A mulher no Egito Antigo: deusas, rainhas e senhoras da casa
Quezia Marques Palma
RESUMO
O presente artigo visa analisar os diferentes papéis que a mulher exercia na sociedade egípcia de 3100
a 30 a.C. desde sua representação como senhora da casa, rainha, faraó, sacerdotisa e mulher da alegria,
além de indicar a representação das deusas egípcias e sua importância para o sistema religioso e social
do Egito Antigo. A mulher no Egito Antigo tinha seus direitos e deveres, que muito se diferenciava do
papel da mulher em outros lugares, como na Grécia e em Roma, durante o mesmo período histórico,
demonstrando como a mulher egípcia estava além do seu tempo, assim como toda a sociedade egípcia
da antiguidade, podendo ser usada como exemplo frente aos debates atuais acerca da mulher e seu
papel social.
Palavras-chave: mulher, Egito Antigo, rainha, deusa, sociedade.
ABSTRACT:
This article aims to analyze the different responsibilities that women committed in Egyptian Society
between 3100 b.C. to 30 a.C, since your representation like a lady of the house, queen, Pharaoh,
priestess and women of joy, in addition to indicating the representation of the egyptian goddesses and
your importance to the religious and social system of the Ancient Egypt. The woman in Ancient Egypt
had her rights and duties, which differed greatly from the role women in Other places, like in Ancient
Greece and in the Ancient Rome, during this same historical period, showing how the egyptian woman
it was beyond your time, as all the ancient egyptian society, and can be used as an exemple in front of
the current debates about the woman and your social role.
Keywords: woman, Ancient Egypt, queen, goddesses, society.
INTRODUÇÃO
O estudo sobre o papel e a função da mulher no Egito Antigo, ajuda-nos a entender ainda
mais sobre o Egito Antigo. Quando se pensa em Egito Antigo, associamos a ideia de faraós
(homens) como Akenaton e Tutmés II, pirâmides e deuses (destacando os principais, Osíris e
Seth), contudo, grandes nomes femininos foram se perdendo ao longo dos anos e das
descobertas arqueológicas. A análise sobre o faraó menino Tutankamon é mais vasta do que
da faraó Hatshepsut da XVIII dinastia e seu templo situado no Vale dos Reis, pode-se levar
em conta que o nome desta rainha foi apagado por Ramsés II em seus obeliscos, estátuas e
hieróglifos, a causa disso ainda é desconhecida, mas sabe-se que o período que Hatshepsut
reinou foi uma era de prosperidade econômica.
Grandes mulheres tiveram participações e protagonismos importantes na história do
Antigo Egito, como Cleópatra VII, e Nitocris, primeira rainha do Egito, dentre tantas outras.
Além disso, o mito de formação do mundo, para os egípcios, se dá inicialmente com Nut
(deusa que representa o céu) e seu irmão-marido Geb (deus que representa a terra), essa
relação entre irmãos e primos que ocorre na mitologia egípcia, explica muito sobre a visão
dinástica dos faraós e seus casamentos, e principalmente do papel da mulher em um
casamento, seja ele da realeza ou não.
Figuras femininas na mitologia egípcia tomam grande importância e protagonismo,
como o mito das cheias do Rio Nilo, onde as cheias representam as lágrimas de dor de Ísis em
busca pelo marido-irmão Osíris, morto pelo seu irmão Seth, e parafraseando Mark Daniels em
A História da Mitologia para quem tem pressa: as enchentes anuais do Rio Nilo trazem vida e
fertilidade, representação principal de Ísis. Outras deusas como Maat, a deusa da Ordem, da
Verdade e do Equilíbrio, personificação da harmonia, e Bastet, divindade solar protetora do
lar, das grávidas e da vida doméstica, descrevem além da mitologia a vida social feminina do
Egito Antigo.
As Senhoras da casa (nebt-per) tinham o poder de administrar seus bens, as decisões
familiares e domésticas. Em inscritos como Instruções de Any ou papiro Cherter Beatty I,
encontramos diversos modelos de mulher que deveriam ser seguidos, instruções essas com
conselhos de pais para filhos, por isso trata-se de uma visão idealizada da mulher egípcia.
Contudo, vemos que as nebt-per tinham funções semelhantes aos dos homens, mas sem
ignorar o fato que tinham seu lugar de submissão ao marido, o que não anulava seus direitos
(se assim podemos chamar) que existiam para as mulheres, podendo essa se divorciar, adotar
uma criança sozinha e o “fato dos egípcios atribuíram normalmente para serem identificados o
nome de sua mãe no lugar do pai”1 .
O EGITO ANTIGO
O Egito foi o primeiro povo na Terra a criar um Estado-Nação, incorporando crenças e as
aspirações do povo e estabelecendo uma teocracia. Eles se sujeitaram a diversas mudanças
geográficas desde 10.000 a.C., que corresponde ao último período paleolítico. O Egito Antigo
conhece três grandes fases históricas: a pré-dinástica, a época faraônica e o período
greco-romano.
