Publicado 21/07/2022 20:30 | Editado 21/07/2022 20:34
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já afirmou que não haverá teto de gastos em um governo Lula-Alckmin, voltou a criticar, nesta quinta-feira (21), a medida instituída a partir da Emenda Constitucional nº 95, aprovada pelo Congresso em 2016 limitando o crescimento das despesas do governo por 20 anos aos mesmos valores gastos no ano anterior, corrigidos pela inflação. Enquanto isso, o governo Bolsonaro prepara um corte de despesas da ordem de R$ 5 bilhões.
“Eu sonho que esse país vai voltar a ser respeitado, os americanos vão respeitar o país, os russos vão respeitar, os chilenos vão respeitar, a Argentina vai respeitar. E nós vamos ter que fazer coisa diferente. Se a gente ficar só pensando em política fiscal e teto de gastos, nós estamos ferrados”, desabafou Lula em encontro com representantes da cultura de Pernambuco, em Recife.
Segundo Lula, o Brasil de hoje é pior do que o Brasil de 2003, quando assumiu seu primeiro mandato. “A dívida é maior – não a externa, a dívida pública –, a inflação está maior, o desemprego está maior, a destruição das instituições está maior, o desmonte das políticas públicas está maior. Mas, porque está tudo pior, eu quero dizer para vocês que eu e o Alckmin estamos melhor. E a gente vai dedicar o tempo que Deus nos deu para viver, para consertar esse país”, disse.
O ex-presidente recordou ainda a experiência do país vizinho. “Eu tenho medo que aconteça conosco o que aconteceu com o governo na Argentina. O meu amigo Alberto Fernández ganhou as eleições porque o (Mauricio) Macri tinha feito uma dívida de US$ 40 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e ele ganhou na perspectiva de resolver o problema da Argentina. Não conseguiu”, lamentou.
De acordo com o pré-candidato à Presidência da República, não houve êxito porque o governo ficou “preocupado em resolver o problema do FMI”: “Quando os Estados Unidos quebraram, quando a Alemanha quebrou, o FMI não falou nada. Mas quando é a Argentina, o Brasil, a Bolívia, eles dão palpite”, criticou Lula, acrescentando que ele e Alckmin têm autoridade moral e experiência política para encontrarem soluções a partir das necessidades do país.
Relatório será enviado ao Congresso nesta sexta (22)
De acordo com informações do portal Metrópoles, o Ministério da Economia confirmou que pretende enviar ao Congresso, nesta sexta-feira (22), o novo relatório bimestral de avaliação de despesas e receitas do Orçamento, contendo o detalhamento do corte. O governo deve alegar a necessidade do corte por conta da previsão de aumento nos gastos com mudanças como a derrubada pelo Congresso do veto presidencial à Lei Paulo Gustavo, que determina o repasse de R$ 3,86 bilhões para fomento de atividades culturais em razão dos efeitos econômicos e sociais da pandemia de Covid-19. O corte, contraditoriamente, é previsto mesmo em um momento em que a receita vem aumentando, por conta da inflação brasileira que aumenta a base de arrecadação.