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A dinâmica do conhecimento biomédico
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Os autores
Claudiane Ayres
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D583
A dinâmica do conhecimento biomédico / Organizadora
Claudiane Ayres. – Ponta Grossa - PR: Atena, 2023.
Formato: PDF
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Modo de acesso: World Wide Web
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-258-1328-8
DOI: https://doi.org/10.22533/at.ed.288231205
1. Biomedicina. I. Ayres, Claudiane (Organizadora). II.
Título.
CDD 610.1
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dos mesmos, para qualquer finalidade que não o escopo da divulgação desta obra.
A área das Ciências Biomédicas agrega saberes relacionados a medicina,
biologia, tecnologia, estética e saúde de forma geral, atuando na prevenção
e promoção de saúde, diagnóstico clínico e funcional, aprimoramento de
tratamentos diversos, dentre outras aplicações.
A produção de conhecimento biomédico tem crescido de maneira
exponencial e dinâmica, uma vez que se movimenta na busca para se ajustar
e adequar as demandas sociais e individuais de cada ser, a fim de beneficiar a
saúde e bem-estar dos indivíduos e do meio em que se vive.
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Convido-te a conhecer as diversas possibilidades que envolvem essa
APRESENTAÇÃO
área tão inovadora e abrangente.
Aproveite a leitura!
Claudiane Ayres
CAPÍTULO 1 ............................................................................. 1
A RELAÇÃO ENTRE A TROMBOSE E A UTILIZAÇÃO DE ANTICONCEPCIONAIS
ORAIS
Yasmin Natália Ricci da Silva
Regiane Tercetti Rodriguês
https://doi.org/10.22533/at.ed.2882312051
CAPÍTULO 2 ........................................................................... 13
CANDIDÍASE VULVOVAGINAL: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Ana Clara Neves Silva
Joyce Silva Costa
Regiane Tercetti Rodriguês
https://doi.org/10.22533/at.ed.2882312052
SUMÁRIO
CAPÍTULO 3 ........................................................................... 21
EFEITO DE ÓLEOS ESSENCIAIS IN NATURA E OZONIZADOS SOBRE O
DESENVOLVIMENTO DE FUNGOS PATOGÊNICOS
Joelma Evelin Pereira Kume
Roberto Andreani Junior
Dora Inés Kozusny-Andreani
https://doi.org/10.22533/at.ed.2882312053
CAPÍTULO 4 ...........................................................................33
INCIDÊNCIA DE DESORDENS TEMPOROMANDIBULARES (DTM) ENTRE
PROFESSORES DE MÚSICA
Luiza Morais Araújo Souza
Jordana Teixeira Resende
Júlia Torga Souza
Luana Cristina Resende
Pedro Lucas Cabral de Souza
Laila Cristina Moreira Damázio
https://doi.org/10.22533/at.ed.2882312054
CAPÍTULO 5 ...........................................................................46
PERFIL DE REJEIÇÃO DE MEDULA ÓSSEA
TRANSPLANTADOS: REVISÃO SISTEMÁTICA
Ana Beatriz Fonseca Coelho
Bruno César Correa Salles
EM
PACIENTES
https://doi.org/10.22533/at.ed.2882312055
CAPÍTULO 6 ...........................................................................54
PRÁXIS EM PSICOLOGIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA EM UM CENTRO DE
ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
Gabriel Marques Lima de Andrade
Heloisa Bruna Grubits
Jadson Justi
https://doi.org/10.22533/at.ed.2882312056
CAPÍTULO 7 ...........................................................................65
SOFOROLIPÍDIOS: USO DE ATIVO MICROBIANO NO TRATAMENTO DA
DERMATITE SEBORREICA
Beatriz Ticiani Vieira Pereira
Briani Gisele Bigotto
Geissiane Feitosa da Fonseca
Yara dos Santos Vieira Dias
Luiz Henrique Santana Martins
Julia Andrade Cerqueira
Christiane Aparecida Urzedo Queiroz Freitas
Cristiani Baldo
Maria Antonia Pedrine Colabone Celligoi
https://doi.org/10.22533/at.ed.2882312057
SOBRE A ORGANIZADORA .......................................................74
SUMÁRIO
ÍNDICE REMISSIVO ..................................................................75
CAPÍTULO 1
A RELAÇÃO ENTRE A TROMBOSE E A
UTILIZAÇÃO DE ANTICONCEPCIONAIS ORAIS
Data de aceite: 02/05/2023
Yasmin Natália Ricci da Silva
Universidade José do Rosário Vellano –
UNIFENAS
Curso de Biomedicina
Alfenas – MG
Regiane Tercetti Rodriguês
Universidade Professor Edson VelanoUnifenas
Alfenas-MG
http://lattes.cnpq.br/0729674271160015
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
à Universidade José do Rosário Vellano –
UNIFENAS, como parte das exigências do curso
de Biomedicina, da Universidade José do Rosário
Vellano. Orientador: Prof (a) Regiane Tercetti
Rodriguês.
RESUMO: No início do século XX, o
fisiologista e endocrinologista Gregory
Pincus criou a pílula anticoncepcional, que
a princípio se propunha a apenas regular
o ciclo menstrual e, com os anos, passou
a ser utilizada como método contraceptivo.
Sua utilização tem alta prevalência, por ser
um método bastante efetivo no controle
de natalidade, redução do fluxo menstrual,
bem como sinais e sintomas advindos do
A dinâmica do conhecimento biomédico
ciclo menstrual como acnes, hirsutismo,
menorragia, cismenorela e também na
diminuição do risco de doenças como
câncer do ovário e endométrio. MATERIAL
E MÉTODOS Trata-se de uma revisão
integrativa, avaliando pesquisas de caráter
transversal, descritivo ou quantitativo
sobre a relação entre o uso da pilula
anticoncepcional e o desenvolvimento
da TVP. RESULTADO E DISCUSSÃO
Trombose é quando se formam um coágulo,
como quando alguém se machuca e forma
ali uma bolsinha com as células para parar
o sangramento, é mais ou menos como
se isso acontecer dentro de um vaso
sanguíneo, é isso que a gente chama de
trombose ambulante venosa, ou pode
ser uma artéria, e pode dar, por exemplo,
um acidente vascular cerebral. Então são
problemas realmente grave, e precisam
ser imediatamente tratados e prevenidos
na melhor maneira possível, de fato quem
faz uso de métodos hormonais e alguns
com mais risco do que outros, têm risco
aumentado de desenvolver esse problema
da trombose, mas esse risco não é assim
tão aumentado como a maioria das pessoas
pensam, e ele é maior em algumas pessoas
com risco aumentado também devido a
outros fatores, então é isso que é importante
Capítulo 1
1
diferenciar. Conclusão: Em síntese o trabalho em questão além da sua relevância social tem
sido muito contributivo em um contexto pessoal, tendo proporcionado uma prática com a
pesquisa bibliográfica, por meio da qual foi adquirido maior conhecimento teórico acerca dos
assuntos trabalhados, bem como poderá contribuir profissionalmente, tendo em vista que
os conhecimentos adquiridos para desenvolvimento da pesquisa poderão ser utilizados no
exercício da profissão.
PALAVRAS-CHAVE: Trombose. Anticoncepcional. Automedicação.
ABSTRACT: At the beginning of the 20th century, the physiologist and endocrinologist
Gregory Pincus created the contraceptive pill, which at first was only intended to regulate the
menstrual cycle and, over the years, came to be used as a contraceptive method. Its use has
a high prevalence, as it is a very effective method in birth control, reducing menstrual flow,
as well as signs and symptoms arising from the menstrual cycle such as acne, hirsutism,
menorrhagia, dysmenorrhea and also in reducing the risk of diseases such as breast cancer.
ovary and endometrium. MATERIAL AND METHODS This is an integrative review, evaluating
cross-sectional, descriptive or quantitative research on the relationship between the use of
contraceptive pills and the development of DVT. RESULTS AND DISCUSSION Thrombosis
is when a clot forms, like when someone gets hurt and a small bag forms there with cells to
stop the bleeding, it’s more or less as if this happens inside a blood vessel, that’s what we call
walking venous thrombosis, or it could be an artery, and it could give, for example, a stroke.
So these are really serious problems, and they need to be immediately treated and prevented
in the best possible way, in fact those who use hormonal methods and some are more at risk
than others, have an increased risk of developing this problem of thrombosis, but this risk is
not so that’s increased as most people think, and it’s increased in some people at increased
risk as well due to other factors, so that’s what’s important to differentiate. Conclusion: In
summary, the work in question, in addition to its social relevance, has been very contributive
in a personal context, having provided a practice with bibliographical research, through which
it was theoretical knowledge about the subjects worked, as well as being able to contribute
professionally, having considering that the knowledge acquired for the development of the
research can be used in the exercise of the profession.
KEYWORDS: Thrombosis. Contraceptive. Self-medication.
LISTA DE ABREVIATURAS
ACO – Anticoncepcional Oral
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
DIU – Dispositivo Intrauterino
EP – Embolia Pulmonar
ONU – Organização das Nações Unidas
SNC – Sistema Nervoso Central
SUS – Sistema Único de Saúde
TVP – Trombose Venosa Profunda
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 1
2
1 | INTRODUÇÃO
No início do século XX, o fisiologista e endocrinologista Gregory Pincus criou a pílula
anticoncepcional, que a princípio se propunha a apenas regular o ciclo menstrual e, com os
anos, passou a ser utilizada como método contraceptivo (FERREIRA; D’AVILA; SAFATLE,
2019). Sua utilização tem alta prevalência, por ser um método bastante efetivo no controle
de natalidade, redução do fluxo menstrual, bem como sinais e sintomas advindos do ciclo
menstrual como acnes, hirsutismo, menorragia, dismenorreia e também na diminuição do
risco de doenças como câncer do ovário e endométrio (MAGALHÃES; MORAIS; SANTOS,
2017).
Os anticoncepcionais orais são compostos por hormônios sintéticos como a
progesterona e o estrógeno (FERREIRA; D’AVILA; SAFATLE, 2019). No entanto, diversos
são os efeitoscolaterais e riscos à saúde da mulher já pesquisados e documentados na
literatura, como o aumento das chances do surgimento de hipertensão arterial sistêmica,
diabetes mellitus tipo 2, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e o mais estudado
recente, a trombose venosa (SOUSA; ÁLVARES, 2018).
A trombose venosa decorre de um processo patológico devido à obstrução de um
vaso sanguíneo por uma estrutura ou mais composta de plaquetas e fibrinas, impedindo o
fluxo sanguíneo e causando diversos problemas ao indivíduo como a embolia ou mesmo
levando a óbito (SOUSA; ÁLVARES, 2018). Sabe-se que os anticoncepcionais ativação
de forma inapropriada processos hemostáticos que podem influenciar na agregação
plaquetária que se tornarão os coágulos da trombose venosa (LEITE; GOMES, 2021).
Alguns exames podem ser realizados para a identificação de riscos de problemas de
coagulação que serão exacerbados ao utilizar anticoncepcionais, como a mutação fator V
de Leiden, mutação de protrombina G2010A, deficiência da proteica C, S ou protrombina.
Se algum exame estiver alterado, espera-se que as chances de ocorrer uma trombose
na mulher pode ser oito vezes maior do que a chance de uma mulher que não ingere o
anticoncepcional (FREITAS; GIOTTO, 2018).
2 | REFERENCIAL TEÓRICO:
2.1 Anticoncepcionais orais
2.1.1
Classificação
Em todo o mundo, a utilização de métodos contraceptivos tem aumentado
exponencialmente a cada ano. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil
é o terceiro maior país em que as mulheres mais utilizam pílulas anticoncepcionais na
América Latina, e até 2030 estima-se um crescimento de 20 milhões de usuárias dos mais
variados métodos contraceptivos existentes (SILVÉRIO et al., 2022).
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 1
3
Os métodos contraceptivos são divididos em reversíveis e definitivos. Em relação
aos reversíveis, temos anticoncepcionais orais, dispositivo intrauterino (DIU) e método
de contracepção de emergência. Entre os definitivos, temos a ligaduras das tubas e a
vasectomia. No ano de 2018, estimava-se que 40% dos métodos mais utilizados pelas
mulheres era a ligadura de tubas e 21% as pílulas anticoncepcionais (BRANDT; OLIVEIRA;
BURCI, 2018).
Os ACOs dividem-se em pílulas contraceptivas de primeira, segunda e terceira
geração. As de primeira geração são as pílulas mais antigas, que possuíam em sua
composição mestranol(estrogênio) e noretisterona (progestógeno) e causavam inúmeros
efeitos colaterais nas usuárias como cefaleia intensa, e atualmente não são mais utilizadas.
As de segunda geração são compostas de etinistradiol em doses de 30 a 50ug associado
ao levonorgestrel, sendo conhecido pelos nomes Microvlar, Level e Ciclo 21, amplamente
distribuído pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Por fim, a terceira geração é composta
de progestógenosem doses de iguais ou inferiores a 30ug, com nomes conhecidos como
Yasmin, Elani, Tâmisa e Diane 35 (BRANDT; OLIVEIRA; BURCI, 2018).
Eles também são classificados em monofásicos, onde a dose dos esteroides é igual
em todos as pílulas, os bifásicos, quando há duas dosagens diferentes dos esteroides, e os
trifásicos, quando há três dosagens diferentes (PALOMO; SIMIONI; BERRO, 2022).
2.1.2
Mecanismo de ação
O mecanismo de ação dos ACOs combinados ocorre por meio da supressão de
fatores hipotalâmicos que realizam a liberação do hormônio folículo estimulante (FSH) e
do hormônio luteinizante (LH), responsáveis pela ovulação. O FSH estimula a proliferação
de células ovarianas e estrógeno natural, que formam os óvulos maduros, já o LH produz
progesterona natural e prepara o útero na possibilidade de um embrião ser implantado. Ao
suprimi-los, a ovulação é inibida e assim, evita-se que ocorra a concepção pela mulher não
entrar em período fértil (BRANDT; OLIVEIRA; BURCI, 2018; PALOMO; SIMIONI; BERRO,
2022).
Já as pílulas contraceptivas compostas de progestágeno, possuem um mecanismo
de ação diferente. Elas aumentam o espessamento do muco cervical, que irá dificultar a
passagem dos espermatozóides para dentro do útero, bem como torna o endométrio um
local hipotrófico, tornando-o pouco receptivo à nidação (SILVÉRIO et al., 2022).
2.1.3
Indicação de uso e efeitos colaterais
Mas eles não são utilizados somente para prevenir a gravidez, eles também são
indicados para a prevenção de doenças relacionadas ao sistema reprodutor feminino,
regulação do ciclo menstrual e na redução dos sintomas pré-menstruais (PALOMO;
SIMIONI; BERRO, 2022).
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 1
4
Por ser um medicamento, os ACOs podem gerar efeitos colaterais dos mais diversos,
como “alterações imunológicas, metabólicas, nutricionais, psiquiátricas, vasculares,
oculares, gastrintestinais, hepatobiliares, cutâneo-subcutâneas, renais/ urinárias, auditivas;
distúrbios do Sistema Nervoso Central (SNC) e do Sistema Reprodutor” (COUTO et al.,
2020).
Infelizmente, as redes farmacêuticas do Brasil vendem ACOs sem prescrição médica,
o que torna mais fácil a aquisição desse tipo de medicamento por qualquer mulher no país,
sem ser orientada por um profissional da saúde. A utilização deles de forma indiscriminada
pode causar diversos efeitos adversos, como já mencionados (SILVÉRIO et al., 2022). Os
ACOs, quando utilizados da forma correta, podem apresentar índica de falha menor do que
1 para cada 100 mulheres ao ano (BORBA et al., 2017).
2.2 Trombose Venosa Profunda
A trombose venosa é uma patologia que se caracteriza pela redução ou ausência de
circulação sanguínea devido a um trombo. Os trombos são coágulos sanguíneos formados
dentro de vasos sanguíneos causando a obstrução parcial ou total destes. A maioria dos
trombos se formam nos membros inferioresdentro de veias ou seios venosos, sendo
chamados de Trombose Venosa Profunda (TVP) (PEREIRA; RIBEIRO; PARODI, 2015).
Sua ocorrência é de 5 para cada 10 mil indivíduos, sendo que em 2015 o Brasil registrou
mais de 113 mil internações por trombose (CHARLO; HERGET; MORAES, 2020).
A TVP é causada devido à estase sanguínea, estados de hipercoagulabilidade e
lesões endoteliais (CHARLO; HERGET; MORAES, 2020). A estase sanguínea refere-se
a uma alteração do fluxo sanguíneo, ocorrendo uma hipóxia local que irá dificultar o fluxo
sanguíneo normal dos membros inferiores em direção ao coração. Com isso, as plaquetas
presentes no sangue irão entrar em contato com o endotélio, facilitando a formação de
trombos. A lesão endotelial advém de lesões diretas como fraturas, traumas ou cirurgias,
bem como lesão indiretas como a quimioterapia, diabetes, sepse e vasculite. Essas
lesões sintetizam o fator tecidual e o inibido do fator ativador do plasminogênio, reduzindo
a plasmina responsável pela dissolução de coágulos, contribuindo para a formação da
trombose. Por fim, a hipercoagulabilidade ocorre devido ao desequilíbrio da presença de
fatores coagulantes e anticoagulantes, seja por causas genéticas ou adquiridas (REIS et
al., 2018).
Há diversos fatores de risco para o surgimento dos trombos, como a idade
mais avançada, sexo (com predominância do sexo feminino), obesidade, neoplasias,
traumatismos, varizes dos membros inferiores, imobilidade, insuficiência cardíaca,
distúrbios congênitos que causam a deficiência de AT-III ou proteína C, e a utilização
de anticoncepcionais orais (ALBUQUERQUE; VIDAL, 1996). Há também fatores como
mutações de genes que sintetizam a protrombina, o aumento de fibrinogênio e aumento
do fator VIII, responsáveis diretos pela coagulação e relacionados com a proteína C e S,
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 1
5
associadas ao processo de anticoagulação (CHARLO; HERGET; MORAES, 2020).
A TVP pode levar à ocorrência de outra patologia denominada embolia pulmonar
(EP), o quadro clínico mais grave dessa doença onde um trombo é liberado para circular
livremente entre os vasos da corrente sanguínea chegando ao coração e causando
obstrução parcial ou total (ALBUQUERQUE; VIDAL, 1996). No entanto, denomina-se
tromboembolismo venoso (TEV) o movimento entre a ocorrência da TVP e a EP (FARHAT;
GREGÓRIO; CARVALHO, 2018).
Ela pode ser classificada segundo a sua localização, sendo proximal quando o
trombo ocorre na veia ilíaca, femoral ou poplítea, e distal, quando ocorre em veias abaixo
da poplítea(SBACV, 2015). Em geral, os sintomas clínicos que permitem a suspeita de TVP
são: cianose, edema, distensão venosa e dor no membro inferior acometido pelos êmbolos
(OLIVEIRA; MENEZES; MENDONÇA, 2021).
2.3 Utilização de anticoncepcionais e a formação de trombose
Um dos efeitos adversos da utilização de anticoncepcionais orais é o risco aumentado
para o surgimento de trombos. Os vasos sanguíneos possuem receptores de estrogênio e
progesterona – hormônios presentes nos contraceptivos –, tornando o endotélio facilmente
reativo a essas substâncias. Esses hormônios podem causar alterações na cascata
de coagulação, modificando a sua funcionalidade como a inibição de fatores de anticoagulação natural, como as proteínas C reativas, e a estimulação da hipercoagulabilidade
(SENA; GONÇALVES, 2019; CRUZ; BOTTEGA; PAIVA, 2021).
Em 2011, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) registrou 267 casos
de mulheres internadas com trombose devido à utilização de anticoncepcionais orais
(CHARLO; HERGET; MORAES, 2020). Estima-se que entre 9 a 18% dos casos de tromboses
ocorridos no sexo feminino derivam da utilização de anticoncepcionais orais, visto que este
medicamento aumenta entre 3 a 6 vezes o risco de TVP (SENA; GONÇALVES, 2019).
Um estudo realizado com 100 mulheres universitárias entre 18 a 40 anos, buscou
avaliar os riscos auto referidos de trombose causada pela utilização de anticoncepcionais
orais e injetáveis. Dessas, mais de 80% utilizava algum tipo de anticoncepcional, sendo a
maioria de forma oral, e 16% delas relataram casos de trombose na família devido ao uso
de anticoncepcional oral. Observou-se que entre os casos presentes na família, a maioria
ocorreu com mulheres entre 18 a 25 anos que fazia uso prolongado desse medicamento.
Assim, não somente a utilização do medicamento bem como o histórico familiar podem ser
fatores de risco para a ocorrência da TVP (SILVA; SÁ; TOLEDO, 2019).
3 | MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de uma revisão integrativa, avaliando pesquisas de caráter transversal,
descritivo ou quantitativo sobre a relação entre o uso da pílula anticoncepcional e o
desenvolvimento da TVP.