A construção do povo egípcio, durante o período Pré-dinástico, se deu pela formação de clãs
independentes uns dos outros (nomos), mas que cooperavam entre si. A civilização egípcia se
desenvolveu mais ou menos ao mesmo tempo que os povos Mesopotâmios e Sumérios,
contudo ainda era considerada atrasada, pois enquanto as cidades da Mesopotâmia cresciam,
os egípcios se dividiam em “aldeias”. Somente por volta de 3.100 a.C., o primeiro Faraó,
Ménes ou Narmer, unificou o Egito e passou a ser considerado um deus na Terra,
incorporando ainda mais a noção de que a cultura (religião) e o Estado andavam juntos.
A época faraônica é a mais conhecida e estudada, nesse período, os reinados faraônicos eram
divididos por Dinastias, da Primeira Dinastia de 3.100-2.890 a.C. até a Trigésima Dinastia de
380-343 a.C. Foi durante esse período que a sociedade mais se estabilizou e cresceu, iniciando
a base da sociedade egípcia por meio da religião e da figura do faraó, um governante divino,
enviado e escolhido pelos deuses, sendo conhecido como Filho de Rá, deus sol, que
controlava todos os setores da sociedade, desde a religião ao militar, e abaixo do faraó
estavam as camadas que o ajudavam a governar, como nobres, sacerdotes e escribas e a maior
parte da população egípcia era formada pelos camponeses, artesãos e escravos.
A religião era a peça-chave da sociedade egípcia e nela encontramos as respostas para
variados momentos da história do mundo e das pessoas. A começar pela formação do mundo,
através do mito da criação de Heliópolis, onde Atum, deus primevo, que nasceu das Águas de
Nun, realizou o primeiro ato de criação sem relação sexual, gerando Shu e Thefnut,
posteriormente, pais de Nut e Geb. O céu, a deusa Nut, e o seu marido-irmão deus da Terra,
Geb, viviam juntos, mas foram separados pelo deus Shu, que emergiu da escuridão do caos no
meio dos dois.
1
BAKOS, 2001, p. 46.
Da união de Geb e Nut gerou-se os quatro principais deuses egípcios, Osíris, Seth, Neftís e
Ísis. Osíris reinou sobre a Terra como o primeiro faraó, casando-se com Ísis e Set com Néftis.
Atum e seus descendentes formam a Grande Enéade de Heliópolis.
A partir da religião e da cultura, entende-se as figuras que fazem parte da pirâmide social
egípcia, onde cada pessoa era importante para o bom funcionamento da sociedade e da
economia, de base agrária, que foi se consolidando de acordo com as técnicas de fundição. A
princípio o período do cobre se iniciou em 3.000 a.C. e se prolongou até 2.040 a.C. quando se
iniciou a era do bronze, que durou até 712 a.C. quando se iniciou a era do ferro.
Após a época faraônica, em 332 a.C., o Egito foi conquistado por Alexandre, o Grande, e
tanto Alexandre quanto seus sucessores se comportavam como faraós egípcios, contudo
implementaram o grego como língua governamental, assim como sua cultura grega. Com o
domínio grego, as cidades começaram a se modificar, assim como a religião egípcia que agora
passa a ter deuses híbridos, como Serápis e os cultos religiosos passam a serem feitos em
particular, mesmo que grandes templos tenham sido construídos, como o de Kom Ombo e
Edfu. O final do período greco-romano foi marcado pela última rainha faraó que governou o
Egito, Cleópatra VII, de descendência grega, mas que valorizava a cultura egípcia.
AS RAINHAS EGÍPCIAS DE 3100 A 30 a.C.
Quando estudamos sobre o Egito Antigo, evidencia-se mais os governantes (faraós)
masculinos que detinham o poder, do que as governantes do sexo feminino. Isso se dá não
pela tentativa de diminuir as mulheres poderosas, mas pelo simples fato de que existem muito
mais faraós homens do que mulheres. Contudo, temos a história da rainha-faraó Hatshepsut,
que após seu reinado foi apagada da história do Egito Antigo por Ramsés III, sendo
descoberto recentemente a real e completa história dessa faraó que trouxe um longo período
de paz e prosperidade para o Egito.
Conforme foi dito, as mulheres faraós que detinham o poder eram minoria, o papel da mulher,
por mais que em comparação a outros povos da Antiguidade fosse mais “privilegiado”, ela era
vista principalmente como senhora da casa, que administra a propriedade e mãe que se ocupa
dos filhos, o que não exclui ser um lugar de muita honra e profundamente respeitado. A
mulher que detinha o título de rainha ou faraó, são as raras exceções que analisaremos.
