Abordagem quantitativa em pesquisas educacionais: Perspectivas no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal
de Minas Gerais (2017-2019)
ABORDAGEM QUANTITATIVA EM PESQUISAS EDUCACIONAIS:
PERSPECTIVAS NO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (2017-2019)
ENFOQUE CUANTITATIVO EN LA INVESTIGACIÓN EDUCATIVA:
PERSPECTIVAS DEL PROGRAMA DE POSGRADO EN EDUCACIÓN DE LA
UNIVERSIDAD FEDERAL DE MINAS GERAIS (2017-2019)
QUANTITATIVE APPROACH IN EDUCATIONAL RESEARCH: PERSPECTIVES IN
THE GRADUATE PROGRAM IN EDUCATION AT THE FEDERAL UNIVERSITY OF
MINAS GERAIS (2017-2019)
Maria Aparecida Alves da COSTA 1
Stela Lopes SOARES 2
Thaís de Sousa FLORÊNCIO 3
RESUMO: O presente artigo objetiva apresentar um levantamento documental concernente ao
uso da abordagem quantitativa nos trabalhos de conclusão do Programa de Pós-Graduação em
Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (PPGE/UFMG), tendo como recorte
temporal o período de 2017 a 2019. A metodologia empregada foi a análise bibliográfica e
documental. Como documento, foram pesquisadas 140 teses, sendo 139 (99,3%) trabalhos
qualitativos e apenas 01 (0,7%) de abordagem quantitativa, disponíveis no Banco de Teses e
Dissertações da CAPES e do repositório do PPGE/UFMG. Partiu-se, para a construção do
artigo, sobretudo, dos referenciais de Gatti (2004); Moreira (2014); Gouveia (1980); Di Dio
(1974) e Johnson e Onwuegbuzie (2004) para a realização da análise, respeitando a lógica
imbricada em cada texto. Nestas teses atentou-se para os métodos de investigação e de seus
instrumentos de coleta de dados, os aportes teóricos, bem como as discussões concernentes ao
tema de estudo. Como resultado, foi possível mensurar um panorama da abordagem quantitativa
em pesquisas educacionais, em específico, o PPGE/UFMG, compreender como a tese analisada
estrutura sua abordagem quantitativa e perceber a inexpressividade de produções de abordagem
quantitativa.
PALAVRAS-CHAVE: Abordagem quantitativa. Pesquisa educacional. PPGE/UFMG.
1
Universidade Estadual do Ceará (UECE), Fortaleza – CE – Brasil. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação
em
Educação
(PPGE/UECE).
ORCID:
https://orcid.org/0000-0001-5213-4869.
E-mail:
[email protected]
2
Centro Universitário INTA (UNINTA), Sobral – CE – Brasil. Coordenadora do Curso de Educação Física.
Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Física Escolar (GEPEFE/UECE). Doutorado em
Educação
(PPGE/UECE).
ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-5792-4429.
E-mail:
[email protected]
3
Universidade Estadual do Ceará (UECE), Fortaleza – CE – Brasil. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação
em Educação (PPGE/UECE). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9761-2334. E-mail:
[email protected]
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022019, 2022.
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.17833
e-ISSN: 2594-8385
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Maria Aparecida Alves da COSTA; Stela Lopes SOARES e Thaís de Sousa FLORÊNCIO
RESUMEN: El presente artículo tiene como objetivo presentar un estudio documental sobre
el uso del enfoque cuantitativo en los trabajos de conclusión del Programa de Posgrado en
Educación de la Universidad Federal de Minas Gerais (PPGE/UFMG), con un marco temporal
de 2017 a 2019. La metodología empleada fue el análisis bibliográfico y documental. Como
documento, se investigaron 140 tesis, siendo 139 (99,3%) trabajos cualitativos y sólo 01 (0,7%)
de abordaje cuantitativo, disponibles en el Banco de Tesis y Disertaciones de la CAPES y en
el repositorio del PPGE/UFMG. Para la construcción del artículo, se basó, sobre todo, en las
referencias de Gatti (2004); Moreira (2014); Gouveia (1980); Di Dio (1974) y Johnson y
Onwuegbuzie (2004) para realizar el análisis, respetando la lógica imbricada en cada texto.
En estas tesis, se prestó atención a los métodos de investigación y a sus instrumentos de
recogida de datos, a las contribuciones teóricas, así como a las discusiones relativas al tema
de estudio. Como resultado, fue posible medir un panorama del abordaje cuantitativo en la
investigación educacional, específicamente, en el PPGE/UFMG, comprender cómo la tesis
analizada estructura su abordaje cuantitativo y darse cuenta de la inexpresividad de las
producciones de abordaje cuantitativo.