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 1
6
Para a realização do trabalho foram utilizadas obras físicas ou online pertinentes
ao tema, pesquisadas em bases de dados online como o portal de periódicos da Capes
(periódicos.capes.gov.br), Google Acadêmico, PUBMED, Medline e LILACS.
Para isso, foram utilizados os seguintes descritores de saúde: trombose venosa
profunda, anticoncepcional oral, riscos, relação. Para a coleta de artigos e outros trabalhos,
primeiramente foram considerados os títulos dos artigos, em seguida realizada a leitura
dos resumos e excluídos trabalhos que não corresponderam com a temática, e por último
foi realizada uma leitura minuciosa das obras selecionadas, selecionando apenas aquelas
pertinentes a este tema. Após essa última seleção, foi realizado o fichamento dos dados
e posteriormente a seleção das informações relevantes e dos resultados que irão compor
o artigo final. Como critério de exclusão estão todas as outras patologias associadas ao
método que não tem nenhuma relação com a trombose, casos registrados fora do Brasil e
artigos com datas inferiores a 2008.
4 | RESULTADOS
Trombose é quando se formam um coágulo, como quando alguém se machuca e
forma ali uma bolsinha com as células para parar o sangramento, é mais ou menos como
se isso acontecer dentro de um vaso sanguíneo, é isso que a gente chama de trombose
ambulante venosa, ou pode ser uma artéria, e pode dar, por exemplo, um acidente vascular
cerebral. Então são problemas realmente grave, e precisam ser imediatamente tratados
e prevenidos na melhor maneira possível, de fato quem faz uso de métodos hormonais e
alguns com mais risco do que outros, têm risco aumentado de desenvolver esse problema
da trombose, mas esse risco não é assim tão aumentado como a maioria das pessoas
pensam, e ele é maior em algumas pessoas com risco aumentado também devido a outros
fatores, então é isso que é importante diferenciar.
No sistema cardiovascular, os hormônios sexuais femininos estrogênio e
progesterona têm como alvo os vasos sanguíneos que contêm receptores
em suas camadas constituintes facilitando assim, a associação entre o
uso de anticoncepcionais e o risco de trombose (BRITO MB, et al., 2010).
A Trombose Venosa Profunda (TVP) refere- se à obstrução do fluxo sanguíneo
pela formação de um trombo nas veias do sistema profundo (MELO REVA,et
al., 2006). Dessa forma, os anticoncepcionais orais assim como outros
métodos que permitem a liberação desses hormônios femininos, tem
grandes chances de desenvolver a TVP (PADOVAN FT e FREITAS G, 2015)
A escolha de um método anticoncepcional ele tem que ser feito numa consulta médica
presencial, que o médico vai avaliar todos esses seus riscos, desde familiar, genéticos, de
vida, para poder fazer uma escolha mais específica para cada caso isolado. De modo geral,
considera- se que esse risco não é tão grande, para você ter uma ideia para uma mulher
que não faz uso de anticoncepcional, o risco dela é mais ou menos de 2 a 3 mulheres
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 1
7
em cada 10. Com o uso do anticoncepcional esse risco passa mais ou menos para 5 a 6
mulheres a cada 10, então ainda é em número absoluto, um número pequeno, por isso
que não justifica ninguém nunca mais tomar um anticoncepcional, até mesmo porque os
riscos que a mulher tem de desenvolver uma trombose por exemplo numa gestação ou
complicações, ainda são maiores do que esse risco de trombose.
Pensando na população geral é importante falar isso justamente para que você faça
uma escolha mais consciente, não ficar em pânico, com esse pensamento generalizado,
que todo mundo que tomar anticoncepcional vai ter esse tipo de problema, o risco realmente
existe, mas há fatores paralelos ao anticoncepcional que precisam ser avaliados, como por
exemplo, fatores genéticos, então se tem um histórico de mulheres muito próximas, como
mãe e irmãs que desenvolveram trombose, isso é muito importante, precisa ser avaliadas
as condições clínicas como diabetes, obesidade, e sedentarismo, que são fatores que
também aumentam o risco da trombose.
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 1
8
A associação com anticoncepcional muito importante é o cigarro, mulheres que
fumam, principalmente após os 35 anos, ela tem um risco bem elevado de desenvolver
trombose. É importante avaliar inclusive a própria idade da mulher, pois esse risco passa
a ser aumentado. Portanto, tem que ser muito bem avaliado individualmente cada caso,
existem também outros marcadores mais precisos, exames que a gente pode fazer por
exemplo, que podem indicar se a mulher tem uma probabilidade maior para desenvolver
trombose ou não desenvolver, não dá uma resposta com tanta sensibilidade, e com muita
certeza,mas dá para fazer um acompanhamento. Há uma relação real entre o uso de pílula
anticoncepcional, e o desenvolvimento de trombose, no entanto existem outras variáveis
que são determinantes para que haja ou não esse desenvolvimento de trombose. Assim,
a idade, as condições genéticas e até mesmo o tipo de pílula.
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 1
9
5 | CONCLUSÃO
Em síntese o trabalho em questão além da sua relevância social tem sido muito
contributivo em um contexto pessoal, tendo proporcionado uma prática com a pesquisa
bibliográfica, por meio da qual foi adquirido maior conhecimento teórico acerca dos
assuntos trabalhados, bem como poderá contribuir profissionalmente, tendo em vista que
os conhecimentos adquiridos para desenvolvimento da pesquisa poderão ser utilizados no
exercício da profissão.
Vale acentuar que a pesquisa em questão traz muitas informações, com base
teórica, organizada de maneira coerente, em um trabalho conciso, porém relevante, o
qual futuramente poderá dar contribuições para novos trabalhos na área da saúde. Vale
acentuar que as ideias estão distribuídas de maneira muito bem estruturada, trazendo
proposições acerca do tema, bem como apresentando idéias que já foram externadas
acerca do assunto.
O trabalho tem conteúdo bastante interessante e apoiado em fonte científica,
desta forma agregando maior credibilidade à pesquisa. Desta forma podemos concluir
que o presente trabalho foi componente importante da formação, podendo ser dito parte
imprescindível, enriquecendo o currículo.
DEDICATÓRIA
Para todos que já tiveram um momento de fraqueza.
Não vai doer para sempre, então não deixe isso afetar o que há de melhor em você.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela minha vida, e por me ajudar a ultrapassar todos os obstáculos
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 1
10
encontrados ao longo do curso.
Aos meus pais e irmãos, que me incentivaram nos momentos difíceis e
compreenderam a minha ausência enquanto eu me dedicava à realização deste trabalho.
Aos professores, pelas correções e ensinamentos que me permitiram apresentar um
melhor desempenho no meu processo de formação profissional.
REFERÊNCIAS
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atuais. Revista Brasileira de Ortopedia, v. 31, n. 10, p. 851-6, 1996.
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A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 1
11
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A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 1
12
CAPÍTULO 2
CANDIDÍASE VULVOVAGINAL: UMA REVISÃO DE
LITERATURA
Data de submissão: 09/03/2023
Ana Clara Neves Silva
Universidade Professor Edson VelanoUnifenas
Alfenas-MG
http://lattes.cnpq.br/6706489249183115
Joyce Silva Costa
Universidade Professor Edson VelanoUnifenas
Alfenas-MG
http://lattes.cnpq.br/1634444443397682
Regiane Tercetti Rodriguês
Universidade Professor Edson VelanoUnifenas
Alfenas-MG
http://lattes.cnpq.br/0729674271160015
RESUMO:A
candidíase
vulvovaginal
é uma infecção da vulva e da vagina,
causada geralmente por várias espécies
de Candida, que se tornam patogênicas em
condições que alteram o ambiente vaginal.
Esses fungos, têm sido considerados um
problema de saúde pública que acomete
milhões de mulheres e que influenciam
nas relações afetivas e sexuais. De
todos os gêneros, o gênero C. Albicans
vem sendo mais prevalente, pois seu
crescimento é favorecido em temperaturas
A dinâmica do conhecimento biomédico
Data de aceite: 02/05/2023
variáveis (20° C a 38°C). O pH ácido
favorece a proliferação, por isso, acomete
o trato genital da mulher quando o pH da
vagina varia de 2,5 a 7,5. Desta forma,
o presente estudo tem por objetivos
reconhecer as características morfológicas
e estruturais da Cândida albicans,
compreender a Candidíase Vulvovaginal
quanto a sintomatologia e fatores de risco
e evidenciar o diagnóstico laboratorial e
o tratamento utilizados em infecção por
Cândida albicans. Trata-se de uma revisão
integrativa, avaliando pesquisas de caráter
transversal, descritivo ou quantitativo sobre
a Candidíase vulvovaginal em mulheres.
As pesquisas foram realizadas na base de
dados online como o portal de periódicos
da Capes (periodicos.capes.gov.br), Google
Acadêmico, PUBMED, Medline e LILACS.
Os descritores utilizados foram: Cândida,
candidíase vulvovaginal e fatores clínicos
para Candida. O critério de exclusão estão
todos os outros gêneros de fungos que
não tem nenhuma relação com a Cândida
vulvovaginal e casos registrados fora do
Brasil e artigos com datas inferiores a 2018.
Diante do exposto tal infecção afeta tanto
física quanto psicologicamente milhares
de mulheres anualmente, interferindo nas
relações sexuais e afetivas, afetando um
Capítulo 2
13
número significativo da população em relação ao trabalho economicamente ativa, constituindo
problemas de saúde pública. Visando identificar a sua importância nessa patologia, mesmo
sua incidência real sendo totalmente desconhecida e ainda por cima liberando diagnóstico
baseado em sinais e sintomas, sem nenhum teste confirmatório e automedicação com
medicamentos de vendas livres, contribuem ainda mais a prevalência. Torna-se assim
imprescindível o diagnóstico correto e tratamento precoce desta infecção
PALAVRAS-CHAVE: Candidíase vulvovaginal, Cândida, Cândida albicans.
VULVOVAGINAL CANDIDIASIS: A LITERATURE REVIEW
ABSTRACT:Vulvovaginal candidiasis is an infection of the vulva and vagina, usually caused
by several species of Candida, which become pathogenic in conditions that change the
vaginal environment. These fungi have been considered a public health problem that affects
millions of women and influence affective and sexual relationships. Of all genera, the genus
C. Albicans has been more prevalent, because its growth is favored at variable temperatures
(20; C to 38; C). The acidic pH favors proliferation, so it affects the woman’s genital tract
when the pH of the vagina varies from 2.5 to 7.5. Thus, the present study aims to recognize the
morphological and structural characteristics of Candida albicans, understand the Vulvovaginal
Candidiasis as the symptomatology and risk factors and evidence the laboratory diagnosis
and treatment used in infection by Candida albicans. This is an integrative review, evaluating
cross-sectional, descriptive or quantitative research on vulvovaginal candidiasis in women. The
surveys were conducted in the online database as the portal of journals of Capes (periodicos.
capes.Gov.br), Google Scholar, PUBMED, Medline and LILACS.The descriptors used were:
Candida, vulvovaginal candidiasis and clinical factors for Candida. The exclusion criteria are
all other fungal genera that have no relation to Candida vulvovaginal and cases registered
outside Brazil and articles with dates lower than 2018. Given the above, this infection affects
both physically and psychologically thousands of women annually, interfering with sexual and
affective relations, affecting a significant number of the population in relation to economically
active work, constituting public health problems. In order to identify its importance in this
pathology, even its actual incidence is totally unknown and to top it releases diagnosis based
on signs and symptoms, without any confirmatory test and self-medication with over-thecounter drugs, further contribute to the prevalence. Therefore, correct diagnosis and early
treatment of this infection are essential.
KEYWORDS: Candidiasis vulvovaginal, Candida, Candida albicans.
INTRODUÇÃO
A Candidíase Vulvovaginal (CVV) é uma infecção da vulva e da vagina, causada
pelas várias espécies de Candida, fungos comensais da mucosa vaginal e digestiva,
que podem se tornar patogênico sob determinadas condições que alteram o ambiente
vaginal. Diversas espécies podem causar infecções como, C. tropicalis, C. parapsilosis,
C. krusei, C. guilliermondii, C. glabrata, C. kefyr, C. lusitaniae, C. viswanathii, C. famata.
No entanto, a mais comum é Candida albicans. (ÁLVARES, 2007; BARBEDO; SGARBI,
2010). Atualmente, a CVV é a segunda infecção genital mais frequente nos EUA e no
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 2
14
Brasil, representando 20 a 25% dos corrimentos vaginais de natureza infecciosa, precedida
apenas de vaginose bacteriana. Estima-se que aproximadamente 75% das mulheres
adultas apresentam pelo menos um episódio de CVV em sua vida. Sua multiplicação
intensa no canal vaginal é favorecida por uma série de fatores, colocando em evidência
a C. albicans, além de estar associada a situações de debilidade do hospedeiro, também
é favorecida quando o teor de glicogênio do meio vaginal está elevado, o que propicia
consequentemente a diminuição do pH, facilitando o desenvolvimento da infecção. Diante
do exposto, foi observado que tal infecção afeta tanto física quanto psicologicamente
milhares de mulheres anualmente, interferindo nas relações sexuais e afetivas, afetando
um número significativo da população em relação ao trabalho economicamente ativa,
constituindo problemas de saúde pública. Caracterizamos e abordamos o ponto de vista
das influências de hospedeiros e dos fatores de virulências dos agentes causais da CVV,
principalmente C. albicans, visando identificar a sua importância nessa patologia, mesmo
sua incidência real sendo totalmente desconhecida e ainda por cima liberando diagnóstico
baseado em sinais e sintomas, sem nenhum teste confirmatório e automedicação com
medicamentos de vendas livres, contribuem ainda mais a prevalência. Doenças causadas
por fungos ganharam maior atenção nas últimas décadas, especialmente as vulvovaginites
em função dos sinais e sintomas clínicos apresentados e que acabam desestabilizando a
rotina de inúmeras mulheres.
OBJETIVO
Descrever por meio de uma revisão de literatura quais as implicações de uma infecção
por Cândida albicans em mulheres. Demonstrar como a infecção por Candida albicans afeta
a rotina das mulheres infectadas. Reconhecer as características morfológicas e estruturais
da Candida albicans.Compreender a Candidíase Vulvovaginal quanto a sintomatologia e
fatores de risco. Evidenciar o diagnóstico laboratorial e o tratamento utilizados em infecção
por Candida albicans.
MATERIAL E MÉTODOS
No presente estudo foi realizada uma revisão integrativa, avaliando pesquisas
de caráter transversal, descritivo ou quantitativo sobre a Candidíase Vulvovaginal em
mulheres. As pesquisas foram realizadas nas bases de dados online como o portal de
periódicos da Capes (periodicos.capes.gov.br), Google Acadêmico, PUBMED, Medline e
LILACS e utilizando livros do acervo da biblioteca da Universidade Prof.Edson Antônio
Velano para escolhas das fontes de pesquisas.
Os descritores utilizados foram: Cândida, candidíase vulvovaginal e fatores clínicos
para Candida. O critério de exclusão estão todos os outros gêneros de fungos que não tem
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 2
15
nenhuma relação com a Cândida vulvovaginal e casos registrados fora do Brasil e artigos
com datas inferiores a 2016.
GÊNERO CANDIDA
Consistem em células de brotamento elípticas que podem formar filamentos
multicelulares e bem elaborados . É responsável por cerca de 80% das infecções fúngicas
no ambiente hospitalar e constitui causa relevante de infecções sanguíneas. Ela ataca
em condições favoráveis, como por exemplo, um decréscimo do pH vaginal ou alteração
no mecanismo de defesa. É frequentemente encontrada como membro da microbiota na
superfície cutânea, intestino e cavidades mucosas do organismo humano saudável, que
pode atuar como reservatório. O gênero Candida é constituído por mais de 200 diferentes
espécies, sendo que cerca de 10% são relacionadas a infecções. Mudanças morfológicas
estão agregadas à patogenicidade do microrganismo, e acredita-se que fatores ambientais
possam alterar o estado fisiológico das leveduras comensais, induzindo alterações
morfogenéticas que resultam na formação de micélio, o qual está associado com a evolução
dos estados patológicos. A hifa é a forma que melhor transpõe barreiras, devido ao seu
desenvolvimento filamentoso, ao passo que a levedura, por sua forma arredondada, é a
melhor para a disseminação eficiente. As infecções por Candida podem ser superficiais ou
invasivas. As infecções superficiais geralmente afetam a pele ou as mucosas, e podem ser
tratadas com antifúngicos tópicos. No entanto, as infecções fúngicas invasivas, geralmente
são fatais, provavelmente, devido a métodos de diagnóstico ineficientes e terapias
antifúngicas iniciais inapropriadas.
CANDIDA ALBICANS
A espécie Candida albicans é o principal agente etiológico, responsável pela maioria
dos casos, seguido por Candida glabrata, sua patogenicidade de C. albicans decorre sobre
dois fatores, seu estado imune do hospedeiro e os fatores de virulência deste patógeno.
A candida albicans é um organismo polimórfico que sofre uma transição morfológica
entre suas formas de leveduras, ela é caracterizada primariamente pela morfologia colonial
úmida, cremosa e odor específico, podendo ter aspecto liso ou rugoso com coloração
branco-amarelo. Geralmente ela aparece com uma célula de levedura oval de 2 a 4 microns
com paredes finas , entretanto, em tecidos infectados, formas filamentosas de comprimento
pode ser identificadas e junto se encontrou pseudo-hifas, que são células leveduriformes
alongadas que permanecem aderidas umas às outras.O metabolismo da candida albicans
é relacionado diretamente e indiretamente com a patogenicidade, morfologia ou aos
efeitos de antibióticos antifúngicos. O metabolismo de carboidratos desempenha um papel
importante na morfogênese, enquanto o metabolismo de aminoácidos e lipídios é pouco
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 2
16
importante para o crescimento da candida albicans.
CANDIDÍASE VULVOVAGINAL
Candidíase vulvovaginal (CVV) é uma infecção da vulva e da vagina, causada
pelas várias espécies de Candida, fungos comensais das mucosas vaginal e digestiva,
que podem tornar-se patogênicos, sob determinadas condições que alteram o ambiente
vaginal.A Candidíase vulvovaginal (CVV) se caracteriza clinicamente pela ocorrência de
prurido vulvar intenso, leucorreia, dispareunia, disúria, edema e eritema vulvovaginal,
sendo prurido o sintoma mais importante. Embora não exista consenso, alguns fatores de
risco potenciais para a Candidíase vulvovaginal (CVV) têm sido relatados como gravidez,
uso de contraceptivos orais de altas doses, diabetes mellitus, uso de antibióticos, uso de
roupas íntimas justas e ainda os hábitos higiênicos inadequados. Por acometer milhões de
mulheres anualmente, determinando grande desconforto, interferindo nas relações sexuais
e afetivas e prejudicando o desempenho laboral a Candidíase Vulvovaginal(CVV) tem sido
considerado um problema de saúde pública.
TRANSMISSÃO
A transmissão de CVV pode ocorrer por meio de relações sexuais (mesmo podendo
contaminar também mulheres virgens), porém é mais frequente em mulheres sexualmente
ativas, agua contaminada, secreções em pele ou dentes ou contato com mucosa. Outro
fator importante no contágio também seria o uso de medicamentos e antibióticos que
diminuem a imunidade do corpo, uso de imunossupressores e corticoides. Já no período
gestacional a transmissão vertical se dá da mãe para o recém-nascido, durante o parto.
Pode ocorrer disseminação endógena.
QUADRO CLÍNICO
A candidíase vulvovaginal é caracterizada por quadro clínico exuberante e sintomas
intensos. No entanto, o prurido é o principal sintoma quando comparado a outras doenças,
pois o prurido é tão intenso que até o ato de coçar ocasiona fissuras na vulva e escoriações
superficiais. Outros sintomas relevantes também seriam a presença de corrimento
esbranquiçado (nata de leite), ardor local para urinar, sinais de inflamação acompanhada
de sensação de queimação e também edema e eritema. Os sintomas tendem a piorar
quando a paciente tem a relação sexual e quando se deita. Outrossim, os sinais clínicos
da candidíase ele varia de acordo com a região onde se encontra, por exemplo, candidíase
oral – manchas vermelhas ou brancas na boca, inchaço da língua, céu da boca (palato),
região da garganta (orofaringe).
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 2
17
FATORES DE RISCO
Na candida albicans, constatamos uma chance enorme de haver colonização
vaginal, se os pacienetes apresentarem cultura anal positiva para esta espécie, este dado
não é observado quando o ânus é colonizado por espécie não C. albicans ou quando o
resultado é negativo. Quando são avaliados apenas os resultados de culturas positivas,
para C. albicans e espécies de não C. albicans, observa-se que quando o ânus é colonizado
por C. albicans, a chance de a vagina ser também colonizada é quase quatro vezes maior,
quando comparada às outras espécies colonizantes. Com essa informação foi provável que
a infecção pode ter sido a partir do ânus que é um risco para a saúde da mulher.