É importante ressaltar que era comum o faraó ter um harém, contudo esse harém egípcio era
ligado às mulheres reais e ao palácio real, sem qualquer carga erótica semelhante ao harém
otomano2 , onde quem governava o harém era a mãe do sultão e as mulheres do harém
2
CANHÃO, 2019, p. 12.
passavam praticamente toda sua vida lá, quase como escravas. O harém egípcio era onde
residia a rainha e se educavam as crianças reais, se assemelhando ao gineceu na Grécia
Antiga3 .
A primeira rainha do Egito foi Nitocris, governou por volta de 2.180 a.C., durante a transição
da Sexta Dinastia para a Sétima, sendo sucessora de Pepi II, seu irmão, após seu assassinato.
Ela era conhecida como “a mais nobre e adorável mulher de seu tempo”, sendo citada por
Mâneton4. Muito pouco se sabe sobre essa rainha e sobre seu governo, sendo mencionada
somente no Papiro de Turim, principal documento sobre os reis egípcios, contudo sabe-se que
ela vingou a morte do seu irmão, matando seus assassinos e logo depois se suicidando para
escapar de alguma possível punição.
A segunda rainha reinante surgiu após 400 anos do reinado de Nitocris, era provavelmente
filha de Amenemhat I, da XII Dinastia, seu nome era Neferu III. Durante o governo de seu pai,
foi escrito As Instruções do Rei Amenemhet I para seu filho Sesótris I, ou Senuseret, onde não
se sabe se por alguma conspiração do harém, acabou sofrendo um atentado a sua vida,
deixando então instruções ao seu filho para tomar cuidado com as pessoas e com as mulheres,
vedando seu acesso ao poder. Após a morte do pai, Neferu III passou a governar com seu
irmão, com quem teve um filho, Amenmhet II.
Cerca de 200 anos se passaram até surgir o nome de outra rainha na história do Egito, seu
nome era Neferusobek
5
, da XII Dinastia, seu nome significa “A perfeição de
Sobek”, sendo Sobek um deus crocodilo ligado as águas, a morte e ao sepultamento, assim
como ao nascer do sol, sendo adorado em todo Egito e seu templo principal é Kom Ombo. Ter
um deus em seu nome representava para os egípcios proteção divina e proximidade com o
deus, além do nome ser a representação do Ser, não somente uma identificação.
Neferusobek subiu ao trono logo após a morte do seu irmão-esposo, Amenemhat IV,
governando por quase 4 anos, segundo o Papiro de Turim. Mesmo tendo poucos feitos durante
seu reinado, existem várias evidências arqueológicas onde encontramos seu nome inscrito,
demonstrando que mesmo no durante o curto período de seu reinado, obteve muita fama no
Egito. Basicamente essa faraó subiu ao trono somente para manter a estabilidade no Egito,
que vinha desde o reinado de seu pai, e protegendo o trono das invasões de Hicsos, Sírios e da
península do Sinai. Neferusobek marcou a passagem do final do Império Médio para o
CANHÃO, 2019, p. 11.
JOHNSON, 2010, p. 102.
5
PHARAOH.SE, Neferusobek. Disponível em: https://pharaoh.se/pharaoh/Neferusobek. Acesso em: 02 jun.
2023.
3
4
Segundo Período Intermediário de 1765 a 1555 a.C., que passou a ser reinado por diversos
faraós em várias cidades diferentes pelo Egito, devido a invasão e dominação dos Hicsos.
Quase 300 anos depois, em 1490 a.C., durante a XVIII Dinastia, surge a história de
Hatshepsut. A partir da XVIII Dinastia, o poder volta aos eixos egípcios e os governantes
estavam preocupados em marcar a cultura egípcia após um longo período de instabilidade
política. Hatshepsut passa a governar no lugar do seu meio-irmão. Como podemos observar,
as mulheres marcaram o final de alguns períodos faraónicos, o que gerou certa desconfiança
para se ter mulheres no poder, como vimos em As Instruções do Rei Amenemhet I para seu
filho Sesótris I.
Vale ressaltar que o direito ao trono egípcio valia pelo sangue, o exemplo de Hatshepsut se
deu pois ela tinha sangue real. Para entender melhor, voltemos ao período que o Egito foi
liberto dos Hicsos pelo primeiro faraó que dá início ao Reino Novo, da XVIII Dinastia,
Ahmés I. Ele teve dois filhos, o faraó que morreu precocemente Amenhotep I e a princesa
Ahmés, que após a morte de seu irmão assumiu o trono com Tutmósis I, que não tinha vínculo
real e precisava da princesa para legitimar o trono.
Do casamento deles nasce Hatshepsut e dois irmãos que morreram logo cedo, passando a
coroa para o seu meio-irmão nascido de uma segunda esposa real, Tutmósis II, ainda em
menoridade com menos de 12 anos, que desposa Hatshepsut para manter a linhagem real do
“pai da dinastia”.
