ARTIGO
PARA ALÉM DO BRASIL:
A COMARCA DO ALTO RIO NEGRO (AMAZONAS) NA
INDEPENDÊNCIA, E SUA INSERÇÃO NO IMPÉRIO 1822-1828
BRUNO MIRANDA BRAGA
Doutorando em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo –PUC-SP. Mestre
em História Social pela Universidade Federal do Amazonas UFAM. Historiador e Geógrafo.
Pesquisador do Núcleo de Estudos em História Social da Cidade –NEHSC. Atualmente sou
bolsista do CNPq. E-mail:
[email protected].
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7000-2456.
YVONE AVELINO DIAS
Professora Titular no Departamento de História da Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo. Doutora em História Econômica e Mestra em História Social, ambos títulos obtidos na
Universidade de São Paulo –USP. Coordena o Núcleo de Estudos de História Social da Cidade
-NEHSC -da PUC-SP. E-mail:
[email protected].
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6786-0572
RESUMO: Pensar a independência do Brasil no sentido plural: independências é
verificar as nuances, as diferentes inserções das diferentes regiões nesse processo.
Partindo desse pressuposto, neste texto procuramos mostrar de maneira simplificada
como se deu a independência na região da Comarca do Alto Rio Negro, que
atualmente corresponde ao estado do Amazonas, que à época era subordinada à
Província do Pará. Muitos fatores diferenciam o processo de adesão da região ao
império de D. Pedro, esses fatos mostram a singularidade da região e sua história
construída. Há uma série de acontecimentos, intrigas, e gentes que mostram as
particularidades da região, algumas das quais apresentamos neste artigo.
PALAVRAS-CHAVE: Independências, Amazonas, Brasil, Pará.
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BEYOND BRAZIL:
THE DISTRICT OF UPPER RIO NEGRO (AMAZONAS) IN
INDEPENDENCE, AND ITS INSERTION IN THE EMPIRE 1822-1828
ABSTRACT: To think about brazil's independence in the plural sense: independence
is to verify the nuances, the different insertions of the different regions in this process.
Based on this assumption, in this text we try to show in a simplified way how
independence occurred in the region of the District of upper Rio Negro, which
currently corresponds to the state of Amazonas, which at the time was subordinate
to the Province of Pará. Many factors differentiate the process of the region's adhering
to the Empire of D. Pedro, these facts show the uniqueness of the region and its built
history. There are a number of events, intrigues, and people that show the
particularities of the region, some of which we present in this article.
KEYWORDS: Independences, Amazonas, Brazil, Pará.
Recebido em: 18/04/2022
Aprovado em: 01/08/2022
DOI: http://dx.doi.org/10.23925/2176-2767.2022v74p42-66
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1. A CAPITANIA DE SÃO JOSÉ DO RIO NEGRO UMA BREVE HISTÓRIA
ANTES DE 1822
Vamos voltar um pouquinho no tempo a fim de elucidar os fatos de
como estava a Região do atual estado do Amazonas nos tempos da
Independência.
Foi numa manhã ensolarada que Francisco Xavier de Mendonça
Furtado, recebeu uma carta de D. José I, a famosa Carta Régia de 3 de março
de 1755 que o designava a criação da Capitania de São José do Rio Negro,
naquele momento, Mendonça Furado estava unido ao Pará e ao Maranhão,
governando como colônia portuguesa, diferente, se comparada ao Brasil.
Segundo o historiador Mário Ypiranga Monteiro (2002. p. 123), o espírito de
Mendonça Furtado era patriótico, e de eficaz administrador público,
mantendo salvos os interesses da colônia.
Inicialmente a Capitania fez sua capital na aldeia de São José do Javari,
no alto curso do Rio Solimões,1 a posteriori sua capital passou a ser na aldeia
de Mariuá. Entretanto, como tudo naqueles tempos na Amazônia, o tempo,
tinha uma constância peculiar, e mesmo sendo designado em 1755,
Mendonça Furtado somente instalou a capitania formalmente em 1758,
quando regressou ao Rio Negro. Sua primeira ação foi nomear Joaquim de
Melo e Póvoas, coronel de infantaria, como governador da Capitania. Havia um
cuidado em salvaguardar o território português mais distante de Lisboa, Melo
e Póvoas sabia disso, e em seu mandato (1758-1760) procurou intensificar
assim a região.
Durante a administração de Melo e Póvoas, os aldeamentos
missionário remanescentes, foram tornados vilas e lugares com nomes
aportuguesados. A então Mariuá passou a ser Villa de Barcellos. A tabela
seguinte mostra os períodos e os governadores da Capitania:
Esse fato faz com que encontremos em alguns documentos a nomenclatura de Capitania São
José do Javari. Quando a sede passa a ser na Aldeia de Mariuá, no curso médio do Rio Negro,
seu nome volta a ser mencionado como originalmente foi: São José do Rio Negro.
1
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Tabela 01: Governadores da Capitania de São José do Rio Negro
Governadores
Joaquim de Melo e Póvoas
Gabriel de Souza Filgueiras
Nuno de Ataíde Verno
Valério Corrêa Botelho de
Andrade
Joaquim Tinoco Valente
Juntas Governativas
Manuel da Gama Lobo
d’Almada
Período
1758-1760
1760-1761
1761 interino
1761-1763
1763- 1779
Foram oito sucessivas juntas.
1788-1799
Fonte: Elaborada pelos autores a partir do indicado por Francisco Jorge dos
Santos, 2010.
A Capitania tinha uma população razoável, em três censos realizados
entre 1790-1796, vê-se um progressivo crescimento em termos demográficos
e estruturais também. O historiador Arthur C. Ferreira Reis (1940), apontou que
em 1790, o censo apontou 1.176 brancos e descendentes, 11.320 indígenas
aldeados, 468 negros escravizados que somaram a população de 12.964, que
habitavam 1.325 fogos. No seguinte censo, realizado em 1793, os brancos e seus
descendentes somaram 1.365, os indígenas aldeados 11.789, os negros
escravizados 574, totalizando 13.728 habitantes distribuídos em 1.635 fogos.
Por fim, Reis apontou que no censo do ano de 1796, os brancos e seus
descendentes
somaram
1.485,
os indígenas
aldeados
12.154,
negros
escravizados 492, somando uma população geral de 14.232 habitantes que
estavam em 1.644 fogos.