TRATAMENTO
Quando falamos em tratamento agudo podemos dizer que ele tem como objetivo de
garantir a remissão clínica e microbiológica da candidíase, tem duas vias de administração
a via oral e local, sendo no oral preconiza-se a administração de alguns medicamentos
como Fluconazol (150 mg) ou cetoconazol (200 mg).
Já o tratamento local engloba o uso de Clotrimazol (100 mg/ comprimido) por
administração intravaginal durante 7 dias, ou de Terconazol 0,8%- creme por administração
intravaginal durante 3 dias.Já o tratamento Profilático é comum a recidiva com o organismo
inicial em mulheres com candidíase vaginal e, por isso, poderá estar indicado um tratamento
antifúngico mais prolongado a fim de erradicar o organismo. Neste tratamento pode ser
local que preconiza-se o uso de Clotrimazol administrado por via intravaginal, (duas vezes
por semana durante seis meses) ou Terconazol 0,8% creme que é a aplicação completa
de (5g por administração local durante sete dias) e o tratamento oral engloba o uso de
Cetoconazol (duas cápsula de 200 mg) durante cinco días após a menstruação e por
período de 6 meses, ou o uso de Fluconazol (150 mg) administrados durante um mês, ou
uso de Itraconazol ( uma cápsula de 200 mg) administrada por período de um mês.
CONCLUSÃO
Dentro do que foi pesquisado e analisado, tal infecção afeta tanto fisica quanto
psicologicamente milhares de mulheres anualmente,interferindo nas relações sexuais
e afetivas, afetando um numero significativo da população em relação ao trabalho
economicamente ativa, constituindo problemas de saúde pública. Visando identificar a sua
importancia nessa patologia, mesmo sua incidencia real sendo totalmente desconhecida
e ainda por cima liberando disgnostico baseado em sinais e sintomas, sem nenhum teste
confirmatório e automedicação com medicamentos de vendas livres, contribuem ainda mais
a prevalencia. Torna-se assim imprescindivel o diagnostico correto e tratamento precoce
desta infecção.
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 2
18
REFERÊNCIAS
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A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 2
19
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Tratamento da candidíase vaginal recorrente: revisão atualizada
https://arquivosmedicos.fcmsantacasasp.edu.br/index.php/AMSCSP/article/view/421/474
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 2
20
CAPÍTULO 3
EFEITO DE ÓLEOS ESSENCIAIS IN NATURA E
OZONIZADOS SOBRE O DESENVOLVIMENTO
DE FUNGOS PATOGÊNICOS
Data de submissão: 21/03/2023
Joelma Evelin Pereira Kume
Universidade Brasil, Campus
Fernandópolis, São Paulo
https://orcid.org/0000-0003-3486-7633
Roberto Andreani Junior
Universidade Brasil, Campus
Fernandópolis, São Paulo
https://orcid.org/0000-0003-3486-7633
Dora Inés Kozusny-Andreani
Universidade Brasil, Campus
Fernandópolis, São Paulo
https://orcid.org/0000-0003-1366-6525
RESUMO: Algumas espécies de fungos
são capazes de provocar infecções
micóticas. Uma dessas infecções, é a
dermatofitose, causada por um grupo de
fungos, denominados Dermatófitos, outra
infecção é a esporotricose, provocada
por espécies de Sporothrix schenckii.
O tratamento da doença é realizada
utilizando
antifúngicos
convencionais.
A emergência de cepas resistentes tem
ocasionado tratamento alternativos, como
os medicamentos naturais ou emprego
do gás ozônio. Objetivou-se nesta
pesquisa avaliar a atividade antifúngica de
óleos essencias in natura e ozonizados
A dinâmica do conhecimento biomédico
Data de aceite: 02/05/2023
frente ao Trichophyton mentagrophytes,
Trichophyton rubrum e Sporothrix. Foram
empregados óleos essenciais in natura
e ozonizados de Cinnamomum cassia
(Canela da China), Eugenia caryphollata
(Cravo da Índia), Cymbopogon winterianus
(Citronela de Java), Eucalyptus globulus
(Eucalipto globolus), Eucalyptus staigeriana
(Eucalipto staigeriana) e Mentha piperita
(Hortelã pimenta), avaliados quanto a
atividade antifúngica frente a linhagem
dos microrganismos. Os óleos foram
ozonizados em equipamento corona.
Utilizou-se a técnica de microdiluição para
avaliar a concentração inibitória mínima
(CIM) e a concentração fungicida mínima
(CFM). Foi determinada a cinética fungicida
dos óleos essenciais. Os dados obtidos
foram avaliados pelos Teste de MannWhitney e pelo este de Kruskal-Wallis.
O fungo T. mentagrophytes apresentouse como sendo mais resistente. O T.
rubrum apresentou menor resistência
aos tratamentos, evidenciando quedas
na contagem microbiana nos primeiros
momentos de exposição. O fungo Spothrix
apresentou maior resistência aos óleos
de canela, cravo-da-Índia e eucalipto
staigeriana, evidenciando queda de
variação da contagem microbiana. De forma
Capítulo 3
21
geral, os resultados evidenciaram a possibilidade do uso na terapêutica antifúngica frente aos
microrganismos estudados.
PALAVRAS-CHAVE: Trichophyton mentagrophytes, Trichophyton rubrum, Sporothrix
schenckii, ozônio, plantas medicinais.
EFFECT OF IN NATURA AND OZONIZED ESSENTIAL OILS ON THE
DEVELOPMENT OF PATHOGENIC FUNGI
ABSTRACT: Some species of fungi are capable of causing mycotic infections. One of these
infections is dermatophytosis, caused by a group of fungi, called dermatophytes. another
infection is sporotrichosis, caused by species of Prothorax schenckii. The treatment of the
disease is carried out using conventional antifungals. The emergence of resistant strains has
led to alternative treatments, such as natural medicines or the use of ozone gas. The objective
of this research was to evaluate the antifungal activity of fresh and ozonated essential oils
against Trichophyton mentagrophytes, Trichophyton rubrum, and Sporothrix schenckii.
In natura and ozonized essential oils of Cinnamomum cassia, Eugenia Caryphollata,
Cymbopogon winterianus, Eucalyptus globulus, Eucalyptus staigeriana and Mentha piperita
were used, evaluated for antifungal activity against the microorganism lineage. The oils were
ozonized in corona equipment. The microdilution technique was used to assess the minimum
inhibitory concentration (MIC) and the minimum fungicidal concentration (MFC). The fungicidal
kinetics of essential oils were determined. The data obtained were evaluated by the MannWhitney test and by the east of Kruskal-Wallis. The fungus T. mentagrophytes was more
resistant. T. rubrum showed less resistance to treatments, showing decreases in microbial
count in the first moments of exposure. The Spothrix fungus showed greater resistance to
cinnamon, clove and Eucalyptus staigeriana oils, showing a decrease in microbial count
variation. In general, the results show the possibility of use in antifungal therapy against the
studied microorganisms.
KEYWORDS: Trichophyton mentagrophytes, Trichophyton rubrum, Sporothrix schenckii,
ozone, medicinal plants.
1 | INTRODUÇÃO
As infecções dermatofíticas em humanos e animais estão entre as formas mais
comuns de doenças de pele em todo o mundo (MADHAVI et al., 2011). Os dermatófitos são
classificados em três gêneros: Trichophyton, Microsporum e Epidermophyton (TORTORA
et al., 2017). Além disso, são divididos em zoofílicos, geofílicos e antropofílicos, isto vai
depender do seu habitat primário (animais, solo ou humanos, respectivamente) (WHITE et
al., 2008; PERES et al., 2010).
O gênero Trichophyton é definido pela produção de grande número de microconídios
e parede celular fina e lisa. Já o gênero Microsporum se caracteriza pela produção de
macroconídios, que são multicelulares, com parede celular grossa, e espiculada. As
microconídias são pequenas, hialinas, podendo apresentar-se em forma de gota ou
elípticas e nascem diretamente das hifas (WINN JUNIOR, 2006).
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 3
22
A esporotricose é uma micose causada pelos fungos do gênero Sporothrix e apresenta
características de lesões nodulares ou gomosas cutâneas, subcutâneas e linfáticas que
podem supurar, fistular e ulcerar. O agente etiológico Sporothrix é dimórfico, ou seja, tem
aspectos micro e macromorfológico distintos, em função do substrato e da temperatura
(MENEZES E SILVA et al., 2006). Os fungos do gênero Sporothrix são classificados como
dimórficos, ou seja, apresentando-se na forma filamentosa em ambientes com temperaturas
em torno de 28 °C e na forma leveduriforme quando estão em temperaturas em torno de 37
°C (LOPES-BEZERRA et al., 2017).
Verifica-se que existe dificuldade generalizada em tratar micoses, pois estas se
revelam como um grande desafio, pois os dermatófitos são difíceis de erradicar (SIDRIM e
ROCHA, 2004). E ainda há falhas terapêuticas que podem ser explicadas pelo baixo índice
de aderência do paciente ao tratamento (LLAMBRICH e LECHA, 2002), pela longa duração
do mesmo, pelos importantes efeitos colaterais, pelas interações medicamentosas, pela
resistência antifúngica (GUPTA et al., 1998) e pela toxicidade renal e hepática (GIROIS et
al., 2006).
A resistência dos fungos aos antimicrobianos convencionais tem sido um alerta
para a necessidade de pesquisas para obtenção de novas moléculas para o tratamento
de micoses. As plantas medicinais possuem grande potencial de recursos terapêuticos,
como princípios ativos que atuam contra patógenos (SANTOS, 2017). Os medicamentos
derivados de plantas são considerados alternativas seguras em comparação com os
fármacos sintéticos, devido à sua fácil disponibilidade, baixo custo e efeitos colaterais
desprezíveis (MITTAL et al., 2019). As plantas medicinais podem ser utilizadas de diversas
formas, como extratos, chá, infusões e óleos essenciais (SANTOS, 2017).
Os óleos essenciais são líquidos oleosos, com característica de aroma forte e quase
sempre agradável, derivadas do metabolismo secundário vegetal, presente em quase duas
mil espécies e distribuídos em sessenta famílias de plantas (TAIZ e ZEIGER, 2004). São
misturas complexas de compostos orgânicos voláteis e semivoláteis (GANDHI et al., 2020),
e possuem grande importância na defesa contra microrganismos. Geralmente apresentam
aspectos incolores ou amarelados e pouca estabilidade na presença de luz, ar, calor,
umidade e metais (SANTOS, 2017).
Cientificamente foi estabelecido que cerca de 60% dos óleos essenciais atuam com
propriedades antifúngicas e 35% mostram propriedades antibacterianas (OLIVEIRA et al,
2006). Estudos relatam que os óleos essenciais possuem expressiva atividade antifúngica
(RAUT e KARUPPAYIL, 2014; SHARMA et al, 2016; e antibacterianas (HASHIM et al.,
2017; CONTRUCCI et al., 2019; VIVIAN et al., 2020).
Os óleos essenciais possuem uma característica que permite que seja combinado
a fármacos (AMBER et al., 2019, MITTAL et al., 2019). A incorporação do óleo em
formulações tópicas fornece uma alternativa vantajosa, segura e eficaz para o tratamento
de onicomicoses, devido à baixa ocorrência de resistência e efeitos colaterais (LOPES
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 3
23
et al., 2017). Richards et al. (2016), destacam que uma abordagem química sinérgica
integrada pode guiar o desenvolvimento de novos medicamentos para o tratamento de
doenças humana.
Outra alternativa de uso dos óleos vegetais e essências é a ozonização dos mesmos.
O óleo ozonizado é um composto conseguido da mistura de óleo com o gás ozônio. Ao
ozonizar o óleo, é formada uma série de subprodutos, entre eles os peróxidos (MENENDEZ
et al., 2002) que possui característica germicida, o que o torna útil no tratamento de feridas
infectadas, fistulas e outros processos sépticos locais. (BOCCI et al., 2009).
Esses peróxidos realizam várias funções no organismo como, estimulação de vários
sistemas enzimáticos de oxido redução por influência ao transporte de oxigênio nos tecidos
e na cadeia respiratória mitocondrial, bloqueio dos receptores virais e morte de células
infectadas por vírus, assim como uma ação simultânea na capacidade das células em
englobar partículas (BOCCI et al. 2009). Neste contexto, objetivou-se nesta pesquisa avaliar
in vitro a atividade antifúngica dos óleos essenciais in natura e ozonizados de Canela da
China (Cinnamomum cassia), Folhas de Cravo da Índia (Eugenia caryphollata), Citronela
(Cymbopogon winterianus), Eucalipto globulus (Eucalyptus globulus), Eucalipto staigeriana
(Eucalyptus staigeriana) e Menta Piperita (Mentha piperita) em isolados de Trichophyton
mentagrophytes ATTC 9533, Trichophyton rubrum ATCC 28188, e Sporothrix ATCC 16345.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
Linhagens e meios de cultivo
Para avaliar a atividade antimicrobiana de óleos essenciais, foi utilizada a linhagem
padrão de Trichophyton mentagrophytes ATTC 9533, Trichophyton rubrum ATCC 28188 e
Sporothrix schenckii ATCC 16345 (American Type Culture Collection).
As linhagens foram reativadas em meio de cultura agarizado Sabouraud Dextrose
(ASD) e caldo Sabouraud Dextrose (CSD, Kasvi®) e preparados de acordo com as
instruções do fabricante. Os meios foram solubilizados com água destilada e esterilizados
em autoclave, a 121°C por 15 minutos.
A linhagem de S. schenckii foi isolado em placas de Petri contendo meio de cultura
estéril (ASD) e incubadas em temperatura de 28°C, por um período 5 à 7 dias.
Óleos essenciais
Foram utilizados seis óleos essenciais sendo eles, Cinnamomum cassia (L.) Presl
(Canela da China), Syzygium aromaticum (L.) Merrill. & L. M. Perry (folhas de Cravo da
Índia), Cymbopogon winterianus Jowitt (Citronela), Eucalyptus globulus Labill (Eucalipto
Globulus), Eucalyptus staigeriana F. Muell. ex F. M. Bailey (Eucalipto Staigeriana) e Mentha
piperita L(Menta Piperita), todos obtidos de indústria nacional (Ferquímica®, Vargem Grande
Paulista, SP, Brasil), sendo seus parâmetros fisico-quimicos como aparência, coloração,
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 3
24
pureza, odor, densidade (20°C) e índice de refração (20°C), descritos pelo fornecedor, que
produz e comercializa óleos essenciais em escala industrial.
Ozonização dos óleos essenciais
Para ozonizar os óleos essenciais, o gás ozônio (O3), foi produzido por meio de um
gerador corona (Ozon & Life), e o oxigênio puro foi suprido via cilindro de oxigênio. O ozônio
produzido de forma constante pelo equipamento foi conduzido por um tubo de silicone
para o difusor. Os óleos foram expostos ao ozônio de forma direta por meio do difusor por
30 minutos, em temperatura controlada de 25oC. Todo o procedimento de ozonização foi
conduzido em uma capela de exaustão da marca Quimis modelo 216.11, visando minimizar
os riscos de aspiração do gás ozônio, seguindo as normas internacionais de segurança.
Após ozonização, os óleos foram avaliados quanto a sua esterilidade. Foram
então retirados 0,1mL de cada óleo e inoculados em placas de Petri contendo meio ágar
triptecaseina soja (TSA, Oxoid®), incubados a 37oC por 24/48 horas, quando foi verificada
a ausência de crescimento microbiano. Foi considerado estéril o óleo que não apresentou
nenhuma colônia no meio de cultura.
Os óleos essenciais ozonizados foram armazenados em frascos âmbar, identificados
e mantidos sob refrigeração 8ºC.
Preparação do inóculo
Para o procedimento de preparação do inóculo, primeiramente, S. schenckii foi
cultivado em meio CSD submetido a agitação orbital constante (225 rpm), e temperatura
controlada (28o C), por 5 dias. Foram preparadas suspensões do microrganismo em tubos
solução salina estéril (NaCl 0,5%), os quais foram padronizados segundo solução padrão
do tubo 0,5 da escala McFarland, que corresponde a um inóculo de aproximadamente 106
unidades formadoras de colônias mL-1 (UFC mL-1).
Determinação da Concentração inibitória mínima (CIM) e concentração
fungicida mínima (CFM)
Todas as avaliações foram realizadas em caldo CSD suplementado com detergente
Tween 20 (concentração final de 0,5% (v / v). A linhagem de S. schenkii foi suspensa em
caldo CSD para dar uma densidade final de 106 CFU mL-1, e estas foram confirmadas por
contagens de células viaáveis.
Os experimentos foram conduzidos empregando-se concentrações que variaram de
0,00 a 100%, sendo elas: 0,39%, 0,78%, 1,56%, 3,12%, 6,25%, 12,50%, 25%, 50% 100%
e os controle negativos e positivos.
A concentração inibitória mínima (CIM), e a concentração fungicida mínima (CFM),
foram avaliadas de acordo o procedimento recomendado pela CLSI (2008, 2012). A CIM
foi determinada por um método de microdiluição em placas de noventa e seis poços. Após
incubação a 37ºC por 24h, a CIM foi avaliada, sendo que a presença de células bacterianas
viáveis nas concentrações não inibitórias foi determinada pela adição, em cada amostra,
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 3
25
do corante 2,3,5 -Triphenyltetrazolium Chloride , no volume de 50 µL. Isto tornou possível
distinguir as amostras vivas, coloridas de vermelho, daquelas mortas que mantiveram a sua
cor. A concentração inibitória mínima foi considerada como a menor concentração de óleo
essencial capaz de inibir o desenvolvimento bacteriano (SYLVESTER, 2011).
Para determinar a concentração fungicida mínima (CFM), 20 µl de amostras de
todos os poços com inibição total do crescimento e do último poço com crescimento foram
inoculados na superfície de placas de Petri com ágar Sabouraud Dextrose. As placas foram
incubadas a 28 ° C por 3 dias ou até que o crescimento do fungo fosse observado nas
amostras controle. Os valores de CFM foram determinados como a concentração mais
baixa de óleos essenciais, sem crescimento visível (AIEMSAARD, PUNAREEWATTANA,
2017).
Cinética fungicida dos óleos essenciais
Foi empregada a metodologia descrita por Allahghadri et al. (2010).
Foram
adicionados em tubos 40 mL de cada óleo essencial na diluição determinada por CFM
a cada 5 mL de caldo de CSD contendo suspensão fúngica de 106 UFC mL-1 e foram em
seguida incubados a 28ºC. Amostras (0,1 mL), foram retiradas nos tempos: 0’, 5’, 10’,
20’, 60’, 120’, 240’, 480’ e 24horas. As amostras foram espalhadas em cultura em agar
Sabouraud Dextrose, incubadas durante 24/48 h a 28ºC.
Todas as avaliações foram
realizadas em triplicata.
As colónias microbianas foram contadas após o período de incubação. Foi realizada
uma avaliação sobre a variação da carga microbiana a fim de observar qual óleo essencial
apresentou a maior variação negativa (queda), na contagem microbiana. Essa análise
mostrou que quanto maior a variação negativa, maior foi a eficácia do óleo essencial. Nesse
contexto, a variação percentual da contagem microbiana consistiu da seguinte relação:
Essa relação foi empregada para todos os óleos essenciais avaliados e para todas
as concentrações empregadas. De acordo com a expressão acima, variações negativas
mostram diminuição na contagem microbiana e variações positivas mostram aumento da
contagem microbiana à medida que a concentração do respectivo óleo essencial aumenta.
Análise estatística
Os dados obtidos foram avaliados por meio de análise descritiva da variação da
contagem microbiana de acordo com os tempos de exposição a diferentes óleos essenciais.
Abordagem dos dados de contagem microbiana por meio de gráficos de linha a fim de
observar a evolução da variação da contagem microbiana com o tempo. Foram empregados
os testes de Mann-Whitney e o teste de Kruskal-Wallis. Todos os testes estatísticos foram
aplicados com nível de significância de 5% (P<0,05).
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 3
26
3 | RESULTADOS
Com o intuito de avaliar a atividade antifúngica dos óleos essenciais, na presente
pesquisa foram estimadas a concentração inibitória mínima (CIM), e concentração
fungicida mínima (CFM), para os óleos essenciais de canela da China, citronela, cravoda-Índia, citronela, eucalipto globulus, eucalipto staigeriana e menta pepirita in natura
e ozonizados frente a Trichophyton mentagrophytes, Trichophyton rubrum e Sporothrix
schenckii. Os resultados da CIM e da CFM, na grande maioria dos casos, evidenciaram que
o efeito do ozônio é significativo, já que a sua utilização reduziu a concentração dos óleos
essenciais estudados. Neste contexto, o uso do ozônio otimiza o efeito sobre S. schenckii,
T. mentagrophytes e T. rubrum auxiliando no controle da contaminação e, por conseguinte,
diminuindo o tempo de sobrevivência do fungo.
