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LEISHMANIOSE FELINA: REVISÃO DE LITERATURA
Gabriela Villa Pirajá1*
Denise Theodoro da Silva1
Luciana Cristina Baldini Peruca2
Maria Fernanda Alves3
Mirian dos Santos Paixão3
Simone Baldini Lucheis4
Wesley José dos Santos5
Lívia Maísa Guiraldi5
RESUMO
As leishmanioses representam um grande problema em saúde pública, sendo responsáveis por
cerca de 60 mil óbitos e milhares de novos casos anualmente em todo o planeta,
apresentando-se sob as formas mucocutânea, cutânea e visceral, sendo esta última, muitas
vezes fatal. No Brasil são endêmicas nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste,
infectando diversos mamíferos, incluindo o gato doméstico, a partir picada da fêmea de
mosquitos do gênero Lutzomyia, os quais apresentam grande adaptação ao meio urbano.
Elucidar a epidemiologia da doença tem sido o objetivo de várias pesquisas, já que a mesma
tem comportamentos variados, conforme características da área e população. Apesar de serem
susceptíveis e ter contato direto com humanos, o papel dos felinos na epidemiologia das
leishmanioses ainda não foi esclarecido, pois esses animais podem ser assintomáticos ou ter a
doença associada às doenças que causam imunossupressão, além de apresentarem uma
resistência natural. A forma cutânea é a mais relatada em felinos, que podem apresentar
também, uveíte, linfoadenopatia local ou generalizada êmese, diarréia, desidratação,
estomatite e anorexia. O diagnóstico pode ser clínico, parasitológico, imunológico e
molecular. O tratamento é descrito em poucos casos, com relatos clínicos que variam de
completo sucesso até eutanásia. Apesar da existência de alguns estudos pesquisando a
soroprevalência da infecção em populações de felinos residentes em áreas endêmicas, não está
claro ainda se as baixas prevalências da infecção e da doença, em gatos provenientes de áreas
endêmicas, são devidas as falhas na detecção de anticorpos ou ao fato dos gatos apresentarem
resistência natural à leishmaniose.
Palavras-chave: felinos, leishmaniose, soroprevalência, tratamento.
LEISHMANIASIS IN CATS: REVIEW
ABSTRACT
Leishmaniases are a major public health problem, accounting for about 60 000 deaths and
thousands of new cases every year around the world, performing in the forms mucocutaneous,
cutaneous and visceral, the latter often fatal. In Brazil the North, Northeast, Midwest and
1
Mestrandas no programa de pós-graduação em Medicina Veterinária – Área de Saúde Animal, Saúde Pública Veterinária e
Segurança Alimentar - FMVZ- UNESP - Botucatu.
*Autor para correspondência: gabipirajá@gmail.com.
2
Médica Veterinária autônoma.
3
Mestrandas no programa de pós-graduação em Doenças Tropicais - Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP.
4
Pesquisadora científica da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA/SAA), Pólo Regional Centro-Oeste –
Sede Bauru.
5
Graduandos em Biologia na Universidade Estadual Paulista “ Júlio Mesquita”- campus de Bauru.
Pirajá GV. et al. Leishmaniose felina: Revisão de Literatura. Vet. e Zootec. 2013 jun.; 20(2): 203-216.
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Southeast are endemic, infecting various mammals, including domestic cats through the bite
of female mosquitoes of the genus Lutzomyia, which presents great adaptation to the urban
environment. Elucidate the epidemiology of the disease has been the aim of several studies
because it has varied behaviors as characteristics of area and population. Although, cats are
abble to be infected and direct contact with humans, their role in the epidemiology of
leishmaniasis is still unclear, since these animals may be asymptomatic or have a disease
associated with others diseases which cause immunosuppression, in addition they may have a
natural resistance. The cutaneous form is the most reported in cats and they can presente
uveitis, lymphadenopathy local or general, emesis, diarrhea, dehydration, stomatitis and
anorexia. The diagnosis can be clinical, parasitological, immunological and molecular. The
treatment is described in a few cases, with clinical reports ranging from complete success
until euthanasia. Despite the existence of some studies investigating the prevalence of
infection in populations of cats living in endemic areas, it is not clear if the low prevalence of
infection and disease in cats from endemic areas, are due to failures in detecting antibodies or
the fact of cats present natural resistance to leishmaniasis.
Keywords: feline, leishmaniasis, seroprevalence, treatment.