Foi a 10 de maio de 1758 que Mendonça Furtado designou os limites
da Capitania sendo ao sul essa fazia divisa com a Capitania do Mato Grosso,
divididas pelo Rio Madeira e tendo como marco a grande cachoeira de São
João ou Araguai. À leste era vizinha da Capitania do Grão-Pará, separadas
pelo Rio Nhamundá e pelo rio Rio Amazonas. (LOUREIRO, 1978) “Em 29 de
março de 1808 a sede da capitania muda para o Lugar da Barra do Rio
Negro. Em 10 de maio de 1758 Mendonça Furtado delimitou a capitania, O
motivo oficial para a fundação da nova capitania era a conservação da paz e
da boa ordem. (GALVÃO RAMALHO, s/d)”
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As décadas finais do setecentos marca uma relativa e progressiva
tensão entre as coroas portuguesa e espanhola pela posse da Amazônia. Mais
do que antes, o estabelecimento de atributos para demarcar, guardas e
defender as fronteiras se intensificou, e, o mapeamento da Capitania de São
José do Rio Negro tornou-se uma das prioridades da coroa portuguesa. Um
dos acontecimentos marcantes destes anos finais do século XVIII foi a famosa
Viagem Filosófica pelas capitanias do Grão Pará, Rio Negro, Mato Grosso e
Cuiabá, realizada pelo naturalista baiano Alexandre Rodrigues Ferreira a
pedido e nomeação da rainha D. Maria I entre os anos 1783-1793. Sem dúvidas,
uma historiografia mais especializada no tema afirma que sem a viagem de
Alexandre Rodrigues, o conhecimento sobre a Amazônia setecentista, suas
gentes, culturas, fauna e flora não teriam sido conhecidos por nós hoje. Sendo
assim, foi com essa expedição que se formou um pensamento social da e na
Amazônia. (LEITE e LEITE, 2010)
Figura 01: Carta Geografica das viages feitas nas Capitanias do R. Negro e
Mato Grosso desde o año de 1780 até o de 1789 para servirem de baze à
demarcação dos lemites das ditas Cap.tas a respeito dos dominios
hespanhoes a elas contiguos. Pelo Dr. em Matemática Joze Joaquim
Victorio da Costa.
Fonte: Biblioteca Digital Luso-Brasileira
Disponível em: https://bdlb.bn.gov.br/acervo/handle/20.500.12156.3/40068
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O interesse em salvaguardar o território da colônia longe e
impenetrável contra os espanhóis era latente. O empenho da elite política em
manter suas benesses e sua proximidade com a corte de D. José I, e de sua
sucessora, D. Maria I, parecia indicar autonomia junto a sede do Estado do
Grão-Pará e Maranhão. A capitania mesmo sendo “independente”, autônoma,
ainda era subordinada ao Grão-Pará e Maranhão.
O locus da colonização no Rio Negro nos anos finais do setecentos fica
claro com a composição da carta acima, produzida pelo doutor em
Matemática Joze Joaquim Victorio da Costa. A carta topográfica apresenta os
elementos centrais e os estudos técnicos das 3ª e 4ª “partidas portuguesas de
demarcação de limites do Tratado de Santo Idelfonso, de 1870 a 1879”.
(GARCIA, 2010. p. 50)
Interessante que o elaborador da carta designou a Barra2 como
Fortaleza. Isso destaca que naqueles anos a região ainda não representava
grande centro de político, sendo ainda relegada a Vila de Barcelos, localidade
mais importante naquele momento. Para elaborar essa cartografia da
Capitania, o responsável indubitavelmente contou com a ajuda de indígenas
da região e de outros estudiosos.
O mapa evidencia especificamente um trajeto que partiu pelo rio
Madeira e sua bacia: Mamoré, Guaporé, Paraguai, Cuiabá, Jauru e outros, e, no
percurso do Japurá ao Rio Negro subindo até o Orenoco. É possível vermos
ainda a seguintes composições espacial da Capitania do Rio Negro:
Tabela 02: Composição e organização espacial da Capitania de São José do
Rio Negro.
Região/ rio
Rio Madeira
Médio Amazonas
Rio Urubu
Rio Negro
Lugares, vilas, Forte e
povoados
Vila de Borba; Manicoré
Vila de Serpa; Maués
Vila de Silves
Airão, vila de Moura; Carvoeiro;
Poiares; vila de Barcelos; Moreira;
vila de Tomar; Lamalonga; Santa
A Fortaleza de São José da Barra foi erguida nos anos 1669. Ao seu redor, criou-se um lugarejo,
um povoado, uma Vila, e ano mais tarde, uma cidade com a denominação de Cidade da Barra,
que a partir de 1848 passou a denominar-se cidade de Manáos.
2
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Rio Branco
Rio Japurá
Rio Solimões
Isabel; São João Nepomuceno;
Nossa Senhora do Loreta; Nossa
Senhora
de
Caldas;
Santo
Antônio; São Pedro; São Bernardo
de Camanáos; Forte de São
Gabriel; Santana; São Felipe;
Nossa Senhora da Guia; São
Marcelino; Santo Antônio (boca
do rio Mariá); Forte de São José de
Marabitanas; Fortaleza da Barra
Nossa Senhora do Monte do
Carmo; Santa Maria; Conceição;
São Felipe; São Martinho; Forte de
São Joaquim.
Maripi (Imapiri); Macapiri.
Manacapuru; Alvelos; vila de Ega;
Nogueira; Alvarães; Fonte Boa;
Maturá; Castro d’Avelãs; vila de
São Paulo de Olivença, vila de São
José do Javari; Tabatinga.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir do proposto por Etelvina Garcia, 2010.
Ao adentrar o século XIX, a Capitania se encontrava, de acordo com a
historiografia celebrativa, oficial, em decadência. Seus lugares, suas vilas
estavam em abandono por diferentes razões. A transferência da Corte
Portuguesa para o Brasil, e sua instalação em 1808, causaram enormes
tensões entre as duas colônias portuguesas:
No Grão-Pará, agitavam-se questões políticas.
As ideias liberais, infiltradas desde 1809 com o trânsito de militares entre
Belém e Caiena (invadida pelas forças de D. João VI), ganhava
densidade sob a influência de Filipe Patroni, jovem paraense que
estudava direito em Coimbra e abraçava os ideais da Revolução
Constitucionalista do Porto, que em 24 de agosto de 1820 derrubara o
absolutismo em Portugal. (GARCIA, 2010. p. 52)
Tudo para o Brasil no início do oitocentos parecia fluir e caminhar. Com
a instalação da Corte em 1808 no Rio de Janeiro e a elevação do Brasil a Reino
Unido de Portugal e Algarves em 18 de dezembro de 1815, a antiga colônia se
aproximava um tanto que auspiciosa da sua independência política, e a
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instalação de uma monarquia constitucional. Nesse mundo de novidades e
alterações, a pergunta é: o que aconteceria com o Grão-Pará e Rio Negro?