Hatshepsut
6
assumiu para governar uma identidade masculina, se vestindo
como os faraós, utilizando a barba falsa, insígnias e se autodenominando rei do Alto e Baixo
Egito. Contudo, somente isso não bastaria para se manter no poder, então assumiu uma
realeza conjunta com seu pai, já falecido, se afirmando como filha carnal do deus Amon, que
se justificou na construção de seu templo funerário em Deir-Elbari, com três terraços, uma
extensa rampa que leva ao platô principal e com sua câmara alinhada perfeitamente com o
nascer do sol durante o solstício de inverno e iluminando as estátuas de Amon-Rá, Tutmósis
III e de Hapi, deus rei do Nilo. Além disso, vinculou sua realeza e soberania com a construção
desse templo próximo ao Vale dos Reis, as rainhas foram enterradas em outro lugar mais
afastado.
O Reino Novo foi um período marcado por grandes obras egípcias, e Hatshepsut, junto de sua
comitiva real que a apoiava, principalmente um Profeta de Amon, Senemut, ao qual era muito
6
PHARAOH.SE. Hatshepsut. Disponível em: https://pharaoh.se/pharaoh/Hatshepsut . Acesso em: 02 jun. 2023.
próxima, construiu diversos obeliscos, símbolo dos primeiros raios de luz que iluminam o
mundo, um dos quais ainda está de pé no templo de Karnak com quase 30 metros de altura.
Durante seu reinado não pode participar de campanhas militares por ser mulher, assumindo
um papel de conservação e valorização do Egito, construindo fortes relações comerciais,
cuidando das fronteiras e trabalhando na extração de minerais. Ergueu monumentos aos
deuses, como seu próprio templo funerário, onde representou em escala monumental seus dois
maiores feitos como faraó, o primeiro é o transporte de barco de dois obeliscos colossais de
Assuã para o templo de Karnak e a grande expedição a Punt7 , provavelmente onde hoje
corresponde a Somália e Djibut, que era conhecida por ser rica em produtos exóticos, como
pigmeus dançarinos, incenso, ébano, ouro etc8.
Cerca de 1439 anos após o governo da faraó Hatshepsut, surge no cenário político aquela que
chamamos de a última rainha do Egito, Cleópatra VII
, e seu nome
9
significa a deusa Cleópatra que é a amada de seu pai. Ela chega ao poder após o Egito ser
dominado pelos Macedônios, sob o comando de Alexandre, o Grande e através da sua
linhagem grega que tomou o Egito depois dos Macedônios. A Era Ptolomaica, como
chamamos na historiografia, consiste no período de 304 a 30 a.C., e foi uma era que reis
(faraós) gregos governaram em um longo período de instabilidades políticas e muitos
conflitos com outros reinados.
Durante a Era Ptolomaica era comum que mulheres fossem corregentes de seus maridos no
trono, tanto que antes de Cleópatra VII, outras seis Cleópatras governaram, seja em
companhia do marido, em triunviratos ou antes de seus filhos assumirem a maior idade.
Cleópatra VII assumiu o trono em 51 a.C. em co-regência com seu irmão de 12 anos,
Ptolomeu XII.
Em 47 a.C. ela passa a governar sozinha, contudo, com as ameaças crescentes de invasão
romana às terras do Egito, ela governou sob muita pressão e instabilidade econômica. Apesar
das dificuldades de governabilidade, Cleópatra VII contava com uma sabedoria fora do
comum, era fluente em árabe antigo, algo que os governantes Ptolomaicos não fizeram
questão de saber, já que era a língua usada pelo povo e como não se comunicavam com o
povo, não viram necessidade de aprender uma nova língua. Além disso, ela era uma ótima
estrategista, conhecedora da astronomia, dos cultos religiosos gregos e egípcios. Cleópatra
JOHNSON, 2010, p. 142.
SOUSA, A mulher faraó: representações da rainha Hatshepsut como instrumento de legitimação (Egito Antigo
- Século XV a.C.), 2010, p. 60.
9
PHARAOH.SE. Cleopatra VII. Disponível em: https://pharaoh.se/pharaoh/Cleopatra-VII . Acesso em: 02 jun.
2023.
7
8
VII é conhecida pela sua arte da sedução, mas não por ser extremamente bela, mas sim porque
dominava a arte da estratégia, quando aparecia ao povo sempre ia vestida da deusa Ísis para
impressionar, se portava com autoridade frente a todos e usava sua sabedoria a ser favor.
A partir disso conseguimos entender a influência que ela teve nos governadores romanos,
principalmente com relação ao imperador romano Júlio César e Marco Antônio. Após ser
expulsa de Alexandria, então capital do Egito, pelo seu irmão Ptolomeu XIII, ela retorna da
Síria para destronar o irmão e conhece Júlio César que estava visitando a cidade. Cleópatra
então seduz Júlio César entrando em seu quarto como se fosse uma encomenda, enrolada em
um tapete e consegue uma aliança com ele e mata seu irmão, passando a governar sozinha.