Sharma et al. (2016) avaliaram efeitos antifúngicos sobre Fusarium oxysporum f.
sp. lycopersici 1322, de quatro óleos essenciais: cravo (Syzygium aromaticum), capimlimão (Cymbopogon citratus), menta (Mentha piperita) e eucalipto (Eucalyptus globulus)
e, verificaram que o efeito inibitório dos óleos evidenciou atividade, independente da dose
no fungo testado. O mais ativo foi o óleo de cravo-da-Índia, exibindo inibição completa do
crescimento micelial e germinação de esporos a 125 ppm com. Os óleos essenciais de
capim-limão, menta e eucalipto foram inibitórios relativamente concentrações mais altas.
Óleo essencial
Canela
Cravo da Índia
Citronela
Menta
Eucalipto globolus
Eucalipto stageriana
Tratamento
In natura
S. schenckii
T. mentagrophytes
T. rubrum
CIM
CFM
CIM
CFM
CIM
CFM
12,5
12,5
6,2
6,2
12,5
12,5
Ozonizado
3,1
1,5
0,8
0,8
1,5
0,8
In natura
1,5
0,8
6,2
12,5
25
25
Ozonizado
0,8
0,4
0,8
0,4
1,5
1,5
In natura
0,8
0,8
25
25
6,25
25
Ozonizado
0,8
0,8
1,5
1,8
3,1
1,5
In natura
25
50
0,8
0,8
25
12,5
Ozonizado
3,1
6,2
0,8
0,8
3,1
3,1
In natura
6,25
1,5
12,5
6,25
12,5
6,25
Ozonizado
0,8
0,4
3,1
3,1
1,5
0,4
In natura
3,1
6,25
12,5
12,5
50
50
Ozonizado
3,1
0,4
1,5
0,8
3,1
3,1
Tabela 1. Concentração inibitória mínima (CIM) e concentração fungicida mínima (CFM) para os óleos
essenciais in natura e ozonizados frente a Trichophyton mentagrophytes, Trichophyton rubrum e
Sporothrix schenckii.
Os resultados das CFM, para maioria dos óleos, evidenciaram que o efeito do
ozônio é significativo, uma vez que é necessário utilizar menor quantidade para o controle
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 3
27
dos fungos avaliados (Tabela 1). Neste contexto, o uso do ozônio otimiza o combate ao
fungo, auxiliando no controle da contaminação e, por conseguinte, diminuindo o tempo de
desinfecção. Os óleos essenciais de várias espécies de plantas, apresentam atividades
antifúngicas entre elas a Cinnamomum spp. (MAHBOUDI e KAZEMPOUR, 2015), Mentha
piperita (TULLIO et al., 2019) e Syzygium aromaticum (BATIHA et al., 2020), assim como o
efeito antibacteriano frente a linhagens Gram-positivas e Gram-negativas (HASHIM et al.,
2017).
A Tabela 2 evidencia as estatísticas descritivas da variação da contagem microbiana
nos tempos avaliados de cada um dos micro-organismos, de acordo com os óleos essenciais
in natura e os óleos essenciais ozonizados. A ideia central desta análise é verificar qual dos
fungos apresentou maior sensibilidade ao tratamento.
Os resultados das CFM, para maioria dos óleos, evidenciaram que o efeito do
ozônio é significativo. Todas as comparações entre os fungos apresentaram diferenças
significativas (p<0,05), exceto para o óleo de canela sem ozônio (P=0,149) e para o óleo de
cravo com ozônio (p=0,055). Para o óleo de citronela, eucalipto globulus e menta piperita,
independentemente do tratamento de ozonização, o fungo T. mentagrophytes apresentouse como sendo mais resistente, já que a queda da variação da contagem microbiana foi
significativamente inferior à queda da variação da contagem microbiana dos demais fungos.
O fungo Spothrix schenckii apresentou maior resistência aos óleos de canela, cravoda-Índia e eucalipto staigeriana, evidenciando queda de variação da contagem microbiana
significativamente inferior à dos demais fungos avaliados.
De uma forma geral, o fungo T. rubrum foi o que apresentou menor resistência aos
tratamentos, evidenciando quedas expressivas na contagem microbiana nos primeiros
momentos de exposição ao tratamento (até 20 min). Este fungo apresentou maior resistência
ao óleo de canela não ozonizado, resultando em uma variação negativa (queda), em torno
de 77%.
Os óleos essenciais têm se mostrado agentes antimicrobianos extremamente
eficazes em comparação aos antibióticos e antifúngicos. Além disso, a sua combinação
com drogas sintéticas e outros compostos melhora sua eficácia, pela ação sinergica.
Assim, os óleos essenciais podem ser estabelecidos como uma alternativa aos agentes
antimicrobianos sintéticos para erradicar a forma resistente de microrganismos infecciosos.
Estes óleos podem interagir com vários locais alvo, como a destruição da membrana
citoplasmática ou inibição da síntese de proteínas e de esporos fúngicos entre outros
(MITTAL et al., 2019). Na presente pesquisa verificou-se que a ozonização dos mesmos
apresentaram sinergismo em relação aos in natura (Tabelas 1 e 2), evidenciando que o gás
ozônio potencailiza a atividade antifúngica.
Sistemas sinérgicos biomiméticos podem fornecer novas soluções para combater os
patógenos de humanos e de animais (GERSHENZON e DUDAREVA, 2007). Os compostos
orgânicos voláteis das plantas servem como respostas químicas à pressão de predadores
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 3
28
e patógenos e em interações coespecíficas e mutualísticas. Atuam de diversos modos
de ação ligados à diversidade estrutural e funcional de seus componentes (RICHARDS
et al., 2016). Devido a essas características, misturas multifacetadas e versáteis podem
encontrar numerosas aplicações. Individulamente ou em combinação com drogas clínicas,
as misturas podem exibir resultados notáveis contra vários microrganismos patogênicos
e apresentar efeitos sinérgicos positivos (LOPES et al., 2017). Na presente pesquisa
verificou-se sinergismo em todos os óleos ozonizados, exceto o óleo de citronela ozonizado
que apresentou as mesma CIM que o in natura, quando avaliado frente a S. Schenckii
(Tabela 1).
Óleo
essencial2
Citronela
Canela
Cravo
Eucalipto G
Eucalipto S
Menta
1
Spothrix schenckii
T. mentagrophytes
T. rubrum
Média±DP
Mediana
Média±DP
Mediana
Valor
p1
-99,9 a
-99,7±0,0
-99,7 b
-99,9±0,0
-99,9 a
0,024
-99,9 a
-87,2±13,7
-89,3 b
-99,9±0,0
-99,9 a
0,009
-67,0±36,1
-67,8 b
-98,3±0,00
-98,3 a
-99,9±0,0
-99,9 a
0,044
-55,8±48,5
-59,0
49,9±54,6
-49,9
-77,1±25,5
-81,2
0,149
-99,9±0,00
-99,9
-99,7±0,00
-99,7
-99,9±0,00
-99,9
0,055
-45,5±30,9
-46,4 b
-82,9±17,8
-82,9 ab
96,4±3,0
-96,5 a
0,009
Com ozônio
-99,9±0,00
-99,9 a
-72,3±18,1
-79,6 b
-99,9±0,00
-99,9 a
0,003
Sem ozônio
-99,0±0,7
-99,1 a
-68,2±19,1
-69,6 b
-95,1±0,9
-95,2 a
<0,001
Com ozônio
-37,3±43,1
-22,7 b
-67,2±25,0
-69,1 ab
-99,9±0,00
-99,9 a
0,008
Sem ozônio
-21,8±40,4
0,0 b
-60,7±29,2
-66,6 ab
-90,6±10,3
-90,6 a
0,002
Com ozônio
-66,1±32,2
-71,2 b
-37,8±65,2
-52,6 b
99,9±0,00
-99,9 a
0,019
Sem ozônio
-66,2±30,2
-80,0 ab
-41,6±42,9
-33,3 b
-99,6±0,00
-99,6 a
0,008
Tratamento
Média±DP2
Mediana
Com ozônio
-99,9±0,0
Sem ozônio
-99,9±0,00
Com ozônio
Sem ozônio
Com ozônio
Sem ozônio
Valor p referente ao teste de Kruskal-Wallis a P<0,05. 2Letras diferentes na mesma linha indicam
diferenças significativas pelo teste de comparação múltipla de Dunn a p<0,05.
Tabela 2. Médias da variação microbiana dos fungos avaliados no estudo de acordo com os óleos
essenciais e o uso de ozônio.
O tratamento de lesões cutâneas com óleos vegetais com ozônio leva à criação
de um reservatório de ozônio que é liberado lentamente na pele, graças ao fato de que
o ozônio pode ser mantido como ozonídeo de ácidos graxos insaturados. O interesse no
uso de óleos ozonizados, fez com que esses compostos fossem comercializados como
agentes cosméticos, farmacêuticos e produtos inovadores com atividade antibacteriana
(UGAZIO et al., 2020).
Atualmente, há muito interesse clínico e científico em descobrir, entre os produtos
naturais, ingredientes ativos adicionais como fontes que possam ajudar a desenvolver
novos fármacos baseados em produtos naturais, e auxiliar os medicamentos convencionais
e fitoterápicos, atualmente disponíveis, para o tratamento de doenças. No entanto, os novos
medicamentos fitoterápicos só serão aceitos pelos consumidores e agências regulatórias,
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 3
29
se a eficácia para certas doenças bem definidas tiver sido estabelecida por meio de
ensaios clínicos randomizados e, se efeitos adversos graves não tiverem sido observados,
fornecendo assim um perfil favorável de benefícios sobre os riscos (TESCHKE e XUAN,
2020).
4 | CONCLUSÃO
Os resultados obtidos nesta pesquisa, que se referem a um experimento in vitro,
demonstraram de forma geral, que os óleos essenciais in natura e ozonizados apresentaram
atividade antifúngica contra Sprothrix schenckii, Trichophyton mentagrophytes e
Trichophyton rubrum.
Pode-se verificar que o tratamento com ozônio produziu, para a maioria dos
óleos, um efeito sinérgico potencializando, assim sua ação antifúngica com relação aos
microrganismos estudados, evidenciando que o tratamento de óleos essencias com ozônio
é promissor.
Desta forma, fica evidente a possibilidade do uso dos óleos essenciais “in natura” e
ozonizados na terapêutica antifúngica contra infecções causadas por Sprothrix schenckii,
Trichophyton mentagrophytes e Trichophyton rubrum.
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A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 3
32
CAPÍTULO 4
INCIDÊNCIA DE DESORDENS
TEMPOROMANDIBULARES (DTM) ENTRE
PROFESSORES DE MÚSICA
Data de aceite: 02/05/2023
Luiza Morais Araújo Souza
Luana Cristina Resende
Discente do Curso de Fisioterapia do
Centro Universitário Presidente Tancredo
de Almeida Neves (UNIPTAN). Presidente
do Diretório Acadêmico de Fisioterapia
(DAFISIO) e da Liga Acadêmica de
Fisioterapia em Pediatria (LAFIPE),
bem como Segunda Secretária da Liga
Acadêmica de Neurociências na Saúde
(LANCS) do UNIPTAN.
Discente do Curso de Fisioterapia do
Centro Universitário Presidente Tancredo
de Almeida Neves (UNIPTAN). Presidente
do Diretório Acadêmico de Fisioterapia
(DAFISIO) e da Liga Acadêmica de
Fisioterapia em Pediatria (LAFIPE),
bem como Segunda Secretária da Liga
Acadêmica de Neurociências na Saúde
(LANCS) do UNIPTAN.
Jordana Teixeira Resende
Pedro Lucas Cabral de Souza
Discente do Curso de Fisioterapia do
Centro Universitário Presidente Tancredo
de Almeida Neves (UNIPTAN). Presidente
do Diretório Acadêmico de Fisioterapia
(DAFISIO) e da Liga Acadêmica de
Fisioterapia em Pediatria (LAFIPE),
bem como Segunda Secretária da Liga
Acadêmica de Neurociências na Saúde
(LANCS) do UNIPTAN.
Discente do Curso de Fisioterapia do
Centro Universitário Presidente Tancredo
de Almeida Neves (UNIPTAN). Presidente
do Diretório Acadêmico de Fisioterapia
(DAFISIO) e da Liga Acadêmica de
Fisioterapia em Pediatria (LAFIPE),
bem como Segunda Secretária da Liga
Acadêmica de Neurociências na Saúde
(LANCS) do UNIPTAN.
Júlia Torga Souza
Laila Cristina Moreira Damázio
Discente do Curso de Fisioterapia do
Centro Universitário Presidente Tancredo
de Almeida Neves (UNIPTAN). Presidente
do Diretório Acadêmico de Fisioterapia
(DAFISIO) e da Liga Acadêmica de
Fisioterapia em Pediatria (LAFIPE),
bem como Segunda Secretária da Liga
Acadêmica de Neurociências na Saúde
(LANCS) do UNIPTAN.
Doutora em Biologia Celular e Estrutural
pela Universidade Federal de Viçosa
(UFV). Docente dos Cursos de Medicina,
Fisioterapia, Nutrição e Odontologia do
Centro Universitário Presidente Tancredo
de Almeida Neves (UNIPTAN) e do Curso
de Medicina da Universidade Federal de
São João del-Rei (UFSJ)
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 4
33
RESUMO: Disfunção Temporomandibular (DTM) é uma patologia da Articulação
Temporomandibular (ATM) de origem muscular ou articular, podendo ser causada por fatores
estruturais, neuromusculares, oclusais, psicológicos, hábitos parafuncionais e/ou lesões
traumáticas ou degenerativas, predominando em mulheres de 20 a 40 anos de idade. Nesse
sentido, os professores de música são indivíduos extremamente propensos a desenvolverem
DTM, devido à prática de instrumentos musicais, às longas jornadas de trabalho e de estudo,
à má postura ao tocar o instrumento e ao estado emocional em razão da profissão. O
objetivo deste estudo foi avaliar a incidência de DTM entre 9 (nove) professores de música
do Conservatório Estadual de Música Padre José Maria Xavie no município de São João
del-Rei/Minas Gerais. Tratou-se de um estudo original com delineamento transversal, o qual
utilizou 3 (três) tipos de avaliações aplicadas de forma online pelo Google Formulários. O
primeiro e o segundo instrumento, Questionário Anamnésico de Fonseca e o Questionário da
Academia Americana de Dor Orofacial, respectivamente, avaliaram a presença de desordem
temporomandibular e a sua classificação, sendo leve, moderada ou severa. E o terceiro
questionário, Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE), avaliou o nível de ansiedade,
como baixo, médio ou alto. A partir dos resultados coletados foi possível traçar o perfil clínico
e psicológico dos professores participantes, relacionando o transtorno de ansiedade e a
presença de DTM. Os dados também proporcionaram informações suficientes para traçar
formas de intervenção que auxiliem no tratamento fisioterapêutico e acompanhamento destes
indivíduos pela equipe multidisciplinar, visando a melhoria da qualidade de vida deles.
PALAVRAS-CHAVE: Articulação Temporomandibular. Desordem Temporomandibular.
Professores de Música.
1 | INTRODUÇÃO
A Articulação Temporomandibular (ATM), composta pelo processo condilar da
mandíbula e a fossa mandibular, onde existem as seguintes estruturas anatômicas no
seu entorno, meato acústico externo, eminência articular, incisura mandibular, processo
coronóide e disco articular, tem como funções principais a mastigação, fonação e expressão
facial (GARCIA e OLIVEIRA, 2011; MANGANELLO et al., 2014).
A Disfunção Temporomandibular (DTM), é uma patologia da ATM de origem
articular ou muscular, tem como causas os fatores estruturais, neuromusculares, oclusais,
psicológicos, hábitos parafuncionais e/ou lesões traumáticas ou degenerativas (SANTOS e
PEREIRA, 2016). Esta desordem predomina em mulheres na faixa etária de 20 a 40 anos,
sendo que 75% da população apresenta algum sinal e 33% algum sintoma (BATAGLION,
2021).
Em decorrência da atuação profissional, os professores de música possuem
uma alta predisposição para desenvolverem DTM, principalmente quando se trata de
instrumentistas de sopro, uma vez que, a prática e a má postura fazem com que haja graves
consequências para a ATM, como dor e estalidos (LACERDA et al., 2015; TEIXEIRA, 2017;
SANTOS, 2019). Além disso, esses indivíduos são propensos a desenvolverem transtornos
de ansiedade, seja ela do tipo traço ou estado, fazendo com que eles tenham desordens
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 4
34
físicas, como a DTM, já que inúmeras vezes possuem hábitos parafuncionais (COSTA;
SILVA, 2019; MOTTA et al., 2015).
Assim, o presente estudo teve como objetivo avaliar a incidência de DTM entre os
professores de música do Conservatório Estadual de Música no município de São João
del-Rei/Minas Gerais.
2 | FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Articulação Temporomandibular (ATM)
A ATM é considerada uma articulação sinovial, esferóide e triaxial. Ela é responsável
por algumas funções, como a mastigação, deglutição, fonação, respiração e expressão
facial, fazendo parte, então, do sistema estomatognático (GARCIA; OLIVEIRA, 2011).
A partir da contração dos músculos mastigatórios, os tecidos que compõem a ATM
se estabilizam, mantendo o contato entre as superfícies articulares. Isso permite que os
espaços sejam preservados de pressões e estejam livre de trações (GOMES; BRANDÃO,
2010).
A estruturas que compõem a ATM são o processo condilar da mandíbula e a fossa
mandibular, apresentando estruturas anatômicas no seu entorno como o meato acústico
externo, eminência articular, incisura mandibular e processo coronóide (MANGANELLO;
SILVEIRA; SILVA, 2014). O disco articular, também presente, faz a ligação das duas
superfícies ósseas e as protege, amortece, lubrifica, diminui a pressão, entre outras funções
(RAMOS et al., 2004).
Além dos movimentos artrocinemáticos, como a translação e rotação, existem
também outros movimentos osteocinemáticos (GARCIA; OLIVEIRA, 2011). A abertura da
boca se dá através do relaxamento dos músculos temporal, masseter e pterigóideo medial
e da contração do músculo pterigóideo lateral; já no fechamento da boca, os músculos
que relaxam na abertura agora se contraem. Quando se trata da protrusão, o músculo
pterigóideo lateral se contrai para que os dentes saiam da oclusão e se projetam para
frente, para que o côndilo e disco articular deslizem posteriormente, e na retrusão, há a
contração dos músculos digástrico, temporal, gênio-hióideo e milo-hióideo. E por último,
ainda é possível mencionar a lateralidade da mandíbula (ou lateroprotrusão), que é
determinada pelo deslizamento do processo condilar para frente e para o lado, uma vez
que o músculo temporal relaxa para que o músculo pterigóideo lateral do outro lado se
contraia (SILVA; SANTOS, 2018).
A patologia dessa articulação é a DTM que apresenta causas multifatoriais e necessita
de uma equipe multidisciplinar para diagnóstico e tratamento (GARCIA; OLIVEIRA, 2011).
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 4
35
2.2 Desordem Temporomandibular (DTM)
A DTM está relacionada aos fatores estruturais, neuromusculares, oclusais,
psicológicos, hábitos parafuncionais e/ou lesões traumáticas ou degenerativas. Seus
sintomas mais comuns são a dor orofacial, estalos nas ATMs e diminuição da mobilidade
articular com limitação dos movimentos de elevação e depressão da mandíbula (SANTOS;
PEREIRA, 2016).
Em torno de 75% da população no geral apresenta pelo menos um sinal de DTM
e pelo menos 33% apresentam um sintoma, como, por exemplo, a dor articular. Com o
predomínio em mulheres, esta desordem acomete mais a faixa etária de 20 a 40 anos de
idade (BATAGLION, 2021).
Por ser uma das disfunções musculoesqueléticas, a DTM pode ser de origem articular
ou muscular. Na articular, é possível observar sinais e sintomas como deslocamento da
ATM, deslocamento ou desarranjo do disco articular, inflamação, fratura do processo
condilar ou anquilose. Já na muscular, há dor miofascial, mialgia, neoplasia, mioespasmo,
miosite e contraturas miofibróticas (PEDROSA, 2011).
Alguns hábitos podem prejudicar a estabilidade neuromuscular do sistema
estomatognático, resultando na contração alterada dos músculos relacionados à mastigação.
Nesse sentido, pode-se mencionar algumas atividades que podem desencadear uma DTM,
como sucção digital, uso prolongado de chupeta, sucção de língua ou lábios, bruxismo,
alteração oclusal e, também, a ansiedade, sendo esta, uma das maiores causas. Tudo
isso impacta negativamente na qualidade de vida, prejudicando as atividades no trabalho,
escola, sono e alimentação (DONNARUMMA et al., 2010)
2.3 DTM´s em Músicos
Os músicos possuem predisposição a desenvolverem uma DTM permanente ou
temporária, uma vez que, as suas práticas de estudo ou a própria atuação profissional
agravam ou originam um problema deste tipo (LACERDA et al., 2015).