A Amazônia continuava sua secular “tradição de obediência” e relações
estritamente com a Europa, a localização geográfica de Belém, na foz do rio
Amazonas
lhe
rendeu
importância
estratégica
nas
negociações,
comunicações e alianças diretamente com Lisboa. “O Rio, de fato, tornara-se
o centro da monarquia; mas ao Grão-Pará, a maior brevidade das
comunicações com a Europa, devido à dificuldade de veleja para o Sul,
impusera logo em 1809 o reatamento com Lisboa”. (HOLANDA, 2003. p. 152.)
Com todos os episódios que antecederam a Independência, o GrãoPará permaneceu por certo tempo não aderindo ao Império Brasileiro, e,
mantendo-se estritamente com Lisboa, que passava por um furor a partir da
Revolução do Porto, que entre outras exigiu que Dom João VI regressasse a
Lisboa. Proclamada a Independência do Brasil, as províncias do Grão-Pará,
Maranhão, Cisplatina, Piauí, Bahia, não aceitaram a autoridade do imperador,
permanecendo por mais tempo, o Grão-Pará especialmente sobre uma
recusa diante da novidade política proposta. Mas isso, aconteceria.
2. A INDEPENDÊNCIA NA DEPENDÊNCIA: A COMARCA DO RIO NEGRO
Domingo, parecia ser mais uma manhã normal no pequeno Lugar da
Barra do Rio Negro, singelo povoado da Comarca do Alto Amazonas. O leiteiro
entregava seus produtos, a maioria da população preparava sua roupa
“domingueira” para ir à missa matinal, escravizados preparavam o café da
manhã, indígenas em suas malocas viam suas roças e ouviam o cantar de
pássaros. Tudo parecia bem.
De repente, alguém anunciou: “Somos um império independente. Vida
longa ao Imperador Dom Pedro!” Uns comemoravam, outros se olhavam sem
entender, outros ainda continuavam suas atividades, sem se motivar a tal
notícia dada. Um grupo de autoridades locais se reuniu no Largo da Trincheira
e declarou apoio aderindo a “Província do Rio Negro”3 ao Império nascente.
3
O Decreto de 29 de setembro de 1821, das Cortes de Portugal, havia transformado as Capitanias
em Províncias governadas por Juntas Provisórias. Nesse contexto, existiu, de fato, a Província
do Rio Negro, todavia, sua existência foi efêmera dada a adesão do Grão-Pará ao Brasil, e, a
Constituição de 1824, que manteve o Rio Negro como comarca.
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Esse grupo jactava-se que pela novidade seriam membro de uma nova
unidade provincial, coisa que só ocorreu anos depois. A solenidade de
juramente e obediência ao Imperador aconteceu naquele domingo as nove
horas, prestaram seu juramento os vereadores da Câmara de Serpa, que
estava instalada no Lugar da Barra, a junta governativa e outras autoridades
que por ali se encontravam.
E foi possivelmente assim, naquele 09 de novembro de 1823 que a notícia
da Proclamação da Independência do Brasil chegara a Barra do Rio Negro.
Vale a pena atentar que o ato se deu em 07 de setembro de 1822, e o povoado
da Barra, somente soube um ano e um mês depois.
Tudo para a Amazônia no primeiro quartel do século XIX demorava a
chegar, demorava a acontecer. O tempo, o ritmo, a constância eram outras... a
política era a mesma. O governo do Pará aderiu a Independência do Brasil
somente em 15 de agosto de 1823, sendo o último Estado a aderir tal ato. Em
18 de agosto, três dias após a formal adesão, o grande estado do Grão-Pará e
Rio Negro, foi extinto e, a Capitania do Grão-Pará foi elevada a Província.
Com relação à política e ao partidarismo no Rio Negro, nas
proximidades da Independência do Brasil, era constituída por um “partido
intransigente, composto por brasileiros natos, que procuram espalhar a
cizânia entre os moradores europeus” (MIRANDA, 2021. p. 37) Nesse sentido,
foram os moderados que expulsaram, fizeram sumir a ideia da regência de
nomear a Província no Amazonas. Houve, de acordo com Bertino de Miranda
(2021. p. 37) um impedimento por parte de procuradores do Rio Negro que
impediu que os emissários de D. Pedro subissem ao Amazonas e fizessem
“prosélitos em Manáos”.4 As ideias desses emissários eram publicadas em
forma de artigos nos jornais com forte propaganda a um governo autônomo
no Brasil. Alguns desses jornais acabavam chegando a Barra do Rio Negro,
“obtidos por moradores que costumam empreender excursões periódicas a
Cabe deixar claro que o autor é um memorialista da cidade de Manaus, e teria, segundo
indícios residido na mesma a partir do ano de 1884, quando migrou para o Amazonas, vindo do
Pará. O tom ufanista em sua narrativa parte de uma descrição que não se enquadra nas atuais
escolas e estilos historiográficos que prezam a crítica documental, e o estabelecimento de uma
narrativa-problema. Destacamos também que o nome Manáos para a primeira parte do
oitocentos é “fora do contexto”, apenas citamos ipsis literis a referência destacada. Naquele
momento, a região onde Manaus será instalada se chamava Barra do Rio Negro, e,
possivelmente ainda existiam alguns elementos da Fortaleza erigida no século XVII.
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Belém, foco donde irradia tudo a cidade que dá tom, na época, à vida social
provinciana.” (MIRANDA, 2021. p. 37)
É importante destacar que a época da Independência do Brasil, em
1822, a região que hoje conhecemos como Amazônia Brasileira ainda formava
uma unidade administrativa ligada diretamente a Coroa Portuguesa, e pouco
tinha a ver com o Brasil. O Brasil era uma coisa, a Amazônia outra. Havia assim
duas colônias portuguesas na América: o Brasil, e a outra denominada Estado
do Grão-Pará e Rio Negro, que era formada pelas capitanias do Pará e a do Rio
Negro, sendo a primeira a “principal”, sede, e a segunda subordinada,
agregada a primeira. A capitania do Rio Negro fora criada em 1755, no reinado
de D. José I, constituindo como apontam especialistas no período a “mais
remota do atual Estado do Amazonas”.5
Logo, o episódio do 07 de setembro de 1822, marca a independência do
Brasil, não necessariamente do Grão-Pará e Rio Negro que continuou
dependente da Coroa Portuguesa e a ela ligado. Somente em no dia 15 de
agosto de 1823, reiteramos, a Amazônia foi incorporada ao Brasil, quando no
comando do capitão inglês John Greenfell, tropas militares pela força de
armas alocaram, anexaram o Estado do Grão-Pará e Rio Negro ao Brasil, o
episódio ficou conhecido como “o blefe”, pois:
Eis que no dia 10 de agosto de 1823, chega a Belém o brigue de guerra
Maranhão, capitaneado pelo aventureiro John Pascoe Greenfell. À
junta, ele diz que o Maranhão é a nau capitânia de uma esquadra
comandada por Lord Cochrane alugado por D. Pedro I para organizar o
Império. [...] Greenfell naturalmente blefava. Ele vinha só. Não tinha
esquadra nenhuma a apoiá-lo. Jogou com a sorte e com a estupidez
dos portugueses que se agarravam à província. (CHIAVENATO, 1984. p.
p. 24, 26)
Com a instalação do Brasil independente, e a extinção do Estado do
Grão-Pará e Rio Negro, e sua anexação ao Império, pouca coisa inicialmente
mudou para a região do atual estado do Amazonas. Dois momentos
marcaram essa incorporação: o primeiro foi no campo legal, legislativo que
desde tempos coloniais exigia uma unidade política e territorial para as
colônias portuguesas; já o segundo se deu como apontamos acima pelas
5
Especialistas como os historiadores Francisco Jorge dos Santos, Patrícia Maria Alves-Melo.
