A resposta julgo que é evidente e muito simples. Neste mundo temos uma
anatomia que só nos permite observar assim. A resposta é mesmo esta.
Qualquer ser humano, seja qual for, não rejeitará isso mesmo. Observamos os
pés, as pernas, a barriga, o peito, as mãos e pouco mais. As leis da física e a
nossa anatomia explicam porque os nossos olhos só permitem ver
diretamente esses pontos do nosso corpo. Se utilizarmos espelhos já podemos
ver o resto. Não somos camaleões com os olhos a torcer uma curva para
poder ver quase em 360°. Um movimento que lhes permite procurar as presas
para se alimentarem.
Será mesmo assim? Não haverá outra caraterística fundamental envolvida?
Porque será que só estaremos completos quando existir ao nosso lado um ser,
idêntico a nós, para nos completar? Como está bem presente na nossa vida, a
começar pelo binómio Cosmos-exterior / Cosmos-interior, uma realidade
patente. Essas duas expressões, unidas representam uma só: — Dualidade!
Haverá, ainda, outra a uni-las: o cimento a que damos o nome de Amor.
O senhor ‘C’ aprendeu, então, que a Dualidade fará sempre parte da nossa
vida.
A partir desta pergunta começou a adicionar outras que, entretanto, surgiram.
Estava longe de ser um cientista, mas, talvez fosse isso que o permitia ir mais
longe.
Perguntava:
– Para onde vou? Porque durmo? Porque sonho?
Apercebe-se de que os cientistas faziam as mesmas perguntas, mas, não
tinham as respostas concretas para elas.
A vida que possuímos, sendo ainda rudimentar, é já algo na nossa
consciência, mas temos muito que evoluir para a podermos compreender.
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Não sabemos se estas palavras poderão ser lidas por alguém daqui a mil ou
dois mil anos. O nosso futuro será sempre difícil de antecipar. Só podemos
fazer uma previsão sempre falível.
O senhor ‘C’ foi às compras no centro da cidade de São Mamede de Infesta,
tomou café na padaria do costume, sentiu o seu efeito revigorante a escorrer
lentamente pela garganta. Era um sabor que já não podia dispensar. Saiu para
o exterior e olhou para o céu sem nuvens. Entrou numa loja chinesa para
comprar umas pilhas. A simpática empregada disse-lhe o preço. Pagou e foise embora.
Nesta cidade diariamente cruzam-se pessoas que, por vezes, se
cumprimentam e seguem cada uma para o seu destino. O sr. “C” não se
encontrava muito bem, embrenhado na pergunta que começara a fazer acerca
dos seus olhos, mas sobretudo preocupado com a evolução da pandemia e as
notícias que diariamente lhe chegavam sobre o conflito entre a Rússia e a
Ucrânia prendiam todo o mundo ao ecrã, tentando acompanhar as
conversações, se as houvesse, para resolver esta guerra. Um conflito que
podia até provocar o extermínio da vida na Terra.
Por outro lado, a pandemia já nos perseguia há quase três anos e não nos
permitia respirar. Umas vezes com altas incidências outras, quase
adormecida, mas nunca deixava de se estar presente. Isto poderia querer dizer
algo, porém, não sabia ainda explicar.
No contexto da política internacional, a nova ameaça poderia transformar-se
na Terceira Guerra Mundial. Repentinamente surge um desconfortável
panorama que pensávamos estar muito longe da nossa vida. O que representa
o Homem em relação ao seu habitat — a Terra? Será o seu construtor ou o
seu destruidor?
A Terceira Guerra Mundial o que será? O fim de tudo? Sabemos que existem
armas atómicas mais que suficientes para acabar com toda a vida neste
planeta. Os russos têm anunciado grandes progressos no fabrico de armas
nucleares, e não só. Segundo os americanos, os invasores poderão ocupar
totalmente a Ucrânia em poucas semanas.
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Não sabemos o que acontecerá. Um facto é certo, o Homem será sempre o
responsável. Estaremos a assistir aos últimos retoques para esse horrível fim?
O Cosmos-interior não ficará indiferente, antes pelo contrário. Eles têm
vindo até cá, a todo o momento, para observar e ver o que será possível fazer.
Não sei como será nem penso sequer nessa possibilidade. Sei, porém, que
temos de ser nós a salvar-nos. Eles poderiam vir até cá dizer-nos para não
avançarmos neste ou naquele sentido. Mas, temos de ser nós a decidir através
da nossa própria ação e evolução. Se nos viessem dizer diretamente, como
proceder, recuaria-mos de uma vez milhões de anos.
A verdade não nos pode ser ensinada. Terá de ser aprendida letra a letra,
sílaba a sílaba. Terá de ficar inscrita para sempre na nossa alma. As
mensagens que nos enviam encontram uma humanidade ainda longe de
entender o que os sonhos nos dizem. Eles, no entanto, insistem sempre.
Estamos muito longe de entender a linguagem do inconsciente. É isso que
Eles aguardam que aconteça. Esperamos que a paz possa acontecer
rapidamente.
O senhor ‘C’ andava muito preocupado com tudo isto. A humanidade, em vez
de se reunir urgentemente para salvar o ambiente da Terra, prepara-se para o
destruir. De um dia para o outro coloca-se à nossa frente um colapso que
nunca imaginamos. A nossa cabeça já não está a funcionar plenamente.
Tinha consciência do que estava a acontecer, não era preciso ser cientista,
embora tivesse gostado de aprofundar os seus conhecimentos. Desejava
acreditar que era possível reunir muita gente para a grande missão que seria
salvar o planeta, mas ainda é grande a diferença que existe, em termos
evolutivos. Muitos contestam a visão a que chegara depois de tantos anos a
investigar. Sabia agora que os óvnis afinal não existem. Eles são uma coisa
muito diferente do que os pesquisadores pensavam. Foi uma descoberta que
fizera há poucos anos e considerava muitíssimo importante. Eram
confundidos com extraterrestres quando, afinal, são o resultado da nossa
atual interação com o que denominamos de inconsciente.
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Contos Continuados
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O senhor ‘C’ já os vira muitas vezes no céu, mas, os seus amigos não
acreditavam nem o compreendiam. Diziam ser uma mania que ele possuía,
que eram simplesmente satélites artificiais e nada mais do que isso. Ele
tentava por todos os meios dizer que uma pequena parte não eram satélites
artificiais. Éramos simplesmente Nós.
Dos biliões de seres humanos que terminaram a vida aqui na Terra, alguns já
evoluíram e vêm até cá para nos alertar. Isso prova que afinal a Bíblia e as
religiões tinham razão ao dizer — Nós somos imortais. Estamos aqui na
Terra para descobrirmos isso através da aprendizagem evolutiva do nosso
cérebro.
Conhecemos o Cosmos-exterior: a parte que diz respeito ao mundo que
observamos, mas a humanidade descobriu ainda muito pouco. Quando olhava
para o céu à noite, tinha a certeza de que via esses visitantes provenientes do
Cosmos-interior. Possuíam algumas particularidades que aprendeu a
distinguir e foram poucas as vezes que o senhor ‘C’ não acertou.
Começou também a utilizar outro caminho — os Sonhos. Aprendeu a deitarse com o seu cérebro o mais repousado possível. Assim conseguiu obter
muitas interpretações dessa outra realidade que nunca alcançara através de
cursos, livros, religiões, filosofias ou variantes do chamado ocultismo e
esoterismo. Pensava pela sua cabeça e não se inclinava para qualquer crença
estabelecida. Obviamente que as respeitava muito, e possuía uma ligação
especial com a religião que a sua mãe lhe ensinara quando era pequenino.
Um dia, ele e outros, viram pela primeira vez um óvni com a forma de um
disco voador. Isso representou o início de uma procura que perdura até hoje e
que, o levou a fazer parte de diversas associações e grupos que estudavam
este assunto.
O senhor ‘C’ acreditou nesse objetivo, mas não seguiu o mesmo método de
investigação. Após os observar diretamente no céu muitas vezes, começou a
escrever aquilo que se tornou numa convicção. Num outro tempo, no futuro,
alguém poderá ler o que ele escreveu.
O senhor ‘C’ começou a ficar mais descansado: aquilo que inicialmente o
preocupava, acerca da impossibilidade de ver os seus olhos, afinal, não era
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Contos Continuados
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importante. Poderia observá-los a partir do Cosmos-interior, quando o seu Eu
criado no Cosmos-exterior estivesse mais perto e pudesse compreender o
chamado inconsciente. Poderia casar-se e constituir a Dualidade, esse seria o
caminho natural e importante.
Temos de descobrir e avançar para esse universo fantástico que está à nossa
espera.
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A Descoberta
Ao abrir a janela do seu quarto olhou para as nuvens do céu e para a
paisagem em redor. Por cima do telhado das casas, gaivotas esvoaçavam com
agilidade. De repente ouviu ao longe um som que, infelizmente, era-lhe
bastante familiar:
– Uiiii, uiiii, uiiii!
Uma ambulância dos bombeiros de São Mamede de Infesta apitava a
caminho de prestar assistência a um acidente ou transportando uma pessoa
doente para o hospital mais próximo.
Nesse dia ouviria muitos sons idênticos aqui, ali, ou acolá com os mesmos
propósitos. Era um som a que já se habituara e quase nem ligava, a menos
que fosse ele a ser transportado.
Preferia estar no meio do mar ou no espaço, longe destas convulsões que a
realidade envolvente desta civilização transmite.
Não era só isso que o preocupava, mas também, o ruído e outros estranhos
sons que se repercutiam por todo o ambiente circundante: O começo de um
enormíssimo quadro, como uma pintura esotérica de Hieronymus Bosch, que
se pudesse ajustar à civilização em que vivemos.
Ouvimos o uiiii, uiiii, uiiii!
Sempre que vamos à janela ou à rua aparece-nos uma amostra sonora desta
civilização em que vivemos. Mas, existem muito mais perturbações a
envolver-nos.
Numa simples frase diremos: o que perturba o ambiente deste planeta cava
mais fundo o fosso, não só da humanidade, mas da própria Vida que se
encontra em perigo.
Infelizmente ainda poucos se dão ao conhecimento ou à descoberta desses
problemas. Quando chegamos a esta Terra, a civilização que encontramos
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Contos Continuados
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não está sincronizada com a Paz e a tranquilidade, necessárias para uma
vivência pacífica. Somos, desde logo, bombardeados por uma vida
descontrolada e, quando damos fé, já é tarde e não conseguimos mudar para
uma outra atitude que aumente as possibilidades de viver em ação, mas em
paz e harmonia.
Os problemas que enfrentamos são imensos, ao tomarmos consciência disso,
agarramos a nossa cabeça com força e ficamos paralisados. Quando
começarmos a pensar melhor reagiremos com denodo e voltaremos a olhar
para o Cosmos-interior onde temos a certeza de encontrar a ajuda que todos
precisamos para avançar rumo a um futuro diferente. Mas o nosso cérebro
não está ainda recetivo, ainda não chegou lá.
Desejamos isso e, – já que desbravamos por entre a escuridão um caminho
criativo, sem atropelar ninguém – podermos avançar para uma posição mais
evoluída onde, em conjunto, seremos cada vez melhores.
Isso é simplesmente a redescoberta de uma realidade que sempre existiu, mas
que nós ignoramos. Julgámos-nos os seres superiores, mas, afinal temos de
evoluir ainda muito para atingir o equilíbrio entre a realidade em que
vivemos e a outra que está para além desta, ou seja: o Cosmos-interior.
Alguma prova disso? Claro que sim!
Todos possuímos uma cabeça dentro da qual transportamos uma máquina
super fantástica, mas, estamos longe de conhecer todas as suas capacidades.
A nossa evolução ainda não permitiu explorar todo o potencial do nosso
cérebro. Através dele, poderemos ir aonde desejarmos, incluindo ao contacto
com o Cosmos-interior. Para isso teremos de compreender, cada vez mais
perfeitamente, o Cosmos-exterior. Existe, porém, outra realidade que não
podemos continuar a ignorar — os nossos sonhos. Nós sonhamos todos os
dias, mas, na maior parte das vezes, não nos recordamos. Isso deve-se,
somente, ao nosso atraso evolutivo.
Denominamos erroneamente por óvnis as luzes que, por vezes surgem nos
céus à noite. Podem, na sua maioria, ser apenas satélites artificiais, mas, os
verdadeiros existem mesmo. Mal começaram a ocorrer os primeiros sinais
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Contos Continuados
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desta pandemia, Eles avisaram imediatamente para termos a certeza do
perigo que estávamos a correr.
Quando da rua nos chega o uiiii, uiiii, uiiii, ficamos tristes, pois é a prova de
que a civilização onde vivemos está doente. Temos muito a fazer para baixar
este som. O barulho perturba-nos. Apertemos as mãos e caminhemos
resolutamente nesse sentido.
Mantermo-nos saudáveis é algo que não devemos descurar. Os hospitais são
necessários para ajudar o corpo e a mente nos problemas de saúde que são
inevitáveis. As doenças existirão, mas, agora crescem de forma desmedida.
Quando passamos por um hospital, fechamos os olhos e ficamos assim uns
segundos, vemos uns flashes que se destacam no interior do nosso cérebro.
Num hospital, seres humanos trabalham, outros sofrem e alguns partem para
o outro cosmos sem nunca descobrirem o que é afinal esta civilização em que
nos encontramos.
Temos de fazer rápidas e profundas alterações ao nosso comportamento face
ao escuro mundo onde a nossa vida se embrenhou. Abraçar com os dois
braços uma nova realidade para mitigar as imperfeições que hoje nos atingem
e ameaçam. Não foram os extraterrestres que vieram à Terra provocar a
tremenda confusão que grassa neste mundo. Aproximamos, cada vez mais, de
um fim para o qual não fomos criados e a culpa é só nossa — de mais
ninguém!
Ainda estamos a tempo de salvar e recuperarmos este planeta a que
chamamos Terra? Confessamos que não o sabemos. A pandemia está aí e
muitas pessoas continuarão a sofrer. Enquanto o Homem não introduzir as
necessárias alterações no seu comportamento, e são muitas, esta espécie de
doença continuará a vergastar-nos, cada vez mais assustadoramente.
A Natureza sabe que terá de convencer o seu componente de vida, dita
inteligente, a mudar a sua forma de agir. É indispensável começar a atuar de
outra forma. Não podemos continuar a colocar as armadilhas onde um dia, já
muito próximo, todos acabaremos por cair. Chegamos até aqui sem
compreender como estamos às portas de mais uma guerra mundial, esta com
caraterísticas ainda mais terríveis.
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Contos Continuados
António Durval
Olhamos para o espaço já saturado de satélites e não compreendemos porque
são necessários tantos e tantos correndo para todos os lados. Na sua maioria
para espiar e preparar um possível confronto na Terra.
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Contos Continuados
António Durval
O Ambiente na Terra e no Espaço
Os acontecimentos negativos que enfrentamos só têm um culpado, NÓS.
Através da Internet temos a possibilidade de descobrir, acompanhar e
difundir muitos avanços da ciência e da tecnologia. Inovação Tecnológica, é
uma das páginas através da qual podemos ter acesso a muitas dessas
descobertas.
Também evoluímos através da leitura de livros, cujas novidades vamos
espreitar nos hipermercados ou nas livrarias e acabamos por comprar alguns
deles. Por exemplo: O Jardim dos animais com alma de José Rodrigues dos
Santos; Sonhos Lúcidos de Dylan Tuccillo, Jared Zeizel e Thomas Peisel; O
Campo de Linne McTaggart; História Oculta do Mundo de Édouard Schuré,
entre outros.
Também podemos encontrar idênticos livros em Bibliotecas Municipais que
estejam devidamente preparadas para proporcionar aos seus leitores essa
leitura.
A poluição ambiental gerada pelos transportes que utilizam ainda os
combustíveis fósseis, mas também pela massificação dos que utilizam a
energia elétrica: a fonte energética que se destaca como sendo uma
alternativa que sendo melhor que os combustíveis fósseis não é, ainda, a
solução que todos procuram. Esta tecnologia implica a necessidade de
emprego de grandes quantidades de lítio para as baterias e a extração deste
mineral é bastante poluente. Ficamos aterrados com a poluição de lama, e
outros problemas ambientais que estas explorações acarretam para as
populações que vivem nas suas proximidades.
A discussão encontra-se neste pé, mas não favorece a observação da realidade
que é o verdadeiro palco que está atualmente em equação: o nosso ambiente.
Até agora só apontamos para a poluição dos transportes. No entanto, existem
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Contos Continuados
António Durval
outros problemas, como, por exemplo, aquela que é provocada pela crescente
corrida ao espaço. Ou ainda a terrível poluição com origem na agricultura e
pecuária. Saberão porventura das enormes quantidades de dióxido de carbono
e de metano que são diariamente lançados na atmosfera a partir dos campos?