LEISHMANIOSIS FELINA: REVISIÓN DE LA LITERATURA
RESUMEN
La leishmaniosis es un problema importante de salud pública responsable por cerca de 60.000 muertos
y miles de casos nuevos cada año en todo el mundo, actuando en la forma mucocutánea, cutánea y
visceral, esta última a menudo fatal. En Brasil es endémica en el norte, noreste, centro-oeste y sureste,
infectando a varios mamíferos, incluyendo gatos domésticos a través de la picadura de mosquitos
hembras del género Lutzomyia, las cuales presentan gran adaptación al medio ambiente urbano.
Dilucidar la epidemiología de la enfermedad ha sido objeto de varios estudios ya que esta enfermedad
presenta comportamiento variado dependiendo de las características de la región y de la población. A
pesar de ser susceptibles a la infección y a su estrecho contacto con el ser humano, el papel de los
gatos en la epidemiología de la leishmaniosis todavía no está claro, ya que estos animales puede ser
asintomáticos o sufrir enfermedades asociadas que causan inmunosupresión, además de que pueden
tener resistencia natural. La forma cutánea es la más reportada en los gatos, con signos que incluyen
uveítis, linfadenopatía local o general, vómitos, diarrea, deshidratación, estomatitis y anorexia. El
diagnóstico puede ser clínico, parasitológico, inmunológico y molecular. Existen reportes de
tratamiento con resultados clínicos que van desde la remisión completa hasta la eutanasia. A pesar de
la existencia de algunos estudios que investigaron la prevalencia de la infección en las poblaciones de
gatos que viven en regiones endémicas, no está claro si la baja prevalencia de la infección y la
enfermedad en los gatos en dichas regiones se debe a fallas en la detección de anticuerpos o al hecho
de presentar resistencia natural.
Palabras clave: felino, leishmaniosis, seroprevalencia, tratamiento
INTRODUÇÃO
As leishmanioses são doenças infecto-parasitárias de caráter zoonótico, causadas por
protozoários do gênero Leishmania, dos quais 22 espécies são patogênicas para o homem.
Dependendo da espécie do protozoário envolvido e da relação do parasita com seu
hospedeiro, pode apresentar distintas formas clínicas, ou seja, mucocutânea, cutânea ou
visceral (1).
Segundo a Organização Mundial da Saúde (2), a prevalência da enfermidade em todo o
mundo é de aproximadamente 12 milhões de casos, com mortalidade anual em torno de 60
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mil e que, cerca de 350 milhões de indivíduos estão expostos ao risco de adquirir a infecção.
Anualmente estima-se que ocorram 1,5 a 2 milhões de novos casos de leishmaniose, contudo,
mesmo sendo relatada em 98 países, dos quais 88 são considerados endêmicos, acredita-se
que muitos casos sejam negligenciados. Apenas 600 mil são oficialmente declarados, pelo
fato de ser uma doença de notificação obrigatória em apenas 33 países (1, 2).
A transmissão das leishmanioses se dá pela da picada de fêmeas infectadas de dípteros
da sub-família Phlebotominae, pertencentes aos gêneros Lutzomyia – no Novo Mundo, e
Phlebotomus – no Velho Mundo. Nos flebotomíneos, a hematofagia é um hábito exclusivo
das fêmeas, que necessitam de sangue para a maturação dos ovos; desta forma, enquanto se
alimenta, a fêmea pode ingerir macrófagos infectados, transformando-se em formas
promastigotas no trato digestório do flebótomo. Ao realizar o repasto sangüíneo em outro
vertebrado, os flebótomos inoculam saliva juntamente com as promastigotas, que ao serem
fagocitadas por macrófagos no tecido, perdem seu flagelo devido a acidez no interior do
fagolisossomo, caracterizando a forma amastigota (3).
Segundo Colombo (4), o flebotomíneo Lutzomyia longipalpis, que é uma espécie
prevalente nas zonas urbanas, tem sido responsável pela transmissão da Leishmaniose
Visceral Americana (LVA), na área urbana dos municípios da região oeste do estado de São
Paulo. Contudo, na região metropolitana de São Paulo, a sua presença não foi detectada. Este
fenômeno leva a supor que, outras espécies de flebotomíneos, ou outros ectoparasitas de cães,
como os carrapatos Rhipicephalus sanguineus e as pulgas Ctenocephalides felis felis possam
estar envolvidas na transmissão da LVA. Estudo realizado pelo autor, mostrou que em Cães
infectados por pulgas e carrapatos, em todos os seus estados evolutivos e havia material
genético positivo para Leishmania infantum chagasi, tendo sido detectado nesses
ectoparasitas positividade variando de 53,1% nas pulgas, e 77,7% nas ninfas, inclusive após a
ecdise de ninfa para o estádio adulto, sugerindo a capacidade dos carrapatos em preservar os
parasitas vivos (4).