PALABRAS CLAVE: Enfoque cuantitativo. Investigación educativa. PPGE/UFMG.
ABSTRACT: The present article aims to present a documentary survey using the quantitative
approach in the conclusion papers of the Postgraduate Program in Education at the Federal
University of Minas Gerais (PPGE/UFMG), with a time frame of 2017 to 2019. The
methodology employed was bibliographic and documental analysis. As a document, 140 theses
were researched, 139 (99.3%) of which were qualitative works and only 01 (0.7%) with a
quantitative approach, available in the CAPES Theses and Dissertations Bank and the
PPGE/UFMG repository. For the construction of the article, we started, above all, with the
references of Gatti (2004); Moreira (2014); Gouveia (1980); Di Dio (1974), and Johnson and
Onwuegbuzie (2004) to perform the analysis, respecting the logic imbricated in each text. These
paid attention to the research methods and their data collection instruments, the theoretical
contributions, and the discussions concerning the study theme. As a result, it was possible to
measure a panorama of the quantitative approach in educational research, specifically the
PPGE/UFMG, to understand how the thesis analyzed structures its quantitative approach and
to notice the inexpressiveness of productions with a quantitative approach.
KEYWORDS: Quantitative approach. Educational research. PPGE/UFMG.
Introdução
O presente artigo objetiva-se realizar um levantamento das pesquisas que utilizam em
seus resumos, metodologias e referencial teórico, a abordagem quantitativa de pesquisa.
Para tanto, foi desenvolvida uma pesquisa bibliográfica com abordagem qualitativa.
Utilizou-se como recorte temático, as teses de Doutorado defendidas entre os últimos 3 anos
(2017–2019) com abordagem quantitativa. Discorrer-se-á acerca do tema da abordagem
quantitativa em pesquisas educacionais a partir de um Programa de Pós-Graduação em
Educação avaliado como de relevância nacional e subsidia a distribuição de recursos, de modo
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que aqueles programas com notas mais elevadas recebem mais bolsas e verbas de custeio.
Então, a nota 07 da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes),
tomando como recorte espacial o Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade
Federal de Minas Gerais, doravante (PPGE/UFMG) e como recorte temático-analítico as Teses
de Doutorado defendidas entre os últimos 02 anos (2017–2019) com abordagem quantitativa (1
de 140 trabalhos): o trabalho de Pereira Junior (2017).
O Programa de Pós-Graduação em Educação — Conhecimento e Inclusão Social, o
PPGE/UFMG, atua no ensino, na pesquisa e na extensão, produzindo conhecimentos no campo
da Educação e na formação de mestres e doutores, recebendo estudantes de todo o Brasil e de
outros países e em articulação com diversos grupos de pesquisa (inter)nacionais. Sendo este,
resultado de uma história de construção desde 1971, da qual participaram professores,
estudantes e técnico-administrativos da UFMG, comprometidos com a superação das
desigualdades sociais e educacionais brasileiras.
Como documentos, foram utilizadas as teses de Doutorado publicadas no Banco de
Teses e Dissertações da CAPES e no repositório do próprio programa (PPGE/UFMG). Três
aspectos foram observados na coleta dos dados documentais: A presença da abordagem
quantitativa de pesquisa anunciada nos resumos escritos no Portal da CAPES; A descrição da
abordagem quantitativa de pesquisa em tópico de Metodologia da Tese; e a presença de
instrumentos e técnicas de coletas de dados que caracterizem o uso da abordagem quantitativa
de pesquisa.
O problema de pesquisa traduz-se na seguinte pergunta: como as teses de doutorado do
PPGE-UFMG apresentam a perspectiva da abordagem quantitativa por meio de seus objetivos
de pesquisa e metodologias de coleta e análise de dados?
Considera-se que o tipo de investigação de análise bibliográfica via levantamento
bibliográfico apresenta um trabalho investigativo minucioso em busca do conhecimento e base
fundamental para o todo tipo uma pesquisa. Haja vista que certas dinâmicas específicas de um
caso de produção de conhecimento, busca com ela, despertar a capacidade de inovação inerente
a essa demanda (PIZZAN et al., 2012). Suscitam ainda que, a construção multidimensional do
conhecimento eleva a ciência em seu caráter evolutivo e mutável e faz da pesquisa o seu
instrumento básico, podendo ser revisitadas, iluminando os contextos de relevância de
determinado tipo de produção científica (teses de abordagem quantitativa).