São biliões de litros com origem nos animais, incluindo o próprio Homem?
Encontramo-nos numa situação muito perigosa que tem a ver com a nossa
alimentação. Se desejarmos resolver os problemas ambientais do planeta
temos de incluir, na solução, todas as suas origens que representam esta
ameaça terrível à nossa sobrevivência.
Existem satélites com finalidades científicas (e pacíficas), que nos podem
ajudar a monitorizar os problemas ambientais, como a desflorestação.
Também na pesquisa do universo, como é o caso dos telescópios espaciais;
do Hubble, o Spitzer e, mais recentemente o James Webb, que no dia vinte e
quatro de janeiro de dois mil e vinte e dois, chegou ao seu destino, entre a
Terra e o resto do universo (no chamado ponto Lagrange 2, a um milhão e
meio de quilómetros de distância). Esperamos observar muitas surpresas dos
confins do universo, com este e muitos outros telescópios, graças à
cooperação e conjugação de esforços de vários países.
A construção deste telescópio pela NASA — National Aeronautics and Space
Administration, iniciou-se em 2005 e colaboraram cerca de vinte países e
mais duas agências: a ESA — Agência Espacial Europeia e a AEC —
Agência Espacial Canadiana.
Temos, porém, de realizar um outro projeto muito maior para evitar que
acabemos dizimados pela pandemia ou por uma guerra mundial que poderá
acontecer a todo o momento.
Perante os enormes problemas que uma guerra poderá trazer façamos as
malas para o outro mundo, pois, de certeza, não teremos outra oportunidade
por cá. Se desejarmos evitar esta guerra e começar a enfrentar o produto da
nossa acutilante devastação infligida à Vida, que não é só a nossa, teremos de
decidir rapidamente. De uma vez por todas temos de nos aproximar do
Cosmos-interior que está muito para além dos nossos olhos. Dar um
empurrão muito grande, através do nosso cérebro, para subirmos até ao
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Contos Continuados
António Durval
contacto com os nossos irmãos e de tentar evoluir o que nos falta, para
podermos estar finalmente unidos. A Terra merece-o e nós, obviamente, o
desejamos. Possuímos um cérebro potencialmente capaz de entender isso e
descobrir que os sonhos não são somente o rés do chão de uma casa. São um
edifício de vinte, trinta e muitos andares que terá de ser subido até ao cimo.
Aquilo que vivemos aqui nesta terra é sem dúvida o desafio para essa
ascensão que nos levará um dia a estar com os nossos amigos, irmãos e claro
com nós próprios.
Cada um por si e todos em conjunto, temos de desmontar e limpar a nossa
mente para observarmos o que realmente somos e para onde caminhamos.
Não será fácil, principalmente para aqueles que pensam em permanecer na
Lua ou mesmo Marte e já possuem na sua cabeça muitas questões
preocupantes. Temos em primeiro lugar de perceber que a Terra se encontra
totalmente desgovernada e quase perdida. Por isso devemos fazer primeiro o
essencial para dotarmos este planeta das condições capazes para a viabilidade
da Vida e finalmente concretizar uma ligação perfeita para outras aventuras
no espaço exterior e sobretudo no nosso interior. Temos de parar e pensar.
Se efetuarmos um mau caminho teremos de corrigir nosso comportamento de
acordo com o que sabemos que é mais correto. Não devemos entrar numa
corrida pela exploração espacial e primeiro encontrar uma solução para os
imensos problemas que estão aqui bem perto de nós, no planeta em que
vivemos. Esta é uma fase de: parar para pensar antes de agir. Não devemos
correr para outros objetivos. Temos de saber primeiro: quem somos e para
onde vamos. Não podemos cair na primeira vala, onde não poderemos evitar
as hecatombes que esse caminho possa encontrar.
Este livro de contos tem um título dirigido à nossa ação futura.
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Contos Continuados
António Durval
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Contos Continuados
António Durval
O Tempo no “Sol Poente”
Da parte da manhã costumava ir ao café. Hoje o escolhido foi o «Sol
Poente», situado na zona da Pedra Verde em São Mamede de Infesta. Entrou,
cumprimentou as pessoas e dirigiu-se a sala interior. Sentou-se numa mesa
disponível e tomou o café.
Retirou o pequeno computador portátil e deu continuidade à escrita do seu
livro de contos. Desta vez o tema seria o Tempo que passa continuamente e
que nunca desaparece. Encontrava-se ainda numa fase primária da sua
abordagem. Olhou para o teto durante uns segundos e observou a grande
ventoinha que nessa altura não funcionava. Depois, para os vidros da grande
janela que dá para o exterior. Viu através das vidraças passar algumas
pessoas, espaçadamente. No entanto, as ideias para o seu trabalho é que não
vinham. Estava ali com vontade de continuar a escrever um livro e tentava
retomar esse trabalho, mas esbarrava sempre com um certo desequilíbrio
dentro de si, pois, não conseguia entrar no tema que escolhera. Passou-se um
minuto, dois, três, quatro, cinco e nada vinha à sua cabeça.
Olhou para o relógio do pequeno computador, já caminhava para perto de
seis minutos desde que o abrira.
Disse então para consigo:
— Ora! Se quero falar do Tempo, como devo fazer? Primeiro terei de
clarificar se desejo ou não falar disso em termos puramente físicos. Quero
falar do Tempo que passa a todo o momento marcado e contado nos relógios
ou nas linhas circulares que as árvores registam no interior do seu tronco. É
sobre isso que desejo escrever aqui neste livro. Se me for possível, claro.
Olhou novamente para o relógio do computador. Já contava oito minutos
desde que começou a tentar escrever, porém, ainda nem sequer tinha teclado
a primeira sílaba. Estendeu o olhar através da janela para o exterior e
continuou a ver pessoas a passar. No café via, por vezes, alguém chegar e
sentar-se. O empregado perguntava-lhe: — O que deseja tomar? E voltava
com o que o cliente pediu, recebia o dinheiro, dava o troco e regressava
novamente ao balcão.
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Contos Continuados
António Durval
Passam-se mais uns dois ou três minutos. Olhava para o relógio do
computador que funcionava continuamente.
Em determinada altura começou a rir para si mesmo.
— Caramba! Envelheci mais dez minutos a caminho dos onze e ainda não
consegui escrever nada sobre o tempo? Afinal em que mundo me encontro?
Não poderei encontrar um período em que os relógios deixem de funcionar?
Estou sempre a envelhecer e não consigo de forma alguma parar, cada vez
mais próximo do fim da vida. Quando para mim, isto acabar que acontecerá?
Dá-se o fim e tudo acaba? Aparece a escuridão, o silêncio? O Puff! A vida
que vivi, segundo a segundo, minuto a minuto durante o tempo que estive
aqui, não serve rigorosamente para nada?
O relógio continuava sempre a avançar. Já lá vai quase um quarto de hora e
os filhos da mãe dos relógios não param, continuam sempre a avançar.
Entretanto, pensava:
— Desejava falar sobre o Tempo. Desejava mesmo. Os relógios jamais se
cansam de andar sempre para a frente. Porquê? Daqui a uns tempos já estou
mais caquético e não posso retroceder para corrigir o desmazelo que
aconteceu durante a minha vida. Não poderei corrigir absolutamente nada
daquilo que fiz ou não fiz. Aconteceu, parou, acabou, já passou e de mim já
ninguém se lembrará.
Estava atrapalhado com aquele impasse que tolhia a sua respiração e também
a inspiração.
De repente lembrou-se:
— Durante a noite anterior sonhei bastante. Parecia que estive a sonhar a
noite inteira. Em determinada altura foi-me apresentado um senhor sentado
no chão. Era nada mais, nada menos que um médico das estrelas. Falei com
ele, respondeu-me bem disposto e sereno a tudo o que lhe perguntei. Disseme que poderia ir a um médico terreno mas, que nunca o esquecesse. Ele
seria sempre o meu médico verdadeiro. De facto eu não andava muito bem
ultimamente.
Ele disse-me:
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Contos Continuados
António Durval
“— Viverás mais uns anos. Não te preocupes, pois, estarei sempre atento e
por perto.”
De vez em quando recordava-se dessa conversa que tivera nesse sonho e
nunca se esqueceu do seu médico das estrelas.
Olhou para o relógio do computador e reparou que já tinham passado cerca
de trinta e cinco minutos e continuava sem conseguir escrever algo de
concreto sobre o tempo.
O movimento no café continuava a processar-se da mesma forma. Enquanto
isso, sentia que envelhecera ainda mais. Estava mesmo à rasca, pois não
surgia nada de concreto para escrever sobre o assunto. Olhou mais uma vez
para as pessoas que passavam naquela rua e pensou:
— Aqueles que passam ou que entram neste café seguem a sua vida apoiados
na mesma linha de tempo. Isto é inteiramente verdade. Um dia que partamos
para outro lado vamos encontrar-nos outra vez? Neste Cosmos-exterior não
ultrapassamos um certo valor: no máximo dos máximos cento e vinte anos de
vida.
Se quisesse viver mais tempo, isso não seria possível. As células do nosso
corpo estão programadas para durar esse tempo aproximadamente, no
Cosmos-exterior. Não temos por isso escolha. A vida terminará sempre, um
dia, e a mente passará através da Linha da Vida para o Cosmos-interior ou
voltará a reencarnar.
Continuava a tecer estas perguntas para as quais não obtinha uma resposta
concreta. Olhava para o relógio do computador e já lá iam mais de quarenta e
cinco minutos após se ter sentado à mesa do café. Ia até começar a arrumar as
coisas, deixaria para outro dia a tarefa de escrever sobre o Tempo.
Subitamente, lembrou-se de um pequeno artigo que escrevera, já há alguns
anos, sobre o mesmo tema. Traçou um risco num papel e depois colocou dois
pontos, um no início e outro no fim. Para ele isso representava graficamente
um segundo. Depois dividiu-o a meio com outro ponto. Cada parte
representava meio segundo. Dividiu o meio segundo em dois e cada parte
representava um quarto de segundo. Depois esse quarto de segundo foi
dividido em dois e ficou um oitavo de segundo... Poderia fazer divisões de
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Contos Continuados
António Durval
forma contínua e nunca mais acabar. Cada parte dividida ficaria sempre cada
vez mais pequena. Teoricamente poderíamos continuar sempre. As divisões
poderiam ir até ao infinito. Ficaria a dividir uma reta a vida inteira e jamais
chegaria ao fim dessa operação.
Estaria equivocado? Penso que os cientistas já se exprimiram sobre este
problema.
O tempo terá de ser representado de forma diferente para cada um dos
cosmos? No Cosmos-exterior será na forma triangular, ou seja, todas as
parcelas de tempo poderão ser divididas indefinidamente. Portanto, esse
tempo é divisível. Depois, para nós, será o atravessar da chamada Linha da
Vida, a passagem para o Cosmos-interior onde o tempo será indivisível.
Chegara finalmente ao começo de uma resposta. Aqui neste Cosmos-exterior
era tudo o que poderíamos entender. Para além das dimensões: comprimento,
largura e altura existia também a dimensão tempo que poderíamos, neste
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Contos Continuados
António Durval
cosmos, estender até quase ao infinito. Depois daquele tempo divisível,
atravessaremos a linha da vida e, já não estaremos no Cosmos-exterior —
começamos a entrar num outro mundo.
Será um atrevimento estar aqui a falar deste mundo, do outro e também do
Tempo? Durante imensos anos muito foi dito sobre este assunto, contributo
de grandes pensadores que se debruçaram sobre estas questões.
Todos temos uma íntima ligação com o Tempo, mesmo aqueles que não são
cientistas. Para qualquer ser humano, desde a mulher a dias, o carpinteiro, o
turista, ou alguém que viva na rua, o Tempo estará sempre presente. Sabemos
que ele não pára e um dia acabará. É só esta verdade que desejamos aqui
referir de forma vincada. O Tempo passa sempre até que um dia…
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Contos Continuados
António Durval
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Contos Continuados
António Durval
O Autocarro 61
Ia muitas vezes a Valongo. A sua relação com essa povoação, que ficava
relativamente próxima, começou quando, em 1978, resolveu ir até ao Monte
de Valongo à noite para efetuar observações no céu. Mantinha relações
estreitas com alguns grupos de ovniólogos, mas gostava de fazer as suas
próprias investigações, o que se revelou muito útil. Quando estava bom
tempo e tinha disponibilidade, lá ia para poder ver o brilho das estrelas,
sempre na expectativa de que, entretanto, algo mais pudesse surgir. Escolhera
este local pelas suas condições de observação e por só necessitar de utilizar
um autocarro, o qual partia do centro de São Mamede de Infesta. Essas
pequenas viagens estenderam-se até 1985, com o propósito de prosseguir as
suas investigações sobre o que denominava por óvnis.
Algumas vezes acompanhado por familiares ou alguns amigos, porém, isso
acontecia apenas ocasionalmente. Foi uma aventura que durou sete anos.
Deslocava-se de autocarro, já quase noite, na direção daquele lugar, saía
numa paragem isolada no alto do Monte de Valongo, recuava cem metros e,
numa zona mais baixa, entrava por um caminho que o levava ao local de
observação, assinalado por um marco-geodésico. Acendia a lanterna que
trazia no saco que levava às costas, para ver melhor entre as pedras, silvas e
mato. Até ao alto, era um caminho com mais de trezentos metros que, por o
ter percorrido quase sempre de noite, não conhecia muito bem. Já estava
perto do alto quando o terreno ficava mais nivelado e aberto. Depois, lá
estava o marco-geodésico a marcar o cimo do monte. Pousava o saco em
cima do marco, colocava os pés numa pedra, fazia força e sentava-se na parte
mais alta. Em redor o silêncio era quase total, apenas um longínquo eco da
vida citadina. Sendo um local, por vezes, mal frequentado, tinha o cuidado de
inspecionar os arredores para ter a certeza de que estava sozinho. Depois,
olhava o céu límpido e observava o cintilar das estrelas, os planetas e, por
vezes, um avião que passava. Pegava nos binóculos e espreitava para o lado
do mar. Podia observar, ao longe, as luzes da Avenida do Conde em São
Mamede de Infesta e mais além, para a direita, a refinaria da Sacor. Para os
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Contos Continuados
António Durval
lados do sul, Gaia e as montanhas, picadas de luzes, que conduzem no seu
vale o rio Douro. Observava no escuro as torres das igrejas, como a de Nossa
Senhora da Conceição, a da Lapa e outras. A nascente surgiam as montanhas
de São Miguel o Anjo e de São Pedro da Cova, com luzes a brilhar aqui e ali.
No céu surgiam pontos luminosos como os que observava no pátio da sua
casa.
Não podia afirmar se eram satélites artificiais ou não. Uma vez, porém, não
pôde duvidar — assustou-se mesmo. Um ponto luminoso passou muito
próximo por cima dele, seguiu-se outro com o mesmo sentido e direção,
ambos passaram muito baixo — ele nunca se esqueceu. Atualmente, a sua
ligação a Valongo mantém-se, mas não com o Monte. A sua idade já não
aconselha caminhos tão agrestes, e as vias de acesso sofreram grandes
alterações. Agora passa à volta e vai até ao centro da cidade. No trajeto de ida
senta-se do lado esquerdo do autocarro, e quando regressa, vem do outro
lado. Ao passar próximo do Monte de Valongo, lembra-se dos tempos em que
ia até ao marco-geodésico e, no seu assento, muitas vezes, fala interiormente
para Eles — os tais óvnis, que afinal não são só de outro mundo, já que
pertencem também a este. Esta é a opinião secreta que naturalmente se impôs
na sua mente.
Um dia, mais recentemente, entrou no autocarro 61 em Valongo, sentou-se
num lugar à direita, como era seu costume no regresso. Eram poucos os
passageiros, contudo, exatamente do outro lado, seguia uma jovem senhora,
muito bonita e bem vestida. O autocarro arrancou, e a senhora olhou-o e
sorriu. Ele correspondeu, tendo a senhora se levantado e foi sentar-se ao seu
lado sem qualquer rodeio, deixando-o surpreendido. Não se lembrava de lhe
ter acontecido nada igual em toda a sua vida. Uma linda mulher que se
encontrava sozinha no autocarro ter feito aquilo? No seu íntimo algo lhe
despertou a sua atenção. De repente chegou do seu cérebro a certeza de que
Eles já estavam por cá há muito. Mas foi só um pensamento. Ela sorriu
novamente, e ele correspondeu e disse-lhe: — Escolheu bem sentar-se à
minha beira. Achou que deveria começar a falar sobre qualquer coisa, mas foi
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Contos Continuados
António Durval
ela quem começou. Conversaram sobre os atentados atentados ambientais na
Terra.
(Possuía em casa, o livro “Espelho Secreto”, no qual a atriz norteamericana Shirley Maclaine, descreve uma viagem ao Peru com o seu amigo
David. Na parte final da viagem o seu amigo revelou que um dia conhecera,
naquele país, uma linda jovem, a Mayan, que se comportava como sendo
uma extraterrestre.)