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armas e força da estrutura, mesmo que inventada de guerra, que culminou
com a formação territorial do Brasil, com a Amazônia integrando-o.
Dada a adesão ao Império do Brasil, a Capitania do Rio Negro insistiu,
entre 1823 e 1843, pela sua emancipação da Província do Grão-Pará.
Para os deputados da Assembleia Legislativa, o custo que teria a criação
da nova província não era vantajoso para o Império. Somente quando
os interesses pela navegação a vapor do rio Amazonas motivaram
comerciantes situados em Belém a solicitar a abertura de uma
companhia de comércio ao Império, é que a câmara decidiu pela
aprovação da criação da nova província, em 1843. Mas o projeto ficou
retido no Senado por sete anos e somente em 1850 seu pleito foi
atendido pelo Império. A decisão tomada no Senado seguiu de uma
forte discussão acerca dos interesses das nações vizinhas e das
pretensões de livre navegação dos rios amazônicos pelas nações
capitalistas Atlânticas, em especial os Estados Unidos da América.
(AMARAL, 2018. p. 26)
Nos meses finais de 1823, foram criadas as Províncias do Pará e do Rio
Negro, todavia, a Constituição de 1824 reconheceu somente a capitania do
Pará como Província, tendo seu presidente sido nomeado pela carta do
Imperador. Ao Rio Negro, restou manter-se ligado ao Pará, agora na condição
de Comarca do Rio Negro.6 A elite da Comarca que tanto almejava ser
província separada do Pará, ainda não tinha alçado tal posição, fato que gerou
algumas decepções nos representantes políticos de então. “Ainda se
acreditava que a região era um grande deserto e que o custo da sua criação
seria alto demais, já que era considerada improdutiva para o padrão agrário
da economia brasileira.” (AMARAL, 2018. p. 26), porém, a elevação a categoria
de província foi segundo aponta Josali Amaral uma decisão necessária, pois
envolvia questões da soberania brasileira, entretanto, esse fato, tardou a
acontecer e a concretizar o ensejo daqueles amazonenses.
1822
A Independência não
transformou o Rio Negro
em Província
1824
a Constituição jurada,
manteve as Provincias
como estavam, e o Rio
Negro continuou como
Comarca.
Decepcções do
Amazonas para com o
Império
Quando a Província foi instalada em 1850, a Comarca era denominada de Comarca do Alto
Amazonas, sendo que de 1824-1833 aproximadamente, denominava-se Comarca do Rio Negro.
6
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O sonho dourado daqueles que exerciam a política na Comarca do
Amazonas era que esta também se tornasse província, mas, isso não
aconteceu frustrando e irritando muitos membros daquele poder político.
Nesse sentido, o decreto imperial que extinguiu as juntas governativas
nomeando presidentes provinciais exclui o Rio Negro, o que irritou,
decepcionou os responsáveis pela Comarca, marcando a “primeira decepção
amazonense” com o império.
Com a sansão da Constituição de 1824 a segunda decepção veio. A
Constituição ao dividir o território do Império manteve as províncias conforme
se encontravam, sem alterar nada, o Rio Negro não fez parte dessa
reconfiguração, permanecendo como subordinado ao Pará, que dividiu sua
Província em Comarcas.
Quando da outorga da Constituição do Império do Brasil, em 25 de
março de 1824, o Rio Negro, portanto, já não era mais província de fato
no Império português. Crê-se que as autoridades locais não soubessem
desse ocorrido, ou, tentaram dentro de suas possibilidades barganhar
pela sua ratificação. A Carta brasileira não cita nominalmente as
unidades provinciais do território brasileiro, diferentemente do Projeto
de Constituição de 1823. (FREIRAS, 2010. p. 82)
A historiografia celebrativa do Amazonas,7 aponta com certa angústia,
indignação essa não “elevação” da Comarca ao status de Província, e, que a
política imperial “havia falhado” com o Amazonas, o legando a posição de
Comarca mesmo diante de tantas amostras de sua autonomia. Uma tentativa
frustrada de instalar a Província foi dada em 1824, como citamos acima, mas
quando se iniciou o envio dos presidentes de província, o Rio Negro não
recebeu o seu, e, o Amazonas permaneceu sob o domínio paraense,
frustrando as elites políticas locais.
Exclusões e decepções deixadas a parte, a Junta Governativa do Rio
Negro, bem como a Câmara de Barcelos, juraram seriamente a Constituição
Política do Império do Brasil no domingo, 6 de fevereiro de 1825, no singelo
templo da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição. O ato de adesão,
Entendemos como historiografia celebrativa aqueles narradores que partem de uma
oficialidade; é assim algo no mesmo sentido que o historiador Peter Burke denominou de
“história tradicional”, que os historiadores partem de ideias grandiosas, de grandes feitos e
celebrações. Esses autores como Arthur Cezar Ferreira Reis, Manoel Anísio Jobim, Joaquim
Leovegildo de Souza Coelho, Aprígio Martins de Menezes, Antonio Monteiro de Souza, Márcio
Souza, e outros partem de uma visão do acontecimento enquanto verdade, deixando de
problematizar tais evidências.
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cívico, muito possivelmente não fazia superar as frustações e almejos
daqueles amazonenses. Também não solucionou os problemas e as
dificuldades político-administrativas que a região detinha.
Na Barra apenas residiam o Ouvidor e o Comandante das Armas.
A Câmara de Serpa transportando-se à Barra, prestou juramento solene
de obediência ao Imperador.
Proclamada a Independência do Brasil, o Decreto de 20 de outubro de
1823 abolia as juntas governativas. O govêrno nomeava, para as
províncias, presidentes com Conselhos eletivos.