Como bem traz Noleto (2017), ao afirmar que quando se pensa em um tema de pesquisa
é importante conhecer aquelas que já foram realizadas sobre o assunto, verificar as produções
já existentes sobre o tema, para que se possa agregar as teorias e os resultados à área estudada
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(sendo sempre relacional, em dialética com os pares) de certo tipo de lógica científica de
determinado espaço de produção de saberes (a abordagem quantitativa em relação aos demais
tipos de abordagem dentro do PPGE/UFMG).
Com este fim, temos como objetivos para este artigo: realizar um panorama da
abordagem quantitativa em pesquisas educacionais; apresentar o panorama da abordagem
quantitativa em um caso específico: as teses de doutorado do PPGE/UFMG; e compreender
como as teses analisadas estruturam sua abordagem quantitativa, estando elas em número
bastante reduzido ao montante total do referido programa. Para realizar tal finalidade, este
artigo foi dividido em outras 3 etapas; na 1ª, em que será problematizada teóricometodologicamente a abordagem quantitativa; na 2ª, serão discutidos os procedimentos e
percursos metodológicos em que foi realizada esta análise bibliográfica, explicitando os
critérios de escolha pelo PPGE/UFMG e não por outros programas; na 3ª e mais importante
etapa, analisou-se o único trabalho encontrado na coleta de pesquisa, e como este mobiliza em
seu texto e contexto a abordagem quantitativa; e por fim, as Considerações Finais, com as
conclusões acerca do levantamento e análise bibliográfica realizada.
Caracterizando a abordagem quantitativa em pesquisas educacionais
A pesquisa, de acordo com Rudio (1995), é um conjunto de atividades orientadas que
visam um conhecimento, no intuito de merecer o qualitativo de científica, devendo ocorrer de
modo sistemático, utilizando métodos e técnicas específicas. Para Gil (1999), ela representa um
processo formal e sistemático do desenvolvimento científico. Portanto, infere-se que a pesquisa
científica é o esforço realizado para adquirir determinado conhecimento, resultante de uma
investigação, que favorece a solução de problemas e dúvidas, mediante a utilização de
procedimentos científicos. Esses procedimentos são chamados de métodos, objeto de estudo da
metodologia. Método é, em última análise, o caminho percorrido em uma investigação para se
chegar ao conhecimento (GIL, 1999).
É comum encontrar a afirmação de que até meados do século XX predominavam no
Brasil as pesquisas de natureza quantitativa, batizados positivistas ou tecnicistas. No entanto, a
partir dos anos 1970 (GOUVEIA, 1980; DI DIO, 1974), desenvolvem estudos que mostram que
a pesquisa em Educação era muito escassa até então, e que, além disso, dos estudos realizados
pelos autores supracitados, 71% não eram estudos que utilizavam dados quantitativos e, dentre
os que os utilizavam, a maioria empregava apenas análise descritiva de tabelas de frequências,
algumas poucas correlações e raríssimos estudos empregavam análise multidimensional.
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Na pesquisa educacional brasileira, portanto, o uso de dados quantitativos nunca teve,
pois, tradição sólida ou uma utilização mais ampla. Isto dificultou o uso desses instrumentais
analíticos consistentemente, bem como dificulta a construção de uma perspectiva mais
fundamentada e crítica sobre o que eles podem ou não podem oferecer; dificulta ainda a
construção de uma perspectiva consistente face aos limites desses métodos. Limites estes que
também existem nas metodologias ditas qualitativas os quais, em geral, não têm sido também
considerados. Por outro lado, dificulta a leitura crítica e contextuada quando dados quantitativos
são trazidos à discussão, seja no âmbito acadêmico, seja no âmbito público.
No Brasil, até meados do século XX, afirmava-se que havia uma predominância dos
estudos de natureza quantitativa, chamados positivistas ou tecnicistas, contudo, estudos
publicados no início da década de 1970. Segundo os autores Di Dio (1970), e Gouveia (1980),
revelam que a produção de pesquisas em Educação era mínima, senão irrelevantes, e que desta
produção, a maioria não utilizava a metodologia quantitativa ou quando usavam era sob a forma
de análise descritiva de tabelas de frequência.
Nos anos 80 houve maior ênfase no estudo dos processos. Os pesquisadores desviaram
as investigações dos fatores externos à escola e seus efeitos sobre o desempenho dos alunos,
concentrando-se mais nos chamados fatores intraescolares, tais como questões curriculares, as
interações sociais na escola, a organização do trabalho pedagógico, a aprendizagem, as relações
pessoais na sala de aula, a disciplina e a avaliação.