A sua parceira de viagem falou sobre o que estava a acontecer por toda a
parte neste planeta, causando uma enorme preocupação para aqueles que
sentiam a proximidade de uma enorme tragédia, embora não houvesse uma
reação forte contra isso. O ambiente estava em perigo. Havia uma luta cada
vez mais evidente entre a grande indústria e os que defendiam a Paz e a
Natureza. Falou também de muitos países com um conhecimento que achou
invulgar.
Estava a comunicar inteiramente com ele e sabia o que fazer para o fazer
sentir-se à vontade. Era bonita, loira e trajava um vestido simples, lindo e
fora do comum. Após os atentados à Paz e ao ambiente, falaram sobre outros
temas. A certa altura, ele abordou a pesquisa que mantinha há anos sobre os
óvnis. Disse-lhe que chegara à conclusão de que, afinal, Eles tinham origem
em Nós próprios, mas estavam muitíssimo evoluídos. Que havia em cada ser
humano uma Dualidade, mas esta ainda não era reconhecida, porque Nós
nem sequer nos apercebemos disso.
Já nas proximidades da sua saída, o assunto era o outro lado, enquadrado no
estudo que fizera durante muitos anos, como membro de um grupo que
estudava os óvnis, mas que isso terminara. Existia, agora, um impasse. Ela,
sempre sorridente, concordou com ele e quando se aproximava a saída do
autocarro, disse: — Deve tentar voltar a falar com eles, são um grupo amigo
e, julgo que, com capacidades de evoluir na investigação. Tente novamente.
Ficou admirado com a forma como ela falou: parecia conhecer muito bem
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Contos Continuados
António Durval
esse grupo e, claro, a ele também. Na sua paragem, despediu-se com um
expressivo sorriso.
Aquele encontro no autocarro 61 ficou sempre a girar na sua memória. Lera
que os óvnis estavam por cá há muito.
Passados uns tempos recebeu o telefonema do seu amigo ‘N’ e colega do
grupo ovnilógico. Tiveram uma longa conversa e acabaram por, mais tarde,
se encontrar no Café Massa, perto do Monte de Valongo. Nesse encontro
voltaram a ser colocados imensos assuntos recorrentes e alguns que estavam
por abordar. O seu amigo manteve sua posição de que não deveria ir muito
mais longe, ou seja: para além do que o seu entendimento concebia.
Enquanto ele admitia também a possibilidade de se ultrapassar esse
conhecimento, pelo menos a nível das hipóteses. Também falaram de um
amigo comum ausente, mas esperavam que um dia pudessem estar com ele.
Recentemente, a treze de outubro de 2021, depois de vários meses
impossibilitados de se encontrarem devido à pandemia, os três amigos
encontraram-se, às dez horas da manhã, num café junto a uma praia. Após
tanto tempo, foi um encontro especial. Conversaram muito e também
ralharam bastante, pois, era evidente que anteriores quezílias se mantinham
bem vivas entre eles. Uma coisa, porém, era certa: acabavam sempre por dar
um abraço quando o encontro terminava. No decorrer da animada conversa
entre os amigos, o autor destes contos olhou para umas mesas, mais adiante,
e reparou numa senhora loira que se encontrava de pé a olhar fixamente para
ele. Ficou muito surpreendido, já que lhe pareceu ser a senhora que um dia se
sentou ao seu lado no autocarro 61. Parecia estar rodeada de familiares ou
amigos sentados ao seu lado. Ela continuou de pé a olhar para ele com uma
insistência muito especial. Lembrou-se então que era dia 13 de outubro: o dia
do Sol em Fátima. Bastante admirado, tentou não dar a perceber aos amigos o
que acontecia. Em determinada altura, ela e os que a acompanhavam saíram
do café. Hesitou em contar aos seus amigos que, nesse exato local em que
eles se encontravam, acabara de viver um caso extraordinário. Percebeu que
houve ali um momento muito especial, mas sabia que não era o momento
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Contos Continuados
António Durval
para falar disso de uma forma qualquer. Teria de pensar como lhes contar um
dia. Sabia que pelo menos um deles poderia reagir mal. Acreditava que a
treze de Outubro Eles estiveram em Fátima — Isso dera-lhe força para ter
pesquisado o tema durante muitos anos. Mas não admitia absolutamente mais
nada.
Existe mais um acontecimento relacionado com o marco-geodésico e o
autocarro 61, e que incluímos neste livro de contos: Em 2022 sentiu a
necessidade de voltar, não só para relembrar os tempos em que lá ia
frequentemente, e também, com o propósito de tirar uma fotografia do Marco
Geodésico. A que encontrara na internet não correspondia ao que se
recordava. Não se encontrava muito bem do seu esqueleto e andava a ser
tratado no hospital de uma doença da qual só sabia o nome. Um dia, em que
teve uma visita de um dos filhos e sentindo-se um pouco melhor, perguntou
se ele desejava ir com ele ao Monte de Valongo. Porém, ele tinha outros
compromissos para esse dia. A sua filha, ouvira a conversa e ofereceu-se para
ir. Assim foi: depois do almoço foram de automóvel até lá, para tirar a tal
fotografia. No trajeto ela perguntou-lhe se conhecia o caminho até ao marcogeodésico. Hesitou na resposta porque sabia que os acessos foram
profundamente alterados com a criação de novas vias e o desaparecimento de
outras. Quando agora passava de autocarro podia dizer onde ficava o monte,
mas o caminho para chegar ao marco já não o conhecia verdadeiramente. No
alto, à sua esquerda existia uma estrada que, no seu início, tinha vários
cartazes com o anúncio de empresas das imediações e até de um «dancing».
Passaram muitos anos desde a última vez que lá estivera. Por isso avançaram
com um certo cuidado. Atravessaram um conjunto de empresas que se
encontravam à sua esquerda, mas tiveram de parar porque a via encontrava-se
interrompida por um taipal. A construção de uma autoestrada ditou o corte da
velha estrada. Voltaram para trás, e junto das empresas viram um caminho
que os levava na direção de um pequeno bosque que as rodeava. O pai disselhe que parasse o carro, pois, com certeza, seria por ali que teriam de ir. Ela
preferiu ir novamente para a via principal, ou seja, virar à direita e entrar no
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Contos Continuados
António Durval
monte pelo lado inferior. Desceram a estrada que tinham subido
anteriormente e depressa chegaram a uma pequena rua que lhes surgiu à
direita, enfiou por aí, deu a volta e estacionaram. Do lado esquerdo existia
um caminho pedregoso e que subia íngreme. Teria capacidade para subir por
aquele caminho? Muito inclinado cheio de pedras soltas? Porém, com o
amparo da sua filha, lá foi.
Após subirem cerca de cinquenta metros o caminho virava à esquerda. Aí
começou a subir muitíssimo mais. Olhou para o cimo e reparou que ainda
estava muito longe. Continuou a subir, mas devagar. Andou cerca de vinte
metros e acabou por se estatelar no chão. A filha deu-lhe a mão e mesmo
assim não se levantou. Com esforço acabou por se erguer e continuar a
ascensão. No entanto, era com extrema dificuldade que o fazia. A filha
olhando então para ele, disse:
— Pai não avances mais. Vamos pelo outro lado que tinhas falado. Pode ser?
Olhou-a e acabou por concordar. O que ele desejava era chegar junto do
marco-geodésico fosse por onde fosse. Por ali, com a sua idade, seria
impossível continuar.
— Ok. Não seguimos por aqui. Se não te importares vamos pelo outro lado.
Agradeço-te.
Voltaram à estrada e, mais acima, viraram novamente à esquerda pela rua que
estava entaipada. Antes de se aproximarem do tal complexo de empresas,
parou o carro e continuaram a pé. Ela perguntou se desejava tirar a samarra
que levava. Concordou e entregou-a à sua filha, que a prendeu à cintura.
Foram junto ao muro branco que rodeava as empresas, por um caminho na
relva que, à frente se tornava mais íngreme. Viraram para a direita, por detrás
desse complexo. A partir daí o caminho, também pedregoso, subia muito
menos que aquele onde tinha caído. Nessa altura a sua filha parou junto a um
conjunto de flores bonitas para tirar umas fotos. Ainda não viam o marco que
achavam estar ainda distante. Começaram a subir uma encosta mais
inclinada, muito lentamente. Aí, o muro das empresas, que estava do lado
direito, tinha terminado. Olhou em frente, mas não conseguiu ainda
vislumbrar aquilo que procurava. Depois de uma subida menos pronunciada,
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Contos Continuados
António Durval
já livre de arbustos, viram finalmente o que buscavam — o marco-geodésico
— escondido por entre arvoredo que, antes, não existia. Ambos sentiram-se
satisfeitos por terem atingido o objetivo da longa jornada. Olhou para o
marco e para toda a paisagem à sua volta. Parecia igual ao que sempre fora.
Embora a vegetação, mais crescida, impedia de ver exatamente como antes:
teve de espreitar entre os arbustos para conseguir distinguir os pontos de
referência no horizonte. Depois olhou para o marco de cimento e
contemplou-o. A sua filha brincou com as borboletas de várias cores e
tamanhos que esvoaçavam por ali e tirou fotos. Sentiam-se bem ali naquele
silêncio no alto do monte onde o sol pousava carinhosamente. De repente
reparou no poste de eletricidade que, uns metros ao lado, sustentava três fios
elétricos. Eram os mesmos que anos antes serviram de orientação nas suas
observações.
Uma noite vira dois pontos luminosos a baixa altitude muito próximos, um
atrás do outro em grande velocidade. Seguiam exatamente a direção dos fios
elétricos.
Estava cumprido o objetivo daquela aventura. Iniciaram o caminho de
regresso, já que o relógio não parava. Fizeram lentamente o trajeto inverso
até ao carro. A sua filha trazia como recordação, uns pequenos galhos e
plantas que recolhera junto ao marco.
Então pensou:
— Esta aventura e esta foto ficarão bem no livro Contos Continuados.
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Contos Continuados
António Durval
O marco-geodésico
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Contos Continuados
António Durval
Os Sonhos
Os sonhos estão ligados ao Cosmos-interior, através do nosso inconsciente.
Eles ocorrem diariamente com cada um de nós. Talvez seja por isso que
sejam frequentemente considerados algo banal. No entanto, são uma porta de
extrema importância, uma presença constante em nossas vidas.
Devemos começar a encarar os sonhos não como fatos insignificantes, mas
como uma realidade central em nossa existência. Deveríamos considerar os
sonhos como algo transcendental? Se assim for, teremos que interpretá-los de
maneira diferente.
Tive a oportunidade de ler alguns livros que abordavam os sonhos. Alguns
tentavam interpretá-los, enquanto outros se debruçavam sobre aspetos mais
científicos. Um deles chamou minha atenção: "Sonhos Lúcidos," escrito por
três autores americanos, em uma edição brasileira.
Ao levantar a questão dos sonhos com alguns amigos, eles reagiram com
ceticismo, afirmando que os sonhos são eventos comuns que todos
experimentamos, mas que não têm significado algum. No entanto, os sonhos
são, de fato, muito importantes. Eles fazem parte daquilo que ainda não
conseguimos compreender plenamente, mas que um dia poderemos entender
com certeza. Limitar-nos a uma visão superficial não é a melhor abordagem;
precisamos aprofundar nosso entendimento.
Daqui para frente, precisamos atribuir uma importância muito maior aos
sonhos, pois eles nos revelam a Dualidade entre o Cosmos-exterior e o
Cosmos-interior. Devemos dialogar diretamente com a realidade dos sonhos,
pois eles sempre estiveram presentes em nossas vidas, mas nossa capacidade
47
Contos Continuados
António Durval
de compreendê-los ainda está longe de estar esgotada. Isso limita nossa
compreensão completa de quem somos.
Primeiro sonho — 09-03-2020
Naquela noite, eu estava com dificuldade para adormecer. Mudei de posição
várias vezes na cama, mas nada parecia funcionar. Quando finalmente parei
de me preocupar com isso, consegui adormecer. Ao acordar de manhã,
lembrei-me de um sonho que tive e peguei imediatamente no celular para
registar o que conseguia lembrar.
No sonho, eu estava em uma cidade que parecia ser o Porto. Caminhava pelas
ruas na companhia de um desconhecido, enquanto muitas pessoas passavam
por nós, algumas apressadas, outras mais tranquilas, como é comum na vida
urbana. Em determinado momento, entrei em um autocarro que subia uma
rua que me pareceu ser a dos Clérigos. Nessa área mais elevada, havia
algumas casas de dois andares, e percebi que uma delas estava soltando
fumaça pelo telhado. Comentei com as pessoas ao meu redor que parecia ser
o início de um incêndio.
As chamas se espalharam rapidamente e engoliram todo o prédio. Os
bombeiros demoraram a chegar, enquanto o autocarro e outros veículos
ficaram parados. As pessoas observavam a cena. O incêndio não se limitou
ao telhado; as chamas envolveram um material transparente semelhante a
plástico, que derreteu sob o calor.
Já fora do autocarro olhei para o céu através das nuvens e vi uma linha
circular discreta. Pensei comigo mesmo: Eles estão lá em cima. As chamas
consumiram a casa completamente, deixando os espetadores apreensivos.
Os bombeiros chegaram e conseguiram evitar que o incêndio se alastrasse
para as casas vizinhas. A área ficou vazia e fumegante, e a casa que estava lá
tinha desaparecido completamente. As pessoas comentaram sobre o
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Contos Continuados
António Durval
acontecimento, e os moradores da casa estavam na rua, lamentando apenas a
demora dos bombeiros.
Gradualmente, a situação se acalmou, e eu procurei um lugar vago no
autocarro que ainda estava parado na fila. Assim terminou o meu sonho.
Como explicar adequadamente esse sonho? Vou tentar:
Estávamos numa cidade movimentada, e alguém estava dentro de um
autocarro. O incêndio causou destruição, mas também abriu caminho para
algo novo.
Segundo sonho — 14-03-2020
Num outro sonho, encontrei alguém que me levou a um grande campo e, com
uma voz firme, disse:
"— Vês? Os humanos têm muitas doenças."
Olhei para o chão e vi uma série de círculos que representavam os vírus dos
seres humanos, com pontos coloridos dentro e ao redor deles.
Concordando com o interlocutor, eu disse:
"— Isso está realmente ruim."
A voz continuou:
"— Tudo precisa ser limpo! Caso contrário, a humanidade não conseguirá
sobreviver e alcançar os objetivos que pretendemos para ela. Vês esses
círculos e aqueles ali?"
Havia círculos salpicados com pontos estranhos por toda parte. Fiquei
preocupado com a situação, pois o cenário estava se tornando cada vez pior.
A mesma voz acrescentou:
"— Esperamos que, no final, as coisas melhorem e que os humanos sejam
purificados, mas isso levará muito tempo."
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Contos Continuados
António Durval
Havia material escuro dentro de cada círculo no chão, e dentro de cada um
deles, estávamos nós. Então, eu acordei.
Quando revi esse registo de sonho, percebi que se relacionava com a
pandemia de Covid-19. Fiquei surpreso com o quanto o sonho parecia
importante, considerando o que foi dito.
Terceiro sonho — 04-08-2020
Num outro sonho, eu frequentava uma escola que me lembrou a de Raul
Dória, próxima ao edifício do Jornal de Notícias. Havia concluído várias
disciplinas com bom desempenho, exceto uma, que ficou para o ano seguinte.
Com coragem, voltei à escola para falar com meu professor e explicar por
que não havia comparecido a essa aula. Procurei por ele na secretaria, mas
quem me atendeu foi outro professor. Eu disse:
"— Não é com você que desejo falar."
Ao mesmo tempo, percebi que meu verdadeiro professor estava atrás do meu
interlocutor. Expliquei que havia frequentado essa aula por apenas meio ano
e depois desisti. Desejava tentar concluir essa disciplina no próximo ano.
O verdadeiro professor assistiu à conversa em silêncio, enquanto o outro
disse que não podia continuar a conversa porque estava falando com o
público, mas acrescentou:
"— Depois nós conversamos. Está bem?" Então, eu acordei.
Eu não sabia em que cidade estava, mas era parecida com o Porto. Ao
descobrir que só faltava uma disciplina para concluir meu curso, fui até a
escola para tentar falar com meu professor. Embora não tenha conseguido,
pelo menos recebi uma resposta...
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Contos Continuados
António Durval
Quarto sonho — 29-08-2020
Encontrava-me na Sonafi, numa sessão de recrutamento com vários outros
candidatos. Lineu, que eu conhecia bem, era o subchefe da sala de desenho, e
ele conversava com outros funcionários que não conseguia identificar. Eu
estava lá, mas não sabia o que fazer. Pensei:
"— Eles vão tentar um contrato com a Sonafi, e eu também, mas acho que
não é a hora certa."