Da relação dos dois, nasceu o único filho homem de Júlio César, que deveria assumir o
Império, contudo o sobrinho de Júlio, Otávio Augusto, reivindica o poder de Roma. Da
relação dos dois, nasceu o único filho homem de Júlio César, que deveria assumir o Império
Romano, contudo o sobrinho de Júlio, Otávio Augusto, reivindica o poder de Roma. Ela que
até então governava o Egito a partir de Roma, retorna para sua terra natal com seu filho e
tenta implementar algumas reformas econômicas para alavancar a antiga força do império
faraônico. Durante esse período o Egito se manteve estável economicamente, mas sempre sob
ameaça de ataques externos e foi nessa época que ela conheceu Marco Antônio.
Mais uma vez Cleópatra VII usa sua habilidade de impressionar para conquistar Marco
Antônio, ela surge em um barco dourado e prata, vestida da deusa Vênus, cercada de
“cupidos”. Ela consegue uma aliança de tropas com Marco Antônio e de sua relação nasceram
3 filhos, que posteriormente governaram algumas regiões egípcias no Oriente. Contudo, em
batalha contra Otávio, Marco Antônio acaba morrendo e Cleópatra com medo do que Otávio
faria quando a encontrasse, decide se matar, com 39 anos de idade, dando fim ao reinado do
mais antigo e duradouro Império do mundo. Cleópatra VII hoje é vista como símbolo de
poder e persuasão, sua capacidade em avaliar as situações mais adversas que se encontrava a
ajudaram a marcar os últimos momentos de glória que o Egito tinha, sendo, portanto, a rainha
mais lembrada até hoje.
AS SENHORAS DA CASA
Diferente do que se pensa na atualidade sobre as mulheres da antiguidade, as mulheres
egípcias se destacam por terem papéis importantes na construção da sociedade egípcia.
Pode-se destacar, principalmente, como ela era a base dos laços familiares que se construíam,
a exemplo de que os filhos carregavam o sobrenome das suas mães, então se dizia que alguém
era filho da nebt-per da casa de fulana. Isso demonstra como as mulheres, senhoras da casa,
eram importantes para a construção social de pertencimento e de identidade.
Aqui entende-se como senhoras da casa aquelas mulheres que são casadas ou solteiras e
vivem não somente da administração do lar, das compras de mantimentos etc. Mas, também,
daquelas que exercem o papel de escribas, mesmo que com poucas provas de seu trabalho
hoje em dia, como sacerdotisas dos templos, tal qual seu papel como mãe ou como “as moças
da alegria”, consideradas disponíveis para todos os homens, como diz As Instruções de Any:
Eis-te sentado na taverna,
Cercado pelas moças da alegria,
Tu desejas te desafogar
E seguir o teu prazer...
10
A mulher egípcia da antiguidade é tratada com respeito e como alguém de muita confiança,
sendo explicitamente tratada como algo valioso, como diz as Instruções de Any, escritas
durante o dito Novo Reino, que corresponde a Dinastia XVIII:
Não controle sua mulher na sua casa,
Quando você sabe que ela é eficiente;
Nunca diga para ela: - Onde está isso? Pegue-o!
Quando ela o tinha colocado no lugar certo.
Deixe seus olhos observar, em silêncio
Então você reconhece sua habilidade;
É alegre quando sua mão está com ela,
Há muitos que não conhecem isso,
Se um homem desiste de lutar em casa,
Ele não encontrará o seu começo,
Todo homem que funda uma família,
Deve deixar para traz o coração impetuoso,
Não ir atrás de uma mulher,
Não deixá-la roubar seu coração.
11
Nesta instrução temos um pai ensinando ao seu filho como tratar sua mulher e sua casa.
Nesses textos líricos formados para instrução, vemos a mulher como alguém que também tem
seus desejos e prazeres, seus amores e “direitos” na sociedade egípcia. Como foi visto, a
10
11
BAKOS, 2010, p. 51.
BAKOS, 2014, p. 41.
senhora da casa exercia seus papéis na administração no lugar de seu marido, se fosse
necessário, contudo, não era comum ver mulheres no papel da administração pública. A
mulher egípcia tinha seus direitos como poder adotar uma criança ainda solteira, fazer queixa
de alguma violência sofrida, mesmo que pelo seu marido, podia se divorciar com direito a
seus bens e exercer papéis como de cura (medicina) e uma das mais valorizadas funções no
Egito Antigo, servir como sacerdotisa em algum templo. As mulheres eram tratadas como
homens em todas as instâncias da vida social. Andavam livremente pelas ruas, sem véus na
cabeça ou no rosto12 .