Acompanhando esta ampliação, ganharam força os estudos qualitativos envolvendo um
conjunto variado de perspectivas, métodos e técnicas. Se nas décadas de 60 e 70 o interesse
maior era acerca do que acontecia na sala de aula, com base, predominantemente, em estudos
de situações controladas, como se fosse um laboratório, nas décadas de 80 e 90, a ênfase foi
deslocada mais para as situações do cotidiano da escola. Tal deslocamento de foco ocasionou
um repensar dos pressupostos metodológicos empregados até então, confluindo olhares de
especialistas de diferentes áreas do conhecimento e gerando conflitos de abordagens e
pressupostos subjacentes aos processos metodológicos e posicionamentos epistemológicos
empregados. Ao longo da década de 90, os conflitos começaram a ser amenizados,
proporcionando um movimento para crescer, nos pesquisadores, o domínio das diferentes
abordagens utilizadas para a pesquisa em Educação (ANDRÉ, 2010, p. 03-04).
Segundo André (2008, a utilização de dados quantitativos na pesquisa educacional no
Brasil, por não ser mais ampla, resultou na consolidação da dificuldade do uso, de uma forma
mais consistente, impedindo. Portanto, a construção de uma perspectiva real dos limites deste
método, limites estes que também estão presentes na abordagem qualitativa, mas que
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geralmente não são considerados. Isto também dificulta que discussões sobre dados
quantitativos realizados no âmbito acadêmico ou público, não tenham uma visão crítica e
contextualizada sobre o assunto.
A abordagem quantitativa, foco de estudo deste ensaio, tem origem no paradigma do
positivismo, principal concepção filosófica do século XIX, transformado, posteriormente, em
pós-positivismo, assumindo papel determinante no fazer científico, com afinco na verificação
ou falseamento de hipóteses, sendo útil inicialmente para a matemática e áreas afins (com
proposições quantitativas). Essas proposições quantitativas tornaram-se de grande utilidade e
aplicação à ciência, que adotou por muito tempo o objetivo de controle dos fenômenos naturais.
Além do positivismo, a abordagem quantitativa fundamenta-se no empirismo, corrente
filosófica que entende que o “conhecimento científico está nos fatos, então o trabalho científico
deve primar pela purificação do objeto, relegando-se o que não é essencial, para o pesquisador
poder descrever os fatos gerais e reproduzíveis” (FERREIRA, 2015, p. 115).
A postura objetiva do pesquisador é uma das características mais evidentes na
abordagem quantitativa, que deve excluir sua subjetividade ao longo do processo de
investigação, para que suas crenças e concepções não influenciem os resultados. A pesquisa
quantitativa compreenderá a realidade externa ao indivíduo.
Johnson e Onwuegbuzie (2004) demonstram alguns pontos fortes da abordagem
quantitativa na pesquisa científica: os procedimentos de testes e de validação construíram
teorias sobre a ocorrência de fenômenos; a prática de testar hipóteses antes da coleta de dados
contribui com a generalização das conclusões; a possibilidade de replicação dos resultados de
uma pesquisa em diferentes populações resulta em generalizações; é útil quando os dados
obtidos permitem projeções quantitativas; é favorável para excluir a influência de confusão
entre muitas variáveis, facilitando maior credibilidade nas relações de causa-efeito; a maioria
dos métodos quantitativos de coleta de dados são mais rápidos; os dados obtidos por essa
abordagem são precisos, quantitativos e numéricos; a análise dos dados pode ser menos
demorada devido à utilização de softwares ou demais recursos estatísticos; os resultados da
pesquisa independem da ação do pesquisador; possui credibilidade para pessoas e entidades
com maior aquisição de representatividade (empresas, políticos, administradores); é pertinente
nos estudos com grande número de pessoas.
Ainda segundos os autores Johnson e Onwuegbuzie (2004) há também pontos fracos
que podem ser evidenciados durante o processo quantitativo, como a impossibilidade de
categorias e teorias adotadas refletirem as realidades locais e específicas; a chance do
pesquisador desconsiderar determinados fenômenos em decorrência de teorias ou testes de
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hipóteses, não gerando novas hipóteses; produção de conhecimento abstrato e geral para ser
aplicado aos indivíduos, locais e contextos mais específicos.