Os reservatórios da doença incluem mamíferos domésticos e silvestres que possam
infectar-se por Leishmania spp. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (2), os
animais hospedeiros podem ser distinguidos em hospedeiro primário, secundário ou acidental.
Os mamíferos conhecidos como reservatórios primários da enfermidade pertencem a
diferentes ordens, incluindo os primatas (humanos), o cão doméstico (Canis familiaris),
Rodentia, Edentata e Marsupialia. Da mesma forma, infecções por Leishmania foram
relatadas em numerosas outras espécies a partir das ordens acima mencionadas, bem como em
outros, que podem, em alguns casos, atuar como reservatórios secundários ou simplesmente
como hospedeiros acidentais sem afetar a epidemiologia da doença (4, 5).
A LVA é uma zoonose reemergente e um grave problema de saúde pública, pois está
amplamente distribuída nos quatro continentes, principalmente em regiões tropicais e
subtropicais da Ásia e Oriente Médio, sul da Europa, norte da África, América do Sul e
Central, sendo que 90% dos casos estão concentrados na Índia, Nepal, Sudão, Afeganistão,
Bangladesh e Brasil. No Novo Mundo, onde áreas endêmicas se estendem do sul dos Estados
Unidos ao norte da Argentina, o principal agente causador da LVA é a Leishmania infantum
chagasi, sendo que cerca de 97% dos casos humanos descritos são procedentes do Brasil (6).
Inicialmente considerada uma doença rural, passou a ocorrer em áreas urbanas de
pequeno e médio porte e, atualmente, ocorre em grandes centros urbanos, revelando o
processo de periurbanização da doença (7). No Brasil, a LVA apresenta aspectos geográficos,
climáticos e sociais diferenciados, em função da sua ampla distribuição, ocorrendo nas
regiões Norte, Nordeste, Centro-oeste e Sudeste onde apresenta um comportamento
epidemiológico cíclico, com aumento no número de casos em períodos médios a cada cinco
anos (8, 9). No Estado de São Paulo, a leishmaniose visceral canina foi notificada pela
primeira vez, em 1998, no município de Araçatuba (10).
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Até o momento não existem estudos sobre a estrutura populacional da Leishmania
infantum chagasi no Novo Mundo, com um número razoável de cepas em diferentes regiões,
ambientes, hospedeiros e reservatórios, portanto o estado taxonômico da Leishmania infantum
chagasi no Novo Mundo, ainda não está claro (8).
A prevalência da LVC em cães em países como Espanha, França, Itália e Portugal foi
estimada em 2,5 milhões de animais infectados. O número de cães infectados na América do
Sul é também estimado com altas taxas de infecção relatadas em algumas áreas do Brasil. Em
Cuiabá (MT), 468 cães domiciliados foram avaliados sorologicamente utilizando a Reação de
Imunofluorescência Indireta (RIFI). Destes, 16 animais foram sororreativos, com uma
prevalência de 3,4% das amostras (11). Ainda no estado do Mato Grosso, na cidade de
Poxoréo, avaliação soroepidemiológica realizada em 1.112 cães, pela técnica de RIFI,
identificaram 7,8% de animais reagentes (12). Em Goiânia, no estado de Goiás, encontrou-se
positividade de 9,34% (20/214) para Leishmaniose Visceral Canina (LVC), utilizando-se a
Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI) (13).
A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é uma zoonose de ampla distribuição e
possui um espectro de manifestações clínicas que estão relacionadas à espécie de Leishmania
envolvida. Frequentemente ocasionada pela Leishmania (Viannia) braziliensis, possui uma
incidência anual de um a 1,5 milhões de novos casos (2, 14). No Brasil há registro de
transmissão da doença em todos os estados desde 2003. Em Barra Mansa – RJ, mesmo não
sendo uma região considerada endêmica para LTA, inquérito sorológico realizado em cães e
gatos, demonstrou um percentual elevado de cães sororreagentes (15). Em 2010 foram
notificados 21.981 casos confirmados de LTA, dos quais 2428 foram procedentes da região
Sudeste (16).