Nas nomeações não foi contemplado o Rio Negro, que continuou até o
ano de 1825 com a sua Junta provisória. (JOBIM, 1957. p. 142)
Pela leitura da documentação, é sensível esse desapontamento por
parte da elite política da região que almejava, naturalmente, postos públicos
com maior esplendor e regalias que a proximidade com S. Majestade
garantiam. O sentimento de dependência política e subordinação ao Pará
parecia afrontar aqueles homens que acreditavam na independência
libertária, a viam como uma mobilização.
Desse modo, independência era palavra de mobilização que se
contrapunha à “escravidão política”, situação própria ao absolutismo,
assinalando o momento em que por consentimento voluntário os
homens livres uniram-se para instaurar a sociedade civil, concentrando
em suas mãos o poder soberano de elaborar as leis e de escolher as
autoridades a quem caberia executá-las. [...] (OLIVEIRA, 2014. p. 19)
Nesse sentido, embora o jogo de interesses econômicos, o trampolim
político e as posições privilegiadas que erma almejo dos políticos da Comarca,
que só seriam alcançados com a instalação da Província. Dentro de todo o
jogo político, a permanência na condição de dependente feria os brios
daqueles homens que mesmo derrotados naqueles anos iniciais do império,
tentariam até conseguir elevar o Amazonas ao status de província,8 o processo
foi logo.
O que compunha territorialmente a Comarca do Rio Negro? Mesmo
com a mudança, anexação ao Brasil e permanência como relegada ao Pará, a
região se manteve como o foi desde antes, desde os tempos de Capitania de
Esse feito apenas se deu em 05 de setembro de 1850, quando a Comarca do Alto Amazonas
foi elevada a categoria de Província. o feito foi enormemente celebrado naquele 1850, e, ainda
hoje é considerada data celebrativa no Estado, sendo um feriado local.
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São José do Rio Negro. “Extinguio-se o predicamento de Capitania,
rebaixando para o de Comarca, por ocasião da distribuição do território para
determinação
da
Representação
Nacional
em
1823.”
(DICCIONARIO
TOPOGRAPHICO, HISTORICO, DESCRIPTIVO, 1852. p. 83)
A Comarca possuía uma singela população fixa, atividades comerciais
modestas e uma vida cultural dentro de certa simplicidade. O então Lugar da
Barra, entorno da atual capital, Manaus, não tinha em 1823 segundo Anísio
Jobim nenhuma influência nos meios políticos.
A hegemonia administrativa pertencia a Barcelos.
Com o decorrer do tempo derivou para Serpa, que liderava as outras
vilas e povoados. Os moradores do lugar da Barra iam a Itacoatiana
impetrar licença para comerciar, para a apanha das drogas do sertão,
para requererem terras, para pescar e para outros fins. A Câmara
Municipal tomava conhecimento dos pedidos e deferia-os, ou não.
Serpa tinha na Barra um representante, o Juiz de julgados, que
informava tôdas as ocorrências, exercia a polícia urbana e suburbana e
dava pareceres sôbre as cartas de data. “Em alguns casos”, escreve
Bertino Miranda, “e quando a parte era desafeta dos vereadores, tinha
de falar a residência dos funcionários”. (JOBIM, 1957. p. 142)
De fato, Barcelos vinha desde o século XVIII sendo um importante
centro de decisões e corporações políticas na região do Rio Negro, como sede
da Capitania, e a posteriori sede da Comarca, a vila estava sendo
constantemente palco de acontecimentos. A Comarca parecia crescer na
primeira metade do XIX, e requerer seu lugar de destaque no império.
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Figura 02: Prospecto da Vila de Barcelos, antigamente Aldeia de Mariuá, criada
capital da capitania de S. José do Rio Negro, pelo Ilmº e Exmº Sr. Francisco Xavier
de Mendonça Furtado, por provisão de 6 de maio de 1758... Autor: José Joaquim
Freire
Expedição científica Alexandre Rodrigues Ferreira, 1784.
Fonte: Acervo: Biblioteca Nacional (Brasil)
Disponível em: https://www.brasilianaiconografica.art.br/obras/17587/prospectoda-vila-de-barcelos-antigamente-aldeia-de-mariua-criada-capital-da-capitaniade-s-jose-do-rio-negro-pelo-ilm-e-exm.
A imagem acima, extraída do relato da Viagem Filosófica de Alexandre
Rodrigues Ferreira, mostra a Vila de Barcelos aos anos finais do século XVIII.
Estão as vistas no prospecto a grandeza da vila, se comparada a outras
localidades do Amazonas naquele período: uma arquitetura mais rebuscada,
prédios em alvenaria, grandes especificamente os localizados ao lado
esquerdo da cena, contrastando com as malocas e casinhas do lado direito.
Vemos também um intenso movimento de chegada de embarcações. A vida
parecia ser movimentada. Esse movimento essa representação somente
aumentou nas primeiras décadas do oitocentos, uma vez que por duas vezes
sediou as ações políticas do Rio Negro.
Barcelos era a localidade mais disputada e mais habitada por
portugueses que se estabeleciam no Rio Negro. Porém, a Barra tinha maior
acessibilidade para quem vinha de fora. O deslocamento da Barra até
Barcelos, era incômodo a muitos, e aos poucos, a Barra começa a ser palco de
transferências de acontecimentos políticos.
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Em 1821, a Câmara de Serpa vem realizar, na Barra, as sessões de 7 a 17
de março. Regressa a 4 de abril, e, a 22 do mesmo mês, recebe o
juramento à Constituição portuguesa, seguindo obediência a El-Rei, D.
João VI, e á Junta Geral do Pará. A junta provisória do Rio Negro instalase na Barra. [...] A 1º de julho de 1822, volta a câmara à Barra, e, no dia
seguinte, reúne-se extraordinariamente na antiga Igreja Matriz, para
jurar, também à Constituição [...] (MIRANDA, 2021. p. 34)
Após o juramento ocorrido no Lugar da Barra no dia 06 de fevereiro de
1825, as divergências políticas começaram a aparecer com mais intensidade,
começaram a se delinear partidários e opositores que agitaram as estruturas
políticas do Rio Negro. Naquele momento, era a principal autoridade judiciária
local o ouvidor Domingos Ramos Ferreira, que se utilizando-se do cargo, se
proclamou chefe do governo, alegando que a legitimidade da junta provisória
eleita em novembro de 1823,9 foi extinta pelo fato de o império não reconhecer
a Província. “A junta provisória de governo resistiu – e não abdicou o poder.”