É bastante comum as pesquisas educacionais empregarem abordagem qualitativa em
detrimento da quantitativa, embora a última contribua com análises e dados mais
concretos/operáveis, possibilitando maiores propostas de intervenção. Os números escassos de
pesquisas científicas com divulgação do uso da abordagem quantitativa dificultam sua
utilização, como é possível perceber:
O uso de dados quantitativos na pesquisa educacional no Brasil nunca teve, pois, uma
tradição sólida, ou uma utilização mais ampla. Isto dificultou, e dificulta, o uso desses
instrumentais analíticos de modo mais consistente, bem como dificulta a construção
de uma perspectiva mais fundamentada e crítica sobre o que eles podem ou não podem
nos oferecer; dificulta ainda a construção de uma perspectiva consistente face aos
limites desses métodos, limites que também existem nas metodologias ditas
qualitativas os quais, em geral, não têm sido também considerados. De outro lado,
dificulta a leitura crítica e contextuada quando dados quantitativos são trazidos à
discussão, seja nos âmbitos acadêmicos, seja em âmbito público (GATTI, 2004, p.
14).
As dificuldades acima apresentadas demonstram a impossibilidade de utilização,
interpretações e discussões de dados quantitativos no campo educacional pelos próprios
educadores. De acordo com Gatti (2004), as pesquisas mais “flexíveis” e “robustas” sobre a
área da Educação com o uso da abordagem quantitativa são realizadas por economistas,
estatísticos e sociólogos, por exemplo, e não pelos profissionais desse campo de atuação.
O domínio de conhecimento por parte dos pesquisadores deve perpassar os pressupostos
teóricos/epistemológicos da técnica de coleta e análise de dados quantitativos, além de
conhecimento dos problemas e do contexto no qual esses dados são produzidos. Para Gatti
(2004) somente com o domínio de teorizações acerca da abordagem quantitativa é possível
utilizá-la e interpretá-la; aliar técnicas quantitativas aos resultados qualitativos; e identificar
maus usos e distorções tanto de técnicas, como de análises.
Percurso metodológico
O estudo aqui desenvolvido está inserido em uma abordagem qualitativa, que para
Oliveira (2014), desenha-se no tratamento dos dados coletados e caracteriza-se pela tentativa
de explicar os resultados com mais profundidade e significado, por meio dos instrumentos de
coleta de dados selecionados, apropriando-se de um levantamento documental das teses
produzidas e defendidas no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022019, 2022.
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.17833
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de Minas Gerais no período de 2017 a 2019. Essa busca visa identificar as pesquisas que
utilizam em seus resumos, metodologias e referencial teórico a abordagem quantitativa de
pesquisa.
Tendo o objetivo a ser alcançado, traçaram-se algumas etapas até chegar à análise dos
dados. Em primeira instância, realizou-se uma busca no catálogo de teses da Capes
(Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e posteriormente no próprio
repositório de teses da Universidade Federal de Minas Gerais.
Iniciou-se a busca no Repositório da Capes tendo em vista o vasto universo das
pesquisas que lá se encontram, optou-se por filtrar os dados que eram pertinentes ao estudo aqui
desenvolvido através de um refinamento para encontrar as teses da instituição citada acima. O
refinamento deu-se a partir dos critérios descritos na tabela abaixo:
Quadro 1 – Critérios de refinamento repositório CAPES
Critérios de refinamento
Tipo
Anos
Grande área do conhecimento
Área do conhecimento
Área de concentração
Área de avaliação
Programa
Instituição
Respostas aos critérios
Teses de doutorado
2017; 2018; 2019
Ciências Humanas
Educação
Educação
Educação
Pós-Graduação em Educação
Universidade Federal de Minas Gerais
Fonte: Elaboração das autoras
Feito o refinamento acima descrito, foram encontrados os seguintes resultados: no ano
referente a 2017 encontrou-se 61 teses, em 2018 um quantitativo de 40 teses, já o ano de 2019
não foi encontrado nem um resultado nesse repositório. Não obtendo resultado positivo no ano
de 2019, fez-se uma busca no próprio repositório da UFMG, seguindo também alguns critérios
de buscas como: tipo de trabalho, programa e ano de defesa, em que se obtive um quantitativo
positivo de 39 teses.
No entanto, ao finalizar as duas buscas, teve-se o seguinte resultado, sintetizado no
quadro abaixo:
Quadro 2 – Total de teses encontradas nos repositórios Capes e UFMG
Repositório
CAPES
Universidade Federal de Minas Gerais
Total
Ano
2017
2018
2019
Quantidade
61
40
39
140
Fonte: Elaboração das autoras
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022019, 2022.