Estudos epidemiológicos efetuados em focos de LVC na Europa, revelaram que, cerca
de metade dos cães parasitados não apresentavam sintomatologia, contudo apresentaram
anticorpos anti-Leishmania (17), indicando a existência de animais que, mesmo
aparentemente saudáveis, atuavam potencialmente infectantes para o vetor (18). Diversas
espécies já foram relatadas com a infecção, como a preguiça (Choloepus hoffmanni e
Choloepus didactilus), roedores dos gêneros Proechmys, Rhipidomys, Oryzomys, Akodon,
Rattus e marsupiais (Didelphis), considerados primariamente reservatórios de Leishmania
spp. no contexto da Leishmaniose Tegumentar. Outras espécies parecem desempenhar papel
secundário, como no caso dos equídeos, felídeos e canídeos, considerados hospedeiros
acidentais, uma vez que não há evidências que comprovem o papel desses animais como
reservatórios do parasita. Em estudo realizado por Aguilar, Rangel e Deone (19), no estado do
Rio de Janeiro, em uma área endêmica para leishmaniose cutânea, foram examinados 26
animais, entre eles, cavalos e mulas, sendo que dez deles possuíam lesões ulceradas em várias
partes do corpo. Por meio de esfregaços das marginais das lesões, obtidas através de biópsia,
observaram 30,8 % de parasitismo para Leishmania.
Em Cuiabá (MT), foram analisados soros sanguíneos de 468 cães, dos quais, 16 foram
reagentes à RIFI, obtendo-se uma prevalência geral de 3,4%. Os principais fatores de risco
observados neste estudo foram a localização dos cães no peridomicílio, bem como a
proximidade das residências nas matas, evidenciando mudanças na ocorrência da doença no
ambiente urbano (11).
A prevalência da LVC em áreas endêmicas é consideravelmente maior do que a doença
clínica aparente (20). Países da América do Sul, como Argentina e Paraguai, vem
apresentando, de forma crescente, relatos da enfermidade em cães e em humanos, entretanto,
o Brasil é responsável por 90% dos casos da América Latina (21). Além disso, a leishmaniose
está emergindo dentro de áreas não endêmicas, principalmente por causa do transporte de cães
de áreas endêmicas e as mudanças climáticas, favorecendo a expansão da distribuição
geográfica do vetor flebotomíneo (22).
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A adoção de gatos como animais de estimação tem crescido muito nos últimos anos, e
por este motivo, estudos sobre as doenças que albergam os felinos, são importantes para a
profilaxia das enfermidades. A proximidade com o homem e o fato de ser uma espécie
susceptível à infecção por Leishmania spp. enuncia a hipótese da participação da espécie
felina na epidemiologia das leishmanioses. Como afirmam Amato Neto e Pasternak (23) “...
há muito para catalogar e investigar nos nossos problemas de saúde pública, até porque se
não o fizermos, ninguém o fará e vamos continuar copiando normas de outros lugares...”,
logo, há necessidade de constante atualização e revisão das prioridades, nos diferentes níveis,
para a tomada de decisões nos sistemas de saúde, com necessidade de refinado
acompanhamento e, na medida do possível, antecipar-se a essas possíveis tendências.
Tendo em vista a importância em saúde pública que as leishmanioses representam,
acrescido ao fato de que os gatos estão se tornando mais populares como animais de
companhia, o presente trabalho tem como objetivo realizar uma revisão da doença em felinos,
a fim de se analisar a participação do gato na epidemiologia das leishmanioses.
EPIDEMIOLOGIA
As leishmanioses em gatos (Felis catus) tem sido relatadas esporadicamente em várias
partes do mundo, mas seu papel como reservatório ainda não foi esclarecido completamente
(1). A infecção natural de um gato doméstico por Leishmania spp. foi primariamente descrita
em 1912, na Argélia, em um animal de quatro meses de idade, que convivia com um cão e
uma criança, portadores de leishmaniose visceral. O diagnóstico baseou-se no achado de
formas amastigotas do parasita em medula óssea, sem a identificação da espécie causadora de
enfermidade (24). A partir de então, mais de 40 casos clínicos foram relatados na Europa,
incluindo Portugal (25, 26), Itália, França (27), Espanha (28), Grécia e também, em países
como Israel/Palestina, Egito, Suiça (29), Irã, Guiana Francesa, Venezuela e Brasil (30-33),
países estes que apresentam áreas endêmicas para Leishmania spp. (1, 34).
Estudos na Itália e na Síria comprovaram, por meio da tipagem de DNA, parasitas
idênticos no sangue dos felinos e no intestino dos flebotomíneos, que se infectaram
naturalmente ao realizar repasto sanguíneo, comprovando a transmissibilidade do parasita.