(GARCIA, 2010. p. 55)
Naquele momento, essa dualidade dentro do governo da Comarca
gerou uma crise política na região. José Félix Pereira Burgos, então presidente
do Pará teve de intervir dissolvendo a junta provisória e, dispondo as
obrigações do governo da seguinte forma: a administração da justiça coube
ao ouvidor Domingos Ramos Ferreira; o comando das armas ao coronel Hilário
Pedro Gurjão; no tocante as funções executivas, confiou a Câmara de Barcelos
que no dia 03 de dezembro de 1825, foi mudada para o Lugar da Barra,
passando a ser Câmara Governativa, permanecendo em Barcelos apenas o
juiz ordinário.
Em ofício de 23 de julho de 1825, Pereira Burgos comunicou sua decisão
ao Império e propôs a subordinação da Antiga Capitania de São José do
Rio Negro á Província do Pará. O Aviso nº. 233, de 08 de outubro de 1825,
da Secretaria de Negócios do Império, referendou a dissolução da junta
governativa e todas as decisões de Pereira Burgos. Além de haver
negado o seu reconhecimento à Província do Rio Negro, o Império do
Brasil declarava-a, agora, oficialmente subordinada ao Pará. (GARCIA,
2010. p. 55)
O Rio Negro estava então tecnicamente como estivera durante todo o
período colonial; a elite que jactava ver a região livre, “andando com as
Convencionou-se denomina-la de “Junta da Independência”, era composta por: Bonifácio
João de Azevedo, Raimundo Barroso de Bastos, Plácido Moreira de Carvalho, Luiz Ferreira da
Cunha e João da Silva Cunha.
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próprias pernas”, se viu com a instalação da monarquia brasileira em condição
de subordinada ao Pará, o que agregou uma rixa entre as elites políticas das
duas regiões.10
Se olharmos atentamente a documentação da Amazônia
entre os anos finais do setecentos e os iniciais do oitocentos é latente uma
dependência de ambas. O Pará dependia do Amazonas e vice-versa.
Com as imposições dadas e impostas ao Rio Negro, entre 1826-1828 a
Câmara entrou em discordância com o capitão Hilário Gurjão. O conflito
delineava-se para uma rebelião, ou mais, uma onda de contrariedade aos
acontecimentos da independência. O embate entre a câmara legislativa
municipal e o executivo tomou uma dimensão maior no momento em que se
soube que Dom Romualdo Antonio de Seixas, que em 1826 era deputado pelo
Pará no parlamento imperial, se posicionou favorável a autonomia do Rio
Negro, e mesmo que o poder central não lhe atendeu, manteve-se como uma
espécie de incentivador, porta-voz dos projetos autonomistas da Comarca.
Hilário Gurjão aos poucos foi perdendo sua autoridade, até que em 1828 foi
substituído por Joaquim Filipe dos Reis.
No Lugar da Barra, a distribuição de poderes modelada por Pereira
Burgos gerou constantes disputas e atritos entre a Câmara Governativa
e o comandante militar. Em 1828, o Barão de Bagé, sucessor de Pereira
Burgos, mandou a Camâra retornar a Barcelos e exonerou o
comandante Hilário de Gurjão, colocando em seu lugar Joaquim Filipe
dos Reis, um militar declaradamente contrário às aspirações do Rio
Negro. (GARCIA, 2010. p. 55)
O barão de Bagé era “favorável a autonomia do Rio Negro” (LIMA, 1978),
porém, Joaquim Filipe não o era, com sua nomeação, a situação da Comarca
do Rio Negro, e seu ensejo em se tornar província autônoma parecia ruir de
uma vez. O coronel manteve uma postura rígida e procurou representar os
ideais lusitanos e monárquicos do Brasil com quem se alinhava cada vez mais
e via, possivelmente, na vontade de instalação de uma província, uma forma
de romper com os ideais do imperador.
Essa rixa política se tornou uma permanência histórica que chega até nossos dias. Há
diferentes jargões e exemplos que apresentam essa “histórica” rixa entre Pará e Amazonas.
Com o andar do século XIX, a elite política do Amazonas quando finalmente conseguiu elevar a
região ao status de Província, fez de tudo para tentar se destacar se comparada ao Pará. O
próprio embelezamento da cidade de Manaus durante a belle époque, foi, uma forma de
superar o embelezamento de Belém, e naqueles anos dos negócios da borracha, atrair mais
capital estrangeiro.
10
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E a Comarca continuava essa luta pela sua autonomia, e elevação de
seu status. Entre os anos 1828-1833, uma forte onda autonomista deu-se na
região do Rio Negro, eclodindo inclusive, um Movimento Autonomista em
1832 estourado na Barra do Rio Negro. Tal acontecimento, de início nada tinha
de ligação com as aspirações autonomistas, mas paulatinamente foi
incorporado à pauta, o episódio culminou com a morte do coronel Filipe dos
Reis pela soldadesca que tinha se rebelado contra o governo provincial por
ausência de pagamentos de seus salários, e, o coronel ao tentar impor a
ordem foi morto. Com isso, o poder executivo provincial do Pará deixava de
ser representado no Rio Negro, esse episódio abriu assim caminhos para a
elite política amazonense que visava a autonomia se estabelecer em cargos
públicos, administrativos seguindo para seu grande projeto que era a
Província do Amazonas se oficializar.
3. MATA, PRODUTOS E INDÍGENAS: AS POSSES DA COMARCA
Fora as aspirações políticas, as sociabilidades, as culturas e o trabalho
no Rio Negro, na Comarca, eram condensados por uma constância que fazia
da região uma intensa produtora de gêneros, bens e homens.
Desde os tempos da Capitania do Rio Negro, a região de acordo com o
historiador Carlos Augusto Bastos, foi também palco de políticas que visavam
diferenciar, apostar novidades na economia, com o objetivo de conferir àquela
região a “independência econômica e fiscal com relação à Capitania do Pará.”
A exploração dos gêneros oriundos da floresta, como o cacau selvagem, o
breu, a salsa a piaçava, os óleos, continuava ocupando, segundo o referido
autor, um lugar central na economia local. Em concomitância a isso, havia
uma singela agricultura, praticada majoritariamente nas terras indígenas, o
que era “imprescindível para o abastecimento do mercado interno.” (BASTOS,
2013. pp. 66-67).
Contudo, em fins do XVIII, incentivou-se igualmente a produção
agrícola, a qual consistia principalmente em lavouras de cacau, anil,
algodão, café, maniva e arroz. No caso da maniva, sua produção era
particularmente incentivada tendo em vista sua utilização na produção
de farinha, gênero essencial no abastecimento dos povoados do Estado
do Grão-Pará e Rio Negro. A rizicultura, por sua vez, foi realizada no rio
Branco, onde os pastos naturais serviram também para a criação de
gados vacum e cavalar. (BASTOS, 2013. p. 67).