Nesse sentido, pode-se observar uma maior prevalência de DTM em musicistas de
instrumentos de sopro, principalmente os de metais, devido ao impacto biomecânico gerado
no indivíduo, já que há protrusão da mandíbula, um maior recrutamento dos músculos
da mastigação e da face e um aumento da pressão e da compressão dentro da boca.
Pensando, então, na ATM, essas atividades irão desencadear o deslocamento dos dentes
e um mau alinhamento das estruturas envolvidas (TEIXEIRA, 2017).
É possível identificar ainda que os músicos, diferente da população no geral,
apresentam maiores incidências de desordens de origem articular. Sendo assim, os
instrumentistas se queixam, principalmente, de dor e ruídos articulares, bem como rigidez,
tensão, fadiga, fraqueza, espasmos, edema e perda de resistência muscular local (SANTOS,
2019). Além disso, observa-se, também, outros sinais e sintomas, como zumbidos e hábitos
parafuncionais, uma vez que, o ato de tocar instrumentos, excepcionalmente de sopro,
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 4
36
se torna uma atividade anormal para o sistema estomatognático (BARBOSA; CUNHA;
LOPES, 2017).
2.4 Ansiedade e DTM
A ansiedade se configura como uma condição que gera emoções de apreensão
e tensão, podendo ela ser transitória ou permanente no organismo (SOUSA; MOREIRA;
SANTOS, 2016). Por isso, é preciso buscar extremo conhecimento na área, para entender
os riscos de cada indivíduo, sejam eles desencadeantes ou amplificadores (BEZERRA et
al., 2012).
Existem dois tipos de ansiedade, de acordo com a literatura. A primeira, ansiedadetraço, é caracterizada como algo permanente durante as reações em situações
ameaçadoras. E a segunda, ansiedade-estado, indica uma condição emocional daquele
momento, mostrando uma tensão subjetiva da situação (MOTTA et al., 2015).
Além da baixa motivação e da falta de ambientes propícios para a atuação profissional,
o professor se vê em constante traço de ansiedade, já que precisa estar sempre adaptado
às diversas situações, à jornada de trabalho cansativa, ao ato de lidar com indivíduos
diferentes e ao acúmulo excessivo de tarefas a serem desempenhadas (COSTA; SILVA,
2019; DEFFAVERI; MÉA; FERREIRA, 2020). Nesse sentido, podemos ainda mencionar os
professores de música, os quais desenvolvem transtornos psíquicos ao se depararem com
os seus próprios anseios quanto a sua performance musical, esperando sempre a perfeição
e não erro. Observa-se, também, as questões relacionadas à relação de professor e aluno,
na qual o aprendiz espera receber encorajamento e muito conhecimento, desencadeando
tensões no indivíduo que é tido como exemplo de profissional (TAVEIRA, 2015).
Com isso, pode-se concluir que os professores de música são indivíduos
extremamente propensos ao desenvolvimento de patologias físicas, considerando, então,
as DTM´s (COSTA; SILVA, 2019). Já que, além da tensão muscular, a ansiedade pode
fazer com que determinada pessoa desenvolva hábitos parafuncionais, desencadeando a
aparecimento de DTM (MOTTA et al., 2015).
2.5 Questionários de avaliação das DTM´s
Os questionários para avaliação das DTM´s têm como objetivo identificar os
principais sintomas dos pacientes, uma vez analisados com precaução. Eles podem ser
aplicados em forma de entrevista tanto com o auxílio de entrevistador qualificado quanto
autoaplicável pelo próprio indivíduo (CHAVES; OLIVEIRA; GROSSI, 2008).
2.5.1
Índice Anamnésico de Fonseca (IAF)
O Índice Anamnésico de Fonseca (IAF), de 1994, analisa a ATM, graduando a
possível severidade dos sintomas de DTM existente no paciente (BASTOS et al., 2015). Ele
é o único instrumento de triagem que existe no idioma português, facilitando a avaliação
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 4
37
multidimensional no Brasil (PEDROSA, 2011).
O IAF possui dez questões que possibilitam apenas três respostas: sim (10 pontos);
às vezes (5 pontos); não (nenhum ponto). Assim, por meio da soma das pontuações obtidas,
é possível classificar o grau de DTM de determinado paciente, sendo que, até 15 pontos
identifica o indivíduo sem DTM. Em contrapartida, 20 a 45 pontos mostra uma DTM leve,
50 a 65 pontos um DTM moderada e 70 a 100 pontos uma DTM severa (NASCIMENTO;
OLIVEIRA, 2020).
Segundo a literatura, o Índice tem baixo custo e tem a opção de autoadministração.
Dessa forma, entende-se que este instrumento pode ser utilizado em pesquisas, para fazer
uma avaliação epidemiológica de determinado grupo ou população, ou na evolução de
tratamentos (PEDROSA, 2011).
2.5.2
Questionário da Academia Americana de Dor Orofacial
O questionário para triagem de dor orofacial e DTM recomendado pela Academia
Americana de Dor Orofacial (AAOP), é validado para o idioma português e identifica os
sinais e sintomas mais presentes nessas desordens (CORREIA et al., 2014).
Normalmente, o profissional que está aplicando o questionário lê as dez perguntas
para o paciente, mostrando que há apenas duas possibilidades de respostas, sim ou não
(OLIVEIRA et al., 2018). Das alternativas, sete se referem apenas aos sintomas de DTM,
sendo elas: dificuldade ou dor ao abrir a boca; mandíbula travada; dor ou dificuldade
ao mastigar, falar e/ou movimentar a boca; ruído na ATM ao mastigar e/ou abrir a boca;
sensação de cansaço no rosto, tensão e/ou rigidez; dor nos ouvidos, laterais da cabeça
e/ou bochechas; frequência de dores na cabeça, pescoço e/ou dentes. As outras três
questões se referem a traumas, tratamento de DTM e oclusão (MATHEUS, 2021).
Este questionário mostra que o paciente possui algum sinal ou sintoma de DTM logo
após a primeira resposta positiva (CORREIA et al., 2014).
2.6 Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE)
O Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE), instrumento validado e traduzido
para o português, avalia a ansiedade tanto como parte de sua personalidade, ou seja, algo
definitivo, quanto uma condição emocional transitória daquele momento (RIOS; ROCHA;
SANTOS, 2012).
O IDATE é formado por duas partes, cada uma contendo 20 questões autoaplicáveis
pelo entrevistado, o qual irá marcar a alternativa que mais corresponde a sua condição
emocional. A Parte I, ou escala de estado, identifica os sentimentos do indivíduo no
momento da avaliação por meio de quatro possíveis respostas: absolutamente não (1);
um pouco (2); bastante (3); muitíssimo (4). Já a Parte II, ou escala de traço, mostra o
estado emocional de como o indivíduo geralmente se sente, também através de quatro
alternativas: quase nunca (1); às vezes (2); frequentemente (3); quase sempre (4) (ALVES;
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 4
38
SIQUEIRA; PEREIRA, 2018).
Soma-se as pontuações para cada afirmação para chegar ao escore final, sendo
que, de 20 a 40 pontos o indivíduo tem baixo nível de ansiedade, 41 a 60 pontos tem médio
nível e de 61 a 80 pontos tem alto nível. Vale ressaltar, também, que a pontuação mínima
é de 20 pontos e a máxima é de 80 (BEZERRA et al., 2012).
Com isso, este instrumento de avaliação se torna algo de extrema importância, uma
vez que, vai permitir a identificação da ansiedade como causadora da DTM ou se ela é
apenas uma consequência da DTM (RIOS; ROCHA; SANTOS, 2012).
3 | MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de um estudo original com delineamento transversal, desenvolvido por
uma discente e uma docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Presidente
Tancredo de Almeida Neves (UNIPTAN). O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em
Pesquisa (CEP) e após aprovação (CAAE 48772621.6.0000.9667), o trabalho foi iniciado.
Para se definir a amostra, foi realizado contato com a diretoria do Conservatório
Estadual de Música de São João del-Rei/MG, apresentando a proposta da pesquisa e
recolhendo a assinatura do responsável pela instituição no Termo de Anuência. Foram
incluídos professores(as) acima de 18 anos de idade, identificando, então, a presença de
nove professores de ambos os sexos, sendo estes residentes em várias cidades da região.
Em maio foram iniciados os contatos com os participantes alvo via e-mail para fazer
uma breve apresentação do projeto e enviar os links do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) e dos questionários a serem aplicados em caso de aceite.
Na primeira sessão do formulário continha uma breve anamnese, com as seguintes
perguntas: i) Nome completo; ii) Sexo (masculino ou feminino) ; iii) Data de nascimento;
iv) Idade; v) Naturalidade; vi) Estado civil (solteiro, casado, divorciado, separado ou viúvo);
vii) Nível de instrução (ensino fundamental, ensino médio, ensino superior ou técnico,
pós-graduação, mestrado ou doutorado); viii) “Você é professor(a) de qual instrumento
musical?”; ix) “Há quantos anos é professor de música?”; x) “Quantas horas por dia você
pratica algum instrumento musical?”.
O segundo instrumento aplicado foi o Questionário Anamnésico de Fonseca, com
o qual se obtém o Índice Anamnésico de Fonseca (IAF). Pode-se mencionar que é um
método de avaliação qualitativa padronizada, pois avalia se o indivíduo possui dificuldade
na movimentação da mandíbula/boca, se tem cansaço/dor muscular, cefaleia frequente, dor
na nuca ou torcicolo, dor no ouvido ou na ATM, ruídos na articulação, hábitos parafuncionais,
má oclusão e se é uma pessoa tensa/nervosa. Assim, ao somar a pontuação final, é possível
identificar a presença de DTM leve, moderada ou severa.
O terceiro método de avaliação foi o Questionário para Avaliação de Disfunção
Temporomandibular, recomendado pela Academia Americana de Dor Orofacial. Este
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 4
39
questionário possui perguntas sobre a dificuldade/dor nos movimentos da mandíbula e da
boca, se a mandíbula fica presa/travada ou se deslocamento, sobre a percepção de ruídos,
rigidez/cansaço/aperto dos maxilares, dor na orelha/têmpora/bochecha com regularidade,
dor na cabeça/pescoço/dentes com frequência, se sofreu algum trauma na cabeça/
pescoço/maxilares, se houve alteração na oclusão e se já fez tratamento na articulação
temporomandibular. Dessa forma, após a primeira resposta positiva, o questionário indica
presença de DTM.
Já o quarto instrumento, foi o Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE), no
qual o participante descreveu os seus sentimentos pessoais. A primeira parte fala sobre
calma, segurança, tensão, arrependimento, sentir-se à vontade, perturbação, preocupação
com infortúnios, descanso, ansiedade, sentir-se em casa, confiança, nervosismo, agitação,
descontração, satisfação, confusão, alegria e sentir-se bem, identificando os sentimentos
daquele momento. E a segunda parte discute sobre os sentimentos gerais de sempre,
como sentir-se bem, cansaço, vontade de chorar, desejo de ser feliz como os outros, não
conseguir tomar decisões rapidamente, sentir-se descansado, calmaria/ponderação/senhor
de si, acumulação de dificuldades sem serem resolvidas, preocupação com coisas sem
importância, felicidade, deixar se afetar, não ter confiança em si, segurança, evitar crises/
problemas, depressão, satisfação, desapontamentos na cabeça, estabilidade e tensão/
perturbação ao pensar em problemas. Ao final, é possível somar pontuações positivas para
identificar os níveis de ansiedade.
A partir da coleta de dados, os resultados obtidos foram analisados e organizados
em formato de textos e tabelas para melhor visualização. Assim, foi possível realizar uma
avaliação quantitativa.
A análise dos dados foi realizada com auxílio do programa Excel e o pacote
estatístico GraphPrism 9.3. Foi utilizado o teste Qui-quadrado considerando um valor de p
igual a 0,05.
4 | RESULTADOS
Os resultados demonstraram que as idades entre os avaliados variaram de 28 a 46
anos (média de 37 anos) e que sete (77,8%) eram do sexo masculino e dois (22,2%) do
feminino. Entre os participantes da pesquisa, 4 (44,5%) são naturais de São João del-Rei,
1 (11,1%) de Mariana, 1 (11,1%) de Barbacena, 1 (11,1%) do Rio de Janeiro e 2 (22,2%) de
Lavras (%). Dos nove avaliados, 4 (44,5%) são solteiros e 5 (55,5%) casados, assim como
4 (44,5%) são graduados, 3 (33,3%) mestres e 2 (22,2%) pós-graduados.
Referindo-se a profissão destes professores avaliados, 3 (33,4%) tocam violão, 1
contrabaixo, 1 flauta transversal, 1 guitarra, 1 piano, 1 viola caipira e 1 violino, sendo 11,1%
para cada um desses. A média de anos para atuação como professor(a) foi de 17 anos e
meio (mínima de 10 e máxima de 24 anos). E, quanto às horas de prática instrumental,
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 4
40
identificou-se uma mínima de 1 hora e uma máxima de 3 horas (média de 2 horas por dia).
Sobre as classificações gerais que cada participante apresentou de acordo com o
IAF, foram identificados os seguintes resultados na tabela 1. Pode-se observar, então, que
os 9 obtiveram pontuação média de 32,2 pontos (mínimo de 10 e máximo de 75).
Professor
Soma dos pontos
Grau de acometimento
P1
25 pontos
DTM leve
P2
40 pontos
DTM leve
P3
40 pontos
DTM leve
P4
75 pontos
DTM severa
P5
10 pontos
sem DTM
P6
25 pontos
DTM leve
P7
10 pontos
sem DTM
P8
30 pontos
DTM leve
P9
35 pontos
DTM leve
Tabela 1. Resultados de cada indivíduo de acordo com o IAF.
Sobre os resultados gerais apresentados pelo Questionário para Avaliação de
Disfunção Temporomandibular, 4 (44,5%) apresentaram respostas positivas para algumas
questões e 5 (55,5%) só apresentaram respostas negativas, uma vez que não responderam
“sim” para nenhuma das perguntas. A Tabela 2 mostra os resultados individuais de cada
indivíduo.
Professor
Número de “sim”
Questão com resposta afirmativa
P1
0
-
P2
1
“Você tem cefaléia, dor no pescoço ou nos dentes com
frequência?”
P3
1
“Você fez tratamento recente para um problema não-explicado
na articulação temporomandibular (ATM)?”
P4
5
“Você tem dificuldade, dor ou ambos ao abrir a boca, por
exemplo, ao bocejar?”; “Seus maxilares ficam rígidos, apertados
ou cansados com regularidade?”; “Você tem dor nas orelhas
ou em volta delas, nas têmporas e bochechas?”; “Você tem
cefaléia, dor no pescoço ou nos dentes com frequência?”; “Você
percebeu alguma alteração recente na sua mordida?”
P5
0
-
P6
0
-
P7
0
-
P8
0
-
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 4
41
P9
2
“Seus maxilares ficam rígidos, apertados ou cansados com
regularidade?”; “Você tem cefaléia, dor no pescoço ou nos
dentes com frequência?”
Tabela 2. Resultados individuais para o Questionário para Avaliação de DTM
E, por último, em relação ao IDATE, os professores apresentaram uma média de
46,3 pontos (mínima 38 e máxima 52) para a Parte I - Estado e média de 47,2 pontos
(mínima 40 e máxima 52) para a Parte IN- Traço. Observe na Tabela 3 os resultados
individuais para o Inventário.
Professor
Pontuação do
IDATE Estado
Resultado da
Parte I
Pontuação do
IDATE Traço
Resultado da
Parte II
P1
38
Baixo
52
Médio
P2
48
Médio
51
Médio
P3
41
Médio
40
Baixo
P4
45
Médio
51
Médio
P5
52
Médio
41
Médio
P6
51
Médio
47
Médio
P7
50
Médio
48
Médio
P8
44
Médio
46
Médio
P9
48
Médio
49
Médio
Tabela 3. Resultados individuais para cada parte do IDATE
5 | DISCUSSÃO
Analisando a média de idade (37 anos) dos participantes, observou-se que os
mesmos se encontram na fase produtiva da vida adulta, uma vez que atingiram normalmente
o auge da sua forma física e também estão consolidando a mente (ROBSON, 2015).
Considerando que os professores de música em questão, maioria violista, possuem
uma vasta experiência na sua vida profissional e musical (média de 17 anos e meio), podem
ter predisposição a desenvolver ou já ter desenvolvido disfunções temporomandibulares.
Isto pode ser explicado pelo estudo de Cavalcante (2018), o qual afirma que esses
instrumentistas sofrem de desordens no pescoço e na ATM devido a postura utilizada em
longos períodos.
De acordo com o Índice Anamnésico de Fonseca, obtido pelo Questionário
Anamnésico de Fonseca, identificou-se que a maioria dos indivíduos, sendo seis de nove
(66,7%), possui uma DTM do tipo leve, já que apresentaram escores total com o mínimo
de 25 e máximo de 40 pontos. Este resultado corrobora com Pinto (2019), que aplicou o
IAF em músicos da Academia de Música de Viana do Castelo, apresentando desordem
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 4
42
temporomandibular em 60% dos participantes da pesquisa em questão.
Em contrapartida, apenas os professores P2, P3, P4 e P9 responderam sim para
algumas perguntas do Questionário para Avaliação de Disfunção Temporomandibular,
sendo que destes três apresentaram DTM leve e um DTM severa no IAF. Das perguntas
com respostas positivas, prevaleceram a dor na cabeça, pescoço e nos dentes, em
primeiro lugar, e rigidez, aperto ou cansaço nos maxilares, em segundo lugar. Por falta de
estudos que utilizaram o mesmo instrumento em músicos, não pode-se correlacionar com
a literatura.
E, por fim, se tratando do Inventário de Ansiedade Traço-Estado, tanto na Parte I
(média de 46,3 pontos) quanto na Parte II (média de 47,2 pontos), a maioria dos professores
apresentaram uma ansiedade de nível médio, com exceção de P1 no IDATE Estado e de
P3 no IDATE Traço, que apresentaram nível baixo. Subentende-se, então, que a partir
das taxas de ansiedade de nível moderado, os participantes avaliados podem ter este
transtorno emocional como uma das causas para a DTM já apresentada, unindo isso à
prática profissional anteriormente discutida.
6 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
É possível concluir que, no geral, os resultados da pesquisa realizada se mostraram
similares às revisões bibliográficas sobre o tema abordado, ao evidenciar a relação
da prática profissional e a ansiedade traço ou estado de professores de música com o
desenvolvimento de disfunções temporomandibulares.
Portanto, deve-se chamar a atenção para a importância do tratamento e reabilitação
fisioterapêutica, além da união da intervenção precoce, a fim de prevenir ou melhorar
os sinais e sintomas destes indivíduos. Nesse sentido, a equipe multidisciplinar se torna
imprescindível no auxílio e no fornecimento de estímulos quando se trata do progresso
clínico e psicológico.
Acredita-se, então, que os dados encontrados possam colaborar com futuros
estudos sobre o mesmo assunto e fornecer maior amparo à comunidade.
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Capítulo 4
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A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 4
45
CAPÍTULO 5
PERFIL DE REJEIÇÃO DE MEDULA ÓSSEA EM
PACIENTES TRANSPLANTADOS: REVISÃO
SISTEMÁTICA
Data de aceite: 02/05/2023
Ana Beatriz Fonseca Coelho
Acadêmico do curso de Biomedicina da
Universidade Professor Edson Antônio
Velano – UNIFENAS, Campus Alfenas.
Bruno César Correa Salles
Professor do curso de Biomedicina da
Universidade Professor Edson Antônio
Velano – UNIFENAS, Campus Alfenas.
RESUMO: A rejeição de medula óssea é
uma complicação que pode ocorrer após um
transplante de medula óssea. Este estudo
teve como objetivo analisar o nível de
rejeição, considerando fatores do doador e do
receptor. A revisão sistemática da literatura
revelou que fatores como compatibilidade
genética, idade, disparidade HLA, presença
de anticorpos pré-formados, estado
imunológico e regime de condicionamento
pré-transplante podem influenciar o risco
de rejeição. Conclui-se que a rejeição é um
fenômeno complexo e multifatorial, exigindo
uma avaliação cuidadosa dos fatores de
risco e o desenvolvimento de estratégias
personalizadas para minimizá-la. Estudos
futuros são necessários para aprofundar
o
entendimento
dos
mecanismos
imunológicos envolvidos e investigar novas
A dinâmica do conhecimento biomédico
terapias para melhorar os resultados dos
transplantes de medula óssea.
PALAVRAS-CHAVE:
Transplante
de
medula óssea, leucemia mielóide crônica,
Leucemia Linfóide crônica, Nível de rejeição
de medula óssea, Pacientes transplantados.