Esta evidência de transmissibilidade comprovada dos parasitas de felinos a um vetor sugere
que os gatos podem exercer o papel de reservatórios domésticos da doença ao invés de
simplesmente um hospedeiro acidental (1, 35, 36).
O gato doméstico pode ser infectado por diversas espécies de Leishmania, podendo ou
não ser sintomático e apresentar sinais clínicos inespecíficos, que comumente incluem lesões
nodulares ou ulceradas no focinho, lábios, orelhas e pálpebras e alopecia (30). Todavia,
alguns autores referem que os gatos possuem certo grau de resistência natural à infecção por
Leishmania, na ausência de outra doença ou estado de imunossupressão, por apresentarem os
títulos de anticorpos muito baixos e sinais estereotipados, não característicos . Com efeito, os
baixos títulos de anticorpos contra Leishmania spp. observados nos gatos têm sido
geralmente atribuídos à capacidade destes animais para gerar anticorpos específicos contra um
agente patogênico presente no seu meio, sem sofrer da doença (1, 36-38).
A doença em felinos geralmente está associada a outras enfermidades que causam
imunossupressão, como a FIV (Vírus da Imunodeficiência Felina) e FeLV (Vírus da
Leucemia Felina), embora muitos estudos têm apoiado a idéia de que eles possam de fato ser
um reservatório de leishmaniose, demonstrando sorologia positiva mesmo na ausência de
sinais clínicos atribuídos a enfermidade, infecção por Toxoplasma gondii e / ou outras
doenças típicas dos felinos (1, 20, 30, 34). Vicente Sobrinho et al. (36), pesquisaram a coinfecção de Leishmania spp. com Toxoplasma gondii, vírus da imunodeficiência felina (FIV)
e vírus da leucemia felina (FeLV) em uma população de gatos de uma área endêmica para
leishmaniose visceral. Concluiram que, os gatos que viviam em áreas endêmicas de
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leishmaniose visceral eram significativamente mais propensos a serem co-infectados com o
FIV, os quais poderiam apresentar sinais clínicos como, alterações de comportamento e,
portanto, gatos em tais áreas devem ser sempre cuidadosamente selecionados para coinfecções.
De acordo com Bray (1982) apud Maia, Nunes e Campino (26), um bom reservatório
deve estar em contato estreito com o homem, deve ser sensível ao agente patogênico e deve
fazê-lo disponível para o vetor em quantidades suficientes para causar infecção e, esta deverá
apresentar uma evolução crônica, permitindo que o animal sobreviva pelo menos até a
próxima transmissão; assim, o fato dos gatos se infectarem pelo protozoário e não
desenvolverem a doença, ao mesmo tempo em que podem portar o parasito no sangue
periférico e co-habitarem com o homem, pode qualificar essa espécie animal como
reservatório alternativo de Leishmania infantum chagasi e não apenas como hospedeiro
acidental. Trabalho realizado em Portugal demonstrou que gatos infectados naturalmente não
se recuperam sem terapia específica (36).
Os casos clínicos de leishmaniose felina (LF) já descritos, foram causados por
diferentes espécies do agente incluindo: Leishmania (Leishmania) mexicana, Leishmania
(Leishmania) venezuelensis (30) e Leishmania infantum chagasi, embora a leishmaniose
cutânea seja a forma mais frequentemente observada nesta espécie (9). Longoni et al. (1)
realizaram uma pesquisa em 95 gatos de dois estados do México e verificaram a presença de
anticorpos anti-L. mexicana, anti-L. braziliensis e anti-L. panamensis, utilizando as técnicas
de ELISA e Western blot.
Maia, Nunes e Campino (26), pesquisando a leishmaniose em 138 felinos, na área
metropolitana de Lisboa, Portugal, demonstraram que, de todos estes animais, em 28 (20,3%)
foram detectados no sangue periférico a espécie Leishmania infantum, utilizando a Reação em
Cadeia pela Polimerase (PCR). Com resultados diferentes da pesquisa anterior, no Oriente
Médio, na região de Jerusalém, Nasereddin, Salant e Abdeen (39), encontraram
soroprevalência em felinos por L. infantum de 6,7 %, utilizando a técnica de ELISA.