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.17833
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Feita a busca nos dois repositórios, o resultado obtido foi de 140 teses do triênio 2017 a
2019. O segundo passo realizado foi a análise de cada uma dessas teses, visando selecionar os
trabalhos que utilizaram a abordagem quantitativa em suas pesquisas. Essa análise foi feita a
partir da leitura de três componentes das teses, quais sejam: resumo, introdução e metodologia,
considerados os componentes principais que a abordagem de pesquisa venha aparecer,
considerando que em algumas pesquisas não foi possível localizar a abordagem nos
componentes citadas, sendo assim, aprofundou-se a leitura no referencial teórico.
Importa ressaltar que em algumas das teses analisadas, encontraram-se dificuldades para
identificar sua abordagem de pesquisa, seja qualitativa, mista ou quantitativa, uma vez que esta
última mencionada é o foco deste artigo.
Destarte, após a análise das 140 teses encontradas no triênio 2017–2019, localizou-se
apenas 01 pesquisa com abordagem quantitativa, defendida no ano de 2017, que será abordada
no tópico seguinte. No entanto, podemos destacar que o número encontrado permite inferir
preliminarmente que as pesquisas com abordagens quantitativas são pouco utilizadas no
Programa de Pós-Graduação em Educação da UFMG.
Resultados e discussões
Como foi mencionado anteriormente, a busca realizada no Repositório da Capes e da
Universidade Federal de Minas Gerais, versa sobre as pesquisas que utilizaram a abordagem
quantitativa no triênio de 2017–2019. No entanto, encontrou-se 140 teses em geral e após a
análise sob a égide de alguns critérios para identificar as teses que teriam utilizado a abordagem
citada, encontrou-se apenas uma. Dessa maneira, tem-se a seguinte ilustração gráfica:
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022019, 2022.
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.17833
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Maria Aparecida Alves da COSTA; Stela Lopes SOARES e Thaís de Sousa FLORÊNCIO
Figura 1 – Gráfico pesquisas qualitativas e quantitativas
Fonte: Acervo das autoras
O Programa de Pós-Graduação Conhecimento em Inclusão Social em Educação da
Universidade Federal de Minas Gerais, conta atualmente com 12 linhas de pesquisa, quais
sejam: 1) Currículos, Culturas e Diferença; 2) Docência: processos constitutivos, professores
como sujeitos socioculturais, experiências e práticas; 3) Educação e Ciências; 4) Educação e
Linguagem; 5) Educação Matemática; 6) Educação, Cultura, Movimentos Sociais e Ações
Coletivas; 7) História da Educação; 8) Infância e Educação Infantil; 9) Política, Trabalho e
Formação Humana; 10) Políticas Públicas e Educação; 11) Psicologia, Psicanálise e Educação;
12) Sociologia da Educação: escolarização e desigualdades sociais.
Convém destacar que esse Programa de Pós-Graduação é um dos maiores e mais
conceituados do país e que com sua ampla área do conhecimento, notável a partir da quantidade
de linhas de pesquisas, exprimem sua importância para a contribuição da produção do
conhecimento e da pesquisa no Brasil.
A única tese encontrada que possui abordagem quantitativa intitula-se: “Condições de
Trabalho Docente nas Escolas de Educação Básica no Brasil: uma análise quantitativa”, de
autoria de Edmilson Antônio Pereira Júnior, no qual sua linha de pesquisa são Políticas Públicas
de Educação — concepção, implementação e avaliação, defendida no ano de 2017, sob a
orientação da Prof.ª Doutora Lívia Maria Fraga Vieira.
A presente tese estrutura-se da seguinte forma: introdução, três capítulos teóricos, sendo
denominados: capítulo 1 – A Educação Básica no Brasil, capítulo 2 – Trabalho docente na
Educação Básica, e capítulo 3 – Condições de trabalho docente nas unidades de Educação
Básica. Após os três capítulos mencionados, o autor aborda no quarto capítulo, o que concerne
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022019, 2022.
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aos aspectos metodológicos no qual se centrou foco nesta análise. O capítulo 5 aborda os
Resultados e Discussões, finalizando com as considerações finais.
No resumo, o autor apresenta seu principal objetivo da pesquisa, que se propõe a
investigar as condições de trabalho docente nas escolas de educação básica. Salienta que para
atingir o objetivo proposto, identificará dimensões contempladas em bases de dados
abrangentes, assim como verificar o conjunto de inter-relacionamentos entre elas e aferindo os
seus efeitos sobre a retenção de professores, o afastamento por licenças médicas e a satisfação
profissional, analisados como resultados finalísticos (PEREIRA JÚNIOR, 2017).