ABSTRACT: Bone marrow rejection is a
complication that can occur after a bone
marrow transplant. This study aimed to
analyze the level of rejection, considering
both donor and recipient factors. A systematic
literature review revealed that genetic
compatibility, age, HLA disparity, presence
of pre-formed antibodies, immune status,
and pre-transplant conditioning regimen can
influence the risk of rejection. The findings
indicate that rejection is a complex and
multifactorial phenomenon, necessitating a
careful assessment of risk factors and the
development of personalized strategies to
minimize its occurrence. Future studies are
needed to deepen our understanding of the
immune mechanisms involved and explore
new therapies to enhance bone marrow
transplant outcomes.
KEYWORDS: Bone marrow transplantation,
Chronic
myeloid
leukemia,
Chronic
lymphocytic leukemia, Bone marrow
rejection level, Transplant patients.
Capítulo 5
46
INTRODUÇÃO
Em decorrência de inúmeras doenças imunológicas e hematológicas, surgiu o
Transplante de Medula Óssea, um tipo de tratamento e cura para essas doenças que
consiste na recepção e enxerto de células da medula óssea do próprio indivíduo ou de
uma pessoa compatível a ele (SILVA; SOUZA, 2020). Essa renovação celular busca induzir
a medula óssea do receptor a obter as suas funções fisiológicas novamente, ou seja, a
produção de todas as células sanguíneas de forma adequada (SILVA et al., 2020).
Segundo o Ministério da Saúde (2022), o Registro Brasileiro de Doadores Voluntários
de Medula Óssea (REDOME) é o terceiro maior banco mundial de doadores, possuindo
cerca de 5,5 milhões de indivíduos cadastrados (BRASIL, 2022). Atualmente, cerca de
650 pessoas no Brasil estão na fila de espera em busca de um doador não aparentado, e
apenas em 2022, 190 pacientes já foram submetidos ao transplante de medula óssea. Em
Minas Gerais há cerca de 605 mil indivíduos cadastrados como doadores e nos últimos 12
anos cerca de 2,154 indivíduos se cadastraram como receptores (REDOME, 2022).
Sabe-se que o transplante de medula óssea pode auxiliar no tratamento de mais
de 80 tipos de doenças, incluindo as leucemias em diferentes estágios da doença e em
qualquer faixa etária. Estudos evidenciam que esse transplante pode curar ou gerar uma
remissão prolongada em pacientes acometidos por essas doenças (GONÇALVES et al.,
2019).
O transplante de medula óssea pode ocorrer de duas formas: autogênico, quando
o receptor e o doador da medula são a mesma pessoa, e o alogênico, quando receptor e
doador são pessoas distintas. Nos casos onde ocorre o transplante alogênico, há maior
probabilidade de ocorrer a rejeição da medula. De acordo com dados do Ministério da
Saúde, entre os anos de 2014 e 2019 houveram 1683 internações de pacientes que foram
submetidos ao transplante alogênico no país, sendo que 7,72% desses pacientes vieram a
óbito por complicações (SANT’ANA; REIS, 2021).
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho realizado não envolveu o uso de dados de seres humanos, não
necessitando de qualquer tipo de avaliação clínico-laboratorial e, assim, não foi necessário
a aprovação pelo Comitê de Ética. O estudo trata-se de uma pesquisa bibliográfica,
constituída de livros e artigos científicos. Foi efetuada uma revisão de literatura sobre o
tema através de revistas acadêmicas científicas e artigos, através de bancos de dados,
tais como Scielo, Pubmed, Science direct e Google Scholar, de modo que se comparou as
diferentes informações encontradas nestas plataformas, listando as principais condições
que aborda o perfil de rejeição de medula óssea em pacientes transplantados. Os
artigos foram pesquisados usando os seguintes descritores: Nível de rejeição, Cuidados
Convencionais, Terapia Alternativa, Quimioterapias, Riscos e Exames confirmatórios. Os
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 5
47
critérios de inclusão foram: artigos publicados entre 2002 e 2022, originais, em língua
portuguesa e inglesa, que obedeciam às palavras chaves descritas. Foram excluídos
editoriais e opiniões, bem como trabalhos que não seguiram os critérios de inclusão que
abrangiam o foco do estudo.
RESULTADO E DISCUSSÃO
Foram pesquisados 68 artigos no total referentes ao tema do trabalho, porém após
a análise dos critérios de inclusão e exclusão utilizados na metodologia, foram utilizados
27 artigos nesta revisão.
A rejeição de órgãos sólidos após um transplante pode ser classificada em diferentes
categorias: hiperaguda, acelerada, aguda e crônica. A rejeição hiperaguda ocorre logo após
o transplante e é causada por anticorpos pré-existentes no receptor. A rejeição acelerada
também ocorre logo após o transplante, mas é causada por anticorpos não fixadores de
complemento. A rejeição aguda acontece alguns dias após o transplante e é mediada
por uma resposta de linfócitos T do receptor. Já a rejeição crônica ocorre meses ou até
anos após o transplante e é caracterizada por disfunção gradual do enxerto. Cada tipo de
rejeição tem suas características histológicas e requer diferentes formas de tratamento.
(CHANG et al., 2021)
Dito isso, não há uma leucemia específica que “rejeita” a medula óssea com mais
frequência do que outras. A DECH pode ocorrer em qualquer tipo de leucemia quando
um transplante de medula óssea é realizado. No entanto, alguns fatores podem aumentar
o risco de DECH, como a incompatibilidade HLA entre o doador e o receptor, a idade do
paciente e o grau de compatibilidade genética. (CHANG et al., 2021)
A principal causa da rejeição de medula óssea em um transplante é a doença do
enxerto contra o hospedeiro (DECH). A DECH ocorre quando as células imunocompetentes
presentes na medula óssea do doador reconhecem os tecidos do receptor como estranhos
e desencadeiam uma resposta imunológica para atacá-los. (CHANG et al., 2021)
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 5
48
Autor
Objetivo
Conclusão
CORGOZINHO;
GOMES;
GARRAFA, 2012
Realizar uma reflexão bioética
sobre a prática dos transplantes
de medula óssea no Brasil,
incluindo a questão do acesso
aos serviços médicos.
Transplantes de órgãos e tecidos podem ser
vistas como os limites e freios necessários
a partir de um novo poder que o homem
alcançou através do conhecimento científico,
necessário à preservação da vida, em
consonância e responsabilidade.
DAMBROS et al.,
2021
É analisar o número de
transplantes de medula óssea
(TMO), na população em geral,
realizados no Brasil entre os anos
de 2015 a 2020.
Portanto, o aumento do número de transplantes
no período de 2015 a 2019 decorre do
aumento da expectativa de vida e da
evolução em tecnologia e no sistema de
saúde. Inclusive nosso sistema nacional de
transplantes é referência para o mundo.
MAGEDANZ et
al., 2022
Estudo descritivo, que
reúne informações sobre a
distribuição CTs e o número de
procedimentos realizados entre
2001 e 2020, a partir das fontes
dos dados: Sociedade Brasileira
de Terapia celular eTransplantes
de Medula Óssea (SBTMO).
O presente apontou um crescimento
significativo no número de TCTHs realizados
no Brasil nas últimas duas décadas.
Tabela 1: Objetivo e conclusão propostos nas pesquisas bibliográfica, executadas para os estudos
sobre Perfil de rejeição de medula óssea em pacientes transplantados.
O índice de rejeição de transplante de medula óssea (TMO) pode variar dependendo
de diversos fatores, como a compatibilidade genética entre o doador e o receptor, o tipo de
doença tratada, o regime de condicionamento pré-transplante e a idade do receptor. Em
geral, o TMO alogênico (quando o doador é geneticamente diferente do receptor) apresenta
um risco maior de rejeição em comparação com o TMO autólogo (quando o doador é o
próprio paciente). (PASSWEG et al., 2016)
O índice de rejeição em TMO alogênico varia amplamente e está relacionado
principalmente à ocorrência da doença do enxerto contra o hospedeiro (DECH), que é
uma resposta imunológica do doador contra os tecidos do receptor. Estima-se que a DECH
aguda ocorra em aproximadamente 30-60% dos pacientes submetidos a TMO alogênico
não relacionado, enquanto a DECH crônica ocorre em cerca de 40-70% dos casos.
(PASSWEG et al., 2016)
Para diminuir a taxa de rejeição em transplantes de medula óssea (TMO), podem
ser adotadas algumas estratégias, como: aumentar a compatibilidade HLA entre doador
e receptor; Utilizar regimes de condicionamento pré-transplante mais intensivos e
individualizados; Administrar medicamentos imunossupressores para prevenir ou controlar
a doença do enxerto contra o hospedeiro (DECH); Selecionar cuidadosamente doadores
compatíveis, considerando outros fatores além da compatibilidade HLA; Utilizar terapias de
redução de células T para diminuir a resposta imunológica; Realizar acompanhamento e
suporte pós-transplante, monitorando o paciente e tratando complicações precocemente;
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 5
49
É importante consultar a equipe médica especializada para desenvolver um plano de
tratamento personalizado, levando em conta os fatores individuais de cada paciente.
(PASSWEG et al., 2016)
CONCLUSÃO
Em suma, a rejeição de medula óssea é um desafio significativo nos transplantes,
que requer uma compreensão aprofundada dos mecanismos imunológicos envolvidos e
uma abordagem multidisciplinar para o seu manejo. Durante esta pesquisa, foi possível
observar que a rejeição aguda e crônica de medula óssea podem ocorrer em diferentes
momentos após o transplante, apresentando sintomas variados e exigindo estratégias de
tratamento distintas.
Ao longo deste estudo, foram analisados fatores de risco, métodos de diagnóstico,
tratamentos disponíveis e possíveis medidas preventivas. Foi observado que avanços
significativos têm sido feitos na compreensão e no tratamento da rejeição de medula óssea,
porém, ainda há muito a ser explorado e aprimorado nessa área.
É fundamental que a equipe médica esteja preparada para identificar precocemente
os sinais de rejeição, a fim de implementar estratégias terapêuticas eficazes e minimizar as
complicações associadas. Além disso, é importante fornecer suporte emocional e cuidados
contínuos aos pacientes submetidos a transplante de medula óssea, considerando o
impacto físico e psicológico que a rejeição pode causar.
No contexto do estudo, é válido ressaltar que a prevenção da rejeição de medula
óssea continua sendo um objetivo importante, e as pesquisas futuras devem se concentrar
em novas abordagens terapêuticas, como terapias imunomoduladoras e personalizadas,
para melhorar os resultados dos transplantes.
Em suma, a rejeição de medula óssea representa um desafio complexo e significativo
nos transplantes, exigindo aprimoramentos contínuos e pesquisa adicional. Espera-se que
os resultados desta pesquisa contribuam para o avanço do conhecimento científico nessa
área e inspirem futuros estudos e inovações para melhorar a sobrevida e a qualidade de
vida dos pacientes submetidos a transplante de medula óssea.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo do nível de rejeição de medula óssea desempenha um papel crucial na
melhoria dos resultados dos transplantes de medula óssea e no bem-estar dos pacientes.
Ao compreender os mecanismos da rejeição e identificar os fatores de risco, os médicos
podem adotar medidas preventivas e personalizar o tratamento para cada paciente,
aumentando as chances de sucesso do transplante. Essas pesquisas também são
importantes para o avanço contínuo da medicina e o desenvolvimento de novas terapias
e abordagens para minimizar a rejeição e melhorar a qualidade de vida dos pacientes
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 5
50
submetidos ao transplante de medula óssea. É essencial que os profissionais de saúde
continuem a investigar e aprimorar seu conhecimento sobre a rejeição de medula óssea,
a fim de avançar na área de transplantes e oferecer aos pacientes opções mais seguras
e eficazes de tratamento. No geral, o estudo do nível de rejeição de medula óssea é uma
área de pesquisa em constante evolução que busca melhorar os resultados clínicos, a
sobrevida e a qualidade de vida dos pacientes que necessitam de transplantes de medula
óssea.
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A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 5
53
CAPÍTULO 6
PRÁXIS EM PSICOLOGIA: RELATO DE
EXPERIÊNCIA EM UM CENTRO DE ATENÇÃO
PSICOSSOCIAL
Data de aceite: 02/05/2023
Gabriel Marques Lima de Andrade
Universidade Católica Dom Bosco (UCDB)
Campo Grande, MS
http://lattes.cnpq.br/8205201248502465
https://orcid.org/0000-0003-3040-6143
Heloisa Bruna Grubits
Universidade Católica Dom Bosco (UCDB)
Campo Grande, MS
http://lattes.cnpq.br/5688486293516454
http://orcid.org/0000-0002-8623-8532
Jadson Justi
Universidade Federal do Amazonas
(UFAM)
Parintins, AM
http://lattes.cnpq.br/9027494348391294
http://orcid.org/0000-0003-4280-8502
RESUMO: Este artigo trata de um relato de
experiência de um psicólogo em um Centro
de Atenção Psicossocial III situado em um
município do Estado de Mato Grosso do Sul
no período de janeiro a julho de 2022. O
objetivo deste estudo é descrever a realidade
da atividade profissional de um psicólogo no
modelo comunitário de assistência à saúde
mental. O Centro de Atenção Psicossocial é
o principal modelo da reforma psiquiátrica
para o atendimento de usuários com
A dinâmica do conhecimento biomédico
transtorno mental severo e persistente e
visa a organizar a assistência em saúde
mental como um todo, principalmente
a reabilitação psicossocial. Contudo, é
válido mencionar que a Psicologia é a
ciência que estuda o comportamento
humano, psicopatologias e está relacionada
com a saúde mental e possui técnicas
para a melhora dos comportamentos
disfuncionais. A experiência laborativa da
atuação de um psicólogo em um Centro
de Atenção Psicossocial consiste em
atender individualmente e em grupo,
matriciamento, visitas domiciliares, busca
ativa (monitoramento da saúde do paciente
por meio da observância dos reais motivos
da não adesão ao tratamento), entre outros.
Assim, o psicólogo é um profissional de
referência em uma equipe multidisciplinar.
A rotina de trabalho do profissional em
questão abrange vários desafios, como
organização burocrática do serviço, falta de
suporte da gestão para o desempenho da
atribuição, ruídos na comunicação, falta de
materiais para os atendimentos, ausência
de educação permanente e dificuldade
na valorização do profissional. Concluise que o psicólogo atuando em Centro de
Atenção Psicossocial – especificamente na
modalidade III – contribui para a valorização
Capítulo 6
54
da subjetividade, proporciona atendimento personalizado aos usuários, é o profissional em
maior número na equipe e possui conhecimento ampliado sobre saúde mental, psicopatologia
e comportamentos que são desadaptativos em transtornos mentais.
PALAVRAS-CHAVE: Centro de Atenção Psicossocial; Psicologia; Experiência laborativa.
PSYCHOLOGY PRAXIS: EXPERIENCE REPORT AT A PSYCHOSOCIAL CARE
CENTER
ABSTRACT: This article contains a psychologist’s experience working at a Psychosocial Care
Center III located in a municipality in the State of Mato Grosso do Sul, from January to July
2022. This study aims to describe psychologists’ professional activity in the community mental
health care model. The Psychosocial Care Center is the main model of psychiatric rehabilitation
for users with severe and persistent mental disorders, and aims to organize mental health care
as a whole, especially regarding psychosocial rehabilitation. However, it is worth mentioning
that Psychology is the scientific discipline that studies human behavior, psychopathologies,
and relates to mental health, providing professional techniques for improving dysfunctional
behaviors. A psychologist’s labor experience in a Psychosocial Care Center consists of
individual and group care, matrix support, home visits, active search (monitoring the patient’s
health by investigating the real reasons for non-adherence to treatment), and so forth. Thus,
psychologists are reference professionals in a multidisciplinary team. Their work routine
encompasses several challenges, such as the bureaucratic organization of the service,
lack of management support, communication noise, lack of supplies and equipment, lack
of permanent education, and the difficulties of an undervalued profession. In conclusion,
psychologists working in a Psychosocial Care Center – specifically in modality III – contribute
to the enhancement of subjectivity, provide personalized services to users, and represent the
majority of the Center’s staff, with a deeper understanding of mental health, psychopathology,
and maladaptive behaviors associated with mental disorders.
KEYWORDS: Psychosocial Care Center; Psychology; Labor experience.
1 | INTRODUÇÃO
A saúde mental é um tema de interesse e preocupação para o campo da pesquisa,
haja vista o crescente aumento de casos acometidos por transtornos mentais. Desde 2020
– com o acometimento da pandemia da COVID-19 –, observaram-se quadros de ansiedade,
estresse e depressão de forma que os sintomas persistiram e trouxeram impactos
significativos no campo da saúde, social, laboral e educativo. As relações sociais ficaram
restritas e isso acentuou os sintomas de ansiedade e depressão. É conveniente mencionar,
historicamente, que os Centros de Atenção Psicossocial (CAPSs) surgiram como proposta
da reforma psiquiátrica, um modelo de cuidado focado na pessoa, na humanização, na
autonomia dos usuários com transtorno mental, incluindo a esquizofrenia, a depressão, a
ansiedade e o transtorno afetivo bipolar.
Convém expor que a escolha do tema do presente estudo surgiu em consequência
da experiência laborativa de um de seus proponentes como trabalhador do Sistema Único
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 6
55
de Saúde (SUS), no campo da Saúde Mental, em um CAPS III. O assunto abordado é de
interesse social e, desta forma, torna-se relevante sua exploração – por meio deste estudo –
para que haja mais contribuição aos gestores públicos e à sociedade. A relevância do tema
está atrelada não apenas à exposição da experiência de um dos proponentes do presente
estudo, mas também na expertise de todos os autores envolvidos com a pesquisa a fim
de partilhar resultados que contribuam para mais avanços sociais. Contudo, em qualquer
que seja a modalidade, os CAPSs produzem um espaço de acolhimento para os usuários,
proporciona relações sociais e, muitas vezes, as crises psicóticas (sintomas de alucinação,
delírio e comportamentos desorganizados) ocorrem no momento do atendimento e podem
ser atenuadas pela equipe local.
Diante disso, o psicólogo possui as principais ferramentas de acesso ao sofrimento
psíquico da pessoa, que é a observação, a escuta qualificada e o manejo em situação de
crise, e isso impacta em melhora significativa na vida dos usuários e seus familiares; por
isso, é imprescindível a participação desse profissional na equipe multidisciplinar. Nesse
ínterim, a problemática que se respalda este estudo se faz na questão: De que forma
acontece a atuação do psicólogo em CAPS III?
As questões inerentes às temáticas relacionadas à vida humana – especificamente
a saúde mental – têm-se apresentado como interesse tanto para a sociedade como para os
profissionais que lidam com saúde mental. Atualmente, os profissionais de saúde, incluindo
o psicólogo, desenvolvem atividades com a finalidade de proporcionar às pessoas uma
saúde mental como prioridade. Assim, as atividades são direcionadas para a redução do
sofrimento e para a reinserção social do usuário
Partindo disso, ressalta-se a necessidade de refletir sobre ações desenvolvidas por
psicólogos com os pacientes adultos para a compreensão da saúde mental, enfatizando
os enfrentamentos na prática laborativa. Objetiva-se a reflexão da atividade profissional do
psicólogo no modelo comunitário de assistência à saúde mental. O percurso metodológico
adotado neste estudo respalda-se em um relato de experiência de forma a descrever as
atividades desempenhadas profissionalmente em um CAPS III situado em um município do
Estado de Mato Grosso do Sul de janeiro a julho de 2022. Leva-se também em consideração
– de forma sucinta – a teoria literária pertinente à temática apresentada a fim de valorizar o
presente estudo. É válido descrever que o CAPS III é uma instituição que atende usuários
que apresentam transtornos mentais graves e persistentes (BRASIL, 2015). E é um serviço
de atenção contínua que possui o funcionamento 24 horas, incluindo os finais de semana
e feriados.
Concernente a isso, é relevante mencionar – sob uma perspectiva histórica – que
o marco da assistência à saúde mental no Brasil ocorreu com a inauguração dos CAPS,
que seu surgimento atrelaram-se as críticas ao modelo hospitalocêntrico e o seu objetivo
está relacionado a uma visão integral do ser humano em seus aspectos biopsicossociais
(MARSANO; SOUZA, 2004; MIELKE et al., 2009). O CAPS é um serviço de caráter aberto
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 6
56
e comunitário formado por uma equipe multiprofissional que atua de forma interdisciplinar
com pessoas em estado de sofrimento mental (BRASIL, 2015).
1.1 Considerações sobre atividades desenvolvidas por psicólogos em CAPS
III
As atividades desempenhadas por psicólogo são desenvolvidas de acordo com a
Portaria n. 336, de 19 de fevereiro de 2002, do Ministério da Saúde (BRASIL, 2002). Nesse
sentido, as atividades são: (a) atendimento individual (psicoterápico, orientação, entre
outros), (b) atendimento em grupo e oficinas terapêuticas (psicoterapia, grupo operativo,
atividades de suporte social, entre outras), (c) visitas e atendimentos domiciliares, (d)
atendimento à família, promoção da contratualidade, fortalecimento do protagonismo de
usuários e familiares, (e) atividades comunitárias com foco na integração do doente mental
na comunidade e sua inserção familiar, (f) acolhimento noturno nos feriados e finais de
semana, (g) atenção a situações de crise, (h) práticas expressivas e comunicativas e (i)
ações de reabilitação psicossocial.