Na Espanha, o primeiro caso de LF foi referenciado em 1933 e desde então, casos
clínicos esporádicos foram relatados. Estudos sorológicos realizados em diversas regiões da
Espanha, demonstraram taxa de soroprevalência variando de 1, 7 a 60 % em gatos (35). Em
Madrid, área endêmica para LVC, estudos em felinos identificaram soroprevalência de 1,29%
(3/233) pela RIFI, utilizando ponto de corte de 1/100. Relataram também que sete gatos foram
sororreativos para Leishmania infantum, com diluição de corte de 1/50, resultando em 4,29%
de sororreativos, sendo que, à técnica de PCR, apenas um animal (0,43%) apresentou
positividade (40).
Na Grécia, o primeiro estudo de soroprevalência de Leishmania spp. em gatos foi
realizado apenas em 2009 e apresentou baixa soroprevalência (3,87%), embora este país
tenha-se caracterizado como altamente endêmico para leishmaniose humana e canina (41).
No Brasil, estudos em Andradina e Araçatuba, municípios do Estado de São Paulo,
demonstraram soroprevalência felina variando entre 4,2 e 51,9% dos animais,
respectivamente (42, 43).
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico laboratorial das leishmanioses rotineiramente é realizado principalmente
pelos exames parasitológicos (identificação do parasita em esfregaço sanguíneo e/ou cultivo
do parasita), imunológicos (Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI) e Ensaio
Imunoenzimático (ELISA) e moleculares (Reação de Cadeia em Polimerase- PCR) (44).
A técnica mais utilizada na rotina para pesquisa de anticorpos anti- Leishmania é a
Reação de Imunofluorescência Indireta – RIFI, que possui sensibilidade variável de 80% a
95%. Já os exames parasitológicos, baseados na demonstração de formas amastigostas do
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parasita, tanto dentro do macrófago como na forma livre, permitem o diagnóstico definitivo
da infecção. A citologia aspirativa é indicada nas lesões cutâneas (LTA), da mesma maneira
para os linfonodos superficiais na LV. Em se tratando de LV, pode-se realizar punção dos
linfonodos ou de medula óssea, sendo o material coletado corado com Giemsa, para a busca
das formas amastigotas. O mesmo material coletado para a realização do exame direto pode
ser utilizado em exames parasitológicos indiretos, como a inoculação em meios de cultura.
Para o cultivo de Leishmania é fundamental utilizar meio bifásico, sendo vários deles
empregados como fase líquida e o Novy-MacNeal-Nicolle – NNN ou ágar-sangue como fase
semissólida. Em casos com resultados parasitológicos e sorológicos negativos ou
inconclusivos, é possível realizar em laboratórios especializados no diagnóstico molecular,
utilizando-se fragmentos de pele, mucosas, sangue periférico, medula óssea ou órgãos do
sistema fagocítico-mononuclear (45). O teste parasitológico direto para diagnosticar LV com
a demonstração do parasita em material de biópsia ou punção aspirativa de tecidos, como o de
baço, pode ser mais sensível que de medula óssea (46).
LEISHMANIOSE FELINA NO BRASIL
O quadro clínico na leishmaniose felina é inespecífico e assemelha-se aos sinais clínicos
apresentados pela espécie canina, dentre eles anorexia, emese, linfoadenomegalia, dermatites ,
uveítes, alopecia difusa, emaciação, hipertermia e atrofia do músculo temporal.
Em cães, as lesões de pele granulomatosa ou piogranulomatosa aparecem como pápulas,
nódulos e / ou placas. As lesões podem ser solitárias ou múltiplas, e localizada ou
generalizada (47).
Serrano et al. (33), descreveram o primeiro caso de leishmaniose felina em AraçatubaSP, área endêmica para leishmaniose visceral. Neste caso, o animal apresentava alopecia e
descamação na região do ouvido e temporal, características de dermatite crostosa. Foram
utilizados a RIFI e ELISA para verificar a presença de anticorpos anti- Leishmania spp. ,
associado ao exame parasitológico e a técnica de PCR, confirmando a infecção.
Em outro estudo, realizado na cidade de Araçatuba, utilizando 200 gatos adultos
provenientes do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), a existência da infecção foi
confirmada pela pesquisa direta do parasita em esfregaços obtidos por punção aspirativa de
linfonodo, medula óssea, baço e fígado, assim como pela determinação de anticorpos anti- L.
chagasi, no teste de ELISA indireto. Os resultados demonstraram uma prevalência de
infecção em 14,5% (31/200), sendo 4% (8/200) por diagnóstico parasitológico e 11,5%
(23/200) por sorologia. Dois gatos soropositivos apresentaram lesões de pele e
hepatoesplenomegalia, contudo, não foi possível afirmar que tais alterações eram decorrentes
da infecção por Leishmania spp., uma vez que não foram excluídas outras enfermidades
infecciosas (48).