Fui para a fila, mesmo sem ter documentos para apresentar, enquanto
conversava com os outros. Alguém me perguntou:
"— Você também vai tentar?"
Respondi:
“— Sim. Vou tentar."
Em seguida, me aproximei do local de inscrição, subindo uma escada, mas
percebi que não tinha nada para apresentar, enquanto os outros já tinham seus
documentos.
Entrei numa sala e pensei:
"— Eles não vão me aceitar, porque ainda não tenho os documentos
necessários."
Então, eu acordei.
Foi um aviso do meu inconsciente para aprender mais sobre os sonhos.
Aprendi que estava num sonho e, com minha vontade, consegui superar os
obstáculos.
Quinto sonho — 28-10-2020
Caminhava pelo passeio de uma rua larga, que me pareceu ser a Avenida do
Conde em São Mamede de Infesta. Senti alguém batendo nas minhas costas
e, ao olhar para trás, vi um jovem barbudo sorridente que me disse:
"— Olá, como estás?"
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Contos Continuados
António Durval
Não me lembrei dele, mas disse que estava bem. O rapaz continuou:
"— Queria te agradecer pelo trabalho que fizeste, a “Borboleta Grande”.
Lembras disso? A malta gostou muito."
Surpreso com o elogio, tentei me lembrar de ter desenhado uma “Borboleta
Grande” pelo menos nos meus sonhos. Não consegui, mas parece que as
pessoas que viram gostaram. Agradeci e ele disse:
"— Temos que continuar a criar coisas."
Eu concordei e nos despedimos. Acordei.
Nesse sonho, encontrei alguém no mundo dos sonhos que me cumprimentou e
elogiou uma obra minha: a "Borboleta Grande." Eu não me lembrava disso,
mas parecia que tinha feito algo positivo em algum momento, talvez em outra
vida.
Sexto sonho — 21-01-2021
Nesse sonho, eu estava conversando com alguns amigos que não consegui
reconhecer. Depois da conversa, comecei a caminhar. À minha esquerda, vi
uma pequena escadaria com degraus não muito largos e uma altura de cerca
de um metro e vinte centímetros.
Subi com cuidado para não cair. No topo, o caminho continuava, mas estava
muito danificado, com pedaços de solo presos a ferros enferrujados.
Continuei andando sem cair, até chegar a um patamar de onde pude ver uma
paisagem.
Lá encontrei meu amigo 'S', que não disse nada. Após algum tempo, ele
mencionou que tinha visto alguns óvnis (objetos voadores não identificados).
Em seguida, conheci um jovem simpático e sorridente, mesmo que eu não me
lembrasse dele. Conversamos com grande facilidade.
Acordei.
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Contos Continuados
António Durval
Tentando entender o significado desse sonho, pensei que a escada que subi
poderia representar desafios difíceis que eu ainda teria que enfrentar. O
amigo 'S', já me conhecia, pois estudamos juntos o fenómeno dos “óvnis”
por 20 anos. Não me lembrei do jovem simpático, mas ele parecia ser alguém
que eu conheci em outra vida.
Sétimo sonho — 06-05-2021
Enquanto caminhava por uma rua, notei que algo estava faltando num prédio
que eu conhecia. Tinha-me afastado bastante, mas decidi voltar. Ao fazer
isso, acabei entrando em um autocarro lotado, onde tive que viajar em pé e
era peculiar, com bancos transversais ocupando toda a largura. Isso me
obrigou a passar por cima dos outros passageiros. O autocarro percorreu
muitas ruas, e eu estava um pouco confuso, pois não estava familiarizado
com aquele meio de transporte.
Em um momento, toquei a campainha para descer, mas, ao me aproximar da
porta, percebi um obstáculo: havia uma estrutura de ferro com pedras grandes
prestes a cair na área de passagem dos passageiros. Sair poderia resultar em
ser atingido por essas pedras. Pensei:
"— Como vou sair daqui afinal?"
Pensando nisso, eu já estava na rua. O autocarro continuou sua viagem. Eu
não sabia como consegui sair, mas consegui. Estava longe do prédio que me
fez voltar, mas gostei da caminhada que estava fazendo a pé. Depois, acordei.
Oitavo sonho — 01-02-2022
Em outro sonho, eu estava deitado na cama, e minha esposa me acordou,
dizendo que uma senhora ou uma menina havia entrado em nossa casa,
alguém que eu inicialmente não reconhecia.
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Contos Continuados
António Durval
Levantei-me da cama e passei pelo quarto onde nossos dois filhos estavam
dormindo. Fechei a janela para não acordá-los, pois estava frio. No entanto,
meu filho mais velho começou a acordar. Pensei:
“— Como eles entraram? Talvez enquanto eu estava dormindo."
Depois, acordei.
Naquela noite, minha primeira bisneta nasceu neste planeta.
54
Contos Continuados
António Durval
Óvnis no Céu Brasileiro
Naquela noite, ocorreu algo misterioso nos céus brasileiros, onde
aproximadamente 20 óvnis surgiram. Foi um acontecimento que muitas
pessoas observaram e que motivou a intervenção de cinco aviões da Força
Aérea Brasileira.
Não é fácil incluir nesta obra uma notícia que, na realidade, não pertence ao
seu autor e na qual sua experiência pessoal não se aplica. No entanto, poderia
ele expressar algo sobre o assunto? É óbvio que sim, como qualquer um dos
bilhões de habitantes deste planeta, pode ter sua opinião sobre esse
acontecimento.
Não podemos garantir a total veracidade do relato, mas isso é uma questão a
ser abordada posteriormente. Os chamados óvnis merecem a nossa atenção
cuidadosa, e muitas pessoas, sem dúvida, podem contribuir de forma válida
para esse assunto.
Por mais de 60 anos, examinei muitos casos que foram observados em
Portugal entre os anos de 1908 e 2004, registados nos arquivos do CTEC Centro Transdisciplinar de Estudos da Consciência da Universidade
Fernando Pessoa. Não podemos nos basear apenas nos estudos em que
participei, mas também nos testemunhos e análises realizados em outros
países, como o caso apresentado a seguir:
Todos os dias, surgem na internet notícias sobre avistamentos de óvnis, nas
quais não é possível verificar sua veracidade. No entanto, o caso que
apresentamos, ocorrido no Brasil em 19 de maio de 1986, testemunhado por
muitas pessoas ligadas à aviação e amplamente divulgado na mídia da época,
deixa poucas dúvidas quanto à sua autenticidade. Nesse episódio, estiveram
envolvidas pessoas amplamente conhecidas pelos brasileiros, como o
Professor Urbano Ernesto Stumpf, o ufólogo Edison Boaventura e o coronel
Ozires Silva, que voltava de uma reunião com o presidente da República José
55
Contos Continuados
António Durval
Sarney, além de ter sido testemunhado por mais de 2000 militares, entre
cadetes e oficiais da Escola de Especialistas da Aeronáutica.
Este caso, além dos nomes reconhecíveis pelos brasileiros, apresenta-nos
com precisão os locais e horários dos acontecimentos. É um dos casos mais
bem documentados em todo o mundo.
Dentre as inúmeras referências disponíveis na internet sobre esse
acontecimento, compartilhamos o que podemos encontrar na página da
internet a partir da qual extraímos os seguintes trechos:
"Quando chegou para trabalhar no dia 19 de maio de 1986 no Aeroporto
Internacional Professor Urbano Ernesto Stumpf em São José dos Campos
(SP), o controlador de tráfego aéreo Sérgio Mota da Silva não imaginava
que aquele plantão entraria para a história da ufologia como a 'A Noite
Oficial dos OVNIs'. Na noite daquela segunda-feira, 20 objetos voadores não
identificados, alguns deles com até 100 metros de diâmetro, foram avistados
por dezenas de testemunhas civis e militares em quatro Estados: São Paulo,
Rio, Minas e Goiás. Só no interior de São Paulo foram registados
avistamentos em Caçapava, Taubaté e Mogi das Cruzes. Em Guaratinguetá
(SP), o avistamento foi coletivo. Quem conta é o ufólogo Edison Boaventura
Júnior, presidente do Grupo Ufológico do Guarujá (GUG). Por volta das
20h, cerca de dois mil militares entre cadetes e oficiais da Escola de
Especialistas da Aeronáutica (EEAR) testemunharam o fenómeno a olho nu
ou com binóculos. Os óvnis, sigla usada para designar objetos voadores não
identificados, foram detetados por radares do Centro Integrado de Defesa
Aérea e de Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta). Isso significa que, em
outras palavras, esses objetos eram sólidos."
Cinco caças da Força Aérea Brasileira (FAB) foram acionados pelo Centro
de Operações da Defesa Aérea (CODA) para intercetar os supostos
invasores. Segundo os pilotos, os pontos multicoloridos conseguiram
realizar, entre outras manobras, pairar estáticos no céu, voar em ziguezague,
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Contos Continuados
António Durval
fazer curvas em ângulos retos, mudar de cor, de trajetória e de altitude, e
atingir velocidades de até 15 vezes a do som.
(…)
Contactos imediatos
Em São José dos Campos (SP), a "A Noite Oficial dos OVNIs" teve início por
volta das 20h quando o sargento Sérgio Mota da Silva começou a gerenciar
a decolagem do voo 703 da extinta empresa aérea Rio Sul com destino ao
Rio de Janeiro (RJ). Foi quando avistou uma estranha luz semelhante a um
farol parado no céu. Intrigado, ligou para a torre do Aeroporto Internacional
de Guarulhos para verificar se alguma aeronave seguia em direção a São
José dos Campos. A resposta foi negativa. Enquanto os dois conversavam, o
objeto desapareceu e, pouco depois, reapareceu com um brilho ainda mais
intenso. Sérgio pegou um binóculo para observá-lo melhor. Era cintilante e
multicolorido, recorda. A certa altura, o sargento reduziu a intensidade das
luzes da pista de pouso e decolagem do aeroporto. Nisso, entretanto, os
artefatos se aproximaram. Quando ele aumentou o brilho, eles se afastaram.
"Se estavam tentando interagir comigo, não sei. O que sei é que se
comportaram de maneira inteligente", observa.
(…)
Pânico a bordo
Pelo menos três aeronaves relataram avistamentos naquela noite. A primeira
foi um modelo Bandeirante da TAM que fazia a rota de Londrina (PR) a São
Paulo (SP). O piloto chegou a informar ao Centro de Controle de Área de
Brasília (ACC-BS) que havia um artefato se aproximando dele em aparente
rota de colisão. A segunda, da Transbrasil, também avistou um UFO (sigla
em inglês para Unidentified Flying Object ou objeto voador não
identificado) sobre a região de Araxá, no interior de Minas. O voo seguia de
Guarulhos (SP) para Brasília (DF). A terceira e última foi um avião bimotor
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Contos Continuados
António Durval
Xingu prefixo PT-M BZ que voltava de Brasília (DF) com destino a São José
dos Campos (SP). A bordo estavam o coronel Ozires Silva, que voltava de
uma reunião com o presidente da República José Sarney, e seu piloto, Alcir
Pereira da Silva. Às 21h04, Sérgio entrou em contato com o piloto do
bimotor. Perguntou se ele tinha avistado algo de estranho no ar. Pelo radar,
o controlador tinha detectado três OVNIs sobre São José dos Campos.
Quando avisou que tentaria fazer uma manobra de aproximação do objeto
descrito como "ponto luminoso" e "muito grande", Ozires ouviu de Alcir,
visivelmente apavorado: "Todo mundo que tenta perseguir uma coisa dessas
acaba desaparecendo, sabia?" Desta vez, quem desapareceu, para alívio do
copiloto, foi a luz misteriosa. Ela sumiu assim que o piloto começou a
manobrar a aeronave.
Não é necessário incluir todo o documento para manter a consistência do
que aconteceu. Quem desejar pode acessar a descrição completa, pois está
disponível na internet. Limitamo-nos, portanto, a transcrever parcialmente
essa notícia. Como conclusão, podemos ainda ler o seguinte:
"Nós, seres humanos, somos muito presunçosos. Achamos que somos os
donos do universo", declarou o coronel Ozires Silva no programa 95 Online
da rádio 957 FM de Curitiba em 2014. Por meio de nota, a Aeronáutica
informou que todo o material disponível sobre OVNIs já foi encaminhado ao
Arquivo Nacional. E mais: não dispõe de profissionais especializados para
realizar investigações científicas ou emitir parecer a respeito deste tipo de
fenômeno aéreo.”
Em Portugal, em 2 de novembro de 1982, foi observado um caso bastante
semelhante na zona da Ota. Também aqui foram coletados testemunhos e
elaborado um detalhado dossier pelo PUFOI - Portuguese UFO Internacional,
disponível enquanto existiu na página da internet dessa organização. O caso
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Contos Continuados
António Durval
teve como principal protagonista o tenente Júlio Guerra que, naquele dia,
viveu uma experiência extraordinária que ficou gravada para sempre. O caso
brasileiro é importante, não só pela diversidade das fontes disponíveis, mas
sobretudo pelo número de testemunhos que não deixa qualquer dúvida
quanto à sua veracidade. Estão registados avistamentos de óvnis em todo o
mundo; no entanto, muitas pessoas ainda duvidam.
Serão seres extraterrestres muito avançados que visitam a Terra? Ou algo
mais? Não devemos restringir nossas hipóteses a um único pensamento
dominante, mas sim explorar caminhos alternativos desde que sejam
fundamentados.
Portanto, perguntamos: - O que vemos no céu, não seremos nós mesmos?
Esta é uma pergunta fundamental. Desde que a nossa vida começou, bilhões
de seres humanos terminaram sua experiência no Cosmos exterior. Alguns
deles podem ter a capacidade de voltar para observar o que está acontecendo
e tentar alertar para a necessidade de corrigirmos nosso comportamento?
Acredito sinceramente que sim. Também coloco a hipótese de que seres de
outras origens possam participar desse objetivo de alerta. Eles utilizam os
sonhos e os óvnis como formas de se comunicarem connosco. Essa pergunta
é crucial e precisamos compreendê-la. Após o fim da vida terrena, iremos
para o outro lado, que pode ser provisório ou definitivo, dependendo de nossa
evolução.
Pode ser difícil acreditar, mas precisamos fazer esse esforço. Na Terra,
estamos sempre aprendendo e evoluindo, e quando chegarmos ao fim desta
vida, continuaremos do outro lado. A Dualidade, Cosmos-exterior / Cosmosinterior, será sempre a expressão final do que alcançamos com nosso esforço
e aprendizado. Apresentar neste livro o episódio ocorrido no Brasil é mais
uma evidência de que não estamos sozinhos. Eles aparecem com frequência
nos céus deste Cosmos-exterior, caso ainda não tenhamos percebido. No
Cosmos-interior, todos acabaremos um dia. No entanto, precisamos vencer a
escuridão para continuar. Não podemos nos concentrar apenas em dominar o
espaço — um dia, precisaremos alcançar a claridade.
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Contos Continuados
António Durval
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Contos Continuados
António Durval
Conversa sensível
Quando está a dormir, existe um ser que, por vezes, surge nos sonhos, numa
ligação que desenvolveu com o Cosmos-interior, para onde um dia iremos. É
um ser muito evoluído, e qualquer um de nós poderá conhecê-lo. Podíamos
designá-lo como um Anjo, mas ele prefere que o identifiquemos como "Ser
do espaço".
Neste diálogo, que ocorreu um certo dia, ele fala por si e pelos outros que se
encontram no Cosmos-interior. Na Terra, temos de evoluir o suficiente para
encontrar as respostas necessárias para enfrentar a grave situação na Terra da
qual somos responsáveis.
Conversa entre um “Ser do espaço” e uma “Pessoa”.
Ser do espaço: — Espero que te encontres bem aí no Cosmos-exterior. Estou
aqui para conversar contigo.
Pessoa: — Obrigado, caro amigo. Conheço-te bem; já temos falado noutras
ocasiões. Nunca rejeito a possibilidade de contactar alguém que venha desse
Cosmos. Precisamos da vossa orientação para podermos evoluir. Não sei
como equacionar certas questões ligadas à Vida e ao Cosmos-interior.
Estamos pressionados pela pandemia que surgiu há três anos na Terra e
parece que se manterá por muito tempo. Poderíamos falar sobre isso. Pode
ser?
Ser do espaço: — Claro que sim. Eu também vivi na Terra há muito tempo e
sei como é difícil ultrapassar esses obstáculos sem ter qualquer orientação.