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Pensar a região do Rio Negro a época da independência é vislumbrar
uma região que era regida por uma temporalidade, um ritmo, uma constância
peculiar: ora, a Comarca era como um todo “diferente” das demais localidade
do império nascente.11 Nesse sentido:
As informações para este início de século tratam de uma Comarca de
população rarefeita, distribuída em modestos núcleos urbanos
habitados majoritariamente por índios, com um pequeno número de
moradores brancos, vivendo dos resultados de uma agricultura de
alimentos, do cultivo e comercialização de seus tabacaes, cafezaes e
cacoaes e de da extração de outros produtos naturais da região. São
enviados para a praça do Pará, os resultados das produções das feitorias
de fabricação de manteiga que serve de alimento e óleo para
iluminação, de azeite e mixirica de peixe-boi e das salgas de peixes.
(MELO, 2014. p. 11). (Os grifos são da autora)
A civilização era modesta, a historiadora Patrícia Melo, acima citada nos
transporta a uma imagem na qual a Comarca em sua singeleza era ativa,
produtiva e ainda detinha elementos de um pequeno comércio. Os núcleos
urbanos pequenos em suas realidades amazônicas com suas gentes, cores
cheiros e sabores. Os habitantes eram majoritariamente indígenas, sendo a
população de brancos, minoria, de fato, como apontamos anteriormente, a
Capitania tinha uma população razoável, e, a Comarca seguia a mesma
tendência, na qual a população indígena crescia na região, contrariando as
políticas assimilacionista e civilizatórias implementadas quer fosse pelas
Ordens religiosas, quer fosso pela política de aportuguesamento do Marquês
de Pombal.
Além destas indústrias, os habitantes ocupam-se também de suas
roças de mandioca, feijão e milho e de extrair das matas, os cravos, a
salsaparrilha, o cacau silvestre, o óleo de copaíba, entre outros produtos.
Criam galinhas, às vezes um pequeno rebanho de gado, alguns porcos
e, em quase todas as casas, existe um pequeno “curral” de tartarugas.
(MELO, 2014. p. 11)
Há consenso entre os pesquisadores do período sobre a formação territorial do Brasil no que
tange as especificidades daquilo que hoje chamamos de Norte, e extremo norte do Brasil. A
principal diferença era sem dúvidas a enorme presença de verde, da floresta amazônica e de
tudo que ela guardava: rios, frutos, animais e gentes. Logo, pensar o Amazonas no início do
século XIX, é pensar um lugar visto e apontado como diferente, exótico, e que dependia de
outrem.
11
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Havia uma produção. Havia um ritmo, havia até uma pequena venda e
sistema de importação. Como a Comarca era ligada à Província do Pará, era
para que partiam grande parte dos gêneros produzidos, o que de certo irritava
àqueles homens que deviam reportar suas produções ao poder provincial
localizado noutra cidade, localidade. Interessante pensar o ritmo da vida:
criação agropastoril, simplicidade, uma vida sem muitos enlevos, mas uma
vida feliz, “livre”, diríamos. Essa exportação de gêneros ao Pará, existia desde
muitos tempos, para o ano de 1819 temos os seguintes números da produção
do Rio Negro que naquele ano ainda era Capitania.
Tabela 03: Exportações de gêneros da Capitania de São José do Rio Negro para
Belém em 1819 (em réis $).
Produto
Tabaco
Salsaparrilha
Café
Cravo fino
Cacau
Peixe
Manteiga de
tartaruga
Mixira
Copaíba
Piaçava
Anil
Quina
Breu
Estopa da
terra
Carajiru
Castanha
Algodão em
caroço
Redes de
palha
(maqueiras)
TOTAL
Unidade
arroba
arroba
arroba
arroba
arroba
arroba
pote
Quantidade
5.045
3.512
5.936
1.948
1.800
10.425
8.034
Preço
8$000
9$000
3$200
6$400
1$600
1$280
3$200
Preço Total
40:360$000
31:608$000
18:995$200
12:467$200
2:800$000
13:344$000
25:737$600
pote
pote
polegada
arroba
arroba
arroba
arroba
11
17
733
10
350
18
128
2$000
3$000
3$000
3$200
64$000
$800
$500
22$000
51$000
2:199$000
32
22:400$000
64$800
64$000
arroba
alqueire
arroba
5
166
190
32$200
$200
$800
192$000
32$000
152$000
1
220
$320
7$400
170:959$000
Fonte: Elaborado pelos autores a partir das informações dada pelo cônego André
Fernandes de Sousa, 1870.12
NOTICIAS Geograficas da capitania do Rio Negro no grande Rio Amazonas, exornadas com
varias noticias historicas do paiz, do seu governo civil e politico, e de outras cousas dignas de
attenção, pelo conego André Fernandes de Sousa. Revista Trimensal de Historia e Geograpiha
12
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A tabela apresenta em números os produtos da região da Capitania,
que permaneceram sendo os da Comarca. Eram produtos regionais, vê-se a
permanência na produção e comercialização das ditas “drogas do sertão”, as
especiarias da Amazônia. Consideramos que na região essa produção estava
longe de ser algo montado, formalizado e rigidamente regido. Mas, por se
tratar da Amazônia, era uma forma diferente de se fazer, o regime não era o
da plantation, como nunca o foi mesmo no período inicial da colonização. O
sistema era como apontou o historiador Francisco Jorge dos Santos, uma
“grande lavoura”, e nesse meio, o trabalho indígena era dominante, uma vez
que esses eram a maioria da população.
As políticas de imposição da
catequese dos indígenas ainda não tinham se tornado um “peso” na região,
os aldeamentos portugueses pouco resistiam as ações do tempo, e o império
instaurado, não havia proposto para os primeiros anos uma política de trato
com os indígenas.13 Havia também, não podemos esquecer os negros, que
eram inseridos nesses trabalhos impostos, e, contribuíam para a formação
econômica e política da região.
Para os anos finais da década de 1830, já “passado” o furor da década
anterior, o coronel Francisco Ricardo Zany14 enviou um memorial descritivo a
D. Pedro I na qual apontou que para a Comarca do Rio Negro naqueles anos
uma população composta por aproximadamente 15 a 16 mil habitantes, nos
quais havia entorno de 600 brancos, 400 pretos, e 3.000 mamelucos, sem
contar os indígenas nos aldeamentos que não foram contabilizados, e os
“índios
selvagens”
que
se
arrolavam
entorno
de
200.000
almas.
Possivelmente, havia muito mais indígenas dado o vasto território da hileia
amazônica, ainda em construção.se comparado ao censo demográfico do ano
[sic.] ou Jornal do Instituto Historico e Gegraphico Brasileiro. Tomo X. segunda edição. Rio de
Janeiro:
Typ.
de
João
Ignacio
da
Silva,
1870.