A partir de um caso canino de LTA, no município de Barra Mansa, Rio de Janeiro, área
considerada não endêmica, foi realizado um inquérito sorológico em 177 cães e 43 gatos,
sendo detectados pela RIFI, 10,7% de cães sororreagentes e 5,6% de cães inconclusivos. Entre
os felinos, nenhum foi reagente à RIFI, porém ao ELISA, 2,4% apresentaram sororreatividade
e 4,8% apresentaram resultados indeterminados (49). Já Da Silva et al. (50), relataram em
área endêmica do município do Rio de Janeiro soroprevalência elevada (25%) para
Leishmania spp. em gatos domésticos assintomáticos.
No Distrito Federal, com o objetivo de verificar a ocorrência de Leishmania spp. em
felinos domésticos procedentes de área endêmica para leishmaniose visceral humana e canina,
foi realizada uma pesquisa utilizando 89 gatos domiciliados, os quais foram submetidos a
exame clínico inicial e coleta de sangue, para a realização da PCR. Na PCR, foram
identificadas 53 amostras de sangue positivas para Leishmania spp. (59,55%). Posteriormente,
foram coletadas dez amostras de linfonodos, medula óssea e pele de animais positivos,
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utilizados para o diagnóstico da Leishmania spp. por meio de técnicas moleculares (PCR e
RFLP-PCR), parasitológicos, imunoistoquímico e imunocitoquímico e cultivo celular. Na
PCR dos tecidos, 9/10 amostras de linfonodos e medula óssea, foram positivas e 8/10
fragmentos de pele, também foram positivos. Todas as amostras foram negativas, para as
outras técnicas testadas. Não houve alterações hematológicas, bioquímicas e clínicas
significativas quando comparados com os animais negativos (51).
Coelho et al. (52), em Andradina, no estado de São Paulo, avaliaram 52 gatos do
município, com o objetivo de detectar espécies de Leishmania. Foram realizados os exames
parasitológicos diretos, como imprints de linfonodo, medula óssea e baço e após avaliação das
amostras positivas, as mesmas foram submetidas ao PCR e sequenciamento. A infecção foi
detectada em 5,76% (3/52) dos gatos examinados. Em apenas dois animais foram
identificados formas amastigotas da Leishmania spp. nos exames parasitológicos de
linfonodos. Em outra pesquisa realizada no mesmo município, o estudo soroepidemiológico
em 70 gatos com a finalidade de identificar a infecção por Toxoplasma gondii, Neospora
caninum e Leishmania spp., detectou anticorpos anti-T. gondii em 15,7% (11/70) dos animais
e em relação a Neospora caninum, nenhum animal foi positivo. Dados como raça, idade,
alimentação e contato com animais de outras espécies foram significativos para considerar a
positividade para T. gondii (P 0,0001). Gatos que tinham acesso às ruas (17,1%, 11/64), que
coabitavam com ratos (19,6%, 10/51) e que se alimentavam de comida caseira e leite cru
(27,2%, 6/22) foram positivos para T. gondii. Além disso, 4,2% (3/70) dos gatos foram
positivos para Leishmania spp. pela técnica de ELISA e negativos pela RIFI sem co-infecção
com T. gondii e Leishmania spp. Não houve positividade contra o vírus da imunodeficiência
felina ou vírus da leucemia felina nestes animais (42).
Souza et al. (49), relataram o segundo caso de LF, na qual Leishmania (Leishmania)
amazonensis foi encontrada em um gato doméstico de Ribas do Rio Pardo, no estado do Mato
Grosso do Sul, Brasil, verificando-se que os sinais clínicos eram semelhantes aos observados
em outras doenças comumente diagnosticadas em gatos, como a criptococose e esporotricose.
Da Silva et al. (50), sugeriram que a resposta imune à infecção por Leishmania spp. em
gatos diferia das observadas em cães, o que deve explicar o pequeno número de animais
infectados e sintomáticos. Talvez a baixa quantidade de casos notificados seja devido aos
inquéritos sorológicos em poucas áreas endêmicas e em se diferenciar clinicamente a LF de
outras doenças comuns em gatos. Como consequência muitos animais só são diagnosticados,
quando se tornam sintomáticos; contudo, devem ser realizados diagnósticos diferenciais para
as lesões cutâneas (50). Dessa forma, a LF deve ser sistematicamente incluída no diagnóstico
diferencial em gatos que apresentem lesões cutâneas sugestivas, realizando-se pesquisas
sorológicas e histopatológicas apropriadas especialmente em áreas endêmicas de leishmaniose
canina, uma vez que não há sinais patognomônicos dessa enfermidade (50, 53).