Nessa altura eu queria avançar, mas estava mergulhado no tumulto de uma
vida, sem conseguir progredir. Enfrentei imensos obstáculos, vivi vários
começos. Até chegar à situação em que me encontro agora no Cosmosinterior. Tive de evoluir muito, mas, com imenso esforço, consegui. Agora,
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Contos Continuados
António Durval
neste Cosmos muito diferente, poderei ajudar para que a Vida neste planeta
possa, de facto, avançar. Atualmente, vive-se na Terra uma enorme
hecatombe a que vocês dão o nome de pandemia. A juntar a isso, começou
uma guerra terrível que pode pôr em causa a própria sobrevivência da
humanidade. Sabemos disso e continuamos ligados a vocês, apesar de
separados por uma distância infinita.
Todos possuem uma cabeça, um cérebro e um sistema nervoso central com
milhões de ramificações que ligam todos os órgãos do corpo. Só com o uso
desse equipamento associado à ligação permanente com o Cosmos-interior
terão a possibilidade de vencer os terríveis obstáculos. Muitos não acreditam
na possibilidade de diminuir a distância que separa os dois cosmos. No
entanto, isso já aconteceu várias vezes desde o princípio dos tempos.
Percorrer essa colossal distância implica fazer um enorme esforço. Sabemos
que alguns o conseguiram. A Humanidade avançou muito na melhoria da
vida no Cosmos-exterior, com inovações científicas e tecnológicas. Porém,
não conseguiu sair da penumbra que sempre a envolveu. Era um facto
natural, mas que podia ser ultrapassado pela ação do cérebro, concebido para
superar essa barreira. Esse nevoeiro continua a envolver-vos. Ainda não
descobriram verdadeiramente a Dualidade, que sempre existiu, ou seja, a
ligação entre o Cosmos-exterior e o Cosmos-interior. Esse objetivo ficou à
espera de uma clarificação que foi sempre adiada. Se São Francisco de Assis
e outros, um pouco por todo o mundo, conseguiram aproximar-se desse
entendimento, com muita insistência e renascimentos, como foi o meu caso, a
grande maioria ficou sempre na ignorância do caminho que ainda lhes
faltava.
Encontro-me aqui juntamente com outros originários da Terra. Por vezes
visitamos os nossos irmãos, para os alertar da necessidade de acordarem para
esta realidade e somos, por vezes, acompanhados por seres de outras origens,
mas somos nós que estamos envolvidos verdadeiramente nesta missão.
Analisando com cuidado os desequilíbrios na vossa vida, eles são o resultado
de um comportamento anómalo do Homem para com a Natureza.
Desde o aparecimento da pandemia até à guerra que eclodiu há meses, vocês
62
Contos Continuados
António Durval
estão a colher os frutos das vossas ações incongruentes ao longo de centenas
de anos. A forma como lidam com os animais; a incorreta exploração
agropecuária; a utilização dos combustíveis fósseis; a utilização excessiva
dos transportes — acabaram por transformar a Terra num planeta cada vez
mais tóxico, no solo, na atmosfera, no mar e agora no espaço. Quem chegar
de outro planeta ou mesmo de outra galáxia ficará espantado com os milhares
de satélites artificiais que envolvem o planeta Terra. O cérebro é capaz de
reconhecer antecipadamente os perigos desse comportamento, mas ainda não
se encontra no momento certo para o evitar e acabará por ser-lhe muito
prejudicial. Estivessem ligados ao Cosmos-interior e compreendessem os
nossos avisos, enviados através dos sonhos, poderiam ter evitado cair na atual
situação.
Pessoa: — Meu caro, só agora começo a ver melhor a verdadeira dimensão
do problema. Este planeta não pode, de forma alguma, suportar esta situação
que resulta do nosso atraso. Continuamos envolvidos numa penumbra que
dificulta o nosso crescimento e, até agora, não permitiu atualizar-nos. Os que
têm consciência do perigo e tentam alertar-nos para mudarmos o rumo que
estamos a seguir, depressa são silenciados pela grande maioria que só vê os
interesses imediatos. Para esses, só interessam os benefícios que podem obter
rapidamente. Não se apercebem da outra dimensão deste problema, ou seja,
de tudo aquilo que pode acontecer no futuro.
Ser do espaço: — Sim! Os cérebros ainda não estão livres da penumbra e,
por isso, não conseguem entender esse problema. Aqueles que se ocupam em
decidir sabem qual a forma de garantir o sucesso imediato das suas ambições.
Utilizam para isso todas as suas ferramentas e, de forma aparente, obtêm
sucesso. Não possuem uma visão do futuro para ver mais longe e antever o
que pode acontecer ao planeta, que continua a evoluir pelo espaço. Vocês só
conhecem a vossa vida inteligente entre planetas do vosso sistema solar.
Encontram-se, portanto, praticamente sozinhos, abandonados e,
aparentemente, sem qualquer orientação sobre o vosso futuro. Têm portanto
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Contos Continuados
António Durval
um longo caminho a percorrer. O vosso cérebro tem a capacidade de evoluir
na direção do contacto com o Cosmos-interior, mas é necessário estabelecer a
ligação através da Dualidade que é permanente. Nós não podemos ficar
indiferentes. Tivemos origem, um dia, convosco. Porém, não podemos
intervir — são vocês que terão de descobrir através do vosso esforço e
evolução.
Pessoa: — Para além do atual problema ambiental, estou preocupado porque
desconhecemos como atuar para resolver a guerra na Ucrânia. Como ela irá
evoluir? Estender-se-á a todo o planeta? Poderá este conflito acabar com o
mundo? Como poderemos no Cosmos-exterior resistir? Esta situação
perturba o meu pensamento. O que podes dizer-me acerca disso?
Ser do espaço: — O que afirmaste poderá acontecer. É preciso que os
políticos avaliem acertadamente essa guerra e nunca se esqueçam dos valores
que se encontram em jogo. Não são só os humanos; é mesmo a VIDA na
Terra que está em risco. O que afirmei em relação ao ambiente inclui as
relações entre seres humanos e destes com a restante vida animal. Há muito a
fazer entre todos. Vós sois o produto de um ato de amor e isso nunca poderá
ser esquecido. Sabemos que a pandemia irá perdurar enquanto a perturbação
do Homem, na sua relação com a Natureza, se mantiver. Na vossa lenta
evolução, tereis de encontrar mais acerto nas decisões para alcançar o
equilíbrio nas relações entre indivíduos, entre as sociedades e a natureza.
Através da Dualidade, podeis corrigir a vossa atuação. Nunca esqueçam os
sonhos que vos surgem todas as noites. Eles são uma das poucas ligações
naturais que vocês possuem para fazer evoluir o vosso cérebro. Este meio de
contacto aperfeiçoado será muito importante para a vossa vida e, será através
deles que enviaremos as nossas mensagens. Tendes de saber interpretar a sua
linguagem — estejam sempre atentos. Através da sua interpretação, poderão
conhecer muito melhor o caminho que percorrem.
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Contos Continuados
António Durval
Pessoa: — Estás num outro espaço cósmico, mas andaste pela Terra durante
muito tempo. Isso faz com que o teu conselho mereça a nossa melhor
atenção. Tu, como muitos outros, já atingiste a meta a que todos os homens
alimentam a esperança de, um dia, chegar. Não podemos continuar sozinhos
neste enormíssimo espaço, quando possuímos dentro de nós uma ligação
permanente que ainda não a usamos porque desconhecemos simplesmente
que ela existe. Falaste, e muito bem, em sonhos. Julgo que eles são a resposta
a muitas das nossas dúvidas, embora para muitos humanos o seu significado
não tenha esta dimensão de contacto com a realidade do Cosmos-interior.
Poderei contar um sonho que considero interessante?
Ser do espaço: — Claro que sim!
Pessoa: — Nessa noite tive vários sonhos. Só me recordo do último que
aconteceu já perto da manhã. Passo a contar:
“Encontrava-me num escritório onde tentava ordenar uma lista de nomes
escritos numa página. Conhecia alguns. Tentei dar um sentido àquilo, mas
não o consegui totalmente. Olhei para o relógio e disse para comigo que
teria de deixar esse trabalho e ir até casa. Lá possuía elementos mais
concretos para continuar a ordenar a lista. Peguei nos papéis e dirigi-me
para casa. Reparei, entretanto, que uma bonita mulher com uns canudos nos
braços me acompanhava. Contei-lhe para onde me dirigia e o que ia fazer.
Ela sorriu e retorquiu que lhe acontecera algo parecido e também ia para
sua casa para melhor concluir a tarefa que estava a fazer. Entretanto,
passamos por uma praça onde nos deparamos com algo insólito. Havia, num
largo, um grande buraco coberto por uma malha de ferro apodrecida que
ameaçava ruir. Uma camioneta de passageiros desviara-se da sua rota, e
uma roda encontrava-se em cima dessa malha que parecia prestes a ceder.
Não era certo que o motorista fizesse bem a manobra para o evitar.
Atravessei para o outro lado para observar melhor aquela situação. A
camioneta encontrava-se muito desequilibrada. Reparei que a arquiteta que
me acompanhava já não se encontrava ali. Procurei-a com o olhar mas não
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Contos Continuados
António Durval
a encontrei. Fiquei bastante embaraçado. Acordei.
Foi este o sonho. Tentei descobrir o seu significado e logo começaram a
surgir na minha mente algumas conclusões.
Ser do espaço: — Seria uma tarefa fácil de executar. Muitas vezes o Cosmosinterior não usa um inconsciente difícil de interpretar e desta vez não usou
mesmo.
Pessoa: — Interpretei o sonho da seguinte forma: encontrava-me ao
computador num escritório a ordenar uma determinada lista. Tentava
verificar se os nomes estavam corretos. Julguei que talvez em casa pudesse
fazer esse trabalho com mais facilidade. A arquiteta foi uma voz amiga que
me acompanhou, julgo que representava o Cosmos-interior. O que significa o
grande buraco na Praça? Coberto pela rede de ferro em mau estado? Poderia
ser o suporte da civilização onde me encontro? A camioneta que teve o
acidente são os biliões de seres humanos que estão prestes a cair nesse
buraco? A situação era complicada, já que a rede de ferro não resistiria por
muito tempo e todos cairíamos no precipício. Vejo uma grande semelhança
com a situação que vivemos atualmente.
Ser do espaço: — Interpretaste esse sonho de forma correta. No essencial é
isso mesmo. Não é preciso dizer mais nada. De certeza que haverá muitos
sonhos que refletem a nossa apreensão sobre a situação que vivemos hoje em
dia.
Pessoa: — Obrigado caro Ser do espaço. Desejava, se possível, colocar outra
questão. Durante os últimos séculos surgiram diversas religiões e filosofias a
que uma grande maioria de nós está mais ou menos ligado. Elas designam
Deus, ou Deuses, de formas diferentes. Por isso pergunto: Como poderemos
fazer uma leitura correta das religiões e filosofias que existem atualmente no
mundo?
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Contos Continuados
António Durval
Ser do espaço: — Não vou obviamente entrar pelo caminho de uma análise
científica. Estou a falar para um campo muito alargado de pessoas onde toda
a gente terá de me entender. O que interessa, realmente, é que vocês
entendam o que é essencial: Existem muitas religiões e crenças que desde os
tempos antigos apontam para uma, ou várias, forças espirituais no Universo.
Algo idêntico se passa com a Filosofia. Atualmente existem de facto muitas
religiões e filosofias. Isso é o resultado da vossa evolução ainda envolvidos
na tal penumbra, que aos poucos julgo se irá dissipar. Isso será feito, se
entretanto não ocorrer uma tragédia, ambiental ou bélica que acabe com a
Vida no planeta. Nós não desejamos que isso aconteça. Tudo faremos para
que vocês deem os passos necessários para o evitar.
Pessoa: — Compreendo-te. Aquilo que vem a seguir poderá ser terrível.
Esperemos encontrar uma solução a tempo.
Ser do espaço: — Existem sociedades que se encontram ainda numa fase
primária da sua evolução e gradualmente o seu comportamento será
corrigido. Poderá levar ainda tempo. É necessário que o intercâmbio entre
todos os povos avance sem violentar o processo de evolução. Não podem
impor aos outros a vossa forma de pensar, pelo contrário, têm de se relacionar
com mais justiça e amor. Por exemplo, terão vocês de continuar a matar
animais para se alimentarem? O homem acabará por criar o seu alimento,
sem ser obrigado a sacrificá-los. Acabar com o sofrimento que inflige às
outras espécies deve ser uma meta a atingir, embora sabendo que na fase
evolutiva em que vos encontrais, ainda é muito difícil. Terá de haver um
esforço sério para que todos possam compreender essa necessidade. Nunca
atacamos nenhuma religião ou filosofia mesmo numa fase primária da vossa
evolução. O necessário é que se atinja o entendimento de que existem outros
caminhos. Que têm de procurar. Nunca vos esqueçais que, um dia, teremos
de estar perfeitamente inseridos na Natureza da qual todos fazem parte
integrante. Poderão evoluir muito mais rapidamente com o auxílio dos vossos
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Contos Continuados
António Durval
sonhos e assumir a Dualidade para que um dia possamos falar uns com os
outros livremente. Tens mais perguntas?
Pessoa: — Desejava ainda falar sobre alguns assuntos que me continuam a
preocupar.
Ser do espaço: — Podes apresentar os casos que consideras mais prementes.
Não poderei falar de assuntos que ultrapassam o teu cosmos, mas haverá
outros que precisam de uma resposta rápida. Com Amor, não com guerras, é
essa a grande mudança que tereis de fazer.
Pessoa: — Sempre afirmei, não como cientista, mas como uma pessoa
comum, que o que importa é saber se existe outro caminho a percorrer. O
cérebro é fantástico e um dia será capaz de gerir integralmente a vida. Até lá,
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Contos Continuados
António Durval
ainda há muito a transformar em nosso comportamento. Todos os estímulos
sobre esse assunto são bem-vindos.
Nesta imagem, represento a totalidade da vida. Podemos observar o Cosmosinterior e o Cosmos-exterior em duas situações: a vida na Terra atual e no
futuro.
A vida futura na Terra representa um ideal a ser alcançado. A vida atual é a
que temos agora. Cada uma dessas duas hipóteses está separada por uma
linha que chamamos de Linha da Vida. A passagem entre os dois cosmos só
pode acontecer em certas circunstâncias, e a linha só pode ser atravessada
pela nossa parte mental ou alma. Teremos que atravessá-la um dia, depois
que esta vida terminar, e passar para aquela onde vocês continuam a evoluir.
Parece pouco, mas é imenso! É a mesma distância entre estar acordado e
estar dormindo — quase nada, mas representa tudo o que está associado à
nossa vida.
Todas as noites, quando dormimos, atravessamos para o outro lado.
Vislumbramos outro mundo, mas não totalmente, apenas através do nosso
inconsciente. Quando tivermos evoluído o suficiente, entraremos
conscientemente nesse lado.
As artes, as invenções, e tudo o que marca o avanço intelectual são
alcançados com a ajuda dessa ligação com o nosso interior. Os artistas estão
sempre conectados com esse lado, e isso se reflete em suas obras.
A vida futura na Terra representa o ideal a ser alcançado nos tempos que um
dia acontecerão. Na parte referente à vida na Terra atual, o Cosmos exterior
encontra-se em uma espécie de caos, como o nosso mundo contemporâneo. A
ameaça de explosões atómicas lembra o que pode acontecer a qualquer
momento se o ser humano perder o controle - o que seria terrível. Devemos
encontrar uma fórmula para evitar a produção e o uso dessas armas. Isso é
realmente muito importante.
Agradeço as tuas considerações. Ajudas-te a compreender as fases da vida.
Para mim, nossas conversas são como um tipo de vinho do Porto, apreciado
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Contos Continuados
António Durval
apenas em momentos muito especiais, que nos obrigam a pensar com
maturidade.
Ser do espaço: — Ótimo, meu caro amigo. Apresentas-te o problema de
maneira perfeita. Não podemos intervir diretamente, como entenderá, mas o
que você afirma corresponde basicamente ao que acontece em termos
humanos. O ser humano terá que fazer um esforço para encontrar o caminho
por si mesmo.
Pessoa: — Compreendo, meu caro amigo. Posso fazer mais uma pergunta,
se me permitir?
Ser do espaço: — Claro que sim.
Pessoa: — Às vezes, tenho dificuldade em discutir esses assuntos com outras
pessoas. Não consigo sempre chamar a atenção delas, mesmo daquelas que
me acompanharam no estudo da ovnilogia. Embora alguns me compreendam,
a maioria não. Acredito que essa situação possa ser superada. Nossa evolução
não avançará se tivermos uma visão única. Posso estar enganado, e você
pode ajudar-me, sem dúvida. Estou convencido de que essa nova visão é um
caminho válido a seguir. Há milhares de anos, as civilizações egípcia, grega,
romana, maia e muitas outras estudaram o tema dos sonhos. Às vezes, vejo
você no espaço e saúdo-o com alegria. Sei que tenho muitas imperfeições,
mas tento avançar em direção ao Cosmos interior, pois é lá que um dia nos
encontraremos.