É notável que os três capítulos teóricos permitiram ao autor uma vasta compreensão
sobre o tema em estudo, concentrando a sua discussão nas condições do trabalho docente,
explicitando os vários elementos presentes no cotidiano desses profissionais, assim como
fundamenta e contextualiza a Educação Básica brasileira em detrimento do trabalho docente
com a análise de 95 estudos publicados entre os anos de 1981-2015.
Sobre essa discussão, a respeito revisão de literatura, o autor destaca que:
Na literatura, as condições de trabalho dos professores constituem o suporte
ao adequado desenvolvimento das atividades docentes nas escolas. Possuem
a capacidade de atrair novos profissionais e podem reter os professores nos
estabelecimentos de ensino (PEREIRA JÚNIOR, 2017, p. 8).
Já no capítulo quatro, o autor centra a discussão acerca da metodologia empregada para
o desenvolvimento da pesquisa, que se denomina “Aspectos metodológicos: fontes de dados,
medidas e procedimentos analíticos”. A princípio, o autor afirma que a análise dos dados se
ampara em métodos quantitativos, pois concordando com Richardson (2009, p. 71) “o
pesquisador deseja obter melhor entendimento do comportamento de diversos fatores e
elementos que influem sobre determinado fenômeno”. Destaca também que o estudo segue a
lógica hipotético-dedutiva, que para Lakatos; Marconi (2000, p. 80) parte de três aspectos, a
saber: “a) formulação das hipóteses, a partir de um fato-problema; b) inferência das
consequências preditivas, das hipóteses; c) teste das consequências preditivas, através da
experimentação, a fim de confirmar ou refutar as hipóteses”.
O estudo de Pereira Júnior (2017) utilizou metodologia quantitativa, sendo as fontes
primárias de dados o Censo Escolar, a Prova Brasil, ambas desenvolvidas pelo Inep/MEC, e a
pesquisa Trabalho Docente na Educação Básica no Brasil (Gestrado/UFMG), realizada por
meio de amostragem em sete estados da federação (Minas Gerais, Pará, Paraná, Goiás, Espírito
Santo, Rio Grande do Norte e Santa Catarina).
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022019, 2022.
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.17833
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Maria Aparecida Alves da COSTA; Stela Lopes SOARES e Thaís de Sousa FLORÊNCIO
Gatti (2004) afirma em seu estudo ser muito importante a abordagem quantitativa em
pesquisas educacionais, mas o pesquisador deve saber lidar com seu contexto de reflexão,
dominando-os e, não, submeter-se cegamente a eles, entendendo que o tratamento desses dados
por meio de indicadores, testes de inferência, etc. oferecem indícios sobre as questões tratadas,
não verdades; que fazem aflorar semelhanças, proximidades ou plausibilidades, não certezas.
Dessa maneira, faz-se necessário entender que a escolha da abordagem a ser utilizada
em um estudo é subjetivo ao pesquisador, de acordo com seus instrumentos de coleta e objeto,
mas trazendo para reflexão a partir dos dados apresentados. Klees (2017) afirma que estudos
qualitativos são especialmente bem adequados para descobrir relações causais; examinam
direta e longitudinalmente os processos locais subjacentes a uma série temporal de eventos e
estados, mostrando como levaram a desfechos específicos, e descartam hipóteses rivais.
Corroborando com o apresentado, Nascimento et al. (2019) afirmam que os métodos
quantitativos tradicionais se mostram como fortes agentes da perspectiva positivista de
pesquisa, principalmente pela ingênua interpretação de que os dados numéricos representam a
realidade dos fatos. Na intenção de se afastar dessa visão, observou-se um avanço na direção
do desenvolvimento dos chamados métodos mistos, principalmente quanto à análise
quantitativa interpretativa, que incentiva uma variedade de métodos analíticos a fim de
compreender melhor o objeto de estudo.
A partir das reflexões apresentadas, traz-se Gatti (2004), que aponta que atualmente, na
área da pesquisa educacional, excluindo análises de dados de avaliações de rendimento escolar
realizadas em alguns sistemas educacionais no Brasil, poucos estudos empregam metodologias
quantitativa. Dessa maneira, talvez, justifica-se a escolha do autor da tese, Pereira Júnior (2017),
pois o pesquisador aponta achados de dados dos censos conforme o seu objeto.