Estudo realizado no Mato Grosso do Sul, avaliando-se o comportamento
histopatológico de lesões características de leishmaniose cutânea em camundongos infectados
experimentalmente, com Leishmania amazonensis isolada de um gato, demonstraram elevado
grau de parasitismo cutâneo na pata, 20 dias após a infecção nos camundongos. Associado à
infecção, observou-se infiltrado inflamatório linfo-histiocitário, eosinofílico intenso e difuso,
além de necrose moderada e difusa. Inflamação focal e perivascular foi observada no fígado,
contudo não foram encontrados parasitas no mesmo (54).
TRATAMENTO
O tratamento da leishmaniose envolve uma combinação de antimônio e alopurinol,
como a primeira opção no protocolo terapêutico. Embora estes fármacos promovam, na
maioria dos casos, a recuperação clínica de animais, eles não produzem a eliminação
completa do parasita (28). O tratamento da leishmaniose felina é descrito em poucos casos,
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com resultados clínicos que variam de completo sucesso até eutanásia (55). Até o momento, o
tratamento para a doença, tanto canina como felina, é contraindicado no Brasil, de acordo com
a Portaria Interministerial nº 1.426, de 11 de julho de 2008, a qual proíbe o tratamento de cães
com LV, por não existir até o momento uma garantia de que os fármacos existentes sejam
eficazes ou que haja redução na transmissão da doença, ou ainda que o animal não se
mantenha como reservatório, vetando em todo território nacional o tratamento da LV em cães
infectados ou doentes com produtos de uso humano ou produtos não registrados no MAPA
(Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) (56).
Marcos et al. (55), na Espanha, relataram um caso clínico de um gato de 4 anos de
idade, com leishmaniose visceral que, apesar do tratamento, apresentou piora clínica e foi
submetido à eutanásia. Possivelmente, devido ao fato de que a leishmaniose felina continue a
ser uma doença subdiagnosticada e mal esclarecida, não existem trabalhos suficientes na
literatura, que indiquem todas as medidas para controlar a leishmaniose felina, enquanto a
maioria de tratamentos clínicos empregados para gatos, siga protocolos de terapias usadas
para cães (57).
A proteção dos animais por meio de inseticidas tópicos à base de deltametrina, com o
objetivo de repelir flebotomíneos implicados na transmissão e vacinação, são medidas que
tem mostrado efeitos adicionais no controle da leishmaniose visceral canina (58). Ainda que,
em outubro de 2011, a comercialização e o uso de uma das vacinas contra LV canina tenha
sido deferida pelo MAPA, este método ainda é controverso, uma vez que, até o momento,
ainda não tenha sido comprovado, por meio do xenodiagnóstico, que cães vacinados não
sejam transmissores da enfermidade aos vetores. Além disso, o Ministério da Saúde e a OMS
não recomendam o uso da vacina em Saúde Pública ou como um método preventivo da LV
(56, 59).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As leishmanioses são importantes em saúde pública, visto a adaptação do vetor ao meio
urbano e ao estreito contato dos animais reservatórios com os humanos. Elucidar a
epidemiologia da doença tem sido o objetivo de várias pesquisas em todo o mundo, já que a
mesma tem comportamentos variados, conforme características da área e população.
O gato doméstico é um dos mamíferos susceptíveis à infecção por Leishmania spp. e,
pelo fato de ser uma espécie crescente como pet, faz-se necessário identificar sua participação
no ciclo epidemiológico das leishmanioses. Apesar de serem susceptíveis, os gatos parecem
ter uma resistência natural e, geralmente, as leishmanioses em felinos estão associadas às
doenças que causam imunossupressão. A forma cutânea é a mais relatada em felinos.
Estudos para prevalência sorológica indicam que os felinos podem ser infectados e
apresentarem-se assintomáticos. Ainda que se realizem estudos pesquisando a soroprevalência
da infecção em populações de felinos residentes em áreas endêmicas, não está claro se as
baixas prevalências de infecção e de doença, em gatos provenientes de áreas endêmicas,
sejam devidas a falhas na detecção de anticorpos ou ao fato dos gatos apresentarem
resistência natural à leishmaniose.
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