Ser do espaço: — Sim, sem dúvida, mas ainda tens muito a evoluir. Não
importa se são ricos ou pobres, muito ou pouco inteligentes. O que importa é
a evolução que cada um alcança, para si e para a humanidade. Cada ser
humano compartilha o mesmo destino desde o nascimento. Todos caminham
em direção ao mesmo objetivo de um dia atingir o Cosmos- interior. Claro
que podem ocorrer acidentes ou atrasos, mas quando nascem, são todos
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Contos Continuados
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iguais. No final da vida, às portas do Cosmos-interior, farão uma avaliação
completa de seu percurso. O que importa é o valor do que fizeram pela
humanidade, independentemente do reconhecimento ou fama que
alcançaram. Neste cosmos, é tão importante quem projeta quanto quem
executa. Sabemos que existem muitos percalços pelo caminho que podem
complicar bastante o que dissemos anteriormente.
Pessoa: — Prezado amigo, ainda nem pensamos nisso, mas a necessidade de
ampliar o conceito de sabedoria está se tornando evidente — uma espécie de
revolução. Não para atribuir méritos a este ou àquele, mas para avançar em
direção ao verdadeiro progresso. No campo científico, há muitos desvios que,
em vez de aprofundarem o conhecimento, se afastam dele. Felizmente, outros
se esforçam para contribuir para a felicidade geral.
Ser do espaço: — O que acabaste de afirmar está correto. Certamente,
continuarás a aperfeiçoar-te nesse sentido. Não posso dizer muito mais, pois
principalmente aguardamos a tua evolução. Oferecerei a ajuda possível, mas
serão vocês que avançarão com suas ações. Em uma situação em que
estivermos unidos, nossa cooperação indireta pode ser mais eficaz. Não tenho
nada a acrescentar ao que já disse. Sempre que precisares, não hesites.
Pessoa: — Agradeço tuas palavras, que vêm de uma grande alma. Temos
muito a evoluir para podermos conversar de maneira diferente. Se os
habitantes deste planeta conseguirem, um dia, dialogar entre si e com os seres
deste espaço, estaremos contribuindo para levar o planeta Terra ao seu
verdadeiro destino. Até lá, temos muito que nos esforçar.
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Contos Continuados
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Facebook Cósmico
Será possível conversarmos com alguém do Cosmos interior? No imenso
espaço que denominamos Universo, tudo pode acontecer, inclusive a
existência de uma espécie de Facebook Cósmico que um dia poderá nos
conectar com o outro lado.
Poderemos falar diretamente com alguém do Cosmos interior? Só precisamos
evoluir nosso cérebro, pois essa máquina natural incrível com a qual
nascemos tem a capacidade de se aperfeiçoar constantemente. Quando
nascemos, todos possuímos um cérebro semelhante, mas ao longo da vida,
recebemos inúmeros estímulos que nos ajudam a avançar em direção a uma
compreensão mais profunda. Isso é crucial, pois nos ajuda a interpretar a
realidade com mais precisão e a conhecer melhor nossa verdadeira essência,
superando as disfunções que podem obscurecê-la.
Durante a vida, podemos ter a oportunidade de atravessar o espaço infinito e
alcançar qualquer destino desejado, recorrendo, por exemplo, aos Sonhos
Lúcidos ou à Meditação. Se seguirmos esse caminho, um dia poderemos
observar o espaço mais de perto e dialogar com aqueles que vêm de outro
mundo, que eu chamo de Cosmos-interior, e que outros ainda designam
como óvnis (Objetos Voadores Não Identificados). No entanto, com a
evolução natural do nosso cérebro, seremos capazes de identificá-los
claramente, pois Eles somos Nós.
Sabemos que muitos leitores podem não concordar com a teoria apresentada
neste capítulo do Facebook Cósmico. Nem todos estão familiarizados com as
ideias de alguns psicólogos que intuíram, estudaram e nos revelaram essa
hipótese. Após 60 anos de pesquisa, eu aceitei essa proposta que, afinal, se
alinha perfeitamente com as minhas observações no céu. A possibilidade de
atravessar para o Cosmos-interior também é sugerida na Bíblia, embora seus
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Contos Continuados
António Durval
fundamentos ainda não sejam totalmente claros. Aos poucos, podemos
continuar a desvendar nossa verdadeira natureza.
As religiões refletem essa dificuldade, pelo menos em parte. Elas surgiram
em um período de profunda obscuridade que afetava a todos. Suas formas de
atuação estavam imersas na mesma limitação.
Estamos conectados ao Cosmos-interior e temos a capacidade de
compreendê-lo, já que visitamos esse lugar todas as noites através dos
sonhos.
Perguntamos: você possui amigos que já partiram para o outro lado? Poderá
conversar com eles sempre que desejar! Eles estão sempre disponíveis para
sua amizade, mas não a qualquer momento, apenas quando sua evolução
mental permitir. Alguns podem já tê-los encontrado em sonhos ocasionais e
até terem conversado com eles, mas a maioria das pessoas ainda não está
mentalmente preparada para isso, até que seus cérebros tenham evoluído o
suficiente. Alguns já conseguem, mas a grande maioria ainda não.
A realidade mostra imensas diferenças em todo o mundo quanto à nossa
evolução.
O Facebook, fundado por Mark Zuckerberg e seus colegas da faculdade,
começou como uma rede social inicialmente voltada para estudantes da
Universidade de Harvard e, posteriormente, se expandiu para outras
universidades. Hoje, ele é usado em todo o mundo, conectando milhões de
pessoas.
Sua utilização permite que as pessoas expressem livremente seus
pensamentos e oferece a oportunidade de trocar ideias a qualquer momento.
Antes, as pessoas comuns não tinham uma presença na Internet, mas agora,
com uma conta nesta rede social, podem participar do mundo virtual,
compartilhando textos, sons, imagens, fotos e vídeos sobre uma ampla
variedade de tópicos, além de interagir com muitas pessoas. É uma pena que
ainda não seja usado para explorar mais profundamente o verdadeiro
propósito de nossa existência.
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Contos Continuados
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A novidade que apresentamos neste livro é a possibilidade de existir um
"Facebook Cósmico". Chegará o dia em que teremos uma aplicação
semelhante, mas com um alcance muito mais amplo. Imaginem, meus caros
amigos, que além de termos uma rede social como a que temos atualmente na
Terra, possamos criar outra que nos permita explorar outras dimensões do
espaço, tanto deste Cosmos-exterior quanto do Cosmos- interior. Por que
não? Meus caros amigos.
Se um dia nossa evolução nos permitir entrar em contacto com seres que já
partiram desta Terra ou de outros lugares em direção ao Cosmos-interior, por
que não estabelecer esse contacto sempre que desejarmos? Existem religiões,
como o Espiritismo, que há muito tempo tentam se conectar com aqueles que
já partiram. Pode haver outras que compartilhem da mesma premissa, e todas
são importantes nessa jornada em direção a uma unidade universal no futuro.
Desejo apenas mencionar que, quando estabelecermos um processo mais
amplo e preciso para conversarmos sempre que desejarmos com aqueles
que já partiram, isso pode ser chamado de Facebook Cósmico. Por que
não?
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Contos Continuados
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A Quinta Investida
Encontramo-nos na quinta investida de uma pandemia que insiste em não nos
deixar em paz. Para aqueles que até agora conseguiram superar esta doença,
faço votos não apenas para que possam escapar dela, mas também para que
considerem traçar um novo rumo para o futuro.
Quando a pandemia começou, cerca de três anos atrás, ela abalou a União
Europeia. A China inicialmente conseguiu conter esse terrível vírus com
diretrizes rigorosas, mas diante dos surtos mais recentes, teve que impor
restrições severas novamente. Estamos agora enfrentando outra onda (dizem
que é a sexta ou até mesmo a sétima). A estirpe dominante, chamada
Ómicron e originária da África, é mais transmissível, mas geralmente causa
consequências menos graves do que as anteriores.
Não sabemos quando essa epidemia deixará de nos afligir ou quando a
população mundial finalmente terá acesso às vacinas.
Podemos adotar duas atitudes em relação aos planos de vacinação das
autoridades de saúde: sim ou não. A maioria optou por aceitar a vacinação,
enquanto outros a recusaram.
Quem estará certo? Não temos dúvidas de que aqueles que seguiram a
vacinação resistiram melhor até agora, mas não podemos afirmar que sempre
será assim.
Encontramo-nos no Cosmos-exterior, onde, embora não saibamos qual é a
melhor abordagem, temos nos esforçado para minimizar os danos causados
pela COVID-19, enquanto buscamos uma solução para erradicar a doença.
Até agora, avançamos principalmente sob a influência do Cosmos-exterior,
mas por que não prestarmos mais atenção ao Cosmos-interior para
orientação? Devemos tentar interpretar adequadamente o que nosso
inconsciente nos comunica. Somente com ambas as realidades operando
simultaneamente, podemos avançar com segurança.
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Contos Continuados
António Durval
Esperamos que finalmente surja uma vacina que seja eficaz contra todos os
casos que surgem.
Embora estejamos no Cosmos-exterior,* temos a capacidade de ir muito
além. Dentro de nossas possibilidades, precisamos nos esforçar para acessar
o Cosmos-interior. *
Como estão aqueles que foram afetados pela pandemia e se recuperaram?
Eles não podem considerar o caso encerrado, pois existe a possibilidade de
voltarem a ser infetados. É uma pergunta difícil, senão impossível de
responder.
Diante dessa situação, o que devemos fazer? Devemos apenas observar e ver
o que acontece? Precisamos persistir em nossos esforços para buscar a
verdade, na certeza de que, à medida que nos conectarmos mais
profundamente com o Cosmos-interior, estaremos mais protegidos contra
essa doença.
Esse caminho nos ajudará a superar nossas imperfeições e a nos conectar de
forma mais profunda com a natureza, praticando o verdadeiro amor entre nós
e os outros seres.
Suponho que só podemos ter sucesso combinando os esforços do Cosmosexterior, onde nos encontramos, como o do Cosmos-interior.
__________
* As expressões Cosmos-exterior e Cosmos-interior representam aquilo que chamamos de dois mundos
complementares e que formam uma Dualidade. O Cosmos-exterior é o “Mundo exterior” que conhecemos
ainda timidamente, mas que que nós sentimos diretamente desde que nascemos. Neste mundo a vida tem
um limite de tempo e sabemos que é uma experiência que cada um estará a fazer para preparar a entrada
no Cosmos-interior.
O Cosmos-interior é o outro mundo que fica para além deste e cuja ligação é feita sobretudo pelo nosso
inconsciente. Os sonhos também representam uma ligação do Cosmos-exterior ao Cosmos-interior e que
terá de ser descoberto através do nosso cérebro. Será um objetivo que aos poucos será mais visível mas
cuja visualização plena permanecerá no infinito.
Obviamente, esses nomes tiveram e têm há muito outros nomes. Aqui, porém, adotamos estes que serão
aqueles que adotamos.
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Contos Continuados
António Durval
Somente com essa dualidade poderemos alcançar nosso objetivo.
Por um momento, vamos explorar outro tema que não está estritamente
relacionado às pandemias, mas diz respeito à saúde de forma geral.
Recentemente, li o livro "Curados" do Dr. Jeffrey Rédiger, médico e
psiquiatra na Harvard Medical School, na Inglaterra. O livro explora de
forma interessante casos de remissão espontânea de muitas doenças,
seguindo abordagens totalmente diferentes das convencionais. O autor
começou a investigar esses casos após observar melhorias notáveis em
pacientes em uma pequena cidade no interior do Brasil, Abadiânia, onde os
tratamentos eram baseados em métodos naturais simples, desde mudanças na
dieta até a adoção de uma atitude relaxada e práticas de meditação. A partir
desse momento, o Dr. Jeffrey concentrou sua atenção nessa pesquisa, que
sem dúvida se relaciona com o Cosmos-interior.
Os fenómenos da Vida Natural merecem ser estudados pelos cientistas, como
este autor faz com tanto empenho. Recomendo este livro a todos que desejam
ampliar seu conhecimento nessa área.
Voltando ao tema das vacinas, nosso cérebro tem a capacidade de encontrar
maneiras de resistir às infeções, mas isso requer preparação cuidadosa.
Devemos evoluir o suficiente para utilizar plenamente suas capacidades,
incluindo a capacidade de interagir com ambos os cosmos.
Atualmente, nosso cérebro parece estar envolto em uma espécie de torpor,
incapaz de enxergar a realidade claramente. Precisamos aprender a ir além
dessa névoa para descobrir um mundo diferente, como alguns cientistas
sugerem. Todos nós temos a responsabilidade de considerar os procedimentos
necessários para combater essa pandemia e outras doenças.
O que sabemos sobre esse vírus faz parte do Cosmos-exterior. Para a maioria
das pessoas, existe apenas o mundo em que vivem, e poucos percebem que a
pandemia só pode ser eficazmente combatida com a ajuda do outro lado.
Ao longo dos tempos, o homem hesitou em relação à continuidade da vida.
No entanto, nosso cérebro tem a capacidade de interagir com o outro Cosmos
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Contos Continuados
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por meio dos sonhos. Por que não explorar ao máximo essa possibilidade
para nos conhecermos melhor e combater adequadamente os vírus que
enfrentamos?
Se todos soubéssemos interpretar corretamente o que nosso inconsciente nos
diz, nosso ambiente provavelmente seria muito melhor e o problema da
guerra talvez nem existisse.
Essas perguntas são feitas por alguém que faz parte da humanidade e acredita
que a orientação para esses casos e outros pode surgir por meio dos sonhos,
levando-nos a caminhos alternativos em busca das respostas que nos faltam.
Todos podem buscar orientação sobre sua saúde por meio de suas
intuições interiores. Isso não significa que devemos deixar de consultar
médicos, centros de saúde e hospitais. Pelo contrário, a dualidade deve
sempre ser mantida. No entanto, não devemos negligenciar a
possibilidade de aprender mais por meio de nossas intuições oníricas, o
que pode ser aplicável a todas as doenças, incluindo, é claro, as
pandemias.*
____________
* Aconselhamos a ler o livro “Sonhos Lúcidos” de Dylan Tuccillo, Jared Zeizel e Thomas
Peisel.
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Contos Continuados
António Durval
A Nossa Realidade
O nosso corpo possui uma energia que o mantém a funcionar e que se
encontra muito além do Cosmos-exterior. Esta bivalência coloca os dois
cosmos em espécie de diálogo. Nós temos, em primeiro lugar, de aprender a
funcionar com essa realidade para encontrar o caminho da perfeita harmonia,
de forma a que o nosso cérebro evolua continuamente.
O inconsciente aparece-nos porque ainda não acordamos totalmente o nosso
consciente. Para superarmos esta importante limitação ao nosso
entendimento, temos de continuar a evoluir.
Ao avançar, esbarramos com algo que não compreendemos muito bem, mas
se vislumbramos o Cosmos-interior, isso já é muito importante.
Na nossa opinião, não de cientista, mas de ser humano, quando a nossa Vida
chegar ao fim, temos três caminhos possíveis:
Seguir em direção ao Cosmos-interior; repetir a experiência, neste ou noutro
planeta; ou fazer uma espécie de limpeza e voltar para o início de tudo, ou
seja, para o repositório geral de onde saímos um dia.
Se seguirmos em frente para o Cosmos-interior, atravessaremos a Linha da
Vida com a força da nossa vontade. A nossa energia permite-nos dar esse
salto para a outra realidade. Todos os EUS têm a possibilidade de entrar nesse
mundo, desde a humanidade; os peixes; os répteis; as moscas; os cães; os
gatos; as árvores; os micro-organismos, etc.
Os Homens e os outros animais que constituem a Vida irão ocupar, cada um,
o lugar a que tem direito, em conformidade com o caminho percorrido. Terão
sempre uma nova experiência num patamar mais elevado. Esta é a realidade
que nos envolve a todos. Fazemos parte dela, mas temos de a descobrir com
o cérebro que possuímos.
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Contos Continuados
António Durval
Voltemos a nossa atenção para todos os que um dia chegaram às portas do
Cosmos-interior. Eles representam um número quase infinito. A partir do
momento em que partiram, tiveram de escolher duas rotas: regressar
novamente a este planeta, ou outro semelhante onde podem aperfeiçoar-se,
ou seguir para o Cosmos interior. A certeza é que todos continuam a fazer
parte da humanidade através do que chamamos Dualidade.
A realidade que temos vivido incita-nos a prosseguir, enquanto pudermos
escrever. Estamos plenamente convencidos do caminho que percorremos,
sem poder garantir que aquilo que afirmamos está plenamente certo. Sei, no
entanto, que é este o melhor caminho.
Nada poderá restringir esta liberdade de podermos escrever um livro para
afirmar o que pensamos sobre estes casos. Podemos não possuir toda a
verdade, mas as nossas conclusões baseiam-se no que observamos e
sentimos. Todos, sem exceção, podemos falar ou escrever acerca do que nos
rodeia ou de algo mais distante.