É relevante destacar que o papel do psicólogo em CAPS III ocorre sob uma
perspectiva multidisciplinar, portanto, o profissional colabora como técnico de referência na
sua especificidade. A atuação inicial do psicólogo incide no acolhimento – momento em que
é realizada a escuta ativa –, coleta e descreve a história de vida e os sintomas, ou seja, é
avaliada a elegibilidade do usuário para o serviço de saúde. Caso ocorre o perfil elegível
para o acompanhamento, o psicólogo realiza o agendamento do Projeto Terapêutico
Singular (PTS) e posteriormente são realizados outros atendimentos.
Se não ocorrer a elegibilidade ao acompanhamento no serviço, o usuário é
referenciado à unidade que atenda a respectiva demanda, e é direcionado a serviços de
saúde, como: psicoterapias individuais, acompanhamentos em Unidade Básica de Saúde,
Centro de Referência da Assistência Social, Centro Especializado da Assistência Social,
entre outros.
Se ocorrer a elegibilidade ao acompanhamento é elaborado o PTS com o intuito
de iniciar o tratamento terapêutico na unidade. Esse instrumento é realizado por meio
da escuta do usuário, no qual é analisado de forma detalhada o histórico de vida, o
desenvolvimento global, os transtornos, o uso de medicações, as atividades ocupacionais,
entre outros. Destaca-se que o usuário é inserido em grupo ou em oficina terapêutica,
psicoterapia individual, e, em alguns casos, é realizado o matriciamento. Este consiste no
atendimento de apoio à atenção primária – que ocorre em Unidade Básica de Saúde –, é
realizado de maneira conjunta pelo profissional generalista e o especialista e contribui com
estratégias para a discussão de casos e educação permanente e também é realizado o
encaminhamento do usuário a cursos e atividades de geração de renda.
A atividade de psicoterapia individual é realizada em forma de orientação e
psicoeducação, com o objetivo de conscientizar e reduzir o sofrimento psíquico, estigmas
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 6
57
e preconceitos do usuário. Nesse sentido, é um suporte psicológico estabelecido em
intervenções específicas em cada caso, de forma que se relacionem as funções dos
pensamentos, sentimentos e comportamentos do usuário.
Destaca-se o grupo de orientação realizado com as famílias – atividade de grande
impacto positivo – em que ocorrem a escuta e a psicoeducação a fim de compreender o
funcionamento da relação entre seus membros. Paralelo a isso, têm-se também atividades
de grupo em um espaço de escuta dos usuários por meio de demandas referentes ao
acompanhamento na unidade de saúde. Além do que foi exposto, enfatiza-se o incentivo
de psicólogos aos usuários como detentores de direitos e deveres.
Já a atividade relacionada à visita domiciliar é realizada no sentido de observar e
conhecer a realidade, as condições em que vive o usuário, os aspectos do cotidiano entre
os membros da família, e, por fim, buscar estratégias para resolução de possíveis conflitos
familiares.
Paralelo a outras atividades possíveis de serem executadas por psicólogos existe
também o estímulo do usuário na participação de atividades em sua comunidade, dentro
da abrangência da região em que reside. Nesse sentido, essas atividades favorecem o
desenvolvimento de ações intersetoriais em educação, assistência social, entre outros.
Além disso, o acolhimento noturno, que consiste na inserção do usuário em situação de crise
emocional ou psicótica, ou seja, o abrigamento na unidade que é realizado em situações
diurnas ou noturnas para o controle, o manejo e a melhora dos sintomas psicóticos.
1.2 Experiência em CAPS III
A experiência de um dos proponentes deste estudo por meio do trabalho como
psicólogo em CAPS III permitiu constatar que é necessária a educação continuada para
os profissionais que lidam com a saúde mental de usuários. O estudo organizado e
sistematizado aos profissionais que ali atuam promove atendimento e espaço adequados
de cuidado aos usuários. Percebem-se no local de atuação, a alta demanda de pessoas
com sofrimento psíquico e o défice de profissionais qualificados para os atendimentos, o
que resulta em impactos negativos na saúde mental dos colaboradores e usuários.
Convém, sob uma perspectiva histórica, destacar que a construção da atividade
profissional do psicólogo no modelo comunitário de assistência à saúde mental surgiu
como uma crítica ao modelo biomédico, ou seja, contribui com o atendimento de maneira
acolhedora, humanizada e promove a autonomia ao usuário com transtorno mental, que
precisa integrar e estar em contato social para que haja melhora, pois a vida acontece na
convivência social.
O CAPS, em qualquer que seja a modalidade, possui como principal estratégia a
assistência à saúde mental, portanto, a psicologia colabora com a garantia de direitos dos
usuários (LEAL; DE ANTONI, 2013). De acordo com o Conselho Federal de Psicologia
(2013), as ações necessárias nas desigualdades são objetivas e garantem a promoção da
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 6
58
atenção integral à saúde como política pública.
A atividade profissional do psicólogo inicia-se pelo acolhimento, que é um instrumento
que tem um roteiro de perguntas abertas e deve ser percebido não como algo mecânico,
haja vista que existe uma escala fixa de profissionais que revezam o atendimento. Contudo,
todo o acolhimento deve ser respaldado na postura ética, em relações mais humanizadas
e afetivas para a escuta da dor alheia; assim, é um ato de cuidado. A porta de entrada
de acesso ao serviço é uma das ferramentas de escuta do sofrimento do usuário que
proporciona a possibilidade de atendimento integral as suas necessidades.
Nesse sentido, é realizada a avaliação da elegibilidade do usuário para o
atendimento. E, em muitas ocasiões, não é elegível para o tratamento na unidade, porém,
em decorrência de não ter para onde encaminhar, a unidade acaba absorvendo-o para
acompanhamento. Já em relação ao acompanhamento dos atendimentos no CAPS III,
existe um número elevado de faltas dos usuários, pelo motivo da localização da unidade
ser distante, paralelamente as dificuldades socioeconômicas dos usuários para custear
a locomoção. No entanto, quando se observa a ausência de usuários na respectiva
instituição, é adotada a estratégia de busca ativa, que é o acesso à pessoa, no sentido
de compreender a situação em que está vivenciando, e discussão do caso no território de
abrangência.
Partindo da experiência vivenciada em CAPS III, enfatiza-se a relevância do
conhecimento do psicólogo em relação aos serviços disponibilizados pela rede nos
territórios de abrangência, pois saúde mental não é somente o cuidado de usuários e sim
a participação social em atividades comunitárias. Dessa forma, é importante frisar que o
atendimento do psicólogo no modelo comunitário de saúde mental ocorre no cuidado de
maneira compartilhada em uma rede de atendimento, ou seja, o usuário é pertencente à
comunidade em que reside e sua compreensão é relacionada com aspectos biopsicossociais
(modelo de saúde proposto pela Organização Mundial de Saúde, que valoriza o corpo, a
mente e o social).
Em alguns casos são realizadas visitas e consultas compartilhadas, com a
participação da equipe da atenção generalizada e atenção especializada para a construção
da rede de diálogos entre os serviços existente, e o psicólogo – como parte da equipe
multidisciplinar – participa desse processo para as suas considerações. No que se refere à
visita domiciliar, é importante que os gestores públicos disponibilizem melhores condições
de transporte para a realização da referida atividade – visita domiciliar –, ou seja, a
quantidade restringida de veículos para a execução é uma realidade marcante no local
onde foi realizado este estudo.
Nos atendimentos domiciliares – atividade também exercida por psicólogos –, muitas
vezes, exige-se a elaboração de relatórios para demandas judiciais, geralmente casos que
são negligenciados e apresentam vulnerabilidade social, como: falecimento do cuidador,
dificuldades socioeconômicas, falta de adesão medicamentosa e uso de substâncias
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 6
59
psicoativas.
Em relação à sequência de atribuição do psicólogo, enfatiza-se a construção
do PTS, tendo em vista que cada atendimento é realizado de maneira individualizada,
quando se observam as necessidades de cada usuário, há o auxílio na compreensão do
sofrimento, identificam-se comportamentos, potencialidades e fragilidades correlacionados
aos conceitos de saúde ampliada e possibilidades de reinserção social. Por outo lado,
percebe-se a dificuldade na elaboração desta ferramenta (PTS), por causa do acesso
restrito do usuário aos serviços e do número reduzido de profissionais da equipe técnica do
CAPS III para o acompanhamento de vários casos, e isso interfere na qualidade do serviço
prestado.
Semanalmente é realizada reunião com a equipe multidisciplinar que consiste de
profissionais da psicologia, enfermagem, assistência social, terapia ocupacional, farmácia,
educação física, medicina e administração. Todas as áreas mencionadas contribuem
para discussões de casos em atendimento local. É importante ressaltar que a equipe
realiza o registro da reunião em ata e a vantagem da participação de diferentes áreas do
conhecimento facilita o enriquecimento do saber e a elaboração de possíveis estratégias
para a valorização dos direitos humanos e inclusão social sem deixar de lado contribuições
na esfera ética, jurídica e política.
Nesse ínterim, o Ministério da Saúde faz menção às ações que são realizadas nos
CAPSs que podem ocorrer de forma coletiva, grupal, individual, entre outras (BRASIL,
2015). No PTS são avaliados os atendimentos aos usuários que podem ser realizados nas
seguintes modalidades: psicoterapia de grupo (intervenções psicoterapêuticas realizadas
de acordo com a abordagem em psicologia), grupo de apoio (são atividades abertas de
atenção à vida cotidiana, inclui o compartilhamento das vivências pessoais) e oficina
terapêutica (atividades grupais que visam à socialização, expressão e reinserção social).
No que tange aos atendimentos em grupo, participam usuários de ambos os sexos
– em número limitado – e com transtorno mental comum aos membros. Dependendo do
transtorno mental atendido é realizada conduta terapêutica adequada para o caso, por
exemplo, em usuários diagnosticados com esquizofrenia e depressão são utilizadas
técnicas de estímulo da expressividade comunicacional – o que inclui os sentimentos e as
emoções dos usuários – visando ao desenvolvimento gradual das dificuldades.
Paralelamente, os usuários que possuem diagnóstico de transtorno de ansiedade
e transtorno afetivo bipolar, as técnicas terapêuticas utilizadas têm o objetivo de
reconhecimento do outro, a necessidade de organização dos comportamentos sociais e a
exposição adequada dos sentimentos e emoções.
Em relação aos grupos terapêuticos, os usuários compartilham experiências
da vida cotidiana de forma que haja trocas de reflexões a partir da interação entre os
participantes no qual se objetivam novas formas de responder aos acontecimentos diários.
Nesse sentido, os temas abordados têm o sentido terapêutico, a construção da vida e
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 6
60
seus aspectos da saúde mental, como a inclusão de pessoas em crise, expressão do
sofrimento psíquico, relatos de situações estressantes relacionadas à família, autonomia,
uso de medicamentos, higiene corporal, organização pessoal, dificuldades para lidar com
a sexualidade, entre outros.
No CAPS III é relevante o tratamento em parceria com a família. Nesse ínterim,
observa-se que a compreensão da doença deve estar na totalidade de cada pessoa, e
ocorrem situações de usuários apresentarem crises em consequência de episódios
estressantes de vivência no seio familiar. Não há dúvidas que a família possa vivenciar
sintomas, angústias e muitas vezes não saibam lidar com ferramentas para exercer o
cuidado com autonomia. Autonomia essa que proporciona a possibilidade de escolha de
tratamento ao usuário, desde que seja amparado no cuidado humanizado. Desta forma, o
familiar não deve apresentar comportamentos de autoritarismo ou perversidade, ou seja,
esses dois modelos elaboram sensações de medo e insegurança nas habilidades que o
usuário possui.
Referente à oficina de orientação familiar (encontros realizados quinzenalmente
no sentido de fortalecer a parceria entre usuário e familiar de forma a favorecer o
desenvolvimento de ações para integrar, apoiar e garantir o suporte emocional do cuidador
do usuário), há baixa adesão de participação dos familiares nas atividades, o que dificulta
um trabalho promissor.
A realidade do CAPS III é pautada nos atendimentos de usuários com transtorno
mental grave, severo e persistente, muitos deles têm dificuldade no uso dos medicamentos
psicotrópicos que são prescritos pelo médico psiquiatra; assim os familiares necessitam
dar apoio e supervisão constante. Já os usuários que não possuem o suporte familiar –
geralmente casos de situação de rua –, o uso de medicamentos é bastante desafiador. É
importante ressaltar que o usuário que realiza acompanhamento em CAPS, muitas vezes,
é percebido pela sociedade com preconceitos relacionados à loucura, e isso prejudica o
bom andamento do tratamento.
Outra realidade existente é o usuário que utiliza medicação e concomitantemente
substâncias psicoativas (drogas), e esse comportamento impacta diretamente na
avaliação da equipe e na melhora do quadro. Os profissionais do CAPS III orientam sobre
a necessidade da higiene do sono (rotina, uso de eletrônicos, entre outros) e melhores
maneiras para se evitar uso de estimulantes, como café, alguns refrigerantes, entre outros,
a fim de que a medicação atue da melhor forma possível.
Em relação aos enfrentamentos da prática laborativa do profissional psicólogo temse a necessidade de alerta em tempo integral que se defronta com condições muitas vezes
não valorativas. Nem sempre há tempo demasiado em demandas burocráticas e pouca
intervenção técnica, haja vista a condição fornecida ao profissional em questão. Além
disso, a baixa remuneração impacta negativamente o trabalho laborativo e a busca de
aperfeiçoamento para valorizar a práxis profissional.
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 6
61
Outra dificuldade apresentada é a ausência de espaços reservados, isso implica que
o psicólogo e outros profissionais durante o atendimento são interrompidos rotineiramente
por usuários ou algum membro da equipe. É relevante pontuar que a estrutura física local
apresenta limitações com poucas salas para os atendimentos tanto para a psicologia
quanto para outros profissionais que ali atuam. Tal condição resulta de maneira negativa
a rotina dos profissionais que realizam intervenções na modalidade individual ou coletiva.
Diante disso, pôde-se perceber que as condições adequadas de trabalho são essenciais
para a qualidade do atendimento prestado, sendo assim as atividades desempenhadas
pelo psicólogo têm que produzir vinculação, confiança, sigilo e, por fim, sentido terapêutico
na vida dos usuários para que ocorra uma mudança comportamental efetiva.
Outro fator observado é a possibilidade de adoecimento do profissional psicólogo,
em consequência das dificuldades enfrentadas pela falta de materiais para a realização de
oficinas terapêuticas e a demasiada cobrança por parte de gestores que exigem intervenção
criativa e efetiva mesmo em condições não valorativas como mencionadas anteriormente.
Nesse sentido, o psicólogo e a equipe deparam-se parcialmente com a construção do
modelo de atenção psicossocial proposto pela reforma psiquiátrica e que não desconstruiu
imediatamente o modelo manicomial. O funcionamento desse modelo (atenção psicossocial)
implica nova organização e reinvenção de práticas de atendimento no qual se apresentam
novas exigências de trabalho, como a valorização do cuidado humano. Vale ressaltar que
contemporaneamente é desafiadora a mudança de paradigma coletivo, e o pensamento de
muitos profissionais e usuários são ainda respaldados na conduta de cuidado manicomial,
algo preocupante e desafiador à práxis do psicólogo.
2 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das observações vivenciadas, o psicólogo possui atuação de referência em
uma equipe multidisciplinar, pois a rotina de trabalho envolve várias atividades, como:
atendimento individual, atendimento em grupo, matriciamento, visitas domiciliares, busca
ativa, entre outras. O principal desafio é a dificuldade para a realização do papel do
profissional por causa da influência de fatores externos, por exemplo: acesso do usuário
ao serviço, infraestrutura inadequada e recursos materiais reduzidos para atividades
terapêuticas.
O psicólogo atuando em CAPS III contribui com a valorização da subjetividade,
proporciona atendimento personalizado aos usuários, é o profissional em maior número
na equipe e possui o conhecimento ampliado sobre saúde mental, psicopatologia e
comportamentos que são desadaptativos em transtornos mentais. O grupo terapêutico é
a principal ferramenta utilizada na instituição para escuta no sentido de compreensão do
sofrimento psíquico.
Em relação às ações desenvolvidas pelo psicólogo – apesar de estarem pautadas
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 6
62
nos conceitos da clínica ampliada, modelo biopsicossocial, intervenção coletiva, individual
e na família – muito ainda há de melhorar para que se consiga efetivamente um trabalho
que contribua com benesses à sociedade.
Apesar de toda a dificuldade que incide na práxis laborativa do psicólogo, o trabalho
desenvolvido no CAPS III é respaldado no modelo comunitário de assistência à saúde
mental, estímulo à participação social, à liberdade, à expressão dos direitos, à autonomia
e ao protagonismo do usuário.
Na atualidade, há um aumento do número de usuários que estão adoecendo
psiquicamente, ou seja, é fundamental a inclusão da saúde mental como prioridade em
uma saúde preventiva. Além disso, é relevante que os gestores públicos se conscientizem
da importância da saúde mental tanto dos colaboradores como da população em geral.
Observou-se a necessidade de ampliação da instituição onde se realizou este estudo, a fim
de promover atenção primária em saúde por psicólogos e demais profissionais que atuam
com saúde mental.
Assim, é necessário o investimento em políticas públicas visando à ampliação de
serviços ambulatoriais, ao aumento da quantidade de CAPS, à realização de capacitação
contínua da equipe multidisciplinar e a melhores condições de trabalho, objetivando um
espaço com infraestrutura e materiais adequados para os profissionais que estão na linha
de frente do cuidado dos respectivos usuários.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 336, de 19 de fevereiro de 2002. Estabelece que os Centros
Fe Atenção Psicossocial poderão constituir-se nas seguintes modalidades de serviços: Caps I, II, III,
definidos por ordem crescente de porte/complexidade e abrangência populacional, conforme disposto
nesta portaria. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 20 fev. 2002. Não
paginado. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2002/prt0336_19_02_2002.
html. Acesso em: 5 mar. 2023.
BRASIL. Ministério da Saúde. Centros de Atenção Psicossocial e Unidades de Acolhimento
como lugares da atenção psicossocial nos territórios: orientações para elaboração de projetos de
construção, reforma e ampliação de CAPS e de UA. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2015. Disponível
em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/centros_atencao_psicossocial_unidades_acolhimento.
pdf. Acesso em: 5 mar. 2023.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. (Brasil). Referências técnicas para atuação de
psicólogas(os) no CAPS – Centro de Atenção Psicossocial. Brasília, DF: CFP, 2013. Disponível
em: https://crp11.org.br/wp-content/uploads/2022/03/16_CREPOP_2013_CAPS.pdf. Acesso em: 5 mar.
2023.
LEAL, M. B.; DE ANTONI, C. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS): estruturação,
interdisciplinaridade e intersetorialidade. Aletheia, Canoas, v. 40, p. 87-101, 2013. Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/aletheia/n40/n40a08.pdf. Acesso em: 5 mar. 2023.
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 6
63
MARSANO, M. L. R.; SOUZA, C. A. C. O espaço social do CAPS como possibilitador de mudanças
na vida do usuário. Texto & Contexto Enfermagem, Florianópolis, v. 13, n. 4, p. 577-584, 2004.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/tce/a/93HP7zVJgzBRcBphH3yQ64f/?format=pdf&lang=pt. Acesso
em: 5 mar. 2023.
MIELKE, F. B.; KANTORSKI, L. P.; JARDIM, V. M. R.; OLSCHOWSKY, A.; MACHADO, M. S.
O cuidado em saúde mental no CAPS no entendimento dos profissionais. Ciência & Saúde
Coletiva, Rio de Janeiro, v. 14, n. 1, p. 159-164, 2009. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/
VxRQnvzxrsGVDpbgPmHCQqm/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 5 mar. 2023.
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 6
64
CAPÍTULO 7
SOFOROLIPÍDIOS: USO DE ATIVO MICROBIANO
NO TRATAMENTO DA DERMATITE SEBORREICA
Data de aceite: 02/05/2023
Beatriz Ticiani Vieira Pereira
Julia Andrade Cerqueira
Departamento de Bioquímica e
Biotecnologia, Centro de Ciências Exatas,
Universidade Estadual de Londrina.
Londrina, PR – Brasil.
http://lattes.cnpq.br/1754921787819252
Departamento de Bioquímica e
Biotecnologia, Centro de Ciências Exatas,
Universidade Estadual de Londrina.
Londrina, PR – Brasil.
http://lattes.cnpq.br/2047870282378327
Briani Gisele Bigotto
Christiane Aparecida Urzedo Queiroz
Freitas
Departamento de Bioquímica e
Biotecnologia, Centro de Ciências Exatas,
Universidade Estadual de Londrina.