Uma mulher que se destaca no papel da ciência é a Merite Ptá, a primeira médica da história,
que nasceu por volta de 2700 a.C. e era médica-chefe do faraó, contudo, a confirmação de sua
existência ainda é estudada. Sabe-se que uma outra mulher recebeu o título de Supervisora das
Mulheres Médicas foi a Pesehet, atuando durante o reinado de Amenhotep III, da XVIII
Dinastia. Além de estarem presentes na medicina e terem um vasto conhecimento do corpo
humano, as mulheres estavam presentes no estudo da Astronomia, como a filha do faraó
Sesótris I, da XII Dinastia, chamada Athirte, ela era conhecida por ser muito inteligente e
ótima observadora das estrelas e dos planetas, atuando diretamente na previsão de eventos
futuros ligados às colheitas a partir do cálculo da posição das estrelas e dos planetas.
Ao mesmo tempo que as mulheres egípcias exerciam papéis e tinham direitos como os
homens, é inevitável comparar sua posição com outras mulheres da antiguidade, como as
gregas. Na sociedade grega da antiguidade, as funções de cada pessoa estavam muito bem
delimitadas, como disse Aristóteles: “O homem livre manda no escravo, o macho na fêmea e
o pai na criança de maneiras diferentes... o escravo está totalmente privado da parte
deliberativa; a fêmea a possui, mas desprovida de autoridade...”13 . Para Sófocles, “o silêncio
é fator de beleza” 14, portanto o papel da mulher era delimitado de acordo com aquilo que seu
marido desejava que ela o fizesse, podendo estudar, trabalhar e sair de acordo com a liberdade
imposta à mesma. Por mais que fosse claro que a mulher era parte da cidade, seu papel era em
função dos outros e de certa forma vivia em um espaço delimitado para ela, chamado de
gineceu.
As mulheres no Egito Antigo também eram instruídas a se importarem muito com a aparência
e valorizavam estarem sempre bem-vestidas, maquiadas e perfumadas, sendo ainda mais
valorizadas pelos homens como podemos ler no papiro Chester Beatty I:
BAKOS, 2014, p. 48.
ARISTÓTELES, Política, I, 13, 1260 ss.
14
SÓFOCLES, Ajax, 293.
12
13
"Longo é seu pescoço, brilhantes são seus mamilos, seu cabelo é verdadeiro
lápis-lazúli (pedra semipreciosa), mais belo que ouro são os seus braços e
seus dedos como lótus a desabrocharem. De coxas duras e cintura fina"15.
Nesse fragmento do papiro podemos perceber qual era o ideal de mulher propagado para os
homens, visto que o papiro servia de instrução e de lirismo direcionada aos homens, o que
consequentemente leva a mulher a seguir esse padrão proposto de beleza e utilizá-lo como
instrumento de sedução. A vida matrimonial egípcia era prezada tanto pelas mulheres quanto
pelos homens, pois sem as mulheres não haveria filhos herdeiros, símbolo de muita alegria.
Ao mesmo tempo que o matrimônio era valorizado e assegurado, as moças da alegria eram
vistas como tentações presentes no cotidiano masculino. O termo Khenemet é empregado para
designar uma moça da alegria, e eram muitas vezes oriundas da Babilônia16 . De onde
podemos extrair o relato de um Mestre escriba alertando os males dessas mulheres:
“Eis-te diante de uma moça,
inundada de perfume,
uma guirlanda de flores em volta do pescoço,
tamborilando sobre teu ventre.
Tu vacilas e cais no chão,
Todo coberto de imundícies”17.
A valorização da figura feminina, principalmente como mãe, foi perpetuada durante todas as
dinastias egípcias, essa mistificação do feminino e de seu corpo, foi o que sustentou os
direitos e deveres que as mulheres tinham e o garantiu por milênios. A criação das
meninas-moças adquiriu caráter social-religioso, sendo visto tanto para o homem quanto para
mulher, algo bom ser mulher e, para aquela sociedade, a mulher deveria ser cuidada, ela era a
garantia de um futuro para o povo, além de exercer papéis de confiança para a sociedade e sua
formação, contribuindo para a educação, religião e economia, com a administração do lar e
seus bens.
AS DEUSAS EGÍPCIAS
CÁRIA, Thamis M. Marciano. Aspectos da condição feminina no Egito Antigo. In: Revista Mundo Antigo.
Rio de Janeiro: Ano II, V. 02, Nº 1, junho, 2013, p. 95.
16
BAKOS, 2014, p. 51.
17
BAKOS, 2014, p. 51.
15
O panteão egípcio contém mais de 1200 deuses, que regem a vida cósmica e dos homens.