Pertencemos à natureza, mas continuamos a encontrar dificuldades em
assumir o mundo em que vivemos. Recebemos cada vez mais notícias que
atingem as nossas mentes, obstruindo a visão e o pensamento de coisas
importantes que nunca devíamos esquecer. Acordamos tarde, mas, julgo,
ainda a tempo de caminhar resolutamente numa outra direção. O que nos
chega do passado, do presente e do futuro obriga-nos a pensar, sentir e,
sobretudo, a agir.
“Acabou a hora do almoço e estou em casa. Sinto a idade. Continuamos
apostados em lidar com a pandemia, à qual se junta, agora, a guerra da
Ucrânia. O dia esteve bonito e quando a noite chegou, não deixei de me
sentar numa cadeira no terraço nas traseiras da minha casa. Fechei os olhos
e, por momentos, consegui imaginar-me a caminhar à noite por uma floresta.
Estamos a vinte e um de março de dois mil e vinte, são dezanove horas. Abri
os olhos e observei tudo o que me envolvia. Do lado sul, a casa e o quintal
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Contos Continuados
António Durval
onde existem três árvores com algum porte. A norte, por detrás do terraço, é
patente a presença de uma grande camélia que se expande para o céu.
Observei no azul escuro as estrelas, os planetas, os satélites artificiais, os
aviões e algo mais: vi passar mais de 40 pontos brilhantes em muitas
direções cruzadas num frenesim impressionante. Fiquei mesmo espantado,
nunca tinha feito uma observação assim. Tenho a certeza que não eram
satélites artificiais. Ao fim de aproximadamente 15 minutos surgiu um ponto
maior e muito brilhante, como que a dizer — terminou.
E terminou mesmo."
Observar o que acontece no céu à noite é um exercício que muitos não
atribuem importância. Desde os vinte anos que o faço. Uma parte daquilo que
avistamos no céu apresenta características bem diferentes e pertence a outra
realidade! Entre os casos que observei durante a vida, destaco o de uma bola
vermelha que fez uma trajetória ondulante no céu. Noutra altura, alguns
pontos luminosos desceram para a superfície da Terra. De uma forma geral,
foram muitos os pontos luminosos que durante mais de 60 anos se
comportaram de forma totalmente diferente dos satélites artificiais. Foram
estes os casos que me levaram até uma idade avançada a escrever este livro.
Quando partimos, o nosso EU vai para outro espaço a caminho do Cosmosinterior, onde se realizará um julgamento para decidir o seu novo futuro.
Enquanto vivemos na Terra, nem sempre estamos atentos e não observamos,
com precisão, o que acontece. Porém, depois da partida e libertos da névoa
que nos envolve, podemos observar muito melhor o trajeto que percorremos.
Muitas vezes, ficamos surpreendidos com o caminho enviesado que
seguimos. Por isso, voltamos novamente à Terra para tentarmos não falhar
novamente. Aqueles cujo percurso de vida esteja mais de acordo com os
superiores valores da Vida entrarão para o Cosmos- interior, iniciando um
percurso que os incitará a evoluir ainda mais. Poderíamos usar outras
palavras como Além; Jardim do Paraíso; Céu ou outros, mas usamos
Cosmos-interior porque entendemos que teria de estar ligado a outra
dimensão que pudesse contribuir para a Dualidade. Temos, além disso, os
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Contos Continuados
António Durval
sonhos que são a porta natural, inteiramente à nossa disposição, enquanto
dormimos e encontram-se no nosso interior, dando acesso a outro fantástico
cosmos.
O termo Cosmos-exterior foi escolhido por ser aquele onde nos encontramos,
atuamos e sentimos. Se fossemos cientistas, poderíamos sugerir outros
termos, mas somos apenas seres humanos normais. O tempo aqui conta
sempre, já que é onde realizamos esta experiência de Vida. Esta espécie de
conclusão pareceu-me entendível, mas está longe de o ser. Continua
encoberta por mitos fabricados pelo Homem ao longo da sua vida. Para
reconhecermos essa verdade, temos que começar a perspetivar o que
realmente isso representa. Poderão ser, na realidade, outros os nomes, mas a
nossa existência está aqui representada de forma bem clara. A Bíblia afirma
que Nós não desaparecemos mesmo depois do fim da experiência terrena que
estamos a fazer. Quando chegamos ao final desta vida, o nosso EU fica
próximo do Cosmos-interior onde acontece o julgamento. É uma ideia que
está presente em muitas religiões. Afirmam que se a avaliação do que
fizemos durante a vida for positiva, entraremos nesse mundo superior, caso
contrário, voltamos a repetir a experiência no Cosmos-exterior. Não
precisamos, porém, de aderir a nenhuma religião para avançar. Bastará não
rejeitarmos a ideia que continuaremos a existir após a vida terrena. Durante a
vida na Terra, podemos evoluir e alcançar uma visão mais perfeita do
inconsciente. O nosso consciente, neste processo, poderá atingir a sabedoria
necessária para gerir esta Vida. Nesse momento, o inconsciente e o
consciente atingirão o mesmo patamar — serão iguais. O nosso cérebro é
uma máquina extraordinária que, através da nossa vontade, pode evoluir
gradualmente e avançar no diálogo com o Cosmos- interior. Um resultado
dessa ascensão acontece enquanto dormimos: são os Sonhos-lúcidos.
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Contos Continuados
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"Miguel Ângelo retratou no teto da Capela Sistina do Vaticano uma imagem que simboliza a
conexão entre o Homem e Deus. Este trabalho magnífico representa tudo o que foi discutido
até agora. Independentemente da religião que cada indivíduo siga, não podemos ignorar a
Dualidade: Cosmos exterior e Cosmos interior.
O ser humano, assim como os animais e muitos outros seres vivos, sonham.
Isso é uma parte intrínseca da vida, assim como dormir, ver, cheirar e ouvir.
Os sonhos têm sua importância, pois mantêm uma ligação com a vida e vão
além, alcançando a Dualidade. Alguns seres humanos trilharam esse caminho
com cuidado, respeitando a Natureza, e ao final de suas vidas experimentais,
conseguiram acessar o Cosmos interior. Agora, eles se manifestam como
pontos luminosos nos céus, que chamamos de óvnis, e por muito tempo serão
conhecidos assim. Entretanto, nós, que ainda estamos na Terra, não nos
conhecemos completamente. Tentamos enxergar além desse tipo de nevoeiro
que nos envolve desde nossa origem, a fim de descobrir quem realmente
somos.
Cientistas, psicólogos e muitos outros têm procurado uma explicação
científica para os sonhos. Contudo, em nossa perspetiva, essas explicações
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Contos Continuados
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não abrangem a essência dos sonhos e as vantagens que eles podem trazer
para nossa vida. Esse desafio monumental continua a nos provocar.
Nosso cérebro, quando devidamente ativado, pode nos conduzir pelo cosmos
até o infinito. Os sonhos representam uma linguagem cifrada que devemos,
aos poucos, desvendar mais profundamente. Nossos irmãos do espaço
visitam a Terra para nos lembrar da necessidade de elevarmos nossos níveis
de consciência. O caminho não é fácil, pois muitas vezes confundimos essas
visitas com avistamentos de óvnis, que na verdade são interpretações
equivocadas. Possuímos tudo o que é necessário para nos conhecermos
melhor e alcançarmos patamares mais elevados. Quanto mais evoluímos,
melhor podemos compreender o inconsciente, mas até agora tem sido uma
jornada árdua.
Somente através desse processo desvendaremos nossa verdadeira realidade.
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Contos Continuados
António Durval
No Terraço
O meu terraço está mais bonito; remodelei-o: pintei os muros e revesti o chão
com tijoleira. Gosto de estar neste local, sobretudo após o pôr do sol. Durante
a minha vida, tive sempre um pátio para observar a esfera celeste, as miríades
de estrelas, planetas, asteroides, cometas e toda a gama de objetos naturais
que a todo momento atravessam o céu. Vejo os satélites artificiais lançados
para o espaço por muitas nações, nem todas com objetivos científicos.
Começam a ser um problema para a humanidade, pois conjugam o verbo
espiar em vez de amar.
Sempre que venho ao meu terraço, tenho na cabeça um enorme e potente
telescópio apontado, não só para o exterior, mas também para o interior. Já
que vou para aquele estado natural que existe depois de adormecer — os
Sonhos.
O que afirmo não é ficção nem inspiração poética. Como qualquer outro ser
humano, tenho na minha cabeça um cérebro com o qual procuro encontrar as
respostas para as dúvidas. Um dia chegamos à conclusão de que a melhor
forma de ir mais longe e não ficar apenas com o pensamento dos nossos
cientistas era fazer as nossas próprias observações.
Aquilo que chamamos de óvnis, que vemos no céu, deve alegrar-nos, pois
Eles estão a dizer que um dia estaremos ao seu lado. Eles são exatamente
Nós. Alguns pensadores já se referiram à origem dessas luzes que vêm do
Cosmos-interior (Carl Jung e outros). Nada nos repugna em pensar que esses
pontos luminosos, que por vezes passam no céu, afinal, somos Nós. Teremos
também de admitir que o Homem é o conjunto de realidades paralelas que
constituem a Dualidade, mas ainda não sabemos o que é exatamente. Só a
continuidade da nossa evolução poderá um dia explicar.
87
Contos Continuados
António Durval
Na Terra, teremos de continuar a evoluir física e espiritualmente, até um dia
entrarmos nesse outro cosmos. Encontramo-nos aqui para um objetivo que
teremos um dia de alcançar — seguir o caminho que nos leve para outros
destinos.
O que contamos a seguir exemplifica o que afirmamos:
O meu terraço é, sem dúvida, o meu equilíbrio e harmonia na equação a que
cheguei nesta idade. Iniciei este caminho bastante tarde. Através dos Sonhos,
estou sempre com Eles e, sempre que posso, vou ao terraço para receber as
mensagens dos nossos amigos do espaço. Os satélites artificiais passam, e
nem sempre descubro aqueles que nos interessam. Felizmente, Eles sabem
como afirmar — Estamos aqui!
Um dia, um dos meus filhos visitou-me com a sua esposa. Recebo-os sempre
com muito agrado. Aproveitamos para conversar sobre imensos assuntos. Um
deles, como não podia deixar de ser, é a pesquisa de ovnilogia que faço há
muitos anos. Tento transmitir aos meus amigos e família o resultado desta
permanente investigação sobre o espaço e os sonhos. Falei-lhe sobre aquilo
que por vezes vejo no céu, com a intenção de que ele o quisesse observar. O
meu filho não pensava da mesma forma, e cada um fazia a sua interpretação
seguindo a própria evolução.
À hora apropriada para poder observar o céu, fui até ao terraço. Ao passar
pela sala de jantar, com binóculos a tiracolo, cruzei-me com os meus
familiares sentados no sofá a conversar. Convidei-os a irem comigo, se o
desejassem, até ao terraço. Ninguém, nessa altura, se manifestou.
Sentei-me na cadeira do costume e fiquei a olhar para as estrelas e a
magnificência do céu. Estive ali uns minutos, embevecido com essa
maravilha que é o azul polvilhado de estrelas. Entretanto, reparei que o meu
filho se encontrava também ali, e fiquei contente, como seria de esperar.
88
Contos Continuados
António Durval
Continuamos os dois a olhar o céu, na esperança de que Eles aparecessem.
Em determinada altura, um ponto luminoso cruzou o firmamento de sudoeste
para nordeste. Chamei a atenção do meu filho e emprestei-lhe os binóculos
para ver melhor. Ele olhou e não manifestou grande admiração. Para ele, não
passava de um satélite artificial. Nada disse, pois não podia afirmar se era ou
não. Surgiu outro ponto com uma trajetória ligeiramente diferente à do
anterior. Ele nada me disse, e eu também não sabia o que era aquele ponto.
Estivemos assim mais uns minutos. Passado algum tempo, observei um ponto
luminoso maior e mais brilhante que seguia de norte para sul. Era bastante
visível e passou exatamente por cima de nós e da minha casa. Ele olhou e
viu-o perfeitamente. No entanto, nada disse. Perguntei-lhe se observara este
último; ele respondeu que sim, mas não fez qualquer comentário.
Passados uns dez minutos, viemos embora, pois entendi que nada mais
haveria para ver. Ao entrarmos em casa, a família estava sentada no sofá e
voltou-se para nós com uma inesperada expressão de admiração nos seus
rostos.
Perguntei-lhes: — O que aconteceu? Estão a olhar para nós assim admirados?
Então uma delas disse:
— Há pouco ficou tudo às escuras. As lâmpadas, a televisão, tudo se apagou
muito suavemente. Uns segundos depois acenderam novamente e também
com muita suavidade.
Quem foi?"
89
Contos Continuados
António Durval
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Contos Continuados
António Durval
Olho e Vejo
Se observamos um ser humano a caminhar, raramente nos ocorre o que isso
realmente representa. Todos os dias vemos muitas pessoas nas ruas, estradas
e avenidas; se nos dirigirmos para o mar, encontramos muitas outras a
passear na areia ou nos barcos. Também no espaço, em breve, encontraremos
muitos seres humanos. O que representa cada uma destas pessoas, para mim,
para ti, ou para o outro? Estamos simplesmente a viver e nem sempre
conseguimos apreciar o que isso realmente significa para cada um de nós?
— O que é para ti o meu corpo, o teu, o dela, o dele, o de todos os outros?
Que representam todos os que estão em casa, no trabalho, na rua, no café,
enfim, em todo o lado?
Temos pensado bastante sobre a vida, mas não sabemos se esta interpretação
está correta: A vida que vivemos é uma experiência muito interessante, uma
vez que resultou de um ato de amor, a partir do qual duas realidades se
uniram. Não é preciso pensar muito para reconhecer que cada ser humano
que vemos passar por nós, seja em terra, no mar ou no espaço, nasceu após a
concretização de mais uma Dualidade.
De uma forma geral, os animais reproduzem-se através do sexo. Nasceram
porque um dia existiu uma conexão íntima entre macho e fêmea que se
uniram e deram origem a novos seres. Os humanos, de um modo geral, vêm a
este mundo após dois seres se encontrarem, se amarem e se ligarem
intimamente através do sexo. A Dualidade estabeleceu-se para o mundo
avançar — nunca morrer.
Seja qual for a origem, o importante é a ideia de que a nossa vida começou a
partir desse ato essencial de amor que um dia aconteceu:
91
Contos Continuados
António Durval
— Um homem e uma mulher unem-se e constituem a Humanidade.
Raramente pensamos como isso é fundamental para a nossa existência; no
entanto, merece a máxima atenção e respeito. Encontramo-nos aqui porque
ocorreu um ato de amor entre um homem e uma mulher. Os milhões de seres
humanos nasceram porque existiu essa união. Quase nunca nos recordamos
desse momento, que é, no entanto, fundamental.
Com a união de um espermatozóide de um homem e um óvulo de uma
mulher, acontece a fecundação. A seguir, vem a gestação durante cerca de
nove meses, e depois nascemos neste mundo. Os milhares de seres humanos
que passam todos os dias por nós nasceram a partir desse ato natural. Temos
de perceber esse facto que constituiu a íntima união. A vida emerge neste
mundo enquanto o nosso cérebro continua a evoluir, com dificuldade, para
alcançar uma plena compreensão da vida.
Olhamos para ti, para ele e para aquele, mas temos de ver muito mais longe,
nos olhos de uma mulher, vislumbrar o Cosmos-interior, de onde o espírito
partiu, mas nunca o conseguimos totalmente.
Ao olharmos para um estádio repleto de pessoas a acompanhar um jogo de
futebol, não temos a perceção do que isso realmente representa. Raramente
pensamos que cada ser humano que se encontra ali teve origem numa
expressão de amor. E todos: pessoas, animais e outros seres, nascem e
viverão para sempre, fazendo parte da Dualidade. Fazemos parte do grupo
dos seres inteligentes. Alguns triliões de outros seres ocupam diferentes
patamares de inteligência, classificada como instintiva, cada qual, porém,
com suas próprias regras.
Desde a sua origem, nasceram, viveram e partiram biliões e biliões de seres
humanos, mas não entraram imediatamente para o Cosmos-interior. Após a
partida, ocorreu o auto-julgamento, onde foram decididos seus destinos. Uns
voltaram novamente para este planeta ou outros similares, neste ou noutros
universos, para repetirem a experiência. Um dia estarão em condições de
92
Contos Continuados
António Durval
entrar no Cosmos-interior, a partir do qual vêm até nós para nos alertar para a
necessidade de acordarmos.