Londrina, PR – Brasil.
http://lattes.cnpq.br/6391064485603263
Departamento de Bioquímica e
Biotecnologia, Centro de Ciências Exatas,
Universidade Estadual de Londrina.
Londrina, PR – Brasil.
http://lattes.cnpq.br/1894683260586149
Geissiane Feitosa da Fonseca
Departamento de Bioquímica e
Biotecnologia, Centro de Ciências Exatas,
Universidade Estadual de Londrina.
Londrina, PR – Brasil.
http://lattes.cnpq.br/3804062839541092
Cristiani Baldo
Departamento de Bioquímica e
Biotecnologia, Centro de Ciências Exatas,
Universidade Estadual de Londrina.
Londrina, PR – Brasil.
http://lattes.cnpq.br/7405984333346151
Yara dos Santos Vieira Dias
Departamento de Bioquímica e
Biotecnologia, Centro de Ciências Exatas,
Universidade Estadual de Londrina.
Londrina, PR – Brasil.
http://lattes.cnpq.br/6901319055882175
Luiz Henrique Santana Martins
Maria Antonia Pedrine Colabone
Celligoi
Departamento de Bioquímica e
Biotecnologia, Centro de Ciências Exatas,
Universidade Estadual de Londrina.
Londrina, PR – Brasil.
http://lattes.cnpq.br/8103146519423861
Departamento de Bioquímica e
Biotecnologia, Centro de Ciências Exatas,
Universidade Estadual de Londrina.
Londrina, PR – Brasil.
http://lattes.cnpq.br/9197311196655485
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 7
65
RESUMO: A busca por novos cosméticos com ativos naturais é crescente devido a
biodegradabilidade, baixa toxicidade e aceitabilidade ecológica. As infecções do couro
cabeludo, como a dermatite seborreica, são causadas principalmente pelas leveduras do
gênero Malassezia. A dermatite seborreica, ou caspa, é uma doença inflamatória caracterizada
pela formação de lesões descamativas na região do couro cabeludo, sobrancelhas, bigode
e barba. Os tratamentos convencionais incluem o uso tópico e/ou oral de diferentes agentes
antifúngicos, como os queratolíticos, azóis, corticosteroides e os retinóides, que possuem
efeitos colaterais e toxicidade. Desta forma, a associação de moléculas bioativas naturais
com ação antimicrobiana, como os soforolipídios e os óleos essenciais, pode potencializar
a ação de tratamentos tópicos, promovendo o desenvolvimento de novos shampoos com
ação anticaspa, que reequilibra o couro cabeludo. Neste capítulo, descrevemos as principais
características da dermatite seborreica, tratamentos convencionais e o uso alternativo de
biomoléculas para o desenvolvimento de cosméticos naturais.
PALAVRAS-CHAVE: Soforolipídios; óleos essenciais, bioativo; dermatite seborreica.
ABSTRACT: The search for new cosmetics with natural actives is increasing due to
biodegradability, low toxicity and ecological acceptability. Scalp infections, such as seborrheic
dermatitis, are caused by an imbalance of yeasts of the genus Malassezia. Seborrheic
dermatitis, or dandruff, is an inflammatory disease characterized by the formation of scaly
lesions on scalp, eyebrows, mustache and beard. Conventional treatments include the topical
and/or oral use of different antifungal agents, such as keratolytic, azoles, corticosteroids and
retinoids, which have several side effects and toxicity. Thus, the association of natural bioactive
molecules with antimicrobial action, such as sophorolipids and essential oils, can enhance the
action of topical treatments and allowing the development of new anti-dandruff shampoos.
In this chapter, we describe the main characteristics of seborrheic dermatitis, conventional
treatments and the alternative use of biomolecules for the development of natural cosmetics.
KEYWORDS: Sophorolipids; essential oils, bioactive, seborrheic dermatitis.
1 | INTRODUÇÃO
A dermatite seborreica, doença inflamatória identificada através da formação de
escamas, ocorre devido ao aumento do número de leveduras do gênero Malassezia spp. que,
normalmente, habitam de forma comensal o couro cabeludo. O tratamento convencional,
disponibilizado no mercado, inclui o uso de medicações tópicas e orais, com os agentes
queratolíticos, azóis, corticosteroides e os retinóides. Esses ativos químicos, no entanto,
possuem toxicidade e efeitos colaterais. Além disso, podem provocar o agravamento da
caspa e, consequentemente, a queda dos cabelos.
Os ativos naturais, nos últimos anos, chamaram a atenção da indústria cosmética
por serem biodegradáveis e de baixa toxicidade, com a produção limpa e sustentável. A
conscientização do consumidor sobre a influência nociva dos ativos químicos, a sua saúde
e ao meio-ambiente, orienta o caminho para o desenvolvimento de novos cosméticos
verdes. Os ativos microbianos e vegetais, em formulações cosméticas, são importantes em
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 7
66
razão das suas características amigáveis, seguras e biocompatíveis. Essas formulações
cosmecêuticas, por isso, são apropriados para uma série de aplicações no setor de higiene
pessoal, perfumaria e de cosméticos.
2 | DERMATITE SEBORREICA: PROCESSO INFECCIOSO E TRATAMENTO
CONVENCIONAL
A dermatite seborreica é uma doença inflamatória crônica caracterizada pela
formação de escamas em regiões com a predominância de glândulas sebáceas, como o
couro cabeludo, face, tórax, costas e a virilha (JACKSON et al., 2022). Os sintomas incluem
a descamação da pele, eritema e o prurido (MAGION et al., 2023). A susceptibilidade para
o desenvolvimento e a manifestação do processo infeccioso depende de diferentes fatores,
como o gênero, composição lipídica, estado imunológico e os fatores neuropsiquiátricos
(ADALSTEINSSON et al., 2020).
A doença possui três picos de incidência, os três primeiros meses de vida,
adolescência e a fase adulta (entre os 50 anos ou mais) e está associada aos hormônios
sexuais e a maior atividade glandular (WHITE et al., 2014). A dermatite seborreica, com isso,
é autolimitada e transitória e pode causar a queda dos cabelos e a formação de manchas
escamosas e hipopigmentadas em pacientes negros. Entretanto, pacientes portadores do
Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e da doença de Parkinson podem manifestar a
forma grave da doença (ADALSTEINSSON et al., 2020).
O gênero Malassezia, encontrado na microbiota normal da pele, é o principal agente
causador da dermatite seborreica (DESSINIOTI; KATSAMBAS, 2013). Esses fungos,
também promotores da Pitiríase versicolor e da foliculite, são responsáveis pelos casos de
causa infecciosa e inflamatória, a partir da secreção de lipídios pelas glândulas sebáceas,
colonização microbiana e da supressão do sistema imune (JACKSON et al., 2022).
O aumento da excreção de sebo favorece a colonização fúngica em áreas
repletas de lipídios (JACKSON et al., 2022). Desta forma, a liberação e a ação da enzima
lipase, da Malassezia spp., podem resultar na ativação da resposta inflamatória e na
liberação de citocinas, que estimulam a diferenciação dos queratinócitos, espessamento
do estrato córneo e o rompimento da barreia cutânea (ADALSTEINSSON et al., 2020).
Consequentemente, a proliferação microbiana acentua a ruptura da pele, perda de água e
ceramidas e a descamação tecidual (JACKSON et al., 2022).
Malassezia furfur e Malassezia globosa, dentre as espécies de Malassezia spp.
que causam doenças em humanos, são prevalentemente encontradas em pacientes que
apresentam a dermatite seborreica (WANG et al., 2020). O diagnóstico, geralmente, é clínico
e baseado na distribuição das lesões, que são simétricas, e na presença da descamação e
eritema (DESSINIOTI; KATSAMBAS, 2013). Também pode ser necessária a realização da
dermatoscopia, exames de sangue e histopatológicos (DALL’OGLIO et al., 2022).
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 7
67
A ocorrência e a intensidade de sintomas como a coceira, vermelhidão e a
descamação, dependem da área afetada, severidade do quadro e da idade do aparecimento
dos primeiros sinais e sintomas (KASHIWABARA et al., 2016). Diante disso, o tratamento
convencional disponibilizado no mercado compreende na aplicação de medicações tópicas
nas escamas e, em alguns casos, no uso de medicações orais. Com isso, os ativos
antifúngicos mais utilizados são os agentes queratolíticos, azóis, corticosteroides e os
retinóides (MANGION et al., 2023).
Os agentes queratolíticos, como o ácido salicílico e o piritionato de zinco (ZnPT),
auxiliam na remoção da camada externa do estrato córneo hiper proliferado, para a
diminuição da descamação. A inflamação, dessa forma, pode causar a proliferação do estrato
córneo, perda de água e a invasão tecidual pela levedura Malassezia spp. (MANGION et
al., 2023; MUSTARICHIE et al., 2022). Recentemente, no entanto, os cosméticos à base
de ZnPT foram proibidos pela União Europeia devido ao seu potencial risco para a saúde
(OU et al., 2023).
Os azóis, como o cetoconazol e o itraconazol, prejudicam a biossíntese de ergosterol,
componente estrutural da membrana interna dos fungos, e interfere no crescimento
microbiano (FUJIWARA et al., 2009). O uso oral dessas substâncias, também pode ser
empregado quando a dermatite seborreica atinge, além da cabeça, outras partes do corpo
(TUCKER, MASOOD, 2022). Os corticosteroides, por outro lado, reduzem a proliferação
microbiana e a resposta inflamatória. Assim, são considerados seguros para o uso em
todas as áreas da pele (DESSINIOTI; KATSAMBAS, 2013).
Os retinóides, como a isotretinoína, são comumente utilizados para o tratamento
da acne. Além da colonização da Malassezia spp., as citocinas inflamatórias também são
elevadas na pele de pacientes com a dermatite seborreica. Por isso, o possível mecanismo
de ação da isotretinoína na caspa, de uso tópico ou oral, é a inibição da expressão desses
polipeptídeos e da proliferação e diferenciação das glândulas sebáceas (YANFEI et al.,
2023; MANGION et al., 2023).
Apesar de atóxicos, os agentes queratolíticos podem causar a irritação e o
ressecamento do couro cabeludo (JACKSON et al., 2022). Os azóis, corticoides e os
retinóides possuem toxicidade e efeitos adversos e, por isso, não são recomendados para
todos os casos. Considerando as atuais exigências do mercado e dos consumidores, que
buscam por produtos naturais e sustentáveis, os ativos de origem microbiana e vegetal
são alternativas na substituição dos ativos químicos e no desenvolvimento de novas
formulações cosmecêuticas inovadoras, com baixa toxicidade e menor potencial irritante,
para o tratamento de doenças microbianas da pele (ZUCCO; SOUSA; ROMEIRO, 2020).
3 | BIOATIVOS PARA COSMÉTICOS NATURAIS
O segmento de higiene pessoal, perfumaria e de cosméticos, em constante expansão,
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 7
68
procura por novos processos que atendam às leis ambientais e as necessidades dos
consumidores (ZUCCO; SOUSA; ROMEIRO, 2020). O interesse por cosméticos naturais
e sustentáveis, com isso, impulsiona a busca por novos ativos de origem microbiana e
vegetal no desenvolvimento de novas formulações (NAKAGAMI; PINTO, 2019). Esses
ativos, adquiridos por meio do metabolismo microbiano e das plantas, são biodegradáveis
e de baixa toxicidade para a pele (VECINO; CRUZ; RODRIGUES, 2017).
A norma ISO 16128, da Organização Internacional para Padronização, determina
que os cosméticos naturais devem possuir 90% de ingredientes de origem natural,
enquanto, os cosméticos orgânicos devem apresentar 95% de ingredientes naturais
provenientes da agricultura orgânica. Algumas certificações, como a COSMOS e a Natrue,
estabelecem determinações para a identificação e a classificação de matérias-primas e
produtos naturais (GIRARDELLO et al., 2021). Dessa forma, estudos recentes sugerem a
aplicação de moléculas, como o amido, quitosana, levana, polihidroxialcanoatos (PHA), os
soforolipídios e os óleos essenciais na criação de novos cosméticos verdes (DA SILVA et
al., 2020; FILIPE et al., 2021; HELENAS et al., 2023).
Os soforolipídios são biossurfactantes compostos por um dissacarídeo de glicose
(soforose) associado a uma cadeia longa de ácido graxo. São produzidos por leveduras
não patogênicas, como a Starmerella bombicola. Devido as suas diferentes propriedades
biológicas, não-toxicidade e altos rendimentos de produção, os soforolipídios possuem
diferentes aplicações na indústria cosmética e farmacêutica. Essas moléculas apresentam
boa compatibilidade com a pele, propriedades hidratantes e efetiva atividade antimicrobiana
contra bactérias, fungos e vírus (COSTA et al., 2021; HIPÓLITO et al., 2020; SILVEIRA et
al., 2020)
Em nosso grupo de pesquisa, por exemplo, foi desenvolvido um batom com adição de
soforolipídios. A adição desse bioativo resultou na criação de um produto de pH compatível
com o da pele, com boa espalhabilidade, estabilidade e propriedade hidratante (CELLIGOI
et al., 2022). Em outro trabalho, foi elaborado um filme biodegradável antiacne com os
soforolipídios. A incorporação, dessa biomolécula, permitiu a formulação de um filme com
a atividade antibacteriana contra as espécies causadoras da acne (CELLIGOI et al., 2021).
Filipe et al (2022), também desenvolveram um cosmético com os soforolipídios,
para o tratamento e a prevenção da acne. Além da ação seboreguladora, foi verificada
a atividade antibacteriana para as espécies Streptococcus epidermidis, Staphylococcus
aureus e Cutibacterium acnes. A formulação também se caracterizou como autoconservante
pela adição desse metabólito microbiano, também apresentou boa espalhabilidade e rápida
absorção.
Os soforolipídios, portanto, protegem a pele contra os agentes infecciosos invasores
e equilibram os componentes celulares e, por isso, expressam grande expectativa de
crescimento na elaboração de novas formulações cosméticas, com menos efeitos colaterais
e danos ao meio ambiente. Desse modo, podem ser usados contra os fungos causadores
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 7
69
da dermatite seborreica, para o desenvolvimento de novas formulações cosmecêuticas,
como um shampoo com propriedade anticaspa.
Os shampoos, comumente utilizados para o tratamento tópico da dermatite
seborreica, são definidos como uma solução detergente para a limpeza diária do couro
cabeludo. Esses produtos, no entanto, podem conter moléculas microbianas que beneficiem
e/ou potencializem a sua ação durante o tempo de uso. Todavia, poucos estudos foram
realizados sobre a adição e o efeito de ativos de origem microbiana nesses produtos (ISHI,
1997; AL QUADEIB et al., 2018).
Outros trabalhos, no entanto, descreveram o desenvolvimento de shampoos com
ativos de origem vegetal. São destacados, dentre eles, os óleos essenciais que possuem
a atividade antifúngica contra as leveduras do gênero Malassezia (DONATO et al., 2020).
Esses metabolitos secundários lipofílicos e voláteis são responsáveis pela proteção contra
microrganismos e herbívoros, também a atração de insetos benéficos e expulsão de insetos
nocivos (VINCIGUERRA et al., 2019).
Os óleos essenciais podem expressar a atividade antimicrobiana, anti-inflamatória,
antioxidante e anticâncer devido a composição heterogênea das plantas, variação entre os
métodos de extração e o sinergismo entre os componentes da composição (VINCIGUERRA
et al., 2019). Assim, a partir dessas diferentes propriedades biológicas, podem ser aplicados
na indústria farmacêutica e cosmética (YADAV et al., 2016).
Hammer, Caron e Riley (2003) observaram a atividade antifúngica do óleo essencial
de melaleuca, e de seus componentes individualmente, contra diferentes espécies fúngicas.
O 4-terpineol, α-terpineol, linalol, α-pineno, β-pineno e o eucaliptol, desse modo, foram
os elementos com a menor Concentração Inibitória Mínima (CIM) <0,25%. A atividade
antifúngica do óleo essencial de palmarosa, para a levedura Saccharomyces cerevisiae e o
grupo dos dermatófitos, também foi avaliada. A propriedade fungicida, sugerida pela ação
do geraniol, ocorre através da inibição do crescimento microbiano, vazamento de íons e
de modificações estruturais na membrana celular (GANJEWALA, 2009; GÜRER; TUNC,
2022).
Os cosméticos naturais possuem grande expectativa de crescimento no mercado.
Esses produtos, além das características biológicas e sustentáveis, protegem a pele contra
os agentes infecciosos invasores e não possuem toxicidade aos componentes celulares.
Sendo assim, com o uso da biotecnologia, a associação dos soforolipídios e dos óleos
essenciais pode ser benéfica para a identificação de novos alvos farmacológicos e a criação
de um novo shampoo, com a ação contra os fungos causadores da dermatite seborreica.
4 | PERSPECTIVAS FUTURAS
A biotecnologia, área tecnológica em crescente expansão, promove a manipulação
de organismos vivos, para a obtenção de novas moléculas bioativas e a fabricação de
A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 7
70
novos produtos. Os soforolipídios, produto do metabolismo secundário das leveduras,
são emulsificantes, espumantes, umectantes e antimicrobianos. Os óleos essenciais,
além das propriedades organolépticas, possuem ação hidratante e antimicrobiana. Essas
características viabilizam a aplicação dos soforolipídios e dos óleos essenciais para a
criação de novas formulações cosmecêuticas inovadoras, com baixa toxicidade e sem
reações adversas, para a substituição dos produtos com ativos químicos destinados ao
tratamento da dermatite seborreica disponíveis no mercado.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES – Brasil), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) e ao Programa RHAE/CNPq 2021 (350351/2022-8).
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A dinâmica do conhecimento biomédico
Capítulo 7
73
CLAUDIANE AYRES - Possui graduação em Fisioterapia pelo Centro de Ensino
Superior de Campos Gerais (2012). Recebeu diploma de mérito acadêmico,
conquistando o primeiro lugar geral da turma de formandos 2012, do curso de
Fisioterapia do Centro Superior do Campos Gerais- CESCAGE. Mestre em Ciências
Biomédicas - UEPG (2016-2018) Pós-graduada em Fisioterapia Dermatofuncional
CESCAGE (2012-2013). Pós-graduada em Gerontologia- UEPG (2017-2018);
Pós- graduada em Fisioterapia Cardiovascular (2017-2018); Tem experiência nas
áreas de fisioterapia em de Fisioterapia em UTI (Geral, coronariana e neonatal);
Fisioterapia Hospitalar, Fisioterapia em DTM e orofacial; Fisioterapia em Saúde
do Idoso; Atuou como docente do curso técnico em estética do CESCAGE-2013;
Atuou na área de fisioterapia hospitalar e intensivismo (UTI Geral e coronariana)-
SOBRE A ORGANIZADORA
2016- 2018; Atualmente, atua como docente em cursos profissionalizantes de
estética facial, corporal e massoterapia na Idealle Cursos; Atua também como
docente do curso de Fisioterapia do Centro de Ensino Superior dos Campos
Gerais - CESCAGE. Atua ainda como docente do curso Tecnólogo em Estética e
Cosmetolgoia - UNICESUMAR.
A dinâmica do conhecimento biomédico
Sobre a organizadora
74
A
Anticoncepcionais orais 1, 2, 3, 5, 8
Articulação temporomandibular 30, 31, 36, 37, 40, 41
B
Bioativo 66, 69
C
Cândida 9, 10, 11, 12
Cândida albicans 9, 10, 11
Candidíase vulvovaginal 9, 10, 11, 13, 15, 16
Centro de atenção psicossocial 54, 55, 63
ÍNDICE REMISSIVO
D
Dermatite seborreica 65, 66, 67, 68, 70, 71
Desordem temporomandibular 30, 32, 38
E
Experiência laborativa 54, 55
F
Formação de trombos 4, 5, 8
L
Leucemia linfóide crônica 43, 48
Leucemia mielóide crônica 43, 46
N
Nível de rejeição de medula óssea 43
O
Óleos essenciais 17, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 66, 69, 70, 71
Ozônio 17, 18, 20, 21, 23, 24, 25, 26
P
Pacientes transplantados 42, 43, 44, 50
Plantas medicinais 18, 19
Professores de música 29, 30, 31, 33, 38, 39
Psicologia 40, 52, 54, 55, 58, 60, 62, 63
A dinâmica do conhecimento biomédico
Índice Remissivo
75
S
Soforolipídios 65, 66, 69, 70, 71
Sporothrix schenckii 17, 18, 20, 23
T
Transplante de medula óssea 42, 43, 44, 46, 48, 49, 51, 52
Trichophyton mentagrophytes 17, 18, 20, 23, 26
Trichophyton rubrum 17, 18, 20, 23, 26
Trombose 1, 2, 4, 5, 6, 7, 8
ÍNDICE REMISSIVO
Trombose venosa profunda 1, 4, 6, 7, 8
A dinâmica do conhecimento biomédico
Índice Remissivo
76