Desde o primeiro faraó, Ménes, a religião e a vida social estavam ligadas, o faraó era visto
como deus encarnado, podendo ser todos os deuses ou um, sendo chamado de Rá, o soberano
supremo, mas também como filho de Rá, a emanação do verdadeiro corpo divino, embora
usando uma mulher como intermediária: o Egito era filha de Rá e irmã do faraó.
A atuação das deusas egípcias surge logo após Atum, que formou sozinho o primeiro par
divino, Shu e Tefnut, deusa da umidade. Como dito na sessão O Egito Antigo, Atum e seus
oito descendentes formam a Grande Enéade do panteão egípcio. Importante ressaltar que “A
atividade religiosa se expressava pelo culto às imagens... as imagens criadas por eles eram os
próprios deuses que elas apresentavam”18 , sendo assim, os cultos prestados aos deuses por
meio de imagens eram evidenciados por eles estarem realmente no lugar de culto.
A primeira deusa, Tefnut, é representada com corpo de mulher e a cabeça de leoa com um
disco solar, e ela é a responsável pelas águas e, no mundo dos mortos, como aquela que mata
a sede das almas. Ela é parte importante do panteão já que no Egito, majoritariamente sendo
um deserto, a água é vital para sobrevivência, evidenciada no Mito da Seca, em que Tefnut
briga com seu pai Atum e parte do Egito levando toda água com ela, deixando todos
desesperados. Sua forma de leoa mostra sua força e benevolência, como uma leoa que cuida
de seus filhotes.
Nut, deusa conhecida como Mãe dos Céus, é frequentemente representada como uma mulher
arqueada, com as mãos e pés tocando o chão, cobrindo os que estão debaixo dela, cercada de
corpos celestes. Ela é também conhecida pela imagem de uma vaca com raio de sol, que
representa o deus Rá e levando o mesmo em suas costas e seu culto remete a fertilidade e
proteção, já que dela nasceu o poderoso deus Rá.
Também fazendo parte da Grande Enéade e a principal deusa egípcia, Ísis é o ideal de
representação de mulher, mãe e esposa. Em um dos principais mitos egípcios, a ressurreição
de Osíris, vemos a quão dedicada Ísis era ao seu marido, que mesmo depois de morto e
esquartejado pelo seu irmão Seth, ela sai em busca de suas partes do corpo e do seu choro de
lamento surge o mito das causas das enchentes do Rio Nilo, que durante suas cheias traz
fertilidade para as margens e arredores dele.
Ísis é a deusa responsável pela fertilidade, amor e a Grande Mãe protetora, dos vivos e dos
mortos. Seu culto, principalmente no templo de Philae, às margens do Rio Nilo, sendo
adorada não só no Egito, mas também em Roma e na Grécia, principalmente após as invasões
que ocorreram.
18
JOHNSON, 2010, p. 217.
Apesar da importância de Ísis, a deusa que mais chamava a atenção e preocupava os egípcios
era a Maat, deusa responsável pelo equilíbrio cósmico. Seu principal mito envolve o coração
e uma pluma, sendo sempre representada na arte egípcia portando uma em sua mão. Para os
egípcios, a alma residia no coração, tanto que durante o embalsamento das múmias, o coração
permanecia no corpo, pois ele tinha um propósito. No pós vida o coração deveria ser pesado
em uma balança, de um lado a pluma de Maat e do outro o coração daquele que seria julgado,
se o coração fosse mais leve que a pluma, o morto ganharia a vida após a morte, contudo, se o
coração fosse mais pesado, uma segunda morte recairia sobre o julgado, e seria então
consumido pela deusa Ammit, que tem a forma de um híbrido de leoa, crocodilo e
hipopótamo.
A vida no Egito Antigo era cercada pelos mitos, para tudo havia um propósito divino, e os
egípcios antigos são conhecidos por terem essa responsabilidade para com seus seres divinos.
A retidão moral e ética que eles pregavam simboliza essa preocupação com a vida e a morte, a
vida é uma grande jornada cósmica que se recria e se consome ao longo do tempo que
transcende a morte do corpo físico.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O intuito deste artigo foi explorar e abordar a mulher egípcia da antiguidade para que assim
possamos ter mais conhecimento acerca de suas vidas que a muito foram de certa forma
silenciadas. É importante reconhecer os cenários que a mulher se encontrava para podermos
analisar a forma como as mulheres estão hoje, a análise histórica serve justamente para que
possamos olhar o passado, repensar o presente e construir um novo futuro.
A mulher egípcia não tinha os mesmos direitos que um homem tinha, afinal exercia funções
diferentes, mesmo quando chegava ao trono, seu exercício de poder era outro. A mulher,
senhora da casa, tinha suas funções ligadas a casa e nem por isso era desprezada, muito pelo
contrário, era honrada e valorizada não somente pelos filhos, mas pelo marido e escravos que
estavam debaixo das suas ordens.