Ao passearmos por uma rua com muita gente, não podemos deixar de pensar
que cada ser humano nasceu dessa união, e ninguém pode negar isso. A
humanidade cresce todos os dias, mas esquecemos como começamos a
pensar, a agir e a viver. Somos todos iguais, sem qualquer dúvida, no entanto,
ainda não conseguimos observar verdadeiramente o caminho através do
nevoeiro que ainda nos envolve. Há muito ainda para enxergar nesta espécie
de indefinição, que o inconsciente vai assumindo.
No século XIX, os filósofos Karl Marx e Friedrich Engels personificaram a
luta das classes operárias. Iniciaram esse épico combate que se espalhou por
todo o mundo, contra o capitalismo. Não sei se podemos afirmar que o
capital venceu ou que o comunismo acabou. Só sei que isso faz parte da
nossa evolução.
É necessário que o Homem assuma o seu lugar para acabar com as agressões
à Natureza e, sobretudo, para viver em harmonia com todos. Quando nos
encontrarmos com a nossa família, teremos de compreender, de forma clara,
o ato de amor que lhes deu origem. O nosso cérebro é capaz de,
conscientemente, observar e agir a partir do Cosmos-exterior. Aquilo que não
entendermos, o inconsciente assumirá o seu lugar. Temos de continuar a
evoluir para que a nossa consciência possa compreender as perspetivas
incomensuráveis deste e do outro Cosmos. Assim, estaremos no caminho
evolutivo que teremos de seguir.
Nunca devemos esquecer que cada ser humano que passa por nós representa
um ato de amor.
93
Contos Continuados
António Durval
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Contos Continuados
António Durval
Na Padaria
“Cheguei à padaria onde costumo comprar pão, dirigi-me ao pequeno balcão
em frente à entrada e preparei-me para tomar o café. A simpática empregada
perguntou qual o pão que desejava levar depois do café. Disse-lhe que era o
habitual:
— Um do dia, dois da noite, dez da avó e mais algo.
Uma receita que ela já conhecia muito bem. Riu-se e depois de me servir o
café, foi preparar a encomenda.
Ao balcão onde já tinha o meu saco de pano cheio de pão, preparava-me para
efetuar o pagamento. Nessa altura, lembrei-me:
— Há! Desejo também oito bolinhos de amêndoa.
Paguei a conta, despedi-me de toda a gente e dirigi-me para a porta de saída,
quando, do meu lado direito, fui surpreendido por um expressivo:
— Bom dia!
Proferido por uma senhora que conhecia. Admirado, cumprimentei-a
sorrindo. Ela, acompanhada pela filha, enviou para a minha família um
apertado abraço e para a minha mulher um coração muito especial pois são
muito amigas. Disse-lhe que estivesse descansada, transmitiria à minha
mulher os cumprimentos.
Agradeceu e falou sobre o cuidado que teríamos de ter pois estávamos a
sofrer com uma pandemia. Dizia estar pronta para o que viesse, incluindo a
partida para o outro lado, se fosse caso disso. Concordei e disse que o outro
lado era muito melhor que este dependendo, claro, da nossa evolução.
Ela reagiu e afirmou que a outra vida não era igual a esta, o que
concordo inteiramente. Porém, segundo ela, não teríamos nenhuma ligação
com a vida que agora levávamos.
Reagi dizendo-lhe que possivelmente isso não seria bem assim. Insistiu
em dizer que quando partíssemos nada restaria desta vida, pois, nenhuma
95
Contos Continuados
António Durval
recordação nos ligaria. Discordei, no entanto acabei por aceitar a sua opinião
que era sincera. Sempre sorridentes nos separamos.
Saí para o exterior a pensar naquela conversa. Quando cheguei a casa
deixei a encomenda na sala de jantar e subi ao andar superior para a pequena
sala a que chamo escritório. Sentei-me ao computador e os meus dedos
começaram a teclar.
Não somos iguais na aceitação da verdade daquilo que nos cerca.
Aquela amiga aceita sem qualquer dificuldade o que a sua religião lhe ensina
nos seus encontros espirituais. Tive sempre uma opinião crítica, mas nunca
totalmente oposta, em relação à doutrina que meus pais me ensinaram. Havia
uma observância dos preceitos religiosos, mas isso não significava uma
inteira aceitação.
Recordando a conversa na padaria não posso deixar de perguntar:
— Quando partir, nada saberei sobre mim e os outros? Afinal que andei a
fazer durante os anos que vivi aqui na Terra? Não foi para possuir uma
consciência mais perfeita? Não teria, qualquer lembrança acerca dos anos de
vida que passei por cá?
Um dia observei com nitidez um óvni de tamanho apreciável. Fiquei
perturbado porque nada me tinha preparado para tal. Era uma situação que
nunca tinha enfrentado. No entanto, com mais três amigos, vimo-lo no céu de
forma inconfundível. Foi o primeiro que vira. Atravessou o firmamento e
tinha várias cores com predominância da dourada. Fazia um som que
lembrava areia a cair numa chapa. Esse disco luminoso, fez uma curva e
passou por cima de nós, na estrada da Circunvalação na cidade do Porto.
96
Contos Continuados
António Durval
Uns tempos depois li na Bíblia relatos de acontecimentos que me
impressionaram bastante. *
Face ao que descobrimos, durante as dezenas de anos que investigamos sobre
os óvnis, concluímos que praticamente todo este livro se refere a uma ligação
contínua com o Cosmos-interior e que ficou registado no velho testamento.
Comecei a investigar os chamados óvnis e essa atitude foi crescendo com o
tempo. Havia sempre essa centelha a persistir, à qual se juntaram outras
perguntas. Nessa altura pensava que seriam talvez extraterrestres que
viajassem no espaço.
Intrigado com os óvnis, dediquei-me ao seu estudo. É a partir do momento
em que comecei a entender melhor os sonhos, que aos poucos me ajudaram a
compreender esse mistério.
Comecei a fazer um esforço para saber em primeiro lugar quem eu era. Saber
muito mais acerca de mim e de tudo quanto me envolvia. Para investigar
qualquer caso, estranho ou não, teria em primeiro lugar de me conhecer. Os
anos foram passando, hoje já conto com mais de sessenta anos de persistente
pesquisa sobre essas misteriosas aparições.
Observara aquele disco no céu e sei que sou um humano, tenho um nome, um
bilhete de identidade e sou o produto de um longo processo de evolução que
continua. Admito que as religiões e as filosofias ainda estão longe de estar
completas e que possuem muito caminho para andar, mas apontam numa
direção – para cima.
Tudo o que faz parte da nossa vida: regimes políticos, sociedade, evolução
tecnológica, enfim, tudo está em evolução. Temos de conquistar
* - Haverá casos em que o relato bíblico poderá ser mais óbvio como por exemplo:
Ezequiel 1: 4,5; 21, 22.; Salmos 19: 1.; 2 Tessalonicenses 2: 9,10; Genesis capitulo 2; Genesis capitulo 6 a
19; O Livro de Ezequiel 1, 8, 26; Efésios 6: 12.
Face ao que descobrimos, durante as dezenas de anos que investigamos sobre os óvnis, concluímos que
praticamente todo este livro se refere a uma ligação contínua com o Cosmos-interior e que ficou registado
no velho testamento.
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Contos Continuados
António Durval
a liberdade para corrigir os desvios, nestes períodos de sombra, a caminho da
claridade.
Houve muitos combates e guerras mundiais, no entanto, sabemos que a
próxima poderá ser a última, já que com as armas atómicas de hoje, o planeta
poderá deixar de existir.
Estamos a aproximar-nos de um período crítico para o homem e para a Vida
na Terra. Não é aceitável a situação a que chegamos através da continuidade
do desrespeito pela Natureza. Essa atitude está a criar uma reação cada vez
mais difícil de conter.
Existe uma verdade que nunca poderemos esquecer: A Paz, a Harmonia e o
Amor deveriam ser a nossa real preocupação. Teremos de deixar para trás as
armas e avançar para o diálogo. A conversação aberta e sincera será o
primeiro passo para todos se aproximarem.
Temos de evitar, por todos os meios, que um astrónomo vivendo noutro
planeta no espaço, possa um dia observar pelo telescópio o aparecimento de
uma luz longínqua que logo em seguida desapareça. Ao registar esse facto no
seu mapa celeste poderá ser algo de inexplicável ou, então, o registo do
nosso fim.
Esperamos que isso nunca aconteça. Mas os sinais começam a ser muito
preocupantes e podem ser o prenúncio da tragédia final:
Há dois anos surgiu de forma surpreendente a Pandemia, provocada, em
última análise, pela ação humana. Motivo para uma grande apreensão, tendo
já provocado a morte a milhões de pessoas e, não sabemos quando nos
veremos livres dela.
Também rebentou uma guerra, na qual uma nação poderosa invadiu outra sua
vizinha por razões incompreensíveis. Esta guerra seria para durar quinze dias,
já se estende por mais de um ano com consequências terríveis em todo o
mundo. Por agora limitada geograficamente, pode a qualquer momento,
alastrar ao resto do mundo e transformar-se numa guerra atómica.
Multiplicam-se aqui e ali as reações da Natureza, cada vez mais intensas. A
atmosfera está mais poluída, o mar aquece e avança em direção à terra. As
98
Contos Continuados
António Durval
complicações climáticas estão aí e dizem que se adivinham factos brutais que
poderão ir muito para além das nossas previsões.
A pandemia, a guerra serão consequência do nosso desamor generalizado
pela Natureza e os nossos constantes ataques ao ambiente só nos poderiam
direcionar para este caminho.
Afinal, a conversa que tive na padaria com a amiga da minha mulher, está
longe de ter sido em vão. E se tiver de fazer correções ao meu
comportamento? Só assim poderemos clarificar melhor o nosso caminho
rumo ao futuro. Nada há que não possa ser falado e discutido — terá de
acontecer nos quatro cantos deste planeta, mas claro é preciso que muitos
mais concordem.
Entretanto, os seres humanos que se encontram há muito no Cosmos-interior
tudo farão para que a Vida neste planeta sobreviva.
Eles estão, também, nos “CONTOS CONTINUADOS”
99
Contos Continuados
António Durval
100
Contos Continuados
António Durval
Posfácio
(escrito segundo o acordo ortográfico 1990)
Caríssimo António Durval é, será sempre, um enorme prazer e uma não
menor honra poder participar, mais uma vez, com a minha humilde opinião
num projecto seu. Assim sendo, antecipo os meus sinceros agradecimentos
pelo convite.
Falando de si, meu caro amigo, da sua obra, estou perante mais um excelente
contributo para reflexão. Nele faz questão em manter o mesmo rigor a que
nos habituou.
Quanto ao Contos Continuados nunca será demais realçar a forma muito
cuidadosa como expõe o seu pensamento. Ao longo de todo o texto mantém
presente a intenção e o escrúpulo de poder chegar a todos, numa
comunicação simples e clara. Nunca é demais realçar o esforço conseguido
de não impor, nem ferir, estimulando um diálogo próprio de uma conversa
entre bons amigos, alheia a preconceitos e conflitos, postura reiterada e que
se tornou hábito, numa espécie imagem de marca muito pessoal em toda a
sua caminhada literária.
Como tem acontecido, ao longo da já extensa obra, Durval mantém a
preocupação de ser rigoroso, ciente de que estamos perante uma temática
complexa, não recorrendo a métodos constrangedores, deixando ao leitor
toda a liberdade de interpretação, de aceitação ou, quiçá, rejeição ou
contestação, aceitando de bom agrado o contraditório.
Os diversos sonhos, de que nos fala, continuam a ser um dos focos principais,
são responsáveis pela sua duradoura meditação, direi mesmo, uma fonte de
introspecção. Na análise dessas viagens e na respectiva interpretação,
António Durval procura respostas. Questões pertinentes dominam o
pensamento, a reflexão. Se me permite, cito-o mais uma vez.
Este sonho poderá ser interpretado como sendo um aviso do inconsciente
para a aprendizagem relativa aos sonhos lúcidos.
101
Contos Continuados
António Durval
Gostava de saber para já se estava num sonho desses e depois se posso só
com a minha vontade ultrapassar os obstáculos que apareçam.
A cogitação do autor apoia-se nos óvnis, que diz ter visto, e que não se trata
de imaginação. Afinal, segundo Durval, somos NÓS, o Cosmos-exterior,
relevantes suportes para a ajuda na obtenção de resposta para esclarecimento
de dúvidas pertinentes para nós Humanos.
Quem somos? Para onde vamos? São questões pertinentes que nos coloca e
preocupam, a seu ver, os próprios cientistas.
A degradação ambiental, também está presente neste livro.
António Durval refere as guerras constantes, as epidemias, as devastações
permanentes, a falta de valores, sem esquecer o tempo solto que nos foge sem
darmos conta e que nos envelhece rapidamente. Na linha do tempo! O autor
alerta para o seguinte: Não poderei corrigir absolutamente nada daquilo que
fiz ou não fiz. Aconteceu, parou, acabou, já passou e, de mim, já ninguém se
lembrará.
A sua excelente e invejável memória está sempre patente, mantendo com
clareza a capacidade com que expõe as suas ideias e descreve as diversas
passagens, que são o testemunho claro de que não envelheceu de facto. Estou
certo de que, Bom Amigo, a lembrança permanecerá.
Obrigado por nos apresentar mais um excelente trabalho. Já tenho saudades
do próximo. Abraços.
João Torres Lima
102
Contos Continuados
António Durval
O Autor
António Durval nasceu em 1938 no Hospital de Sto.
António, freguesia de Miragaia da Cidade do Porto.
Entre 1965 e 1970 foi colaborador do Centro
Ramalho Ortigão fundado pelo insigne pedagogo,
Dr. Ferrão Moreira. Foi também diretor do Jornal
Juvenil desse centro — O Meu Amigo. Tirou um
curso industrial na Escola Infante D. Henrique.
Frequentou o Instituto Superior Técnico e a
Universidade Fernando Pessoa.
Durante 20 anos foi desenhador da empresa de São Mamede de Infesta,
Sonafi (1974 a 1994). Colaborou nas obras da MOJAF que se desenvolveram
em São Mamede de Infesta sob a orientação do Dr. António Teixeira de
Sousa (1963-1970). Depois do 25 de Abril, desempenhou vários cargos
autárquicos sendo responsável pela edição de publicações sobre temática
política local da Junta de Freguesia de São Mamede de Infesta. Foi
desenhador dos Serviços Municipalizados de Matosinhos. Desempenhou
durante seis anos as funções de Secretário da Presidência da Câmara
Municipal de Matosinhos. Publicou artigos sobre vários temas nos jornais
“Matosinhos Hoje” e “Algarve Press”. Foi colaborador do CTEC da
Universidade Fernando Pessoa. Foi dirigente durante cerca de 20 anos da
Direção do Grupo Dramático e Musical Flor de Infesta. Participou,
ocasionalmente, nas sessões de poesia organizadas por essa coletividade onde
durante alguns anos foi bibliotecário. Teve um papel importante nas obras de
remodelação e ampliação das suas instalações que duraram dez anos. Em
1977 publicou o seu primeiro livro o ensaio “Discurso Directo”. Durante
vinte anos foi o webmaster da PUFOI. Entre 2005 e 2009 foi o responsável
pelo boletim da junta de Freguesia de São Mamede de Infesta. A convite do
103
Contos Continuados
António Durval
seu Presidente, o Sr. António Moutinho Mendes, publicou a abordagem
monográfica “À Descoberta de São Mamede de Infesta”. Colaborou no livro
da autoria de João Torres Lima intitulado: “MOJAF, Movimento Juvenil de
Ajuda Fraterna” (1963-1970) Publicou os seguintes livros: “Quem se
interroga está vivo”, “Uma hipótese à mesa do café”, “Sombra e Claridade”.
Colaborou ainda noutros livros, como: “De Outros Mundos” do CTEC da
Universidade Fernando Pessoa (organizado por Joaquim Fernandes). A
convite da coletividade, foi o autor do livro comemorativo dos 100 anos do
Flor de Infesta. Publicou em PDF os livros: “Prosseguindo” (2019),
“Aparecendo em quarentena”(2020), “Para Além da Pandemia” (2020), e
“Contacto Vertical”(2021). Em 2022 publica o livro em PDF, “Contos
continuados”.
Atualmente, está revisando gramaticalmente seus livros em PDF
através do I. A. GPT-3.5 da OpenAI
e possui cópias atualizadas em papel na
Biblioteca Municipal de São Mamede de Infesta,
que podem ser solicitadas.
104
Contos Continuados
António Durval
Índice
7
Prefácio
9
Apresentação
15
Onde me encontro
19
O espelho
25
A descoberta
29
O Ambiente na Terra e no Espaço
33
O Tempo no Sol Poente
39
O Autocarro 61
47
Os Sonhos
55
óvnis no Céu Brasileiro
61
Conversa sensível
73
Facebook Cósmico
77
A Quinta Investida
81
A Nossa Realidade
87
No Terraço
91
Olho e Vejo
95
Na Padaria
101
Posfácio
103
O Autor
105
Contos Continuados
António Durval
106