O autor, Pereira Junior (2017), ao analisar os indicadores separadamente e segmentada
de acordo com características das escolas (dependência administrativa, etapa exclusiva da
Educação Básica, porte, localização) apresenta os dados da pesquisa empírica simultaneamente,
em que desenvolve a discussão. Desta maneira, ao se referir às medidas da pesquisa Trabalho
Docente na Educação Básica, de caráter amostral, aplicam-se testes estatísticos (Análise de
Variância) para verificar a existência ou não de diferenças significativas entre os valores obtidos
nos subgrupos. Em seguida, são desenvolvidos dois modelos analíticos que permitem analisar
as interconexões entre as dimensões das condições de trabalho docente nas escolas e outras
variáveis de contexto escolar. Além disso, permite identificar a influência dessas medidas em
fatores como a retenção de professores, o afastamento por motivo de saúde e a satisfação
profissional.
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022019, 2022.
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Abordagem quantitativa em pesquisas educacionais: Perspectivas no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal
de Minas Gerais (2017-2019)
Uma das lacunas apresentadas pelo autor da tese foi a cobertura das unidades
educacionais de localização rural, sobretudo, as escolas de pequeno porte. O modelo analítico
desenvolvido com base nos dados do Censo Escolar e da Prova Brasil contemplou somente os
estabelecimentos constantes das duas fontes, implicando em desconsiderar as escolas com
menos de 20 alunos nas séries avaliadas pela Prova Brasil.
Deste modo, corroborando com o autor supracitado, Moreira (2014) apresenta as
restrições para a utilização de dados quantitativos e que estes não podem constituir-se como um
obstáculo para a realização de estudos. Podem até representar um desafio para a realização de
estudos, porém, novas metodologias de análise devem ser implementadas e que os dados sejam
retratos da situação cotidiana, que trazem consigo valores e fatores que favorecerão os
instrumentos de coletas e ao que será investigado.
Considerações finais
A investigação deste artigo possibilitou perceber a atenção ao uso da abordagem
quantitativa em pesquisas produzidas em teses na Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), tendo como marco temporal o período de 2017 a 2019. Dos achados do trabalho de
levantamento documental das teses do PPGE/UFMG, pode-se constatar que ainda é
insignificante o número de Teses que apresentam a utilização da abordagem quantitativa de
pesquisa no recorte temporal escolhido. Das 140 Teses encontradas com os buscadores préselecionados, apenas 01 apresenta a abordagem quantitativa no resumo, metodologia e técnicas
de coletas de dados. Como exposições advindas do estudo, percebe-se a dificuldade de clareza
quanto aos resumos encontrados da pesquisa, fazendo uma relação quanto à necessidade de
esclarecer aos leitores todas as informações relevantes que deveriam estar nos resumos dos
estudos dos trabalhos acadêmicos investigados.
Vale ressaltar que ao escolher a abordagem quantitativa, o pesquisador deverá atentarse que, apesar das dificuldades enfrentadas. A análise feita a partir de dados quantificados,
embasados por perspectivas teóricas, fornece elementos concretos para o entendimento de
fenômenos educacionais, requerendo, deste, sensibilidade, foco, além de dominar as técnicas
utilizadas, trazendo evidências que comprovem as conclusões obtidas com a pesquisa.
A importância deste trabalho contribui para pensar nos procedimentos adotados pelos
pesquisadores, os instrumentos adotados na coleta de dados, apontando a relevância do tema
proposto à pesquisa. Considera-se que a partir do objetivo da pesquisa, onde se quer chegar,
que os instrumentos são determinados, como possível vislumbre dos resultados, não como
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Maria Aparecida Alves da COSTA; Stela Lopes SOARES e Thaís de Sousa FLORÊNCIO
definitivo, escolhendo assim, a abordagem mais adequada. Os teóricos que coadunam com o
tema proposto, com a linha de pesquisa, sendo necessário para o reconhecimento do estudo, e
apontar seus pontos divergentes e convergentes.
Outro fator relevante à pesquisa é a predominância de trabalhos na abordagem
qualitativa em comparação ao quantitativo. Mais de 99,3% dos trabalhos de caráter qualitativo,
o que se considera que na educação, os critérios apontados para a escolha dessa abordagem dãose pela relevância subjetiva ao realizar a pesquisa.
Em resumo, acredita-se que as produções analisadas trazem a compreensão de que a
abordagem quantitativa tem uma margem menor ao da abordagem qualitativa. O que também
não se menospreza a escolha definida pelos autores, visto que cada objetivo de pesquisa
determina os procedimentos adequados.
Por fim, espera-se que estas reflexões aqui apresentadas sirvam para o entendimento da
temática investigada.
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Maria Aparecida Alves da COSTA; Stela Lopes SOARES e Thaís de Sousa FLORÊNCIO
Como referenciar este artigo
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Submetido em: 22/08/2022
Revisões requeridas em: 05/10/2022
Aprovado em: 15/11/2022
Publicado em: 30/12/2022
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022019, 2022.
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