O espaço da mulher, por mais que estivesse ligado a casa e aos filhos, era muito prestigiado,
pois valorizava-se a criação do futuro, ou seja dos filhos. Além disso, seu papel na sociedade
estava diretamente ligado ao divino, visto a importância das deusas egípcias como a Ísis, para
a própria sociedade, sendo a representante da fertilidade, do lar, da proteção, e era dessa
forma que as mulheres eram vistas, como mantenedoras da ordem, fortes e guerreiras.
As rainhas egípcias, são vistas da mesma forma, até mesmo como a própria encarnação da
deusa Ísis, principalmente. Os governos das rainhas e faraós que analisamos no artigo, são
uma forte demonstração de como durantes seus governos a prosperidade e a paz reinaram,
pois governaram com sabedoria tanto a sociedade quanto às economias e as suas forças
militares.
Sob essa ótica, somos levados a pensar e analisar a mulher atualmente e entender como o
modo de vida mudou e como a mulher é vista também. Temos que, primeiramente, ter noção
que homens e mulheres são diferentes, logo ocupam espaços sociais diferentes, seja na
antiguidade ou atualmente. Repensar o papel da mulher hoje nos trás a sensação de que
mudanças drásticas precisam ser feitas e rapidamente, mas a sociedade demora anos e anos
para se remodelar, passo por passo cada coisa pode ir mudando, assim como os egípcios
antigos já falavam. Quanto mais se fala de algo, mais isso fica em evidência e é assim que
caminham as mudanças sociais.
Devemos ter as mulheres egípcias e seu papel como uma inspiração e não como molde para as
mudanças que queremos ver. Não podemos afirmar se eram felizes ou infelizes, sob o aspecto
social podemos dizer que elas viviam e, pelo menos não sob luz da História, temos casos de
revoltas lideradas pela insatisfação feminina acerca do papel que tinham na sociedade egípcia.
A mulher em sua forma de mãe, rainha, deusa ou moça da alegria, tinha seus direitos e
deveres, assim como em toda sociedade, e fizeram parte da construção de um dos maiores
Impérios que a humanidade já viu, tanto que falamos e escrevemos sobre os feitos egípcios
até hoje, em comprometimento com a verdade, como escreveu Plutarco “... o historiador, se
quiser ser honesto, escreve aquilo que sabe ser verdadeiro; quando as coisas não estão claras,
escolhe como verdadeira a melhor versão, e não a pior”19.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAKOS, Margaret M. Fatos e mitos do Antigo Egito. 3ª edição. Porto Alegre: EDIPUCRS.
2014.
BALTHAZAR. G.S; COELHO.L.C. Mulheres na Antiguidade. Rio de Janeiro NEA/UERJ.
p.157-174. 2012.
CANHÃO, Telo Ferreira. Neferu III e Neferusobek: traços das suas vidas e da sua época.
2019. 45. Hapi, Lisboa.
CARIA, Thamis M. Marciano. Aspectos da condição feminina no Egito Antigo. In: Revista
19
PLUTARCO, Sobre a maldade de Heródoto, 5-6 II, 855 e ss.
Mundo Antigo. Ano II, V. 02, Nº 1, junho, 2013, p. 93 – 119.
DANIELS, Mark. A História da mitologia para quem tem pressa. 1ª edição. Rio de
Janeiro: Editora Valentina, 2016.
DE SOUSA, Aline Fernandes. A mulher-faraó: representações da rainha Hatshepsut
como instrumento de legitimação (Egito Antigo - Século XV a.C.). XXVI Simpósio
Nacional de História. 2013.
CARIA, Thamis M. Marciano. Aspectos da condição feminina no Egito Antigo. In: Revista
Mundo Antigo. Ano II, V. 02, Nº 1, junho, 2013, p. 93 – 119.
JOHNSON, Paul. Egito Antigo. Rio de Janeiro: Ediouro. 2010
PHILIP, Claire. 101 mulheres incríveis que transformaram a ciência. Tradução de Aline
Coelho. Brasil: Pé da Letra, p. 6-7. 2020.
PINSKY, Jaime. 100 textos de História Antiga. 10ª ed. São Paulo: Editora Contexto.
p.59-60. 2019.
ROBINS, Gay. Las Mujeres en el Antiguo Egipto. Madrid: Akal, 1996.
SCOVILLE, Priscila. Senhoras da casa: Uma visão sobre a importância do feminino na
sociedade egípcia da XVIII dinastia. Curitiba: Cadernos de Clio, nº 5. 2014.
SOUZA, Anna Cristina F. de. Nefertiti: sacerdotisa, deusa e faraó. Androginia e poder nas
imagens de Amarna. Niterói, 2003. 150 f. Dissertação (Mestrado em História) – Instituto de
Ciências Humanas e Filosofia, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2003.
WEIDEMANN. Amanda B. A questão de gênero na literatura egípcia do IIº milênio a.C.
Niterói: UFF. 2007.