Disponível
em:
https://www.ihgb.org.br/publicacoes/revistaihgb/itemlist/filter.html?category=9&moduleId=147&start=460
13
Somente no governo de D. Pedro II, no ano de 1845 é que se publicara o Decreto nº 426 de 24
de julho de 1845, conhecido como Regulamento das missões da Catequese e Civilização dos
índios que ditou como
14
Italiano de nascença, radicou-se na Amazônia desde muito cedo. Foi um importante coronel
militar que atuou na Comarca durante a primeira parte do oitocentos. Temos a informação que
na época que Von Martius, o naturalista alemão esteve no Rio Japurá, ele atuava como capitão
e o acompanhou como uma autoridade militar da fronteira. Segundo a informações, era um
homem ilustre, das letras, viajado, respeitado na sociedade amazônica.
Projeto História, São Paulo, v. 74, pp.42 - 66, Mai.-Ago., 2022
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de 1796, que apontamos anteriormente, vemos que o crescimento dos
habitantes foi modesto, pequeno dado que no ano de 1796 a população da
Capitania somava 14.232 habitantes.
Devido à situação das lavouras, aos problemas do comércio em relação
ao escoamento da produção e à decadência das pequenas indústrias
algumas povoações já haviam desaparecido, e muitas outras
caminhavam para isto. Não havia em toda a região mestres de ofícios e
nem ao menos um mestre das primeiras letras, existindo apenas alguns
índios que malmente sabem fazer canoas. (Do Memorial de Francisco
Ricardo Zany, apud LIMA, 1975. p. 18)
Francisco Ricardo Zany, conhecendo bem a região propôs ao
imperador diferentes soluções para os problemas sociais, econômicos e
políticos da Comarca. Uma das soluções seria a criação de um governo em
separado do Pará. Mas essa é uma outra história!
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pensar a história da Independência do Brasil e suas aspirações,
emoções, e trama além do eixo da Corte, ainda é uma tarefa cara ao
historiador. Pensar a Amazônia enquanto unidade, enquanto colônia
independente do Brasil, requer rever os clássicos historiográficos brasileiros e
inserir essa porção de terra, mata, e gente no contexto. Diante disso, é alutar
considerar a independência como processo no plural: independências, uma
vez o episódio do 07 de setembro de 1822, cujo 200 anos rememoramos, não
foi fato pleno, completo a todo o território do que hoje é o Brasil.
Nesse sentido, trabalhamos neste texto com aquilo que podemos: as
poucas fontes primárias preservadas, os poucos trabalhos publicados.
Outrossim, esse texto conseguiu ser escrito mostrando detalhes, nuances de
como a região do Rio Negro, Amazonas vivenciou o processo de emancipação
portuguesa e inserção no novo império.
Destacamos que as relações entre a Corte no Rio de Janeiro e a
Comarca do Amazonas eram mínimas, uma vez que a sede provincial era
Belém, e de lá tudo emanava as regiões submetidas. Assim, ao Amazonas
coube até 1850 uma posição “menor”, de dependência e subordinação ao
Projeto História, São Paulo, v. 74, pp.42 - 66, Mai.-Ago., 2022
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Pará, o que desagradou e muito a elite política do Rio Negro que desde antes
almejava ser uma Província e “caminhar com as próprias pernas”.
O espaço temporal deste artigo 1822-1828 coincide com os momentos
culminantes de uma implementação da política da Independência na
Comarca, vemos nesse trajeto, diferentes motivações, insurreições, confrontos
e discussões que sempre tendiam a defender a mesma coisa: tornar o Rio
Negro uma província independente do Pará. Foi nesse espaço de tempo que
se construiu uma ideia de agregamento, adesão da região, ao Brasil, não que
tenha tardado em 1828, afinal a partir dos anos 1833, com a Comarca do Alto
Amazonas, novas ou antigas intrigas, decisões e oportunidades foram
acontecendo, especialmente com a acunha de Manaus como sede da
Comarca, e todos os eventos motivados pela Cabanagem. Foi-nos preciso
assim ir, um pouco antes, e além-depois, como se faz necessário ao
entendimento historiográfico.
Quem eram as pessoas que organizavam, trabalhavam, e produziam
na Comarca? Bem, eram um misto de gente, onde predominavam desde
sempre homens e mulheres indígenas. A consenso que a maioria da
população amazonense naquele quartel do XIX eram indígenas que
realizavam os trabalhos extrativos e da coleta das drogas do sertão e das
especiarias que a Floresta provinha. Vale destacar que havia também uma
singela produção agropastoril que combinava com uma forte e viva atividade
exportadora até a sede Belém.
Havia também negros, africanos e oriundos de outros locais
especialmente do nordeste brasileiro que atuavam nas casas da elite, nas
pequenas plantações e nas atividades cotidianas de limpeza, lavagens de
roupas, cozinha e outras. Por fim, havia uma parcela de brancos, não indígenas
e não negros que dispunham de certo prestígio social pelo status de sua cor,
e da sua origem, majoritariamente portugueses, comerciantes, que se
estabeleciam na região.
Depois do período estabelecido entre 1824-1833, cronologicamente a
Comarca do Rio Negro se tornou Comarca do Alto Amazonas dado artigo 3º
do Código do Processo Criminal do Império que impunha as províncias
realizar uma divisão interna administrativo-judiciária, na qual o Conselho
Provincial do Pará, reunido entre 10 e 17 de maio de 1833, dividiu a Província
Projeto História, São Paulo, v. 74, pp.42 - 66, Mai.-Ago., 2022
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do Pará em 3 três comarcas, sendo: Grão-Pará, Baixo Amazonas e Alto
Amazonas, iniciando um novo momento na região do atual Amazonas.
REFERÊNCIAS
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NOTICIAS Geograficas da capitania do Rio Negro no grande Rio Amazonas,
exornadas com varias noticias historicas do paiz, do seu governo civil e politico,
e de outras cousas dignas de attenção, pelo conego André Fernandes de
Sousa. Revista Trimensal de Historia e Geograpiha [sic.] ou Jornal do
Instituto Historico e Gegraphico Brasileiro. Tomo X. segunda edição. Rio de
Janeiro: Typ. de João Ignacio da Silva, 1870. Disponível em:
https://www.ihgb.org.br/publicacoes/revistaihgb/itemlist/filter.html?category=9&moduleId=147&start=460
OLIVEIRA, C. H. de S. Repercussões da revolução: delineamento do império do
Brasil, 1808-1831. In: GRINBERG, K. e SALLES, R. (orgs.) O Brasil Imperial. vol. 1:
1808-1831. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014.
SANTOS, F. J. dos. Além da Conquista: Guerras e rebeliões indígenas na
Amazônia Pombalina. 2ª ed. Manaus: Editora da Universidade Federal do
Amazonas, 2002.
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